Prévia do material em texto
1 Volume 2 2 3 ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico FARMACOCINÉTICA CLÍNICA E FARMACODINÂMICA Thiago de Melo Costa Pereira Volume III Vitae Editora Anápolis (GO), 2021 Professor Thiago de Melo Costa Pereira Professor no Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico. Graduado em Farmácia pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Mestre em Ciências Fisiológicas na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Doutor em Ciências Fisiológicas na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Pós-Doutor em Farmacologia na Universidade de Santiago de Compostela (USC- Espanha). EXPEDIENTE: Autor: ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico Revisão Técnica: Farmacêutica Me. Juliana Cardoso Produção: Vitae Editora Edição: Egle Leonardi e Jemima Bispo Colaboraram nesta edição: Erika Di Pardi e Janaina Araújo Diagramação: Cynara Miralha 4 5 FARMACOCINÉTICA CLÍNICA E FARMACODINÂMICA Por Thiago de Melo Costa Pereira APRESENTAÇÃO Neste e-book, serão abordados os fatores químicos que influenciam nos mecanismos de absorção. São conceitos fundamentais para a obtenção de conhecimento com maior facilidade sobre o manejo de interações medicamentosas e a "arte" de fugir de cada uma delas. PROPRIEDADES QUÍMICAS QUE INTERFEREM NA ABSORÇÃO Três termos são importantes: • Massa molecular; • pH; • Coeficiente de partição ou Log P. Ressalta-se que, quando o assunto é absorção, deve-se ter a passagem pelas membranas. Um caso do século XIX chama a atenção. Na ocasião, os europeus observavam que os índios não corriam atrás de suas caças para matá-las, mas utilizavam uma zarabatana que, ao flechar o animal, fazia com ele perdesse força muscular. Com o animal envenenado, eles não faziam nenhum rito de purificação, apenas o comiam sem nenhuma preocupação com o veneno. Os índios não sabiam que a estrutura presente na planta que eles chamavam de curare é uma estrutura de alto peso molecular com duas cargas positivas presentes. Essas cargas positivas impediam a passagem dos bloqueadores musculares pelas membranas do intestino, ou seja, de fato a carne do animal ainda podia estar com a presença da tubocurarina, mas ela não é absorvida por ser uma amina quaternária. Toda amina quaternária é extremamente difícil a sua disponibilidade por via oral. Estruturas eletricamente carregadas, como bases fracas em meio ácido, ou ácidos fracos em meio mais alcalino, vão apresentar cargas. Sendo assim, não são formas fáceis de traves- sia de membrana. A figura abaixo revisa algo muito importante para os farmacêuticos. Assim, se a substân- cia está na forma não iônica, ela passa fácil pela membrana, já quem tem carga não passa. Quem passa pelas membranas são as formas moleculares ou formas ionizadas. No exemplo, são apresentadas moléculas como um antiinflamatório (diclofenaco) e a co- deína. Neste caso, o diclofenaco é um ácido fraco que pode liberar o hidrogênio e ficar na forma carregada negativa. No caso da codeína, caso ganhe mais uma ligação, se transforma amina quaternária, tornando-se impermeável às membranas. É nessa forma que o diclofenaco será melhor absorvido, ou seja, na forma não ionizada. Já a codeína permanece na forma mais alcalina. CASOS CLÍNICOS O paper: “Além de um simples efeito anestésico: a Lidocaína no diagnóstico de tratamento de cistite intersticial envolvendo uma síndrome de dor na bexiga”, apresenta uma discussão sobre o problema em se administrar lidocaína em situações tanto de diagnóstico quanto de tratamento, em que ela não apresentar um efeito tão importante quando a bexiga se encontra inflamada. Existe um conceito de que a anestesia não funciona em tecidos inflamados. Isso não ocorre apenas na bexiga. Ao observar o frasco da lidocaína, percebe-se a descrição “cloridrato de lidocaína”. Portanto, se é um cloridrato, ele é menos, logo a lidocaína tem que ser um cátion. Nesse caso, trata-se de uma estrutura protonada, uma base fraca. Quando ela ganha o próton, torna-se