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1
As Organizações e a Biosfera:
Ecologia e Meio Ambiente*
Carolyn P. Egri e Lawrence T. Pinfield
 
* Tradução de Angela Lemos, Mestre em Administração pela UFRGS. Revisão técnica por Roberto C. Fachin,
um dos organizadores desta obra.
Teorias sobre a natureza e teorias sobre a
sociedade possuem uma história de interconexões. Uma
concepção da natureza pode ser compreendida como uma
projeção, no cosmos, da percepção humana a respeito de
si mesma e da sociedade. Contrariamente, as teorias
acerca da natureza têm sido interpretadas historicamente
como incluindo implicações sobre a maneira pela qual os
indivíduos ou grupos sociais se comportam ou teriam
obrigação de se comportar. (Merchant, 1980, p. 69)
2
Uma característica importante da
sociedade contemporânea é a crescente
inquietação com a qualidade, atual e
emergente, do ambiente natural. Esta
inquietação tomou muitas formas, desde o
estabelecimento de foros globais sobre as
questões ambientais (ex. World
Commission on Environment and
Developmenti, em 1987; United Nations
Conference on the Environment and
Developmentii, em 1992), a avaliações
formais dos arquivos ambientais de grandes
fábricas americanas (Rice, 1993), e mesmo
relatos de ‘sabotagem ecológica’iii” por
ambientalistas radicais determinados a
limitarem as atividades comerciais
acusadas de estarem degradando o meio
ambiente (Day, 1989; Egri e Frost, 1994).
Esta breve amostra de indicadores
derramados na mídia representa um desafio
significativo a formas tradicionais de pensar
sobre atividades sociais e industriais,
inclusive modelos conceituais das
organizações, que informam e dirigem tais
atividades.
Quais são estas inquietações e
desafios? Embora tenhamos alguma
dificuldade em priorizar ou mesmo agrupar
todas as questões associadas ao movimento
ambientalista, elas estão visíveis em
inquietações que se vê expressas com
relação aos estilos de vida atual e futuro, à
qualidade de vida, à prosperidade
econômica e, de forma mais geral, ao futuro
do Homo sapiens no planeta terra. Várias
considerações, específicas e gerais,
desencadeiam essas inquietações: o
crescimento populacional e suas
conseqüências para a capacidade do planeta
terra; o aumento das aspirações, por parte
de um número crescente de cidadãos de
nações menos desenvolvidas, por um estilo
 
i Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento
ii Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento
iii ‘Ecotage’, no original .
de vida mais urbano e materialista; o tipo de
industrialização adotado, resultando em altos
níveis de desperdício e poluição ao mesmo
tempo em que esgota recursos não renováveis.
Associadas a estas inquietações estão outras
como a perda da biodiversidade e a
transformação, irrecuperável, de biorregiões e
ambientes naturais em áreas para sempre
hostis à habitação humana (Brown, 1991;
Buchholz, 1993; Commoner, 1990; Daly e
Cobb, 1994; Paehlke, 1989).
Estas questões são sintomáticas da
estrutura profunda de crenças quanto às
conseqüências de uma sociedade
industrializada. Acredita-se que tanto
organizações governamentais como
empresariais, em sua perseguição de metas e
objetivos organizacionais, não levam em
consideração os interesses, as aspirações e as
necessidades dos cidadãos. De acordo com a
perspectiva daqueles que querem agir
conforme tais convicções, a situação está cada
vez mais difícil porque é improvável que a
ação direta seja bem sucedida. O ‘problema
ambiental’ é uma conseqüência de como a
sociedade está estruturada, eis que como cada
organização persegue seus próprios interesses,
os pequenos espaços, os interstícios da
sociedade tornam-se resíduos cada vez mais
degradados. Os pressupostos
institucionalizados e tidas como certos da
sociedade contemporânea, fundada em
organizações, produzem conseqüências que
mal conseguem ser percebidas e processadas
dentro da lógica daquele quadro de referência.
A exploração do tópico ‘as organizações
e a biosfera’ requer uma abordagem holística
multifacetada, interdisciplinar controvertível.
Multifacetada porque investiga-se os
fenômenos em diferentes níveis (individual,
grupal, organizacional, social e global) a partir
de perspectivas alternativas (física, técnica,
econômica, social e ética). Interdisciplinar
porque investiga-se tanto nas ciências naturais
(ecologia, biologia, química, física) como nas
ciências sociais (filosofia, sociologia, teoria
3
organizacional) em busca de áreas de
intersecção e de divergências.
Controvertível porque é uma arena em
expansão repleta de conflitos políticos entre
atores sociais propondo condutas
alternativas. Como identificado por
Merchant, na citação da abertura, existem
aqueles que afirmam que nossas teorias da
natureza e das sociedades são
inextricavelmente entrelaçadas e não podem
(ou não devem) ser consideradas em
separado. De forma alternativa, existem
outros, tais como Schnaiberg e Gould
(1994), que sustentam que existe um
‘conflito duradouro’ entre a lógica e a
dinâmica dos ecossistemas naturais e os da
sociedade industrializada que impedem
qualquer síntese significativa, quer no nível
teórico quer no prático. É esta última
percepção que parece ter sido adotada
pelos teóricos organizacionais tradicionais e
pelos profissionais por conveniência
conceitual e prática. Contudo, aqueles que
desafiam esta visão tradicional do mundo
sustentam que existe uma necessidade
urgente de incorporar princípios ecológicos
e o meio ambiente na teoria e na prática
organizacional. Quem são estes defensores
da mudança? Quais são suas visões e suas
agendas para a mudança nas organizações
modernas e nas sociedades? Quais são as
implicações para as nossas teorias
organizacionais? Estas são apenas algumas
das questões que podem ser exploradas
para desenvolver uma compreensão das
intersecções teóricas e práticas entre as
organizações e a biosfera.
Nossa discussão começará com as
origens históricas e o estado atual da teoria
ecológica e das modernas perspectivas
ambientalistas. São apresentadas três
perspectivas a respeito de eco-ambientes
para demonstrar como os valores
ecológicos estão entrelaçados com os
valores humanos no que concerne às
realidades social, política e econômica
desejadas. São perspectivas que variam
desde valores fortemente antropocêntricos do
‘paradigma social dominante’ que visualiza
progresso ilimitado resultante da exploração
de recursos naturais infinitos (Catton e
Dunlap, 1978; Daly 1977) até os valores
biocêntricos da filosofia do ambientalismo
radical da ecologia profunda que defende o
‘igualitarismo das bioespécies’ no qual o
progresso econômico é negligenciado em
favor da harmonia com a natureza (Devall e
Sessions, 1985; Naess, 1973). Outras filosofias
ambientais radicais tais como a ecologia
espiritual (Fox, 1990), a ecologia social
(Bookchin 1990a), e o eco-feminismo
(Merchant, 1980; 1992; Salleh, 1984; Warren,
1990) defendem arranjos sociais e biológicos
nos quais existe um equilíbrio entre os
interesses da humanidade e da natureza. Nesta
conceptualização idealizada de valores
ecocêntricos, os relacionamentos ecológicos
entre as pessoas e a natureza em cada
comunidade estão integrados com outras eco-
regiões compartilhadas, que por sua vez,
cooperam para sustentar a ecosfera
compartilhada da fábrica (Tokar, 1988).
Perspectivas intermediárias são denominadas
como ‘ambientalismo renovado’iv,
significando graus de modificação de valores
antropocêntricos e busca incluir o ambiente
natural nos esforços humanos. Nas propostas
de desenvolvimento sustentável, todos os tipos
de recursos de capital e ambientais são
considerados na política de desenvolvimento
local e nacional (Colby, 1990; World
Commission on Environment and
Development, 1987) e o gerenciamento do
risco emerge como uma tarefa crucial
(Kleindorfer e Kunreuther, 1986). Além disto,
políticas de proteção ambiental mantém a
postura fortemente antropocêntrica do
paradigma social dominante dentro de um
sistemade escolhasv entre crescimento
econômico e degradação ambiental (Berkes,
1989; Colby, 1990). Cada ponto de vista é
 
iv ‘reform environmentalism’, no original.
v ‘tradeoffs’, no original.
4
descrito e, então, analisado criticamente
para identificar contradições entre as
propostas e a ação. Por clareza conceptual
apresentamos inicialmente as perspectivas
dos pontos extremos do continuum
ambientalista (isto é, paradigma social
dominante e ambientalismo radical) antes
de focalizar o caminho intermédio do
ambientalismo renovado.
A seção seguinte do capítulo explica
como o conceito de ‘ambiente’ tem sido
tratado na ortodoxia e em teorias
organizacionais mais recentes. Discute-se
como diferentes conceptualizações das
organizações são ou compatíveis ou
conflitantes com os pontos de vista
ambientalistas. Identifica-se áreas atuais e
potenciais para uma confluência de teorias
relativas aos eco-ambientes e organizações.
Além disso, são utilizados os conceitos de
interesse próprio e de teoria de sistemas
para ilustrar os desafios conceituais e
práticos de integrar as perspectivas
ambientalistas de ambientes biofísicos
dentro das perspectivas organizacionais dos
ambientes. Finalmente, encerra-se o
capítulo com conclusões e pensamentos
sucintos com relação às direções futuras da
teoria e da pesquisa.
AS PERSPECTIVAS AMBIENTALISTAS
E A ECOLOGIA
A origem histórica do termo ecologia
pode ser localizada em 1866, quando o
zoólogo alemão Ernst Haeckel combinou as
duas palavras gregas logos (significando ‘o
estudo de’) e oikos (significando ‘casa’ ou
‘lugar para viver’) (Buchholz, 1993). De
acordo com o elaborado por Haeckel, em
1870, ‘ecologia’ era originalmente definida
como:
o corpo de conhecimento relativo à economia da natureza
- a investigação da totalidade das relações do animal
com o seu ambiente inorgânico e orgânico; englobando
acima de tudo, suas relações de amizade e inimizade
com estes animais e plantas com os quais ele mantém
contato direta ou indiretamente - em resumo, a ecologia é o
estudo de todas aquelas complexas inter-relações referidas
por Darwin como as condições de lutar pela sobrevivência.
(traduzido em Allee et al., 1949, frontispício; apud
McIntosh, 1985, p.7-8).
De sua conceptualização do século
dezenove como um ramo da biologia, a
ecologia tornou-se uma ‘ciência polimórfica’
acordada e estendida para abranger vários
aspectos dos fenômenos natural e social
(McIntosh, 1985). Fundamental para as
conceitualizações teóricas de ecologia e
ecossistemas1 são os princípios do holismo
(interconexões dentro e entre sistemas e
ambientes); o equilíbrio da natureza
(equilíbrios auto-regulados de sistemas
biológicos e não-biológicos); diversidade
(tendência para maior biodiversidade em
sistemas naturais); limites finitos do sistema
planetário de suporte à vida (capacidade de
sustento para suportar populações e
comunidades de organismos); e mudança
dinâmica dos processos e ciclos naturais (Daly
e Cobb, 1994; Buchholz, 1993; Lovelock,
1979; Sarkar, 1986; Serafin, 1988; Wilson,
1992). Na sua essência, ecologia representa o
corpo de conhecimento relacionado com as
relações entre os organismos e seus ambientes
orgânicos e inorgânicos.
Dentro da ecologia, o termo ‘ambiente’
refere-se a todos os fatores externos, físicos e
biológicos, que influenciam diretamente a
sobrevivência, o crescimento, o
desenvolvimento e a reprodução dos
organismos’ (Colby, 1990, p.10). O
ambientalismo está primordialmente
relacionado com as interações entre a biosfera,
a tecnosfera e a sociosfera2. Em um nível, o
ambientalismo é a aplicação da teoria
ecológica para compreender o
desenvolvimento e operação dos sistemas
sociais dentro da biosfera. Em outro nível,
ambientalismo é o estudo dos valores
sociopolíticos humanos que instruem a
conceptualização e a interação das relações
5
humanas com o ambiente natural (Bird,
1987; Hays, 1987; Paehlke, 1989).
Foi somente depois da Segunda
Guerra Mundial que o ambientalismo
ganhou apoio popular suficiente para
tornar-se o nascente movimento social que
atualmente manifesta-se como uma
preocupação social predominante (Hays,
1987, p. 3). Diferentes origens moldaram
diferentes movimentos nacionais. Na
Inglaterra e em outras regiões da Europa,
os grupos ambientalistas se originaram de
grupos naturalistas estabelecidos que
tinham uma longa tradição de acesso às
tomadas de decisões (Rudig e Lowe, 1986),
enquanto que os movimentos na América
do Norte e Australásia tiveram pouca ou
nenhuma ligação com grupos sociais
anteriores (Fox, 1981; Hay e Haward,
1988). Na América do Norte, o
ambientalismo começou com um enfoque
conservacionista e de preservação dos
ambientes naturais para o propósito de
recreação ao ar livre e de preservação dos
locais selvagens. Os recursos naturais
foram, cada vez mais, sendo valorizados
por suas qualidades existenciais em um
estado de natureza, bem como pela sua
atratividade para outras atividades estéticas.
