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Investigação criminal
Prof. Edison Burlamaqui
false
Descrição
Aspectos relevantes do procedimento de investigação criminal e do
inquérito policial.
Propósito
O inquérito policial é um procedimento administrativo informativo
destinado a apurar a existência de infração penal e de sua autoria com a
finalidade de fornecer ao titular da ação penal elementos suficientes
para promovê-la. Na prática, é importante entender que ele se trata de um
procedimento prévio à propositura da ação, tendo uma extrema
relevância na colheita inicial da prova e servindo como um verdadeiro
filtro processual.
Preparação
Antes de iniciar, tenha em mãos o Código de Processo Penal (CPP).
Objetivos
Módulo 1
Inquérito policial
Identificar conceitos, princípios e regras referentes ao inquérito
policial.
Módulo 2
Procedimento do inquérito
Distinguir as fases do inquérito.
Módulo 3
Conclusão, arquivamento e acordo de não
persecução
Analisar as hipóteses de arquivamento do inquérito ou de acordo de
não persecução penal.
Introdução
Começaremos nosso estudo analisando os conceitos iniciais
relacionados ao inquérito, inclusive seu valor probatório.
Adicionalmente, apresentaremos suas principais características
com o objetivo principal facilitar a compreensão de tal
procedimento.
Em seguida, analisaremos especificamente o conjunto de atos
procedimentais que compõe o inquérito policial, iniciando pela

sua instauração. Nesse momento, também verificaremos as
competências e as responsabilidades da autoridade policial
responsável pela presidência do inquérito.
Por fim, falaremos sobre as hipóteses de arquivamento do
inquérito e sobre suas consequências processuais.
Adicionalmente, considerando sua enorme importância e o fato de
se tratar de um instituto novo da justiça consensual penal,
analisaremos o acordo de não persecução penal.
1 - Inquérito policial
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car conceitos, princípios e regras
referentes ao inquérito policial.
Ligando os pontos
Você conhece o procedimento do inquérito policial, assim como seus
pressupostos e as características que o regem? Para entendermos
melhor tais conceitos, analisaremos um caso fictício.
João foi denunciado pela prática do crime de roubo majorado pelo
concurso de agentes (art. 157, §2º, II, do Código Penal - CP). Tal prática
se fundou em oitiva da vítima em sede policial, na qual ela narrou a
dinâmica do roubo, indicando João como autor do fato.
A denúncia foi recebida, sendo João devidamente citado para apresentar
sua resposta à acusação. A defesa dele a refutou e, ao final, requereu a
absolvição sumária do acusado.
Na ocasião, foram arroladas testemunhas e juntados os documentos
pertinentes. Com a confirmação do recebimento da denúncia, uma
audiência de instrução e julgamento foi designada.
Durante essa audiência, a vítima não foi encontrada para prestar
depoimento, tendo o policial que realizou sua oitiva em sede policial
apenas confirmado sua assinatura no termo de declaração, não sendo
capaz de lembrar mais detalhes. As testemunhas de defesa
apresentaram informações sobre a conduta do acusado, o qual, por sua
vez, permaneceu em silêncio.
Após a apresentação das alegações finais, sobreveio a sentença: João
foi condenado pela prática do crime de roubo majorado com base tão
somente no depoimento e no reconhecimento da vítima realizado em
sede policial.
Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos
ligar esses pontos?
Questão 1
O inquérito policial é um procedimento administrativo prévio cuja
finalidade é buscar um substrato para a propositura de eventual
ação penal. Com base nessa finalidade e conforme destaca a
doutrina, o inquérito policial é um procedimento
A
inquisitivo, disponível, escrito, sigiloso e
indispensável.
B
inquisitivo, indisponível, escrito, público e
dispensável.
C inquisitivo, indisponível, oral, público e dispensável.
D inquisitivo, disponível, escrito, sigiloso e dispensável.
E
Parabéns! A alternativa E está correta.
Conforme entende a doutrina majoritária, é uma característica do
inquérito policial ser um procedimento inquisitivo, indisponível,
escrito, sigiloso e dispensável.
Questão 2
Como vimos no caso narrado, o inquérito policial é de grande
importância, muitas vezes auxiliando até na instrução processual
penal. Sobre o inquérito, marque a alternativa correta.
inquisitivo, indisponível, escrito, sigiloso e
dispensável.
A
A autoridade policial pode mandar arquivar os autos
de inquérito.
B
É direito do defensor, no interesse do representado,
ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia
judiciária, digam respeito ao exercício do direito de
defesa.
C
A autoridade assegurará no inquérito a publicidade
necessária à elucidação do fato ou a exigida pelo
interesse da sociedade.
D
As peças do inquérito policial não precisam ser
reduzidas a escrito ou datilografadas e rubricadas
pela autoridade.
E
O inquérito policial é um procedimento
indispensável, não podendo o titular da ação penal,
se ele dispuser dos indícios mínimos necessários
para o oferecimento da inicial acusatória, o
dispensar.
Parabéns! A alternativa B está correta.
Alternativa A (incorreta): segundo o art. 17 do CPP, a autoridade
policial não pode mandar arquivar os autos de inquérito. Alternativa
B (correta): conforme entendimento consolidado pelo Supremo
Tribunal Federal (STF) na Súmula Vinculante 14, é direito do
defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentados em procedimento
investigatório realizado por órgão com competência de polícia
judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
Alternativa C (incorreta): de acordo com o art. 20 do CPP, a
autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação
do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Alternativa D
(incorreta): segundo o art. 9º do CPP, todas as peças do inquérito
policial serão, num só processo, reduzidas a escrito ou
datilografadas, sendo, nesse caso, rubricadas pela autoridade.
Alternativa E (incorreta): para a doutrina, o inquérito policial é um
procedimento dispensável. Dessa forma, ele se trata de uma peça
meramente informativa, podendo o titular da ação penal, se dispuser
dos indícios mínimos necessários para o oferecimento da inicial
acusatória, dispensar o inquérito.
Questão 3
Após a leitura do caso concreto, foi possível verificar que o juiz
entendeu pela condenação de João, mesmo não tendo a vítima
comparecido em juízo para prestar depoimento. Para isso, a
autoridade judicial fundamentou sua sentença em provas
colhidas no inquérito policial. Considerando tal situação e com
base no CPP, argumente sobre o entendimento do juiz.
Digite sua resposta aqui
Chave de resposta
Com base no art. 155 do CPP, a doutrina entende que o
inquérito possui força probatória mitigada ou relativa, não
podendo os elementos colhidos durante o seu
processamento serem um fundamento exclusivo para um
decreto condenatório.
Dessa forma, pode-se concluir que o juiz não agiu
corretamente, pois o inquérito policial tem valor probatório
relativo. Além disso, isoladamente, os elementos de
informação não podem servir de base exclusiva para um
decreto condenatório.
Atos procedimentais do inquérito
O inquérito policial
Confira um breve apanhado sobre a natureza jurídica do inquérito
policial e suas características.
O inquérito policial consiste em um conjunto de diligências realizadas
pela polícia investigativa para identificar as fontes de prova e a colheita
de elementos de informação quanto à autoria e à materialidade da
infração penal com o objetivo de possibilitar que o titular da ação penal
possa ingressar em juízo. Sua finalidade encontra-se descrita no art. 4º
do CPP.
Dessa forma, o inquérito policial tem a natureza jurídica de um
procedimento administrativo.Ademais, por se tratar de mera peça
informativa, em regra, os eventuais vícios dele constantes não têm o
condão de contaminar o processo penal ao qual ele possa dar origem.
