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Propagação de plantas
frutiferas
Engenharia Agronômica
Universidade Federal do Piauí (UFPI)
133 pag.
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1 
 
 
 
 
 
 
 
PPrrooppaaggaaççããoo ddee PPllaannttaass 
FFrruuttííffeerraass 
 
 
 
Editores técnicos 
 
José Carlos Fachinello 
Alexandre Hoffmann 
Jair Costa Nachtigal 
 
 
 
 
 
 
 
EEMMBBRRAAPPAA
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2 
Infra-estrutura para Propagação de Plantas Frutíferas 
 
O objetivo de todo viveirista é produzir mudas de plantas frutíferas com elevado 
padrão de qualidade (morfológica, fisiológica e fitossanitária). Essa meta é essencial 
para garantir a competitividade do viveiro e o retorno certo do investimento efetuado no 
estabelecimento da atividade, além de assegurar ao cliente, a satisfação de suas 
necessidades e, ao produtor de mudas, a idoneidade e a estabilidade do empreendimento 
durante anos. 
Para que esse objetivo seja alcançado, é fundamental adotar um elevado nível 
tecnológico, que inclua todas as etapas da produção, desde a obtenção do material 
propagativo básico até o transporte da muda ao cliente. 
Avanços na tecnologia de propagação são cada vez mais visíveis e concretos. Em 
culturas de nível tecnológico mais avançado, como na citricultura, na bananicultura e na 
pomicultura, parte dessa tecnologia já está quase totalmente incorporada à própria 
exigência legal, estabelecida pelos órgãos oficiais em nível estadual e federal. Neste 
capítulo, serão abordadas as principais estruturas e meios para propagação de espécies 
frutíferas, indicando algumas das condições que maximizem a qualidade das mudas 
produzidas. 
A necessidade em infra-estrutura do viveiro é variável, conforme as exigências 
legais, o nível tecnológico e o conhecimento da cultura, a escala de produção de mudas, 
o tamanho do viveiro, a disponibilidade de recursos do viveirista, o destino das mudas e 
o grau de exigência do mercado consumidor. 
 
Sementeiras e viveiros 
Para a propagação de plantas frutíferas, um dos aspectos de grande importância é a 
infra-estrutura da área de produção de mudas. Uma infra -estrutura adequada, racional e 
tecnificada é o primeiro passo para que o viveirista tenha uma atividade eficiente e 
economicamente viável. 
A escolha da infra-estrutura do viveiro de produção de mudas 
frutíferas depende de diversos fatores, tais como: 
 Quantidade de mudas produzidas. 
 Regularidade desejada da oferta de mudas. 
 Número de espécies a serem propagadas. 
 Método de propagação. 
 Custos das instalações. 
• Grau de tecnificação do viveirista. 
Em relação a esse último fator, vale ressaltar que a propagação de plantas é uma 
atividade muito dinâmica e tem tido avanços que possibilitam a produção com 
qualidade e eficiência. Daí, decorre a importância do viveirista estar em contínuo 
contato com os órgãos de pesquisa, universidades e serviços de extensão, para constante 
aperfeiçoamento. 
Entende-se, por viveiro, a área onde são concentradas todas as atividades de 
produção de mudas. Quanto à duração, os viveiros podem ser classificados em 
permanentes e temporários. 
 
Viveiros permanentes 
São aqueles com caráter fixo, onde a produção de mudas prolonga se por vários 
anos. Por isso, esses viveiros requerem um bom planejamento para a instalação, 
incluem uma infra-estrutura permanente e geralmente apresentam maiores dimensões. 
Por mais que o viveiro seja permanente, quando o plantio é feito no solo, uma mesma 
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área pode ser utilizada por, no máximo, 2 anos, devido à alta sensibilidade das mudas a 
pragas, doenças e plantas invasoras, sendo necessária a adoção de rotação de culturas. 
 
Viveiros temporários 
Destinam-se à produção de mudas apenas durante certo período e, uma vez cumpridas 
suas finalidades, são desativados. Embora menos comuns que os viveiros permanentes 
na produção de mudas frutíferas, esses viveiros podem representar menor custo, já que 
não é necessária uma infra-estrutura muito tecnificada. 
Quanto à proteção do sistema radicular, os viveiros podem ser classificados em: 
 Viveiros com mudas de raiz nua . 
 Viveiros com mudas em recipientes. 
 
Viveiros com mudas em raiz nua 
São aqueles feitos em área de solo profundo, drenado, com textura média e bem 
manejado, para que as mudas para comercialização sejam retiradas com raiz nua 
(mesmo que, em alguns casos, um torrão possa acompanhar a muda). Nesse tipo de 
viveiro, são feitos canteiros, delimitados por carreadores, por onde transitam os veículos 
e demais meios de transporte de mudas. 
 
Viveiros com mudas em recipientes 
Geralmente implicam menor necessidade de área, sendo mais versáteis e 
permitindo que uma mesma área seja utilizada por muito mais tempo que o tipo 
anterior, desde que o substrato venha de local isento de pragas, doenças e propágulos de 
plantas invasoras. 
A escolha do local é o primeiro passo para a instalação do viveiro, sendo de grande 
importância. A seguir, diversos aspectos devem ser considerados: 
 
Facilidade de acesso 
É conveniente que os compradores de mudas tenham fácil acesso ao viveiro, pois 
esse é um fator que favorece a comercialização e a escolha do viveirista. Assim, deve-se 
dar especial atenção às estradas que conduzem ao viveiro, possibilitando o fácil trânsito 
dos veículos que transportam as mudas. Por sua vez, o viveiro deve estar afastado de 
estradas públicas de grande movimento, para reduzir o risco de infestação das mudas 
por pragas e doenças. 
 
Suprimento de água 
A água é o principal insumo num viveiro. Para irrigação e tratamentos fitossanitários, o 
cálculo da necessidade de água depende do número de tratamentos fitossanitários, do 
consumo de água por irrigação, das necessidades hídricas das mudas e das precipitações 
pluviais médias. A localização próxima a fontes de água, de preferência com pouco 
desnível em relação ao viveiro, reduz os custos com canalização e bombeamento. 
A boa qualidade da água é fundamental. Podem ser utilizadas águas de rios, lagos 
e de origem subterrânea, devendo ser evitada a água contendo propágulos de algas, de 
pragas, de doenças e de plantas invasoras. Além disso, é conveniente que a água 
apresente baixos teores de partículas suspensas (que reduzem a eficiência dos sistemas 
de irrigação) e de sais. Altos teores de silte e de argila podem impermeabilizar a super-
fície do substrato, reduzindo a aeração e predispondo as mudas a doenças. 
 
Distância da área de plantio 
Embora seja aconselhável que o viveiro seja localizado na mesma região onde se 
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concentram os pomares, reduzindo o tempo de transporte das mudas e as perdas - devido 
à movimentação - é preciso ter o máximo cuidado para que os viveiros não fiquem muito 
próximos dos pomares. 
Geralmente, recomenda-se que o viveiro seja localizado a, no mínimo, 50 m de um 
pomar de mesma espécie, pois quanto maior for a distância, menor será o risco de 
infestação das mudas. Os maiores cuidados quanto ao isolamento do viveiro dizem 
respeito a vetores de viroses, tanto aéreos (afídeos) quanto de solo (nematóides). 
 
Ocorrência de invasoras 
O viveiro deve estar localizado em área livre de plantas invasoras. 
Viveiros com determinadas plantas invasoras não podem ser utilizados e a 
comercialização de mudas produzidas nesses viveiros é proibida por lei. 
As principaisplantas invasoras incluídas nessa classe são a tiririca (Cyperus 
rotundus) e a grama-seda (Cynodon dacty/on). Além disso, como o controle de plantas 
invasoras é mais difícil em viveiros, deve-se fazer uma contínua vigilância e erradicação 
das mesmas. 
 
Facilidade de obtenção de mão-de-obra 
Viveiros demandam grande quantidade de mão-de-obra, tanto para a produção 
de mudas em si, como também para o monitoramento e controle de plantas invasoras, 
pragas e doenças. A disponibilidade de mão-de-obra próxima ao viveiro contribui para 
a redução do custo de produção das mudas. 
 
Declividade da área 
É recomendável que a área tenha pouca declividade e seja localizada em zona de 
relevo levemente ondulado. Áreas muito planas podem acumular a água das chuvas ou 
da irrigação. Independentemente do grau de declividade da área, os canteiros devem 
estar localizados no sentido perpendicular à movimentação da água, para reduzir os 
riscos de erosão. Quanto maior a declividade, maiores devem ser os cuidados com 
relação às práticas conservacionistas, para se evitar a degradação do solo. 
 
Aspectos físicos do solo 
É conveniente a instalação de viveiros em área com solos profundos e 
medianamente arenosos. Contudo, como nem sempre isso é possível, devem-se 
escolher as áreas cujo solo apresenta as melhores condições físicas possíveis. Solos 
muito argilosos dificultam a mecanização e o desenvolvimento radicular. Solos com 
elevada porosidade são desejáveis. Essa característica pode ser parcialmente melhorada 
com incorporação de matéria orgânica e adubação verde. 
Especialmente em áreas de chuvas intensas, o solo deve ter boa capacidade de 
drenagem, devendo-se evitar áreas encharcadas ou sujeitas à inundação, pois isso 
aumenta o risco de podridões-de-raízes e de toxidez por manganês. Para a adoção de 
sistemas de drenagem, devem-se estudar as características físicas do solo, tais como a 
profundidade do horizonte impermeável, condutividade hidráulica e textura. 
 
Aspectos químicos do solo 
Embora as condições químicas dos solos possam ser modificadas, o viveiro deve 
estar localizado em área cujo solo não tenha acidez elevada, possua boa fertilidade 
natural e adequado teor de matéria orgânica. 
 
Aspectos biológicos do solo 
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Solos ricos em matéria orgânica têm vida micro e macrobiana mais ativa, o que pode 
favorecer o desenvolvimento das mudas. Contudo, devem-se utilizar áreas isentas de 
nematóides, insetos de solo, fungos patogênicos (Fusarium sp., Pythium sp., Armilaria 
sp, Rosellinia sp, Phytophthora sp., entre outros) e bactérias fitopatogênicas 
(Agrobacterium tumefasciens). Por isso, é necessário o monitoramento, por meio de 
análises microbiológicas do solo da área a ser utilizada como viveiro. 
A desinfestação do solo pode ser uma boa alternativa no controle de patógenos de 
solo e de plantas invasoras, mas normalmente é de alto custo e acarreta danos sobre 
toda a vida microbiana do solo. A escolha adequada e o manejo da área principalmente 
no que se refere à rotação de culturas são fundamentais, pois até o momento, não se 
encontrou um método de controle eficiente contra podridões-de-raiz. 
Cultivos anteriores 
o viveiro deve estar localizado em área onde não existiram pomares há pelo menos 
5 anos, e onde não existiram viveiros há pelo menos 3 anos. 
Quando se utilizam áreas onde, anteriormente, havia mata ou outras plantas 
perenes, deve ser feita a destoca no mínimo 2 anos antes da implantação do viveiro, 
cultivando-se gramíneas anuais, entre elas o milho, a aveia-preta, o sorgo, entre outras, 
até que o viveiro seja implantado. Essas gramíneas podem ser incorporadas ao solo, 
para elevação do teor de matéria orgânica. 
Algumas plantas frutíferas liberam fitotoxinas no solo, as quais comprometem os 
cultivos posteriores, implicando a necessidade de ser feita a rotação de culturas. Por 
exemplo, a nogueira européia libera no solo o jiglone, a macieira libera a floridzina e o 
pessegueiro e a ameixeira, a prunasina e a amigdalina. 
Aspectos climáticos 
o melhor clima do local onde o viveiro será implantado depende da(s) espécie(s) a 
ser (em) propagada(s). Entre os fatores climáticos mais limitantes, estão a temperatura, 
a luz e a ocorrência de ventos. No que sé refere à temperatura, é importante que o 
viveiro esteja localizado em área o mais livre possível de geadas. 
Além disso, temperaturas médias mais elevadas reduzem o tempo para a produção 
das mudas. Como exemplo, pode ser citado o fato de que, no Estado de São Paulo, 
enquanto mudas cítricas requerem cerca de 24 meses para serem produzidas, no Rio 
Grande do Sul requerem cerca de 36 meses, exceto se produzidas em estufas. 
A exposição à luz é fundamental, especialmente na fase final de propagação. 
Ventos muito fortes aumentam a quebra no local da enxertia, podendo requerer a 
implantação de quebra-ventos. 
A extensão da área do viveiro depende de diversos fatores, sendo os principais: 
 Quantidade de mudas para plantio e replantio determinada pela capacidade 
operacional do viveiro e pela demanda por mudas pelos produtores. 
 Densidade de mudas, o que depende da espécie e do tempo de permanência, de 
modo a proporcionar as melhores condições para seu desenvolvimento. 
 Período de rotação, que se refere ao tempo que a muda permanece, desde o 
início de produção até o replantio ou comercialização. Esse intervalo é 
dependente da espécie, do método de propagação e do manejo da muda. 
 Dimensões dos canteiros e carreadores, que dependem da espécie a ser 
propagada e do grau de mecanização adotado. Viveiros com maior grau de 
mecanização requerem canteiros mais longos, maiores distâncias entre linhas e 
carreadores mais largos. 
 Dimensões das instalações determinadas, principalmente, pela quantidade de 
mudas produzidas pelo método de propagação adotado e pelo grau de tecnologia 
empregado. 
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 Áreas para rotação, fundamentais para produção de mudas sadias, especialmente 
se a produção de mudas for feita diretamente no solo. Para dimensionamento do 
viveiro, deve-se considerar a disponibilidade de áreas para rotação, de modo que 
uma mesma área não seja utilizada para produção de mudas por mais de 2 anos. 
Um dos aspectos fundamentais a ser considerado no planejamento e 
dimensionamento dos viveiros é a seleção das espécies a serem propagadas. Existem 
viveiristas especializados em propagar apenas uma espécie, bem como viveiristas 
extremamente ecléticos, que propagam inúmeras espécies. Essa escolha depende da 
capacidade do mercado de absorver a produção das mudas, do tipo de clientela, do grau 
de especialização e de profissionalização do viveirista, das condições ambientais do 
viveiro e das exigências climáticas das espécies. 
De qualquer forma, os principais cuidados a serem tomados pelo viveirista - quando da 
seleção das espécies - são procurar trabalhar com uma certa economia de escala, para 
reduzir os custos unitários da muda, não abrindo mão da qualidade do produto. 
 
Telados e estufas 
A necessidade de instalações especiais em viveiros de produção de mudas 
frutíferas depende de diversos fatores e deve-se considerar a máxima eficiência no uso 
das mesmas, economicidade para construção e facilidade no manejo para produção das 
mudas. O grau de sofisticação das instalações depende da interação entre fatores como 
a espécie a ser propagada, quantidade de mudas a serem produzidas e o poder aquisitivo 
do viveirista. 
Atualmente, estão disponíveis no mercado, diferentes estruturas como telados, 
estufas plásticas, ripados e outras, em diversos módulos de tamanho e de custos. Para 
algumasespécies frutíferas, especialmente as mais sensíveis a viroses, torna-se 
recomendável - e em certos casos obrigatória - a manutenção das plantas-matrizes em 
telados, para garantir a sanidade das plantas fornecedoras de enxertos ou outra forma de 
material propagativo. 
Entre as instalações especiais para viveiros, destacam-se as seguintes: 
 
Telados 
É uma estrutura - de madeira ou de metal - coberta com tela, que garante o 
sombreamento e mantém a luminosidade próxima da natural (Fig. 1). O telado é útil nas 
seguintes situações: na manutenção de plantas matrizes isentas de viroses, na 
aclimatação e na produção de mudas que exigem sombreamento inicial. 
As telas podem apresentar diferentes graus de sombreamento, sendo importante 
considerar que, quanto maior for o grau de sombreamento, maior será a ocorrência de 
estiolamento das mudas que permanecerem por longo tempo no telado e maior a 
facilidade de as mudas morrerem quando forem transferidas para o pomar. 
O tipo de tela mais utilizado é o que permite um sombreamento de 50%. O telado 
pode ter diferentes dimensões, podendo ser permanente ou temporário, dotado ou não de 
sistema de irrigação localizada. No caso de telas à prova de afídeos, a dimensão da 
malha deve ser inferior a 0,4 mm. 
 
 
 
 
 
 
 
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Fig. 1. Telado para produção de mudas. 
 
Estufas 
Também conhecida como casa de vegetação, a estufa é uma estrutura parcial ou 
completamente fechada, feita de madeira ou de metal (alumínio, aço ou ferro 
galvanizado), geralmente coberta com plástico especial, para essa finalidade. Pode 
ainda ser coberta de vidro ou fibra de vidro, o que acarreta maior custo. 
A grande vantagem do uso de estufas em viveiros é a possibilidade de controle 
ambiental, de modo a maximizar a produção de mudas, reduzindo o tempo necessário 
para a propagação e permitindo que as mudas possam ser produzidas em várias épocas 
do ano. 
Normalmente, as estufas possuem sistemas de nebulização intermitente, o que 
mantém a umidade relativa do ar elevada, permitindo a propagação por meio de estacas 
com folhas (técnica que, em certas espécies, viabiliza a propagação por estaquia). A 
elevada umidade do ar e a alta temperatura aumentam a velocidade de crescimento das 
plantas. 
As estufas podem ser construídas pelo próprio viveirista ou adquiridas de 
empresas especializadas. Além do sistema de nebulização, as estufas podem ser dotadas 
de sistemas automatizados para aquecimento do substrato e diminuição da temperatura, 
entre outros. 
Entre os problemas relacionados com o uso de estufas, podem ser citados os 
seguintes: 
 Aumento da dependência da planta em relação ao homem. 
 Elevado custo de implantação. 
 Aumento da sensibilidade. 
 Ocorrência de doenças. 
• Dificuldades na aclimatação. 
O enraizamento de estacas de muitas espécies - especialmente as semi-lenhosas e 
herbáceas - é muito difícil, se não for adotado um controle ambiental, principalmente 
em relação a três pontos: 
 Manter alta umidade relativa do ar com baixa demanda evaporativa, de modo 
que a transpiração das estacas seja minimizada e a perda de água seja mínima. 
 Manutenção de temperatura adequada - e suficientemente amena na parte aérea 
- para estimular o metabolismo na base das estacas e reduzir a transpiração. 
Manter a irradiação num limite suficiente, para ocasionar elevada atividade 
fotossintética, sem causar aumento excessivo da temperatura nas folhas. 
As estufas têm essa final idade de controle ambiental. Quanto mais controladas as 
condições de propagação, maiores as chances de sucesso, especialmente naquelas 
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espécies de difícil propagação. 
Um dos problemas a serem enfrentados em estufas, nas condições brasileiras, é o 
aumento excessivo da temperatura, o que implica no uso de mecanismos de 
resfriamento do ar. O uso de tela de alumínio na parte externa, a ventilação forçada por 
meio de argila expandida com água e tela de sombreamento podem reduzir, 
significativamente, a temperatura. 
Mesmo que a luz seja favorável à atividade fotossintética das mudas, a alta 
luminosidade não parece ser a condição mais favorável. Filmes de polietileno mais 
modernos estão disponíveis no mercado com alguns aditivos, tais como acetato de vinil, 
alumínio e silicatos de magnésio, os quais aumentam a opacidade do plástico às ondas 
longas (infravermelho), favorecendo o enraizamento. 
Altas temperaturas geralmente limitam a produção de mudas em estufas na maioria 
das regiões do Brasil. Na literatura, há citações de que, temperaturas ao redor de 35°C a 
40°C limitam o crescimento das raízes da maioria das espécies lenhosas. Por isso, além 
de uma boa ventilação, é fundamental um bom sistema de resfriamento e de 
sombreamento. 
 
Estufins 
São pequenas estufas, com maior versatilidade, menor custo e menor tamanho. 
Normalmente, os estufins são construídos em madeira e com cobertura de polietileno, 
podendo ser utilizados tanto na produção de mudas por meio de sementes, quanto por 
meio de estacas semi-lenhosas. 
 
Ripados 
São construções simples, relativamente duráveis, baratas e fáceis de construir, com 
o inconveniente de não garantir sombreamento uniforme. Também têm a finalidade de 
proporcionar sombreamento, podendo substituir os telados. 
 
Substratos 
Entende-se por substrato qualquer material usado com a finalidade de servir de 
base para o desenvolvimento de uma planta até sua transferência para o viveiro ou área 
de produção, podendo ser compreendido não apenas como suporte físico, mas também 
como fornecedor de nutrientes para a muda em formação. 
Geralmente, o termo substrato refere-se a materiais dispostos em recipientes, mas 
pode incluir, também, o solo da sementeira ou do viveiro, onde muitas vezes se dá o 
desenvolvimento inicial da muda. 
O substrato é um dos muitos fatores que condicionam o sucesso na propagação de 
plantas. Na opção por um determinado material como substrato, objetiva-se otimizar as 
condições ambientais, para o desenvolvimento da planta numa ou mais etapas da 
propagação. 
Se for utilizado um material adequado, e se as demais condições também forem 
satisfeitas, o desenvolvimento da muda será satisfatório, tendo-se como resultado uma 
planta com capacidade de expressar, futuramente, o potencial produtivo da cultivar. 
Por sua vez, o uso de materiais inadequados, além da sua ineficiência nos métodos 
de propagação, originará plantas com problemas de desenvolvimento e com reflexos 
negativos sobre a futura produção. 
Inúmeros materiais podem ser usados como substratos na produção de mudas 
frutíferas. A escolha do substrato - ou mistura de substratos mais adequada para uma 
determinada situação - é função da técnica de propagação, da espécie (em alguns casos), 
da cultivar, das características do substrato, do custo e da facilidade de obtenção de cada 
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9 
material. 
Podem estar incluídos desde materiais que permitam a germinação das sementes - 
e o posterior desenvolvimento das plântulas - até outros que possibilitem o 
enraizamento de estacas e o desenvolvimento das raízes adventícias, bem como 
materiais que proporcionem condições adequadas para a aclimatização de plantas 
propagadas por meio de técnicas de micropropagação. 
Em linhas gerais, um bom substrato é aquele que: 
 É firme e denso o suficiente para manter a estrutura de propagação 
em condições até a germinação ou o enraizamento. 
 Não contrai ou expande com a variaçãoda umidade. 
 Retém água em quantidade suficiente. 
 É suficientemente poroso para permitir a drenagem da água e a 
aeração. 
 Está livre de invasoras, nematóides ou outros patógenos. 
Não apresenta nível excessivo de salinidade. • Permite a 
esterilização a vapor. 
Na propagação por sementes, o substrato tem a finalidade de proporcionar 
condições adequadas à germinação ou ao desenvolvimento inicial da muda. 
Conforme a técnica de propagação adotada, pode-se dispor de um mesmo material 
durante todo o período de formação da muda, bem como utilizar-se materiais diferentes 
em cada fase (até a germinação, da germinação até a repicagem e da repicagem ao 
enviveiramento). 
Considerando que tanto a germinação quanto o desenvolvimento das mudas 
requerem água, oxigênio e suporte físico, o bom substrato deve: 
 Proporcionar equilíbrio adequado entre a umidade e a aeração. 
Para tanto, deve haver boa capacidade de drenagem da água, mas retendo 
suficiente teor de umidade, que garante água suficiente para a embebição da 
semente e o metabolismo da muda. O fornecimento de oxigênio ao embrião 
pode ser limitado pelo substrato, em função da má drenagem e da baixa taxa de 
difusão do oxigênio na água. 
 Proporcionar ambiente escuro, em virtude de muitas espécies serem 
fotoblásticas negativas e das raízes serem fototrópicas negativas. 
 Boa capacidade de suporte físico da muda, bem como aderência às raízes, fato 
especialmente importante na repicagem da muda para o viveiro ou pomar. 
 Conter nutrientes essenciais para o desenvolvimento sadio da planta. No caso de 
se utilizar um substrato apenas para a germinação, a presença de nutrientes não 
é necessária, podendo-se somente lançar mão de materiais inertes, pois a 
germinação ocorre às custas da reserva da semente. Entretanto, tão logo as 
raízes passem a ser funcionais, os nutrientes devem estar presentes. 
 Estar isento de inóculo de patógenos ou saprófitos, que podem prejudicar a 
germinação e o desenvolvimento das mudas. A presença de patógenos pode 
provocar a ocorrência de dumping off, que ocasiona desde um baixo índice de 
sobrevivência das plantas na repicagem, até a morte das plântulas logo após sua 
emergência. 
 Estar isento de propágulos (sementes ou estruturas vegetativas) de plantas 
invasoras, especialmente no caso de a muda oriunda desse processo ser 
comercializada ou levada ao campo com torrão. 
Além disso, um bom substrato deve ser de baixa densidade e ter uma composição 
química e física equilibrada, elevada capacidade de troca catiônica (CTC), boa 
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capacidade de aeração e drenagem, boa coesão entre as partículas e adequada aderência 
nas raízes. 
Na avaliação de um substrato, podem ser úteis parâmetros físicos tais como poros 
idade total, densidade, proporção do tamanho de partículas, espaços com ar e água, 
condutividade hidráulica saturada e insaturada. Na literatura, inúmeros materiais são 
citados como adequados para a germinação ou desenvolvimento de plantas propagadas 
por sementes. 
A associação de materiais - especialmente em mistura com o solo permite 
melhorar as condições para desenvolvimento das mudas. Assim, a grande maioria dos 
trabalhos com substratos nessa fase inclui misturas de solo, de vermiculita e de 
materiais orgânicos. 
É aconselhável misturar areia e materiais orgânicos, para melhorar a textura e 
propiciar melhores condições ao desenvolvimento das mudas. Em misturas, o solo e a 
turfa participam como retentores de umidade e nutrientes, enquanto a areia, serragem ou 
casca de arroz funcionam como condicionadores físicos. 
A mistura com materiais orgânicos beneficia as condições físicas do substrato e 
fornecem nutrientes, favorecendo o desenvolvimento das raízes e da planta como um 
todo. 
Numa sementeira, considerando-se o solo como substrato, é importante observar 
os seguintes aspectos: 
 A sementeira deve estar localizada fora da área de produção e não deve ser 
usada por mais de 2 anos consecutivos, como forma de diminuir o potencial de 
inóculo de patógenos. 
 Deve haver pequena declividade para exposição à luz e boa disponibilidade de 
água para irrigação. 
 É conveniente que se utilizem solos com textura média. 
 Para se evitar problemas com patógenos ou plantas invasoras, pode ser efetuada 
a esterilização do substrato. Esta pode ser feita utilizando-se fungicidas, 
solarização, tratamento térmico, ou agentes de controle biológico e químico, 
recomendados pela legislação vigente. 
 Deve ser prevista uma rotação de culturas antes da implantação de sementeira, 
especialmente se na mesma área foram cultivadas espécies perenes. 
 O suprimento de água deve ser adequado, pela necessidade de germinação e a 
sensibilidade das plântulas ao déficit hídrico. 
 Com o uso de corretivos, o pH do solo deve ser ajustado para o nível adequado à 
espécie a ser propagada. 
 Quanto ao suprimento de nutrientes, devem ser tomados cuidados com o 
excesso de adubação, especialmente a adubação nitrogenada. O excesso de sais 
inibe a germinação, além de o desequilíbrio nutricional favorecer a ocorrência 
de doenças. O manejo da adubação depende, essencialmente, do tempo de 
permanência da muda na sementeira. 
O substrato é um dos fatores de maior influência na propagação por estaquia, 
especialmente naquelas espécies com maior dificuldade de formação de raízes. O 
substrato não apenas afeta o percentual de estacas enraizadas, como também a 
qualidade do sistema radicular da muda. Destina-se a sustentar as estacas durante o 
enraizamento, mantendo sua base num ambiente úmido, escuro e suficientemente 
aerado. 
Num sentido mais restrito, o substrato deve garantir as condições adequadas apenas 
para o enraizamento das estacas. Contudo, numa abordagem mais ampla, é conveniente 
que algumas condições sejam oferecidas para que haja o desenvolvimento inicial das 
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raízes adventícias, tais como o fornecimento de nutrientes e o uso de materiais 
orgânicos, que podem favorecer o desenvolvimento radicular e o pegamento, e 
desenvolvimento no viveiro ou no campo. 
O substrato mais adequado para o enraizamento varia conforme a espécie, 
podendo-se considerar que um bom substrato deve reunir as seguintes características: 
 Reter água suficiente para manter as células túrgidas, evitando o murchamento 
da estaca. 
 Garantir aeração suficiente, por meio de um adequado espaço poroso, para a 
formação das raízes e o metabolismo radicular. 
 Aderir bem à estaca e às raízes formadas. 
 Não favorecer a contaminação e o desenvolvimento de patógenos e saprófitos, 
tanto por ser fonte de inóculo, quanto por criar condições favoráveis ao 
desenvolvimento de microrganismos. 
 Permitir que as estacas enraizadas sejam removidas com um 
mínimo de dano às raízes. 
 Ter baixo custo e fácil aquisição. 
• Não conter ou liberar quaisquer substâncias fitotóxicas à estaca. Conforme o tipo 
de ambiente para propagação, deve ser dada 
atenção diferenciada. No caso de uso de nebulização intermitente, a drenagem é um dos 
fatores mais importantes, para se evitar a asfixia na base da estaca. Ao se trabalhar com 
estacas lenhosas em solo ou em recipientes com outro material, mas sem nebulização, a 
retenção de água assume maior importância. 
A escolha do substrato é feita levando-se em consideração a espécie, o tipo de 
estaca, as características do substrato, a facilidade de obtenção e o custo de aquisição. 
A determinação do substrato mais adequado para cada espécie deve ser feita por meio 
de experimentos. Na Tabela 1, são apresentadas algumas vantagens e desvantagens de 
alguns substratosque podem ser utilizados em estaquia. 
O meio de enraizamento não afeta apenas o enraizamento em si. 
Tem sido obtida grande influência do substrato sobre a qualidade do sistema radicular 
adventício, no que tange a diversos parâmetros. 
É conveniente atentar-se para a qualidade do sistema radicular formado, pois 
essa irá, diretamente, o pegamento no viveiro e o desenvolvimento posterior da muda. 
Geralmente, raízes desenvolvidas em areia são mais grossas, menos ramificadas e mais 
quebradiças, ainda que as características do sistema radicular também sejam função da 
espécie. 
A mistura da areia com turfa ou outros materiais orgânicos permite que se forme 
um melhor sistema radicular. A permanência das folhas na estaca também pode ser 
afetada pelo substrato. Substratos com menor contato com a estaca tendem a ocasionar 
maior queda de folhas e a morte das estacas. 
A parte da estaca que fica enterrada no substrato poderá sofrer asfixia, que 
desfavorece o enraizamento, podendo causar até mesmo a morte desta. A baixa 
capacidade de drenagem do substrato na base da estaca pode ocasionar a necrose na 
base da mesma. Além disso, o pouco espaço poroso poderá favorecer a ocorrência de 
doenças. 
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12 
 
 
 
 
o teor de oxigênio requerido na formação de raízes é variável conforme a espécie, 
mas é sempre indispensável. Por exemplo, para Salix spp., 1 mg.L-l de oxigênio é 
suficiente para o enraizamento, podendo o mesmo enraizar em água, ao passo que para 
Hedera helix, são necessários apenas 10 mg. L-l . 
Em algumas espécies, o aumento do teor de oxigênio incrementou o enraizamento 
de estacas. Assim, é importante analisar as características físicas do substrato a ser 
utilizado nessa condição. Espaço poroso (macro e microporosidade), oxigênio 
disponível, aeração, drenagem e excesso de água no substrato são aspectos interligados 
entre si, passíveis de observação. Há menções de que o espaço poroso do substrato de 
enraizamento deve ser de 20%, admitindo-se um intervalo de 15% a 45% de poros 
idade. 
As seguintes propriedades físicas de um substrato de enraizamento são 
importantes: 
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 Forma, textura e tamanho de partículas. 
 Teores de argila e silte. 
 Densidade, espaço poroso e capacidade de retenção de água na saturação e na 
capacidade de campo. 
A curva de retenção de água é um parâmetro que pode fornecer boas informações 
sobre o efeito do substrato no enraizamento. Mesmo em ambiente com nebulização 
intermitente, o substrato não se mantém constantemente saturado, especialmente 
durante o dia, quando as perdas de água para a atmosfera são mais elevadas. Assim, um 
material que retém mais água, em níveis de tensão mais elevados, pode ser mais 
recomendável para utilização, tendo em vista esse atributo físico. 
É importante que o substrato tenha uma capacidade de retenção tal que permita a 
planta retirar água com um gasto mínimo de energia e apresente um espaço poroso 
adequado. A competição do espaço poroso pela água e pelo ar é um ponto crucial na 
escolha do substrato. 
No que se refere às características químicas, o pH e a disponibilidade de nutrientes 
são importantes. Em algumas espécies, o pH favorece o enraizamento e desfavorece o 
desenvolvimento de microrganismos. O uso de materiais como a turfa permite que o pH 
do substrato seja mais baixo. O uso de materiais orgânicos pode favorecer o 
desenvolvimento das raízes adventícias. 
Geralmente, as características favoráveis de um substrato podem ser complementares 
às de outro. Assim, a mistura de dois ou mais substratos permite que se associem as 
vantagens e se complementem as desvantagens de cada material. 
 
Irrigação 
Seja na cultura instalada ou no viveiro de produção de mudas, a irrigação é de 
suma importância para o fruticultor ou viveirista que deseja obter mudas de qualidade. 
Durante o desenvolvimento da muda, existem várias fases críticas, onde a 
disponibilidade hídrica se faz necessária. Geralmente, o viveirista deseja obter uma 
muda de crescimento uniforme e ereto, o que vai facilitar todas as operações do viveiro, 
seja na enxertia e forçagem, ou no desponte e formação das pernadas (ramos primários 
emitidos a partir da haste principal da muda). 
No início do desenvolvimento das mudas, a irrigação é imprescindível, 
notadamente após a semeadura. A água utilizada pode ser proveniente de rios, lagos ou 
até de poços subterrâneos. A única exigência é que a água deve ser limpa, tendo-se o 
cuidado para evitar a introdução de algas ou sementes de plantas invasoras. 
Segundo alguns autores, a água deve ter no máximo 200 mg.L de silte e cálcio, 
menos de 10 mg.L de sódio e 0,5 mg.L-l de boro. Se a água tiver alto teor de silte ou de 
colóides, corre-?e o risco de impermeabilização da superfície do substrato, reduzindo 
sua aeração e aumentando a predisposição das mudas a doenças e pragas. 
No planejamento de um viveiro, deve-se ter uma fonte de água de boa qualidade 
para irrigação e não depender apenas das chuvas. Quanto ao tipo de irrigação utilizada, 
dependerá do local de produção da muda, da disponibilidade de água, e de recursos, 
além do tipo de substrato ou solo, e das condições do local. 
Quanto à freqüência da irrigação, é relevante o efeito da quantidade de suprimento 
de água, forma e freqüência de aplicação. 
Logicamente, no caso de as mudas serem produzidas em casa de vegetação, com 
equipamentos sofisticados, não há necessidade de maior preocupação. Na verdade, os 
aspectos de quantidade de água, forma e freqüência estão ligados diretamente às 
condições atmosféricas, qualidade física e química do substrato, poros idade e grau de 
saturação, estação do ano, estágio de desenvolvimento das mudas, além do tipo e 
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14 
cobertura dos canteiros ou sementeiras. 
Os vários tipos de coberturas existentes permitem maior ou menor perda de 
umidade, sendo que, para cada tipo, deve-se adequar uma metodologia isoladamente. 
Outro aspecto a ser considerado é a espécie, já que cada uma delas se comporta 
diferentemente da outra. É indiscutível manter o teor de umidade adequado logo após a 
semeadura. Do contrário, corre-se o risco de perdas irreparáveis na obtenção das mudas. 
Por sua vez, o encharcamento é muito prejudicial, pois além de permitir a lixiviação de 
nutrientes e diminuir a aeração, pode favorecer o surgimento de doenças, a exemplo do 
dumping off. 
Contudo, calcular a quantidade exata de água e saber, com precisão, o momento 
certo de colocá-la, é difícil, pois depende de uma série de fatores. Geralmente, é a 
experiência profissional do produtor de mudas que vai definir a freqüência e a 
quantidade de água a ser colocada numa dada sementeira, recipiente ou viveiro. 
Apesar das poucas pesquisas existentes, sabe-se que a irrigação é recomendável no 
início da manhã, principalmente em regiões e épocas frias, pois permite a rápida 
condensação do gelo, que eventualmente possa formar-se na superfície das folhas. 
A irrigação no final do dia permite que o substrato permaneça úmido por mais 
tempo, de modo que o potencial hídrico das mudas mantenha se com valores mais altos 
durante a noite. Apesar da experiência ser um fator que pode auxiliar o viveirista, este 
pode lançar mão de recursos técnicos de baixo custo e ótimos resultados. 
Como regra geral, pode-se afirmar que a época de irrigação é mais importante do 
que a quantidade de água aplicada. Enfim, verifica-se que há necessidade de pesquisas, 
direcionadasàs diferentes espécies, para determinação da quantidade de água e 
freqüência de irrigação para obtenção de mudas de alta qualidade. 
 
Embalagens 
Entende-se, por embalagem, todo e qualquer material destinado a acondicionar o 
substrato durante a produção de mudas. O uso de recipientes tem acompanhado a 
evolução tecnológica dos sistemas de propagação, pois são instrumentos indispensáveis 
na produção intensiva de mudas. À medida em que se avança na pesquisa de substrato 
para propagação, os recipientes assumem cada vez mais importância. 
A produção de mudas em viveiros sem uso de recipientes normalmente é mais 
econômica. Mesmo assim, a produção de mudas embaladas cada vez mais vem sendo 
adotada devido às vantagens que proporciona. Mesmo nesses casos, os recipientes 
podem tomar parte em alguma das etapas da propagação. É o caso de mudas cítricas - o 
porta-enxerto pode ser inicialmente desenvolvido em tubetes ou bandejas e depois as 
mudas são transferidas para o viveiro, onde são mantidas até a comercialização. Em 
outras situações, toda a produção da muda pode ser feita num ou mais recipientes. 
Na produção de mudas frutíferas, a adoção de recipientes apresenta como 
principais vantagens: 
 Quando associada ao uso de telados ou estufas, permite o cultivo sob quaisquer 
condições climáticas, o que ocasiona cumprir-se rigorosamente um cronograma 
de produção. 
 Redução da utilização de tratores e carretas na área de viveiro. 
 Redução do tempo necessário para produção das mudas. Em mudas cítricas, no 
sistema de sementeira, são necessários 18 a 24 meses para produção das mudas, 
enquanto com o uso de bandejas ou tubetes são necessários 12 a 15 meses. 
 Redução da competição entre as mudas. 
 Redução da área necessária de viveiro. 
 Proteção do sistema radicular contra danos mecânicos e desidratação. 
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15 
 Proteção da muda contra doenças e pragas de solo, além de 
facilitar, quando necessário, a prática da esterilização do substrato. 
 Aumento da facilidade no transporte das mudas. 
 Redução do estresse no momento do transplante. 
 Permanência do viveiro por mais tempo, evitando a necessidade de rotação de 
culturas devido ao risco de doenças e pragas do solo. 
Quando a produção de mudas é feita em recipientes, é importante observar os 
seguintes aspectos: 
 Manutenção da umidade, especialmente em recipientes com pequena 
capacidade de acondicionamento de substrato. 
 Adubação, pois o substrato pode facilmente ser esgotado quanto à 
disponibilidade de nutrientes. 
 Limitação ao desenvolvimento radicular, aspecto que deve ser constantemente 
observado, de modo que o recipiente não venha a ser uma barreira para as 
raízes, a ponto de prejudicar o crescimento da muda. 
Convém que um bom recipiente apresente as seguintes carac;ticas: 
 Ter boa resistência para suportar a pressão devida ao peso do 
substrato e da muda. 
 Permitir que a planta tenha um rápido desenvolvimento inicial. 
 Acondicionar o volume adequado de substrato. 
 Possuir bom sistema de drenagem. 
 Possibilitar boa retenção da umidade. 
 Permitir boa retenção do substrato. 
 Ter durabilidade, a ponto de resistir durante todo o processo de 
produção da muda. 
 Ser de fácil manejo, quando da transferência (leveza e resistência). 
 Ter baixo custo de aquisição. 
• Ser reutilizável, ou construído com material facilmente reciclável. Mesmo que 
um recipiente não reuna todas essas qualidades, deve- 
se selecionar aquele que reuna o maior número de vantagens, pois isso está 
estreitamente relacionado com a eficiência do sistema de propagação e da viabilidade 
do uso de recipientes. Assim, a escolha do recipiente deve considerar as qual idades de 
cada material, o método de propagação e os efeitos que ele proporciona sobre o 
crescimento da muda. 
Vários são os recipientes utilizados na produção de mudas frutíferas. 
Entre esses, podem ser citados: sacos de plástico, tubetes, citropotes, bandejas de 
plástico ou de isopor, caixas de madeira ou de metal, vasos de plástico, entre outros. 
A seguir, serão descritos alguns dos principais recipientes utilizados na propagação 
comercial de plantas frutíferas: 
 
Sacos de plástico 
São recipientes que podem apresentar as mais diferentes dimensões, tais como 8 
cm (diâmetro) x 12 cm (altura) e 25 cm (diâmetro) x 25 cm (altura). Normalmente, 
apresentam coloração preta ou escura, para impedir o desenvolvimento de algas e de 
plantas invasoras dentro do recipiente e proporcionar melhores condições de 
desenvolvimento para as raízes. Perfurados na base, para drenagem da água, são muito 
versáteis, adaptando-se a uma grande variedade de situações, além de terem baixo custo 
de aquisição, serem reutilizáveis e de fácil manejo (Fig. 2). 
 
