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Tópico 02 Genética humana Cromossomos e Cariótipo 1. Introdução Os cromossomos são os blocos básicos da vida, nos quais todo o genoma de um organismo é essencialmente organizado e armazenado na forma de DNA que está presente dentro de cada célula que compõe esse organismo. Um cromossomo consiste em uma molécula única de DNA que é enrolada e super enrolada para formar densas peças parecidas com fios. O termo cromossomo é derivado das palavras gregas “croma” (ou cor) e “soma” (ou corpo) e é assim chamado porque os cromossomos têm a capacidade de serem corados utilizando diferentes tipos de corantes. Podemos definir os cromossomos como a forma condensada da cromatina no núcleo durante a divisão celular. Mas o que seria a cromatina? FIQUE SABENDO! A cromatina é o DNA associado a proteínas. Estas proteínas têm como função enovelar a molécula de DNA, tornando-a menor e protegendo-a de ataques de nucleases. O cromossomo humano é um dos componentes mais importantes da célula trassmitido de geração em geração e, por isso, pode ser considerado o bloco de construção básico da vida. De forma simplificada, o cromossomo é uma estrutura organizada de DNA que existe dentro do núcleo de todas as células humanas. Como exemplo, vamos avaliar as células da espécie humana. Nos seres humanos, cada célula somática contém duas cópias de cada cromossomo, ou seja, 23 pares ou um total de 46 cromossomos. Cada um dos cromossomos que compõe o par teve origem em um dos genitores. Por exemplo: no seu par de cromossomos 1, você herdou uma cópia da sua mãe e a outra cópia do seu pai. Processo de reprodução em humanos. VEJA ESTE VÍDEO! Assista ao vídeo abaixo, que mostra o processo de fecundação humano. Geralmente, os cromossomos são estudados durante uma fase específica da divisão celular, denominada metáfase. Isto ocorre porque, nesta fase, os cromossomos atingem seu grau máximo de compactação, facilitando a contagem, além de comparações estruturais. Desta forma, costumamos estudar os cromossomos metafásicos. Como todos os outros organismos eucariotos, os seres humanos contêm um número fixo de cromossomos dentro de cada um dos núcleos em todas as suas células. Consideramos “n” o número básico de cromossomos de uma espécie. Assim, as células haplóides (n) são as que apresentam apenas uma cópia de cada cromossomo, enquanto que as células diplóides (2n) possuem pares de cromossomos. Os gametas (óvulo e espermatozóides) são as únicas células haplóides encontradas no nosso organismo. Todas as outras células do nosso corpo, denominadas somáticas, são células diplóides. Você consegue imaginar o porquê dos gametas serem células haplóides? A resposta para esta pergunta é bem simples: os gametas (óvulos e espermatozoides) contêm apenas 23 cromossomos, pois isso garante que, quando o óvulo for fecundado pelo espermatozoide para formar um bebê, o zigoto formado apresente o número de cromossomos normal da espécie humana, ou seja, um total para 46. Basicamente, existem dois tipos de cromossomos metafásicos: os cromossomos autossomos e os cromossomos heterossomos. A Fecundação em 3D - Reprodução HumanaA Fecundação em 3D - Reprodução Humana https://www.youtube.com/watch?v=lqeVYeSCp2I Vinte e dois pares de cromossomos são denominados autossomos, uma vez que possuem a mesma aparência em homens e mulheres, além de genes para a maioria das características humanas. O 23º par, denominado heterossomo, é formado pelos cromossomos sexuais e difere entre homens e mulheres, uma vez que as mulheres possuem duas cópias do cromossomo X, enquanto que os homens possuem um cromossomo X e um cromossomo Y. Cromossomo X e cromossomo Y. Cada cromossomo carrega, em seu código, um subconjunto de genes que estão arranjados linearmente ao longo do DNA. Cromossomos classificados como homólogos carregam informações genéticas equivalentes, ou seja, carregam genes para as mesmas características, enquanto que cromossomos não-homólogos carregam genes para características diferentes. Cromossomos homólogos e não-homólogos. Além dos cromossomos presentes no núcleo das células, os eucariotos também possuem cópias do genoma mitocondrial, encontrado nas mitocôndrias das células. As mitocôndrias são organelas celulares responsáveis por converter a