As preocupações ambientais, especialmente
entre as gerações mais jovens, tornaram-se
então associadas com aspirações humanas,
profundamente enraizadas, por uma vida
melhor e expectativas de realizações
pessoal e social. Em outras arenas,
notadamente na Europa Ocidental,
sentimentos anti-nucleares tiveram
impactos radicais e de integração no
movimento verde. Em todos os países,
atenção e apoio adicional fluíram para as
causas ambientalistas como conseqüência
do aumento da capacidade científica em
detectar, medir e ligar contaminantes
ambientais com a saúde humana e a
degradação ecológica (Carson, 1962;
Sarkar, 1986). Relatórios do Clube de
Roma, no início dos anos 70, também
focalizaram a atenção pública nos perigos
insidiosos do crescimento industrial
descontrolado para os ambientes social e
natural. Cada vez mais, as noções
predominantes da supremacia da ciência,
tecnologia e industrialização estão sendo
desafiadas (Sarkar, 1986). Ainda que a
ideologia política dominante dos anos 70 e 80,
bem como a crise econômica induzida pelo
cartel do petróleo nos anos 70, pudessem ter
restringido o crescimento dos movimentos
ambientalistas durante aquelas décadas, o
ativismo ambiental provou ser uma
característica persistente, profundamente
enraizada e organizada da sociedade
contemporânea (Dunlap, 1989; Sale, 1993).
Enquanto existem coisas em comum na
evolução dos movimentos ambientalistas,
existem também diferenças fundamentais. Os
movimentos verdes, em geral, são
fragmentados e suborganizados, com vários
subgrupos representando de forma
independente, interesses mais específicos tais
como a preservação dos locais selvagens, o
desenvolvimento de política ambiental, o
gerenciamento de resíduos tóxicos, a proteção
e conservação de recursos, os direitos dos
animais e assim por diante (Sale, 1993; Snow,
1992a). Atualmente, não existe um outro foco
claro para estes diferentes submovimentos do
que a sua associação geral com algum aspecto
do ambientalismo, desafiando, de várias
maneiras, as conceitualizações e os costumes
tradicionais de uma sociedade
predominantemente urbana, industrial e
baseada em organizações.
Três estruturas da filosofia ambiental e
conceitos relacionados representam as
primeiras escolas de pensamento quanto ao
relacionamento homem-natureza. O paradigma
social dominante não é uma perspectiva
‘ambientalista’ per se mas, ao invés,
representa a visão tradicional de mundo da
sociedade industrializada - o status quo contra
o qual são comparadas outras perspectivas
ambientalistas. A perspectiva do
6
ambientalismo radical representa a visão de
mundo daqueles que defendem a mudança
transformacional. A perspectiva do
ambientalismo renovado representa aqueles
ocupando a área intermediária na filosofia e
na prática ambiental. As origens históricas,
crenças e suposições de cada perspectiva
são apresentadas e então, criticamente,
discutidas.
O Paradigma Social Dominante
Somos os senhores absolutos do que a terra
produz. Desfrutamos das montanhas e das planícies. Os
rios são nossos, nós semeamosas sementes e plantamos
as árvores. Nós fertilizamos a terra ... Nós paramos,
dirigimos e mudamos os rios. Em resumo, por nossas
mãos nos esforçamos, por via de nossas várias
influências neste mundo, fazer, por assim dizer, outra
natureza. (Cicero, 106-43 AC, apud Hughes, 1975, p.
30).
O advento de antigas civilizações
urbanas marcou a emergência do
antropocentrismo no pensamento espiritual
e filosófico sobre o relacionamento da
humanidade com a natureza. Para os
antigos mesopotâmios, os homens
possuíam um direito divino de domesticar o
‘caos monstruoso’ da natureza; para os
clássicos humanistas gregos (Aristóteles,
Platão) e os primitivos estóicos, os homens
reivindicavam os recursos da natureza para
seu uso exclusivo (Hughes, 1975; Sessions,
1987; Wall, 1994). Antigas evidências do
preço que a ecologia paga à ordem e
dominação pelo homem é visível na
destruição das antigas florestas de cedro do
Líbano, na desertificação da outrora
fecunda Mesopotâmia e na erosão,
poluição e extinção de numerosas espécies
sob o império de Roma (Hughes, 1975).
Ensinamentos judaico-cristãos são também
identificados como promotores de uma
visão antropocêntrica do mundo, na qual o
papel da humanidade era ‘crescer e
multiplicar-se’, bem como ‘ter domínio
sobre toda coisa vivente que se move sobre a
terra’ (Merchant, 1980; White, 1967).
Um aspecto crítico da visão
antropocêntrica do mundo é a noção de
dualismo, semelhante à separação ideológica
da mente e do espírito humano da realidade
física da existência e a divisão entre entidades
superiores e inferiores. O dualismo da mente e
da matéria foi fundamental para a defesa, pelos
filósofos (século dezessete) da Idade do
Iluminismo (em particular, Bacon, Descartes,
Newton. Hobbes), do domínio sobre a
natureza como essencial para o progresso
científico e social (Daly e Cobb, 1994;
Ehrenfeld, 1978; Merchant, 1980). O
materialismo mecanicista, a racionalidade e o
reducionismo científico tornaram-se os
alicerces ideológicos das Revoluções
Científica e Industrial das sociedades
ocidentais e são agora considerados como os
elementos centrais do paradigma social
dominante (Bramwell, 1989; Fox, 1990).
Como representado na moderna
sociedade industrial, o paradigma social
dominante (PSD) representa uma aderência
aos princípios e objetivos econômicos
neoclássicos (crescimento econômico e lucro),
com os fatores naturais tratados ou como
externalidades ou como recursos exploráveis
infinitamente. Se existem problemas
ambientais observáveis, estes podem
facilmente (ou eventualmente) serem
resolvidos através do progresso científico e
tecnológico (Daly e Cobb, 1994; Hawken,
1993; Milbrath, 1989). O PSD está mais
intimamente associado com as sociedades
capitalistas ocidentais, nas quais imperam os
princípios de ‘livre mercado’ e de propriedade
privada. Contudo, os sistemas econômicos
fechados, informados pela filosofia Marxista,
também estão incluídos nesta perspectiva. Este
casamento ideológico, aparentemente
paradoxal, justifica-se em virtude da forte
tendência antropocêntrica do Marxismo que
apoia os objetivos de produção capital-
intensivos do industrialismo moderno (Daly e
7
Cobb, 1994; Jacobs, 1993; Jung, 1991; Lee,
1980; Porritt, 1984)3. Outra razão aparece
nas provas de degradação ambiental nos
modernos estados socialistas, que muitos
afirmam superar às do capitalismo
desenfreado (Clow, 1986; Davies, 1991;
Feshbach e Friendly, 1992; Jancar-Webster,
1993).
Outras facetas do paradigma social
dominante dizem respeito à noção de
autodeterminismo do indivíduo e ao
controle centralizado das sociedades pelas
elites social, política e econômica. Em
sociedades baseadas em estruturas e
relacionamentos hierárquicos, tanto as
pessoas como a natureza não-humana são
objetivadas e avaliadas somente em termos
instrumentais (como inputs ou
consumidores da produção), ao invés do
sê-las por seu valor intrínseco ou espiritual
(Cotgrove e Duff, 1981; Devall e Sessions,
1985; Drengson, 1980).
A Perspectiva do Ambientalismo Radical
As políticas da Era Industrial - de
esquerda, direita ou centro - são como
uma auto-estrada de três pistas, com
veículos diferentes em pistas diferentes,
mas todos os caminhos apontando para a
mesma direção. Os verdes consideram que
é a própria direção que está errada, ao
invés da escolha por qualquer uma das
pistas em detrimento das outras. É nossa
percepção que a auto-estrada da
industrialização leva, inevitavelmente,
para o abismo - por esta razão a nossa
decisão de sair fora e buscar um objetivo
totalmente diferente (Porrit, 1994, pg. 43).
 A perspectiva do ambientalismo radical
promove uma visão da biosfera e da
sociedade humana baseada nos princípios
ecológicos do holismo, do equilíbrio da
natureza, da diversidade, dos limites finitos
e das mudanças dinâmicas (Catton e Dunlap,
1978; Cotgrove e Duff, 1981; Drengson,
1980; Devall e Sessions, 1985; dentre outros).
Como identificado por Donald Worster
(1977), a ‘idéia de ecologia é muito mais velha
do que o nome.’ Foi demonstrado que
aspectos da perspectiva do ambientalismo
radical precederam, bem como tem-se
desenvolvido em oposição às ideologias
antropocêntricas. Evidências arqueológicas
das primitivas sociedades (de caça e colheita)
e das antigas civilizações oferecem um retrato
da natureza e de suas forças, personificadas
como divindades para serem adoradas e
obedecidas (Eisler, 1987; Merchant, 1980).
Vestígios de divindades da natureza
estiveram/estão presentes nas tradições
espirituais do xamanismo, no panteísmo dos
egípcios, gregos e romanos (com a Gaia como
a Mãe Terra), no misticismo oriental
(Taoismo, Sufismo, Zen, Budismo), no Islam e
no paganismo (deusa Mãe Terra) (Wall,
1994). Subjacente a estas conceptualizações
de uma natureza todo-poderosa existe a
crença de que a sobrevivência humana
depende de uma síntese e integração holística
da humanidade com o ambiente natural. O
holismo filosófico do antigo filósofo grego
Heráclito (535-475 AC) ecoa no trabalho dos
filósofos naturais e dos teólogos dos séculos
dezessete e dezoito (von Linné, Emerson,
Malthus, Thoreau) que escreveram sobre a
interconexão dos homens e da natureza na
‘teia de vida’ (Wall, 1994). O conceito do
holismo organicista seria desenvolvido mais
adiante, no início do século vinte, por Jan
Smuts (1926, p. 86) como uma síntese ou
‘uma união de partes que é tão compacta e
intensa que é mais do que o total de suas
partes ... e o todo e as partes,
conseqüentemente, influenciam-se e
determinam-se reciprocamente.’
O respeito biocêntrico por outras formas
de vida pode ser rastreado até o
vegetarianismo das religiões Orientais, aos
filósofos clássicos gregos, a São Francisco de
Assis (do século treze) e, no final do século
8
dezoito, aos Românticos Ingleses (por ex.
Blake, Shelley, Wollstonecraft) que
equalizaram os direitos dos animais com os
direitos humanos (Wall, 1994). Críticas da
sociedade científica industrial são
encontrados nos escritos do movimento
Romântico Europeu (do século dezessete
até o século dezoito), bem como nos
trabalhos dos filósofos transcendentalistas
dos Estados Unidos (Sessions, 1987). Um
dos dogmas centrais da perspectiva do
ambientalismo radical é a retomada de uma
visão do mundo de um pré-Iluminismo
organicista, na qual o universo é visto como
orgânico, vivo e espiritual (Cotgrove e
Duff, 1981; Devall e Sessions, 1985;
Drengson, 1980; Sale, 1985).
O ponto de vista do ambientalismo
radical moderno está situado em oposição
direta à defesa do paradigma social
dominante do industrialismo moderno como
alternativa revolucionária demandada para a
sobrevivência ecológica de longo prazo. A
perspectiva do ambientalismo radical
defende o redesenho massivo dos sistemas
agrícola e industrial de produção e
transporte (Commoner, 1990). Ao invés de
desenvolver tecnologias de larga escala,
capital intensivas, para o complexo
industrial e militar, a ciência precisa ser
redirecionada para desenvolver tecnologias
que reduzam a interferência humana com o
mundo não-humano. Isto é para ser
efetuado através do desenvolvimento eutilização de tecnologias intermediárias
(apropriadas) que reduzam a depleção e a
poluição dos recursos naturais, bem como
desenvolvam a qualidade artesanal no
trabalho humano (Commoner, 1990;
Schumacher, 1973). Em contraste à crença
do PSD no recurso material e no
crescimento econômico ilimitados, a
perspectiva radical afirma que os limites e o
delicado equilíbrio da biosfera requer a
preservação e a conservação dos recursos
naturais através das éticas anticonsumistas
e antimaterialistas.
Uma faceta importante da perspectiva do
ambientalismo radical é o biorregionalismo
como o princípio organizador dos sistemas
social, econômico e político descentralizados
(Irvine e Ponton, 1988; Leopold, 1949;
Mumford, 1938; Sale, 1985). Uma biorregião
é ‘um lugar definido por suas formas de vida,
sua topografia e sua biota, ao invés de ser
governada pelos preceitos humanos; é uma
região governada pela natureza, não por
legislações’ (Sale, 1985, p. 43). À medida que
critérios naturais para definir limites de uma
biorregião não são mutuamente exclusivos
nem destituídos de critérios humanos de
utilização e percepção (Alexander, 1990), as
comunidades, inseridas nas biorregiões,
deveriam readquirir autoridade para tomarem
decisões locais a fim de gerar auto-suficiência
ambiental e econômica de produção e
utilização.
Dentro da perspectiva do ambientalismo
radical existem quatro filosofias proeminentes
- a ecologia profunda, a ecologia espiritual, a
ecologia social e o ecofeminismo - os quais
diferem principalmente em termos de ênfases e
meios, ao invés de fins, da agenda radical de
mudança transformacional na relação homem-
natureza.
Ecologia Profunda
A ecologia profunda é uma perspectiva
holística que integra as dimensões biológico -
psicológico - espiritual - metafísica de
ecossistemas interdependentes e interativos
(Devall e Sessions, 1985; Naess, 1973; 1984).
Como foi proposto pelo filósofo norueguês
Arne Naess, a ecologia profunda questiona as
premissas normativas e descritivas (por que?
como?) em um nível mais fundamental do que
os níveis ordinários, técnico e científico, de
ecossistemas. Extraída das filosofias de
Spinoza, Gandhi e Thoreau, e de várias
tradições espirituais (o budismo, o
cristianismo, o americano nativo), a ecologia
profunda propõe o objetivo moral de ‘auto-
9
realização’, o qual é alcançado através de
uma identificação com ‘o interesse ou os
interesses de outro ser (a que) se reage
como ao nosso próprio interesse ou
interesses’ (Naess, 1988, p. 261). A
plataforma da ecologia profunda postula o
‘igualitarismo bioesférico’, isto é, homens
não têm nenhum direito de interferir na
riqueza e na diversidade de todas as formas
de vida (humanas e não-humanas), as quais
possuem valor intrínseco ou inerente. Os
ecologistas profundos identificam como
epistemologicamente problemática, mas
praticamente necessária, a aplicação de
conceitos culturais humanos, tais como
direitos, valores e ética, ao ambiente
natural (Manes, 1990; Sessions, 1987). A
natureza é para ser vista não como uma
extensão dos homens, mas como o
elemento fundamental no qual as
civilizações humanas estão baseadas. O
imperativo moral e ético da ecologia
profunda é que os homens têm uma
obrigação de implementar (pelo exemplo e
pela ação direta) estas mudanças na
sociedade.