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Fig. 2. Mudas cítricas obtidas em embalagens de plástico. 
 
Contudo, se o plástico for de pouca espessura, esses recipientes rompem-se 
facilmente com o peso do substrato ou devido ao crescimento das raízes. Além disso, as 
perfurações devem estar localizadas próximo à base da embalagem. Caso contrário, não 
permitem um bom escoamento da água em excesso, prejudicando o crescimento da 
muda. 
No momento da aquisição, é importante atentar para a qualidade do plástico, além 
do número e a posição das perfurações. 
 
Tubetes 
São recipientes de formato cônico, construídos em plástico rígido e de cor escura. 
Internamente, apresentam estrias que dificultam o enovelamento das raízes. Podem 
acondicionar diferentes volumes de substrato. Para o uso dos tubetes, é necessário um 
sistema de suporte, que pode ser uma bandeja de isopor, plástico ou metal, bem como 
uma bancada com fios de arame distanciados, para possibilitar a colocação dos mesmos. 
Assim, os tubetes ficam suspensos, de modo que a base destes ficam expostas ao ar, 
proporcionando a denominada poda das raízes pelo vento. 
Apresentam a vantagem de serem reutilizáveis várias vezes, além de permitirem 
a produção de um grande número de mudas por unidade de área. Por serem unidades 
independentes, os tubetes permitem a seleção das mudas com a embalagem. Por 
disporem de pequeno volume de substrato, requerem que se retire a muda tão logo as 
raízes ocupem todo o substrato. Por isso, são úteis para a primeira etapa da propagação, 
além de necessitarem de irrigações periódicas, visto que o substrato facilmente se 
desidrata. Dependendo do substrato, o tubete pode não reter o mesmo, que é perdido 
pelo orifício na base (Fig. 3). 
 
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17 
 
Fig. 3. Porta-enxerto de citros produzidos em tubetes. 
 
Bandejas 
Podem ser confeccionadas em plástico, normalmente apresentando um espaço único e 
contínuo para acondicionamento do substrato. Também podem ser feitas de 
poliestireno expandido (isopor), constituídas de um número variável de células, onde é 
feita a produção da muda. 
 
As células apresentam forma piramidal invertida, com capacidade de até 120 cm3 de 
substrato por célula. Na base, a célula apresenta um orifício para escoamento da água. 
As bandejas podem ser reutilizadas várias vezes. Como os tubetes, elas são úteis na 
primeira etapa da propagação, pois acondicionam pequeno volume de substrato. 
Preferencialmente, as bandejas devem ficar suspensas, permitindo a poda pelo 
vento. A durabilidade da bandeja está em função do ambiente onde é feita a propagação 
e do cuidado no manuseio das mesmas. 
Para uma dada espécie, em sistemas tradicionais de propagação (viveiros),podem 
ser produzidas cerca de 25 mil a 30 mil mudas por hectare, enquanto com uso de 
bandejas, podem ser produzidas cerca de 200 mil mudas por hectare. 
 
Citropotes 
Também conhecidos como containers, esses recipientes são assim denominados 
por serem desenvolvidos e difundidos para produção de mudas cítricas. São 
confeccionados em plástico preto rígido e acondicionam grande volume de substrato, 
permitindo que a muda seja mantida nesse recipiente desde a repicagem (produzida em 
tubetes ou bandejas) até a comercialização. 
Os citropotes apresentam diversas vantagens, dentre as quais a facilidade de 
manuseio, a possibilidade de produção de mudas numa mesma área por vários anos, 
desde que o substrato seja oriundo de local isento de patógenos e o plantio da muda no 
pomar não apresente danos ao sistema radicular. Uma das principais limitações ao uso 
do citropote é o custo elevado. 
Na propagação por sementes, usam-se sacos de plástico, bandejas e tubetes. Na 
propagação por estacas, é mais comum o uso de sacos de plástico, embora, até o 
momento, ensaios feitos com bandejas e tubetes tenham proporcionado resultados 
bastante promissores. 
 
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18 
Controle fitossanitário 
A dificuldade em encontrar mudas de qualidade tem se constituído num dos mais 
sérios problemas com que se defronta o produtor de frutas. A qualidade sanitária da 
muda é, sem dúvida, um dos componentes mais importantes, tendo reflexo direto no 
desenvolvimento das plantas e na produtividade do pomar. 
Uma das dificuldades encontradas é que, geralmente, o produtor brasileiro não 
encontra, no mercado, mudas com garantia de isenção de doenças e pragas. A 
escaldadura das folhas da ameixeira - causada pela bactéria Xylella fastidiosa - é um 
exemplo. 
Cultivares sensíveis a esse patógeno, quando contaminadas, morrem em 3 anos. Como a 
doença é transmitida por cigarrinhas, se existir uma planta contaminada no pomar, a 
contaminação de outras plantas é praticamente inevitável. 
A maioria das cultivares de ameixeira japonesa, melhor adaptadas ao clima 
brasileiro, é sensível a essa bactéria, variando apenas o tempo que as plantas levam para 
morrer. A gravidade dessa doença é tanta que várias regiões produtoras tiveram 
pomares dizimados, só retornando ao cultivo a partir da limpeza c10nal e produção de 
mudas sadias. 
Em outras regiões do mundo, onde ocorre essa doença, o cultivo da ameixeira 
praticamente desapareceu, como aconteceu na Região do Delta, na Argentina, e no 
sudeste dos Estados Unidos. 
Em 1975, a escaldadura, doença cujo agente causal é uma bactéria Xy/ella fastidiosa, 
foi diagnosticada no Sul do Brasil. Em Santa Catarina, por exemplo, a área de 
ameixeiras era de cerca de 400 ha, regredindo para menos de 50 ha, em 1982. Voltou, 
então, a crescer, com a obtenção de mudas isentas de bactéria. Com a pressa de plantar, 
devido aos altos preços da ameixa no mercado, esqueceu-se de questionar as garantias 
de sanidade das mudas e os riscos de contaminação, a partir de ameixeiras doentes, nas 
proximidades do pomar. 
A freqüente incidência de doenças tem sido responsável pela baixa qualidade das 
mudas produzidas, acarretando sérios prejuízos, tanto nas fases de sementeira e viveiro, 
como no plantio definitivo. 
Apesar de não se manifestarem nas fases de sementeira e viveiro, algumas doenças 
são introduzidas e disseminadas principalmente por material de propagação. A 
utilização de material propagativo sadio é de fundamental importância para a formação 
de pomares livres de patógenos, que causam queda na produtividade e longevidade das 
plantas. 
Com relação ao controle fitossanitário, recomenda-se usar os tratamentos 
indicados para todas as pragas e doenças que ocorrem no pomar, por meio de controle 
integrado ou de medidas como a limpeza e a desinfestação das ferramentas usadas nos 
viveiros e pomares, até o cuidado com mudas e borbulhas dos novos plantios. 
Em plantas frutíferas propagadas vegetativamente, a importância das doenças 
causadas por vírus é grande, pois todas as plantas obtidas de uma planta infectada 
também se apresentarão com o patógeno. 
A maioria dos vírus, viróides e fitoplasmas é transmitida por enxertos. 
Contudo, há alguns que são transmitidos por insetos, nematóides, sementes ou 
mecanicamente. Nas espécies frutíferas, a transmissão por enxertia é mais comum e os 
cuidados devem ser redobrados para se evitar a infecção de todo o viveiro. 
Tratando-se de plantas em viveiro, não se pode confiar em inspeções visuais, ou 
seja, na identificação de plantas doentes apenas por sintomas visíveis a olho nu, porque 
muitas doenças não se manifestam no período do viveiro, havendo algumas que levam 
anos para apresentar sintomas visíveis, ou mesmo aquelas que nunca os apresentam. 
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19 
A melhor recomendação de controle é o uso de material sadio. Para isso, é 
necessário que se faça a multiplicação apenas a partir de plantas indexadas, isto é, 
testadas e isentas dos vírus que ocorrem na cultura. Se o material infectante for 
importante como variedade, poderá passar por um processo de limpeza, no qual poderá 
ser utilizada a termoterapia ou cultura de meristema. Após passar por esse processo de 
limpeza, o material deve ser novamente indexado e, uma vez isento dos supostos 
patógenos, será liberado para multiplicação. 
É importante observar que não só as borbulheiras devem ser indexadas, mas 
também os porta-enxertos, pois estes podem estar infectados e transmitir o vírus para a 
copa. É possível diminuir os danos causados por um vírus pelo uso do fenômeno da 
proteção cruzada, aquela conferida a uma planta infectada, sistematicamente, por uma 
estirpe de um vírus contra outras do mesmo vírus. 
Se a estirpe que infecta a planta em primeiro lugar é fraca, isto é, causa poucos 
danos, a planta ficará protegida contra infecção por estirpes fortes. Inoculando-se as 
mudas no viveiro com uma estirpe sabidamente fraca, consegue-se, então, obter-se 
plantas protegidas contra as fortes que ocorrem naturalmente e irão infectar as plantas 
no campo. 
Essa é a chamada pré-imunização, largamente usada em pomares cítricos 
paulistas, para protegê-los contra o vírus-da-tristeza. Nesse caso do vírus-da-tristeza, 
optou-se pela pré-imunização, pois o vírus é transmitido por pulgões e o uso de material 
sadio não resolveria o problema, uma vez que todas as plantas ficariam expostas no 
campo, ao ataque do vetor. 
Assim, só devem ser multiplicadas plantas que tenham sido submetidas a testes de 
sanidade. Todas as matrizes devem ser testadas periodicamente, pois uma planta 
considerada sadia pode se tornar infectada. 
As pragas que atacam as mudas nas sementeiras e viveiros podem causar grandes 
prejuízos, tanto ao crescimento das mudas quanto à sua qualidade final. 
o crescimento e brotação contínuos das plantas jovens propiciam o ambiente ideal 
para a rápida expansão das populações de diversas pragas. Por isso, a atenção em 
viveiros de mudas é indispensável. 
De modo geral, pode-se afirmar que o primeiro passo para o controle de uma 
praga, no pomar, é dado no controle fitossanitário no viveiro, pois isso dificultará a 
disseminação das pragas por meio das mudas. 
Dependendo da cultura, as pragas que prejudicam as mudas em viveiros são 
pulgões, lagartas, formigas, cigarrinhas, ácaros e nematóides. 
Às vezes, as pragas de raízes e os nematóides não são detectados nos viveiros, mas 
adquirem grande importância porque são observados apenas depois de alguns anos da 
formação do pomar, uma vez que as mudas são o principal meio para dispersão dessas 
pragas. 
Em todos os casos de infestação por nematóides,o principal método de controle é 
o preventivo, mediante o plantio de mudas isentas do patógeno. Assim, é necessário o 
exame de mudas, para evitar a disseminação de nematóides em áreas não-infestadas. Às 
vezes, a escolha de órgãos propagativos sadios é suficiente para manter o viveiro livre 
ou, pelo menos, com baixa população de pragas. 
É bom lembrar que o controle fitossanitário em sementeiras, viveiros e em plantas-
matrizes fornecedoras de material propagativo é feito de acordo com as necessidades. 
Esse controle deve ser monitorado utilizando se os produtos de forma correta, 
preservando a integridade do meio ambiente e a saúde do trabalhador. 
Quando da aplicação de controle químico, deve-se dar preferência a produtos de 
baixa toxicidade humana e, em ripados ou viveiros fechados, aos inseticidas granulados 
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20 
sistêmicos para controle de insetos sugadores. Detectando-se a presença de inimigos 
naturais das pragas, deve-se, pelo menos, utilizar produtos químicos seletivos. 
 
Controle de plantas invasoras 
Uma boa condução e formação de mudas exige uma série de operações que estão 
estreitamente relacionadas, tais como: seleção das plantas-matrizes, copas e porta-
enxertos, controle de pragas e doenças, além de tratos culturais adequados. Dentro desse 
aspecto, o controle de plantas invasoras, tanto em sementeiras como em viveiros, é de 
grande importância. 
Modernamente, tem-se propagado, principalmente, porta-enxertos, como é o caso 
específico de mudas cítricas, por tubetes, bandejas ou si m i lares. Essa metodologia 
permite a utilização de substratos tratados, isentos de plantas invasoras e garante maior 
controle de pragas e doenças. Entretanto, na segunda fase de propagação, com a 
utilização de viveiros, o controle de plantas invasoras é fundamental, porque nesse local 
é onde serão realizadas todas as operações que resultarão numa muda de boa qualidade. 
Inicialmente definido como área de terreno destinada à produção de mudas, onde 
as mesmas são formadas até irem para o campo, o termo viveiro, neste caso, tem um 
conceito mais abrangente por englobar estruturas como sementeiras, valetas para 
estratificação, áreas para plantio de porta-enxertos, casas de vegetação, câmaras de 
nebulização e coberturas de tela de plástico. Também estão relacionados materiais 
como sacos de polietileno, tubetes, vasos, bandejas de isopor, componentes de substrato 
como solo, areia, esterco, compostos orgânicos, cascas e palhas, vermiculita, casca de 
madeira triturada, terriço, etc. 
Nesse caso, a correlação entre o enviveiramento de mudas frutíferas e os possíveis 
problemas com plantas invasoras têm um sentido amplo, que envolve cuidados e 
práticas bem distintas, de acordo com a fase de produção da muda e a metodologia 
utilizada. 
O conceito de planta invasora ou daninha baseia-se na presença indesejável de 
uma planta, em relação ao homem, quando prejudicaria direta ou indiretamente sua 
saúde, a produção agropecuária ou outras atividades de interesse econômico. 
O conceito de indesejabilidade fica claro em definições como "uma planta que 
ocorre onde não é desejada", ou "uma planta fora do lugar". Assim, uma determinada 
planta poderá ser considerada invasora, indiferente ou útil, dependendo do tempo e 
local onde ela ocorre. 
No caso específico de viveiros, a presença de outras plantas, que não sejam as 
mudas, sempre é considerada danosa ou prejudicial. 
Existem cinco métodos de controle de plantas daninhas, distintos dos processos de 
prevenção e de erradicação. Prevenção é a utilização de métodos para se evitar uma 
infestação ou reinfestação, enquanto a erradicação é a eliminação de uma população. 
Deve-se considerar que viveiros de produção de mudas - em seu sentido amplo, 
como mencionado anteriormente - podem apresentar peculiaridades que diferem de uma 
cultura em larga escala em campo, tais como: 
 Os viveiros em campo normalmente ocupam áreas reduzidas atingindo, quando 
muito, alguns poucos hectares. 
 Formação de mudas, em alguns casos, com todas as etapas diretamente em 
recipientes. 
 Espaçamentos reduzidos, quando as mudas estão instaladas em viveiro no 
campo. 
 Elevado número de tratos culturais e práticas especiais, realizados com 
freqüência, exigindo que durante o enviveiramento as mudas estejam livres de 
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21 
plantas invasoras. 
 Ciclo de produção variável, de 3 a 24 meses. 
 Limitações, quanto à presença de plantas invasoras impostas pela legislação. 
 As mudas são plantadas jovens e de pequeno porte, sendo mais frágeis e 
sensíveis do que as plantas adultas. 
Assim, independentemente do método utilizado, as particularidades, inerentes a 
um viveiro devem ser observadas. 
 
Controle manual de plantas invasoras 
Recomendável no caso de formação de mudas diretamente em recipientes (sacos 
de plástico, vasos, tubetes ou bandejas de isopor), bem como em sementeira, fazendo-se 
o arranquio das plantas invasoras com as mãos. O arranquio manual pode danificar as 
raízes da muda, quando as invasoras atingem um estágio de desenvolvimento mais 
avançado. 
O uso da enxada também é apropriado para pequenas áreas e espaçamentos 
reduzidos - como no caso de viveiros - podendo ser utilizada como componente de um 
sistema integrado de controle. 
Esse método dependerá, naturalmente, da disponibilidade de mão-de-obra, 
estimada em 10-15 DH/ha/capina, devendo-se considerar que o número de capinas, por 
ano, poderá ser de 6 a 8. 
 
Controle mecânico de plantas invasoras 
O uso de cultivadores de tração animal, de modelos e dimensões variadas, poderá 
ser feito em alguns tipos de viveiros instalados em campo, desde que se observem os 
cuidados necessários, considerando-se o porte reduzido das mudas e a fragilidade das 
mesmas. É um método que poderá fazer parte de um sistema integrado, de baixo custo, 
bom rendimento e não-agressivo ao ambiente, mas pouco eficiente para o controle de 
plantas Invasoras perenes. 
A utilização de equipamentos de tração mecânica, tais como enxada rotativa, 
grades e roçadeiras, é praticamente descartada em viveiros, pelas particularidades já 
mencionadas anteriormente. 
 
Controle cultural de plantas invasoras 
Relacionam-se como métodos culturais, a rotação, a consorciação de culturas, o 
uso de plantas companheiras (leguminosas) e práticas de manejo. 
Entre esses, e especificamente em viveiros, seria recomendável após o arranquio 
das mudas, fazer-se a alternância com outra cultura na mesma área (1 a 2 anos). 
Pode-se relacionar a cobertura da superfície do solo com restos vegetais ou filme 
de plástico, denominada cobertura morta. Ela mantém a umidade, protege o solo contra 
erosão, evita o desenvolvimento de plantas invasoras, acumula matéria orgânica e 
nutrientes, e eleva a atividade microbiana. 
A escolha de resíduos orgânicos para coberturas de viveiros deve 
ser feita mediante as seguintes observações: 
 Possibilidade de conterem sementes de plantas invasoras. 
 Ocorrência de fermentação. 
 Liberação de substâncias tóxicas às mudas. Possibilidade de disseminar ou 
aumentar a incidência de doenças e pragas. 
• Disponibilidade do material (10 - 20 t/ha). 
Entre os materiais mais comuns e disponíveis, há o bagaço de cana, a palha de 
trigo, o arroz e a casca de arroz. Quanto ao filme de plástico, deve-se avaliar a 
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viabilidade econômica do seu uso. 
 
Controle biológico de plantas invasoras 
Consiste num método queprocura manter uma população de plantas invasoras que 
não cause danos econômicos, usando-se um agente biológico (por exemplo, fungos). A 
utilização de bioerbicidas ainda é pouco pesquisada e não é utilizada em larga escala. 
 
Controle químico de plantas invasoras 
o uso de herbicidas sintéticos, em associação com o método manual, é a forma 
mais utilizada nos vários sistemas de produção de mudas. 
Para se escolher um herbicida, várias características devem ser consideradas, tais como: 
Ser ativo biologicamente e de baixo custo/benefício. 
 Ser ecologicamente seguro ao aplicador e ao público. 
 Ser de fácil aplicação. 
 Ser compatível com outros químicos. 
• Apresentar alta margem de segurança às culturas. 
Destaca-se ainda o aspecto relacionado à sua seletividade, ou seja, um herbicida é 
seletivo quando matar ou retardar o crescimento de uma planta, sem afetar outras. 
Quando se diz que o produto é seletivo para folhas largas, significa que as espécies 
de folhas largas são resistentes, ou tolerantes ao produto, e o mesmo irá eliminar as 
demais. Essa seletividade depende das características físico-químicas do herbicida, da 
resistência da planta e do meio ambiente. 
Deve-se considerar que, em viveiros, trabalha-se com sementes, estacas, gemas e 
garfos, ou seja, estruturas vegetais que irão originar brotações e plantas inicialmente 
frágeis, herbáceas e bastante sensíveis. Assim, os cuidados devem ser maiores do que 
quando se aplicam herbicidas em áreas com frutíferas já adultas e apresentam maior 
resistência. 
A escolha do herbicida é função da recomendação para cada espécie frutífera e da 
invasora a ser controlada. Para tanto, deve-se tomar todos os cuidados para prevenir a 
ocorrência de deriva, contaminação da água, do solo e do próprio aplicador. 
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23 
Formas de Propagação de Plantas Frutíferas 
 
Introdução 
 
A propagação é um conjunto de práticas destinadas a perpetuar as espécies de 
forma controlada. Seu objetivo é aumentar o número de plantas, garantindo a 
manutenção das características agronômicas essenciais das cultivares. 
Os métodos de propagação podem ser agrupados em dois tipos: propagação 
sexuada, que se baseia no uso de sementes, e propagação assexuada, baseada no uso de 
estruturas vegetativas. Fundamentalmente, a diferença entre as duas formas de 
propagação é a utilização e a ocorrência da mitose e da meiose. Enquanto na 
propagação assexuada a divisão celular implica na multiplicação simples (mitose), 
mantendo o número de cromossomos inalterado, na propagação sexuada a meiose 
proporciona a redução do número de cromossomos. 
A propagação por sementes ocorre na maioria das plantas cultivadas e pode ser 
utilizada, também, na obtenção de mudas de plantas frutíferas. Esse método é 
responsável pela variação populacional e pelo surgimento de novas variedades, uma vez 
que na natureza, predomina a polinização cruzada, que assegura o maior intercâmbio de 
genes dentro de uma mesma espécie. 
Na produção comercial de mudas, a propagação assexuada é, por vezes, mais 
importante que a propagação sexuada, especialmente em plantas frutíferas, por diversas 
razões, entre as quais: 
 Normalmente, é mais rápida que a propagação por sementes. 
 O período improdutivo é mais curto. 
 Permite a produção de plantas idênticas à planta-mãe, o que é importante na 
preservação das características agronômicas desejáveis. Isso não ocorre na 
propagação sexuada, devido à recombinação dos genes. 
 
A preferência pela reprodução sexuada ou assexuada é dada conforme: 
 A facilidade de germinação da semente. 
 O número de plantas que podem ser produzidas pelo método de propagação. 
 A importância da preservação dos caracteres agronômicos das plantas-matrizes. 
 
Os ciclos reprodutivos das plantas podem ser visualizados na Fig. 1, na qual 
estão especialmente destacadas: 
 
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Fase juvenil ou juvenilidade 
A fase juvenil, também denominada juvenilidade, é o período em que a planta tem 
pouca resposta aos estímulos indutores do florescimento (fotoperíodo, frio, 
fitohormônios e outros). 
Essa fase é um período de longa duração (2 anos ou mais), marcado pela ausência 
de produção e pela presença de algumas características, tais como espinhos, elevado 
vigor e morfologia diferenciada das folhas. 
 
Fase de transição 
Segue-se a essa etapa uma fase de transição, na qual há uma resposta parcial aos 
estímulos indutores, resultando na produção de poucas flores. 
 
Fase adulta 
Na fase adulta, há uma resposta plena a tais estímulos indutores, resultando em 
elevação da produção de frutas e de material propagativo, para fornecer estacas, gemas 
ou outras estruturas de propagação. 
Assim, plantas propagadas, vegetativamente, apresentarão uma fase improdutiva 
menor, na qual há uma área foliar insuficiente, para a percepção dos estímulos indutores 
do florescimento e para o sustento da produção de frutos. Uma vez superado esse 
estágio, a planta atingirá a fase reprodutiva ou adulta. Entretanto, se forem utilizados 
propágulos de plantas em fase juvenil ou de transição, será necessário superar a juve-
nilidade e alcançar a área foliar adequada, o que representa um período improdutivo 
mais longo. 
Quando uma planta é produzida por outro método de propagação, tal como a 
estaquia, a enxertia, a mergulhia e a micropropagação, em geral, o desenvolvimento 
segue a mesma seqüência daquela planta obtida por semente, descartando-se a etapa da 
germinação, embora a duração do período vegetativo seja menor. Essa menor duração 
da fase vegetativa, quando da reprodução assexuada, deve-se à utilização de material cal 
h ido em partes da planta-matriz, que já ultrapassaram a fase juvenil. 
 
Propagação sexuada 
É o processo onde ocorre a fusão dos gametas masculinos e femininos para formar uma 
só célula, denominada zigoto, no interior do ovário, após a polinização. Esses gametas 
podem ser provenientes de uma mesma flor, ou de flores diferentes de uma mesma 
planta (autopolinização) ou, ainda, de flores pertencentes a plantas diferentes 
(polinização cruzada). 
Do desenvolvimento do zigoto é produzida uma semente que originará uma nova 
planta, com genótipo distinto dos progenitores, devido à troca de informação genética 
na fecundação. Quando as plantas-matrizes são homozigotas e a autofecundação é 
predominante, os descendentes apresentarão características muito semelhantes às 
plantas que os originaram. 
Entretanto, como na natureza predomina a polinização cruzada, a segregação 
genética induzida pela reprodução sexual assume grande importância. 
Na reprodução sexuada, o embrião é, obrigatoriamente, proveniente do zigoto. 
Entretanto, no caso de sementes apomíticas, há formação de mais de um embrião, que 
podem ser oriundos, além do zigoto, de um conjunto de células do saco embrionário ou 
da nucela, com a mesma constituição genética do progenitor feminino. 
Mesmo que as técnicas de utilização de sementes apomíticas sejam semelhantes às 
da propagação sexuada, o método de propagação de plantas por apomixia é considerado 
por muitos autores como um processo de propagação assexuada. Esse processo é muito 
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comum em plantas cítricas, e sua utilização é limitada à obtenção de clones novos ou 
clones nucelares a partir de plantas que produzem sementes poliembriônicas (Fig. 2 e 
3). 
Na propagação por sementes, é comum o uso do termo seedling para designar 
plantas jovens propagadas dessemodo, que poderão ser utilizadas como porta-enxertos 
ou como pés-francos. 
 
 
 
 
 
A reprodução sexuada é o principal mecanismo de multiplicação das plantas 
superiores e de, praticamente, todos os angiospermas. A população proveniente da 
reprodução sexuada apresenta variabilidade genética, devido à segregação e à 
recombinação de genes. 
Em muitas espécies, esse tipo de propagação é o processo natural de disseminação. 
Mesmo que a variação das características entre os descendentes possa ser significativa, 
há casos em que a semente é a única forma de propagação viável. 
Quanto menor a manipulação de uma espécie pelo homem, tanto maior a 
significância desse tipo de reprodução, fato especialmente observado no caso de 
frutíferas nativas, pouco submetidas ao melhoramento genético. 
Em fruticultura, a propagação por sementes tem as seguintes 
finalidades: 
 Obter porta-enxertos ou cavalos. 
 Criar novas cultivares. 
 Formar mudas de espécies que suportam bem a propagação sexuada, 
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26 
conservando suas características. 
Para algumas espécies frutíferas, a propagação sexuada é ainda útil nos seguintes 
casos: 
 Na obtenção de clones nucelares (ou cultivares revigoradas, o que é comum em 
espécies cítricas). 
 Na obtenção de plantas homozigotas . 
 Na propagação de plantas que não podem ser multiplicadas por outro meio. 
A principal desvantagem da propagação por sementes, além da segregação 
genética nas plantas heterozigotas, que provoca dissociação de caracteres, é o longo 
período exigido por algumas plantas para atingir a maturidade. Contudo, existem 
exceções, como é o caso do maracujazeiro, cujo período improdutivo é semelhante entre 
plantas oriundas de propagação sexuada e assexuada. 
Uma das características da propagação por sementes é a variação que pode existir 
dentro de um grupo de plântulas. Na natureza, essa propriedade é importante, uma vez 
que torna possível a adaptação contínua de uma determinada espécie ao meio. Em cada 
geração, os indivíduos que estejam melhor adaptados a esse ambiente tendem a 
sobreviver e a produzir a geração seguinte. 
A propagação por sementes é um método eficiente para produzir plantas livres de 
doenças. Tem sido observado que vírus, nematóides e outros parasitas deletérios 
(nocivos) são comumente expurgados pela linha reprodutiva próxima à meiose ou pela 
meiose, e que, no entanto, são transmitidos e continuam a acumular em indivíduos de 
um done propagado vegetativamente. As sementes podem ser usadas como um filtro 
para algumas viroses, pois estas não se transmitem pela semente botânica, com algumas 
exceções. 
As vantagens e as desvantagens do uso da propagação sexuada em fruticultura 
encontram-se na Tabela 1. 
 
 
 
Plantas propagadas por sementes apresentam o fenômeno da juvenilidade, uma fase 
normalmente de longa duração, na qual a planta não responde aos estímulos indutores 
do florescimento. Plantas em estado juvenil tendem a apresentar características tais 
como a presença de espinhos, folhas lobuladas, ramos trepadores, fácil enraizamento e 
menor teor de RNA (ácido ribonucléico). Durante a juvenilidade, não há produção de 
frutos, o que acarreta um prolongamento do período improdutivo do pomar. 
O porte mais elevado pode representar uma desvantagem nas práticas de manejo 
do pomar, como na poda, no raleio, na colheita e em tratamentos fitossanitários. Além 
disso, a propagação sexuada pode induzir à desuniformidade das plantas e da produção, 
normalmente indesejadas em pomares comerciais. 
O desenvolvimento vigoroso e a maior longevidade das plantas, propagadas por 
sementes, podem estar associados à formação de um sistema radicular pivotante, mais 
vigoroso e mais profundo do que o sistema fasciculado, encontrado em plantas 
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propagadas por estacas. 
Muitos agentes causais de doenças, como vírus, bactérias, fungos e fitoplasmas 
não são transmitidos por meio das sementes, de modo que plantas obtidas por 
propagação sexuada tendem a apresentar melhor condição fitossanitária. 
Mesmo que a longevidade de plantas propagadas por sementes seja maior, um 
inconveniente da utilização dessas como porta-enxertos é o condicionamento da vida 
útil da copa a uma baixa longevidade do porta enxerto. Isso ocorre na enxertia de 
ameixeira sobre pessegueiro, na qual a vida útil da ameixeira, normalmente de 30 anos, 
fica reduzida a 15 anos, que é a vida útil do pessegueiro (porta-enxerto). 
 
Propagação assexuada 
A propagação assexuada, vegetativa ou agâmica é o processo de multiplicação que 
ocorre por mecanismos de divisão e diferenciação celular, por meio da regeneração de 
partes da planta-mãe. 
Esse tipo de propagação baseia-se nos seguintes princípios: 
 
Totipotencialidade 
As células da planta contêm toda a informação genética necessária para a 
perpetuação da espécie (totipotencialidade). 
 
Regeneração de células 
As células somáticas e os tecidos apresentam a capacidade de regeneração de 
órgãos adventícios. 
A propagação vegetativa consiste no uso de órgãos da planta, sejam eles estacas 
da parte aérea ou da raiz, gemas ou outras estruturas especializadas, ou ainda 
meristemas, ápices caulinares, calos e embriões. Assim, um vegetal é regenerado a 
partir de células somáticas, sem alterar o genótipo, devido à multiplicação mitótica. 
O uso desse tipo de propagação permite a formação de um clone, grupo de plantas 
provenientes de uma matriz em comum, ou seja, com carga genética uniforme e com 
idênticas necessidades edafodimáticas, nutricionais e de manejo. 
Enquanto em fruticultura a propagação sexuada tem importância restrita, a 
propagação assexuada é largamente utilizada na produção de mudas. Isso se deve à 
necessidade de se garantir a manutenção das características varietais, que determinam o 
valor agronômico do material a ser propagado, em espécies de elevada heterozigose, 
como as frutíferas. 
A utilização da propagação assexuada diz respeito à multiplicação, tanto de porta-
enxertos, quanto da cultivar-copa. A importância e a viabilidade da utilização da 
propagação assexuada são uma função da espécie ou da cultivar, da capacidade de 
regeneração de tecidos (raízes ou parte aérea), do número de plantas produzidas, do 
custo de cada processo e da qualidade da muda formada. 
De modo geral, o uso da propagação assexuada justifica-se nos seguintes casos: 
 Propagação de espécies e cultivares que não produzem sementes viáveis, como, 
por exemplo, limão-tahiti, laranja-de-umbigo e figueira. 
 Perpetuação de clones, pois as frutíferas são altamente heterozigotas e 
perderiam suas características com a propagação sexuada. 
A escolha do método a ser utilizado depende da espécie e do objetivo do 
propagador. Basicamente, um bom método de propagação deve ser de baixo custo, fácil 
execução e proporcionar um elevado percentual de mudas obtidas. 
Dada a sua larga utilização na multiplicação de plantas frutíferas, a propagação 
assexuada apresenta diversas vantagens, que a torna, muitas vezes, mais viável que a 
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propagação sexuada. 
São vantagens da propagação assexuada: 
 Permitir a manutenção do valor agronômico de uma cultivar ou done, pela 
perpetuação de seus caracteres. 
 Possibilitar que se reduza a fase juvenil, uma vez que a propagação vegetativa 
mantém a capacidade de floração pré-existente na planta-mãe. Assim, há 
redução do período improdutivo. 
 Permitir a obtenção de áreas de produçãouniformes devido à ausência de 
segregação genética. Assim, plantas obtidas por propagação assexuada 
apresentam maior uniformidade fenológica, bem como resposta idêntica aos 
fatores ambientais, o que permite uma definição mais fácil das práticas de 
manejo a serem executadas no futuro pomar. 
 Permitir a combinação de clones, especialmente quando a enxertia é utilizada. 
Como desvantagens da propagação assexuada, podem ser apontadas: 
 A possibilidade de transmissão de doenças, especialmente as causadas por vírus 
e fitoplasmas. 
 A possibilidade de contaminação do material utilizado na propagação 
vegetativa (estacas, ramos e gemas) por vetores ou pelo uso de ferramentas. 
 O uso prolongado das mesmas plantas-matrizes aumenta o risco de propagação 
de doenças. 
 Os patógenos associados à propagação vegetativa induem fungos (Phytophthora 
sp., Pythium sp., Rhizoctonia sp.), bactérias (Erwinia sp., Pseudomonas sp. e 
Agrobacterium tumefasciens), vírus e fitoplasmas. 
Ainda que a manutenção dos caracteres seja citada como uma vantagem, pode 
ocorrer, ao longo do tempo, uma mutação das gemas, podendo ser gerado um clone 
diferenciado e de menor qualidade que a planta-matriz. Entre plantas de um clone, 
podem ocorrer mudanças que resultam em degenerescência e variabilidade do mesmo. 
A exposição a um ambiente continuamente desfavorável pode conduzir à 
deterioração progressiva do done, manifestada em perda gradual do vigor e da 
produtividade, ainda que o genótipo básico não se altere. A degenerescência do done é 
causada, principalmente, por doenças de natureza virótica. O uso inadvertido das 
mesmas matrizes, sem que uma prévia indexagem tenha sido realizada, aumenta o risco 
de propagação de doenças e de degenerescência do done. 
Além disso, a replicação do DNA (ácido desoxirribonucléico), durante a divisão celular 
no meristema, pode resultar em alterações no genótipo e originar mutações. Na 
variabilidade de um c1one, o efeito da mutação depende da taxa de mutação e da 
extensão que as células oriundas da célula mutante original ocupam dentro do 
meristema. Entretanto, como as células do meristema são relativamente estáveis e 
menos sujeitas a mutações, a significância das mutações, em boas condições 
fitossanitárias, é reduzida. 
A ausência de variabilidade gerada no c10ne pode levar a problemas na futura área 
de produção, aumentando o risco de danos em todas as plantas por problemas climáticos 
ou fitossanitários, uma vez que foram fixadas todas as características varietais e todas as 
plantas têm a mesma combinação genética. 
As principais vantagens e desvantagens da propagação assexuada são resumidas na 
Tabela 2. 
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29 
 
 
Geralmente, espécies frutíferas que se propagam, assexuadamente, são altamente 
heterozigotas e segregam amplamente, quando se reproduzem por via sexuada. Assim, a 
propagação assexuada é imprescindível em casos onde há interesse em se manter a 
identidade do genótipo, ou seja, obter-se um número infinito de plantas, com a mesma 
constituição genética, a partir de um único indivíduo. 
A propagação assexuada é especial mente útil para manter a constituição genética 
de um c10ne ao longo das gerações. O clone é definido por Hartmann et ai. (1990) 
como "o material geneticamente uniforme derivado de um só indivíduo e que se 
propaga de modo exclusivo, por meios vegetativos como estacas, divisões ou enxertos". 
O clone também pode ser conceituado como "um grupo de organismos que 
descendem por mitoses de um antecessor comum". Como o fenótipo de um indivíduo é 
resultante da interação do genótipo com o ambiente, plantas de um mesmo c10ne 
podem ter diferentes aspectos, em função do clima, do solo e do manejo das plantas. 
Um dos problemas sérios apresentados pela propagação vegetativa é o chamado 
envelhecimento dos clones, fenômeno causado pelo acúmulo de diversos tipos de 
vírus, responsáveis pela perda de vigor e da produtividade dos clones. 
Nesse caso, algumas das soluções que podem ser apontadas, são: o cultivo de 
meristemas, a termoterapia e podas drásticas na planta-matriz, a fim de estimular a 
produção contínua de brotações juvenis para propagações subseqüentes, entre outros, 
bem como o uso associado desses métodos. 
Um meio de se preservar o clone e de se eliminar um vírus é proporcionado pelo 
cultivo de plântulas apomíticas, como tem sido usado em citrus, para obtenção de 
plântulas nucelares, que são a base de novas estirpes, livres de vírus, de variedades 
antigas que se encontram fortemente afetadas por viroses. 
Uma vez testados e aprovados, os clones podem ser mantidos em . jardins clonais, 
que seriam a fonte de material vegetativo para uso subseqüente, sem a necessidade de se 
coletar propágulos de indivíduos mais idosos e o conseqüente risco de transmissão de 
doenças. Esses jardins clonais devem ser mantidos em condições que impeçam a 
contaminação e que permitam esdarecer qualquer mudança em relação ao tipo original. 
Durante as diferentes fases do crescimento vegetativo de um done, ocorrem 
milhares de divisões celulares. Quanto maior o período em que o done é multiplicado, 
maior o risco de alterações genéticas. 
A propagação vegetativa dos indivíduos superiores, em grande escala, 
proporciona vantagens no manejo dos pomares, em função da uniformidade dos tratos 
culturais requeridos e da qualidade da matéria-prima produzida. 
Assim como na propagação assexuada, a escolha das matrizes é fundamental para 
o sucesso da propagação e para a qualidade da muda. As plantas-matrizes devem ser 
obtidas em órgãos oficiais de pesquisa (Embrapa, empresas estaduais de pesquisa, 
universidades, dentre outros) ou em empresas idôneas, e caso haja tecnologia 
adequada, no próprio Viveiro. 
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30 
Materiais importados devem ser submetidos a quarentena, atividade de 
responsabilidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e de órgãos de 
pesquisa a ele vinculados. Uma vez obtido, o material deve ser testado (caso isso não 
tenha sido feito previamente), para verificar se não está contaminado por pragas ou 
doenças, principalmente por viroses . A verificação da ocorrência de virose numa planta 
matriz pode ser por meio de três técnicas: 
 Indexação por inoculação mecânica sobre plantas herbáceas. 
 Indexação por enxertia em plantas indicadoras. 
Indexação por meio de testes soro lógicos, como o teste de Elisa (Enzyme Linked 
Immunoabsorbant Assay). 
A obtenção de material livre de doenças pode ser feita por termoterapia 
(tratamento com ar quente a uma temperatura de 35°C a 43°C por um tempo variável 
entre 7 a 32 dias, dependendo da virose). 
A cultura de meristemas in vitro é outra técnica de larga utilização, sendo que os 
meristemas podem ser extraídos de plantas submetidas à termoterapia. A micro enxertia 
é também outra técnica bastante eficiente, na qual se utiliza um meristema como 
enxerto (ou cavaleiro) sobre uma plântula, sob condições in vitro. 
 A propagação assexuada pode ser realizada por meio de diversos métodos, sendo 
os principais os seguintes: 
 Estaquia e microestaquia. 
 Enxertia e microenxertia. 
 Uso de estruturas especializadas. 
 Mergulhia. 
 
