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MINISTÉRIO DA SAÚDE
DOENÇAS INFECCIOSAS
E PARASITÁRIAS
GUIA DE BOLSO
8a edição revista
BRASÍLIA - DF
2010
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Vigilância em Saúde
Departamento de Vigilância Epidemiológica
DOENÇAS INFECCIOSAS
E PARASITÁRIAS
GUIA DE BOLSO
8a edição revista
Série B. Textos Básicos de Saúde
BRASÍLIA - DF
2010
© 1999 Ministério da Saúde.
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, 
desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.
A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da 
área técnica.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na 
Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: http://www.saude.gov.br/bvs
Série B. Textos Básicos de Saúde
Tiragem: 8a edição revista – 2010 – 90.000 exemplares
Elaboração, edição e distribuição:
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Vigilância em Saúde
Departamento de Vigilância Epidemiológica
Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Edifício-Sede, 1o andar
CEP: 70058-900 Brasília – DF
E-mail: svs@saude.gov.br
Home page: http://www.saude.gov.br
Projeto Gráfico:
Edite Damásio da Silva e Fabiano Camilo
Capa:
Fabiano Camilo
Diagramação:
Edite Damásio da Silva
Revisão e copidescagem:
Regina Coeli Pimenta de Mello
Impresso no Brasil/Printed in Brazil
Títulos para indexação:
Em inglês: Infectious and Parasitic Diseases: pocket guide
Em espanhol: Enfermedades Infecciosas y Parasitarias: guía de bolso
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de 
 Vigilância Epidemiológica.
 Doenças infecciosas e parasitárias : guia de bolso / Ministério da Saúde, 
Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – 
8. ed. rev. – Brasília : Ministério da Saúde, 2010.
 444 p. : Il. – (Série B. Textos Básicos de Saúde)
 ISBN
 1. Doenças transmissíveis. 2. Vigilância epidemiológica. 3. Saúde pública. I. Título. 
II. Série. 
CDU 616.9
Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2010/0092
Ficha Catalográfica
Agradecimentos
As várias edições deste Guia de Bolso têm sido fruto de um trabalho 
coletivo que envolve profissionais e dirigentes das áreas técnicas afins 
do Ministério da Saúde. Os editores têm o papel de coordenar esse pro-
cesso e revisar os capítulos, com vistas a imprimir certa uniformidade à 
publicação, além de elaborar capítulos sobre temas específicos. Assim, 
centenas de profissionais vêm participando ativamente dessa constru-
ção, de modo que parte dos conteúdos das edições anteriores perma-
necem nas edições seguintes. Nesse sentido, os editores desta 8ª edição 
expressam o seu reconhecimento e agradecem o empenho e contribui-
ções de todos os autores e colaboradores.
Prefácio 11
Introdução 13
PARTE I
Vigilância Epidemiológica: procedimentos técnicos e 
situação das doenças infecciosas no Brasil 15
1 Influenza Pandêmica A(H1N1)2009 17
2 Situação Epidemiológica das Doenças Transmissíveis no Brasil 38
3 Vigilância Epidemiológica 46
4 Estrutura para Respostas às Emergências em Saúde Pública 51
5 Sistemas de Informações 56
6 Acidentes por Animais Peçonhentos 62
PARTE II
Doenças Infecciosas de Interesse para a Saúde Pública 75
1 Aids 77
2 Amebíase 92
3 Ancilostomíase 95
4 Ascaridíase 97
5 Botulismo 99
6 Brucelose 105
7 Cancro Mole 108
8 Candidíase 111
9 Coccidioidomicose 114
10 Cólera 117
11 Coqueluche 121
Sumário
12 Criptococose 126
13 Criptosporidíase 129
14 Dengue 131
15 Difteria 139
16 Doença de Chagas 145
17 Doença de Lyme 152
18 Doenças Diarreicas Agudas 155
19 Doença Meningocócica 158
20 Donovanose 162
21 Enterobíase 166
22 Escabiose 169
23 Esquistossomose Mansônica 171
24 Estrongiloidíase 176
25 Febre Amarela 179
26 Febre Maculosa Brasileira 184
27 Febre Purpúrica Brasileira 188
28 Febre Tifóide 192
29 Filaríase por Wuchereria bancrofti 198
30 Giardíase 202
31 Gonorreia 205
32 Hanseníase 208
33 Hantaviroses 219
34 Hepatite A 224
35 Hepatite B 229
36 Hepatite C 236
37 Hepatite D 241
38 Hepatite E 246
39 Herpes Simples 250
40 Histoplasmose 255
41 Infecção pelo Papiloma Vírus Humano (HPV) 259
42 Influenza 263
43 Leishmaniose Tegumentar Americana 271
44 Leishmaniose Visceral 277
45 Leptospirose 284
46 Linfogranuloma Venéreo 293
47 Malária 296
48 Meningite por Haemophilus Influenzae 313
49 Meningite Tuberculosa 316
50 Meningites Virais 321
51 Mononucleose Infecciosa 323
52 Oncocercose 325
53 Paracoccidioidomicose 328
54 Parotidite Infecciosa 331
55 Peste 333
56 Poliomielite 338
57 Psitacose 344
58 Raiva 346
59 Rubéola e Sindrome da Rubéola Congênita 353
60 Sarampo 365
61 Shigelose 370
62 Sífilis Adquirida e Congênita 373
63 Teníase / Cisticercose 387
64 Tétano Acidental 391
65 Tétano Neonatal 399
66 Toxoplasmose 404
67 Tracoma 408
68 Tuberculose 412
69 Varicela / Herpes Zoster 429
Equipe Técnica 439
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 11
Prefácio
O Guia de Bolso de Doenças Infecciosas e Parasitárias tem sido re-
conhecido pelos profissionais de saúde como um manual prático e de 
grande utilidade. Certamente, essa deve ser uma das razões pelas quais 
ele tem se constituído no veículo técnico de grande procura por esses 
usuários e, consequentemente, de maior tiragem dentre as publicações 
do Ministério da Saúde.
Como é especialmente dirigido aos médicos, em particular para aque-
les que desempenham as suas funções nos serviços de saúde pública 
de nosso país, esta obra deve oferecer informações atualizadas sobre 
aspectos clínicos, epidemiológicos, laboratoriais, tratamento e medidas 
de prevenção e controle daquelas doenças que em função de sua mag-
nitude ou gravidade com que acomete a população brasileira apresen-
tam potencial para, além de danos à saúde dos indivíduos, tornarem-se 
um importante problema de saúde pública. 
Atento a relevância social desta publicação entendemos ser oportuna 
a publicação desta Edição atualizada e ampliada, especialmente nes-
te momento. Entre as razões para esta decisão destacam-se a recente 
produção de informações acerca da conduta diagnóstica e terapêutica 
oriunda de reuniões de consenso dos Comitês Técnicos Assessores do 
Ministério da Saúde que, dentre outros profissionais, são constituídos 
por representantes das Sociedades Científicas Brasileiras de algumas 
doenças transmissíveis, bem como em razão da ocorrência da grave 
pandemia de Influenza A, produzida pelo vírus A(H1N1) 2009, que 
colocou em alerta as autoridades nacionais de países nos cinco conti-
nentes e autoridades internacionais, tais como a Organização Mundial 
de Saúde (OMS) e Organização das Nações Unidas (ONU.
O Ministério da Saúde e Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde 
vêm adotando um conjunto de ações estratégicas para fazer frente ao 
desafio de enfrentamento da referida pandemia que, segundo previ-
sões, poderá recrudescer nos próximos meses no Hemisfério Sul em 
razão da característica sazonal dessa enfermidade. Em face dessa pre-
visão e da importância que esta epidemia assumiu no Brasil, decidimos 
incluir neste Guia um capítulo especial sobre Influenza Pandêmica 
A(H1N1)2009, precedendo todos os demais, mesmo que extrapolando 
a estrutura sintética adotada nos outros temas abordados, característi-
ca desta publicação. O propósito é possibilitar que os profissionais de 
saúde possam sempre ter à mão para consulta, no curso de sua rotina 
de trabalho, este Manual. 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS12
Esperamos que a participação de toda a classe médica no monitora-
mento e na detecção precoce de eventos de maior importância para 
a saúde pública resulte no aumento da sensibilidade do sistema de vi-
gilância epidemiológica para que este possa de modo constante, atuar 
oportunamente quando medidas individuais e coletivas de prevenção e 
controle de doenças se fizerem necessárias.
José Gomes Temporão
Ministro de Estado da SaúdeSecretaria de Vigilância em Saúde / MS 13
Introdução
Reiterando o propósito de apresentar aos médicos do nosso país infor-
mações essenciais e atualizadas acerca de doenças infecciosas e parasi-
tárias que se apresentam como de maior relevância para a população 
brasileira, a exemplo das edições anteriores, atualizações importantes 
são aqui oferecidas. Destacam-se aquelas que se referem às doenças 
que são objeto de interesse para a Vigilância Epidemiológica, como as 
relativas aos esquemas de tratamento da Malária, Tuberculose e Hepa-
tites Virais. 
Um capítulo sobre a moderna estrutura do sistema de respostas às 
emergências de saúde pública que o SUS implantou em anos recentes, 
ganhou destaque na presente edição deste Guia de Bolso. 
Entretanto, a maior novidade diz respeito a sua ampliação com um 
capítulo que traz informações mais completas sobre a Influenza A 
(H1N1)2009, virose declarada pela OMS como uma pandemia e que 
continua sendo motivo de preocupação para autoridades de saúde, na-
cionais e internacionais, em virtude do seu crescimento no Hemisfério 
Norte o que aponta para o aparecimento de uma segunda onda pandê-
mica nos próximos meses, no Hemisfério Sul.
As três esferas de atuação do SUS, além das redes de atenção de saú-
de suplementar e privada do país, já estão sendo preparadas para dar 
continuidade e fortalecer as iniciativas governamentais voltadas para 
prestar a devida atenção médica e preventiva aos indivíduos acometi-
dos por esta doença. 
Por esta razão, a tiragem desta nova edição foi ampliada no propósito 
de somar esforços para garantir que a atenção necessária seja de qua-
lidade em todos os recantos deste país continental, na medida em que 
teremos assegurado aos profissionais de saúde informações sobre os 
avanços no que se refere à vigilância epidemiológica, além do diagnós-
tico e tratamento dessa e de outras doenças transmissíveis de interesse 
para a saúde coletiva.
Gerson Oliveira Penna
Secretário de Vigilância em Saúde
PARTE I
Vigilância Epidemiológica: 
procedimentos técnicos 
e situação das doenças 
infecciosas no Brasil 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 17
Influenza Pandêmica A(H1N1)2009
CID 10: J10 a J11
Os vírus da influenza A e B possuem vários subtipos que sofrem con-
tínuas mutações, surgindo novas cepas. Em geral, as novas cepas que 
passam a infectar humanos apresentam diferentes graus de distinção 
em relação àquelas até então circulantes, devido ao referido processo 
de mutação, possivelmente por meio da recombinação de genes en-
tre cepas que infectam diferentes espécies animais. Em abril de 2009, 
foi detectado no México um novo vírus da Influenza A, o (H1N1), 
colocando em alerta a Saúde Pública mundial. Esta nova cepa rapida-
mente se disseminou causando uma pandemia e o agente passou a ser 
denominado vírus influenza pandêmico (H1N1) 2009. Até a semana 
epidemiológica 47, que terminou em 28 de novembro de 2009, casos 
de influenza provocados por este agente haviam sido confirmados la-
boratorialmente em 207 países, incluindo 8.768 óbitos. Para o enfren-
tamento dessas situações, planos para as fases de contingência e miti-
gação do problema foram elaborados e vêm sendo sistematicamente 
atualizados pelo Ministério da Saúde com base nas orientações ema-
nadas da Organização Mundial de Saúde (OMS) e OPAS, bem como 
do conhecimento que está sendo produzido no curso desse evento. Até 
o momento de edição deste livro, cerca de 1.329 artigos foram publica-
dos nos principais jornais científicos do mundo sobre o tema. 
Agente etiológico - Vírus da Influenza pertence à família Ortomi-
xiviridae. São vírus RNA de hélice única, que se subdividem em três 
tipos antigenicamente distintos: A, B e C. Os tipos A, responsáveis pela 
ocorrência da maioria das epidemias de gripe, são mais suscetíveis a 
variações antigênicas, razão pela qual, periodicamente, suas variantes 
sofrem alterações na estrutura genômica, contribuindo para a existência 
de diversos subtipos. São classificados de acordo com os tipos de proteí-
nas que se localizam em sua superfície, chamadas de hemaglutinina (H) 
e neuraminidase (N). A proteína H está associada à infecção das células 
do trato respiratório superior, onde o vírus se multiplica; enquanto a 
proteína N facilita a saída das partículas virais do interior das células 
infectadas. Nos vírus influenza A humanos, já foram caracterizados três 
subtipos de hemaglutinina imunologicamente distintos (H1, H2 e H3) 
e duas neuraminidases (N1 e N2). A nomenclatura dos vírus influenza 
definida pela OMS inclui, na seguinte ordem: tipo de vírus influenza; 
localização geográfica onde o vírus foi isolado pela primeira vez; o nú-
mero da série que recebe no laboratório e; ano do isolamento. Quando 
é influenza do tipo A, a descrição dos antígenos de superfície do vírus, 
1
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS18
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
ou seja, da hemaglutinina e da neuraminidase, é apresentada entre pa-
rênteses, como, por exemplo, A/Sydney/5/97(H3N2).
Sinonímia - Influenza Pandêmica A(H1N1)2009 pandêmica, influen-
za suína, Gripe pandêmica, influenza humana pandêmica.
Reservatório - Os reservatórios conhecidos na natureza para o vírus 
da influenza são os seres humanos, os suínos, os equinos, as focas e as 
aves. As aves migratórias, principalmente as aquáticas e as silvestres, 
desempenham importante papel na disseminação natural da doen-
ça entre distintos pontos do globo terrestre. Em geral, a transmissão 
ocorre dentro da mesma espécie, exceto no porco, cujas células têm 
receptores para os vírus humanos e aviários. Os vírus influenza do 
tipo A infectam seres humanos, suínos, cavalos, mamíferos marinhos 
e aves; os do tipo B ocorrem exclusivamente em seres humanos; e os 
do tipo C, em seres humanos e suínos. 
Modo de transmissão - O modo mais comum é a transmissão direta 
(pessoa a pessoa), por meio de pequenas gotículas de aerossol (>5 mi-
limicras de diâmetro) expelidas pelo indivíduo infectado com o vírus 
(ao falar, tossir e espirrar) às pessoas suscetíveis. Também há evidên-
cias de transmissão pelo modo indireto, por meio do contato com as 
secreções do doente. Nesse caso, as mãos são o principal veículo, ao 
propiciarem a introdução de partículas virais diretamente nas mucosas 
oral, nasal e ocular. A eficiência da transmissão por essas vias depende 
da carga viral e fatores ambientais (umidade e temperatura) e ao tempo 
transcorrido entre a contaminação e o contato com a superfície conta-
minada. O modo indireto também ocorre por meio do contato com 
as secreções do doente. Nesse caso, as mãos são o principal veículo, ao 
propiciarem a introdução de partículas virais diretamente nas mucosas 
oral, nasal e ocular. 
Período de incubação - Dados produzidos por alguns países, in-
dicam que, atualmente, o período de incubação relacionado ao novo 
vírus da Influenza Pandêmica A(H1N1) 2009, pode variar de 1 a 7 
dias, sendo mais comum entre 1 a 4 dias.
Período de transmissibilidade - Informações preliminares dos 
casos de Influenza Pandêmica A(H1N1)2009 pandêmica investigados 
até o momento indicam que, para o adulto, o período pode variar de 1 
dia antes até o 7° dia após o início dos sintomas e, para menores de 12 
anos, 1 dia antes até o 14° dia após o início dos sintomas.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 19
INFLUENZA PANDÊMICA A(H1N1)2009
ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS
Manifestações clínicas - Clinicamente, a doença inicia-se com a 
instalação abrupta de febre alta, em geral acima de 38°C, seguida de 
mialgia, dor de garganta, prostração, cefaleia e tosse seca. A febre é, 
sem dúvida, o sintoma mais importante e perdura em torno de 3 dias. 
Os sintomas sistêmicos são muito intensos nos primeiros dias da do-
ença. Com a sua progressão, os sintomas respiratórios tornam-se mais 
evidentes e mantêm-se em geral por 3 a 4 dias, após o desaparecimento 
da febre. É comum a queixa de garganta seca, rouquidão, tosse seca 
e queimação retro-esternal ao tossir, bemcomo pele quente e úmida, 
olhos hiperemiados e lacrimejantes. Há hiperemia das mucosas, com 
aumento de secreção nasal hialina. O quadro clínico em adultos sadios 
pode variar de intensidade. Nas crianças, a temperatura pode atingir 
níveis mais altos, sendo comum o achado de aumento dos linfonodos 
cervicais. Quadros de bronquite ou bronquiolite, além de sintomas gas-
trointestinais, também podem fazer parte da apresentação clínica em 
crianças. Os idosos quase sempre apresentam-se febris, às vezes sem 
outros sintomas, mas em geral a temperatura não atinge níveis tão al-
tos, ou mesmo cursam sem febre.
As situações reconhecidamente de risco para desenvolvimento de for-
mas graves e de óbito incluem gestação, idade menor do que 2 anos ou 
maior que 60 anos e presença de comorbidades, como doença pulmo-
nar crônica (asma e doença pulmonar obstrutiva crônica – DPOC), 
cardiopatias (insuficiência cardíaca crônica, por exemplo), doença 
metabólica crônica (diabetes, obesidade mórbida, por exemplo), imu-
nodeficiência ou imunodepressão, doençaAs complicações são mais 
comuns em idosos e indivíduos vulneráveis. As mais frequentes são 
as pneumonias bacterianas secundárias, sendo geralmente provocadas 
pelos seguintes agentes: Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus e 
Haemophillus influenzae. Uma complicação incomum, e muito grave, 
é a pneumonia viral primária pelo vírus da influenza. Nos imunocom-
prometidos, o quadro clínico é geralmente mais arrastado e, muitas 
vezes, mais grave. Gestantes com quadro de influenza especialmente 
no segundo ou terceiro trimestre da gravidez estão mais propensas à 
agravamento do quadro clínico o que exige internação hospitalar.
Dentre as complicações não pulmonares em crianças, destaca-se a sín-
drome de Reye, que também está associada aos quadros de varicela. 
Esta síndrome caracteriza-se por encefalopatia e degeneração gordu-
rosa do fígado, após o uso do ácido acetil salicílico (AAS), na vigência 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS20
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
de um desses quadros virais. Recomenda-se, portanto, que não sejam 
utilizados medicamentos do tipo ácido acetil salicílico, em crianças 
com síndrome gripal ou com varicela. 
Entre outras complicações incluem miosite, miocardite, pericardite, 
síndrome do choque tóxico, síndrome de Guillain-Barré e, mais rara-
mente, encefalite e mielite transversa.
Influenza pandêmica ou com potencial pandêmico - A descrição 
dos poucos casos de pacientes hospitalizados infectados por influenza 
pandêmica A(H1N1) 2009 pandêmica, em alguns países (ex.: Tailân-
dia, Vietnã, Indonésia), revela que as manifestações iniciais são febre 
alta (>38°C), acompanhada de tosse, dor de garganta e sintomas do 
trato respiratório inferior. Há relato da presença de diarreia, vômitos, 
dor abdominal, dor pleurítica e sangramento do nariz e gengiva. Em-
bora rara, pode ocorrer também conjuntivite. Além disso, já foram 
identificados dois pacientes com doença encefalopática e diarreia, sem 
sintomas respiratórios. Tem sido observado o desenvolvimento de ma-
nifestações respiratórias baixas, no início da doença, com dispneia em 
média 5 dias após o início dos sintomas (variando de 1 a 16 dias), sibi-
los inspiratórios e escarro (frequentemente hemoptóico).
A evolução para insuficiência respiratória aguda (IRA) é comum e tem 
sido associada a infiltrado pulmonar com aparência de vidro fosco, di-
fuso e bilateral, evoluindo, em média, 6 dias (intervalo de 4 a 13 dias) 
após os sintomas iniciais. 
É frequente a constatação clínica de pneumonia viral primária, em 
praticamente todos os pacientes. Em geral, as alterações radiológicas 
surgem, em média, 7 dias após o início dos sintomas (intervalo de 3 
a 17 dias) e incluem: infiltrado pulmonar localizado multifocal ou di-
fuso; infiltrado intersticial e consolidação lobular ou segmentar, com 
broncograma aéreo. O derrame pleural é incomum. 
Falência de múltiplos órgãos com sinais de insuficiência renal e com-
prometimento cardíaco (dilatação e taquiarritmias supraventriculares) 
tem sido habitual. Outras complicações identificadas são: pneumonia 
associada ao ventilador, hemorragia pulmonar, pneumotórax, pancito-
penia, síndrome de Reye e sepsis sem bacteremia documentada. 
Os achados laboratoriais mais presentes são: leucopenia com linfoci-
topenia, trombocitopenia e aumento de transaminases de leve a mo-
derada. Pode ocorrer ainda hiperglicemia e aumento de creatinina. É 
importante realizar o monitoramento clínico para detecção do agrava-
mento dos quadros. 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 21
INFLUENZA PANDÊMICA A(H1N1)2009
Como visto, as situações de risco para desenvolvimento de formas gra-
ves e óbito incluem gestação, idade menor do que 2 anos e presença 
de comorbidades, como doença pulmonar crônica, cardiopatias, doen-
ça metabólica crônica, imunodeficiência ou imunodepressão, doença 
crônica renal e hemoglobinopatias. As complicações são mais comuns 
em idosos e indivíduos vulneráveis. Tem sido ainda relatado que a po-
pulação indígena também apresenta risco acrescido para desenvolver 
forma grave ou óbito.
O quadro, na maioria dos casos de Influenza Pandêmica A(H1N1) 2009 
pandêmica, é benigno e autolimitado, clinicamente moderado, carac-
terizado por febre, tosse, coriza, dor de cabeça e mal-estar. No entanto, 
tem-se observado uma proporção de pacientes que apresentam a forma 
grave, com importante acometimento pulmonar, que pode evoluir rapi-
damente para insuficiência respiratória, principalmente em grupos de 
risco já conhecidos para complicações para influenza sazonal. Cerca de 
90% dos pacientes apresentam início abrupto, com febre alta, em geral 
acima de 38°C, seguida de mialgia, dor de garganta, rinorreia, artralgias, 
prostração, dor de cabeça e tosse seca. Diarreia, vômitos e fadiga podem 
estar presentes. Atualmente, os casos que apresentam febre alta (>38°C), 
tosse e dispneia são classificados como síndrome respiratória aguda gra-
ve, devendo ser cuidadosamente avaliados.
Desde 16 de julho de 2009, após a declaração de transmissão sustenta-
da, o Ministério da Saúde, em articulação com as secretarias de saúde 
dos estados e municípios, realiza a vigilância epidemiológica de sín-
drome respiratória aguda grave (SRAG) e de surtos por síndrome gri-
pal, com os objetivos de melhorar o conhecimento do comportamento 
epidemiológico da doença e de reduzir a ocorrência de formas graves 
e óbitos.
Diagnóstico diferencial - As características clínicas não são espe-
cíficas e o principal diagnóstico diferencial é com a Influenza Sazonal 
(vide capítulo na página 261). Podem também ser similares àquelas 
causadas por outros vírus respiratórios, que também ocorrem sob 
a forma de surtos e, eventualmente, circulam ao mesmo tempo, tais 
como rinovírus, vírus parainfluenza, vírus respiratório sincicial, ade-
novírus e coronavírus. Mesmo sendo mais intensos os sintomas sistê-
micos da Influenza pandêmica (H1N1)2009 são os mesmos que o da 
gripe sazonal e o diagnóstico diferencial, apenas pelo quadro clínico, 
entre as mesmas, pode se tornar difícil.
Diagnóstico laboratorial - Os procedimentos apropriados de cole-
ta, transporte, processamento e armazenamento de espécimes são de 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS22
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
fundamental importância no diagnóstico dessa infecção viral, sendo 
que pode haver particularidades para cada etapa De forma geral, o 
espécime preferencial para o diagnóstico laboratorial é a secreção da 
nasofaringe (SNF), colhido de preferência nos primeiros três dias de 
aparecimento dos sinais e sintomas até no máximo o 7° dia. (mas, pre-
ferencialmente, até o 3° dia).
A partir de 1 de janeiro de 2010, será objeto de notificação e coleta de 
material biológico apenas os casos de SRAG que forem hospitalizados. 
Tal medida justifica-se devido ao aumento no número de amostras co-
letadas a partir de casos suspeitos de síndrome gripal, durante a ocor-
rência da atual pandemia. Desde entãoos laboratórios de referência 
passaram a priorizar o processamento de amostras e diagnóstico de 
casos graves e óbitos. 
Os agentes infecciosos prioritários para investigação etiológica são os 
vírus influenza e os agentes etiológicos responsáveis por quadros de 
pneumonia bacteriana. As amostras de secreções respiratórias devem 
ser coletadas preferencialmente no 3° dia após o início dos sintomas e, 
no máximo, até o 7° dia.
laboratorial do novo vírus da Influenza Pandêmica A(H1N1)2009 
pandêmica é o RT-PCR. 
(IFI) para detecção desse novo subtipo de Influenza Pandêmica 
A(H1N1)2009 pandêmica, no momento atual.
suspeitos para o diagnóstico de infecção pelo novo vírus da Influenza 
Pandêmica A(H1N1)2009 pandêmica será realizado exclusivamente 
pelos Laboratórios de Referência (LR): Instituto Adolfo Lutz (IAL/
SP), em São Paulo; Instituto Evandro Chagas (IEC/PA), no Pará; 
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/RJ), no Rio de Janeiro. 
 O isolamento viral e as técnicas de biologia molecular são realizados 
na Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública que é composta 
por Laboratórios Centrais de Saúde Pública dos Estados, além de três 
laboratórios de referência nacional para influenza (Instituto Evandro 
Chagas/SVS/MS, Fiocruz/MS e Instituto Adolfo Lutz/SES/SP). Estas 
instituições realizam caracterização antigênica e genômica dos vírus 
da influenza isolados, além do monitoramento das mutações e da 
resistência aos medicamentos. Para caracterização complementar de 
vírus de influenza detectados no país amostras são enviadas pelos 
laboratórios de referência para o CDC/Atlanta, Centro Colaborador 
da OMS para as Américas.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 23
INFLUENZA PANDÊMICA A(H1N1)2009
recomendações da OMS, o Ministério da Saúde reitera que a coleta 
de amostras de material humano seja realizada rigorosamente dentro 
das normas de biossegurança preconizadas para essa situação. 
amostras de sangue ou outras amostras clínicas que não sejam do 
trato respiratório para subsidiar o diagnóstico diferencial, conforme 
as hipóteses diagnósticas elencadas no hospital de referência e desde 
que façam parte da lista de exames próprios dessa rede de labora-
tórios, adotando-se as medidas de biossegurança preconizadas para 
cada situação.
Indicação para a coleta de amostras no indivíduo doente - Diante de 
um caso suspeito de doença respiratória aguda grave (apresentando ou 
não fator de risco para complicações), poderão ser coletadas amostras 
clínicas de:
Secreção nasofaringeana - Para detecção de vírus influenza.
Sangue para hemocultura - Para realização de pesquisa de agentes 
microbianos e avaliação da resistência antimicrobiana.
Outras amostras clínicas - Serão utilizadas apenas para monito-
ramento da evolução clínica do paciente e/ou para realização de 
diagnóstico diferencial, conforme hipóteses elencadas pelo médico 
do hospital de referência e as evidências geradas pela investigação 
epidemiológica.
Técnica para a coleta 
frasco coletor de secreção, pois a amostra obtida por essa técnica 
pode concentrar maior número de células.
como alternativa, poderá ser utilizada a técnica de swab combinado 
de nasofaringe e orofaringe, exclusivamente com swab de rayon.
swab de algodão, pois o mesmo interfere 
nas metodologias moleculares utilizadas. 
em temperatura adequada de refrigeração (4° a 8°C) e encaminhadas 
aos Lacen, no mesmo dia da coleta.
uma na fase aguda e outra na fase convalescente (15 dias após o início 
dos sintomas). Uma vez obtido o soro, eles deve ser congelado a -20°C 
e encaminhado ao Lacen, onde será submetido à análise para outros 
possíveis agentes etiológicos.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS24
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Acondicionamento, transporte e envio de amostras para diagnósti-
co - As unidades coletoras deverão encaminhar as amostras ao Lacen 
de seu estado ou Distrito Federal, acompanhadas da ficha epidemioló-
gica devidamente preenchida. 
As amostras deverão ser colocadas em caixas (térmicas) de paredes rí-
gidas, que mantenham a temperatura adequada de refrigeração (de 4° 
a 8°C), até a chegada ao Lacen.
O Lacen deverá acondicionar a amostra em caixas específicas para 
transporte de substâncias infecciosas, preferencialmente em gelo seco. 
Na impossibilidade de obter gelo seco, a amostra poderá ser congelada 
a -70°C e encaminhada em gelo reciclável.
O envio e a comunicação com a informação do “número de conhe-
cimento aéreo” devem ser imediatos para o respectivo laboratório de 
referência. O transporte deve obedecer as Normas da Associação In-
ternacional de Transporte Aéreo (IATA).
Indicação para a coleta de amostras em situação de óbito - Recomen-
dada apenas nos locais onde seja viável a realização das técnicas de 
coleta de amostras, para diagnóstico post-mortem de casos de doença 
respiratória aguda grave sem diagnóstico etiológico prévio, em situa-
ções especiais indicadas pela vigilância epidemiológica.
Os ácidos nucléicos virais podem ser detectados em diversos tecidos, 
principalmente de brônquios e pulmões, que constituem espécimes de 
escolha para o diagnóstico laboratorial de vírus influenza pela técni-
ca de transcrição reversa, associada à reação em cadeia, mediada pela 
polimerase (RT-PCR). No entanto, considerando a principal infecção 
secundária à influenza, foram contempladas neste item orientações 
para coleta de amostras para o diagnóstico bacteriano diferencial, bem 
como para o diagnóstico histopatológico.
Coleta dos espécimes teciduais - Devem ser coletados, no mínimo, 
8 fragmentos de cada tecido com dimensões aproximadas de 1 a 3cm. 
Amostras de outros sítios das vias aéreas também podem ser subme-
tidas a culturas e a ensaios moleculares. Colocar, em recipientes sepa-
rados e devidamente identificados, as amostras coletadas de órgãos 
diferentes.
Pontos anatômicos de coleta de amostras
esquerdo e da traqueia proximal e distal;
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 25
INFLUENZA PANDÊMICA A(H1N1)2009
podem ser coletados fragmentos do miocárdio (ventrículo direito e 
esquerdo), do SNC (córtex cerebral, gânglios basais, ponte, medula 
e cerebelo); e do músculo esquelético, respectivamente;
macroscópica, podem ser encaminhados para investigação da 
etiologia viral. 
Acondicionamento das amostras
Para diagnóstico viral
-
ratórias ou de qualquer outra localização anatômica devem ser 
acondicionadas individualmente, em recipientes estéreis, e imersas 
em meio de transporte viral ou solução salina tamponada (PBS pH 
7.2), suplementadas com antibióticos.
origem tecidual, devem ser congelados e transportados em gelo 
seco. 
Para diagnóstico diferencial bacteriano 
ou de qualquer outra localização anatômica devem ser acondiciona-
das individualmente, em recipientes estéreis, e imersas em solução 
salina tamponada (PBS pH 7.2), sem antibióticos.
origem tecidual, devem ser mantidos e transportados sob refrigeração 
(4°C) ao laboratório para diagnóstico.
Para diagnóstico histopatológico
deve ser feita observando-se os protocolos em vigência nos serviços 
locais de patologia.
formalina tamponada a 10%.
abelha, cera de carnaúba, etc.), no processo de parafinização dos 
fragmentos.
Envio de amostras e documentação necessária
envio do resultado laboratorial.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS26
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Tratamento - O antiviral Oseltamivir indicado deve ser utilizado 
em, no máximo, até 48 horas a partir da data de início dos sintomas, 
observando-se as recomendações do fabricante constantes na bula do 
medicamento. Como em toda prescrição terapêutica, atentar para as 
interações medicamentosas, as contraindicações formais e os efeitos 
colaterais.
Este tipo de medicamento pode ainda induzir resistência aos vírus 
da influenza de modo geral, se utilizado de forma indiscriminada. 
A Rede Global de Vigilância da Influenza já vem detectando casos de 
resistência do vírus pandêmico da Influenza Pandêmica A(H1N1)2009 
oseltamivir em testes realizados em 31 países,em alguns dos quais já 
foi detectada transmissão deste vírus com mutação (H275Y), ainda que 
de forma limitada. 
Todos os vírus identificados apresentam a mesma mutação e permane-
cem sensíveis ao Zanamivir como droga de escolha. 
Segundo a orientação do fabricante, o Oseltamivir deve ser usado du-
rante a gravidez somente se o benefício justificar o risco potencial para 
o feto. São elegíveis para tratamento:
próximos, que também apresentem doença respiratória aguda grave; 
complicações de Influenza requerem – obrigatoriamente – avaliação 
e monitoramento clínico constante de seu médico assistente, para 
indicação ou não do tratamento com Oseltamivir, além da adoção 
de todas as demais medidas terapêuticas.
Dosagem recomendada - A dose recomendada é de 75mg, 2 vezes ao 
dia, por 5 dias, para adultos. Para crianças acima de 1 ano de idade e 
menor que 12 anos, com menos de 40kg, as doses variam de acordo 
com o peso, conforme especificação da Tabela 1, durante 5 dias.
Tabela 1. Dosagem de Oseltamivir recomendada por peso e frequência 
diária
Peso Dose Frequência
Menos de 15kg 30mg 2 vezes ao dia
De 15 a 23kg 45mg 2 vezes ao dia
De 23 a 40kg 60mg 2 vezes ao dia
Acima de 40kg 75mg 2 vezes ao dia
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 27
INFLUENZA PANDÊMICA A(H1N1)2009
Observação: Está absolutamente contra indicado o uso do Oseltamivir 
para quimioprofilaxia em larga escala. O uso desse medicamento para 
profilaxia está indicado apenas nas seguintes situações:
clínicas que contenham a nova Influenza Pandêmica A(H1N1)2009 
pandêmica, sem o uso de equipamento de proteção individual (EPI) 
ou que o utilizaram de maneira inadequada;
procedimentos invasivos (geradores de aerossóis) ou na manipulação 
de secreções de um caso suspeito ou confirmado de infecção pela 
nova cepa da Influenza Pandêmica A(H1N1)2009 pandêmica, sem 
o uso de EPI ou que o utilizaram de maneira inadequada.
Dosagem recomendada - 75mg, 1 vez ao dia, por 10 dias. 
Informações adicionais - Os pacientes que desenvolvem efeitos cola-
terais gastrointestinais graves podem reduzir a absorção oral do Osel-
tamivir. Porém, atualmente, não há nenhuma evidência científica para 
sugerir o aumento da dose ou do tempo de utilização do antiviral, nessa 
situação. 
Para os pacientes que vomitam até 1 hora após a ingestão do medica-
mento, pode ser administrada uma dose adicional, conforme esquema 
anterior. 
Tão importante quanto o tratamento específico para a doença respira-
tória aguda grave é a adoção oportuna de todas as medidas de suporte 
clínico ao paciente, segundo avaliação médica de cada caso, além do 
uso de medidas não farmacológicas. Importante: 
suspender a administração do Oseltamivir.
adicionais”, as atualizações sobre data de início do tratamento com 
Oseltamivir e as medidas complementares adotadas.
Oseltamivir, a notificação deve ser feita à Anvisa, usando a ficha de 
farmacovigilância, acessando o site anvisa@saude.gov.br.
Alto risco de exposição 
de infecção por influenza A(H1N1).
que contenham o novo subtipo viral.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS28
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
-
vasivos (geradores de aerossóis) ou manipulação de secreções de um 
caso suspeito ou confirmado de infecção por Influenza Pandêmica 
A(H1N1)2009, sem ou com uso EPI inadequado.
Complicações - São mais comuns em idosos e indivíduos menor de 
dois anos; gestantes, portadores de algumas condições clínicas, como 
doença crônica pulmonar (asma e doença pulmonar obstrutiva crônica 
- DPOC), cardiopatias (insuficiência cardíaca crônica), doença meta-
bólica crônica (diabetes, por exemplo), imunodeficiência ou imunode-
pressão, doença crônica renal e hemoglobinopatias. As complicações 
pulmonares mais comuns são as pneumonias bacterianas secundárias, 
principalmente pelos agentes Streptococcus pneumoniae, Staphylococ-
cus e Haemophillus influenzae. Nos imunocomprometidos, o quadro 
clínico é, geralmente, mais arrastado e, muitas vezes, mais grave. Ges-
tantes com quadro de Influenza, no segundo ou terceiro trimestre 
da gravidez, estão mais propensas à internação hospitalar. Dentre as 
complicações não-pulmonares em crianças, destaca-se a síndrome de 
Reye. Essa síndrome caracteriza-se por encefalopatia e degeneração 
gordurosa do fígado, após o uso do ácido acetilsalicílico, na vigência de 
um quadro viral (especialmente varicela e Influenza). Recomenda-se, 
portanto, não utilizar medicamentos que contenham essa substância 
em sua composição para o tratamento sintomático de síndrome gripal. 
Aspectos epidemiológicos - A gripe ocorre mundialmente, como 
surto localizado ou regional, seja como epidemias ou devastadoras 
pandemias. O potencial pandêmico da Influenza reveste-se de grande 
importância. Durante o século passado, ocorreram três importantes 
pandemias de influenza: “Gripe Espanhola”, em 1918 a 1920; “Gripe 
Asiática”, entre 1957 a 1960 e a de Hong Kong”, entre 1968 a 1972. E 
destaca-se ainda a ocorrência de uma pandemia em 1977-78, chamada 
“Gripe Russa”, que afetou principalmente crianças e adolescentes.
Com os modernos meios de transporte, a propagação do vírus da in-
fluenza tornou-se muito rápida. Hoje, o mesmo vírus pode circular, ao 
mesmo tempo, em várias partes do mundo, causando epidemias quase 
simultâneas.
Em anos epidêmicos, a taxa de ataque na comunidade atinge aproxi-
madamente 15%, sendo ao redor de 2%, em anos não epidêmicos. Em 
comunidades fechadas, esse número sobe para 40% a 70%, sendo que a 
taxa de ataque secundária situa-se ao redor de 30%. Tanto a morbidade 
quanto a mortalidade, devido à influenza e suas complicações, podem 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 29
INFLUENZA PANDÊMICA A(H1N1)2009
variar ano a ano, dependendo de fatores, como as cepas circulantes, o 
grau de imunidade da população geral e da população mais suscetível.
Destaca-se ainda a ocorrência de transmissão direta do vírus influenza 
aviária de alta patogenicidade A(H5N1) ao homem, gerando surtos de 
elevada letalidade. Esse fenômeno foi detectado pela primeira vez em 
1997, em Hong Kong, quando 18 pessoas foram afetadas, das quais 6 
morreram (letalidade 33,3%). Novos episódios ocorreram em períodos 
mais recentes. No período compreendido entre dezembro de 2003 a 
março de 2009, foram confirmados 413 casos de infecção humana por 
essa cepa em quinze países, localizados no Sudeste Asiático, dos quais 
256 (62%) evoluíram para óbito. Esse processo de transmissão se deu 
em meio a uma epizootia de influenza aviária de alta patogenicidade, 
em países do Sudeste Asiático, em proporções e extensão geográfica 
inusitadas.
No Brasil, até o momento, não há casos de influenza aviária pela 
cepa A(H5N1). Para influenza sazonal, os dados oriundos do Siste-
ma de Informação da Vigilância Epidemiológica da Influenza (Si-
vep_Gripe) demonstraram que, para o ano 2008, do total de atendi-
mentos nas unidades sentinelas, 9,5% apresentaram síndrome gripal 
(438.732/4.620.160). A maior concentração dos casos é em crianças, 
na faixa etária de 0 a 4 anos (43,3%), seguida da faixa de 5 a 14 anos 
(22,9%) e de 15 a 24 anos (10,9%). As demais faixas contribuíram 
com 22,8%. Nesse período, foram analisadas 6.317 amostras de secre-
ção nasofaríngea com identificação de vírus respiratórios, em 1.207 
(19,1%) amostras. Dessas, 310 (25,7%) amostras foram positivas para 
influenza, das quais 183 (59%) influenza A e 127 (41%) influenza B. 
As cepas dos vírus influenza A identificados, no ano de 2008, foram: 
A/Austria/404287/2008 (H1N1), A/England/557/2007(H1N1), A/
Brisbane/10/2007(H3N2), A/Brisbane/59/2007 (H1N1); dos vírus 
influenza B foram: B/Maracay/FLU9870/2008, B/Florida/04/2006, B/
Florida/03/2006, B/Malaysia/2506/2004, B/Wisconsin/23/2008, B/
Washington/12/2008, B/Ohio/01/2005. Os demais vírus respiratórios 
identificados foram: parainfluenza 1, 2 e 3 (35,1%), vírus respiratório 
sincicial (28,7%) e adenovírus (10,5%). 
No que se refere à influenza pelo novo virus tipo A(H1N1), o Brasil foi 
atingido pela atualpandemia e até a semana epidemiológica (SE) 47 
de 2009 já foram registrados 30.055 casos de SRAG por algum vírus 
influenza, sendo que a proporção de influenza pandêmica é de 93% 
(27.850/30.055) e de influenza sazonal é de 7% (2.205/30.055). Padrão 
similar ao observado pela Rede Global de Vigilância da Influenza da 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS30
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
OMS, que registrou 93% de influenza pandêmica entre todos os vírus 
de influenza monitorados no mundo.No Brasil, a taxa de incidência 
de SRAG por influenza pandêmica (H1N1) 2009 foi de 14,5 casos 
para cada 100 mil habitantes. No entanto, observa-se que a pandemia 
afetou com maior intensidade as regiões sul e sudeste (66,2/100.000 
e 9,7/100.000 habitantes respectivamente). Os estados mais atingidos 
foram o Estado do Paraná com 109/100.000 hab., Santa Catarina com 
15/100.000 hab. e São Paulo com 14/100.000 habitantes. As faixas 
etárias com maiores incidências são os menores de dois anos (22 ca-
sos/100.000 hab.) e de 20 a 29 anos (16 casos/100 mil hab.) respectiva-
mente. Até o momento de revisão deste capítulo (dezembro de 2009), 
o quadro epidemiológico no Brasil é de redução de casos de SRAG 
observado a partir da SE 32. Observou-se que a maior frequência de 
casos confirmados de influenza ocorreu entre o final do mês de julho 
e início do mês de agosto, correspondente as SE 31 e 32. Entre as possí-
veis condições de risco para a ocorrência de complicações por influen-
za, a presença de pelo menos uma co-morbidade foi a mais frequente, 
com 16% de registros, seguida de idade inferior a 2 anos (9,1%), ta-
bagismo (7,3%), idade acima de 60 anos (4,1%). Entre os casos que 
apresentam algum tipo de co-morbidade, observa-se que o grupo de 
doenças crônicas respiratórias (doença pulmonar obstrutiva crônica, 
asma, etc.) foi o mais frequente, com 41% dos registros, seguido de 
doenças cardiovasculares crônicas e doenças imunossupressoras. No 
grupo de mulheres em idade fértil (MIF) a gestação foi constatada em 
19,9% (1.732/8.709) dos registros. Entre os 227.850 casos confirmados 
desta influenza pandêmica, 1.632 (5,8%) evoluíram para óbito. Den-
tre o total de 1632 óbitos observados no período, 56,4%(921/1632) 
corresponderam a mulheres em idade fértil, sendo 28% (156/547) em 
gestantes. A taxa de mortalidade por influenza pandêmica no Brasil é 
de 0,85/100.000 habitantes, com maiores taxas observadas nos Estados 
das regiões sul e sudeste. A taxa de mortalidade para o país também 
está dentro da média observada para os demais países das Américas. 
Informações sistematicamente disponível (boletim epidemiológico) 
no site do Ministério da Saúde: www.saude.gov.br/svs.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos - Reduzir a morbimortalidade associada à doença por meio 
da implantação das medidas de prevenção e atenção adequada aos in-
divíduos acometidos. 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 31
INFLUENZA PANDÊMICA A(H1N1)2009
Definição de caso
Síndrome gripal - Esta síndrome (que na literatura internacional cor-
responde ao termo influenza like illness – ILI - ou “flu-like”) caracteri-
za-se por um conjunto de sinais e sintomas respiratórios de origem in-
fecciosa, decorrentes do comprometimento das vias aéreas superiores 
e/ou inferiores definido como: 
apresentando febre (ainda que referida) e tosse ou dor de garganta, 
na ausência de outros diagnósticos. Abrange as seguintes infecções 
respiratórias agudas, com seus respectivos CID: J00 (todos); 
Nasofaringite aguda (resfriado comum); J02.9 Faringite Aguda não 
especificada; J03.9 Amigdalite aguda não especificada; J04.0 Laringite 
aguda; J04.1 Traqueíte aguda; J04.2 Laringotraqueíte aguda; J06 
(todos) Infecção aguda das vias aéreas superiores e não especificadas; 
J10 (todos) Influenza devido a vírus influenza identificado; e J11 
(todos) Influenza devido a vírus influenza não identificado.
Sindrome respiratória aguda grave (SRAG) - Indivíduo de qualquer 
idade com doença respiratória aguda caracterizada por febre supe-
rior a 38°C, tosse E dispneia, acompanhada ou não de manifestações 
gastrointestinais ou dos seguintes sinais e sintomas: aumento da fre-
quência respiratória (>25 IRPM – incursões respiratórias por minu-
to); hipotensão em relação à pressão arterial habitual do paciente; em 
crianças, além dos itens acima, observar também: batimentos de asa de 
nariz, cianose, tiragem intercostal, desidratação e inapetência.
O quadro clínico pode ou não ser acompanhado de alterações labora-
toriais e radiológicas listadas a seguir:
presença de área de condensação. 
Na presença dos sinais e sintomas acima, o paciente deve ser enviado 
para internação.
Avaliação simplificada de gravidade para serviços de saúde - Os 
indivíduos que apresentem sintomas de gripe inicialmente são acom-
panhados pela Atenção Básica. Os casos de SRAG deverão ser enca-
minhados para internação se apresentarem um ou mais dos sinais e 
sintomas a seguir.
Avaliação em adultos 
severa;
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS32
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Avaliação em crianças 
(>40 IRPM);
Influenza Pandêmica A(H1N1)2009
Caso suspeito - Todo caso de síndrome gripal e/ou SRAG que tenha 
história de vínculo epidemiológico com outros casos confirmados de 
influenza pandêmica A (H1N1) ou proveniente de área com informa-
ção de circulação desse vírus.
Caso confirmado - Todo caso suspeito com confirmação laboratorial 
ou vínculo epidemiológico.
Caso descartado de infecção humana pelo vírus da Influenza Pan-
dêmica A(H1N1) - Caso suspeito ou provável em que a investigação 
epidemiológica e os resultados dos exames laboratoriais indicam 
tratar-se de outra doença
Caso confirmado de síndrome respiratória aguda grave por 
influenza
- Indivíduo com SRAG pelo vírus influenza, confirmado por 
laboratório.
- Caso de SRAG para o qual não foi possível coletar ou processar 
amostra clínica para diagnóstico laboratorial e que tenha sido 
contato próximo de um caso laboratorialmente confirmado ou 
pertença à mesma cadeia de transmissão (clínico epidemiológico) 
para influenza.
Caso descartado de síndrome respiratória aguda grave por 
influenza
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 33
INFLUENZA PANDÊMICA A(H1N1)2009
laboratorialmente.
Surto de síndrome gripal - Ocorrência de pelo menos 3 casos de Sín-
drome Gripal em ambientes fechados/restritos, com intervalos de até 5 
dias entre as datas de início de sintomas.
Notificação - As autoridades locais de saúde deverão ser imediata-
mente notificadas, diante de qualquer suspeita, preferencialmente por 
telefone, conforme estabelecido na Portaria SVS/MS n° 05/2006. 
da influenza A (H1N1) ou de novo subtipo viral e de amostras 
procedentes de investigação de surtos de influenza humana. 
A notificação para a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) deve ser 
realizada por meio do CIEVS (0800-644-6645 ou notifica@saude.gov.br).
Com o objetivo de padronizar a entrada de dados no Sinan - Influenza 
online e no módulo de surtos do Sinan NET, orienta-se a seguir como 
proceder para a notificação e investigação individual e de casos agre-
gados (surto de síndrome gripal) nesses sistemas de informação, res-
pectivamente, conforme padronizado na Nota Técnica n° 3/2009, do 
GT-Sinan/CIEVS e Cover/CGDT/Devep. Preencher a ficha individual 
de investigação – FII. 
De acordo com o Protocolo de Manejo Clínico e Vigilância Epidemio-
lógica da Influenza vigente (05/08/09), adotam-se as seguintes defini-
ções, para efeito da vigilância da influenza:
Caso de SRAG - Indivíduo de qualquer idade com doença respira-
tória aguda caracterizada por febre acima de 38°C, tosse e dispneia, 
acompanhada ou não de outros sinais e sintomas descritos no referido 
Protocolo;
Caso de síndome gripal (SG) - Indivíduo com doença aguda (com 
duração máxima de 5 dias), apresentando febre (ainda que referida) 
acompanhada de tosse ou dor de garganta, na ausência de outros 
diagnósticos;
Surto de síndrome gripal - Ocorrênciade pelo menos 3 casos de SG 
em ambientes fechados/restritos, com intervalos de até 5 dias entre 
as datas de início de sintomas.
O QUE DEVE SER NOTIFICADO
Caso individual de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) - 
Deverá ser notificado imediatamente no Sinan Influenza Online. 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS34
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Chama-se a atenção para o desenvolvimento de rotinas para o 
encerramento dos casos, de acordo com os resultados da investigação 
epidemiológica (FII) 
Surto de síndrome gripal - Deve ser notificado de forma agregada 
no módulo de surto do Sinan NET, assinalando, no campo “Código 
do Agravo/Doença”, o CID J06.
Observação: Os casos de surto de SG que evoluírem para forma grave, 
de acordo com a definição de caso de SRAG, deverão ser notificados 
individualmente no Sinan Influenza Online.
O QUE NÃO DEVE SER NOTIFICADO
pela doença, inclusive aqueles para os quais foi administrado o 
antiviral.
Observação: Apesar do Protocolo de Manejo Clínico e Vigilância Epi-
demiológica da Influenza, que se encontra em vigor, permitir a prescri-
ção do antiviral a casos não graves, a partir da avaliação médica sobre 
a presença de fatores ou situações específicas de risco individual, a dis-
tribuição desse medicamento não está vinculada à notificação de casos 
no Sinan. Maiores informações acessar os endereços: www.saude.gov.
br/sinanweb e www.saude.gov.br/svs.
