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XVII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS 
DA UNAERP - CAMPUS GUARUJÁ 
 
A visão midiática da psicopatia e suas consequências sociais 
 
 
Tamires Rita da Silva¹; Verônica Vasques Fueta²; Jeferson Ulisses Barreto 
Laurindo³ 
 
¹ Universidade Guarulhos (UNG). Guarulhos, São Paulo, Brasil. Discente. 
tamires.rita@hotmail.com 
² Universidade Guarulhos (UNG). Guarulhos, São Paulo, Brasil. Discente. 
vevefueta@hotmail.com 
³ Universidade Guarulhos (UNG). Guarulhos, São Paulo, Brasil. Pesquisador docente. 
jlaurindo@prof.ung.br 
 
Este simpósio tem o apoio da Fundação Fernando Eduardo Lee 
 
 
Multidisciplinar: Transtorno psicológico e a influência da mídia. 
 
Formato: artigo 
 
Apresentação: Oral (Google Meet) 
Inserir o link do Vídeo Gravado aqui: Não se aplica 
 
RESUMO 
Esta pesquisa teve como objetivo analisar as possíveis definições e 
compreensões do estigma presente no termo psicopata e suas consequências 
sociais. Para tanto, foi necessário esclarecer as diferentes definições de 
transtorno de personalidade antissocial, conhecer os aportes teóricos da 
psicologia que trabalham este tema e analisar como a literatura especializada 
aborda o fenômeno do transtorno de personalidade antissocial na sociedade. 
Realizou-se então uma pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, que teve 
por objetivo trazer as características dos termos abordados para realizar 
possíveis associações e esclarecer como a literatura especializada aborda o 
transtorno de personalidade antissocial. Realizou-se uma pesquisa documental 
no qual foram coletados filmes no aplicativo Netflix utilizando a palavra psicopata 
para busca. Encontrou-se como resultado o estigma sobre os indivíduos que 
possuem transtorno de personalidade antissocial; gerado pela grande influência 
que a mídia possui na sociedade. As produções, em maioria, apresentam o 
transtorno de maneira tendenciosa, apresentando indivíduos que cometem ou 
pensam em cometer homicídio. A escolha do tema surgiu a fim de facilitar a 
compreensão do significado do termo, analisando a visão fantasiosa que os 
filmes hollywoodianos de assassinos em série trazem sobre o termo psicopata, 
apontando também as possíveis consequências que podem surgir na vida do 
 
2 
indivíduo estigmatizado. Diante disso, espera-se que esta pesquisa sirva como 
base para análises futuras, já que existem poucas produções sobre o assunto. 
 
Palavras-chave: Personalidade antissocial; Influência da mídia; Estigma. 
 
ABSTRACT 
The main purpose of this research is to analyze the possible definitions and 
comprehension in the stigma present in the term psychopathy and its social 
consequences. It`s necessary to clarify the different definitions of antisocial 
personality disorder, knowing theoretical contribution of psychology that studies 
this topic and analyze how the specialized literature approaches the antisocial 
personality disorder in society. A descriptive research will be done using a 
qualitative approach in order to bring the characteristics of the topics approached 
previously so that we can analyze possible associations clarifying how the 
specialized literature approaches the antisocial personality disorder. A 
documentary research was made in which people collected movies on netflix app 
using ``psychopath`` as a key-word. It was found as a result the stigma about 
individuals who has antisocial personality disorder, caused by the huge influence 
that media has on the society. The productions, mostly, represent the disorder in 
a tendentious way, showing individuals who commit or think about committing 
suicide. The choice for this topic came up in order to make the comprehension of 
the real meaning easier, changing the unrealistic hollywood vision of serial killers 
and how they portrait psychopath, also pointing out the possible consequences 
that might appear in one`s stigmatized life. That being said, we hope that this 
research can be used as a future reference since there is only a few researches 
based on this topic. 
 
Key-words: Antisocial personality; Media influence; Stigma. 
 
1 INTRODUÇÃO 
Popularmente conhecido como Psicopatia, o transtorno da personalidade 
antissocial está cada vez mais presente nos cinemas. Qual visão a sociedade 
tem do psicopata? Esta visão gera alguma consequência? Para analisar as 
possíveis consequências sobre o estigma deste conceito, mostrou-se necessário 
apresentar inicialmente as definições e conceitos sobre o tema. 
Na primeira parte serão abordados o surgimento do termo Psicopata e a 
evolução de sua conceituação. Na segunda parte sua relação com o Transtorno 
da Personalidade Antissocial, definições e critérios diagnósticos de acordo com 
a Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID 10 e o 
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 
Na terceira parte serão apresentados os aspectos da teoria psicanalista de 
Freud que podem ser relacionados ao conceito do termo em questão. 
Nas últimas partes serão apresentados a teoria sobre o Estigma, os 
possíveis prejuízos sociais e emocionais resultantes e a influência da mídia e 
suas produções relacionadas ao tema, para que seja então possível dissertar 
 
3 
sobre as consequências do estigma presente no termo psicopata. 
 