Não é outro o entendimento (relatado pelo então ministro do STJ Felix
Fischer, da Quinta Turma) do Superior Tribunal de Justiça (STJ):

[...] VIII - Eventual nulidade na oitiva
da recorrente no curso da
investigação preliminar não tem o
condão de nulificar o recebimento
da denúncia e a ação penal
deflagrada, tendo em vista que, por
um lado, existem elementos
autônomos que sustentam as
decisões impugnadas; e, por outro,
eventuais vícios na fase
extrajudicial não contaminam o
processo penal, dada a natureza
meramente informativa do inquérito
policial. Agravo regimental
desprovido.
(BRASIL, 2020)
O inquérito policial possui uma dupla finalidade. A primeira, é a de
preservar os direitos dos investigados, já que a existência prévia desse
inquérito impede a instauração de um processo penal infundado e
temerário, resguardando a liberdade do inocente e evitando custos
desnecessários para o Estado.
Para além, o inquérito também possui uma finalidade preparatória, pois
ele busca fornecer elementos de informação quanto à autoria e à
materialidade do delito para que o titular da ação penal (Ministério
Público ou Querelante) ingresse em juízo, servindo ainda para acautelar
meios de prova que poderiam perecer com o decurso do tempo.
O inquérito possui força probatória mitigada ou relativa: os elementos
colhidos durante o seu processamento não podem constituir um
fundamento exclusivo para um decreto condenatório, conforme
depreende-se do art. 155 do CPP. Com base nesse dispositivo, a doutrina
entende que elemento de informação não é sinônimo de prova. Observe
a diferença entre eles a seguir:
Elementos de
Informação
São aqueles colhidos na
fase investigatória sem
a necessária
participação de todos
os envolvidos no caso,
inclusive do réu.
Provas
São as que configuram
os elementos de
convicção produzidos,
em regra, no curso do
processo judicial e, por
conseguinte, com a
necessária participação
de ambas as partes,
sendo, por isso,
submetidas ao
contraditório e à ampla
defesa.
Ante o exposto, pode-se concluir que o inquérito policial tem valor
probatório relativo. Isoladamente, os elementos de informação não
podem servir de base exclusiva para um decreto condenatório.
Entretanto, tais elementos serão capazes de influenciar subsidiariamente
o convencimento do juiz no julgamento da causa quando outros indícios
e provas submetidos ao crivo do contraditório os confirmarem.
Características do inquérito
O inquérito policial tem diversas características que decorrem de sua
natureza. Assim, para entendermos melhor seu procedimento,
precisamos conhecê-las. Tal inquérito pode ser dividido em oito tipos de
procedimentos:
De acordo com o art. 9º do CPP, todas as peças do inquérito
policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou
datilografadas, sendo, nesse caso, rubricadas pela autoridade.
Apesar de o CPP não fazer ressalva à gravação audiovisual de
diligências realizadas no curso do inquérito policial, o registro dos
depoimentos do investigado, do indiciado, do ofendido e das
testemunhas será, sempre que possível, feito por meios ou
recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica

Procedimento escrito 
similar, inclusive a audiovisual, destinada a obter maior fidelidade
das informações (art. 405, §1º, do CPP).
O inquérito é uma peça meramente informativa, podendo o titular
da ação penal, se dispuser dos indícios mínimos necessários
para o oferecimento da inicial acusatória, até dispensá-lo.
Tal procedimento tem a finalidade de investigar infrações penais,
coletando elementos de informação quanto à autoria e à
materialidade dos delitos. Dessa forma, a publicidade das
investigações poderia prejudicar seu curso e seu objetivo.
Apesar da previsão do art. 20 do CPP, tem prevalecido o
entendimento de que o advogado deve ter acesso aos autos do
procedimento investigatório caso a diligência realizada pela
autoridade policial já tenha sido documentada. Entretanto, na
hipótese de diligências ainda em andamento, não se deve falar
em prévia comunicação ao advogado nem ao investigado, já que
o sigilo é inerente à própria eficácia da medida investigatória.
Confira agora o teor da Súmula Vinculante 14, de acordo com
BRASIL, 2009: É direito do defensor, no interesse do representado,
ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados
em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do
direito de defesa.
Tal característica se mostra extremamente controversa, pois o
inciso XXI do art. 7º do Estatuto da OAB, incluído pela Lei nº
13.245/2016, prevê que o advogado tem direito de assistir seus
clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena
de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento
e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e
probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou
Procedimento dispensável 
Procedimento sigiloso 
Procedimento inquisitorial 
indiretamente, podendo ele até, no curso da respectiva apuração,
apresentar suas razões e seus quesitos.
Desse modo, parte da doutrina questiona se ainda é possível
afirmar que o inquérito policial se trata de um procedimento
inquisitorial. No entanto, ainda prevalece o entendimento de que
ele possui tal natureza.
Como veremos mais à frente, as atividades investigatórias estão
concentradas nas mãos de uma única autoridade (delegado de
polícia ou MP), que conduz a apuração de maneira discricionária,
colhendo elementos quanto à autoria e à materialidade do fato
delituoso. Dessa forma, o contraditório não é garantido de forma
direta, sendo ele proporcionado na modalidade diferida.
O inquérito, afinal, é conduzido de maneira discricionária pela
autoridade, que determina o rumo das diligências de acordo com
as peculiaridades do caso concreto.
Esse entendimento é possível, uma vez que incumbe ao delegado
ou ao MP a sua presidência. Logicamente, no caso dos crimes de
ação penal pública condicionada à representação e de ação
penal de iniciativa privada, a instauração do inquérito policial
está condicionada à manifestação da vítima ou de seu
representante legal.
A autoridade policial não pode mandar arquivar os autos de
inquérito policial, conforme se verifica da redação do art. 17 do
CPP.
Procedimento discricionário 
Procedimento oficial 
Procedimento indisponível 
Procedimento temporário 
Mesmo sendo possível a dilação de prazos e que a autoridade
policial possa requerer ao juiz a devolução dos autos para
ulteriores diligências, quando o fato for de difícil elucidação e o
indiciado estiver solto, o princípio constitucional da duração
razoável do processo (art. 5º, LXXVIII, da CF) impedirá que o
inquérito policial tenha seu prazo de conclusão prorrogado
indefinitivamente.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Sobre o inquérito policial, é correto afirmar que se trata de
Parabéns! A alternativa C está correta.
O inquérito é um procedimento indisponível, pois a autoridade
policial não pode mandar arquivar os autos de inquérito policial.
Não se deve confundir tal característica com a dispensabilidade, a
qual, na verdade, se refere à possibilidade de o inquérito ser
dispensado quando o titular da ação penal dispuser de um
substrato mínimo necessário para o oferecimento da peça
acusatória.
A procedimento não sigiloso.
B procedimento acusatório.
C procedimento indisponível.
D procedimento não oficial.
E procedimento não discricionário.
Questão 2
(UFMT - PJC/MT - 2022) Segundo as prescrições do CPP (Decreto-
Lei nº 3.689/1941 e alterações) acerca do inquérito policial, a
autoridade policial não poderá
Parabéns! A alternativa E está correta.
De acordo com o art. 17 doCPP, a autoridade policial não pode
mandar arquivar os autos de um inquérito.
A
apreender os objetos que tiverem relação com o fato
delituoso após eles serem liberados pelos peritos
criminais.
B representar acerca da prisão preventiva.