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31 
Propagação por Sementes 
 
A propagação por sementes tem aplicação relativamente restrita na fruticultura, embora 
tenha tido grande utilização no passado. As principais limitações do uso comercial da 
propagação por sementes são a juvenilidade, o vigor elevado ea variabilidade genética, 
mesmo entre plantas originadas da mesma planta-matriz. 
Entretanto, a propagação comercial por sementes é de grande importância: 
 Na produção de porta-enxertos (citros e pessegueiro). 
 Em casos em que a semente é a única forma viável de propagação (mamoeiro, 
coqueiro, maracujazeiro, etc.). 
 Em espécies em fase inicial de exploração comercial, como é o caso das 
frutíferas nativas. 
 
Fatores que afetam a germinação das sementes 
A germinação abrange todo o processo que vai desde a ativação dos processos 
metabólicos da semente até a emergência da radícula e da plúmula (ápice do eixo do 
embrião ou da plântula dos vegetais com sementes). O percentual de germinação 
depende de fatores internos e externos. Como fatores internos, podem ser citados o 
estado de dormência, a qualidade da semente e o potencial de germinação da espécie. 
Os fatores externos mais importantes são água, temperatura, gases e luz 
(FACHINELLO et ai., 1995; HOFFMANN et ai., 1998; SAMPAIO et ai., 1996). 
Dormência 
A dormência representa uma condição em que o conteúdo de água nos tecidos é 
pequeno e o metabolismo das células é praticamente nulo, permitindo que a semente 
seja mantida sem germinar por um período relativamente longo. 
Segundo Hartmann et ai. (1990), a dormência pode ser classificada 
em: 
 
Dormência devida aos envoltórios da semente 
Dormência física - A testa ou partes endurecidas dos envoltórios da semente são 
impermeáveis à água, mantendo-a dormente (quiescente) devido ao seu baixo conteúdo 
de umidade. 
Dormência mecânica - Os envoltórios impõem uma resistência mecânica à 
expansão do embrião. Em geral, a dormência mecânica está associada com outras 
causas de dormência, como a física. 
Dormência química - Determinada por substâncias inibidoras da germinação, tais 
como fenóis, cumarinas e ácido abscísico; essas substâncias estão associadas ao fruto 
ou aos envoltórios da semente, como acontece nas sementes de cultivares precoces de 
pessegueiro. 
 
Dormência morfológica 
Embrião rudimentar - Quando o embrião é pouco mais do que um pró-embrião 
envolvido por um endosperma. 
Embrião não-desenvolvido - Quando, na maturação do fruto, o embrião 
encontra-se parcialmente desenvolvido. Um crescimento posterior do embrião dar-se-á 
após a maturação e a senescência do fruto. 
 
Dormência interna 
Dormência fisiológica - É comum na maioria das plantas herbáceas. 
Ocorre devido a mecanismos internos de inibição e tende a desaparecer com o 
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32 
armazenamento a seco. Existem dois casos especiais de dormência fisiológica: 
 Dormência térmica - A germinação é inibida em temperaturas superiores a um 
limite variável conforme a espécie . 
 
Fotodormência - Ocorre em espécies cujas sementes necessitam de escuridão para 
germinarem. Nesse caso, não há germinação na presença de luz. Dormência interna 
intermediária - É característica de coníferas e é induzida pela presença dos envoltórios, 
ou tecidos de armazenamento da semente. 
 Dormência do embrião - Ocorre quando o embrião é incapaz de germinar 
normalmente, mesmo que separado da semente . 
 Dormência do epicótilo - Ocorre quando a exigência do epicótilo, para 
germinação, é diferenciada do embrião em relação à temperatura ou 
fitohormônios. 
 
Qualidade da semente 
A qualidade da semente pode ser expressa por dois parâmetros: viabilidade e 
vigor. A viabilidade é expressa pelo percentual de germinação, o qual indica o número 
de plantas produzidas por um dado número de sementes. O vigor é definido como sendo 
a soma de todos os atributos da semente, que favorecem o estabelecimento rápido e 
uniforme de uma população no campo. 
Uma semente em senescência caracteriza-se por apresentar uma diminuição 
gradual do vigor e subseqüente perda da viabilidade. 
 
Potencial de germinação da espécie 
As sementes da maioria das plantas perenes apresentam dificuldade de 
germinação, requerendo a utilização de métodos de superação dá dormência. Na 
maioria das vezes, a diferença de potencial de germinação entre espécies e cultivares é 
devida à interação, entre os diversos fatores, que podem afetar a viabilidade da semente. 
Não somente a germinação é influenciada pelo fator genético, como também pelo vigor 
e pela longevidade. 
 
Água 
A água é necessária para ativação do metabolismo da semente no momento da 
germinação. O teor de água mínimo para germinação depende da espécie, variando 
entre 40% e 60%, com base no peso da semente ainda fresca. 
 
Temperatura 
É o fator mais importante para a germinação, pois exerce influência nas reações 
metabólicas, afetando, também, o cresci mento das plântulas. Conforme a espécie, as 
temperaturas mínimas, ótimas e máximas são bastante variáveis, sendo que a 
temperatura ótima, para a maioria das sementes que não se encontram em repouso, varia 
de 25°C a 30°C. Temperaturas alternadas são geralmente mais favoráveis do que tem-
peraturas constantes. 
 
Gases 
Geralmente, o oxigênio favorece a germinação, por ativar o processo da 
respiração. Contudo, o CO2, em concentrações elevadas, pode impedir ou dificultar o 
desencadeamento desse processo. 
 
Luz 
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33 
O efeito da luz sobre a germinação das sementes é variável de espécie para 
espécie, ainda que sempre favoreça o crescimento das plântulas. A germinação das 
sementes da grande maioria das plantas cultivadas não é afetada pela luz. Contudo, 
sementes de muitas plantas daninhas apresentam exigências variáveis de luz, sendo 
algumas favorecidas e outras inibidas pela presença desta. A presença ou a ausência de 
luz só é efetiva após a embebição da semente e atua na remoção de um bloqueio no 
metabolismo do embrião. 
 
Técnicas de propagação sexuada 
Para o uso adequado da reprodução sexuada, alguns cuidados devem ser tomados, 
desde a escolha das plantas-matrizes até o manejo das mudas. 
 
Escolha das plantas-matrizes 
As plantas-matrizes são aquelas destinadas ao fornecimento de sementes. Para a 
escolha de uma planta-matriz, devem-se considerar alguns critérios, tais como vigor, 
sanidade, regularidade de produção, qualidade e quantidade dos frutos, idade e 
representatividade da espécie. Além disso, é necessário que se escolham plantas com 
fenótipo o mais próximo possível de um padrão desejado. 
Características relacionadas ao hábito de ramificação, taxa de crescimento, 
resistência a pragas e doenças, e comportamento fenológico são parâmetros importantes 
na seleção de uma planta-matriz. Tais parâmetros são de suma importância quando se 
quer obter uma população relativamente uniforme, com características adequadas. Para 
tanto, é recomendável que se mantenha um bloco de plantas-matrizes no qual sejam 
registradas informações sobre esses parâmetros. 
No caso específico do pessegueiro, é desejável o uso de sementes provenientes de 
cultivares tardias ou de meia-estação, visto que as cultivares precoces apresentam 
menor período para o desenvolvimento do embrião. O uso de cultivares precoces, como 
matrizes, pode acarretar baixos percentuais de germinação, além da formação de 
plântulas anormais e com acentuada variação no porte. 
 
Escolha dos frutos 
A exemplo da escolha das plantas-matrizes, a escolha dos frutos também deve 
obedecer a alguns critérios, como sanidade e maturação. Como regra geral, os frutos 
atacados por doenças, pragas, ou caídos no chão devem ser descartados, a fim de se 
evitar uma possível contaminação das sementes. Os frutos também devem ter atingido a 
maturação fisiológica, de maneira que as sementes encontrem-se completamente 
desenvolvidas. 
 
Extração das sementes 
Geralmente, no momentoda colheita, as sementes estão envoltas pelos frutos, que 
de acordo com suas características, são divididos em dois grandes grupos: secos e 
carnosos. Os frutos secos liberam as sementes por deiscência, ou por decomposição das 
paredes. 
Quando um fruto carnoso é formado por um ou mais carpelos, contendo uma ou 
mais sementes, como é o caso da uva, da maçã, da pêra, dos citros, do caqui, entre 
outros, é genericamente chamado de baga. 
Quando um fruto é formado por um único carpelo, que contém no seu interior uma 
só semente, como o pêssego e a ameixa, é chamado de drupa. 
Para extração das sementes de frutos carnosos, esses devem estar maduros, a fim 
de facilitar a separação da polpa e da semente. Deve-se tomar cuidado para não deixar 
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34 
restos de polpa aderidos à semente, porque uma vez decompostos e fermentados, podem 
provocar sérios danos ao poder germinativo. 
Caroços com polpa aderida e mantidos amontoados podem ter. sua temperatura 
aumentada, em virtude da fermentação, a ponto de prejudicar a viabilidade do embrião, 
reduzindo o poder germinativo das sementes. Por sua vez, em algumas espécies, uma 
ligeira fermentação da polpa pode facilitar a retirada das sementes, como acontece com 
caroços de pêssego. 
o intervalo compreendido entre a coleta das sementes e a semeadura deve ser o 
menor possível, para permitir alto percentual de germinação. Entretanto, se necessário, 
o armazenamento dessas sementes pode ser feito em locais úmidos e com baixas 
temperaturas, para que haja a maturação fisiológica ou a superação da dormência. Essa 
prática é muito utilizada em caroços de pessegueiro e em sementes de macieira e de 
pereira. 
 
Escolha das sementes 
Entre outros fatores, devem-se considerar, principalmente, o tamanho e a sanidade 
das sementes. Dentro de uma espécie, geralmente sementes de maior tamanho 
apresentam maior quantidade de substâncias de reserva, com reflexos positivos no vigor 
da planta. Com relação à sanidade, sementes atacadas por pragas ou doenças podem ter 
a germinação comprometida, bem como a sanidade das plântulas. 
 
Conservação das sementes 
A finalidade da conservação das sementes é manter sua viabilidade pelo maior 
tempo possível, permitindo a semeadura na época mais adequada/ e garantindo a 
manutenção do germoplasma na forma de semente. 
A viabilidade após o armazenamento é resultante dos seguintes fatores: 
Viabilidade inicial na colheita - Determinada por fatores de produção e métodos 
de manejo. No caso de sementes que não requerem superação de dormência, o 
armazenamento pode, no máximo, manter a qual idade das mesmas. 
Taxa de deterioração das sementes - Também denominada de taxa de trocas 
fisiológicas ou envelhecimento. Essa taxa é determinada pelo potencial genético de 
conservação da espécie e pelas condições de armazenamento, principalmente 
temperatura e umidade. 
A durabilidade da semente é bastante variável com a espécie. Podem ser 
encontradas espécies cujas sementes perdem rapidamente seu poder germinativo em 
condições naturais, como outras que mantêm o poder germinativo por longos períodos. 
As sementes de citros, armazenadas em condições normais, perdem rapidamente 
seu poder germinativo devido à desidratação dos tecidos. Sementes com embriões 
dormentes, como macieira, pereira e videira, possuem maior capacidade de 
conservação, mesmo em ambiente natural. 
É conveniente lembrar que, quanto maior for o período de armazenamento da 
semente, maior será o consumo das substâncias de reserva, resultando assim numa 
redução do vigor do embrião. 
As características das sementes podem determinar seu potencial de conservação. 
Sementes amiláceas geralmente apresentam maior longevidade do que sementes 
oleaginosas. Além disso, sementes com embriões dormentes e envoltório impermeável 
apresentam maior tempo de conservação. 
Em se tratando de condições ambientais, a relação umidade/temperatura é muito 
importante na redução da taxa de respiração. Para a maioria das espécies, ambientes 
com baixa umidade e baixas temperaturas oferecem condições adequadas para 
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35 
prolongar a conservação das sementes. Além disso, a modificação da atmosfera de 
armazenamento, especialmente na redução do teor de oxigênio, mostra-se favorável à 
manutenção do poder germinativo da semente. 
No que se refere à umidade da semente, acima de 8% a 9% de umidade, insetos 
podem entrar em atividade; acima de 12 % a 14%, fungos podem tornar-se ativos; 
acima de 18% a 20%, pode ocorrer aquecimento devido à fermentação; e acima de 40% 
a 60%, ocorre germinação. Caso a semente seja tolerante à desidratação, é importante 
que seja mantida em baixa umidade. 
As baixas temperaturas prolongam a vida das sementes, sendo que em 
temperaturas de 0° a 45°C, cada diminuição de 5°C duplica a vida de armazenamento 
dessas sementes. 
 
Superação da dormência 
o tratamento para superação da dormência varia de acordo com o tipo de 
dormência que a semente apresenta. 
 
Aumento da permeabilidade dos envoltórios 
É utilizado quando a causa da dormência é a impermeabilidade do tegumento da 
semente. A escarificação é o método indicado para tornar os envoltórios da semente 
mais permeáveis à entrada de água e às trocas gasosas, bem como facilitar a emergência 
da radícula ou da plúmula, podendo ser feita por métodos físicos, químicos ou 
mecânicos. 
Método físico - Consiste na imersão da semente em água quente, entre 6SOC e 
8SoC, durante Sal O minutos. A temperatura elevada diminui a resistência dos 
envoltórios e facilita a germinação. 
Método químico - Consiste no tratamento das sementes com hidróxido de sódio 
ou de potássio, formol e ácido clorídrico ou sulfúrico, geralmente por um período entre 
10 minutos até 6 horas, conforme a espécie. Assim, os tegumentos são desgastados e a 
germinação é facilitada. É importante que sejam eliminados todos os resíduos de ácido 
que, aderidos à semente, podem prejudicar a germinação, o que pode ser feito por meio 
de lavagem em água corrente. 
Método mecânico - Esse método consiste no uso de uma superfície abrasiva, 
agitação em areia ou pedra ou na quebra dos envoltórios, como no caso das sementes de 
pessegueiro, que podem ser extraídas quebrando se os caroços com um torno manual, 
conforme Fig. 1. Deve-se ter cuidado para que o embrião não seja danificado. As 
sementes escarificadas tornam se mais sensíveis ao ataque de patógenos. 
 
 
 
Fig. 1. Extração de sementes de pessegueiro com o uso de torno manual. 
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36 
Maturação do embrião 
Destina-se a superar a dormência da semente, por meio do amadurecimento do 
embrião, ou do estabelecimento de um balanço hormonal favorável à germinação. Isso é 
obtido pelo armazenamento das sementes em ambiente úmido e frio, por um 
determinado período (estratificação). 
Geralmente, o meio adequado para a estratificação é aquele que retém adequado teor de 
umidade e não contém substâncias tóxicas. Como exemplos, podem-se citar o solo, a 
areia lavada, o musgo, a vermiculita e a serragem, ou a mistura desses. Camadas de 
sementes são intercaladas com camadas de substrato à temperatura ambiente, ou em 
câmaras refrigeradas, com temperaturas entre 0°C e 10°e. 
a período de armazenamento varia conforme a espécie, sendo que para a maioria, 
esse período é compreendido entre 1 e 4 meses. 
Durante a estratificação, deve-se ter cuidado com o teor de umidade do substrato e 
com a eventual germinação das sementes, antes queo período previsto para a 
estratificação das mesmas se expire. 
Em variedades precoces, nas quais o embrião não está completamente 
desenvolvido no período em que ocorre a maturação do fruto, muitas vezes é necessário 
cultivar o embrião em meio de cultura adequado, permitindo que seu desenvolvimento 
seja completado. Esse processo é utilizado em cultivares precoces de pessegueiro que 
se destinam ao melhoramento genético, bem como no melhoramento genético de uvas 
sem sementes. 
 
Manejo das sementes e das sementeiras 
Antes da semeadura em viveiro, é importante que se adote um tratamento das 
sementes com fungicida ou hipoclorito de sódio. Assim, é possível minimizar a 
ocorrência de doenças que possam vir a prejudicar as plântulas. 
A sementeira deve estar localizada fora da área de produção, de preferência em 
terreno bem drenado, com pequena declividade, com plena exposição à luz e boa 
disponibilidade de água para irrigação. A má drenagem favorece a ocorrência de uma 
doença denominada dumping off que afeta a germinação e a sobrevivência das plantas 
jovens, provocando queda perece. Na verdade, essa doença é causada por fungos 
pertencentes aos gêneros Pythium, Rhizoctonia e Phytophthora, agentes também 
causadores de outras doenças de sementeiras. 
É recomendável o uso de áreas submetidas a uma prévia rotação de culturas, como 
forma de reduzir o potencial de inóculo de doenças. Não é aconselhável o uso de uma 
mesma área como sementeira, por mais de 2 anos. 
O tratamento do solo é útil para reduzir a incidência de patógenos nas futuras plantas, 
especialmente considerando-se a sensibilidade das mesmas no estágio de plântula. Esse 
tratamento pode ser feito com o uso de solarização (tratamento que consiste na 
cobertura do solo com filme plástico, sob insolação, para aumento da temperatura), uso 
de calor (por aquecimento direto, vapor d'água ou tratamento em autoclaves de alta 
pressão), uso de fungicidas ou de agentes de controle biológico (Trichoderma, por 
exemplo). 
Em alguns casos, pode ocorrer a esterilização completa do solo, o que pode ser 
inadequado, considerando-se que organismos benéficos também são eliminados pelos 
tratamentos. O tratamento do solo será tanto mais eficiente quanto melhor a qualidade 
sanitária do substrato empregado. 
A semeadura pode ser feita em covas, diretamente na embalagem, a lanço ou em 
linha. A semeadura em linha é a mais utilizada em grandes viveiros de pessegueiro e de 
citros. A quantidade de sementes a ser utilizada deve ser de 3 a 4 vezes o número 
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37 
desejado de plantas, para permitir uma seleção rigorosa. Contudo, deve-se evitar uma 
densidade muito elevada de plântulas, para que não ocorra redução do tamanho e do 
vigor, obtendo-se plantas com sistema radicular pouco desenvolvido. 
A cobertura das sementes pode ser feita com solo ou areia, e a cobertura do 
canteiro com uma fina camada de palha. O objetivo da cobertura com palha é impedir o 
crescimento de plantas invasoras e conservar a umidade do solo. A palha deve ser 
removida pouco tempo antes da emergência das plântulas. 
Cuidados especiais devem ser dispensados no que se refere à irrigação, 
considerando-se a exigência de água para o processo da germinação e a sensibilidade 
das plântulas à falta de umidade do solo. 
A irrigação deve ser feita por aspersão, com uso de regadores ou de qualquer outro 
sistema de irrigação, no caso de sementeiras de maior porte. O controle da umidade 
pode ser feito por avaliação visual, uso de trados, tensiômetros ou pela estimativa da 
evapotranspiração. 
O controle de plantas invasoras pode ser feito por métodos químicos' ou 
mecânicos. A distância entre as linhas deve possibilitar a utilização de implementos 
agrícolas, e o uso de herbicidas pode ser feito em pré ou pós-emergência. Para definir a 
forma de controle das plantas invasoras, deve-se considerar a viabilidade econômica de 
cada método, e a sensibilidade das plantas aos herbicidas. 
De acordo com a espécie e o tempo de permanência na sementeira, é aconselhável 
proceder a adubação de correção e de cobertura. Conforme a exigência da espécie, é 
importante que o pH seja corrigido, com o uso de calcário. 
Se a adubação nitrogenada for necessária, deve ser feita com cautela, pois 
aplicações em excesso podem criar um desequilíbrio nutricional, que resulta em excesso 
de crescimento e elevada suscetibilidade a pragas e doenças. Por sua vez, elevadas 
concentrações de sais, produzidas por excesso de fertilizantes, inibem a germinação. 
Dada a sensibilidade das plântulas e a elevada densidade na sementeira, é 
necessário que se adotem medidas eficientes de monitoramento e controle de pragas e 
doenças. A partir da sementeira, assim que as mudas atinjam um crescimento 
satisfatório, são submetidas a uma seleção por tamanho, visando obter-se um padrão 
adequado das plantas destinadas ao viveiro, quando estarão colocadas em maiores espa-
çamentos. 
No viveiro, as plantas poderão ser utilizadas como porta-enxertos ou como mudas 
destinadas à formação de pomares. No caso de mudas, é necessário selecionar as plantas 
próximas a um padrão característico da planta-mãe. 
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38 
Propagação Vegetativa por Estaquia 
 
Introdução 
Estaquia é o termo utilizado para denominar o método de propagação, no qual 
ocorre a indução do enraizamento adventício em segmentos destacados da planta-mãe 
que, uma vez submetidos a condições favoráveis, originam uma muda. 
A estaquia baseia-se no princípio de que é possível regenerar uma planta, a partir 
de uma porção de ramo ou folha (regeneração de raízes), ou de uma porção de raiz 
(regeneração de ramos). Assim, a partir de um segmento, é possível formar-se uma nova 
planta. 
Entende-se por estaca, qualquer segmento da planta capaz de formar raízes 
adventícias e de originar uma nova planta. 
A estaquia é um dos principais métodos utilizados na multiplicação de plantas 
frutíferas. Inúmeras espécies de interesse comercial podem ser propagadas por esse 
método, destacando-se a produção direta de mudas de figueira, goiabeira, e a 
propagação de porta-enxertos de videira. 
Em espécies não comumente propagadas por outros métodos (sementes, mergulhia 
ou enxertia), a estaquia pode ser uma alternativa viável na produção de mudas. 
Na propagação comercial, a viabilidade do uso da estaquia é função da facilidade 
de enraizamento de cada espécie ou cultivar, da qualidade do sistema radicular formado 
e do desenvolvimento posterior da planta na área de produção. Muitas espécies de 
folhas caducas - como é o caso do pessegueiro e da ameixeira - não são propagadas 
comercialmente, por meio de estacas. 
Contudo, combinando-se uma ou mais técnicas auxiliares, como a nebulização 
intermitente, a aplicação de fitorreguladores, o anelamento, o estiolamento, a dobra dos 
ramos, entre outras, os resultados poderão ser satisfatórios e viáveis na maioria das 
espécies frutíferas. 
Geralmente, as aplicações da estaquia são: 
 Multiplicação de variedades ou espécies com aptidão para emitir raízes 
adventícias. 
 Produção de porta-enxertos c1onais. 
 Perpetuação de novas variedades oriundas de processos de melhoramento 
genético. 
 
Vantagens e desvantagens 
Como vantagens da estaquia, podem ser destacadas: 
 Permite que se obtenham muitas plantas a partir de uma única planta-matriz, em 
curto espaço de tempo. 
 É uma técnica de baixo custo e de fácil execução. 
 Não apresenta problemas de incompatibilidade entre o enxerto e o porta-
enxerto. 
 Plantas produzidas com porta-enxertos, originados de estacas, apresentam maior 
uniformidade do que plantas enxertadassobre mudas oriundas de sementes. 
A propagação por estacas, praticamente, não apresenta inconvenientes. Entretanto, 
nem sempre é viável, especialmente quando a espécie ou cultivar apresenta baixo 
potencial genético de enraizamento, resultando em pequena percentagem de mudas 
obtidas. 
Por sua vez, mesmo que haja formação de raízes, seu desenvolvimento pode ser 
insuficiente e o percentual de mudas que sobrevivem após o plantio, no viveiro, pode 
ser muito baixo. Nesses casos, ainda que seja possível produzir estacas enraizadas, 
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39 
deve-se dar preferência a outros métodos de propagação assexuada. 
Classificação 
Há várias classificações para as estacas, estabelecidas por diversos autores, 
adotando-se diferentes critérios (Fig. 1). 
Quanto à época de coleta, as estacas podem ser classificadas em: 
Herbáceas - São obtidas no período de crescimento vegetativo (primavera/verão), 
quando os tecidos apresentam alta atividade meristemática e baixo grau de lignificação 
(Fig. 2). 
 
 
Para alguns autores, são consideradas como estacas herbáceas aquelas com folhas 
e com tecidos ainda não lignificados, como no caso de estacas com folhas da goiabeira. 
Semilenhosas - Quando obtidas no final do verão e início do outono. 
Em geral, o termo refere-se a estacas com folhas, porém mais lignificadas que as 
estacas herbáceas. Entretanto, alguns autores consideram estacas semi-lenhosas aquelas 
que provêm de ramos não-lignificados, oriundos de plantas lenhosas. 
 
Lenhosas - São obtidas no período de dormência (inverno), quando as estacas 
apresentam a maior taxa de regeneração potencial e são altamente lignificadas. 
 
 
A preferência por um ou outro tipo de estaca depende da espécie, da facilidade de 
enraizamento e da infra-estrutura do viveirista. Este último item refere-se, 
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40 
especialmente, ao fato de que o uso de estacas semi-lenhosas e herbáceas requer 
instalações com nebulização intermitente, que não são necessárias quando se utilizam 
estacas lenhosas. 
 
Princípios anatômicos do enraizamento 
No momento em que uma estaca é preparada, esta consiste de uma ou mais gemas 
(sistema aéreo em potencial) e de uma porção de tecido diferenciado, aéreo ou 
subterrâneo, sem o sistema radicular formado. As raízes formadas na estaca serão, 
portanto, uma resposta ao traumatismo produzido pelo corte. Assim, dois aspectos são 
fundamentais no enraizamento de estacas: 
Desdiferenciação - Processo pelo qual células de um tecido já diferenciado 
retornam à atividade meristemática e originam um novo ponto de crescimento. 
Totipotência - Capacidade de uma só célula originar um novo indivíduo, uma vez 
que ela contém toda a informação genética necessária, para reconstituir todas as partes 
da planta e suas funções. 
Com o preparo da estaca, há uma lesão dos tecidos, tanto de células do xilema, 
quanto do floema. Esse traumatismo é seguido de cicatrização, que consiste da 
formação de uma capa de suberina, que reduz a desidratação na área danificada. 
Geralmente, nessa área, há a formação de uma massa de células parenquimatosas que 
constituem um tecido pouco diferenciado, desorganizado e em diferentes etapas de 
lignificação, denominado calo. 
O calo é um tecido cicatricial, que pode surgir a partir do câmbio vascular, do 
córtex ou da medula, cuja formação representa o início do processo de regeneração. As 
células que se tornam meristemáticas dividem se e originam primórdios radiculares. 
Depois, células adjacentes ao câmbio e ao floema iniciam a formação de raízes 
adventícias (Fig. 3). 
Pode-se dividir a formação de raízes adventícias em duas fases. 
A primeira fase é de iniciação, caracterizada pela divisão celular. Em seguida, vem a 
fase de diferenciação das células num primórdio radicular, que resulta no crescimento 
da raiz adventícia. Geralmente, esses processos ocorrem em seqüência. 
 
Durante a iniciação das raízes, quatro etapas de modificações morfológicas 
podem ser citadas: 
 Desdiferenciação de algumas células adultas. 
 Diferenciação de algumas células em primórdios de raízes próximas aos feixes 
vasculares. 
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 Formação de primórdios radiculares. 
 Desenvolvimento dos primórdios e emergência, por meio do córtex e epiderme 
da estaca, das raízes adventícias, acompanhada da sua conexão com o sistema 
vascular da estaca. 
O local de emissão dos primórdios radiculares é bastante variável, conforme a 
espécie e o tipo de estaca. Em estacas herbáceas - que não possuem um câmbio 
desenvolvido - os primórdios podem surgir entre os feixes vasculares, e para fora 
destes, e as raízes podem emergir em filas, acompanhando os feixes vasculares. As 
raízes adventícias também podem ser formadas a partir da epiderme e do periciclo. 
Os primórdios se formam em estacas lenhosas, a partir do xilema secundário 
jovem, geralmente, num ponto correspondente à entrada do raio vascular. Também 
podem ser formados primórdios a partir do câmbio, do floema, das lenticelas ou da 
medula. 
À medida que o ramo se torna mais lignificado, o local de formação das raízes 
parece se deslocar em direção centrípeta, ou seja, em estacas semilenhosas, originadas 
do floema, e em estacas lenhosas, do câmbio. Geralmente, as raízes adventícias se 
originam próximas ao cilindro vascular. 
Em algumas espécies, como Citrus medica e Ribes sp., há primórdios radiculares 
pré-formados latentes no momento da coleta das estacas, de modo que, uma vez 
colocadas em condições favoráveis, formam raízes. 
Muitas vezes é observada, na base da estaca, como resultado de um traumatismo, a 
formação de calo. Ainda que se trate de fenômenos independentes, na maioria dos 
casos, a formação do calo e o aparecimento das raízes adventícias são influenciados 
pelos mesmos fatores, e podem ocorrer simultaneamente. 
Tem sido observado que, ao menos para algumas espécies de difícil enraizamento, 
a formação de raízes se dá sobre o calo, ainda que a formação de calo não seja um 
prenúncio seguro da formação de raízes adventícias. Não há uma relação direta entre 
formação de calo e enraizamento. 
O calo pode ser ainda uma barreira protetora ao ataque de microrganismos. É 
possível que estacas com calo respondam, mais facilmente, ao uso de promotores 
exógenos de enraizamento do que estacas sem formação de calo. 
A localização das raízes adventícias é variável, e algumas espécies só formam 
raízes na base da estaca, outras em nós, ao longo do caule, e outras nos nós e entrenós. 
A casca pode constituir-se numa barreira à emergência das raízes. Um anel de 
esclerênquima contínuo, altamente lignificado, entre o floema e o córtex, pode ser uma 
das causas da dificuldade de enraizamento em determinadas espécies. Caso esse 
esclerênquima não seja rompido mecanicamente, as raízes podem emergir na base da 
estaca. 
 
Princípios fisiológicos do enraizamento 
A capacidade de uma estaca emitir raízes é função de fatores endógenos e das 
condições ambientais proporcionadas ao enraizamento. Para proporcionar o desejado 
sucesso na produção de mudas, o manejo da estaquia requer o conhecimento e a 
aplicação desses princípios. 
Além disso, o estudo desses aspectos pode auxiliar a caracterização de uma 
espécie como sendo de fácil ou de difícil enraizamento. Tem sido observado que a 
formação de raízes adventícias deve-se à interação de fatores existentes nos tecidos e à 
translocação de substâncias localizadas nas folhas e gemas. Entre tais fatores, os 
fitohormôniossão de importância fundamental. Outros compostos, alguns deles 
parcialmente conhecidos, também têm influência indireta sobre o enraizamento. 
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42 
Auxinas 
As auxinas compõem o grupo de fitohormônios com maior efeito na formação de 
raízes em estacas. Possuem ação na formação de raízes adventícias, na ativação das 
células do câmbio e na promoção do crescimento das plantas, além de influenciarem a 
inibição das gemas laterais e a abscisão de folhas e frutos. 
O AIA (ácido indolacético) constitui-se na auxina natural que ocorre nas plantas. 
Uma das primeiras utilizações práticas da auxina foi a de promover o enraizamento em 
segmentos de plantas. Posteriormente, outras substâncias de origem sintética, como o 
AIS (ácido indolilbutírico) e o ANA (ácido naftalenacético) mostraram-se mais 
eficientes do que o AIA, na promoção do enraizamento de estacas. 
A auxina é sintetizada nas gemas apicais e folhas novas, de onde é translocada 
para a base da planta, por um mecanismo de transporte polar. Os ápices radiculares 
também produzem auxinas, mas não há acumulação nas raízes, devido ao elevado teor 
de substâncias inativadoras de auxinas nessa parte da planta. 
O aumento da concentração de auxina exógena, aplicada em estacas, provoca 
efeito estimulador de raízes até um valor máximo, a partir do qual qualquer acréscimo 
de auxinas tem efeito inibitório. O teor adequado de auxina exógena, para estímulo do 
enraizamento, depende da espécie e da concentração de auxina existente no tecido. 
No momento em que a auxina é aplicada, há um aumento da sua concentração na 
base da estaca e, caso os demais requerimentos fisiológicos sejam satisfeitos, há 
formação do calo, resultante da ativação das células do câmbio, e das raízes adventícias. 
 
Giberelinas 
Dentre as giberelinas encontradas na natureza, o AG3 (ácido giberélico) é a mais 
importante. Uma vez que a principal ação das giberelinas é o estímulo ao crescimento 
do caule, em concentrações a partir de 10-3 molar, as giberelinas inibem o 
enraizamento, possivelmente devido à interferência na regulação da síntese de ácidos 
nucléicos. 
Por sua vez, inibidores da síntese de giberelinas, como SADH (ácido succínico 
2,2-dimetilhidrazida) e paclobutrazol podem apresentar efeito benéfico ao 
enraizamento. 
 
Citocininas 
As citocininas têm efeito estimulador da divisão celular, na presença de auxinas. 
Assim, há um estímulo à formação de calos e à iniciação de gemas. Entretanto, espécies 
com elevados teores de citocininas, em geral são mais difíceis de enraizar do que 
aquelas com conteúdos menores, sugerindo que a aplicação de citocininas inibe a 
formação de raízes em estacas. Por sua vez, em estacas de raiz, as citocininas podem 
estimular a iniciação de gemas. 
Uma relação auxina/citocinina baixa estimula a formação de gemas ou primórdios 
foliares, ao passo que uma relação elevada estimula a formação de raízes. No cultivo in 
vitro, uma relação equilibrada promove a formação de calo e permite uma boa 
regeneração de plantas a partir de meristemas. 
 
Ácido abscísico 
Embora o ácido abscísico, ao inibir a síntese de giberelinas, possa favorecer o 
enraizamento, os resultados obtidos com esse hormônio são bastante contraditórios, não 
sendo possível obter-se uma informação em caráter conclusivo. 
 
Etileno 
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Em baixas concentrações (próximas a 10 mg L-'), o etileno estimula a formação e o 
desenvolvimento de raízes. Possivelmente, quando da aplicação de auxina, o etileno 
sintetizado confirma o efeito desta no enraizamento de estacas. Entretanto, o efeito do 
etileno é mais dependente de interações complexas do que da simples concentração 
desse regulador. 
a estudo isolado do efeito de um regulador não permite explicar satisfatoriamente, 
sua influência no enraizamento, de forma que o equilíbrio entre esses diferentes 
compostos pode, realmente, esclarecer os mecanismos fisiológicos envolvidos. Numa 
planta, o equilíbrio hormonal varia com a época do ano e com a fase fisiológica. 
Além dos fitohormônios, outras substâncias de ocorrência natural, denominadas 
co-fatores do enraizamento, que atuam sinergicamente com as auxinas, são necessárias 
para que se dê o enraizamento. Esses co-fatores são sintetizados em gemas e folhas 
jovens e, em maior quantidade, em estacas provenientes de plantas jovens. São 
transportados pelo floema, a partir dos locais de síntese. 
Assim, para muitas espécies, é caracterizada a importância de serem mantidas as 
folhas e gemas em atividade vegetativa durante a estaquia. Esses órgãos atuam como 
um laboratório de produção de reguladores de crescimento e nutrientes. As folhas 
contribuem para a formação das raízes, devido à síntese de co-fatores ou carboidratos. 
Ainda que na sua maioria não estejam determinados quimicamente, os inibidores 
do enraizamento são freqüentemente associados no enraizamento em algumas espécies. 
Em determinadas situações, a lavagem dos inibidores e sua lixiviação estimulam o 
enraizamento. 
De acordo com a facilidade de enraizamento, Hartmann et aI. (1990) 
classificaram as plantas em três grupos: 
 
Grupo I 
 Todas as substâncias necessárias ao enraizamento presentes. 
 Enraizamento rápido, desde que em condições ambientais favoráveis, como 
acontece em espécies como figueira, videira e marmeleiro. 
 
Grupo III 
 Co-fatores em quantidades elevadas. 
 Auxina é limitante. 
 Forte resposta à aplicação de auxina, como acontece com algumas cultivares de 
videira, goiabeira e porta-enxertos para pereira. 
 
Grupo III 
 Um ou mais co-fatores são limitantes. 
 Auxina pode ser ou não limitante. 
 Pouca ou nenhuma resposta à aplicação de auxina, devido à falta de co-fatores. 
É o caso de rosáceas onde, para formar raízes, deve se combinar o uso de 
auxinas com a presença de folhas ou outra técnica de condicionamento. 
Em nível bioquímico, o enraizamento e o desenvolvimento de raízes são 
acompanhados da síntese de proteínas e de RNA (ácido ribonucléico). Além disso, há 
modificações nos padrões e concentrações de DNA (ácido desoxirribonucléico) e 
aumento da atividade enzimática à medida que as raízes se desenvolvem. Em estacas de 
ameixeira, observou-se que o calo e as raízes em formação atuam como um dreno dos 
carboidratos da estaca. 
 
Fatores que afetam a formação de raízes 
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44 
O conhecimento dos fatores que afetam a formação de raízes é importante, para 
que se possa explicar por que uma espécie tem facilidade ou dificuldade de enraizar. 
Além disso, o manejo adequado desses fatores permitirá que haja mais chance de 
sucesso na produção de mudas por estaquia. 
Os fatores que afetam o enraizamento podem ser classificados em: 
 Fatores internos. 
 Condição fisiológica da planta-matriz. 
 Idade da planta-matriz. 
 Tipo de estaca. 
 Época do ano. 
 Potencial genético de enraizamento. 
 Balanço hormonal. 
 Oxidação de compostos fenólicos. 
 
Fatores internos 
Geralmente, a interação entre fatores - e não o estudo isolado desses - é que 
permite explicar-se melhor as causas do enraizamento. Quanto mais difícil for o 
enraizamento de uma espécie ou cultivar, tanto maior a importância dos fatores que o 
afetam. 
 
Condição fisiológica da planta-matriz 
Entende-se por condição fisiológica da planta-matriz, o conjunto das 
características internas da mesma, tais como o conteúdo de água, e o teor de reservas e 
de nutrientes, quando da coleta das estacas. 
Estacas retiradasde uma planta-matriz em déficit hídrico tenderão a enraizar 
menos do que aquelas obtidas sob adequado suprimento de água. 
A condição nutricional da planta-matriz afeta fortemente o enraizamento. No que 
se refere ao teor de carboidratos, tem-se observado que reservas mais abundantes 
correlacionam-se com maiores percentagens de enraizamento e sobrevivência de 
estacas. 
A importância dos carboidratos refere-se ao fato de que a auxina requer uma fonte 
de carbono para a biossíntese dos ácidos nucléicos e proteínas, para a formação das 
raízes. 
Além do teor de carboidratos, a relação C/N (carbono/nitrogênio) é importante. 
Relações C/N elevadas induzem a um maior enraizamento, mas com produção de uma 
pequena parte aérea, ao passo que estacas com baixa relação C/N, devido a um elevado 
teor de nitrogênio, são pobres em compostos necessários ao enraizamento e mostram 
pouca formação de raízes. Relações C/N adequadas permitem que se obtenha um bom 
equilíbrio entre as raízes e a parte aérea formada, além de maior enraizamento. 
O teor de carboidratos varia conforme a época do ano, sendo que em ramos de 
crescimento ativo (primavera/verão) o teor é mais baixo. Ramos maduros e mais 
lignificados (outono/inverno) tendem a apresentar mais carboidratos. 
Geralmente, estacas com maior diâmetro apresentam maior quantidade de 
substâncias de reserva e tendem a enraizar mais, ainda que, por vezes, um maior 
diâmetro esteja relacionado com mais brotaçães e poucas raízes. 
A condição fitossanitária da planta-matriz também afeta o teor de carboidratos. 
Esse teor pode ser avaliado, indiretamente, pelo teste do iodo, permitindo classificar as 
estacas conforme o teor de amido. Essa classificação mostrou correlação significativa 
com o enraizamento de estacas de videira, sendo que o percentual de estacas enraizadas 
foi de 63% nas mais ricas, 35% nas intermediárias e 17% nas pobres em amido. 
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45 
Em relação à composição nutricional, um conteúdo equilibrado de alguns 
nutrientes como o fósforo, o potássio o cálcio e o magnésio favorece o enraizamento. 
Ainda que o nitrogênio seja necessário para a síntese de proteínas e ácidos nucléicos, 
essenciais ao enraizamento, seu teor em excesso pode ser prejudicial. O excesso de 
manganês também pode prejudicar o enraizamento. 
O zinco é ativador do triptofano, precursor da auxina, e deve estar presente para 
que se dê a formação de raízes. Cuidados devem ser tomados, especialmente, com o 
conteúdo excessivo de nitrogênio e de manganês na planta-mãe, demonstrando a 
importância de um adequado manejo de adubação das plantas-matrizes para obtenção 
das estacas. 
Em estudos realizados para se estabelecer uma relação entre a capacidade de 
enraizamento de estacas de pessegueiro e o teor endógeno de triptofano, verificou-se 
que os maiores percentuais de enraizamento, número e peso da matéria seca das raízes 
foram encontrados nos meses em que havia menores teores de triptofano nos ramos. 
Isso leva a concluir que o triptofano tenha se convertido para AIA, com maior 
quantidade de auxina endógena presente. 
 
