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CLUBE DO CONCURSO PROFESSORA: JEANE MARTINS _______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Avenida Presidente Vargas, entre Manoel Eudóxio e Professor Tostes, Centro, Macapá-AP. DIREITO ADMINISTRATIVO – GRUPO GESTÃO I. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA BRASILEIRA A organização administrativa brasileira separa a Administração Pública em três funções: a legislativa, a jurisdicional e a administrativa. Essa separação de funções não é absoluta, já que os diversos órgãos dos 3 poderes praticam em certa medida outras funções. PODER LEGISLATIVO: função de legislar Função típica: fazer leis (legislar) Função atípica: administrar e julgar, por exemplo, decidir no processo de “impeachment” (impedimento). PODER JUDICIÁRIO: função de julgar Função típica: julgar; solucionar lides aplicando coativamente o nosso ordenamento. Função atípica: administrar PODER EXECUTIVO: função de Administrar Função típica: administrar; executar o ordenamento vigente. Função atípica: legislar através de Medida Provisória. Além disso, a Administração Pública subdivide-se em Administração direta e indireta. II - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA Alguns serviços o Estado presta diretamente sem transferir a terceiros. Essa prestação é chamada de direta ou centralizada. a) Direta ou Centralizada Na Administração Pública Direta, como o próprio nome diz, a atividade administrativa é exercida pelo próprio governo que “atua diretamente por meio dos seus Órgãos, isto é, das unidades que são simples repartições interiores de sua pessoa e que por isto dele não se distinguem”. Celso Antônio Bandeira de Mello (2004:130) Também chamada de Administração Pública Centralizada, existe em todos os níveis das Esferas do Governo, Federal, Estadual, Distrital e Municipal, e em seus poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário. É em si, a própria Administração Pública. Para prestação de suas atividades de forma mais eficiente, o Estado distribui no seu interior os encargos de sua competência com diferentes unidades, cada qual exercendo uma parcela de suas atribuições. Essas unidades são chamadas órgãos públicos. Cada órgão é um centro de competência governamental ou administrativa e tem necessariamente funções, cargos e agentes,mas é distinto desses elementos, o seja, com eles não se confunde. Então, funções, cargos e agentes podem ser modificados, substituídos ou retirados sem supressão/extinção da unidade orgânica. Isso explica porque a alteração de funções, a vacância dos cargos, ou a mudança de seus titulares não acarreta a extinção do órgão. A criação e a extinção de órgãos da administração pública dependem de lei de iniciativa privativa do chefe do executivo(vide art. 48, XI, e 61 § 1º da CF/88). Principais características dos Órgãos ✓ Não possuem personalidade jurídica própria ✓ Surgem da desconcentração ✓ Não possuem patrimônio próprio ✓ Sempre integram a estrutura de uma pessoa jurídica ✓ Não possuem capacidade processual, ou seja, não podem estar em juízo ✓ Seus dirigentes podem firmar contrato de gestão nos termos do artigo 37, § 8º CF. b) Indireta ou Descentralizada A melhor forma para ser eficiente é a especialização e por isso o Estado transfere a prestação do serviço para pessoa especializada. Na Administração Pública Indireta ou Descentralizada o Estado atua de forma indireta na prestação dos serviços públicos por meio de outras CLUBE DO CONCURSO PROFESSORA: JEANE MARTINS _______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Avenida Presidente Vargas, entre Manoel Eudóxio e Professor Tostes, Centro, Macapá-AP. pessoas jurídicas, distintas da própria entidade política. O Estado cria uma entidade (pessoa jurídica) e a ela transfere, por lei, determinado serviço público ou de utilidade pública. No dizer de José dos Santos Carvalho Filho, enquanto a Administração Direta é composta de órgãos internos do Estado, a Administração Indireta se compõe de pessoas jurídicas, também denominada de entidades. a) as autarquias; b) as empresas públicas; c) as sociedades de economia mista; e d) as fundações públicas. Principais características das entidades ✓ Personalidade Jurídica Própria- significa que podem ser sujeitos de direitos e obrigações. Gozam de autonomia administrativa, técnica e financeira, mas não gozam de autonomia política, ou seja, não têm o