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Investigação criminal Prof. Edison Burlamaqui false Descrição Aspectos relevantes do procedimento de investigação criminal e do inquérito policial. Propósito O inquérito policial é um procedimento administrativo informativo destinado a apurar a existência de infração penal e de sua autoria com a finalidade de fornecer ao titular da ação penal elementos suficientes para promovê-la. Na prática, é importante entender que ele se trata de um procedimento prévio à propositura da ação, tendo uma extrema relevância na colheita inicial da prova e servindo como um verdadeiro filtro processual. Preparação Antes de iniciar, tenha em mãos o Código de Processo Penal (CPP). Objetivos Módulo 1 Inquérito policial Identificar conceitos, princípios e regras referentes ao inquérito policial. Módulo 2 Procedimento do inquérito Distinguir as fases do inquérito. Módulo 3 Conclusão, arquivamento e acordo de não persecução Analisar as hipóteses de arquivamento do inquérito ou de acordo de não persecução penal. Introdução Começaremos nosso estudo analisando os conceitos iniciais relacionados ao inquérito, inclusive seu valor probatório. Adicionalmente, apresentaremos suas principais características com o objetivo principal facilitar a compreensão de tal procedimento. Em seguida, analisaremos especificamente o conjunto de atos procedimentais que compõe o inquérito policial, iniciando pela sua instauração. Nesse momento, também verificaremos as competências e as responsabilidades da autoridade policial responsável pela presidência do inquérito. Por fim, falaremos sobre as hipóteses de arquivamento do inquérito e sobre suas consequências processuais. Adicionalmente, considerando sua enorme importância e o fato de se tratar de um instituto novo da justiça consensual penal, analisaremos o acordo de não persecução penal. 1 - Inquérito policial Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car conceitos, princípios e regras referentes ao inquérito policial. Ligando os pontos Você conhece o procedimento do inquérito policial, assim como seus pressupostos e as características que o regem? Para entendermos melhor tais conceitos, analisaremos um caso fictício. João foi denunciado pela prática do crime de roubo majorado pelo concurso de agentes (art. 157, §2º, II, do Código Penal - CP). Tal prática se fundou em oitiva da vítima em sede policial, na qual ela narrou a dinâmica do roubo, indicando João como autor do fato. A denúncia foi recebida, sendo João devidamente citado para apresentar sua resposta à acusação. A defesa dele a refutou e, ao final, requereu a absolvição sumária do acusado. Na ocasião, foram arroladas testemunhas e juntados os documentos pertinentes. Com a confirmação do recebimento da denúncia, uma audiência de instrução e julgamento foi designada. Durante essa audiência, a vítima não foi encontrada para prestar depoimento, tendo o policial que realizou sua oitiva em sede policial apenas confirmado sua assinatura no termo de declaração, não sendo capaz de lembrar mais detalhes. As testemunhas de defesa apresentaram informações sobre a conduta do acusado, o qual, por sua vez, permaneceu em silêncio. Após a apresentação das alegações finais, sobreveio a sentença: João foi condenado pela prática do crime de roubo majorado com base tão somente no depoimento e no reconhecimento da vítima realizado em sede policial. Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? Questão 1 O inquérito policial é um procedimento administrativo prévio cuja finalidade é buscar um substrato para a propositura de eventual ação penal. Com base nessa finalidade e conforme destaca a doutrina, o inquérito policial é um procedimento A inquisitivo, disponível, escrito, sigiloso e indispensável. B inquisitivo, indisponível, escrito, público e dispensável. C inquisitivo, indisponível, oral, público e dispensável. D inquisitivo, disponível, escrito, sigiloso e dispensável. E Parabéns! A alternativa E está correta. Conforme entende a doutrina majoritária, é uma característica do inquérito policial ser um procedimento inquisitivo, indisponível, escrito, sigiloso e dispensável. Questão 2 Como vimos no caso narrado, o inquérito policial é de grande importância, muitas vezes auxiliando até na instrução processual penal. Sobre o inquérito, marque a alternativa correta. inquisitivo, indisponível, escrito, sigiloso e dispensável. A A autoridade policial pode mandar arquivar os autos de inquérito. B É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. C A autoridade assegurará no inquérito a publicidade necessária à elucidação do fato ou a exigida pelo interesse da sociedade. D As peças do inquérito policial não precisam ser reduzidas a escrito ou datilografadas e rubricadas pela autoridade. E O inquérito policial é um procedimento indispensável, não podendo o titular da ação penal, se ele dispuser dos indícios mínimos necessários para o oferecimento da inicial acusatória, o dispensar. Parabéns! A alternativa B está correta. Alternativa A (incorreta): segundo o art. 17 do CPP, a autoridade policial não pode mandar arquivar os autos de inquérito. Alternativa B (correta): conforme entendimento consolidado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na Súmula Vinculante 14, é direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. Alternativa C (incorreta): de acordo com o art. 20 do CPP, a autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Alternativa D (incorreta): segundo o art. 9º do CPP, todas as peças do inquérito policial serão, num só processo, reduzidas a escrito ou datilografadas, sendo, nesse caso, rubricadas pela autoridade. Alternativa E (incorreta): para a doutrina, o inquérito policial é um procedimento dispensável. Dessa forma, ele se trata de uma peça meramente informativa, podendo o titular da ação penal, se dispuser dos indícios mínimos necessários para o oferecimento da inicial acusatória, dispensar o inquérito. Questão 3 Após a leitura do caso concreto, foi possível verificar que o juiz entendeu pela condenação de João, mesmo não tendo a vítima comparecido em juízo para prestar depoimento. Para isso, a autoridade judicial fundamentou sua sentença em provas colhidas no inquérito policial. Considerando tal situação e com base no CPP, argumente sobre o entendimento do juiz. Digite sua resposta aqui Chave de resposta Com base no art. 155 do CPP, a doutrina entende que o inquérito possui força probatória mitigada ou relativa, não podendo os elementos colhidos durante o seu processamento serem um fundamento exclusivo para um decreto condenatório. Dessa forma, pode-se concluir que o juiz não agiu corretamente, pois o inquérito policial tem valor probatório relativo. Além disso, isoladamente, os elementos de informação não podem servir de base exclusiva para um decreto condenatório. Atos procedimentais do inquérito O inquérito policial Confira um breve apanhado sobre a natureza jurídica do inquérito policial e suas características. O inquérito policial consiste em um conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa para identificar as fontes de prova e a colheita de elementos de informação quanto à autoria e à materialidade da infração penal com o objetivo de possibilitar que o titular da ação penal possa ingressar em juízo. Sua finalidade encontra-se descrita no art. 4º do CPP. Dessa forma, o inquérito policial tem