Idade da planta-matriz 
As estacas provenientes de plantas jovens enraízam com mais facilidade e isso se 
manifesta com mais freqüência em espécies de difícil enraizamento. Possivelmente, 
esse fato esteja relacionado com o aumento no conteúdo de inibidores e com a 
diminuição no conteúdo de co-fatores do enraizamento, à medida que aumenta a idade 
da planta. 
É recomendável a obtenção de brotações jovens em plantas adultas, que mesmo 
não caracterizando uma verdadeira condição de juvenilidade, apresentam maior 
potencial de enraizamento. 
 
Tipo de estaca 
Em espécies de fácil enraizamento, a importância do tipo de estaca na formação de 
raízes tem menor significado. Entretanto, quanto maior for a dificuldade de formação 
de raízes adventícias, maior será a necessidade da correta escolha do tipo de estaca. 
O tipo mais adequado de estaca varia com a espécie ou com a cultivar. Como a 
composição química do tecido varia ao longo do ramo, estacas provenientes de 
diferentes porções do mesmo tendem a diferir quanto ao enraizamento. 
Assim, em estacas lenhosas, o uso da porção basal geralmente proporciona 
melhores resultados. Isso pode ser devido ao acúmulo de substâncias de reserva e um 
menor teor de nitrogênio (resultando uma relação C/N mais favorável) e à presença de 
iniciais de raízes pré-formadas nessa região. 
Fato inverso se observa com estacas semilenhosas, para as quais os maiores 
percentuais de enraizamento são obtidos com a porção mais apical. Nesse caso, isso 
pode ser atribuído a uma maior concentração de promotores do enraizamento, pela 
proximidade dos sítios de síntese de auxinas, e à menor diferenciação dos tecidos. 
Estacas com gemas floríferas tendem a enraizar menos que aquelas provenientes 
de ramos vegetativos em fase de crescimento ativo, o que mostra um antagonismo entre 
a floração e o enraizamento, pois as flores mobilizam as reservas da estaca e abrem 
antes que o processo de iniciação de raízes tenha ocorrido. 
Estacas mais lignificadas geralmente apresentam maior dificuldade de 
enraizamento do que estacas de consistência mais herbácea e semilenhosa. 
 
Época do ano 
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46 
A época do ano está estreitamente relacionada com a consistência da estaca, sendo 
que aquelas coletadas num período de crescimento vegetativo intenso (primavera/verão) 
apresentam-se mais herbáceas e, de modo geral, em espécies de difícil enraizamento, 
mostram maior capacidade de enraizamento. Estacas coletadas no inverno possuem um 
grau de lignificação e tendem a enraizar menos. 
Entretanto, estacas menos lignificadas (herbáceas e semilenhosas) são mais 
propícias à desidratação e à morte, requerendo um manejo adequado em relação ao 
ambiente, ao passo que estacas lenhosas podem até mesmo ser enraizadas no campo. 
Em muitos casos, especialmente em espécies caducifólias, as estacas lenhosas 
dormentes são preferidas em função da sua facilidade de obtenção, transporte e 
manuseio. 
No que se refere à época mais adequada para obtenção das estacas, há diferença 
entre espécies, sendo que algumas enraízam melhor no início da primavera e outras, de 
folhas grandes e persistentes, desde a primavera até o fim do outono. 
A influência da época de coleta das estacas no enraizamento pode ser, também, 
atribuída a condições climáticas, especialmente em relação à temperatura e à 
disponibilidade de água. 
 
Potencial genético de enraizamento 
O potencial que uma estaca apresenta para a formação de raízes é variável com a 
espécie e com a cultivar. Assim, pode ser feita uma classificação como espécie ou 
cultivar de fácil, médio ou difícil enraizamento, ainda que a facilidade de enraizamento 
seja resultante da interação de diversos fatores e não apenas do potencial genético. 
 
Sanidade 
Em diversas espécies frutíferas, tem-se observado que c10nes livres de vírus têm 
maior facilidade de enraizamento do que o material com vírus, havendo também efeito 
das viroses sobre a qual idade das raízes formadas e sobre a variabilidade de resultados, 
entre diversas estaquias feitas sob as mesmas condições. 
Da mesma forma que com as viroses, o ataque de fungos e bactérias pode ocasionar a 
morte das estacas, antes ou após a formação de raízes, podendo afetar a sobrevivência 
das mesmas ou a qualidade do sistema radicular da muda. 
A sanidade durante a estaquia é influenciada pelo grau de contaminação do 
material propagativo, pelo substrato, pela qualidade da água de irrigação e pelos 
tratamentos fitossanitários que venham a ser feitos nesse período. 
 
Balanço hormonalo equilíbrio entre os diversos fitohormônios tem forte influência no enraizamento 
de estacas. Assim, é necessário que haja um balanço adequado, especialmente entre 
auxinas, giberelinas e citocininas. Uma das formas mais comuns de favorecer o balanço 
hormonal, para o enraizamento, é a aplicação exógena de fitorreguladores sintéticos, 
tais como o AIB, o ANA e o AIA, que elevam o teor de auxinas no tecido. 
 
Oxidação de compostos fenólicos 
Em algumas especies, especialmente as pertencentes à família Myrtaceae, o forte 
escurecimento dos tecidos na região do corte da estaca, ocasionado pela oxidação de 
compostos fenólicos, pode dificultar a formação de raízes. Ao entrarem em contato com 
o oxigênio, os diferentes tipos de fenóis nos tecidos iniciam reações de oxidação, cujos 
produtos resultantes são tóxicos ao tecido. 
A oxidação desses compostos pode ser minimizada com o uso de substâncias anti-
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47 
oxidantes, tais como o ácido ascórbico, o PVP (polivinilpirrolidona), o ácido cítrico e o 
Dieca (dietilditiocarbamato), além de outros. Têm sido obtidos resultados preliminares 
que demonstram a importância do controle da oxidação no cultivo in vitro. 
Entretanto, a significância e a eficiência do controle da oxidação na propagação 
por estacas ainda carecem de maiores informações, visto que os resultados obtidos até o 
momento são incipientes. 
 
Fatores externos 
 
Temperatura - O aumento da temperatura favorece a divisão celular na formação 
de raízes. Contudo, especialmente em estacas herbáceas e semilenhosas, estimula uma 
elevada taxa de transpiração, induzindo o murchamento da estaca. 
Além disso, pode favorecer a brotação das gemas antes que o enraizamento tenha 
ocorrido, o que é indesejável. O aquecimento do leito de enraizamento ou substrato, 
com temperaturas que vão de 18°C a 21°C, estimula o enraizamento. Isso é importante 
para a multiplicação por estacas de espécies de difícil enraizamento. 
 
Luz - A importância da luz no enraizamento está relacionada à fotossíntese e à 
degradação de compostos fotolábeis, como as auxinas. Geralmente, a baixa intensidade 
luminosa sobre a planta-mãe, antes da coleta das estacas, tende a favorecer a formação 
de raízes, provavelmente devido à preservação das auxinas e de outras substâncias 
endógenas em detrimento aos compostos fenólicos. 
Por sua vez, a presença de luz durante o enraizamento de estacas, com folhas, 
pode favorecer a emissão e o desenvolvimento do sistema radicular. 
O estiolamento dos ramos, dos quais serão retiradas as estacas, facilita o 
enraizamento e é uma prática recomendada, especialmente no caso de espécies de 
difícil enraizamento. Na região basal da estaca, onde serão formadas as raízes, é 
necessário que se mantenha um ambiente completamente escuro. 
 
Umidade - Para que haja divisão celular, é necessário que as células se mantenham 
túrgidas. O potencial de perda de água numa estaca é muito grande, seja por meio das 
folhas seja por meio das brotaçães em desenvolvimento, especialmente considerando-se 
o período em que não há raízes formadas. A perda de água é uma das principais causas 
da morte de estacas. Portanto, a prevenção do murchamento é especialmente importante 
em espécies que exigem um longo tempo para formar raízes e nos casos em que são 
utilizadas estacas com folhas ou de consistência mais herbácea. 
O uso da nebulização intermitente (Fig. 4) permite a redução da perda de umidade 
pela formação de uma película de água sobre as folhas, além da diminuição da 
temperatura e da manutenção da atividade fotossintética das mesmas nas estacas. 
Por sua vez, a alta umidade favorece o desenvolvimento de patógenos, para os 
quais devem ser dispensados cuidados especiais. 
 
Substrato - O substrato destina-se a sustentar as estacas durante o enraizamento, 
mantendo sua base num ambiente úmido, escuro e suficiente aerado. 
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48 
 
 
Os efeitos do substrato, tanto sobre o percentual de enraizamento quanto sobre a 
qualidade das raízes formadas, relacionam-se especialmente com a porosidade, a qual 
afeta o teor de água retida e seu equilíbrio com a aeração. 
 
Diferentes materiais são utilizados como meios para enraizamento, como, por 
exemplo, areia, vermiculita, casca de arroz carbonizada, turfa, solo ou a mistura de 
ambos. 
 
Condicionamento do ramo antes da estaquia - Em espécies de difícil 
enraizamento, alguns tratamentos que venham a ser realizados previamente à coleta dos 
ramos antes do preparo da estaca, podem permitir melhores resultados. 
 
Em diversos casos, o condicionamento é fundamental para que se possa obter um 
percentual de enraizamento satisfatório. Como exemplos, podem ser citados o 
tratamento com fitorreguladores, o anelamento, o estiolamento e a dobra dos ramos, 
antes da estaquia. 
 
Técnicas de estaquia 
 
Para que a estaquia seja feita com sucesso, é necessário que se observem alguns 
aspectos: 
Obtenção do material propagativo - No momento da coleta das estacas, deve-se 
selecionar como planta-matriz aquela que possui identidade conhecida, características 
peculiares da espécie ou da cultivar, além de apresentar ótimo estado fitossanitário, 
vigor moderado e não apresentar danos provocados por déficit hídrico, geadas ou outras 
intempéries. 
A planta-matriz deve estar numa condição nutricional equilibrada. 
Esses requisitos são necessários para se obter bons resultados. 
Na produção comercial de mudas, é recomendável a obtenção do material 
propagativo junto a blocos de matrizes, ou coleções de cultivares em instituições de 
pesquisa para evitar-se o uso de material contaminado por viroses. 
A posição e o tipo de ramo, de onde serão obtidas as estacas, são variáveis 
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conforme a espécie. Recomenda-se o uso de ramos de crescimento vigoroso. No caso de 
estacas lenhosas, pode ser utilizado o material descartado pela poda, para obtenção de 
material propagativo. 
Época de coleta das estacas - Conforme citado anteriormente, a época do ano 
afeta o potencial de formação de raízes, especialmente em espécies de difícil 
enraizamento. Para cada espécie, são necessários testes para se verificar, 
empiricamente, qual a época mais adequada para a coleta das estacas. Essa época está 
mais relacionada com as condições fisiológicas da planta do que com um período fixo 
do ano. A princípio, desde que se disponha de estrutura com nebulização intermitente, a 
coleta de estacas pode ser feita em qualquer época. 
Podem ser estabelecidos três períodos principais de coleta de material para 
estaquia, quais sejam: 
 Período de repouso - Nesse período, são utilizadas estacas com alto grau de 
lignificação, denominadas estacas lenhosas. Em espécies caducifólias, o uso de 
estacas com gemas dormentes é bastante difundido, pela simplicidade, baixo 
custo e viabilidade de uso em diversas espécies, especialmente aquelas de fácil 
enraizamento. 
Não é necessário o uso de estruturas especiais (estufas, nebulização e outras), 
sendo possível em alguns casos, como o da figueira, a estaquia diretamente no viveiro. 
Geralmente, são utilizados ramos de 1 ano, ainda que em algumas espécies possam ser 
utilizadas estacas - ou porções destas - de 2 anos. 
É mais recomendável o uso de estacas medianas e basais, porque estas apresentam 
maior acúmulo de reservas, provenientes da estação de crescimento anterior. As estacas 
podem ser obtidas no fim do outono, no inverno (dormência plena) ou no início da 
primavera.Geralmente, a coleta é feita de maio a agosto. A coleta de estacas no fim da 
dormência pode causar a brotação das gemas, especialmente devido ao aumento da 
temperatura nessa época. Isso provoca a perda de umidade da estaca e, como ainda não 
houve formação das raízes e a absorção de água, a brotação torna-se prejudicial ao 
enraizamento. 
Em algumas espécies perenifólias (com folhagem permanente), o uso de estacas 
lenhosas tem proporcionado bons resultados. Nesse caso, como as estacas possuem 
folhas, é necessário o uso de estruturas de propagação, mesmo no período de inverno. 
Isso é importante devido à variabilidade da temperatura nessa época . 
 Período de intenso crescimento vegetativo (primavera) - Nessa época, as 
estacas apresentam baixo grau de lignificação e elevada atividade do câmbio. 
Resultam da fase mais ativa de crescimento dos ramos e apresentam uma 
consistência bastante herbácea. Ainda que estacas com essa consistência sejam 
típicas da primavera, em alguns casos estacas semelhantes podem ser obtidas 
durante o verão e até mesmo no outono. 
Em diversas espécies de difícil enraizamento, têm sido obtidos bons resultados 
com a estaquia nessa época, como no caso do pessegueiro, da ameixeira e do 
araçazeiro. Estacas desse tipo enraízam com facilidade e rapidez (2 a 5 semanas, na 
maioria dos casos). 
Por serem muito tenras, deve-se ter maior cuidado com essas estacas, para se 
evitar a desidratação e o ataque de microrganismos. Mesmo num sistema de 
nebulização, a perda de água pode ser a causa de grande mortalidade de estacas. 
Além disso, a coleta deve ser feita preferencialmente no início da manhã, quando a 
umidade do ar é mais elevada, visando minimizar o murchamento dos ramos e das 
estacas. Para tanto, é recomendável acondicionar os ramos em baldes ou sacos de 
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50 
plástico até o momento do preparo . 
Período final do crescimento vegetativo (final do verão - início do outono) - 
Estacas utilizadas nessa época são denominadas semilenhosas, apresentam mais 
folhas e são mais lignificadas que na época anterior. Sua utilização requer 
nebulização intermitente, para evitar o murchamento e a perda das folhas. 
Podem ser utilizadas porções basais, medianas e apicais dos ramos. 
Da mesma forma que para a época anterior, devem ser adotadas medidas que 
reduzam a perda de água pelo material propagativo, ainda que sua resistência à 
desidratação seja maior que a das estacas herbáceas. 
 
Preparo e manejo das estacas 
Uma vez selecionados os ramos, é necessário que estes sejam levados a um galpão 
ou estrutura semelhante, onde as estacas serão preparadas. O preparo pode ser feito com 
tesoura de poda ou em se tratando de estacas lenhosas em grandes quantidades, com o 
uso de serras elétricas. Uma vez preparadas, as estacas devem ser mantidas em água até 
o momento de serem colocadas no substrato. 
O comprimento e o diâmetro das estacas variam conforme a espécie e o tipo de 
estaca. Estacas lenhosas podem ter comprimento variável de 20 a 30 cm e diâmetro que, 
geralmente, se situa entre 0,6 e 2,5 cm. Geralmente, estacas semilenhosas apresentam 
comprimento de 7,5 a 15 cm, e estacas herbáceas podem ser ainda menores. 
Após o preparo, é conveniente a separação das estacas em grupos, conforme o 
tamanho. Isso permite a obtenção de lotes homogêneos de plantas, o que facilitará a 
realização de operações posteriores. É ainda recomendável a identificação dos lotes de 
estacas por cultivar, para se evitar a mistura posterior no viveiro. 
Em estacas semilenhosas ou de consistência mais herbácea, a presença de folhas 
favorece o enraizamento, provavelmente devido à produção de co-fatores do 
enraizamento nas folhas. Da mesma forma, em estacas lenhosas, a presença de gemas 
aumenta o percentual de enraizamento em diversas espécies. 
Por sua vez, a presença de folhas nas estacas representa uma superfície 
transpiratória cuja taxa de perda de água é aumentada em condições de elevada 
temperatura, normalmente observada nas épocas de coleta de estacas menos 
lignificadas. Por isso, é necessário o uso de nebulização nas estacas com folhas. 
Geralmente, são mantidas apenas 2 ou 3 folhas na parte superior da estaca. 
Quando as folhas forem muito grandes, podem ser cortadas ao meio, para facilitar 
o manejo e reduzir a perda de água. 
O corte superior da estaca deve ser feito logo acima de uma gema e o inferior, logo 
abaixo. Essa recomendação é mais viável de ser seguida, quando é feito o preparo 
individual das estacas. Quando se trabalha com estacas lenhosas, com corte em feixes 
de 50 ou 100 estacas, o posicionamento do corte pode não ser o mais adequado. 
É possível o armazenamento das estacas lenhosas durante o inverno e, em alguns 
casos, esse procedimento permite a formação de calo ou de iniciais de raízes. Para 
tanto, podem ser utilizados leitos aquecidos ou o simples armazenamento em substrato 
umedecido. 
Deve-se evitar a desidratação das estacas armazenadas, bem como acompanhar a 
brotação das mesmas, pois, caso contrário, ocorrerá uma perda de água, com prejuízos 
ao enraizamento. O tratamento com fitorreguladores pode ser feito ainda no 
armazenamento. 
O uso de estacas com folha é citado na propagação de limoeiro de framboesa-
negra, de goiabeira e de pessegueiro, além de outras, mas é pouco usado em 
fruticultura. Utiliza-se um nó com uma folha e uma gema por estaca, preferencialmente 
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51 
de material que tenha gemas bem desenvolvidas e folhas sadias em crescimento ativo. 
Para algumas espécies, cortes laterais na base da estaca favorecem o 
enraizamento, especialmente naquelas em que o esclerênquima se constitui numa 
barreira física à emissão de raízes. Propiciada por esses cortes, a exposição do câmbio 
também pode facilitar a absorção de substâncias promotoras do enraizamento. 
 
Estaqueamento 
O plantio das estacas pode ser feito em recipientes (sacos de plástico, vasos, 
baldes, caixas, entre outros), em estruturas de propagação ou diretamente no viveiro. O 
primeiro caso é aplicado para estacas com folhas (semilenhosas ou herbáceas), as quais 
necessitam de umidade constante sobre a folha. 
O plantio direto no viveiro pode ser adequado para estacas lenhosas, 
especialmente de espécies caducifólias, quando a manutenção da umidade propiciada 
pela chuva ou por irrigações esporádicas é suficiente. Essa prática, denominada 
enviveiramento, destina-se, principalmente, à propagação de plantas em larga escala e à 
multiplicação de espécies ou cultivares de fácil enraizamento. Nesse caso, devem ser 
utilizadas áreas de solos profundos, bem drenados e com viabilidade de uso da 
irrigação. 
A profundidade de plantio é variável conforme o tipo de estaca, sendo que, para estacas 
de ramos, é aconselhável que dois terços sejam enterrados no substrato. No que se 
refere a estacas de raiz, é importante a manutenção dessas em profundidade de 2,5 a 5,0 
cm, na posição horizontal, para manter sua correta polaridade. 
Como prevenção ao aparecimento de doenças, é recomendável a imersão das 
estacas em solução fungicida. Para aumentar a sobrevivência das estacas, pode-se 
misturar o fungicida com o fitorregulador durante o processo de tratamento das mesmas. 
No momento do plantio, é importante garantir uma boa aderência do substrato à 
estaca, uma vez que grandes espaços porosos podem aumentar a desidratação desta. 
 
Substrato 
Por ser um dos fatores de maior influência, especialmente no caso de espécies de 
difícil enraizamento, deve ser dada atenção especial à escolha do substrato. 
Para cada espécie, é necessário verificar, empiricamente, qual o melhor substrato 
(ou combinaçãode substratos). Um bom substrato deve proporcionar retenção de água 
suficiente, para prevenir a dessecação da base da estaca e, quando saturado 
(especialmente no caso de nebulização intermitente), deve manter uma quantidade 
adequada de espaço poroso, para facilitar o fornecimento de oxigênio, indispensável 
para a iniciação e o desenvolvimento radicular, e para a prevenção do desenvolvimento 
de patógenos na estaca. Deve-se, ainda, optar por substratos que não sejam fontes de 
inóculo de organismos saprófitos. 
Além da vermiculita, da casca de arroz carbonizada, da areia, etc., outros 
substratos, como o musgo turfoso, o musgo esfagníneo e a água poderão ser utilizados. 
No caso de utilização da água, é necessário um bom sistema de oxigenação, para 
permitir que as raízes se desenvolvam. 
 
Técnicas de condicionamento 
 
Estratificação 
É uma prática que consiste na disposição de camadas alternadas de areia grossa ou 
solo umedecidos, para proporcionar a formação prévia do calo, além de permitir a 
conservação da estaca. O aumento da temperatura e da umidade, até certos limites, 
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52 
aumenta a intensidade de formação de calo. 
Deve-se evitar o desenvolvimento de fungos ou de bactérias, a acumulação de 
água e o dessecamento, que são prejudiciais à formação de raízes. É necessário que as 
estacas sejam retiradas da estratificação, logo que tenham formado o calo ou ocorrido 
a brotação das gemas. 
 
Lesões na base da estaca 
Especialmente em estacas que apresentam madeira velha na base, onde os cortes 
favorecem a formação de calo e de raízes nas bordas da lesão (Fig. 5 e Fig. 6). A 
divisão celular é estimulada pelo aumento na taxa respiratória e nos teores de auxina, 
carboidratos e etileno nessa área lesionada. Essa lesão faz com que haja maior absorção 
de água e de fitohormônios, aumentando a eficiência no enraizamento. 
 
 
 
 
 
Por sua vez, as lesões permitem que haja rompimento da barreira física formada 
por anéis de esclerênquima, os quais podem até mesmo impedir a emergência das 
raízes. Para tanto, efetuam-se 1 ou 2 cortes superficiais de 2,5 a 5,0 cm na base da 
estaca, removendo-se apenas uma porção da casca das estacas nesse local. 
Estiolamento - O desenvolvimento de uma planta, ou parte dela, na ausência de 
luz, resultando em brotações alongadas, com folhas pequenas, e não expandidas, e com 
baixo teor de clorofila. 
Além disso, são encontrados em tecidos estiolados teores baixos de lignina e altos 
de auxinas endógenas e de outros co-fatores do enraizamento, uma vez que esses 
últimos compostos são sensíveis à luz (fotolábeis). Assim, o enraizamento é favorecido. 
Pode-se efetuar o estio lamento de toda a planta, de todo um ramo ou de parte do 
mesmo (Fig. 7). Para tanto, faz-se uma cobertura dos ramos, em desenvolvimento, com 
plástico preto ou outro material similar (papel alumínio, fita-isolante e outros), de modo 
que esses cresçam na ausência de luz. 
 
 
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53 
 
 
 
 
O estiolamento parcial é feito com a cobertura apenas da base do ramo. O 
estiolamento é feito durante o crescimento dos ramos, por períodos que variam 
conforme a espécie. Normalmente esses períodos não passam de 30 dias. 
Um exemplo da aplicação do estiolamento foi avaliado em araçazeiro, obtendo-se 
resultados promissores em função dessa técnica (VOLTOLlNE; FACHINELLO, 1977). 
 
Anelamento 
Entende-se por anelamento a obstrução feita por meio de 
um corte, na região do córtex. O estrangulamento, que apresenta 
a mesma finalidade, é feito com a torção de um arame em volta 
do ramo (Fig. 8). 
A obstrução da casca de um ramo na planta-matriz bloqueia 
a translocação descendente de carboidratos, fitohormônios e co-
fatores do enraizamento, permitindo a acumulação desses 
compostos acima do local da obstrução, região que será a base da 
futura estaca. 
o acúmulo desses compostos favorece a formação e o 
crescimento das raízes. Além disso, há um aumento da 
quantidade de células parenquimatosas e de tecidos menos 
diferenciados. 
 
O anelamento pode ser feito com um anel de arame, ou com 
um corte na região basal ou mediana do ramo de onde será 
retirada a estaca. Deve ser feito assim que o comprimento do 
ramo permita, durante a fase ativa de crescimento vegetativo, 
para assegurar uma acumulação significativa de compostos. 
 
Rejuvenescimento de ramos 
Estacas oriundas de ramos com juvenilidade tendem a apresentar maior percentual 
de enraizamento. Assim, qualquer técnica que permita ao ramo retornar à fase juvenil 
evitará a diminuição do potencial de enraizamento, à medida que a planta-matriz 
envelhece. 
 
Uma poda drástica da planta-matriz induz à emissão de brotações juvenis, de 
maior capacidade de enraizamento. Muitas vezes, essas brotações são resultantes dos 
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54 
esferoblastos, formações verrugosas com tecido meristemático. Em algumas espécies, 
como a macieira, é possível forçar a presença de brotos adventícios juvenis a partir de 
estacas de raiz. 
Dobra de ramos 
Essa técnica de condicionamento consiste na dobra manual dos ramos na fase de 
crescimento (Fig. 9). 
 
Esses ramos ficam presos à planta, por uma porção de lenho e casca, até a época 
de utilização das estacas lenhosas (inverno). Esse tipo de lesão provoca o aumento da 
relação C/N e a formação de um tecido pouco diferenciado, resultante da cicatrização, 
na região da dobra, com aumento da capacidade de emissão de raízes. Ainda que a 
dobra dos ramos não dispense o uso de fitorreguladores, há um favorecimento do 
potencial de formação de raízes. 
 
 
Fig. 9. Processo de dobra de ramos para obtenção de estacas em pessegueiro. 
 
 
Tratamento com fitorreguladores 
O uso de fitorreguladores tem a finalidade de aumentar a percentagem de estacas que 
formam raízes, acelerar sua % iniciação, aumentar o número e a qualidade das raízes 
formadas e a uniformidade no enraizamento. Algumas dessas substâncias, como as 
auxinas sintéticas, podem inibir o desenvolvimento das gemas e dos ramos. 
 
Essa prática estabelece um balanço hormonal favorável ao enraizamento. Geralmente, 
são utilizadas auxinas sintéticas (AIB, ANA, AIA, 2,4-D), que visam elevar o conteúdo 
hormonal nos tecidos da estaca. 
 
Além disso, também podem ser utilizados inibidores da síntese de giberelinas, que 
são antagônicas ao processo de iniciação radicular. Como exemplo, pode ser citado o 
paclobutrazol. 
 
O tratamento com citocininas (cinetina, benziladenina e benzilaminopurina) 
estimula o desenvolvimento das brotações adventícias, o que é importante, caso se 
trabalhe com estacas de folhas ou de raízes. 
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55 
 
A substância promotora do enraizamento, bem como as concentrações e métodos 
de utilização mais adequados para uma determinada situação, variam com a espécie e 
com o tipo de estaca. Para verificar sua eficiência, são necessários testes empíricos. 
 
Tratamento com fungicidas 
Uma vez que a estaca, especialmente antes e logo após o enraizamento, é bastante 
vulnerável ao ataque de microrganismos e se encontra num ambiente favorável à 
proliferação de doenças, a proteção com o uso de fungicidas constitui-se numa prática 
importante para a sobrevivência das mesmas nesse período. 
 
Uso de nutrientes minerais 
Favorece a condição nutricional da estaca no enraizamento. A adiçãode compostos 
nitrogenados estimula o enraizamento em diversas classes de plantas, possivelmente 
pelo fato de que esses compostos intervêm em interações hormonais. 
O uso do boro em combinação com o AIB pode aumentar a percentagem e a 
rapidez de formação de raízes. A adubação de plantas matrizes de videira, com zinco, 
resultou em maior enraizamento e desenvolvimento de raízes, possivelmente devido ao 
incremento no teor de triptofano, precursor da auxina, do qual o zinco é ativador. 
A adubação de plantas-matrizes de ameixeira, com zinco e boro, aumentou os 
teores de triptofano nas estacas e o potencial de enraizamento. 
 
Uso da nebulização 
A nebulização intermitente é a aplicação de água na forma de névoa (gotas de 
tamanho reduzido) sobre as estacas, criando uma atmosfera para reduzir a perda de 
água pelas folhas. 
A redução das taxas de transpiração e de respiração pelas folhas, bem como a 
redução da temperatura das mesmas, são obtidas pela formação de uma película de 
água sobre as folhas, proporcionada pelo ambiente com alta umidade relativa. Isso 
assegura a destinação de fotossintatos e nutrientes para a formação das raízes. 
É importante que a água seja aplicada em intervalos regulares, durante todo o 
período diurno. Para evitar o excesso de aplicação, pode ser dispensado o 
funcionamento da nebulização durante a noite. Nas horas mais quentes do dia, os 
intervalos entre as nebulizações devem ser menores. 
A nebulização pode ser instalada em telados, estufas de plástico, ou mesmo no 
ambiente externo. O ambiente protegido é o mais adequado para essa técnica, uma vez 
que permite uma aplicação controlada da água, além de evitar o efeito do vento sobre a 
irrigação. 
O controle dos intervalos de acionamento do sistema de nebulização pode ser 
efetuado por meio de mecanismos como: 
 Folha úmida, na qual há uma superfície de tela, que simula a superfície de uma 
folha. Quando essa superfície perde água a um nível pré-estabelecido, o 
mecanismo da nebulização é acionado . 
 Temporizador (timer), o qual controla o funcionamento de uma válvula 
solenóide que, quando desligada, permite a nebulização das plantas. Pode-se 
utilizar um timer duplo, que permite trabalhar 
com dois turnos diferentes de nebulização, de tal modo que se tenha períodos 
diferentes do processo durante o dia, quando a necessidade de água é maior, e 
durante a noite, quando a necessidade de água é menor . 
 Controlador eletrônico de umidade, constituído de um sistema computadorizado 
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56 
de acionamento da irrigação, com base na temperatura e na umidade relativa do 
ar. 
O uso de nutrientes na água de irrigação pode melhorar a qualidade das raízes 
formadas e o crescimento subseqüente das estacas enraizadas. 
 
Cuidados durante e após o enraizamento 
A divisão celular e o enraizamento só ocorrem em tecidos com células túrgidas e o 
principal cuidado a ser tomado durante o enraizamento é a manutenção de um adequado 
teor de água no substrato e na parte aérea da estaca. Isso é importante tanto quando se 
trabalha com estaquia direta em viveiro, na qual deverá ser prevista a implantação de 
um sistema de irrigação, quanto com estacas folhosas, como citado no item anterior. 
Especialmente quando se trabalha com nebulização, a aplicação de água para 
manter as folhas úmidas implica saturação do substrato com água e, por isso, a 
drenagem também deve merecer atenção, pois o excesso hídrico prejudica o 
enraizamento. 
Por sua vez, deve-se dar atenção ao manejo fitossanitário, com a utilização de 
tratamentos semanais com fungicidas, para reduzir o ataque de patógenos, 
principalmente fungos saprófitos sobre as estacas, em ambiente com nebulização. Nesse 
ambiente, a elevada umidade favorece a proliferação de doenças. Nesse caso, o 
monitoramento da ocorrência de doenças é muito importante. 
Para diminuir o potencial de inóculo, devem-se eliminar as folhas caídas e as 
estacas mortas. No caso de estaquia em viveiro, deve-se dar atenção à ocorrência de 
plantas invasoras e pragas. 
O manejo após o enraizamento depende da estrutura de propagação adotada. Se 
utilizada a estaquia direta no viveiro, deve-se repicar as mudas para um local com maior 
espaçamento, onde essas crescerão até atingir o estágio de comercialização. 
O desplante (extração das estacas enraizadas) deve ser, preferencialmente, feito 
em dias com baixa temperatura, nublados e com ventos fracos. Para minimizar a morte 
das mudas após o transplante, deve-se prever o uso da irrigação. 
As mudas podem ser conservadas em trincheiras ou câmaras frigoríficas. Os 
cuidados com as estacas folhosas devem ser maiores, especialmente no que se refere à 
desidratação. 
Uma vez que o ambiente numa casa de vegetação é muito diferente do ambiente 
externo, tão logo tenha-se formado um sistema radicular abundante, deve-se diminuir, 
gradativamente, a aplicação de água, reduzindo a umidade sobre as folhas e 
aumentando a aeração do substrato, que permite a aclimatação das mudas e menor 
perda de plantas no viveiro. 
 
Preparo e uso de fitorreguladores 
A utilização de fitorreguladores no enraizamento é uma prática largamente 
difundida, sendo uma técnica que, em muitas espécies de difícil enraizamento, pode 
viabilizar a produção de mudas por estaquia. Os principais fitorreguladores usados com 
essa finalidade são aqueles do grupo das auxinas. 
A auxina endógena, naturalmente encontrada nas plantas, é o AIA (ácido 
indolacético). As auxinas são essenciais no processo do enraizamento, possivelmente 
porque estimulam a síntese de etileno que por sua vez favorece a emissão de raízes. 
Os níveis de AIA na planta são variáveis conforme a velocidade das reações de 
síntese, de destruição e de inativação que, por sua vez, é afetada por alguns fatores, 
como: 
 Idade fisiológica do órgão e da planta. 
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57 
 Condições ambientais - Em plantas perenes de clima temperado, os maiores 
níveis de auxina são encontrados na primavera e no verão. 
 Parte da planta - As concentrações de AIA são maiores nos locais de síntese 
(regiões de crescimento ativo) e são muito baixas em tecidos já diferenciados. 
Para se obter estacas enraizadas em qualquer época do ano, deve se lançar mão de 
auxinas sintéticas, na promoção do enraizamento. 
 
Tipos de auxinas sintéticas 
As principais auxinas sintéticas e algumas de suas características constam da 
Tabela 1. 
 
 
 
 
 
 
 
Métodos de aplicação 
Pó - Podem ser encontradas fórmulas comerciais em forma de pó. 
Além disso, o preparo do fitorregulador em pó pode ser feito pelo usuário, mesmo que 
alguns autores o desaconselhem, em função da dificuldade de homogeneização da 
mistura. 
Para tanto, utiliza-se a quantidade de fitorregulador desejada para uma determinada 
concentração de talco industrial. Após adicionar o fitorregulador, acrescenta-se acetona 
ou álcool etílico à mistura, em quantidade suficiente para permitir a homogeneização do 
talco com o mesmo. 
A acetona ou o álcool são retirados por evaporação em estufa, em temperatura não 
muito elevada, preferencialmente em torno de 40°C, ou em condição de temperatura 
ambiente, de modo a não inativar o fitorregulador. Esse método de aplicação é 
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58 
adequado para o AIS (ácido indolbutíricol, por sua estabilidade em temperaturas mais 
elevadas. 
Como preparar - Para preparar 500 g da fórmula contendo AIB a 2.000 mg.kg-1, 
utilizam-se 1.000 mg de AIB puro e acrescenta-se talcoindustrial até completar 500 g. 
Para melhor homogeneização, acrescenta-se álcool etílico ou acetona, em 
quantidade suficiente para formar uma pasta. Homogeniza se a mistura com um bastão 
de vidro e leva-se a uma estufa à temperatura de cerca de 40°C até a completa 
evaporação do solvente (FACHINELLO et ai., 1995). 
 
1 ppm = 1 mg L-1 ou 1 mg kg-1 
2.000 ppm = 2.000 mg kg-1 ou 2.000 mg L-1 
Para preparar 500 g, usam-se 1.000 mg de AIB. 
 
O pó, contendo a substância indutora, é colocado em recipientes menores, onde a 
base da estaca é pressionada, de forma que o mesmo fique aderido a essa. Para melhor 
aderência, é recomendável molhar a base das estacas em água. 
O excesso de pó deve ser retirado. Depois, as estacas são colocadas no substrato. O 
pó molhado não deve retornar ao recipiente de armazenamento, para evitar alterações da 
mistura ao longo do tempo. 
Como vantagens desse método, podem ser apontadas a facilidade de preparo e 
aplicação, e a longa durabilidade da mistura. Como desvantagem, há a desuniformidade 
da quantidade de pó aderida à estaca, que pode afetar o enraizamento. Essa quantidade é 
afetada pela umidade na base da estaca e pela textura da casca. 
Há indicações de que, nesse método de aplicação, as concentrações a serem 
utilizadas devem ser duplicadas. Assim, se na forma de solução os melhores resultados 
são obtidos com 1.000 mg L-l, na forma de pó são necessários 2.000 mg kg' 
Solução diluída - Entende-se por solução diluída aquela cuja concentração do 
fitorregulador varia de 20 a 200 mg L-'. Algumas substâncias são solúveis em água, 
como os sais potássicos do AIB. Outras, como o ANA, dissolvem-se melhor com 
algumas gotas de hidróxido de sódio, potássio ou amônio. O AIB requer a diluição num 
pequeno volume de álcool (etílico, metílico ou isopropílico), ou de hidróxido de sódio 
ou potássio. 
Como preparar - Para preparar 500 mL de uma solução contendo 100 mg L-' de 
AIB, dissolvem-se 50 mg da substância pura em 250 mL de álcool. Agita-se bem e 
adicionam-se os 250 mL de água destilada restantes, para completar o volume de 500 
mL. 
Essa solução alcoólica a 50% é melhor para dissolver o AIB, pois quando se usa 
uma quantidade muito pequena de álcool, pode ocorrer a precipitação do AIB, ao se 
adicionar água destilada. 
A diluição do AIB em hidróxido de sódio ou potássio normalmente é feita em 
pequeno volume do diluente (5 mg L-1 de AIB), não se observando problemas de 
precipitação do fitorregulador. 
A base das estacas (cerca de 2,5 cm) é imersa na solução, em local sombreado, por 
um período de tempo longo, normalmente em torno de 24 horas. O local sombreado é 
necessário, para que não haja aumento significativo da concentração da solução devido 
à evaporação, e para que seja minimizada a perda de água pela estaca. 
A quantidade do fitorregulador absorvida depende das condições ambientais que 
circundam o local do tratamento, do tipo de estaca e da espécie. Deve-se manter uma 
atmosfera úmida durante o tratamento, para que haja uma absorção lenta e contínua. 
O uso de soluções diluídas apresenta as vantagens de proporcionar uma boa 
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59 
uniformidade de tratamento das estacas e ter baixo risco de efeitos fitotóxicos. Por sua 
vez, as soluções perdem sua atividade em poucos dias, devendo ser preparadas apenas 
para uso diário. 
Solução concentrada - É aquela que apresenta uma concentração de fitorregulador 
que varia entre 200 e 10.000 mg L -1 e por isso, o tratamento deve ser mais rápido. O 
preparo é feito de forma semelhante ao caso das soluções diluídas. 
A imersão da base das estacas (1,5 a 2,5 cm) é feita por um período em torno de 5 
segundos. A exposição por um tempo mais prolongado, bem como a utilização de 
concentrações muito elevadas, podem ocasionar efeitos fitotóxicos, como a inibição do 
desenvolvimento das gemas, amarelecimento e queda de folhas e, até mesmo, a morte 
das estacas. Isso é importante, porque se considera que a melhor concentração é aquela 
imediatamente inferior ao limite de fitotoxicidade. 
Esse método apresenta vantagens, como a menor necessidade de equipamentos, a 
possibilidade de utilização da mesma solução por várias vezes, a pouca influência das 
condições ambientais e a uniformidade no tratamento. 
Além disso, é possível a conservação da solução concentrada por um período 
relativamente grande, com a mesma atividade. Para tanto, é necessário que o 
armazenamento seja feito em recipiente hermeticamente fechado e em local escuro. 
Como desvantagem, pode ser citado o risco de efeitos tóxicos sobre a estaca, quando 
utilizadas concentrações muito elevadas. 
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60 
Propagação Vegetativa por Enxertia 
 
Introdução 
A enxertia é uma forma de propagação assexuada de vegetais superiores, na qual 
se colocam em contato duas porções de tecido vegetal, de tal forma que se unam e, 
posteriormente, se desenvolvam, originando uma nova planta (HARTMANN et ai., 
1990). 
Uma planta propagada por enxertia é composta, basicamente, de duas partes: o 
enxerto ou garfo e o porta-enxerto ou cavalo, ainda que eventualmente possa ser 
utilizada uma porção intermediária ao enxerto e ao porta-enxerto, chamada de 
interenxerto, enxerto intermediário ou filtro. 
O enxerto é a parte representada por um fragmento da planta, contendo uma ou 
mais gemas, responsável pela formação da parte aérea da nova planta. O porta-enxerto é 
a parte responsável pela formação do sistema radicular. 
O interenxerto é usado quando se deseja evitar problemas de incompatibilidade 
entre o enxerto e o porta-enxerto, para controlar o crescimento da copa ou para se obter 
caule resistente a baixas temperaturas, entre outros objetivos. 
Para que se tenha sucesso com a propagação de plantas por meio da enxertia, é 
necessário que ocorra um bom contato da região cambial de ambas as partes enxertadas. 
A região cambial é formada por um tecido delgado da planta, situado entre a casca 
(floema) e a madeira (xilema) e composto por células meristemáticas capazes de 
dividirem-se e formarem novas células. 
Diversas espécies frutíferas são propagadas comercialmente por enxertia, como o 
pessegueiro, a ameixeira, a nectarineira, a macieira, a pereira, a videira, os citros em 
geral, a mangueira, o caquizeiro, entre outros (FACHINELLO et ai., 1995). 
 