2 OBJETIVO 
Com base no conceito de transtorno de personalidade antissocial e suas 
possíveis definições, compreender o estigma presente no termo psicopata e 
suas consequências sociais. 
 
3 O TERMO PSICOPATA: CONCEPÇÕES 
A palavra psicopata possui origem etimológica grega, se dá ao encontro da 
palavra psyche que significa mente/alma, com a palavra pathos que significa 
doença/sofrimento, podendo-se entender como o indivíduo que sofre de algum 
transtorno mental (OLIVEIRA, 2009). 
Já o conceito de psicopatia surgiu na medicina e um de seus pioneiros foi 
Philippe Pinel, médico e precursor da psiquiatria moderna. Pinel reconheceu o 
transtorno durante seu trabalho no século XIX, e ao observar os comportamentos 
de seus pacientes, ressaltou que alguns deles apresentavam atitudes de 
agressividade extrema, porém mantendo suas capacidades de raciocínio 
intactas (FILHO et al., 2009). Ou seja, indivíduos que poderiam facilmente 
cometer crimes contra outras pessoas mantendo-se consciente de suas ações, 
sem sentir culpa por seus atos. 
Philippe Pinel foi considerado um dos pioneiros, segundo Filho et al., (2009) 
descrevendo o comportamento de alguns de seus clientes criou o termo “mania 
sem delírio”, o que entende-se por um indivíduo com atitudes impulsivas que age 
de forma racional e não pode ser compreendido como delirante ou “louco”. 
É bem difícil definir a psicopatia por ser de grande complexidade, este 
conceito já passou por várias definições e influências desde sua evolução na 
ciência, quanto no senso comum onde surgiu devido às características de 
pessoas consideradas “loucas”, ou de pessoas que cometeram algum crime 
grave (GONÇALVES et al., 2010). 
Um dos termos definidos e ainda utilizados nos dias atuais é 
“Personalidade psicopática”, ele foi criado por Kraepelin em 1904, quando fez a 
classificação de doenças mentais. Foi criado para definir um indivíduo que não 
é neurótico nem psicótico mas apresenta atitudes de comportamento criminal 
imoral (BALLONE et al., 2008). 
De acordo com Almeida (2007) só em 1941 que se estabeleceu ao certo o 
conceito de psicopatia, por Hervey Cleckley em seu livro “A Máscara de 
Sanidade”. Cleckley desenvolveu um quadro com algumas características que 
podem determinar o comportamento de um psicopata, como por exemplo: Boa 
inteligência, falta de remorso, tendência maior a mentir, entre outros. Essas 
características são utilizadas até os dias atuais como ferramenta para facilitar a 
identificação de um indivíduo psicopata. 
 
 
4 
4 PSICOPATIA NAS CLASSIFICAÇÕES DE DOENÇA 
4.1 PSICOPATIA NA CLASSIFICAÇÃO DE TRANSTORNOS MENTAIS E DE 
COMPORTAMENTO DA CID 10. 
A Classificaçãode Transtornos Mentais e de Comportamento da CID 10 é 
utilizada no mundo inteiro como base para o entendimento de todas as doenças. 
Os transtornos da personalidade são encontrados nos números F60-F69 e 
possuem como definição geral um padrão de vivências diferentes dos que se 
esperam dos indivíduos, e que ao longo do tempo provoca sofrimento ou 
prejuízo. 
Os transtornos de personalidade são divididos em diversos tipos, dentre 
eles o Transtorno da Personalidade Antissocial. Sua definição segundo World 
Health Organization Geneva (1993, p. 521) é: 
Um padrão invasivo de desrespeito e violação dos direitos dos outros, 
que inicia na infância ou começo da adolescência e continua na idade 
adulta. Este padrão também é conhecido como psicopatia, sociopatia 
ou transtorno da personalidade dissocial. 
Os indivíduos com este transtorno possuem dificuldade em respeitar os 
sentimentos e direitos dos outros, frequentemente enganam e manipulam para 
o próprio prazer e não costumam ter empatia e demonstrar remorso pela 
consequência de seus atos (WORLD HEALTH ORGANIZATION GENEVA, 
1993). 
Para diagnóstico é necessário seguir a estes critérios citados por World 
Health Organization Geneva (1993, p. 526): 
A. Um padrão invasivo de desrespeito e violação dos direitos dos 
outros, que ocorre desde os 15 anos, como indicado por pelo menos 
três dos seguintes critérios: 
(1) fracasso em conformar-se às normas sociais com relação a 
comportamentos legais, indicado pela execução repetida de atos que 
constituem motivo de detenção 
(2) propensão para enganar, indicada por mentir repetidamente, 
usar nomes falsos ou ludibriar os outros para obter vantagens pessoais 
ou prazer 
(3) impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro 
(4) irritabilidade e agressividade, indicadas por repetidas lutas 
corporais ou agressões físicas 
(5) desrespeito irresponsável pela segurança própria ou alheia 
(6) irresponsabilidade consistente, indicada por um repetido 
fracasso em manter um comportamento laboral consistente ou honrar 
obrigações financeiras 
(7) ausência de remorso, indicada por indiferença ou 
racionalização por ter ferido, maltratado ou roubado outra pessoa. 
B. O indivíduo tem no mínimo 18 anos de idade. 
C. Existem evidências de Transtorno da Conduta com início 
antes dos 15 anos de idade. 
D. A ocorrência do comportamento antissocial não se dá 
exclusivamente durante o curso de Esquizofrenia ou Episódio Maníaco. 
World Health Organization Geneva (1993) também descreve a necessidade 
 