poder de legislar. Ex.: Se o motorista de uma autarquia atropelar uma pessoa, quem irá responder por seu ato será a própria autarquia. ✓ Criação e extinção da pessoa jurídica- somente ocorrerá através de lei.Dependendo da situação, a lei poderá criar ou autorizar a criação(ART. 37, XIX da CF) “Art. 37. (...) XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;” ✓ Não têm fins lucrativos - significa não ser criada para o lucro. O objetivo não é o lucro, entretanto é possível que este venha a ocorrer. ✓ Finalidade Específica - significa que estão vinculadas à finalidade definida na sua lei de criação.Aplica-se o Princípio da Especialidade. ✓ Sujeitam-se a controle- significa que não há relação de subordinação para com as pessoas da Administração Direta e, sim, de fiscalização. Exemplo: Tribunal de Contas, CPI, o Poder Judiciário e do próprio Poder Executivo através da chamada Supervisão Ministerial (realizada pelo Ministério de acordo com o ramo de atividade). ✓ RESUMO: ✓ DIRETA - órgãos públicos (ministérios, secretarias estaduais e municipais). ✓ INDIRETA - Fundações Públicas, Autarquias, Sociedades de Economia Mista e Empresas Públicas. III. DESCONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO Quando o Estado centraliza os serviços ele cria órgãos, que são membros da Administração Direta. Nesse caso o Estado DESCONCENTRA. Por outro lado quando o Estado cria pessoas jurídicas para prestar os serviços públicos ele DESCENTRALIZA. A desconcentração e a descentralização são diferentes técnicas utilizadas pela Administração Pública para prestação dos serviços públicos. Desconcentração é a repartição de funções entre vários órgãos despersonalizados de uma mesma administração (Administração Direta), sem quebra da hierarquia, ou seja, é a distribuição de atribuições entre órgãos públicos pertencentes a uma única pessoa jurídica, mantendo a vinculação hierárquica. Na desconcentração não há a criação de outras pessoas jurídicas, mas a atribuição de determinadas competências que serão distribuídas dentro de uma única pessoa jurídica. CLUBE DO CONCURSO PROFESSORA: JEANE MARTINS _______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Avenida Presidente Vargas, entreManoel Eudóxio e Professor Tostes, Centro, Macapá-AP. Exemplos de desconcentração são os Ministérios da União, as Secretarias estaduais e municipais, as delegacias de polícia, os postos de atendimento da Receita Federal, as Subprefeituras, os Tribunais e as Casas Legislativas. Por sua vez, na descentralização há transferência de competências de uma pessoa para outra pessoa, física ou jurídica, ou seja, é a divisão de competência entre duas ou mais pessoas. Na descentralização as competências administrativas são exercidas por pessoas jurídicas autônomas, criadas para tal finalidade. Nesse caso não há vínculo hierárquico, pois não existe entre a Administração Pública Direta e a Administração Pública Indireta uma relação de hierarquia, ocorrendo, somente, um controle da primeira em relação à segunda (controle denomina-se supervisão ministerial). Exemplos: autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista. Formas de descentralização: 1) Descentralização política: consiste na criação de entes com personalidade jurídica que possuem competência legislativa dentro de seu âmbito territorial. Decorre diretamente da constituição (o fundamento de validade é o texto constitucional) e independe da manifestação do ente central (União). As pessoas políticas são: União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos entre si. 2) Descentralização administrativa: Ocorre quando o ente descentralizado exerce atribuições que decorrem do ente central, que empresta sua competência administrativa constitucional a um dos entes da federação, tais como os Estados- Membros, os municípios e o distrito federal, para a consecução dos serviços públicos. Na descentralização administrativa, os entes descentralizados têm capacidade para gerir os seus próprios negócios, mas com subordinação a leis postas pelo ente central. A descentralização administrativa se apresenta de três formasː territorial ou geográfica; por serviços, funcional ou técnica; e por colaboração. a) territorial ou geográfica: É a que se verifica quando uma entidade local, geograficamente delimitada, é dotada de personalidade jurídica própria, de direito público, com capacidade jurídica própria e com a capacidade