Ecologia Espiritual
A ecologia espiritual ou ecologia
transpessoal (Berry, 1988; Fox, 1990; Hull,
1993; Reason, 1993) compartilha a ênfase
da ecologia profunda na necessidade de
mudanças transformacionais na consciência
humana como pré-requisito para mudanças
nos níveis físicos da existência. A
alienação, causada pela visão de mundo
mecanística e dualística da sociedade
industrializada, pode somente ser
remediada através de uma retomada das
ligações sagradas da humanidade com
todos os aspectos da criação.
Ecologia Social
O ecologista social Murray Bookchin
(1980; 1982; 1990a; 1990b) desenvolve uma
abordagem mais secular para compreender a
relação entre a sociedade e a natureza.
As maneiras como interagimos com os outros, como
seres sociais, influenciam profundamente as atitudes que
provavelmente teremos com relação ao mundo natural.
Qualquer perspectiva ecológica idônea repousa, em grande
parte, em nossas perspectivas sociais e nossos inter-
relacionamentos; por isso, redigir uma agenda ecológica que
não tenha espaço para as questões sociais é algo tão obtuso
quanto redigir uma agenda social que não tenha espaço para
as questões ecológicas. (Bookchin, 1990b, p. 24-5).
Como resultado da evolução social e
natural, a sociedade humana desenvolveu
padrões de dominação hierárquica, os quais
são socialmente e ambientalmente destrutivos.
Diferente das espécies não-humanas, a
humanidade é única em sua capacidade de
pensamento criativo e consciente na alteração
do curso da evolução social. Bookchin (1980;
1990b) oferece uma visão de uma ordem
sociopolítica reconstruída, baseada no
‘municipalismo libertário’, o que implica em
um planejamento e num governo popular
descentralizado e biorregionalmente baseado
em assentamentos humanos, que espelhem
ecossistemas locais. Somente através da
comunidade ecológica e da democracia
participativa pode ser criada uma nova
sociedade livre da opressão ecológica e
cultural.
Eco-feminismo
A integração da mudança social e
política, como parte da mudança ecológica,
também se repercute nas definições do eco-
feminismo:
Eco-feminismo é um termo que alguns utilizam para
descrever não só as diferentes áreas dos esforços das
mulheres para salvar a Terra como as transformações do
feminismo no Ocidente, que resultaram da nova visão das
mulheres e da natureza ... eco-feminismo não é uma
ideologia monolítica, homogênea ... Na verdade, é,
precisamente, a diversidade de pensamento e ação que faz
esta nova política tão promissora como elemento catalisador
de mudanças nestes tempos problemáticos (Diamond e
Forenstein, 1990, p. ix, xii).
10
Os eco-feministas (King, 1989;
Merchant, 1980; Plant, 1989; Warren,
1990) também posicionam-se no sentido de
que os homens são membros da
comunidade ecológica mas diferentes de
(mas não equivalentes a) outras formas de
vida. A dominação da natureza é vista
como sendo inter-relacionada com a
dominação hierárquica dos homens,
baseada em gênero, raça, etnia e classe
social. A questão central do eco-feminismo
é ‘pôr fim a todas as formas de opressão’
(Warren, 1990), especialmente aquela das
mulheres inseridas em culturas patriarcais.
O antídoto eco-feminista às estruturas e
processos sociais exploradores é a justiça
social, baseada nos princípios do
igualitarismo, inclusividade, comunitarismo,
tomada de decisão consensual, cuidados
recíprocos e responsabilidade (Cheney,
1987).
A Perspectiva do
Ambientalismo Renovado
O homem já esqueceu, há muito tempo, que a
terra lhe foi dada somente para seu usufruto, não para o
consumismo e, menos ainda, para um desperdício
dissoluto... A terra está tornando-se, rapidamente, num
local não adequado para seus habitantes mais nobres e
outra era semelhante, de crime e de imprevidência
humanas,... a reduziria a uma tal condição de
empobrecimento da produtividade, de destruição da
superfície, de excessos climáticos, como para intimidar a
depravação, o barbarismo e, talvez, até mesmo, a
extinção de espécies (George Perkins Marsh, Man and
Nature, 1863, apud Strong, 1988, p. 35).
As origens dos pontos de vista do
ambientalismo renovado podem ser
localizadas nas primeiras críticas ao
industrialismo do século dezenove, que
alertavam o público e os reformadores para
seus efeitos colaterais na saúde humana e
na degradação ambiental (Devall, 1988).
George Perkins Marsh, um geógrafo do
século dezenove, é considerado como
instrumental na transição ocorrida, das
visões primitivas, românticas, da natureza
para as visões advogando a defesa do bem-
estar da natureza, para a sobrevivência
humana no longo prazo. Dos anos 80 (século
passado) aos anos 20 (deste século), a
conservação e a preservação dos habitats e
recursos naturais e tornar-se-ia a missão das
sociedades ecológicas e de histórianatural,
recém fundadas, por toda a América do Norte,
do Reino Unido e da Europa (Jancar-Webster,
1993; McIntosh, 1985; Strong, 1988). O
trabalho dos fundadores do movimento
conservacionista americano (John Muir, Aldo
Leopold, Gifford Pinchot) continua a informar,
até os dias de hoje, a filosofia de operação das
principais organizações do movimento
ambientalista (McIntosh, 1985; Snow, 1992a;
Strong, 1988).
A perspectiva do ambientalismo
renovado representa uma modificação de
valores antropocêntricos, a fim de incluir
valores biocêntricos, na medida que existe
desenvolvimento sustentável, definido como
alcançar ‘as necessidades do presente sem
comprometer a capacidade das gerações
futuras de alcançarem as suas próprias
necessidades’ (World Commission on
Environment and Development, 1987, p. 43).
Nesta perspectiva, a tecnologia é o veículo
para o progresso científico e econômico, bem
como o meio para detectar e gerenciar os
riscos ambientais que ameaçam a
sobrevivência humana e o seu bem-estar. O
funcionamento da metáfora mecanicista é
evidente no foco, do ambientalismo renovado,
no uso eficiente dos recursos naturais e na
minimização dos efeitos econômicos da
poluição (Dorfman e Dorfman, 1977).
Contudo, ao contrário da perspectiva do
paradigma social dominante, a perspectiva do
ambientalismo renovado tenta incorporar uma
abordagem sistêmica e as leis de conservação
e de entropia da termodinâmica no contexto
dos cálculos da sustentabilidade ambiental
(Georgescu-Rogen, 1971; Stead e Stead,
1992).4 Os limites físicos de sistemas vivos e
sistemas econômicos obriga ao
desenvolvimento de recursos energéticos
11
renováveis e à conservação de recursos
não-renováveis.
A economia ecológica e a ecologia
industrial representam dois meios pelo qual
o ambiente natural é incorporado nos
processos de tomada de decisão industrial.
A economia ecológica pode ser utilizada
para a quantificação das trocasvi entre
benefícios e custos econômicos e
ambientais e para a gestão do risco
ambiental (a determinação dos níveis
ótimos de poluição e a compensação
econômica pela depleção e/ou degradação
dos recursos naturais) (Dorfman e
Dorfman, 1977). Os desafios
metodológicos de medição do impacto
ecológico das indústrias são demonstrados
por meio de recentes estudos de
Schaltegger (1993) e Ilinitch e Schaltegger
(1993). Por exemplo, quando existem
questões relativas à validade de medidas de
poluição propostas, tais como níveis de
toxicidade de diferentes poluentes
químicos, como alguém faz para comparar,
de forma precisa, o impacto ecológico do
grafite versus amônia versus dioxinas? De
forma mais geral, como alguém pode
calcular os efeitos sinérgicos da
combinação de poluentes em diferentes
ecossistemas?
A ecologia industrial está preocupada
com os meios de alcançar sistemas de
produção ambientalmente sustentáveis
(Allenby, 1992; Hawken, 1993; Stead e
Syead, 1992). A ecologia industrial propõe
que o impacto dos sistemas industriais no
ambiente natural pode ser minimizado pela
adoção dos princípios de gestão da
qualidade total ambiental (TEQM)vii para
produto e desenho de processo (Callenbach
et al., 1993; Cairncross, 1991; Baram e
Dillon, 1993; Flannery e May 1994;
Hawken 1993; Sharfman e Ellington, 1993;
Shrivastava, 1994). Em sistemas industriais
 
vi ‘tradeoffs, no original.
vii TEQM: total environmental quality management.
fechados, o uso de recursos naturais não-
renováveis é minimizado e/ou suplantado pelas
fontes renováveis de energia e recursos
naturais. Os resíduos industriais e os poluentes
são reduzidos, reciclados e/ou descartados de
maneira ecologicamente segura. Enquanto os
sistemas tecnológicos são fechados, processos
de política e estratégia ambiental industrial são
abertos, para abranger tomadas de decisão
colaborativas com múltiplos stakeholders
(comunidade e grupos de interesse, agências
governamentais, empregados). Procedimentos
de auditoria ecológica são utilizados para
medir o desempenho ambiental e expor
abertamente as atividades industriais aos
empregados e públicos interessados.
Um aspecto importante da perspectiva
do ambientalismo renovado é o conceito de
stakeholders e os direitos dos stakeholders
(McGowan e Mahon, 1991; Shrivastava,
1994; Stead e Stead, 1992; Steger, 1993;
Throop, 1991; Westley e Vredenburg, 1991).
Enquanto não se inclui, como stakeholders
formais, o ambiente natural e as entidades não-
humanas, reconhece-se, no entanto, interesses
públicos que buscam assegurar
sustentabilidade ambiental a longo prazo.
Deste modo, a partir da perspectiva do
ambientalismo renovado, a questão relevante
não é se os stakeholders não-industriais (por
ex., governos, organizações ambientalistas,
público em geral) estão incluídos nas tomadas
de decisão organizacional, mas como e em até
que ponto eles estão incluídos nas decisões
relativas ao ambiente natural (Bennett, 1991;
Berle, 1990; Elkington e Burke, 1989;
Schmidheiny, 1992; Scott e Rothman, 1992;
Steger, 1993; e outros). Geralmente, são as
grandes organizações da corrente principal do
ambientalismo renovado que têm desenvolvido
acordos de colaboração com a indústria e o
governo (McCloskey, 1991; Sale, 1993; Snow
1992a).
Gerenciando o Ambiente Comum
12
O objetivo de desenvolvimento
sustentável do ambientalismo renovado
representa ‘uma reconciliação entre o
crescimento econômico e a proteção
ambiental’ (Cairncross, 1991, p. 26) nos
níveis local, nacional e global. Proponentes
do desenvolvimento sustentável identificam
como sendo importante causa da
degradação ambiental a distribuição
desigual da riqueza econômica entre as
nações industrializadas e os países do
‘Terceiro Mundo’. Economicamente
empobrecidos, os países do Terceiro
Mundo são incapazes de desenvolver ou
comprar as tecnologias científicas para
conservar e proteger o seu ambiente
natural. Nem podem dispor de recursos
para evitar a exploração e exportação de
seus recursos naturais, necessários para
manter o alto padrão de vida das nações
industrializadas, (p. ex. com apenas um
quinto da população mundial, as nações
industrializadas consomem quatro quintos
do combustível fóssil e dos recursos
produzidos em metais minerais). Embora
reconhecendo que os padrões de consumo
das nações industrializadas são
ambientalmente insustentáveis e que
necessitam ser reduzidos, a erradicação da
pobreza nos países do Terceiro Mundo é
vista como uma parte integrante da auto-
sustentabilidade econômica, social e
política. Além disso, estilos e modos
alternativos de desenvolvimento
econômico, apropriados às culturas locais e
ambientes biofísicos, necessitam ser
desenvolvidos. Conseqüentemente, uma das
preocupações do desenvolvimento
sustentável é o gerenciamento dos bens
comuns, biorregionais e locais, mas não de
forma isolada dos bens comuns globais -
uma visão mais inclusiva do que o conceito
biorregional fechado do ambientalista
radical (Keating, 1993; Sitarz, 1993; World
Commission on Environment and
Development, 1987).
No sentido de que a biosfera representa
um bem comum global, o potencial de uma
‘tragédia dos bens comuns não-gerenciados’
obriga a que haja o envolvimento formal do
governo e que se regule institucionalmente o
desenvolvimento e o gerenciamento dos
recursos naturais (Hardin, 1968, 1991; The
Ecologist, 1993; Throop, 1991). Como foi
proposto por Hardin (1991), pressões
informais para evitar a destruição dos bens
comuns funcionam apenas com grupos
pequenos, envolvendo entre 50 e 150 atores.