5 
de distinguir o comportamento criminoso que visa lucro do Transtorno de 
Personalidade Antissocial quando o comportamento não é acompanhado dos 
critérios citados acima. 
 
4.2 PSICOPATIA NO MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE 
TRANSTORNOS MENTAIS (DSM-V) 
Assim como o CID-10 o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos 
Mentais (DSM-V) possui um capítulo direcionado para Transtornos da 
Personalidade, definidos como indivíduos com um padrão de experiência interna 
e comportamento que se desviam dos esperados de sua cultura, e que leva a 
sofrimento ou prejuízo. 
American Psychiatric Association (2014) divide os transtornos de 
personalidade em três grupos por semelhança. No grupo A encontram-se os 
indivíduos aparentemente esquisitos ou excêntricos; no grupo B indivíduos 
aparentemente dramáticos, emotivos ou erráticos; no grupo C indivíduos que 
aparentam ser medrosos ou ansiosos. 
O Transtorno da Personalidade Antissocial pertence ao grupo B e possui 
como característica a falsidade e manipulação; utiliza-se dos mesmos critérios 
diagnósticos do CID-10 descritos anteriormente. 
Quando relacionado à cultura, American Psychiatric Association (2014, p. 
705) afirma: 
O transtorno da personalidade antissocial parece ter ligação com 
condição socioeconômica baixa e contextos urbanos. Surgiram 
preocupações de que o diagnóstico possa, algumas vezes, ser mal 
aplicado a indivíduos em contextos em que comportamentos 
aparentemente antissociais possam ser parte de uma estratégia 
protetora de sobrevivência. Na avaliação de traços antissociais, é útil 
para o clínico levar em conta o contexto social e econômico em que 
ocorrem os comportamentos. 
 
5 PSICOPATIA NA PSICANÁLISE 
O conceito de psicopata é encontrado na teoria de um dos principais 
teóricos da psicologia. 
Freud (2016) disserta sobre os três tipos de estrutura da personalidade; sua 
teoria baseou-se nos mecanismos psíquicos e em como o indivíduo lida com 
seus conflitos e pulsões. Para Freud o desenvolvimento dessas estruturas tem 
origem entre a infância e adolescência. 
 A primeira estrutura (Neurose) surge das tentativas ineficazes de lidar com 
conflitos, segundo Freud (2016, p.57) “a predisposição neurótica reside na 
história do desenvolvimento da libido”. O indivíduo com personalidade neurótica 
ainda possui alguns critérios de avaliação da realidade, porém é incapaz de 
resolver os conflitos de maneira satisfatória, um exemplo de Neurose é a Fobia 
(medo excessivo de algo, que prejudica o dia a dia do indivíduo). 
Psicose (segunda estrutura) apesar de ser semanticamente parecida com 
 
6 
a palavra Psicopata, não é a estrutura que contém este tipo de patologia. Na 
psicose há uma perda do senso de realidade presente na personalidade do 
indivíduo. Freud (2016, p. 214) “mecanismos da psicose que apontam para a 
perturbação das relações entre o Eu e o mundo exterior”. Um exemplo de 
Psicose é a Esquizofrenia devido às distorções das emoções, pensamentos e 
percepções da realidade. 
A terceira estrutura é a que pode ser associada ao conceito de psicopata, 
o indivíduo que possui a estrutura de personalidade perversa dispõe claramente 
a noção dos limites e regras estabelecidos pela sociedade, porém, sua busca 
pelo prazer é prioridade e as regras e os limites são desconsiderados. Freud 
(2016) afirma "a disposição às perversões é a disposição originária e universal 
da pulsão sexual dos seres humanos". 
Segundo Freud (1908,1996b) “As fantasias que são recalcadas na neurose 
são atuadas sem culpa conscientemente na perversão” (apud CASTRO et al., 
2003). 
 