a natureza jurídica de um procedimento administrativo.Ademais, por se tratar de mera peça informativa, em regra, os eventuais vícios dele constantes não têm o condão de contaminar o processo penal ao qual ele possa dar origem. Não é outro o entendimento (relatado pelo então ministro do STJ Felix Fischer, da Quinta Turma) do Superior Tribunal de Justiça (STJ): [...] VIII - Eventual nulidade na oitiva da recorrente no curso da investigação preliminar não tem o condão de nulificar o recebimento da denúncia e a ação penal deflagrada, tendo em vista que, por um lado, existem elementos autônomos que sustentam as decisões impugnadas; e, por outro, eventuais vícios na fase extrajudicial não contaminam o processo penal, dada a natureza meramente informativa do inquérito policial. Agravo regimental desprovido. (BRASIL, 2020) O inquérito policial possui uma dupla finalidade. A primeira, é a de preservar os direitos dos investigados, já que a existência prévia desse inquérito impede a instauração de um processo penal infundado e temerário, resguardando a liberdade do inocente e evitando custos desnecessários para o Estado. Para além, o inquérito também possui uma finalidade preparatória, pois ele busca fornecer elementos de informação quanto à autoria e à materialidade do delito para que o titular da ação penal (Ministério Público ou Querelante) ingresse em juízo, servindo ainda para acautelar meios de prova que poderiam perecer com o decurso do tempo. O inquérito possui força probatória mitigada ou relativa: os elementos colhidos durante o seu processamento não podem constituir um fundamento exclusivo para um decreto condenatório, conforme depreende-se do art. 155 do CPP. Com base nesse dispositivo, a doutrina entende que elemento de informação não é sinônimo de prova. Observe a diferença entre eles a seguir: Elementos de Informação São aqueles colhidos na fase investigatória sem a necessária participação de todos os envolvidos no caso, inclusive do réu. Provas São as que configuram os elementos de convicção produzidos, em regra, no curso do processo judicial e, por conseguinte, com a necessária participação de ambas as partes, sendo, por isso, submetidas ao contraditório e à ampla defesa. Ante o exposto, pode-se concluir que o inquérito policial tem valor probatório relativo. Isoladamente, os elementos de informação não podem servir de base exclusiva para um decreto condenatório. Entretanto, tais elementos serão capazes de influenciar subsidiariamente o convencimento do juiz no julgamento da causa quando outros indícios e provas submetidos ao crivo do contraditório os confirmarem. Características do inquérito O inquérito policial tem diversas características que decorrem de sua natureza. Assim, para entendermos melhor seu procedimento, precisamos conhecê-las. Tal inquérito pode ser dividido em oito tipos de procedimentos: De acordo com o art. 9º do CPP, todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas, sendo, nesse caso, rubricadas pela autoridade. Apesar de o CPP não fazer ressalva à gravação audiovisual de diligências realizadas no curso do inquérito policial, o registro dos depoimentos do investigado, do indiciado, do ofendido e das testemunhas será, sempre que possível, feito por meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica Procedimento escrito similar, inclusive a audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações (art. 405, §1º, do CPP). O inquérito é uma peça meramente informativa, podendo o titular da ação penal, se dispuser dos indícios mínimos necessários para o oferecimento da inicial acusatória, até dispensá-lo. Tal procedimento tem a finalidade de investigar infrações penais, coletando elementos de informação quanto à autoria e à materialidade dos delitos. Dessa forma, a publicidade das investigações poderia prejudicar seu curso e seu objetivo. Apesar da previsão do art. 20 do CPP, tem prevalecido o entendimento de que o advogado deve ter acesso aos autos do procedimento investigatório caso a diligência realizada pela autoridade policial já tenha sido documentada. Entretanto, na hipótese de diligências ainda em andamento, não se deve falar em prévia comunicação ao advogado nem ao investigado, já que o sigilo é inerente à própria eficácia da medida investigatória. Confira agora o teor da Súmula Vinculante 14, de acordo com BRASIL, 2009: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. Tal característica se mostra extremamente controversa, pois o inciso XXI do art. 7º do Estatuto da OAB, incluído pela Lei nº 13.245/2016, prevê que o advogado tem direito de assistir seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou Procedimento dispensável Procedimento sigiloso Procedimento inquisitorial indiretamente, podendo ele até, no curso da respectiva apuração, apresentar suas razões e seus quesitos. Desse modo, parte da doutrina questiona se ainda é possível afirmar que o inquérito policial se trata de um procedimento inquisitorial. No entanto, ainda prevalece o entendimento de que ele possui tal natureza. Como veremos mais à frente, as atividades investigatórias estão concentradas nas mãos de uma única autoridade (delegado de polícia ou MP), que conduz a apuração de maneira discricionária, colhendo elementos quanto à autoria e à materialidade do fato delituoso. Dessa forma, o contraditório não é garantido de forma direta, sendo ele proporcionado na modalidade diferida. O inquérito, afinal, é conduzido de maneira discricionária pela autoridade, que determina o rumo das diligências de acordo com as peculiaridades do caso concreto. Esse entendimento é possível, uma vez que incumbe ao delegado ou ao MP a sua presidência. Logicamente, no caso dos crimes de ação penal pública condicionada à representação e de ação penal de iniciativa privada, a instauração do inquérito policial está condicionada à manifestação da vítima ou de seu representante legal. A autoridade policial não pode mandar arquivar os autos de inquérito policial, conforme se verifica da redação do art. 17 do CPP. Procedimento discricionário Procedimento oficial Procedimento indisponível Procedimento temporário Mesmo sendo possível a dilação de prazos e que a autoridade policial possa requerer ao juiz a devolução dos autos para ulteriores diligências, quando o fato for de difícil elucidação e o indiciado estiver solto, o princípio constitucional da duração razoável do processo (art. 5º, LXXVIII, da CF) impedirá que o inquérito policial tenha seu prazo de conclusão prorrogado indefinitivamente. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Sobre o inquérito policial, é correto afirmar que se trata de Parabéns! A alternativa C está correta. O inquérito é um procedimento indisponível, pois a autoridade policial não pode mandar arquivar os autos de inquérito policial. Não se deve confundir tal característica com a dispensabilidade, a qual, na verdade, se refere à possibilidade de o inquérito ser dispensado quando o titular da ação penal dispuser de um substrato mínimo necessário para o oferecimento da peça acusatória. A procedimento não sigiloso. B procedimento acusatório. C procedimento indisponível. D procedimento não oficial. E procedimento não discricionário. Questão 2 (UFMT - PJC/MT - 2022) Segundo as prescrições do CPP (Decreto- Lei nº 3.689/1941 e alterações) acerca do inquérito policial, a autoridade policial não poderá Parabéns! A alternativa E está correta. De acordo com o art. 17 doCPP, a autoridade policial não pode mandar arquivar os autos de um inquérito. A apreender os objetos que tiverem relação com o fato delituoso após eles serem liberados pelos peritos criminais. B representar acerca da prisão preventiva. C cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias. D realizar as diligências requisitadas por membro do Ministério Público. E mandar arquivar autos de inquérito por falta de base para a denúncia. 