C
cumprir os mandados de prisão expedidos pelas
autoridades judiciárias.
D
realizar as diligências requisitadas por membro do
Ministério Público.
E
mandar arquivar autos de inquérito por falta de base
para a denúncia.
2 - Procedimento do inquérito
Ao �nal deste módulo, você será capaz de distinguir as fases do inquérito.
Ligando os pontos
Você conhece o procedimento do inquérito policial, as formas de
instauração, o indiciamento, a atuação investigativa da autoridade
policial e sua conclusão? Para compreendermos melhor tais regras,
vamos observar a seguir um caso fictício.
Um membro do Ministério Público (MP) recebeu uma denúncia anônima
de que suspeitos estariam praticando tráfico de drogas em determinada
localidade. Com base nessa informação, o MP requisitou à autoridade
policial a abertura de um inquérito policial para investigar tais fatos.
O delegado inicialmente determinou que policiais sob seu comando
fossem até o local para verificar o imóvel indicado na denúncia anônima
e identificar eventuais pessoas que residiam na localidade. Ao
retornarem para a delegacia, os agentes informaram que o imóvel estava
em péssimas condições e que perceberam a movimentação de duas
pessoas dentro da residência.
Com base em tais informações, o delegado determinou que eles
observassem o imóvel durante uma semana, verificando quem
efetivamente residia no local e uma eventual movimentação suspeita.
Sete dias depois, os policiais informaram que, após o prazo concedido
pela autoridade policial, conseguiram identificar dois homens residindo
no local e que, durante todo o período, principalmente no horário noturno,
diversas pessoas estranhas entravam e saíam do local, permanecendo
pouco tempo dentro do imóvel.
Ante o relatado, o delegado enviou o relatório com essas investigações
para o MP, que requereu à autoridade judiciária a expedição de um
mandado de busca e apreensão, sendo tal pedido deferido. Durante o
cumprimento desse mandado, uma grande quantidade de drogas foi
apreendida, sendo os dois homens presos em flagrante.
Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos
ligar esses pontos?
Questão 1
O inquérito policial é um procedimento administrativo que pode ser
iniciado por meio de requerimento do MP. Sobre as formas de
instauração do inquérito, marque a alternativa correta.
A
O inquérito policial não pode ser instaurado
mediante o requerimento da autoridade judiciária.
B
Mesmo quando houver requisição do MP, a
autoridade policial não será obrigada a instaurar o
inquérito policial.
C
Quando houver requerimento do ofendido, a
autoridade policial estará obrigada a instaurar o
inquérito policial.
D
Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da
existência de infração penal em que caiba ação
pública poderá, verbalmente ou por escrito,
comunicá-la à autoridade policial, a qual, após
verificar a procedência das informações, mandará
instaurar inquérito.
Parabéns! A alternativa D está correta.
Segundo o art. 5º, §3º, do CPP, qualquer pessoa do povo que tiver
conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação
pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à
autoridade policial, a qual, após verificar a procedência das
informações, mandará instaurar inquérito.
Questão 2
A autoridade policial é responsável por coordenar as investigações
durante o inquérito policial. Desse modo, é dever dessa autoridade
E
Nos crimes que se processam mediante uma ação
penal pública condicionada à representação, é
prescindível a realização dela para que o inquérito
seja instaurado.
A
dirigir-se ao local, providenciando para que não se
alterem o estado e a conservação das coisas até a
chegada dos peritos criminais.
B
apreender os objetos que tiverem relação com o fato,
mesmo antes de eles serem liberados pelos peritos
criminais.
C
requerer à autoridade judiciária a colheita de todas
as provas que servirem para o esclarecimento do
fato e de suas circunstâncias.
D
não ouvir o ofendido, uma vez que ele tem o direito
de não produzir provas contra si.
E determinar busca e apreensão domiciliar.
Parabéns! A alternativa A está correta.
De acordo com o art. 6º do CPP, logo que tiver conhecimento da
prática da infração penal, a autoridade policial deverá, entre outras
ações, dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o
estado e a conservação das coisas até a chegada dos peritos
criminais.
Questão 3
Após a leitura do caso concreto, foi possível verificar que o
membro do MP determinou a instauração do inquérito policial
com base em mera denúncia anônima. De forma adicional, ao fim
das investigações, determinou-se a busca e apreensão no local,
sendo os suspeitos presos em flagrante. Considerando tal
situação, o magistrado agiu corretamente ao determinar a busca e
apreensão com base em investigações iniciadas após uma
denúncia anônima?
Digite sua resposta aqui
Chave de resposta
Segundo o entendimento doutrinário e jurisprudencial, a
denúncia anônima não autoriza, por si só, a propositura de
ação penal ou mesmo, na fase de investigação preliminar, o
emprego de métodos invasivos de investigação, como
interceptação telefônica ou a busca e apreensão. Entretanto,
tais elementos são capazes de constituir fonte de
informações e de provas que não podem ser simplesmente
descartadas pelos órgãos do Poder Judiciário.
Conforme decisão das cortes superiores, em caso de
denúncia anônima, a autoridade policial tem de realizar
investigações preliminares para confirmar a sua
credibilidade. Uma vez confirmada a aparência mínima de
procedência, um inquérito policial – por meio do qual a
autoridade policial buscará outros meios de prova – precisa
ser instaurado.
Dessa forma, considerando as diligências realizadas, o
magistrado agiu dentro da legalidade o magistrado que
autorizou a busca e apreensão.
Formas de instauração
As formas de instauração do
inquérito policial
Confira agora, de forma resumida, as formas de instauração do inquérito
policial (em especial, da instauração de inquérito em casos de crimes de
ação penal pública incondicionada).
Crimes de ação penal pública incondicionada
Nos crimes de ação penal pública incondicionada, o inquérito policial,
segundo o art. 5º do CPP, pode ser instaurado de três modos:
De ofício;
Mediante requisição da autoridade judiciária ou do MP;
A requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para
representá-lo.
Por força do princípio da obrigatoriedade, caso a autoridade policial
tome conhecimento do fato delituoso a partir de suas atividades
rotineiras, ela deverá instaurar o inquérito policial independentemente da
provocação de qualquer pessoa.

Quanto à possibilidade de a autoridade judiciária requisitar a
instauração de inquérito policial, a doutrina sustenta que tal previsão
não se coaduna com a adoção do sistema acusatório pela Constituição
Federal, pois tal atuação violaria o princípio da imparcialidade. Para os
defensores dessa doutrina, o procedimento correto seria encaminhar as
informações acerca da prática de ilícito penal ao MP, o qual, sendo o
responsável pela persecução penal, vai determinar a instauração do
inquérito.
Quanto ao requerimento do ofendido ou de quem o represente,
prevalece o entendimento no sentido de que incumbe ao delegado
verificar a procedência das informações a ele trazidas, evitando-se,
dessa maneira, a instauração de investigações temerárias e abusivas.
Com isso, convencendo-se de que a notitia criminis é totalmente
infundada e sem qualquer respaldo jurídico ou material.
MP
Sobre a requisição feita pelo MP, a autoridade policial é obrigada a instaurar
o inquérito policial por força do princípio da obrigatoriedade, que impõe àsautoridades o dever de agir diante da notícia da prática de infração penal.
Exemplo
Na hipótese de fato atípico ou quando a punibilidade está extinta, a
autoridade policial deve indeferir o requerimento do ofendido para
instauração de inquérito policial.