energia dos alimentos em uma que as células possam usar, o ATP. Cada célula contém centenas de milhares de mitocôndrias, localizadas no citoplasma. Embora a maior parte do DNA de eucariotos esteja localizado no núcleo, as mitocôndrias também possuem uma pequena quantidade de seu próprio DNA, conhecido como DNA mitocondrial (mtDNA). O mtDNA, diferente do DNA nuclear, é formado por um duplo filamento circular. Nos seres humanos, o mtDNA possui aproximadamente 16.500 pares de bases, representando uma fração muito pequena do DNA do organismo. Além disso, o mtDNA contém 37 genes essenciais para o funcionamento normal da mitocôndria. Destes genes, 13 estão diretamente relacionados à produção de enzimas envolvidas na fosforilação oxidativa, processo que utiliza oxigênio e açúcares simples para criar ATP, a principal fonte de energia da célula. DNA mitocondrial. 2. Compactação do DNA Como vimos no tópico 1, sobre ácidos nucleicos, nosso material genético é composto por DNA, que é a molécula diretamente associada à hereditariedade. Nos organismos eucariotos, como o homem, o material genético encontra-se acondicionado dentro do núcleo das células, que apresenta em torno de 6µm de diâmetro e representa, aproximadamente, 10% do volume celular. Além disso, neste tópico, vimos que, nas células somáticas humanas, existem duas cópias de cada cromossomo, ou seja, as células somáticas possuem 46 cromossomos ou 23 pares de cromossomos. Os cromossomos são formados por DNA e se localizam dentro do núcleo da célula. Você sabe quando seu quarto fica bagunçado e você finalmente decide limpá-lo, colocando livros na prateleira, arrumando papéis em pastas, roupas no armário, enfim, tudo no devido lugar? Após a arrumação, o seu quarto não parece muito mais espaçoso do que quando você tinha toda aquela bagunça espalhada? A célula também gosta de manter as coisas arrumadas e ordenadas. Para isso, ela organiza e empacota o DNA para que não ocupe muito espaço. Considerando que grandes quantidades de DNA são necessárias para codificar as informações necessárias para o desenvolvimento de um organismo, o genoma humano, ou seja, a sequência completa de DNA dos seres humanos, por exemplo, é formada por, aproximadamente, 3 bilhões de pares de nucleotídeos. Sendo assim, uma célula humana típica possui aproximadamente 2 metros de DNA. Como é possível acomodar 2 metros de DNA dentro de um núcleo com 6µm de diâmetro? Para resolver este problema, a maneira encontrada pelas células foi compactar, condensar ou empacotar o DNA. Como vimos, a cromatina é uma massa de material genético composta de DNA e proteínas. Ela se condensa para formar os cromossomos durante a divisão celular eucariótica. A principal função da cromatina é comprimir o DNA em uma unidade compacta que será menos volumosa e que possa caber dentro do núcleo da célula. Além disso, é importante destacar que a variação na compactação da cromatina influencia diretamente na expressão gênica. O estado de compactação da cromatina varia conforme as diferentes fases do ciclo celular. Isso significa que, no período entre divisões celulares, denominado interfase, a cromatina se encontra dispersa, ou seja, pouco compactada. Já durante a divisão celular, especificamente durante a metáfase (como vimos acima), a cromatina encontra-se no seu nível mais alto de compactação, passando a ser denominada cromossomo. Portanto, o cromossomo pode ser definido como a cromatina em seu grau mais alto de compactação. VEJA ESTE VÍDEO! Assista ao vídeo abaixo que mostra a compactação do DNA. Replicação e Compactação do DNA (3D Animation Legendado)Replicação e Compactação do DNA(3D Animation Legendado) https://www.youtube.com/watch?v=ENJWh50sJRo Núcleo de uma célula durante a interfase e durante a metáfase. Observe a diferença na compactação do DNA. A) Imagem real. B) Ilustração. No núcleo das células em interfase, é possível distinguir dois tipos de cromatina: a eucromatina, considerada a cromatina ativa, que se encontra descompactada, e corresponde a regiões do genoma que podem ser transcritas, e a heterocromatina, considerada a cromatina inativa que mantém elevado grau de compactação ao longo de todo o ciclo celular e que corresponde a regiões do genoma que não podem ser transcritas. Eucromatina e heterocromatina. No tópico 1, vimos