2 - Procedimento do inquérito Ao �nal deste módulo, você será capaz de distinguir as fases do inquérito. Ligando os pontos Você conhece o procedimento do inquérito policial, as formas de instauração, o indiciamento, a atuação investigativa da autoridade policial e sua conclusão? Para compreendermos melhor tais regras, vamos observar a seguir um caso fictício. Um membro do Ministério Público (MP) recebeu uma denúncia anônima de que suspeitos estariam praticando tráfico de drogas em determinada localidade. Com base nessa informação, o MP requisitou à autoridade policial a abertura de um inquérito policial para investigar tais fatos. O delegado inicialmente determinou que policiais sob seu comando fossem até o local para verificar o imóvel indicado na denúncia anônima e identificar eventuais pessoas que residiam na localidade. Ao retornarem para a delegacia, os agentes informaram que o imóvel estava em péssimas condições e que perceberam a movimentação de duas pessoas dentro da residência. Com base em tais informações, o delegado determinou que eles observassem o imóvel durante uma semana, verificando quem efetivamente residia no local e uma eventual movimentação suspeita. Sete dias depois, os policiais informaram que, após o prazo concedido pela autoridade policial, conseguiram identificar dois homens residindo no local e que, durante todo o período, principalmente no horário noturno, diversas pessoas estranhas entravam e saíam do local, permanecendo pouco tempo dentro do imóvel. Ante o relatado, o delegado enviou o relatório com essas investigações para o MP, que requereu à autoridade judiciária a expedição de um mandado de busca e apreensão, sendo tal pedido deferido. Durante o cumprimento desse mandado, uma grande quantidade de drogas foi apreendida, sendo os dois homens presos em flagrante. Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? Questão 1 O inquérito policial é um procedimento administrativo que pode ser iniciado por meio de requerimento do MP. Sobre as formas de instauração do inquérito, marque a alternativa correta. A O inquérito policial não pode ser instaurado mediante o requerimento da autoridade judiciária. B Mesmo quando houver requisição do MP, a autoridade policial não será obrigada a instaurar o inquérito policial. C Quando houver requerimento do ofendido, a autoridade policial estará obrigada a instaurar o inquérito policial. D Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, a qual, após verificar a procedência das informações, mandará instaurar inquérito. Parabéns! A alternativa D está correta. Segundo o art. 5º, §3º, do CPP, qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, a qual, após verificar a procedência das informações, mandará instaurar inquérito. Questão 2 A autoridade policial é responsável por coordenar as investigações durante o inquérito policial. Desse modo, é dever dessa autoridade E Nos crimes que se processam mediante uma ação penal pública condicionada à representação, é prescindível a realização dela para que o inquérito seja instaurado. A dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e a conservação das coisas até a chegada dos peritos criminais. B apreender os objetos que tiverem relação com o fato, mesmo antes de eles serem liberados pelos peritos criminais. C requerer à autoridade judiciária a colheita de todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias. D não ouvir o ofendido, uma vez que ele tem o direito de não produzir provas contra si. E determinar busca e apreensão domiciliar. Parabéns! A alternativa A está correta. De acordo com o art. 6º do CPP, logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá, entre outras ações, dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e a conservação das coisas até a chegada dos peritos criminais. Questão 3 Após a leitura do caso concreto, foi possível verificar que o membro do MP determinou a instauração do inquérito policial com base em mera denúncia anônima. De forma adicional, ao fim das investigações, determinou-se a busca e apreensão no local, sendo os suspeitos presos em flagrante. Considerando tal situação, o magistrado agiu corretamente ao determinar a busca e apreensão com base em investigações iniciadas após uma denúncia anônima? Digite sua resposta aqui Chave de resposta Segundo o entendimento doutrinário e jurisprudencial, a denúncia anônima não autoriza, por si só, a propositura de ação penal ou mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de métodos invasivos de investigação, como interceptação telefônica ou a busca e apreensão. Entretanto, tais elementos são capazes de constituir fonte de informações e de provas que não podem ser simplesmente descartadas pelos órgãos do Poder Judiciário. Conforme decisão das cortes superiores, em caso de denúncia anônima, a autoridade policial tem de realizar investigações preliminares para confirmar a sua credibilidade. Uma vez confirmada a aparência mínima de procedência, um inquérito policial – por meio do qual a autoridade policial buscará outros meios de prova – precisa ser instaurado. Dessa forma, considerando as diligências realizadas, o magistrado agiu dentro da legalidade o magistrado que autorizou a busca e apreensão. Formas de instauração As formas de instauração do inquérito policial Confira agora, de forma resumida, as formas de instauração do inquérito policial (em especial, da instauração de inquérito em casos de crimes de ação penal pública incondicionada). Crimes de ação penal pública incondicionada Nos crimes de ação penal pública incondicionada, o inquérito policial, segundo o art. 5º do CPP, pode ser instaurado de três modos: De ofício; Mediante requisição da autoridade judiciária ou do MP; A requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. Por força do princípio da obrigatoriedade, caso a autoridade policial tome conhecimento do fato delituoso a partir de suas atividades rotineiras, ela deverá instaurar o inquérito policial independentemente da provocação de qualquer pessoa. Quanto à possibilidade de a autoridade judiciária requisitar a instauração de inquérito policial, a doutrina sustenta que tal previsão não se coaduna com a adoção do sistema acusatório pela Constituição Federal, pois tal atuação violaria o princípio da imparcialidade. Para os defensores dessa doutrina, o procedimento correto seria encaminhar as informações acerca da prática de ilícito penal ao MP, o qual, sendo o responsável pela persecução penal, vai determinar a instauração do inquérito. Quanto ao requerimento do ofendido ou de quem o represente, prevalece o entendimento no sentido de que incumbe ao delegado verificar a procedência das informações a ele trazidas, evitando-se, dessa maneira, a instauração de investigações temerárias e abusivas. Com isso, convencendo-se de que a notitia criminis é totalmente infundada e sem qualquer respaldo jurídico ou material. MP Sobre a requisição feita