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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO POLÍTICAS PÚBLICAS EM SAÚDE BANCO DE LEITE HUMANO Andressa de Matos Silveira – 201511124 Bruna Pereira Santiago – 201910859 Douglas da Silva Rocha – 201811172 Lara Rangel Homem Silva – 201910738 Leilane Morais Lopes – 202010841 Milena Gama – 201820526 Nádia Bruna da Silva – 201820452 Raissa Serafim Gomes - 201901347 Simone de Fátima Reis de Oliveira – 201820254 Talita Rodrigues da Costa – 201920395 Thais Lisboa Rodrigues Torres Bevilacqua - 201910350 VOLTA REDONDA – RJ 2021 INTRODUÇÃO O Banco de Leite Humano é um centro especializado na promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, coleta, processamento e controle de qualidade, classificação, estocagem e distribuição de leite materno, sob prescrição médica ou de nutricionista. Tem como objetivos orientar os familiares e incentivar o aleitamento materno demonstrando às mães, logo nas primeiras mamadas, a correção da pega e a posição correta para amamentar; eliminar as práticas prejudiciais ao aleitamento materno; promover a manutenção da lactação; ensinar a ordenhar o leite quando houver separação entre mãe e filho; orientar quanto ao correto armazenamento e transporte; induzir a lactação; e esclarecer de forma preventiva e corretiva sobre os problemas mamários. Sendo obrigatoriamente ligado a um hospital materno e/ou infantil, o banco de leite é uma instituição sem fins lucrativos [1]. O Brasil se destaca no cenário mundial por suas ações de incentivo à amamentação criadas no âmbito da saúde pública. Destaca-se a criação da Iniciativa Hospital Amigo da Criança, regulamentação da Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes (NBCAL) por meio da Lei 11.474/2007 e a criação e expansão dos Bancos de Leite Humano (BLH), principalmente quando este passou a atuar mais eficazmente na assistência ao aleitamento materno, cuidados com o binômio mãe e filho e auxílio na criação de políticas públicas através da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (RBLH) [1]. Com o intuito de fortalecer as políticas públicas de saúde voltadas para o incentivo ao aleitamento materno (AM), os Bancos de Leite Humano (BLH) têm cumprido importante papel assistencial junto às puérperas no sentido de promover, proteger e apoiar o AM. Para isso, acompanham as mulheres que apresentam dificuldades na prática do aleitamento, além de realizarem a coleta, processamento e controle de qualidade do colostro, leite de transição e leite maduro. Destaca-se a ampliação do quantitativo de BLH no país, e a importância deste suporte também para uma população vulnerável que deles dependem como fator de sobrevivência, o recém-nascido prematuro, além do apoio realizado pela equipe do BLH à mãe do prematuro, todo leite coletado passa por um processo que assegure garantir a segurança alimentar e nutricional desta população [1]. No entanto, não basta a mulher estar informada das vantagens do aleitamento materno e optar por esta prática. Para levar adiante sua opção, ela precisa estar inserida em um ambiente favorável à amamentação e contar com o apoio de um profissional habilitado a ajudá-la, se necessário. As ações desenvolvidas pelos BLH são um meio efetivo de prevenir o declínio da amamentação. Dessa forma, além de exercerem funções específicas de manipulação do leite materno ordenhado, exercem também atividades educativas de promoção e apoio ao aleitamento materno, sendo considerados centros de referência em amamentação para gestantes e nutrizes [1]. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A OMS recomenda que o aleitamento seja exclusivo nos seis primeiros meses e continuado até os dois anos ou mais junto com a introdução de alimentos saudáveis. O Brasil segue esta recomendação e procura trabalhar em políticas públicas de saúde para aumentar as taxas de aleitamento [2]. O aleitamento materno dentro das políticas públicas tem como um importante elemento a garantia de estado nutricional adequado do bebê [3]. Como observado na LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990, que dispõe do Estatuto da Criança e do Adolescente, onde temos no capítulo I, artigo 8, inciso 7, incluída em 2016: [...] “§ 7 o A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento materno, alimentação complementar saudável e crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)” [...] [4] As políticas públicas incentivam o apoio e promoção do aleitamento materno no país, com campanhas realizadas pelos meios de comunicação e nas Unidades da Atenção Básica e Hospitais [2]. O aleitamento do recém-nascido, entre o 7º ao 14º dia, o leite materno é denominado de leite de transição, e após a segunda semana já passa a ser chamado de leite maduro. Este contém uma composição proteica representado por cerca de 60% de proteínas do soro como alfa-lactoalbumina principalmente, lactoferrina, que apresenta evidências científicas no seu efeito protetor especialmente na saúde gastrointestinal, lisozima, soroalbumina, imunoglobulinas e betalactoglobulina, o restante é representado pela caseína, podendo ter uma relação de 60:40 ou até de 50:50 [2]. ATUAÇÃO DO NUTICONISTA E O ALEITAMENTO MATERNO O nutricionista é o profissional responsável pela alimentação adequada em todas as faixas etárias. Compreende a anatomia e fisiologia da glândula mamária e do sistema digestivo do lactente, conhece a técnica de amamentação e sabe prevenir e tratar os problemas que podem complicar o processo de amamentação. A amamentação é o primeiro passo para a qualidade de vida do lactente [5]. Papel do nutricionista no pre-natal: “[...] 