6 ESTIGMA NA PSICOLOGIA SOCIAL 
O termo estigma foi criado na Grécia antiga e se refere às cicatrizes no 
corpo de uma pessoa feita por outras para deixar evidente algo que a pessoa 
marcada representava, geralmente eram coisas ruins. Normalmente eram 
marcadas para serem evitadas por outros, principalmente em lugares públicos 
(GOFFMAN, 2004). 
Como marcas, conceitos ou representações, o estigma criado antigamente 
se faz até os dias atuais como forma de separar grupos considerados “normais”, 
de grupos que são considerados fora do padrão para aquela sociedade. 
Quando uma pessoa desconhecida se apresenta, muitos imaginam 
algumas particularidades que fazem com que ela seja diferente dos outros, e é 
a partir daí que se deixa de considerar como uma pessoa comum, conforme 
Goffman (2004), essa característica é um estigma, principalmente quando 
diminui de forma depreciativa o indivíduo. 
Conforme Brunello (1998 apud Nascimento et al., 2019, p. 104) como o 
processo da estigmatização, indivíduos que se encontram no ato de 
institucionalização, ou que possuem algum problema mental são colocados pela 
sociedade de uma forma depreciativa e com isso não há respeito para com eles, 
em consequência essas pessoas são excluídas e marginalizadas pelo grupo. 
Constata-se então que “Atualmente, o termo é amplamente usado de 
maneira um tanto semelhante ao sentido literal original, porém é mais aplicado à 
própria desgraça do que à sua evidência corporal” (GOFFMAN, 2004, p.5). 
Goffman (2004), aponta três amostras diferentes de estigma: 1- 
Deformidades físicas, anomalias e etc.; 2- Pensamentos e atitudes individuais 
de cada pessoa, como o alcoolismo; tentativas de suicídio, algum distúrbio 
mental, crenças falsas e etc.; e 3- Em uma nação, religião, raça, quevem de 
 
7 
gerações e esse pensamento é passado por igual aos membros de toda a 
família. 
Todas essas amostras de estigma desde o começo, na Grécia, possui as 
mesmas propriedades sociológicas segundo Goffman (2004), alguém que 
poderia ter sido bem recebido em um grupo, por conta de uma característica 
marcada pode afastar as pessoas que cruzam seu caminho no dia a dia, e com 
isso acaba perdendo a chance de mostrar suas qualidades. 
De acordo com Goffman (2004, p.8), frequentemente sem pensar, os 
indivíduos são preconceituosos, pois alguém que possui um estigma, muitas 
vezes não é considerado um indivíduo “agradável”, e assim suas chances de 
vida são limitadas: 
Construímos uma teoria do estigma; uma ideologia para explicar a sua 
inferioridade e dar conta do perigo que ela representa, racionalizando 
algumas vezes uma animosidade baseada em outras diferenças, tais 
como as de classe social. Utilizamos termos específicos de estigma 
como aleijado, bastardo, retardado, em nosso discurso diário como 
fonte de metáfora e representação, de maneira característica, sem 
pensar no seu significado original (GOFFMAN, 2004, p.8). 
Existe dois tipos de estigma conforme Corrigan e Watson, citados em 
Soares et al., (2011 apud Nascimento et al., 2019 p. 110); o primeiro é o estigma 
público e social, que é o momento em que um grupo de pessoas julgam, 
menosprezam e discriminam um indivíduo por suas características pessoais e/ou 
físicas; o segundo é o estigma internalizado, que é resultado do primeiro, no qual 
o indivíduo começa a considerar o estigma como seu. Ele concorda e adquire 
crenças negativas para ele mesmo, fazendo com que isso o atrapalhe na vida 
social e em seus avanços. 
Segundo Soares et al., (2011 apud Nascimento et al., 2019, p. 104) o 
estigma internalizado acontece quando o indivíduo sabe do rótulo fixado nele, 
concordando e colocando em si mesmo o estigma de forma negativa, porém isso 
leva à consequências, como a angústia, raiva, baixa autoestima entre outras, e 
isso acaba prejudicando o indivíduo, fazendo por muitas vezes ele optar por se 
isolar para evitar contato com outras pessoas. 
Alguns autores trazem a baixa autoestima como um dos principais pontos 
negativos do estigma. O indivíduo tem a percepção de ser classificado de forma 
desfavorável, o levando à própria depreciação e fortalecendo sua solidão 
(CORRIGAN; LINK et al., 2001/2004 apud FELICISSIMO et al., 2013, p. 117), 
Segundo Siqueira et al., (2011, p. 92-113) as relações sociais seguem 
juntamente de acordo com as pessoas não estigmatizadas e não seguem o fluxo 
das pessoas estigmatizadas pois: 
Estas relações não são igualitárias devido ao sistema de percepções 
das pessoas não estigmatizadas e pelo seu conjunto de categorias - 
as quais não as permitem prever uma pessoa estigmatizada em uma 
categoria comparada com a sua. 
O estigma se liga em três componentes: a falta de informação, preconceito 
 
8 
e discriminação com o transtorno mental (THORNICROFT, 2006 apud 
NASCIMENTO et al., 2019, p. 110). 
 