pelo MP, a autoridade policial é obrigada a instaurar o inquérito policial por força do princípio da obrigatoriedade, que impõe àsautoridades o dever de agir diante da notícia da prática de infração penal. Exemplo Na hipótese de fato atípico ou quando a punibilidade está extinta, a autoridade policial deve indeferir o requerimento do ofendido para instauração de inquérito policial. Em seu art. 5º, §3º, o CPP aborda ainda a possibilidade de qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, devendo ela, após verificar a procedência das informações, mandar instaurar um inquérito. Entretanto, essa hipótese trata de mera faculdade do cidadão, não tendo ele o dever de noticiar a prática de infração penal para a autoridade policial. Uma última forma de instauração do inquérito em crimes de ação penal pública incondicionada é por meio do auto de prisão em flagrante delito. A despeito de não constar expressamente no art. 5º do CPP, ele constitui uma das formas de instauração do inquérito policial, funcionando o próprio auto como a peça inaugural da investigação. As autoridades públicas – notadamente aquelas envolvidas na persecução penal – têm, por força do princípio da obrigatoriedade, o dever de noticiar fatos possivelmente criminosos. Caso contrário, elas podem responder administrativamente e incorrer no crime de prevaricação. Prevaricação Caso comprovado no qual a inércia se deu para satisfazer interesse ou sentimento pessoal (art. 319 do Código Penal). Crimes de ação penal pública condicionada e de ação penal de iniciativa privada Nos crimes de ação penal pública condicionada, a deflagração da persecução penal, conforme destaca o art. 5º, §4º, do CPP, está subordinada à representação do ofendido ou à requisição do ministro da Justiça. Já naqueles de ação penal de iniciativa privada, segundo o art. 5º, §5º, do CPP, a autoridade policial somente poderá instaurar o inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para propor a ação penal (queixa-crime), ou seja, o ofendido, embora ele possa ser formulado, no caso de morte ou ausência do ofendido, por seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Nos dois tipos de crime de ação penal, a instauração do inquérito policial também pode se dar em virtude do auto de prisão em flagrante, cuja lavratura está condicionada ao requerimento da vítima ou de seu representante legal. Vale ressaltar, por fim, que o requerimento é condição de procedibilidade do próprio inquérito policial, sem o qual a investigação sequer pode ter início. Notitia criminis Antes de prosseguirmos com a análise do procedimento do inquérito, é importante tratarmos da figura da notitia criminis. Essa figura basicamente é o conhecimento (espontâneo ou provocado) por parte da autoridade policial acerca de um fato delituoso. A notitia criminis pode subdividir-se em: Notitia criminis de cognição imediata (ou espontânea) Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso por meio de suas atividades rotineiras, como, por exemplo, por meio da imprensa. Notitia criminis de cognição mediata (ou provocada) Acontece quando a autoridade policial toma conhecimento da infração penal graças a um expediente escrito, por exemplo, mediante requisição do MP. Notitia criminis de cognição coercitiva Advém de uma autoridade policial tomar conhecimento do fato delituoso por meio da apresentação do indivíduo preso em flagrante. A delatio criminis é uma espécie de notitia criminis consubstanciada na comunicação de uma infração penal feita por qualquer pessoa do povo à autoridade policial, e não pela vítima ou por seu representante legal. A doutrina e a jurisprudência ainda consideram a chamada notitia criminis inqualificada (também conhecida como denúncia anônima). De acordo com o entendimento doutrinário e jurisprudencial, a denúncia anônima não autoriza, por si só, a propositura de ação penal ou até mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de métodos invasivos de investigação, como a interceptação telefônica ou a busca e apreensão. Entretanto, ela é capaz de constituir uma fonte de informações e de provas que não pode ser simplesmente descartada pelos órgãos do Poder Judiciário. Conforme decisão das cortes superiores, em caso de denúncia anônima, a autoridade policial tem de realizar investigações preliminares para confirmar a sua credibilidade. Uma vez confirmada a aparência mínima de procedência, deve ser instaurado um inquérito policial por meio do qual a autoridade policial buscará outros meios de prova. Atenção! Por ser um meio de prova utilizado apenas em ultima ratio, a interceptação telefônica só poderá ser empregada quando for imprescindível para provar o crime, estando esgotados os demais meios de prova possíveis e viáveis. Indiciamento Indiciamento é o ato de atribuir a autoria (ou participação) de uma infração penal a uma pessoa. De acordo com o art. 2º, §6º, da Lei nº 12.830/13, ele é privativo do delegado de polícia e se dá por ato fundamentado mediante análise técnico-jurídica do fato, que precisa indicar a autoria, a materialidade e suas circunstâncias. A condição de indiciado poderá ser atribuída já no auto de prisão em flagrante ou até no relatório final do delegado de polícia. Logo, uma vez recebida a peça acusatória, o indiciamento não é mais possível, já que se trata de ato próprio da fase investigatória. Para que haja um indiciamento, é indispensável a presença de elementos informativos suficientes que apontem a autoria e a materialidade do delito. Ademais, o indiciamento funciona como um poder-dever da autoridade policial, já que, presentes os elementos informativos a indicar a autoria ou participação do investigado, não resta à autoridade policial outra alternativa senão sua aplicação. Por fim, o indiciamento configura um constrangimento quando a autoridade policial, sem contar com elementos mínimos de materialidade delitiva, lavra o termo respectivo e nega ao investigado o direito de ser ouvido e de apresentar documentos. Dica Nessa hipótese, a jurisprudência tem admitido a possibilidade de impetração de habeas corpus com a finalidade de sanar o constrangimento ilegal daí decorrente, buscando-se, com isso, o chamado desindiciamento. Atuação investigativa da autoridade policial Segundo o art. 6º do CPP, logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: Dirigir-se até o local, providenciando para que o estado e a conservação das coisas não sejam alterados até a chegada dos peritos criminais. Apreender os objetos que tiverem relação com o fato após sua liberação pelos peritos criminais. Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias. Ouvir o ofendido. Ouvir o indiciado, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que tenham ouvido sua leitura. Fazer o reconhecimento de pessoas e coisas, assim como acareações. Determinar, se for caso, a realização do exame de corpo de delito e de quaisquer outras perícias. Ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e juntar aos autos sua folha de antecedentes. Averiguar a vida pregressa do indiciado sob o ponto de vista individual, familiar e social, além de sua condição econômica, sua atitude e seu estado de ânimo antes, durante e depois do crime, assim como quaisquer outros elementos que contribuam para a apreciação do seu temperamento e caráter. Colher informações sobre a existência de filhos, anotando suas respectivas idades e se eles possuem alguma deficiência, assim como o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos indicado pela pessoa presa. Conforme o art. 7º do CPP, para verificar a possibilidade de uma infração ter sido praticada de determinado modo, a autoridade policial pode realizar a reprodução simulada dos fatos desde que ela não contrarie a moralidade ou a ordem pública. Por fim, conforme dispõe o art. 13 do CPP, também incumbea tal autoridade fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias para instrução e julgamento dos processos, realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo MP, cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias e representar acerca da prisão preventiva. Conclusão do inquérito policial Prazo para conclusão De acordo com o art. 10, caput, do CPP, o inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias se o indiciado tiver sido preso em flagrante ou se estiver preso preventivamente, sendo contado o prazo, nessa hipótese, a partir do dia em que se executa a ordem de prisão ou, quando ele estiver solto mediante fiança ou sem ela, no prazo de 30 dias. Quando o fato for de difícil elucidação e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos para diligências ulteriores, as quais serão realizadas no prazo marcado pelo juiz, aponta o art. 10, §3º, do CPP. Se o indiciado estiver preso, a doutrina majoritária entende que, se houver elementos para a prisão cautelar do agente, ou seja, prova da materialidade e indícios de autoria, também haverá elementos para o oferecimento da denúncia, mostrando-se inviável a devolução dos autos do inquérito policial à autoridade policial para a realização de diligências complementares. Existem outros prazos para a conclusão do inquérito policial a depender do crime e do procedimento a ser adotado, como veremos a seguir: Justiça Federal Conforme o art. 66 da Lei nº 5.010/1966, o prazo será de 15 dias (prorrogável por mais 15) se o acusado estiver preso e de 30 dias (prorrogável por mais 30) caso ele esteja solto. Hipótese de apuração de crimes previstos na Lei Conforme a Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas), o prazo é de 30 dias (prorrogável por mais 30) se ele estiver preso e de 90 dias (prorrogável por mais 90) se estiver solto. Já na apuração de crimes previstos na Lei nº 1.521/1951 (Crimes Contra Economia Popular), o prazo é o mesmo independentemente de o indivíduo estar preso ou solto: 10 dias. Inquérito militar De acordo com o art. 20 do Decreto-Lei nº 1.002/1969 (CPP Militar), o prazo será de 20 dias se d ti d 40 di ( á l Relatório O relatório é uma peça elaborada pela autoridade policial de conteúdo eminentemente descritivo. Um esboço com as principais diligências levadas a efeito na fase investigatória precisa ser realizado nele, havendo até a indicação dos motivos pelos quais algumas delas não tenham sido realizadas. No relatório, a autoridade policial deve abster-se de fazer qualquer juízo de valor, pois tal opinião tem de ser formada pelo MP, titular da ação penal e responsável por verificar a viabilidade do oferecimento da denúncia. Informa o art. 10, §1º, do CPP que, uma vez concluída a investigação policial, os autos do inquérito policial precisam ser encaminhados primeiramente ao Poder Judiciário e apenas depois ao MP. O relatório é uma peça elaborada pela autoridade policial de conteúdo eminentemente descritivo. Um esboço com as principais diligências levadas a efeito na fase investigatória precisa ser realizado nele, havendo até a indicação dos motivos pelos quais algumas delas não tenham sido realizadas. No relatório, a autoridade policial deve abster-se de fazer qualquer juízo de valor, pois tal opinião tem de ser formada pelo MP, titular da ação penal e responsável por verificar a viabilidade do oferecimento da denúncia. Informa o art. 10, §1º, do CPP que, uma vez concluída a investigação policial, os autos do inquérito policial precisam ser encaminhados primeiramente ao Poder Judiciário e apenas depois ao MP. No entanto, a doutrina moderna sustenta que tal dispositivo não foi recepcionado pela Constituição Federal, pois a necessidade de remessa inicial dos autos ao Poder Judiciário viola o sistema acusatório. Esse, porém, não é o entendimento do STF, que, afirmando a recepção do §1º do art. 10 do CPP pela Constituição, apontou como inconstitucional a lei estadual que previa a tramitação direta do inquérito entre a polícia e o MP. o acusado estiver preso e de 40 dias (prorrogável por mais 20) se ele estiver solto. Uma vez recebidos os autos do inquérito policial, dispõe o art. 19 do CPP que, nos crimes em que não couber ação pública, os autos serão remetidos ao juízo competente, etapa na qual aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado. No crime de ação penal pública, os autos do inquérito policial são remetidos ao MP. Esse órgão pode: Entendimento do STF ADI 2886. Relator(a): ministro Eros Grau. Relator(a) p/ acórdão: ministro Joaquim Barbosa. Tribunal Pleno. Julgado em 3/4/2014. Publicado em: 5/8/2014. Oferecer a denúncia. Requerer o arquivamento do inquérito. Requisitar novas diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. Declinar de sua competência. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito, o qual, por sua vez, terá de acompanhar a denúncia ou a queixa sempre que servir de base a uma ou a outra. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (Ibade – ISE/AC - 2021) Acerca do inquérito policial, é correto afirmar que A o ofendido não poderá requerer diligências no inquérito. B a autoridade policial mandará arquivar os autos do inquérito assim que ele for concluído. Parabéns! A alternativa E está correta. Segundo o art. 16 do CPP, o MP não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial senão para novas diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. Questão 2 (NC-UFPR – PC/PR - 2021) A partir de uma notitia criminis, a autoridade policial da delegacia de Goioerê/PR instaurou um inquérito policial (IP) em desfavor de L. R. pela prática do crime previsto no art. 171, §2º, inciso III, do Código Penal (defraudação de penhor). Após várias diligências, a autoridade entendeu que o fato é atípico. Nesse caso, a autoridade policial deverá C depois de arquivado o inquérito, a autoridade policial não poderá proceder a novas pesquisas mesmo se tiver notícia de outras provas. D o inquérito pode ser iniciado mesmo sem a representação do ofendido, nos casos de ação penal pública condicionada à representação. E concluído o inquérito, o Ministério Público só poderá devolvê-lo à autoridade policial em caso de novas diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. A elaborar o relatório e encaminhar o IP à corregedoria para o arquivamento. B elaborar o relatório e encaminhar o IP a juízo. C encaminhar o IP ao Ministério Público para o arquivamento. Parabéns! A alternativa B está correta. Segundo o art. 10, §1º, do CPP, a autoridade fará um minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará os autos para o juiz competente. 