legislativa (quando existente) subordinada a normas emanadas do poder central. No Brasil, podem ser incluídos, nessa modalidade de descentralização, os Territórios federais do Brasil, embora estes, na atualidade, não existam mais. b) Descentralização por serviços (por outorga): A descentralização por serviços, funcional ou técnica é a que se verifica quando o poder público (União, Estados, Distrito Federal ou Município), por meio de uma lei, cria uma pessoa jurídica de direito público (autarquia) e, a ela, atribui a titularidade (não a plena, mas a decorrente de lei) e a execução de serviço público descentralizado. Na descentralização por serviços, o ente descentralizado passa a deter a "titularidade" e a execução do serviço nos termos da lei, não devendo e não podendo sofrer interferências indevidas por parte do ente que lhe deu vida. Deve, pois, desempenhar o seu mister da melhor forma e de acordo com a estrita demarcação legal. c) Descentralização por colaboração: A descentralização por colaboração é a que se verifica quando por meio de contrato (concessão de serviço público) ou de ato administrativo unilateral (permissão de serviço público), se transfere a execução de determinado serviço público a pessoa jurídica de direito privado, previamente existente, conservando o poder público, in totum, a titularidade do serviço, o que permite, ao ente público, dispor do serviço de acordo com o interesse público. IV. PRINCÍPIOS Princípios são alicerces, são fundamentos que servem de base para interpretar as normas e regras. A atuação da Administração Pública se inspira em diversos princípios, que são considerados verdadeiros pilares que dão sustentação ao ordenamento jurídico, servindo de norte para a interpretação das regras jurídicas, de forma que estas últimas devem sempre estar em conformidade com aqueles. CLUBE DO CONCURSO PROFESSORA: JEANE MARTINS _______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Avenida Presidente Vargas, entre Manoel Eudóxio e Professor Tostes, Centro, Macapá-AP. Princípios constitucionais expressos Princípios enumerados no art. 37 da CF: "A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:" São, portanto, 5 (cinco) os princípios constitucionais expressosda Administração Pública. Para facilitar a sua memorização, utilize a palavra mnemônica "L I M P E": Legalidade; Impressoalidade; M oralidade; Publicidade e; Eficiência. a) Princípio da Legalidade É o princípio basilar do Estado de Direito e significa que a atuação da Administração Pública (órgãos/agentes) deve ser dentro dos parâmetros definidos em lei, sendo vedada sua atuação sem prévia e expressa permissão legislativa. Fundamento constitucional: Art. 5º, II, que prescreve: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. A atuação pautada na lei não alcança apenas a Administração Pública, mas também todos os outros órgãos dos Poderes, bem como os indivíduos. Porém, vigora o entendimento que essa regra tem interpretação diversa para a Administração e para o particular. OBS.1. Não se deve confundir legalidade privada com legalidade pública. Legalidade Privada Ao particular é permitido fazer tudo o que a legislação não proíba. Tudo pode se a lei não proibir. X Legalidade Pública Ao administrador somente é permitido fazer o que estiver previsto em lei. Só pode o que a lei autorizar. Exemplo:Um administrador de empresa particular pratica tudo aquilo que a lei não proíbe. Já o administrador público, por ser obrigado ao estrito cumprimento da lei e dos regulamentos, só pode praticar o que a lei permite. É a lei que distribui competências aos administradores. Este princípio impõe que seja observada não só as leis, mas também os regulamentos que contém as normas administrativas contidas em grande parte do texto Constitucional. Quando a Administração Pública se afasta destes comandos pratica atos ilegais, produzindo, por consequência, atos nulos e respondendo por sanções por ela impostas (Poder Disciplinar). Os servidores, ao praticarem estes atos, podem até ser demitidos. Importante: Nem sempre a atividade administrativa se encontra totalmente vinculada à lei, porquanto, não raro, ela autoriza que o gestor atue com certa margem de liberdade, no exercício da competência discricionária, sempre observando os limites e os fins contidos na regra autorizadora. OBS.2. Não se deve confundir o princípio da legalidade com o princípio da reserva de lei. P. Legalidade É a submissão da Administração Pública (órgãos/agentes) aos impérios da legislação X P. Reserva de Lei É a limitação à forma de regulamentação de determinadas matérias cuja natureza é indicada pela legislação (ex. 37, XIX, CF) Ex: CF/88 Art. 37.