uma estrutura ionizada. Abaixo, observa-se a estrutura da lidocaína protonada com o seu hidrogênio com quatro ligações. Mas, também pode haver a lidocaína não protonada, ou seja, quando não tem carga. Existe um referencial para saber quando ela tem carga ou não, denominado pKa. Se o pKa de uma substância é 7.7, como o da lidocaína, significa que em 7.7 há 50% da sua forma protonada e 50% da forma não protonada. Quanto mais próximo de zero esse meio ácido se encontra, mais a quantidade ionizada aumenta e a não ionizada cai. Se a forma ionizada do meio estiver em maior quantidade, significa que a região se encontra mais ácida. O pKa significa o ponto de encontro entre as duas, tanto a forma ionizada, quanto a forma não ionizada. Ao se afastar do 7.7 e se aproximar de meios mais ácidos, ocorre o aumento da forma ionizada, assim como uma queda da forma não ionizada. Isso é pior para absorção, pois tem-se mais forma ionizada. No oposto, percebe-se que, à medida que o pH aumenta, a quantidade ionizada cai e a não ionizada aumenta. Observando a foto abaixo, entre a urina e o pH tecidual, 6 7 a chance de a lidocaína ter mais sucesso é em um pH próximo de 7.4, porque a quantidade da forma não ionizada já é em torno de 33%, ao passo que no meio ácido é apenas 2%. Para ter uma plenitude de efeito quando a estrutura apresentada tem chance de ser absorvida, é preciso tentar tornar esse pH ainda mais alcalino. Ao usar uma solução de lidocaína tamponada em torno de pH 8.0, objetiva-se uma solução melhorada da lidocaína. À medida que o pH aumenta, a quantidade da forma não ionizada aumenta, tendo maior chance de absorção. Não será possível respeitar apenas o pH para tentar otimizar a resposta de um fármaco. Até porque existem pHs que são incompatíveis com o sistema fisiológico. Jamais poderia ser usada uma solução em torno de pH 12 só porque a absorção será melhor, pois o tecido tem um pH compatível. Geralmente, quando as soluções são alcalinas, trabalha-se no máximo em torno de pH 8 ou pH 8,5. Do contrário, pode ocorrer lesão no tecido. Nesse cená- rio, a medicina e a farmacologia tentam compatibilizar fatores. Não pode ter um meio tão ácido, porque no meio ácido não há lidocaína suficiente para passar a membrana. Os tecidos inflamados são mais ácidos que o pH fisiológico, pois produzem muitos ácidos graxos e peróxido de hidrogênio. Todas as substâncias que podem liberar hidrogênio conferem melhor chance de acidez ao meio. Então, é natural que o intervencionista aumente a dose do anestésico para compensar, ou misture com soluções de bicabornato, a fim de obter maiores níveis da estrutura não ionizada. Esse padrão se aplica quando se trabalha com bases fracas. O pKa é o ponto de referência, se na lidocaína é 7.7 significa que nesse valor tem a mesma quantidade da forma ionizada e não ionizada. À medida que se acetifica o meio, há mais da forma ionizada e isso não é tão bom. Se alcaliniza, aumenta-se a quantidade da forma não ionizada e ela penetra de forma mais fácil. Outro paper, intitulado: “O efeito do calibre da agulha e o pH da lidocaína durante uma injeção intradérmica”, já sugere que, com o aumento de pH da lidocaína, se é uma base fraca, espera-se que ela tenha maior resposta. A tabela mede a escala analógica da dor. Quanto maior o número, maior o efeito anestésico. Ao perguntar para o paciente o quanto dói, é preciso analisar a resposta em uma escala de zero a quatro. Quanto mais alto o número, mais dor ele está sentindo. Ao perguntar para o paciente o quanto dói, é preciso analisar a resposta nessa escala de zero a quatro. Quanto mais alto o número, mais dor ele está sentindo. Ao misturar apenas a lidocaína em calibre 25, obtém-se a primeira resposta. Ao misturar com bicarbonato, já houve uma queda na escala de dor. Mudando apenas o calibre da agulha, ocorreu apenas uma queda. No entanto, houve uma potencialização da resposta, em que todas as vezesque se colocava o bicarbonato, a intensidade de dor era menor. Isso se dá pela influência da lidocaína em meio menos ácido, tendo mais quantidade da forma ionizada, mostrando que estruturas ionizadas têm dificuldade na sua penetração. O mesmo princípio serve para a cocaína, cujo pKa é de 8.6 que, em meios mais ácidos, a torna protonada com carga positiva. Já em meios mais alcalinos, a quantidade da fórmula não ionizada é melhor. 