Em seu art. 5º, §3º, o CPP aborda ainda a possibilidade de qualquer
pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal
em que caiba ação pública, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à
autoridade policial, devendo ela, após verificar a procedência das
informações, mandar instaurar um inquérito. Entretanto, essa hipótese
trata de mera faculdade do cidadão, não tendo ele o dever de noticiar a
prática de infração penal para a autoridade policial.
Uma última forma de instauração do inquérito em crimes de ação penal
pública incondicionada é por meio do auto de prisão em flagrante delito.
A despeito de não constar expressamente no art. 5º do CPP, ele constitui
uma das formas de instauração do inquérito policial, funcionando o
próprio auto como a peça inaugural da investigação.
As autoridades públicas – notadamente aquelas envolvidas na
persecução penal – têm, por força do princípio da obrigatoriedade, o
dever de noticiar fatos possivelmente criminosos. Caso contrário, elas
podem responder administrativamente e incorrer no crime de
prevaricação.
Prevaricação
Caso comprovado no qual a inércia se deu para satisfazer interesse ou
sentimento pessoal (art. 319 do Código Penal).
Crimes de ação penal pública condicionada e
de ação penal de iniciativa privada
Nos crimes de ação penal pública condicionada, a deflagração da
persecução penal, conforme destaca o art. 5º, §4º, do CPP, está
subordinada à representação do ofendido ou à requisição do ministro da
Justiça. Já naqueles de ação penal de iniciativa privada, segundo o art.
5º, §5º, do CPP, a autoridade policial somente poderá instaurar o
inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para propor a ação
penal (queixa-crime), ou seja, o ofendido, embora ele possa ser
formulado, no caso de morte ou ausência do ofendido, por seu cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão.
Nos dois tipos de crime de ação penal, a instauração do
inquérito policial também pode se dar em virtude do
auto de prisão em flagrante, cuja lavratura está
condicionada ao requerimento da vítima ou de seu
representante legal.
Vale ressaltar, por fim, que o requerimento é condição de procedibilidade
do próprio inquérito policial, sem o qual a investigação sequer pode ter
início.
Notitia criminis
Antes de prosseguirmos com a análise do procedimento do inquérito, é
importante tratarmos da figura da notitia criminis. Essa figura
basicamente é o conhecimento (espontâneo ou provocado) por parte da
autoridade policial acerca de um fato delituoso. A notitia criminis pode
subdividir-se em:
Notitia criminis de cognição imediata (ou
espontânea)
Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato
delituoso por meio de suas atividades rotineiras, como, por exemplo, por
meio da imprensa.
Notitia criminis de cognição mediata (ou
provocada)
Acontece quando a autoridade policial toma conhecimento da infração
penal graças a um expediente escrito, por exemplo, mediante requisição
do MP.
Notitia criminis de cognição coercitiva
Advém de uma autoridade policial tomar conhecimento do fato delituoso
por meio da apresentação do indivíduo preso em flagrante.
A delatio criminis é uma espécie de notitia criminis consubstanciada na
comunicação de uma infração penal feita por qualquer pessoa do povo
à autoridade policial, e não pela vítima ou por seu representante legal.
A doutrina e a jurisprudência ainda consideram a chamada notitia
criminis inqualificada (também conhecida como denúncia anônima). De
acordo com o entendimento doutrinário e jurisprudencial, a denúncia
anônima não autoriza, por si só, a propositura de ação penal ou até
mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de métodos
invasivos de investigação, como a interceptação telefônica ou a busca e
apreensão. Entretanto, ela é capaz de constituir uma fonte de
informações e de provas que não pode ser simplesmente descartada
pelos órgãos do Poder Judiciário.
Conforme decisão das cortes superiores, em caso de denúncia anônima,
a autoridade policial tem de realizar investigações preliminares para
confirmar a sua credibilidade. Uma vez confirmada a aparência mínima
de procedência, deve ser instaurado um inquérito policial por meio do
qual a autoridade policial buscará outros meios de prova.
Atenção!
Por ser um meio de prova utilizado apenas em ultima ratio, a
interceptação telefônica só poderá ser empregada quando for
imprescindível para provar o crime, estando esgotados os demais meios
de prova possíveis e viáveis.
Indiciamento
Indiciamento é o ato de atribuir a autoria (ou participação) de uma
infração penal a uma pessoa. De acordo com o art. 2º, §6º, da Lei nº
12.830/13, ele é privativo do delegado de polícia e se dá por ato
fundamentado mediante análise técnico-jurídica do fato, que precisa
indicar a autoria, a materialidade e suas circunstâncias.
A condição de indiciado poderá ser atribuída já no auto de prisão em
flagrante ou até no relatório final do delegado de polícia. Logo, uma vez
recebida a peça acusatória, o indiciamento não é mais possível, já que se
trata de ato próprio da fase investigatória.
Para que haja um indiciamento, é indispensável a presença de elementos
informativos suficientes que apontem a autoria e a materialidade do
delito. Ademais, o indiciamento funciona como um poder-dever da
autoridade policial, já que, presentes os elementos informativos a indicar
a autoria ou participação do investigado, não resta à autoridade policial
outra alternativa senão sua aplicação.
Por fim, o indiciamento configura um constrangimento quando a
autoridade policial, sem contar com elementos mínimos de
materialidade delitiva, lavra o termo respectivo e nega ao investigado o
direito de ser ouvido e de apresentar documentos.
Dica
Nessa hipótese, a jurisprudência tem admitido a possibilidade de
impetração de habeas corpus com a finalidade de sanar o
constrangimento ilegal daí decorrente, buscando-se, com isso, o
chamado desindiciamento.
Atuação investigativa da autoridade policial
Segundo o art. 6º do CPP, logo que tiver conhecimento da prática da
infração penal, a autoridade policial deverá:
Dirigir-se até o local, providenciando para que o estado e a
conservação das coisas não sejam alterados até a chegada dos
peritos criminais.
Apreender os objetos que tiverem relação com o fato após sua
liberação pelos peritos criminais.
Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato
e de suas circunstâncias.
Ouvir o ofendido.
Ouvir o indiciado, devendo o respectivo termo ser assinado por
duas testemunhas que tenham ouvido sua leitura.
Fazer o reconhecimento de pessoas e coisas, assim como
acareações.
Determinar, se for caso, a realização do exame de corpo de delito e
de quaisquer outras perícias.
Ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico,
se possível, e juntar aos autos sua folha de antecedentes.
Averiguar a vida pregressa do indiciado sob o ponto de vista
individual, familiar e social, além de sua condição econômica, sua
atitude e seu estado de ânimo antes, durante e depois do crime,
assim como quaisquer outros elementos que contribuam para a
apreciação do seu temperamento e caráter.
Colher informações sobre a existência de filhos, anotando suas
respectivas idades e se eles possuem alguma deficiência, assim
como o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados
dos filhos indicado pela pessoa presa.
Conforme o art. 7º do CPP, para verificar a possibilidade de uma infração
ter sido praticada de determinado modo, a autoridade policial pode
realizar a reprodução simulada dos fatos desde que ela não contrarie a
moralidade ou a ordem pública. Por fim, conforme dispõe o art. 13 do
CPP, também incumbea tal autoridade fornecer às autoridades
judiciárias as informações necessárias para instrução e julgamento dos
processos, realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo MP,
cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias
e representar acerca da prisão preventiva.