que a molécula de DNA é formada por nucleótideos e estes são compostos por uma base nitrogeneda, ligada a uma pentose e esta ligada a um grupo fosfato. Por esta razão, a dupla hélice do DNA é carregada negativamente, pois o grupo fosfato que compõe os nucleotídeos tem carga negativa. Toda essa carga negativa deve ser contrabalançada por uma carga positiva e a célula produz proteínas chamadas histonas que se ligam ao DNA e participam do seu empacotamento. As histonas são proteínas carregadas positivamente, ou seja, proteínas básicas, que se ligam ao DNA através de interações entre suas cargas positivas e as cargas negativas do DNA. As histonas são as principais proteínas da cromatina, pois participam da arquitetura molecular da cromatina. Elas estão em íntima associação com a molécula de DNA, formando ligações bastante estáveis. Existem 5 tipos diferentes de histonas associadas ao DNA que podem ser classificadas em histonas centrais ou principais e histonas de ligação. As histonas centrais são as H2A, H2B, H3 e H4, sendo dois dímeros H3/H4 e dois dímeros H2A/H2B, que se associam formando um octâmero de histonas. Este octâmero de histonas vai se associar ao DNA, formando uma estrutura denominada nucleossomo, que vamos ver mais adiante. A histona de ligação H1 tem como função básica estabilizar a ligação entre o DNA e o octâmero de histonas, ou seja, a H1 estabiliza o nucleossomo, mas pode ser removida para que o segmento de DNA seja transcrito (se necessário). Proteínas histonas. Nucleossomos. A unidade estrutural básica (e funcional) de repetição da cromatina é o nucleossomo, que contém oito proteínas histonas e cerca de 146 pares de base de DNA. A observação, por microscopia eletrônica, de que a cromatina parecia similar a um colar de contas, forneceu uma pista inicial de que os nucleossomos existiam. Hoje, os pesquisadores sabem que os nucleossomos são estruturados da seguinte forma: duas cópias de cada uma das histonas H2A, H2B, H3 e H4 se juntam para formar um octâmero de histonas, que liga e envolve cerca de 1,7 voltas de DNA, ou cerca de 146 pares de base. A adição de uma histona H1 envolve outros 20 pares de bases, resultando em duas voltas completas em torno do octâmero, formando uma estrutura chamada cromatossoma. Os 166 pares de bases resultantes não são muito longos, considerando que cada cromossomo contém em média mais de 100 milhões de pares de bases de DNA. Portanto, cada cromossomo contém centenas de milhares de nucleossomos e esses nucleossomos são unidos por um segmento de DNA espaçador. Cada cromossomo é, portanto, uma longa cadeia de nucleossomas, que dá a aparência de uma série de contas quando visto por meio de um microscópio eletrônico.Um aspecto importante das histonas é que elas podem ser modificadas para alterar a capacidade de empacotamento do DNA. Existem várias modificações que afetam os níveis de empacotamento do DNA. Os três principais tipos de modificações são metilação (que aumenta o empacotamento e, portanto, dificulta a transcrição), acetilação e fosforilação (que diminuem o empacotamento e, portanto, facilitam a transcrição). Desta forma, as histonas participam do processo de expressão gênica e da epigenética. Veremos estes mecanismos de controle da transcrição em um próximo tópico. Metilação e acetilação de histonas interfere na expressão gênica. A cromatina possui 4 níveis diferentes de compactação, que podem ser denominadas de acordo com o diâmetro conferido ao DNA. Sendo assim, os níveis de compactação da cromatina são classificados em fita de 10nm, fita de 30nm, fita de 300nm e fita de 700nm. Vamos aprender um pouco sobre cada um destes níveis? O primeiro nível de compactação da cromatina é conhecido como fita de 10 nm, nucleofilamentos ou colar de contas, pois se assemelha a um colar de pérolas ao ser visualizado ao microscópio eletrônico. Neste nível de compactação, encontramos o DNA dando, aproximadamente, duas voltas ao redor do octâmero de histonas, formando um nucleossomo, e esta ligação é estabilizada pela histona H1. Entre os nucleossomos, encontramos um filamento de DNA espaçador formado por, aproximadamente, 60 pares de base. Este nível de compactação encurta o comprimento da molécula de DNA em cerca de sete vezes. Em outras palavras, um pedaço de DNA com 1 metro de