8 9 É fato que essa aplicabilidade na farmacologia também pode ser vista para drogas de abuso, um exemplo é o craque. Infelizmente, a mistura da cocaína com o bicarbonato aumenta a forma não ionizada e é por isso que se pode observar que, mesmo por via inalatória, o craque, que é o refugo da cocaína, consegue ter uma resposta tão próxima quanto à via intravenosa. De acordo com o gráfico abaixo, que apresenta uma pessoa que fez o uso da cocaína por via endovenosa, observa-se uma absorção muito rápida e ainda a área sobre a curva. Nota-se que existe uma absorção mais rápida quando se oferece a cocaína por via endovenosa. O “pu”, do gráfico abaixo, é a via pulmonar. Então, a pulmonar se aproxima mais da via endovenosa do que a via nasal ou a via oral. A via pulmonar apresenta a área de contato, que se aproxima de 80m², sendo bem vascularizada. Durante a pulmonar, faz-se o uso da cocaína misturada com o bicarbonato, aumentando a forma da ionizada. Isso é perceptível, inclusive, pelas ilhas de consumo no Brasil, em que praticamente nem se fala mais sobre drogas injetáveis e cocaína injetável, já que foi descoberta uma forma barata de se obter cocaína em grande quantidade, ou seja, misturada com bicarbonato. Por via oral, a absorção é mais lenta porque, ao passar pelo estomago, que é um meio extremamente ácido, ela sofre protonação. Ao ficar protonada, torna-se ionizada e, portanto, não vai ser absorvida. Sua absorção vai ser maior a nível intestinal e isso promove uma certa lentidão ou um atraso na resposta de absorção. O gráfico abaixo mostra que a endovenosa tem a melhor absorção. Já a fumada é a estratégia usada também a partir da mistura com bicarbonato. A literatura já conhece essa “conduta”. ALTERAÇÃO DA PROPRIEDADE FÍSICOQUÍMICA DE UM FÁRMACO O que mais pode alterar a propriedade físico-químico de um fármaco não é apenas pH. O pH é um fator importante, no entanto, outro fator preponderante é o coeficiente de partição. • Está relacionada com a propriedade lipofílica do fármaco; • Relação entre a concentração de uma substância na fase orgânica e aquosa; • Quanto maior o coeficiente de partição (P) maior sua lipofilicidade. Isso é feito por meio de experimento em laboratório que mistura a substância ativa a ser analisada em um meio contendo octanol e outro em água. Se a substância tem lipofilia, ela se adere e mistura facilmente com a fração do octanol, um álcool de cadeia longa extremamente apolar. Se a substância for hidrossolúvel, ela faz ligações de hidrogênio com a água. Contudo, existem moléculas que podem ter uma parte que se mistura com água e outra com óleo, gerando uma miscibilidade parcial, tanto no meio do octanol quanto de água. Isso pode ser feito por meio de uma equação denominada log P, na qual se faz o algoritmo da fração entre a estrutura que se misturou no meio do óleo e o outro no meio aquoso. Existe uma faixa de log P que apresenta maior probabilidade de a substância passar pela membrana, lembrando que a membrana tem característica majoritária lipídica, porém as suas cabeças são polares. A membrana tem característica fracamente anfipática, de modo que o log P, à medida que aumenta, melhora a sua passagem. Entretanto, chega um momento em que, se ficar muito lipossolúvel, não consegue nem se misturar às cabeças da membrana. 