Utilização da enxertia 
A enxertia pode ser utilizada com as seguintes finalidades: 
 
Manter as características genéticas de uma espécie, de uma cultivar ou de um 
clone 
A enxertia, bem como os demais métodos de propagação assexuada, permite que 
as características produtivas das plantas sejam mantidas em seus descendentes, 
garantindo o valor agronômico das mesmas, produzindo plantas mais uniformes quanto 
ao porte, exigências edafoclimáticas e tratamentos fitossanitários, entre outros. 
 
Propagar plantas que não podem ser multiplicadas por outros métodos 
Algumas espécies frutíferas produzem sementes com baixo poder germinativo, 
como é o caso da ameixeira (cerca de 2%), e outras simplesmente não as produzem. Por 
sua vez, em espécies altamente heterozigotas, a propagação por sementes implicaria 
modificações genéticas nos descendentes. Além disso, a enxertia é utilizada em 
espécies que apresentam dificuldade de formar raízes. 
 
Obter benefícios do porta-enxerto 
Embora os porta-enxertos sejam responsáveis apenas pela formação do sistema 
radicular e sustentação das novas plantas, em muitos casos, podem determinar 
características importantes como, por exemplo, conferir maior ou menor vigor à copa, 
como nos casos da macieira, da pereira, da videira e de citros, ou conferir melhor 
qualidade aos frutos. Além disso,muitos porta-enxertos são tolerantes a condições 
desfavoráveis, como solos pesados - com excesso ou falta de umidade - ataque de 
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61 
pragas ou doenças, entre outras. 
 
Substituir cultivares de plantas estabelecidas 
Muitas vezes, em pomares estabelecidos com uma determinada cultivar, surgem 
problemas, como a baixa produtividade, frutos de qualidade inferior, hábito de 
crescimento inadequado, ou mesmo, suscetibilidade a pragas e doenças. Essas 
dificuldades podem ser solucionadas com a enxertia de uma nova cultivar mais 
adequada, sem necessidade de se implantar um novo pomar. 
Outra situação muito comum de uso da enxertia em plantas já estabelecidas é 
aquela em que se têm pomares com cultivares que necessitam de polinização cruzada e 
que, por morte ou número insuficiente de plantas polinizadoras, podem ter a produção 
comprometida e requerem a presença de plantas ou ramos de uma cultivar polinizadora. 
Em pequenos pomares domésticos, a enxertia possibilita que, numa mesma planta, 
tenha-se mais de uma cultivar ou mais de uma espécie. Isso é possível, enxertando-se 
uma cultivar ou espécie diferente em cada ramo principal. Contudo, nesse caso, deve-se 
ter o cuidado para que as cultivares enxertadas tenham o mesmo vigor, para evitar a 
dominância de um ramo sobre outro. 
 
Evitar problemas de juvenil idade 
Muitas plantas frutíferas, quando propagadas por sementes, necessitam de um 
período de 5 a 10 anos para superarem o período juvenil e entrarem em produção. Esse 
período improdutivo pode ser reduzido, enxertando-se segmentos de plantas que já 
estejam produzindo ou que foram propagadas por métodos assexuados, pois essas 
plantas já superaram o período de juvenilidade. 
 
Recuperar partes danificadas de plantas 
Fatores como baixas temperaturas, pragas, doenças, ventos, animais e 
equipamentos agrícolas podem provocar sérios danos às raízes ou à parte aérea das 
plantas. A recuperação total ou parcial é possível, por meio da enxertia. 
 
Estudar enfermidades viróticas 
As doenças causadas por vírus podem ser transmitidas de uma planta para outra, 
por meio da enxertia. Embora seja um grande problema na propagação das plantas, esse 
fato pode ser benéfico no estudo das doenças viróticas. 
Existem plantas bastante sensíveis ao ataque de determinados tipos de vírus, 
manifestando, c1aramente, os sintomas; outras, contudo, são portadoras de viroses e não 
demonstram qualquer tipo de sintoma. 
Pela enxertia de um segmento de planta que não apresente sintoma do ataque de 
vírus em outra planta indicadora, conhecida por ser muito sensível, pode-se verificar a 
presença, ou não, de uma determinada virose. 
Esse tipo de teste pode ser feito mesmo em plantas incompatíveis, visto não ser 
necessária uma perfeita união das partes enxertadas, para que ocorra a transmissão do 
vírus. 
 
Combinar clones ou cultivares 
A combinação de clones ou cultivares diferentes, numa mesma planta, permite a 
exploração das melhores características produtivas de uma determinada planta, 
utilizada como produtora, com as melhores características de um sistema radicular de 
outra, utilizada como porta enxerto. 
 
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62 
União entre enxerto e porta-enxerto 
Para uma perfeita união entre enxerto e porta-enxerto, é necessário que ocorra 
uma seqüência de eventos, na seguinte ordem: 
 
Primeiro passo 
Quando se colocam em contato os tecidos cambiais do enxerto e do porta-
enxerto, ambos com grande capacidade meristemática, ocorre multiplicação 
desordenada de células, irregularmente diferenciadas e agrupadas num tecido 
denominado calo (Fig. 1). 
 
 
Fig. 1. Multiplicação desordenada de células formando o calo para o início da união 
entre enxerto e porta-enxerto. 
 
A temperatura e a umidade podem estimular a atividade celular dos tecidos 
envolvidos, sendo que o aumento da temperatura, até UIT' determinado limite, 
favorece a divisão celular. 
 
A umidade é essencial à divisão celular, uma vez que em células ou em tecidos 
desidratados não há divisão. Existem outros fatores que também influem na formação 
de calo, como o potencial genético, a idade dos tecidos, os patógenos, etc. 
 
Segundo passo 
Com a multiplicação das células, ocorre um entrelaçamento das mesmas, 
formando um tecido de calo comum a ambas as partes. 
 
Terceiro passo 
Há uma diferenciação das células em novas células cambiais, promovendo uma 
união com o câmbio original do enxerto e do porta enxerto. 
 
Quarto passo 
o novo câmbio produz novos tecidos vasculares, que permitem o fluxo normal de 
água e de nutrientes. Com isso, está formada a união entre enxerto e porta-enxerto. 
Deve-se ressaltar que, durante a cicatrização do ponto de enxertia, não há mistura 
de conteúdos celulares, pois as células produzidas mantêm suas características, sejam 
provenientes do enxerto ou do porta-enxerto. 
 
Fatores que afetam o pegamento do enxerto 
Vários fatores, isolado ou em conjunto, podem influenciar na formação da união 
entre o enxerto e o porta-enxerto. Os principais fatores que influem nesse processo são 
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63 
descritos a seguir: 
 
Incompatibilidade 
Diz-se que duas plantas são incompatíveis quando, por motivos intrínsecos a elas, 
não são capazes de formar uma união perfeita, impossibilitando o desenvolvimento 
normal da nova planta. 
Os principais sintomas da incompatibilidade são: 
 Falta de união entre enxerto e porta-enxerto, que pode promover a quebra no 
local da enxertia . 
Diferenças no crescimento ou no vigor do enxerto e do porta enxerto, resultando 
em diferenças entre os diâmetros dos mesmos. 
 Desenvolvimento excessivo abaixo, acima ou no ponto de união. 
 Amarelecimento das folhas, seguido de desfolhamento precoce. 
 Crescimento vegetativo reduzido. 
 Diferença entre enxerto e porta-enxerto, com relação ao início e ao final do 
período vegetativo. 
• Morte prematura da planta. 
O principal sintoma da incompatibilidade é, sem dúvida, a ruptura no local da 
enxertia, o que pode ocorrer em seguida à produção da muda ou alguns anos após 
(RODRIGUES et aI., 2004) (Fig. 2). 
 
 
Fig. 2. Sintomas de incompatibilidade entre diferentes porta-enxertos de pessegueiro 
com a cultivar de damasqueiro Reale d'lmola. A - Planta compatível; B - Parcialmente 
compatível; C - Incompatível. 
 
Os demais sintomas citados podem ser, além de conseqüências da 
incompatibilidade na enxertia, resultados de condições desfavoráveis, tais como falta de 
água, ataque de pragas ou doenças, distúrbios nutricionais, entre outros. 
Existem três teorias para explicar as causas da incompatibilidade: 
 A incompatibilidade surge devido a diferenças nas características de 
crescimento do porta-enxerto e do enxerto, tais como o vigor e a época de início 
e término do ciclo vegetativo. 
 A incompatibilidade é devida a diferenças fisiológicas e bioquímicas entre 
enxerto e porta-enxerto. 
Uma das partes da união do enxerto produz algum material tóxico para a outra 
parte da planta. 
Entre os fatores que afetam a incompatibilidade, podem ser citados os seguintes: 
 Afinidade genética - Geralmente, os problemas relacionados à 
incompatibilidade surgem quando são enxertadas plantas com classificação 
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64 
botânica diferente. Por isso, recomenda-se que enxertoe porta-enxerto sejam, 
no mínimo, pertencentes à mesma família. 
 Fatores fisiológicos - As plantas envolvidas no processo da enxertia devem 
apresentar as mesmas exigências nutricionais. Caso contrário, a ação seletiva do 
porta-enxerto a um determinado nutriente poderá impedí-lo de chegar até a 
copa, causando distúrbios nesta. 
 Fatores bioquímicos - A incompatibilidade pode surgir quando as partes 
envolvidas apresentam ciclo de vida distinto. Normalmente, espécies de folhas 
caducas não podem ser enxertadas sobre espécies de folhas persistentes. 
 Consistência dos tecidos - Plantas com tecido lenhoso são incompatíveis com 
plantas de tecido herbáceo. 
 Afinidade anatômica - As partes envolvidas na enxertia devem apresentar 
células com tamanho, forma e consistência semelhantes, visto que não ocorre 
intercâmbio de células, ou seja, cada tecido continua a produzir células próprias. 
 Porte e vigor - O elevado vigor do porta-enxerto faz com que a copa tenha um 
grande desenvolvimento vegetativo, o que pode retardar o início da frutificação. 
Por sua vez, quando uma copa vigorosa é enxertada sobre um porta-enxerto 
fraco, pode haver comprometimento do desenvolvimento da mesma. Assim, 
devem se utilizar plantas que apresentem vigor semelhante (Fig. 3). 
Em algumas espécies, a enxertia com plantas de vigor diferente é uma prática 
bastante comum e, normalmente, origina uma grande diferença de vigor entre a copa e 
o porta-enxerto. Nesse caso, porém, a diferença de vigor não é considerada como um 
sintoma de incompatibilidade, visto que não ocorre redução na produção, quebra no 
local da enxertia, morte de plantas, etc. 
Sensibilidade a doenças - Quando o porta-enxerto é suscetível a uma determinada 
virose, ocorre morte de toda a planta. Quando a copa é suscetível, a planta desenvolve-
se inicialmente, mas apresenta declínio com o passar do tempo. O mesmo pode ocorrer 
com outras doenças. 
 
 
Fig. 3. Diferença de vigor entre porta-enxerto e enxerto em citros (à esquerda, laranja 
doce sobre P. trifo/iata e à direita, laranja-doce sobre limão-cravo). 
 
No que se refere aos tipos de incompatibilidade, a maioria dos casos conhecidos, 
até o momento, pode ser reunida em dois grupos, a seguir: 
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65 
 Incompatibilidade localizada - É aquela que surge em decorrência do contato 
entre enxerto e porta-enxerto, geralmente apresentando uma união frágil e com 
interrupções nos tecidos vasculares e no câmbio. Isso faz com que haja redução 
da passagem de seiva do porta-enxerto para o enxerto, e vice-versa. 
Esse tipo de incompatibilidade provoca também a ruptura no ponto de enxertia, 
em decorrência do maior tamanho da copa ou de ventos. A incompatibilidade 
localizada pode ser superada pelo uso de um enxerto intermediário, que seja compatível 
com ambas as partes . 
Incompatibilidade translocada - Esse tipo de incompatibilidade causa degeneração 
do floema, caracterizada pela formação de uma linha escura ou de uma zona neurótica 
na região do córtex. Isso dificulta o transporte de carboidratos, que se acumulam acima 
da região degenerada, com conseqüente redução do teor abaixo dessa região. Esse tipo 
de incompatibilidade não pode ser superado com o uso de um enxerto intermediário. 
 
Condições ambientais 
 Temperatura - a temperatura tem influência marcante no processo da enxertia, 
mais especificamente na taxa de divisão celular que afeta a formação de novas 
células, responsáveis pela união entre enxerto e porta-enxerto, e no processo de 
desidratação. De modo geral, temperaturas inferiores a 4°C e superiores a 32°C 
dificultam o processo de cicatrização. 
 Umidade do ar e do solo - as células novas que formam o calo e a união entre 
enxerto e porta-enxerto apresentam paredes finas e são bastante sensíveis à 
desidratação. 
Além disso, para que ocorra multiplicação celular satisfatória, é necessário que 
as paredes celulares estejam túrgidas. Isso faz com que haja necessidade de se 
manter um alto teor de umidade no local da enxertia. 
O teor de umidade do solo também é importante no processo da enxertia. No 
período da enxertia, um déficit hídrico provoca redução na divisão celular na 
região do câmbio, tanto do enxerto quanto do porta-enxerto. Com isso, a casca 
torna-se muito aderida ao lenho, dificultando seu desprendimento e a realização 
da enxertia. 
 Oxigênio - há intensa atividade respiratória e elevada necessidade de oxigênio 
durante a divisão e o alongamento celulares. O oxigênio pode tornar-se fator 
limitante no pegamento, quando são utilizadas ceras ou outros protetores que 
não permitem as trocas gasosas, principalmente em plantas com maior atividade 
respiratória. 
 luminosidade - uma intensa luminosidade pode causar dessecação rápida do 
enxerto. Assim, recomenda-se fazer a enxertia em dias com baixa luminosidade. 
Quando a enxertia for feita na primavera/verão, deve-se fazer a dobra da copa 
do porta enxerto, de modo que a parte dobrada promova o sombreamento do 
ponto de enxertia. 
 Vento - o vento pode provocar a quebra do enxerto no ponto de união, além de 
acelerar o processo de desidratação, após a enxertia. 
Além disso, poderá deslocar o enxerto e prejudicar a coincidência entre o câmbio 
de ambas as partes. Por isso, a enxertia deve ser evitada em dias ventosos, 
principalmente, da enxertia de garfagem. 
 Idade do porta-enxerto - de modo geral, porta-enxertos mais jovens possibilitam 
maior índice de pegamento, devido a uma atividade celular mais intensa, que facilita 
o processo de cicatrização. 
 Época - a época mais adequada para a enxertia depende da biologia da planta e do 
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tipo de enxerto a ser feito. Para plantas caducifólias, dá-se preferência ao período de 
inverno, para se fazer a enxertia. 
Já para espécies perenifólias, faz-se a enxertia na primavera/verão. Com relação ao 
tipo, geralmente a enxertia de garfagem é feita no inverno e a enxertia de borbulhia, 
na primavera/verão e no outono. 
 Classificação botânica - um fator importante que deve ser levado em consideração, 
quando da escolha das plantas utilizadas como enxerto e porta-enxerto, é o grau de 
parentesco existente entre elas, sendo que, quanto maior for a afinidade botânica, 
maiores serão as possibilidades de pegamento. Recomenda-se usar plantas que, no 
mínimo, pertençam à mesma família. Enxertos feitos em plantas pertencentes a 
famílias botânicas diferentes dificilmente são executados com sucesso. 
 Sanidade do material- é importante que as plantas utilizadas na enxertia estejam 
livres de pragas e doenças, que podem comprometer o pegamento e o 
desenvolvimento da nova planta. 
 Técnica da enxertia - muitas vezes, uma técnica mal utilizada pode causar sérios 
problemas na cicatrização do enxerto. Os resultados mais freqüentes do uso 
inadequado de técnicas de enxertia são a pequena área de contato entre os câmbios do 
enxerto e do porta-enxerto, cortes desuniformes, amarração errada ou demorada, 
danos mecânicos na retirada da gema, desidratação dos ramos fornecedores de gemas, 
ferramentas pouco afiadas ou contam i nadas, entre outros. 
 Habilidade do enxertado r - quanto mais rápido for feito o processo da enxertia, 
melhor será o índice de pegamento, uma vez que as partes envolvidas sofrerão menor 
influência dos fatores externos (sol, temperatura, patógenos, etc.). 
Outro fator relacionado, diretamente, com a habilidade do enxertador é a 
uniformidade dos cortes, que possibilitam melhor contato entre as partes enxertadas. 
 Polaridade do enxerto - para que ocorra a união, é extremamente necessário 
que se mantenha o enxerto na posição normal, principalmentetratando-se da 
enxertia de garfagem. No caso da enxertia de gema, tanto em T normal como 
em T invertido, recomenda-se manter a polaridade, mas a inversão da mesma 
não compromete a formação de uma união satisfatória. 
Isso ocorre, porque na enxertia de garfagem, na qual é usado um fragmento 
maior do ramo, com xilema e floema formados, o fluxo de substâncias fica 
totalmente comprometido, enquanto na enxertia de gema, o sistema vascular da 
nova planta é formado mais tarde, com o desenvolvimento da gema . 
 Oxidação de compostos fenólicos - mu itas plantas frutíferas, principalmente 
as pertencentes à família das mirtáceas, como a goiabeira, o araçazeiro e a 
pitangueira apresentam abundante exsudação de substâncias tóxicas ao tecido, 
por ocasião do corte ou ferimento. 
Essas substâncias são, principalmente, compostos fenólicos que sofrem 
oxidação ao entrarem em contato com as condições ambientais, o que dificulta a 
formação do calo e o processo de cicatrização. 
 
Equipamentos necessários 
Diversos são os equipamentos usados na enxertia. A seguir, são descritos os mais 
importantes e indispensáveis na realização dessa prática. 
 
Canivete 
Existe grande variedade de tipos de canivetes que podem ser usados na enxertia. 
Contudo, o importante é que esses apresentem lâminas de boa qualidade, que possam 
ser afiadas e que mantenham o fio por maior tempo possível (Fig. 4). Essas 
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características são importantes, porque aumentam o rendimento do enxertador e 
permitem a realização de cortes, com um mínimo de dano às células dos tecidos 
cortados, o que facilita o processo de cicatrização. As lâminas de aço inoxidável 
diminuem os riscos de oxidação. 
 
Canivete de lâmina dupla 
Esse tipo de canivete é usado para fazer a enxertia de placa e apresenta duas lâminas 
paralelas, distanciadas ao redor de 2,5 cm (Fig. 5). As lâminas paralelas possibilitam a 
manutenção das distâncias entre os cortes no porta-enxerto e ao redor da gema, 
garantindo perfeita coincidência dos mesmos. 
 
Fig. 4. Canivetes de enxertia com lâmina simples. 
 
 
 
 
Fig. 5. Canivete de enxertia com lâmina dupla. 
 
Tesoura de poda 
 
A tesoura é um equipamento utilizado para coleta dos ramos fornecedores das 
gemas, preparo dos porta-enxertos e dos garfos, corte final da copa ou aparação do 
sistema radicular no momento de arranquio da muda. Por isso, deve ser de boa 
qualidade e estar sempre limpa e bem afiada (Fig. 6). 
 
Máquina de enxertar 
 
Quando o enxerto e o porta-enxerto apresentam diâmetros semelhantes, os cortes 
poderão ser feitos com máquinas manuais ou acionadas por motores. Essas máquinas 
executam cortes na forma de bisei ou de encaixes, no enxerto e no porta-enxerto (Fig. 
7). 
 
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68 
 
Fig. 6. Diferentes tipos de tesouras utilizadas em fruticultura. 
 
 
Fig. 7. Enxertia de garfagem feita com uso de máquina manual de enxertar, tipo ômega. 
 
As máquinas proporcionam um rendimento bem superior ao do enxertador (cerca 
de 5 mil enxertos por homem/dia), mas seu uso é restrito à enxertia de garfagem feita 
em galpões (enxertia de mesa), no período de repouso das plantas. O uso da máquina de 
enxertar é bastante freqüente na enxertia de garfagem da videira e da macieira. 
 
Pedra de afiar 
É um acessório importante para manter tesouras e canivetes afiados. 
A pedra de afiar deve apresentar uma textura fina, devendo-se colocar água ou azeite na 
superfície onde será afiada a lâmina, para impedir um desgaste excessivo da mesma. 
 
Materiais para amarração e proteção dos enxertos 
Diversos materiais podem ser usados com essas finalidades, entre eles os 
mastiques, a ráfia, a fita de polietileno e o filme de Pvc. 
 
Mastiques 
Normalmente, os mastiques são constituídos da mistura de resinas, cera de abelha 
e sebo, utilizando-se, quando necessário, um solvente volátil, como álcool metílico ou 
acetona. Materiais como a parafina, a geléia de petróleo, a tinta plástica e a cola branca 
também podem ser utilizados. 
Os mastiques têm a finalidade de impedir a entrada ou a perda de água, a 
passagem do ar e a entrada de microrganismos no ponto de enxertia e podem ser usados 
quentes ou frios. Normalmente, não são suficientes para manter a união do enxerto e do 
porta-enxerto. Por isso, deve-se fazer, primeiramente, uma amarração com ráfia ou 
outro material semelhante. 
 
Fio de ráfia 
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69 
O fio de ráfia é usado apenas para manter a união entre as partes, não servindo 
para impedir a entrada ou a saída de água, ou as trocas gasosas. 
 
Fitas de polietileno 
As fitas de polietileno (Fig. 8) são os materiais mais utilizados, pois mantêm a 
união, impedem a entrada de água, a desidratação da gema, as trocas gasosas e a entrada 
de microrganismos. 
A fita de polietileno n° 8 é a mais indicada para fazer a amarração, em função da 
espessura e da elasticidade, mas pode-se utilizar qualquer fita de polietileno disponível, 
até mesmo aquelas provenientes de embalagens vazias (sacos de plástico). 
 
Filme de PVC 
Utilizado para amarração das enxertias, principalmente enxertia de garfagem em 
videira, e para embalagem de alimentos. É comercializado em bobinas, geralmente com 
28 cm x 30 m. 
Para facilitar a utilização, as bobinas são cortadas em rodelas com 2,0 a 2,5 cm de 
largura (Fig. 8). Esse material apresenta boa aderência e, por isso, não é necessário dar 
nós, para fixar as extremidades. Dependendo do número de voltas envolvendo o 
material, também não é necessário retirar o filme, que se decompõe após 2 ou 3 meses. 
 
 
Fig. 8. Amarração em enxertia de garfagem em videira com utilização de: A - Fitas de 
polietileno; e B - Filme de PVc. 
 
Algumas plantas apresentam baixo índice de pegamento, quando a enxertia é 
feita na primavera/verão, devido, principalmente, à desidratação das gemas. 
Para reduzir esse tipo de problema, pode-se usar, além da amarração ou proteção 
com mastiques, a câmara úmida, que consiste na cobertura do enxerto e do porta-
enxerto com um saco de plástico transparente amarrado levemente com um barbante 
na base do porta-enxerto, ou a proteção do local da enxertia com papel, utilizando-se 
sacos de papel, folhas de jornal, etc. O uso de proteções evita a ação direta do vento e 
do sol, e em alguns casos pode viabilizar a enxertia de garfagem na primavera verão. 
 
Etiquetas 
A identificação dos porta-enxertos, mudas prontas e ramos fornecedores das gemas 
é uma prática importante, pois a mistura de cultivares poderá causar sérios problemas, 
muitas vezes só notados quando as plantas entram em produção. As etiquetas podem ser 
de madeira, de metal, de plástico ou de outro material resistente às intempéries, devendo 
constar, no mínimo, a cultivar copa e o porta-enxerto utilizados. 
Um sistema de identificação bastante eficiente e prático pode ser feito com tinta. 
Para isso, pintam-se anéis com cores diferentes no enxerto e no porta-enxerto, de modo 
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70 
que cada cor caracterize uma determinada cultivar. Esse sistema é muito utilizado na 
cultura da macieira. 
 
Produtos para desinfestação 
A desinfestação de ferramentas, como canivetes e tesouras, é uma prática que deve 
ser adotada, a fim de se evitar contaminação com microrganismos. Normalmente, o 
produto utilizado é o hipoclorito de sódio de1,5% a 2% (água sanitária). 
 
Obtenção dos porta-enxertos 
A obtenção comercial de porta-enxertos pode ser feita por sementes ou por 
métodos vegetativos. 
O método mais utilizado é a propagação por sementes, pela facilidade de se obter 
um grande número de plantas, por proporcionar plantas sadias e vigorosas e pela pouca 
exigência de tratos culturais, o que permite a obtenção de porta-enxertos a baixo custo. 
A principal desvantagem da produção de porta-enxertos por sementes é sua grande 
desuniformidade. 
Os principais métodos vegetativos utilizados na obtenção de porta enxertos são a 
estaquia e a mergulhia. Apresentam a vantagem de produzir plantas uniformes, além de 
manter as características genéticas das mesmas em relação aos pais. 
A utilização de sementes ou de métodos vegetativos é função de uma série de 
fatores, tais como facilidade de obtenção de sementes, capacidade de enraizamento, 
variabilidade genética, custos e suscetibilidade a pragas e doenças, que podem levar à 
preferência por um ou por outro método. 
Um aspecto importante na obtenção dos porta-enxertos, principalmente quando se 
deseja fazer a enxertia de primavera/verão, refere-se a proporcionar condições que 
possibilitem bom desenvolvimento desses. Tais condições vão, desde a escolha do local 
e a correção do solo, até irrigações e tratamentos fitossanitários. 
 
Classificação da enxertia 
A enxertia pode ser classificada de duas maneiras: quanto ao método utilizado e 
quanto à época de realização. 
 
Quanto ao método utilizado 
Quanto ao método utilizado, existem três tipos de enxertia: enxertia de borbulhia, 
enxertia de garfagem e enxertia de encostia. As demais são variações desses tipos 
(chamadas formas). 
 
Enxertia de borbulhia - Também é conhecida como enxertia de gema e consiste 
em justapor uma pequena porção da casca de uma planta (enxerto), contendo apenas 
uma gema, com ou sem lenho, em outra planta (porta-enxerto) (Fig. 9). 
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71 
 
Fig. 9. Enxertia de borbulhia feita em pessegueiro. 
 
 
Conforme o modo de incisão da gema, existem várias formas de se realizar a 
enxertia de borbulhia, ainda que o princípio seja o mesmo para todas elas. A seguir, 
serão descritas as formas mais comuns da enxertia de borbulhia, mesmo que existam 
outras cujo uso não é tão difundido. 
As enxertias em T normal e em T invertido, bem como as demais assinaladas, são 
subdivisões da enxertia de borbulhia e não uma divisão quanto ao método . 
 
 Enxertia em T normal - Essa forma é bastante utilizada na propagação de 
espécies frutíferas principalmente cítricas e rosáceas. 
 
o porta-enxerto deve apresentar um diâmetro de 6 a 8 mm (diâmetro de um lápis, 
no qual, com o auxílio de um canivete, faz-se uma incisão na forma de T (Fig. 10l, ou 
seja, faz-se um corte vertical com aproximadamente 3 cm de comprimento e, na 
extremidade superior, um corte horizontal. 
 
Os cortes devem ser feitos a uma altura de 5 a 25 cm do solo, cortando-se somente 
a casca que será desprendida do lenho. Uma altura de corte muito baixa poderá 
ocasionar a contaminação no local da enxertia, bem como gerar um futuro 
enraizamento da cultivar-copa. 
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72 
Por sua vez, uma grande altura de corte implica maior superfície de retirada de 
brotações do porta-enxerto e maior risco de quebra no ponto de enxertia. 
As gemas são retiradas, preferencialmente, da porção mediana dos ramos da 
última estação de crescimento. Deve-se retirar um fragmento de casca com a gema e 
sem o lenho. Para isso, é necessário que ocorra fácil desprendimento dos mesmos. 
Para a retirada da gema, o corte deve ser feito de modo que seja atingida parte do 
lenho, para não danificá-la. Depois, faz-se um corte transversal da casca e, com uma 
leve pressão para a frente ou lateralmente, com o dedo polegar, faz-se a retirada da 
gema, com cuidado para não causar danos à mesma. 
Após a retirada da gema, deve-se inseri-Ia, o mais rapidamente possível, devido à 
desidratação e oxidação, no corte efetuado no porta- enxerto, de modo que fique 
protegida pelas abas laterais do T. Caso o tamanho da porção da casca com a gema seja 
maior do que o corte feito no porta-enxerto, deve-se eliminar a parte excedente. 
Para proteger e fixar a gema enxertada, deve-se amarrá-la de cima para baixo, para 
evitar que a mesma seja empurrada para fora do corte, ainda que isso facilite a 
penetração de água. Durante a amarração, deve se evitar cobrir a gema com a fita. Caso 
isso aconteça, deve-se retirar a fita, quando a gema começar a brotar. 
Dependendo da época da enxertia, que será vista posteriormente, deve-se fazer a 
dobra do porta-enxerto . 
 
 Enxertia em T invertido - A enxertia de T invertido é idêntica à forma 
anterior, diferindo dessa apenas quanto à forma de incisão no porta-enxerto. 
Nesse caso, o corte horizontal é feito na extremidade inferior do corte vertical, 
daí a denominação de T invertido (Fig. 10 B). 
Esse tipo de inserção apresenta algumas vantagens com relação ao anterior. Por 
exemplo, confere maior resistência ao broto no primeiro estágio de crescimento e 
dificulta a entrada de água, tanto proveniente da chuva, quanto da exsudação de seiva. 
O excesso de água no ponto da enxertia causa apodrecimento da gema. 
A amarração deve ser feita de baixo para cima, para impedir que a gema seja 
empurrada para fora do corte e evitar a penetração de água . 
 
 Enxertia em placa ou escudo - Essa forma de enxertia é utilizada em espécies 
que apresentam casca grossa, como é o caso da nogueira-pecã, do caquizeiro e 
da goiabeira (Fig. 11). É uma forma mais lenta e mais difícil de ser executada do 
que a enxertia na forma de T (normal ou invertido) (Fig. 10). 
O porta-enxerto deve apresentar um diâmetro de 15 a 25 mm, um pouco maior do 
que o necessário para a enxertia em T. Para se fazer a enxertia de borbulhia, deve-se 
utilizar um canivete de lâmina dupla, com o qual se fazem dois cortes paralelos 
horizontais e dois cortes paralelos verticais, obtendo-se uma placa de casca de formato 
quadrangular, ou um vazador com cerca de 2 cm de diâmetro e com as bordas bem 
afiadas. 
Para retirar a gema, procede-se da mesma forma, de modo que a placa contendo a 
gema tenha as mesmas dimensões da placa retirada do porta-enxerto. Isso permite uma 
perfeita coincidência das mesmas. A amarração é feita do mesmo modo que na enxertia 
em T invertido. 
 
 Enxertia em anel - Para se fazer essa enxertia, efetuam-se dois cortes 
horizontais e paralelos, com canivete de lâmina dupla, ao redor do porta-
enxerto, obtendo-se uma porção de casca em forma de anel (Fig. 11). Para 
retirar a gema, procede-se de maneira idêntica à enxertia em placa. 
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73 
Quando se utiliza essa forma de enxertia, as partes do porta-enxerto acima do anel 
tendem a morrer com o passar do tempo, devido à interrupção da translocação da seiva. 
 
 Enxertia de gema com lenho - Consiste em retirar um fragmento de um ramo 
com uma gema e parte do lenho (porção mais lignificada do ramo). Outro 
fragmento, do mesmo tamanho, também deve ser retirado do porta-enxerto, 
devendo-se utilizar ramos fornecedores de gemas e porta-enxertos, com o 
mesmo diâmetro, para possibilitar maior contato cambial (Fig. 12). 
A enxertia de gema com lenho é utilizada, principalmente, quando a casca não se 
desprende do lenho, o que dificulta a adoção da enxertia em T, seja normal ou invertido. 
Essa forma de enxertia de borbulhia pode ser empregada, comsucesso, na propagação 
do caquizeiro. 
 
Enxertia de garfagem - A garfagem é um método de enxertia que consiste na 
retirada de uma porção de ramo, chamada de garfo ou de enxerto, em forma de bisei ou 
de cunha, contendo duas ou mais gemas, para ser introduzida no porta-enxerto ou 
cavalo (Fig. 13). 
Geralmente, esse tipo de enxertia é feito no período de repouso vegetativo, 
principalmente em julho e agosto. Entretanto, pode-se utilizar a enxertia de garfagem de 
diversas espécies frutíferas na fase de crescimento vegetativo, como na videira, no 
abacateiro, na mangueira, etc. 
 
 
 
Fig. 12. Enxertia de borbulhia em gema com lenho. Fig. 13. Enxertia de garfagem. 
 
 
Assim como na enxertia de borbulhia, também existem várias formas de se fazer 
a enxertia de garfagem. A seguir, serão descritas as mais importantes na propagação de 
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74 
plantas frutíferas . 
 
 Fenda cheia - A enxertia em fenda cheia é uma forma de garfagem mais 
eficiente, quando se tem uma grande diferença de diâmetro entre enxerto e 
porta-enxerto. É uma forma fácil de ser executada, na qual faz-se um corte 
horizontal no porta-enxerto, eliminando se, totalmente, a copa. Depois, faz-se 
um corte no sentido longitudinal, com 2 a 5 em de comprimento. 
No enxerto ou garfo, fazem-se dois cortes na parte basal, em forma de bisei, 
semelhante a uma cunha. A seguir, introduz-se a cunha no corte do porta-enxerto (Fig. 
14). 
Quando o porta-enxerto apresenta diâmetro muito superior ao do garfo, pode-se 
colocar dois garfos, um em cada extremidade do corte. Nesse caso, a enxertia é 
chamada de dupla garfagem ou de duplo garfo. Existe também a enxertia de raiz, que é 
feita colocando-se o garfo num porta-enxerto de um fragmento de raiz (Fig. 15). 
 
 
 
Fig. 14. Enxertia de garfagem em fenda cheia. 
 
 
 Fenda simples ou inglês simples - Essa forma de enxertia de garfagem 
consiste em fazer-se um corte em bisei no garfo, e outro no porta-enxerto, de 
modo que os câmbios fiquem em perfeito contato (Fig. 16). 
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75 
 
 
Fig. 16. Enxertia de garfagem em fenda simples (A), dupla fenda (B) e 
cicatrização (C). 
 
A enxertia em fenda simples apresenta o inconveniente de o enxerto quebrar-se 
muito facilmente, pois o contato entre as partes enxertadas é muito frágil. Após a 
enxertia, deve-se fazer uma amarração com fita plástica, tomando-se o cuidado de não 
deslocar o garfo . 
 
 Fenda dupla ou inglês complicado - A forma de fenda dupla é a mais utilizada 
para a propagação da macieira, proporcionando bons resultados. Consiste em 
cortes em bisei no garfo e no porta enxerto, seguidos de um corte no terço 
inferior do garfo, e outro no terço superior do porta-enxerto. Para juntar as duas 
partes, faz-se o garfo deslizar sobre o corte em bisei do porta-enxerto, 
resultando no encaixe dos cortes (Fig. 16 B e C). 
Esse tipo de corte proporciona maior área de contato das regiões cambiais, bem 
como maior firmeza entre enxerto e porta-enxerto. 
Para obter-se maior índice de pega, é necessário que o diâmetro do garfo seja o 
mais próximo possível do diâmetro do porta-enxerto . 
 
 Enxertia com máquina - A enxertia com máquina também é uma forma de 
enxertia de garfagem, na qual cortes semelhantes são feitos com máquinas, no 
enxerto e no porta-enxerto. Existem vários tipos de máquinas de enxertar, mas 
as mais utilizadas fazem 
diferentes cortes, normalmente em forma de 
ômega (Fig. 17). 
A enxertia com máquina é feita em duas etapas. Na primeira, efetua-se o corte do 
enxerto e, na segunda, o corte do porta-enxerto e a união entre as partes. A principal 
vantagem da enxertia com máquina é o rendimento da operação, uma vez que uma 
pessoa é capaz de enxertar cerca de 5 mil unidades por dia. Como desvantagem 
principal, tem-se a necessidade de utilizar enxerto e porta-enxerto com diâmetros 
semelhantes. 
 
Enxertia de encostia - A enxertia de encostia, também chamada de enxertia de 
aproximação, consiste na união lateral de duas plantas com sistemas radiculares 
independentes, de modo que enxerto e porta-enxerto 
A 
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76 
 
 
Fig. 17. Máquina pneumática utilizada para a enxertia. 
 
sejam mantidos, por seus sistemas radiculares, até que a união esteja completamente 
formada. É o método mais simples de enxertia, mas é pouco utilizado na propagação 
comercial de plantas frutíferas. 
A enxertia de encostia pode ser feita em qualquer época do ano, embora seja mais 
conveniente fazê-la na época de crescimento vegetativo, o que facilitará a cicatrização e 
a união entre as partes. 
Existem várias formas de se fazer a enxertia de encostia. Contudo, por sua pouca 
utilização, serão descritas apenas as mais importantes. 
 Lateral simples - É a forma mais simples de enxertia de encostia. 
Consiste em efetuar-se um corte na superfície da casca, com a finalidade de 
descobrir o câmbio, tanto no enxerto quanto no porta-enxerto. Depois, unem-se 
essas superfícies com fita de polietileno, ráfia ou qualquer outro material 
similar. 
Quando a união estiver completamente formada, faz-se o corte da parte aérea do 
porta-enxerto e do sistema radicular do enxerto, de tal maneira que a nova planta fique 
constituída do sistema radicular e da copa das cultivares desejadas. 
 Em lingüeta ou lateral inglesa - Essa forma é semelhante à anterior, diferindo 
pelo fato de ser feito um segundo corte da metade para baixo no porta-enxerto e 
da metade para cima no enxerto, ocasionando o encaixe de ambos. 
A enxertia em lingüeta tem sido bastante utilizada em trabalhos, para investigar a 
transmissão de doenças viróticas entre as plantas. 
 No topo - É feita do mesmo modo que a encostia lateral simples, mas o porta-
enxerto é cortado em bisei, na extremidade, e encostado na planta, para formar 
uma nova. 
 