(...) XIX -somente por leiespecífica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de atuação; b) Princípio da Impessoalidade:CLUBE DO CONCURSO PROFESSORA: JEANE MARTINS _______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Avenida Presidente Vargas, entre Manoel Eudóxio e Professor Tostes, Centro, Macapá-AP. Significa que o administrador não pode buscar interesses pessoais, tem que agir com ausência de subjetividade. O ato administrativo não é do administrador (impessoal) é da entidade a qual ele pertence (pessoa jurídica). Quem irá se responsabilizar é a pessoa jurídica. Exemplos de Impessoalidade Expressos no art. 37 da CF: Concurso Público e Licitação. O princípio da impessoalidade admite ser analisado sob três aspectos: ✓ Quanto à finalidade; ✓ Quanto à própria Administração; ✓ Quanto aos administrados. Finalidade:Éa destinação do ato, refere-se a atuação impessoal e genérica da Administração Pública, visando a satisfação do interesse coletivo, sem corresponder ao atendimento do interesse exclusivo do administrado. CF/88 Art. 37.(...) § 1°. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. Ex: Se aproveitar da publicidade governamental, custeado pelo erário público, para fazer promoção pessoal é ato de improbidade administrativa, pois viola o princípio da impessoalidade (Lei nº 8.429/92).Os símbolos que são utilizados durante o período de campanha eleitoral não podem ser empregados durante o governo, pois serve de promover a figura individualizadado gestor, e não a instituição pública. Administração:É quem pratica. O ato praticado é atribuído ao órgão (pessoa jurídica) e não ao agente público (pessoa física). Desta forma, a responsabilidade civil recairá sob a entidade no qual o agente público emprega sua força de trabalho. Porém, o direito de regresso oferece a possibilidade de a pessoa jurídica agir contra o responsável pelo dano. CF/88 Art. 37.(...) § 6°. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviço público responderão pelos danos que seus agentes, nesta qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Administrados:É a quem se destina.Relaciona-se ao tratamento igualitário dispensado a todos os administrados,independentemente de qualquer interesse político. Para Celso Antônio Bandeira de Mello, impessoalidade “traduz a idéia de que a Administração tem que tratar a todos os administrados sem discriminações, benéficas ou peculiares...” José Afonso da Silva leciona que aimpessoalidade significa a neutralidade da atividade administrativa, que só se orienta no sentido da realização do interesse público. Significa também que os atos e provimentos administrativos são imputáveis não ao funcionário que os pratica, mas ao órgão ou entidade administrativa. O objetivo da impessoalidade não é apenas buscar uma atuação estritamente voltada ao interesse coletivo, mas também promover um tratamento isonômico. c)Princípio da Moralidade: Traz a ideia de lealdade, boa-fé, coerência, correção de atitudes, obediência a princípios éticos, probidade e honestidade do administrador. É a atuação administrativa baseada na boa fé, em consonância com a moral, os princípios éticos e a lealdade, não podendo contrariar os bons costumes, a honestidade e os deveres de boa administração. Rege o comportamento não só dos agentes públicos, mas de todos aqueles que de qualquer forma se relacionam com a Administração Pública. Desta forma, os particulares também deverão agir com boa fé e honestidade, podendo também responder por ato que violem tal preceito. Observação: Para a doutrina: a moralidade tem um conceito vago/indeterminado, dificilmente o Judiciário traz o Princípio da moralidade isolado em suas decisões. Atenção! A Moralidade Administrativa é diferente da Moralidade Comum. A Moralidade Comum é raciocinar o certo e o errado dentro das regras de convívio social. A Moralidade Administrativa é mais exigente do que a Moralidade CLUBE DO CONCURSO PROFESSORA: JEANE MARTINS _______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Avenida Presidente Vargas, entre Manoel Eudóxio e Professor Tostes, Centro, Macapá-AP. Comum. Significa correção de atitudes somada a boa administração (esta ligada ao Princípio da Eficiência). Moralidade Comum Amoralidade comum é o certo e o errado, o correto e o incorreto, é o senso comum; X Moralidade Administrativa A moralidade administrativa é mais rigorosa, é a boa-fé da administração, é a melhor escolha possível, é uma administração eficiente, voltada para o ideal de boa administração. A moral relacionada ao princípio não é a moral subjetiva, mas a moral jurídica, ligada a outros princípios da própria Administração comotambém aos princípios gerais do direito. Vedação ao Nepotismo STF - Súmula Vinculante de 13, com o seguinte teor: "A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal. Com a edição da Súmula Vinculante 13, qualquer nomeação de familiares nos cargos em comissão ou de confiança passou a ser prática de nepotismo e, ainda, passou afrontar o princípio da legalidade, reduzindo ainda mais o campo da moralidade administrativa, comprometendo ainda mais sua existência como princípio autônomo em nosso ordenamento jurídico. Ministro Menezes Direito, "não é necessária lei formal para aplicação do princípio da moralidade". Neste esteio, o ministro Ricardo Lewandowski, relator do recurso extraordinário, afirmou que é "falacioso" o argumento de que a Constituição Federal não vedou o nepotismo e que, então, essa prática seria lícita. Segundo ele, esse argumento está "totalmente apartado do ethos que permeia a Constituição cidadã". Importante: O princípio da impessoalidade está ligado ao princípio da isonomia, já o princípio da moralidade está ligado ao princípio da lealdade e da boa-fé. d) Princípio da Publicidade A publicidade significa a divulgação do ato administrativo para ser conhecido pelo público. Também significa o início da produção dos efeitos externos do ato e da contagem dos prazos. Sem o conhecimento da existência do ato não se pode exigir seu cumprimento e defesa contra o mesmo. Forma: A publicidade dos atos administrativos, como regra, é feita: ✓ Na esfera federal: Diário Oficial Federal; ✓ Na estadual:Diário Oficial Estadual ou municipal (através do Diário Oficial do Município); ✓ Nos Municípios, se não houver o Diário Oficial Municipal, a publicidade poderá ser feita através dos jornais de grande circulação ou afixada em locais conhecidos e determinados pela Administração. Importante: Não confundir a publicidadecom a publicação, que na verdade representa apenas uma das formas de publicidade, podendo essa também se verificar com a cientificação pessoal ou via correio, afixação de edital em local de acesso público ou outros meios que oportunizem o conhecimento pela coletividade. A exigência de transparência na gestão pública permite que as ações possam ser fiscalizadas por toda a sociedade. Como o gestor público não é titular dos bens e interesses que administra, cabe a ele sempre informar e prestar contas de seus atos. É dever motivar suas ações, principalmente em se tratando de atos discricionários a fim de permitir avaliar se efetivamente houve atuação voltada para o atendimento de interesses coletivos. O direito à informação conferido pela norma constitucional é a regra geral. Porém, admite-se o sigilo das atividades administrativas quando este seja necessário para garantir a segurança ou até mesmo para preservar a dignidade humana. Saliente-se, por fim, que a Constituição Federal em seu art. 5º, inciso LX, relativiza o princípio em estudo: "a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem.". No inciso X do indigitado artigo, limita uma vez mais o princípio da publicidade: "são invioláveis a CLUBE DO CONCURSO PROFESSORA: JEANE MARTINS _______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Avenida Presidente Vargas, entre Manoel Eudóxio e Professor Tostes, Centro, Macapá-AP. intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação." Por último, a Publicidade deve ter objetivo educativo, informativo e de interesse social, não podendo ser utilizados símbolos, imagens etc. que caracterizem a promoção pessoal do Agente Administrativo. e) Princípio da Eficiência: O princípio da eficiência foi positivado com a Emenda Constitucional nº 19/98 (Emenda da Reforma Administrativa). A partir de então, percebe-se uma mudança no modelo de Estado, com prioridade da busca de melhores resultados em detrimento de formalidades legais que engessam a máquina administrativa. O conteúdo deste princípio está estritamente relacionado ao dever de "boa