7 INFLUÊNCIA DA MÍDIA 
A mídia é um meio de comunicação com diversos tipos de plataforma, como 
a internet, televisão, o cinema, entre outros. No geral ela transmite informação e 
entretenimento para quem a utiliza, Martino (2016, p.14) disserta: 
O termo “mídia”, neste caso, parece se referir, com pouca 
problematização, a um conjunto de “meios de comunicação”, de 
“massa” ou “digitais”, destacados sobretudo por se tratarem de 
dispositivos tecnológicos englobados, por vezes, em um âmbito 
institucional no qual “mídia” ganha também o significado de “empresa 
de comunicação”. 
De acordo com Tonet e Melo (2015) por ser bem presente no cotidiano das 
pessoas, a mídia tem se tornado um intermediário em questão de passar 
conhecimento, e com isso ela passa a ter grande influência sobre seus 
expectadores, se tornando uma ferramenta de manipulação social. 
Castells (2006 apud SOUZA; SANTOS 2018) garante que nas diversas 
formas de comunicação a mídia sempre teve papel de influência e manipulação. 
Ele também defende que é de grande importância esse poder de influência sobre 
os pensamentos das pessoas, pois acredita que estas podem evoluir com as 
informações colhidas. Porém, para isso precisam ter consciência sobre como 
consomem as informações, e em quais formas o indivíduo se deixa influenciar. 
A mídia possui em sua estratégia, unidirecionar sua mensagem para o 
interlocutor, diferente de um diálogo; as pessoas passam a conhecer o mundo 
pelas lentes de sua câmera; resultando em uma massificação da sociedade com 
indivíduos sem opinião própria (SILVA; SANTOS, 2005). 
Em seu artigo sobre comunicação de massa e representações sociais, 
Barbosa e Rabaça (1987 apud Alexandre, 2001) afirma que os meios de 
comunicação em massa (MCM) possuem aspectos positivos e negativos; sendo 
os positivos a oportunidade de destruir a antiga barreira de classe, proporcionar 
diversão para as massas, divulgar os atos de corrupção e proporcionar cultura. 
Como aspectos negativos, são citados o incentivo para uma visão passiva 
e acrítica da sociedade e o fato de os MCM serem conservadores, trabalhando 
apenas o que foi assimilado e seguindo as leis do mercado. 
Alexandre (2001, p.116) afirma: 
No percurso da transformação do fenômeno social neste final de 
século, os meios de comunicação de massa se tornam instrumentos 
fundamentais na produção da nova coesão social, exatamente porque 
lidam com a fabricação, reprodução e disseminação de representações 
sociais que fundamentam a própria compreensão que os grupos 
sociais têm de si mesmos e dos outros, isto é, a visão social e a auto-
imagem. 
Nos últimos anos, só crescem os conteúdos televisivos como filmes e séries 
 
9 
que abordam os assuntos criminais, principalmente sobre assassinos. Muitos 
desses filmes focam na temática de serial killers, os apresentando de várias 
maneiras. Na maioria desses conteúdos os personagens são fictícios, criados 
com foco em suas ações criminosas (OLIVEIRA; GALDINO 2013). 
Geralmente a intenção nos filmes que abordam assuntos criminais, muitas 
vezes no gênero terror ou suspense, é causar um certo medo no espectador. 
Shecaira (apud ROSÁRIO; BAYER, 2014) mestre e doutor em direito penal, fala 
que a mídia condiciona as pessoas pelo fato de mudar e fantasiar a realidade, 
fazendo com que seus espectadores sejam induzidos a ver o conteúdo da forma 
que ela quer, em seu artigo Rosário e Bayer (2014) chamam de “um processo 
permanente de indução criminalizante”. 
Ainda segundo Rosário e Bayer (2014), além da mídia exercer influência 
sobre a forma como exibe o crime (destacando a violência em filmes ou em 
matérias de jornais), ela também tem grande influência sobre algumas pessoas 
diante de um indivíduo com as mesmas características dos personagens 
abordados, fazendo com que os mesmos sejam confundidos e temidos, podendo 
até ser alvos de preconceito. Sendo assim a mídia colabora para um processo 
de construção da imagem de um indivíduo maldoso, agressivo e que facilmente 
cometeria um crime. 
 
8 MÉTODOS 
Este estudo é composto por uma pesquisa descritiva, com o objetivo de 
trazer características dos termos abordados e realizar possíveis associações. 
As pesquisas descritivas são, juntamente com as exploratórias, as que 
habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados com a 
atuação prática (GIL, 1989, p.46). 
A abordagem utilizada é a qualitativa e o procedimento pesquisa 
documental. 
Segundo Oliveira (2007 apud Silva; Almeida; Guindani, 2009) a pesquisa 
documental é a procura de informações em materiais que ainda não obtiveram 
uma análise científica, como reportagens, filmes e séries. Técnica utilizada 
devido à grande produção documental relacionada à Psicopatia e às possíveis 
análises e relações com o objetivo do estudo. 
Para o desenvolvimento da revisão teórica foram utilizados artigose livros 
encontrados sobre assuntos relacionados à psicopatia e ao estigma. Essa busca 
bibliográfica foi feita através dos seguintes bancos de dados: Google Acadêmico, 
Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Periódicos (CAPES). Foram 
utilizadas como palavras chave: Psicopatia, psicopata, comportamentos 
antissociais, perversão na psicanálise e estigma social. 
Foram selecionados e utilizados artigos e livros que se referem ao conceito 
de psicopatia, sua apresentação no CID e no DSM, sua relação com a 
psicanálise e o estigma social. Para composição da pesquisa foram selecionados 
os seguintes itens como critérios de exclusão: artigos fora do tema, artigos 
 