1- Educar a mãe sobre as vantagens da amamentação exclusiva, já que neste momento as mulheres estão muito sensíveis a aprender o necessário para fazer o melhor para os seus filhos. 2- Ensinar as técnicas de amamentação de forma prática, lúdica e de preferência, através de dinâmicas de grupo. 3- Assegurar que a gestante pode amamentar e que seu leite é perfeito e adequado. Não oferecer chá, água, outros leites, frutas e feijão antes dos seis meses de vida, enfim estimular a amamentação exclusiva. 4- Informar a gestante sobre o manejo no aleitamento materno, tranqüilizando-a nos momentos de dúvida ou dificuldade, e ajudando-a a superar todos os obstáculos. 5- Efetuar o exame das mamas. Pode-se no caso de mamilos planos ou invertidos, orientar as massagens e exercícios para protrai-los. Lembrá-la que a pega adequada é na aréola. 6- Conscientizar a família sobre a importância de apoiar a mulher que amamenta. 7- Prestar especial atenção à alimentação da gestante e a seu ganho ponderal, e ao aporte de nutrientes específicos. 8- Realizar o acompanhamento nutricional da gestante fazendo as devidas orientações. Contribuir para a Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN). 9- Auxiliar no apoio psicológico às mães, através da alimentação (desejos e tabus alimentares). 10- Realizar dietoterapia adequada ao diagnóstico médico. [...]” [5] Papel do nutricionista no Puerpério e pós-alta da Maternidade [5]: “[...] 1- Realizar completa anamnese alimentar, efetuar a antropometria do recém-nato (inclusive comparando o peso do nascimento e o de alta), verificar o tipo, a quantidade, a freqüência e a duração das evacuações, problemas encontrados; a alimentação do bebê, o uso de medicamentos pela dupla; estado de ânimo da puérpera. 2- Pesar a nutriz (comparar o peso antes e durante a gravidez e após os seis meses de vida do bebê) e examinar-lhe as mamas. 3- Revisar a técnica de amamentação e reorientar, se for preciso, o manejo (pega, posição e estímulo a amamentação). 4- Assegurar que a nutriz tenha uma alimentação completa e variada, tentando aumentar a ingestão calórica e ingestão de líquidos, quando necessário. 5-Lembrar à mãe que muitas substâncias que ela ingere passam para o leite, e, portanto, para o lactente; por isso deve evitar bebidas alcoólicas, ingestão excessiva de temperose condimentos, e, alimentos com agrotóxicos e produtos artificiais (conservantes) 6- Orientar sobre a composição do leite materno e das suas alterações em relação às necessidades do seu filho (a) e o seu período de vida. 7- Orientar sobre o desmame e as técnicas adequadas da alimentação complementar. 8- Orientar para evitar a auto-medicação e evitar o fumo. Quando a mulher é tabagista, substâncias tóxicas passam paro o leite. 9- Apoiar e incentivar o Grupo de Mães, proporcionando uma fonte de apoio, ajuda mútuo e informação às lactantes. Estimular o vínculo do trinômio: mãe, pai e filho [...]”.[5] Papel do nutricionista no período Puerperal na Maternidade [5] “[...] 1- Estimular a amamentação em livre demanda até os seis meses de vida. A regulação fisiológica da produção de leite é baseada nas necessidades do lactente, não devendo se interferir nos horários das mamadas. 2- Orientar sobre o leite materno como uma importante fonte de nutrientes até os dois anos de idade, salientando que o desmame precoce é importante causa de desnutrição. 3- Mostrar às mães a correta técnica de amamentação. Supervisionando e corrigindo a técnica de aleitamento durante o período de internação, para prevenir problemas como dor, fissuras ou congestão mamária e assim ajudar no êxito da amamentação. 4- Observar as primeiras mamadas, apoiando e transmitindo confiança à nutriz. 5- Dar aos recém-nascidos, somente leite de peito, sem nenhum outro alimento ou bebida, a não ser que esteja clinicamente indicado pelo nutricionista e/ou pediatra. (Passo 6 para o Sucesso do Aleitamento Materno-OMS/UNICEF) 6- Orientar as mães para não oferecer chupetas aos recém-nascidos amamentados. Os lactentes apresentam dificuldades para mamar depois de haverem usado chupetas ou bicos. 7- Mostrar às nutrizes como manter a amamentação, inclusive quando forem separadas de seus filhos. 8- Ensinar de forma prática a extração manual do leite, para evitar o ingurgitamento mamário, manter a produção de leite; e como armazenar o leite humano ordenhado e oferecê-lo ao lactente. 