Se os bens comuns globais não são geridos e
não são regulados, a motivação das partes
individuais para jogar o jogo do ‘distribuir os
custos enquanto se privatiza os lucrosviii’ (DC-
PL) leva, inevitavelmente, à degradação dos
bens comuns. Dentro da perspectiva do
ambientalismo renovado existem variações,
com respeito à natureza desejável da
responsabilidade, e do envolvimento dos
governos, no gerenciamento dos bens comuns
globais e locais. Em direção à extremidade
antropocêntrica do continuum
antropocêntrico-ecocêntrico, o governo
admite responsabilidadelimitada pela
conservação e gestão dos recursos naturais
públicos (por ex. em parques nacionais),
cobrando taxas pela utilização dos recursos
públicos e regulando os níveis de poluição. No
meio-termo, o governo assume um papel mais
ativo, desenvolvendo e administrando
regulamentos ambientais, taxas e licenças de
comercialização para a poluição industrial
(Cairncross, 1991; Hahn e Hester, 1989).
Enquanto existe uma preferência geral por
pressões informais voluntárias, para encorajar
a responsabilidade ambiental, os estrategistas
políticos reconhecem que a potencialidade
para uma rédea-solta ambiental necessita de
ativa intervenção governamental. Entretanto, o
protocolo para começar tais intervenções não
tem sido muito encorajador, porque as
regulamentações ambientais provaram ser
dispendiosas, de difícil manejo, e,
 
viii CC-PP: commonize the costs while privatizing the profits.
13
freqüentemente, ineficazes (Baram e Dillon,
1993; Nemetz, 1986; Paehlke, 1990;
Schweitzer, 1977; Simmons e Wynne,
1993).
Outra abordagem para a gestão dos
bens comuns globais está baseada no
princípio da colaboração, ao invés da
competição, entre instituições públicas e
privadas, nos níveis local, nacional e
internacional (Colby, 1990). Como foi
identificado na Conferência Agenda 21 das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento (UNCED) (Keating,
1993; Sitarz, 1993), a liberalização global
do comércio e das culturas necessita de
uma redefinição dos papéis institucionais
públicos e privados para a proteção dos
bens comuns em nível local e global.
Esforços para desenvolver regulamentações
ambientais internacionais e mecanismos
coercitivos incluem o Protocolo de
Montreal (assinado por oitenta e uma
nações, em 1992), no qual os signatários
garantiram terminar com a utilização de
CFCs (clorofluorcarbonos, que ameaçam a
camada de ozônio do planeta) até o ano
2000 (Cairncross, 1991). Menos bem
sucedidos têm sido os esforços
internacionais para remediar a degradação
ambiental do ecossistema (Canadá -
Estados Unidos) dos Grandes Lagos
(Colburn et al., 1990; MacLarkey, 1991).
Iniciada em 1972 e ampliada em 1978, a
Comissão Internacional para o Acordo da
Qualidade da Água dos Grandes Lagos foi
arrojada em seu objetivo de envolver as
agências governamentais (nos níveis
federal, provincial/estadual e local),
indústria, academia e grupos ambientais
para desenvolver e implementar um plano
de ação. A despeito da melhor das
intenções, após dez anos de esforços, os
participantes concordaram que
Em muitos aspectos, foi um período frustrante:
novas descobertas, freqüentemente, parecem servir para
ampliar o emaranhado dos relacionamentos ambientais,
tornando as ações e as soluções mais difíceis e,
aparentemente, cada vez mais complexas, difíceis,
demandadoras de tempo, e talvez, definitivamente
impossíveis (Colburn et al., 1990, p. 11.
Como já se revelou em estudos de
outras iniciativas de formulação de política
pública ambiental em que há muitos
stakeholders, o estabelecimento de novos
sistemas sociopolíticos de controle através de
colaboração inter-organizacional é muito mais
fácil de se proclamar do que fazer (Crowfoot e
Wondolleck, 1994; Egri e Frost 1992;
Feyerherm 1994; Gray, 1989; Pasquero,
1991). Questão crítica se levanta em torno do
grau em que colaboração verdadeira é
praticada ou é possível quando há
desigualdade ou diferença entre as partes na
mesa de negociações em termos de valores
filosóficos, recursos, poder e influência.
UMA ANÁLISE CRÍTICA DAS
PERSPECTIVAS AMBIENTALISTAS
Em sua crítica aos paradigmas
ecológicos alternativos, Routley (1983)
adverte que os paradigmas contemporâneos,
freqüentemente, contém elementos
superpostos ou contraditórios, e falham,
portanto em oferecer sistemas unificados de
crenças. Como foi identificado por Colby
(1990), esta falta de clareza conceitual contra-
indica uma interpretação linear das
perspectivas que ainda estão em seu estágio
evolutivo de desenvolvimento. Embora as
perspectivas do paradigma social dominante e
a do ambientalismo radical apresentem um
grau maior de contrastes, dentro da
perspectiva intermédia do ambientalismo
renovado existe uma considerável
variabilidade no grau de abrangência das
pressupostos ecológicos e dos fins e meios
prescritos para a sustentabilidade ambiental.
Ver Tabela 1 para um resumo das
características mais importantes de cada
perspectiva.
A perspectiva do ambientalismo
renovado é a menos clara conceptualmente
14
porque representa o estado atual da
sociedade humana em que identifica-se
fluxo e mudança com relação ao ambiente
natural. É também o lugar dos debates
político e social, com relação aos fins, às
formas e aos meios de solucionar as
inquietações ecológicas. A partir da
perspectiva do ambientalismo radical, o
ambientalismo renovado é uma resposta
incremental (e alguns poderiam afirmar
superficial ou sem profundidade) às
questões ecológicas (Devall, 1988),
enquanto que da perspectiva do paradigma
social dominante, o ambientalismo
renovado é uma resposta progressista
(Cairncross, 1991; Schmidheiny, 1992). Os
méritos de cada posição neste debate,
concernente à filosofia e prática ambiental,
são examinados a seguir.
Críticas do Paradigma Social Dominante
Em muitos aspectos, a perspectiva do
PSD tem sido posicionada, no debate
ecológico, como o ‘homem de palha’ (Fox,
1990; Routley, 1983; Wexler, 1990). Na
sua forma pura, o PSD existe,
principalmente, nos princípios abstratos das
teorias econômicas neoclássica e Marxista
ou como uma representação histórica
incompleta da sociedade industrializada. Na
realidade, os princípios racionais do livre
mercado são incessantemente objeto de
compromissos e ajustes para se adaptarem,
na sociedade, à ‘irracionalidade’ subjetiva
de governos, organizações e indivíduos.
Como foi identificado pelos economistas
teóricos e, da mesma forma, pelos críticos
ambientalistas (Cairncross, 1991; Daly e
Cobb, 1994; Dorfman e Dorfman, 1977;
Friend, 1992; Hawken, 1993; Jacobs,
1993), os pressupostos e técnicas
econômicas neoclássicas estão mal
equipadas para refletir, de forma precisa, as
externalidades ambientais, os custos e os
benefícios qualitativos, bens públicos e
recursos, limites para as substituições, custos
de depleção de recursos, custos e benefícios
projetados a longo prazo, sistemas complexos,
e assim por diante. Um exemplo,
freqüentemente citado, para ilustrar as
inadequações da economia neoclássica é o
paradoxo de que a limpeza de desastres
ambientais é contabilizada, no PIB de um país,
como crescimento, enquanto que a
preservação e a conservação de recursos
ambientais são consideradas como custos
(Cairncross, 1991; Daly e Cobb, 1994). Com
essas contradições na prática, o paradigma
social dominante pode ser considerado, mais
precisamente, como uma perspectiva
ideológica que serve como um ponto final
conceitual contra o qual outras perspectivas e
ações ambientalistas podem ser medidas.
Críticas da Perspectiva do
Ambientalismo Radical
Como o conjunto mais extremo dessas
perspectivas alternativas, o ambientalismo
radical propõe uma completa reforma
filosófica da sociedade baseada nos princípios
do PSD. Porém, é a agenda da utopia política,
social e econômica da ecologia profunda que
evocou as reações mais fortes dos filósofos,
dentro e fora do movimento ambientalista
(Fox, 1990; Jacobs, 1991). Os críticos a partir
das perspectivas do ambientalismo radical e
renovado salientam, quanto à ecologia
profunda, sua desassociação das questões
ecológicas dos problemas sociais (Bookchin,
1994; Bradford, 1987); sua defesa da
interferência na liberdade individual dos
homens, mas não na da vida selvagem ou na
natureza (Fox, 1990); e a comparam ao antigo
neoestoicismo (Cheney, 1989). Além disso, a
ecologia profunda é criticada pela falta de uma
teoria de transição para um mundo biocêntrico
(Fox, 1990; Luke, 1988) e sua posição,
logicamente inconsistente e simplista (Wexler,
1990). Bookchin (1994, p. 6), fornece a crítica
15
mais contundentedo que considera como a
‘pobreza intelectual, cultural e espiritual’ da
abordagem da ecologia profunda, que beira,
afirma ele, a ‘propaganda eco-fascista’. Os
ecologistas profundos, que defendem que
existe apenas ‘um caminho’, isto é, ‘o seu
caminho’ de reconstrução do
relacionamento homem-natureza, podem
estar mais parecidos com os seus oponentes
do PSD do que eles poderiam supor ou
desejariam admitir. Poderia ser
argumentado que os ecologistas profundos
estão caindo na armadilha positivista de
tomar como natural e incontestável
conjuntos de suposições que são resultado
de interação política e social, ao invés de
uma versão unitária da realidade ou
‘verdade’. A despeito destas críticas, a
ecologia profunda tem provado ser
significativamente influente no discurso
eco-filosófico (Fox, 1990), bem como, tem
se tornado a filosofia operante de muitos
ambientalistas radicais (Devall, 1988;
Manes, 1990).
A natureza radical utópica e abstrata
dos objetivos social e biológico,
subsumidos sob o rótulo do ambientalismo
radical, tem limitado o grau em que esta
filosofia exerce influência nas questões do
dia-a-dia da sociedade moderna. Não
obstante, o ambientalismo radical serve
como um guarda-chuva filosófico, útil para
diversos grupos de interesse, cujos próprios
objetivos coincidem, embora somente de
forma parcial, com outros ambientalistas
radicais. A composição de grupos
específicos que se combinam para
empreender uma ação depende, por
conseguinte, da ação específica que está
sendo contemplada. O ambientalismo
radical alcançou voz política formal na
eleição de candidatos do partido verde no
Parlamento da Comunidade Econômica
Européia e em vários governos europeus
(Fisher, 1993; Jancar-Webster, 1993;
Spretnak e Capra, 1986). Na América do
Norte, os partidos verdes têm sido menos
capazes de conquistar o apoio do eleitorado
(McCloskey, 1991; Slaton, 1992). Ao invés
disto, o ambientalismo radical tem sido mais
freqüentemente adotado pelas organizações de
defesa popular (Sale, 1993; Snow, 1992a;
1992b). Para as organizações ambientalistas
radicais, tais como Earth First, Sea Shepherd
Society, Friends of the Earth, Rainforest
Action Network e outras, os princípios da
ecologia profunda fornecem uma base lógica
das campanhas de ação direta de “ecotage”
(sabotagem ecológica) e desobediência civil
contra aqueles que eles vêem como inimigos
da natureza. Nem todos os ambientalistas
radicais toleram o uso da violência na luta por
uma mudança transformacional no
relacionamento homem-natureza. Mais
numerosas têm sido as campanhas de
resistência passiva contra governos e
interesses industriais como o movimento de
mulheres de Chipko, no norte da Índia, para
prevenir o desmatamento nos contrafortes do
Himalaia (Shiva, 1988) e os bloqueios
ambientalistas para prevenir o desmatamento
nas velhas florestas costeiras de Clayoquot
Sound, na Colúmbia Britânicaix. Nas pré-
democracias da Europa Oriental, existem
numerosos exemplos de protestos populares
efetivos, de grande escala, contra a
degradação ambiental, projetos de energia
nuclear, projetos de indústrias poluidoras e o
represamento do Rio Danúbio (Jancar-
Webster, 1993).
 
ix Província do Canadá.(NT)
TABELA 1 Tipologia das perspectivas ambientalistas
Paradigma social dominante Ambientalismo renovado Ambientalismo radical
Relacionamento
homem-natureza
Dominação sobre a natureza
(antropocentrismo muito
forte)
Administração da natureza
(antropocentrismo
modificado)
Cooperação e harmonia com
a natureza (ecocentrismo 
biocentrismo)
Abordagem ao
ambiente natural
Dominação (controle)
Utilitária (material)
Negativista (evitação)
Naturalista (conservação)
Utilitarista (modificada)
Científica
Moralista (espiritual)
Estética (preservação)
Simbólica
Humanística
(afeição/emoção)
Natureza da ordem
social
Hierárquica
Autoridade centralizada
Competidora
Individualística
Hierárquica
Centralizada com consulta
ao stakeholder
Competidora/colaborativa
Individualismo/coletivismo
Igualitária
Participação descentralizada
(tradição minoritária em
base biorregional)
Municipalismo
Coletivista
Pressupostos:
Conhecimento Reducionismo
Racionalidade dos meios
Dualismo
Sistemas reducionistas
Meios e fins político-
racionais
Holismo
Racionalidade dos fins
Integrativo/dialético
Econômico Economia neoclássica
(crescimento econômico e
material ilimitado, essencial
para o progresso humano)
Economia ecológica
(neoclássica mais capital
natural para tomada de
decisão ótima)
Economia estabilizada
(homeostase)
Recursos naturais Recursos naturais infinitos
(substitutos ilimitados
disponíveis)
Recursos naturais não-
renováveis e renováveis
(limites de substituição)
Recursos naturais muito
limitados (‘espaçonave
terra’)
Tecnologia
científica
Otimismo tecnológico Otimismo tecnológico Ceticismo tecnológico
Objetivos
dominantes
Crescimento econômico e
material ilimitado, essencial
para o progresso humano
Desenvolvimento sustentável
do ambiente natural
Equilíbrio holístico com a
natureza frágil (simbiose)
Progresso científico e
tecnológico
Desenvolvimento econômico
e industrial para reduzir as
injustiças sociais local/global
Justiça ambiental e social
Gestão ambiental
Tecnologias e
estratégias
Industrialismo moderno Industrialismo verde Planejamento e controle
biorregional
Consumismo ilimitado Consumismo verde Ética pós-consumo
Dispersão da poluição Redução da poluição Eliminação da poluição
Tecnologias de larga escala
intensivas em capital
Eco-tecnologias para
desenvolver e conservar os
recursos naturais (eficiência
técnica e ambiental)
Tecnologias intermediárias
(apropriadas)
Biodiversidade utilitária Diversidade cultural e
biológica
Livre mercado sem
regulamentação
Monitoria e regulação dos
riscos ambientais nos bens
comuns local e global
(cômputo dos tradeoffs)
Regulamentação
governamental para a
preservação/conservação do
ambiente natural
Metáfora de ação Máquina Sistemas-Máquina Organismo
17
Fontes: Catton e Dunlap, 1978; Colby, 1990; Cotgrove e Duff, 1981; Devall e Sessions, 1985; Drengson, 1980;
Kellert, 1993; Routley, 1983
Em uma escala menor, as organizações
populares têm centrado o seu foco nas
crises ambientais, em nível local e regional,
tais como a do depósito de lixo tóxico no
Love Canal (Wallace, 1993).