administração", voltada para a economicidade, presteza, ou seja, a obtenção dos melhores resultados com a redução máxima dos custos. A própria Constituição introduziu alguns mecanismos tendentes a promover o cumprimento do princípio da eficiência, como o da participação do usuário na administração pública e a possibilidade de aumentar a autonomia gerencial, orçamentária e financeira de órgãos e entidades da Administração. Esse princípio que deve nortear a atuação da Administração Pública no sentido de produzir resultado de modo rápido e preciso de maneira que os resultados de suas ações satisfaçam, plenamente, as necessidades da população. Tal princípio refuta a lentidão, o descaso, a negligência e a omissão, práticas que, não raramente, são observadas nas ações da Administração Pública brasileira. ✓ Serviço Público – se o serviço público não for eficiente, vai haver Responsabilidade Civil do Estado. ✓ Servidor Público – caso o servidor não seja eficiente, haverá um Processo Administrativo Disciplinar. OUTROS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS: explícitos ou implícitos (rol não taxativo): f) Princípio da supremacia do interesse público. Significa a superioridade do Interesse Público face os interesses particulares.É um princípio fundamental, é um pressuposto lógico para o convívio social.Esse princípio demonstra a posição de supremacia jurídica da Administração em face da supremacia do interesse público sobre o interesse particular Atenção! Não é a superioridade da “Máquina Estatal” ou do “Administrador”. É a superioridade do Interesse Coletivo. A existência do Estado somente tem sentido se o interesse por ele protegido for o da coletividade, sendo este prevalente em caso de conflito com o particular. Em razão dessa posição superior a Administração tem prerrogativas/privilégios para o Estado (Em nome da Supremacia) No entanto, a aplicação desse princípio não significa o total desrespeito ao interesse particular, já que a Administração deve obediência ao direito adquirido e ao ato jurídico perfeito, nos termos do art. 5º, inciso XXXVI, da CF/88. g) Ampla Defesa e Contraditório: Dois princípios que sempre caminhando juntos. São princípios explícitos na CF, embora não constem do art. 37. Art. 5º da CF, LIV: “Due Processo of Law”/Devido Processo Legal. Art. 5º, incioso LV: "aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes". São princípios sobretudo judiciários, mas também se aplicam ao processo administrativo, pois nele não se aplica o princípio da verdade sabida, pois tem que haver um processo, com ampla defesa e contraditório. Não são sinônimos. · Contraditório – é a garantia que cada parte tem de se manifestar sobre todas as provas e alegações produzidas pela parte contrária. · Ampla defesa – é a garantia que a parte tem de usar todos os meios legais para provar a sua inocência ou para defender as suas alegações. h) Segurança Jurídica A lei ao ser editada não pode prejudicar o direito adquirido, e nem o ato jurídico perfeito. Não se admite que a Administração Pública modifique o seu posicionamento, salvo se este não piorar a situação de alguém que tenha direito adquirido a algo. O princípio da segurança jurídica, também chamado de princípio da proteção à confiança, possui conexão direta com os direitos fundamentais e liga-se com vários CLUBE DO CONCURSO PROFESSORA: JEANE MARTINS _______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Avenida Presidente Vargas, entre Manoel Eudóxio e Professor Tostes, Centro, Macapá-AP. princípios que dão funcionalidade ao ordenamento jurídico brasileiro, tais como, a irretroatividade da lei, o devido processo legal, o direito adquirido. Se a lei deve respeitar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, é por respeito ao princípio da segurança jurídica, não é admissível que o administrado tenha seus direitos flutuando ao sabor das interpretações jurídicas variáveis no tempo. A finalidade da segurança jurídica é proteger a estabilidade social, evitando que alterações supervenientes criem situações de instabilidade aos administrados, especialmente em virtude do transcurso do tempo e da boa fé. i) Princípio da Autotutela "A Administração Pública deve anular seus próprios atos , quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos" (Lei 9.784/99, art. 53). Veja o teor da Súmula 346, do STF: "A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.". Tal