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Fichamento do texto Neurose e Psicose (1924). Texto encontrado no livro Neurose, Psicose e Perversão - Obras incompletas de Freud, da editora Autêntica (2016). O autor inicia o texto falando que muito já escreveu acerca do tema proposto de desmembramento do aparelho psíquico, mas ainda permanecem obscuras as relações de origem e do papel do Super-Eu. Nesse texto, Freud discorre sobre neurose e psicose, para ele, a diferença genética entre neurose e psicose é que a neurose é o resultado de um conflito entre o Eu e seu Isso, ao passo que a psicose é o resultado análogo de uma perturbação semelhante nas relações entre o Eu e o mundo exterior (2016, p.272). As neuroses de transferência tem origem no ato de o Eu não aceitar as moções pulsionais do Isso e não querer conduzi-las para a descarga motora e por isso lhe barra o acesso ao objeto ao qual ela visa. É a serviço do Super-Eu e da realidade que o Eu entrou em conflito com o Isso. Já a psicose diz respeito à perturbação das relações entre o Eu e o mundo exterior. Normalmente o mundo exterior governa o Eu de duas maneiras: primeiro através das percepções atuais e sempre renováveis; segundo através do repertório de percepções antigas que, como “mundo interior” configuram um patrimônio e um componente do Eu. O Eu cria para si um novo mundo exterior e interior, esse novo mundo é construído de acordo com as moções de desejo do Isso, e que o motivo dessa ruptura com o mundo exterior foi um grave e intolerável impedimento de desejo por parte da realidade. O delírio aparece como um remendo colocado onde originalmente havia surgido uma fissura da relação do Eu com o mundo exterior. A origem do início da psicose aparece como sendo o impedimento, a não realização de algum daqueles eternamente indomáveis desejos infantis, enraizados profundamente em nossa organização filogeneticamente determinada. Nesse caso o efeito patogênico depende do Eu, em uma tensão, permanecer fiel à sua dependência do mundo exterior e ou bem tentar silenciar o Isso, ou deixar subjugar pelo Isso e portanto ser arrancado da realidade. O Super- Eu unifica as influências do Isso e do mundo exterior, tornando-se de certa forma um modelo ideal daquilo a que visa todo o anseio do Eu: a reconciliação de suas diversas pendências. A neurose de transferência corresponde ao conflito do Eu e o Isso; a neurose narcísica, a um conflito entre o Eu e o Super- Eu; a psicose, a um conflito entre o Eu e o mundo exterior. Neuroses e psicoses se originam do conflito do Eu com várias instâncias que o controlam, correspondendo a um fracasso na função do Eu. Por quais meios o Eu consegue sair ileso, sem adoecer, desses conflitos que indubitavelmente estão sempre presentes? A saída de todas essas situações depende das relações econômicas, das proporções relativas e dos anseios em disputa. Freud termina dizendo que através da perversão podemos ter uma pista do que está sendo recalcado e na aceitação da perversão, nos poupamos do recalcamento e temos mais abertura para entender o que o Eu estaria recalcando e gerando suas fissuras.