10 11 Observando o gráfico abaixo, o log P pode ser próximo de zero ou possuir um valor negativo. Se mais negativo, significa que a droga é muito hidrossolúvel e isso não ajuda na sua absorção. À medida que o log P aumenta, percebe-se a crescente da faixa em torno de dois, três e quatro. Ressalta-se que a maioria das drogas disponíveis no Brasil e no mundo para o uso oral tem o log de P próximos de dois, chegando a cinco. Depois de cinco, ela começa a cair. Abaixo, apresenta-se uma faixa ótima apontada pela literatura, entre dois, três e quatro. No entanto, abaixo de zero é preocupante, pois a permeabilidade pela camada lipídica é ruim. E após cinco, ela fica a desejar. Uma droga perfeita seria a que obedece ao mecanismo clássico, sendo: • Absorvida; • Distribuída; • Metabolizada; • Excretada. Se for para uso sistêmico: • Seletiva com o seu receptor; • Não tóxica; • Biodisponível; • Preço baixo. Além da característica de ação farmacodinâmica, existe também uma característica química indispensável. Existe uma regra chamada regra de Lipinski’s: • Precisa ter o coeficiente de partição log P < 5; • Peso molecular < 500g por mol; • < 10 aceptores de ligação de hidrogênio e < 10 doadores de ligação de hidrogênio. No link abaixo, é possível conferir alguns exemplos: http://lmmd.ecust.edu.cn/admetsar1/search/ LOG P EM INJETÁVEIS O log P pode ser explorado em outra área da farmacocinética, relacionada a injetáveis. Um exemplo é o Durateston. O anabolizante injetável apresenta as seguintes substâncias ativas: 12 13 Na composição da formulação há quatro testosteronas, na verdade são sais que variam na quantidade de carbonos associados a testosterona, sendo eles: • Decanoato; • Isocaproato; • Iempropionato; • Propionato. Na ilustração abaixo, é possível perceber que a testosterona por si só tem log P 3.3, podendo ser impermeável por membranas. Quando há decanoato de testosterona, ao ser aplicado no ambiente intramuscular, nota-se que seu log P se aproxima de 8, uma estrutura muito mais lipossolúvel que o fenilpropinoato de testosterona, que tem 5.8, seguido do isocaproato, que possui uma cadeia carbônica menor, com log P 5.5. Dentre os quatro presentes, a mais solúvel em água é o propionato de testosterona, com log P 4.4. À medida que essa mistura for colocada no ambiente intramuscular, ela se estabelece de forma plena para o plasma. Quem sai primeiro do ambiente intramuscular é aquela de menor log P. Logo, a estratégia é: permitir uma liberação a curto prazo de testosterona e depois haver novas ondas da sua oferta, de modo que a ação da testosterona passe a ser mais duradoura, o que justifica o nome do medicamento: Durateston. O proprionato de testoste- rona seria o primeiro a ser liberado, seguido do isocaproato, o fenilpropionato e por último o decanoato de testosterona. Portanto, essa é a estratégia que justifica o efeito duradouro da formulação. Isso é eficiente também para quem necessita da reposição de testosterona que, ao invés de fazer aplicações mais frequentes, conta com a facilidade do medicamento devido a esse efeito, já que cada grupo vai ser liberado a seu tempo. Isso é proporcionado por meio da diferença da solubilidade do ambiente oleoso conferido pelo log P. Resumindo: quanto maior o log P mais lenta é a sua liberação no ambiente intramuscular. Lembrando que, no ambiente intramuscular existem células, sendo nessa região que a mistura pode ficar retida. Como é o ambiente onde foi aplicado, dificilmente vai conseguir alcançar o meio extracelular e, posteriormente ganhar o meio vascular. Portanto, nos casos de aplicações intramusculares, quanto mais hidrossolúvel for, maior sua mistura no interstício e, consequentemente, maior o acesso aos sistemas capilares, passando a ser distribuído ao longo dos tecidos com mais facilidade. Assim, para alcançar o meio sistêmico, é necessário que a substância, já injetada no meio, tenha maior característica hidrossolúvel. EXEMPLO: MIDAZOLAM Observando o Midazolam, percebe-se que não se trata de uma molécula grande, estando abaixo de 500g/mol. Ela não possui carga, o que justifica sua passagem por membranas facilmente e até pela barreira placentária. A cafeína, da mesma forma,não possuí carga, a menos que esteja em meio ácido com baixo peso molecular. Ela também agrega a história dos doadores e aceptores de ligação de hidrogênio. A insulina já muda o padrão por ser uma