Contudo, os ambientalistas radicais
têm tido limitada influência nas mudanças
sociais, pelo motivo de que eles se opõem,
claramente, aos arranjos e às instituições
mais poderosas da sociedade moderna. Em
vez de trabalharem de forma menos
evidente, a partir do lado interno, e correr o
risco da cooptação, os proponentes do
ambientalismo radical têm tentado realizar a
mudança social pelo lado externo. Embora
eles possam ter tido algum efeito marginal,
em questões locais restritas, tais como a
nítida redução de florestas antigas (Egri e
Frost, 1994), eles ainda não produziram um
movimento social coerente, nem um
conjunto de reformas sociais propostas com
probabilidade de serem aceitas ou adotadas
pelos membros da organização na corrente
principal da sociedade.
Críticas da perspectiva do
ambientalismo renovado
Embora o ambientalismo renovado
não seja um paradigma ‘puro’, ele
representa uma diversidade de meios pelos
quais a sociedade industrializada tem
procurado integrar o meio ambiente ao
processo de tomada de decisão. Como foi
observado por Gladwin (1993), o conceito
de ‘esverdear’, na sociedade e em suas
organizações, está repleto de ambigüidades
e contradições, mais indicativo do modelo
‘lata de lixo’ de tomada de decisão (March,
1978) do que de qualquer escolha racional
ou planejamento.
O ambientalismo renovado tem sido
criticado mais pelos ambientalistas radicais
do que pelas agências principais que ele tem
procurado reformar. Enquanto os
proponentes do ambientalismo renovado
sustentam ser ambientalmente responsáveis,
uma crítica feita pelos ambientalistas radicais é
que a tendência antropocêntrica dos
ambientalistas renovados propõe somente
ajustes incrementais secundários nos sistemaseconômico e tecnológico, ao invés de
mudanças transformacionais na sociedade
humana (Colby, 1990).
O conceito de desenvolvimento
sustentável é, talvez, o aspecto mais
contencioso da perspectiva do ambientalismo
renovado, tanto para os ambientalistas radicais
como para os renovados (Hawken, 1993;
Jacobs, 1993; McRobert e Muldoon, 1992;
Schnaiberg e Gould, 1994; The Ecologist,
1993). Com pretensão de englobar ampla
diversidade de abordagens e iniciativas, a
imprecisão do termo ‘desenvolvimento
sustentável’ permite ampla variedade de
interpretações e ações. Para alguns, o
desenvolvimento sustentável não é possível
devido às contradições fundamentais entre os
princípios e objetivos da sustentabilidade
ambiental e aqueles do desenvolvimento
econômico (Schnaiberg e Gould, 1994).
Alguns críticos argumentam que o conceito de
desenvolvimento sustentável possibilita aos
governos e à indústria ‘abraçarem o
ambientalismo sem comprometimento’
(Jacobs, 1993, p. 59). Acusa-se também de
que os participantes em eventos públicos de
perfil destacado, tais como a UNCED, em
verdade engajam-se em política simbólica -
projetam a ilusão de mudança ambiental
substantiva, enquanto, simultaneamente,
protegem e promovem os seus próprios
interesses econômicos e suas bases de poder.
Por exemplo, o endosso da UNCED à
liberalização global do capital e do comércio é
considerada como antitética ao princípio
ambientalista do biorregionalismo (Hawken,
1993; McRobert e Muldoon, 1992). Hawken é
especialmente precavido a respeito da eficácia
potencial de padrões internacionais para
regulamentações ambientais e de comércio, em
face dos registros ambientais das corporações
multinacionais, bem como a natureza de
19
entidades reguladoras do livre comércio
(tais como o GATT), que excluem
pequenos negócios, fazendas, igrejas,
organizações ambientalistas e sindicatos.
Também existe pouca confiança na
capacidade de entidades internacionais (tais
como o Banco Mundial) para efetivamente
estabelecerem políticas econômicas,
ambientalmente sustentáveis, em face de
pressões contraditórias dos governos dos
países membros (Hawken, 1993; Rich,
1990).
As críticas do ambientalismo radical
também atingem o Brundtland Report e a
Agenda 21 da UNCED ao classificar o
apoio dado ao desenvolvimento da energia
nuclear e da tecnologia da engenharia
biogenética como destruidores do ambiente
e não-sustentáveis (Rifkin, 1983; Shiva,
1993; Women’s Environment and
Development Organization (WEDO),
1992). As eco-feministas objetam
particularmente à identificação das taxas
de fertilidade feminina como um dos
principais motivos da degradação ambiental
(WEDO, 1992). Políticas de controle
populacional que violam os direitos
reprodutivos das mulheres são vistos como
sintomáticos da contínua marginalização
das mulheres e da total negligência das de
gênero na agenda de mudança dos
ambientalistas renovados.
Relativamente às organizações
industriais, vê-se a responsabilidade
ambiental como apenas uma faceta das
responsabilidades sociais das empresas de
muito maior extensão, a englobar questões
econômicas, legais, éticas e filantrópicas
(Carrol et al., 1988). Enquanto alguns
argumentam que objetivos de desempenho
social e ambiental conflituam com objetivos
de desempenho econômico (Bucholz, 1993;
Hawken, 1993; Jacobs, 1993), outros
afirmam que o que é moralmente e
eticamente certo é também
economicamente benéfico para as
organizações industriais (Elkington e Burke,
1989; Rice, 1993; Russo e Fouts, 1993;
Schmidheiny, 1992). Entretanto, a pesquisa
empírica indica que a responsabilidade
ambiental da empresa é raramente voluntária,
ocorrendo mais freqüentemente em resposta a
enérgicas regulamentações e à pressão do
consumidor (Ilinitch e Schaltegger, 1993;
Schnaiberg e Gould, 1994; Schot, 1991;
Steger, 1993). Isto tenderia a apoiar os
criticismos da corrente dominante (PSD) de
que a agenda do ambientalismo renovado é
economicamente impraticável (custos maiores,
menos empregos) e metodologicamente
indesejável (aumento da burocracia, menos
democracia). Tanto os ambientalistas radicais
quanto os renovados são céticos a respeito da
promoção da visão reformista de um
‘consumismo verde’ e de um ‘capitalismo
verde’, que podem ser considerados como
oxímoros que permitem um estado de falsa
consciência ecológica (Ekins, 1991; Hawken,
1993; Jacobs, 1993).
Dentro do movimento ambiental ‘hydra-
headed’ (Sale, 1993; Snow, 1992a), grupos
ambientalistas radicais e grupos de defesa
populares, freqüentemente acusam que
grandes organizações, burocráticas e
institucionalizadas, de ambientalismo renovado
têm sido cooptadas pelo status quo industrial e
governamental. A despeito do crescimento, em
número de associados, de uma série enorme de
atividades e do apoio público, o desempenho
das principais correntes de organizações
ambientalistas renovadas tem sido menos do
que exemplar, em termos da ordenação de
estatutos ambientais, e da mobilização de
apoio para questões outras que não a
proteção da natureza (McCloskey, 1991).
Em sua defesa, a agenda de mudança
incremental do ambientalismo renovado
oferece algumas características positivas.
Comparada com a posição do ambientalismo
radical, a abordagem renovadora é mais
abrangente, incluindo diversas ‘constituências’
dentro do governo, da indústria e do público
20
em geral, tanto nas negociações como nas
implementações de ações ambientalmente
instruídas. O potencial de transformação
pode, desse modo, ser realizado pelas
múltiplas iniciativas incrementais de grande
extensão que, no total, podem resultar em
mudança fundamental no relacionamento
homem-natureza. Contudo, problema
essencial em relação ao conceito de
‘desenvolvimento sustentável’, como é
concebido e representado atualmente, é que
ele registra certa relutância em abandonar
totalmente os pressupostos, do PSD, de
crescimento infinito, consumerismo, crença
nas soluções tecnológicas e relações
sociais hierárquicas. Existe o risco
fundamental de que uma abordagem
incremental pode estar preocupada somente
com a solução de sintomas superficiais, ao
invés de enfocar a raiz das causas da
degradação ambiental. Pode ser ilusório
(acreditar) no gerenciamento da crise
ambiental e em sua solução através do
engenho humano.
Breves Comentários
Como foi revelado por esta revisão
das perspectivas ambientalistas, não existe
nenhuma abordagem ‘perfeita’ para
visualizar e atuar no relacionamento
homem-natureza. Um tema comum às três
perspectivas em eco-ambientes aqui
descritas é o seu foco no meio ambiente
físico como a lente através da qual cada
uma vê as conseqüências das atividades
social, política e econômica. Em uma
extremidade do continuum, o paradigma
social dominante (PSD) representa uma
abordagem na qual os interesses
econômicos e as necessidades da sociedade
humana são preeminentes sobre todos os
outros interesses. Conquanto possa ser
argumentado ser essa uma caricatura da
realidade (tanto presente como passada), o
PSD oferece um útil ponto conceptual de
partida para outras perspectivas que
advogam mudanças para os relacionamentos
homem-natureza existentes. A principal força
da perspectiva do ambientalismo radical reside
em sua (relativa) coerência filosófica, ao passo
que suas prescrições para a ação permanecem,
em grande parte, não-testadas. Embora
baseada em um conjunto menos coesivo (e,
freqüentemente, contraditório) de
pressupostos filosóficos, a perspectiva do
ambientalismo renovado engendra uma
abordagem pragmática mais otimista para
resolver problemas ambientais imediatos.
Contudo tanto o ambientalismo
renovado como o radical desafiaram conceitos
estabelecidos que temos dos propósitos e
conseqüências das organizações industriais
modernas. Como meio de desenvolver
apreciação adicional das tensões entre estas
perspectivas, veremos, a seguir, os ambientes
vistos através das lentes da teoria
organizacional.
O MEIO AMBIENTE NA
TEORIA ORGANIZACIONAL
Tais como os ambientalistas, os
teorizadores da organização reivindicam
centralidade de sua visão do mundo. ‘As
organizações ... sãoos blocos fundamentais de
construção das sociedades modernas’ (Aldrich
e Marsden, 1988, p. 361). Até mesmo um
prêmio Nobel em economia já sustentou que
um mítico visitante do espaço, quando visse a
terra, poderia descobrir que as ‘organizações
seriam a característica dominante da paisagem’
(Simon, 1991, p. 27). Mais recentemente, os
sociólogos Schnaiberg e Gould (1994)
tipificaram a visão de mundo dominante como
sendo um ‘moinho de produção’, onde a
lógica industrial das empresas e de outras
organizações econômicas mantém ‘instituições
sociais e políticas de toda a sociedade que ...
expandem tanto a produção ... como a
exploração ecológica’ (Schnaiberg e Gould,
1994, p. 45). Teorias alternativas ou modos
21
concorrentes de pensamento, tais como
aqueles do eco-ambientalismo, terão que
ser particularmente robustos se quiserem
modificar ou substituir modelos
estabelecidos de organizações baseadas em
uma perspectiva orgocêntrica.
A ortodoxia tradicional, na teoria
organizacional, tem sido dominada pelas
perspectivas funcionalistas, nas quais as
organizações têm sido vistas tanto como
máquinas ou organismos vivos ou como
alguma combinação de cada metáfora
(Morgan, 1980). Na metáfora da máquina,
as organizações são vistas, principalmente,
como instrumentos racionais para a
realização de objetivos preestabelecidos e
gerados internamente. Constrangimentos
contextuais ou ambientais, que limitam a
consecução das metas e dos objetivos,
recebem escassa atenção, enquanto o
ambiente é tido como imutável e um dado
(fabricado) pelos atores organizacionais.
Tais perspectivas são consistentes com as
instituições econômicas do capitalismo e
com o ethos social da competição
individual. Os ambientes de mercado são
considerados como sendo auto-regulados.
O bem-estar individual e coletivo são
maximizados através da perseguição de
interesses próprios e pela competição social
e econômica.