PROCEDIMENTOS DE INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA 
E MEDIDAS DE CONTROLE
Medidas de caráter geral
usar o banheiro, antes das refeições, antes de tocar os olhos, boca e 
nariz;
a boca e nariz, ao tossir ou espirrar, para evitar disseminação de 
aerossóis;
período de transmissão da doença (até 5 dias após o início dos 
sintomas);
seja possível, usar máscaras cirúrgicas;
ambientes ventilados);
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 35
INFLUENZA PANDÊMICA A(H1N1)2009
Cuidados adicionais com gestantes (2° e 3° trimestres), bebês, para 
evitar infecções secundárias (pneumonia), e parturientes, para evi-
tar a transmissão da doença ao bebê
Gestante - Buscar o serviço de saúde caso apresente sintomas de 
síndrome gripal; na internação para o trabalho de parto, priorizar o 
isolamento se a mesma estiver com diagnóstico de influenza;
Puérpera - Após o nascimento do bebê, se a mãe estiver doente, usar 
máscara e lavar bem as mãos, com água e sabão, antes de amamentar 
e após manipular suas secreções. Essas medidas devem ser seguidas 
até 7 dias após o início dos sintomas da mãe. A parturiente deve 
evitar tossir ou espirrar próximo ao bebê;
Bebê - Priorizar o isolamento do bebê, junto com a mãe (não utilizar 
berçários). Os profissionais e mães devem lavar bem as mãos e outros 
utensílios do bebê (mamadeiras, termômetros).
Cuidados no manejo de crianças em creches
água e sabão, quando estiverem visivelmente sujos;
nasais e orais das crianças, principalmente quando a criança está com 
suspeita de síndrome gripal;
dor de garganta, principalmente quando há notificação de surto de 
síndrome gripal na cidade; os cuidadores devem notificar os pais 
quando a criança apresentar os sintomas citados acima;
que a criança doente fique em casa, a fim de evitar a transmissão da 
doença;
secretaria de saúde municipal, caso observem um aumento do número 
de crianças doentes com síndrome gripal ou com absenteísmo pela 
mesma causa.
Imunização - A vacina é a melhor estratégia disponível para a pre-
venção da influenza e suas consequências, proporcionando impacto 
indireto na diminuição do absenteísmo no trabalho e dos gastos com 
medicamentos para tratamento de infecções secundárias, das interna-
ções hospitalares e da mortalidade evitável.
Influenza sazonal - A vacina utilizada no Brasil é constituída por três 
tipos de cepas dos vírus influenza, sendo dois tipos de vírus de influ-
enza A e um vírus de influenza B. Para conferir proteção adequada, 
a vacina deve ser administrada a cada ano, já que sua composição 
também varia anualmente, em função das cepas circulantes.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS36
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
 Essa vacina é indicada para indivíduos com 60 anos de idade ou mais e é 
oferecida por meio de campanhas anuais cujo período deve ser anterior 
ao período de maior circulação do vírus na população do país. 
 A vacina contra a influenza é administrada por via subcutânea ou 
intramuscular. O esquema vacinal preconizado pelo Ministério da 
Saúde varia conforme a faixa etária do indivíduo a ser vacinado, 
demonstrado na Tabela 2 a seguir:
Tabela 2. Esquema vacinal
Idade Dose (ml) N° de doses
De 6 a 35 meses 0,25 1-2a
De 3 a 8 anos 0,5 1-2a
≥9 anos 0,5 1
a) A segunda dose com intervalo de 4 a 6 semanas.
Contra Influenza pandêmica (H1N1)2009 - As vacinas pandêmicas 
contem antígenos influenza diferentes dos que estão presentes nos 
vírus influenza atualmente circulantes. Esses antígenos podem ser 
considerados como “novos”. 
No Brasil, o Ministério da Saúde propõe, por ordem de prioridade, va-
cinar:
de pacientes suspeitos de influenza pandêmica
Observação: O protocolo com os procedimentos de investigação epi-
demiológica, as medidas de controle, os instrumentos de coleta de da-
dos e fluxos de informação para casos suspeitos de infecção por novo 
subtipo viral, para surtos de influenza sazonal e para a vigilância da 
saúde humana estão inseridos no Plano Brasileiro de Preparação para 
Pandemia de Influenza. Como as orientações técnicas referentes a es-
ses itens estão sendo periodicamente revisadas, em função do cenário 
epidemiológico internacional e nacional, recomenda-se que o referido 
Protocolo seja consultado diretamente na versão mais atualizada do 
Plano, disponível no site: http://www.saude.gov.br/svs. Quaisquer dú-
vidas entrar em contato pelo e-mail: gripe@saude.gov.br ou telefone: 
(61) 3213-8104 / 8107 / 8109. 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 37
INFLUENZA PANDÊMICA A(H1N1)2009
Resposta do SUS à pandemia de Influenza a (H1N1) 2009 - Desde 25 
de abril de 2009, quando foi declarada a Emergência de Saúde Pública 
de Importância Internacional (ESPII), conforme definido no Regula-
mento Sanitário Internacional (RSI 2005), o Governo Federal por meio 
do Ministério da Saúde adotou todas as providências necessárias, den-
tre as quais destacam-se: 
(GPESP), para monitorar a situação e indicar as medidas adequadas 
ao país, em conjunto com outros órgãos do Governo Federal.
Unidades Federadas. Até o dia 4 de dezembro de 2009 foram 
distribuídos 1.055.866 tratamentos.
dos profissionais com atualização simultânea a partir de evidências 
científicas robustas e orientações da OMS.
investimento na aquisição de vacinas, medicamentos, equipamentos 
de proteção individual (máscaras, luvas, etc.), aperfeiçoamento da 
rede de atenção, além de comunicação (inserções em TV aberta, 
internet, jornais, aeroportos.
públicos.
Saúde (0800 61 1997), fornecendo esclarecimentos sobre a doença
-
cação (fatores e grupos), efetividade do tratamento, entre outras.
A(H1N1) 2009.
Observe-se que as orientações técnicas bem como as providências 
operacionais vêm sendo adequados a cada momento epidemiológico 
específico, tanto no período de contenção que durou da SE 16 a SE 28 
quanto no período de mitigação a partir da SE 29 até o momento.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS38
Situação Epidemiológica das 
Doenças Transmissíveis no Brasil
INTRODUÇÃO
A situação epidemiológica das doenças transmissíveis tem apresenta-
do mudanças significativas, observadas através dos padrões de mor-
bimortalidade em todo o mundo. Este grupo de doenças continua a 
oferecer desafios aos programas de prevenção, com a introdução de 
novas doenças, a exemplo da AIDS, ou de agentes que sofrem modi-
ficações genéticas e se disseminam rapidamente através das popula-
ções de países e continentes, a exemplo da atual pandemia produzida 
pelo vírus da Influenza A(H1N1). Doenças “antigas”, como a Cólera 
e a Dengue, ressurgiram e endemias importantes, como a Tuberculo-
se e as meningitespersistem, fazendo com que esse grupo de doenças 
continuem representando um importante problema de saúde pública , 
inclusive em países desenvolvidos. Esse cenário reflete as transforma-
ções sociais ocorridas a partir da década de setenta, caracterizadas pela 
urbanização acelerada, migração, alterações ambientais e facilidades de 
comunicação entre continentes, países e regiões, entre outros fatores 
que contribuíram para o delineamento do atual perfil epidemiológico 
das doenças transmissíveis em todo o mundo.
No Brasil, os diversos estudos sobre a situação de saúde da população 
apontam para a ocorrência, no final do século XX, de declínio nas taxas 
de mortalidade devido às Doenças Infecciosas e Parasitárias/DIP e, em 
especial, às Doenças Transmissíveis, para as quais se dispõe de medidas 
de prevenção e controle. Por outro lado, embora a tendência verificada 
para a morbidade por esse grupo de causas seja igualmente decrescen-
te, este declínio não apresenta a mesma intensidade observada na mor-
talidade. Por exemplo, a mortalidade por DIP, em 1930, era responsável 
por 45,7% de todos os óbitos do país. Em 1980, esse percentual era de 
9,3% e, no ano de 2006, já se encontrava em 4,9%, enquanto sua taxa 
de mortalidade cujo valor era de 59,3/100 000 em 1990, reduziu para 
48,8/100 000 habitantes em 2006. Por sua vez, as internações por esse 
grupo de doenças, entre 1980 e 1990, contribuíam com cerca de 10% 
do total de internações no pais e, no período de 2000 a 2007, ainda se 
mantinham em torno de 8,4%. Nas regiões Norte (13,6%) e Nordeste 
(11,9%), os valores são ainda mais elevados. 
É consenso que a situação das Doenças Transmissíveis no Brasil, no 
período compreendido entre o início dos anos de 1980 até o presente 
momento, corresponde a um quadro complexo que pode ser resumido 
2
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 39
em três grandes tendências: doenças transmissíveis com tendência de-
clinante; doenças transmissíveis com quadro de persistência e doenças 
transmissíveis emergentes e reemergentes, conforme apresentadas a 
seguir.
Doenças transmissíveis com tendência declinante
Reduções significativas têm sido observadas na ocorrência de várias 
doenças transmissíveis, para as quais se dispõe de instrumentos efica-
zes de prevenção e controle. A varíola foi erradicada em 1973; a Polio-
mielite, em 1989. A transmissão contínua do Sarampo foi interrompida 
desde o final de 2000. Embora a partir desse ano até 2005, tenham sido 
registrados 10 casos, esses não foram autóctones e, sim, adquiridos por 
pessoas infectadas em outros países ou que tiveram contato com via-
jantes infectados. Em 2006, ocorreu um surto epidêmico em dois mu-
nicípios da Bahia, com ocorrência de 57 casos, não sendo identificada a 
fonte primária de infecção. A partir de então, nenhum caso de Sarampo 
foi confirmado no país. O número de casos de Tétano Neonatal pas-
sou de 16 em 2003 para 5 em 2007, correspondendo à redução de 70% 
dos casos no período de 5 anos. Em 2008, foram registrados 6 casos 
Esta doença ainda ocorre em diferentes municípios das regiões Norte e 
Nordeste, áreas definidas como prioritárias para intensificação das me-
didas de controle desde 2003. A taxa de incidência no país está abaixo 
do preconizado pela OMS, porém, em alguns municípios dos estados 
considerados prioritários, a meta da OMS ainda não foi alcançada. Por 
sua vez, a redução na incidência e na concentração dos casos da Rai-
va humana transmitida por animais domésticos, nas regiões Norte e 
Nordeste, apontam para a perspectiva de eliminação. No ano de 2008, 
foram notificados 3 casos de Raiva humana, sendo 2 transmitidos por 
morcego e 1 por sagui. Ressalte-se que, naquele ano, foi registrado o 
primeiro caso de cura de Raiva humana no Brasil. Outras doenças 
transmissíveis com tendência declinante são a Difteria, a Coqueluche e 
o Tétano Acidental, todas imunopreveníveis; a mesma tendência tam-
bém é observada para a Doença de Chagas, endêmica há várias décadas 
no país, a Febre Tifóide, além da Oncocercose, a Filariose e a Peste, cuja 
ocorrência é limitada a áreas restritas.
Doenças transmissíveis com quadro de persistência
Neste grupo, encontram-se as hepatites virais, especialmente as B e 
C em função das altas prevalências, ampla distribuição geográfica e 
potencial para evoluir para formas graves, que podem levar ao óbito. 
Embora persistindo com elevada magnitude, a taxa de incidência de 
Tuberculose (todas as formas) apresentou declínio no período de 2000 
SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NO BRASIL
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS40
a 2007, passando de 47,81 para 38,2 por 100.000 habitantes. O mesmo 
vem sendo observado em relação às taxas de mortalidade. A Leptos-
pirose apresenta uma distribuição geográfica mais restrita às áreas que 
oferecem condições ambientais adequadas para a sua transmissão, e 
assume relevância para a saúde pública em função do grande número 
de casos que ocorre nos meses mais chuvosos, bem como por sua alta 
letalidade. As meningites, também, se inserem neste grupo de doen-
ças, destacando-se as infecções causadas pelos meningococos B e C, 
que apresentam níveis importantes de transmissão e taxas médias de 
letalidade acima de 10%. No Brasil, são registrados, aproximadamen-
te, 24.000 casos de meningites por ano e desses, cerca de 15% cor-
respondem à Doença Meningocócica (DM). As meningites causadas 
pelo H. Influenzae do tipo b (Hib) representavam a segunda causa de 
meningite bacteriana depois da Doença Meningocócica, até o ano de 
1999. A partir do ano 2000, após a introdução da vacina conjugada 
contra a Hib, houve uma queda de 90% na incidência de meningites 
por esse agente, que era, antes, responsável por 95% das doenças in-
vasivas (meningite, septicemia, pneumonia, epiglotite, celulite, artrite 
séptica, osteomielite e pericardite) e a segunda maior causa de men-
ingites bacterianas passou a ser representada pelo S. pneumoniae. As 
leishmanioses (visceral e tegumentar) e a Esquistossomose, além de 
elevadas prevalências, vêm expandindo sua área de ocorrência, em 
geral associada às modificações ambientais provocadas pelo homem, 
aos deslocamentos populacionais originados de áreas endêmicas e à 
insuficiente infra-estrutura na rede de água e esgoto ou na disponibi-
lidade de outras formas de acesso a esses serviços. A Malária, a partir 
dos anos 60 e até 1976 apresentava menos de 100.000 casos por ano. 
Nos anos seguintes, houve forte tendência na elevação da doença em 
função da ocupação desordenada da região amazônica, com implanta-
ção de projetos de colonização e mineração sem a necessária estrutura 
de saúde para atender à população. Na década de 1980, eram registra-
dos em torno de 300 a 400 mil casos, por ano, elevando-se para 500 
mil casos em média, em 1995. Nos dois anos seguintes houve redução 
importante nos registros da doença, elevando-se posteriormente e em 
1999, ocorreram 635.646 casos. De 2000 a 2002, foi observado o maior 
declínio na ocorrência da Malária em relação aos 40 anos anteriores, 
com registro de 348.259 casos em 2002, o que representou 43% de que-
da em relação a 2000. Observou-se posteriormente nova elevação no 
número de casos, chegando a 607.730 casos notificados em 2005, um 
aumento de 74% em relação ao número de casos de 2002. Após amplo 
processo de mobilização de forças multissetoriais pelo Ministério da 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 41
SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NO BRASIL
Saúde, promovendo, de forma articulada, a ordenação de movimen-
tos populacionais e priorização das ações de vigilância, prevenção e o 
controle da Malária, observou-se o declínio no número de casos, entre 
2006 a 2008, passando de 550.930 para 313.922, uma redução de 43%. 
O número anual de notificações de Febre Amarela silvestre é muito 
variável. No período entre 1980 e 2008, foram confirmados 726 casos, 
dos quais 383 evoluíram para óbito, correspondendoa uma letalidade 
média de 52,8% (variação anual de 23 a 100%). Esta virose se manifesta 
em ciclos epidêmicos de transmissão silvestre, como aqueles ocorridos 
em 2000 (Goiás), 2001 e 2003 (Minas Gerais). Apesar da ampliação da 
área de transmissão para estados e municípios situados fora da área en-
dêmica (região amazônica), houve redução na incidência, entre os anos 
de 2000 a 2007. Contudo, em 2008 e 2009, observou-se nova incursão 
do ciclo da Febre Amarela silvestre para além das áreas consideradas de 
transmissão, o que impôs revisão da delimitação das áreas de risco e 
delineamento de nova tática de imunização, em virtude da possibilida-
de de reintrodução do vírus amarílico nos ambientes urbanos infesta-
dos pelo Aedes aegypti. Contudo, na medida em que a vacina contra Fe-
bre Amarela pode provocar eventos adversos graves a proposta inicial, 
de vacinação universal, foi ajustada para uma cobertura mais focaliza-
da, tanto na área de circulação natural do vírus amarílico, como na área 
de transição. Em 2009, com base na ocorrência de epizootias e casos 
humanos deste último biênio a seguinte proposta de vacinação foi defi-
nida: a) área com recomendação de vacina (ACRV): correspondendo 
àquelas anteriormente denominadas endêmica e de transição, com a 
inclusão do sul de Minas Gerais, até então considerado “área indene de 
risco potencial”; b) área sem recomendação de vacina (ASRV): cor-
respondendo, basicamente, às “áreas indenes”, incluindo também o sul 
da Bahia e norte do Espírito Santo, que antes eram consideradas “áreas 
indenes de risco potencial”. 
A situação apresentada evidencia que, para esse grupo de doenças, 
faz-se mandatário o fortalecimento das ações de prevenção e controle, 
atualmente adotadas, que viabilizem maior integração entre as áreas 
de vigilância epidemiológica e a rede assistencial, considerando-se que 
para esse conjunto de doenças as ações são direcionadas, dependendo 
da enfermidade para a imunização das populações, diagnóstico preco-
ce e tratamento adequado dos doentes, visando interrupção da cadeia 
de transmissão. Adicionalmente, enfatiza-se a necessidade de ações 
multissetoriais para enfrentamento da situação, haja vista que a ma-
nutenção de endemicidade reside na persistência dos seus fatores de-
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS42
terminantes, externos às ações típicas do setor saúde, como alterações 
do meio ambiente: desmatamento, ampliação de fronteiras agrícolas, 
processos migratórios e grandes obras de infra-estrutura (rodovias e 
hidroelétricas), entre outras.
Doenças transmissíveis emergentes e reemergentes
São denominadas de emergentes aquelas doenças que surgiram, ou fo-
ram identificadas, em período recente, ou aquelas que assumiram no-
vas condições de transmissão, seja devido a modificações das caracte-
rísticas do agente infeccioso, seja passando de doenças raras e restritas 
para constituírem problemas de saúde pública. As reemergentes, por 
sua vez, são as que ressurgiram como problema de saúde pública, após 
terem sido controladas no passado.
Entre as doenças emergentes, encontra-se a aids. De 1980 a junho de 
2007 foram notificados 474.273 casos de aids no País – 289.074 no Su-
deste, 89.250 no Sul, 53.089 no Nordeste, 26.757 no Centro Oeste e 
16.103 no Norte. No Brasil e nas regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste, 
a incidência de aids tende à estabilização. No Norte e Nordeste, a ten-
dência é de crescimento. Segundo critérios da Organização Mundial 
de Saúde (OMS), o Brasil tem uma epidemia concentrada, com taxa 
de prevalência da infecção pelo HIV de 0,6% na população de 15 a 49 
anos. Em 2006, considerando dados preliminares, foram registrados 
32.628 casos da doença. No período de 1995 a 1999, verificou-se queda 
de 50% na taxa de letalidade em relação aos primeiros anos do início da 
epidemia, quando era de 100%. A estabilidade observada nos últimos 
anos na epidemia pelo HIV no país e a disponibilidade de novas drogas 
antivirais têm propiciado o aumento da sobrevida dos portadores de 
HIV.
A Cólera, introduzida no país em 1991, apresentou pico epidêmico em 
1993, com 60.340 casos. Apesar de ser uma doença associada a condi-
ções ambientais e sanitárias precárias, os esforços realizados para o seu 
controle, conseguiram reduzir drasticamente sua incidência. Posterior-
mente, passou a manifestar-se sob a forma de surtos, principalmente 
nas pequenas localidades do Nordeste, com deficiência de saneamento 
básico. Entre os anos de 2000 e 2008, uma redução significativa no nú-
mero de casos e óbitos por Cólera no Brasil, sendo registrados, nesse 
período, 766 casos e 20 óbitos, todos na região Nordeste e o estado 
de Pernambuco liderou o número de registros (511 casos e 12 óbitos).
A Dengue foi reintroduzida no Brasil em 1982. O mosquito transmis-
sor da doença, o Ae. aegypti, erradicado em vários países do continen-
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 43
SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NO BRASIL
te americano nas décadas de 50 e 60, retornou na década de 70, por 
fragilidades na vigilância entomológica, além de mudanças sociais e 
ambientais propiciadas pela urbanização acelerada. As dificuldades 
para eliminar um mosquito domiciliado que se multiplica nos vários 
recipientes que podem armazenar água, particularmente naqueles en-
contrados nos lixos das cidades, como garrafas, latas e pneus, ou no 
interior dos domicílios, como descansadores dos vasos de plantas, têm 
exigido um substancial esforço do setor saúde cujos resultados não têm 
sido efetivos. Entretanto, esse trabalho necessita ser articulado com ou-
tras políticas públicas, como limpeza urbana, além de uma maior cons-
cientização e mobilização social sobre a necessidade das comunidades 
manterem seus ambientes livres do mosquito. Esse último elemento, 
a mudança de hábitos, tem sido apontado, mais recentemente, como 
um dos mais efetivos na prevenção da infestação do mosquito. Entre 
outros fatores que pressionam a incidência da Dengue, destaca-se a in-
trodução de um novo sorotipo, o DENV 3, que foi identificada, pela 
primeira vez, em dezembro de 2000, no estado do Rio de Janeiro e, pos-
teriormente, no estado de Roraima, em novembro de 2001. Em 2002, 
foi observada maior incidência da doença, quando foram confirmados 
cerca de 697.000 casos, refletindo a introdução deste sorotipo. Ocorreu 
uma rápida dispersão do DENV3 para outros estados, sendo que, em 
2004, 23 dos 27 estados do país já apresentavam a circulação simultâ-
nea dos sorotipos 1, 2 e 3 do vírus da Dengue. No Brasil, os adultos jo-
vens foram os mais atingidos pela doença desde a introdução do vírus. 
No entanto, a partir de 2006, alguns estados apresentaram predomínio 
da circulação do DENV2, após alguns anos de predomínio do DENV3. 
Esse cenário levou a um aumento no número de casos, de formas gra-
ves e de hospitalizações em crianças, principalmente no Nordeste do 
país. Em 2008, novas epidemias causadas pelo DENV2 ocorreram em 
diversos estados do país, marcando o pior cenário da doença no Brasil 
em relação ao total de internações e de óbitos caracterizado por um 
padrão de gravidade em crianças, que representaram mais de 50% dos 
casos internados nos municípios de maior contingente populacional. 
Mesmo em municípios com menor população, mais de 25% dos pa-
cientes internados por Dengue eram crianças, o que evidencia que todo 
o país vem sofrendo, de maneira semelhante, essas alterações no perfil 
da doença.
Os primeiros casos de Hantaviroses, no Brasil, foram detectados em 
1993, em São Paulo. Essa doença tem sido registrada com maior fre-
quência nas regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste. No Brasil, no período 
de novembro de 1993 a dezembro de 2008, foram confirmados 1.119 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS44
casos, dos quais 91,8% (1.027) confirmados por critério laboratorial, 
predominando sua ocorrência nas regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste. 
Apesar da ocorrência da doença em todas as regiões brasileiras,apenas 
14 estados registraram casos, a exemplo de Minas Gerais, Santa Cata-
rina, Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso. Em menor 
número notificaram casos o Distrito Federal, Pará, Goiás, Maranhão, 
Amazonas, Rondônia, Rio Grande do Norte, Bahia que, em conjunto, 
foram responsáveis por 15,5% dos casos nos últimos 15 anos. A pa-
dronização e informatização das ações de vigilância, ocorridas a partir 
de 2001, o desenvolvimento da capacidade laboratorial para realizar 
diagnóstico, a divulgação das medidas adequadas de tratamento para 
reduzir a letalidade e o conhecimento da situação de circulação dos 
hantavírus nos roedores silvestres brasileiros possibilitaram o aumen-
to na capacidade de detecção da Hantavirose. Dessa forma, um quadro 
mais nítido da realidade epidemiológica no país foi gerado, favorecen-
do também a adoção de medidas adequadas de prevenção e controle. 
Mais recentemente, o país vem investindo esforços para intervenção 
frente á pandemia do novo vírus de Influenza A (H1N1) 2009. No Bra-
sil até a semana epidemiológica 44 de 2009 já haviam sido registrados 
24.729 casos de Influenza, sendo que 91% destes foram causados pela 
Influenza pandêmica (H1N1) 2009 e 9% pela Influenza sazonal. A taxa 
de incidência da Síndrome Respiratória aguda Grave (SRAG) por In-
fluenza pandêmica (H1N1) já atingiu 12 casos por 100.000 habitantes. 
As regiões mais afetadas foram as regiões Sul e Sudeste (49/100.000 
e 9/100.000 habitantes, respectivamente). Os estados mais atingidos 
foram o Paraná com 109, Santa Catarina com 15 e São Paulo com 14 
casos por 100.000 habitantes. As faixas etárias com maiores incidências 
são os menores de dois anos e de 20 a 29 anos, 22 e 16 por 100.000 
habitantes, respectivamente. Entre as possíveis condições de risco para 
a ocorrência de complicações por Influenza a mais frequente foi a pre-
sença de pelo menos uma co-morbidade e, no grupo de mulheres em 
idade fértil (MIF), a gestação foi descrita em 26,3% dos casos. Dentre as 
co-morbidades, destacaram-se o grupo de doenças crônicas respirató-
rias (doença pulmonar obstrutiva crônica, asma, dentre outras), segui-
do de doenças cardiovasculares crônicas e doenças imunossupressoras. 
Outras co-morbidades estiveram presentes tais como doenças neuroló-
gicas, genéticas, reumáticas e ainda o grupo de mulheres em idade fértil 
(MIF) ou em estado de gestação. 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 45
SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NO BRASIL
Comentários finais
Apesar da redução na mortalidade pelas doenças infecciosas e da di-
minuição significativa na morbidade por um conjunto importante 
dessas doenças, ao mesmo tempo, em outra direção, configura-se, no 
Brasil, um quadro que, além de expor as frágeis estruturas ambientais 
urbanas do país, que tornam as populações vulneráveis a doenças que 
pareciam superadas, amplia a já alta carga de doenças da população. 
Esses fatores agregam-se ao surgimento de novas doenças ou novas 
formas de manifestação das doenças na população, aumento na severi-
dade, causado pelo surgimento de novas cepas patogênicas, ampliação 
da resistência aos antimicrobianos e persistência de problemas como 
a desnutrição e doenças endêmicas, a exemplo da Tuberculose. Essa 
situação implica na manutenção de estruturas dispendiosas de aten-
ção, que competem por recursos escassos, os quais poderiam, caso não 
existissem esses problemas, vir a ser utilizados na solução de questões 
de saúde de maior magnitude, para as quais há menores possibilidades 
de prevenção em curto prazo, como as doenças crônicas não-transmis-
síveis. Entende-se que a melhoria da qualidade da assistência médica, 
principalmente no que diz respeito ao correto diagnóstico e tratamento 
dos pacientes, associada ao encaminhamento e adoção das medidas de 
controle indicadas em tempo hábil, desempenham importante papel 
na redução de uma série de doenças infecciosas e parasitárias. Para 
enfrentar esse quadro, ressalta-se o papel da integração das ações de 
controle com a atenção básica, através da adequada incorporação das 
rotinas de prevenção e controle nas equipes de saúde da família, respei-
tando-se as especificidades referentes à atuação de cada profissional en-
volvido nessas equipes. Nessa perspectiva, o principal propósito deste 
Guia de Bolso é divulgar para os profissionais de saúde, em especial os 
médicos, orientações sintéticas das estratégias que devem ser adotadas 
como contribuição para o controle desse processo.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS46
Vigilância Epidemiológica
A Lei Orgânica da Saúde conceitua Vigilância Epidemiológica (VE) 
como um “conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a de-
tecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e 
condicionantes da saúde individual ou coletiva, com a finalidade de re-
comendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou 
agravos”. O desencadeamento do processo de vigilância tem início com 
a informação do problema de saúde que se destina à tomada de deci-
sões e, por essa razão define-se a vigilância epidemiológica por meio da 
tríade informação – decisão – ação. A VE constitui-se em importante 
instrumento de prevenção e controle de doenças e fornece importantes 
subsídios para o planejamento, organização e operacionalização dos 
serviços de saúde, como também para a normatização de atividades 
técnicas correlatas.
Notificação 
A comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saú-
de, feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qual quer 
cidadão, para fim de adoção de medidas de intervenção perti nentes 
é denominada de notificação. Deve-se notificar a simples suspeita da 
doença, sem aguardar a confirmação do caso, que pode significar per-
da de oportunidade de adoção das medidas de prevenção e controle 
indicadas. A notificação tem que ser sigilosa, só podendo ser divulgada 
fora do âmbito médico sanitário em caso de risco para a comunidade, 
sempre se respeitando o direito de anonimato dos cidadãos.
Propósitos da VE 
Fornecer orientação técnica permanente para os que têm a responsa-
bilidade de decidir sobre a execução de ações de controle de doenças e 
agravos. Sua operacionalização compreende um ciclo completo de fun-
ções específicas e inter-complementares, que devem ser desenvol vidas 
de modo contínuo, permitindo conhecer, a cada momento, o compor-
tamento epidemiológico da doença ou agravo escolhido como alvo das 
ações, para que as intervenções pertinentes possam ser desen cadeadas 
com oportunidade e efetividade. 
Coleta e processamento de dados; análise e interpretação dos dados 
processados; investigação epidemiológica de casos e surtos; recomen-
dação e promoção das medidas de controle apropriadas; avaliação da 
eficácia e efetividade das medidas adotadas; divulgação de informa ções 
sobre as investigações, medidas de controle adotadas, impacto obtido, 
3
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 47
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
formas de prevenção de doenças, dentre outras. É importante salientar 
que todos os profissionais de saúde (da rede pública, privada e conve-
niada), bem como os diversos níveis do sistema (municipal, estadual, 
federal), têm atribuições de vigilância epidemiológica. De pendendo da 
inserção profissional e da capacidade executiva, técnica e gerencial de 
cada área, essas funções vão da simples notificação de casos suspeitos 
ou confirmados das doenças que compõem o sistema de vigilância até 
a investigação epidemiológica (casos ou surtos), ado ção de medidas de 
controle, coleta, análise e interpretação de dados, dentre outras.
Coleta de dados 
A VE desencadeia suas atividades a partir da ocorrência de um evento 
sanitário de caso suspeito ou confirmado de doença sob vigilân cia. A 
coleta de dados ocorre em todos os níveis (municipal, estadual e fe-
deral) de atuação do sistema de saúde. A força e valor da informação 
(que é o dado analisado) dependem da qualidade e fidedignidadecom 
que a mesma é gerada. Para isso, faz- se necessário que os responsáveis 
pela coleta estejam bem preparados para diagnosticar corretamente o 
caso, bem como realizar uma boa investigação epidemiológica, com 
anotações claras e confiáveis. 
Tipos de dados - Morbidade, mortalidade, dados demográficos e am-
bientais, notificação de surtos e epidemias. 
Fontes de dados - Notificação compulsória de doenças -é uma das 
principais fontes da vigilância epidemiológica, a partir da qual, na 
maioria das vezes, se desencadeia o processo de informação – decisão 
- ação. A lista nacional das doenças de notificação vigente encontra-se 
neste Guia. Sua seleção baseia-se na magnitude (medida pela frequên-
cia), potencial de disseminação, transcendência (medida pela letalida-
de, severidade, relevância social e econômica), vulnera bilidade (exis-
tência de instrumentos de prevenção), compromissos internacionais 
de erradicação, eliminação ou controle, epidemias, surtos e agravos 
inusitados – critérios que são observados e ana lisados em conjunto: 
 Resultados de exames laboratoriais; 
 Declarações de óbitos; 
 Maternidades (nascidos vivos); 
 Hospitais e ambulatórios; 
 Investigações epidemiológicas; 
 Estudos epidemiológicos especiais; 
 Sistemas sentinela; 
 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); 
 Imprensa e população, dentre outros. 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS48
Diagnóstico de casos 
A confiabilidade do sistema de notificação depende, em grande parte, 
da capacidade de os profissionais e serviços locais de saúde – respon-
sáveis pelo atendimento dos casos – diagnosticarem corretamente as 
doenças e agravos. Para isso, deverão estar tecnicamente capacitados 
e dispor de recursos complementares para a confirmação da suspeita 
clínica.
Investigação epidemiológica 
É um método de trabalho frequentemente utilizado em casos e epide-
mias de doenças transmissíveis, mas também aplicável a outros gru-
pos de agravos. Consiste em um estudo de campo realizado a partir de 
casos (clinicamente declarados ou suspeitos) e de portadores, objeti-
vando avaliar a ocorrência do ponto de vista de suas implicações para 
a saúde coletiva. Sempre que possível, deve conduzir à confirmação do 
diagnóstico, à determinação das características epidemiológicas da do-
ença, à identificação das causas do fenômeno e à orientação sobre as 
medidas de controle adequadas. 
Roteiro de investigação - As seguintes indagações devem ser levan-
tadas: de quem foi contraída a infecção? (fonte de contágio) Qual a via 
de disseminação da infecção, da fonte ao doente? Que outras pessoas 
podem ter sido infectadas pela mesma fonte de contágio? Para quais 
pessoas o caso pode ter transmitido a doença? A quem o caso ainda 
pode transmitir a doença? Como evitá-lo? 
Finalidade da investigação - Adoção de medidas de controle em tem-
po hábil. Para que isso aconteça, deve ser iniciada imediatamente após 
a ocorrência do evento. 
Ficha de investigação epidemiológica - São os formulários, exis-
tentes nos serviços de saúde, específicos para cada tipo de doença, 
que facilitam a coleta e consolidação de dados. Devem ser preenchi-
dos cuidadosamente, registrando-se todas as informações indicadas, 
para permitir a análise e a comparação de dados. No caso de agra-
vo inusitado, deve-se elaborar uma ficha própria, de acordo com as 
manifestações clínicas e epidemiológicas do evento. Os formulários 
contêm dados de identificação do paciente, anamnese, exame físico, 
suspeita diagnóstica, informações sobre o meio ambiente (de acor-
do com o agravo) e exames complementares de acordo com o(s) 
agravo(s) suspeitado(s). 
Busca de pistas - Visa buscar a origem da transmissão, cabendo ao 
investigador estabelecer quais as mais importantes e o caminho a se-
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 49
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
guir. Em geral, é importante definir: período de incubação; presença de 
outros casos na localidade; existência ou não de vetores ligados à trans-
missibilidade da doença; grupo etário mais atingido; fonte de contágio 
comum (água, alimentos); modos de transmissão (respiratória, contato 
direto, etc.); época de ocorrência (estação). Por ser uma atividade que 
exige tempo e custos adicionais, nem todas as doenças são investigadas. 
Os critérios de definição para a investigação são: doença considerada 
prioritária pelo sistema de vigilância; excesso da frequência usual; sus-
peita de que os casos tenham origem numa fonte comum de infecção; 
gravidade clínica maior que a habitual; doença desconhecida na área 
(agravo inusitado). 
Busca ativa de casos - Procedimento realizado com vistas ao conhe-
cimento da magnitude de ocorrência do evento, quando se suspeita 
que casos possam estar ocorrendo sem registro nos serviços de saúde. 
É mais restrita (domicílio, rua ou bairro) ou ampliada (cidade, mu-
nicípios, acompanhando correntes migratórias, etc), seguindo-se a área 
geográfica de abrangência da fonte de contágio. 
Processamento e análise de dados 
Os dados colhidos são consolidados (ordenados de acordo com as ca-
racterísticas das pessoas, lugar, tempo, etc.) em tabelas, gráficos, mapas 
da área em estudo, fluxos de pacientes e outros. Essa disposição for-
necerá uma visão global do evento, permitindo a avaliação de acordo 
com as variáveis de tempo, espaço e pessoas (quando? onde? quem?) 
e de associação causal (por quê?), e deve ser comparada com períodos 
semelhantes de anos anteriores. É importante lembrar que, além das 
frequências absolutas, o cálculo de indicadores epidemiológicos (coe-
ficientes de incidência, prevalência, letalidade e mortalidade) deve ser 
realizado para efeito de comparação. 
Decisão – ação 
Todo sistema de vigilância tem por objetivo o controle, a eliminação ou 
a erradicação de doenças, o impedimento de óbitos e sequelas. Dessa 
forma, após a análise dos dados, deverão ser definidas imediata mente 
as medidas de prevenção e controle mais pertinentes à situação. Isso 
deve ser feito no nível mais próximo da ocorrência do problema, para 
que a intervenção seja mais oportuna e, consequentemente, mais eficaz.
Normatização 
Normas técnicas capazes de uniformizar procedimentos e viabilizar a 
comparabilidade de dados e informações são elaboradas e divulgadas 
pelo sistema de vigilância epidemiológica. Destaque especial é dado à 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS50
definição de caso de cada doença ou agravo, visando tornar compa-
ráveis os critérios diagnósticos que regulam a entrada dos casos no 
sistema, seja como suspeito, compatível ou mesmo confirmado por 
diagnóstico laboratorial.
Retroalimentação do sistema 
É a devolução de informações aos notificantes das análises, resultantes 
dos dados coletados e das medidas de controle adotadas.
Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica 
O Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) compre-
ende o conjunto interarticulado de instituições do setor público e 
privado, componentes do Sistema Único de Saúde, que, direta ou in-
diretamente, notificam doenças e agravos, prestam serviços a grupos 
populacionais ou orientam a conduta a ser tomada no controle das 
mesmas. De acordo com os princípios e diretrizes do SUS, as ações e 
atividades do SNVE estão sendo repassadas aos níveis descentraliza-
dos do sistema, de modo gradual, de acordo com o desenvolvimento 
dos sistemas locais de saúde, de forma a evitar a descontinuidade téc-
nica e administrativa dos programas e ações afetas a essa área da saú-
de. Os recursos financeiros destinados ao desenvolvimento das ações e 
atividades são transferidos fundo-a-fundo para as secreta rias estaduais 
e municipais de saúde, que têm autonomia técnica, administrativa e 
financeira para o desenvolvimento de suas funções. O nível central do 
sistema (Ministério da Saúde – Secretaria de Vigilância em Saúde) atua 
apenas de modo complementar, quando os problemas de saúde sob 
vigilância epidemiológica ultrapassam a capacidade de resolução de 
estadose municípios. 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 51
O novo Regulamento Sanitário Internacional (RSI 2005) incluiu modi-
ficações substantivas no capítulo que se refere à vigilância de doenças 
e riscos, dentre as quais a exigência de notificação das denominadas 
“Emergências de Saúde Pública de Importância Internacional” defini-
das como evento extraordinário que se constitui em risco para a saú-
de pública para outro estado membro da OMS ou por potencialmente 
requerer uma reposta internacional coordenada. Por sua vez, evento 
ficou entendido como manifestação de uma doença ou uma ocorrência 
que cria um potencial para uma doença e considera-se risco em saúde 
pública a probabilidade de que se produza um evento que pode afetar 
adversamente a saúde de populações humanas. Em particular, para o 
RSI 2005 este risco é de maior interesse quando houver a possibilidade 
de propagação internacional ou possa representar um perigo grave e 
imediato. No propósito de facilitar a operacionalização da noção de 
emergência de importância internacional foi desenvolvido um “algo-
ritmo de decisão” que se encontra no final desse Capítulo.
Para atender ás exigências desse código internacional a Secretaria de 
Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde vem adotando algumas 
inciativas com vistas ao fortalecimento das capacidades de resposta do 
Brasil às emergências em saúde pública, dentre as quais se destacam 
ocontínuo processo de modernização da estrutura dos sistemas nacio-
nal, estaduais e locais de vigilância, treinamento profissionais em cur-
so de especialização voltado para investigação e contenção de surtos, 
epidemias e eventos inusitados (Episus) e mecanismos de avaliação do 
sistema na perspectiva de fortalecimento das capacidades básicas de 
vigilância e resposta às emergências de saúde pública; e a implantação 
da Rede CIEVS.
Centros e Rede CIEVS
Os Centros de Informações Estratégicas e Respostas em Vigilância 
em Saúde (CIEVS) são estruturas técnico-operacionais que vêm sendo 
implantadas nos diferentes níveis do sistema de saúde (SVS, estados 
e municípios). Estas estruturas, voltadas para a detecção e resposta 
às emergências de Saúde Pública, são unidades que tem as seguintes 
funções: análise contínua de problemas de saúde que podem consti-
tuir emergências de saúde pública para emissão de “sinal de alerta”; 
gerenciamento e coordenação das ações desenvolvidas nas situações de 
emergência, sendo consideradas fundamentais para enfrentamento de 
epidemias e pandemias. Desse modo, os profissionais que atuam nos 
Estrutura para Respostas 
às Emergências em Saúde Pública 4
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS52
CIEVS participam da tríade constitutiva da vigilância epidemiológica: 
informação-decisão-ação. 
Assim a Rede CIEVS, formada por estes Centros situados no Ministério 
da Saúde/SVS, Secretarias de Saúde Estaduais e Municipais, até o ano de 
2009, conta com 15 unidades estaduais e mais sete instaladas em capi-
tais, além da Unidade Nacional, sediada e sob a gestão da Secretaria de 
Vigilância em Saúde/MS. Esta última coordena os trabalhos da Rede.
As informações recebidas nos CIEVS são procedentes de notificações 
geradas na rede de serviços de saúde do SUS, por meio de e-mail insti-
tucional, telefone de acesso gratuito, ou diretamente na web (página do 
MS/SVS). Fontes não oficiais também são acessadas e analisadas, quais 
sejam: informações publicadas nos principais meios de comunicação, 
Promed, sites de organismos de saúde nacionais e internacionais, noti-
ficações oriundas da população (rumores), dentre outras. 
No período de março de 2006 a novembro de 2009, foram notificados 
à rede CIEVS mais de 600 eventos que poderiam representar Emergên-
cias de Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) e que, por-
tanto, mereceram adoção de medidas cautelares e/ou antecipatórias de 
vigilância e controle.
Paralelamente aos trabalhos de rotina da rede de serviços de vigilância 
epidemiológica, a Rede CIEVS vem elaborando Planos de Contingência 
ou atuando no enfrentamento de possíveis ocorrências extraordinárias 
de caráter nacional ou internacional, a exemplo da Gripe Aviária, SARS, 
Dengue, Febre Amarela e Influenza pelo novo vírus A(H1N1). 
A experiência que vem sendo acumulada mediante a implantação de 
estratégias para contenção dos mais de 500 eventos e que poderiam 
constituir “Emergências de Saúde Pública de Importância Nacional” e 
as providências adotadas frente a ocorrência da Pandemia de Influenza 
A(H1N1), demonstram o quanto tem sido acertada esta política de for-
talecimento adotada pelo SUS para o enfrentamento de situações inu-
sitadas. Esta estratégia associada a outras iniciativas importantes tem 
possibilitado a criação de estruturas de suporte e permitido a adoção 
de ações mais abrangentes e contínuas. Dentre essas iniciativas desta-
cam-se: a descentralização da execução de ações, utilização de indica-
dores de avaliação, institucionalização da prática de uso da ferramenta 
epidemiológica no planejamento e na tomada de decisões, progressiva 
ampliação do escopo de atuação da vigilância epidemiológica; processo 
em curso de integração das vigilâncias (sanitária, epidemiológica, am-
biental, saúde do trabalhador) nos três níveis de governo; integração 
com a atenção básica; estruturação da rede nacional de laboratórios de 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 53
ESTRUTURA PARA RESPOSTAS ÀS EMERGÊNCIAS DE SAÚDE PÚBLICA
saúde pública; aperfeiçoamento das estratégias de comunicação de ris-
co; mobilização e articulação dos serviços de saúde com as instituições 
de ensino e pesquisa do país.
Algorítmo. Instrumento de decisão utilizado para notificar eventos de 
relevância internacional para o Regulamento Sanitário Internacional
RSI 2005 - Fluxo para o Continente Americano
Instrumento de decisão para avaliação e notificação de eventos que podem 
constituir-se de relevância internacional
Um caso incomum ou 
inesperado de alguma das 
doençasa a seguir e que 
pode ter grave impacto 
sobre a saúde pública, 
devendo ser notificado:
selvagem)
novo subtipo viral
Um evento que envolva as 
doenças a seguir sempre 
deverá conduzir à utilização 
do algoritmo, porque elas 
demonstram capacidade de 
causar um grave impacto 
sobre a saúde pública e 
são de rápida propagação 
nacionalb:
Marburg)
importância nacional 
Dengue, febre do 
Qualquer evento com 
potencial importância 
para a saúde pública 
internacional, incluindo 
aqueles de causas 
como aqueles envolvendo 
eventos ou doenças outros 
que não os listados nas 
conduzir à utilização do 
algoritmo.
pública é grave?
Há risco significativo de 
propagação internacional?
Há risco significativo de 
propagação internacional?
Há risco significativo de 
propagação internacional?
Internacional
estágio
maiores informações
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS54
Os exemplos neste Anexo não são vinculantes e são apresentados a tí-
tulo indicativo, com objetivo de auxiliar na interpretação dos critérios 
do instrumento de decisão.
Quadro 1. Exemplos para a aplicação do instrumento de decisão para 
avaliação e notificação de eventos que possam constituir emergências de 
saúde pública de importância internacional
O
 im
pc
at
o 
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a 
sa
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pú
bl
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é 
gr
av
e?
I. O impacto do evento sobre a saúde pública é grave?
1. O número de casos e/ou o número de óbitos para esse tipo de evento é alto 
para aquele local, tempo e população determinados?
2. O evento tem potencial para causar um grande impacto sobre a saúde 
pública?
portadores sãos.
ou uma grande área geográfica.
3. É necessária assistência externa para detectar, investigar, responder e 
controlar o evento atual ou evitar novos casos?
equipamento de descontaminação ou equipamento de apoio insuficientes para 
atender às necessidades estimadas
rapidamente.
O IMPACTO DO EVENTO SOBRE A SAÚDE PÚBLICA É GRAVE?
Responda “sim” casotiver respondido “sim” às perguntas 1, 2 ou 3 acima.
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 55
ESTRUTURA PARA RESPOSTAS ÀS EMERGÊNCIAS DE SAÚDE PÚBLICA
O
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ve
nt
o 
é 
in
co
m
um
 o
u 
in
es
pe
ra
do
? II. O evento é incomum ou inesperado?
4. O evento é incomum?
mortalidade) ou os sintomas apresentados são incomuns.
5. O evento é inesperado sob a perspectva de saúde pública?
O EVENTO É INCOMUM OU INESPERADO?
Responda “sim” caso tiver respondido “sim” às perguntas 4 ou 5 acima.
Há
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sc
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III. Há risco significativo de propagação internacional?
6. Há evidências de correlação eidemiológica com eventos similares em outros 
Estados?
7. Existe algum fator que deva alertar sobre potencial deslocamento 
transfronteiriço do agente, veículo ou hospedeiro?
através de fonteiras internacionais.
controle sanitário, de detecção ambiental ou de descontaminação.
HÁ RISCO SIGNIFICATIVO DE PROPAGAÇÃO INTERNACIONAL?
Responda “sim” caso tiver respondido “sim” às perguntas 6 ou 7 acima.
Há
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IV. Há risco significativo de restrições ao comércio ou viagens internacionais?
8. Eventos similares no passado resultaram em restrições internacionais ao 
comércio e/ou viagens?
9. Sabe-se ou suspeita-se que a fonte seja um produto alimentar, água ou 
qualquer outra mercadoria que possa estar contaminada e que tenha sido 
exportada para outros Estados ou importada de outros Estados?
10. O evento ocorreu em associação com um encontro internacional ou em 
área de intenso turismo internacional?
11. O evento gerou pedidos de maiores informações por parte de 
autoridades estrangeiras ou meios de comunicação internacionais?
HÁ RISCO SIGNIFICATIVO DE RESTRIÇÕES AO COMÉRCIO OU VIAGENS 
INTERNACIONAIS?
Responda “sim” caso tiver respondido “sim” às perguntas 9, 10, ou 11 acima.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS56
Sistemas de Informações
Introdução
A informação é fundamental para o desenvolvimento da vigilância, 
daí a clássica expressão “informação para ação”. Por sua vez, um bom 
sistema de informações depende da periodicidade do fluxo de forne-
cimento dos dados e do criterioso preenchimento dos instrumentos 
de coleta (fichas de notificação e investigação, declaração de óbito, 
declaração de nascido vivo, boletins de atendimento, autorizações 
de internação, relatórios, etc.). A transformação desses dados (valor 
quantitativo obtido para caracterizar um fato ou circunstância) em 
informações (dado analisado) pode ser feita em todos os níveis do 
sistema de saúde. Para isso, faz-se necessário organizá-los em tabe las 
e gráficos, que, dependendo do grau de complexidade das análises, 
podem ser realizados por todos os profissionais ou por alguns com 
capacitação específica. 
A partir dos dados coletados são construídos indicadores que cor-
respondem a informações produzidas com periodicidade definida e 
critérios constantes, que revelam o comportamento de um fenômeno, 
em dado intervalo de tempo. Para isso, faz-se necessária a disponi-
bilidade do dado, bem como uniformidade e sinteticidade na coleta, 
simplicidade técnica na elaboração e bom poder discriminatório do 
indicador. 
Sistemas de informações 
Conjunto de unidades de produção, análise e divulgação de dados, para 
atender às necessidades de informações de instituições, progra mas e 
serviços. Podem ser informatizados ou manuais. Atualmente, com o 
crescente desenvolvimento da informática, a maioria dos siste mas da 
área da saúde, mesmo nos níveis mais periféricos, já dispõe das ferra-
mentas de computação ou está em vias de adquiri-las. 
Sistema de Informação em Saúde – SIS 
O SIS é parte dos sistemas de saúde e, como tal, integra suas estruturas 
organizacionais e contribui para sua missão. Desenvolvido e implan-
tado para facilitar a formulação e avaliação das políticas, planos e pro-
gramas de saúde, subsidiando o processo de tomada de decisões e con-
tribuindo para melhorar a situação de saúde individual e coletiva, são 
funções do SIS: planejamento, coordenação, supervisão dos processos 
de seleção, coleta, aquisição, registro, arma zenamento, processamento, 
recuperação, análise e difusão de dados e geração de informações. É 
5
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 57
SISTEMAS DE INFORMAÇÕES
importante salientar que, para a área da saúde, também são de inte-
resse dados produzidos fora do setor (de mográficos, de saneamento, 
documentais e administrativos). Dados não rotineiros, mas coletados 
esporadicamente, obtidos por inqué ritos, levantamentos e estudos es-
peciais, também são muito úteis às análises da situação de saúde e da 
vigilância epidemiológica. A coleta de dados deve ser racional e ob-
jetiva, visando a construção de indi cadores epidemiológicos ou ope-
racionais que atendam aos objetivos de cada programa ou instituição, 
evitando-se descrédito do sistema e desperdício de tempo e recursos. 
Assim, deve contar com os requisitos técnicos e profissionais necessá-
rios ao planejamento, coordenação e supervisão das atividades relati-
vas à coleta, ao registro, ao processamento, à análise, à apresentação e à 
difusão de dados e geração de informações.
Sistema de Informação de Agravos de Notificação – 
Sinan 
O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) foi ide-
alizado para racionalizar o processo de coleta e transferência de da-
dos relacio nados às doenças e agravos de notificação compulsória, 
em substi tuição aos procedimentos anteriores que consistiam em 
preenchimen to do Boletim de Notificação Semanal de Doenças pe-
las unidades de saúde e envio por ae rograma ao Ministério da Saúde. 
