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O objetivo da fluidoterapia é corrigir distúrbios hidroeletrolíticos, acidobásicos, restaurar a volemia e manter a homeostase para impedir a mortalidade e os danos a órgãos e sistemas Distribuição da água corporal 6% da composição do peso de animais saudáveis é água. Alguns fatores devem ser levados em consideração: estado do paciente e curso da doença (agudo ou crônico); alterações no equilíbrio acidobásico, hidreletrolítico e nas pressões hidrostática e/ou oncótica; e, por último, comorbidades associadas. Intracelular Extracelular: Interstício (75%) Intravascular (25%) ❖ 6% peso corpóreo cão ❖ 6,5 peso corpóreo gato. Peso: 10kg X 0,6 = 6 Entrada de água corporal: Ingestão diária: 40 a 60ml/kg A ingestão de água tem relação com que o animal perde por dia. Um animal que come ração seca, bebe mais água devido a ração seca ter +/- 10% de água. Quando troca para ração úmida ele pode começar a tomar pouca água, porque já está ingerindo bastante dentro da ração. Perdas de água corporal: Perdas insensíveis: Respiração – 13 a 20 ml/kg/dia Aumento da temperatura corporal; febre; hiperventilação; dor; medo; alterações pulmonares em atividade física → paciente com patogenia no pulmão, perde mais água. Transpiração – pouco relevante em pequenos animais. Perdas sensíveis: Trato urinário 25 a 40 ml/kg/dia 1 a 1,5 ml/kg/h – cão 0,5 ml/kg/h – Gato Gastrointestinal: 5 a 10 ml/kg/dia – fezes; 1 a 2 ml/kg – êmese; 1 a 4 ml/kg – Diarreia Patologias: Sialorreia; Êmese; diarreia; 3° espaço → ascite/ efusão Perdas de água X desidratação Tipos de desidratação: Hipertônica -→ perda de H2O > eletrólito→ respiratória; Diabetes mellitus. Isotônicas→ perda de H20 = eletrólito → vomito; diarreia; sialorreia; poliuria. Perdas de água e de eletrólitos em mesma proporção, como são observadas nas diarreias e nos vômitos, causam a desidratação isotônica em que a simples reposição com solução fisiológica a 0,9% ou lactato de ringer na mesma proporção da perda é capaz de repor a volemia e os eletrólitos. Cálculo de volume de reposição, fórmula: Peso corporal (kg) × % de desidratação × 10 = volume (mℓ) para correção. Hipotônica→ perda de H20 < eletrólitos→ furosemida; hipoadreno. Calculando a osmolaridade plasmática: 2(NA) + (GLICOSE/18) + (UREIA/6) Referência – 280 a 320 mosm Plasma com alta osmoralidade- atrai a água plasma com baiza osmoralidade – migração da água. Desidratação X hipovolemia O interstício é como uma reserva. Quando o animal está hipovolêmico, deve se considerar que esse animal está pelo menos a 10% desidratado. Avaliando no exame físico: Mucosa; Turgor de pele Tpc Enoftalmia Fc Peso → considerando que o animal tem que pesar 10kg e no dia seguinte, ele estava com 9,7kg → ele perdeu 300ml de água e é esse valor que você precisa repor. Complementar: HT e PT Azotemia – pré renal. Paciente mais obeso ou mais novo, a pele normalmente tem menor elasticidade. E quando é muito idoso ou muito magro, o turgor de pele tende a ser superior a 2” Sinal de choque: Sinal de choque: Aumento da frequência cardíaca. (devido a adrenalina) Vasoconstrição → mucosas pálidas; aumento do TPC; membros frios. Animal com pupilas dilatadas e fc baixa → organismo tentou compensar, mas não conseguiu, nesse momento tem grandes chances de