3 - Conclusão, arquivamento e acordo de não persecução Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar as hipóteses de arquivamento do inquérito ou de acordo de não persecução penal. Ligando os pontos Você conhece o acordo de não persecução penal, assim como seus requisitos e seu procedimento? Para entendermos melhor tal instituto, veremos um caso fictício. Pedro foi preso em flagrante pela prática do crime de furto com emprego de chave falsa (art. 155, §4º, do CP). Conduzido até a delegacia, ele D arquivar o IP e comunicar o arquivamento ao distribuidor criminal. E arquivar o IP e comunicar o arquivamento à Corregedoria da Polícia Civil. prestou depoimento, assim como os policiais responsáveis pela sua prisão. Em seguida, Pedro foi levado para a audiência de custódia. Considerando que ele era primário e possuía residência fixa, o magistrado lhe concedeu a liberdade provisória, aplicando a medida cautelar de comparecimento mensal em juízo. No entanto, o inquérito policial referente ao crime de furto supostamente praticado por Pedro foi concluído, tendo sido encaminhado ao MP. Esse órgão,por sua vez, o intimou a comparecer ao MP acompanhado de advogado ou representado por um defensor público caso tenha interesse em celebrar um acordo de não persecução penal. Pedro compareceu ao MP, que aceitou o acordo de não persecução penal. Ele confessou a prática do crime e se comprometeu a prestar serviços à comunidade pelo período de um ano. Em seguida, o acordo foi encaminhado para o magistrado competente, o qual, porém, deixou de homologá-lo por entender que as condições propostas pelo MP e aceitas por Pedro eram insuficientes. Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? Questão 1 Para a celebração de acordo de não persecução penal, existem diversos requisitos a serem observados. São requisitos para a celebração do ANPP A ser hipótese de arquivamento do inquérito. B a confissão informal e não circunstanciada. C a infração penal com ou sem violência ou grave ameaça. D a infração penal com pena mínima inferior a quatro anos. E Parabéns! A alternativa D está correta. Segundo o art. 28-A do CPP, é possível propor o ANPP na hipótese de infrações penais sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a quatro anos. Questão 2 Além dos requisitos positivos para o oferecimento do ANPP, a legislação prevê requisitos negativos para sua admissibilidade. Assim, em tais situações, ainda que estejam presentes os requisitos do art. 28-A, caput, do CPP, o acordo não pode ser oferecido. Marque a alternativa que indica um desses requisitos negativos. Parabéns! A alternativa A está correta. Complementando os requisitos de admissibilidade do ANPP, o §2º do art. 28-A do CPP traz hipóteses que, uma vez presentes, impossibilitam a propositura do acordo, sendo, assim, chamadas de requisitos negativos de admissibilidade. Por isso, não caberá acordo de não persecução penal: “I - Se for cabível transação penal de a não aceitação das condições propostas pelo Ministério Público. A Ser cabível a transação penal. B Não ser o investigado reincidente. C Ter sido o agente beneficiado nos três anos anteriores ao cometimento da infração com acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo. D Ter o agente praticado crimes sem violência ou grave ameaça. E Ter o agente praticado crimes contra idoso. competência dos juizados especiais criminais; II - Se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas; III - Ter sido o agente beneficiado nos cinco anos anteriores ao cometimento da infração, com acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e IV - Nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor” (BRASIL, 1941). Questão 3 Após a leitura do caso concreto, foi possível verificar que o magistrado não concordou com a proposta de acordo de não persecução penal oferecida pelo Ministério Público (MP) e aceita por Pedro. Considerando tal situação, poderia o magistrado recursar a homologação do acordo? Quais medidas podem ser adotadas pelo MP? Digite sua resposta aqui Chave de resposta Uma vez formalizado, o acordo deve ser submetido a controle pelo Poder Judiciário nos termos do art. 28-A, §5º a §8º, do CPP, podendo o juiz, se considerar as condições dispostas no ANPP inadequadas, insuficientes ou abusivas, devolver os autos ao MP a fim de que a proposta de acordo seja reformulada com a concordância do investigado e de seu defensor. É importante destacar que o juiz, sob pena de violação ao sistema acusatório, não pode se ater aos critérios de conveniência e oportunidade que levaram ou não o MP à celebração do acordo. Dessa forma, cabe ao Poder Judiciário verificar apenas se o acordo obedeceu aos ditames legais e à voluntariedade do investigado, bem como se a medida é proporcional. Vale mencionar ainda que, caso o juiz se recuse a homologar o acordo, não concordando o Ministério Público (MP) em reformulá-lo, o MP precisa recorrer de tal decisão por intermédio de recurso em sentido estrito com fundamento no art. 581, XXV, do CPP. No entanto, se concordar com a decisão judicial que não homologou o acordo, o membro do órgão deverá apresentar a denúncia pertinente ao caso concreto ou complementar as investigações nos termos do art. 28-A, §8º, do CPP. Arquivamento do inquérito policial Com base na redação original do art. 28 do CPP, a doutrina entende que o arquivamento do inquérito policial é um ato complexo, já que envolve o prévio requerimento formulado pelo órgão do MP e a posterior decisão da autoridade judiciária competente. Dessa forma, dispõe o art. 28 do CPP o seguinte: Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do MP para oferecê-la ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. (BRASIL, 1941) Ocorre que a Lei nº 13.964/2019 (Lei Anticrime) alterou a referida sistemática, dispensando a apreciação judicial para o arquivamento do inquérito policial. Dessa forma, a nova redação retirou do juiz o papel de controlador desse arquivamento, determinando que o membro do MP, ao ordenar que seja arquivado o inquérito policial ou quaisquer peças informativas da mesma natureza, encaminhe o procedimento para a instância de revisão ministerial para fins de homologação. Dessa maneira, o arquivamento do inquérito policial passou, com a nova lei, a ser analisado única e exclusivamente no âmbito do MP. Além disso, essa lei trouxe a obrigação de o órgão ministerial dar ciência à vítima, ao investigado e à autoridade policial sobre a decisão de arquivamento. Dessa maneira, observe como o referido dispositivo dispõe: Segundo Brasil (2019), ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei. §1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. §2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, estados e municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial. Entretanto, é importante ressaltar que o ministro do STF Luiz Fux, no bojo das ADIs 6300, 6305, 6299 e 6298, decidiu suspender o novo art. 28 do CPP que versa sobre o arquivamento do inquérito policial até o julgamento do mérito da ação, além de outros dispositivos da nova legislação. O fundamento principal para tal decisão é que o STF precisa discutir a constitucionalidade desses dispositivos antes de implementar a sua efetivação. Por isso, ainda se aplica a redação antiga. Fundamentos do arquivamento Revisão do arquivamento O CPP não dispõe sobre as causas que dão ensejo ao arquivamento do inquérito policial. Dessa forma, a doutrina afirma que esse arquivamento deve ser requerido: Art. 395 do CPP Tanto nas mesmas hipóteses de rejeição da inicial acusatória previstas no art. 395 do CPP (inépcia da inicial, ausência de pressupostos ou condições da ação e ausência de justa causa). Art. 397 do CPP Quanto naquelas que autorizam a absolvição sumáriae