entendimento vai ao encontro do princípio constitucional da legalidade, na medida em que autoriza a Administração Pública, ao constatar a prática de ato eivado de ilegalidade, declarar a nulidade de seus próprios atos, quando contaminados por vício(reconhecimento de erro econsequente desfazimento de ato). Neste mesmo sentido, inclusive com espectro ampliativo se considerada a redação da supracitada Súmula 346, o STF editou a Súmula 473, com o seguinte teor: " A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial." Assim a Administração: a) revoga os atos inconvenientes e inoportunos, por razões de mérito; b) anula os atos ilegais. j) Princípio da razoabilidade. A Administração tem que atuar de forma razoável, coerente, com congruência. Por este princípio se determina a adequação entre meios e fins. São vedadas as imposições de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público. Razoabilidade está muito ligada a Proporcionalidade, que significa um equilíbrio entre os benefícios e os prejuízos causados Ex.: Não posso aplicar uma demissão a um servidor que tenha cometido uma infração leve. Neste caso, a medida aplicada deverá ser a de advertência. Nos casos de infrações graves, a pena será grave. k) Princípio da motivação. Os atos produzidos pelos agentes públicos devem ser sempre motivados, uma vez que, a ausência de motivação do ato o torna irregular, ante o dever imposto às autoridades de explicar juridicamente ou legalmente suas decisões. Os atos do Poder Público devem demonstrar sua base legal e seus motivos. A causa e os elementos determinantes da prática do ato compõem a motivação, juntamente com o dispositivo legal em que foi baseado. Caso o agente público não explicite os seus motivos ao praticar um ato discricionário, torna o ato irregular e passível de anulação. É divergente o dever de motivar na doutrina, mas, esse tema será mais bem abordado no capítulo terceiro. Para encerrar cumpre apenas destacar que a motivação não exige forma específica, em regra, mas deve ser prévia ou contemporânea à prática do ato, do contrário é passível de invalidação. l) Especialidade Dos princípios da legalidade e da indisponibilidade do interesse público, decorre, dentre outros, o da especialidade, concernente à idéia de descentralização administrativa. Quando o Estado cria pessoas jurídicas públicas administrativas - as autarquias - como forma de descentralizar a prestação de serviços públicos, com vistas à especialização de função, a lei que cria a entidade estabelece com precisão as finalidades que lhe incumbe atender, de tal modo que não cabe aos seus administradores afastar-se dos objetivos definidos na lei; isto precisamente pelo fato de não terem a livre disponibilidade dos interesses públicos. m) Princípio da Continuidade Dispõe que o Serviço Público tem que ser prestado de forma ininterrupta, de forma contínua. Princípio da Presunção de Legitimidade CLUBE DO CONCURSO PROFESSORA: JEANE MARTINS _______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Avenida Presidente Vargas, entre Manoel Eudóxio e Professor Tostes, Centro, Macapá-AP. QUESTOES fcc 2018 1 - As pessoas jurídicas que integram a Administração indireta, independentemente de sua natureza jurídica, submetem-se aos princípios que regem a Administração pública. No que se refere à relação com a Administração direta, A os entes que integram a Administração indireta possuem personalidade jurídica própria e são dotados de autogestão e autoadministração, não obstante possa haver dependência financeira. B os atos editados pelas pessoas jurídicas de direito público que integram a Administração indireta sujeitam- se à anulação ou revogação pela Administração Central, de ofício ou a pedido, como expressão do poder de tutela. C as empresas estatais submetidas ao regime jurídico de direito privado não se sujeitam ao poder de tutela da Administração central, sendo independentes administrativa, orçamentária e financeiramente. D as organizações sociais e as organizações da sociedade civil de interesse público, quando integrantes da Administração indireta, submetem-se ao poder de tutela da Administração central e, portanto, ao controle finalístico exercido pela mesma, possibilitando o desfazimento de atos que violem a legalidade. E as autarquias, como pessoas jurídicas de direito público, admitem a revisão de seus atos diretamente pela Administração central, desde que seja constatado vício de legalidade ou desvio de finalidade, como decorrência lógica do poder de tutela. 