associação de mais de 50 aminoácidos e essa estrutura é incapaz de ser absorvida por via oral, justamente pelo seu peso molecular. O etanol não tem carga. Ele é de fácil absorção, justificando, inclusive, suas respostas tão intensas em estômagos vazios. Ele começa a sua absorção no próprio estômago. A vancomicina é inviável de ser absorvida pelo peso molecular próximo de 1.500g/mol. O ácido retinóico não apresenta carga e boa lipossolubilidade, portanto, pode ser absorvido por via oral. O fenoterol também tem baixo peso molecular e não tem carga com relação ao número de doadores. Ele permite ser aplicado da forma oral e inalatória. O ipratrópio, apesar de ter pouco doador e aceptor, tem carga na sua estrutura e, por isso, só existe na forma inalatória. Até a década de 1960, acreditava-se até então, que a placenta funcionava como uma barreira, protegendo o feto de qualquer agressão farmacológica. Contudo, atualmente, essa afirmação é considerada um equívoco. A barreira placentária pode ser permeada de substâncias, principalmente aquelas que também estão na regra de lipinks. Ou seja, se tem log P abaixo de cinco, peso molecular baixo, deve-se ficar atento, pois ela pode atravessar a barreira placentária. 14 15 Peso molecular abaixo de 500g/mol, se a fração é livre e não está ligada a proteína, passa fácil. A figura abaixo mostra o ambiente uterino, no qual o nutriente passa e o fármaco pode ter um acesso caindo no vírus coriônico, e são nelas que a vascularização do feto invade a placenta. O vaso da mãe não toca o vaso do feto. Existe uma barreira e o fármaco pode ser difusivo a ponto de alcançar a vasculatura ou não. Se tiver alto peso molecular, for muito hidrossolúvel ou se tiver carga, ele não chega, obedecendo ao mesmo raciocínio da absorção por via oral. Logo no início da gestação, pede-se para a mãe não entrar em contato com a cafeína, pois tem baixo peso, é relativamente lipossolúvel e não tem carga. O sangue fetal é mais ácido que o sangue da mãe. Quando a cafeína encontra o meio mais ácido ela pode protonar e, ao ficar protonada, ela não volta para a mãe e continua no feto. Em resumo, bases fracas tendem a ser alvos de armadilha iônica para o feto. Se uma gestante faz uso de craque ou cocaína, a travessia pela membrana placentária é muito fácil. A droga ainda se acumula no feto pela armadilha iônica, atingindo o feto por meio da veia umbilical. O oxigênio e o CO2 passam facilmente, por não serem de alto peso molecular. O CO2, após cair na corrente sanguínea, só é solúvel em água por reagir com a própria água, transformando-se em bicabornato, que é ionizado, ficando solúvel em água. Isso gera problemas, como a anemia. FATORES QUE INTERFEREM A ABSORÇÃO 1- Vias de administração; 2- Carga da molécula (influência do pH); 3- Coeficiente de partição; 4- Peso molecular; 5- Tempo de esvaziamento gástrico: • Lento: absorção - Sólidos, gordura, ácidos, pneumonia, diabetes, dores abdominais, anticolinérgicos. • Acelerado: absorção - Líquidos, alimentos gelados, úlceras duodenais, pancreatite crônica, colinérgicos. 6- Fatores de formulação: • Sol.> Xarope> Susp> pó > cápsula> cp> cp revestidos • Aglutinantes (amido, gelatina, goma) ou dispersantes (estearato de Mg)? • Qual o tamanho das partículas? Amorfo ou cristalino? 7- Fluxo sanguíneo no local da absorção e superfície de contato: quanto maior o fluxo sanguíneo, maior a superfície de contato, maior também a chance de ser absorvido. Um exemplo prático é o uso de gelo após uma aplicação intramuscular. Se tem a necessidade de absorção rápida e o indivíduo colocar uma bolsa de água gelada, isso pode atrasar a absorção. Do contrário, se a pessoa colocar a bolsa de água quente, ela pode causar uma intensa vasodilatação e isso não vai obedecer a um trajeto ou comportamento normal utilizado nos testes clínicos. Portanto, não é recomendável o uso de compressas geladas ou quentes após aplicação por via intramuscular. • Transportadores de efluxo e metabolismo: microbiota intestinal, CYP, glicoproteína P.