Quando visualizam-se organizações
como organismos, admite-se que a
sobrevivência continuada de uma
organização é dependente de um
relacionamento apropriado, interativo e
interdependente, entre a organização e seu
meio ambiente. Desta maneira, meios
ambientes são cuidados até enquanto
restringem ou colocam em perigo a
sobrevivência organizacional. Na curta e,
não necessariamente gloriosa, história da
teoria organizacional (Perrow, 1973), as
perspectivas que enfatizam idéias da
dependência ambiental são relativamente
novas. Embora tenham havido
anteriormente idéias, dispersas, em relação às
conseqüências desta dependência ambiental,
(Dill, 1958; Burns e Stalker, 1961), pesquisa
permanente sobre a natureza dos ambientes
organizacionais não começou a apresentar
completo desenvolvimento antes do final dos
anos 60 e início dos 70 (Duncan, 1972; Emery
e Trist, 1965; Evan, 1966; Jurkovich, 1974;
Lawrence e Lorsch, 1967; Osborne e Hunt,
1974; Thompson, 1967). Desde então, tem
havido aferições dispersas dos ambientes
organizacionais, que não mudaram
radicalmente as perspectivas tradicionais
orgocêntricas (Aldrich, 1979; Aldrich e
Maarsden, 1988; Aldrich e Pfeffer, 1976;
Carrol et al., 1988; Meyer e Scott, 1983;
Starbuck, 1976).
As conceitualizações atuais sobre os
ambientes organizacionais podem ser
recuperadas do trabalho seminal de Emery e
Trist (1965). O tratamento que deram à
‘textura causal’ dos ambientes organizacionais
visualizou um conjunto de transações,
dependências dentro de um conjunto de
organizações, observadas a partir da
perspectiva de uma única organização focal. O
ambiente de primeira ordem de qualquer
organização focal consiste nos
relacionamentos entre esta organização e as
outras com as quais ela mantém transações
diretas - tais como fornecedores e clientes. O
ambiente de segunda-ordem da organização
focal consiste de todos os outros
relacionamentos, ou dependências
transacionais, entre as organizações do
ambiente imediato (de primeira-ordem) e todas
as outras organizações. A ‘textura causal’ do
ambiente da organização focal, portanto, é um
mapa conceitual das ligações causais nas quais
uma mudança no comportamento de qualquer
organização neste ambiente influenciaria o
funcionamento da organização focal. Nesta
conceptualização, o ambiente de segunda-
ordem, ao contrário do ambiente de primeira-
ordem, é potencialmente mais problemático
para o funcionamento de uma organização
focal. Primeiro, mudanças nos elementos
22
ambientais são menos visíveis nos
ambientes da segunda-ordem. Segundo, a
natureza das interdependências causais nos
ambientes da segunda-ordem raramente é
conhecida ou compreendida pelos
representantes da organização focal.
Emery e Trist estenderam este quadro
referencial para desenvolver uma
classificação inicial dos ambientes
organizacionais. Os ambientes
organizacionais são problemáticos em
função do grau de incerteza que eles
apresentam para os decisores
organizacionais. Tal incerteza é indicada
pela força das ligações interorganizacionais
e as taxas de mudança dos elementos
organizacionais em um ambiente. As
condições ambientais são as mais
problemáticas e produzem maior incerteza
quando as ligações interorganizacionais são
densas e as taxas de mudança são altas.
Tais ambientes são caracterizados como
sendo ‘turbulentos’. Em uma ampliação,
potencialmente profética, do modelo de
Emery e Trist, Terryberry (1967) examinou
as tendências na sociedade moderna e
previu que os ambientes da maioria das
organizações evoluiriam para a turbulência
- uma condição que não é desconhecida
para os estudantes da literatura
contemporânea de negócios ou da teoria do
caos (Gleick, 1987).
Ao desenvolver estas
conceitualizações dos ambientes, os
teóricos da organização e da administração
expandiram a maneira tradicional
funcionalista de pensar para além dos
limites organizacionais. Por exemplo, as
organizações necessitam gastar mais tempo
e energia alinhando ações coletivas, sob
condições de incerteza, do que quando as
condições são estáveis e conhecidas
(Thompson, 1967). Assim, a incerteza
diminui a eficiência organizacional (um
atributo da máquina), quanto menos energia
estiver disponível para perseguir os
objetivos acordados. Além disso, devido ao
fato de que os ambientes poderiam,
potencialmente, significar tudo que esteja fora
dos limites organizacionais, a atenção é
focalizada somente naqueles atributos
ambientais que tornam problemática a
perseguição dos objetivos organizacionais. Os
decisores organizacionais são indiferentes aos
eventos que tenham conseqüências para outros
stakeholders situados no ‘ambiente’, mas que
tenham poucas conseqüências para a
organização focal.
Relativamente poucas tentativas têm
sido feitas para definir ambientes,
independentemente, de uma única organização
focal ou de um grupo específico. Scott (1981,
p. 170) identificou níveis diferentes de análise
para o estudo dos ambientes organizacionais.
A sua revisão incluiu conceitos do cenário da
organização (Blau e Scott, 1962; Evan, 1966)
e o termo relacionado de domínio
organizacional (Levine e White, 1961;
Thompson, 1967), os quais são similares às
idéias de Emery e Trist (1965) de ambientes
de primeira-ordem. Em níveis mais amplos e
abrangentes de análise, os ambientes podem,
também, ser considerados como todas as
organizações que constituem a comunidade
ecológica (Hawley, 1950) ou o campo
interorganizacional (Warren, 1967; Trist,
1983). Por exemplo, um desenvolvimento mais
recente, em relação à natureza dos ambientes
organizacionais, originou-se com a teoria da
ecologia populacional das organizações de
Hannan e Freeman (1977). Embora estas
teorias apliquem modelos, teorias e métodos
das ciências biológicas à populações de
organizações, os ambientes são novamente
definidos em termos relacionais. Os ambientes
organizacionais não possuem definição
independente daqueles atributos,
principalmente a sua capacidade de manter um
negócio, que influencia as características de
sobrevivência de uma população de
organizações. De fato, os modelos de ecologia
populacional de organizações e seus ambientes
são extensões das perspectivas funcionalistas23
que dominaram a teoria organizacional. É
irônico e enganador que os modelos
derivados da biologia, aplicados às análises
das organizações e seus ambientes, e
providos com um rótulo ecológico, tenham
tão pouco a ver com a biosfera (Young,
1988). Outras tentativas de chegar a
definições de ambientes organizacionais
independentes têm sido utilizadas para
definir os atributos das próprias
organizações. Desta forma, Scott (1992)
utiliza definições de mercados, dos
economistas, tais como concorrência
perfeita ou oligopólio, para ilustrar e
resumir as conseqüências dos atributos de
um ambiente de uma firma para o
delineamento organizacional.
Em todos esses exemplos, as
conceptualizações dos ambientes
organizacionais fracassam quando não
incluem, explicitamente, considerações
acerca do ambiente natural. Até mesmo as
tentativas para definir ambientes em níveis
de análise ambiental baseiam-se em
construtos relacionais. Isto é, os ambientes
são definidos como não tendo nenhuma
outra característica a enunciar que não
sejam seus atributos organizacionalmente
relevantes. Dentro dos paradigmas
dominantes de ambientes definidos em
termos organizacionais, temos poucos, se
algum, meios de avaliar as conseqüências
das ações organizacionais para as
qualidades do(s) ambiente(s) que as
contém.
As perspectivas tradicionais sobre
organizações e seus ambientes ganharam
aceitação em virtude de sua utilidade para a
iniciação e comprometimento da ação
coletiva (Starbuck, 1983), especialmente
por poderosos decisores organizacionais,
cujos interesses pessoais admitiam-se
estarem alinhados com os das organizações
por eles representadas. No emergente
mercado de educação empresarial, durante
o período pós-Segunda Guerra Mundial,
pelo menos duas gerações de gerentes em
treinamento foram expostas a exposições
fundamentadasx de ordem limitada como estas.
Contudo, outras visões das organizações e
seus ambientes via concepções de sistemas
abertos têm sido desenvolvidas a partir de
perspectivas mais institucionais e críticas.
Nas perspectivas dos sistemas abertos, o
limite entre as organizações e os seus
ambientes é visto como permeável. As
organizações não podem ser facilmente
separadas dos ambientes em que estão
inseridas. Elas não somente se adaptam aos
seus ambientes, mas também influenciam
fortemente a natureza desses ambientes.
Originado do trabalho seminal de Selznick
(1948; 1957) em sociologia organizacional,
numerosos estudos examinaram os processos
de adaptação organizacional. Perrow (1972)
esboça duas opções genéricas. As
organizações menos poderosas são
‘capturadas’ pelos poderosos elementos
ambientais e modificam suas metas e objetivos
para assegurar tanto a sobrevivência da
organização como, presumivelmente, uma
continuação das qualificações dos atores
organizacionalmente dependentes.
Alternativamente, organizações mais
poderosas são capazes de impor sua visão de
mundo em outras organizações e agências.
Neste último cenário, poderosos líderes
organizacionais adaptam a ideologia e os
recursos sob o seu controle para produzir
exigências ambientais vantajosas para os
membros da coalizão dominante que controla
a organização (Aldrich e Pfeffer, 1976). É na
última conceptualização que se localizam os
medos de alguns ambientalistas. As
organizações se adaptam à definição de seu
ambiente-tarefa, mas os interesses individuais,
societais e ambientais (biofísicos) não são,
necessariamente, fatorados nas prioridades dos
decisores organizacionais. Esta visão refere
grandes distinções de influência relativa das
organizações sobre os seus ambientes.
 
x ‘rationale’, no original.
24
Enquanto tais caracterizações são,
indubitavelmente, verdadeiras, para um
pequeno número de grandes e poderosas
organizações, esta perspectiva ignora a
enorme proporção de organizações que são
mais ambientalmente dependentes. Além
disso, esta perspectiva também falha em
considerar o potencial para as crenças,
normas e valores ambientais a serem
incorporados nos axiomas, pressupostos e
valores de poderosos membros
organizacionais (Beyer, 1981).
As atividades organizacionais não são
independentes dos sistemas social,
econômico, cultural, político e técnico,
mais amplos, dos quais são uma parte.
Todos têm interesses e comprometimentos
externos que norteiam os seus
comportamentos dentro da organização,
bem como os seus objetivos pretendidos
para as atividades organizacionais. As
organizações importam conhecimento e
tecnologias para os seus domínios internos.
Elas também absorvem recursos e
suprimentos, que são combinados e
transformados, para gerarem produtos
(outputs) para o ambiente social maior. As
organizações necessitam, a longo prazo,
continuar provendo funções de valor para a
sociedade maior se quiserem continuar a
sobreviver (Fellmeth, 1970; Maniha e
Perrow, 1965).
A conseqüência líquida dessas
pressões é que as organizações devem
tornar-se mais ou menos isomórficas com
seus ambientes, pois exige-se tal
‘ajustamento’xi se quiserem adquirir os
recursos e a legitimidade necessários para
operar nestes ambientes. Em termos
convencionais, as organizações
ambientalmente dependentes terão que se
ajustar a fortes demandas ambientais, ao
passo que as organizações mais poderosas
podem moldar as exigências ambientais de
 
xi ‘fit’, no original.
forma a melhor se adaptarem a suas
necessidades. Em ambos os casos, os valores
sociais serão trazidos pelos participantes
organizacionais para dentro do comando e da
orientação das atividades organizacionais.
Desta forma, pode ser dito que as
organizações adaptam-se a seus ambientes,
em, pelo menos, duas maneiras. Primeira,
dentro da perspectiva limitada de um modelo
racional e mecanístico, as organizações
mudam quando está dentro dos interesses
próprios limitados da organização agir assim.
Segunda, a partir de um ponto de vista
institucional, as organizações ajustar-se-ão aos
valores sociais em mudança, à medida que
estes são incorporados nas premissas
decisórias dos membros da coalizão dominante
da organização (Meyer e Rowan, 1983;
Powell e DiMaggio, 1991). Está
completamente claro, apesar de raramente
examinado de forma explícita, que os
conceitos orgocêntricos dos ambientes
organizacionais possuem aparentemente pouca
superposição com as preocupações dos
ambientalistas. Nenhuma tem uma visão
completa das outras, e concepções erradas são
ativamente encorajadas. A perspectiva
ambientalista do ‘homem de palha’ - homem
facilmente dominado’ - do paradigma social
dominante, bem como a perspectiva dos
ambientalistas radicais, falham em reconhecer
organizações com as características de
sistemas abertos. Defensores da racionalidade
limitada, inserida nas perspectivas do PSD,
receiam a indeterminação, associada com a
inclusão de valores humanísticos, nas
considerações organizacionais. Os
ambientalistas radicais têm proposto, até
agora, somente ideais românticos, com pouca
atenção dispensada à forma prática pela qual
seu nirvana pode ser alcançado. Os
ambientalistas renovados propuseram várias
modificações aos valores do PSD - mas,
relativamente poucas foram traduzidas em
estruturas orgocêntricas de ação.
A partir da perspectiva da teoria
organizacional, a degradação ambiental torna-
25
se relevante somente quando o desempenho
de uma organização focal e o bem-estar dos
participantes organizacionais são afetados
por tais questões. As ações organizacionais
que degradam o ambiente local tornam-se
pertinentes quando a sobrevivência
organizacional futura ou sua lucratividade é
ameaçada pelas restrições impostas pela
legislação ou pela escassez de recursos
naturais. Em contraste, um tema claro para
muitos ambientalistas é que, as ações
limitadas e míopes dos atores
organizacionais degradam, inevitavelmente,
o meio ambiente. A partir dessa
perspectiva, existe uma ligação clara entre
as ações organizacionais e a sua concepção
do que se constitui no meio ambiente.
Contudo, o que os ambientalistas têm feito,exortando as organizações a modificarem
os seus comportamentos, sem no entanto
estruturar tal persuasão à luz dos interesses
próprios das organizações, é não
compreender bem a lógica da ação
organizacional.