Conclusão do inquérito policial
Prazo para conclusão
De acordo com o art. 10, caput, do CPP, o inquérito deverá terminar no
prazo de 10 dias se o indiciado tiver sido preso em flagrante ou se estiver
preso preventivamente, sendo contado o prazo, nessa hipótese, a partir
do dia em que se executa a ordem de prisão ou, quando ele estiver solto
mediante fiança ou sem ela, no prazo de 30 dias. Quando o fato for de
difícil elucidação e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer
ao juiz a devolução dos autos para diligências ulteriores, as quais serão
realizadas no prazo marcado pelo juiz, aponta o art. 10, §3º, do CPP.
Se o indiciado estiver preso, a doutrina majoritária entende que, se
houver elementos para a prisão cautelar do agente, ou seja, prova da
materialidade e indícios de autoria, também haverá elementos para o
oferecimento da denúncia, mostrando-se inviável a devolução dos autos
do inquérito policial à autoridade policial para a realização de diligências
complementares.
Existem outros prazos para a conclusão do inquérito policial a depender
do crime e do procedimento a ser adotado, como veremos a seguir:
 Justiça Federal
Conforme o art. 66 da Lei nº 5.010/1966, o prazo
será de 15 dias (prorrogável por mais 15) se o
acusado estiver preso e de 30 dias (prorrogável por
mais 30) caso ele esteja solto.
 Hipótese de apuração de crimes previstos
na Lei
Conforme a Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas), o
prazo é de 30 dias (prorrogável por mais 30) se ele
estiver preso e de 90 dias (prorrogável por mais 90)
se estiver solto. Já na apuração de crimes previstos
na Lei nº 1.521/1951 (Crimes Contra Economia
Popular), o prazo é o mesmo independentemente de
o indivíduo estar preso ou solto: 10 dias.
 Inquérito militar
De acordo com o art. 20 do Decreto-Lei nº
1.002/1969 (CPP Militar), o prazo será de 20 dias se
d ti d 40 di ( á l
Relatório
O relatório é uma peça elaborada pela autoridade policial de conteúdo
eminentemente descritivo. Um esboço com as principais diligências
levadas a efeito na fase investigatória precisa ser realizado nele,
havendo até a indicação dos motivos pelos quais algumas delas não
tenham sido realizadas.
No relatório, a autoridade policial deve abster-se de
fazer qualquer juízo de valor, pois tal opinião tem de ser
formada pelo MP, titular da ação penal e responsável
por verificar a viabilidade do oferecimento da denúncia.
Informa o art. 10, §1º, do CPP que, uma vez concluída a
investigação policial, os autos do inquérito policial
precisam ser encaminhados primeiramente ao Poder
Judiciário e apenas depois ao MP.
O relatório é uma peça elaborada pela autoridade policial de conteúdo
eminentemente descritivo. Um esboço com as principais diligências
levadas a efeito na fase investigatória precisa ser realizado nele,
havendo até a indicação dos motivos pelos quais algumas delas não
tenham sido realizadas.
No relatório, a autoridade policial deve abster-se de fazer qualquer juízo
de valor, pois tal opinião tem de ser formada pelo MP, titular da ação
penal e responsável por verificar a viabilidade do oferecimento da
denúncia. Informa o art. 10, §1º, do CPP que, uma vez concluída a
investigação policial, os autos do inquérito policial precisam ser
encaminhados primeiramente ao Poder Judiciário e apenas depois ao
MP.
No entanto, a doutrina moderna sustenta que tal dispositivo não foi
recepcionado pela Constituição Federal, pois a necessidade de remessa
inicial dos autos ao Poder Judiciário viola o sistema acusatório. Esse,
porém, não é o entendimento do STF, que, afirmando a recepção do §1º
do art. 10 do CPP pela Constituição, apontou como inconstitucional a lei
estadual que previa a tramitação direta do inquérito entre a polícia e o
MP.
o acusado estiver preso e de 40 dias (prorrogável
por mais 20) se ele estiver solto.
Uma vez recebidos os autos do inquérito policial, dispõe o art. 19 do CPP
que, nos crimes em que não couber ação pública, os autos serão
remetidos ao juízo competente, etapa na qual aguardarão a iniciativa do
ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao
requerente, se o pedir, mediante traslado. No crime de ação penal pública,
os autos do inquérito policial são remetidos ao MP. Esse órgão pode:
Entendimento do STF
ADI 2886. Relator(a): ministro Eros Grau. Relator(a) p/ acórdão: ministro
Joaquim Barbosa. Tribunal Pleno. Julgado em 3/4/2014. Publicado em:
5/8/2014.
Oferecer a denúncia.
Requerer o arquivamento do inquérito.
Requisitar novas diligências imprescindíveis ao oferecimento da
denúncia.
Declinar de sua competência.
Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à
prova, acompanharão os autos do inquérito, o qual, por sua vez, terá de
acompanhar a denúncia ou a queixa sempre que servir de base a uma ou
a outra.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(Ibade – ISE/AC - 2021) Acerca do inquérito policial, é correto
afirmar que
A
o ofendido não poderá requerer diligências no
inquérito.
B
a autoridade policial mandará arquivar os autos do
inquérito assim que ele for concluído.
Parabéns! A alternativa E está correta.
Segundo o art. 16 do CPP, o MP não poderá requerer a devolução do
inquérito à autoridade policial senão para novas diligências
imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
Questão 2
(NC-UFPR – PC/PR - 2021) A partir de uma notitia criminis, a
autoridade policial da delegacia de Goioerê/PR instaurou um
inquérito policial (IP) em desfavor de L. R. pela prática do crime
previsto no art. 171, §2º, inciso III, do Código Penal (defraudação de
penhor). Após várias diligências, a autoridade entendeu que o fato é
atípico. Nesse caso, a autoridade policial deverá
C
depois de arquivado o inquérito, a autoridade policial
não poderá proceder a novas pesquisas mesmo se
tiver notícia de outras provas.
D
o inquérito pode ser iniciado mesmo sem a
representação do ofendido, nos casos de ação penal
pública condicionada à representação.
E
concluído o inquérito, o Ministério Público só poderá
devolvê-lo à autoridade policial em caso de novas
diligências imprescindíveis ao oferecimento da
denúncia.
A
elaborar o relatório e encaminhar o IP à corregedoria
para o arquivamento.
B elaborar o relatório e encaminhar o IP a juízo.
C
encaminhar o IP ao Ministério Público para o
arquivamento.
Parabéns! A alternativa B está correta.
Segundo o art. 10, §1º, do CPP, a autoridade fará um minucioso
relatório do que tiver sido apurado e enviará os autos para o juiz
competente.
3 - Conclusão, arquivamento e acordo de não persecução
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar as hipóteses de arquivamento do
inquérito ou de acordo de não persecução penal.
Ligando os pontos
Você conhece o acordo de não persecução penal, assim como seus
requisitos e seu procedimento? Para entendermos melhor tal instituto,
veremos um caso fictício.
Pedro foi preso em flagrante pela prática do crime de furto com emprego
de chave falsa (art. 155, §4º, do CP). Conduzido até a delegacia, ele
D
arquivar o IP e comunicar o arquivamento ao
distribuidor criminal.
E
arquivar o IP e comunicar o arquivamento à
Corregedoria da Polícia Civil.
prestou depoimento, assim como os policiais responsáveis pela sua
prisão.
Em seguida, Pedro foi levado para a audiência de custódia.
Considerando que ele era primário e possuía residência fixa, o
magistrado lhe concedeu a liberdade provisória, aplicando a medida
cautelar de comparecimento mensal em juízo.