óbito. Baixa consciência Pressão arterial baixa → choque oculto, tem todos os sinais, mas a PAS está normal. Gato→ hipo-tudo → hipotenso, hipotérmico, hipoconsciência, bradicardico. Quando o gato está com a temperatura muito alta, os mecanismos de controle térmicos começam a relaxar e ele começa a procurar lugares frios. Alto risco de morte. Quando o animal está se resfriando, ele preserva o tecido (instintivo) Sempre deve aquecer o gato, a conversão da noradrenalina só ocorre em temperatura superior a 37°C Lactato: Marcador de perfusão tecidual Quando se tem falta de oxigenação: Aumento de lactato. (quanto maior o lactato, menos oxigênio chegando nas células, estão fazendo via anaeróbica) O fígado usa o lactato para produzir o bicarbonato. Ideal que se mantenha abaixo de 2,5mmo/L No ringer-lactato tem uma dosagem de lactato bem baixo → mesmo com o lactato elevado pode se usar. Objetivo: Repor perdas Restabelecer a perfusão tecidual Corrigir alterações eletrólicas Manter o aporte de água e eletrólicos em pacientes que não estão consumidos. Como corrigir/evitar a desidratação? Com fluidoterapia. Correção da desidratação: Necessário considerar: Perda aguda ou crônica: em caso de perda crônica, eles se hidratam melhor com o tempo maior de fluidoterapia Causa de base Doenças concomitantes Desidratação X hipotensão Escolhas da rota de administração: Intravenosa é em pacientes graves. Fluidoterapia: Reanimação: Se usa em choque hipovolêmico; Antigamente se calculava com: peso X 8% e dividia o volume e ia fazendo intravenosa. Hoje, sabemos que animais morrem mais nessa modalidade. Glicocálice → ajuda a controlar a passagem de água, é uma camada muito 10 ml – 15ml/kg – cão 5 a 10ml/kg – Gato Em 15min. fina e quando fazemos fluido em grande volume e rápido, o glicocálice fica frágil. Paciente com excesso de fluido (volume ou velocidade) o paciente inflama. Agora é chamado de prova de carga → quando o animal está em choque hipovolêmico, se faz a prova de carga para saber se o animal vai responder com o soro. --> fazer no máximo 3 vezes. Verificar sinais novamente: PAS; Sinal de consciência. Reidratação: Peso X %=L Animal tem 10kg com 7% de desidratação. 10X 7% = 0,7 L = 700ml 700ml é o volume que esse animal precisa para sair de 7% de desidratação, para hidratado. O peso dele no dia seguinte deve ser 10,7kg. Outro cálculo: Peso x 7 (desidratação) x 10 = 700 Caso clínico: Bob, 1 ano, 10kg, PAS 60mmHg, T°36,9°c Choque hipovolêmico; 12% de desidratação. VR= 10Kg X 10 = 100ml em 15min → 100𝑚𝑙 15𝑚𝑖𝑛 = 6,6666 ( ~7 𝑚𝑙 𝑝𝑜𝑟 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜) Transformando em gotas: Macro: 20gotas por ml Micro: 60gotas por ml Regra de três: macrogotas 20 – 1ml X – 7ml X= 20 x 7 = 140 (gotas por minuto/60s) 140 (gotas) / 60 (seg) = 2,3 gotas/segundo Se o animal der resposta, faz uma prova de carga (pode ser em 30min) → precisa estabilizar a pressão (em gato = 90mmHg e cão 100mmHg) Tomar cuidado com gatos hipotérmicos e cardiopatas, fazemos em 30 e não em 15 Após retirar o animal da crise, ele ainda está desidratado, então é necessário repor. 