comprimento se tornará uma fita de cromatina de apenas 16 centímetros de comprimento. Apesar desse encurtamento, 16 cm de cromatina ainda não cabem dentro do núcleo da célula. Portanto, a cromatina precisa ser mais compactada. Sendo assim, vamos para o segundo nível de compactação da cromatina, denominado fita de 30 nm ou solenoide. Neste nível, ocorre o enovelamento da fita de 10 nm em uma estrutura helicoidal, onde cada volta da hélice é formada por 6 nucleossomos. É importante destacar que a histona H1 é muito importante na estabilização da fita de 30nm. Este nível de compactação encurta o comprimento da molécula de DNA em cerca de 400 vezes. O próximo nível de compactação da cromatina se deve à formação de alças pelo enovelamento da fita de 30nm. Este terceiro nível de compactação da cromatina é denominado fita de 300nm ou domínio de alças. Na fita de 300 nm, as alças são formadas pela ligação da fita de 30nm em uma proteína estrutural (não-histona) denominada scaffold ou arcabouço, que faz com que o grau de compactação da molécula de DNA seja de cerca de 1.200 vezes. Os cromossomos interfásicos encontram-se neste nível de compactação. O quarto e último nível de compactação da cromatina é denominado fita de 700nm ou supersolenóide e se deve ao enovelamento da fita de 300nm. Este é o grau de compactação encontrado nos cromossomos metafásicos e corresponde a compactação de cerca de 10.000 vezes da molécula de DNA. Portanto, podemos dizer que os cromossomos eucarióticos consistem em unidades repetidas de cromatina chamadas nucleossomos, que foram descobertas por digestão química de núcleos celulares e retirada da maior quantidade possível de proteínas externas do DNA. A cromatina que resistiu à digestão tinha a aparência de “contas em uma corda” em micrografias eletrônicas, com as “contas” sendo nucleossomas posicionados em intervalos ao longo do comprimento da molécula de DNA. Níveis de compactação da cromatina. As células empacotam seu DNA não apenas para protegê-lo, mas também para regular quais genes são acessados e quando. Os genes celulares são, portanto, similares a dados valiosos armazenados em pastas dentro de um armário – mas, nesse caso, as gavetas do armário estão constantemente abrindo e fechando, vários arquivos são continuamente localizados, extraídos e copiados, e os arquivos originais são sempre retornados ao local correto. Agora que já aprendemos sobre a compactação da cromatina em cromossomos, vamos falar sobre como os cromossomos eucarióticos são classificados? 3. Classificação dos cromossomos humanos O DNA celular nunca está sozinho. Em vez disso, ele sempre forma um complexo com vários parceiros, que são as proteínas. VEJA ESTE VÍDEO! Assista ao vídeo abaixo, que mostra todas as etapas de compactação do DNA. dna a cromossomodna a cromossomo https://www.youtube.com/watch?v=q51Dk-JfwJo Elas ajudam a empacotá-lo. Este complexo de proteína é chamado cromatina.Dentro das células, a cromatina geralmente se dobra em formações chamadas cromossomos. Tipicamente, os eucariotos possuem múltiplos pares de cromossomos lineares, todos contidos no núcleo celular e esses cromossomos têm formas características e mutáveis. Durante a divisão celular, por exemplo, eles se tornam mais compactados e sua forma condensada pode ser visualizada com um microscópio óptico. Esta forma condensada é, aproximadamente, 10.000 vezes menor do que a fita de DNA linear seria se fosse desprovida de proteínas e esticada. No entanto, quando as células eucarióticas não estão se dividindo, ou seja, durante a interfase, a cromatina dentro de seus cromossomos é menos compactada. Essa configuração mais solta é importante, porque permite o processo de transcrição. PARA REFLETIR… Agora que você chegou até aqui e aprendeu sobre os níveis de compactação do DNA, você é capaz de diferenciar cromatina e cromossomo? Para te ajudar a responder esta questão, assista ao vídeo disponível no link abaixo: DNA x Cromatina x CromossomoDNA x Cromatina x Cromossomo https://www.youtube.com/watch?v=onoJeGgNXCQ Como vimos, durante a divisão celular ocorre a compactação da cromatina e o nível de maior compactação é observado durante a metáfase. Por esta razão, estudamos os cromossomos metafásicos. Um cromossomo metafásico permite a visualização das seguintes