No entanto, o inquérito policial referente ao crime de furto supostamente
praticado por Pedro foi concluído, tendo sido encaminhado ao MP. Esse
órgão,por sua vez, o intimou a comparecer ao MP acompanhado de
advogado ou representado por um defensor público caso tenha interesse
em celebrar um acordo de não persecução penal.
Pedro compareceu ao MP, que aceitou o acordo de não persecução
penal. Ele confessou a prática do crime e se comprometeu a prestar
serviços à comunidade pelo período de um ano. Em seguida, o acordo foi
encaminhado para o magistrado competente, o qual, porém, deixou de
homologá-lo por entender que as condições propostas pelo MP e aceitas
por Pedro eram insuficientes.
Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos
ligar esses pontos?
Questão 1
Para a celebração de acordo de não persecução penal, existem
diversos requisitos a serem observados. São requisitos para a
celebração do ANPP
A ser hipótese de arquivamento do inquérito.
B a confissão informal e não circunstanciada.
C
a infração penal com ou sem violência ou grave
ameaça.
D
a infração penal com pena mínima inferior a quatro
anos.
E
Parabéns! A alternativa D está correta.
Segundo o art. 28-A do CPP, é possível propor o ANPP na hipótese de
infrações penais sem violência ou grave ameaça e com pena
mínima inferior a quatro anos.
Questão 2
Além dos requisitos positivos para o oferecimento do ANPP, a
legislação prevê requisitos negativos para sua admissibilidade.
Assim, em tais situações, ainda que estejam presentes os requisitos
do art. 28-A, caput, do CPP, o acordo não pode ser oferecido. Marque
a alternativa que indica um desses requisitos negativos.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Complementando os requisitos de admissibilidade do ANPP, o §2º
do art. 28-A do CPP traz hipóteses que, uma vez presentes,
impossibilitam a propositura do acordo, sendo, assim, chamadas de
requisitos negativos de admissibilidade. Por isso, não caberá acordo
de não persecução penal: “I - Se for cabível transação penal de
a não aceitação das condições propostas pelo
Ministério Público.
A Ser cabível a transação penal.
B Não ser o investigado reincidente.
C
Ter sido o agente beneficiado nos três anos
anteriores ao cometimento da infração com acordo
de não persecução penal, transação penal ou
suspensão condicional do processo.
D
Ter o agente praticado crimes sem violência ou
grave ameaça.
E Ter o agente praticado crimes contra idoso.
competência dos juizados especiais criminais; II - Se o investigado
for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem
conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se
insignificantes as infrações penais pretéritas; III - Ter sido o agente
beneficiado nos cinco anos anteriores ao cometimento da infração,
com acordo de não persecução penal, transação penal ou
suspensão condicional do processo; e IV - Nos crimes praticados no
âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a
mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do
agressor” (BRASIL, 1941).
Questão 3
Após a leitura do caso concreto, foi possível verificar que o
magistrado não concordou com a proposta de acordo de não
persecução penal oferecida pelo Ministério Público (MP) e aceita
por Pedro. Considerando tal situação, poderia o magistrado
recursar a homologação do acordo? Quais medidas podem ser
adotadas pelo MP?
Digite sua resposta aqui
Chave de resposta
Uma vez formalizado, o acordo deve ser submetido a
controle pelo Poder Judiciário nos termos do art. 28-A, §5º a
§8º, do CPP, podendo o juiz, se considerar as condições
dispostas no ANPP inadequadas, insuficientes ou abusivas,
devolver os autos ao MP a fim de que a proposta de acordo
seja reformulada com a concordância do investigado e de
seu defensor.
É importante destacar que o juiz, sob pena de violação ao
sistema acusatório, não pode se ater aos critérios de
conveniência e oportunidade que levaram ou não o MP à
celebração do acordo. Dessa forma, cabe ao Poder
Judiciário verificar apenas se o acordo obedeceu aos
ditames legais e à voluntariedade do investigado, bem como
se a medida é proporcional.
Vale mencionar ainda que, caso o juiz se recuse a
homologar o acordo, não concordando o Ministério Público
(MP) em reformulá-lo, o MP precisa recorrer de tal decisão
por intermédio de recurso em sentido estrito com
fundamento no art. 581, XXV, do CPP. No entanto, se
concordar com a decisão judicial que não homologou o
acordo, o membro do órgão deverá apresentar a denúncia
pertinente ao caso concreto ou complementar as
investigações nos termos do art. 28-A, §8º, do CPP.
Arquivamento do inquérito policial
Com base na redação original do art. 28 do CPP, a doutrina entende que
o arquivamento do inquérito policial é um ato complexo, já que envolve o
prévio requerimento formulado pelo órgão do MP e a posterior decisão
da autoridade judiciária competente. Dessa forma, dispõe o art. 28 do
CPP o seguinte:
Se o órgão do Ministério Público, ao
invés de apresentar a denúncia,
requerer o arquivamento do
inquérito policial ou de quaisquer
peças de informação, o juiz, no caso
de considerar improcedentes as
razões invocadas, fará remessa do
inquérito ou peças de informação ao
procurador-geral, e este oferecerá a
denúncia, designará outro órgão do
MP para oferecê-la ou insistirá no
pedido de arquivamento, ao qual só
então estará o juiz obrigado a
atender.
(BRASIL, 1941)
Ocorre que a Lei nº 13.964/2019 (Lei Anticrime) alterou a referida
sistemática, dispensando a apreciação judicial para o arquivamento do
inquérito policial. Dessa forma, a nova redação retirou do juiz o papel de
controlador desse arquivamento, determinando que o membro do MP, ao
ordenar que seja arquivado o inquérito policial ou quaisquer peças
informativas da mesma natureza, encaminhe o procedimento para a
instância de revisão ministerial para fins de homologação.
Dessa maneira, o arquivamento do inquérito policial passou, com a nova
lei, a ser analisado única e exclusivamente no âmbito do MP. Além disso,
essa lei trouxe a obrigação de o órgão ministerial dar ciência à vítima, ao
investigado e à autoridade policial sobre a decisão de arquivamento.
Dessa maneira, observe como o referido dispositivo dispõe:
Segundo Brasil (2019), ordenado o arquivamento do inquérito
policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma
natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao
investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para
a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na
forma da lei.
§1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o
arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta)
dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à
revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme
dispuser a respectiva lei orgânica. §2º Nas ações penais relativas
a crimes praticados em detrimento da União, estados e
municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial
poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua
representação judicial.
Entretanto, é importante ressaltar que o ministro do STF Luiz Fux, no
bojo das ADIs 6300, 6305, 6299 e 6298, decidiu suspender o novo art. 28
do CPP que versa sobre o arquivamento do inquérito policial até o
julgamento do mérito da ação, além de outros dispositivos da nova
legislação. O fundamento principal para tal decisão é que o STF precisa
discutir a constitucionalidade desses dispositivos antes de implementar
a sua efetivação. Por isso, ainda se aplica a redação antiga.
Fundamentos do arquivamento
Revisão do arquivamento 
O CPP não dispõe sobre as causas que dão ensejo ao arquivamento do
inquérito policial. Dessa forma, a doutrina afirma que esse arquivamento
deve ser requerido:

Art. 395 do CPP
Tanto nas mesmas
hipóteses de rejeição da
inicial acusatória
previstas no art. 395 do
CPP (inépcia da inicial,
ausência de
pressupostos ou
condições da ação e
ausência de justa
causa).