Pode ser operado a partir das unidades de saúde, considerando o ob-
jetivo de coletar e processar dados sobre agravos de notificação, em 
todo o território nacional, desde o nível local. É alimentado, principal-
mente, pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos 
que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória, 
mas é facultado a estados e municípios incluírem outros problemas de 
saúde, importantes em sua região. O formulário padrão contém duas 
partes: a Ficha Individual de Notificação (FIN), que deve ser preenchi-
da por profissionais das unidades assistenciais da rede exclusivamen-
te pri vada, privada conveniada ao SUS e pública para notificação de 
agravos, e que também é utilizado para notificação negativa, e a Ficha 
Individual de Investigação (FII), em geral, preenchida pelo respon-
sável pela investigação. Os principais indicadores gerados pelo Sinan 
são: taxa ou coeficiente de incidência, taxa ou coeficiente de prevalên-
cia, coeficiente de letalidade. Com as fichas de investigação completa-
mente preenchidas e encerradas no Sinan, muitas outras informações 
podem ser obtidas, como o percentual de sequelas, o impacto das 
medidas de controle e o percentual de casos suspeitos e confirmados, 
entre outras. 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS58
Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM 
O SIM foi criado pelo Ministério da Saúde, em 1975, a partir do de-
senvolvimento de um sistema informatizado de seleção de causa bási-
ca de óbito (SCB). Este sistema foi descentralizado para as secretarias 
municipais de saúde (SMS), deixando de ser operacionalizado apenas 
na administração central das secretarias estaduais de saúde (SES). O 
formulário de entrada de dados é a declaração de óbito (DO), que deve 
ser preenchida exclusivamente por médicos, exceto onde não exis-
tam esses profissionais. Nessas áreas, as DO podem ser preenchidas 
por oficiais de cartório de registro civil e devem também ser assinadas 
por duas testemunhas do óbito. Os dados do SIM permitem calcular 
importantes indicadores para a VE, tais como: taxa ou coeficiente de 
mortalidade e mortalidade proporcional por grandes grupos de cau-
sas, por causas específicas,faixa etária, sexo, escolaridade, ocupação e 
outras características constantes nas declarações de óbitos. As informa-
ções obtidas através das DO possibilitam também o delineamento do 
perfil de morbidade de uma área, no que diz respeito às doenças mais 
letais e às doenças crônicas não sujeitas a notificação, representando, 
praticamente, a única fonte regular de dados nesses casos. O SIM ain-
da apresenta problemas de cobertura em algumas áreas geográficas do 
país, como as regiões Norte e Nordeste, o que dificulta a construção 
de indicadores como taxa de mortalidade infantil e razão de mortali-
dade materna a partir de dados diretos do sistema para essas regiões. 
Apresenta, também, baixa completitude referente ao preenchimento de 
alguns campos, que, às vezes, inviabiliza o seu uso exclusivo como fonte 
de dados para diversos estudos. 
Sistema de Infomações de Nascidos Vivos – Sinasc 
Oficialmente implantado em 1990, foi concebido e montado à seme-
lhança do SIM, a partir de um documento básico padronizado – de-
claração de nascidos vivos (DN) –, que deve ser preenchido para todos 
os nascidos vivos, por qualquer profissional de saúde. Nascido vivo, 
segundo definição da OMS, é todo produto da concepção que, inde-
pendentemente do tempo de gestação, depois de expulso ou extraído 
do corpo da mãe, respira ou apresenta outro sinal de vida, tal como ba-
timento cardíaco, pulsação do cordão umbilical ou movimentos efeti-
vos dos músculos de contração voluntária, estando ou não des prendida 
a placenta. A implantação do Sinasc também ocorreu de forma gradual 
e encontra-se, atualmente, descentralizado para as se cretarias muni-
cipais de saúde. Dentre os indicadores que podem ser construídos a 
partir desse sistema, incluem-se proporção de nascidos vivos de baixo 
peso, proporção de prematuridade, proporção de par tos hospitalares, 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 59
SISTEMAS DE INFORMAÇÕES
proporção de nascidos vivos por faixa etária da mãe, taxa bruta de na-
talidade e taxa de fecundidade. 
Sistema de Informações Hospitalares – SIH/SUS 
Importante fonte de informação por registrar em torno de 80% das 
internações hospitalares realizadas no país e por gerar muitos indi-
cadores: mortalidade hospitalar geral ou por alguma causa ou pro-
cedimento específico; taxa de utilização por faixa etária e sexo, geral 
ou por causa; índice de hospitalização por faixa etária e sexo, geral ou 
por causa; índice de gasto com hospitalização por faixa etária e sexo, 
geral ou por causa; tempo médio de permanência geral ou por causa 
específica; custo médio da internação, geral ou por causa; proporção de 
internação por causa ou procedimento selecionado; utilização de UTI e 
outros. O instrumento de coleta de dados é a autorização de internação 
hospitalar (AIH), atualmente emitida pelos estados, a partir de uma 
série numérica única definida anualmente em portaria ministerial. 
Esse formulário contém os dados de atendimento, com o diagnóstico 
de internamento e da alta (codificado de acordo com a CID), informa-
ções relativas às características de pessoa (idade e sexo), tempo e lugar 
(procedência do paciente) das internações, procedimentos realizados, 
os valores pagos e os dados cadastrais das unidades de saúde, entre 
outros, que permitem a sua utilização para fins epidemiológicos.
Sistema de Informações 
Ambulatoriais do SUS – SIA/SUS
Por obedecer à lógica de pagamento por procedimento, não registra o 
CID do diagnóstico dos pacientes e, portanto, não pode ser utilizado 
como informação epidemiológica, ou seja, seus dados não permitem 
o delineamento dos perfis de morbidade da população, a não ser pelo 
que se pode inferir a partir dos serviços utilizados. 
Entretanto, como sua unidade de registro de informações é o proce-
dimento ambulatorial realizado, desagregado em atos profissionais, 
outros indicadores operacionais podem ser importantes, como com-
plemento das análises epidemiológicas, a exemplo de: número de con-
sultas médicas por habitante ao ano, número de consultas médicas por 
consultório, número de exames/terapias realizados pelo quantitativo 
de consultas médicas.
Outras fontes de dados 
Muitos outros sistemas são operados pela rede de serviços do SUS, que, 
mesmo sem base epidemiológica, podem ser utilizados como fontes 
complementares nas análises. Dentre eles, cabe destacar: o Sistema de 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS60
Informações de Atenção Básica (SIAB), que aporta dados relacionados 
à população coberta pela Estratégia Saúde da Família e pelo Programa 
de Agentes Comunitários de Saúde nos municípios em que se encon-
tram implantados, bem como sobre as atividades desenvolvidas pelos 
agentes e equipes de Saúde da Família; o Sistema de Informações de 
Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), instrumento de políticas 
federais focalizadas e compensatórias (Programa “Leite é Saúde”), atu-
almente implantado em aproximadamente 1.600 municípios conside-
rados de risco para a mortalidade infantil; o Sistema de Informações 
do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI), que aporta dados 
relativos à cobertura vacinal de rotina, atualmente implantado em to-
dos os municípios brasileiros. O Sistema de Informações do Câncer da 
Mulher-SisCam, que faz parte do programa Viva Mulher, fornece in-
formações referentes aos exames realizados nesse grupo, assim como a 
frequência das lesões pré-cancerosas e do câncer invasivo, além de pro-
duzir dados para o monitoramento externo da qualidade dos exames 
citopatológicos realizados. Na área de doenças crônicas, o HiperDia faz 
parte do plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e 
ao Diabetes Mellitus, permitindo o cadastramento e acompanhamento 
de portadores de diabetes mellitus e hipertensão arterial. A médio pra-
zo, permitirá a definição do perfil epidemiológico dessas populações. 
Outros sistemas de importância são o Sistema de Informações sobre 
Orçamento Público em Saúde (Siops) que possibilita acompanhamen-
to das aplicações dos recursos públicos do setor saúde; o Sistema de 
Informações da Anvisa, que atende aos programas de vigilância sanitá-
ria com bancos de dados das áreas de medicamentos, cosméticos, ali-
mentos, saneantes e correlatos, agrotóxicos, além de informações sobre 
o cadastramento de centros; o Sistema de Informações da Fiocruz, que 
compreende o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacoló-
gicas (Sinitox), Sistema de Informações Geográficas (SIG) e a Rede 
Nacional de Bancos de Leite Humano (Redeblh); o Sistema Nacional 
de Informação sobre Meio Ambiente (Sinima), que agrega informação 
ambiental auxiliando a gestão, sendo gerido pela Secretaria de Articu-
lação Institucional e Cidadania Ambiental, do Ministério do Meio Am-
biente, com três eixos estruturantes: o desenvolvimento de ferramentas 
de acesso à informação, baseadas em programas computacionais livres; 
a sistematização de estatísticas; e elaboração de indicadores ambien-
tais. Além das informações decorrentes dos sistemas descritos, exis-
tem outras grandes bases de dados de interesse para o setor saúde que 
apresentam padronização e abrangência nacionais. Entre elas, devem 
ser citadas as disponibilizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 61
Estatística (IBGE), particularmente no que se refere ao Censo Demo-
gráfico, à Pesquisa Brasileira por Amostragem de Domicílios (PNAD) 
e à Pesquisa de Assistência Médico-Sanitária (AMS), e pelos conselhos 
de classe como o Conselho Federal de Medicina (CFM), o Conselho 
Federal de Enfermagem (Cofem) e o Conselho Federal de Odontologia 
(CFO). São, ainda, importantes fontes de dados as pesquisas realizadas 
pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), relatórios e ou-
tras publicações de associações e empresas que atuam no setor médico 
supletivo (medicina de grupo, seguradoras, autogestão e planos de ad-
ministração).
Coleta e divulgação das informaçõesÉ dever de todo profissional de saúde da rede pública, conveniada ou 
privada comunicar, à autoridade sanitária mais próxima, todos os ca-
sos suspeitos de doenças de notificação compulsória que compõem 
a lista brasileira, independente de sua confirmação diagnóstica, bem 
como as que foram acrescentadas nos âmbitos estaduais e municipais. 
Essa notificação pode ser feita em formulário próprio, por telefone, fax 
ou outro meio. O objetivo da notificação é a adoção de medidas de 
controle pertinentes e a alimentação dos sistemas de informações. A 
notificação de casos suspeitos justifica-se pela necessidade de rapidez 
na execução de medidas de controle para algumas patologias, que po-
dem não ter impacto se executadas tardiamente. A retroalimentação 
dos sistemas deve ser considerada como um dos aspectos fundamen-
tais para o processo continuado de aperfeiçoamento, gerência e con-
trole da qualidade dos dados. Tal prática deve ocorrer em seus diversos 
níveis, de modo sistemático, com periodicidade previamente definida, 
de modo a permitir a utilização das informações nas atividades de pla-
nejamento, definição de prioridades, alocação de recursos e avaliação 
dos programas desenvolvidos.
SISTEMAS DE INFORMAÇÕES
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS62
Acidentes por Animais Peçonhentos
Introdução
Apesar de não se tratar de doença infecciosa ou parasitária, a inclusão 
neste Guia de Bolso do capítulo Acidentes por Animais Peçonhen-
tos contribui para a difusão de conhecimentos acerca de um agravo 
usualmente pouco conhecido do profissional de saúde, mas que, in-
variavelmente, se defronta com um paciente acidentado. Estima-se 
que ocorrem, anualmente, no Brasil cerca de 20.000 casos de acidentes 
com serpentes, 5.000 com aranhas e 8.000 com escorpiões, podendo 
estar relacionados à ocorrência de óbitos ou produção de sequelas. Por 
questões operacionais, optou-se por abordar os envenenamentos para 
os quais existem soros específicos, ainda que o tema abranja outros 
grupos de animais peçonhentos bastante frequentes, porém pouco es-
tudados, como alguns animais aquáticos e os himenópteros (abelhas, 
vespas, formigas).
Ofidismo 
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS 
Descrição - Envenenamento provocado pela ação de toxinas, atra-
vés de aparelho inoculador (presas) de serpentes, podendo determi-
nar al terações locais (na região da picada) e sistêmicas. Acidentes por 
serpentes não peçonhentas são relativamente frequentes, porém não 
determinam acidentes graves, na maioria dos casos, e, por isso, são 
considerados de menor importância médica.
Agentes causais - No Brasil, são quatro os gêneros de serpentes 
de interesse médico: Bothrops (jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca), 
Crotalus (cas cavel), Lachesis (surucucu, pico-de-jaca) e Micrurus (co-
ral verdadeira). Bothrops e Micrurus são encontrados em todo o país, 
enquanto que Crotalus é mais frequentemente encontrado em campos, 
áreas abertas e secas. Lachesis habita somente as florestas da Amazô-
nia e da Mata Atlântica. Diversos gêneros de serpentes considerados 
não-peçonhentas ou de menor importância médica, também, são en-
contrados em todo o país, sendo causa comum de acidentes: Phylodrias 
(cobra-verde, cobra-cipó), Oxyrhopus (falsa-coral), Waglerophis (boipe-
va), Helicops (cobra d’água), Eunectes (sucuri) e Boa (jibóia), dentre ou-
tras. Diversos gêneros de serpentes consideradas não-peçonhentas são 
encontrados em todo o país, sendo também causa comum de acidentes: 
6
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 63
Phylodrias (cobra-verde, cobra-cipó), Oxyrhopus (falsa-coral), Waglero-
phis (boipeva), Helicops (cobra d’água), Eunectes (sucuri) e Boa (jibóia), 
dentre outras. 
Manifestações clínicas - Como consequência da absorção do ve-
neno na circulação sanguínea, os mecanismos de ação específicos de-
terminam manifestações clínicas diferenciadas para cada gênero de 
serpente. 
 - Causado por serpentes do gênero Bothrops. 
Determina processo inflamatório no local da picada, com edema 
tenso, equimose, dor e adenomegalia regional, que progridem ao 
longo do membro acometido. Podem ocorrer bolhas com conteúdo 
seroso ou sero-hemorrágico e, eventualmente, necrose cutânea. 
Manifestações sistêmicas podem estar presentes com alteração da 
coagulação sanguínea e sangramentos espontâneos (gengivorragia, 
equimoses e hematomas pós-trauma, hematúria). Com base no 
quadro clínico, pode ser classificado em: leve, moderado e grave. 
 - Causado por serpentes do gênero Lachesis. 
Apresenta quadro clínico semelhante ao botrópico, acrescido de 
manifestações decorrentes de estimulação vagal (náuseas, vômitos, 
diarreia, bradicardia, hipotensão e choque). 
 - Causado por serpentes do gênero Crotalus. Não 
leva a alterações locais proeminentes, apenas edema discreto e pares-
tesia; por outro lado, as manifestações sistêmicas são consequentes à 
paralisia neuromuscular (ptose palpebral, distúrbios de acomodação 
visual, de olfato e paladar, sialorreia, ptose mandibular), rabdomiólise 
(dores musculares generalizadas, urina escura) e incoagulabilidade 
sanguínea. 
 - Causado por serpentes do gênero Micrurus. 
Leva a quadro neuroparalítico semelhante ao do acidente crotálico, 
sem outros sinais e sintomas concomitantes. 
 Acidente por serpentes não-peçonhentas - Sem gravidade, porém 
frequente, podendo, em algumas circunstâncias, causar edema, dor 
e equimose na região da picada. 
Complicações 
 - Celulite, abcesso, síndrome com-
partimental (compressão do feixe nervoso secundário ao edema), ne-
crose com amputação e/ou sequela funcional, sangramento ma çico, 
choque e insuficiência renal aguda. 
Acidente crotálico - Insuficiência renal aguda e insuficiência respira-
tória. 
ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS64
Acidente elapídico - Insuficiência respiratória aguda. 
Diagnóstico clínico - Na maioria dos casos, o diagnóstico é clínico, 
baseado nas manifestações apresentadas pelo paciente; o diagnóstico 
etiológi co, quando há identificação do animal, é pouco frequente. Na 
ausência de alterações clínicas, o paciente deve ser mantido em obser-
vação por 6 a 12 horas seguintes ao acidente, após o que, mantendo-se 
o quadro inalterado, deve ser considerada a possibilidade de acidente 
por serpente não-peçonhenta ou acidente por serpente peçonhenta 
sem envenenamento. 
Diagnóstico laboratorial - Não há exame laboratorial para diag-
nosticar o tipo de acidente. O tempo de coagulação (TC) constitui 
ferramenta útil para a confirmação dos acidentes botrópico e laquéti-
co, quando o quadro local não é muito evidente, e nos acidentes por 
serpente não peçonhenta ou sem envenenamento. No acidente botró-
pico, o hemograma pode auxiliar o diagnóstico através de achado de 
leucocitose, neutrofilia com desvio para a esquerda e plaquetopenia. 
O sumário de urina pode apresentar hematúria, leucocitúria e pro-
teinúria. 
Tratamento - O soro ou antiveneno deve ser específico para cada tipo 
de acidente. A soroterapia deve ser realizada o mais rapidamente possí-
vel e o número de ampo las depende do tipo e da gravidade do acidente 
(Quadro 2). 
A via de administra ção é a endovenosa, devendo-se prestar atenção 
para a ocorrência de manifestações alérgicas durante e logo após a 
infusão do antiveneno (urticária, estridor laríngeo, angioedema, náu-
seas e vômitos, bronco espasmo, hipotensão e choque). Na vigência 
de reações imediatas, a soroterapia deve ser interrompida e posterior-
mente reinstituída após o tratamento da anafilaxia. Hidratação endo-
venosa deve ser iniciada precocemente para prevenir a insuficiência 
renal aguda. Não há evi dências de que fármacos (antiinflamatórios, 
heparina) neutralizem os efeitos dos venenos. O único tratamen-
to medicamentoso efetivo pode ser realizado no acidente elapídico, 
utilizando-se anticolinesterásico (neostigmina ataque: 0,25mg, adul-
tos, ou 0,05mg/kg, crianças, IV; manutenção: 0,05 a 1mg/kg, IV, a 
cada 4 horas), precedido de atropina IV (0,5mg/kg, adultos, 0,05mg/kg, crianças). Reações tardias (doença do soro) podem ocorrer 1 a 
4 semanas após a soroterapia, com urticá ria, febre baixa, artralgia e 
adenomegalia. 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 65
ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS
Quadro 2. Número de ampolas de soro antiofídico indicado para cada tipo 
e gravidade do acidente
Acidentes Soros Gravidade Nº de ampolas
Botrópico
Leve: quadro local discreto, sangramento 
distúrbio na coagulação
2 a 4
Moderado: edema e equimose 
evidentes, sangramento sem 
comprometimento do estado geral; pode 
Grave: alterações locais intensas, 12
Laquético
Moderado: quadro local presente, pode 
vagais
10
Grave
intensa, com manifestações vagais 20
Leve
discretas; sem mialgia, escurecimento da 
urina ou oligúria
5
Crotálico Anticrotálico 
Moderado
escura) discretas, porém discretas
10
Grave
evidentes, mialgia e mioglobinúria 
intensas, oligúria
20
Elapídico potencialmente graves pelo risco de 10
Características epidemiológicas - O ofidismo constitui, dentre os 
acidentes por animais peçonhentos, o de maior interesse médico, pela 
frequência e gravidade. Os acidentes ocorrem em todo o país, porém 
verifica-se variação significativa por região, com os coeficientes mais 
elevados no Norte e Centro-oeste. A distribuição por gênero de serpente 
peçonhenta, entre os casos notificados, indica pre domínio do acidente 
botrópico (73,5%), seguido do crotálico (7,5%), laquético (3,0%), elapí-
dico (0,7%) e por serpentes não-peçonhentas (3,0%). A sazonalidade é 
característica marcante, relacionada a fatores climáticos e da atividade 
humana no campo, que determina ainda um predomínio de incidência 
nos meses quentes e chuvosos, em indivídu os adultos jovens, do sexo 
masculino durante o trabalho na zona rural. A letalidade geral é baixa 
(0,4%). O tempo decorrido entre o acidente e o atendimento e o tipo de 
envenenamento podem elevar a letalidade em até oito vezes essa taxa, 
como no envenenamento crotálico, quando o atendimento é realizado 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS66
mais de 6 a 12 horas após o acidente (4,7%). Por outro lado, a frequência 
de sequelas, relacionada a complicações locais, é bem mais elevada, situ-
ada em 10% nos acidentes botrópicos, associada a fatores de risco, como 
o uso de torniquete, picada em extremidades (dedos de mãos e pés) e 
retardo na administração da soroterapia.
Escorpionismo 
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS 
Descrição - O envenenamento ocorre pela inoculação de veneno pelo 
ferrão ou aguilhão, localizado na cauda de escorpiões. A estimulação 
de terminações nervosas sensitivas determina o aparecimento do qua-
dro local, de instalação imediata e caracterizada por dor intensa, edema 
e eritema discretos, sudorese localizada em torno do ponto de picada 
e piloereção. Eventualmente, mioclonias e fasciculações podem ocor-
rer. A atividade sobre o sistema nervoso au tônomo é responsável pelo 
quadro sistêmico, observado em crianças, nas quais, após intervalo de 
minutos até poucas horas (de 2 a 3), podem surgir manifestações sis-
têmicas como sudorese profusa, agitação psicomotora, tremores, náu-
seas, vômitos, sialorreia, hipertensão ou hipotensão arterial, arritmia 
cardíaca, insuficiência cardíaca congestiva, edema pulmonar agudo e 
choque. A presença dessas manifestações impõe a suspeita do diagnós-
tico de escorpionismo, mesmo na ausência de história de picada ou 
identificação do animal.
Agente causal - Os escorpiões de importância médica para o Brasil 
pertencem ao gênero Tityus, com várias espécies descritas: Tityus serru-
latus (escorpião-amarelo), com ampla distribuição desde o Paraná até o 
norte da Bahia, com alguns relatos para Sergipe e Alagoas, além da região 
central do país. Representa a espécie de maior interesse pela facilidade 
de proliferação, pois essa espécie só possui fêmeas e realiza reprodução 
por partenogênese, pela alta adaptação ao meio urbano e pelo grande 
potencial de gravidade do envenenamento; Tityus bahiensis (escorpião-
marrom), encontrado em todo o país, com exceção da região Norte; 
Tityus stigmurus, espécie mais comum no Nordeste; Tityus paraensis 
(escorpião-preto) e Tityus metuendus, encontrados na Amazônia.
Diagnóstico - Eminentemente clínico-epidemiológico. São de gran-
de utilidade na detecção e acompanhamento das complicações a 
radiografia de tórax, que evidencia aumento de área cardíaca e vela-
mento pulmonar difuso (eventualmente unilateral), e o eletrocardio-
grama, que mostra padrão semelhante ao observado no infarto agudo 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 67
ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS
do miocárdio, além de taqui ou bradicardia sinusal, extra-sístoles, blo-
queios de condução e distúrbios de repolarização. A ecocardiografia 
evidencia, nas formas graves, hipocinesia do septo interventricular e de 
parede, às vezes associada à regurgitação mitral. Na bioquímica encon-
tra-se creatinofosfoquinase e sua fração MB elevadas, hiperglicemia, 
hiperamilasemia, hipopotassemia e hiponatremia.
Diagnóstico diferencial - Acidentes por aranhas do gênero Pho-
neutria (aranha-armadeira).
Complicações - Decorrentes do envenenamento sistêmico: arritmia 
cardíaca, insuficiência cardíaca congestiva, choque e edema agudo pul-
monar. Não há complicações locais. 
Tratamento - Nos casos leves, onde estão presentes somente as ma-
nifestações locais, o tratamento é sintomático com medidas que visem 
o alívio da dor: infiltração com anestésico sem vasoconstritor (Lidoca-
ína a 2%), ou analgésicos sistêmicos, como Dipirona. O soro antiescor-
piônico ou antiaracnídico é indicado nos acidentes mo derados e gra-
ves. Nesses casos, o paciente deve ser mantido em unidade de terapia 
intensiva para monitoramento das funções vitais A aplicação dos soros 
deve ser feita, como os soros antiofídicos, pela via intravenosa, bem 
como os cuidados na administração perante a possibilidade de reações 
alérgicas (Quadro 3). 
Quadro 3. Número de ampolas de soro antiescorpiônico ou antiaracnídico 
de acordo com a gravidade do envenenamento
Acidente Soro Gravidade Nº de ampolas
Escorpiônico ou
Leve: dor e parestesia local -
Moderado: dor local intensa 
associada a uma mais 
sudorese e sialorreia discretos, 
agitação, taquipneia e taquicardia
2 a 3
Grave: além das citadas na forma 
moderada, presença de uma ou 
mais das seguintes manifestações: 
sudorese profusa, sialorreia intensa, 
prostração, convulsão, coma, 
4 a 6
Características epidemiológicas - A sazonalidade tem se mostra-
do semelhante à dos acidentes ofídicos, ocorrendo predominantemen-
te nos meses quentes e chuvosos. A maioria dos casos tem evolução 
benigna (letalidade 0,6%); os casos graves e óbitos têm sido associados 
a acidentes por T. serrulatus em crianças menores de 14 anos. No caso 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS68
do escorpionismo, o tempo entre acidente e o início de manifestações 
sistêmicas graves é bem mais curto do que para os acidentes ofídicos. 
Desse modo, crianças picadas por T. serrulatus, ao apresentar os pri-
meiros sinais e sintomas de envenenamento sistêmico, devem receber o 
soro específico o mais rapidamente possível, bem como cuidados para 
manutenção das funções vitais. 
Araneísmo 
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS 
Descrição - Envenenamento causado pela inoculação de toxinas atra-
vés de ferrões localizados no aparelho inoculador (quelíceras) de ara-
nhas peçonhentas. 
Agentes causais - As aranhas peçonhentas de interesse médico no 
Brasil são representadas pelos gêneros Loxosceles (aranha-marrom), 
Phoneutria (armadeira) e Latrodectus (viúva-negra), que apresentam 
aspectos biológicos e distribuição geográfica bastante distintos. 
 Loxosceles (aranha-marrom) - De pequeno porte (3-4cm), constrói 
teia irregular em fendas, telhas e tijolos e, dentro das casas, atrás de 
quadros e móveis, sempre ao abrigo da luz; não é agressiva e só causa 
acidentes quando comprimida contra o corpo.Phoneutria (aranha-armadeira, aranha-macaca) - Pode atingir até 
15cm, não constrói teia geométrica e tem hábito agressivo, podendo 
saltar a uma distância de 40cm. 
 Latrodectus (viúva-negra) - Aranha pequena, constrói teia irregular 
e vive em vegetações arbustivas e gramíneas, podendo apresentar 
hábitos domiciliares e peridomiciliares. 
Outras aranhas - A família Lycosidae (aranha-de-jardim, tarântula) 
e a subordem Mygalomorphae (caranguejeiras) apresentam grande 
variedade de espécies, encontradas em todo o país, mas são con-
sideradas de menor importância médica. 
Manifestações clínicas
 - Causado pela picada de aranhas do gênero Loxosceles. 
Tem duas formas clínicas descritas: cutânea e cutâneo-visceral. A 
picada é pouco dolorosa e as manifestações locais têm início insi-
dioso, com equimose, palidez, enduração, edema e eritema, bolhas 
e necrose. Frequentemente, cefaleia, náuseas, mal-estar, febre baixa 
e exantema generalizado estão associados. Menos comum, a forma 
sistêmica (cutâneo-visceral) caracteriza-se pela presença de hemólise 
intravascular. 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 69
ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS
 - O gênero Phoneutria é responsável por quadro 
bastante semelhante ao do escorpionismo, com dor local, acompa-
nhada de edema e eritema discretos e sudorese na região da picada. 
Manifestações sistêmicas são descritas raramente, em crianças, que 
podem apresentar agitação psicomotora, náuseas, vômitos, sialor-
reia, hipertensão ou hipotensão, bradicardia, choque e edema agudo 
pulmonar, em consequência da atividade sobre o sistema nervoso 
autônomo. 
 - Secundário à picada de aranhas do gênero Latro-
dectus, manifesta-se com dor local e pápula eritematosa no local 
da picada, acompanhados de hiperreflexia, tremores e contrações 
musculares espasmódicas. 
 - Podem provocar dor discreta e 
transitória no local da picada; quadros dermatológicos irritativos 
ou alérgicos podem ser causados por aranhas caranguejeiras, que 
liberam pêlos que se depositam sobre pele e mucosas. 
Complicações 
 - Úlcera necrótica, infecção cutânea, insuficiência 
renal aguda. 
 - Choque e edema agudo pulmonar. 
 - Não há complicações descritas.
Diagnóstico - Clínico-epidemiológico. Exames laboratoriais au-
xiliam no diagnóstico do loxoscelismo cutâneo-visceral (hiperbilirru-
binemia indireta, anemia aguda e elevação de ureia e creatinina, nos 
casos com insuficiência renal). Da mesma forma, as alterações labo-
ratoriais no latrodectismo são inespecíficas, sendo descritos distúrbios 
hematológicos (leucocitose, linfopenia), bioquímicos (hiperglicemia, 
hiperfosfatemia), do sedimento urinário (albuminúria, hematúria, leu-
cocitúria) e eletrocardiográficas (fibrilação atrial, bloqueios, diminui-
ção de amplitude do QRS e da onda T, inversão da onda T, alterações 
do segmento ST e prolongamento do intervalo QT). As alterações la-
boratoriais do foneutrismo são semelhantes ao do escorpionismo, no-
tadamente aquelas decorrentes de comprometimento cardiovascular.
Tratamento 
 - O soro antiaracnídico ou antiloxoscélico (Quadro 
3) é indicado a partir do momento em que a hemólise é detectada 
e, no quadro cutâ neo, quando o diagnóstico é feito nas primeiras 
72 horas; a limitação ao uso de antiveneno se deve ao diagnóstico 
tardio, muitas vezes realizado já com a necrose cutânea delimitada. 
Nesse caso, medidas de suporte, como uso de antissépticos, lavagem 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS70
com permangato de potássio (KMnO
4
) 1:40.000 e curativos locais 
são recomendados até ser realizada a remoção da escara e acompan-
hamento cirúrgico para o manejo da úlcera e correção da cicatriz. 
 - Tratamento sintomático para a dor com calor local 
e analgésico sistêmico. Pode-se usar também infiltração anestésica 
local ou troncular com lidocaína 2% ou similar, sem vasoconstritor 
(3-4ml em adultos e 1-2ml em crianças). Havendo recorrência da 
dor, pode ser necessária nova infiltração, em geral em intervalos 
de 60 minutos. Caso não haja resposta satisfatória ao anestésico, 
recomenda-se o uso de meperidina 50-100mg (crianças 1mg/kg) IM. 
O soro antiaracnídico somente é preconizado nos casos moderados 
e graves, onde há manifestações sistêmicas. 
 - O soro antilatrodéctico encontra-se em fase ex-
perimental, não sendo disponível para uso de rotina. Assim sendo, 
o tratamento medicamentoso inclui, além de analgésicos sistêmicos, 
Benzodiazepínicos do tipo diazepan – 5-10mg (crianças, 1-2mg) 
IV, a cada 4 horas, se necessário, Gluconato de cálcio 10% – 10-20ml 
(crianças, 1mg/kg) IV, a cada 4 horas, se necessário e Clorproma-
zina – 25-50mg (crianças, 0,55mg/kg/dose) IM, a cada 8 horas, se 
necessário.
Quadro 3. Número de ampolas de soros antiaracnídico e antiloxoscélico 
indicado para cada tipo e gravidade do acidente
Acidentes Soros Gravidade Nº de ampolas
Foneutrismo
Leve: dor local, edema, eritema, sudorese, 
piloreção –
Moderado: dor local intensa, sudorese, 
2 a 4
Grave: sudorese profusa, sialorreia, 
edema pulmonar agudo
5 a 10
Loxoscelismo ou
Leve
–
Moderado: independentemente da 
identificação do agente, lesão sugestiva 
5
Grave
10
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 71
ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS
Características epidemiológicas 
 - São várias as espécies de Loxosceles encontradas 
no país, porém a maioria dos acidentes é descrita nas regiões Sul e 
Sudeste, particularmente no Paraná, e nos meses do verão; é bastante 
frequente o acidente ocorrer enquanto o paciente está dormindo ou 
vestindo-se, fazendo com que as porções proximais do corpo (tronco, 
abdome, coxa) sejam as mais acometidas. 
 - Mais frequentemente descrito nas regiões Sul e Su-
deste, com incremento no número de acidentes nos meses de março 
a maio, sendo 79% dos casos considerados acidentes leves. 
 - Os dados epidemiológicos do latrodectismo são es-
cassos, por serem acidentes de baixa incidência no país. Os acidentes 
são descritos na faixa litorânea do Rio de Janeiro até o Nordeste, com 
maior ocorrência nos meses de março a maio. 
Acidentes por Lonomia e outras lagartas 
(Erucismo) 
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS 
Descrição - Acidente causado pelo contato de cerdas de lagartas com 
a pele (erucismo, de origem latina eruca = lagarta). O quadro de der-
matite urticante, comum a todas as lagartas, é caracterizado por dor em 
queimação, eritema, edema, prurido e adenomegalia re gional. Podem 
ocorrer formação de vesículas, bolhas e erosões. Sín drome hemorrági-
ca, com coagulopatia de consumo e sangramentos sistêmicos (gengi-
vorragia, equimoses, hematúria, epistaxe), é descrita no envenenamento 
por lagartas do gênero Lonomia, encontradas com maior frequência em 
seringueiras (Amapá e Ilha de Marajó) e árvores frutíferas (região Sul). 
As manifestações hemorrágicas são precedidas do quadro local e de sin-
tomas inespecíficos, como cefaleia, náuseas, vômitos, dor abdominal. 
Agentes causais - São considerados de importância médica os aci-
dentes causados por insetos pertencentes à ordem Lepidoptera na sua 
forma larvária. As principais famílias de lepidópteros causadoras de 
acidentes são Megalopygidae e Saturniidae. A família Megalopygidae 
(lagarta-de-fogo, chapéu-armado, taturana-gatinho) é composta por 
insetos que apresentam dois tipos de cerdas: as verdadeiras, pontiagu-
das e que contêm as glândulas de veneno, e outras mais longas, colo-
ridas e inofensivas. As lagartas da família Saturnidae (taturana, oruga, 
tapuru-de seringueira) têm espinhos ramificados de aspecto arbóreo 
e apresentam tonalidades esverdeadas, exibindo manchas e listras no 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS72
dorso e laterais, muitas vezes mimetizando as plantas onde vivem; nes-
sa família se inclui o gênero Lonomia. 
Complicações - Acidentes por Lonomia: sangramentos maciços ou 
em órgão vital, insuficiência renal aguda; óbitos têm sido associados à 
hemorragia intracraniana e ao choque hipovolêmico.Diagnóstico - Independentemente do gênero ou família do lepidópte-
ro causador do acidente, o quadro local é indistinguível e se caracteriza 
por dor imediata em queimação, irradiada para o membro, com área de 
eritema e edema na região do contato; eventualmente, podem-se evi-
denciar lesões puntiformes eritematosas nos pontos de inoculação das 
cerdas. Adenomegalia regional dolorosa é comumente referida. Embora 
rara, pode haver evolução com bolhas e necrose cutânea superficial. Os 
sintomas normalmente regridem em 24 horas, sem maiores complica-
ções. O diagnóstico de envenenamento por Lonomia é fei to através da 
identificação do agente ou pela presença de quadro he morrágico e/ou 
alteração da coagulação sanguínea, em paciente com história prévia de 
contato com lagartas. Na ausência de sindrome he morrágica, a obser-
vação médica deve ser mantida por 24 horas, para o diagnóstico final, 
considerando a possibilidade de tratar-se de contato com outro lepidóp-
tero ou acidente com Lonomia sem repercussão sis têmica. 
Diagnóstico laboratorial - Cerca de 50% dos pacientes acidenta-
dos por Lonomia apresentam distúrbio na coagulação sanguínea, com 
ou sem sangramentos. O tempo de coagulação auxilia no diagnóstico 
de acidente por Lonomia e deve ser realizado para orien tar a sorotera-
pia nos casos em que não há manifestações hemorrágicas evidentes. 
Tratamento - Para o quadro local, o tratamento é sintomático com 
compressas frias ou geladas, analgésicos e infiltração local com anestési-
co do tipo lidocaína 2%. Na presença de sangramentos e/ou distúrbio na 
coagulação, o soro anti lonômico deve ser administrado de acordo com 
a intensidade e gravi dade das manifestações hemorrágicas (Quadro 4). 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 73
ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS
Quadro 4. Número de ampolas de soro antilonômico de acordo com a 
gravidade do acidente 
Acidente Soro Gravidade Nº de ampolas
lonômico
Leve: quadro local apenas, sem sangramento ou 
distúrbio na coagulação –
Moderado: quadro local presente ou não, 
presença de distúrbio na coagulação, sangramento 5
Grave: independente do quadro local, presença 
risco de morte ao paciente
10
Características epidemiológicas - Os acidentes são mais comuns 
nos meses quentes e chuvosos, que coincidem com o desenvolvimento 
da fase larvária das mariposas. Os acidentes por Lonomia são descritos 
predominantemente na região Sul, menos frequentemente, no Pará e 
Amapá; casos isolados em outros estados têm sido registrados (São 
Paulo, Minas Gerais, Maranhão, Amazonas, Goiás). Os trabalhadores 
rurais são os principais atingidos. O grupo etário pediátrico é o mais 
acometido, com ligeiro predomínio do sexo masculino. Já os casos 
graves e óbitos têm sido registrados em idosos com patologias prévias.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 
Objetivos - Diminuir a frequência, sequelas e a letalidade dos aci-
dentes por animais peçonhentos através do uso adequado da sorote-
rapia e da educação em saúde. 
Notificação - Agravo de interesse nacional. Todo acidente por ani mal 
peçonhento atendido na unidade de saúde deve ser notificado, inde-
pendentemente do paciente ter sido ou não submetido à soro terapia. 
Existe uma ficha específica no Sinan que se constitui em instrumento 
fundamental para se estabelecer normas de atenção adequadas à rea-
lidade local. 
Definição de caso 
 - Paciente com história de acidente por animal peçonhento. 
 - Paciente com evidências clínicas de envenenamento, 
podendo ou não ter trazido o animal causador do acidente. O 
diagnóstico etiológico se faz quando, além das alterações decorrentes 
do envenenamento, o animal causador do acidente é identificado. 
Entretanto, para efeito de tratamento e de vigilância epidemiológica, 
são considerados confirmados todos os casos que se enquadrem nas 
definições acima referidas. 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS74
Encerramento do caso 
 - Na maioria dos casos não complicados, a alta ocorre, em 
média, de 4 a 7 dias após o acidente e respectivo tratamento. Nos casos 
complicados, a evolução clínica indica o momento da alta definitiva. 
O paciente deve ser orientado quanto à possibilidade de ocorrência 
da “doença do soro”, de curso geralmente benigno, cujos sintomas 
aparecem de 7 a 28 dias após a administração do soro antiveneno. 
 - A alta definitiva pode ser dada após a 
remissão do quadro local ou sistêmico, exceto nos acidentes necro-
tizantes pela aranha Loxosceles, nos quais a evolução clínica da lesão 
é lenta, podendo haver necessidade de procedimentos cirúrgicos 
reparadores. 
Erucismo - A alta pode ser dada após a remissão do quadro local, 
com exceção dos acidentes por Lonomia, nos quais o paciente deve 
ser hospitalizado até a normalização dos parâmetros clínicos e 
laboratoriais. 
MEDIDAS DE CONTROLE 
 - O uso de botas de cano alto, perneiras e luvas constituem 
medidas fundamentais para a prevenção dos acidentes; a utilização 
desses equipamentos de proteção individual para os trabalhadores 
é inclusive regulamentada por lei. Dentre as medidas de prevenção 
coletiva, o peridomicílio e as áreas de estocagem de grãos devem 
ser mantidos limpos, pois, havendo facilidade para a proliferação 
de roedores, atraem serpentes, que os utilizam como alimentos. 
 - Limpeza periódica do peridomicílio, 
evitando-se acúmulo de materiais como lenha, tijolos, pedras e lixo; 
cuidado ao manusear tijolos, blocos e outros materiais de construção; 
tapar buracos e frestas de paredes, janelas, portas e rodapés; sacudir 
roupas, sapatos e toalhas antes de usar; e inspecionar a roupa de cama 
antes de deitar são medidas auxiliares importantes na prevenção de 
acidentes. 
 - Cuidado ao manusear folhagens e ao colocar as mãos 
nos caules de árvores. 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
PARTE II
Doenças infecciosas
de interesse para a saúde 
pública
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 77
Aids
CID 10: B20 a B24
1
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS 
Descrição - A Aids é uma doença que representa um dos maiores 
problemas de saúde da atualidade, em função do seu caráter pandêmi-
co e de sua gravidade.
Os infectados pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) evoluem 
para uma grave disfunção do sistema imunológico, à medida que vão 
sendo destruídos os linfócitos T CD4+, uma das principais células-
alvo do vírus. A contagem de linfócitos T CD4+ é um importante 
marcador dessa imunodeficiência, sendo utilizada tanto para estimar 
o prognóstico e avaliar a indicação de início de terapia antirretroviral, 
quanto para definição de casos de Aids, com fins epidemiológicos.
A história natural dessa infecção vem sendo alterada, consideravel-
mente, pela terapia antirretroviral (TARV), a qual foi iniciada no Brasil 
em 1996, resultando em um aumento da sobrevida dos pacientes, me-
diante reconstrução das funções do sistema imunológico e redução de 
doenças secundárias e, consequentemente, melhorando a qualidade de 
vida dos pacientes.
Uma das prioridades do Programa Nacional de DST e Aids é a redução 
da transmissão vertical do HIV. Resultados animadores vêm sendo ob-
servados a partir da instituição de protocolos de tratamento da gestan-
te/parturiente e criança exposta, a qual, além da quimioprofilaxia com 
os antirretrovirais, deve ser alimentada com fórmula infantil desde o 
nascimento até a confirmação do seu status sorológico.
Para facilitar a compreensão dos diferentes aspectos dessa complexa 
infecção, das diferentes abordagens de notificação, investigação, diag-
nóstico e tratamento optou-se por dividir este capítulo em duas partes: 
a primeira, sobre a síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids) 
propriamente e a segunda, em que se destacam aspectos específicos da 
infecção e dos procedimentos para gestantes, parturientes, nutrizes e 
crianças expostas ao risco de infecção.
Sinonímia - Sida, doença causada pelo HIV, síndrome da imu-
nodeficiência adquirida. 
Agente etiológico - HIV-1 e HIV-2, retrovírus da família Lentiviridae.Reservatório - O homem.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS78
Modo de transmissão - O HIV pode ser transmitido por via sexual 
(esperma e secreção vaginal); pelo sangue (via parenteral e vertical); e 
pelo leite materno. 
Desde o momento de aquisição da infecção, o portador do HIV é trans-
missor, entretanto, os indivíduos com infecção muito recente (“infec-
ção aguda”) ou imunossupressão avançada têm maior concentração do 
HIV no sangue (carga viral) e nas secreções sexuais, transmitindo com 
maior facilidade o vírus. Alguns processos infecciosos e inflamatórios 
favorecem a transmissão do HIV, a exemplo de doenças sexualmente 
transmissíveis (DST), como a sífilis, o herpes genital e o Cancro Mole. 
As DST não ulcerativas, tais como: Gonorreia, infecção por clamídia, 
tricomoníase, ou outras infecções do trato genital inferior como, por 
exemplo, a vaginose bacteriana e Candidíase, e processos inflamatórios, 
como vaginites químicas causadas por espermicidas e outras substân-
cias. As cervicites, além do processo inflamatório adjacente, cursam 
quase que invariavelmente com a presença de ectopias, o que lhes con-
fere solução de continuidade entre o ambiente vaginal e a circulação 
sanguínea, favorecendo a aquisição ou transmissão do HIV. As ver-
rugas, igualmente, causam friabilidade da mucosa infectada, levando 
à formação de microfissuras, e, portanto, maior risco de aquisição ou 
transmissão do HIV.
Outros fatores de risco associados aos mecanismos de transmissão do 
HIV são: 
adequadamente;
tilhamento;
-
ro-cortantes, contaminados com sangue e secreções de pacientes;
-
cepto).
Período de incubação - Compreendido entre a infecção pelo HIV 
e o aparecimento de sinais e sintomas da fase aguda, podendo variar 
de 5 a 30 dias. 
Período de latência - É o período após a fase de infecção aguda, até 
o desenvolvimento da imunodeficiência). Esse período varia entre 5 e 
10 anos, média de seis anos. 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 79
AIDS
Período de transmissibilidade - O indivíduo infectado pelo HIV 
pode transmiti-lo em todas as fases da infecção, risco esse proporcio nal 
à magnitude da viremia. 
Diagnóstico - A doença pode ou não ter expressão clínica logo após 
a infecção, sendo importante que o profissional saiba conduzir a in-
vestigação laboratorial após a suspeita de risco de infecção pelo HIV. 
É importante o entendimento da dinâmica da variação viral ou seus 
marcadores e o curso temporal em indivíduos depois da exposição ao 
HIV. Além disso, é imprescindível reconhecer a diferença entre a janela 
imunológica e a soroconversão.
Enquanto a janela imunológica é o período de tempo entre a exposi-
ção ao vírus até que a detecção por marcadores virais ou antivirais se 
tornem detectáveis, a soroconversão é o período que denota no proces-
so de desenvolvimento de anticorpos contra um patógeno específico. 
Considera-se adequado considerar o período médio de janela imuno-
lógica de 30 dias. Período esse em que a maioria dos indivíduos apre-
sentará resultados positivos nos conjuntos de testes diagnósticos para 
a detecção da infecção pelo HIV. Deve-se considerar, entretanto, que 
uma variedade muito grande de fatores pode contribuir para que esse 
tempo não seja estabelecido para todos os indivíduos, pois a sorocon-
versão é individualizada, existindo, ainda, os soroconversores lentos. 
Além disso, é extremamente importante ressaltar que esse tempo foi 
baseado em ensaios de detecção por ELISA de terceira geração e nos 
testes Western Blot. Caso não ocorra a soroconversão no intervalo de 
30 dias, o indivíduo deve ser considerado como não infectado a menos 
que os antecedentes epidemiológicos e/ou os sinais clínicos sugiram a 
presença da infecção pelo HIV. As manifestações clínicas são aquelas 
compreendidas nas seguintes fases: 
Infecção aguda - O diagnóstico desta fase é pouco realizado, devido 
ao baixo índice de suspeição, caracterizando-se por viremia elevada, 
resposta imune intensa e rápida queda na contagem de linfócitos CD4+ 
de caráter transitório. As manifestações clínicas variam desde quadro 
gripal até uma síndrome que se assemelha à mononucleose (Mono-
nucleose-like). Os pacientes podem apresentar sintomas de infecção 
viral, como febre, adenopatia, faringite, mialgia, artralgia, rash cutâneo 
maculopapular eritematoso; ulcerações muco-cutâneas, envolvendo 
mucosa oral, esôfago e genitália; hiporexia, adinamia, cefaleia, fotofo-
bia, hepatoesplenomegalia, perda de peso, náuseas e vômitos. Alguns 
pacientes, ainda, podem apresentar Candidíase oral, neuropatia peri-
férica, meningoencefalite asséptica e síndrome de Guillain-Barré. Os 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS80
sintomas duram, em média, 14 dias, podendo o quadro clínico ser au-
tolimitado. 
Fase assintomática - Pode durar de alguns meses a alguns anos, e os 
sintomas clínicos são mínimos ou inexistentes. Os exames sorológicos 
para o HIV são reagentes e a contagem de linfócitos T CD4+ pode estar 
estável ou em declínio. Alguns pacientes podem apresentar uma linfoa-
denopatia generalizada persistente, “flutuante” e indolor.
Fase sintomática inicial - Nesta fase, o portador da infecção pelo HIV 
pode apresentar sinais e sintomas inespecíficos de intensidade variável, 
além de processos oportunistas de menor gravidade, conhecidos como 
ARC - complexo relacionado à Aids. São indicativos de ARC: Candi-
díase oral; testes de hipersensibilidade tardia negativos; e a presença de 
mais de um dos seguintes sinais e sintomas, com duração superior a 1 
mês, sem causa identificada: linfadenopatia generalizada, diarreia, fe-
bre, astenia sudorese noturna e perda de peso superior a 10%. Há uma 
elevação da carga viral e a contagem de linfócitos T CD4+ já pode se 
encontrar abaixo de 500cel/mm3.
Aids/doenças oportunistas - Uma vez agravada a imunodepressão, o 
portador da infecção pelo HIV apresenta infecções oportunistas (IO). 
As doenças oportunistas associadas à Aids são várias, podendo ser cau-
sadas por vírus, bactérias, protozoários, fungos e certas neoplasias:
Vírus - Citomegalovirose, Herpes Simples, leucoencefalopatia 
multifocal progressiva;
Bactérias - Micobacterioses (Tuberculose e complexo Mycobacterium 
avium-intracellulare), pneumonias (S. pneumoniae), salmonelose;
Fungos - Pneumocistose, candidíase, criptococose, histoplasmose; 
Protozoários - Toxoplasmose, criptosporidiose, isosporíase.
Os tumores mais frequentemente associados são: sarcoma de Kaposi, 
linfomas não Hodgkin, neoplasias intraepiteliais anal e cervical. É im-
portante assinalar que o câncer de colo do útero compõe o elenco de 
doenças indicativas de Aids, no sexo feminino.
Alterações neurológicas induzidas pelo HIV - O HIV apresenta tam-
bém um neurotropismo bastante acentuado, levando, frequentemente, 
ao aparecimento de síndromes neurológicas específicas, particular-
mente nas fases mais avançadas da infecção. As manifestações neu-
rológicas mais frequentes são: as neuropatias periféricas, a mielopatia 
vacuolar e um quadro de atrofia cerebral e demência progressiva, todas 
relacionadas com a ação do HIV e do próprio sistema imune no tecido 
nervoso central e periférico. 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 81
AIDS
À medida que a infecção se agrava, a carga viral se eleva e a contagem 
de linfócitos T CD4+ diminui de forma significativa, podendo, no está-
gio mais avançado, chegar a valores abaixo de 50 cels/mm3.
 - Para crianças com 18 meses ou menos, realiza-se a quan-
tificação do RNA viral plasmático (carga viral) ou a detecção do DNA 
pró-viral e carga viral entre 1 e 6 meses, sendo um destes após o 4º mês de 
vida. Será considerada infectada quando se obtiver resultado detectável 
em duas amostras obtidas em momentos diferentes. Caso a carga viral 
esteja abaixo de 10.000 cópias/ml, a situação deve ser cuidadosamente 
analisada, porque pode se tratar de um resultado falso-positivo. 