têm previsão no art. 397 do CPP (excludentes de culpabilidade ou de ilicitude, atipicidade e causas extintivas da punibilidade). A doutrina entende que os aspectos relativos à culpabilidade do agente e à ilicitude da conduta são irrelevantes no momento do oferecimento da denúncia. Entretanto, parte dela, por motivo de economia processual e para não submeter o indivíduo ao constrangimento de responder a um processo penal, defende a possibilidade de arquivamento do inquérito nos casos em que existe a absoluta certeza quanto à existência de uma causa de exclusão da culpabilidade ou de uma causa de exclusão da ilicitude. No entanto, destacamos que, na hipótese de inimputabilidade por doença mental ao tempo do fato, a denúncia precisa ser oferecida para a eventual condenação e aplicação de medida de segurança. Coisa julgada Segundo a doutrina e a jurisprudência, a decisão a determinar o arquivamento do inquérito forma, em certas hipóteses, coisa julgada apenas formal. Isso acontece quando o arquivamento decorre da ausência de pressupostos processuais ou de condições para o exercício da ação penal, assim como da ausência de justa causa para o exercício da ação penal. Entretanto, haverá a formação de coisa julgada formal e material quando o inquérito for arquivado por: Atipicidade da conduta. Existência de causas excludentes de ilicitude. Existência de causa excludente da culpabilidade. Existência de causa extintiva da punibilidade. O STF possui o entendimento de que o inquérito policial arquivado por excludente de ilicitude pode ser reaberto, não formando coisa julgada material. Entretanto, o STJ pensa de maneira diversa, defendendo que, nesse caso, há coisa julgada material, não podendo o inquérito ser reaberto. Por fim, precisamos indicar que, se a extinção da punibilidade é declarada com base em uma certidão de óbito falsa, a decisão não está protegida pelo manto da coisa julgada material. Apesar de haver divergência doutrinária sobre esse tópico, prevalece no STF o entendimento penal (HC 104998/SP: relator ministro Dias Toffoli, 14/12/2010) de que a certidão de óbito falsa é inexistente, sendo possível a retomada da persecução penal. Outras espécies de arquivamento Os arquivamentos estão divididos nos seguintes tipos: Para a doutrina, ele ocorre quando o MP deixa de se manifestar expressamente sobre todo o conteúdo do inquérito, omitindo da denúncia os crimes ou os agentes que foram objeto da investigação. Entretanto, tal modalidade de arquivamento não é admitida pelo STF por ausência de previsão legal. Ocorre se o membro do MP deixa de oferecer a denúncia por entender que o crime não é de sua atribuição. Nessa hipótese, deve-se requerer a remessa dos autos ao órgão competente. Se o juízo originário discordar do membro do MP e entender ser ele competente, será preciso aplicar, por analogia, o disposto no Arquivamento implícito Arquivamento indireto art. 28 do CPP, remetendo os autos ao procurador-geral de Justiça. Acontecerá se a ação penal for da competência originária do procurador-geral e ele requerer o arquivamento. Nessa hipótese, é inviável a aplicação do art. 28 do CPP em sua redação anterior (alteração promovida pelo pacote anticrime). No entanto, é possível haver um recurso administrativo ao Colégio de Procuradores nos termos do art. 12, XI, da Lei nº 8.625/1993. Aparece na falta de condição de procedibilidade, como na hipótese de ausência de representação nos crimes de ação penal pública condicionada. Desse modo, havendo a retratação da representação pela vítima antes do oferecimento da denúncia nos termos do art. 25 do CPP, é possível o arquivamento – e ele será provisório exatamente pelo fato de a vítima poder representar novamente. Quando o prazo da representação estiver esgotado, ele se tornará um arquivamento definitivo. Nos crimes de ação penal de iniciativa privada, sabendo-se quem é o autor do crime, o pedido de arquivamento tem de ser acolhido como forma de renúncia tácita, o que vai causar a extinção da punibilidade. Entretanto, não sendo conhecida a autoria, não se pode falar em renúncia tácita, sendo possível admitir o pedido de arquivamento do inquérito policial feito pelo ofendido. Acordo de não persecução penal (ANPP) Uma novidade introduzida pela Lei nº 13.964/2019 foi a possibilidade de o MP celebrar o ANPP com o investigado. Instrumento da chamada Arquivamento originário Arquivamento provisório Arquivamento acolhido como forma de renúncia tácita justiça penal consensual, esse acordo possui, entre outros exemplos, objetivos semelhantes aos da: Transação penal Suspensão condicional do processo Suspensão condicional da pena Dessa forma, o ANPP pode ser conceituado como o instituto de caráter pré-processual e de direito negocial celebrado entre o representante do MP e o investigado, que está devidamente assistido. Graças a ele, o titular da ação penal deixa de oferecer a denúncia desde que sejam cumpridas determinadas condições. O acordo de não persecução penal (ANPP) Confira agora uma apresentação do instituto do ANPP de forma breve, abordando seus requisitos e as vedações para o oferecimento de acordo ao investigado pelo MP. Requisitos Segundo o art. 28-A do CPP, não sendo um caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a quatro anos, o MP pode propor um ANPP desde que ele seja necessário e suficiente para a reprovação e a prevenção do crime. Para isso, as seguintes condições precisam ser ajustadas cumulativa e alternativamente, como consta no Decreto-Lei nº 3689/1941: I reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo; II renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo MP como instrumentos, produto ou proveito do crime; III prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de 1/3 a 2/3, em local a ser indicado pelo juízo da execução; IV pagar prestação pecuniária a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; V ou cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo MP, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada. Analisando tal dispositivo legal, é importante destacar inicialmente que o ANPP só poderá ser formulado na etapa investigativa quando ele não for hipótese de arquivamento do inquérito, isto é, quando houver indícios de autoria e de prova da materialidade suficientes para a propositura da ação penal. A confissão formal e circunstanciada da infração penal ainda é exigida e deve ser registrada. Já o investigado precisa estar acompanhado de defesa técnica que possa lhe instruir. Por conta de tal exigência, entende- se que a confissão precisa envolver todos os elementos do crime, não podendo o investigado incluir quaisquer elementos que excluem o crime ou o isentam de pena. Para a aferição da pena mínima inferior a quatro anos, serão consideradas as causas de aumento de pena e de diminuição aplicáveis ao caso concreto (art. 28-A, §1º, do CPP). Ao indicar que o ANPP deve ser oferecido quando necessário e suficiente para a reprovação e a prevenção do crime, o legislador deixa a cargo do MP a avaliação da viabilidade de seu oferecimento. Entretanto, entende- se que esse órgão deve indicar os motivos pelo qual, mesmo quando estejam presentes os demais requisitos de admissibilidade, não oferece a proposta de acordo. A doutrina entende que – como já foi pacificado pelo STJ e pelo STF no caso de transação penal e do sursis processual – o oferecimento do ANPP precisa ser encarado