Art. 397 do CPP
Quanto naquelas que
autorizam a absolvição
sumáriae têm previsão
no art. 397 do CPP
(excludentes de
culpabilidade ou de
ilicitude, atipicidade e
causas extintivas da
punibilidade).
A doutrina entende que os aspectos relativos à culpabilidade do agente e
à ilicitude da conduta são irrelevantes no momento do oferecimento da
denúncia. Entretanto, parte dela, por motivo de economia processual e
para não submeter o indivíduo ao constrangimento de responder a um
processo penal, defende a possibilidade de arquivamento do inquérito
nos casos em que existe a absoluta certeza quanto à existência de uma
causa de exclusão da culpabilidade ou de uma causa de exclusão da
ilicitude.
No entanto, destacamos que, na hipótese de inimputabilidade por
doença mental ao tempo do fato, a denúncia precisa ser oferecida para a
eventual condenação e aplicação de medida de segurança.
Coisa julgada
Segundo a doutrina e a jurisprudência, a decisão a determinar o
arquivamento do inquérito forma, em certas hipóteses, coisa julgada
apenas formal. Isso acontece quando o arquivamento decorre da
ausência de pressupostos processuais ou de condições para o exercício
da ação penal, assim como da ausência de justa causa para o exercício
da ação penal. Entretanto, haverá a formação de coisa julgada formal e
material quando o inquérito for arquivado por:

Atipicidade da conduta.
Existência de causas excludentes de ilicitude.
Existência de causa excludente da culpabilidade.
Existência de causa extintiva da punibilidade.
O STF possui o entendimento de que o inquérito policial arquivado por
excludente de ilicitude pode ser reaberto, não formando coisa julgada
material. Entretanto, o STJ pensa de maneira diversa, defendendo que,
nesse caso, há coisa julgada material, não podendo o inquérito ser
reaberto.
Por fim, precisamos indicar que, se a extinção da punibilidade é
declarada com base em uma certidão de óbito falsa, a decisão não está
protegida pelo manto da coisa julgada material. Apesar de haver
divergência doutrinária sobre esse tópico, prevalece no STF o
entendimento penal (HC 104998/SP: relator ministro Dias Toffoli,
14/12/2010) de que a certidão de óbito falsa é inexistente, sendo
possível a retomada da persecução penal.
Outras espécies de arquivamento
Os arquivamentos estão divididos nos seguintes tipos:
Para a doutrina, ele ocorre quando o MP deixa de se manifestar
expressamente sobre todo o conteúdo do inquérito, omitindo da
denúncia os crimes ou os agentes que foram objeto da
investigação. Entretanto, tal modalidade de arquivamento não é
admitida pelo STF por ausência de previsão legal.
Ocorre se o membro do MP deixa de oferecer a denúncia por
entender que o crime não é de sua atribuição. Nessa hipótese,
deve-se requerer a remessa dos autos ao órgão competente.
Se o juízo originário discordar do membro do MP e entender ser
ele competente, será preciso aplicar, por analogia, o disposto no
Arquivamento implícito 
Arquivamento indireto 
art. 28 do CPP, remetendo os autos ao procurador-geral de
Justiça.
Acontecerá se a ação penal for da competência originária do
procurador-geral e ele requerer o arquivamento. Nessa hipótese, é
inviável a aplicação do art. 28 do CPP em sua redação anterior
(alteração promovida pelo pacote anticrime). No entanto, é
possível haver um recurso administrativo ao Colégio de
Procuradores nos termos do art. 12, XI, da Lei nº 8.625/1993.
Aparece na falta de condição de procedibilidade, como na
hipótese de ausência de representação nos crimes de ação penal
pública condicionada. Desse modo, havendo a retratação da
representação pela vítima antes do oferecimento da denúncia
nos termos do art. 25 do CPP, é possível o arquivamento – e ele
será provisório exatamente pelo fato de a vítima poder
representar novamente. Quando o prazo da representação
estiver esgotado, ele se tornará um arquivamento definitivo.
Nos crimes de ação penal de iniciativa privada, sabendo-se quem
é o autor do crime, o pedido de arquivamento tem de ser acolhido
como forma de renúncia tácita, o que vai causar a extinção da
punibilidade. Entretanto, não sendo conhecida a autoria, não se
pode falar em renúncia tácita, sendo possível admitir o pedido de
arquivamento do inquérito policial feito pelo ofendido.
Acordo de não persecução penal (ANPP)
Uma novidade introduzida pela Lei nº 13.964/2019 foi a possibilidade de
o MP celebrar o ANPP com o investigado. Instrumento da chamada
Arquivamento originário 
Arquivamento provisório 
Arquivamento acolhido como forma de renúncia tácita 
justiça penal consensual, esse acordo possui, entre outros exemplos,
objetivos semelhantes aos da:

Transação penal

Suspensão condicional do processo

Suspensão condicional da pena
Dessa forma, o ANPP pode ser conceituado como o instituto de caráter
pré-processual e de direito negocial celebrado entre o representante do
MP e o investigado, que está devidamente assistido. Graças a ele, o
titular da ação penal deixa de oferecer a denúncia desde que sejam
cumpridas determinadas condições.
O acordo de não persecução penal
(ANPP)
Confira agora uma apresentação do instituto do ANPP de forma breve,
abordando seus requisitos e as vedações para o oferecimento de acordo
ao investigado pelo MP.
Requisitos

Segundo o art. 28-A do CPP, não sendo um caso de arquivamento e
tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática
de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima
inferior a quatro anos, o MP pode propor um ANPP desde que ele seja
necessário e suficiente para a reprovação e a prevenção do crime.
Para isso, as seguintes condições precisam ser ajustadas cumulativa e
alternativamente, como consta no Decreto-Lei nº 3689/1941:
I
reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na
impossibilidade de fazê-lo;
II
renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo MP
como instrumentos, produto ou proveito do crime;
III
prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período
correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de
1/3 a 2/3, em local a ser indicado pelo juízo da execução;
IV
pagar prestação pecuniária a entidade pública ou de interesse
social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha,
preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou
semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito;
V
ou cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo
MP, desde que proporcional e compatível com a infração penal
imputada.
Analisando tal dispositivo legal, é importante destacar inicialmente que o
ANPP só poderá ser formulado na etapa investigativa quando ele não for
hipótese de arquivamento do inquérito, isto é, quando houver indícios de
autoria e de prova da materialidade suficientes para a propositura da
ação penal.
A confissão formal e circunstanciada da infração penal ainda é exigida e
deve ser registrada. Já o investigado precisa estar acompanhado de
defesa técnica que possa lhe instruir. Por conta de tal exigência, entende-
se que a confissão precisa envolver todos os elementos do crime, não
podendo o investigado incluir quaisquer elementos que excluem o crime
ou o isentam de pena.
Para a aferição da pena mínima inferior a quatro anos,
serão consideradas as causas de aumento de pena e
de diminuição aplicáveis ao caso concreto (art. 28-A,
§1º, do CPP).
Ao indicar que o ANPP deve ser oferecido quando necessário e suficiente
para a reprovação e a prevenção do crime, o legislador deixa a cargo do
MP a avaliação da viabilidade de seu oferecimento. Entretanto, entende-
se que esse órgão deve indicar os motivos pelo qual, mesmo quando
estejam presentes os demais requisitos de admissibilidade, não oferece
a proposta de acordo.
A doutrina entende que – como já foi pacificado pelo STJ e pelo STF no
caso de transação penal e do sursis processual – o oferecimento do
ANPP precisa ser encarado como poder-dever do MP, e não como um
direito público subjetivo do investigado.