A despeito de tais confusões,
acreditamos que existe um nexo para essas
diferentes perspectivas. Demonstramos que
as abstrações funcionalistas dos ambientes
organizacionais subestimam o potencial
para os aspectos do ambiente natural a
serem incluídos nas premissas de decisão
dos atores organizacionais. Como
indivíduos que esperam continuar a existir
na limitada biosfera da espaçonave terra,
acreditamos que as ações ambientais
interessadas serão norteadas pelos valores,
conhecimentos e experiências dos atores
organizacionais.
INTEGRANDO AS PERSPECTIVAS EM
ECO-AMBIENTES E ORGANIZAÇÕES
Essencialmente, o debate
ambientalista está preocupado com as
mudanças fundamentais e transformacionais
na estrutura profunda da sociedade (ver
Elliott, 1988; Egri e Frost, 1994; e outros).
Uma questão que se impõe, portanto,
relaciona-se com a extensão na qual, de forma
conceitual e prática, o presente estado de
coisas deveria permanecer ou se existem
vantagens no aumento de superposição e
síntese dessas déias distintas. Isto é, em que
extensão as percepções ambientalistas dos
ambientes biofísicos podem e devem ser
incorporadas nas percepções organizacionais
sobre os seus ambientes? Nesta seção do
capítulo, focalizamos duas questões - interesse
próprio e teoria sistêmica - que ilustram os
desafios na integração dessas abordagens
distintas dos eco-ambientes.
O Interesse Próprio e a
Mudança Ambiental
As características dominantes da
sociedade contemporânea estão
profundamente enraizadas. Desafios ao status
quo precisam ser embasados em motivos
poderosos, se pretenderem modificar os
arranjos existentes, que podem conter
embutidas fortes tendências para
autodestruição global. Desta forma, a nossa
discussão do interesse próprio é apresentada
como um dispositivo para unir as
preocupações pelo meio ambiente com a
possibilidade da ação organizacional.
Na sociedade contemporânea, as
organizações são os meios fundamentais para
realizar a ação coletiva. Não obstante, as
ações coletivas geralmente estão estruturadas
dentro de uma hierarquia de sistemas
encaixados. Os atores individuais enfrentam a
realidade dos objetivos conflitantes em suas
experiências individuais de ambivalência. Os
indivíduos também experienciam a tensão
entre os seus objetivos pessoais e os sistemas
sociais imediatos, tais como famílias e grupos
de trabalho que modelam a ação individual.
Em níveis maiores e mais amplos de análise, a
26
saliência das perspectivas individuais
diminuem enquanto que os interesses
organizacionais, regionais e, possivelmente,
nacionais fornecem estruturas através das
quais ações coletivas prováveis são
avaliadas. Um elo comum que une
cognições e racionalizações associadas com
a intencionalidade da ação é o interesse
próprio.
Os interesses próprios podem ser
vistos através de várias lentes diferentes.
No seu nível mais primitivo e interesseiro, o
interesse próprio é de curto prazo e
totalmente preocupado com a sobrevivência
física do indivíduo. Em nível distante desta
primitiva conceptualização está um
conceito de interesse próprio baseado na
família imediata e na progênie (cf. Simon,
1993; Samuelson, 1993; Wilson, 1975). Os
indivíduos poderiam considerar sacrificar o
seu bem-estar (suas vidas??) por uma
mudança para melhor na sobrevivência da
progênie que carrega seus genes. Desta
forma, os pais renunciam ao lazer e ao
consumo para investir na educação de seus
filhos e provê-los com recursos para que
melhorem suas oportunidades de vida. A
pequena distância estaria o interesse
próprio baseado em uma coletividade
familiar livre tal como um clã ou uma tribo.
A mais ampla conceptualização do interesse
próprio é aquela baseada nas espécies
(Homo sapiens). Os indivíduos e as
coletividades renunciam aos retornos de
atividades imediatamente benéficas, tais
como o desenvolvimento da energia nuclear
ou a utilização de combustíveis fósseis,
para melhorar as probabilidades de que os
cidadãos de hoje e os do futuro, de todo o
planeta, pudessem ser expostos a menores
riscos ambientais que vão desde o aumento
da radiação solar, a proliferação de armas
nucleares, o aquecimento do planeta ou a
elevação do nível dos mares.
Dois aspectos de percepções rivais da
realidade complicam as avaliações do
interesse próprio, que estruturam as
perspectivas de ações. Por um lado, podemos
considerar a proximidade ou a distância da
ameaça ambiental. Por outro lado, as ameaças
ambientais podem ser consideradas como
sendo experienciadas (e, portanto, motivadas)
pelos indivíduos, pelos grupos geneticamente
similares, ou por sociedades inteiras. Quando
pode ser mostrado ao interesse próprio que ele
já está correndo risco, em conseqüência de
ações sobre as quais ele tem controle, essas
ações serão mudadas. Mas quando as
conseqüências das ações atuais são
problemáticas, pouco evidentes e não
necessariamente experienciadas antes de várias
décadas ou futuro muito distante, os
interesses próprios daqueles que se beneficiam
dos atuais arranjos liderarão as resistências aos
defensores do ambientalismo. Em situações
contestadas, tais como estas, reivindicações
por legitimidade, baseadas em evidência
científica parcial, ideologia normativa e
debates políticos tornam-se a moeda do debate
público (Pinfield e Berner, 1992; Samuel e
Spencer, 1993; Schelling, 1992).
Contudo, uma avaliação compartilhada
das questões ambientais é crucial, já que a
solução de ameaças ambientais,
invariavelmente, requer ação coletiva
interdependente. Faltando concordância
substancial, acerca da natureza das ações
colaborativas, é improvável que as ações
individuais venham a atender aos interesses de
qualquer coletividade superior.
Semelhantemente, ações locais, empreendidas
pelas coletividades, terão efeito insignificante
nas conseqüências globais, a menos que outras
coletividades, que também contribuem para a
degradação ambiental, modifiquem seus
comportamentos. Além disso, deve-se
reconhecer que nem todas as pessoas e
coletividades estão similarmente localizadas
para perceber ou experienciar a escassez e a
degradação dos recursos.
A expressão de interesses especiais e o
trabalho através de ações coletivas requerem a
27
atividade das organizações. A obtenção dos
resultados desejados por qualquer grupo
ambientalista necessita uma apreciação de
como o interesse especial e os objetivos
coletivos podem ser alcançados. Vivemos
em um mundo organizacional, onde as
organizações são os meios pelos quais os
interesses são realizados. Seja qual for a
perspectiva ambiental aceita, , se quisermos
alcançar objetivos é necessária a tradição
orgocêntrica, a filosofia e o conhecimento.
As organizações são coletividades sociais
com interesses especiais, cujas atividades
são norteadas pelos interesses dos
participantes organizacionais. Estes
interesses estão circunscritos por aqueles de
outros atores que operam tanto dentro
como fora dos limites organizacionais e são
considerados essenciais para o
funcionamento organizacional. Os
ambientes definidos organizacionalmente
são construtos funcionalmente proveitosos
para a realização das ações coletivas. A
perspectiva ambiental descrita como o
paradigma social dominante é uma
interpretação incipiente e limitada das
perspectivas de ação nas organizações, eis
que ignora o construto de ambientes
organizacionais estabelecido por meio de
relações. Todavia, modelos de
organizações vistas como sistemas abertos,
embora ainda problemáticos, permitem a
introdução de preocupações ambientalistas
dentro dos critérios de decisão
organizacional. Os atributos (caricaturas),
caracterizações do PSD, formulados pelos
ambientalistas, de que as organizações
contemporâneas apresentam fronteiras
hermeticamente seladas entre elas mesmas e
seus eco-ambientes, são representações
inexatas do que acontece hoje em dia. Além
disso, os paralelos organizacionais
contemporâneosdo PSD encorajam
perspectivas de ação que, por fim,
poderiam incluir melhorias na prática de
abusos ambientais.
Em contraste, a perspectiva do
ambientalismo radical apresenta uma visão
transformacional dos resultados desejados. As
ações organizacionais exigidas ‘para chegar lá
a partir daqui’ não são consideradas. As
perspectivas organizacional e ambientalista
radical são, atualmente, incompatíveis e a
possibilidade de uma síntese das duas é
mínima. No curto prazo, os proponentes da
perspectiva ambientalista radical precisam
utilizar e controlar a mídia de massa se
quiserem que sua mensagem seja recebida e
aceita pelos membros mais influentes da
sociedade. Nós consideramos que as
exigências para a ação coletiva,
provavelmente, produziriam conflito entre as
idéias orgocêntricas e a coerência da posição
ambientalista radical. Os proponentes do
ambientalismo radical podem considerar que
suas realizações são limitadas pela negativa
inerente da existência de interesse próprio nas
ações organizacionais. À semelhança de
alguns que argüiram no sentido de que
preocupações sociais maiores fossem fatoradas
em objetivos organizacionais, os defensores do
ambientalismo radical podem deparar-se com
suas energias emocionais enfraquecidas em
virtude da falta de progresso, ocasionando que
sua atenção seja requerida para outras
questões (Downs, 1972). A influência
ideológica do ambientalismo radical vai
persistir, mas de forma silenciosa, o que irá
ajudar a diminuir a força de esforços
adicionais do ponto de vista do ambientalismo
renovado.
O ambientalismo renovado oferece uma
perspectiva viável de longo prazo em
bioambientes, por que é só esta perspectiva
que mais ou menos aceita o utilitarismo de
ação coletiva de definições dos ambientes
organizacionais em termos relativos. As
avaliações dos ambientes, definidas em termos
biofísicos, são relevantes para os decisores
organizacionais quando traduzidas em termos
de seu interesse próprio. Estes interesses
próprios podem ser definidos em termos, cada
vez mais amplos, dos valores societais,
28
norteados pela nova informação relativa às
conseqüências das ações organizacionais
individuais e coletivas. Enquanto temos
informação incompleta sobre essas
conseqüências (Hawken, 1993; Shrivastava,
1994; Stead e Stead, 1992), isto representa
nitidamente uma oportunidade para mais
pesquisa organizacional, verdadeiramente
interdisciplinar.
Uma vez que tal informação torne-se
disponível, que oportunidades há de que
sejam usadas para nortear e redirecionar as
atividades dos participantes
organizacionais? Para aqueles indivíduos
cujos interesses não são atendidos, ou que
são, possivelmente, prejudicados, pelas
atividades de uma organização focal, dois
conjuntos de táticas estão disponíveis para
modificarem aquela situação. A primeira é
descobrir caminhos de influência, através
da presente superestrutura institucional
(Astley e Fombrun, 1987) da comunidade
da qual é membro a organização focal. Se a
superestrutura institucional existente
fornece pouco ou nenhum recurso, então os
cidadãos (pelo menos aqueles em
sociedades democráticas) têm
oportunidades para elaborar tal
superestrutura na forma de novas
legislações e regulamentações. Não é
provável que tais desenvolvimentos
ocorram rapidamente. Reconhecemos que é
possível que danos de longo prazo
ocasionados pelas atividades de
organizações focais possam estar bem
caracterizados antes de que quaisquer
restrições significativas possam ser
desenvolvidas e aplicadas. Além disso, é
provável que o desenvolvimento de nova
legislação seja contestado por aqueles que
se beneficiam pela ausência de tal legislação
e por aqueles cujos interesses possam ser
prejudicados pela aprovação de tal
legislação. Todavia, as ‘regras’ formais e
informais que regulam a conduta e as
conseqüências das atividades
organizacionais deveriam estar sujeitas ao
exame, acurado, científico e político.
O exame acurado e a avaliação política
ocorrem dentro de uma ideologia normativa
existente. Como parte do processo de tentar
mudar ou retrabalhar a legislação existente, a
ação política necessariamente envolve
tentativas de mudar as ideologias existentes.
Os proponentes de nova legislação podem
tentar aplicar a persuasão moral às atividades
de uma organização focal. Eles podem tentar
mudar os valores dos membros da coalizão
dominante ou trabalharem para mudar os
valores sociais maiores de forma tal a que as
atividades das empresas-alvo sejam percebidas
como sendo cada vez menos legítimas. Em
qualquer caso, a condição de legitimidade dos
arranjos organizacionais existentes torna-se o
gatilho para mudança das atividades
organizacionais em que julga-se que os
interesses próprios da coalizão dominante são
contrários aos interesses dos outros membros
da sociedade. Conflito político contínuo
continuará a existir entre objetivos sociais e
organizacionais e a qualidade do ambiente
natural (Schnaiberg e Gould, 1994).
A Promessa da Teoria dos Sistemas
A teoria dos sistemas parece ser uma
estrutura conceitual comum para ambos os
domínios, o ambientalista e o organizacional.
Na verdade, prescrição comum entre os
escritores ambientalistas consiste na adoção,
total, em sociedades e organizações, dos
princípios de sistemas ecológicos como o
‘único caminho’ na direção da sustentabilidade
ambiental (Milbrath, 1989; Shrivastava, 1992,
1994; Stead e Stead, 1992). O que é menos
discutido dentro de cada perspectiva é que a
realidade é socialmente construída, sendo
problemático o efeito que as fronteiras
temporal e espacial, que tanto focalizam como
limitam a atenção, produzem. De forma
paradoxal, essas características problemáticas,
29
de ambos os domínios, permitem uma
futura confluência, otimista e adaptável, de
dois esquemas conceituais historicamente
separados. À medida que a informação,
sobre os efeitos das ações coletivas,
humana e organizacional, na biosfera,
torna-se disponível, ela será, gradualmente
legalizada dentro das crenças de atores
sociais (Gamson et al., 1992). Os
indivíduos, quer através do interesse
próprio ou através do cultivo de uma
consciência ecológica, modificarão as
conceitualizações coletivas das
organizações e seus ambientes.