Quanto à época de realização 
A classificação da enxertia quanto a época é mais comum na Região Sul, onde as 
estações do ano apresentam características climáticas mais definidas, principalmente em 
relação à temperatura. Em outras regiões que não apresentam essas diferenças, a 
classificação da enxertia quanto à época não tem a mesma importância. 
Enxertia de primavera/verão - Esse tipo de enxertia também é conhecido como 
enxertia de gema viva. Geralmente é realizada nos meses de novembro e dezembro, 
podendo ser prorrogada até fevereiro. É a época mais utilizada em fruticultura, 
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77 
principalmente por possibilitar a obtenção 
da muda em apenas um ciclo vegetativo. Por isso, deve-se ter uma serie de cuidados 
com os porta-enxertos, como adubações nitrogenadas, controle de pragas e doenças, 
limpezas e irrigações, a fim de que eles atinjam o diâmetro necessário dentro do 
período previsto. 
O método mais utilizado para a enxertia de primavera/verão é o de borbulhia em T 
invertido, mas pode-se utilizar, também, os outros métodos, dependendo das espécies 
que se desejam propagar. 
As gemas ou borbulhas devem ser retiradas de ramos da brotação do ano, com 
bom crescimento e oriundos de plantas sadias. Esses ramos devem ser coletados no 
mesmo dia em que é feita a enxertia. Em seguida, retiram-se todas as folhas, deixando-
se um pequeno pedaço do pecíolo ligado ao ramo. 
Os ramos devem ser conservados na sombra, coma base imersa em água, para 
evitar a desidratação. Caso não sejam utilizados no mesmo dia, deverão ser enrolados 
em pano, ou papel úmidos, ou sacos de plástico e armazenados em geladeira comum, 
com temperatura em torno de 5° C. 
Após se fazer a enxertia, normalmente, faz-se a dobra da copa do porta-enxerto. 
Essa dobra consiste em quebrar parcialmente o porta enxerto, cerca de 10 cm acima do 
ponto de enxertia, para forçar a brotação da gema enxertada. Outro benefício dessa 
dobra é permitir o sombreamento do local da enxertia. 
Decorridos 10 a 15 dias, retira-se a parte dobrada da copa do porta enxerto, por 
meio de um corte acima da fita usada para amarração, e eliminam-se as brotações que 
surgirem do porta-enxerto. Quando o enxerto estiver medindo em torno de 15 a 20 cm 
de altura, faz-se um corte em bisei logo acima do mesmo, cortando-se, também, a fita 
da amarração. Deve-se ter cuidado para que, durante o corte, não ocorra afrouxamento 
da gema. 
Durante todo o desenvolvimento do enxerto, as brotações do porta enxerto devem 
ser eliminadas, para se evitar que elas exerçam competição e prejudiquem o 
desenvolvimento da muda. 
 
Enxertia de verão outono - Também conhecida como enxertia de gema 
dormente. É feita no final do verão ou no início do outono. 
A enxertia de gema dormente é semelhante à enxertia de gema viva, mas, nesse 
caso, não é feita a dobra da copa do porta-enxerto logo após a enxertia. Essa dobra é 
feita somente na primavera seguinte, quando a gema entrará em atividade. 
Assim, a muda enxertada no verão outono só estará completamente formada após 
dois ciclos vegetativos, o que faz com que essa enxertia não seja comumente utilizada. 
No entanto, quando os porta-enxertos não apresentam o diâmetro mínimo que 
possibilite a enxertia em novembro/ dezembro, a enxertia de gema dormente pode ser 
uma alternativa para aproveitamento dos mesmos. 
Uma maneira de se ganhar tempo com a muda enxertada no verão/ outono é levá-
la para o local definitivo antes de a gema brotar, ou seja, no inverno subseqüente à 
enxertia. Para isso, corta-se o porta-enxerto cerca de 20 em acima do local da enxertia e, 
na primavera seguinte, quando ocorrer o desenvolvimento da gema, faz-se o corte 
definitivo. 
Tal procedimento apresenta, como inconvenientes, a incerteza da brotação da 
gema e a quebra do enxerto logo após a brotação, período em que a nova planta é mais 
sensível à ação de ventos, animais, máquinas e outros agentes, fazendo com que haja 
necessidade de substituição dessa muda. 
 
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Enxertia de inverno - É feita no período de repouso vegetativo, ou seja, nos meses 
de julho e agosto. O método mais utilizado é a garfagem, sendo bastante difundido na 
propagação da macieira, da pereira e da videira. 
Os ramos que fornecem as gemas devem ser formados no último ciclo vegetativo e 
podem ser colhidos até 1 mês antes da enxertia, desde que embalados adequadamente e 
acondicionados em geladeira ou câmara fria, com temperatura de 2°C a 4°C. Para 
embalagem, normalmente são utilizados pano, papel ou serragem umedecidos. 
Contudo, acontece que a umidade pode favorecer o aparecimento de agentes 
patogênicos, principalmente fungos, que atacam as gemas e comprometem a qualidade 
do material. Para evitar esse problema, é possível armazenar as gemas em embalagens 
plásticas (sacos ou lonas), bem vedadas e mantidas sob refrigeração. 
A enxertia de inverno pode ser feita no campo ou em galpões. No caso da enxertia 
ser feita no campo, os porta-enxertos já se encontram estabelecidos no viveiro, ao passo 
que na enxertia de galpão, também conhecida como enxertia de mesa, os porta-enxertos 
enraizados são enxertados e, então, levados para o viveiro. A muda ficará no viveiro 
durante 1 ano, quando será levada para o local definitivo. 
 
Formas especiais de enxertia 
Normalmente, a enxertia é empregada para a produção de mudas. 
Entretanto, existem casos em que ela é feita em plantas adultas, para corrigir 
algum tipo de problema que venha a se manifestar. 
 
Sobreenxertia - A sobreenxertia é uma técnica bastante utilizada, quando se 
quer substituir a cultivar-copa de plantas já formadas ou introduzir uma cultivar, para 
solucionar problemas de polinização. Normalmente, é feita numa ou em todas as 
pernadas principais, onde se elimina toda a copa por meio de uma poda drástica e 
enxerta-se a cultivar desejada. 
Devido à grande diferença de diâmetro existente entre enxerto e porta-enxerto, 
recomenda-se usar a enxertia de fenda cheia ou, no caso de a enxertia ser feita em 
ramos secundários, o método inglês complicado (Fig. 18). 
 
Interenxertia - Essa prática é usada, quando se deseja unir duas plantas que 
sabidamente são incompatíveis, ou quando se pretende diminuir o vigor da cultivar 
copa, utilizando-se um porta-enxerto vigoroso. Consiste em interpor um fragmento 
(com 10 a 20 cm de comprimento) de uma planta entre o enxerto e o porta-enxerto. 
Assim, uma planta com interenxertia apresenta três partes geneticamente diferentes 
(enxerto, interenxerto e porta-enxerto) e dois locais de enxertia (Fig. 19). 
 
 
Fig. 18. Sobreenxertia em macieira. 
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79 
 
Na macieira, é comum o uso dessa técnica, sendo a enxertia inglês complicado a 
mais utilizada, em ora possa ser usada outra for ma ou método para se fazer a 
interenxertia. Normalmente, as enxertias são feitas simultaneamente, o que permite a 
obtenção da muda em apenas 1 ano. 
Subenxertia - A subenxertia é utilizada quando se têm problemas no sistema 
radicular da planta, decorrentes do pequeno desenvolvimento das raízes, de danos por 
doenças, pragas ou equipamentos agrícolas ou de qualquer outro fator. O processo 
consiste em se colocar, ao lado da planta já instalada, um ou mais porta-enxertos 
enraizados e enxertá-los nessa planta (Fig. 20). 
Enxertia de ponte - A enxertia de ponte é empregada para recuperar plantas que 
apresentam a casca danificada por doenças, roedores ou implementos agrícolas, mas 
sem apresentar problemas no sistema radicular. 
Antes de se fazer o enxerto de ponte, deve-se fazer uma limpeza da área danificada 
da casca. Emprega-se a enxertia de encostia, usando-se ramos com 1 ano de idade, 
oriundos de preferência da mesma planta (Fig. 21 e Fig. 22). 
O comprimento do ramo a ser usado como ponte depende do tamanho da área 
danificada da casca, mas devem-se eliminar todas as gemas que brotarem do enxerto. 
Dependendo da extensão do dano, podem-se efetuar um ou vários enxertos de 
ponte numa mesma planta. 
 
 
 
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80 
Propagação Vegetativa por Mergulhia 
 
Introdução 
A mergulhia é um processo de multiplicação assexuada, em que a planta a ser 
originada só é destacada da planta-mãe após ter formado seu próprio sistema radicular. 
Essa técnica é recomendada para espécies com dificuldades de multiplicação por 
outros métodos c10nais ou mesmo por sementes. 
Baseia-se no princípio de que, pelo sombreamento parcial ou total do ramo ou de 
outra parte da planta, são proporcionadas condições de umidade, aeração e ausência de 
luz, que favorecem a emissão de raízes (MIELKE et aI., 1994). 
Algumas técnicas de condicionamento da planta, tais como o anelamento ou a 
dobra do ramo no local da mergulhia, provocam a redução da velocidade de transporte 
de carboidratos e fitorreguladores, aumentando as possibilidades de formação de raízes 
no local. 
A mergulhia é feita na primavera ou no fim do verão, ouseja, durante ou no final 
da estação de crescimento das plantas. 
Na propagação comercial de plantas frutíferas, a mergulhia é um processo bastante 
utilizado na obtenção de porta-enxertos de macieira, pereira e marmeleiro, ainda que 
possa ser usada, também, em casos onde as plantas apresentam dificuldade de formar 
raízes nas estacas, ou não possam ser propagadas por outros métodos. 
A mergulhia é um processo trabalhoso, que exige grande quantidade de mão-de-
obra, tendo por isso um custo mais elevado do que os outros métodos de multiplicação 
vegetativa. Existem espécies, como a framboeseira e a amoreira, nas quais a mergulhia 
ocorre naturalmente, sendo, por isso, a principal forma de propagação. 
 
Fatores que afetam a regeneração das plantas 
Geralmente, os fatores que afetam a formação de raízes na mergulhia são os 
mesmos da estaquia, diferindo apenas em ordem de importância. Tal fato é devido à 
grande semelhança entre esses métodos de propagação. 
Para que ocorra a formação de raízes numa determinada parte do ramo ou da 
planta, é necessário que haja ausência de luz no período de enraizamento. A ausência 
de luz provoca o estiolamento do ramo, com acúmulo de auxinas e diminuição da 
lignina e dos compostos fenólicos (FACHINELLO et ai., 1995). 
As possibilidades de enraizamento são maiores, quando o estiolamento é feito em 
ramos ou partes jovens das plantas. 
A seguir, serão apresentados os fatores mais importantes: 
 
Substrato 
É necessário que o substrato apresente uma textura leve, com umidade, aeração e 
temperatura adequadas para a formação das raízes. 
 
Nutrição 
Como a planta a ser propagada por mergulhia permanece ligada à planta-mãe, 
ocorre um fluxo contínuo de água e de nutrientes, e essa nutrição equilibrada da matriz 
favorecerá a formação de raízes. 
 
Fisiologia 
A mergulhia deve ser feita, quando a planta se encontra em fase de crescimento 
vegetativo, principalmente no final desse período, quando ocorre um acúmulo de 
carboidratos e outras substâncias importantes para a emissão de raízes. 
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81 
 
Idade do ramo 
Ramos mais jovens geralmente enraízam com maior facilidade do que ramos mais 
velhos. A poda drástica dos ramos, antes da mergulhia, é uma prática muito utilizada 
para provocar a emissão de novas brotaçães que, assim como no processo da estaquia, 
tendem a apresentar melhor enraizamento. 
 
Fitorreguladores 
A aplicação de substâncias estimuladoras do enraizamento, como o AIS (ácido 
indolbutírico), poderá favorecer a formação de raízes. Essas substâncias são utilizadas, 
principalmente, na mergulhia aérea (alporquial, pela facilidade de aplicação. 
Trabalhos realizados por Castro e Silveira (2003l, no final do inverno, com plantas 
de pessegueiro e ameixeira por meio de mergulhia aérea, anelando os ramos e, 
posteriormente, aplicando uma solução de AIB na concentração de 4.000 mg L-l, 
proporcionaram percentuais próximos a 100%, tanto no enraizamento quanto na 
sobrevivência das mudas. 
 
Anelamento 
o anelamento é uma prática que provoca uma interrupção no fluxo de substâncias 
nutritivas elaboradas no caule, produzindo o acúmulo de carboidratos, auxinas e outros 
fatores do crescimento nessa região, favorecendo o enraizamento. 
O anelamento pode ser feito, retirando-se um anel de casca com 0,8 a 1,0 cm de 
largura, ou amarrando-se um arame ao redor do ramo e, em seguida, cobrindo-se o local 
com substrato adequado. 
 
Princípios anatômicos e fisiológicos 
Os princípios anatômicos e fisiológicos, relacionados à formação de raízes na 
mergulhia, são semelhantes aos da estaquia, apresentados no Capítulo 4. 
 
Classificação 
Existem muitas formas de se executar o processo da mergulhia, mas todas 
obedecem ao princípio da cobertura parcial do ramo, ou outra parte da planta com solo 
ou outro substrato com a mesma finalidade. A mergulhia pode ser feita no solo ou fora 
dele, e é classificada segundo o esquema apresentado na Fig. 1. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mergulhia no solo 
 
Mergulhia simples normal - Consiste em curvar-se um ramo, cobrindo uma parte 
com solo, deixando sua extremidade descoberta e em posição vertical (Fig. 2). 
Para que o ramo não seja deslocado pela ação do vento ou de outros agentes, deve-
se fixá-lo ao solo, pois o movimento do ramo poderá danificar as raízes, prejudicando o 
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82 
enraizamento. Assim que o ramo formar raízes suficientes para sua manutenção, deve-
se desligá-lo da planta-mãe. 
 
Mergulhia simples de ponta É semelhante à mergulhia simples normal, mas nesse 
caso, a ponta ou coberta com solo. Ocorre inversão de polaridade das gemas, que 
brotarão e formarão uma nova planta (Fig. 3). Do mesmo modo que na anterior, após a 
formação do sistema radicular, deve-se separar a muda da planta-mãe. 
 
Mergulhia contínua chinesa Consiste em curvar-se um ramo, cobrindo com solo 
a maior extensão possível do mesmo, de modo que apenas sua extremidade fique des-
coberta. Com a cobertura do ramo, as gemas dispostas em sua extensão permanecem 
sob o solo e emitirão brotações enraizadas (Fig. 4). Teoricamente, poder-se-ia obter um 
numero e plantas igual ao numero e gemas enterradas, mas isso dificilmente 
ocorre devido à permanência de algumas gemas no estado de dormência. 
 
Mergulhia contínua serpenteada - É semelhante à mergulhia contínua chinesa, 
mas a cobertura é feita somente em algumas partes do ramo (e não em toda a sua 
extensão), ou seja, cobre-se uma parte com solo e deixa-se outra descoberta (Fig. 5). 
A mergulhia contínua, tanto chinesa como ser penteada, permite obter maior 
número de plantas por ramo, se comparada com a mergulhia simples. Quando as novas 
brotaçães emitirem raízes, os ramos devem ser desligados da planta-mãe. 
 
 
 
Mergulhia de cepa - Consiste no plantio de uma muda oriunda de semente ou de 
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estaca e, antes do início da estação de crescimento, faz-se uma poda drástica, para 
favorecer a emissão de inúmeras brotaçães. 
 
Quando essas brotaçães atingirem 10 a 15 cm de altura, faz-se a primeira amontoa 
com terra ou outro substrato. A segunda amontoa é feita com 20 a 25 cm e a terceira, 
quando as brotaçães atingirem em torno de 40 cm (Fig. 6a). 
 
A amontoa deve ser feita na primavera, de modo que se forme um camalhão com 
25 a 30 cm de altura, ao redor dos ramos, para possibilitar um bom desenvolvimento do 
sistema radicular nas brotaçães (Fig. 6b e Fig. 6c). Em muitos casos, deve-se fazer 
amontoas posteriores, para manutenção da altura desejada. 
 
A mergulhia de cepa é o principal método de propagação de porta enxertos de 
macieira e de pereira, e só devem ser utilizadas espécies capazes de emitir gemas 
adventícias ou dormentes, pois com a poda drástica, elimina-se toda a parte aérea da 
planta. 
 
A separação das brotações enraizadas é feita no inverno seguinte, devendo-se 
desmanchar o camalhão com cuidado, para não danificar o sistema radicular. O corte 
deve ser feito o mais próximo possível da planta mãe, que deve ser mantida descoberta 
para emissão de novas brotações e tão logo essas novas brotações atinjam 15 cm de 
comprimento, o processo é repetido. 
 
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Propagação Vegetativa por Estruturas Especializadas 
 
Introdução 
 
Estruturas especializadas são caules, folhas ou raízes modificadas que funcionam 
como órgãos de reserva de alimentos, podendo também ser utilizados na propagação 
vegetativa das plantas. Muitas vezes, esses órgãos possibilitam a sobrevivência das 
plantas em condições adversas. 
Em fruticultura, a propagação das plantas por meio de estruturas especializadas é 
usada em algumas espécies, como, por exemplo, o morangueiro, a bananeira, o 
abacaxizeiro, a framboeseira e a amoreira-preta (FACHINELLO et ai., 1995). 
 
Tipos de estruturas 
Embora existam vários tipos de estruturas especializadas que podem ser utilizadas 
na propagação de plantas, no caso das plantas frutíferas, as principais estruturas 
utilizadas são: estolões, rebentos e rizomas. 
 
Estolões 
São caules aéreos especializados, mais ou menos horizontais, que surgem da axila 
das folhas, na base ou na coroa das plantas que enraízam e formam uma nova planta. 
Geralmente, primeiro ocorre a formação de uma pequena planta no segundo nó do 
estolão e só depois é que é formado o sistema radicular. 
A formação de estolões é geralmente determinada pelo fotoperíodo, sendo iniciada 
em dias com duração de 12 horas de luz solar ou mais, dependendo da sensibilidade da 
espécie ou cultivar. 
Um exemplo característico de planta que pode ser propagada por estolões é o 
morangueiro, no qual o número de mudas obtidas em cada planta-mãe é dependente da 
cultivar (Fig. 1). 
 
 
Fig. 1. Estolões utilizados na propagação do morangueiro. 
 
Rebentos 
 
São brotaçôes que surgem a partir de raízes, do caule ou dos próprios frutos que, 
quando enraizados, podem ser utilizados na produção de novas plantas. A framboeseira, 
a amoreira-preta e o abacaxizeiro são facilmente propagados por rebentos (Fig. 2 e 3). 
 
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Fig. 2. Rebentos utilizados na propagação da amoreira-preta 
 
No caso do abacaxizeiro, as mudas produzidas por essas estruturas recebem 
denominações dependendo da parte da planta da qual se originam, Meletti (2000) 
conforme o que se segue: 
Coroa - Muda originada de um aglomerado de folhas modificadas, localizadas 
no ápice do abacaxi. Apresenta um peso reduzido (200 a 350 g), boa uniformidade, 
proporciona ciclo mais longo (22 a 24 meses) e não produz frutos tem porões. Nor-
malmente, esse tipo de muda não está disponível aos produtores, já que os frutos para 
consumo in natura são comercializados com a coroa, a não ser quando os frutos são 
destinados às indústrias. 
Filhote - Muda originária do pedúnculo do fruto e, por isso, tem a parte basal 
curva. Apresenta tamanho uniforme (200 a 500 g), raramente produz frutos tem porões 
e apresenta ciclo um pouco menor (18 a 22 meses) do que as mudas de coroa. Esse 
tipo de estrutura é o mais abundante, na produção de mudas, e o número de filhotes é 
variável com a cultivar. No caso da cultivar Pérola, pode-se obter de 5 a 9 filhotes por 
planta. 
Rebentões - São mudas originárias a partir de brotações de gemas do caule 
localizadas nas bainhas foliares. Apresentam tamanho heterogêneo (400 a 1.000 g), 
frutos tem porões e ciclo mais curto (inferior a 18 meses). 
Embora exista um grande número de gemas, a dominância apical faz com que 
apenas 1 ou 2 dessas brotações se desenvolvam e possam ser utilizadas como mudas. 
A emissão de rebentões pode ser estimulada, artificialmente, pela eliminação do 
meristema apical ou tecido geratriz das folhas do abacaxizeiro, pela quebra da 
inflorescência ou do fruto em desenvolvimento, e pela poda das folhas e do pedúnculo, 
após a colheita do fruto. 
Para aumentar o rendimento desse tipo de muda, deve-se colher, também, os 
rebentões, tão logo atinjam o tamanho adequado para plantio, ocorrendo a produção de 
novas mudas. 
 
 
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Fig. 3. Diferentes tipos de mudas de abacaxizeiro. A) Coroa; B) Filhote; C) Filhote-
rebentão; D) Rebentão. 
 
O número de rebentões pode variar com a cultivar, com a época de plantio, com a 
idade da planta na indução floral, com o tamanho da muda plantada, e com a densidade 
de plantio e de adubação. 
 
Quando os rebentões estão inseridos na região de conexão do talo com o 
pedúnculo, podem ser chamados de filhotes-rebentões. 
 
Independentemente da parte do abacaxizeiro a ser utilizada, após a coleta, as 
mudas são expostas ao solo por 1 ou 2 semanas, num processo denominado cura (Fig. 
4), que tem por finalidades acelerar a cicatrização na região onde a mesma foi 
destacada da planta-mãe, reduzir a quantidade de água para evitar o apodrecimento, 
reduzir pragas e evitar fusariose, eliminando-se as mudas com sintomas. 
 
Rizomas 
São caules modificados de crescimento normalmente subterrâneo, e que 
apresentam capacidade de armazenar reservas. 
As mudas do tipo rizoma são importantes para a propagação da bananeira e, a 
exemplo do abacaxizeiro, recebem denominações diferentes de acordo com o tamanho e 
a forma, o que tem proporcionado algumas confusões, pela adoção de diferentes 
critérios regionais na separação dos tipos. 
 
As denominações mais comuns dos tipos de mudas originadas de rizomas na cultura da 
bananeira, segundo Teixeira (2000), são as seguintes: 
 
Chifrinho - Mudas medindo 20 a 30 cm de altura, com 2 a 3 meses de idade, e peso em 
torno de 1 a 2 kg, sem folhas. 
 
Chifre - Mudas medindo 50 a 80 cm de altura, com folhas rudimentares na extremidade 
superior. 
 
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Chifrão - Mudas medindo 6 a 9 meses de idade, com folhas estreitas e peso médio de 2 
a 3 kg. 
 
Muda alta - Mudas enraizadas, com folhas inteiras ou definitivas pesando 5 kg ou 
mais. Esse tipo de muda já constitui uma planta jovem. 
 
 
 
Fig. 4. Processo de cura das mudas de abacaxizeiro. 
 
 
Guarda-chuva ou mudas d'água - Brotos com pseudocaule fino, folhas largas e 
rizoma pouco desenvolvido. Normalmente, não são utilizadas, por serem pouco 
vigorosas, devido à menor capacidade de armazenamento de reservas. 
Além dos rizomas inteiros, é possível a utilização de pedaços de rizomas contendo 
algumas gemas, originados de plantas que já produziram frutos, ou de rebentos. 
A utilização de rizomas para propagação da bananeira tem sido um dos grandes 
problemas da cultura, uma vez que esse tipo de estrutura pode servir como fonte de 
disseminação de pragas e doenças, principalmente de nematóides, de fusariose e de 
brocas, que podem comprometer seriamente a vida útil do pomar. Além disso, 
normalmente as mudas são retiradas de pomares comerciais, onde a ocorrência desses 
problemas é bastante comum (Fig. 5). 
 
Fig. 5. Mudas do tipo rizoma de diferentes tamanhos 
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Micropropagação de Plantas Frutíferas 
 
Introdução 
 
Entre as diversas formas de propagação de plantas frutíferas, existe uma que 
utiliza pequenas partes ou células isoladas das mesmas, cultivando-as de forma 
controlada, ou seja, fornecendo a esses tecidos ou células, os elementos responsáveis 
pelo controle do crescimento e desenvolvimento vegetal. 
O desenvolvimento de uma planta depende da interação de fatores internos, como 
as substâncias orgânicas, os hormônios, que desempenham importante função na 
regulação do crescimento, e externos como a luz, a temperatura e o fotoperíodo. 
Na cultura de tecidosvegetais, as correlações existentes entre os diversos órgãos 
de uma planta intacta são rompidas, sendo necessário o fornecimento dos fatores que 
regulem o crescimento e o desenvolvimento: 
Na micropropagação, é feito o cultivo de plantas ou partes de plantas, também 
chamados de explantes, em meio de cultura e ambiente asséptico, onde se controlam a 
temperatura, o fotoperíodo, a umidade e a irradiância, em local apropriado, chamado de 
sala de crescimento. 
Essa técnica, também conhecida como propagação in vitro, multiplica plantas 
dentro de frascos de vidro (resultando daí o termo in vitro), e é a técnica de maior 
aplicação prática dentro da biotecnologia vegetal, sendo utilizada na produção 
comercial de plantas. 
O aspecto mais interessante da propagação in vitro está justamente no grau de 
controle que pode ser exercido sobre, praticamente, todos os estágios de 
desenvolvimento, do estabelecimento até a multiplicação e enraizamento da planta. 
 
Vantagens e desvantagens da micropropagação 
Conseqüentemente, por meio da micropropagação, é possível exercer o controle 
sobre a produção das mudas, produzindo-as durante todo o ano, obtendo-se um número 
elevado de indivíduos, geneticamente idênticos, a partir de uma planta selecionada 
(c1onagem) e obtendo-se plantas com elevada qualidade sanitária. 
Na cultura de tecidos, a micropropagação é a modalidade que mais se tem 
difundido e encontrado aplicações práticas comprovadas, e constitui-se num método de 
produção de mudas que apresenta várias vantagens. 
Entre essas vantagens, a possibilidade de, a partir de um explante 
inicial, obter-se: 
 Várias plantas, independentemente das estações do ano. 
 Redução do tempo necessário à propagação da espécie. 
 Melhores condições sanitárias por meio do cultivo de meristemas previamente 
tratados por termoterapia, para eliminação de doenças. 
 Reprodução do genótipo da planta-mãe, com fidelidade na multiplicação. 
 Propagação vegetativa de espécies vegetais difíceis de serem propagadas por 
outros métodos. 
Entretanto, pode acarretar limitações ao seu emprego em nível 
comercial, tais como: 
 Variação somaclonal. 
 Perda de caracteres devido à intensa multiplicação. 
 Elevado custo para obtenção da muda. 
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 Dificuldades técnicas de aclimatização. 
 Elevado período de juvenilidade após plantio no campo, entre outras. 
Em alguns casos, a multiplicação in vitro pode ser obtida em larga escala, 
resultando na instalação de verdadeiras biofábricas comerciais, baseadas no princípio 
da linha de produção, e algumas vezes automatizadas. 
No Brasil, onde a aplicação comercial da micropropagação é relativamente recente, 
existem diversos grupos trabalhando em instituições públicas de pesquisa e em 
universidades públicas e privadas. Entretanto, até o momento, poucas são as empresas 
privadas que atuam na área. 
Considerando-se somente essas possibilidades, a micropropagação torna-se um 
instrumento extremamente interessante no setor de produção de mudas frutíferas, já que 
a tendência da fruticultura moderna está voltada para os plantios adensados (que 
necessitam de grande número de mudas por área) e do uso de mudas certificadas. 
 
Metodologia geral 
Um aspecto fundamental para se fazer a micropropagação de uma frutífera é o 
domínio da tecnologia de propagação em laboratório, chamada de protocolo, resultado 
de estudos realizados com os fatores que afetam o crescimento e o desenvolvimento das 
plantas in vitro, que compreende as seguintes fases: 
 Estabelecimento das culturas in vitro. 
 Multiplicação in vitro. 
 Enraizamento in vitro. 
 Aclimatização. 
 
Estabelecimento das culturas in vitro 
Para iniciar a micropropagação de uma frutífera, é necessário estabelecer a cultura 
in vitro, isto é, obter as plantas livres de contaminastes visíveis e suficientemente 
adaptadas às condições in vitro para que, numa fase seguinte, possam ser multiplicadas. 
Assim, para o estabelecimento dos cultivos in vitro, a escolha do explante 
apropriado constitui o primeiro passo. O explante é qualquer segmento de tecido 
oriundo de uma planta, para iniciar um cultivo in vitro, podendo ser uma gema axilar ou 
segmento nodal, ápice caulinar ou radicular, sendo que esses contêm o meristema ou 
tecidos diferenciados, como as folhas ou pedaços de uma folha, entrenó, etc. (Fig. 1). 
Na seleção dos explantes, devem ser considerados aspectos como o nível de 
diferenciação do tecido utilizado e a finalidade da micropropagação. Teoricamente, 
considerando-se a totipotência das células vegetais, qualquer tecido pode ser utilizado 
como explante. Quando os explantes são de pequenas dimensões (cultivo de 
meristemas), a multiplicação geralmente visa eliminar viroses. 
o cultivo de ápices de maiores dimensões é empregado na multiplicação 
vegetativa, quando a infecção por vírus não for um problema muito severo. Na maioria 
dos trabalhos envolvendo micropropagação de frutíferas, os explantes escol h idos 
geralmente são obtidos de gemas apicais ou axilares, mas há variação, conforme a 
espécie ou a cultivar. 
No caso do mirtilo, os melhores explantes são os originados do segmento nodal, 
contendo a gema axilar. Para a pereira, cv. Carrick, podem-se utilizar gemas axilares ou 
meristemas apicais e laterais, enquanto para a cv. Garber, o melhor explante é o 
meristema. 
Geralmente, quando a finalidade da micropropagação é a c10nagem de cultivares 
superiores, ou seja, a produção de mudas, utilizam-se como explantes preferenciais 
gemas apicais ou axilares, pois essas gemas possuem maior número de células 
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meristemáticas e são geneticamente mais estáveis. 
 
 
Fig. 1. Explantes utilizados no início de cultivos i n vitro de espécies frutíferas: A) Ápice 
caulinar ou gema apical; B) Gema axilar; C) Segmento nodal; e D) Entrenó. 
 
Quando o objetivo da micropropagação é a obtenção de plantas para serem 
utilizadas em estratégias de melhoramento genético, podem se utilizar tecidos 
diferenciados como folhas e entrenós, que sofrerão uma dediferenciação por meio de 
tratamentos adequados. 
O estabelecimento in vitro, principalmente no caso de espécies lenhosas, como a 
maioria das frutíferas, apresenta dois problemas principais: a contaminação e a 
oxidação. 
A contaminação depende do material vegetal utilizado no isolamento dos 
explantes, que pode ser oriundo de casa de vegetação ou do campo, e do processo de 
desinfestação. 
A manutenção da planta-matriz em casa de vegetação permite que as brotações 
novas se desenvolvam em ambiente protegido de intempéries 
e insetos, que provocam ferimentos e permitem a entrada de microrganismos, o que 
resultará, posteriormente, na obtenção de explantes com menor incidência de fungos e 
bactérias. 
Muitas vezes, embora esses contaminantes não sejam visíveis nas plantas 
adultas, quando em contato com o meio de cultura, com temperatura adequada e 
ambiente estéril, onde não sofrerão competição, eles se proliferam, rapidamente, 
causando a morte do explante e prejudicando o cultivo in vitro desse material. 
A planta de onde será retirado o explante deve ser bem nutrida, livre de 
contaminantes e devidamente identificada como a cultivar que se deseja 
micropropagar (Fig. 2). 
 
 
 
 
 
 
 
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Fig. 2. Plantas-matrizes: A) Macieira cv. Mastergala; e B) Marmeleiro cv. Me, 
utilizadas como fonte de explantes para o início de cultivos in vitro. 
 
Após a seleçãoe os devidos tratamentos fitossanitários na frutífera, faz-se a 
coleta do ramo que fornecerá os explantes. Em seguida, esse material é levado ao 
laboratório, onde sofrerá uma desinfestação. 
Na desinfestação dos explantes, são utilizadas várias substâncias com ação germicida. 
As mais comuns são o etanol - que também possui a propriedade de remover a cera dos 
explantes, aumentar a penetração dos outros germicidas, geralmente utilizado a 70% e 
80% - e os compostos à base de cloro (hipoclorito de sódio e hipoclorito de cálcio) nas 
concentrações de 0,5% a 2% de cloro ativo. 
A ação germicida das soluções de hipoclorito é devida à sua alta capacidade 
oxidante, que destrói a atividade das proteínas celulares. 
As combinações dos princípios ativos desinfetantes e os tempos de exposição 
variam muito. Para o estabelecimento in vitro de mirtilo, a desinfestação com 
hipoclorito de sódio a 1,5% de cloro ativo, durante 20 minutos, foi eficiente. 
Na desinfestação de meristemas de marmeleiro cv. Me, o hipoclorito de sódio a 
1,5%, com tempos de exposição entre 10 e 20 minutos, propiciou bons resultados. Em 
Prunus cv. Mr. S. 2/5, não foram verificadas diferenças, utilizando-se 0,5% e 2,0% de 
hipoclorito de sódio, sendo que esse desinfestante mostrou-se superior ao hipoclorito de 
cálcio. 
A oxidação que ocorre no processo de isolamento de explantes de espécies 
lenhosas é um problema limitante. Essa oxidação ocorre em função da liberação de 
compostos fenólicos pelas células danificadas com o corte, que são oxidados pelas 
enzimas polifenases, produzindo substâncias tóxicas. Essas enzimas, além de escurecer 
o meio de cultura, inibem o crescimento dos explantes e podem causar a morte deles 
(Fig. 3). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Fig. 3. Escurecimento do meio de cultura por oxidação dos compostos fenólicos 
liberados pelos explantes de macieira in vitro. 
 
Para reduzir a oxidação, as possibilidades técnicas incluídas são, entre outras: 
 
 A lavagem dos explantes coletados em água corrente, antes da desinfestação, 
auxiliando a lixiviação dos compostos fenólicos. 
 
 A utilização de substâncias antioxidantes no meio de cultura ou na forma de 
banho (ácido ascórbico, ácido cítrico, PVP polivinilpirrolidona, e carvão 
ativado), 
 
 A incubação inicial dos explantes no escuro ou sob intensidade luminosa 
reduzida. 
 
 A utilização de meios básicos mais diluídos e a redução de concentrações de 
fitorreguladores, principalmente citocininas. 
 
 A transferência freqüente dos explantes para novo meio ou para locais 
diferentes no meio. 
 
Esses explantes, depois de selecionados e desinfestados, serão colocados sob 
condições adequadas in vitro (meio de cultura, temperatura, fotoperíodo, etc.), que 
proporcionarão seu crescimento. 
 
As condições de estabelecimento de cada espécie ou cultivar podem variar, em 
relação às necessidades de fatores endógenos e exógenos, que controlam seu 
crescimento e desenvolvimento. 
 
Após o estabelecimento das plantas in vitro, a partir dos explantes (Fig. 4), a etapa 
seguinte é a de multiplicar o material que se deseja 
propagar. 
 
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Fig. 4. Plantas de macieira estabelecidas in vitro a partir de segmentos nodais. 
 
Multiplicação in vitro 
Estabelecida a espécie vegetal in vitro, inicia-se a multiplicação, quando as 
brotações são cultivadas com a finalidade de aumentar o seu número (Fig. 5). 
 
 
Fig. 5. Multiplicação in vitro de espécies frutíferas A) Marmeleiro e B) Macieira, 
respectivamente. 
 
Os subcultivos são feitos até obter-se o número de brotações desejadas que serão 
enraizadas. Durante a multiplicação, um aspecto importante é a qualidade e a 
homogeneidade das partes aéreas produzidas, que podem determinar o sucesso na fase 
seguinte de enraizamento. 
As condições controladas, dadas em laboratório para os explantes, são 
determinantes para o crescimento e o desenvolvimento das brotações. O controle é feito 
por meio de cultura e das condições do ambiente da sala de crescimento. 
Também relevante é o número de subcultivos após o início do cultivo in vitro, que 
deve ser o menor possível. Gerações subseqüentes em grande número podem acarretar 
variabilidade genética dos explantes e a perda de qualidade das mudas. 
No meio de cultura, além das formulações básicas dos meios, normalmente 
utilizadas, como o MS (MURASHIGE; SKOOG, 1962), WPM - Wood Plant Medium 
(LLOYD; MCCOWN, 1980), entre outras, o uso de fitorreguladores é imprescindível 
para que se obtenha sucesso na propagação de culturas in vitro. 
O tipo de citocinina e sua concentração são os fatores que mais influenciam o 
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sucesso da multiplicação in vitro, sendo indispensáveis 
para auxiliar a superação da dominância apical e a indução de proliferação de gemas 
axilares. 
Outros tratamentos podem ser dados aos explantes, para estimular maior 
proliferação, como por exemplo, a excisão do ápice e o cultivo na orientação horizontal. 
Na multiplicação in vitro do porta-enxerto de macieira cv. 
Marubakaido, o efeito da dominância apical pode ser superado colocando se os 
explantes na orientação horizontal no meio de cultura, obtendo-se assim, maior número 
de brotações e de gemas por explante, e maior taxa de multiplicação. 
Um adequado balanço entre auxinas e citocininas estabelece um eficiente controle 
no crescimento e na diferenciação das culturas in vitro. Concentrações altas de auxinas 
favorecem a iniciação radicular, enquanto reprimem a formação de brotos, e 
concentrações altas de citocininas induzem a iniciação de brotos e suprimem o 
enraizamento. 
As concentrações de citocininas para multiplicação estão entre 0,1 a 5/0 mg L-l, e 
entre as citocininas comercialmente disponíveis, a benzilaminopurina (BAP), 
geralmente apresenta melhores resultados. 
O thidiazuron (TDZ), um composto do grupo das feniluréias, em muitos casos tem 
apresentado resultados superiores, em relação às outras citocininas, na indução e na 
multiplicação de brotos de várias espécies. 
Na multiplicação in vitro de macieira cv. Fuji, o TDZ e o BAP apresentaram 
resultados semelhantes para a taxa de multiplicação. Entretanto, para o número médio 
de brotações, o TDZ foi superior, enquanto para o comprimento da brotação mais 
desenvolvida, o BAP foi superior. 
Apesar de não promoverem a proliferação de brotações axilares, as auxinas podem 
incrementar o crescimento da cultura. No meio de multiplicação, uma das possíveis 
ações da auxina seria a anulação do efeito supressivo das altas concentrações de 
citocinina sobre a elongação das brotações axilares, restaurando o crescimento normal 
das mesmas. 
Durante a multiplicação, podem-se utilizar auxinas que, com as citocininas, são 
responsáveis pela diferenciação dos tecidos meristemáticos. Esses fitorreguladores são 
comumente utilizados em concentrações baixas nessa fase da micropropagação. 
Outro grupo de reguladores de crescimento, que pode ser utilizado nessa fase, é o 
das giberelinas, as responsáveis pelo alongamento das brotações produzidas. 
 
Enraizamento in vitro 
Após a multiplicação, a etapa seguinte é a rizogênese, cujo propósito é a formação 
de raízes adventícias nas partes aéreas, obtidas no estágio de multiplicação, que permite 
a constituição de plantas completas (Fig. 6), para posterior aclimatização às condições 
ex vitro. 
 
 
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Fig. 6. Plantas de Prunus CV. Mr. S. 1/8 enraizadas in vitro e aparência do sistema 
radicular formado. 
 
O enraizamento de espécies herbáceas é geralmente fácil, mas no caso das 
espécies lenhosas, que inclui a maioria das frutíferas, é a etapa mais difícil. Tipos e 
concentrações de auxinas são as variáveis que, geralmente, mais influenciam o 
enraizamento, e variam conforme a espécie e a cultivar, devendo-se ajustá-las para cada 
caso, obtendo-se assim, sucesso no enraizamento. 
Os tipos mais utilizados de auxina são o AIB (ácido indolbutírico), o ANA (ácido 
naftalenacético) e o AIA (ácido indolacético). A emissão de raízes dos explantes de 
amoreira-preta cv. Ébano foi obtida com a adição de ANA ao meio de cultura. Os 
melhores índices de enraizamento do porta-enxerto de macieira cv. Marubakaido foram 
obtidos utilizando-se 0,1 mg L- l de AIB no meio de cultura. 
Na macieira cv. Fred Hough, o melhor enraizamento foi obtido com a adição de 
0,6 mg L-l de AIB ao meio de cultura MS, com a concentração de sais reduzida a 50%. O 
AIB ou o AIA, nas concentrações de 0,2 ou 1 mg L-l, foram adequados para obter-se 
70% a 100% de enraizamento na macieira cv. Northern Spy. 
Com a utilização do ANA, para essa mesma cultivar, observou-se a formação de 
calos, com raízes surgindo a partir destes, mas não apresentando conexão vascular com 
a base do broto. 
As melhores percentagens de enraizamento dos porta-enxertos de pereira Pyrus 
calleryana D-6 e Old Home x Farmingdale 9 foram obtidas, respectivamente, com 1,2 
mg L-1 de ANA e 0,3 mg L-l de AIB, no meio de cultura ou com a imersão da base dos 
explantes, de ambos porta-enxertos, em 100 mg L' de ANA. Depois, devem ser 
transferidos para meio de cultura sem regulador de crescimento. 
O custo da propagação in vitro pode ser diminuído, promovendo se o 
enraizamento da planta em condições ex vitro, além de melhorar a qualidade do 
sistema radicular formado na planta. 
No enraizamento ex vitro, as brotações oriundas da multiplicação in vitro são 
retiradas dos frascos, o meio de cultura aderido é lavado, e então essas brotações são 
manipuladas como microestacas, podendo, em alguns casos e de acordo com a 
necessidade da espécie, tratar-se a base da microestaca com soluções de auxinas em 
talco ou água, antes da introdução no substrato, para acelerar o enraizamento. 
Materiais como vermiculita, areia, espuma fenólica, entre outros, podem ser úteis 
como substrato para o enraizamento ex vitro. 
Do ponto de vista econômico, isso representa uma repicagem que é eliminada, 
economia de espaço na sala de crescimento, energia elétrica e meio de cultura. Em 
termos de qualidade, a regeneração de raízes, . diretamente no substrato, tende a 
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produzir um sistema radicular mais funcional e completo. 
 