estruturas: – Centrômero ou constrição primária: é o ponto que divide o cromossomo em dois braços (um curto e um longo) e influencia na movimentação cromossômica durante a divisão celular. No centrômero, localiza-se um complexo de proteínas chamado cinetócoro, onde se ligam as fibras do fuso mitótico; – Telômero: porção terminal dos cromossomos, formada pela sequência TTAGGG altamente repetida e que tem como função a proteção das extremidades do DNA. Os telômeros são considerados o relógio celular, pois estão associados à senescência e, portanto, determinam o tempo de vida de uma célula; – Constrição secundária: qualquer outra constrição, fora o centrômero, encontrada em um cromossomo. A constrição secundária separa o satélite do resto do cromossomo. A zona satélite é uma região localizada entre a constrição secundária e o telômero de alguns cromossomos. Além disso, contém genes relacionados à organização do nucléolo, pois codificam RNA ribossômico. Estruturas visualizadas em cromossomos metafásicos. Cada cromossomo metafásico é formado por duas cromátides- irmãs, unidas pelo centrômero. Uma cromátide consiste em uma molécula de DNA. Quando dizemos que as cromátides são irmãs, significa que são moléculas de DNA idênticas. Cada cromátide é dividida em um braço curto e um longo pelo centrômero. O braço curto é referido como braço p (petit) e o braço longo é denomido braço q. Cromossomo 3 humano: braço curto e braço longo. Os cromossomos são classificados de acordo com três critérios: tamanho, posição do centrômero e padrão de bandas. Considerando o tamanho, os cromossomos podem ser classificados como pequenos, médios ou grandes. Por exemplo: na mulher, o maior cromossomo é o cromossomo 1, enquanto que o menor é o cromossomo 22. O segundo critério de classificação dos cromossomos é baseado na posição do centrômero. Assim como o tamanho, a posição do centrômero é constante, ou seja, não muda o que confere uma forma característica e permite que o cromossomo seja classificado em: – Metacêntrico: o centrômero está localizado na posição mediana do cromossomo, dividindo-o em dois braços do mesmo tamanho; – Submetacêntrico: o centrômero encontra-se deslocado para um dos lados do cromossomo, dividino-o em dois braços de tamanhos diferentes; – Acrocêntrico: o centrômero encontra-se deslocado para uma das extremidades do cromossomo, dividindo-o em um braço muito curto e outro muito longo. – Telocêntrico: o centrómero encontra-se na extremidade. Não existe em aves e mamíferos. Cromossomos telocêntrico, acrocêntrico, submetacêntrico e metacêntrico, respectivamente. O terceiro critério utilizado para classificar os cromossomos é o padrão de bandas ou bandeamento, obtido após a utilização de corantes específicos. Este critério é utilizado pelo fato de que cada cromossomo apresenta um padrão característico de bandas. Utilizando diferentes métodos de bandeamento, é possível parear os cromossomos e identificar possíveis alterações cromossômicas. Para produzir estas bandas, são utilizados corantes específicos para o DNA e, pela quantidade de corante incorporado, é possível observar um padrão de bandas claras e escuras. Bandeamento. Existem diferentes técnicas e corantes utilizados para produzir um padrão de bandas. Os tipos mais comuns de bandeamento são: – Bandeamento Q: utiliza um corante fluorescente denominado quinacrina e, por esta razão, as bandas coradas são denominadas bandas Q. As bandas fluorescentes são as regiões do DNA ricas em AT; – Bandeamento G: utiliza um corante denominado Giemsa e, por isso, as bandas são chamadas de bandas G. Este método cora o cromossomo em bandas claras e escuras. As bandas escuras correspondem às regiões do DNA ricas em AT e com poucos genes ativos, enquanto que as bandas claras correspondem às regiões ricas em CG e apresentam muitos genes ativos. Esta é a técnica mais utilizada nos estudos de citogenética, por utilizar microscópios ópticos simples para a análise; – Bandeamento C: os cromossomos recebem um tratamento antes de serem corados com Giemsa. O objetivo deste tratamento é permitir a coloração apenas de regiões do cromossomo, formadas por DNA altamente repetitivo, como centrômero e telômeros. Estas são regiões de heterocromatina constitutiva. 