9- Cumprir e divulgar a Norma Brasileira para Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de primeira infância, bicos, chupetas e mamadeiras. (Portaria MS/2051) 10- Estimular o vínculo entre mãe, pai e bebê [...]” [5]. Atribuições específicas ao nutricionista em bancos de leite humano, segundo a resolução CFN nº200/1998 [6]. “[...] 1. Incentivar o aleitamento materno. 2. Promover campanhas para captar doadoras de leite humano, divulgando as atividades do Banco de Leite Humano. 3. Garantir a qualidade higiênico-sanitária do leite humano, desde a coleta até a distribuição. 4. Estabelecer controle quantitativo do leite humano coletado e distribuído. 5. Promover orientação, educação e assistência alimentar e nutricional às mães. 6. Promover orientação e educação alimentar e nutricional a família e comunidade. 7. Participar do planejamento e execução de programas de treinamento para pessoal técnico e auxiliar. 8. Integrar a equipe transdisciplinar com participação plena na atenção prestada ao cliente. 9. Desenvolver estudos e pesquisas relacionados à sua área de atuação. 10. Colaborar com autoridades de fiscalização profissional e/ou sanitária. 11. Colaborar na formação de profissionais na área de saúde, orientando estágio e participando de programas de treinamento. 12. Efetuar controle periódico dos trabalhos executados. [...]”[6] É necessário que o nutricionista ultrapasse a visão de profissional que faz somente o pré-natal e tenha a visão de ser um educador e trabalhar sobre a lógica do ciclo de vida. O aleitamento materno é uma condição para a qualidade de vida das pessoas ao longo de suas existências. Para tanto, reforça-se o cumprimento da agenda única de nutrição, que reúne medidas de incentivo, apoio e proteção [6]. O nutricionista do NASF deve dar apoio às ações de promoção da saúde, da alimentação saudável, do incentivo, apoio e proteção ao aleitamento materno e à alimentação complementar [6]. CONCLUSÃO O aleitamento materno é uma prática recomendada pelos principais órgãos de saúde, devido a evidências dos benefícios que proporciona em curto e longo prazo para indivíduos. São inúmeros os benefícios que o aleitamento materno traz para a sociedade em geral, já que quando praticado de acordo com as recomendações, ajudando na saúde da criança, como prevenção de infecções nos primeiros meses de vida e redução na mortalidade infantil, além de ser um fator de proteção contra desenvolvimento de doenças crônicas no futuro. E a proteção na saúde da mulher, diminuindo chances de câncer de mama, por exemplo [7]. A OMS recomenda que o aleitamento seja exclusivo nos seis primeiros meses e continuado até os dois anos ou mais junto com a introdução de alimentos saudáveis. O Brasil segue esta recomendação e procura trabalhar em políticas públicas de saúde para aumentar as taxas de aleitamento. Com isso desde a década de 90, vem ampliando seus projetos em prol da amamentação. Atualmente é reconhecido mundialmente devido essas ações e seu sucesso em território nacional. Por esse motivo a utilização de Bancos de Leite como forma de suplementar e garantir a alimentação adequadas aos bebês das mães que são por motivos de saúde, incapazes de alimentar exclusivamente seus bebês. O papel do nutricionista vai além de apenas lidar com o banco de Leite e a parte nutricional do leite materno em si, indo além, sendo um agente para auxiliar e incentivar o aleitamento materno como um todo. O Brasil vem evoluindo nas taxas de duração do aleitamento materno, porém os fatores que envolvem o desmame precoce devem ser observados com cuidado pelos profissionais de saúde, uma vez que a maioria deles pode ser resolvido com orientações corretas [7]. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 1.Sanitária, A.-A.N.d.V., Banco de leite humano: funcionamento, prevenção e controle de riscos, Anvisa, Editor. 2008. 2.ROBLES, C.S., Políticas Públicas A Favor Do Aleitamento Materno in Nutrição. CAMILA SANTOS ROBLES, CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR - LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES. p. 63. 3.Vieira, A.C. and C.K.d.S. Cardoso, Efeitos de Dietas LowCarb Sobre Parâmetros Nutricionais em Indivíduos com Excesso de Peso: Revisando as Evidências Científicas. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, 2020. 14. 4.Adolescente, E.d.C.e.d., LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990, C. Cívil, Editor. 1990, Governo Federal. 5. Barbosa, C.C., O Nutricionista E A Amamentação. 2011, Aleitamento.com: http://www.aleitamento.com/amamentacao/conteudo.asp?cod=262. 6. Silva, F.N.R.e., A Importância Da Orientação Sobre Aleitamento Materno Para Mães Atendidas Em Um Posto De Saúde Do Distrito Federal, in Faculdade de ciências da educação e Saúde- FACES. 2014, Centro Universitário de Brasília- UniCEUB. 7. ARAÚJO, M.F.M.e.a., Incentivo ao aleitamento materno no Brasil: evolução do Projeto Carteiro Amigo da Amamentação de 1996 a 2002. Revista Saúde Materno Infantil, 2003. 3.