10 
repetidos, artigos em outros idiomas exceto português. E como critério de 
inclusão utilizou-se: livros, artigos científicos relacionados com o objetivo do 
estudo, artigos publicados no idioma português. 
A metodologia utilizada para a pesquisa documental foi a análise de dados 
qualitativos de Flores (1994), separando os filmes em categorias, com base em 
seus conteúdos, para melhor analisá-los. 
Los sistemas de categorías pueden elaborarse inductivamente a partir 
de los proprios datos. Al examinar los datos nos preguntaríamos por el 
tópico capaz de cubrir cada unidad. Posteriores comparaciones entre 
los datos agrupados bajo un mismo tópico o entre tópicos permitirían 
refinar las categorías emergentes (FLORES, 1994, p.49). 
A coleta de documentos foi realizada entre 20 e 25 de maio de 2020, por 
meio do algoritmo de busca do aplicativo Netflix, plataforma escolhida por ser o 
streaming mais utilizado atualmente. A palavra chave utilizada foi “psicopata”. 
Foram selecionadas 42 de 51 produções, com critério de inclusão que as 
produções fossem filmes, e de exclusão (1) séries, (2) minisséries. 
 
Figura 1 – Produções utilizadas 
1922 (2017) MENTIRAS PERIGOSAS (2020) 
A CASA (2020) MORTE ÀS SEIS DA TARDE (2018) 
A CURA (2016) O HÓSPEDE (2014) 
A HISTÓRIA VERDADEIRA (2015) O INTRUSO (2014) 
ALÉM DA REALIDADE (2016) O POÇO (2019) 
AMNÉSIA (2014) O PROFISSIONAL (1994) 
AMORES CANIBAIS (2016) O PROTETOR (2014) 
CLINICAL (2017) O SILÊNCIO DA CIDADE BRANCA (2019) 
COLEGA DE QUARTO (2011) OBSESSÃO SECRETA (2019) 
CONTATO VISCERAL (2019) PRENDA-ME SE FOR CAPAZ (2002) 
CORRA (2017) QUANDO UM ESTRANHO CHAMA (2006) 
DOCE VINGANÇA (2010) REFÉM DO MEDO (2016) 
DRAGÃO VERMELHO (2002) ROUBANDO VIDAS (2004) 
ELI (2019) SCARFACE (1983) 
EM CARNE VIVA (2003) SEGREDO DE SANGUE (1998) 
FICA COMIGO (2017) SEQUESTRANDO STELLA (2019) 
FRATURA (2019) SEVEN – OS SETE CRIMES CAPITAIS (1995) 
GAROTA EXEMPLAR (2014) SOMBRA LUNAR (2019) 
HUSH – A MORTE OUVE (2016) UM CONTRATEMPO (2016) 
JOGO PERIGOSO (2017) VERSÕES DE UM CRIME (2016) 
MEDO PONTO COM BR (2002) TED BUNDY: A IRRESISTÍVEL FACE DO MAL 
(2019) 
Fonte: elaborado pelos autores. 
 
9 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
As categorias foram formuladas com base nos sintomas apresentados no 
referencial teórico e o possível estigma que está presente no conceito de 
psicopata. 
 