10kgX12X10= 1,200ml → mas levando em conta que já foi feito 200ml, só se faz 1L Nesse caso pode ser feito uma reposição mais rápida de 6 a 12h Supondo que foi decidido a reposição em 12h → 83ml/h → O Bob está tomando (divide pelo peso) 8,3ml/kg/h Gato: hipotudo→ não está desidratado (clinicamente), não faz prova de carga primeiro e sim aquece ele antes. Pode pôr na fluido em volume menor, mas sem prova de carga. → aquecer o animal lentamente. Pode fazer efusão. 1°C por minuto. Paciente (gato) com sinais clínicos evidentes de desidratação, deve ser feito a fluido/prova de carga antes de aquecer, se não fazer a fluido, ele não vai esquentar (falta de água) Paciente cardiopata → calcular de 12 a 24h Se o animal está tomando água, não tem que estar na fluido Manutenção: Depois de fazer a prova e tirar da emergência Serve para manter a hidratação do animal Animal que não está repondo a água que está perdendo (poliúria) Taxa de manutenção 40 a 60ml/kg/dia 2 a 3ml/kg/h São taxas básicas. VM = 40-60ml/kg/dia (ingestão hídrica) x kg A partir do momento que o paciente come e bebe água, não há necessidade de continuar com a manutenção (sempre manter água disponível) Se o animal está bebendo água, repor valor referente a diferença do que o animal ingeriu Considerar perdas contínuas: Êmese, diarreia, poliuria, ferimentos ou queimaduras extensas, perdas para o terceiro espaço, respiração ofegante, perdas sanguíneas. O ideal é não sondar. Caso clínico: calculando débito urinário: Mingau, 4,5kg, última micção 10am. 12h → pesar a caixa de areia antes da micção e após. Supondo que esse animal teve um volume de 100 de urina. 100/Peso 100/ 4,5 = 22,2ml / 2 = 11ml Se o animal está vomitando → supondo que ta vomitando 1ml/kg e diarreia é 2ml/kg (se tiver dois vômitos por h → acrescenta 2ml a mais. Se estava fazendo 2 agora vai fazer 5) Caso clínico de cálculo de fluidoterapia: Um paciente canino, sem raça definida (SRD), fêmea, 5 anos, 12 kg, dá entrada na emergência com quadro de vômitos profusos e diarreia líquida há 2 dias. Parâmetros clínicos: AVDN-A (alerta); FC = 140 bpm; FR = 40 rpm; TPC = 3 segundos; mucosas normocoradas; Tcentral = 38,3°C; Tperiférica = 31,2°C; dTcp = 7,1; borborigmo = presente e fraco; PAS = 80 mmHg; lactato = 4,5 mmol/ℓ e glicemia = 85 mg/dℓ. A partir desses dados, é possível planejar a abordagem de fluidoterapia mais adequada. Passo 1. Tipo de solução a ser utilizada: Lactato de Ringer; regime de infusão: prova de carga seguida de reavaliação dos parâmetros perfusionais; objetivo clínico: retirar o paciente do choque clássico e restabelecer a perfusão. Passo 2. Calcular a prova de carga: 10 mℓ/kg em 30 minutos; 10 × peso = 10 × 12 = 120 mℓ administrado em 30 minutos em bomba de infusão. Passo 3. Ao término da prova de carga, aferiu-se novamente os parâmetros clínicos, obtendo-se: PAS = 120 mmHg; TPC = 2 segundos; FC = 110 bpm; FR = 40 rpm; mucosas normocoradas; Tcentral = 38,4°C; Tperiférica = 32,3°C; dTcp = 6,1; borborigmo = presente e forte; lactato = 2 mmoL/ℓ. Passo 4. Calcular o volume de fluidoterapia a ser oferecido nas próximas 24 horas; considerando o cálculo pela linha hemodinâmica: paciente em choque clássico. Para 10% de desidratação estimada, tem-se: 10% de 12 kg = 1,2 de litros = 1.200 mℓ. Requerimento de fluido diário: (30 × peso) + 70 = (30 × 12) + 70 = 430 mℓ. Descontando o volume da prova de carga (120 mℓ): 1.630 – 120 = 1.510 mℓ/24 h. *** AVDN: alerta, alerta a resposta verbal, alerta a estímulo doloroso, não responde