A partir de 18 meses, adolescentes e adultosas amostras de soro ou 
plasma devem ser submetidas inicialmente a um imunoensaio (Elisa), 
na etapa denominada triagem sorológica. As amostras com resultados 
reagentes ou inconclusivos nesta primeira etapa deverão ser submeti-
das a uma etapa de confirmação sorológica, composta de um segundo 
imunoensaio (diferente do primeiro na sua constituição antigênica ou 
princípio metodológico) e testes confirmatórios, tais como a Imuno-
fluorescência indireta, Imunoblot ou Western blot, de acordo com a 
Portaria 59/ GM/MS, de 28 de janeiro de 2003 e portaria SVS/MS n
o 
34, de julho de 2005. 
O diagnóstico será confirmado por meio da realização de um teste de 
triagem para detecção de anti-HIV-1 e anti-HIV-2 e pelo menos um 
teste confirmatório. Em caso de resultado positivo, uma nova amostra 
deverá ser coletada para confirmar a positividade da primeira amostra. 
Em casos especiais, na impossibilidade de realização de diagnóstico 
laboratorial convencional, este diagnóstico também pode ser realizado 
utilizando-se o algoritmo de testes rápidos. Nessa situação, são usados 
dois testes em paralelo, com metodologias diferentes. As amostras 
que apresentarem resultados positivos nos dois testes rápidos terão 
seu resultado definido como “amostra positiva para o HIV”. 
deverá ser realizado um terceiro teste rápido. Quando o terceiro teste 
apresentar resultado positivo, a amostra será considerada “positiva 
para o HIV”. A positividade de dois testes rápidos usados conforme 
o fluxograma fornece o diagnóstico de HIV, não sendo necessário 
realizar o confirmatório.
realização do diagnóstico da infecção pelo HIV utilizando testes 
rápidos em indivíduos acima de 18 meses, ver o Anexo da Portaria 
SVS/MS nº 34/2005, sobre validação do TR.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS82
 Consideram-se não infectados os indivíduos que apresentarem:
- Uma amostra não reagente em testes de detecção para anticorpos 
anti-HIV; ou
- Uma amostra negativa em dois testes rápidos. Em caso de re-
sultados discordantes nos dois primeiros ensaios, realiza-se um 
terceiro teste rápido. Quando este terceiro teste resultar negativo, 
considera-se a amostra “negativa para o HIV”.
Observações
Portaria de nº 59/GM/MS, de 18 de janeiro de 2003, e a Portaria nº 
34/SVS/MS, de 28 de julho de 2005, disponíveis no website www.
Aids.gov.br.
para terapia antirretroviral em crianças e adolescentes infectados 
pelo HIV”, disponível no site www.aids.gov.br.
Tratamento - A abordagem clínico-terapêutica do HIV tem-se tor-
nado cada vez mais complexa, em virtude da velocidade do conheci-
mento acerca deste agente. Os objetivos do tratamento são: prolongar 
a sobrevida e melhorar a qualidade de vida, pela redução da carga vi-
ral e reconstituição do sistema imunológico. O atendimento é garan-
tido pelo SUS, por meio de uma ampla rede de serviços. O Brasil é 
um dos poucos países que disponibiliza, integralmente, a assistência 
ao paciente com Aids. As diretrizes do tratamento para HIV/Aids, 
são constantemente revisadas, sendo disponibilizadas no endereço 
eletrônico www.Aids.gov.br. 
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 
Objetivos - Acompanhar a tendência temporal e espacial da doen-
ça, de infecções e comportamentos de risco, visando orientar as ações 
de prevenção e controle do HIV/Aids e, consequentemente, reduzir a 
morbi-mortalidade associada à Aids. 
Notificação - Notifica-se o caso confirmado de Aids, mediante o 
preenchimento da Ficha de Notificação/Investigação de Aids, adulto, 
disponível no Sinan, pelo médico ou outro profissional de saúde. 
Definição de caso - Os critérios para a caracterização de casos de 
Aids são descritos na publicação “Critérios de Definição de Casos de 
Aids em Adultos e Crianças – 2004” e essas definições estão resumidas 
no Quadro 5. 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 83
AIDS
Quadro 5. Critérios de definição de casos de Aids em indivíduos com 13 
anos de idade ou mais
Critério CDC adaptado
a
+
3 
Critério Rio de Janeiro/Caracas
-
+
doenças
ou
Critério excepcional óbito
+
ou
 
+
definitivo
exclusivamente nos pulmões ou linfonodos cervicais ou hilares; ou 
em um desses órgãos associado a qualquer outra localização);
desconhecido) e outros linfomas dos seguintes tipos histológicos: 
Linfoma maligno de células grandes ou pequenas não clivadas (tipo 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS84
Burkitt ou não-Burkitt) e Linfoma maligno imunoblástico - sem outra 
especificação (termos análogos: sarcoma imunoblástico, linfoma 
maligno de células grandes ou linfoma imunoblástico); 
Salmonella (não tifóide);
-
dite).
-
nóstico presuntivo
baço e linfonodos);
Pneumocystis carinii;
em órgãos outros que não os pulmões, pele ou linfonodos cervicais 
ou hilares; ou em um desses órgãos associado a qualquer outra 
localização).
Escala com a pontuação para cada sinal, sintoma ou doença: 
(Critério Rio de Janeiro/Caracas)
10 pontos
um mês - 2 pontos
pontos
inguinais, por um período igual ou superior a um mês - 2 pontos.
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 85
AIDS
Quadro 6. Critérios de definição de casos de Aids em crianças 
(menores de 13 anos de idade)
Critério CDC adaptado
-
+
ou
Critério excepcional óbito
+
ou
 
+
Notas explicativas: Investigação epidemiológica inconclusiva é aquela 
em que, após a busca em prontuários, o caso não puder ser descartado 
ou enquadrado num dos critérios principais, pela falta de registro de 
dados clínicos/laboratoriais.
A data do diagnóstico na ficha de notificação e de investigação é aquela 
em que o indivíduo se enquadra em um dos critérios de definição de 
caso de Aids, ou seja, tenha evidência clínica e laboratorial, exceto no 
critério óbito. Nesse caso, é igual a do óbito.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS86
Quadro 7. Doenças, sinais ou sintomas indicativos de Aids em crianças 
menores de 13 anos de idade, diagnosticadas por método definitivo (d)1 
e presuntivo
· Aumento 
· Dermatite 
persistente
·
megalia
· Hepato-
megalia
·
nopatia 
mais de dois 
· Infecções 
persistentes 
ou recorrentes 
de vias aéreas 
superiores 
sinusite)
· Anemia por mais de 
·
· Diarreia recorrente ou 
·
· Gengivo-estomatite 
·
·
pulmões ou trato 
gastrointestinal 
·
· Infecção por 
·
·
· Meningite bacteriana, 
pneumonia ou sepse
·
·
·
·
intestinal
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
· Infecções bacterianas graves, múltiplas 
·
·
progressiva
·
linfoma maligno de células grandes 
·
· Pneumocystis carinii 
·
·
· Salmonella
·
·
·
Observação: A definição da gravidade das doenças, sinais e/ou sinto-
mas corresponde às categorias da classificação clinica do Centers for 
Disease Control and Prevention (CDC 1994).
1) Doenças, sinais ou sintomas de aids em crianças menores de 13 anos de idade, de caráter moderado e 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 87
AIDS
Caráter leve Caráter moderado Caráter grave
Quadro 8. Contagem de Linfócitos T CD4+ de acordo com a idade da 
criança
Faixa etária Contagem de linfócitos T CD4+
<12 meses 3
De 1 a 5 anos 3
De 6 a 12 anos 3
MEDIDAS DE CONTROLE 
Prevenção da transmissão sexual - Baseia-se na informação e 
educação visando a prática do sexo seguro, pelo uso consistente de pre-
servativos masculino e feminino nas relações sexuais, como principal 
estratégia de prevenção. 
Prevenção da transmissão sanguínea 
Transfusão de sangue - Triagem de doadores, afastando aqueles em 
risco de infecção pelo HIV e realização de teste obrigatório para 
detecção de anticorpos anti-HIV. A conscientização dos doadores, 
no sentido de auto-avaliar os riscos de infecção pelo HIV a que 
possam ter sido submetidos, evitando ser identificados à doação, 
constitui-se na melhor medida de prevenção da transmissão do 
HIV por essa via. 
 - Recomendações 
específicas devem ser seguidas, durante a realização de procedi-
mentos que envolvam a manipulaçãode material pérfuro-cortante, 
observando-se a máxima atenção durante a realização dos procedi-
mentos, nunca utilizar os dedos como anteparo, durante a realização 
de procedimentos, nunca reencapar, entortar ou quebrar agulhas 
com as mãos, desprezar o material pérfuro-cortante (agulhas, scalp, 
lâminas de bisturi, vidrarias, entre outros) em recipientes com tampa 
e resistentes à perfuração e preferencialmente incinerar o lixo hos-
pitalar Não dispondo deste serviço, proceder conforme orientação 
da vigilância sanitária desse município. 
 - Deve ser incentivado o uso e articulação de ações 
educacionais junto às comissões de controle de infecção hospitalar 
nos serviços. Quando não descar táveis, devem ser, meticulosamente, 
limpos para, depois, serem desinfetados e esterilizados. Os materiais 
descartáveis, após sua utilização, devem ser acondicionados em 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS88
caixas apropriadas, com paredes duras, para evitar acidentes. O 
HIV é muito sensível aos métodos padronizados de esterilização e 
desinfecção (de alta efi cácia), sendo inativado por meio de produtos 
químicos específicos e do calor, mas não inativado por irradiação ou 
raios-gama. 
Prevenção da transmissão materno-infantil do HIV - As gestantes 
portadoras do HIV deverão iniciar a profilaxia da transmissão vertical 
a partir da 14ª semana, com terapia ARV tripla. Aquelas que tiverem 
indicação de tratamento para a Aids deverão realizá-lo normalmente, 
mas com a ressalva de que ARV com potencial teratogênico deverão 
ser substituídos. A Zidovudina IV deverá ser administrada a todas 
as parturientes no momento do parto e a Zidovudina Solução 
Oral para todos os recém nascidos expostos ao HIV, durante seis 
semanas. Consultar publicação da PN-DST/Aids “Recomendações 
para Profilaxia da Transmissão Materno-Infantil do HIV e Terapia 
Antirretroviral em Gestantes”). A avaliação dos níveis de carga viral 
materna definirá qual a via de parto mais adequada para o concepto. 
Níveis de Carga Viral ≥1.000 cópias/ml (aferida na idade gestacional 
≥34 semanas) ou desconhecida deve ser indicado parto por operação 
cesariana eletiva, ou seja, antes do início do trabalho de parto, quando 
as membranas amnióticas ainda se encontram íntegras. 
(aferida na idade gestacional ≥34 semanas) indica a realização 
de parto vaginal. Nesse grupo de mulheres, o parto por operação 
cesariana, só se aplica quando houver indicação obstétrica.
Doação de sêmen e órgãos - A transmissão do HIV pela doação 
de órgãos ou sêmen deve ser prevenida pela triagem cuidadosa 
e testagem dos doadores. No caso do sêmen, há a possibilidade 
de armazenamento do sêmen por um determinado período, para 
utilização posterior quando uma nova testagem do doador for 
negativa. Evita-se assim utilização do sêmen de doadores em janela 
imunológica. 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 89
AIDS
Gestante/Parturiente HIV
+
 e Criança Exposta 
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS 
Agente etiológico - Ver item correspondente em Infecção pelo HIV 
e Aids neste Capítulo. 
Reservatório - Ver item correspondente em Infecção pelo HIV e 
Aids neste Capítulo. 
Modo de transmissão - A transmissão pode ocorrer durante a ges-
tação, o parto e pela amamentação. 
Período de incubação - Ver item correspondente em Infecção pelo 
HIV e Aids neste Capítulo. 
Período de latência - Ver item correspondente em Infecção pelo 
HIV e Aids neste Capítulo. 
Período de transmissibilidade - A maior parte dos casos de trans-
missão vertical do HIV (cerca de 65%) ocorre durante o traba lho de 
parto e no parto propriamente dito; os 35% restantes ocorrem intra-
útero, principalmente nas últimas semanas de gestação, e pelo aleita-
mento materno, que representa risco adicional de transmissão de 7 a 
22%. As medidas descritas no item Prevenção da transmissão materno-
infantil do HIV.
Diagnóstico 
 - Para a parturiente que não foi testada durante 
o pré-natal, há a possibilidade de testagem com testes rápidos no 
momento do parto.
 - Ver item Diagnóstico sorológico da infecção pelo 
HIV.
Observação: Os critérios indicados para exclusão da infecção aplicam-
se às crianças que não estejam sendo amamentadas pela mãe HIV posi-
tiva. A amamentação, em qualquer período, é considerada como nova 
exposição ao HIV e, se ela acontecer, a criança deve ser submetida à 
nova rotina de diagnóstico da infecção pelo HIV.
Diagnóstico diferencial - Imunodeficiências por outras etiolo-
gias, como tratamento com corticosteróides (prolongado ou em altas 
doses), tratamento com imunossupressores (quimioterapia antineo-
plásica, radioterapia) e algumas doenças como doença de Hodgkin, 
leucemias linfocíticas, mieloma múltiplo e síndrome de imunodefi-
ciência genética. 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS90
Tratamento
 - Atualmente, indica-se tratamento 
antirretroviral potente, com a associação de três ou mais drogas, 
por tempo indeterminado, e monitoramento periódico da eficácia 
clínico-laboratorial e sinais de toxicidade aos medicamentos. Para 
mais informações, consultar o documento “Recomendações para 
terapia antirretroviral em crianças e adolescentes infectados pelo HIV 
2007 ”, disponível em www.Aids.gov.br.
 - Vale ressaltar que alguns medicamentos estão 
contraindicados em virtude do potencial teratogênico, como o Efa-
virenz e Hidroxiureia, contudo, os casos devem ser individualmente 
analisados.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 
Objetivos
 Conhecer o estado sorológico de gestantes, parturientes, nutrizes e 
crianças expostas, para promover o início oportuno da profilaxia e 
terapêutica da transmissão vertical.
 Acompanhar o perfil epidemiológico da infecção pelo HIV nesses 
grupos populacionais, para o estabelecimento, acompanhamento e 
avaliação de impacto das medidas de prevenção, controle e trata-
mento.
 Avaliar a operacionalização do protocolo de profilaxia da transmissão 
vertical, visando à implementação de ações e, consequentemente, a 
obtenção de maior impacto na redução da transmissão vertical. 
Notificação - A notificação compulsória de gestantes HIV+ e crian-
ças expostas está prevista na Portaria GM/MS n° 5, de 21 de fevereiro 
de 2006. A notificação da criança exposta deve ser preenchida em ins-
trumento específico e não mais vinculado ao instrumento de notifi-
cação da gestante HIV+ (Nota técnica n° 62/07 GAB/UIV/PN-DST/
Aids/SVS/MS). 
Observe-se que, diferentemente das infecções por HIV nos outros gru-
pos populacionais, a simples suspeita de exposição, tanto em gestantes, 
quanto em conceptos, deve ser notificada e investigada, em virtude dos 
benefícios do tratamento no prognóstico da criança.
Momentos para notificação - Pré-natal, parto e acompanhamento da 
criança. Deve ser realizada pelo profissional de saúde que estiver aten-
dendo o caso, em quaisquer dos três momentos.
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 91
AIDS
Definição de caso
 - Para efeito de 
notificação e investigação, considera-se como infectada toda gestante, 
parturiente ou nutriz que apresentar resultado de exame laboratorial 
para HIV reativo (considerar o primeiro resultado reagente).
- Todos os conceptos de mães soropositivas ou que tenham suspeita 
de infecção pelo HIV.
- Todas as crianças que tenham sido amamentadas por mulheres 
infectadas ou que tenham suspeita de infecção pelo HIV. Nesse 
caso, a notificação/investigação deverá conter dados da nutriz.
MEDIDAS DE CONTROLE 
Ver prevenção da transmissão materno-infantil do HIV neste capítulo. 
Ações de educação em saúde
Devem ter início nas ações de atenção ao pré-natal, quando se esclarece 
à gestante sobre os benefícios do diagnóstico precoce do HIV. Nesse 
sentido, os serviços de pré-natal e de saúde da mulher devem disponi-
bilizar o acesso ao teste anti-HIV e promover ações de aconselhamento.
Em relação ao recém-nato de mãe HIV positiva, é imprescindível a 
disponibilização da fórmula infantil, garantindo-se a substituição do 
leitematerno.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS92
Amebíase
CID 10: A06
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Infecção causada por protozoário que se apresenta em 
duas formas: cisto e trofozoíto. Esse parasito pode atuar como comen-
sal ou provocar a invasão de tecidos, originando as formas intestinal e 
extra-intestinal da doença. O quadro clínico varia de uma forma bran-
da, caracterizada por desconforto abdominal leve ou moderado, com 
sangue e/ou muco nas dejeções, até uma diarreia aguda e fulminante, 
de caráter sanguinolento ou mucóide, acompanhada de febre e cala-
frios. Podem ou não ocorrer períodos de remissão. Em casos graves, as 
formas trofozoíticas se disseminam pela corrente sanguínea, provocan-
do abcesso no fígado (com maior frequência), nos pulmões ou cérebro. 
Quando não diagnosticadas a tempo, podem levar o paciente a óbito.
Agente etiológico - Entamoeba histolytica.
Reservatório - O homem.
Modo de transmissão - As principais fontes de infecção são a in-
gestão de alimentos ou água contaminados por fezes contendo cistos 
amebianos maduros. Ocorre mais raramente na transmissão sexual, 
devido a contato oral-anal. A falta de higiene domiciliar pode facilitar 
a disseminação de cistos nos componentes da família. Os portadores 
assintomáticos, que manipulam alimentos, são importantes dissemina-
dores dessa protozoose.
Período de incubação - Entre 2 a 4 semanas, podendo variar dias, 
meses ou anos.
Período de transmissibilidade - Quando não tratada, pode durar 
anos.
Complicações - Granulomas amebianos (amebomas) na parede do 
intestino grosso, abscesso hepático, pulmonar ou cerebral, empiema, 
pericardite, colite fulminante com perfuração.
Diagnóstico - Presença de trofozoítos ou cistos do parasito encontra-
dos nas fezes; em aspirados ou raspados, obtidos através de endosco-
pia ou proctoscopia; ou em aspirados de abscesso ou cortes de tecido. 
Os anticorpos séricos podem ser dosados e são de grande auxílio no 
diagnóstico de abscesso hepático amebiano. A ultra-sonografia e to-
mografia axial computadorizada são úteis no diagnóstico de abscessos 
amebianos.
2
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 93
Tratamento
 
- Formas intestinais: Secnidazol - Adultos: 2g, em dose única. 
Crianças: 30mg/kg/dia, VO, não ultrapassando o máximo de 
2g/dia. Deve ser evitado no 1º trimestre da gravidez e durante a 
amamentação.
 - Metronidazol, 500mg, 3 vezes/dia, durante 5 dias, para 
adultos. Para crianças, recomenda-se 35mg/kg/dia, divididas em 3 
tomadas, durante 5 dias. 
- Formas graves: amebíase intestinal sintomática ou Amebíase 
extra-intestinal): Metronidazol, 750mg, VO, 3 vezes/dia, durante 
10 dias. Em crianças, recomenda-se 50mg/kg/dia, durante 10 
dias.
 - Tinidazol, 2g, VO, para adultos, após uma das refeições, 
durante 2 dias, para formas intestinais. 
- Formas extra-intestinais: 50mg/kg/dia, durante 2 ou 3 dias, a 
depender da forma clínica. Em formas graves, utilizar a mesma 
dosagem das formas leves, por 3 dias. Em crianças, a dosagem 
recomendada é 50mg/kg/dia.
 - Somente para formas leves ou assintomáticas: Teclozam, 
1.500mg/dia, divididas em 3 tomadas de 500mg, dose única para 
adultos. Em crianças, a dosagem recomendada é de 15mg/kg/dia, 
durante 5 dias. No tratamento do abscesso hepático, além da medi-
cação específica, pode ser necessária, em alguns casos, a aspiração 
do abscesso. Drenagem cirúrgica aberta não é recomendada, exceto 
em casos graves, quando o abscesso é inacessível à aspiração e não 
responde ao tratamento em até 4 dias. Alguns pacientes se beneficiam 
de drenagem do peritônio associada à terapia antimicrobiana. O 
tratamento de suporte está recomendado com hidratação e correção 
do equilíbrio hidreletrolítico.
Características epidemiológicas - Estima-se que mais de 10% da 
população mundial estão infectados por E. dispar e E. histolytica, que 
são espécies morfologicamente idênticas, mas só a última é patogêni-
ca, sendo sua ocorrência estimada em 50 milhões de casos invasivos/
ano. Em países em desenvolvimento, a prevalência da infecção é alta, 
sendo que 90% dos infectados podem eliminar o parasito durante 12 
meses. Infecções são transmitidas por cistos através da via fecal-oral. 
Os cistos, no interior do hospedeiro humano, liberam os trofozoítos. 
A transmissão é mantida pela eliminação de cistos no ambiente, que 
podem contaminar a água e alimentos. Eles permanecem viáveis no 
meio ambiente, ao abrigo de luz solar e em condições de umidade fa-
AMEBÍASE
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS94
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
voráveis, durante cerca de 20 dias. Sua ocorrência está associada com 
condições inadequadas de saneamento básico, deficiência de higiene 
pessoal/ambiental e determinadas práticas sexuais.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos - Diagnosticar e tratar os casos para impedir a transmissão 
direta ou indireta da infecção a outras pessoas.
Notificação - Não é doença de notificação compulsória.
MEDIDAS DE CONTROLE
- Impedir a contaminação fecal da água e alimentos por meio 
de medidas de saneamento, educação em saúde, destino adequado 
das fezes e controle dos indivíduos que manipulam alimentos.
- Lavar as mãos, após o uso do sanitário e lavar cuida-
dosamente os vegetais com água potável, e deixando-os imersos em 
hipoclorito de sódio a 2,5% (uma colher de sopa de hipoclorito em 
1 litro de água filtrada), durante meia hora, para eliminar os cistos. 
Evitar práticas sexuais que favoreçam o contato fecal-oral. Investigar 
os contatos e a fonte de infecção, ou seja, realizar exame coproscópico 
dos membros do grupo familiar e de outros contatos. O diagnóstico 
de um caso em quartéis, creches, orfanatos e outras instituições indica 
a realização de inquérito coproscópico para tratamento dos porta-
dores de cistos. Realizar a fiscalização dos prestadores de serviços 
na área de alimentos, atividade a cargo da vigilância sanitária.
- Em pacientes internados, precauções do tipo entérico 
devem ser adotadas. Pessoas infectadas devem ser afastadas de 
atividades de manipulação dos alimentos.
- Concorrente, destino adequado das fezes.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 95
Ancilostomíase
CID 10: B76
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Infecção intestinal causada por nematódeos, que nos caos 
de infecções leves, pode apresentar-se assintomática. Apresentações 
clínicas importantes, como um quadro gastrointestinal agudo carac-
terizado por náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal e flatulência, 
também podem ocorrer. Em crianças com parasitismo intenso, pode 
ocorrer hipoproteinemia e atraso no desenvolvimento físico e men-
tal. Com frequência, dependendo da intensidade da infecção, acarreta 
anemia ferropriva.
Sinonímia - Amarelão, opilação, doença do Jeca Tatu.
Agente etiológico - Nematóides da família Ancylostomidae: A. 
duodenale e Necator americanus.
Reservatório - O homem.
Modo de transmissão - Os ovos contidos nas fezes são deposita-
dos no solo, onde se tornam embrionados. Em condições favoráveis 
de umidade e temperatura, as larvas se desenvolvem até chegar ao 3º 
estágio, tornando-se infectantes em um prazo de 7 a 10 dias. A infecção 
nos homens ocorre quando essas larvas infectantes penetram na pele, 
geralmente pelos pés, causando dermatite característica. As larvas dos 
ancilóstomos, após penetrarem pela pele, passam pelos vasos linfáticos, 
ganham a corrente sanguínea e, nos pulmões, penetram nos alvéolos. 
Daí migram para a traqueia e faringe, são deglutidas e chegam ao in-
testino delgado, onde se fixam, atingindo a maturidade ao final de 6 a 7 
semanas, passando a produzir milhares de ovos por dia.
Período de incubação - Semanas ou meses após a infecção inicial.
Período de transmissibilidade - Não se transmite de pessoa a pes-
soa, porém os indivíduos infectados contaminam o solo durante vários 
anos, quando não adequadamente tratados. Em condições favoráveis, 
as larvas permanecem infectantes no solo durante várias semanas.
Complicações - Anemia, hipoproteinemia,podendo ocorrer insufi-
ciência cardíaca e anasarca. A migração da larva através dos pulmões 
pode causar hemorragia e pneumonite.
Diagnóstico - Em geral clínico, devido ao prurido característico. O 
diagnóstico laboratorial é realizado pelo achado de ovos no exame pa-
rasitológico de fezes, por meio dos métodos de Lutz, Willis ou Faust, 
realizando-se, também, a contagem de ovos pelo Kato-Katz.
3
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS96
Diagnóstico diferencial - Anemia por outras etiologias, outras 
parasitoses.
Tratamento - Mebendazol, 100mg, 2 vezes ao dia, durante 3 dias 
consecutivos. Não é recomendado seu uso em gestantes. Essa dose in-
depende do peso corporal e da idade. Pode ser usado Albendazol, 2 
comprimidos, VO, em dose única (1 comprimido=200mg), ou 10ml 
de suspensão (5ml=200mg). O Pamoato de Pirantel pode ser usado na 
dose de 20-30mg/kg/dia, durante 3 dias. O controle de cura é realizado 
no 7º, 14º e 21º dias após o tratamento, mediante exame parasitológico 
de fezes. 
Características epidemiológicas - Distribuição mundial. Ocorre, 
preferencialmente, em crianças com mais de 6 anos, adolescentes e em 
indivíduos mais velhos, independente da idade. No Brasil, predomina 
nas áreas rurais, estando muito associada a áreas sem saneamento e 
cujas populações têm o hábito de andar descalças.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos - Diagnosticar e tratar precocemente todos os casos, evi-
tando-se, assim, as possíveis complicações.
Notificação - Não é doença de notificação compulsória. Entretanto, 
os surtos devem ser notificados aos órgãos de saúde locais.
MEDIDAS DE CONTROLE
Desenvolver atividades de educação em saúde com relação a hábitos 
pessoais de higiene, particularmente o de lavar as mãos antes das refei-
ções e o uso de calçados. Evitar a contaminação do solo mediante a ins-
talação de sistemas sanitários para eliminação das fezes, especialmente 
nas zonas rurais (saneamento). 
Tratamento das pessoas infectadas.
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 97
Ascaridíase
CID 10: B77
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Doença parasitária do homem, causada por um helmin-
to. Habitualmente, não causa sintomatologia, mas pode manifestar-se 
por dor abdominal, diarreia, náuseas e anorexia. Quando há grande 
número de parasitas, pode ocorrer quadro de obstrução intestinal. Em 
virtude do ciclo pulmonar da larva, alguns pacientes apresentam mani-
festações pulmonares, com broncoespasmo, hemoptise e pneumonite, 
caracterizando a síndrome de Löefler, que cursa com eosinofilia impor-
tante. Quando há grande número de parasitas, pode ocorrer quadro de 
obstrução intestinal.
Sinonímia - Infecção por Ascaris.
Agente etiológico - Ascaris lumbricoides.
Reservatório - O homem.
Modo de transmissão - Ingestão dos ovos infectantes do parasita, 
procedentes do solo, água ou alimentos contaminados com fezes 
humanas.
Período de incubação - O período de incubação dos ovos férteis 
até o desenvolvimento da larva infectante (L3), no meio exterior e em 
condições favoráveis, é de aproximadamente 20 dias. O período pré-
patente da infecção (desde a infecção com ovos embrionados até a pre-
sença de ovos nas fezes do hospedeiro) é de 60 a 75 dias.
Período de transmissibilidade - Durante todo o período em que o 
indivíduo portar o parasita e estiver eliminando ovos pelas fezes. Por-
tanto, longo, quando não se institui o tratamento adequado. As fêmeas 
fecundadas no aparelho digestivo podem produzir cerca de 200.000 
ovos por dia. A duração média de vida dos parasitas adultos é de 12 
meses. Quando os ovos embrionados encontram um meio favorável, 
podem permanecer viáveis e infectantes durante anos.
Complicações - Obstrução intestinal, volvo, perfuração intestinal, 
colecistite, colelitíase, pancreatite aguda e abcesso hepático.
Diagnóstico - O quadro clínico apenas não a distingue de outras ver-
minoses, havendo, portanto, necessidade de confirmação do achado de 
ovos nos exames parasitológicos de fezes.
Diagnóstico diferencial - Estrongiloidíase, amebíase, apendicite, 
pneumonias bacterianas, outras parasitoses.
4
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS98
Tratamento - Albendazol (ovocida, larvicida e vermicida), 400mg/
dia, em dose única para adultos; em crianças, 10mg/kg, dose única; 
Mebendazol, 100mg, 2 vezes ao dia, durante 3 dias consecutivos. Não é 
recomendado seu uso em gestantes. Essa dose independe do peso cor-
poral e da idade. Levamizol, 150mg, VO, em dose única para adultos; 
crianças abaixo de 8 anos, 40mg; acima de 8 anos, 80mg, também em 
dose única. Tratamento da obstrução intestinal: Piperazina, 100mg/kg/
dia + óleo mineral, 40 a 60ml/dia + antiespasmódicos + hidratação. 
Nesse caso, estão indicados sonda nasogástrica e jejum + Mebendazol, 
200mg ao dia, dividido em 2 tomadas, por 3 dias.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivo - Não há ações específicas de vigilância epidemiológica. En-
tretanto, deve-se fazer o tratamento como forma de evitar complica-
ções e diminuir as possibilidades de re-infecções.
Notificação - Não é doença de notificação compulsória.
MEDIDAS DE CONTROLE
- Medidas de educação em saúde e de saneamento.
- Evitar as possíveis fontes de infecção, ingerir vegetais 
cozidos e lavar bem e desinfetar verduras cruas, higiene pessoal e na 
manipulação de alimentos. O tratamento em massa das populações 
tem sido preconizado por alguns autores para reduzir a carga para-
sitária. Contudo, se não for associado a medidas de saneamento, a 
re-infecção pode atingir os níveis anteriores. em pouco tempo.
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 99
Botulismo
CID 10: A05.1
5
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS 
Descrição - O Botulismo é uma doença não-contagiosa, resultante 
da ação de potente neurotoxina. Apresenta-se sob três formas: Botu-
lismo alimentar, Botulismo por ferimentos e Botulismo intestinal. O 
local de produção da toxina botulínica é diferente em cada uma dessas 
formas, porém todas se caracterizam clinicamente por manifestações 
neurológicas e/ou gastrintestinais. É uma doença de elevada letalida-
de, considerada como emergência médica e de saúde pública. Para mi-
nimizar o risco de morte e sequelas, é essencial que o diagnóstico seja 
feito rapidamente e o tratamento instituído precocemente por meio das 
medidas gerais de urgência. Suas manifestações clínicas serão des critas 
de acordo com o modo de transmissão. 
- Se caracteriza por instalação súbita e pro-
gressiva. Os sinais e sintomas iniciais podem ser gastrintestinais e/
ou neurológicos. As manifestações gastrintestinais mais comuns são: 
náuseas, vômitos, diarreia e dor abdominal, podendo anteceder ou 
coincidir com os sinais e sintomas neurológicos. Os primeiros sinais 
e sintomas neurológicos podem ser inespecíficos, tais como cefaleia, 
vertigem e tontura. O quadro neurológico propriamente dito se car-
acteriza por paralisia flácida aguda motora descendente, associada a 
comprometimento autonômico disseminado. Os princi pais sinais 
e sintomas neurológicos são visão turva, ptose palpebral, diplopia, 
disfagia, disartria e boca seca. Têm início no território dos nervos 
cranianos e evoluem no sentido descendente. Essa particu laridade 
distingue o Botulismo da síndrome de Guillain-Barré, que é uma 
paralisia flácida aguda ascendente. Com a evolução da doença, a 
fraqueza muscular pode se propagar de forma descendente para 
os músculos do tronco e membros, o que pode ocasionar dispneia, 
insuficiência respiratória e tetraplegia flácida. A fraqueza muscular 
nos membros é tipicamente simétrica, acometendo com maior 
intensidade os membros superiores. Uma característica importante 
no quadro clínico é a preservação da consciência. Na maioria dos 
casos, não há comprometimento da sensibili dade, o que auxilia 
no diagnóstico diferencial com outras doenças neurológicas. Pode 
apresentar progressão por 1 a 2 semanas e estabilizar-se por mais 
2 a 3, antes de iniciar a fase de re cuperação. Essa fasetem duração 
variável, que depende da formação de novas sinapses e restauração 
da função. Nas formas mais graves, o período de recuperação pode 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS100
durar de 6 meses a 1 ano, embora os maiores progressos ocorram 
nos primeiros 3 meses após o início dos sinais e sintomas. 
Botulismo por ferimentos - O quadro clínico é semelhante ao do 
Botulismo alimentar. Entretanto, os sinais e sintomas gastrintestinais 
não são esperados e pode ocorrer febre decorrente de contaminação 
secundária do ferimento. O Botulismo por ferimento deve ser lem-
brado nas situações em que não se identifica uma fonte alimentar, 
especialmente em casos isolados da doença. Ferimentos ou cicatrizes 
nem sempre são encontrados e focos ocultos, como em mucosa nasal, 
seios da face e pequenos abscessos em locais de injeção, devem ser 
investigados, especialmente em usuários de drogas. 
Botulismo intestinal - Nas crianças, o aspecto clínico do Botulismo 
intestinal varia de quadros com constipação leve à síndrome de morte 
súbita. Manifesta-se, inicialmente, por constipação e irritabilidade, 
seguidas de sintomas neurológicos, caracterizados por dificuldade 
de controle dos movimentos da cabeça, sucção fraca, disfagia, choro 
fraco, hipoatividade e paralisias bilaterais descendentes, que podem 
progredir para comprometimento respiratório. Casos leves, caracteri-
zados apenas por dificuldade alimentar e fraqueza muscular discreta, 
têm sido descritos. Em adultos, suspeita-se de Botulismo intestinal 
na ausência de fontes prováveis de toxina botulínica, tais como ali-
mentos contaminados, ferimentos ou uso de drogas. O Botulismo 
intestinal tem duração de 2 a 6 semanas, com instalação progressiva 
dos sinais e sintomas por 1 a 2 semanas, seguida de recuperação em 
3 a 4 semanas. 
Agente etiológico - Clostridium botulinum, bacilo gram-positivo, 
anaeróbio, esporulado, cuja forma vegetativa produz 8 tipos de toxina 
(A, B, C1, C2, D, E, F e G). As toxinas patogênicas para o homem são as 
dos tipos A, B, E e F, sendo as mais frequentes a A e a B. Os esporos do 
C. botulinum resistem a temperaturas de 120°C por 15 minutos. Estão 
amplamente distribuídos na natureza, no solo e em sedimentos de lagos 
e mares. São encontrados em produtos agrícolas como legumes, vegetais, 
mel, vísceras de crustáceos e no intestino de mamíferos e peixes.
Reservatórios - Os esporos do C. botulinum são amplamente distri-
buídos na natureza, em solos, sedimentos de lagos e mares. São iden-
tificados em produtos agrícolas como legumes, vegetais e mel e em 
intestinos de mamíferos, peixes e vísceras de crustáceos. 
Modo de transmissão - Tem importância na apresentação clínica e 
nas ações de vigilância epidemiológica. 
alimentar - Ocorre por ingestão de toxinas presentes 
em alimentos previamente contaminados, que são produzidos ou 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 101
BOTULISMO
conservados de maneira inadequada. Os alimentos mais comumente 
envolvidos são conservas vegetais, principalmente as artesanais (pal-
mito, picles, pequi); produtos cárneos cozidos, curados e defumados 
de forma artesanal (salsicha, presunto, carne frita conservada em 
gordura – “carne de lata”); pescados defumados, salgados e fermen-
tados; queijos e pasta de queijos e, raramente, em alimentos enlatados 
industrializados. 
Botulismo por ferimentos - Ocasionado pela contaminação de feri-
mentos com C. botulinum, que em condições de anaerobiose assume 
a forma vegetativa e produz toxina in vivo. As principais portas de 
entrada para os esporos são úlceras crônicas com tecido necrótico, 
fissuras, esmagamento de membros, ferimentos em áreas profundas 
mal vascularizadas ou, ainda, aqueles produzidos por agulhas em 
usuários de drogas injetáveis e lesões nasais ou sinusais em usuários 
de drogas inalatórias. É uma das formas mais raras de Botulismo. 
Botulismo intestinal - Resulta da ingestão de esporos presentes no 
alimento, seguida da fixação e multiplicação do agente no ambiente 
intestinal, onde ocorre a produção e absorção de toxina. A ausência 
da microbiota de proteção permite a germinação de esporos e a 
produção de toxina na luz intestinal. Ocorre com maior frequência 
em crianças com idade entre 3 e 26 semanas – por isso, foi ini-
cialmente denominado como Botulismo infantil. Em adultos, são 
descritos alguns fatores predisponentes, como cirurgias intestinais, 
acloridria gástrica, doença de Crohn e/ou uso de antibióticos por 
tempo prolongado, o que levaria à alteração da flora intestinal. 
Outras formas - Embora raros, são descritos casos de Botulismo 
acidental associados ao uso terapêutico ou estético da toxina bo-
tulínica e à manipulação de material contaminado, em laboratório 
(via inalatória ou contato com a conjuntiva). 
Observação: Não há relato de transmissão interpessoal, apesar de 
ocorrer excreção da toxina botulínica e esporos da bactéria por sema-
nas ou meses nas fezes de lactentes com Botulismo intestinal. 
Período de incubação - Quando o mecanismo de transmissão en-
volvido é a ingestão direta de toxina já presente no alimento, o perío-
do de incubação é menor e a doença se manifesta mais rapidamente. 
Quando ocorre a ingestão de esporos ou a contaminação de ferimen-
tos, o período de incubação é maior, porque a doença só se inicia após a 
transformação do C. botulinum da forma esporulada para a vegeta tiva, 
que se multiplica e libera toxina. Períodos de incubação curtos suge-
rem maior gravidade e maior risco de letalidade. 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS102
- Pode variar de 2 horas a 10 dias, com média 
de 12 a 36 horas. Quanto maior a concentração de toxina no alimento 
ingerido, menor o período de incubação. 
- Pode variar de 4 a 21 dias, com média 
de 7 dias. 
- O período não é conhecido devido à impos-
sibilidade de se determinar o momento da ingestão de esporos. 
Período de transmissibilidade - Apesar da toxina botulínica ser 
eliminada nas fezes, não ocorre transmissão interpessoal. 
Complicações - Desidratação e pneumonia por aspiração podem 
ocorrer precocemente, antes mesmo da suspeita de Botulismo ou do 
primeiro atendimento no serviço de saúde. Infecções respiratórias po-
dem ocorrer em qualquer momento da hospitalização, sendo a longa 
permanência sob assistência ventilatória e os procedimentos invasivos 
importantes fatores de risco. 
Diagnóstico - O diagnóstico laboratorial é baseado na análise de 
amostras clínicas e de amostras bromatológicas (casos de Botulismo 
alimentar). Os exames laboratoriais podem ser realizados por várias 
técnicas, sendo a mais comum a detecção da toxina botulínica por 
meio de bioensaio em camundongos. Em casos de Botulismo por feri-
mentos e Botulismo intestinal, realiza-se também o isolamento de C. 
botulinum por meio de cultura das amostras. Esses exames são feitos 
em laboratório de referência nacional e a seleção de amostras de inte-
resse, oportunas para o diagnóstico laboratorial, varia de acordo com a 
forma do Botulismo. Em geral, deve-se coletar soro e fezes de todos os 
casos suspeitos no início da doença. 
Diagnóstico diferencial - Síndrome de Guillain-Barré, síndrome 
de Muller-Fisher (variante da síndrome de Guillain-Barré) e miaste-
nia gravis. Além dessas, existem outras doenças menos comuns, mas 
que também devem ser consideradas no diagnóstico diferencial: do-
ença de Lyme, neuropatia diftérica, neuropatias tóxicas alimentares, 
neuropatia por metais pesados e agentes industriais e outros quadros 
neurológicos e/ou psiquiátricos (meningoencefalites, acidente vascu lar 
cerebral, traumatismo cranioencefálico, transtornos conversivos, hipo-
potassemia, intoxicação por atropina, beladona, metanol, monó xido de 
carbono, fenotiazínicos e envenenamento por curare). 
Tratamento - O êxito da terapêutica do Botulismo está diretamente 
relacionado à precocidade com que é iniciada e às condições do lo-
cal onde será realizada. O tratamento deve ser conduzido em unidade 
hospitalar que disponhade terapia intensiva (UTI). Basicamente, o tra-
tamento da doença apóia-se em dois conjuntos de ações: 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 103
BOTULISMO
- Medidas gerais e monitorização cardior-
respiratória são as condutas mais importantes no tratamento do 
Botulismo. 
- Visa eliminar a toxina circulante e sua fonte 
de produção, o C. botulinum. Utiliza-se soro antibotulínico (SAB) e 
antibióticos. 
Observação: Antes de iniciar o tratamento específico, as amostras clí-
nicas para exames diagnósticos devem ser coletadas. 
Características epidemiológicas - Doença de distribuição uni-
versal, relacionada ao uso de produtos alimentícios preparados ou con-
servados por métodos que não destroem os esporos do C. botuli num, 
permitindo a formação de toxinas. Não se conhece a distribuição real 
do Botulismo intestinal em menores de um ano, por ser entidade pou-
co reconhecida pelos médicos. Há relatos de intoxicações provo cadas 
pelo uso de verduras e frutas inadequadamente acondicionadas e por 
defumados, salsichas e conservas. A notificação de um caso sus peito é 
considerado como surto de Botulismo. 
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 
Objetivos - Detectar precocemente os casos, visando promover assis-
tência adequada e reduzir a morbidade e letalidade da doença; caracte-
rizar o surto por tempo, lugar e pessoa; identificar a fonte de contami-
nação e modo de transmissão dos casos de Botulismo; propor medidas 
de prevenção e controle, em tempo oportuno, para impedir a ocorrên-
cia de novos casos; avaliar as medidas de controle implan tadas. A partir 
de casos suspeitos, identificar as prováveis fontes de contaminação para 
a adoção das medidas de controle pertinentes. 
Definição de caso - Há definição de caso suspeito e confirmado para 
cada forma de Botulismo. Caso suspeito de Botulismo alimentar e 
Botulismo por ferimentos: Indivíduo que apresente paralisia flácida 
aguda, simétrica e descendente, com preservação do nível de consci-
ência caracterizado por um ou mais dos seguintes sinais e sintomas: 
visão turva, diplopia, ptose palpebral, boca seca, disartria, disfagia ou 
dispneia. Observe-se que a exposição a alimentos potencialmente sus-
peitos para presença da toxina botulínica nos últimos dez dias ou histó-
ria de ferimentos nos últimos 21 dias reforça a suspeita. Caso suspeito 
de Botulismo intestinal: a) Criança menor de um ano com paralisia 
flácida aguda de evolução insidiosa e progressiva que apresente um ou 
mais dos seguintes sintomas: constipação, sucção fraca, disfagia, choro 
fraco, dificuldade de controle dos movimentos da cabeça. b) Adulto 
que apresente paralisia flácida aguda, simétrica e descendente, com 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS104
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
preservação do nível de consciência caracterizado por um ou mais dos 
seguintes sinais e sintomas: visão turva, diplopia, ptose palpebral, boca 
seca, disartria, disfagia ou dispneia na ausência de fontes prováveis de 
toxina botulínica, como alimentos contaminados, ferimentos ou uso 
de drogas. A exposição a alimentos com risco para presença de esporo 
de C. botulinum (ex. mel, xaropes de milho) reforça a suspeita em me-
nores de um ano. Caso confirmado por critério laboratorial: a) Caso 
suspeito no qual foi detectada toxina botulínica em amostra clínica e/
ou no alimento efetivamente consumido. b) Caso suspeito de Botu-
lismo intestinal ou por ferimento no qual foi isolado o C. botulinum 
produtor de toxinas, em fezes ou material obtido do ferimento. Caso 
confirmado por critério clínico-epidemiológico: Caso suspeito com 
vínculo epidemiológico com o caso confirmado e/ou história de consu-
mo de alimento com risco para a presença da toxina botulínica dez dias 
antes dos sintomas e/ou eletroneuromiografia compatível com Botulis-
mo e/ou ferimento em condições de anaerobiose nos últimos 21 dias.
Notificação - O Botulismo é doença de notificação compulsória e 
investigação obrigatória desde publicação da Portaria MS n°
 
1.943, de 
18 de outubro de 2001. Devido à gravidade da doença e à possibili-
dade de ocorrência de outros casos resultantes da ingestão da mesma 
fonte de alimentos contaminados, um único caso é considerado surto 
e emergência de saúde pública. A suspeita de um caso de Botulismo 
exige notificação e investigação imediatas à vigilância epidemiológica 
local. O técnico que receber a notificação deve, inicialmente, verificar 
a consistência das informações e, uma vez caracterizada a suspeita de 
Botulismo, comunicar imediatamente aos níveis hierárquicos supe-
riores e áreas envolvidas na investigação, iniciando o planejamento das 
ações de tratamento, investigação e controle.
MEDIDAS DE CONTROLE 
- Orientar a população sobre o preparo, 
conservação e consumo adequado dos alimentos associados a risco 
de adoecimento. 
- Orientar as medidas iniciais de prevenção 
e controle, de acordo com o modo de transmissão e resultados da 
investigação do caso. Nos casos de transmissão alimentar, deve-se 
eliminar a permanência da fonte por meio da interrupção do con-
sumo, distribuição e comercialização dos alimentos suspeitos. 
 Imunização - É recomendada apenas a pessoas com atividade na 
manipulação do microrganismo, realizada com toxóide botulínico 
polivalente. 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 105
Brucelose
CID 10: A23
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Doença sistêmica bacteriana, com quadro clínico muito 
polimorfo. Seu início pode ser agudo ou insidioso, caracterizado por 
febre contínua, intermitente ou irregular, de duração variável. Um 
sintoma quase constante é a astenia e qualquer exercício físico produz 
pronunciada fadiga, acompanhada de mal-estar, cefaleia, debilidade, 
suor profuso, calafrios, artralgia, estado depressivo e perda de peso. Em 
alguns casos, podem surgir supurações de órgãos, como fígado e baço. 
Quadros sub-clínicos são frequentes, bem como quadros crônicos de 
duração de meses e até anos, se não tratados. Devido ao polimorfismo 
das manifestações e ao seu curso insidioso, nem sempre se faz a sus-
peita diagnóstica. Muitos casos se enquadram na síndrome de febre de 
origem obscura (FOO). Essa febre, na fase aguda e subaguda, em 95% 
dos casos, é superior a 39°C. Complicações ósteo-articulares podem 
estar presentes em cerca de 20 a 60% dos pacientes, sendo a articulação 
sacroilíaca a mais atingida. Orquite e epididimite têm sido relatadas 
e, também, pode ocorrer endocardite bacteriana. Em geral, o paciente 
se recupera, porém pode ficar com incapacidade intensa no curso da 
enfermidade, sendo importante o diagnóstico e tratamento precoces. 
Recidivas ocorrem, com manifestações parciais do quadro inicial ou 
com todo o seu cortejo.
Sinonímia - Febre ondulante, febre de Malta, febre do mediterrâneo, 
doença das mil faces ou melitococia.
Agente etiológico - Brucella melitensis, biotipos 1 e 3; Brucella suis, 
biotipos 1 e 5; Brucella abortus, biotipos 1, 6 e 9; Brucella canis. No 
Brasil, a maioria dos quadros de Brucelose está associada à infecção 
por B. abortus.
Reservatórios - Gado bovino, suíno, ovino, caprino e outros animais, 
como cães.
Modo de transmissão - Contato com tecidos, sangue, urina, se-
creções vaginais, fetos abortados, placenta (grande fonte de infecção), 
ingestão de leite cru e derivados provenientes de animais infectados, 
acidentes em laboratórios e da prática vacinal. 
Período de incubação - Muito variável, de 1 a 3 semanas, mas pode 
prolongar-se por vários meses.
Período de transmissibilidade - Não se transmite de pessoa a 
pessoa.
6
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS106
Complicações - Encefalites, meningites, neurites periféricas, artrite 
supurativa, endocardite vegetativa e endocardite bacteriana subaguda, 
que, se não diagnosticada e tratada, pode levar a óbito. Ocorrem tam-
bém infecções do aparelho geniturinário, podendo ocasionar redução 
da potência sexual.
Diagnóstico - Suspeita clínica aliada à história epidemiológica de 
ingesta deprodutos animais contaminados mal cozidos, não pasteu-
rizados ou esterilizados. A confirmação diagnóstica se faz através da 
cultura de sangue, medula óssea, tecidos ou secreções do paciente. As 
provas sorológicas (aglutinação em tubos) devem ser realizadas com 
soros pareados em laboratórios com experiência e em soros pareados, 
para se observar a elevação dos anticorpos. A soroaglutinação em tu-
bos para B. abortus com títulos >80 ou >160, respectivamente, em 24 a 
48 horas do período de incubação e o aumento desses, em 4 vezes, em 
testes pareados indicam a doença. A interpretação desses testes, em pa-
cientes com quadro crônico, fica dificultada porque os títulos em geral 
são baixos.
Diagnóstico diferencial - Febres de origem obscura, endocardite 
bacteriana, febre tifóide, dentre outras infecções.
Tratamento - Antibioticoterapia, sendo a droga de escolha a Doxici-
clina (200mg/dia), em combinação com a Rifampicina (600 a 900mg/
dia), durante 6 semanas. Se houver recidivas, repetir o tratamento, por-
que, em geral, não se deve à resistência aos antibióticos e sim a seques-
tro dos agentes por algum órgão que não permite a ação da droga. Não 
usar a Doxiciclina em menores de 7 anos. Sulfametoxazol e Trimeto-
prim podem ser associados à Gentamicina, nesses casos.
Características epidemiológicas - A distribuição é universal, es-
tando relacionada com o controle dos animais. É doença comumente 
ligada à atividade profissional, portanto frequente em trabalhadores 
que lidam com gado e no beneficiamento de leite e derivados. Os fun-
cionários de matadouros, por terem contato direto com os animais e 
suas vísceras e secreções durante as operações do abate e evisceração, 
são o grupo de risco mais acometido. Durante essas operações pode 
haver ruptura de vísceras e contaminação de lesões da pele ou de con-
juntivas dos funcionários envolvidos nesses processos.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivo - Reduzir a morbimortalidade por meio da articulação com 
os órgãos responsáveis pelo controle sanitário dos rebanhos, alertando 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 107
BRUCELOSE
a vigilância sanitária para impedir a distribuição e consumo de produ-
tos contaminados.
Notificação - Não é obrigatória a notificação de casos isolados. Na 
vigência de surtos, deve ser notificada, realizada a investigação epide-
miológica e adotadas as medidas de controle indicadas.