11 
 
Figura 2 – Quadro de categorias 
CÓDIGO DEFINIÇÃO DA CATEGORIA 
CC Produções que retratam um indivíduo com transtorno de 
personalidade antissocial diagnosticado no filme ou com claros sintomas, 
e que comete algum crime. 
CS Produções que retratam um indivíduo com transtorno de 
personalidade antissocial diagnosticado no filme ou com claros sintomas, 
que não comete algum crime. 
SC Produções sem indivíduos com transtorno de personalidade 
antissocial apresentado no filme e sem sintomas claros, com indivíduo que 
comete algum crime. 
SS Produções sem indivíduos com transtorno de personalidade 
antissocial apresentado no filme, sem sintomas claros, e sem indivíduo que 
comete algum crime. 
Fonte: elaborado pelos autores. 
A categoria CC foi formulada com base na definição do transtorno de 
personalidade antissocial e em seus critérios diagnósticos. Nos 25 filmes que se 
enquadraram nesta categoria pôde-se encontrar características reais do 
transtorno. Conforme apresentado por Filho et al., (2009) psicopatas são 
pessoas que cometem crimes sem nenhum remorso e que se mantêm 
conscientes de seus atos, mostrando simetria com o que a World Health 
Organization Geneva (1993) apresenta, descrevendo o transtorno em pessoas 
que têm dificuldades em respeitar sentimentos e direitos alheios e que 
dificilmente demonstram empatia. 
Esta categoria também apresentou filmes com o critério de desrespeito aos 
direitos dos próximos, como roubo e agressões; traços comuns na personalidade 
do indivíduo com o TPA. Além destes crimes, também foi possível encontrar 
outros, como tentativa de homicídio e homicídio, característica que pode, ou não, 
estar presente em um indivíduo com o transtorno, deixando evidente a visão que 
a mídia passa para seus expectadores sobre a imagem do mesmo; conforme já 
apresentado por Oliveira e Galdino (2013), na maioria desses conteúdos os 
personagens são criados em contos fantasiosos na intenção de dar ênfase 
apenas em suas atitudes agressivas e criminosas. 
Segredo de Sangue, Garota Exemplar, Colega de Quarto e Ted Bundy: a 
irresistível face do mal, são exemplos de filmes que apresentam características 
reais do transtorno, sendo alguns deles baseados em fatos. 
No filme Segredo de sangue é possível perceber a ausência de remorso na 
personagem Martha Baring, que mata o próprio marido e não demonstra nenhum 
sentimento em relação a isto. Já no filme Garota Exemplar observa-se na 
personagem principal (Amy Dunne) a propensão para enganar; no decorrer do 
filme Amy finge sua própria morte e utiliza um nome falso apenas para a 
obtenção de um prazer pessoal. 
Em Ted Bundy: a irresistível face do mal, é possível perceber diversos 
 
12 
critérios diagnósticos e o filme apresenta até mesmo a confirmação do transtorno 
de personalidade antissocial; além de ser um filme baseado em uma história real 
é uma das poucas produções que não foca especificamente nas agressões que 
o indivíduo comete. 
A produção Ted Bundy pode ser citada como um exemplo da manipulação 
social (TONET; MELO, 2015) mostrando a influência e poder que a mídia tem 
sobre seus expectadores, o filme foca no julgamento de Ted, na trajetória e na 
perspectiva do mesmo mostrando seu lado com a família e amigos; a produção 
não romantiza suas ações criminosas, e também não foca nelas, porém dá 
ênfase em Ted se defendendo no processo do seu julgamento e negando seus 
atos até o último minuto, o que faz com que alguns telespectadores duvide de 
suas ações, mesmo sabendo de sua verdadeira história 
Nos 16 filmes categorizados em SC não foi possível encontrar nenhum 
sintoma claro de TPA, encontrando apenas indivíduos que cometem algum 
crime. Esta categoria foi criada com base na visão popular do psicopata, que 
difere da definição real do transtorno; aqui também é possível observar o fato da 
mídia direcionar o telespectador para uma única visão, usando isso como uma 
estratégia para convencer e induzir algumas pessoas a perceber o filme como 
querem que percebam (SILVA; SANTOS, 2005). 
É possível observar de forma clara essa indução, pois essas produções 
focam nas inúmeras atividades criminosas que surgem com o único intuito de 
gerar medo no telespectador, fazendo com que ele relacione o psicopata com 
um indivíduo que assusta e aterroriza outras pessoas. Rosário e Bayer (2014) 
completa esta visão chamando de “um processo permanente de indução 
criminalizante” pelo simples fato da mídia fantasiar a realidade, colaborando 
então para a construção da imagem de um indivíduo psicopata que causa medo. 
Estes filmes que não possuíam nenhuma relação com os critérios 
diagnósticos e sintomas da doença, possivelmente estavam nosresultados de 
pesquisa devido aos crimes cometidos na trama sendo em maioria filmes de 
suspense; elucidando a visão da mídia sobre estes indivíduos. Um exemplo é o 
filme O poço, um suspense e ficção científica; que para alguns retrata uma 
analogia com a sociedade atual; não apresenta nenhum critério/sintoma do 
transtorno, mas diversas cenas de violência. 
Outro exemplo é o filme Eli, um terror/suspense que retrata a história de 
uma criança, que no fim do filme descobre ter poderes especiais por ser filho de 
lúcifer. Uma ficção, que aparentemente não possui relação alguma com o termo 
psicopata. Falta de relação evidente também no filme Amores Canibais; uma 
ficção sobre um futuro pós-apocalíptico, que conta com inúmeras cenas de 
violência. 
Dos 42 filmes analisados, apenas Contato Visceral não apresentou crime e 
nem a presença de um indivíduo com o transtorno; sendo um filme que 
possivelmente só estava no resultado de pesquisa por ser um filme de terror, 
 