4. Cariótipo Cariótipo é o conjunto cromossômico típico de cada espécie que apresenta número e morfologia característicos, ou seja, é o número e a aparência dos cromossomos no núcleo de uma célula eucariótica. Dentro do estudo do cariótipo, podemos analisar um cariograma, que é a imagem real do cromossomo ou de um idiograma. Este é um esquema (desenho) dos cromossomos. Sendo assim, um cariótipo representa simplesmente uma imagem dos cromossomos de um indivíduo da espécie. Tabela: Número cromossômico típico de diferentes espécies. Nome Comum Espécie Número de pares de cromossomos Mosquito Culex pipiens 3 Mosca da fruta Drosophila melanogaster 4 PARA SABER MAIS! Existem diferentes técnicas de bandeamento cromossômico. Saiba mais acessando o artigo intitulado “Citogenética e cariotiágem humana”, publicado na Revista Saúde e Desenvolvimento em 2013, disponível no link abaixo. Clique para acessar. https://www.revistasuninter.com/revistasaude/index.php/saudeDesenvolvimento/article/view/229 Nome Comum Espécie Número de pares de cromossomos Mosca doméstica Musca domestica 6 Ervilha Pisum sativum 7 Cebola Alium cepa 8 Tomate Lycopersicum esculentum 12 Rã Rana pipiens 13 Jacaré Alligator mississipiensis 16 Alga verde Chlamydomonas reinhardii 18 Gato Felis domesticus 19 Camundongo Mus musculus 20 Homem Homo sapiens 23 Chimpanzé Pan troglodytes 24 Batata Solanun tuberosum 24 Peixe-zebra Danio rerio 25 Bicho-da-seda Bombyx mori 28 Boi Bos taurus 30 Cavalo Equus caballus 32 Galo Gallus domesticus 39 Cachorro Canis familiares 39 Fonte: KLUG, W. S. et al. Conceitos de genética. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. A) Cariograma; B) Idiograma. Para organizar um cariótipo, é preciso seguir algumas regras determinadas internacionalmente. Segundo essas regras, os cromossomos devem ser organizados em pares de homólogos e em ordem decrescente de tamanho. Para identificar os pares de homólogos, utilizamos o tamanho, a posição do centrômero e o padrão de bandas. Além disso, é dada atenção especial a quaisquer diferenças ou alterações relacionadas ao número e à estrutura dos cromossomos. A preparação e o estudo de cariótipos faz parte da citogenética. Cariótipo normal de Homo sapiens: mulher e homem. Cariótipo normal de Bostaurus (boi). Cariótipo normal de Ratus novergicus (rato). Cariótipo normal de Gallus gallus (galo). Após observar as figuras acima, percebemos que existe diferença com relação ao número de cromossomos dessas espécies. O ser humano possui 23 pares de cromossomos (2n=46), enquanto o boi possui 30 pares (2n=60). O rato possui 21 pares (2n=42) e o galo possui 9 pares de cromossomos (2n=18). Vamos usar como exemplo, novamente, o ser humano. Na espécie humana, os cromossomos são classificados em grupos de A até G, para serem agrupados no cariótipo. O primeiro grupo é denominado A e é formado pelos pares de cromossomos 1, 2 e 3. Estes são os maiores cromossomos da espécie e são classificados como metacêntrico, submetacêntrico e metacêntrico, respectivamente. O grupo D é formado pelos pares de cromossomos 13, 14 e 15, sendo todos cromossomos de tamanho médio e classificados como acrocêntricos. O último grupo é denominado G e formado pelos pares 21 e 22, além do cromossomo Y. Estes cromossomos são todos pequenos e acrocêntricos. Tabela: Grupos de cromossomos humanos Grupo Características Nº de cromossomos Pares cromossômicosTamanho Posição centrômero A Grandes Meta Submeta Meta 6 1 2 3 B Grandes Submeta 4 4 e 5 C Médios Submeta feminino – 16 masculino -15 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 e X D Médios Acro 6 13, 14, e 15 E Pequenos Submeta 6 16, 17 e 18 F Pequenos Meta 4 19 e 20 G Pequenos Acro feminino – 4 masculino -5 21, 22 e Y Total 46 cromossomos Fonte: International System of Human Cytogenetic Nomenclature. O estudo de cariótipos é possível pela coloração. Geralmente, um corante adequado, como Giemsa, é aplicado após o processo de divisão celular ter sido interrompido pela utilização de uma droga chamada Colchicina, que bloqueia o ciclo celular em metáfase, fase de maior compactação dos cromossomos. Para humanos, os glóbulos brancos são usados com mais frequência, porque são facilmente induzidos a se dividir e crescer na cultura de tecidos. Para obter um cariótipo, precisamos coletar uma amostra de células do indivíduo. Na maioria das vezes, isso