Definição de caso
 - Todo paciente com febre de início agudo ou insidioso, 
história epidemiológica sugestiva de contato com produto de origem 
animal contaminado e com outras manifestações clínicas sugestivas 
de Brucelose.
 - Indivíduo com as características descritas para o caso 
suspeito e confirmação através de exames laboratoriais.
MEDIDAS DE CONTROLE
 - Informar a população para consumir leite e 
outros derivados devidamente pasteurizados e/ou fervidos; educar 
os trabalhadores que cuidam de animais sobre os riscos da doença 
e sobre os cuidados (incluindo o uso de equipamentos de proteção 
individual) para evitar o contato com animais doentes ou potencial-
mente contaminados.
 - Realizar provas sorológicas e eliminar 
os animais infectados. Cuidados no manejo para eliminação de 
placentas, secreções e fetos dos animais.
 - Atuação dos órgãos de fiscalização 
agropecuária na inspeção de produtos de origem animal, como leite 
e seus derivados. Desinfecções das áreas contaminadas.
 - Ter precauções com o material de drenagens 
e secreções. Realizar a desinfecção concorrente das secreções puru-
lentas. Investigar os contatos para tratamento e controle. Investigar 
as fontes de infecção para adoção de medidas de prevenção. Em 
situações de epidemia, investigar fontes de contaminação comum, 
que, em geral, são os produtos de origem animal contaminados, 
principalmente leite e derivados não pasteurizados, esterilizados ou 
fervidos. Confiscar os alimentos suspeitos até que sejam instituídas 
as medidas de prevenção definitivas. Em laboratórios, observar o 
cumprimento das normas de biossegurança, incluindo o uso correto 
dos equipamentos de proteção individual.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS108
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Doença de transmissão exclusivamente sexual, mais 
frequente nas regiões tropicais. Caracteriza-se por apresentar lesões 
múltiplas (podendo ser única), tipo úlceras, habitualmente dolorosas, 
de borda irregular, com contornos eritemato-edematosos e fundo ir-
regular, cobertas por exsudato necrótico, amarelado e de odor fétido, 
que quando removido revela tecido de granulação que apresenta san-
gramento fácil quando submetidos a traumatismos. No homem, as lo-
calizações mais frequentes são no frênulo e no sulco bálano prepucial; 
na mulher, na fúrcula e na face interna dos grandes lábios. No colo 
uterino e na parede vaginal, podem aparecer lesões que produzem 
sintomatologia discreta. Nas mulheres, as infecções podem ser assin-
tomáticas. Lesões extragenitais têm sido assinaladas. Em 30 a 50% dos 
pacientes, os linfonodos são atingidos, geralmente, os inguino-crurais 
(bulbão), sendo unilaterais em 2/3 dos casos, observados quase que 
exclusivamente no sexo masculino pelas características anatômicas 
da drenagem linfática. No início, ocorre tumefação sólida e dolorosa, 
evoluindo para liquefação e fistulização em 50% dos casos, tipicamen-
te por orifício único.
Sinonímia - Cancro de Ducrey, cancróide, cancro venéreo simples.
Agente etiológico - Haemophilus ducrey, bacilo gram-negativo in-
tracelular. 
Reservatório - O homem.
Modo de transmissão - Sexual.
Período de incubação - De 3 a 5 dias, podendo atingir 14 dias.
Período de transmissibilidade - Semanas ou meses quando na 
ausência de tratamento, enquanto durarem as lesões. Com antibioti-
coterapia, 1 a 2 semanas. O risco de infecção em um intercurso sexual 
é de 80%.
Diagnóstico - Suspeita clínica, epidemiológica e laboratorial. Essa 
 última é feita por:
 - Pesquisa em coloração, pelo método de Gram, em 
esfregaços de secreção da base da úlcera ou do material obtido por 
aspiração do bulbão. Observam-se, mais intensamente, bacilos 
gram-negativos intracelulares, geralmente aparecendo em cadeias 
Cancro Mole
CID 10: A57
7
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 109
paralelas, acompanhados de cocos gram-positivos (fenômeno de 
satelitismo).
 - É o método diagnóstico mais sensível, porém de difícil 
realização em vista das características do bacilo.
 - É o padrão-ouro, embora ainda de custo elevado, apenas 
disponível em alguns laboratórios de referência, para pesquisa. 
 - Não é recomendada, pois não confirma a doença.
Diagnóstico diferencial - Cancro duro, herpes simples, linfogranu-
loma venéreo, donovanose e erosões traumáticas infectadas. Não é rara 
a ocorrência do cancro misto de Rollet (multietiologia com o cancro 
duro da sífilis).
Tratamento - Azitromicina, 1g, VO, dose única; Ciprofloxacina, 
500mg, VO, 12/12 horas, por 3 dias; Eritromicina (estereato), 500mg, 
VO, de 6/6 horas, por 7 dias; Ceftriaxona, 250mg, IM, dose única. O 
tratamento sistêmico deve ser acompanhado de medidas de higiene 
local.
Recomendações - O acompanhamento do paciente deve ser feito até 
a involução total das lesões. É indicada a abstinência sexual até a re-
solução completa da doença. O tratamento dos parceiros sexuais está 
recomendado mesmo que a doença clínica não seja demonstrada, em 
razão da existência de portadores assintomáticos, principalmente entre 
mulheres. É muito importante excluir a possibilidade da existência de 
sífilis associada, pela pesquisa de Treponema pallidum na lesão genital 
e/ou por reação sorológica para sífilis, no momento e 30 dias após o 
aparecimento da lesão. A aspiração, com agulhas de grosso calibre, dos 
gânglios linfáticos regionais comprometidos pode ser indicada para 
alívio de linfonodos tensos e com flutuação. É contra-indicada a inci-
são com drenagem ou excisão dos linfonodos acometidos.
Características epidemiológicas - Ocorre, principalmente,nas 
regiões tropicais, em comunidades com baixo nível de higiene.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos - Interromper a cadeia de transmissão por meio da de-
tecção e tratamento precoce dos casos e dos seus parceiros (fontes de 
infecção); prevenir novas ocorrências por meio de ações de educação 
em saúde.
Notificação - Não é doença de notificação compulsória nacional. Os 
profissionais de saúde devem observar as normas e procedimentos de 
notificação e investigação de estados e municípios.
CANCRO MOLE
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS110
MEDIDAS DE CONTROLE
Interrupção da cadeia de transmissão pela triagem e referência dos pa-
cientes com DST e seus parceiros para diagnóstico e terapia adequados.
 - Orientações ao paciente, fazendo com que observe 
as possíveis situações de risco presentes em suas práticas sexuais e 
desenvolva a percepção quanto à importância do seu tratamento e de 
seus parceiros sexuais e a promoção de comportamentos preventivos.
 - Método mais eficaz para a 
redução do risco de transmissão do HIV e outras DST. Convite aos 
parceiros para aconselhamento e promoção do uso de preservativos 
(deve-se obedecer aos princípios de confiabilidade, ausência de 
coerção e proteção contra a discriminação). Educação em saúde, de 
modo geral.
Observação: As associações entre diferentes DST são frequentes, 
destacando-se, atualmente, a relação entre a presença de DST e o au-
mento do risco de infecção pelo HIV, principalmente na vigência de 
úlceras genitais. Desse modo, se o profissional estiver capacitado a re-
alizar aconselhamento, pré e pós-teste para a detecção de anticorpos 
anti-HIV, quando do diagnóstico de uma ou mais DST, essa opção 
deve ser oferecida ao paciente. Portanto, toda doença sexualmente 
transmissível constitui evento sentinela para busca de outra DST e 
possibilidade de associação com o HIV. É necessário, ainda, registrar 
que o Ministério da Saúde preconiza a “abordagem sindrômica” aos 
pacientes com DST, visando aumentar a sensibilidade no diagnóstico 
e tratamento dessas doenças, o que resultará em maior impacto na re-
dução das mesmas.
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 111
Candidíase
CID 10: B37
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Micose que atinge a superfície cutânea e/ou membranas 
mucosas, resultando em Candidíase oral, Candidíase vaginal, intertri-
go, paroníquia e onicomicose. A forma mais comum de Candidíase 
oral é a pseudomembranosa, caracterizada por placas brancas remo-
víveis na mucosa oral (aftas). Outra apresentação clínica é a forma 
atrófica, que se apresenta como placas vermelhas, lisas, sobre o palato 
duro ou mole. O intertrigo atinge mais frequentemente as dobras cutâ-
neas, nuca, virilha e regiões axilares. A infecção mucocutânea crônica 
pode estar associada a doenças endócrinas, como diabetes melittus, 
ao tratamento com antibióticos de amplo espectro ou à imunodefici-
ência, sendo frequente na infecção por HIV, quando assume caráter 
sistêmico grave. A Candidíase invasiva, geralmente por disseminação 
hematogênica, candidemia, constitui-se em evento importante entre 
as infecções hospitalares. É relativamente comum em indivíduos com 
diabetes mellitus, aqueles que fazem uso prolongado de nutrição paren-
teral total, de antibiótico de amplo espectro e de cateter venoso central, 
bem como aqueles submetidos à cirurgia recente, particularmente do 
intestino grosso. Também pode ocorrer em recém-nascidos de baixo 
peso e hospedeiros imunocomprometidos, podendo atingir qualquer 
órgão e evoluir para êxito letal. 
Sinonímia - Monilíase, sapinho, candidemia.
Agente etiológico - Candida albicans, Candida tropicalis e outras 
espécies de Candida. A Candida albicans causa a maioria das infecções.
Reservatório - O homem.
Modo de transmissão - Por meio de contato com mucosas e se-
creções em pele de portadores ou doentes. A transmissão vertical pode 
ocorrer durante o parto normal. Pode ocorrer disseminação endógena.
Período de incubação - Desconhecido.
Período de transmissibilidade - Enquanto houver lesões.
Complicações - Esofagite, endocardite ou infecção sistêmica, mais 
comum em imunodeprimidos.
Diagnóstico 
Candidíase oral - Além do aspecto clínico, visualização de leveduras 
e pseudohifas em exame microscópico de esfregaço da lesão, 
8
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS112
preparado com hidróxido de potássio a 10%. As culturas permitem 
a identificação da espécie. 
Esofagite - Endoscopia com biópsia e cultura. 
Candidíase invasiva - Isolamento do microrganismo de fluidos 
corporais (sangue, líquor, medula óssea) ou de biópsia de tecidos. O 
achado de cultura negativa, entretanto, não afasta o diagnóstico de 
Candidíase sistêmica. Culturas de material potencialmente contami-
nado, como urina, fezes ou pele, podem ser de difícil interpretação, 
mas servem de apoio ao diagnóstico.
Diagnóstico diferencial - Candidíase mucocutânea tem como 
diagnóstico diferencial dermatite seborreica, tinha cruris e eritrasma, 
leucoplaquia pilosa por outras causas. A esofagite apresenta quadro 
clínico semelhante, causado por outros agentes, como citomegalovírus 
ou Herpes Simples.
Tratamento 
 - Nistatina, suspensão ou tabletes, 500.000 a 1 
milhão UI, 3 a 5 vezes ao dia, durante 14 dias, uso tópico. Em crianças, 
recomenda-se o uso durante 5 a 7 dias. Como tratamento de segunda 
escolha ou em pacientes imunocomprometidos, pode ser utilizado: 
Fluconazol, 200mg, via oral, 1 vez ao dia, para adultos, com duração 
de tratamento de 7 a 14 dias, devendo ser evitado seu uso em crianças. 
 - Como primeira escolha, 
pode ser utilizado Fluconazol, 200 a 400mg/dia, via oral ou endove-
nosa, durante 14 dias, ou Anfotericina B, em baixas doses (0,5mg/
kg/dia), IV, durante 5 a 7 dias. A dose diária não deve ultrapassar 
50mg/dia.
 Candidíase vulvovaginal - Recomenda-se Isoconazol (nitrato), 
uso tópico, sob a forma de creme vaginal, durante 7 dias ou óvulo, 
em dose única; como segunda alternativa, Tioconozol, pomada 
ou óvulo em dose única. Outras substâncias também são eficazes: 
Clotrimazol, Miconazol, Terconazol ou Nistatina, em aplicação 
tópica. Candidíase mucocutânea crônica - Fluconazol, como primeira 
escolha, e Anfotericina B, para casos mais severos. Ceratomicose - 
Lavagem da córnea com Anfotericina B, 1mg/ml. Infecções sistêmicas 
- Anfotericina B é a droga de escolha. Se necessário, associada ao 
Fluconazol, 400mg/dia/EV. A dose deve ser diminuída em casos de 
insuficiência renal. A Caspofungina, na dose de 70mg/dia, seguida 
de 50mg/dia, nos dias subsequentes até completar 14 dias, tem 
demonstrado superioridade de resposta comparativamente com 
a Anfotericina B. O Voriconazol tem apresentado grande sucesso 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 113
CANDIDÍASE
clínico no tratamento da Candidemia. A escolha do antifúngico deve 
estar baseada nos aspectos epidemiológicos da instituição, uma vez 
que as espécies já apresentam certo grau de resistência.
Características epidemiológicas - A C. albicans está presente 
na pele e mucosas de pessoas saudáveis. Infecção mucocutânea leve é 
comum em crianças saudáveis e a doença invasiva ocorre em pessoas 
imunodeprimidas. Vulvovaginite por Candida ocorre com frequência 
em gestantes, podendo ser transmitida ao recém-nascido no útero, du-
rante o parto ou na fase pós-natal. Há espécies de Candida (C. krusei, 
C. parapsilopis) altamente invasivas e resistentes às drogas usualmente 
utilizadas.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos - Diagnosticar e tratar precocemente os casos para evitar 
complicações e, nas gestantes, reduzir o risco de transmissão perinatal.
Notificação - Não é doença de notificação compulsória.
MEDIDAS DE CONTROLE
Tratamento precoce dos indivíduos acometidos. Orienta-se a desin-
fecção concorrente das secreções e artigos contaminados. Sempre que 
possível, deverá ser evitada antibioticoterapia de amplo espectro pro-
longada. Cuidados específicos devem ser tomadoscom o uso de cateter 
venoso, como troca de curativos a cada 48 horas e uso de solução à base 
de iodo e povidine.
Observação: As associações entre diferentes DST são frequentes, des-
tacando-se, atualmente, a relação entre a presença de DST e o aumento 
do risco de infecção pelo HIV, principalmente na vigência de úlceras 
genitais. Desse modo, se o profissional estiver capacitado a realizar 
aconselhamento, pré e pós-teste para detecção de anticorpos anti-HIV, 
quando do diagnóstico de uma ou mais DST, essa opção deve ser ofe-
recida ao paciente. Portanto, toda doença sexualmente transmissível 
constitui evento sentinela para busca de outra DST e possibilidade 
de associação com o HIV. É necessário, ainda, registrar que o Minis-
tério da Saúde vem implementando a “abordagem sindrômica” aos 
pacientes de DST, visando aumentar a sensibilidade no diagnóstico e 
tratamento dessas doenças, para maior impacto em seu controle.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS114
Coccidioidomicose
CID 10: B38
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Micose sistêmica, predominantemente pulmonar, poden-
do, também, comprometer pele, laringe, ossos, articulação e meninges, 
entre outros. Após a infecção, 60% dos indivíduos apresentam infecção 
primária inaparente; os demais, geralmente, cursam com uma infecção 
moderada ou levemente grave. São sinais mais frequentes: comprome-
timento respiratório baixo, febre, sudorese noturna, dor pleural, disp-
neia, tosse produtiva, artralgia, anorexia. Eritema nodoso, polimorfo 
e reações exantemáticas podem ocorrer em até um quinto dos casos. 
A imagem radiológica revela adenomegalia hilar, infiltração pulmo-
nar com derrame pleural. Até 5% dos casos que desenvolvem infecção 
primária permanecem com a infecção residual em forma de coccidio-
doma (lesão nodular) ou de cavitação, podendo associar-se a fibrose 
e calcificações. A forma disseminada é rara, porém fatal, e assumiu 
importante papel após o surgimento da aids, pois é pouco comum em 
pacientes imunocompetentes. Clinicamente, essa forma caracteriza-se 
por lesões pulmonares, acompanhadas por abcessos em todo o corpo, 
especialmente nos tecidos subcutâneos, pele, ossos e sistema nervoso 
central (SNC).
Sinonímia - Febre do Vale de São Joaquim, febre do deserto, reuma-
tismo do deserto.
Agente etiológico - Coccidioides immitis, um fungo dimórfico.
Reservatório - O solo, especialmente, de locais secos e com pH alcali-
no. A doença acomete o homem e outros animais (gado bovino, ovino, 
caprino, entre outros).
Modo de transmissão - Por inalação dos artroconídeos (forma do 
fungo no solo). A transmissão por inoculação, sobretudo a decorrente 
de acidentes de laboratório, é relativamente comum. Transmissão du-
rante a gravidez é rara e, quando ocorre, pode haver óbito neonatal.
Período de incubação - De 1 a 4 semanas.
Período de transmissibilidade - Não é doença contagiosa de in-
divíduo a indivíduo.
Complicações - A disseminação da doença constitui sua maior com-
plicação. Por esse motivo os pacientes soropositivos para HIV ou com 
aids devem ser seguidos criteriosamente.
9
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 115
Diagnóstico - É clínico, epidemiológico e laboratorial. Esse último é 
feito pela demonstração do parasita em exame micológico direto (es-
carro, pus, LCR, raspado de lesão de pele, biópsia) ou em cultura de 
secreções em ágar-Sabouraud. A coleta e o processamento de material 
para cultura devem ser feitos por pessoal treinado, em laboratório de 
segurança nível II; a manipulação de culturas e/ou material de solo sa-
bidamente contaminado pelo C. immitis devem ser feitos em nível de 
contenção de risco NB3. A histopatologia pode ser útil com achado de 
esférulas com endosporos. A sorologia é feita por meio da detecção de 
IgM e os níveis de IgG requerem criteriosa avaliação. Os testes cutâ-
neos com esferulina têm pouco valor diagnóstico, pois permanecem 
positivos, mesmo após a infecção. São de valor epidemiológico, uma 
vez que detectam áreas onde ocorre a infecção.
Diagnóstico diferencial - Tuberculose, meningite tuberculosa, 
paracoccidioidomicose, esporotricose, histoplasmose, neoplasias. No 
Brasil, é importante o diagnóstico diferencial com a leishmaniose 
 visceral (Calazar), sobretudo em áreas onde ocorrem as duas doenças.
Tratamento - Anfotericina B, 1 a 3g, dose total, seguida por Fluco-
nazol, 400mg/dia, por 6 a 12 meses ou Itraconazol, 300mg/dia, pelo 
mesmo período. O critério de cura é clínico, agregado à negativação 
do exame micológico. O Fluconazol está especialmente indicado nas 
formas que comprometem o SNC, por sua excelente difusão cerebral.
Características epidemiológicas - Até o final da década de 70, o 
 Brasil era considerado área indene para essa doença. A partir do re-
lato de vários casos, todos procedentes da região Nordeste, tornou-se 
imperativo que essa patologia entrasse no diagnóstico diferencial de 
agravos com quadro clínico semelhante. É comum nos Estados Unidos, 
no norte da Argentina, Paraguai, Colômbia, Venezuela, México e Amé-
rica Central. Afeta qualquer idade, raça ou gênero (ocorrendo mais em 
homens) e apresenta maior incidência no verão. Nas áreas endêmicas, 
é doença importante entre arqueólogos, recrutas militares e trabalha-
dores, cuja natureza da atividade pode acarretar o contato com o agente 
etiológico. No Brasil, a maioria dos casos descritos teve vínculo epide-
miológico com o hábito de caçar tatu.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos - Diagnosticar e tratar precocemente todos os casos para 
evitar as formas graves; identificar os focos, por meio da investigação, 
para o desencadeamento de medidas de educação em saúde, com vistas 
a impedir novas infecções.
COCCIDIOIDOMICOSE
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS116
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Notificação - Por tratar-se de agravo inusitado, todo caso deve ser 
notificado ao setor de vigilância epidemiológica e investigado obriga-
toriamente.
MEDIDAS DE CONTROLE
risco de infecção e formas de proteção.
pouso, bem como o uso de máscaras e, se possível, a utilização de 
veículos com ar refrigerado, são também utilizadas em situações 
específicas.
 biossegurança ao manejar pacientes ou manipular amostras em 
laboratório.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 117
Cólera
CID 10: A00
10
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS 
Descrição - Infecção intestinal aguda, causada pela enterotoxina do 
bacilo da Cólera Vibrio cholerae, frequentemente assintomática ou oli-
gossintomática, com diarreia leve. Pode se apresentar de forma grave, 
com diarreia aquosa e profusa, com ou sem vômitos, dor abdominal e 
câimbras. Esse quadro, quando não tratado prontamente, pode evo-
luir para desidratação, acidose, colapso circulatório, com choque hi-
povolêmico e insuficiência renal à infecção. 
Agente etiológico - Vibrio cholerae O1, biotipo clássico ou El Tor 
(sorotipos Inaba, Ogawa ou Hikogima), toxigênico, e, também, o 
O139. Bacilo gram-negativo, com flagelo polar, aeróbio ou anaeróbio 
facultativo, produtor de endotoxina. 
Reservatório - O principal é o homem. Estudos recentes sugerem a 
existência de reservatórios ambientais como plantas aquáticas e frutos 
do mar. 
Modo de transmissão - Ingestão de água ou alimentos contami-
nados por fezes ou vômitos de doente ou portador. A contaminação 
pessoa a pessoa é menos importante na cadeia epidemiológica. A va-
riedade El Tor persiste na água por muito tempo, o que aumenta a pro-
babilidade de manter sua transmissão e circulação. 
Período de incubação - De algumas horas a 5 dias. Na maioria dos 
casos, de 2 a 3 dias.
Período de transmissibilidade - Dura enquanto houver elimina-
ção do V. cholerae nas fezes, o que ocorre, geralmente, até poucos dias 
após a cura. Para fins de vigilância, o padrão aceito é de 20 dias. Al-
guns indivíduos podem permanecer portadores sadios por meses ou 
até anos, situação de particular importância, já que podem se tornar 
responsáveis pela introdução da doença em área indene. 
Suscetibilidadee imunidade - A suscetibilidade é variável e au-
menta na presença de fatores que diminuem a acidez gástrica (aclori-
dria, gastrectomia, uso de alcalinizantes e outros). A infecção produz 
elevação de anticorpos e confere imunidade por tempo limitado, e m 
torno de 6 meses. 
Complicações - São decorrentes, fundamentalmente, da depleção 
hidro-salina imposta pela diarreia e pelos vômitos. A desidratação não 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS118
corrigida levará a uma deterioração progressiva da circulação, da fun-
ção renal e do balanço hidroeletrolítico, produzindo dano a todos os 
sistemas do organismo. Em consequência, sobrevém choque hipovolê-
mico, necrose tubular renal, íleo paralítico, hipocalemia (levando a ar-
ritmias), hipoglicemia (com convulsão e coma em crianças). O aborto é 
comum no 3º trimestre de gestação, em casos de choque hipovolêmico. 
As compli cações podem ser evitadas com adequada hidratação precoce.
Diagnóstico 
- O V. cholerae pode ser isolado a partir da cultura de 
amostras de fezes de doentes ou portadores assintomáticos. A coleta 
do material pode ser feita por swab retal ou fecal, fezes in natura ou 
em papel de filtro. 
- Casos de diarreia nos quais são relaciona-
das variáveis com manifestações clínicas e epidemiológicas capazes 
de definir o diagnóstico, sem investigação laboratorial. 
Diagnóstico diferencial - Com todas as diarreias agudas.
Tratamento - Formas leves e moderadas, com soro de reidratação 
oral (SRO). Formas graves, com hidratação venosa e antibiótico: para 
menores de 8 anos, recomenda-se Sulfametoxazol (50mg/kg/dia) + 
Trimetoprim (10mg/kg/dia), via oral, de 12/12 horas, por 3 dias; para 
maiores de 8 anos, Tetraciclina, 500mg, via oral, de 6/6 horas, por 3 
dias; para gestantes e nutrizes, Ampicilina, 500mg, VO, de 6/6 horas, 
por 3 dias.
Características epidemiológicas - Atualmente, o comportamen-
to da Cólera, no Brasil, sugere um padrão endêmico. A deficiência do 
abastecimento de água tratada, destino inadequado dos dejetos, alta 
densidade populacional, carências de habitação, higiene inadequada, 
alimentação precária, educação insuficiente favorecem a ocorrência 
da doença. Nas áreas epidêmicas, o grupo etário mais atingido é o de 
maiores de 15 anos, enquanto que nas áreas endêmicas a faixa mais 
jovem é a mais atingida. A incidência predomina no sexo masculino, 
por maior exposição à contaminação ambiental. Entre os anos de 2000 
e 2008, ocorreu uma redução significativa no número de casos e óbi-
tos por Cólera no Brasil, sendo registrados, nesse período, 766 casos 
e 20 óbitos, todos na região Nordeste. A taxa de letalidade, em casos 
graves de Cólera sem tratamento adequado, pode atingir 50%, porém, 
quando esse é instituído, correta e precocemente, a taxa pode cair para 
menos de 2%. No período de 1991 a 2004, a letalidade oscilou em tor-
no de 1,3%, apresentando desde então percentuais mais elevados. Esse 
aumento, no entanto, não parece estar ligado a uma deterioração do 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 119
CÓLERA
atendimento ao paciente, mas possivelmente a uma sub-notificação 
importante de casos. 
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 
Objetivos - Impedir ou dificultar a propagação da doença; reduzir a 
incidência e a letalidade; controlar surtos.
Notificação - Doença de notificação compulsória internacional, com 
desencadeamento de investigação epidemiológica imediatamente após 
o estabelecimento da suspeita.
Definição de caso 
Suspeito 
Em áreas sem evidência de circulação do V.cholerae patogênico (so-
rogrupos O1 e O139: 
áreas com ocorrência de casos de Cólera, que apresente diarreia 
aquosa aguda até o 10º dia de sua chegada (tempo correspondente 
a duas vezes o período máximo de incubação da doença);
o item anterior, que apresentem diarreia;
que coabite com pessoas que retornaram de áreas endêmicas ou 
epidêmicas, há menos de 30 dias (tempo correspondente ao período 
de transmissibilidade do portador somado ao dobro do período de 
incubação da doença); e
súbita, líquida e abundante. 
Em áreas com evidência de circulação do V. cholerae patogênico (V. 
cholerae O1 já isolado em pelo menos cinco amostras de casos au-
tóctones ou de amostras ambientais):
faixa etária.
Critério laboratorial - Indivíduo com diarreia, que apresente isola-
mento de V. cholerae nas fezes ou vômitos.
Critério clínico epidemiológico
Em áreas sem evidência de circulação do V. cholerae:
área com circulação de V. cholerae, que apresente diarreia aquosa 
aguda até o 10º dia de sua chegada. 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS120
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Em áreas com circulação do V. cholerae:
diarreia aguda, desde que não haja diagnóstico clínico e/ou 
laboratorial de outra etiologia; menores de 5 anos de idade que 
apresentem diarreia aguda e história de contato com caso de Cólera, 
num prazo de 10 dias, desde que não haja diagnóstico clínico e/ou 
laboratorial de outra patologia.
Importado - Caso cuja infecção ocorreu em área diferente daquela em 
que foi diagnosticado, tratado ou teve sua evolução. 
MEDIDAS DE CONTROLE 
Quando o V. cholerae é introduzido em áreas com precárias condições 
sanitárias, o risco de circulação é bastante elevado e, principalmente, 
quando não existe um bom sistema de abastecimento de água potá-
vel para as comunidades, o principal instrumento para o controle da 
Cólera, é prover as populações sob risco, de adequada infraestrutura 
de saneamento (água, esgotamento sanitário e coleta e disposição de 
lixo), o que exige investimentos sociais do poder público. A rede as-
sistencial deve estar estruturada e capacitada para a detecção precoce 
e o manejo adequado dos casos. Deve-se ter cuidados com os vômitos 
e as fezes dos pacientes no domicílio. É im portante informar sobre a 
necessidade da lavagem rigorosa das mãos e procedimentos básicos de 
higiene. Isolamento entérico nos casos hos pitalizados, com desinfecção 
concorrente de fezes, vômitos, vestuário e roupa de cama dos pacientes. 
A quimioprofilaxia de contatos não é indicada por não ser eficaz para 
conter a propagação dos casos. Além disso, o uso de antibiótico altera 
a flora intestinal, modificando a sus cetibilidade à infecção, podendo 
provocar o aparecimento de cepas resistentes. A vacinação apresenta 
baixa eficácia (50%), curta dura ção de imunidade (3 a 6 meses) e não 
evita a infecção assintomática. Para vigiar e detectar precocemente a 
circulação do agente preconiza-se: fortalecimento da monitorização 
das doenças diarréicas agudas (MDDA), nos municípios do país, e a 
monitorização ambiental para pesquisa de V. cholerae, no ambiente. É 
importante ressaltar que no caso do V. cholerae El Tor, a relação entre 
doentes e assintomáticos é muito alta, podendo haver de 30 a 100 assin-
tomáticos para cada indi víduo doente; assim, as medidas de prevenção 
e controle devem ser direcionadas a toda a comunidade, para garantir 
o impacto desejado. 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 121
Coqueluche
CID 10: A37
11
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS 
Descrição - Doença infecciosa aguda, transmissível, de distribuição 
universal, que compromete especificamente o aparelho respiratório 
(traqueia e brônquios) e se caracteriza por paroxismos de tosse seca. 
Ocorre sob as formas endêmica e epidêmica. Em lactentes, pode resul-
tar em número elevado de complicações e até morte. A doença evolui 
em três fases sucessivas: 
- Com duração de 1 ou 2 semanas, inicia-se com 
manifestações respiratórias e sintomas leves (febre pouco intensa, 
mal-estar geral, coriza e tosse seca), seguidos pela instalação gradual 
de surtos de tosse, cada vez mais intensos e frequentes, até que passam 
a ocorrer as crises de tosses paroxísticas. 
- Geralmente afebril ou com febre baixa. Em alguns 
casos, ocorrem vários picos de febre ao longo do dia. A manifestação 
típica são os paroxismos de tosse seca (durante os quais o paciente 
não consegue inspirar e apresenta protusão da língua, congestão faciale, eventualmente, cianose com sensação de asfixia), finalizados por 
inspiração forçada, súbita e prolongada, acompanhada de um ruído 
característico, o guincho, seguidos de vômitos. Os episódios de tosse 
paroxística aumentam em frequência e intensidade nas duas primei-
ras semanas e depois diminuem paulatinamente. Nos intervalos dos 
paroxismos o paciente passa bem. Essa fase dura de 2 a 6 semanas. 
- Os paroxismos de tosse desaparecem e dão 
lugar a episódios de tosse comum; esta fase pode persistir por mais 2 
a 6 semanas e, em alguns casos, pode se prolongar por até 3 meses. 
Infecções respiratórias de outra natureza, que se instalam durante 
a convalescença da Coqueluche, podem provocar reaparecimento 
pensos a apresentar formas graves, muitas vezes letais. Indivíduos 
inadequadamente vacinados ou vacinados há mais de 5 anos podem 
apresentar formas atípicas da doença, com tosse persistente, porém 
sem o guincho característico. 
Agente etiológico - Bordetella pertussis. Bacilo gram-negativo, ae-
róbio, não-esporulado, imóvel e pequeno, provido de cápsula (formas 
patogênicas) e fímbrias. 
Reservatório - O homem é o único reservatório natural. Ainda não 
foi demonstrada a existência de portadores crônicos; entretanto, po-
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS122
dem ocorrer casos oligossintomáticos, com pouca importância na dis-
seminação da doença.
Modo de transmissão - Contato direto da pessoa doente com pes-
soa suscetível (gotículas de secreção eliminadas por tosse, espirro ou 
ao falar). A transmissão por objetos recém-contaminados com secre-
ções do doente é pouco frequente, em virtude da dificuldade do agente 
sobreviver fora do hospedeiro. 
Período de incubação - Em média, de 5 a 10 dias, podendo variar 
de 1 a 3 semanas e, raramente, até 42 dias. 
Período de transmissibilidade - Para efeito de controle, conside-
ra-se que esse período se estende de 5 dias após o contato com um 
do ente (final do período de incubação) até 3 semanas após o início dos 
acessos de tosse típicos da doença (fase paroxística). Em lactentes me-
nores de 6 meses, o período de transmissibilidade pode prolongar-se 
por até 4 a 6 semanas após o início da tosse. A maior trans missibilidade 
ocorre na fase catarral. 
Suscetibilidade e imunidade - A suscetibilidade é geral. O indi-
víduo torna-se imune após adquirir a doença (imunidade duradoura, 
mas não permanente) ou após receber vacinação adequada. Em média 
de 5 a 10 anos após a última dose da vacina, a proteção pode declinar. 
Complicações - Pneumonia e otite média por B. pertussis, pneu-
monias por outras etiologias, ativação de Tuberculose latente, atelec-
tasia, bronquiectasia, enfisema, pneumotórax, ruptura de diafragma; 
encefalopatia aguda, convulsões, coma, hemorragias intracerebrais, he-
morragia subdural, estrabismo, surdez; hemorragias subconjunti vais, 
epistaxe, edema de face, úlcera do frênulo lingual, hérnias (um bilicais, 
inguinais e diafragmáticas), conjuntivite, desidratação e/ou desnutri-
ção. 
Diagnóstico - O diagnóstico específico é realizado mediante o isola-
mento da B. pertussis por meio de cultura de material colhido de na-
sorofaringe, com técnica adequada. Essa técnica é considerada como 
“padrão-ouro” para o diagnóstico laboratorial da Coqueluche, por seu 
alto grau de especificidade, embora sua sensibilidade seja variável. 
Como a B. pertussis apresenta um tropismo pelo epitélio respiratório 
ciliado, a cultura deve ser feita a partir da secreção nasofaríngea. A 
coleta do espécime clínico deve ser realizada antes do início da anti-
bioticoterapia ou, no máximo, até 3 dias após seu início. Por isso, é 
importante procurar a unidade de saúde ou entrar em contato com a 
coordenação da vigilância epidemiológica, na secretaria de saúde do 
município ou estado. 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 123
COQUELUCHE
Diagnóstico diferencial - Deve ser feito com as infecções respira-
tórias agudas, como traqueobronquites, bronqueolites, adenoviroses e 
laringites. Outros agentes também podem causar a síndrome coque-
luchóide, dificultando o diagnóstico diferencial, entre os quais Borde-
tella parapertussis, Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia trachomatis, 
Chlamydia pneumoniae e Adenovirus (1, 2, 3 e 5). A Bordetella bronchi-
septica e a Bordetella avium são patógenos de animais que raramente 
acometem o homem. Quando essa situação ocorre, trata-se de pessoas 
imunodeprimidas. 
Tratamento - A Eritromicina (de preferência o estolato) é o antimi-
crobiano de escolha para o tratamento da Coqueluche, por ser mais 
eficiente e menos tóxico. Esse antibiótico é capaz de erradicar o agen-
te do organismo em 1 ou 2 dias, quando iniciado seu uso durante o 
período catarral ou no início do período paroxístico, promovendo a 
diminuição do período de transmissibilidade da doença. No entanto, 
faz-se necessário procurar atendimento para que o medicamento seja 
prescrito em doses adequadas, por profissional capacitado. A imuno-
globulina humana não tem valor terapêutico comprovado. 
Alguns cuidados gerais importantes
Nos episódios de tosse paroxística, a criança deve ser colocada em la-
teral ou decúbito de drenagem para evitar a aspiração de vômitos e/
ou de secreção respiratória. Se ocorrer episódio de apneia e cianose, 
deve-se aspirar delicadamente a secreção nasal e oral. Nesses casos, há 
indicação de oxigenoterapia. Deve-se estimular manualmente a região 
diafragmática de forma a facilitar as incursões respiratórias e, caso não 
obtenha resposta, utilizar a respiração artificial não-invasiva com o au-
xílio do ambú.
Características epidemiológicas - Em populações aglomeradas, 
condição que facilita a transmissão, a incidência da Coqueluche pode 
ser maior na primavera e no verão; porém em populações dispersas, 
nem sempre se observa essa sazonalidade. Não existe uma distribuição 
geográfica preferencial, nem característica individual que predisponha 
à doença, a não ser presença ou ausência de imunidade específica. 
A morbidade da Coqueluche no Brasil já foi elevada. No início da dé-
cada de 80 eram notificados mais de 40 mil casos anuais e o coeficiente 
de incidência era superior a 30/100.000 habitantes. Este número caiu 
abruptamente a partir de 1983 e, em 2008, o número de casos confir-
mados foi de 1.344 casos/ano e o coeficiente de incidência (CI) foi de 
0,71 /100.000 habitantes graças a elevação da cobertura vacinal, prin-
cipalmente a partir de 1998, resultando em importante modificação 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS124
no perfil epidemiológico desta doença. Entretanto, nos últimos anos, 
surtos de Coqueluche vêm sendo registrados, principalmente em po-
pulações indígenas.
O grupo de menores de um ano concentra cerca de 50% do total de 
casos e apresenta o maior coeficiente de incidência. Isto se deve, pro-
vavelmente, à gravidade do quadro clínico nesta faixa etária, o que, por 
sua vez, leva à maior procura dos serviços de saúde e maior número de 
casos diagnosticados. A letalidade da doença é também mais elevada 
no grupo de crianças menores de um ano, particularmente naquelas 
com menos de seis meses de idade, que concentram quase todos os 
óbitos por Coqueluche.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 
Objetivos - Acompanhar a tendência temporal da doença, para de-
tecção precoce de surtos e epidemias, visando adotar medidas de con-
trole pertinentes; aumentar o percentual de isolamento em cultura, 
com envio de 100% das cepas isoladas para o Laboratório de Refe rência 
Nacional, para estudos moleculares e de resistência bacteriana a anti-
microbianos. 
Notificação - É doença de notificação compulsória. 
Definição de caso 
Suspeito - Todo indivíduo, independente da idade e estado vacinal, 
que apresente tosse seca há 14 dias ou mais, associada a um ou mais 
dos seguintes sintomas: tosse paroxística (tosse súbita incontro lável, 
com tossidas rápidas e curtas, ou seja, 5 a 10, em uma única expiração); 
guincho inspiratório; vômitos pós-tosse. 
Todo indivíduo, independenteda idade e estado vacinal, que apresente 
tosse seca há 14 dias ou mais e com história de contato com um caso 
confirmado de Coqueluche pelo critério clínico. 
- Todo caso suspeito de Coqueluche com 
isolamento de B. pertussis. 
 - Todo caso suspeito que teve 
contato com caso confirmado como Coqueluche pelo critério labo-
ratorial, entre o início do período catarral até 3 semanas após o início 
do período paroxístico da doença (período de transmissibilidade). 
- Todo caso suspeito com alteração no leucogra ma 
caracterizada por leucocitose (acima de 20 mil leucócitos/mm3) e 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 125
COQUELUCHE
linfocitose absoluta (acima de 10 mil linfócitos/mm3), desde que 
não exista outro diagnóstico confirmatório. 
MEDIDAS DE CONTROLE
- A medida de controle de interesse prático em saúde 
pública é a vacinação dos suscetíveis, na rotina da rede básica de 
saúde. A vacina contra Coqueluche deve ser aplicada mesmo em 
crianças cujos responsáveis refiram história da doença. 
- Os menores de 1 ano deverão receber 
3 doses da vacina combinada DTP+Hib (contra Difteria, Tétano e 
Coqueluche e infecções graves causadas pelo Haemophilus influenzae), 
a partir dos 2 meses de idade, com intervalo de pelo menos 30 dias 
entre as doses (idealmente, de 2 meses). De 6 a 12 meses após a terceira 
dose, a criança deverá receber o primeiro reforço com a vacina DTP 
(Tríplice Bacteriana), sendo que o segundo reforço deve ser aplicado 
de 4 a 6 anos de idade. A vacina DTP não deve ser aplicada em 
crianças com 7 anos ou mais. A vacina DTPa (Tríplice Acelular) é 
indicada em situações especiais e, para tanto, devem ser observadas 
as recomendações do Programa Nacional de Imunizações. 
- Frente a casos isolados ou surtos: proceder 
à vacinação seletiva da população suscetível, visando aumentar a 
cobertura vacinal na área de ocorrência dos casos. 
Controle de comunicantes 
- Os comunicantes íntimos, familiares e escolares, menores 
de 7 anos não vacinados, inadequadamente vacinados ou com situação 
vacinal desconhecida, deverão receber uma dose da vacina contra a 
Coqueluche e a orientação de como proceder para completar esquema 
de vacinação. Para os menores de 1 ano, indica-se a vacina DTP+Hib; 
para as crianças com idade entre 1 ano e 6 anos completos (6 anos, 
11 meses e 29 dias), a vacina DTP. 
- Coletar material para diagnóstico labo-
ratorial de comunicantes com tosse, segundo orientação constante 
no Guia de Vigilância Epidemiológica. 
- Tem indicação restrita e devem ser observadas as 
recomendações constantes no Guia de Vigilância Epidemioló gica. 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS126
Criptococose
CID 10: B45
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Infecção fúngica que apresenta duas formas: cutânea e 
sistêmica. A forma cutânea aparece em 10% a 15% dos casos (na maio-
ria das vezes, precede a doença sistêmica) e é caracterizada por ma-
nifestações de lesões acneiformes, rash cutâneo, ulcerações ou massas 
subcutâneas que simulam tumores. A forma sistêmica, frequentemen-
te, aparece como uma meningite subaguda ou crônica, caracterizada 
por febre, fraqueza, dor no peito, rigidez de nuca, dor de cabeça, náu-
sea e vômito, sudorese noturna, confusão mental e alterações de visão. 
Pode haver comprometimento ocular, pulmonar, ósseo e, às vezes, da 
próstata.
Sinonímia - Torulose, blastomicose europeia.
Agente etiológico - Um fungo, o Cryptococcus neoformans, nas va-
riedades neoformans (sorotipo A e D) e gatti (sorotipo B e C). O C. 
neoformans, variação neoformans sorotipo A, é responsável por mais de 
90% das infecções nos pacientes com aids no Brasil, enquanto a varie-
dade gatti acomete, principalmente, indivíduos sem imunossupressão 
aparente.
Reservatório - Fungo saprófita que vive no solo, em frutas secas e ce-
reais e nas árvores; é isolado nos excrementos de aves, principalmente 
pombos.
Modo de incubação - Desconhecido. O comprometimento pulmo-
nar pode anteceder, em anos, ao acometimento cerebral.
Período de transmissibilidade - Não há transmissão homem a 
homem, nem de animais ao homem.
Complicações - O fungo pode viver como saprófita na árvo-
re brônquica, podendo expressar-se clinicamente na vigência de 
 imunodeficiência. Cerca de 5 a 10% dos pacientes com aids são acome-
tidos por essa micose. A meningite causada pelo Cryptococcus, se não 
tratada a tempo, pode causar a morte.
Diagnóstico - O diagnóstico é clínico e laboratorial e a confirmação 
é feita com a evidenciação do criptococo pelo uso de “tinta da China” 
(nankin), que torna visíveis formas encapsuladas e em gemulação em 
materiais clínicos. Essa técnica é a consagrada para o diagnóstico das 
12
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 127
meningites criptocócicas (exame do LCR). Pode-se isolar o criptococo, 
também, na urina ou no pus, em meio de ágar-Sabouraud. A sorologia, 
no LCR e no soro, e a histopatologia podem ser úteis. A radiografia de 
tórax pode ajudar no diagnóstico, podendo ou não ser usada para con-
firmar a doença, demonstrando danos pulmonares, revelando massa 
única ou nódulos múltiplos distintos.
Diagnóstico diferencial - Toxoplasmose, tuberculose, meningoen-
cefalites, sífilis, sarcoidose, histoplasmose e linfomas.
Tratamento - A escolha da droga vai depender da forma clínica. Na 
Criptococose disseminada, o esquema terapêutico de primeira esco-
lha é Anfotericina B, na dose de 1,0mg/kg/dose, IV, não ultrapassar 
50mg/dia, durante 6 semanas, com todos os cuidados que envolvem 
o seu uso. Em caso de toxicidade à Anfotericina B, Desoxicolato, está 
indicado o uso da formulação lipídica, na dose de 3 a 5mg/kg/dia. O 
Fluconazol é também recomendado, na fase de consolidação, na dose 
de 200 a 400mg/dia, VO ou EV, por aproximadamente 6 semanas, ou 
associado à Anfotericina B, até a negativação das culturas. Nas formas 
exclusivamente pulmonares ou com sintomas leves, está indicado o uso 
do Fluconazol, na dose de 200mg/dia, por 6 meses a 12 meses, ou Itra-
conazol, 200mg/dia, durante 6 a 12 meses.
Características epidemiológicas - Doença cosmopolita, de ocor-
rência esporádica. Geralmente, acomete adultos e é duas vezes mais 
frequente no gênero masculino. A infecção pode ocorrer em animais 
(gatos, cavalos, vacas). A suscetibilidade é geral, mas parece que a raça 
humana apresenta uma notável resistência. A suscetibilidade aumenta 
com o uso prolongado de corticosteróide, na vigência de aids, Hodgkin 
e sarcoidose.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos - Diagnosticar e tratar adequadamente todos os casos, de-
vendo atentar para o fato de que a Criptococose, geralmente, está as-
sociada à imunossupressão, servindo de evento sentinela para a busca 
de sua associação com fatores imunossupressores (linfomas, leucemias, 
uso prolongado de corticosteróides, aids, transplantes e desnutrição 
severa).
Notificação - Não é doença de notificação compulsória. A investiga-
ção deve buscar sua associação à imunodeficiência, bem como implan-
tar as medidas de controle disponíveis.
CRIPTOCOCOSE
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS128
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
MEDIDAS DE CONTROLE
Até o momento, não existem medidas preventivas específicas, a não 
ser atividades educativas com relação ao risco de infecção. Medidas de 
controle de proliferação de pombos devem ser implementadas. Assim, 
nas áreas com grande número de pombos, deve-se diminuir a disponi-
bilidade de alimento, água e, principalmente, abrigos, visando reduzir 
a população. Os locais com acúmulo de fezes devem ser umidificados 
para que os fungos possam ser removidos com segurança, evitando a 
dispersão por aerossóis. Não há necessidade de isolamento dos doen-
tes. As medidas de desinfecção de secreção e fômites devem ser as de 
uso hospitalar rotineiro.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 129
Criptosporidíase
CID 10: A07.2
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Infecção causada por protozoário coccídeo, parasito re-
conhecido como patógenoanimal. Atinge as células epiteliais das vias 
gastrintestinais, biliares e respiratórias do homem, de diversos animais 
vertebrados e grandes mamíferos. É responsável por diarreia esporá-
dica em todas as idades, diarreia aguda em crianças e diarreia dos via-
jantes. Em indivíduos imunocompetentes, esse quadro é autolimitado, 
entre 1 e 20 dias, com duração média de 10 dias. Em imunodeprimi-
dos, particularmente com infecção por HIV, ocasiona enterite grave, 
caracterizada por diarreia aquosa, acompanhada de dor abdominal, 
mal-estar, anorexia, náuseas, vômitos e febre. Esses pacientes podem 
desenvolver diarreia crônica e severa, acompanhada de desnutrição, 
desidratação e morte fulminante. Nessa situação, podem ser atingidos 
os pulmões, trato biliar ou surgir infecção disseminada.
Agente etiológico - Cryptosporidium parvum.
Reservatório - O homem, o gado e animais domésticos. O agente 
pode ser encontrado no solo, água ou alimentos contaminados com 
fezes.
Modo de transmissão - Fecal-oral, de animais para a pessoa ou 
entre pessoas, pela ingestão de oocistos, que são formas infecciosas e 
esporuladas do protozoário.
Período de incubação - De 2 a 14 dias.
Período de transmissibilidade - Várias semanas, a partir do início 
dos sintomas e enquanto houver eliminação de oocistos nas fezes. Fora 
do organismo humano, em ambientes úmidos, o oocisto pode perma-
necer infectante por até 6 meses.
Complicações - Enterite, seguida de desnutrição, desidratação e 
morte fulminante. Comprometimento do trato biliar.
Diagnóstico - Identificação do oocisto do parasito por meio de exa-
me de fezes, utilizando-se coloração ácido-resistente. Biópsia intesti-
nal, quando necessária. O diagnóstico também pode ser realizado pela 
detecção do antígeno nas fezes, por meio do ensaio imunoenzimático 
(Elisa) ou imunofluorescência direta.
Diagnóstico diferencial - Em pacientes com aids, deve ser realizado 
o diagnóstico diferencial com outros agentes causadores de enterites, 
como Giardia lamblia, Entamoeba histolytica, Salmonella, Shigella, 
13
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS130
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Campylobacter jejuni, Yersinia, Cyclospora cayetanensis e microsporí-
deos.
Tratamento - Reidratação e correção de distúrbios hidroeletrolíti-
cos, suplementação nutricional. Em indivíduos imunocompetentes, a 
doença é auto-limitada. Azitromicina, na dose de 900 a 1.200mg/dia, 
VO, pode ser benéfica para alguns pacientes. Roxitromicina, na dose 
de 300mg, 2 vezes por dia, diariamente, por 4 semanas. Para pacientes 
com imunodeficiência relacionada ao HIV, a terapia com imunoglobu-
lina hiperimune pode ser útil, associada com Zidovudine.
Características epidemiológicas - Ocorre em todos os continen-
tes. Em países desenvolvidos, a prevalência estimada é de 1% a 4,5%. 
Nos países em desenvolvimento, pode atingir até 30%. Os grupos mais 
atingidos são os menores de 2 anos, pessoas que manipulam animais, 
viajantes, homens que fazem sexo com homens e contatos íntimos de 
infectados. Há relatos de epidemias a partir de água potável contami-
nada, além de banhos em piscina ou lagoas contaminadas.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivo - Diagnosticar os casos, para impedir a cadeia de transmis-
são da doença.
Notificação - Não é doença de notificação compulsória. Os surtos 
devem ser notificados aos órgãos de saúde pública.
MEDIDAS DE CONTROLE
- Educação em saúde e saneamento. 
- Medidas de higiene pessoal, como lavar mãos após 
dejeções, antes do manuseio de alimentos e após o manuseio de 
animais domésticos ou bovinos, lavar bem e desinfetar verduras 
cruas ou ingerir vegetais cozidos, filtração da água ou sua fervura 
durante 10 minutos.
Adoção de isolamento do tipo entérico para pacientes 
internados. Pessoas infectadas devem ser afastadas de atividades de 
manipulação dos alimentos e crianças atingidas não devem frequen-
tar creches.
Concorrente das fezes e de material contaminado com 
as mesmas.