Existem várias questões teóricas que
permanecem, em grande parte, sem solução
na literatura da teoria sociológica e
organizacional sobre sistemas sociais como
também na teoria ecológica sobre os
sistemas ecológicos. A teoria dos sistemas
abertos nos direciona para considerar as
organizações e a biosfera como fenômenos
dinâmicos, que estão constantemente se
ajustando às mudanças ambientais. Os
sistemas compreendem subsistemas e
unidades individuais que também estão em
estado de mudança dinâmica em relação ao
outro. Contudo, as ligações entre a ação
individual e as conseqüências no nível
sistêmico (o relacionamento micro e macro)
e as ligações entre as mudanças no nível
sistêmico e as conseqüências individuais (o
relacionamento macro e micro)
permanecem, em grande parte, inexploradas
pelos cientistas sociais (Ashmos e Huber,
1987; Coleman, 1986; Namboodiri, 1988).
Uma exceção importante é a exploração da
natureza das conexões entre sistemas social
e ecológico, em termos de acoplamento
rígido e frouxo (Weick, 1979).
Em geral, sistemas frouxamente
acoplados têm sido freqüentemente
considerados como uma característica
positiva das organizações, enquanto
sistemas rigidamente acoplados são
considerados como menos desejáveis nas
organizações modernas. Como foi
determinado por Perrow (1984), sistemas
tecnológicos rigidamente acoplados são
propensos a ‘acidentes normais’. Mais
recentemente, Weick e Roberts (1993)
propuseram que sistemas sociais rigidamente
acoplados podem mediar ou neutralizar os
perigos inerentes dos sistemas tecnológicos
rigidamente acoplados. Conceptualizando a
mentalidade coletiva como ‘o padrão de
cuidadosas interrelações das ações em um
sistema social’, Weick e Roberts (1993,
p.357), propõem que as ações individuais em
sistemas de alta confiança (perigosos)
precisam ser tanto representativos como
subordinadosaos significados mutuamente
compartilhados e às comunidades de prática.
A cooperação, ao invés do individualismo, é
essencial para a ação cuidadosa (atenta) em
sistemas de complexidade interativa. Isto
introduz maior complexidade no
desenvolvimento de uma apreciação da
dinâmica do acoplamento rigido ou frouxo
entre sistemas organizacional e ecológico.
Dentro da perspectiva do ambientalismo
renovado, a ecologia industrial propõe que se
aumente a segurança ambiental através do
desenvolvimento de sistemas fechados de
produção industrial rigidamente acoplados. A
pressuposição subjacente é que a atividade
industrial é inerentemente perigosa para os
sistemas ecológicos, donde os sistemas
industriais necessitam ser cuidadosos, embora
desobrigados com os eco-ambientes maiores.
Coerente com as observações de Weick e
Roberts, em relação aos sistemas sociais
rigidamente acoplados sob tais condições, as
ações individuais são norteadas e subordinadas
àquelas de valor coletivo da sustentabilidade
ambiental.
Mais problemático para a existência de
ação ambiental acordada são o que Weick e
Roberts identificam como condições onde
existe uma mentalidade coletiva primitiva.
Como estudado na análise da perspectiva do
ambientalismo renovado, permanecem
30
contradições significativas entre valores
esposados e ações visíveis a respeito do
ambiente natural. Enquanto parte disto
pode ser atribuído ao estágio inicial do
conceito de desenvolvimento sustentável,
muito pode ser determinado pela falta de
disposição de abandonar totalmente os
valores do individualismo e os princípios do
livre mercado concorrencial das sociedades
ocidentais industrializadas. Estes valores
identificam um acoplamento frouxo dentro
e entre os sistemas social, tecnológico e
ecológico. Como Weick e Roberts (1993,
p.378) assim identificaram: ‘Uma cultura
que encoraja o individualismo, a
sobrevivência do mais apto, o heroísmo
machista, e as reações do tipo poder-fazer,
freqüentemente negligenciarão prática
cuidadosa de representação e
subordinação.’ Na medida que estes valores
culturais permanecem dentro da perspectiva
do ambientalismo renovado, a ação
ambiental cuidadosa continuará a estar
comprometida e as mudanças incrementais
podem continuar isoladas ou absorvidas
pelo status quo. A teoria dos sistemas
oferece também uma hipótese alternativa
com relação ao resultado das ações
incrementais. Coerente com a premissa
subjacente do credo ambientalista ‘Pense
globalmente, aja localmente’, o que pode
aparentar ser mudança incremental numa
pequena parte de um sistema pode, no
decorrer do tempo, ampliar-se e produzir
efeito em grande transformação em
sistemas de nível macro. De forma
independente, metodologias tradicionais de
pesquisa que limitam o escopo espacial e
temporal da indagação parecem ser mal
ajustadas no tratamento de questões
relativas a fenômenos dos sistemas
multifacetados. A pesquisa organizacional
precisa promover o desenvolvimento de
uma variedade de abordagens para estudar
as organizações e seus eco-ambientes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quanto mais saímos do mundo, menos o
deixamos e, no longo prazo, teremos que pagar nossos
débitos de uma só vez, o que pode ser inconveniente
para a nossa própria sobrevivência. (Wiener, 1954, p.
2)
O ‘ciclo problema-atenção’ das questões
sociais poderia sugerir que a atual
preocupação com as questões ambientais é
apenas temporária e se desvanecerá quando os
problemas forem resolvidos e um público
aborrecido dirigir sua atenção para outros
temas (Downs, 1972). Contudo, evidência
histórica e empírica está provando o caso
contrário (Dunlap, 1989). A preocupação com
o ambiente natural tem uma longa história e
provou ser notavelmente resiliente, apesar dos
desvios e bonanças temporárias na atividade.
Um dos motivos porquê o desafio ambiental
para a sociedade e suas organizações promete
permanecer e tornar-se mais proeminente é
que os seres humanos estão testemunhando e
experienciando os efeitos deletérios da
degradação do ambiente natural em escala e
escopo sem precedentes na história da
humanidade.
Outro motivo pode ser encontrado no
conceito de biofilia, que é definido como ‘a
afiliação emocional inata dos seres humanos
com outros organismos vivos’ (Wilson, 1984,
p.31). A hipótese da biofilia propõe que as
relações humanas com o ambiente natural são
afetadas, simultaneamente, pelas dimensões
material, emocional, cognitiva, estética e
espiritual da existência humana (Kellert,
1993). As três perspectivas alternativas em
eco-ambientes, identificadas neste capítulo,
representam graus de ênfase em cada
dimensão interrelacionada. Enquanto o
paradigma social dominante enfatiza relações
utilitárias e de dominação dos homens para
com a natureza, a perspectiva do
ambientalismo radical enfatiza as conexões
emocional, estética e espiritual dos homens
com o ambiente natural. A perspectiva (de
médio alcance) do ambientalismo renovado
representa uma abordagem mais cognitiva (ou
31
científica) para integrar e equilibrar estas
dimensões, algumas vezes contraditórias. O
dogma central da hipótese da biofilia é que
cada abordagem tem um lugar e um papel a
desempenhar na história evolucionária da
humanidade. Ênfase demasiada em uma ou
em algumas facetas, com a exclusão de
outras, pode ter conseqüências destrutivas
tanto para os homens como para o
ambiente natural. Por exemplo, focalizar
somente no valor material e nos benefícios
a serem obtidos a partir do ambiente natural
(como pelo paradigma social dominante)
norteia ações ambientalmente insustentáveis
e irá ameaçar, a longo prazo, por fim, as
necessidades de sustento, proteção e
segurança dos seres humanos. De forma
similar, preservar o ambiente natural
meramente pelo seu valor estético (como
pela ecologia profunda), com a exclusão de
outras relações com o ambiente natural,
renega o desenvolvimento das relações
materiais necessárias para a existência física
humana. Por fim, existe uma necessidade de
equilíbrio entre estes relacionamentos
díspares e, algumas vezes, conflitantes com
o ambiente natural - não um equilíbrio final
estático, mas um equilíbrio dinâmico entre
sistemas existenciais naturais e humanos,
em evolução.
Um argumento similar pode ser feito
com relação à introdução do ambiente
natural dentro do discurso da teoria e da
prática das organizações. Como
desenvolvido em nossa discussão da teoria
organizacional, as conceptualizações
ortodoxas dos interesses e ações
organizacionais têm sido amplamente
destituídas das considerações da conexão
homem-natureza. Contudo, existe ainda
evidência crescente de que mudanças no
ambiente físico virão trazer, claramente,
mudanças societais. A partir das
perspectivas ambientalistas, a mudança
biofísica e social é iminente e inevitável.
Desta maneira, apoiar o status quo na teoria
e na ação organizacional não é um caminho
seguro, e sim um caminho destrutivo para a
biosfera e a espécie humana. Que a mudança é
inevitável não é assunto em questão. É a
direção e a natureza da mudança que são os
focos do desafio ambientalista para a ciência
da organização. Como propôs Lovelock
(1988) em seu princípio Gaia, a biosfera do
planeta continuará a adaptar-se e a mudar
como resultado dos fenômenos humano e não-
humano: a questão essencial é se a futura
biosfera poderá incluir a espécie humana.
NOTAS
1 Em 1935, o ecologista botânico inglês Tansley introduziu o
conceito de ecossistema como sendo: ‘todo o sistema (no
sentido da física) incluindo não somente o complexo do
organismo, mas também todo o complexo de fatores físicos
que formam o que chamamos de ambiente do bioma - os
fatores do habitat em sentido mais amplo’ (como citado por
McIntosh, 1985, p. 193).
2 Como proposto por Kassas e Polunin (1989), os
ecossistemas compreendem três sistemas: a biosfera, que
engloba a atmosfera mais baixa do planeta, a litosfera
(terra), a hidrosfera (água) e os sistemas vivos; a tecnosfera,
que é composta dos sistemas de estruturas humanas dentro
da biosfera; e a sociosfera, que é composta das instituições
sociopolíticas, socioeconômicase socioculturais criadas
pelos humanos. A biosfera apresenta três funções
interrrelacionadas na manutenção dos sistemas vivos, isto é,
ela provê recursos, ela provê serviços ambientais (tais como
suporte à vida e amenidades) e ela acumula produtos
residuais (Jacobs, 1993).
3 Entretanto, defensores da teoria marxista afirmam que os
ensinamentos originais marxistas não eram antagônicos ao
ambiente natural mas, ao invés, que as práticas centralizadas
dos estados socialistas modernos eram baseadas numa
interpretação Stalinista do comunismo (Grundmann, 1991;
McLaughlin, 1990; Raskin e Bernow, 1991). Conforme
afirma Pepper (1993, p. 109), ‘a dialética sociedade-natureza
[de Marx] parece ser, na realidade, profundamente orgânica
(vendo as duas como a composição de um corpo orgânico) e
monista (fenômeno físico e mental que pode ser analisado
em termos de uma realidade comum subjacente)’.
i4 A primeira lei da termodinâmica é a lei da conservação,
que postula que a quantidade total de energia é constante,
não é destruída ou criada, mas transformada de um estado
para outro (Stead e Stead, 1992). A segunda lei é a da
entropia, que postula que quando a energia muda de
estado, uma porção de energia utilizável é perdida.
Com relação aos sistemas vivos, existe o potencial para
a entropia negativa, mas a importação de energia
adicional pode prevenir o declínio e a morte
(Georgescu-Rogen, 1971).
32
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39
Não utilizar esta parte do
trabalho pois está repetida.
Contudo, ela não pode ser
apagada!
 
1 Em 1935, o ecologista botânico inglês Tansley
introduziu o conceito de ecossistema como sendo: ‘todo o
sistema (no sentido da física) incluindo não somente o
complexo do organismo, mas também todo o complexo
de fatores físicos que formam o que chamamos de
ambiente do bioma - os fatores do habitat em sentido
mais amplo’ (como citado por McIntosh, 1985, p. 193).
2 Como proposto por Kassas e Polunin (1989), os
ecossistemas consistem de três sistemas: a biosfera, que
engloba a atmosfera mais baixa do planeta, a litosfera
(terra), a hidrosfera (água) e os sistemas de vida; a
tecnosfera, que é composta de sistemas das estruturas
humanas dentro da biosfera; e a sociosfera, que é
composta das instituições sociopolíticas,
socioeconômicas e socioculturais criadas pelos humanos.
A biosfera apresenta três funções inter-relacionadas na
manutenção dos sistemas vivos, isto é, ela provê
recursos, ela provê serviços ambientais (tais como
suporte à vida e amenidades) e ela acumula produtos
residuais (Jacobs, 1993).
3 Entretanto, defensores da teoria marxista afirmam que
os ensinamentos originais marxistas não eram
antagônicos ao ambiente natural, mas ao invés, que as
práticas centralizadas dos estados socialistas modernos
eram baseadas numa interpretação Stalinista do
comunismo (Grundmann, 1991; McLaughlin, 1990;
Raskin e Bernow, 1991). Conforme afirma Pepper
(1993, p. 109), ‘a dialética sociedade-natureza de Marx
parece ser, na realidade, profundamente orgânica (vendo
as duas como a composição de um corpo orgânico) e
monismo (fenômeno físico e mental pode ser analisado
em termos de uma realidade comum subjacente)’.
14 A primeira lei da termodinâmica é a lei da
conservação, que postula que a quantidade total de
energia é constante, não é destruída ou criada, mas é
transformada de um estado para outro (Stead e Stead,
1992). A segunda lei é a da entropia, que postula que
quando a energia muda de estado, uma porção de
energia utilizável é perdida. Com relação aos
sistemas vivos, existe o potencial para a entropia
negativa, no qual a importação de energia adicional
pode antecipar o declínio e a morte (Georgescu-
Rogen, 1971).

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