Aclimatização 
Nessa fase, as brotações enraizadas são transferidas para telado ou casa de 
vegetação, onde precisarão se readaptar às novas condições ambientais. 
Geralmente, os organismos vivos conseguem regular sua atividade de acordo com 
o ambiente a que estão submetidos, e é essa regulação que torna a aclimatização 
possível. 
Na aclimatização, as plantas micropropagadas passam de uma situação, onde os 
fatores responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento são controlados, para uma 
situação de ambiente natural e autotrófico. Essas condições ambientais podem causar 
estresses, além de favorecer o ataque de microrganismos e de pragas. 
As plantas provenientes da cultura in vitro são sensíveis e tenras, pois não 
desenvolvem a cutícula, resultando em alta evapotranspiração, e sua parte celular não 
apresenta rigidez suficiente para sustentação. 
As folhas são delgadas e suaves, fotossinteticamente inativas, deixando a planta 
em franco heterotrofismo. Os estômatos não operam eficientemente, provocando, assim, 
estresses nas primeiras horas após saírem dos frascos de vidro. 
A habilidade de fazer ajustes por meio de mudanças no seu padrão de crescimento, 
devido ao ambiente externo, é que vai determinar o sucesso na obtenção de plantas 
micropropagadas. 
Geralmente, um maior controle nas condições ambientais, como a utilização de um 
substrato adequado, manutenção de umidade relativa alta, sombreamento das plantas, 
controle fitossanitário e nutrição adequada são suficientes para a sobrevivência e o 
desenvolvimento das plantas micropropagadas, que estão sendo aclimatizadas. 
Na adimatização do porta-enxerto de macieira cv. Marubakaido, a vermiculita em 
caixas fechadas com vidro proporcionou maior sobrevivência (90%). 
Para a amoreira-preta aclimatizada em vasos na casa de vegetação, os substratos 
solo + areia + esterco, compostagem orgânica, composto orgânico comercial, e 
vermiculita em flocos médios não influenciaram a sobrevivência das plantas. Deve-se 
levar em consideração, que as espécies mostram comportamento diferente quanto à 
capacidade de adimatização. 
O sucesso na micropropagação de frutíferas depende de todas as etapas pelas quais 
os explantes são submetidos, com a obtenção final de plantas desenvolvidas e 
adaptadas. Cada etapa do processo de micropropagação possui uma forte influência no 
resultado final, devendo-se desenvolver metodologias adequadas aos diferentes 
genótipos utilizados. 
 
Aplicações da micropropagação em plantas frutíferas limpeza clonal 
Por serem propagadas vegetativamente, as frutíferas podem acumular durante o 
período em que são multiplicadas, uma quantidade bastante grande de viroses. 
 
A utilização da micropropagação como instrumento para a limpeza da planta-
matriz fornecedora de estruturas utilizadas na produção de mudas, como borbulhas e 
estacas, é de grande importância no sistema produtivo. 
A propagação vegetativa de plantas constitui-se numa forma eficiente de 
perpetuação e disseminação de vírus. Isso se deve ao fato de que a maioria das viroses 
apresenta caráter sistêmico e o vírus estar presente em todas as partes da planta. 
Além disso, a quase totalidade das frutíferas arbóreas ou arbustivas são 
propagadas vegetativamente. Assim, quando partes de plantas, obtidas de hospedeiros 
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infectados, são utilizadas para plantio, levam, consigo, os vírus presentes na planta-
mãe. 
Ao contrário das doenças causadas por fungos e bactérias, que podem ser 
erradicadas das culturas por tratamentos químicos, a alternativa mais viável para 
obtenção de clones sadios (livres das principais viroses), beneficiando a produtividade 
e a qualidade dos frutos, tem sido a cultura de meristemas ou a termoterapia. 
Na cultura de meristemas, aqueles com primórdios foliares subjacentes são 
retirados de gemas vegetativas, terminais ou axilares que, em seguida, são cultivados 
em meio de cultura, contendo reguladores de crescimento. Então, se diferenciarão em 
brotações, que serão multiplicadas, enraizadas e transferidas para condições de casa de 
vegetação, onde deverão ser indexadas, para demonstrar se estão ou não, infectadas por 
vírus. 
O tratamento de termoterapia é feito antes da cultura de meristemas, submetendo-
se a planta infectada a temperaturas ao redor de 37°C por 
. um tempo determinado. Normalmente, as plantas devem permanecer por um período 
mínimo de 20 dias, mas preferivelmente, acima de 40 dias expostas a temperaturas 
superiores aos 30°C, para inativar o vírus e, ao mesmo tempo, possibilitar o 
crescimento das brotações da planta-matriz. 
Após esse tratamento, o explante poderá ser excisado das brotações e cultivado in 
vitro, ou então, as brotações poderão ser coletadas e,depois de enraizadas, servir de 
fonte de material vegetal livre de vírus. Meristemas retirados de plantas submetidas a 
termoterapia geralmente são livres de viroses que não são eliminadas somente pela 
cultura de meristemas. 
A percentagem de inativação de viroses pela termoterapia, como os vírus ACLSV 
(apple chlorotic leaf spot trichovirus), ApMV (apple mosaic ilarvirus), ASPV (apple 
stem pitting virus), Rw (rubbery wood agent) e Sgv (apple stem grooving capiflovirus), 
em macieira e pereira pode variar de 74% a 100% dependendo do vírus. 
 
Microenxertia 
A cultura de meristemas tem sido usada, com sucesso, em espécies herbáceas, 
para multiplicação vegetativa e limpeza dona!. Entretanto, para frutíferas e essências 
florestais, essa metodologia tem limitações, pois essas espécies apresentam dificuldade 
de regeneração a partir de ápices caulinares. Como uma alternativa, para superar as 
dificuldades encontradas na regeneração do meristema, desenvolveu-se o método da 
microenxertia. 
A técnica é efetuada in vitro, em condições de laboratório, e consiste, 
basicamente, em colocar uma pequena porção retirada do ápice caulinar, contendo o 
meristema e 2 ou 3 primórdios foliares, numa incisão em T invertido, feita num caule 
estiolado do porta-enxerto. Os porta-enxertos são obtidos a partir de sementes 
desinfestadas e germinadas in vitro. 
No pessegueiro, quando a plântula (porta-enxerto) alcança cerca de 5 cm, é feita a 
microenxertia. Após o pegamento, e quando a combinação enxertada alcançar cerca de 
10 cm, faz-se a repicagem, para condições naturais. 
A microenxertia vem sendo utilizada em diversas espécies frutíferas, entre as 
quais a macieira, a cerejeira, a videira, o damasqueiro, o pessegueiro, o abacateiro, a 
ameixeira japonesa (Prunus salicina Lind.) e a amendoeira (P. amigdalus Batsch), apesar 
de, inicialmente, ter sido criada para citros. 
Além de ser utilizada na limpeza clonal, atualmente a técnica de microenxertia 
vem sendo usada nos estudos sobre fisiologia, histologia e incompatibilidade entre 
copa/porta-enxerto e em procedimentos quarentenários. 
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Propagação rápida (multiplicação massal) 
No melhoramento de plantas propagadas vegetativamente, uma vez confirmada a 
superioridade de indivíduos selecionados, a cultura de tecidos pode ser empregada na 
micropropagação dessas plantas em escala comercial. 
Os métodos de propagação in vitro são de grande importância na fruticultura, 
tendo em vista a grande necessidade de mudas para abastecer a demanda de mercado, 
sendo eficientes na multiplicação tanto de plantas matrizes quanto de porta-enxertos. 
Além disso, oferecem, também, maior segurança, com relação ao aspecto fitossanitário 
da muda produzida. 
Um dos objetivos da micropropagação é a maximização da multiplicação de 
gemas, originando um grande número de brotações, que depois de enraizadas são 
transferidas para condições de casa de vegetação. 
 
Melhoramento genético 
No melhoramento genético de plantas, as técnicas de cultura de tecidos são 
utilizadas de distintas formas numa ou outra etapa do melhoramento, não 
necessariamente na obtenção direta de novas cultivares. 
Entre as aplicações da cultura de tecidos no melhoramento genético de espécies 
frutíferas, merecem destaque: 
 A organogênese in vitro, indispensável na obtenção de plantas geneticamente 
transformadas. 
 O armazenamento e o intercâmbio de germoplasma. 
 A cultura de embriões ou embriocultura. 
 
Organogênese in vitro e transformação genética 
Por meio da cultura de tecidos, das técnicas de DNA recombinante e da 
transformação genética, a biotecnologia oferece novas oportunidades na obtenção de 
novas cultivares. 
A transformação de plantas depende de dois requisitos essenciais: a habilidade 
para introduzir um gene desejável, de forma estável, dentro do genoma da planta, e a 
habilidade para regenerar uma planta fértil por meio de células transformadas. 
A maior dificuldade técnica para obtenção de plantas transgênicas é o 
estabelecimento prévio de um sistema de regeneração eficiente, que não altere as 
características genéticas do explante inicial. 
A escolha do explante inicial geralmente é função da sua capacidade de 
regeneração in vitro (Fig. 7). 
Na regeneração de plantas lenhosas, geralmente os explantes mais utilizados são 
folhas e entrenós. Outra possibilidade é a utilização direta de tecidos meristemáticos, 
especialmente ápices caulinares e radiculares. 
A organogênese pode ocorrer de forma direta ou indireta. Quando a organogênese 
ocorre a partir de tecidos do explante ou de pequena proliferação dos mesmos, ainda 
sobre o explante original, considera-se organogênese direta. 
 
 
 
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Fig. 7. Regeneração direta de brotos a partir de folhas (A) a partir de ápice caulinar 
(8) e a partir de entrenó (e). 
 
 
 
Quando a mesma ocorre a partir de tecidos de calo isolados do explante primitivo 
ou a partir de suspensões celulares e calos daí derivados, considera-se organogênese 
indireta. 
A regeneração direta, via formação de brotações adventícias, vem sendo 
amplamente utilizada, principalmente nos trabalhos de transformação de plantas, pois as 
plantas regeneradas são mais estáveis do que aquelas obtidas de calos, com menor risco 
de quimeras e variação somaclonal. 
Hoje, existem diversos trabalhos de transformação de plantas, visando melhorar 
tanto seu desempenho no campo (resistência a patógenos e a estresses ambientais) 
quanto a sua qual idade. 
Em algumas espécies lenhosas importantes, já foram descritos protocolos de 
obtenção de plantas transgênicas, como quivizeiro, nespereira, nogueira, citros, 
ameixeira, videira, macieira, pereira e caquizeiro. 
 
As frutíferas resistentes a vírus também podem ser obtidas pela transformação 
genética. Outras características de interesse, que podem ser introduzidas nas plantas, via 
transformação genética, incluem a resistência a fungos, resistência a estresses 
ambientais e melhoria da qualidade nutricional. 
 
Armazenamento e intercâmbio de germoplasma 
Vários são os métodos utilizados para conservar o germoplasma, os quais são 
agrupados em duas formas distintas: conservação in vitu, quando as plantas são 
conservadas em seus habitats naturais, e conservação ex situ, quando as plantas são 
mantidas em bancos de germoplasma, fora de seu habitat natural. 
Entre as técnicas de conservação ex situ, a conservação in vitro, por meio da 
cultura de tecidos, é indicada de modo especial para plantas que não produzem 
sementes, que as produzem em pequenas quantidades, ou aquelas onde as sementes 
sejam recalcitrantes. 
O material vegetal conservado in vitro pode ser mantido à temperatura ambiente, 
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101 
ou em baixas temperaturas, e até mesmo criopreservado (-196°C). 
Os métodos de criopreservação podem ser ordenados em etapas 
conhecidas como: 
 Pré-cresci mento. 
 Crioproteção. 
 Resfriamento. 
 Armazenamento. 
 Aquecimento. 
• Crescimento de recuperação. 
Uma grande aplicação da conservação in vitro é o intercâmbio de germoplasma. A 
troca de germoplasma por meio de culturas in vitro representa um importante passo 
para facilitar as atividades dos serviços de quarentena e de vigilância sanitária, 
diminuindo, sensivelmente, a possibilidade de introdução de patógenos ou pragas, por 
meio do intercâmbio de material genético, dentro do território nacional ou intercâmbio 
internacional. 
 
Cultura de embriõesA cultura de embriões, também chamada de embriocultura, é uma técnica utilizada 
no melhoramento genético de fruteiras de caroço, principalmente no caso do 
pessegueiro. 
É feito o cultivo in vitro de sementes provenientes de cruzamentos com cultivares 
ou seleções de maturação precoce, pois estas, devido ao curto período de 
desenvolvimento dos frutos, não conseguem formar 
completamente o embrião, antes da maturação da polpa. No caso da embriocultura, o 
material utilizado é de origem sexuada, não caracterizando a formação de danes. 
O meio a ser utilizado depende do desenvolvimento do embrião, mas também 
pode dar resultados distintos, conforme o germoplasma a ser posto em cultura. 
Atualmente, a fruticultura busca tecnologias que possibilitem a produção de frutos 
de qualidade com o menor investimento possível. Assim, a utilização de mudas com 
qualidade, sob o aspecto sanitário e genético, torna-se um requisito obrigatório no setor 
de produção de frutos. 
Entre os sistemas de propagação vegetativa de plantas, a micropropagação pode 
ser considerada a de maior contribuição em termos quantitativos e qualitativos na 
produção de mudas frutíferas. Entretanto, no Brasil, a atividade comercial de 
micropropagação concentra-se, principalmente, na multiplicação de espécies 
ornamentais e florestais. 
A maioria dos trabalhos realizados na área de fruticultura está localizada em 
empresas de pesquisa pública e nas universidades. Acredita se que, com o aumento da 
competitividade no setor de produção de mudas e com a exigência cada vez maior de 
plantas padronizadas e isentas de doenças, a micropropagação conquiste um espaço 
maior no setor frutícola. 
Deve-se considerar, também, a dificuldade muitas vezes encontrada para clonagem 
de plantas lenhosas adultas por meio da cultura de tecidos, cujos resultados são 
variáveis com o genótipo. 
Entre os fatores considerados problemáticos na micropropagação de plantas 
frutíferas, estão: 
 As contaminações endógenas dos tecidos, principalmente por bactérias, 
especialmente em explantes advindos de plantas adultas, crescidas a campo. 
 A oxidação dos compostos fenólicos liberados pelos explantes. 
 A malformação das brotações, também conhecida como vitrificação. 
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102 
A perda da capacidade de organogênese in vitro, em tecidos retirados de plantas 
adultas, pois a idade da planta-matriz e o estado de desenvolvimento fisiológico 
representam grande limitação na propagação massiva desses materiais. 
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103 
Certificação Genético sanitária de Mudas 
 
A certificação genético-sanitária consiste em dar garantias de que um 
determinado produto possui um padrão característico, estabelecido por normas 
regulamentadoras, que o diferencia, ou o habilita, para uso ou consumo. 
No âmbito de um programa de produção de mudas, a certificação tem por 
finalidade garantir a idoneidade do material vegetal (borbulhas, enxertos, porta-enxertos 
e mudas formadas), quanto à correspondência varietal e à ausência de agentes 
patogênicos, que possam comprometer a produção, com o uso de técnicas disponíveis e 
viáveis, sob aspecto econômico e ambienta!. 
 
Etapas para validação de um programa de certificação de mudas 
 
A certificação de mudas frutíferas compreende duas etapas principais: 
• Certificação genética . 
 • Certificação sanitária. 
Essas etapas, mesmo apresentando objetivos diferentes, caracterizando-se pela 
aplicação de métodos e técnicas específicas, inerentes a cada uma, são complementares 
entre si, num programa de certificação. 
 
Certificação genética 
Embora o controle do estado sanitário tenha sido a primeira etapa a merecer atenção 
especial na produção de mudas, nas últimas décadas, o aumento significativo de novas 
cultivares, das mais variadas espécies de plantas frutíferas, tem conduzido à necessidade 
de disponibilizar métodos capazes de atestar a qual idade genética das plantas. 
Para a seleção de novos genótipos com melhores características agronômicas em 
cada espécie frutífera, muitas vezes recorre-se a um número pequeno de acessos para 
serem utilizados nas hibridações. Conseqüentemente, parte dos novos genótipos 
colocados à disposição dos viveiristas e produtores possuem características muito 
similares, dificultando a diferenciação entre genótipos. 
Na bibliografia, muitos casos de controvérsia de identidade têm sido relatados, 
envolvendo cultivares que, sendo iguais, foram multiplicadas com nomes diferentes 
(sinonímia), ou vice-versa (homonímia). 
Na certificação genética de plantas frutíferas, buscam-se avaliar e descrever todos 
os caracteres presentes na planta, por avaliações subjetivas ou por meio de medidas 
físicas, químicas, bioquímicas e moleculares. Num determinado genótipo, todos os 
caracteres avaliados normalmente são utilizados na sua descrição. 
Quando se trata da certificação, um conceito importante a considerar é o de 
cultivar. Essa pode ser definida como variedade cultivada (do inglês - cu/tivated variety) 
ou, ainda, como o conjunto de plantas cultivadas, caracterizadas por apresentarem um 
ou mais caracteres em comum, que as diferenciam de outro grupo. 
Portanto, para se afirmar, com certeza, que uma cultivar é diferente, ela deve 
apresentar estabilidade das características, homogeneidade e possuir, pelo menos, um 
caráter peculiar que a possa distinguir claramente de outra cultivar. 
Entretanto, quando a planta de uma cultivar é afetada por algum tipo de mutação, 
fazendo com que ocorra a perda do caráter homogeneidade, se essa nova característica 
se mantiver estável na planta, quando multiplicada via agâmica, a nova planta passará a 
constituir o que se denomina de cultivar policlonal. 
Isso é verificado na cultura da macieira, na qual plantas das cultivares 
tradicionalmente cultivadas sofrem mutações, normalmente a nível de gema ou de ramo, 
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104 
e passam a apresentar uma ou mais características diferenciadas dos frutos., 
Esses ramos ou gemas são, então, isolados e multiplicados via enxertia e, quando 
comprovado que a nova característica é estável plantas portadoras dessa nova 
característica passam a constituir uma nova cultivar, 
Em todos esses casos, a diferenciação entre genótipos é feita por meio de 
polimorfismo, ou seja, as várias formas que podem assumir um determinado caráter, 
que é determinado pela presença de mais de uma forma alélica que pode ser detectada, 
fenotipicamente, ou geneticamente. 
Essas diferenças verificadas entre genótipos são comumente denominadas de 
marcadores genéticos, que podem ser classificados em três tipos: 
 Marcadores morfofenológicos. 
Marcadores bioquímicos. • Marcadores 
moleculares. 
O uso combinado desses marcadores permite revelar a verdadeira identidade da 
planta, a fim de dar garantias genéticas, em todas as etapas do processo de produção de 
mudas certificadas. 
Caracterização com marcadores morfofenológicos 
Características morfofenológicas são todas aquelas que podem ser avaliadas 
externamente na planta, como hábito de crescimento, vigor, formato da copa, tipo e 
forma das folhas, tipo de flor, hábito de frutificação, dados de floração e de maturação, 
tamanho e forma dos frutos, além de índices físico-químicos, entre outras. 
Até meados da década de 60, as características que diferenciavam variedades e 
cultivares eram baseadas somente nas avaliações morfofenológicas das plantas e 
descritas de acordo com o tipo de material a ser avaliado (porta-enxertosc10nais ou 
seedlings, cultivar copa para frutos destinados ao consumo in natura ou indústria, entre 
outras). 
Eram baseadas, também, em exemplos pré-definidos por legislação e registradas 
em fichas pomo lógicas apropriadas, conforme o exemplo apresentado no Anexo 1 . 
Numa ficha pomológica, pode ser incluso um número variado de caracteres a 
avaliar como morfológicos (referentes à forma de todos os órgãos da planta), 
biológicos, principalmente relacionados a processos fisiológicos (dados fenológicos) e 
agronômicos (produtividade, capacidade de fruit set, características físico-químicas do 
fruto). 
Nesse método, o avaliador caracteriza a cultivar no seu complexo, comparando e 
interpretando os dados recolhidos com os de outras cultivares, a fim de traçar um perfil 
completo e fiel da cultivar. 
Na comparação de duas ou mais cultivares, quando são encontradas diferenças na 
avaliação de um caráter específico, diz-se que essas diferenças são um marcador e, 
portanto, podem ser utilizadas para a diferenciação das cultivares. 
 
Um exemplo de marcador morfológico é apresentado na Fig. 1, onde a cor 
avermelhada da folha do porta-enxerto de pessegueiro Nemared é um marcador 
morfológico, que pode ser usado para diferenciá-lo de outras cultivares de folhas 
verdes, quando ocorrem misturas de cultivares no viveiro. 
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105 
 
 
Exemplos facilmente identificáveis são a presença ou a ausência de glândulas nas 
folhas, e o formato das glândulas em folhas de pessegueiro, entre outros. 
 
Existem vários fatores que I imitam o emprego de métodos descritivos para 
identificação de cultivares, que estão relacionados à complexidade e aos custos, 
atribuídos principalmente a: 
 
 Exigência de longos períodos de tempo para o registro das características, pois 
somente são completadas após a produção de frutos (no caso de cultivares) . 
 
 Necessidade de períodos específicos do ciclo vegetativo para se proceder as 
avaliações (período de floração, brotação, maturação de frutos, etc.). 
 Influência do ambiente e de fatores epigenéticos agindo sobre as características 
morfofenológicas (Fig. 2). 
 
 
 Influência de agentes patogênicos que podem alterar a época de floração e de 
maturação dos frutos, o vigor da planta, entre outras. 
 
Quando se trabalha com espécies de baixa variabilidade genética, onde muitos 
genótipos possuem características similares, como é o caso do pessegueiro, seleções 
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melhoradas de macieira ou cultivares policlonais, a identificação por meio da avaliação 
do fenótipo também é dificultada. Nesses casos, a variabilidade entre alguns genótipos 
ou em relação à cultivar original é mínima e dificilmente quantificável. 
 
Outro ponto considerado como desvantagem desse método é que algumas 
características utilizadas na análise são interpretadas subjetivamente. Assim, a 
possibilidade de ocorrerem diferenças de interpretação, entre avaliadores e entre locais, 
pode conduzir a erros de identificação. 
 
Apesar das I imitações, esse é o método tradicional para a caracterização de 
plantas frutíferas. Além disso, é o único capaz de diferenciar cultivares originadas de 
mutações, as quais apresentam diferenças apenas de uma ou poucas características, 
normalmente nos frutos. 
Como exemplo, pode-se citar a quantidade de russeting na epiderme de seleções 
de macieira da cultivar Golden Delicious, ou da coloração vermelha da epiderme em 
seleções de Red Delicious e de Gala. 
Para a certificação de cultivares, onde o fruto é o produto final a ser 
comercializado, a avaliação das características morfofenológicas, normalmente, são 
conduzidas pelo menos por 2 anos após a produção dos primeiros frutos. 
Para porta-enxertos de multiplicação c1onal, são observados pelo menos dois 
ciclos vegetativos de propagação em viveiro, enquanto para porta-enxertos obtidos de 
sementes, são avaliados um mínimo de 200 plantas por, pelo menos, um ciclo 
vegetativo em viveiro. 
Caracterização com marcadores bioquímicos 
Buscando-se alternativas para superar as limitações impostas pelos marcadores 
mofofenológicos, o desenvolvimento dos marcadores bioquímicos aumentou, 
grandemente, a possibilidade de se encontrar características úteis para a diferenciação 
de genótipos. 
Essa técnica consiste na avaliação das proteínas de reserva e, principalmente, das 
isoenzimas, estas últimas definidas como o conjunto de diferentes formas moleculares 
de uma enzima resultante da expressão de genes e que possuem o mesmo tipo de 
atividade catalítica. 
Considerando-se que as isoenzimas de um mesmo grupo apresentam variações na 
seqüência de aminoácidos, essas diferenças estruturais permitem, por meio da 
eletroforese, identificar as diferentes formas da enzima ou isoformas. Portanto, 
cultivares diferentes apresentam variações no padrão isoenzimático que podem ser 
utilizados na caracterização genética. 
Esse tipo de marcador foi utilizado, intensivamente, durante as décadas de 1970 e 
de 1980, nos mais variados estudos de genética, e na identificação de cultivares. 
Um exemplo da aplicação de isoenzimas é a diferenciação de duas cultivares de 
macieira (A e B) que apresentam dois locus que codificam a enzima fosfoglucomutase - 
PGM (pGM - 1 e PGM - 2). 
Na Fig. 3, cada um dos dois alelos a e b do mesmo gene PGM determinam a 
síntese de uma isoforma da enzima. Nesse caso, o polimorfismo observado é atribuído 
ao gene PGM - 1, que se apresenta na forma heterozigota na cultivar A, apresentando 
uma banda a mais, que é visualizada após a coloração do gel. 
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107 
 
o uso de isoenzimas, como marcadores genéticos, tem como vantagens o baixo 
custo e a rapidez para implementação da técnica em laboratório. São marcadores co-
dominantes, característica que permite identificar, numa progênie, os indivíduos com 
locus heterozigotos e homozigotos. 
Entretanto, os marcadores bioquímicos apresentam a desvantagem de não permitir 
uma caracterização completa do genoma. São limitados pelo pequeno número de 
sistemas enzimáticos polimórficos, o nível de polimorfismo detectado por loco é 
pequeno. Além disso, são influenciados pelas condições ambientais e pelo órgão da 
planta amostrado. 
Em espécies frutíferas, com maiores níveis de variabilidade genética, a exemplo da 
pereira e da ameixeira, o uso de isoenzimas produz, normalmente, um número elevado 
de polimorfismos, que podem ser utilizados na caracterização das cultivares. 
Em espécies como o pessegueiro e o damasqueiro, que possuem uma estreita base 
genética, o número de polimorfismos é reduzido, permitindo, em muitos casos, apenas a 
separação de cultivares em grupos. 
Caracterização com marcadores moleculares 
o uso de marcadores moleculares tem sido integrado ao exame morfofenológico e 
bioquímico, como um tipo de impressão digital molecular da planta, também 
denominado de fingerprinting varieta/ ou ONA fingerprinting. Ao contrário dos demais 
marcadores, as técnicas moleculares permitem identificar polimorfismo diretamente do 
DNA da planta, de maneira que a quantidade de polimorfismo detectada seja 
teoricamente ilimitada. 
Os primeiros marcadores moleculares utilizados foram os RFLP (Restriction 
Fragment Length Po/ymorphism), ou polimorfismo no comprimento de fragmentos de 
restrição, que são baseados na hibridização do DNA com sondas específicas. Têm como 
vantagens a co-dominância e a alta repetibilidade, mas necessitam do uso intensivo de 
mão-de-obra e de material radioativona análise. 
Posteriormente, com a descoberta da técnica de PCR - reação de polimerização em 
cadeia, houve um rápido e importante avanço no uso de novas técnicas para realização 
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108 
da análise do DNA, tanto para uso em programas de certificação genética de plantas, 
quanto para os demais estudos de genética. 
Esse tipo de análise, além de não sofrer influências do ambiente ou do órgão 
analisado, apresenta grande potencial para reconhecer a identidade das mais variadas 
espécies de plantas, em qualquer momento da sua vida ou ciclo vegetativo, 
principalmente em espécies de baixa variabilidade genética. Isso resulta em segurança 
para os produtores na aquisição de material, como garantia de correspondência 
genética, e até mesmo como forma de prevenir contestações que poderão surgir após a 
instalação de pomares. 
A identificação varietal por fingerprintingdo DNA não é um método substitutivo 
da tradicional classificação morfofenológica, mas integrativo ao mesmo, no controle da 
autenticidade genética na produção de mudas. 
Atualmente, para se analisar o DNA de plantas, pode-se optar por um conjunto de 
marcadores moleculares, com variável grau de reprodutibilidade e confiança, 
permitindo o reconhecimento de uma cultivar, ou um grupo de cultivares, de forma 
rápida e segura, na maioria dos casos analisados. 
Os principais marcadores moleculares que podem ser utilizados na Análise de 
Fingerprinting são os RFLP, Random Amp/ified Po/imorphism DNA (RAPO), 
microssatélites ou SSR (Simp/e Sequence Repeats), ISSR (lnter-SSR), minissatélites, 
AFLP (Amp/ified Fragments Lenght Polimorphism), SSCP (Single Strand 
Conformation Polimorphism), SNP (Single Nuc/eotide Polimorphism), entre outros. 
Dentre esses diferentes tipos de marcadores, os principais utilizados no processo de 
certificação são os RAPD, SSR e AFLP, que serão descritos a seguir: 
RAPD - Dentre os vários tipos de marcadores moleculares, este é um dos mais 
utilizados. Baseia-se na reação de PCR, onde seqüências de DNA genômico são 
amplificados ao acaso, utilizando-se seqüência de oligonucleotídeos inicializadores, 
também chamados de primers. Para a análise RAPO, os primers possuem 10 pb de 
bases nucleotídicas, são constituídos de seqüência arbitrária e não requerem 
informações a respeito da seqüência de DNA, alvo para sua síntese. 
A análise com marcadores RAPD tem como principais vantagens o baixo custo, a 
fácil implementação na rotina do laboratório, gasta menos tempo na obtenção dos 
resultados e necessita de pequenas quantidades de DNA. 
Em espécies da alta variabilidade genética, como macieira, pereira e ameixeira, a 
quantidade de polimorfismo revelada é alta (Fig. 4). Por sua vez, a técnica tem como 
fator limitante o caráter dominante, a baixa repetibilidade, quando comparados os dados 
de laboratórios diferentes, além do baixo polimorfismo revelado em espécies de baixa 
variabilidade, como em pessegueiro e em marmeleiro (Fig. 5). 
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SSR ou microssatélite - Recebem este nome por apresentarem-se na forma de 
seqüências de 1 a 4 pares de bases, repetidas lado a lado e em número variável, 
distribuídas pelo genoma, e que podem ser reproduzidas pela PCR (Fig. 6). São zonas 
de DNA não-codificante, que podem ser reveladas utilizando-se primers sintetizados 
especificamente para amplificar o DNA repetitivo. 
Esse tipo de marcador, além de ser co-dominante, tem como vantagens a 
facilidade de implementação na rotina do laboratório, o alto polimorfismo, a facilidade 
na interpretação dos resultados e a alta reprodutibilidade dos resultados, entre 
laboratórios diferentes. Assim, constitui-se num dos melhores marcadores para Análise 
de Fingerprinting para certificação de mudas, principalmente para cultivares de 
espécies com baixa variabilidade genética, como o pessegueiro. 
A potencial idade da técnica tem sido demonstrada na Análise de Fingerprinting 
em várias espécies frutíferas, como videira, pessegueiro, nectarineira, ameixeira, 
macieira, entre outras. 
A análise de microssatélites tem como fator limitante o custo para a obtenção dos 
primers e tipo de gel que utilizam (poliacrilamida), que são de custo elevado. 
Dependendo do objetivo do trabalho, a eletroforese pode ser conduzida em gel de 
agarose 3%, mas na Análise Fingerprinting, o gel de poliacrilamida tem como grande 
vantagem o poder de separação de fragmentos amplificados (Fig. 7 e 8). 
AFlP - Essa técnica permite a obtenção de grande número de marcadores 
distribuídos pelo genoma, combinando especificidade, resolução e poder de 
amostragem, com a velocidade de detecção dos polimorfismos via PCR. Contudo, 
envolvem maior número de etapas em relação à análise RAPD e SSR, exigem maior 
quantidade de reagentes, são marcadores dominantes e revelam baixo conteúdo de 
informação genética por loco. 
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Esse tipo de marcador baseia-se na digestão do DNA genômico com enzimas de 
restrição, uma de corte raro (EcoR I) e outra de corte freqüente (Mse I ou Pst 1), 
seguido da ligação de adaptadores específicos em cada extremidade dos fragmentos de 
restrição. 
Posteriormente, pode-se fazer uma amplificação seletiva ou pré amplificação com 
primers específicos adicionados de uma base oligonucleotídica conhecida. Para 
finalizar, realiza-se uma amplificação final, utilizando-se primers de seqüência mais 
longa, constituídos de uma seqüência complementar ao adaptador adicionado de mais 
três bases oligonucleotídicas conhecidas (Fig. 9). 
 
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As etapas de pré-amplificação e amplificação têm por finalidade reduzir o número 
de fragmentos amplificados, em função da distribuição dos sítios de restrição e da 
amplificação diferencial de fragmentos. Assim, é possível selecionar apenas um 
subconjunto de fragmentos a serem amplificados, à medida que se aumenta o número de 
bases na constituição dos primers. 
Da mesma forma que os RAPDs, os marcadores AFLPs são dominantes. Têm grande 
aplicabilidade na Análise de Fingerprinting, principalmente naquelas espécies que 
apresentam grande variabilidade genética, como é o caso da ameixeira (Fig. 10), na qual 
o uso de poucas combinações de primers permite obter um grande número de poli-
morfismos por análise, sendo de grande utilidade para a caracterização genética de 
plantas. 
 
 
 
 
 
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A aplicação de marcadores moleculares, na Análise de Fingerprinting, já está 
bastante documentada para as mais variadas espécies de plantas frutíferas. 
Entretanto, é valido considerar que, na certificação genética, além dos 
controles realizados sobre o fenótipo e sobre os frutos, para cada cultivar deve-se ter o 
conhecimento sobre a variabilidade genética, a fim de tomar a decisão correta no uso de 
diferentes técnicas de análise. 
 
Em ameixeira e porta-enxertos de Prunus spp., devido à alta variabilidade genética, 
tanto os RAPDs como os microssatélites e AFLPs podem ser utilizadosna Análise de 
Fingerprinting. Em cultivares de pessegueiro, os microssatélites são a melhor opção 
para a caracterização genética, principalmente pelo polimorfismo e repetibilidade da 
técnica. 
Exceto para cultivares originadas de mutação, atualmente, para licenciar uma nova 
cultivar, normalmente é anexado o perfil eletroforético da novidade e dos seus 
respectivos genitores, para comprovar a descendência e evitar contestações futuras. Por 
meio da análise molecular, os diversos segmentos do setor frutícola poderão desfrutar 
das vantagens derivadas da aplicação prática dessas novas tecnologias. 
Eventuais erros ou controvérsias, que surgem nas diversas fases ou passagens 
envolvidas na propagação de plantas frutíferas, podem ser rapidamente resolvidas, 
permitindo verificar, com segurança e rapidez, casos em que, por meio da análise 
morfofenológica e pomológica, levariam anos para a completa avaliação. 
Ainda com relação à certificação genética, deve-se considerar que a análise do 
DNA, sozinha, não permite explorar por completo as características da planta, mas sim 
uma pequena porção do genoma, pois conforme a literatura, o perfíl de DNA produzido 
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por um único primer RAPD permite analisar apenas 0,001 % do genoma da macieira. 
Por sua vez, como a caracterização por meio do fenótipo nem sempre representa 
toda a expressão do genótipo, mesmo com toda sua capacidade recombinatória, nem 
sempre o genótipo se expressa no fenótipo e nem sempre é possível identificar uma 
planta por meio da análise do DNA. É o caso das cultivares policlonais, que podem 
derivar de mutações genéticas puntiformes ou quiméricas, devido a uma variação 
restrita a uma porção muito pequena do DNA. Portanto, para a certificação genética de 
plantas frutíferas, deve-se sempre optar pelo uso integrado dos diferentes tipos de 
marcadores, a fim de traçar o perfilo mais fiel possível do genótipo em análise. 
 
Certificação sanitária 
A certificação sanitária de plantas frutíferas tem, por objetivo, garantir a obtenção 
e a utilização de material propagativo sadio, desde sua origem. 
Em fruticultura, o uso de plantas certificadas tem desempenhado um papel 
estratégico na evolução do setor, em nível mundial, orientando e controlando a 
produção de plantas e na difusão de material sadio. 
Os controles realizados sobre o material vegetal, inseridos em programas de 
certificação sanitária, dizem respeito a todas as pragas e doenças que comprometem a 
produção, entre elas: fungos, bactérias, nematóides, fitoplasmas, vírus e assemelhados. 
Entretanto, a principal atenção é por parte das viroses que, muitas vezes latentes, são de 
difícil identificação, causando danos significativos às culturas. 
No passado, a escolha de material propagativo era feita, sempre, de maneira 
empírica por viveiristas e fruticultores, com materiais de pomares comerciais e baseado, 
principalmente, no aspecto visual. No Brasil, exceto o setor citrícola, a grande maioria 
dos viveiristas ainda adota esse método para obter material propagativo, sem levar em 
consideração os aspectos sanitários relacionados, principalmente, às doenças que se 
difundem por meio das partes vegetativas. 
É o caso de doenças causadas por vírus e assemelhados, muitas vezes latentes nas 
plantas hospedeiras, sendo disseminadas sem serem percebidos nem mesmo pelos 
viveiristas e fruticultores mais experientes. Nesse contexto, o setor viveirístico, quando 
participante de um programa de certificação, desempenha papel importante, pois pode 
atuar como principal agente de prevenção e controle contra emergências fitossanitárias. 
Considerando-se que o problema fitossanitário - que mais afeta as principais 
espécies frutíferas - refere-se a uma variada gama de vírus, em programas de 
certificação, normalmente, as plantas são obtidas e comercializadas, e enquadradas em 
duas categorias: plantas testadas para as principais viroses da espécie ou Vírus tested 
(VT) e plantas completamente livres de vírus de que se tem conhecimento para aquela 
espécie, ou Vírus free (VF). 
Importância do controle de viroses - A infecção viral altera o funcionamento 
metabólico normal da planta, causando permanente estresse, podendo conduzir à 
progressiva degeneração e morte da mesma. 
Uma planta com vírus, o qual não mostra sintomas de infecção (viroses latentes), 
constitui-se uma fonte de infecção para cultivares suscetíveis, que podem ser 
contaminadas por intermédio de vetores, com graves conseqüências para a produção, 
bem como serem fontes de disseminação de material contaminado, na obtenção de 
novas mudas. 
Alguns agentes patogênicos podem alterar as características fenotípicas das 
plantas, como é o caso do viróide causador do mosaico latente do pessegueiro 
(PLMVd), que modifica a expressão dos genes do comportamento vegetativo, forma e 
época de maturação dos frutos. Outro exemplo é a presença do vírus-da-mancha-
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c1orótica (ACLSV), que provoca a formação de caneluras no ponto de enxertia, 
induzindo à desafinidade entre copa e porta-enxerto e alterando o vigor vegetativo em 
macieira (Fig. 11 A). 
Entre as graves viroses de caráter epidêmico que podem comprometer 
completamente a produção, em frutíferas de clima temperado, está o PPV (Plum pox 
virus) (Fig. 11 B) transmitido entre prunoídeas por meio de afídeos; fitoplasmas que 
causam as doenças conhecidas como Pear decline em pereira (Fig. 11 C) e Apple 
proliferation (AP) em macieira, ambas transmitidas pelo inseto vetor, conhecido como 
Cacopsy/la pyri ou ainda por material infectado . 
 