Observação: As medidas de higiene devem ser rigorosas em ambien-
tes especiais, como creches e hospitais, devido à grande quantidade de 
indivíduos suscetíveis.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 131
Dengue
CID 10: A906
14
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS 
Descrição - Doença infecciosa febril aguda, que pode ser de curso be-
nigno ou grave, dependendo da forma como se apresente. A pri meira 
manifestação do Dengue é a febre, geralmente alta (39ºC a 40ºC), de 
início abrupto, associada à cefaleia, adinamia, mialgias, artralgias, dor 
retro orbitária, com presença ou não de exantema e/ou prurido. Ano-
rexia, náuseas, vômitos e diarreia podem ser observados por 2 a 6 dias. 
As manifestações hemorrágicas, como epistaxe, petéquias, gengivorra-
gia, metrorragia, hematêmese, melena, hematúria e outras, bem como 
a plaquetopenia, podem ser observadas em todas as apresentações clí-
nicas de Dengue. Alguns pacientes podem evoluir para formas graves 
da doença e passam a apresentar sinais de alarme da Dengue (Quadro 
2), principalmente quando a febre cede, precedendo manifestações he-
morrágicas mais graves. É importante ressaltar que o fator determinante 
nos casos graves de Dengue é o extravasamento plasmático, que pode 
ser expresso por meio da hemoconcentração, hipoalbuminemia e/ou 
derrames cavitários. As manifestações clínicas iniciais da Dengue gra-
ve denominada de Dengue hemorrágica são as mesmas descritas nas 
formas clássicas da doença. Entre o terceiro e o sétimo dia do seu iní-
cio, quando, da defervescên cia da febre, surgem sinais e sintomas como 
vômitos importantes, dor abdominal intensa, hepatomegalia dolorosa, 
desconforto respiratório, letargia, derrames cavitários (pleural, pericár-
dico, ascite), que indicam a possibilidade de evolução do paciente para 
formas hemor rágicas severas. Em geral, esses sinais de alarme precedem 
as manifestações hemorrágicas espontâneas ou provocadas (prova do 
laço positiva) e os sinais de insuficiência circulatória, que podem existir 
na FHD. A Dengue na criança, na maioria das vezes, apresenta-se como 
uma sín drome febril com sinais e sintomas inespecíficos: apatia, sono-
lência, recusa da alimentação, vômitos, diarreia ou fezes amolecidas. 
Sinonímia - Febre de quebra ossos. 
Agente etiológico - O vírus da Dengue (RNA). Arbovírus do gêne-
ro Flavivirus, pertencente à família Flaviviridae, com quatro sorotipos 
conhecidos: DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4. 
Vetores hospedeiros - Os vetores são mosquitos do gênero Aedes. 
Nas Américas, o vírus da Dengue persiste na natureza, mediante o ciclo 
de transmissão homem → Aedes aegypti → homem. O Aedes albopic tus, 
já presente nas Américas e com ampla dispersão na região Sudeste do 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS132
Brasil, até o momento não foi associado à transmissão do vírus. A fonte 
da infecção e hospedeiro vertebrado é o homem. Foi descrito, na Ásia e 
na África, um ciclo selvagem envolvendo o macaco. 
Modo de transmissão - A transmissão se faz pela picada da fêmea do 
mosquito Ae. aegypti, no ciclo homem → Ae. aegypti → homem. Após um 
repasto de sangue infectado, o mosquito está apto a transmi tir o vírus, 
depois de 8 a 12 dias de incubação extrínseca. A transmis são mecânica 
também é possível, quando o repasto é interrompido e o mosquito, 
imediatamente, se alimenta em um hospedeiro suscetível próximo. Não 
há transmissão por contato direto de um doente ou de suas secreções 
com uma pessoa sadia, nem por fontes de água ou alimento. 
Período de incubação - De 3 a 15 dias; em média, de 5 a 6 dias.
Período de transmissibilidade - O homem infecta o mosquito du-
rante o período de viremia, que começa um dia antes da febre e perdura 
até o sexto dia da doença.
Complicações - O paciente pode evoluir para instabilidade hemodi-
nâmica, com hipotensão arterial, taquisfigmia e choque. 
Diagnóstico - É necessária uma boa anamnese, com realização da 
prova do laço (Quadro 11), exame clínico e confirmação laboratorial 
específica. A confirmação laboratorial é orientada de acordo coma si-
tuação epidemiológica: em períodos não epidêmicos, solicitar o exame 
de todos os casos suspeitos; em períodos epidêmicos, solicitar o exame 
em todo paciente grave ou com dúvidas no diagnóstico, seguindo as 
orientações da Vigilância Epidemiológica de cada região. 
Diagnóstico laboratorial 
tem por objetivo identificar o patógeno e 
Monitorar o sorotipo viral circulante. Para realização da técnica de 
isolamento viral e reação em cadeia da polimerase (PCR), a coleta do 
sangue deve ser realizada até o quinto dia do início dos sintomas. 
Sorológico: a sorologia é utilizada para detecção de anticorpos 
antiDengue e deve ser solicitada a partir do sexto dia do início dos 
sintomas. 
recomendado para todos os 
pacientes com Dengue, em especial para aqueles que se enquadrem 
nas seguintes situações: lactentes (menores de 2 anos), gestantes, 
adultos com idade acima de 65 anos, com hipertensão arterial ou 
outras do enças cardiovasculares graves, diabetes mellitus, DPOC, 
doenças hematológicas crônicas (principalmente anemia falciforme), 
do ença renal crônica, doença acidopéptica e doenças auto-imunes; 
coleta no mesmo dia e resultado em até 24 horas. 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 133
DENGUE
Diagnóstico diferencial - Influenza, enteroviroses, doenças exan-
temáticas (sarampo, rubéola, parvovirose, eritema infeccioso, mono-
nucleose Infecciosa, exantema súbito, citomegalovirose e outras), hepa-
tites virais, abscesso hepático, abdome agudo, hantavirose, ar boviroses 
(Febre Amarela, Mayaro, Oropouche e outras), escarlatina, pneumo-
nia, sepse, infecção urinária, meningococcemia, leptospirose, malária, 
salmonelose, riquetsioses, doença de Henoch-Schonlein, do ença de 
Kawasaki, púrpura auto-imune, farmacodermias e alergias cutâneas. 
Outros agravos podem ser considerados conforme a situa ção epide-
miológica da região. 
Tratamento - Os dados de anamnese e exame físico serão utilizados 
para orientar as medidas terapêuticas cabí veis. É importante lembrar 
que a Dengue é uma doença dinâmica e o paciente pode evoluir de 
um estágio a outro, rapidamente. O manejo adequado dos pacientes 
depende do reconhecimento precoce dos sinais de alarme, do contí-
nuo monitoramento e reestadiamento dos casos e da pronta reposição 
hídrica. Com isso, torna-se necessária a revisão da história clínica, 
acompanhada do exame físico completo, a cada reavaliação do pacien-
te, com o devido registro em instrumentos pertinentes (prontuários, 
ficha de atendimento, cartão de acompa nhamento). O tratamento é 
sintomático (com analgésicos e antipiré ticos), sendo indicada hidra-
tação oral ou parenteral, dependendo da caracterização do paciente 
(Quadro 9). 
Características epidemiológicas - Desde 1986, que vem sendo 
registradas epidemias em diversos estados brasileiros, com a intro-
dução do sorotipo DENV1. A introdução dos sorotipos DENV2 e 
DENV3 foi detectada no Rio de Janeiro, em 1990 e em de zembro de 
2000, respectivamente. O sorotipo DENV3 apresentou rápida dis-
persão para 24 estados do país, no período de 2001- 2003. Em 2003, 
apenas os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina não apre-
sentavam transmissão autóctone da doença. As maiores epi demias 
detectadas até o momento ocorreram nos anos de 1998 e 2002, com 
cerca de 530 mil e 800 mil casos notificados, respectivamente. Os pri-
meiros casos de FHD foram registrados em 1990, no estado do Rio de 
Janeiro, após a introdução do sorotipo DENV2. Naquele ano, foram 
confirmados 274 casos, que, de forma geral, não apresentaram ma-
nifestações hemorrágicas graves. A faixa etária mais atingida foi a de 
maiores de 14 anos. Na segunda metade da década de 90, ocor reram 
casos de FHD em diversos estados. 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS134
Quadro 9. Estadiamento e tratamento dos casos suspeitos de Dengue
Grupo Caracterização Conduta
A
Hidratação oral
Antitérmicos e 
analgésicos
B
espontânea Hidratação oralAntitérmicos e 
analgésicos
-
≥ ≥
Homens: ≥
3 3 
ambulatorial com 
vigorosa
Antitérmicos e 
analgésicos
3
Hidratação oral 
supervisionada ou 
parenteral
Antitérmicos e 
analgésicos
C
Hidratação venosa 
rápida em unidade 
com capacidade para 
venosa sob supervisão 
dosagem de albumina 
sérica, radiografia 
conforme necessidade: 
glicose, ureia, 
transaminases, 
gasometria, ultra-
sonografia de abdome 
D
Nos anos de 2001 e 2002, foi detectado um aumento no total de casos 
de FHD, potencialmente refletindo a circulação simultânea dos sorotipos 
DENV1, DENV2 e DENV3. A letalidade média por FHD se manteve em 
torno de 5%, no período de 2000 a 2003. A partir de 2004, a letalidade 
média foi superior a 7%, aumentando nos anos seguintes e se mantendo 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 135
DENGUE
supe rior a 10% entre 2005 e 2007. O número absoluto de óbitos em 2007 
foi superior ao registrado em 2002, ano em que ocorreu o maior pico 
epidêmico da doença no Brasil. Além do aumento da gravidade da doen-
ça, destaca-se a mudança no padrão etário, com aumento da in cidência 
na faixa etária de menores de quinze anos. Essa mudança foi observada, 
principalmente, nos estados do Maranhão, Alagoas, Piauí, Rio Grande do 
Norte, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em 2007, o es tado do Rio Grande 
do Sul notificou o primeiro caso confirmado de Dengue autóctone. Em 
2008, eclodiu uma grave epidemia no estado do Rio de Janeiro, com re-
gistro, no primeiro semestre deste ano, de quase 210 mil casos de DC, 
mais de 1.300 de FHD/SSD e 9.100 classificados como Dengue com 
complicações. Cerca de 150 óbitos foram confir mados. Nessa epidemia, 
o grupo etário abaixo dos quinze anos esteve sob maior risco de adoecer 
e morrer por esta doença. Em 2009, houve redução no número de casos 
para o país como um todo quando comparado com 2008. Contudo al-
guns municípios registraram epidemias de grande magnitude também 
com ocorrência de casos graves em menores de 15 anos.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 
Objetivos - Reduzir a infestação pelo Ae. aegypti; reduzir a incidên cia 
da Dengue; e reduzir a letalidade por FHD. 
Notificação - É doença de notificação compulsória e de investiga-
ção obrigatória, principalmente quando se tratar dos primeiros casos 
diagnosticados em uma área ou quando se suspeitar de FHD. Os óbi tos 
decorrentes da doença devem ser investigados imediatamente. 
Definição de caso 
Suspeito de Dengue - Todo paciente que apresente doença febril aguda 
com duração de até sete dias, acompanhada de, pelo menos, dois sin-
tomas: cefaleia, dor retroorbitária, mialgias, artralgias, prostração ou 
exantema, associados ou não à presença de hemorragias. Além de ter 
estado, nos últimos quinze dias, em área onde esteja ocorrendo trans-
missão de Dengue ou tenha a presença de Ae. aegypti. 
A presença de sinais de alarme (Quadro 10) indica a possibilidade de 
gravidade do quadro clínico e de evolução para Dengue Hemorrágica 
e/ou Síndrome do Choque da Dengue. 
- É o caso suspeito,confirmado 
laboratorialmente. Durante uma epidemia, a confirmação pode ser fei-
ta pelo critério clínico-epidemiológico, exceto nos primeiros casos da 
área, os quais deverão ter confirmação laboratorial. 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS136
Quadro 10. Sinais de alarme da Dengue Hemorrágica e sinais de choque 
Sinais de alarme na doença
d) Hepatomegalia dolorosa
g) Diminuição da diurese
Sinais de choque
a) Hipotensão arterial
- É o caso 
confirmado laboratorialmente e com todos os critérios presentes, a 
seguir: trombocitopenia (≤100.000/mm
3
); tendências hemorrágicas 
evidenciadas por um ou mais dos seguintes sinais: prova do laço posi-
tiva, petéquias, equimoses ou púrpuras, sangramentos de mucosas do 
trato gastrintestinal ou outros; extravasamento de plasma devido ao 
aumento de permeabilidade capilar, manifestado por: hematócrito 
apresentando aumento de 10% sobre o basal na admissão; queda do he-
matócrito em 20%, após o tratamento adequado; presença de derramepleural, ascite e hipoproteinemia. Os casos de FHD são classificados de 
acordo com a sua gravidade em: 
- Febre acompanhada de sintomas inespecíficos, em que a 
única manifestação hemorrágica é a prova do laço positiva; 
- Além das manifestações do grau I, hemorragias espontâne as 
leves (sangramento de pele, epistaxe, gengivorragia e outros); 
- Colapso circulatório com pulso fraco e rápido, estrei-
tamento da pressão arterial ou hipotensão, pele pegajosa e fria e 
inquietação; 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 137
DENGUE
- Síndrome do Choque da Dengue (SCD), ou seja, choque 
profundo com ausência de pressão arterial e pressão de pulso 
imperceptível. 
Dengue com complicações (DCC) - É todo caso grave que não se 
enquadra nos critérios da OMS de FHD e quando a classificação de 
Dengue Clássica é insatisfatória. Nessa situação, a presença de um dos 
achados a seguir caracteriza o quadro: alterações graves do sistema 
nervoso; disfunção cardiorrespiratória; insuficiência hepática; plaque-
topenia igual ou inferior a 50.000/mm
3
; hemorragia digestiva; derra-
mes cavitários; leucometria global igual ou inferior a 1.000/m
3
; óbito. 
Manifestações clínicas do sistema nervoso, presentes tanto em adultos 
como em crianças, incluem: delírio, sonolência, coma, depressão, ir-
ritabilidade, psicose, demência, amnésia, sinais meníngeos, paresias, 
paralisias, polineuropatias, síndrome de Reye, síndrome de Guillain-
Barré e encefalite. Podem surgir no decorrer do período febril ou mais 
tardiamente, na convalescença. 
MEDIDAS DE CONTROLE 
As medidas de controle se restringem ao vetor Ae. aegypti, uma vez 
que não há vacina ou drogas antivirais específicas. O combate ao ve-
tor envolve ações continuadas de inspeções domiciliares, eliminação 
e tratamento de criadouros, associadas a atividades de educação em 
saúde e mobilização social. A finalidade das ações de rotina é man-
ter a infestação do vetor em níveis incompatíveis com a transmissão 
da doença. Em situações de epidemias, deve ocorrer a intensificação 
das ações de controle, prioritariamente a eliminação de criadouros e 
o tratamento focal. Além disso, deve ser utilizada a aplicação espacial 
de inseticida a ultra-baixo volume (UBV), ao mesmo tempo em que as 
ações de rotina são conduzidas de forma aprimoradas. Em função da 
complexidade que envolve a prevenção e o controle da Dengue, o Pro-
grama Nacional de Controle da Dengue estabeleceu dez componen-
tes de ação: vigilância epidemiológica; combate ao vetor; assistência 
aos pacientes; integração com a atenção básica; ações de saneamento 
ambiental; ações integradas de educação em saúde, comunicação e 
mobilização; capacitação de recursos humanos; legislação de apoio ao 
Programa; acompanhamento e avaliação. Esses componentes de ação, 
se convenientemente implementados, contribuirão para a estrutura ção 
de programas permanentes, integrados e intersetoriais, caracte rísticas 
essenciais para o enfrentamento deste importante problema de saúde 
pública. 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS138
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Quadro 11. Prova do laço
Prova do laço
A prova do laço deverá ser realizada obrigatoriamente em todos os casos suspeitos de Dengue 
crianças, 3 minutos) ou até o aparecimento de petéquias ou equimoses;
petéquias em adultos e 10 ou mais em crianças.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 139
Difteria
CID 10: A36
15
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS 
Descrição - Doença transmissível aguda, toxiinfecciosa, causada por 
bacilo toxigênico, que, frequentemente, se aloja nas amígdalas, fa ringe, 
laringe, nariz e, ocasionalmente, em outras mucosas e na pele. A ma-
nifestação clínica típica é a presença de placas pseudomembra nosas 
branco-acinzentadas aderentes, que se instalam nas amígdalas e inva-
dem estruturas vizinhas (forma faringo-amigdaliana ou farin gotonsilar 
– angina diftérica). Essas placas podem se localizar na fa ringe, laringe 
(laringite diftérica) e fossas nasais (rinite diftérica), e, menos frequen-
temente, na conjuntiva, pele, conduto auditivo, vulva, pênis (pós-cir-
cuncisão) e cordão umbilical. A doença se manifesta por comprome-
timento do estado geral do paciente, com prostração e palidez. A dor 
de garganta é discreta, independentemente da locali zação ou quanti-
dade de placas existentes, e a febre normalmente não é muito elevada 
(37,5 -38,5°C). Nos casos mais graves, há intenso aumento do pescoço 
(pescoço taurino), por comprometimento dos gânglios linfáticos dessa 
área e edema periganglionar nas cadeias cer vicais e submandibulares. 
Dependendo do tamanho e localização da placa pseudomembranosa, 
pode ocorrer asfixia mecânica aguda no paciente, o que muitas vezes 
exige imediata traqueostomia para evi tar a morte. 
produzido pelo bacilo não-toxigênico também determina a formação 
de placas características, embora não se observe sinais de toxemia ou 
ocorrência de complicações. Entre-tanto, as infecções causadas pelos 
bacilos não-toxigênicos têm impor tância epidemiológica por dissemi-
nar o Corynebacterium diphtheriae. Os casos graves e intensamente tó-
xicos são denominados de Difteria Hipertóxica (maligna) e apresentam, 
desde o início, importante com prometimento do estado geral, placas 
com aspecto necrótico e pesco ço taurino. 
Sinonímia - Crupe. 
Agente etiológico - Corynebacterium diphtheriae, bacilo gram-
positivo, produtor da toxina diftérica, quando infectado por um fago. 
Reservatório - O homem, doente ou portador assintomático. 
Modo de transmissão - Contato direto da pessoa doente ou do 
portador com pessoa suscetível através de gotículas de secreção elimi-
nadas por tosse, espirro ou ao falar. A transmissão por objetos recém-
contaminados com secreções do doente ou de lesões em outras locali-
zações é pouco frequente.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS140
Período de incubação - De 1 a 6 dias, podendo ser mais longo.
Período de transmissibilidade - Em média, até 2 semanas após 
o início dos sintomas. A antibioticoterapia adequada erradica o baci-
lo diftérico da orofaringe, de 24 a 48 horas após a sua introdução, na 
maioria dos casos. O portador crônico não tratado pode transmitir a 
infecção por 6 meses ou mais e é extremamente importante na dis-
seminação da doença. 
Suscetibilidade e imunidade - A suscetibilidade é geral. A imu-
nidade pode ser naturalmente adquirida pela passagem de anticorpos 
maternos via transplacentária, que protegem o bebê nos primeiros me-
ses de vida, ou através de infecções inaparentes atípicas, que conferem 
imunidade em diferentes graus, dependendo da maior ou menor expo-
sição dos indivíduos. A imunidade também pode ser adquirida ativa-
mente, através da vacinação com toxóide diftérico. A proteção conferi-
da pelo soro antidiftérico (SAD) é temporária e de curta duração (em 
média, 2 semanas). A doença normalmente não confere imunidade 
permanente, devendo o doente continuar seu esquema de vacinação 
após a alta hospitalar.
Complicações - Miocardite, neurites periféricas, nefropatia tóxica, 
insuficiência renal aguda. 
Diagnóstico - Isolamento e identificação do bacilo, mesmo sem as 
provas de toxigenicidade, associados ao quadro clínico e epidemio-
lógico. 
Diagnóstico diferencial - Angina de Paul Vincent, rinite e amig-
dalite estreptocócica, rinite sifilítica, corpo estranho em naso e orofa-
ringe, angina monocítica, crupe viral, laringite estridulosa, epiglotite 
aguda, inalação de corpo estranho. Para o diagnóstico diferencial da 
difteria cutânea, considerar impetigo, eczema, ectima, úlceras. 
Tratamento
- Soro antidiftérico (SAD), medida terapêutica de grande 
valor, que deve ser feita em unidade hospitalar e cuja finalidade é ina-
tivar a toxina circulante o mais rapidamente possível e possibilitar a 
circulação de anticorpos para neutralizar a toxina produzida pelo baci-
lo. O soro antidiftérico não tem ação sobre a toxina já impregnada no 
tecido. Por isso, sua administração deve ser feita o mais precocementepossível, frente a uma suspeita clínica bem fundamentada.
Como o soro antidiftérico tem origem heteróloga (soro heterólogo de 
cavalo), sua administração pode causar reações alérgicas. Desse modo, 
faz-se necessária a realização de provas de sensibilidade antes do seu 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 141
DIFTERIA
emprego. Caso a prova seja positiva, deverá ser feita a dessensibiliza-
ção. As doses do SAD não dependem do peso e da idade do paciente 
e sim da gravidade e do tempo da doença. O SAD deve ser feito, pre-
ferencialmente, por via endovenosa (EV), diluído em 100ml de soro 
fisiológico, em dose única.
 Formas leves (nasal, cutânea, amigdaliana) - 40.000UI, EV;
 Formas laringoamigdalianas ou mistas - 60.000 - 80.000UI, EV;
 Formas graves ou tardias - 80.000 - 120.000UI, EV. 
Antibioticoterapia (medida auxiliar ao SAD) - Eritromicina, 40-50mg/
kg/dia (dose máxima de 2g/dia), em 4 doses, VO, durante 14 dias; ou 
Penicilina Cristalina, 100.000-150.000UI/kg/dia, em frações iguais de 
6/6 horas, EV, durante 14 dias; ou Penicilina G Procaína, 50.000UI/kg/
dia (dose máxima de 1.200.000UI/dia), em 2 frações iguais de 12/12 
horas, IM, durante 14 dias. 
Tratamento de suporte - Repouso, manutenção do equilíbrio hidre-
letrolítico, nebulização, aspiração frequente de secreções. A Carnitina 
(até 5 dias do início da doença) tem sido indicada para prevenir for-
mas graves de miocardite, na dose de 100mg/kg/dia (máximo de 3g/
dia), em duas frações (12/12 horas) ou 3 frações (8/8 horas), por VO. 
Insuficiência respiratória – de acordo com o quadro, há indicação de 
traqueostomia. Em algumas situações (comprometimento respirató-
rio alto, casos leves e moderados de laringite), pode-se usar dexame-
tasona como medida antiedematosa. Miocardite–repouso absoluto no 
leito, restrição de sódio, diuréticos, cardiotônicos. Polineurite – sinto-
máticos. Insuficiência renal aguda – tratamento conservador, diálise 
peritoneal.
Características epidemiológicas - A ocorrência da doença é mais 
frequente em áreas com baixas condições socioeconômicas e sanitá rias, 
onde a aglomeração de pessoas é maior. Comumente, essas áreas apre-
sentam baixa cobertura vacinal e, portanto, não é obtido impacto no 
controle da transmissão da doença. No Brasil, o número de casos vem 
decrescendo progressivamente, provavelmente em decorrência do au-
mento da cobertura pela vacina DTP que passou de 66%, em 1990, para 
mais de 98%, em 2007. Em 1990, foram notificados 640 (incidência de 
0,45/100.000 habitantes) e este número que foi progressivamente de-
crescendo até atingir 56 casos em 1999 (incidência de 0,03/100.000 ha-
bitantes) e 58 casos em 2000 (coeficiente de incidência de 0,03/100.000 
habitantes). Nos anos subsequentes, o número de casos não ultrapas-
sou 50 por ano e o coeficiente de incidência por 100.000 habitantes 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS142
manteve-se em torno de 0,03. Em 2008, confirmaram-se 7 casos da 
doença (incidência de 0,003/100.000 habitantes). A letalidade esperada 
variou de 5% a 10%, tendo atingido o máximo de 20%, em certas situa-
ções. No Brasil, em 2007 não foi registrado nenhum óbito por Difteria, 
já em 2008 um caso da doença evoluiu para óbito.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 
Objetivos 
adoção de medidas de controle pertinentes para evitar a ocorrência 
de novos casos.
das cepas isoladas para o laboratório de referência nacional, para 
estudos moleculares e de resistência bacteriana a antimicrobianos.
e epidemias.
Notificação - Doença de notificação compulsória e de investigação 
imediata e obrigatória.
Definição de caso 
 - Toda pessoa que, independente da idade e estado vacinal, 
apresente quadro agudo de infecção da orofaringe, com presença 
de placas aderentes ocupando as amígdalas, com ou sem invasão de 
outras áreas da faringe (palato e úvula) ou outras localizações (ocular, 
nasal, vaginal, pele, etc.), com comprometimento do estado geral e 
febre moderada. 
- Critério laboratorial: todo caso suspeito com isolamento do C. 
diphtheriae, com ou sem provas de toxigenicidade positiva. 
- Critério clínico-epidemiológico: todo caso suspeito de Difteria 
com resultado de cultura negativo ou exame não realizado, mas 
que seja comunicante de um outro caso confirmado laboratorial 
ou clinicamente; ou com resultado de cultura negativo ou exame 
não realizado, mas que seja comunicante íntimo de indivíduo no 
qual se isolou C. diphtheriae (portador sadio). 
- Critério clínico: quando forem observadas placas comprometen-
do pilares ou úvula, além das amígdalas; placas suspeitas na tra-
queia ou laringe; simultaneamente, placas em amígdalas, toxemia 
importante, febre baixa desde o início do quadro e evolução, em 
geral, arrastada; miocardite ou paralisia de nervos periféricos, que 
pode aparecer desde o início dos sintomas sugestivos de Difteria 
ou até semanas após. 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 143
DIFTERIA
- Critério anatomopatológico (necropsia): quando a necropsia 
comprovar: placas comprometendo pilares ou úvula, além das 
amígdalas; placas na traqueia e/ou laringe. 
- Morte após clínica compatível: óbito de paciente em curso de 
tratamento de amigdalite aguda e no qual se constata miocardite. 
MEDIDAS DE CONTROLE 
A medida mais segura e efetiva é a imunização adequada da população 
com toxóide diftérico. 
 - Os menores de 1 ano deverão receber 3 
doses da vacina combinada DTP + Hib (contra Difteria, Tétano e 
Coqueluche e infecções graves causadas pelo Haemophilus influen-
zae), a partir dos 2 meses, com intervalo de, pelo menos, 30 dias 
entre as doses (idealmente, de 2 meses). 
 De 6 a 12 meses após a terceira dose, a criança deverá receber o 
primeiro reforço com a vacina DTP (Tríplice Bacteriana), sendo que o 
segundo reforço deverá ser aplicado de 4 a 6 anos de idade. A vacina 
DTP não deve ser aplicada em crianças com 7 anos ou mais de idade. 
A vacina DTPa (Tríplice Acelular) é indicada em situações especiais 
e deve-se observar as recomendações do Ministério da Saúde. 
 As crianças com 7 anos ou mais, adultos e idosos não vacinados ou 
sem comprovação de vacinação prévia devem receber 3 doses da 
vacina dT (Dupla Adulto), com intervalo de pelo menos 30 dias entre 
as doses (o ideal é intervalo de 2 meses). Se comprovar esquema de 
vacinação incompleto, aplicar as doses necessárias para completar o 
esquema vacinal preconizado. 
- Após a ocorrência de um ou mais casos 
de Difteria, deve-se vacinar todos os contatos não vacinados, 
inadequadamente vacinados ou com estado vacinal desconhecido. 
 Nos comunicantes, adultos ou crianças que receberam há mais de 5 
anos o esquema básico ou doses de reforço, deverá ser administrada 
uma dose de reforço de DTP (em menores de 7 anos) ou de dT (em 
crianças com 7 anos ou mais e adultos). 
- Coletar material de naso e orofaringe 
e de lesão de pele dos comunicantes, para cultura de C. diphtheriae. 
Os comunicantes cujo resultado da cultura seja positivo deverão ser 
reexaminados para confirmar se são portadores ou caso de Difteria. 
Todos os comunicantes suscetíveis deverão ser mantidos em obser-
vação durante 7 dias, contados a partir do momento da exposição. 
 O soro antidiftérico não deve ser administrado com finalidade 
profilática. 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS144
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
- Tem indicação restrita e devem 
ser observadas as recomendações constantes no Guia de Vigilância 
Epidemiológica. 
- Persistir em isolamento até que duas culturas de ex-
sudato de naso e orofaringe sejam negativas (colhidas 24 e 48 horas 
após a suspensão do tratamento). 
- Concorrente e terminal. 
- A doença não confere imunidade e a proteção 
conferida pelo soro antidiftérico (SAD) é temporária e de curta 
duração (em média, 2 semanas). Portanto, todos os casos devem 
ser vacinados de acordo com os esquemas preconizados, após a alta 
hospitalar.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 145
Doença deChagas
CID 10: B57
16
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS 
Descrição - Doença parasitária com curso clínico bifásico (fases agu-
da e crônica), podendo se manifestar sob várias formas. 
- Caracterizada 
por miocardite difusa, com vários graus de severidade, às vezes 
só identificada por eletrocardiograma ou eco-cardiograma. Pode 
ocorrer pericardite, derrame pericárdico, tamponamento cardíaco, 
cardiomegalia, insuficiência cardíaca congestiva, derrame pleural, 
As manifestações clínicas mais comuns são: febre prolongada e 
recorrente, cefaleia, mialgias, astenia, edema de face ou membros 
inferiores, rash cutâneo, hipertrofia de linfonodos, hepatomegalia, 
esplenomegalia, ascite. Manifestações digestivas (diarreia, vômito e 
epigastralgia intensa) são comuns em casos por transmissão oral; há 
relatos de icterícia e manifestações digestivas hemorrágicas. Em casos 
de transmissão vetorial, podem ocorrer sinais de porta de entrada: 
sinal de Romaña (edema bipalpebral unilateral) ou chagoma de in-
oculação (lesão a furúnculo que não supura). A meningoencefalite, 
que é rara, tende a ser letal, e ocorre geralmente em casos de reati-
vação (imunodeprimidos) ou em lactentes. Alterações laboratoriais 
incluem anemia, leucocitose, linfocitose, elevação de enzimas hepáti-
cas, alteração nos marcadores de atividade inflamatória (velocidade 
de hemossedimentação, proteína C-reativa, etc.). Relatos em surtos 
de transmissão por via oral demonstraram a ocorrência de icterícia, 
lesões em mucosa gástrica, alterações nas provas de coagulação e 
plaquetopenia. 
- Passada a fase aguda, aparente ou inaparente, se não 
for realizado tratamento específico, ocorre redução espontânea da 
parasitemia com tendência à evolução para as formas: 
- Indeterminada: forma crônica mais frequente. O indivíduo apre-
senta exame sorológico positivo sem nenhuma outra alteração 
identificável por exames específicos (cardiológicos, digestivos, 
etc). Esta fase pode durar toda a vida ou, após cerca de 10 anos, 
pode evoluir para outras formas (ex: cardíaca, digestiva). 
- Cardíaca: importante causa de limitação do chagásico crônico e a 
principal causa de morte. Pode apresentar-se sem sintomatologia, 
apenas com alterações eletrocardiográficas, ou com insuficiência 
cardíaca de diversos graus, progressiva ou fulminante, arritmias 
graves, acidentes tromboembólicos, aneurisma de ponta do cora-
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS146
ção e morte súbita. As principais manifestações são palpitações, 
edemas, dor precordial, dispneia, dispneia paroxística noturna, 
tosse, tonturas, desmaios, desdobramento ou hipofonese de 
segunda bulha, sopro sistólico. Alterações eletrocardiográficas 
mais comuns: bloqueio completo do ramo direito (BCRD), he-
mibloqueio anterior esquerdo (HBAE), bloqueio atrioventricular 
(BAV) de 1º, 2º e 3º graus, extrassístoles ventriculares, sobrecarga 
de cavidades cardíacas, alterações da repolarização ventricular. A 
radiografia de tórax pode revelar cardiomegalia.
- Digestiva: alterações ao longo do trato digestivo, ocasionadas 
por lesões dos plexos nervosos (destruição neuronal simpática), 
com consequentes alterações da motilidade e morfologia, sendo o 
megaesôfago e o megacólon as formas mais comuns. Manifestações 
que sugerem megaesôfago: disfagia (sintoma mais frequente), 
regurgitação, epigastralgia, dor retroesternal à passagem do ali-
mento, odinofagia (dor à deglutição), soluços, ptialismo (excesso 
de salivação), hipertrofia de parótidas; em casos mais graves pode 
ocorrer esofagite, fístulas esofágicas, alterações pulmonares de-
correntes de refluxo gastroesofágico. No megacólon, geralmente 
ocorre constipação intestinal de instalação insidiosa, meteorismo, 
distensão abdominal; volvos e torções de intestino e fecalomas 
podem complicar o quadro. Exames radiológicos contrastados 
são importantes no diagnóstico da forma digestiva.
- Forma associada (cardiodigestiva): quando no mesmo paciente 
são identificadas pelo as duas formas da doença. 
- Forma congênita: ocorre em crianças nascidas de mães com 
exame positivo para T. cruzi. Pode passar despercebida em mais 
de 60% dos casos; em sintomáticos, pode ocorrer prematuridade, 
baixo peso, hepatoesplenomegalia e febre; há relatos de icterícia, 
equimoses e convulsões devidas à hipoglicemia. Meningoencefalite 
costuma ser letal. 
Pacientes imunodeprimidos, como os portadores de neoplasias hema-
tológicas, os usuários de drogas imunodepressoras, ou os co-infectados 
pelo vírus da imunodeficiência humana adquirida, podem apresentar 
reativação da Doença de Chagas, que deve ser confirmada por exames 
parasitológicos diretos no sangue periférico, em outros fluidos orgâni-
cos ou em tecidos.
Sinonímia - Tripanosomíase americana. 
Agente etiológico - Trypanosoma cruzi, protozoário flagelado da 
família Trypanosomatidae, caracterizado pela presença de um flagelo e 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 147
DOENÇA DE CHAGAS
uma única mitocôndria. No sangue dos vertebrados, apresenta-se sob a 
forma de tripomastigota e, nos tecidos, como amastigota. 
Vetores - Triatomíneos hematófagos que, dependendo da espécie, 
podem viver em meio silvestre, no peridomicílio ou no intradomicílio. 
São também conhecidos como “barbeiros” ou “chupões”. No Brasil, há 
uma diversidade de espécies que foram encontradas infectadas. A mais 
importante era o Triatoma infestans que recentemente foi eliminado do 
Brasil. Os T. brasiliensis, Panstrongylus megistus, T. pseudomaculata, T. 
sórdida também se constituem em vetores do T.cruzi . 
Reservatórios - Além do homem, diversos mamíferos domésticos e 
silvestres têm sido encontrados naturalmente infectados pelo T. cruzi. 
Epidemiologicamente, os mais importantes são aqueles que coabitam 
ou estão próximos do homem (gatos, cães, porcos, ratos). No entanto, 
também são relevantes os tatus, gambás, primatas não humanos, mor-
cegos, entre outros animais silvestres. As aves, répteis e anfíbios são 
refratários à infecção pelo T. cruzi. 
Modo de transmissão 
A forma vetorial ocorre pela passagem do protozoário dos excretas dos 
triatomíneos através da pele lesada ou de mucosas do ser humano, du-
rante ou logo após o repasto sanguíneo. 
A transmissão oral ocorre a partir da ingestão de alimentos con-
taminados com T. cruzi. Esta forma, frequente na região Amazônica, 
tem sido implicada em surtos intrafamiliares em diversos estados bra-
sileiros e tem apresentado letalidade elevada. 
A transmissão transfusional ocorre por meio de hemoderivados ou 
transplante de órgãos ou tecidos provenientes de doadores contami-
nados com o T. cruzi. 
A transmissão por transplante de órgãos tem adquirido relevância 
nos últimos anos devido ao aumento desse tipo de procedimento, com 
quadros clínicos pois receptores estão imunocomprometidos. 
A transmissão vertical ocorre em função da passagem do T. cruzi de 
mulheres infectadas para seus bebês, durante a gestação ou o parto. 
A transmissão acidental ocorre a partir do contato de material conta-
minado (sangue de doentes, excretas de triatomíneos) com a pele lesa-
da ou com mucosas, geralmente durante manipulação em laboratório 
sem equipamento de biossegurança. 
Período de incubação - Varia de acordo com a forma de trans-
missão. Vetorial: 4 a 15 dias; transfusional: 30 a 40 dias; vertical: pode 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS148
ocorrer em qualquer período da gestação ou durante o parto; oral: 3 a 
22 dias; transmissão acidental: até aproximadamente 20 dias.
Período de transmissibilidade - O paciente chagásico pode al-
bergar o T. cruzi no sangue e/ou tecidos por toda a vida, sendo assim 
reservatório para os vetores com os quais tiver contato. No entanto, os 
principais reservatórios são os outros mamíferos já citados. 
Diagnóstico 
- Determinada pela presença de parasitos circulantes em 
exames parasitológicos diretos de sangue periférico (exame a fresco, 
esfregaço, gota espessa). Quando houver presença de sintomas por 
maisde 30 dias, são recomendados métodos de concentração devido 
ao declínio da parasitemia (teste de Strout, micro-hematócrito, 
QBC); b) presença de anticorpos IgM anti-T. cruzi no sangue indica 
doença aguda quando associada a fatores clínicos e epidemiológicos 
compatíveis. 
- Indivíduo que apresenta anticorpos IgG anti-T. cruzi 
detectados por dois testes sorológicos de princípios distintos, sendo 
a Imunofluorescência Indireta (IFI), a Hemoaglutinação (HE) e o 
ELISA os métodos recomendados. Por serem de baixa sensibilidade, 
os métodos parasitológicos são desnecessários para o manejo clínico 
dos pacientes; no entanto, testes de xenodiagóstico, hemocultivo ou 
PCR positivos podem indicar a doença crônica. 
Diagnóstico diferencial 
Na fase aguda − leishmaniose visceral, hantavirose, toxoplasmose, fe-
bre tifóide, mononucleose infecciosa, esquistossomose mansônica agu-
da, leptospirose, miocardites virais. 
As formas congênitas devem ser diferenciadas daquelas causadas pelas 
infecções STORCH (sífilis, Toxoplasmose, citomegalovirose, Rubéola, 
herpes, outras). A meningoencefalite chagásica diferencia-se da toxo-
plásmica pela sua localização fora do núcleo da base e pela abundância 
do T. cruzi no líquor. 
A miocardite crônica e os megas devem ser diferenciados de formas 
causadas por outras etiologias. 
Tratamento 
O deve ser realizado o mais precocemente pos-
sível quando forem identificadas a forma aguda ou congênita da doen-
ça, ou a forma crônica recente (crianças menores de 12 anos). A dro-
ga disponível no Brasil é o Benznidazol (comp. 100mg), que deve ser 
utilizado na dose de 5mg/kg/dia (adultos) e 5-10mg/kg/dia (crianças), 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 149
DOENÇA DE CHAGAS
divididos em 2 ou 3 tomadas diárias, durante 60 dias. O Benznidazol é 
contra-indicado em gestantes. 
O tratamento sintomático depende das manifestações clínicas, tanto 
na fase aguda como na crônica. Para alterações cardiológicas são reco-
mendadas as mesmas drogas que para outras cardiopatias (cardiotô-
nicos, diuréticos, antiarrítmicos, vasodilatadores, etc). Nas formas di-
gestivas, pode ser indicado tratamento conservador (dietas, laxativos, 
lavagens) ou cirúrgico, dependendo do estágio da doença. 
Características epidemiológicas - A transmissão vetorial ocor-
re exclusivamente no continente americano, onde existem cerca de 12 
milhões de infectados; no Brasil, existem cerca de 3 milhões de chagá-
sicos. A forma de transmissão mais importante era vetorial, nas áreas 
rurais, responsável por cerca de 80% dos casos hoje considerados crô-
nicos. As medidas de controle vetorial proporcionaram a eliminação 
transmissão pela principal espécie (T. infestans). A transmissão trans-
fusional também sofreu redução importante, com o rigoroso controle 
de doadores de sangue e hemoderivados. Nos últimos anos, as formas 
de transmissão vertical e oral ganharam importância epidemiológica, 
sendo responsáveis por grande parte dos casos identificados. 
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 
Atualmente, a vigilância da Doença de Chagas é desenvolvida de for-
mas diferentes de acordo com a área: 
- Em áreas onde há risco de transmissão vetorial 
domiciliar, está centrada na vigilância entomológica, com o objetivo 
de detectar a presença e prevenir a formação de colônias domiciliares 
do vetor, evitando a ocorrência de casos. Quando identificados casos 
agudos, deve-se realizar investigação epidemiológica e entomológica 
na busca de novos casos. 
- Porque ainda não foram identifi-
cados vetores colonizando o domicílio, deve-se concentrar esforços 
na vigilância de casos e surtos. Na Amazônia Legal, a vigilância tem 
base na realização de exames hemoscópicos para Malária em pessoas 
febris. A partir de informações obtidas com os casos, deve-se buscar 
evidências de domiciliação de vetores, a identificação e mapeamento 
de marcadores ambientais, a partir do reconhecimento dos ecóto pos 
preferenciais das diferentes espécies de vetores prevalentes na região. 
Notificação - Todos os casos de DCA devem ser imediatamente no-
tificados ao sistema de saúde pública para que seja realizada investi-
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS150
gação epidemiológica oportuna. Não devem ser notificados casos de 
reativação ou casos crônicos. (Portaria SVS/MS, de maio de 2006) 
Definições de caso 
- Paciente com quadro febril prolongado 
(mais de 7 dias) e que apresente esplenomegalia ou acometimento 
cardíaco agudo, residente ou visitante de área onde haja ocorrência 
de triatomíneos, que tenha recebido transfusão de hemoderivados 
ou transplante de órgãos, ou que tenha ingerido alimento suspeito 
de contaminação. 
- Paciente que apresente T. cruzi circulante 
no sangue periférico, identificado por meio de exame parasitológico 
direto, com ou sem presença de sinais e sintomas; ou paciente com 
sorologia positiva para anticorpos IgM anti-T. cruzi na presença de 
evidências clínicas e epidemiológicas indicativas de DCA. 
- Recém-nascido de mãe 
com exame sorológico ou parasitológico positivo para T. cruzi, que 
apresente exame parasitológico positivo para T. cruzi, a partir do 
nascimento, ou exame sorológico positivo a partir do sexto mês de 
nascimento, e que não apresente evidência de infecção por qualquer 
outra forma de transmissão. 
- Indivíduo com pelo menos 
dois exames sorológicos, ou com hemocultivo, ou xenodiagnóstico 
positivos para T. cruzi e : 
- Forma indeterminada - Nenhuma manifestação clínica, radioló-
gica ou eletrocardiográfica compatível com DC; 
- Forma cardíaca - Exames compatíveis com miocardiopatia cha-
gásica; 
- Forma digestiva - Exames compatíveis com megaesôfago ou 
megacólon; 
- Forma associada - Exames compatíveis com miocardiopatia 
chagásica e algum tipo de mega. 
MEDIDAS DE CONTROLE 
- Controle químico do vetor (inseticidas de 
poder residual) em casos onde a investigação entomológica indique 
haver triatomíneos domiciliados; melhoria habitacional em áreas de 
alto risco, suscetíveis à domiciliação de triatomíneos. 
- Manutenção do controle rigoroso da 
qualidade dos hemoderivados transfundidos, por meio de triagem 
sorológica dos doadores. 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 151
DOENÇA DE CHAGAS
- Identificação de gestantes chagásicas durante 
a assistência pré-natal ou por meio de exames de triagem neonatal 
de recém-nascidos para tratamento precoce. 
- Cuidados de higiene na produção e manipulação 
artesanal de alimentos de origem vegetal. 
- Utilização rigorosa de equipamentos de 
biossegurança. 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS152
Doença de Lyme
CID 10: A69.2
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Zoonose transmitida por carrapatos e causada por uma 
espiroqueta (Borrelia burgdorferi), caracterizada por pequena lesão 
cutânea, expansiva, única ou múltipla, do tipo mácula ou pápula de 
coloração avermelhada no local em que o carrapato sugou o sangue, 
denominada de eritema crônico migratório (EM). É um importante 
marcador clínico para a suspeita diagnóstica e alerta à vigilância epide-
miológica. À medida que a área de rubor se expande até 15cm (limites 
de 3 a 68cm), a lesão assume característica anelar, quente e raramente 
dolorosa. Dias após o estabelecimento do EM, manifestações clínicas 
iniciais como mal-estar, febre, cefaleia, rigidez de nuca, mialgias, ar-
tralgias migratórias e linfadenopatias muitas vezes estão presentes. 
Não é incomum esses sinais e sintomas durarem várias semanas, nos 
casos em que o tratamento não é instituído. Nessas situações, semanas 
ou meses após podem surgir manifestações neurológicas (15% dos ca-
sos), tais como meningite asséptica, encefalite, coreia, neurite de pares 
cranianos (incluindo a paralisia facial bilateral), radiculoneurite mo-
tora e sensorial. O padrão usual é a meningoencefalite flutuante, com 
paralisia de nervo craniano. Cerca de 8% dos pacientes desenvolvem 
comprometimento cardíaco com bloqueio atrioventricular, mioperi-cardite aguda e evidências de disfunção ventricular esquerda. Cerca de 
60% dos pacientes, após semanas a 2 anos do início da doença, podem 
desenvolver artrite franca, em geral caracterizada por crises intermi-
tentes de edema e dor articular assimétricos, em especial nas grandes 
articulações.
Sinonímia - Borreliose de Lyme, meningopolineurite por carrapatos, 
artrite de Lyme, eritema migratório.
Agente etiológico - Borrelia burgdorferi.
Reservatório - Carrapatos do gênero Ixodes (Ixodes scapularis, I. ri-
cinus, I. pacificus).
Modo de transmissão - Pela picada das ninfas do carrapato, que fi-
cam aderidas à pele do hospedeiro para sucção de sangue por 24 horas 
ou mais. Não ocorre transmissão inter-humana e é incomum a trans-
missão materno-fetal.
Período de incubação - Varia de 3 a 32 dias (em média, 7 a 14 
dias) e vai desde a exposição ao carrapato-vetor até o aparecimento do 
17
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 153
eritema crônico migratório. Mesmo que não haja lesão cutânea na fase 
inicial, ainda assim a doença pode se manifestar anos mais tarde.
Período de transmissibilidade - Ocorre durante toda a vida do 
vetor infectado.
Complicações - A doença poderá cursar com grave envolvimento 
neurológico, cardíaco e articular.
Diagnóstico - O diagnóstico da Doença de Lyme baseia-se na identi-
ficação dos aspectos clínicos da doença em paciente com relato de pos-
sível exposição (epidemiológico) ao microrganismo causal, associados 
com testes laboratoriais. A cultura para isolamento da B. burgdorferi é 
definitiva, mas raramente é bem sucedida a partir de sangue do paciente, 
ocorrendo em aproximadamente 50% dos casos em material de biópsia 
da lesão (EM). A sorologia por Elisa e imunofluorescência indireta são 
os métodos mais utilizados, pois os títulos de anticorpos IgM específicos 
em geral alcançam o máximo em 3 a 6 semanas. Esse anticorpo exibe re-
ação cruzada com outras espiroquetas, inclusive o Treponema pallidum, 
mas os pacientes com Doença de Lyme não mostram resultado positivo 
no VDRL. O Western Blot é valioso quando se suspeita de Elisa falso-
positivo. A reação em cadeia da polimerase (PCR) é empregada para de-
tecção do DNA da espiroqueta em material do hospedeiro. Como essas 
técnicas não estão bem padronizadas, a interpretação dos testes deve ser 
cautelosa, pois pacientes que recebem tratamento precoce podem apre-
sentar sorologia negativa. A sensibilidade das provas aumenta na fase 
mais tardia da doença, em pacientes não tratados.
Diagnóstico diferencial - Meningite asséptica, mononucleose in-
fecciosa, febre reumática, artrite reumatóide, lupus eritematoso sistê-
mico, cardites, encefalites, uveítes, artrites de outras etiologias.
Tratamento - Em adultos, os antibióticos de eleição são: Doxiciclina, 
100mg (2 vezes ao dia), por 15 dias, ou Amoxicilina 500mg (4 vezes ao 
dia), por 15 dias; se as lesões forem disseminadas, prolongar o trata-
mento por 3 a 4 semanas. Em crianças, com menos de 9 anos, adminis-
tra-se Amoxicilina, 50mg/kg/dia, fracionada em 3 doses diárias, por 3 
semanas. Nas manifestações neurológicas (meningites), usar Penicilina 
cristalina, 20 milhões UI/dia, fracionadas em 6 doses endovenosas diá-
rias, ou Ceftriaxona, 2g/dia, por 3 a 4 semanas. Em indivíduos alérgicos 
à Penicilina, usar Eritromicina, 30mg/kg/dia, por 3 semanas. As artri-
tes também respondem a tratamento com Doxiciclina ou Amoxicilina, 
acrescidos de 500mg de Probenecida, por 4 semanas. Nos pacientes 
tratados precocemente com antibióticos orais, o eritema crônico mi-
gratório desaparece de imediato e as principais complicações tardias 
DOENÇA DE LYME
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS154
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
(miocardite, meningoencefalite e artrite recidivante) geralmente não 
ocorrem.
Características epidemiológicas - Embora os casos da doença 
estejam concentrados em certas áreas endêmicas, os focos da Doença 
de Lyme encontram-se amplamente distribuídos nos Estados Unidos, 
Europa e Ásia. No Brasil, os estados de São Paulo, Santa Catarina, Rio 
Grande do Norte e Amazonas têm relatado casos isolados.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos - Detecção de casos suspeitos ou confirmados, visando a 
instituição de tratamento precoce para evitar as complicações comuns 
à doença, além da identificação de focos, por meio da investigação, 
para o desencadeamento de medidas de educação em saúde e impedir 
a ocorrência de novas infecções.
Notificação - Por ser doença rara em território brasileiro, caracteri-
za-se como agravo inusitado, sendo, portanto, de notificação compul-
sória e investigação obrigatória.
Definição de caso - A presença do eritema crônico migratório as-
sociado a quadro clínico e epidemiológico sugestivo reforça a suspeita 
clínica. Sendo doença incomum no país e com manifestações clínicas 
bastante variadas, ainda não tem definição de caso padronizada.