2- Considere que o Estado do Amazonas tenha decidido criar, por lei específica, uma autarquia, atribuindo a ela o serviço público de transporte intermunicipal. A situação narrada constitui exemplo de A) delegação política, condicionada aos termos da autorização do Poder Legislativo, que, em tal aspecto, se sobrepõe à vontade do Poder Executivo. B) descentralização política, com transferência, nos termos da lei editada, do serviço público antes titulado pelo Estado, dotando o novo ente de autonomia. C) desconcentração administrativa, baseada no princípio da especialização, mantendo o ente central a titularidade do serviço e transferindo ao novo ente apenas a sua execução. D) descentralização administrativa, com transferência da titularidade do serviço ao novo ente, dotado de auto- administração. E) descentralização por colaboração, sendo os limites e condições para o exercício do serviço delegado estabelecida em contrato de concessão firmado entre o Estado e a autarquia. 3- Acerca da desconcentração e descentralização, é correto afirmar: A) A descentralização se consubstancia na transferência de poderes e atribuições para um sujeito de direito distinto e autônomo. B) A criação de uma autarquia se consubstancia em uma desconcentração. C) Ocorre descentralização quando há criação de um Ministério pelo Presidente da República, atribuindo-lhe parcela de competência que, até então, era sua. D) Na desconcentração nunca haverá a criação de novos órgãos públicos. E) A distribuição interna de competências é hipótese de descentralização. 4- Considere que determinado Município do Estado do Amazonas entendeu por bem criar estruturas despersonalizadas e regionalizadas, integrantes de sua Secretaria da Saúde, destinadas à dispensação de medicamentos à população. A decisão considerou a grande dimensão territorial e densidade demográfica da urbe, o que permitiu concluir que a partição de competências racionalizaria e tornaria mais adequada a prestação do serviço público de saúde à população. As repartições regionalizadas em questão são exemplo de A) desconcentração, sendo que os órgãos criados, a despeito de integrarem a estrutura da Administração direta, respondem pessoalmente por seus atos, podendo, como regra, figurar no polo passivo de ações. B) desconcentração, técnica por meio da qual a Administração cria órgãos destituídos de personalidade jurídica, que compõem a hierarquia da Administração direta. C) descentralização, técnica por meio da qual a Administração cria órgãos com personalidade jurídica própria, que passam integrar sua Administração indireta. D) relação desenvolvida com o denominado terceiro setor, que passa a integrar a Administração, gerindo equipamentos públicos. CLUBE DO CONCURSOPROFESSORA: JEANE MARTINS _______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Avenida Presidente Vargas, entre Manoel Eudóxio e Professor Tostes, Centro, Macapá-AP. E)descentralização, técnica por meio da qual a Administração cria pessoas jurídicas com personalidade jurídica própria, mas subordinadas hierarquicamente à Administração central. 5- (FCC - Técnico Judiciário - TRE-CE/2002) A organização da Administração Pública federal distingue a Administração direta da indireta. São exemplos de integrantes da Administração direta e da indireta, respectivamente, a) a Presidência da República e um Ministério. b) um Ministério e uma empresa pública. c) uma autarquia e uma sociedade de economia mista. d) uma autarquia e uma empresa privada concessionária de serviço público e) uma fundação pública e uma fundação privada 6-(FCC - Analista Jud. - TRE-AL/2010) Quando a Administração Pública, diante da complexidade das atividades por ela desenvolvidas, distribui competências, no âmbito de sua própria estrutura, a fim de tornar mais ágil e eficiente a prestação dos serviços, ocorre a técnica administrativa intitulada a) Descentralização. b) Desconcentração. c) Delegação. d) Privatização. e) Desburocratização. 7-(Prova: FCC - 2010 - PGM-TERESINA-PI – Procurador Municipal) Os entes da Administração Indireta NÃO a) possuem patrimônio próprio. b) decorrem de descentralização por colaboração. c) detêm capacidade de autoadministração. d) possuem personalidade jurídica própria. e) vinculam-se a órgãos da Administração Direta. Gab: 1- A, 2-d, 3-A, 4-B, 5-B, 6=B, 7-B