13 
como a maioria dos filmes que abordam um indivíduo com o transtorno. 
Nenhuma das produções observadas foi categorizada em CS; essa 
categoria representaria os filmes que apresentam indivíduos com o transtorno, 
mas que não cometem crimes, situação que é possível e presente em pessoas 
com TPA. Esse resultado reforça como a mídia influencia no estigma deste 
conceito, passando uma imagem que todos os indivíduos com esse transtorno 
em algum momento irão prejudicar alguém de forma perversa. 
Analisando a influência da mídia na sociedade e o processo de um estigma 
(GOFFMAN, 2004) o fato de 97% dos filmes apresentarem um crime, elucida a 
visão da sociedade sobre o conceito de psicopata. Como apresentado 
anteriormente, o transtorno de personalidade antissocial não está presente 
apenas na população carcerária; mas, a influência da mídia não contribui para 
que a sociedade o enxergue desta forma. 
No filme Colega de Quarto, é possível observar o próprio reflexo do estigma 
no comportamento da Personagem Sara; durante o filme Sara e Rebecca são 
colegas de quarto e se tornam muito amigas mesmo com Rebecca 
demonstrando comportamentos incomuns na amizade, no entanto, Sara só 
começa a ter um comportamento diferente após descobrir que Rebecca toma 
remédio devido a algum transtorno mental, evitando a amiga e mudando de 
quarto. 
O comportamento da personagem Rebecca acontece também fora da 
ficção. Indivíduos com transtorno mental são vistos por alguns como “indivíduos 
problemáticos”, devido ao estigma criado ao longo dos anos. 
Como discorrido por Thornicroft (2006 apud NASCIMENTO et al., 2019, p. 
110) no capítulo de estigma, uma das composições para o estigma é a falta de 
informação. Esta falta de informação pode ser suprida com as informações 
absorvidas pela mídia; Shecaira (apud ROSÁRIO; BAYER, 2014) afirma que a 
mídia consegue mudar ou moldar a visão das pessoas que a utilizam, pelo fato 
de em sua grande parte fantasiar a realidade. Tonet e Melo (2015) completa essa 
visão mostrando que a mídia passa a ser um tipo de manipulação social por ter 
se tornado uma grande influência no dia a dia das pessoas. 
A mídia realiza uma influência negativa quando apresenta informações 
tendenciosas, com o objetivo de fazer o telespectador pensar da mesma forma 
como quem está passando a informação; em grande parte dos filmes aqui 
analisados a visão é passada de maneira tendenciosa, fazendo com que o 
estigma do psicopata ser sempre o assassino aumente. 
 
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O conceito de psicopata passou por diversas definições ao decorrer dos 
anos, desde “portador de uma doença mental” a uma ligação com serial killers. 
É importante salientar que antes da visão midiática e do senso comum foi 
levado em conta analisar o significado real do termo psicopata com base nos 
 
14 
sistemas classificatórios atuais (CID e DSM). 
A palavra atualmente é relacionada ao transtorno de personalidade 
antissocial, sendo um indivíduo com dificuldade em adequar-se as normas. 
Apesar de existirem critérios específicos para diagnosticar um indivíduo como 
portador de TPA, diversas pessoas generalizam o transtorno, definindo como 
psicopata qualquer indivíduo que cometa algum crime. 
A pesquisa realizada mostra que a mídia vem adulterando durante anos o 
significado da psicopatia, possuindo grande influência na criação e 
possivelmente fortalecimento de um estigma. Não só os psicopatas, os 
indivíduos com transtornos mentais em geral podem ser afetados socialmente 
por um preconceito, criado com base no processo de estigmatização. 
A partir do momento em que a sociedade coloca o indivíduo com TPA como 
“assassino cruel a sangue frio” e a mídia reforça esta imagem, o indivíduo com 
o transtorno está sujeito a internalizar o estigma, acreditando ser da forma como 
a sociedade o enxerga e prejudicando o tratamento e sua sociabilização. 
A internalização do estigma presente no termo pode até mesmo ser um 
fator importante para o fracasso em conformar-se às normas sociais; sendo 
também uma possível causa para o aumento da presença de indivíduos com 
transtorno dentro da população carcerária. 
 O estudo realizado apresentou limitações em relação as produções 
analisadas; como foi utilizado o mecanismo de pesquisa da plataforma de 
streaming Netflix, mesmo que as produções não sejam por si só ligadas ao 
conceito de Psicopata, a plataforma às sujeitou a este estigma, devido ao seu 
mecanismo de pesquisa. 
Esta pesquisa pode servir para que a população geral possa adquirir uma 
nova e mais clara compreensão do termo, já que para muitos a psicopatia está 
ligada apenas a pessoas que cometem crimes cruéis. 
Sugere-se para pesquisas futuras um estudo mais amplo, em outras 
plataformas ou com outras produções sobre o tema. Sugere-se também uma 
pesquisa de campo que aborde a percepção da população brasileira sobre o 
indivíduo com o transtorno de personalidade antissocial. 
 
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https://www.unirios.edu.br/revistarios/media/revistas/2018/17/comunicacao_midiatica.pdf
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