MEDIDAS DE CONTROLE
Investigação epidemiológica com busca ativa de casos e verificação 
da extensão da área onde os carrapatos transmissores estão presentes 
(delimitação dos focos). Ações de educação em saúde sobre o ciclo 
de transmissão para impedir que novas infecções ocorram. Orientar 
moradores, transeuntes e/ou trabalhadores de áreas infestadas para a 
adoção de medidas de proteção do corpo, com roupas claras, de man-
gas compridas, uso de repelentes nas partes descobertas da pele e nas 
bordas das roupas. Observação frequente da pele, em busca da presença 
dos transmissores e eliminação imediata dos mesmos, caso existam. A 
retirada dos carrapatos deve ser feita com as mãos protegidas (luvas 
ou sacos plásticos) e uso de pinças com trações suaves e constantes, 
evitando-se o maceramento do corpo do artrópode ou a permanência 
de seu aparelho bucal na pele do indivíduo. Alertar a comunidade so-
bre os danos da doença. Os casos suspeitos e/ou confirmados devem 
ser tratados conforme o esquema de antibioticoterapia preconizado. As 
medidas para redução das populações de carrapatos em animais não 
têm sido efetivas. Não há indicação de isolamento dos pacientes.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 155
Doenças Diarreicas Agudas
CID 10: A00 a A09
18
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS 
Descrição - Síndrome causada por vários agentes etiológicos (bacté-
rias, vírus e parasitas), cuja manifestação predominante é o aumento 
do número de evacuações, com fezes aquosas ou de pouca consistên-
cia. Com frequência, é acompanhada de vômito, febre e dor abdo-
minal. Em alguns casos, há presença de muco e sangue. No geral, é 
autolimitada, com duração entre 2 a 14 dias. As formas variam desde 
leves até graves, com desidratação e distúrbios eletrolíticos, principal-
mente quando associadas à desnutrição. Dependendo do agente, as 
manifestações podem ser decorrentes de mecanismo secretório pro-
vocado por toxinas ou pela colonização e multiplicação do agente na 
parede intestinal, levando à lesão epitelial e, até mesmo, à bacteremia 
ou septicemia. Alguns agentes podem produzir toxinas e, ao mesmo 
tempo, invasão e ulceração do epitélio. Os vírus produzem diarreia 
autolimitada, só havendo complicações quando o estado nutricional 
está comprometido. Os parasitas podem ser encontrados isolados ou 
associados (poliparasitismo) e a manifestação diarreica pode ser agu-
da, intermitente ou não ocorrer. 
Agentes etiológicos 
- Staphyloccocus aureus, Campylobacter jejuni, Escherichia 
coli enterotoxigênica, Escherichia coli enteropatogênica, Escherichia 
coli enteroinvasiva, Escherichia coli enterohemorrágica, salmonelas, 
Shigella dysenteriae, Yersinia enterocolítica, Vibrio cholerae e outras. 
Astrovírus, calicivírus, adenovírus entérico, norovírus, ro-
tavírus grupos A, B e C e outros. 
Entamoeba histolytica, Cryptosporidium, Balantidium coli, 
Giardia lamblia, Isospora belli e outras. 
Reservatório, modo de transmissão, período de incubação 
e transmissibilidade - Específicos para cada agente etiológico. 
Complicações - Em geral, são decorrentes da desidratação e do de-
sequilíbriohidreletrolítico. Quando não tratadas adequada e preco-
cemente, podem levar a óbito. Nos casos crônicos ou com episódios 
repetidos, acarretam desnutrição crônica, com retardo do desenvolvi-
mento estato-ponderal. 
Diagnóstico - Laboratorial, por exames parasitológicos de fezes e cul-
turas de bactérias e vírus ou diagnóstico clínico-epidemiológico. 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS156
Diagnóstico diferencial - Em geral, realizado entre os agentes cau-
sadores das diarreias, através de exames específicos. Quando ocorrem 
vários casos associados entre si (surto), para o diagnóstico etiológico 
de um ou mais casos ou da fonte de infecção, utiliza-se também o cri-
tério clínico-epidemiológico. 
Tratamento - A terapêutica indicada é a hidratação oral, através 
do sal de reidratação oral (SRO), que simplificou o tratamento e vem 
contribuindo significativamente para a diminuição da mortalidade 
por diarreias. O esquema de tratamento independe do diagnóstico 
etiológico, já que o objetivo da terapêutica é reidratar ou evitar a de-
sidratação. O esquema terapêutico não é rígido, administrando-se lí-
quidos e o SRO de acordo com as perdas. Se houver sinais e sintomas 
de desidratação, administrar soro de reidratação oral, de acordo com 
a sede. Inicialmente, a criança de até 12 meses deve receber de 50 a 
100ml e aquelas acima de 12 meses, 100 a 200ml. Após a avaliação, 
recomenda-se o aumento da ingestão de líquidos como soro caseiro, 
sopas e sucos não laxantes. Manter a alimentação habitual, em espe cial 
o leite materno, e corrigir eventuais erros alimentares. Persistindo os si-
nais e sintomas de desidratação e se o paciente vomitar, deve-se reduzir 
o volume e aumentar a frequência da administração. Manter a criança 
na unidade de saúde até a reidratação. O uso de sonda na sogástrica 
(SNG) é indicado apenas em casos de perda de peso após as duas pri-
meiras horas de tratamento oral, com vômitos persistentes, distensão 
abdominal e ruídos hidroaéreos presentes ou dificuldade de ingestão. 
Nesses casos, administrar 20 a 30ml/kg/hora de SRO. A hidratação pa-
renteral só é indicada quando houver alteração da cons ciência, vômitos 
persistentes, mesmo com uso de sonda nasogástrica, presença de íleo 
paralítico e nos casos em que a criança não ganha ou perde peso com a 
hidratação por SNG. Os antimicrobianos devem ser utilizados apenas 
na disenteria e casos graves de Cólera (vide capítu lo específico). Quan-
do há identificação de trofozoítos de G. lamblia (15mg/kg/dia) ou E. 
hystolitica (30mg/kg/dia) é recomendado o Me tronidazol, dividido em 
3 doses, por 5 dias. 
Características epidemiológicas - Importante causa de morbi-
mortalidade no Brasil e em países subdesenvolvidos. Têm incidência 
elevada e os episódios são frequentes na infância, particularmente em 
áreas com precárias condições de saneamento. O SRO diminui a leta-
lidade por essas doenças, mas a morbidade ainda é importante causa de 
desnutrição e do retardo de crescimento. 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 157
DOENÇAS DIARREICAS AGUDAS
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 
Objetivos - Monitorar a incidência das diarreias, visando atuar em si-
tuações de surtos, e manter contínuas atividades de educação em saúde 
com o propósito de diminuir sua incidência e letalidade. 
Notificação - Não é doença de notificação compulsória, em virtude 
de sua elevada frequência. A vigilância é feita pela monitorização das 
Doenças Diarreicas Agudas, que consiste no registro de dados míni-
mos dos doentes (residência, idade, plano de tratamento) em unidades 
de saúde. 
Definição de caso - Indivíduo que apresentar fezes cuja consis tência 
revele aumento do conteúdo líquido (pastosas, aquosas), com maior 
número de dejeções diárias e duração inferior a 2 semanas. 
MEDIDAS DE CONTROLE 
Melhoria da qualidade da água, destino adequado de lixo e dejetos, 
controle de vetores, higiene pessoal e alimentar. Educação em saúde, 
particularmente em áreas de elevada incidência. Locais de uso cole-
tivo, tais como escolas, creches, hospitais, penitenciárias, que podem 
apresentar riscos maximizados quando as condições sanitárias não são 
adequadas, devem ser alvo de orientações e campanhas específicas. 
Ocorrências em crianças de creches devem ser seguidas de precau-
ções entéricas, além de reforçadas as orientações às manipuladoras e 
às mães. Considerando a importância das causas alimentares nas diar-
reias das crianças pequenas, é fundamental o incentivo à prorrogação 
do tempo de aleitamento materno, comprovadamente uma prática que 
confere elevada proteção a esse grupo populacional. 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS158
Doença Meningocócica
CID 10: A39.0 e A39.2
1 Sinal de Kernig
2 Sinal de Brudzinski 
19
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - A Doença Meningocócica (DM) é uma entidade clínica 
que apresenta diversas formas e prognósticos. Há relatos de que a DM 
pode se apresentar sob a forma de doença benigna, caracterizada por 
febre e bacteremia, simulando uma infecção respiratória, quase sempre 
diagnosticada por hemocultura. Porém, em geral, o quadro é grave, a 
exemplo de septicemia (meningococcemia), caracterizada por mal-
estar súbito, febre alta, calafrios, prostração, acompanhada de mani-
festações hemorrágicas na pele (petéquias e equimoses), e, ainda, sob a 
forma de meningite, com ou sem meningococcemia, de início súbito, 
com febre, cefaleia intensa, náuseas, vômitos e rigidez de nuca, além de 
outros sinais de irritação meníngea (Kernig1 e Brudzinski2).
O paciente pode apresentar-se consciente, sonolento, torporoso ou 
em coma. Os reflexos superficiais e osteotendinosos estão presentes 
e normais. Outra apresentação é a meningoencefalite, na qual ocorre 
depressão sensorial profunda, sinais de irritação meníngea e compro-
metimento dos reflexos superficiais e osteotendinosos. Delírio e coma 
podem surgir no início da doença, ocorrendo, às vezes, casos fulmi-
nantes, com sinais de choque. 
Lactentes raramente apresentam sinais de irritação meníngea, o que 
leva a necessidade de se observar febre, irritabilidade ou agitação, grito 
meníngeo e recusa alimentar, acompanhados ou não de vômitos, con-
vulsões e abaulamento da fontanela. 
Agente etiológico - Neisseria meningitidis (meningococo), bactéria 
em forma de diplococos gram-negativos. É classificada em sorogrupos 
de acordo com o antígeno polissacarídeo da cápsula, sorotipos e subti-
pos. Os sorogrupos mais importantes são: A, B, C, W135 e Y. 
Reservatório - O homem doente ou portador assintomático.
Modo de transmissão - Contato íntimo de pessoa a pessoa (pes-
soas que residem no mesmo domicílio ou que compartilham o mesmo 
dormitório em internatos, quartéis, creches, etc.), por meio de gotícu-
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 159
DOENÇA MENINGOCÓCICA
las das secreções da nasofaringe. O principal transmissor é o portador 
assintomático.
Período de incubação - De 2 a 10 dias; em média, de 3 a 4 dias.
Período de transmissibilidade - Enquanto houver o agente na na-
sofaringe. Em geral, após 24 horas de antibioticoterapia, o meningoco-
co já desapareceu da orofaringe.
Complicações - Necroses profundas com perda de tecido nas áre-
as externas, onde se iniciam as equimoses, surdez, artrite, miocardite, 
pericardite, paralisias, paresias, abcesso cerebral, hidrocefalia, dentre 
outras.
Diagnóstico - Por meio do isolamento da N. meningitidis do sangue 
ou líquor. O LCR pode se apresentar turvo, com cor leitosa ou xanto-
crômica. A bioquímica evidencia glicose e cloretos diminuídos (con-
centração de glicose inferior a 50% da glicemia, coletada simultanea-
mente ao líquor), proteínas elevadas (acima de 100mg/dl) e aumento 
do número de leucócitos, predominando polimorfonucleares neutrófi-
los. A contra-imunoeletroforese (CIE) é reagente, a bacterioscopia evi-
dencia a presença de diplococos gram-negativos e a cultura evidencia o 
crescimento de N. meningitidis. Nas meningococcemias, o leucograma 
apresenta-secom milhares de leucócitos, havendo predominância de 
neutrófilos (“desvio à esquerda”). A hemocultura é positiva. O raspa-
do das lesões de pele pode ser cultivado para identificação do agente. 
Outros exames que podem ser utilizados para identificação do menin-
gococo são a pesquisa de antígenos no líquor, fixação do látex, Elisa 
ou radioimunoensaio. A reação em cadeia da polimerase (PCR) para 
o diagnóstico tem sido utilizada, apresentando elevada sensibilidade 
e especificidade. Ressalte-se que essa técnica não é utilizada na rotina 
diagnóstica.
Diagnóstico diferencial - Meningites e meningoencefalites em ge-
ral, principalmente as purulentas, encefalites, febre purpúrica brasilei-
ra, septicemias.
Tratamento - Penicilina Cristalina, 300.000 a 500.000UI/kg/dia, com 
dose máxima de 24.000.000UI/dia, IV, fracionada em 3/3 ou 4/4 horas, 
durante 7 a 10 dias; Ampicilina, 200 a 400mg/kg/dia, até no máximo 
de 15g/dia, IV, fracionada em 4/4 ou 6/6 horas, durante 7 a 10 dias. Em 
casos de alergia, usar Cloranfenicol, na dose de 50 a 100mg/kg/dia, IV, 
fracionada em 6/6 horas.
Características epidemiológicas - É a meningite de maior impor-
tância para a saúde pública, por se apresentar sob a forma de ondas 
epidêmicas que podem durar de 2 a 5 anos. Tem distribuição univer-
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS160
sal e os casos ocorrem durante todo o ano (forma endêmica). O Brasil 
viveu uma grande epidemia de Doença Meningocócica na primeira 
metade da década de 70, devido aos sorogrupos A e C. Até a primeira 
metade da década de 90, a incidência média desta doença variou de 1 
a 6/100.000 hab. entre as cinco macrorregiões do país e, desde então, 
apresenta tendência de queda. No período de 2000 a 2007, foram de-
tectados 22 surtos de Doença Meningocócica no Brasil, um pelo so-
rotipo B e os demais pelo sorotipo C, que atualmente são os sorotipos 
circulantes. O diagnóstico precoce e a qualidade da assistência contri-
buem para a redução da letalidade. A quimioprofilaxia corretamente 
indicada e realizada em tempo hábil reduz significativamente o risco 
de aparecimento de casos secundários.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos - Monitorar a situação epidemiológica da doença no país; 
orientar a utilização de medidas de prevenção e controle e avaliar sua 
efetividade. Avaliar o desempenho operacional do sistema de vigilância 
de meningite, produzir e disseminar informações epidemiológicas.
Notificação - É de notificação compulsória e investigação imediata.
Definição de caso
- Maiores de um ano e adultos com febre, cefaleia intensa, 
vômito em jato, rigidez de nuca, sinais de irritação meníngea (Kern-
ing e Brudzinski), convulsões e/ou manchas vermelhas no corpo. 
Em crianças menores de 1 ano, considerar irritabilidade, choro 
persistente e abaulamento de fontanela.
- A confirmação é feita por exame laboratorial (cultura, 
CIE e látex) ou todo caso suspeito de meningite com história de 
vínculo epidemiológico com caso confirmado laboratorialmente 
ou todo caso suspeito com bacterioscopia positiva (diplococo Gram 
negativo) ou clínica sugestiva, com petéquias (meningococcemia). 
MEDIDAS DE CONTROLE
- É feita em contatos íntimos do doente. A droga 
de escolha é a Rifampicina, na dose de 600mg, VO, de 12/12 horas, 
durante 2 dias (dose máxima total de 2.400mg), para adultos. 
Crianças de 1 mês até 10 anos, administrar 10mg/kg/dose em 4 
tomadas, com intervalos de 12/12 horas, sendo a dose máxima de 
600mg. Recém-nascidos, 5mg/kg/dose, de 12/12 horas, em 4 tomadas 
(dose máxima de 600g). A quimioprofilaxia não garante proteção 
absoluta, mas ajuda a prevenir a ocorrência de casos secundários. 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 161
DOENÇA MENINCOCÓCICA
 - As vacinas polissacarídicas confer-
em imunidade de curta duração e, por isso, sua indicação restringe-se 
ao controle de surtos. Nesse caso, a decisão sobre a indicação deverá 
ser baseada na análise epidemiológica (incluindo a informação sobre 
o sorogrupo) e na disponibilidade de vacina sorogrupo específica. A 
indicação de vacinação para controle de surto depende da decisão 
de três instâncias: municipal, estadual e federal. 
isolamento do paciente só ocorre durante as primeiras 24 horas 
de tratamento, com o antibiótico indicado. 
 deverá ser feita em relação às 
secreções respiratórias e aos objetos por elas contaminados. O pa-
ciente deve receber quimioprofilaxia antes da alta, pois a antibiotico-
terapia venosa nem sempre elimina as N. meningitidis da orofaringe. 
Exceção se faz aos casos tratados com o antibiótico Ceftriaxone. 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS162
Donovanose
CID 10: A58
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Doença bacteriana de evolução progressiva e crônica, 
que acomete, preferencialmente, pele e mucosas das regiões genitais, 
perianais e inguinais, podendo ocasionar lesões granulomatosas e des-
trutivas. Inicia-se por lesão nodular, única ou múltipla, de localização 
subcutânea, que eclode produzindo ulceração bem definida e cresce 
lentamente. É indolor e sangra com facilidade. A partir daí, as manifes-
tações estão diretamente ligadas às respostas tissulares do hospedeiro, 
originando formas localizadas ou externas e, até mesmo, lesões visce-
rais, por disseminação hematogênica. A observação do polimorfismo 
das manifestações levou à proposição de classificação clínica sugerida 
por Jardim (1987).
Genitais e perigenitais - São divididas em ulcerosas e subdivididas 
em: com bordas hipertróficas e com bordas planas; ulcerovegetantes; 
vegetantes e elefantiásicas.
Extragenitais. 
Sistêmicas - Geralmente as formas ulcerosas têm maior dimensão; 
apresentam bordas planas ou hipertróficas, com abundante se-
creção, e crescem, por expansão, por meio de auto-inoculação. Nas 
formas ulcerovegetantes (a mais frequente), há abundante tecido de 
granulação no fundo da lesão, ultrapassando o contorno lesional. 
As lesões vegetantes são pouco frequentes e, habitualmente, de 
pequenas dimensões, bem delimitadas e desprovidas de secreções. 
As manifestações elefantiásicas ocorrem, quase sempre, após formas 
ulcerativas, secundárias às alterações linfáticas, que as acompan-
ham. As localizações extragenitais são raras e podem resultar de 
práticas sexuais não usuais ou da extensão do foco inicial, por auto-
inoculação, sendo essa última mais frequente. Há predileção pelas 
regiões de dobras e região perianal. Não há adenite na Donovanose, 
embora raramente possam se formar pseudobubões (granulações 
subcutâneas) na região inguinal, quase sempre unilaterais. Há relatos 
de localização nas gengivas, axilas, parede abdominal, couro cabe-
ludo e outros locais. Na forma sistêmica da doença, podem ocorrer 
manifestações ósseas, articulares, hepáticas, esplênicas, pulmonares e 
outras. Em portadores de aids, a Donovanose assume uma evolução 
clínica atípica, com aparecimento de novas lesões, expansão das pré-
existentes e persistência da positividade bacteriológica em resposta 
ao tratamento.
20
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 163
Sinonímia - Granuloma venéreo, granuloma tropical, úlcera serpigi-
nosa, úlcera venéreo-crônica e granuloma inguinal.
Agente etiológico - Calymmatobacterium granulomatis (Klebsiella 
granulomatis, Donovania granulomatis), descrito em 1913, por dois 
brasileiros, Aragão e Vianna.
Reservatório - O homem.
Modo de transmissão - Provavelmente por contato direto com le-
sões, durante a atividade sexual. Entretanto, esse ainda é assunto con-
trovertido. A ocorrência em crianças e pessoas sexualmente inativas e 
a variedade da doença em parceiros sexuais de pacientes com lesões 
abertas são dados que se contrapõem ao estabelecimento definitivo da 
transmissão sexual exclusiva da doença.
Período de incubação - Entre 3 dias a 6 meses.
Período de transmissibilidade - Desconhecido, provavelmente 
enquanto há lesões abertas na pele e/ou membranas mucosas.
Complicações - As formas vegetantes, elefantiásicas e sistêmicas po-
dem ser consideradascomo complicações da Donovanose.
Diagnóstico - Laboratorial: demonstração dos corpúsculos de Dono-
van em esfregaço de material proveniente de lesões suspeitas ou cortes 
tissulares corados com Giemsa ou Wright.
Diagnóstico diferencial - Cancro Mole, principalmente na sua for-
ma fagedênica, sífilis secundária, condiloma acuminado, carcinoma 
espinocelular, leishmaniose e paracoccidioidomicose.
Tratamento - Doxiciclina, 100mg, VO, de 12/12 horas, até a cura 
clínica (no mínimo por 3 semanas), ou Sulfametoxazol+Trimetoprim, 
160mg e 800mg, respectivamente, VO, de 12/12 horas, até a cura clí-
nica (no mínimo por 3 semanas); ou Ciprofloxacina, 750mg, VO, de 
12/12 horas, até a cura clínica; ou Tianfenicol granulado, 2,5g, VO, 
dose única, no primeiro dia de tratamento; a partir do segundo dia, 
500mg, VO, de 12/12 horas, até a cura clínica, ou Eritromicina (estea-
rato), 500mg, VO, de 6/6 horas, até a cura clínica (no mínimo por 3 
semanas), ou Tetraciclina, 500mg, VO, de 6/6 horas, durante 30 a 40 
dias, até a cura clínica. 
Observação: Não havendo resposta na aparência da lesão nos primei-
ros dias de tratamento com a Ciprofloxacina ou a Eritromicina, reco-
menda-se adicionar um aminoglicosídeo, como a Gentamicina, 1mg/
kg/dia, EV, de 8/8 horas.
DONOVANOSE
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS164
Recomendações - O critério de cura é o desaparecimento da lesão. As 
sequelas podem exigir correção cirúrgica. Na gravidez, a doença é de 
baixa incidência. Não foi relatada infecção congênita, intra-uterina ou 
durante o parto. A gestante deve ser tratada com Estereato de Eritro-
micina, 500mg, VO, de 6/6 horas, até a cura clínica (no mínimo por 3 
semanas), ou Tianfenicol, 0,5g, VO, de 8/8 horas, por 14 dias.
Características epidemiológicas - A doença apresenta maior pre-
valência nas regiões subtropicais, sendo mais frequente em negros. 
Afeta igualmente homens e mulheres, embora existam publicações 
conflitantes sobre esse aspecto. Habitualmente, é mais frequente entre 
os 20 e 40 anos.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos - Interromper a cadeia de transmissão mediante detecção e 
tratamento precoce dos casos (fontes de infecção).
Notificação - Não é doença de notificação compulsória nacional. Os 
profissionais de saúde devem observar as normas e procedimentos de 
notificação e investigação de estados e municípios.
MEDIDAS DE CONTROLE
Interrupção da cadeia de transmissão pela triagem e referência dos 
pacientes com DST e seus parceiros, para diagnóstico e terapia ade-
quados.
 - Orientações ao paciente, fazendo com que observe 
as possíveis situações de risco presentes em suas práticas sexuais, 
desenvolva a percepção quanto à importância do seu tratamento e 
de seus parceiros sexuais e promova comportamentos preventivos. 
Devido à baixa infectividade, não é necessário fazer o tratamento dos 
parceiros.
 - Método mais eficaz para a 
redução do risco de transmissão do HIV e outras DST. Convite aos 
parceiros para aconselhamento e promoção do uso de preservativos 
(deve-se obedecer aos princípios de confiabilidade, ausência de 
coerção e proteção contra a discriminação). Educação em saúde, de 
modo geral.
Observação: As associações entre diferentes DST são frequentes, des-
tacando-se, atualmente, a relação entre a presença de DST e o aumento 
do risco de infecção pelo HIV, principalmente na vigência de úlceras 
genitais. Desse modo, se o profissional estiver capacitado a realizar 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 165
DONOVANOSE
aconselhamento, pré e pós-teste para detecção de anticorpos anti-HIV, 
quando do diagnóstico de uma ou mais DST, deve ser oferecida essa 
opção ao paciente. Portanto, toda doença sexualmente transmissível 
constitui evento sentinela para a busca de outra DST e possibilidade de 
associação com o HIV. É necessário, ainda, registrar que o Ministério 
da Saúde vem implementando a “abordagem sindrômica” aos pacientes 
de DST, visando aumentar a sensibilidade no diagnóstico e tratamento 
dessas doenças, para alcançar maior impacto no seu controle.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS166
Enterobíase
CID 10: B80
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Infestação intestinal causada por helminto. Pode cursar 
assintomática ou apresentar, como característica principal, o prurido 
perianal, frequentemente noturno, que causa irritabilidade, desassosse-
go, desconforto e sono intranquilo. As escoriações provocadas pelo ato 
de coçar podem resultar em infecções secundárias em torno do ânus, 
com congestão na região anal, ocasionando inflamação com pontos 
hemorrágicos, onde se encontram, frequentemente, fêmeas adultas 
e ovos. Sintomas inespecíficos do aparelho digestivo são registrados, 
como vômitos, dores abdominais, tenesmo, puxo e, raramente, fezes 
sanguinolentas. Outras manifestações, como vulvovaginites, salpingi-
tes, ooforite e granulomas pelvianos ou hepáticos, têm sido registradas, 
esporadicamente.
Sinonímia - Oxiuríase, caseira.
Agente etiológico - Enterobius vermicularis, nematódeo intestinal.
Reservatório - O homem.
Modo de transmissão - Predominantemente fecal-oral. São diver-
sos os modos de transmissão:
- Do ânus para a cavidade oral, 
por meio dos dedos, principalmente nas crianças, doentes mentais 
e adultos com precários hábitos de higiene.
Ovos presentes na poeira ou alimentos 
atingem o mesmo hospedeiro que os eliminou.
 - Os ovos presentes na poeira ou alimentos atingem 
um novo hospedeiro.
- Migração das larvas da região anal para as regiões 
superiores do intestino grosso, chegando até o ceco, onde se tornam 
adultas.
- Processo raro no qual as larvas eclodem 
ainda dentro do reto e depois migram até o ceco, transformando-se 
em vermes adultos.
Período de incubação - O ciclo de vida do parasito dura de 2 a 6 
semanas. A sintomatologia aparece quando existe um número de ver-
mes resultante de infestações sucessivas, que ocorre alguns meses após 
a infestação inicial.
21
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 167
Período de transmissibilidade - Dura enquanto as fêmeas grávi-
das expulsam ovos na pele perianal, que permanecem infectantes por 1 
ou 2 semanas fora do hospedeiro.
Complicações - Salpingites, vulvovaginites, granulomas pelvianos. 
Infecções secundárias às escoriações.
Diagnóstico - Em geral, clínico, devido ao prurido característico. O 
diagnóstico laboratorial reside no encontro do parasito e de seus ovos. 
Como dificilmente é conseguido nos parasitológicos de fezes de rotina, 
sendo achado casual quando o parasitismo é muito intenso, deve-se 
pesquisar diretamente na região perianal, o que deve ser feito pelos 
métodos de Hall (swab anal) ou de Graham (fita gomada), cuja colhei-
ta é feita na região anal, seguida de leitura em microscópio. Também 
podem ser pesquisados em material retirado de unhas de crianças in-
fectadas, que oferecem alto índice de positividade.
Diagnóstico diferencial - Moléstias do aparelho digestivo, vulvo-
vaginites.
Tratamento - Pamoato de Pirvínio, 10mg/kg/VO, dose única; Pa-
moato de Pirantel, 10mg/kg/VO, dose única. Mebendazol, 100mg, 
VO, 2 vezes ao dia, durante 3 dias consecutivos. Essa dose independe 
do peso corporal e da idade. Albendazol, 10mg/kg, VO, dose única, 
até o máximo de 400mg. Todas essas drogas são contra-indicadas em 
gestantes.
Características epidemiológicas - Distribuição universal, afe-
tando pessoas de todas as classes sociais. É uma das helmintíases mais 
frequentes na infância, inclusive em países desenvolvidos, sendo mais 
incidente na idade escolar. É importante ressaltar que, em geral, afeta 
mais de um membro na família, o que tem implicações no seu controle, 
que deve ser dirigido a pessoas que vivem no mesmo domicílio. Não 
provoca quadros graves nem óbitos, porém interfere no estado de hu-
mor dos infectados, em vista da irritabilidade ocasionada pelo prurido, 
levando a baixo rendimento escolar.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos - Diagnosticar e tratar para evitar o baixo rendimento esco-
lar ea irritabilidade dos indivíduos infectados. Desenvolver atividades 
de educação em saúde, particularmente de hábitos pessoais de higiene. 
Para fins de vigilância e de controle, o tratamento deve ser feito em 
todo o grupo familiar ou que coabita o mesmo domicílio, visando evi-
tar as re-infestações.
ENTEROBÍASE
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS168
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Notificação - Não é doença de notificação compulsória.
Definição de caso
- Paciente com prurido anal.
- Paciente com presença de ovos de E. vermiculares, 
com ou sem prurido anal.
MEDIDAS DE CONTROLE
Orientar a população quanto a hábitos de higiene pessoal, particular-
mente o de lavar as mãos antes das refeições, após o uso do sanitário, 
após o ato de se coçar e antes da manipulação de alimentos. Manter 
as unhas aparadas rente ao dedo, para evitar acúmulo de material con-
taminado. Evitar coçar a região anal desnuda e levar as mãos à boca. 
Eliminar as fontes de infecção através do tratamento do paciente e de 
todos os membros da família. Troca de roupas de cama, de roupa in-
terna e toalhas de banho, diariamente, para evitar a aquisição de novas 
infecções pelos ovos depositados nos tecidos. Manter limpas as insta-
lações sanitárias.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 169
Escabiose
CID 10: B86
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Parasitose da pele causada por um ácaro cuja penetração 
deixa lesões em forma de vesículas, pápulas ou pequenos sulcos, nos 
quais ele deposita seus ovos. As áreas preferenciais da pele para visua-
lizar essas lesões são: regiões interdigitais, punhos (face anterior), axi-
las (pregas anteriores), região periumbilical, sulco interglúteo e órgãos 
genitais externos (nos homens). Em crianças e idosos, podem também 
ocorrer no couro cabeludo, nas palmas das mãos e plantas dos pés. O 
prurido intenso é causado por reação alérgica a produtos metabólicos 
do ácaro. Caracteristicamente essa manifestação clínica se intensifica 
durante a noite, por ser o período de reprodução e deposição de ovos 
desse agente.
Sinonímia - Sarna, pereba, curuba, pira, quipá.
Agente etiológico - Sarcoptes scabiei.
Reservatório - O homem.
Modo de transmissão - Contato direto com doentes (comparti-
lhamento de dormitórios, relações sexuais,etc) e por meio de fômites 
contaminados (roupas de cama, toalhas de banho, vestimentas). 
Período de incubação - De 1 dia a 6 semanas.
Período de transmissibilidade - Todo o período da doença. 
Complicações - Infecções secundárias pela “coçadura”, que, quando 
causada pelo estreptococo ß hemolítico, pode levar à glomerulonefrite. 
Em pacientes imunocomprometidos, há risco de se estender como uma 
dermatite generalizada, com intensa descamação. Essa forma também 
pode ocorrer em idosos, nos quais o prurido é menor ou não existe. A 
forma intensamente generalizada é denominada de sarna norueguesa.
Diagnóstico 
 - Baseia-se na sintomatologia, tipo e topografia das lesões 
e dados epidemiológicos. Pode ser feito também mediante a visua-
lização do ácaro, à microscopia pelo raspado ou biópsia de pele. 
Tratamento - Ivermectina, dose única, VO, obedecendo a escala de 
peso corporal (15 a 24kg: 1/2 comprimido; 25 a 35kg: 1 comprimido; 
36 a 50kg: 1 1/2 comprimido; 51 a 65kg: 2 comprimidos; 65 a 79kg: 2 
1/2 comprimidos; 80 kg ou mais: 3 comprimidos). A dose pode ser 
repetida após 1 semana. Permetrima a 5% em creme, uma aplicação à 
22
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS170
noite, por 6 noites, ou Deltametrina, em loções e shampoos, uso diário 
por 7 a 10 dias. Enxofre a 10% diluído em petrolatum deve ser usado 
em mulheres grávidas e crianças abaixo de 2 anos. Pode-se usar anti-
histamínicos sedantes (Dexclorfeniramina, Prometazina), para alívio 
do prurido. Havendo infecção secundária, utiliza-se antibioticoterapia 
sistêmica. Evitar a iatrogenia pelo uso de escabicida repetidas vezes. 
Considerar fracasso terapêutico a presença de sinais e sintomas após 
2 semanas. Se os sintomas reaparecerem após 4 semanas, considerar 
reinfestação.
Características epidemiológicas - Ocorre em qualquer lugar do 
mundo e está vinculada a hábitos de higiene. É frequente em guerras 
e em aglomerados populacionais. Geralmente, ocorre sob a forma de 
surtos em comunidades fechadas ou grupos familiares.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivo - Manter a doença sob controle, evitando surtos.
Notificação - Não é doença de notificação compulsória.
MEDIDAS DE CONTROLE
 - Lavar com água quente todos os fômites dos 
pacientes (especialmente dos portadores de sarna norueguesa), as 
roupas devem ficar livres do contato com o hospedeiro e contactantes 
por 7 dias. É fundamental atentar para a necessidade de maior 
higiene pessoal e limpeza do ambiente. Buscar casos na família ou 
nos residentes do mesmo domicílio do doente e tratá-los o mais breve 
possível, para evitar disseminação da doença. Investigar a existência 
de casos na mesma rua, creches e outros ambientes de convivência 
do paciente é importante para evitar surtos comunitários.
- Deve-se afastar o indivíduo da escola ou trabalho 
até 24 horas após o término do tratamento. Em caso de paciente 
hospitalizado, recomenda-se o isolamento, a fim de evitar surtos em 
enfermarias, tanto para outros doentes quanto para os profissionais 
de saúde, especialmente no caso da sarna norueguesa. O isolamento 
deve perdurar por 24/48 horas após o início do tratamento.
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 171
Esquistossomose Mansônica
CID 10: B65
23
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - A Esquistossomose Mansônica é uma doença parasitária, 
causada pelo trematódeo Schistosoma mansoni, cuja sintomatologia 
clínica depende de seu estágio de evolução no homem. A fase aguda 
pode ser assintomática ou apresentar-se como dermatite cercariana, 
caracterizada por micropápulas eritematosas e pruriginosas, até cinco 
dias após a infecção. Com cerca de 3 a 7 semanas após a exposição, 
pode ocorrer a febre de Katayama, caracterizada por linfodenopatia, 
febre, anorexia, dor abdominal e cefaleia. Esses sintomas podem ser 
acompanhados de diarreia, náuseas, vômitos ou tosse seca, ocorrendo 
hepatomegalia. Após seis meses de infecção, há risco do quadro clínico 
evoluir para a fase crônica, cujas formas clínicas são:
- Caracteriza-se pela presença de diarreias e 
epigastralgia. Ao exame físico, o paciente apresenta fígado palpável, 
com nodulações que, nas fases mais avançadas dessa forma clínica, 
correspondem a áreas de fibrose decorrentes de granulomatose 
periportal ou fibrose de Symmers.
 - A apresentação clínica dos pacientes pode ser assin-
tomática ou com sintomas da forma hepatointestinal. Ao exame 
físico, o fígado é palpável e endurecido, à semelhança do que acontece 
na forma hepatoesplênica. Na ultrassonografia, verifica-se a presença 
de fibrose hepática, moderada ou intensa. 
- A característica fundamental desta 
forma é a presença de hipertensão portal, levando à esplenomegalia 
e ao aparecimento de varizes no esôfago. Os pacientes costumam 
apresentar sinais e sintomas gerais inespecíficos, como dores 
abdominais atípicas, alterações das funções intestinais e sensação de 
peso ou desconforto no hipocôndrio esquerdo, devido ao crescimento 
do baço. Às vezes, o primeiro sinal de descompensação da doença é 
a hemorragia digestiva com a presença de hematêmese e/ou melena. 
O exame físico detecta hepatoesplenomegalia. 
- Considerada uma das formas 
mais graves. Caracteriza-se por diminuição acentuada do estado 
funcional do fígado. Essa descompensação relaciona-se à ação 
de vários fatores, tais como os surtos de hemorragia digestiva e 
consequente isquemia hepática e fatores associados (hepatite viral, 
alcoolismo).
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS172
Agente etiológico - Schistosoma mansoni, um helminto pertencente 
à classe dos Trematoda, família Schistosomatidae e gênero Schistosoma. 
Reservatório - No ciclo da doença, estão envolvidos dois hospedei-ros, um definitivo e o intermediário.
- O homem é o principal hospedeiro 
definitivo e nele o parasita apresenta a forma adulta, reproduzindo-se 
sexuadamente, possibilitando a eliminação dos ovos do S. mansoni, 
no ambiente, pelas fezes, ocasionando a contaminação das coleções 
hídricas. 
 Os primatas, marsupiais (gambá), ruminantes, roedores e lagomorfos 
(lebres e coelhos), são considerados hospedeiros permissivos ou 
reservatórios, porém, não está clara a participação desses animais 
na transmissão.
 - No Brasil, são os caramujos do gênero 
Biomphalaria: B. glabrata, B. tenagophila, B. straminea.
Modo de transmissão - Os ovos do S. mansoni são eliminados pe-
las fezes do hospedeiro infectado (homem). Na água, eclodem, liberan-
do uma larva ciliada denominada miracídio, que infecta o caramujo. 
Após 4 a 6 semanas, a larva abandona o caramujo, na forma de cer-
cária, ficando livre nas águas naturais. O contato humano com águas 
infectadas pelas cercárias é a maneira pela qual o indivíduo adquire a 
Esquistossomose.
Período de incubação - Em média, 1 a 2 meses após a infecção.
Período de transmissibilidade - O homem pode eliminar ovos 
viáveis de S. mansoni nas fezes a partir de 5 semanas após a infecção, 
e por um período de 6 a 10 anos, podendo chegar até mais de 20 anos. 
Os hospedeiros intermediários, começam a eliminar cercárias após 4 
a 7 semanas da infecção pelos miracídios Os caramujos infectados eli-
minam cercárias durante toda a sua vida que é de, aproximadamente, 
1 ano. 
Complicações - Fibrose hepática, hipertensão portal, insuficiência 
hepática severa, hemorragia digestiva, cor pulmonale, glomerulonefri-
te. Podem ocorrer associações com infecções bacterianas (salmonelas, 
estafilococos) e virais (hepatites B e C). Pode haver comprometimento 
do sistema nervoso central e de outros órgãos secundários ao depósito 
ectópico de ovos.
Diagnóstico - Além do quadro clínico-epidemiológico, deve ser 
realizado exame coprológico, preferencialmente com uso de técnicas 
quantitativas de sedimentação, destacando-se a técnica de Kato-Katz. 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 173
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA
A ultra-sonografia hepática auxilia o diagnóstico da fibrose de Sym-
mers e nos casos de hepatoesplenomegalia. A biópsia retal ou hepática, 
apesar de não recomendada na rotina, pode ser de ser útil em casos 
suspeitos e na presença de exame parasitológico de fezes negativo.
Diagnóstico diferencial - A Dermatite cercariana pode ser con-
fundida com doenças exantemáticas, como dermatite por larvas de 
helmintos, por produtos químicos lançados nas coleções hídricas ou, 
ainda, por cercárias de parasitas de aves. O diagnóstico diferencial da 
Esquistossomose aguda deve ser feito com outras doenças infeccio-
sas agudas, tais como febre tifóide, malária, hepatites virais anictéricas 
A e B, estrongiloidíase, amebíase, mononucleose, tuberculose miliar 
e ancilostomíase aguda, brucelose e doença de Chagas aguda. A Es-
quistossomose crônica pode ser confundida com outras parasitoses 
intestinais, além de outras doenças do aparelho digestivo, que cursam 
com hepatoesplenomegalia: calazar, leucemia, linfomas, hepatoma, sal-
monelose prolongada, forma hiperreativa da malária (esplenomegalia 
tropical) e cirrose.
Tratamento - Praziquantel, na apresentação de comprimidos de 
600mg é administrado por via oral, em dose única de 50mg/kg de peso 
para adultos e 60mg/kg de peso para crianças. Como segunda esco-
lha, Oxamniquina, apresentada em cápsulas com 250mg e solução de 
50mg/ml, para uso pediátrico. Para adultos, recomenda-se 15mg/kg e 
crianças, 20mg/kg, via oral, em dose única, uma hora após uma refei-
ção. 
De maneira geral, recomenda-se não adotar os medicamentos que 
compõem a terapêutica anti-esquistossomótica, nas seguintes situa-
ções:
amamentar a criança 72 horas após a administração da medicação. 
O risco/benefício do tratamento deve ser avaliado pelo médico;
-
toesplênica)
clínica, a critério médico.
Características epidemiológicas - A Esquistossomose ocorre em 
54 países, destacando-se África, leste do Mediterrâneo, América do Sul 
e Caribe. No Brasil, é considerada uma endemia, que atinge 18 estados 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS174
e Distrito Federal. Os estados das regiões Nordeste, Sudeste e Centro-
oeste são os mais afetados. Atualmente, a doença é detectada em todas 
as regiões do país. As áreas endêmicas e focais abrangem 18 unidades 
federadas e o Distrito federal, atingindo os estados: Alagoas, Bahia, 
Pernambuco, Rio Grande do Norte (faixa litorânea), Paraíba, Sergipe, 
Espírito Santo e Minas Gerais (com predominância no norte e nordeste 
do estado). No Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo, 
Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e no Distrito Federal, 
a transmissão é focal, não atingindo grandes áreas.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos - Reduzir a ocorrência de formas graves e óbitos; reduzir 
a prevalência da infecção e reduzir o risco de expansão geográfica da 
doença .
Notificação - É doença de notificação compulsória em áreas não-en-
dêmicas, Entretanto, recomenda-se que todas as formas graves na área 
endêmica sejam notificadas. Também todos os casos diagnosticados 
na área endêmica com focos isolados (Pará, Piauí, Rio de Janeiro, São 
Paulo, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Distrito Federal e Rio Grande do 
Sul).
Definição de caso
- Indivíduo residente e/ou procedente de área endêmica 
com quadro clínico sugestivo das formas aguda, crônica ou assin-
tomática, com história de contato com as coleções de águas onde 
existam caramujos eliminando cercárias. Todo caso suspeito deve 
ser submetido a exame parasitológico de fezes.
- Qualquer caso suspeito que apresente ovos viáveis de 
S. mansoni nas fezes ou em tecido submetido à biópsia. 
Caso suspeito ou notificado sem confirmação laborato-
rial.
MEDIDAS DE CONTROLE
- Identificação e tratamento dos portadores 
de S. mansoni, por meio de inquéritos coproscópicos a cada dois 
anos deve fazer parte da programação de trabalho das secretarias 
municipais de saúde das áreas endêmicas. É necessário o trabalho 
conjunto das equipes de Saúde da Família (ESF), com os agentes 
de combate de endemias que atuam no Programa de Vigilância e 
Controle da Esquistossomose (PCE). 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 175
ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA
 - São de natureza 
complementar e consistem em pesquisa de coleções hídricas para 
determinação do seu potencial de transmissão, medidas de sanea-
mento ambiental, para dificultar a proliferação e o desenvolvimento 
dos hospedeiros intermediários, bem como impedir que o homem 
infectado contamine as coleções de águas com ovos de S. mansoni, 
quando indicado, tratamento químico de criadouros de importância 
epidemiológica.
 Educação em saúde - As ações de educação em saúde devem preceder 
e acompanhar todas as atividades de controle e serem baseadas em 
estudos do comportamento das populações em risco. Realizada pelos 
agentes de saúde e por profissionais das unidades básicas, é direcio-
nada à população em geral, com atenção aos escolares residentes nas 
áreas endêmicas. 
 Saneamento ambiental - No controle da Esquistossomose, o sa-
neamento ambiental cria condições que reduzem a proliferação e 
a contaminação dos hospedeiros intermediários, com consequente 
diminuição do contato do homem com os agentes transmissores 
(caramujos infectados).
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS176
Estrongiloidíase
CID 10: B78
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Doença parasitária intestinal, frequentemente assinto-
mática. As formas sintomáticas apresentam inicialmente alterações 
cutâneas, secundárias à penetração das larvas na pele e caracterizadas 
por lesões urticariformes ou maculopapulares ou por lesão serpiginosa 
ou linear pruriginosa migratória (larva currens). A migração da larva 
pode causar manifestações pulmonares, como tosse seca,dispneia ou 
broncoespasmo e edema pulmonar (síndrome de Löefler). As mani-
festações intestinais podem ser de média ou grande intensidade, com 
diarreia, dor abdominal e flatulência, acompanhadas ou não de ano-
rexia, náusea, vômitos e dor epigástrica, que pode simular quadro de 
úlcera péptica. Os quadros de Estrongiloidíase grave (hiperinfecção) 
se caracterizam por febre, dor abdominal, anorexia, náuseas, vômitos, 
diarreias profusas, manifestações pulmonares (tosse, dispneia e bron-
coespasmos e, raramente, hemoptise e angústia respiratória). Na radio-
grafia de tórax, pode-se observar até cavitação. Podem, ainda, ocorrer 
infecções secundárias, como meningite, endocardite, sepse e peritoni-
te, mais frequentemente por enterobactérias e fungos. Esses quadros, 
quando não tratados conveniente e precocemente, podem atingir le-
talidade de 85%.
Agente etiológico - O helminto Strongyloides stercolaris.
Reservatório - O homem. Gatos, cães e primatas têm sido encontra-
dos infectados.
Modo de transmissão - As larvas infectantes (filarióides), presentes 
no meio externo, penetram através da pele, no homem, chegando aos 
pulmões, traqueia e epiglote, atingindo o trato digestivo, via descenden-
te, onde se desenvolve o verme adulto. A fêmea parasita é ovovivípara 
e libera ovos larvados que eclodem ainda no intestino, liberando larvas 
rabditóides (não-infectantes), que saem pelas fezes e podem evoluir, 
no meio externo, para a forma infectante ou para adultos de vida livre, 
que, ao se acasalarem, geram novas formas infectantes. Pode ocorrer, 
também, auto-endoinfecção, quando as larvas passam a ser filarióides, 
no interior do próprio hospedeiro, sem passar por fase evolutiva no 
meio externo. Auto-exoinfecção ocorre quando as larvas filarióides se 
localizam na região anal ou perianal, onde novamente penetram no 
organismo do hospedeiro.
24
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 177
Período de incubação - Ocorre no prazo de 2 a 4 semanas entre 
a penetração através da pele e o aparecimento de larvas rabditóides 
nas fezes. O período para a manifestação dos primeiros sintomas é 
variado.
Período de transmissibilidade - Enquanto o homem portar larvas.
Complicações - Síndrome de hiperinfecção; síndrome de Löefler; 
edema pulmonar, no paciente imunocomprometido, em uso de cor-
ticóides ou desnutridos, podendo haver superinfestação ou infecção 
oportunística; síndrome de má absorção. Nas formas sistêmicas, pode 
ocorrer sepse, com evolução letal.
Diagnóstico - Parasitológico de fezes, escarro ou lavado gástrico, por 
meio do Baermann-Moraes. Em casos graves, podem ser utilizados 
testes imunológicos, como Elisa, hemaglutinação indireta, imuno-flu-
orescência indireta. O estudo radiológico do intestino delgado auxilia 
o diagnóstico.
Diagnóstico diferencial - Ascaridíase, giardíase, ancilostomíase, 
pneumonia, urticária, colecistite, pancreatite, eosinofilia pulmonar tro-
pical. A larva currens deve ser diferenciada da larva migrans, causada 
pela larva do Ancylostoma brasiliensis e caninum.
Tratamento - Cambendazol, 5mg/kg, em dose única, via oral; Tia-
bendazol, via oral, em vários esquemas terapêuticos: a) 25mg/kg/dia, 
durante 5 a 7 dias, esquema muito utilizado; b) 50mg/kg/dia, em dose 
única, à noite. A dose máxima recomendada é de 0,3g; c) 10mg/dia, 
durante 30 dias. Esse esquema é recomendado para situações de auto-
endoinfecção e deficiência da imunidade celular; Albendazol, 40mg/
dia, durante 3 dias, não recomendado em gestantes; Ivermectina, dose 
única, VO, obedecendo a escala de peso corporal (15 a 24kg: 1/2 com-
primido; 25 a 35kg: 1 comprimido; 36 a 50kg: 1 ½ comprimidos; 51 a 
65kg: 2 comprimidos; 65 a 79kg: 21/2 comprimidos; 80kg: 3 comprimi-
dos ou 200mg/kg).
Controle de cura - Três exames parasitológicos de fezes, após 7, 14 
e 21 dias do tratamento.
Características epidemiológicas - A doença ocorre mais em regi-
ões tropicais e subtropicais. No Brasil, há variação regional em função 
da idade, diferenças geográficas e socioeconômicas. Os estados que 
mais frequentemente diagnosticam são: Minas Gerais, Amapá, Goiás 
e Rondônia.
ESTRONGILOIDÍASE
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS178
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos - Diagnosticar e tratar precocemente todos os casos, para 
evitar as formas graves.
Observações: Cuidado especial deve ser dado aos indivíduos que têm 
algum tipo de imunodeficiência, para evitar a síndrome de hiperinfec-
ção, na qual as larvas ultrapassam a serosa intestinal, infectando di-
versos órgãos. A observação de Estrongiloidíase grave e de repetição 
requer avaliação de imunodeficiência associada. Os indivíduos que, 
por qualquer motivo, requeiram tratamento com imunossupressores 
devem ser avaliados criteriosamente e, se necessário, tratados antes de 
instituída a quimioterapia imunossupressora.
Notificação - Não é doença de notificação compulsória.
MEDIDAS DE CONTROLE
Redução da fonte de infecção com tratamento sanitário adequado das 
fezes e uso de calçados. Quimioterapia em massa em comunidades 
com alta endemicidade – apesar de preconizada por alguns autores – 
ainda não é uma medida adotada por todos. Tratar os animais domés-
ticos infectados.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 179
Febre Amarela
CID 10: A95
25
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Doença febril aguda, de curta duração (no máximo 12 
dias) e gravidade variável. Apresenta-se como infecções subclínicas e/
ou leves, até formas graves, fatais. O quadro típico tem evolução bifá-
sica (período de infecção e de intoxicação), com início abrupto, febre 
alta e pulso lento em relação à temperatura (sinal de Faget), calafrios, 
cefaleia intensa, mialgias, prostração, náuseas e vômitos, durando cerca 
de 3 dias, após os quais se observa remissão da febre e melhora dos sin-
tomas, o que pode durar algumas horas ou, no máximo, 2 dias. O caso 
pode evoluir para cura ou para a forma grave (período de intoxicação), 
caracterizada pelo aumento da febre, diarreia e reaparecimento de vô-
mitos com aspecto de borra de café, instalação de insuficiência hepáti-
ca e renal. Surgem também icterícia, manifestações hemorrágicas (he-
matêmese, melena, epistaxe, hematúria, sangramento vestibular e da 
cavidade oral, entre outras), oligúria, albuminúria e prostração intensa, 
além de comprometimento do sensório, que se expressa mediante ob-
nubilação mental e torpor com evolução para coma. Epidemiologica-
mente, a doença pode se apresentar sob duas formas distintas: Febre 
Amarela Urbana (FAU) e Febre Amarela Silvestre (FAS), diferencian-
do-se uma da outra pela localização geográfica, espécie vetorial e tipo 
de hospedeiro. 
Agente etiológico - Vírus amarílico, arbovírus do gênero Flavivírus 
e família Flaviviridae. É um RNA vírus.
Vetores/reservatórios e hospedeiros - O principal vetor e reser-
vatório da FAS no Brasil é o mosquito do gênero Haemagogus janthi-
nomys; os hospedeiros naturais são os primatas não humanos (maca-
cos). O homem não imunizado entra nesse ciclo acidentalmente. Na 
FAU, o mosquito Aedes aegypti é o principal vetor e reservatório e o 
homem, o único hospedeiro de importância epidemiológica.