como poder-dever do MP, e não como um direito público subjetivo do investigado. Complementandoos requisitos de admissibilidade do ANPP, o §2º do art. 28-A do CPP traz hipóteses que, uma vez presentes, impossibilitam a propositura do acordo, sendo, assim, chamadas de requisitos negativos de admissibilidade. Por isso, de acordo com o Decreto-Lei nº 3689/1941, não caberá um acordo de não persecução penal: I se for cabível transação penal de competência dos juizados especiais criminais; II se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas; III ter sido o agente beneficiado nos cinco anos anteriores ao cometimento da infração, com acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; IV nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor. Controle judicial Uma vez formalizado, o acordo deve ser submetido a controle pelo Poder Judiciário nos termos do art. 28-A, §5º a §8º, do CPP. O juiz, sob pena de violação ao sistema acusatório, não pode se ater aos critérios de conveniência e oportunidade que levaram ou não o MP à celebração do acordo. Dessa forma, cabe ao Poder Judiciário verificar apenas se o acordo obedeceu aos ditames legais e à voluntariedade do investigado, bem como se a medida é proporcional. O juízo de legalidade não se restringe apenas à legalidade estrita. É possível que um juiz analise a proporcionalidade da medida, recusando a homologação na hipótese em que as condições do acordo são inadequadas, insuficientes ou abusivas. Caso o juiz se recuse a homologar o acordo, não concordando o Ministério Público (MP) em reformulá-lo, o MP deve recorrer de tal decisão por meio de recurso em sentido estrito com fundamento no art. 581, XXV, do CPP. Porém, se concordar com a decisão judicial que não homologou o acordo, o membro do MP precisa apresentar a denúncia pertinente ao caso concreto ou complementar as investigações nos termos do art. 28-A, §8º, do CPP. Saiba mais Segundo o art. 3º-B, XVII, do CPP (suspenso pelo STF), cabe ao juiz das garantias conhecer o ANPP. Entretanto, enquanto não for julgada a ADI que discute a constitucionalidade desse juiz, tal incumbência caberá ao juiz natural da futura e eventual ação penal. Execução e cumprimento do ANPP Caso verifique a legalidade, a voluntariedade e a proporcionalidade do acordo, o juiz vai homologá-lo judicialmente e devolver os autos ao MP para que ele inicie seu cumprimento perante o juízo da execução penal (art. 28, §6º, do CPP). A fim de preservar os interesses da vítima, a lei prevê que ela tem de ser intimada acerca da homologação do acordo e de seu descumprimento (art. 28-A, §9º, do CPP). Vale ressaltar que a celebração e o cumprimento do ANPP não constarão na certidão de antecedentes criminais, salvo para que se possa verificar, nos termos do art. 28, §12º, do CPP, se outro acordo foi celebrado nos cinco anos anteriores. Essa informação tem a finalidade de impedir a celebração de novo ANPP no referido prazo, aponta o art. 28, §2º, III, do CPP. Por fim, cumpridos todos os termos do acordo de não persecução penal, o resultado será a extinção da punibilidade. Tal extinção é declarada pelo juízo competente nos termos do art. 28-A, §13º, do CPP. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Em regra, é possível desarquivar o inquérito policial quando se está fundamentado na A atipicidade do fato. B descoberta de novas provas. Parabéns! A alternativa B está correta. Via de regra, a decisão que determina o arquivamento do inquérito policial faz coisa julgada formal. Desse modo, após o arquivamento, os autos do inquérito poderão ser desarquivados a requerimento da autoridade policial em caso de descoberta de novas provas, conforme dispõe a Súmula 524 do STF, que diz: “Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas.” Questão 2 (CESPE – MPE/AP - 2021) Considerando a hipótese de que a decisão judicial transitada em julgado tenha homologado o arquivamento de inquérito policial a pedido do MP estadual, assinale a opção correta de acordo com as disposições processuais penais em vigor. C decadência do direito de representação do ofendido. D comprovação de coação moral irresistível. E menoridade do autor do fato. A O arquivamento do inquérito policial por insuficiência de provas produz coisa julgada material. B O acolhimento do pedido pelo juiz possibilita ao ofendido ou a seu representante legal o manejo da queixa subsidiária. C O oferecimento de denúncia pelo mesmo crime, devido a novas provas, caracteriza, em regra, violação do princípio que veda a revisão pro societate. Parabéns! A alternativa D está correta. Segundo a doutrina e a jurisprudência, em certas hipóteses, a decisão que determina o arquivamento do inquérito formará coisa julgada apenas formal. Isso ocorrerá quando o arquivamento decorrer da ausência de pressupostos processuais ou condições para o exercício da ação penal e da ausência de justa causa para o exercício da ação penal. Considerações �nais Como vimos nesse conteúdo, é possível definir o inquérito policial como o conjunto de diligências realizadas pela polícia judiciária com a finalidade de investigar infrações penais e colher elementos necessários para a propositura da ação penal. Dessa forma, sua finalidade, conforme dispõe o art. 4º do CPP, é a apuração das infrações penais e da sua autoria. Adicionalmente, por meio do estudo realizado, identificamos que o inquérito policial possui função relevante, já que funciona como um filtro para que não sejam propostas ações penais temerárias, ou seja, sem lastro probatório mínimo. Analisamos ainda as competências e as obrigações da autoridade policial responsável pela presidência do inquérito, conseguindo perceber sua importância na busca pelas provas da materialidade do crime e dos indícios mínimos de autoria. Da mesma forma, verificamos os principais direitos dos investigados. Em seguida, estudamos as hipóteses de arquivamento do inquérito policial e suas consequências processuais. Por fim, descrevemos o acordo de não persecução penal, observando que tal instrumento contribui para a redução do número de ações penais D A decisão judicial de arquivamento por insuficiência probatória possui efeitos de coisa julgada formal. E Da sentença homologatória do arquivamento, cabe recurso em sentido estrito. em curso, além de garantir, graças à aplicação de medidas diversas das penas restritivas de liberdade, que condutas ilícitas sejam desestimuladas. Podcast Ouça agora as características do inquérito policial, bem como os desdobramentos possíveis após a conclusão deste procedimento. Explore + Confira a indicação de leitura que separamos especialmente para você! Leia o Título 3 do seguinte livro de Renato Brasileiro de Lima: Manual de processo penal - volume único. Referências BRASIL. Casa Civil. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. BRASIL. Secretaria-Geral. Lei nº 13.964, de 24 de dezembro de 2019. Aperfeiçoa a legislação penal e processual penal. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo regimental no recurso ordinário em habeas corpus: AgRg no RHC 124024 PR 2020/0036259-8 - inteiro teor. Publicado em: 29 set. 2020. LIMA, R. B. de. Manual de processo penal - volume único. 10. ed. Salvador: JusPodivm, 2021. NUCCI, G. de S. Curso de Direito Processual Penal. 18. ed. - Rio de Janeiro: Forense, 2021. Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? Relatar problema javascript:CriaPDF()