Complementandoos requisitos de admissibilidade do ANPP, o §2º do art.
28-A do CPP traz hipóteses que, uma vez presentes, impossibilitam a
propositura do acordo, sendo, assim, chamadas de requisitos negativos
de admissibilidade. Por isso, de acordo com o Decreto-Lei nº 3689/1941,
não caberá um acordo de não persecução penal:
I
se for cabível transação penal de competência dos juizados
especiais criminais;
II
se o investigado for reincidente ou se houver elementos
probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou
profissional, exceto se insignificantes as infrações penais
pretéritas;
III
ter sido o agente beneficiado nos cinco anos anteriores ao
cometimento da infração, com acordo de não persecução penal,
transação penal ou suspensão condicional do processo;
IV
nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou
familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de
sexo feminino, em favor do agressor.
Controle judicial
Uma vez formalizado, o acordo deve ser submetido a controle pelo Poder
Judiciário nos termos do art. 28-A, §5º a §8º, do CPP.
O juiz, sob pena de violação ao sistema acusatório, não
pode se ater aos critérios de conveniência e
oportunidade que levaram ou não o MP à celebração do
acordo. Dessa forma, cabe ao Poder Judiciário verificar
apenas se o acordo obedeceu aos ditames legais e à
voluntariedade do investigado, bem como se a medida
é proporcional.
O juízo de legalidade não se restringe apenas à legalidade estrita. É
possível que um juiz analise a proporcionalidade da medida, recusando
a homologação na hipótese em que as condições do acordo são
inadequadas, insuficientes ou abusivas.
Caso o juiz se recuse a homologar o acordo, não concordando o
Ministério Público (MP) em reformulá-lo, o MP deve recorrer de tal
decisão por meio de recurso em sentido estrito com fundamento no art.
581, XXV, do CPP. Porém, se concordar com a decisão judicial que não
homologou o acordo, o membro do MP precisa apresentar a denúncia
pertinente ao caso concreto ou complementar as investigações nos
termos do art. 28-A, §8º, do CPP.
Saiba mais
Segundo o art. 3º-B, XVII, do CPP (suspenso pelo STF), cabe ao juiz das
garantias conhecer o ANPP. Entretanto, enquanto não for julgada a ADI
que discute a constitucionalidade desse juiz, tal incumbência caberá ao
juiz natural da futura e eventual ação penal.
Execução e cumprimento do ANPP
Caso verifique a legalidade, a voluntariedade e a proporcionalidade do
acordo, o juiz vai homologá-lo judicialmente e devolver os autos ao MP
para que ele inicie seu cumprimento perante o juízo da execução penal
(art. 28, §6º, do CPP). A fim de preservar os interesses da vítima, a lei
prevê que ela tem de ser intimada acerca da homologação do acordo e
de seu descumprimento (art. 28-A, §9º, do CPP).
Vale ressaltar que a celebração e o cumprimento do
ANPP não constarão na certidão de antecedentes
criminais, salvo para que se possa verificar, nos termos
do art. 28, §12º, do CPP, se outro acordo foi celebrado
nos cinco anos anteriores. Essa informação tem a
finalidade de impedir a celebração de novo ANPP no
referido prazo, aponta o art. 28, §2º, III, do CPP.
Por fim, cumpridos todos os termos do acordo de não persecução penal,
o resultado será a extinção da punibilidade. Tal extinção é declarada
pelo juízo competente nos termos do art. 28-A, §13º, do CPP.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Em regra, é possível desarquivar o inquérito policial quando se está
fundamentado na
A atipicidade do fato.
B descoberta de novas provas.
Parabéns! A alternativa B está correta.
Via de regra, a decisão que determina o arquivamento do inquérito
policial faz coisa julgada formal. Desse modo, após o arquivamento,
os autos do inquérito poderão ser desarquivados a requerimento da
autoridade policial em caso de descoberta de novas provas,
conforme dispõe a Súmula 524 do STF, que diz: “Arquivado o
inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor
de justiça, não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas.”
Questão 2
(CESPE – MPE/AP - 2021) Considerando a hipótese de que a
decisão judicial transitada em julgado tenha homologado o
arquivamento de inquérito policial a pedido do MP estadual,
assinale a opção correta de acordo com as disposições processuais
penais em vigor.
C decadência do direito de representação do ofendido.
D comprovação de coação moral irresistível.
E menoridade do autor do fato.
A
O arquivamento do inquérito policial por
insuficiência de provas produz coisa julgada
material.
B
O acolhimento do pedido pelo juiz possibilita ao
ofendido ou a seu representante legal o manejo da
queixa subsidiária.
C
O oferecimento de denúncia pelo mesmo crime,
devido a novas provas, caracteriza, em regra,
violação do princípio que veda a revisão pro
societate.
Parabéns! A alternativa D está correta.
Segundo a doutrina e a jurisprudência, em certas hipóteses, a
decisão que determina o arquivamento do inquérito formará coisa
julgada apenas formal. Isso ocorrerá quando o arquivamento
decorrer da ausência de pressupostos processuais ou condições
para o exercício da ação penal e da ausência de justa causa para o
exercício da ação penal.
Considerações �nais
Como vimos nesse conteúdo, é possível definir o inquérito policial como
o conjunto de diligências realizadas pela polícia judiciária com a
finalidade de investigar infrações penais e colher elementos necessários
para a propositura da ação penal. Dessa forma, sua finalidade, conforme
dispõe o art. 4º do CPP, é a apuração das infrações penais e da sua
autoria.
Adicionalmente, por meio do estudo realizado, identificamos que o
inquérito policial possui função relevante, já que funciona como um filtro
para que não sejam propostas ações penais temerárias, ou seja, sem
lastro probatório mínimo. Analisamos ainda as competências e as
obrigações da autoridade policial responsável pela presidência do
inquérito, conseguindo perceber sua importância na busca pelas provas
da materialidade do crime e dos indícios mínimos de autoria.
Da mesma forma, verificamos os principais direitos dos investigados.
Em seguida, estudamos as hipóteses de arquivamento do inquérito
policial e suas consequências processuais.
Por fim, descrevemos o acordo de não persecução penal, observando
que tal instrumento contribui para a redução do número de ações penais
D
A decisão judicial de arquivamento por insuficiência
probatória possui efeitos de coisa julgada formal.
E
Da sentença homologatória do arquivamento, cabe
recurso em sentido estrito.
em curso, além de garantir, graças à aplicação de medidas diversas das
penas restritivas de liberdade, que condutas ilícitas sejam
desestimuladas.
Podcast
Ouça agora as características do inquérito policial, bem como os
desdobramentos possíveis após a conclusão deste procedimento.
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Leia o Título 3 do seguinte livro de Renato Brasileiro de Lima: Manual de
processo penal - volume único.
Referências
BRASIL. Casa Civil. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941.
Código de Processo Penal.
BRASIL. Secretaria-Geral. Lei nº 13.964, de 24 de dezembro de 2019.
Aperfeiçoa a legislação penal e processual penal.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo regimental no recurso
ordinário em habeas corpus: AgRg no RHC 124024 PR 2020/0036259-8
- inteiro teor. Publicado em: 29 set. 2020.
LIMA, R. B. de. Manual de processo penal - volume único. 10. ed.
Salvador: JusPodivm, 2021.
NUCCI, G. de S. Curso de Direito Processual Penal. 18. ed. - Rio de
Janeiro: Forense, 2021.
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