Modo de transmissão - Na FAS, o ciclo de transmissão se processa 
entre o macaco infectado → mosquito silvestre → macaco sadio. Na 
FAU, a transmissão se faz através da picada do mosquito Ae. aegypti, no 
ciclo: homem infectado → Ae. aegypti → homem sadio.
Período de incubação - Varia de 3 a 6 dias, após a picada do mos-
quito fêmea infectado.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS180
Período de transmissibilidade - O sangue dos doentes é infectan-
te de 24 a 48 horas antes do aparecimento dos sintomas até 3 a 5 dias 
após, tempo que corresponde ao período de viremia. No mosquito Ae. 
aegypti, o período de incubação é de 9 a 12 dias, após o que se mantém 
infectado por toda a vida. 
Diagnóstico - É clínico, epidemiológico e laboratorial. O diagnóstico 
laboratorial é feito por isolamento do vírus de amostras de sangueou 
de tecido hepático, por detecção de antígeno em tecido (imunofluores-
cência e imunoperoxidase) ou por sorologia. Esses últimos são méto-
dos complementares aos primeiros e as técnicas utilizadas são: captura 
de IgM (MAC-ELISA), inibição de hemaglutinação (IH), fixação do 
complemento (FC) e neutralização (TN). À exceção do MAC-ELISA, 
todos os outros testes necessitam de duas amostras pareadas de sangue, 
considerando-se positivos os resultados que apresentam aumento dos 
títulos de anticorpos de, no mínimo, 4 vezes, entre a amostra colhida 
no início da fase aguda comparada com a da convalescença da enfer-
midade (intervalo entre as coletas de 14 a 21 dias). O MAC-ELISA, na 
maioria dos casos, permite o diagnóstico presuntivo com uma única 
amostra de soro, pois é bastante sensível para detecção de IgM, dis-
pensando o pareamento do soro. Técnicas de biologia molecular para 
detecção de antígenos virais e/ou ácido nucléico viral (reação em ca-
deia de polimerase (PCR), imunofluorescência, imunohistoquímica e 
hibridização in situ), embora não utilizadas na rotina, são de grande 
utilidade. Há alterações das aminotransferases, que podem atingir ní-
veis acima de 2.000 unidades/mm³, sendo a AST (TGO) mais elevada 
que a ALT (TGP). As bilirrubinas também se elevam nos casos graves, 
especialmente a fração direta, atingindo níveis acima de 10mg/mm³.
Diagnóstico diferencial - As formas leves e moderadas se confun-
dem com outras viroses, por isso são de difícil diagnóstico, necessitan-
do-se da história epidemiológica para a sua identificação. As formas 
graves clássicas ou fulminantes devem ser diferenciadas das hepatites 
graves fulminantes, leptospirose, malária por Plasmodium falciparum, 
febre hemorrágica do dengue e septicemias.
Tratamento - Não existe tratamento antiviral específico. É apenas 
sintomático, com cuidadosa assistência ao paciente que, sob hospita-
lização, deve permanecer em repouso, com reposição de líquidos e das 
perdas sanguíneas, quando indicada. Os quadros clássicos e/ou fulmi-
nantes exigem atendimento em unidade de terapia intensiva (UTI), o 
que reduz as complicações e a letalidade.
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 181
FEBRE AMARELA
Características epidemiológicas - A forma silvestre é endêmica 
nas regiões tropicais da África e das Américas. Em geral, apresenta-se 
sob a forma de surtos com intervalos de 5 a 7 anos, alternados por 
períodos com menor número de registros. Na população humana, no 
mais das vezes, o aparecimento de casos é precedido de epizootias 
em primatas não humanos. No Brasil, a partir do desaparecimento da 
forma urbana em 1942, só há ocorrência de casos de FAS e os focos 
endêmicos até 1999 estavam situados nos estados das regiões Norte, 
Centro-oeste e área pré-amazônica do Maranhão, além de registros 
esporádicos na parte oeste de Minas Gerais. Contudo, no período de 
2000 a 2008, observou-se uma expansão da circulação viral no sentido 
leste e sul do país, detectando-se sua presença em áreas silenciosas há 
várias décadas, razão pela qual em outubro de 2008, procedeu-se a de-
limitação de duas áreas para orientar as estratégias de imunização: a) 
área com recomendação de vacina (ACRV), correspondendo àquelas 
anteriormente denominadas endêmica e de transição, com a inclusão 
do sul de Minas Gerais, até então considerado “área indene de risco po-
tencial”; b) área sem recomendação de vacina (ASRV), corresponden-
do, basicamente, às “áreas indenes”, incluindo também o sul da Bahia 
e norte do Espírito Santo, que antes eram consideradas “áreas indenes 
de risco potencial”. O número anual de notificações de FAS é muito 
variável. No período entre 1980 e 2008, foram confirmados 726 casos, 
dos quais 383 evoluíram para óbito, letalidade média de 52,8% com 
variação de 23 a 100%. Todas as unidades federadas da região Norte re-
gistraram casos no período, ainda que esporádicos, sendo responsáveis 
por 35,8% das notificações do país, nas duas últimas décadas. A região 
Centro-oeste notificou 30,2% dos casos do período e a região Sudeste, 
18%. O Nordeste (Maranhão e Bahia) foi responsável por 15% dos ca-
sos e a região Sul (Paraná e Rio Grande do Sul) por 1%. Esta doença é 
sazonal (maior incidência de janeiro a abril) acomete com maior frequ-
ência o sexo masculino e a faixa etária acima dos 15 anos, devido maior 
exposição profissional, relacionada à penetração em zonas silvestres da 
área endêmica. Outro grupo de risco são pessoas não vacinadas que re-
sidem próximas aos ambientes silvestres, onde circula o vírus, além de 
turistas e migrantes que adentram esses ambientes. Enquanto o Aedes 
aegypti encontrava-se erradicado, havia uma relativa segurança quanto 
a não possibilidade de reurbanização do vírus amarílico. Entretanto, 
a reinfestação de extensas áreas do território brasileiro por esse vetor, 
inclusive já presente em muitos dos centros urbanos das áreas de ris-
co, traz a possibilidade de reestabelecimento (embora remota) do ciclo 
urbano do vírus.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS182
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos - Reduzir a incidência de Febre Amarela de transmissão 
silvestre; impedir a transmissão urbana; e detectar oportunamente a 
circulação viral para orientar as medidas de controle.
Notificação - Doença de notificação compulsória e investigação epi-
demiológica obrigatória de todos os casos. A ocorrência de surtos exige 
a aplicação do algoritmo de decisão do novo Regulamento Sanitário 
Internacional;2005 (ver anexo 1 do capítulo Centros de Informações 
Estratégicas e Respostas em Vigilância em Saúde e Rede Nacional de 
Alerta e Respostas às Emergências em Saúde Pública (Rede CIEVS), 
tendo em vista a necessidade de verificar se há risco de disseminação 
(emergência de saúde pública de interesse nacional ou internacional).
Definição de caso
- Indivíduo com quadro febril agudo (até 7 dias), acom-
panhado de icterícia e/ou manifestações hemorrágicas, não vacinado 
contra Febre Amarela ou com estado vacinal ignorado.
- Indivíduo com quadro febril agudo (até 7 dias), residente 
ou que esteve em área com transmissão viral (ocorrência de casos 
humanos, epizootias ou de isolamento viral em mosquitos) nos 
últimos 15 dias, não vacinado contra Febre Amarela ou com estado 
vacinal ignorado.
 - Todo caso suspeito que apresente pelo menos uma 
das seguintes condições: isolamento do vírus, MAC-ELISA positivo, 
laudo histopatológico compatível e com vínculo epidemiológico, 
elevação em quatro vezes ou mais nos títulos de anticorpos IgG 
através da técnica de IH (Inibição da Hemaglutinação), ou detecção de 
genoma viral; ou todo indivíduo assintomático ou oligossintomático 
originado de busca ativa que não tenha sido vacinado e que apresente 
sorologia (MAC-ELISA) positiva para Febre Amarela.
 - Todo caso 
suspeito de Febre Amarela que evolui para óbito em menos de 10 
dias, sem confirmação laboratorial, no início ou curso de surto ou 
epidemia, em que outros casos já tenham sido comprovados labora-
torialmente.
 - Caso suspeito com diagnóstico laboratorial negativo, 
desde que se comprove que as amostras foram coletadas e transporta-
das adequadamente; ou caso suspeito com diagnóstico confirmado 
de outra doença.
Vigilância - A ocorrência de casos humanos suspeitos e/ou confirma-
dos, de epizootia ou a comprovação de circulação viral em vetores têm 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 183
FEBRE AMARELA
impacto epidemiológico semelhante para adoção das medidas de con-
trole, portanto a notificação desses eventos deve ser imediata, pela via 
mais rápida. Os seguintes grupos devem ser alvo das ações de vigilância:
 - Vigilância das enfermidades que cursam com quadro 
clínico de síndrome febril íctero-hemorrágica, por meio de busca 
retrospectiva de casos humanos nos hospitais nos últimos 30 dias; a 
definição de caso suspeito de Febre Amarela deve ser divulgada em 
todos os serviços de saúde.
- Iniciada a partir da observaçãode um (ou 
mais) macaco morto ou doente.
- Por meio da captura nas áreas de ocorrência de 
caso humano suspeito e/ou de epizootias, ou em locais de monito-
ramento da circulação viral.
 - Acompanhamento sistemático das coberturas 
vacinais contra Febre Amarela, por município, buscando atingir a 
meta de 100% nas áreas de risco.
MEDIDAS DE CONTROLE
é administrada em dose única e confere proteção próxima a 100%. 
Deve ser realizada a partir dos nove meses de idade, com reforço a 
cada 10 anos, nas zonas endêmicas, de transição e de risco potencial, 
assim como para todas as pessoas que se deslocam para essas áreas. 
Em situações de surto ou epidemia, vacinar a partir dos 6 meses de 
idade.
vírus em vetor silvestre.
com a exigência do Certificado Internacional de Vacinação e Pro-
filaxia válido para a Febre Amarela apenas para viajantes interna-
cionais procedentes de áreas de ocorrência da doença, que apresente 
risco de disseminação internacional, segundo o Regulamento 
Internacional/2005. 
Controle do Ae. aegypti para eliminação do risco de reurbanização.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS184
Febre Maculosa Brasileira
CID 10: A77.0
26
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Doença infecciosa febril aguda, de gravidade variável, 
podendo cursar desde formas leves e atípicas até formas graves com 
elevada taxa de letalidade. O início, geralmente, é abrupto e os sinto-
mas são inicialmente inespecíficos, incluindo: febre elevada, cefaleia, 
mialgia intensa, mal-estar generalizado, náuseas e vômitos. Em geral, 
entre o segundo e o sexto dia da doença, surge o exantema maculo-
papular, predominantemente nas regiões palmar e plantar, que pode 
evoluir para petéquias, equimoses e hemorragias. O exantema é um 
importante e fundamental achado clínico, porém sua presença não 
deve ser considerada a única condição para fortalecer a suspeita diag-
nóstica, pois pode estar ausente, o que dificulta e retarda o diagnóstico 
e tratamento, determinando maior número de óbitos. Nos casos graves, 
é comum a presença de edema de membros inferiores, hepatoesple-
nomegalia, manifestações gastrintestinais, como náuseas, vômitos, dor 
abdominal e diarreia, manifestações renais com oligúria e insuficiência 
renal aguda, manifestações pulmonares com tosse, edema pulmonar, 
pneumonia intersticial e derrame pleural, manifestações neurológicas e 
hemorrágicas, como petéquias, sangramento muco-cutâneo, digestivo 
e pulmonar. Pacientes não tratados precocemente podem evoluir para 
formas graves. Cerca de 80% desses, se não diagnosticados e tratados a 
tempo, evoluem para óbito. 
Sinonímia - Pintada, febre que pinta, febre chitada.
Agente etiológico - Rickettsia rickettsii, espiroqueta da família Ri-
cketisiaceae, bactéria gram-negativa, parasita intracelular obrigatória.
Reservatório - No Brasil, o principal reservatório da Rickettsia ri-
ckettsii são os carrapatos do gênero Amblyomma (A. cajennense, A. 
cooperi ou dubitatum e A. aureolatum). A participação de equídeos no 
ciclo de transmissão é discutível, porém há evidências de que, além de 
transportadores de carrapatos potencialmente infectados, eles podem 
atuar como sentinelas, semelhantemente ao cão, que é um reservatório 
doméstico potencial. Acredita-se que a capivara (Hydrochaeris hydro-
chaeris), também, pode estar envolvida neste ciclo, mas não existem 
estudos que comprovem ser esse roedor um reservatório silvestre de 
Rickettsias.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 185
FEBRE MACULOSA BRASILEIRA
Modo de transmissão - A Febre Maculosa Brasileira é, geralmente, 
adquirida pela picada de carrapato infectado e a transmissão ocorre 
quando o artrópode permanece aderido ao hospedeiro por, no míni-
mo, de 4 a 6 horas. A doença não se transmite de pessoa a pessoa.
Período de incubação - De 2 a 14 dias (em média, 7 dias).
Período de transmissibilidade - Os carrapatos permanecem 
infectados durante toda a vida, em geral de 18 meses a 36 meses. A 
partir de um carrapato infectado, outros podem tornar-se infectados, 
por meio da transmissão vertical (transovariana), transmissão estádio-
estádio (transestadial) ou transmissão através da cópula, além da possi-
bilidade de alimentação simultânea de carrapatos infectados com não-
infectados em animais com suficiente riquetsemia.
Diagnóstico - Pode ser de difícil o diagnóstico da Febre Maculo-
sa Brasileira, sobretudo em sua fase inicial, mesmo por profissionais 
bastante experientes. Dados clínicos e epidemiológicos associados 
a achados laboratoriais reforçam o diagnóstico da doença. A cultura 
com isolamento da Rickettsia é o método diagnóstico ideal. A reação 
sorológica de imunofluorescência indireta (RIFI), utilizando antígenos 
específicos para R. rickettsii, é o mais utilizada. Deve ser considerado 
como confirmatório um aumento de 4 vezes no título em uma segun-
da amostra colhida, pelo menos, 2 semanas após a primeira. Outros 
métodos utilizados são a reação em cadeia da polimerase (PCR) e a 
imunohistoquímica.
Diagnóstico diferencial - O diagnóstico precoce é muito difícil, 
principalmente durante os primeiros dias da doença, quando as mani-
festações clínicas também podem sugerir leptospirose, sarampo, febre 
tifóide, dengue, febre amarela, meningococcemia, viroses exantemáti-
cas, lupus, febre purpúrica brasileira, doença de Lyme e sepses, entre 
outras. 
Tratamento - Nos casos suspeitos, o início imediato e precoce da 
antibioticoterapia, antes mesmo da confirmação laboratorial, tem as-
segurado maior recuperação dos pacientes. Em adultos, Cloranfenicol, 
50mg/kg/dia, via oral, dividida em 4 tomadas, ou Doxiciclina, 100mg, 
de 12/12 horas, via oral. Manter o esquema até 3 dias após o término da 
febre. Nos casos graves, a droga de escolha é o Clorafenicol, 500mg, EV, 
de 6/6 horas. Em crianças, usar Clorafenicol, não ultrapassando 1g/dia, 
durante o mesmo período. A Doxiciclina pode ser usada em crianças 
acima dos 8 anos, na dose de 2 a 4mg/kg/dia, máximo de 200mg/dia, 
em 2 tomadas, de 12/12 horas.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS186
Características epidemiológicas - A doença se apresenta sob a 
forma de casos esporádicos em áreas rurais e urbanas, relacionados 
com contato com carrapatos, quer em atividades de trabalho ou lazer. 
No Brasil, são notificados casos nos estados de São Paulo, Minas Ge-
rais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia, Paraná, Santa Catarina, Rio 
Grande do Sul e Distrito Federal.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos - A vigilância da Febre Maculosa Brasileira compreende a 
vigilância epidemiológica e ambiental (vetores, reservatórios e hospe-
deiros) e tem como objetivos: detectar e tratar precocemente os casos 
suspeitos, visando a redução da letalidade; investigar e controlar surtos, 
mediante a adoção de medidas de controle; conhecer a distribuição da 
doença por lugar, tempo e pessoa; identificar e investigar os locais pro-
váveis de infecção (LPI) e recomendar e adotar medidas de controle e 
prevenção.
Notificação - É doença de notificação compulsória, devendo ser in-
formada pelo meio mais rápido disponível; é obrigatória a investigação 
epidemiológica com busca ativa, para evitar a ocorrência de novos ca-
sos e óbitos.
Definição de caso
- Indivíduo que apresente febre de moderada a alta, cefaleia, 
de início súbito, mialgia, história de picada de carrapatos e/ou contato 
com animais domésticos e/ou silvestres e/ou tenha frequentado área 
sabidamente de transmissão da Febre Maculosa, nos últimos 15 dias; 
ou, ainda, indivíduo que apresente febre de início súbito, mialgia, 
cefaleia, seguida por aparecimento de exantema maculopapular, entre 
2 a 5 dias dos sintomas e/ou manifestações hemorrágicas, excluídas 
outras patologias.
- Por critério laboratorial, quando o agente etiológico 
for isolado em cultura ou pesquisa imunohistoquímica positiva para 
antígenos de Rickettsia sp., ou quando a sorologia de duas amostras, 
colhidas com intervalo médio de 10 a 14 dias, mostrar soroconversão 
de 4 vezes o título; por critério clínico-epidemiológico,quando 
o paciente for a óbito com quadro compatível de Febre Maculosa 
Brasileira e tenha antecedentes epidemiológicos.
- Indivíduo com clínica sugestiva de Febre Maculosa 
Brasileira que apresente reação sorológica positiva, RIFI com título 
≥1/64, em amostra única.
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 187
FEBRE MACULOSA BRASILEIRA 
MEDIDAS DE CONTROLE
Alertar os profissionais da rede de serviços de saúde, das áreas de ocor-
rência da doença, sobre os sinais, sintomas e as orientações diagnósti-
cas e terapêuticas. Em caso de suspeita de Febre Maculosa, colher uma 
amostra de sangue para exame laboratorial e iniciar o tratamento ime-
diatamente, antes mesmo do resultado laboratorial.
Havendo carrapatos na pele do doente, coletá-los com luvas e pinças, 
acondicioná-los e encaminhá-los para o laboratório de referência. Ini-
ciar, imediatamente, a investigação epidemiológica com busca ativa de 
casos suspeitos. Orientar a comunidade sob vigilância para procurar os 
serviços de saúde aos primeiros sinais da doença (febre, cefaleia e mial-
gias). Verificar a extensão da presença de carrapatos na área e instruir 
a população sobre a necessidade da retirada dos mesmos nos indivídu-
os infestados (com luvas), já que a doença parece ocorrer com maior 
frequência em indivíduos que permanecem com o vetor no corpo por 
mais de 6 horas. A ficha de investigação deverá ser preenchida e, além 
dos dados de identificação dos pacientes, deverão ser feitas perguntas 
objetivas sobre a clínica, a existência dos transmissores e a ocorrência 
de casos semelhantes anteriormente. Nas entrevistas, devem ser anota-
das informações sobre o modo de vida dos habitantes, principalmente 
acerca de invasão de matas, transformações sociais e econômicas mais 
recentes na área, buscando relacionar essas informações com a ocor-
rência da Febre Maculosa. O rodízio de pastos e capina da vegetação 
pode trazer alguns resultados no controle da população de carrapatos, 
enquanto o uso de carrapaticidas deve fazer parte de um programa 
contínuo de controle, principalmente quando houver participação de 
equinos como hospedeiros primários para o carrapato. A população 
deve evitar as áreas infestadas por esse artrópode e, se possível, usar 
calças e camisas de mangas compridas, roupas claras para facilitar a 
visualização e, sempre, inspecionar o corpo para verificar a presença 
de carrapatos.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS188
Febre Purpúrica Brasileira
CID 10: A48.4
27
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Doença infecciosa aguda, com manifestações clínicas sis-
têmicas, que acomete crianças após conjuntivite, com sinais e sintomas 
que seguem uma certa cronologia em curto espaço de tempo: início 
com febre alta (acima de 38,5ºC), taquicardia, erupção cutânea macular 
difusa, tipo petéquias, púrpuras e outras sufusões hemorrágicas,além 
de hipotensão sistólica. Ocorrem, também, manifestações digestivas, 
tais como náuseas, vômitos, dor abdominal, enterorragias e diarreia, 
bem como mialgias e sinais de insuficiência renal (oligúria e anúria), 
plaquetopenia, leucopenia com linfocitose ou leucocitose com linfoci-
topenia. Observa-se agitação, sonolência, cefaleia e convulsão. A cia-
nose e taquidispneia, consequente à acidose, faz parte da progressão da 
doença. Essa enfermidade, em geral, evolui de 1 a 3 dias, ou seja, é um 
grave quadro fulminante, com choque séptico e coagulação intravascu-
lar disseminada (CIVD), cuja letalidade varia de 40% a 90%. Quando o 
paciente sobrevive, pode vir a apresentar gangrenas, com ou sem muti-
lações. Acomete, principalmente, crianças na faixa etária entre 2 meses 
e 14 anos de idade. A natureza sistêmica e fulminante da FPB deve estar 
associada à liberação de toxinas pela bactéria.
Sinonímia - FPB. A conjuntivite que precede a FPB, também, é co-
nhecida como conjuntivite bacteriana e olho roxo.
Agente etiológico - Haemophilus Influenzae, biogrupo aegyptius. 
Bactéria gram-negativa sob a forma de bacilos finos e retos.
Reservatório - O homem, que também é a fonte de infecção (pessoas 
com conjuntivite causada pelo agente).
Modo de transmissão - Contato direto pessoa a pessoa que esteja 
com conjuntivite; ou indireto, por intermediação mecânica (insetos, 
toalhas, mãos).
Período de incubação - O intervalo de tempo entre o início da con-
juntivite e a febre é, em média, de 7 a 16 dias (variando de 1 a 60 dias).
Período de transmissibilidade - Possivelmente, enquanto durar 
a conjuntivite.
Complicações - Choque séptico, com coagulação intravascular dis-
seminada (CIVD), gangrenas com ou sem mutilações.
Diagnóstico - Clínico-epidemiológico e laboratorial. Esse último é 
feito por meio dos exames:
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 189
FEBRE PURPÚRICA BRASILEIRA
- Cultura de sangue, material da conjuntiva, do líquor 
e de raspado de lesão de pele. Reação de contra-imunoeletroforese 
do soro e do líquor;
- Hemograma, coagulograma, provas de função 
renal.
Diagnóstico diferencial - Meningococcemia, meningite por HIB, 
septicemias por gram-negativos, dengue hemorrágico, febre maculo-
sa, tifo exantemático, febre hemorrágica argentina e boliviana e outras 
febres hemorrágicas.
Tratamento
- Ampicilina, 200mg/kg/dia, 6/6 horas, via 
intravenosa ou Amoxicilina, 50mg/kg/dia, 8/8 horas, via oral, por 
7 dias; ou cloranfenicol, 100mg/kg/dia, via intravenosa, 6/6 horas, 
por 7 dias. O paciente deve ser internado com todos os cuidados de 
suporte. 
Características epidemiológicas - Doença descrita pela primeira 
vez em 1984, no município de Promissão, em São Paulo, onde ocorre-
ram 10 óbitos com quadro semelhante à meningococcemia. Conco-
mitantemente, observou-se quadro semelhante em Londrina, com 13 
casos e 7 óbitos, e outros em cidades próximas à Promissão. Até o mo-
mento, há registro desta enfermidade em mais de 15 municípios de São 
Paulo, em áreas do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Os únicos casos 
descritos fora do Brasil ocorreram em novembro de 1986, na região 
central da Austrália (Alice-Springs). O agente etiológico foi isolado do 
sangue de casos clínicos em 1986. A O H. Influenzae, biogrupo aegyp-
tius, é um agente comum nas conjuntivites bacterianas e nunca havia 
sido associado à doença invasiva até o aparecimento da FPB. Continua 
sendo uma doença pouco conhecida, com menos de 100 casos notifica-
dos em todo o mundo. No Brasil, os últimos casos confirmados foram 
em 1993. Em 2007, no estado do Pará, foram identificados 7 casos sus-
peitos de FPB, porém não foi isolado o agente. 
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivo - Detectar precocemente surtos de conjuntivite, causados 
por H. Influenzae aegyptius, nas áreas de ocorrência da doença, visando 
à adoção das medidas de controle indicadas.
Notificação - Notificação compulsória nacional, por se tratar de 
agravo inusitado.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS190
Definição de caso
- Criança que teve ou está com conjuntivite e desenvolve 
quadro agudo de febre, acompanhado de algum outro sinal de 
toxemia (palidez perioral, vômitos, dor abdominal, alterações do 
estado de consciência, petéquias, púrpura ou outras manifestações 
hemorrágicas).
- Quadro febril agudo em criança, com isolamento, 
no sangue ou no líquor, de H. Influenzae aegyptius; ou quadro 
febril agudo com manifestações hemorrágicas em pele ou mucosa 
digestiva,com antecedente de conjuntivite purulenta, contra-imuno-
eletroforese e culturas negativas para meningococo e outras bactérias 
para as quais esses exames tenham sido realizados, e presença de H. 
Influenzae aegyptius em conjuntiva, ou dados epidemiológicos da 
área, como ocorrência de surtos de conjuntivite (município, escola, 
creches, grupamentos familiares) com identificação de H. aegyptius 
cepa invasora; 
- Critério clínico-epidemiológico: quadro agudo em criança pro-
cedente de área de ocorrência da doença, caracterizado por febre 
igual ou superior a 38,5°C, dor abdominal e vômitos, petéquias 
e/ou púrpuras, sem evidênciade meningite, com antecedente de 
conjuntivite e, ainda, sem antecedente de ocorrência de Doença 
Meningocócica na área de abrangência do caso e excluídos os 
demais diagnósticos diferenciais.
Caso suspeito que não se enquadre nas definições de 
caso confirmado ou que confirme diagnóstico de outra doença.
MEDIDAS DE CONTROLE 
Nas áreas de ocorrência desta doença, acompanhar os casos de conjun-
tivite e, em caso de surto, notificar os casos suspeitos da FPB. Quando 
se observar número de casos de conjuntivite superior ao do mês ante-
rior, iniciar a coleta de secreção de conjuntivas de pacientes acometidos 
(pelo menos de 20) para diagnóstico do agente (Laboratório de Refe-
rência), por meio da realização dos exames laboratoriais específicos.
 - Crianças menores de 7 anos de idade, comuni-
cantes do caso-índice, no domicílio ou em creche, devem fazer uso 
de rifampicina, na dose de 20 mg/kg/dia, em 2 tomadas diárias, por 
4 dias.
 - Com colírio de cloranfenicol a 
0,5% (1 gota em cada olho, de 3/3 horas, durante 7 dias). Quando 
constatada a ocorrência de conjuntivite pela cepa invasora do Hae-
mophilus aegyptius, administrar rifampicina na dose de 20mg/kg/
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 191
FEBRE PURPÚRICA BRASILEIRA
dia, durante 4 dias (tomada única), e repetir a cultura da secreção 
após o término do tratamento.
Acompanhar o paciente até a negativação da cultura. Não há indicação 
para isolamento dos casos FPB. A aglomeração favorece a transmissão 
da conjuntivite. Medidas de higiene devem ser informadas, principal-
mente nas situações de risco de ocorrência tanto de conjuntivite como 
da FPB.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS192
Febre Tifóide
CID 10: A01.0
28
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Doença bacteriana aguda, cujo quadro clínico apresenta-
se geralmente com febre alta, cefaleia, mal-estar geral, anorexia, bradi-
cardia relativa (dissociação pulso-temperatura, conhecida como sinal 
de Faget), esplenomegalia, manchas rosadas no tronco (roséola tífica), 
obstipação intestinal ou diarreia e tosse seca. Pode haver comprome-
timento do sistema nervoso central. A administração de antibiotico-
terapia mascara o quadro clínico, impedindo o diagnóstico precoce e 
etiológico. A Febre Tifóide tem distribuição mundial e está associada 
a baixos níveis socioeconômicos, principalmente a precárias condições 
de saneamento.
(HIV) - A bacteremia recorrente por Salmonella constitui uma das 
condições clínicas consideradas como marcadora de aids em indi-
víduos HIV positivos. Em regiões onde a Salmonella typhi é endêmica, 
a incidência de Febre Tifóide pode ser de 25 a 60 vezes maior entre 
indivíduos HIV positivos. Esses indivíduos, quando assintomáticos, 
podem apresentar doença semelhante ao imunocompetente e boa 
resposta ao tratamento usual. Doentes com aids podem apresentar 
Febre Tifóide particularmente grave e com tendência a recaídas.
Agente etiológico - Salmonella entérica, sorotipo Typhi (S. Typhi), 
bactéria gram-negativa da família Enterobacteriaceae. 
Reservatório - O homem doente ou portador assintomático.
Modo de transmissão - Doença de veiculação hídrica e alimen-
tar, cuja transmissão pode ocorrer pela forma direta, pelo contato com 
as mãos do doente ou portador, ou, principalmente, de forma indire-
ta, através de água e alimentos contaminados com fezes ou urina de 
paciente ou portador. A contaminação de alimentos, geralmente, se 
dá pela manipulação por portadores ou pacientes oligossintomáticos 
(com manifestações clínicas discretas), razão pela qual a febre tifoide 
é também conhecida como a doença das mãos sujas. Os legumes irri-
gados com água contaminada, produtos do mar mal cozidos ou crus 
(moluscos e crustáceos), leite e derivados não pasteurizados, produtos 
congelados e enlatados podem veicular salmonelas. A contaminação 
de alimentos, geralmente, é feita por portadores ou pacientes oligos-
sintomáticos. 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 193
FEBRE TIFÓIDE
Período de incubação - Comumente, de 1 a 3 semanas; em média, 
2 semanas.
Período de transmissibilidade - A transmissão ocorre enquanto 
bacilos estiverem sendo eliminados nas fezes ou urina, geralmente, 
desde a primeira semana da doença até o fim da convalescença. Após 
essa fase, a transmissão dá-se por períodos variáveis, dependendo de 
cada situação. Sabe-se que cerca de 10% dos pacientes continuam eli-
minando bacilos por até 3 meses após o início da doença e que de 2 a 
5% (geralmente mulheres adultas) transformam-se em portadores crô-
nicos, após a cura. A existência de portadores é de extrema importância 
pelo seu potencial de disseminação do bacilo. Tanto em doentes quanto 
em portadores, a eliminação da S. typhi costuma ser intermitente.
Complicações - A principal é a hemorragia intestinal e, mais rara-
mente, perfuração intestinal.
Diagnóstico - Clínico-epidemiológico e laboratorial. Esse último 
baseia-se no isolamento e identificação do agente etiológico, nas di-
ferentes fases clínicas, a partir do sangue (hemocultura), fezes (co-
procultura), aspirado medular (mielocultura) e urina (urocultura). A 
Hemocultura apresenta maior positividade nas 2 semanas iniciais da 
doença, devendo o sangue ser colhido, de preferência, antes que o 
paciente inicie a antibioticoterapia. Recomenda-se a coleta de 2 a 3 
amostras, com intervalos de 30 minutos. A Coprocultura é indicada 
a partir da segunda até a quinta semanas da doença, assim como no 
estágio de convalescença e na pesquisa de portadores. No estado de 
convalescença, é indicada a coleta de amostras com intervalos de 24 
horas. No caso de portadores assintomáticos, particularmente aqueles 
envolvidos na manipulação de alimentos, recomenda-se a coleta de 
7 amostras sequenciadas. A Mielocultura possui elevada sensibilida-
de(90%) e a antibioticoterapia prévia não interfere no seu resultado. 
As desvantagens são o desconforto para o doente e a necessidade de 
pessoal médico com treinamento específico para o procedimento de 
punção medular. A Urocultura possui valor diagnóstico limitado e a 
positividade máxima ocorre na terceira semana de doença. A Reação 
de Widal, embora ainda muito utilizada no Brasil, carece de padroni-
zação, possibilitando diferentes resultados, dependendo das cepas de 
Salmonella envolvidas e a possível interferência de vacinação prévia, 
não sendo suficiente para confirmar ou descartar um caso.
Diagnóstico diferencial - Enterites de outras etiologias, como as 
infecções por Salmonella entérica sorotipo Paratyphi (sorogrupo A, B, 
C) e por Yersinia enterocolítica. Doenças que apresentam febre prolon-
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS194
gada, tais como: pneumonias, Tuberculoses (pulmonar, miliar, intes-
tinal, meningoencefalite e peritonite), meningoencefalites, septicemia 
por agentes piogênicos, colecistite aguda, peritonite bacteriana, forma 
toxêmica de Esquistossomose Mansônica, Mononucleose Infeccio-
sa, febre reumática, doença de Hodgkin, abscesso hepático, abscesso 
subfrênico, apendicite aguda, infecção do trato urinário, Leptospirose, 
Malária, Toxoplasmose, Doença de Chagas aguda, endocardite bacte-
riana.
Tratamento - Preferencialmente ambulatorial. Cloranfenicol, na 
dose, para adultos, de 50mg/kg/dia, dividida em 4 tomadas (6/6 ho-
ras), até a dose máxima de 4g/dia; crianças: 50mg/kg/dia, dividida em 
4 tomadas (6/6 horas), até a dose máxima de 3g/dia. Preferencialmente, 
as doses são administradas por via oral. Quando os doentes se tornam 
afebris, o que em geral ocorre a partir do quinto dia de tratamento, 
as doses do cloranfenicol devem ser reduzidas para 2g/dia (adultos) 
e 30mg/kg/dia (crianças). O tratamento deve ser mantido durante 15 
dias após o último dia de febre, perfazendo um máximo de 21 dias. 
Nos doentes com impossibilidade de administração por via oral, po-
derá ser utilizada a via parenteral. Efeitos colaterais – há possibilidade 
de toxicidade medular, que pode se manifestar sob a forma de anemia(dose dependente) ou mesmo anemia aplástica (reação idiossincrásica) 
a qual, é rara. 
Drogas de segunda escolha
Ampicilina - Dose.
- Adultos: 1.000 a 1.500mg/dose, via oral, em 4 tomadas (6/6 horas), 
até dose máxima de 6g/dia.
- Crianças: 100mg/Kg/dia, via oral, dividida em 4 tomadas (6/6 
horas). 
A administração oral é preferível à parenteral. A duração do tratamen-
to é de 14 dias.
Sulfametoxazol + Trimetoprima - Dose.
› Adultos: 800 a 1.600mg de Sulfametoxazol/Trimetoprima, via 
oral, dividida em 2 tomadas (12/12 horas). 
› Crianças: 30 a 50mg/Kg/dia de Sulfametoxazol/Trimetoprima 
por via oral, dividida em 2 tomadas de 12/12 horas.
A duração do tratamento é de 14 dias.
Amoxicilina - Dose.
- Adultos: 3g/dia, via oral, dividida em 3 tomadas (8/8 horas), até 
a dose máxima de 4g. 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 195
FEBRE TIFÓIDE
- Crianças: 100mg/Kg/dia, via oral, dividida em 3 tomadas (8/8 
horas).
A duração do tratamento é de 14 dias. Com o uso deste antimicro-
biano, poderá haver maior frequência de intolerância gastrointestinal.
Quinolonas - Há, pelo menos, duas quinolonas com eficácia com-
provada contra a S. typhi: a ciprofloxacina e a ofloxacina. São drogas 
pouco tóxicas, mas têm como principal desvantagem a contraindica-
ção para uso em crianças e gestantes e, como fator limitante, o preço 
elevado. No Brasil, estas drogas estão particularmente indicadas para 
casos comprovados de resistência bacteriana aos antimicrobianos 
tradicionalmente utilizados. Provavelmente, são as melhores opções 
para os portadores de HIV ou Aids.
Ciprofloxacina - Dose: 500mg/dose, via oral, em 2 tomadas (12/12 
horas), durante 10 dias. Caso não seja possível a via oral, utilizar a 
endovenosa, na dose de 200mg, de 12/12 horas.
Ofloxacina - Dose: 400mg/dose, via oral, em 2 tomadas (12/12 horas), 
ou 200 a 400mg/dose, via oral, em 3 tomadas (8/8 horas).
A duração do tratamento é de 10 a 14 dias.
Ceftriaxona - Trata-se de uma droga que tem boa atividade contra 
S. typhi, constituindo-se assim em outra alternativa ao tratamento.
Os pacientes devem receber adequado tratamento de suporte. Aten-
tar para o aparecimento de complicações graves, como hemorragia 
e perfuração intestinal, pois, para a última, a indicação cirúrgica é 
imediata.
Tratamento específico para o estado de portador - Ampicilina ou 
Amoxicilina, nas mesmas doses acima descritas. Sete dias após o tér-
mino do tratamento, iniciar a coleta de 3 coproculturas, com intervalo 
de 30 dias entre cada uma. Caso uma delas seja positiva, o indivíduo 
deve ser novamente tratado, de preferência, com uma Quinolona (Ci-
profloxacina 500mg, via oral, de 12/12 horas, durante 4 semanas) e es-
clarecido quanto ao risco que ele representa para os seus comunicantes 
íntimos e para a comunidade em geral. O tempo ideal de tratamento 
para portadores crônicos ainda não está bem definido. 
Características epidemiológicas - A Febre Tifóide não apresenta 
sazonalidade ou outras alterações cíclicas, assim como distribuição ge-
ográfica, que tenham importância prática. A sua ocorrência está direta-
mente relacionada às condições de saneamento básico existentes e aos 
hábitos de higiene individuais. Em áreas endêmicas, acomete com maior 
frequência indivíduos de 15 a 45 anos e a taxa de ataque diminui com a 
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS196
idade. No Brasil, nas últimas décadas, constata-se uma tendência de de-
clínio nos coeficientes de morbimortalidade por Febre Tifóide. No início 
da década de 2000, eram notificados, em média, 800 casos. A partir de 
2003, essa média tem ficado em torno de 542 casos, observando-se uma 
maior concentração nas regiões Norte e Nordeste. Esses dados devem 
ser vistos com cautela quanto à sua representatividade e fidedignidade, 
tendo em vista o importante sub-registro de casos.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos - Reduzir a incidência e a letalidade, impedir ou dificultar a 
propagação da doença, controlar surtos.
Notificação - Doença de notificação compulsória. Todo caso e surto 
devem ser investigados para a adoção das medidas de controle perti-
nentes.
Definição de caso
- Indivíduo com febre persistente, acompanhada ou não de 
um ou mais dos seguintes sinais e sintomas: cefaleia, mal-estar geral, 
dor abdominal, anorexia, dissociação pulso-temperatura, constipação 
ou diarreia, tosse seca, roséolas tíficas (manchas rosadas no tronco) 
e hepatoesplenomegalia.
- Confirmado por critério clínico laboratorial: indivíduo que 
apresente achados clínicos compatíveis com a doença e isolamento 
da S. typhi ou detecção pela técnica de PCR.
- Confirmado por critério clínico epidemiológico: indivíduo 
com quadro clínicamente compatível e que apresente associação 
epidemiológica com caso confirmado por critério laboratórial.
- Indivíduo que, após enfermidade clínica ou sub-clínica, 
continua eliminando bacilos por vários meses. 
- Caso que não preenche os requisitos postulados para 
a sua confirmação.
MEDIDAS DE CONTROLE
Conduta frente a um caso - Ver orientações no tópico tratamento. 
Os pacientes devem ser afastados da manipulação de alimentos e 
devem ser orientados sobre medidas de higiene, principalmente em 
relação à limpeza rigorosa das mãos.
Medidas referentes aos portadores - Ver orientações no tópico 
tratamento. A pesquisa de portadores está indicada nas seguintes 
situações: comunicantes que possam constituir perigo para a comu-
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 197
FEBRE TIFÓIDE
nidade (ex.: indivíduos que manipulam alimentos em restaurantes, 
creches e hospitais) e em coletividades fechadas (asilos, hospitais 
psiquiátricos, presídios), quando houver casos de Febre Tifóide entre 
os frequentadores dessas instituições. 
Vacinação - A vacina atualmente disponível não possui um alto po-
der imunogênico e a imunidade é de curta duração, sendo indicada 
apenas para pessoas sujeitas a exposições excepcionais, como os 
trabalhadores que entram em contato com esgotos; para aqueles que 
ingressem em zonas de alta endemicidade, por ocasião de viagem; 
e, ainda, para quem vive em áreas onde a incidência é comprovada-
mente alta. Com a exceção de recrutas, não há recomendação atual 
da vacina contra a febre tifoide em massa ou rotineiramente, em 
populações circunscritas.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS198
Filaríase por Wuchereria bancrofti
CID 10: B74.0
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - A Filariose causada pela Wuchereria bancrofti se mani-
festa clinicamente no homem sob várias formas. Existem indivíduos 
com esta parasitose que nunca desenvolvem sintomas, havendo ou 
não detecção de microfilárias no sangue periférico; outros podem 
apresentar febre recorrente aguda, astenia, mialgias, fotofobia, qua-
dros urticariformes, pericardite, cefaleia, linfadenite e linfangite re-
trógrada, com ou sem microfilaremia. Os casos crônicos mais graves 
são de indivíduos que apresentam hidrocele, quilúria e elefantíase de 
membros, mamas e órgãos genitais. Nesses casos, em geral, a densi-
dade de microfilária no sangue é muito pequena ou mesmo não de-
tectável. Descrevem-se, ainda, casos de eosinofilia pulmonar tropical, 
síndrome que se manifesta por crises paroxísticas de asma, com pneu-
monia intersticial crônica e ligeira febre recorrente, cujo leucograma 
registra importante eosinofilia. Nesses casos, o exame dos tecidos 
mostra microfilárias em processo de degeneração, não encontradas no 
sangue periférico (filaríase oculta).
Sinonímia - Filariose, filaríase de Bancrofti, elefantíase.
Agente etiológico - Wuchereria bancrofti, nematódeo que vive nos 
vasos linfáticos dos indivíduos infectados.
Reservatório - O homem.
Modo de transmissão - Pela picada dos mosquitos transmisso-
res com larvas infectantes (L3). No Brasil, o Culex quinquefasciatus é 
o principal transmissor. Em geral, as microfilárias têm periodicidade 
para circular no sangue periférico, sendo mais detectadas à noite,entre 
as 23h e 1h.
Período de incubação - Manifestações alérgicas podem aparecer 
1 mês após a infecção. As microfilárias, em geral, aparecem no sangue 
periférico de 6 a 12 meses após a infecção com as larvas infectantes da 
W. bancrofti.
Período de transmissibilidade - Não se transmite de pessoa a 
pessoa. O ciclo ocorre quando um inseto transmissor pica um homem 
infectado com microfilaremia e a transmite a outro indivíduo, após 
maturação das microfilárias no vetor, que ocorre entre 12 a 14 dias do 
repasto sanguíneo. A microfilaremia pode persistir, aproximadamente, 
por 5 a 10 anos.
29
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 199
Complicações - Hidrocele, linfoscroto, elefantíase e hematoquilúria.
Diagnóstico - Clínico-epidemiológico, quando há manifestações su-
gestivas e o indivíduo é oriundo de área endêmica.
Diagnóstico específico - O teste de rotina é feito pela pesquisa da 
microfilária no sangue periférico, pelo método da gota espessa (perio-
dicidade noturna, das 23h a 1h). Pode-se, ainda, pesquisar microfilária 
no líquido ascítico, pleural, sinovial, cefalorraquidiano, urina, expec-
toração e gânglios, sendo, entretanto, restrito a casos específicos. Pela 
presença do verme adulto no sistema linfático, genitália ou em outras 
lesões (essa forma de diagnóstico não é realizada como rotina).
 - Podem ser realizados os testes de Elisa ou testes imuno-
cromatográficos para pesquisa de antígenos circulantes.
 - Nos homens, é indicada a ultra-sonografia 
da bolsa escrotal; em mulheres, a ultra-sonografia da mama ou região 
inguinal e axilar deve ser avaliada.
Diagnóstico diferencial - Outras causas de elefantíase, como as 
malformações congênitas, episódios repetidos de erisipela, destruição 
ou remoção de linfáticos, micoses, donovanose, hanseníase, tubercu-
lose, entre outras.
Tratamento - A droga de escolha é a Dietilcarbamazina (DEC), com 
vários esquemas preconizados: 6mg/kg/dia, VO, com periodicidade 
semestral ou anual; 6mg/kg/dia, VO, por 12 dias; 6mg/kg/dia, VO, por 
2 a 4 semanas.
Outra droga, também, utilizada é a Ivermectina (IVM), na dose de 
200μg /kg, 1 vez por ano, VO. Além disso, tem-se utilizado a associa-
ção da IVM + DEC nas doses: IVM, 200μg /kg + DEC, 6mg/kg, VO, 1 
vez por ano, ou IVM, 200μg/kg + DEC 6mg/kg. Doses únicas de IVM 
são aparentemente iguais em eficácia, segurança e tolerância, quando 
comparadas com doses únicas de DEC. O regime em combinação apa-
renta ser melhor do que a utilização de ambas as drogas isoladamente, 
para obtenção, a longo prazo, da redução, da densidade e da prevalên-
cia da microfilaremia. O período exato desses vários tratamentos não 
tem sido estabelecido, porém estima-se que se deve administrar dose 
única por 5 a 10 anos. A DEC não pode ser administrada em áreas 
onde coexiste oncocercose ou loíase. Felizmente, não há coexistência 
geográfica dessas filarioses no Brasil. Para facilitar a relação peso/dose 
IVM, observar: Ivermectina, dose única, VO, obedecendo a escala de 
peso corporal (15 a 24kg: 1/2 comprimido; 25 a 35kg: 1 comprimido; 
36 a 50kg: 1 1/2 comprimido; 51 a 65kg: 2 comprimidos; 65 a 79kg: 2 
1/2 comprimidos; ≥80kg: 200μg/kg).
FILARÍASE POR WUCHERERIA BANCROFTI
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS200
Características epidemiológicas - Continua sendo de grande im-
portância na África. Foi uma doença prevalente no Brasil, mas, hoje, 
encontra-se restrita a alguns focos persistentes no Pará, Pernambuco 
e Alagoas.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Objetivos - Interromper a transmissão da parasitose nos focos que 
persistem no Brasil, evitando o surgimento de casos novos, e contro-
lar os doentes portadores de morbidade filarial.
Notificação - Doença de notificação nos estados que permanecem 
com foco. Em situações de detecção de novos focos, deve-se notificar 
como agravo inusitado, de acordo com a normatização do Ministério 
da Saúde.
Definição de caso
- Caso suspeito: toda pessoa, residente ou procedente dos municí-
pios onde persistem focos, que apresente um ou mais dos seguintes 
sintomas:
. Hidrocele (aumento de volume escrotal); e/ou 
. Linfedema (edema mole ou duro, unilateral ou bilateral, nesse 
caso geralmente assimétrico, localizado nas extremidades dos 
membros e mamas; e/ou
. Eosinofilia Pulmonar Tropical (tosse paroxística predominan-
temente noturna, dispneia recorrente e contagem de eosinófi-
los ≥3.000mm3); e/ou
. Hipertrofia ganglionar1 (hipertrofia ganglionar igual ou maior 
que 2cm de diâmetro em região inguinal, axilar ou epitrocle-
ana, sem sinais flogísticos e ausência de infecções de pele na 
área de drenagem do referido gânglio); e/ou
. Quilúria (eliminação intermitente de urina leitosa, comprova-
da através de proteinúria de 24 horas).
- Caso confirmado: todo indivíduo com ou sem manifestações 
clínicas, que apresente:
. Exame parasitológico para pesquisa de microfilárias (gota es-
pessa ou Knott ou filtração em membrana de policarbonato) 
positivo; e/ou
. Pesquisa de antígenos filariais circulantes (Og4C3-ELISA, tes-
te do cartão ICT) positivo; e/ou
1
a possibilidade de neoplasia. 
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 201
FILARÍASE POR WUCHERERIA BANCROFTI 
. Verme adulto visualizado por meio de ultra-sonografia e/ou 
exame histopatológico positivo para FL; e/ou
. Pelo menos um episódio de linfangite retrógrada e/ou adeno-
linfangite em membro ou escroto ou mama, com duração de 3 
a 7 dias; e/ou
. Linfedema e/ou hidrocele e/ou quilúria e/ou erisipela de repe-
tição, se não foi possível estabelecer outro diagnóstico etioló-
gico diferente de FL. 
- Caso suspeito: toda pessoa que apresente sinais e sintomas 
compatíveis com FL: linfedema e/ou hidrocele e/ou quilúria e/ou 
erisipela de repetição, quando não foi possível estabelecer outro 
diagnóstico etiológico diferente de FL*.
- Caso confirmado 
. Toda pessoa com manifestações clínicas ou não em que se de-
tectou, na corrente sanguínea por meio direto (GE, KT ou FM), 
a presença de microfilárias ou de forma indireta ACF; ou
. Toda pessoa com manifestações clínicas ou não em que se de-
tectou por meio da ultra-sonografia vermes adultos em vasos 
linfáticos; e/ou
. Todo indivíduo classificado como suspeito, que tenha residido 
em área endêmica por período superior a 2 anos; e/ou
. Todo indivíduo classificado como suspeito, que tenha entre 
seus contatos intra e/ou peridomiciliares casos confirmados 
laboratorialmente e resida em locais onde coexista o vetor.
MEDIDAS DE CONTROLE
 - Para as populações humanas que residem 
nos focos, de acordo com os esquemas preconizados no item de 
Tratamento.
 - Por meio de biocidas; 
bolinhas de isopor, método esse limitado a criadouros específicos 
urbanos (latrinas e fossas); mosquiteiros ou cortinas impregnadas com 
inseticidas para limitar o contato entre o vetor e o homem; borrifação 
intradomiciliar com inseticidas de efeito residual (dirigida contra as 
formas adultas do Culex).
 - Informar as comunidades das áreas afetadas so-
bre a doença e as medidas que podem ser adotadas para sua redução/
eliminação; identificar os criadouros potenciais no domicílio e 
peridomicílio, estimulando sua redução pela própria comunidade.
Secretaria de Vigilância em Saúde / MS202
Giardíase
CID 10: A07.1
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Descrição - Infecção por protozoários que atinge, principalmente, a 
porção superior do intestino delgado. A maioria das infecções é assin-
tomática e ocorre tanto em adultos, quanto em crianças. A infecção 
sintomática pode apresentar-se de forma aguda com diarreia, acom-
panhada de dor abdominal (enterite aguda) ou de natureza crônica, 
caracterizada por fezes amolecidas, com aspecto gorduroso, fadiga, 
anorexia, flatulência e distensão abdominal. Anorexia, associada com 
má absorção, pode ocasionar perda de peso e anemia. Não há invasão 
intestinal.
Sinonímia - Enterite por giárdia.
Agente etiológico - Giardia lamblia, protozoário flagelado que exis-
te sob as formas de cisto e trofozoíto. O cisto

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