 
Embora as espécies frutíferas possam ser afetadas por uma ampla gama de viroses 
e assemelhados (viróides, micoplasmas) (Tabela 1), muitas viroses são raramente 
transmitidas para plantas frutíferas. Entretanto, outras como PRNV e PDV, podem ter a 
transmissão facilitada por pólen e semente em pessegueiro, damasqueiro e ameixeira. 
A transmissão de agentes patogênicos como bactérias, nematóides, vírus ou 
assemelhados pode ocorrer por intermédio de vetores animais, por pólen, por solo 
contaminado, etc. Entretanto, os maiores índices de transmissão são causados pelo 
homem, mediante: 
 Uso de instrumentos de trabalho contaminados (tesouras de podas e canivetes 
de enxertia). 
 Propagação de estacas e porta-enxertos com infecções crônicas, 
especialmente latentes. 
 Enxertos com estacas ou gemas doentes. 
• Transporte de plantas de uma área para outra. 
Uma forma de controlar essa disseminação é por meio de medidas preventivas 
como: 
 Eliminação de plantas espontâneas, hospedeiras naturais de vírus em áreas 
contíguas. 
 Limpeza e esterilização dos equipamentos de trabalho. 
 Quarentena para materiais importados de áreas onde estão 
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presentes doenças perigosas. 
Controle de vetares naturais. • Uso de material 
sadio. 
Métodos empregados na seleção varietal e controle fitossanitário - 
Normalmente, um programa de certificação sanitária tem início levando se em 
consideração a importância agronômica do material vegetal. Em função disso, as 
cultivares de maior interesse são selecionadas para fazerem parte de uma lista varietal. 
Para ser introduzido num programa de certificação sanitária, o material vegetal 
passa por diversas etapas, como escolha do germoplasma, controle sanitário das 
plantas-matrizes, conservação e multiplicação do material pré-básico e testes periódicos 
para verificar a sanidade das plantas matrizes (Fig.12), além da avaliação das 
características morfofenológicas e a estabilidade genética, conforme comentado no item 
sobre certificação genética. 
Escolha do germoplasma - É uma etapa importante e consiste na seleção de variedades 
e cultivares para a constituição de plantas pré-básicas. É necessário verificar o estado 
sanitário das plantas por meio de inspeções, selecionando as melhores sob o ponto de 
vista produtivo e que não apresentem sintomas de infecção, principalmente infecções 
por viroses. 
Quando as plantas que fazem parte da lista varietal estão em pleno campo, são 
retiradas gemas delas, para serem enxertadas sobre porta-enxertos livres de vírus (VF). 
Após a enxertia, as plantas são mantidas em vasos e conservadas em casa de vegetação 
à prova de insetos (screenhouse) (Fig. 13). 
Avaliação do estado sanitário das plantas - Para a avaliação do estado sanitário das 
plantas, é necessário dispor de equipamentos como estufas c1imatizadas para executar 
testes biológicos sobre indicadores herbáceos ou lenhosos, equipamentos de laboratório 
para realização de testes sorológicos e moleculares, casas de vegetação à prova de 
insetos, para manutenção das plantas a serem testadas. 
Das plantas selecionadas para constituir o material básico ou de elite, são coletadas 
amostras de tecidos, normalmente folhas, por uma pessoa devidamente treinada, a partir 
das quais são executados todos os testes necessários e disponíveis, para se verificar a 
ausência de bactérias, vírus e assemelhados de maior incidência nas espécies em 
questão. 
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117 
 
 
Para a verificação de infecções virais latentes, é oportuno fazer uma seleção inicial 
do material por meio de testes rápidos (soro lógicos) que excluam, já no início da 
atividade, o material infectado. 
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118 
Após essa verificação inicial, se o teste for negativo, a cultivar (copa ou porta-
enxerto) pode ser multiplicada em viveiro, para posterior indexagem, usando-se 
indicadores biológicos. Caso existam suspeitas de infecção, é conveniente o cultivo 
temporário das plantas em estruturas quarentenárias à prova de insetos, até a obtenção 
dos resultados da indexagem. Se o resultado da indexagem também for negativo, a 
planta poderá ser utilizada como planta-matriz, para constituir material de elite ou 
básico. 
Por sua vez, se o teste sorológico for positivo, o destino da cultivar dependerá do 
tipo de agente infeccioso e da importância agronômica da mesma. Caso se trate de 
doenças para as quais a erradicação é obrigatória, como é o caso do PPV, o genótipo 
deve ser eliminado ou submetido ao processo de limpeza c1onal, antes de ser utilizado 
como planta-matriz. 
Geralmente, para frutíferas de clima temperado, a planta-matriz é mantida sob 
observação, pelo menos por dois ciclos vegetativos, durante os quais são executados 
todos os diagnósticos necessários. 
Conservação e propagação do material selecionado - As plantas consideradas 
básicas ou de elite são mantidas sob condições controladas, para impedir infecções por 
agentes patogênicos. Uma boa conservação é garantida, mantendo-se as plantas em 
vasos isolados do solo, e protegidas em casa de vegetação com telas à prova de insetos, 
impedindo as várias formas de transmissão de viroses ou similares a vírus, por meio de 
vetores. 
Para cultivares em fase de seleção, essas são sempre enxertadas sobre porta-
enxertos certificados; são mantidas em estruturas protegidas de insetos e nematóides e 
suficientemente longe de culturas afins, que possam estar infectadas. Normalmente, são 
mantidas, pelo menos, duas plantas sadias para cada seleção, durante todo o período de 
seleção. 
No caso dos porta-enxertos, além do controle sanitário das estacas, aqueles 
multiplicados por semente devem ser de origem conhecida e garantida, ou seja, 
originados de campos de plantas-matrizes específicos para produção de porta-enxertos. 
A possibilidade de ter porta-enxertos infectados é maior, quando a multiplicação é feita 
por estacas do que por sementes. 
As viroses de maior incidência, verificadas nos pomares do Rio Grande do Sul, 
são aquelas causadas por PDV e PNRSV, que podem ser transmitidas, principalmente, 
por meio da enxertia, mas pode ocorrer transmissão por pólen e por meio das sementes. 
A transmissão de viroses por pólen e por sementes pode variar entre espécies, sendo 
alta em damasqueiro. 
Testes diagnósticos 
A diagnose é de fundamental importância para a prevenção e controle dos diversos 
agentes causadores de doenças. O uso de material sadio, a eliminação precoce do 
material infectado e a esterilização dos equipamentos de trabalho (com hipoclorito de 
sódio) são medidas que podem conter, de maneira significativa, a difusão de patógenos. 
Para diagnose fitopatológica, existem inúmeros métodos, que permitem verificar a 
presença de bactérias, fungos, vírus e assemelhados em vegetais. Para plantas frutíferas, 
em geral, podem ser adotados os seguintes métodos: a indexagem com plantas 
indicadoras, testes sorológicos e moleculares. 
Indexagem - Consiste no uso de plantas indicadoras (herbáceas ou lenhosas), 
colocando-se em contato suco celular ou partes de tecidos da planta que se quer testar, 
para a presença de uma determinada virose. 
Os testes sobre plantas indicadoras são complementados com testes sorológicos e 
moleculares, que permitem, em alguns casos, obter-se resposta mais rápida e específica. 
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Indicador lenhoso - O uso da enxertia de borbulhas ou estacas sobre plantas 
indicadoras, em campo ou em casa de vegetação, é o método clássico e mais completo 
para se verificar o estado sanitário das plantas frutíferas, principalmente de macieira, 
pereira, pessegueiro, ameixeira, entre outras. Esse método permite revelar agentes 
patogênicos, não ainda identificados, e para os quais não são aplicados outros métodos 
diagnósticos. 
Normalmente, são enxertadas 2 gemas da planta a ser testada e, logo acima, 1 a 2 
gemas da planta indicadora, ou somente 1 a 2 gemas da planta a testar, quando o porta-
enxerto é o indicador (Fig. 14). 
As avaliações sistemáticas sobre plantas indicadoras para patógenos, que induzem 
sintomas sobre órgãos vegetativos, normal mente, são feitas por 2 a 3 anos con-
secutivos, enquanto os sintomas sobre frutos devem ser avaliados por 2 anos. 
No passado, os testes sobre indicadores lenhosos 
eram feitos quase que exclusivamente a campo. 
Atualmente, buscando-se reduzir custos, os testes têm 
sido feitos sobre plantas lenhosas conduzidas em 
estufas termoclimatizadas. Além de ser de mais fácil 
execução, na fase de enxertia e de inoculação, 
permitem operar em condições de temperatura ótima 
para cada tipo de vírus ou similar, obtendo-se, assim, 
resultados em períodos de tempo mais curtos. 
Indicador herbáceo - Utilizado para detectar a 
presença de viroses transmitidas mecanicamente, 
como ilaviroses e nepovivores em pomáceas, ApMV, 
PDV e PNRSV (ilaviroses), SLRSV (nepoviroses) e 
ACLSV (trichoviroses) em drupáceas. Contudo, o 
teste não é válido para todas as viroses desses grupos 
ou todas as cepas de um único vírus. Os indicadores 
herbáceos mais utilizados são o Chenopodium quinoa 
e Cucumis sativus. Em drupáceas, as espécies 
Nicotiana occidentalis e N. cavico/a têm 
demonstrado boa sensibilidade na detecção de vírus 
de forma alongada. 
O extrato de suco celular da planta a ser testada é preparado e inoculado sobre a 
planta indicadora herbácea. Essa técnica permite obter respostasmais rápidas (2 a 3 
semanas). É uma metodologia de baixo custo e de fácil execução, podendo ser usada 
para pomáceas e drupáceas. 
Entretanto, a transmissão para indicadores herbáceos é condicionada por vários 
fatores e tende a ser aplicada com menor freqüência. Essa técnica pode ser utilizada na 
execução de testes preliminares ou na diagnose de alguns vírus específicos. 
Testes sorológicos - Baseado no uso de anticorpos de vírus, bactéria ou origem 
animal, capazes de ligarem-se especificamente com antígenos (vírus ou fitoplasma 
presente na planta). O teste sorológico de maior difusão é o de ELlSA (Enzyme-Linked 
Immunosorbent Assay), que se baseia na reação colorimétrica induzida por enzimas 
conjugadas com anticorpos. 
Existem algumas outras técnicas variantes do Teste de ELlSA, como os sistemas 
DAS-E LISA (Doub/e Antibody Sandwich) e T AS-ELISA (Trip/e Antibody Sandwich), 
DIBA (Dot Immunobinding Assay), IF (Tissue B/ot e Imunofluorescência). Cada uma 
dessas variações foi adaptada para atender situações específicas de diagnose (Fig. 15). 
No Teste de ELlSA, os antígenos são, primeiramente, capturados por anticorpos 
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vírus-específicos e conjugados com a enzima. A exposição a um substrato específico 
induz uma reação colorimétrica, na qual está presente um complexo antígeno-anticorpo-
enzima. A completa realização do teste dura de 1 a 2 dias. 
Por sua rapidez, esse teste permite analisar um grande número de amostras, sendo 
útil para uma seleção preliminar, reduzindo, assim, o número de plantas para testar com 
indicadores lenhosos. Em pomáceas, é muito usado para diagnosticar ACLSV, ASGV, 
ApMV e AP. Em prunóideas, pode ser utilizado .para 13 viroses diferentes. 
A técnica é de grande utilidade para controle massal, pela rapidez do teste e a 
disponibilidade de anticorpos para as principais viroses. Entretanto, mesmo dando 
resultado negativo, o teste de ELlSA não substitui o teste biológico. Além disso, 
apresenta algumas limitações por sofrer influência de diversos fatores relacionados à: 
Coleta de amostras - Estas sofrem o efeito das condições ambientais 
(temperatura), podendo alterar os resultados. Em prunóideas, as condições ótimas de 
coleta são as primeiras semanas após a retomada do crescimento vegetativo. A grande 
maioria dos vírus é mais facilmente identificada nos tecidos foliares. Entretanto, devem 
ser evitadas folhas velhas, normalmente mais ricas em taninos e substâncias oxidantes. 
 
Variabilidade dos patógenos - Muitos vírus apresentam grande gama de cepas, 
com grande diferença sorológica. Assim, na seleção massal, é grande o risco de 
ocorrerem "falsos negativos" devido à variabilidade do vírus, que pode ser minimizado 
com técnicas adequadas. 
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121 
Um exemplo é a diagnose de PPV e PNRSV em prunóideas, na qual o uso 
somente de anticorpo monoclonal aumenta o risco de "falso negativo", pelo excesso de 
especificidade de um simples anticorpo. Para reduzir o risco, pode-se recorrer às 
técnicas variantes do Teste de ELlSA, que utilizam misturas de anticorpos de amplo 
espectro . 
Validação e harmonização das técnicas de diagnose - Devido às numerosas 
variáveis que podem influenciar o teste sorológico, cada laboratório escolhe os 
reagentes e métodos que considera mais oportunos para execução de Teste de ELlSA. 
Um dos grandes entraves deve-se ao escasso poder imunogênico ou à falta de uma 
metodologia eficiente, para purificação de anticorpos para determinados vírus. 
Em algumas espécies de frutíferas, muitas vezes a diagnose em tecidos infectados 
é ineficaz, possivelmente pela presença de inibidores ou devido à baixa concentração do 
vírus nos tecidos infectados. Por isso, atualmente, a diagnose de alguns vírus está sendo 
efetuada por técnicas de eletroforese ou de biologia molecular, por meio da detecção do 
ácido nucléico viral. 
Diagnose por meio de microscópio ótico a fluorescência com coloração 
(DAPI) - É muito útil para a diagnose de infecções por fitoplasma em pomáceas. 
Consiste no uso de uma delgada sessão de tecido longitudinal da planta (ramos de 1 a 2 
anos), na qual são aplicadas algumas gotas de corante DAPI (4', 6-diamidino-2 phenyl 
indole), que age sobre os ácidos nucléicos presentes nos tubos crivosos do floema, que 
são visualizados em microscópio ótico a fluorescência. 
Para a diagnose de fitoplasmas, a técnica DAPI tem fornecido ótimos resultados e, 
eventualmente, são complementados utilizando-se análise PCR, para identificação do 
agente patogênico. 
 
Diagnose por análise molecular - Tem como vantagem a rápida execução em 
laboratório. Pode-se utilizar a análise eletroforética de RNA dupla-fita ou bicatenário 
(dsRNA), após a hibridação molecular ou a amplificação gênica (por meio da PCR). Já 
o teste soro lógico, é baseado na avaliação da proteína capsídica. Nesse caso, os genes 
que codificam a proteína capsídica correspondem a apenas 10% do genoma viral e, por 
esse motivo, a análise dos ácidos nudéicos permite identificar porções mais 
significativas do genoma viral. Entretanto, a aplicação de diagnose molecular tem como 
limitante a obtenção de ácidos nudéicos virais livres de contaminantes, que inibem a 
reação enzimática e reduzem a possibilidade de hibridização ou replicação, via PCR, 
dos ácidos nudéicos. 
O desenvolvimento de testes baseados na análise dos ácidos nudéicos é de grande 
interesse para a certificação sanitária, principalmente para testar plantas em quarentena. 
Nos últimos anos, tem sido cada vez maior o número de vírus de plantas lenhosas 
isolados, purificados e caracterizados molecularmente, fato que tem facilitado o uso de 
técnicas moleculares nas análises de controle sanitário. 
 
Limpeza clonal de plantas frutíferas 
Ao contrário dos fungos e bactérias que possuem metabolismo próprio, sendo por 
isso controlados com princípios ativos específicos, os vírus se replicam às custas da 
biossíntese celular da planta. Sendo assim, o uso de agentes capazes de interferir na 
replicação do vírus poderia provocar alterações na funcionalidade da célula vegetal. 
A limpeza clonal é usada com o objetivo de eliminar agentes patogênicos de 
cultivares, interessantes sob o ponto de vista agronômico. Entretanto, para manter o 
patrimônio genético da cultivar, é necessário recorrer a técnicas que permitam 
selecionar, a partir da planta infectada, uma porção de tecido não-infectado por 
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patógenos sistêmicos. Entre as técnicas envolvidas na limpeza clonal, estão a 
termoterapia, a microenxertia e o cultivo de ápices meristemáticos, que normalmente 
são utilizados em conjunto para se obter plantas sadias. 
A termoterapia é a técnica mais antiga, utilizada na limpeza clonal de plantas e 
consiste em expor a planta a temperaturas ao redor dos 38°C, por tempo variável, 
dependendo do tipo de vírus e da espécie vegetal. Entre 32°C - 38°C, a replicação viral 
é reduzida drasticamente e a produção de partículas virais tende a diminuir. Ou, então, a 
RNA polimerase, responsável pela produção de cópias do vírus, pode ser 
completamente inibida à temperatura de 38°C, enquanto a atividade das enzimas 
necessárias ao crescimento e multiplicação celular da planta é somente diminuída. 
Nessas condições, a planta mantém o crescimento vegetativo, embora de modo bastante 
reduzido, permitindo que o ápice meristemático se desenvolva livre de partículas virais. 
Assim, pode ser retirado da planta- matriz e reproduzido, diretamente, pelo cultivodos 
ápices meristemáticos, ou por meio da microenxertia in vitro sobre porta-enxertos livres 
de viroses. Após a aplicação dessas técnicas, a planta regenerada é submetida a todos os 
testes diagnósticos necessários. Se comprovada a ausência de agentes patogênicos, essa 
planta estará pronta para ser utilizada em banco de germoplasma, como planta-matriz 
certificada. 
Métodos empregados na seleção varietal e no controle fitossanitário 
A aplicação dessas técnicas de caracterização genética, limpeza clonal e diagnose 
do estado sanitário de plantas constitui-se em elementos básicos para um programa de 
produção de mudas de qualidade e, normalmente, são utilizadas por laboratórios 
públicos e privados para dar sustentação aos viveiristas envolvidos na produção de 
mudas certificadas. 
Contudo, para implementação, deve ser adotada uma série de procedimentos 
confiáveis e reproduzíveis, que em conjunto, permitam a obtenção de plantas 
devidamente caracterizadas quanto aos aspectos genéticos e morfofenológicos e 
sanitariamente sadias. 
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123 
 
Produção de Mudas Certificadas 
Introdução 
Para competir no atual mercado de frutas, é necessário produzir com 
qualidade e com preço competitivo, obtido com o aumento da produtividade dos 
pomares. Entre os fatores que afetam, negativamente, a qualidade das frutas e, 
principalmente, a produtividade dos pomares, destaca-se a infecção das plantas por 
vírus e assemelhados. Assim, a sustentabilidade do setor produtivo de frutas passa, 
obrigatoriamente, pela adoção de programas para produzirem mudas de qualidade 
(FACHINELLO, 1998; FACHINELLO, 2000). 
As principais regiões produtoras de frutas, no mundo, adotaram como estratégia 
principal, o uso de programas de certificação de mudas, associados a barreiras 
fitossanitárias que impedem a entrada, trânsito e comercialização de material infectado 
ou não-certificado. 
As principais vantagens da certificação de mudas são: melhorar a qualidade dos 
viveiros, trazer garantias ao produtor e consumidor e simplificar a vida dos viveiristas, 
já que a responsabilidade maior é da entidade certificadora. 
O processo de certificação de plantas teve início nos anos 40 do século 20, nos 
Estados Unidos, quando fitopatologistas formularam os princípios da certificação de 
plantas-matrizes. Em 1955, foi implantado o projeto oficial de mudas certificadas nos 
Estados Unidos e no Canadá. 
Na Europa, o trabalho foi iniciado com a estação experimental East Malling, na 
Inglaterra, e hoje, esse sistema vigora em toda a União Européia, possibilitando que as 
mudas transitem de um país para outro, sem barreiras fitossanitárias. 
A produção de mudas certificadas passou a ser um excelente negócio em países 
como França, Itália, e Holanda, tradicionais produtores de frutas e exportadores de 
mudas para outros países, inclusive para o Brasil. 
A legislação brasileira não trata de certificação de mudas em â nacional nem do 
sistema de mudas fiscalizadas, conforme a Lei 6.5(19 de dezembro de 1997. No Brasil, 
os programas de certificação estaduais, como é o caso da certificação de mudas de 
citros, inicial 1998, no Estado de São Paulo e no Rio Grande do Sul, conforme a Pc 
302/98 da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul, que estas normas para a 
produção de mudas fiscalizadas e mudas certificada 
As diferenças entre os sistemas de mudas fiscalizadas e certificadas estão 
resumidas na Tabela 1. 
 
 
o Rio Grande do Sul sempre foi um grande produtor de mudas de plantas 
frutíferas. Nas décadas de 70 e de 80 do século 20, exportava para outros estados 
mudas de plantas cítricas, frutíferas de caroço, videira, entre outras. 
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124 
Hoje, esse quadro mudou e o estado passou a importar volumes importantes de 
mudas de outros estados e, principalmente, do exterior, com riscos de introduzir 
doenças e pragas ainda não existentes nos pomares brasileiros. 
As importações mais freqüentes têm sido feitas do Chile e da Argentina, de onde 
são trazidas mudas de morangueiro, quivizeiro e macieira; do Uruguai, plantas cítricas 
de mesa; da Holanda, chegam os porta-enxertos e as cultivares copa de macieira e, 
recentemente, da Itália, França e África do Sul, mudas de videira, em grande 
quantidade. Do Estado de São Paulo, são enviadas mudas ou material propagativo de 
plantas cítricas. 
O Rio Grande do Sul possui tecnologias e a tradição para produzir mudas de alta 
qualidade, mas não o faz porque o sistema não é suficientemente organizado para 
controlar todas as etapas do processo de produção, limitando-se ao estabelecimento de 
leis, sem a fiscalização eficiente da cadeia como um todo e a manutenção de campos de 
matrizes com controle genético e sanitário. 
Em contrapartida, os viveiristas ainda não assimilaram a importância do uso de 
material genético sadio e controlado, para obtenção de mudas de qualidade, nas diversas 
espécies frutíferas. Por sua vez, os produtores compram as mudas pelo preço e não pela 
qualidade. Assim, cria-se um ciclo vicioso. 
Nesse processo, muitos produtores, para garantir a qualidade das mudas e reduzir 
o custo de produção dos novos pomares, buscam mudas de outras regiões ou importam 
de outros países. Até o momento, todas as tentativas não tiveram êxito, pois não foi 
realizado um trabalho cooperativo e continuado no segmento de mudas certificadas. 
A moderna fruticultura é baseada em pomares produtivos, e o sucesso do 
empreendimento depende da utilização de mudas com garantias genéticas e sanitárias. 
Isso só é possível com o uso de material propagativo livre de pragas e de doenças 
severas que podem limitar o crescimento, o desenvolvimento e a qualidade dos frutos 
(FACHINELLO, 2000). 
Para criação de um sistema de mudas certificadas, é necessário um esforço 
conjunto do setor público e privado, que ofereça, à sociedade, muda de alta qualidade, 
sem a necessidade de se recorrer à importação e a todos os riscos dela derivados. 
A decisão e a implementação de um Programa de Certificação de Mudas não 
dependem somente de leis e de decretos. Dependem, acima de tudo, de vontade política 
e dos esforços do setor público e privado para colocar em prática algo que já deveria ser 
uma realidade, pela importância da fruticultura brasileira. 
Um programa moderno de certificação de mudas deve permitir que os órgãos 
públicos e privados tenham condições de trabalhar em parcerias, dispondo de 
instrumentos capazes de garantir a qualidade do material propagativo, bem como 
estabelecer critérios de autocontrole em todas as etapas do processo de produção de 
mudas certificadas. 
Etapas da produção de mudas certificadas 
As mudas certificadas são aquelas produzidas de acordo com a legislação 
específica, sob controle de uma entidade certificadora, e que obedecem a padrões 
rígidos de qualidade em todas as fases de produção. 
A justificativa para a produção de mudas certificadas é que a propagação 
vegetativa de plantas faz com que as doenças causadas por vírus e outros patógenos, se 
disseminem, facilmente, por meio das mudas, quando as plantas-matrizes não são 
controladas, causando diminuição significativa da produção nos pomares. A maioria 
dessas doenças não é visível a olho nu, e só aparece quando o pomar inicia a produção 
de frutos. 
A produção de mudas certificadas é baseada em normas e padrões específicos que 
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125 
orientam sobre a escolha do local do viveiro, uso de quebra-ventos, localização e 
manutenção de plantas emestufas, desinfestação do material, identificação, indexagem 
periódica, pedido de registro, inspeção, certificados de garantia, entre outros. 
Na Fig. 1, está resumida a proposta que poderia ser implementada na produção de 
mudas certificadas. 
No caso específico de plantas cítricas, a presença de vetares de doenças viróticas 
obriga que as plantas-matrizes - e todo o sistema de produção de mudas - estejam sob 
telados à prova de afídeos. O sistema deve prever as seguintes ações: 
 
Criação de um banco de plantas-matrizes básicas - É necessário que entidades 
de pesquisa mantenham bancos de plantas-matrizes básicas em telados à prova de 
afídeos e isolados do solo, identificadas geneticamente e devidamente indexadas, para 
as principais doenças de origem viral ou assemelhadas, disponibilizando-as para 
multiplicação. 
Controle fitossanitário - Na primeira fase, as plantas-matrizes básicas são 
submetidas a uma bateria de testes diagnósticos, com uso de plantas indicadoras ou 
testes laboratoriais, para verificar se existem ou não, doenças de natureza virótica, 
fitoplasmas ou bactérias. Se positivo, as plantas podem ser submetidas à termoterapia, 
seguida do cultivo in vitro e, novamente, submetidas aos controles fitossanitários e 
genéticos. 
Macro e micropropagação - Depois de assegurada sua sanidade e identidade 
genética, as plantas-matrizes básicas são multiplicadas por meio de métodos 
convencionais e in vitro, e passam a ser utilizadas na constituição dos campos de 
plantas-matrizes mantidos por órgãos oficiais ou credenciados. 
Controle genético/varietal- Nessa fase, é fundamental que se tenha um controle 
genético varietal, por meio da verificação da autenticidade das cultivares 
sanitariamente controladas, evitando-se variações genéticas degenerativas. Para isso, 
deve ser feita uma verificação feno-pomológica para cada planta individualmente, por 
genótipo presente nos campos de plantas-matrizes, verificando-se o método de 
obtenção (cruzamento, seleção clonal, transformação gênica ou outras) para se ter 
conhecimento da genealogia, para eventual processo de patenteamento e pagamento de 
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126 
raya/ties. 
Planta-matriz registrada - A partir da multiplicação das plantas-' matrizes, os 
viveiristas constituem seus campos de matrizes registradas, para obtenção do material 
propagativo utilizado na produção de mudas certificadas, sob a supervisão da entidade 
certificadora. 
Essas plantas-matrizes também devem passar por indexagem periódica. O viveiro 
também é examinado, para se verificar a correspondência entre a cultivar presente nos 
campos de matrizes registrados e se o número de mudas produzidas corresponde ao 
quantitativo de material existente nos matrizeiros. 
laboratórios de apoio - A produção de mudas certificadas exige que se tenham 
laboratórios credenciados e aparelhados, para se fazer os testes diagnósticos previstos, 
bem como as análises genéticas do material propagativo. 
A Portaria 302/98, do Estado do Rio Grande do Sul, 1998 estabelece as seguintes 
classes de plantas e mudas na produção de mudas certificadas: 
Planta básica (PB) - Aquela cujas características genéticas e de sanidade sejam 
mantidas sob responsabilidade da entidade produtora ou depositária, sob a supervisão 
da entidade certificadora e fiscalizadora (ECF). 
Planta-matriz registrada (PMR) - A proveniente da planta básica (PB), que 
apresenta as características desta, e que atenda aos requisitos estabelecidos pela 
entidade certificadora e fiscalizadora (ECF). 
Planta propagada de matriz registrada (PPMR) - A obtida pelo 
desmembramento de PMR, ou por meio de enxertia, utilizando-se material proveniente 
de PMR e que apresente as características desta e atenda aos requisitos estabelecidos 
pela ECF. Essas plantas constituem lotes registrados de borbulheiras, lotes registrados 
de sementeiras, lotes registrados de porta enxertos ou lotes registrados de estolões, 
conforme o caso. 
Muda micropropagada de planta-matriz registrada (MMPMR) - A obtida da 
micropropagação in vitro de PMR. 
Muda certificada (Me) - É aquela muda originária de PMR ou PPMR (enxerto, 
porta-enxerto e filtro) e formada sob controle da ECF. 
Muda fora do padrão morfológico (MFPM) - A que atenda todos os requisitos 
de MC, exceto a que está acima ou abaixo do padrão morfológico estabelecido para essa 
classe de muda, e que poderá ser aproveitada comercialmente. 
No Rio Grande do Sul, a entidade certificadora e fiscalizadora (ECF) é a 
Secretaria da Agricultura e Abastecimento - SAA -, conforme a Lei n°10.612 de 
28/12/95, regulamentada pelo Decreto n° 36.723, de 12 de junho de 1996. 
Material propagativo de qualidade 
Cultivares-copa 
É necessária a manutenção de programas cooperativos de melhoramento genético 
com a introdução e a obtenção de novas cultivares, que produzam frutos de qualidade 
(tamanho, cor, sabor, resistência a doenças e ao armazenamento, forma, etc.), buscando-
se avaliar esses materiais para serem recomendados às condições brasileiras. 
Porta-enxertos 
É fundamental que, a curto prazo, se disponham de novas alternativas de porta-
enxertos em substituição aos tradicionais, de preferência de origem clonal e que possam 
ser avaliados por uma rede de ensaios nas diversas regiões de produção. 
As ações de pesquisa devem prever: 
 Desenvolvimento de protocolos para multiplicação in vitro de porta-enxertos de 
origem dona!. 
 Testes diagnósticos para verificar a sanidade do material propagativo 
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disponível. 
 Identificação genética, com uso de marcadores moleculares e descritores 
morfológicos. 
 Macro e micropropagação daqueles porta-enxertos considerados promissores. 
 Estudos comparativos, por meio de rede de pesquisa desses novos porta-
enxertos em relação ao vigor, compatibilidade, produtividade, adaptação, 
resistência a pragas e doenças, facilidade de multiplicação e qualidade dos 
frutos. 
Exemplos de programas de certificação de mudas 
frutíferas 
Mudas cítricas certificadas 
Em função da existência de doenças transmitidas por insetos, como é o caso da 
dorose-variegada-dos-citros (CVC), da tristeza e do cancro-cítrico transmitido pelo 
vento, o sistema de produção de mudas certificadas é feito em telados com malha de 1 
mm2 e com controles rígidos do trânsito de pessoas no local de trabalho. As estufas e 
telados devem ter pedilúvio para desinfestação de calçados, instalado na entrada da 
antecâmara (Fig. 2). 
Plantas-matrizes são mantidas nessas estruturas, acondicionadas em potes 
apropriados, para fornecerem borbulhas para a enxertia, enquanto os porta-enxertos são 
obtidos de sementes certificadas. Já a germinação é feita em substrato esterilizado e sob 
telados isolados do chão, em bancadas apropriadas, até o momento da comercialização 
das mudas enxertadas. Para isso, são necessários completa organização e controle rígido 
na circulação de pessoas nos telados, para evitar a transmissão ou a contaminação das 
mudas por pragas e doenças (Fig. 3). 
 
 
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Mudas frutíferas de caroço 
As plantas básicas são mantidas em telados à prova de afídeos, para fornecerem o 
material básico para a enxertia. 
Nos viveiros, não é necessário o uso de telados para obtenção de mudas e 
manutenção de plantas-matrizes. Contudo, essas plantas devem ser acompanhadas e 
receber indexagem periódica (FACHINELLO et aI., 1995) (Fig. 4). 
 
 
 
 
o porta-enxerto é obtido a partir de sementes, na indústriaconserve ira, no caso de 
mudas fiscalizadas. 
Para mudas certificadas, os porta-enxertos devem ser oriundos de pomares 
específicos com as cultivares Okinawa, Nemaguard e Nemared, entre outras, que 
possuem resistência a fitonematóides do gênero Me/oidogyne, mesmo quando 
propagadas por sementes. 
No entanto, a propagação clonal desses e de outros porta-enxertos é a forma 
preferida em outras regiões do mundo, pois oferecem amplas possibilidades de uso para 
fruteiras de caroço. Nas condições brasileiras, estudos para multiplicação e utilização 
desses porta-enxertos necessitam ser realizados. 
As cultivares-copa, apesar de adaptadas às nossas condições, não sofrem nenhum 
tipo de controle genético e sanitário. 
Geralmente, os viveiristas não possuem campos de matrizes e, se possuem, não 
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fazem a indexagem periódica das mesmas. 
Nas frutíferas de caroço, são conhecidas doenças de natureza virótica ou vírus 
assemelhados, que podem limitar o crescimento e o desenvolvimento das plantas, em 
especial PNRSV (vírus-da-mancha-anelarnecrótica de Prunus) e PDV (vírus-do-
nanismo-da-ameixeira) no pessegueiro e na ameixeira. A doença chamada de sharka-
das-frutas-decaroço, provocada pelo vírus PPV (P/um pox virus), muito comum na 
Europa, ainda não foi encontrada nas condições brasileiras. 
No caso da ameixeira, deve ser dada uma atenção especial à doença chamada de 
escaldadura (Xylella fastidiosa) que compromete a produção e leva a planta à morte. Foi 
verificado que a indexagem deve ser repetida com freqüência, no material amostrado, 
pois o tempo de incubação pode demorar longos períodos, e a distribuição da doença na 
planta não' é uniforme. Por isso, essa espécie, obrigatoriamente, deve sofrer um controle 
efetivo ao longo do ciclo vegetativo, pois existem suspeitas de que a grande maioria das 
plantas cultivadas esteja contaminada por essa doença. Caso contrário, ter-se-á uma 
produção itinerante de ameixas. 
No viveiro, os cuidados devem ser tomados em relação à escolha do local, 
evitando-se solos encharcados, mal drenados, pesados, infestados com pérola da terra 
(Eurhizococcus brasiliensis), nematóides (Mesocriconema xenoplax, Meloidogyne 
incognita e Meloidogyne javanica), bem como áreas sujeitas a ventos ou que tenham 
sido cultivadas com rosáceas nos últimos 3 anos. 
O viveiro, a estufa e o telado devem ter pedilúvio para desinfestação de calçados, 
instalado na entrada (Fig. 2). 
Os produtores devem proceder à desinfestação do material e dos equipamentos 
utilizados no viveiro, com formol a 2,5%, bem como à desinfestação de pisos, paredes e 
bancadas com hipoclorito de sódio a 1 %, após a retirada das mudas do viveiro, quando 
produzidas em estufa ou telado. 
De acordo com a Portaria 302/98, da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do 
Sul, a condenação de viveiros e mudas de frutas de caroço ocorre conforme a Tabela 2. 
Padrões de qualidade das mudas de frutos de caroço (Portaria 302/98, do Estado do 
Rio Grande do Sul) 
A seguir, serão apresentados alguns aspectos relacionados com as exigências e 
etapas que devem ser observadas para produção de mudas de frutíferas de caroço, que 
como exemplo podem ser adaptadas para outras espécies frutíferas. 
Padrões morfológicos 
 A enxertia deve ser feita entre 10 e 20 cm de altura, medidos a partir do colo da 
planta. Será permitida a produção e a comercialização de mudas de estacas 
enraizadas da cultivar copa. 
 Apresentar, a 5 cm acima do ponto de enxertia, um diâmetro mínimo de 1 cm. 
Não apresentar diferença de mais de 0,6 cm entre os diâmetros do enxerto e do 
porta-enxerto, medidos a 5 cm do ponto de enxertia. 
 
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 Apresentar a haste principal com uma altura mínima de 50 cm, medidos a 25 
cm do solo, sem apresentar partes lascadas. 
 Apresentar uma única haste ou com pernadas de comprimento máximo de 25 
cm. Sem apresentar partes lascadas. 
 Apresentar o sistema radicular bem desenvolvido, raiz principal com no mínimo 
20 cm e raízes secundárias abundantes, não enoveladas ou retorci das. O 
enraizamento será de acordo com as características próprias de cada sistema de 
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produção, mas com raízes bem formadas, não-enoveladas ou retorcidas. 
 Ter, no máximo, 27 meses de idade. 
 A muda de raiz nua deve ter raízes protegidas com material não fermentável e 
úmido, e ser envolvida com camada vegetal ou com plástico perfurado ou com 
sacos de aniagem ou equivalente. 
 Mudas produzidas para certificação, caso não atendam aos padrões 
morfológicos, mas atendam a todos os demais padrões de qualidade definidos 
nas normas gerais e nessas normas específicas, podem ser comercializadas 
como "Muda fora de padrão morfológico". 
Não se aplicam esses padrões morfológicos para comercialização de porta-
enxertos produzidos a partir de cultura de tecidos in vitro, quando o material pertencer 
ao programa de certificação de mudas. 
Se acordado entre as partes, e com o conhecimento prévio da Entidade 
Certificadora e Fiscalizadora - ECF -/ podem ser comercializados porta-enxertos 
produzidos a partir de enraizamento de estacas que não atendam a esses padrões 
morfológicos, desde que o material pertença ao programa de certificação de mudas. 
Nesse caso, as partes estabelecerão, em contrato, o padrão morfológico do material e as 
disputas serão resolvidas com base no Código de Defesa do Consumidor. 
Inspeções obrigatórias 
Para o acompanhamento da produção de mudas e a garantia de qualidade das 
mesmas, a realização de inspeções torna-se obrigatória, nas seguintes fases: 
 Na pré-enxertia - Inspecionar porta-enxertos e plantas-matrizes (registradas ou 
não) ou borbulheiras registradas. 
 No período vegetativo. 
 Na pré-comercialização. 
Tanto para a instalação dos viveiros em telado quanto para a instalação de viveiros 
a campo, é exigida a implantação de quebra-ventos. 
Exigências especiais para mudas do programa de 
certificação 
Plantas-matrizes registradas e borbulheiras também registradas devem ser 
inspecionadas, visualmente, no período de floração/início de brotação e no final de 
verão/início do outono e, de todas as plantas que se apresentarem suspeitas de infecção 
por vírus e assemelhados, será suspensa a retirada de material. 
A indexagem é feita para se verificar o estado sanitário e se acusar a presença do 
agente patogênico. O material deve ser eliminado o mais rápido possível. 
Nos blocos para certificação, em cada uma das inspeções obrigatórias devem ser 
coletados o solo e raízes de 1 % das plantas (amostras oficiais), permitindo-se combinar 
no máximo 15 amostras para análise da presença de nematóides e Phytophthora spp. 
Coleta de borbulhas de plantas-matrizes registradas 
Serão permitidos, no máximo, dez cortes de plantas borbulheiras registradas para a 
coleta de material propagativo, e depois as plantas devem ser substituídas. 
Plantas-matrizes registradas devem ser reindexadas, no máximo, a cada 10 anos, se 
mantidas em telado e a cada 5 anos, se mantidas a campo. Se as plantas-matrizes 
registradas ou as borbulheiras registradas forem mantidas a campo, a cada ano será feita 
a indexagem para detecção de PNRSV, PDV e Xylella fastidiosa. Em caso de suspeita de 
infecção por quaisquer vírus ou assemelhados, a reindexagem deve ser imediata e 
suspensa a retirada de material propagativo. 
Porta-enxertos 
Será permitido o uso dos seguintes porta-enxertos: Aldrighi, BR-6, Capdeboscq, 
Flordaguard,Magno, Nemaguard, Nemared e Okinawa. 
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132 
A propagação por sementes deve ser efetuada com caroços provenientes de 
pomares plantados com objetivo específico, utilizando se plantas-sementeiras 
registradas, em locais isolados e protegidos com quebra-ventos. 
A propagação vegetativa pode ser feita por meio da técnica de cultura de tecidos 
ou do enraizamento de estacas, retiradas de plantas propagadas de matrizes registradas. 
Copas 
Será permitido o uso das seguintes cultivares: 
Ameixeiras - Amarelinha, América, Frontier, Golden Japan, Irati, Letícia, 
Methley, Pluma 7, Quinze de Novembro, Reubennel, Rosa Mineira e Sinka. 
Nectarineiras - Anita, Branca, Cascata, Dulce, Linda, Mara, Sunblaze, Sungen, 
Sungold, Sunlite e Sunred. 
Pessegueiros - Ágata, Ametista, Bolinha, BR-l, BR-2, BR-3, BR-6, Cerrito, 
Chimarrita, Chinoca, Chiripá, Charrua, Chula, Coral, Diamante, Eldorado, 
Flordaprince, Granada, Granito, Guaiaca, Jubileu, Leonense, Maciel, Magno, Marfim, 
Marli, Ônix, Pampeano, Pilcha, Planalto, Precocinho, Premier, Rio-grandense, 
Sentinela, Sinuelo, Turmalina, Vanguarda e Vila Nova. 
Serão sumariamente eliminados todos os blocos de mudas que apresentarem 
infestação por nematóides do gênero Meloidogyne (causador de galhas), ou outra espécie 
de nematóides danosos à cultura, infestação por fungos dos gêneros Phythopthora, 
Rhizoctonia, Armillaria, Sclerotium e Sclerotinia, infestação por pérola-da-terra 
(Eurhizococcus brasiliensis), infecção por Agrobacterium ou infestação por tiririca (Cyperus 
rotundus). 
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