é feito usando os cromossomos localizados nos leucócitos. Um citogeneticista treinado pode procurar por partes faltantes ou extras do cromossomo. Cariotipagem. A análise de cariótipo ou cariotipagem tem como função identificar alterações numéricas e estruturais nos cromossomos. Sendo assim, as principais aplicações da cariotipagem são: – Diagnóstico pré-natal: cromossomos do feto são analisados com o objetivo de determinar possíveis doenças; – Citogenética do câncer: para identificar alterações cromossômicas em células somáticas envolvidas com o início e progressão de muitos tipos de câncer; – Diagnóstico clínico: vários distúrbios médicos estão associados a alterações no número de cromossomos ou na sua estrutura. 5. Conclusão Como vimos neste módulo, o organismo humano é formado por células haploides (gametas) e diploides (todas as outras). As células haploides apresentam apenas uma cópia de cada um dos 23 cromossomos, enquanto que as células diploides possuem duas cópias de cada um destes cromossomos, sendo que uma cópia é de origem materna e a outra de origem paterna. Além disso, também vimos que, para que as 46 moléculas de DNA PARA SABER MAIS! Para saber mais sobre a importância clínica da análise de cariótipo, leia o artigo “Importância da análise cromossômica dos fibroblastos em casos suspeitos de mosaicismo: experiência de um serviço de Genética Clínica”, publicado na Revista Paulista de Pediatria em 2011, disponível no link abaixo. FONTE: http://www.scielo.br/pdf/rpp/v29n1/12.pdf http://www.scielo.br/pdf/rpp/v29n1/12.pdf caibam dentro do núcleo da célula, ele precisa ser compactado. Para isso, o DNA se associa com proteínas chamadas de histonas, capazes de empacotar a molécula de DNA. Denominamos o conjunto formado pelo DNA associado às proteínas de cromatina. O grau máximo de compactação da cromatina é observado durante a metáfase. Desta forma, nos cromossomos metafásicos, é possível observar estruturas como centrômero, telômero e constrição secundária. Vimos também que os cromossomos são classificados de acordo com seu tamanho, posição do centrômero e padrão de bandas, para serem organizados em um cariótipo em pares de homólogos e em ordem decrescente de tamanho. Por fim, vimos que a análise de cariótipo tem como objetivo identificar alterações no número e na estrutura dos cromossomos. 6. Referências ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. CHAVES, Thiago Fernando; NICOLAU, Leandro Sidinei. Revista Saúde e Desenvolvimento, 2013. Citogenética e cariotipagem humana. Disponível em:< https://www.revistasuninter.com/revistasaude/index.php/saud eDesenvolvimento/article/view/229> JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. LEWIN, B. Genes IX. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. PASKULIN, G.A. et al. Importância da análise cromossômica dos fibroblastos em casos suspeitos de mosaicismo: experiência de um serviço de Genética Clínica. Revista Paulista Pediatria. 2011; 29(1):73-79. https://www.revistasuninter.com/revistasaude/index.php/saudeDesenvolvimento/article/view/229 https://www.revistasuninter.com/revistasaude/index.php/saudeDesenvolvimento/article/view/229 ROBERTIS, E.M.F.; HIB, J.R. Bases da biologia celular e molecular. 4. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2014. YouTube. (2014, janeiro, 14). Aman Biswas. Chromossomes and chromatin. 0min56seg. Disponivel em: <https://www.youtube.com/watch? v=4Jp9OxYxMVc>. Acesso em: 06 nov. 2018. YouTube. (2013, fevereito, 02). A fecundação em 3D – reprodução humana. 1min32. Disponivel em: <https://www.youtube.com/watch?v=lqeVYeSCp2I>. Acesso em: 06 nov. 2018. YouTube. (2015, junho, 23). Biomedicina SP. Replicação e compactação do DNA. 3min05. Disponivel em: <https://www.youtube.com/watch?v=ENJWh50sJRo>. Acesso em: 06 nov. 2018. YouTube. (2017, junho, 09). Paulo Cunha. DNA a cromossomo. 1min45. Disponivel em: < https://www.youtube.com/watch?v=q51Dk-JfwJo>. Acesso em: 06 nov. 2018. YouTube. (2017, maio, 19). Adilson F Teixeira. DNA x cromatina x cromossomo. 3min44seg. Disponivel em: < https://www.youtube.com/watch?v=onoJeGgNXCQ>. Acesso em: 06 nov. 2018. Parabéns, esta aula foi concluída! Mínimo de caracteres: 0/150 O que achou do conteúdo estudado? Péssimo Ruim Normal Bom Excelente Deixe aqui seu comentário Enviar