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1 
 
HISTÓRIA AMBIENTAL, DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL E MINERAÇÃO 
 
 
 
2 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre-
sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação 
e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere-
cendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a partici-
pação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação 
contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos 
e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber atra-
vés do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
Sumário 
História Ambiental, Desenvolvimento Sustentável e Mineração ......................... 1 
NOSSA HISTÓRIA ............................................................................................. 2 
1 História Ambiental ........................................................................................... 4 
2 Desenvolvimento Sustentável ....................................................................... 16 
2.1 Conceito .................................................................................................. 16 
2.2 Histórico .................................................................................................. 17 
2.3 Componentes do desenvolvimento sustentável ...................................... 18 
2.4 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável ............................................ 19 
2.5 Desenvolvimento Sustentável no Brasil .................................................. 19 
Exemplos de ações sustentáveis .................................................................. 23 
3 Desafios da mineração: desenvolvimento e inovação para redução dos 
impactos ambientais e sociais .......................................................................... 24 
3.1 Desafios atuais da mineração e da metalurgia ....................................... 25 
3.2 Tendências tecnológicas e de inovação para mineração e metais ......... 25 
3.3 Inovação e redução dos impactos ambientais causados pela mineração
 ...................................................................................................................... 26 
3.4 Novas tecnologias e inovações aplicadas a operações sustentáveis ..... 28 
Referências ...................................................................................................... 30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
file:///C:/Users/Usuario/Desktop/APOSTILA%20Historia%20ambiental.docx%23_Toc59549042
 
 
 
4 
1 História Ambiental 
 
A origem da História Ambiental pode ser remetida à interdisciplinaridade 
da escola francesa dos Annales no final do primeiro terço do século XX e a in-
vestida social dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França, salientando seus 
posteriores “turns” de 1960 em diante. Assim, é necessário transpor fronteiras e 
refletir sobre as implicações políticas ligadas ao seu contexto. 
 Lutando contra uma História vinculada à política e à intelectualidade 
Lucien Febvre e Marc Bloch, no final da década de 1920, reivindicavam novas 
perspectivas para o campo histórico. Questões sociais e econômicas vinham à 
tona como palavra de ordem a fim de orientar o percurso historiográfico francês, 
que ainda, abria-se às Ciências Sociais e rompia os compartimentos especial-
izados dos historiadores que trabalhavam com períodos ou temáticas estanques. 
A primeira geração do grupo da revista Annales d’Histoire Économique et Sociale 
traz consigo as transformações sociais que o período impôs à História, além da 
herança da Geografia de Vidal de La Blache, da Sociologia de Durkheim e dos 
historiadores Henri Berr e Henri Pirenne. Neste caso, será demonstrado a seguir, 
o grupo dos Annales não pode ser visto como portador de uma novidade demi-
urga. Nesse momento na área das Ciências Humanas as análises com enfoque 
estritamente político perdiam fôlego, já que eventos como a Grande Depressão 
e as duas Grandes Guerras, por exemplo, não podiam ser explicados simples-
mente através do viés político. “Os Annales vão definir-se, em primeiro lugar, 
como hostis ao discurso e à análise políticos” propondo um alargamento do 
campo da história, surgindo então: a natureza, a paisagem, a população e a de-
mografia, os costumes, dentre outros. A busca pela ampliação de fontes e méto-
dos, como aponta William H. Sewell Jr. em Logics Of History, é fruto de novas 
implicações oriundas das demandas sociais e políticas. Sem ainda tocar a fundo 
o argumento de Sewell, que parte dos anos 60 do século XX nos Estados Unidos, 
pode-se perceber a mesma “lógica da história” em 1930 na França. Outro ponto 
que corrobora com essa análise é o fato de os historiadores dos Annales avan-
çarem contra a pretensa passividade do historiador diante dos acontecimentos, 
o qual deveria apenas catalogar os fatos diante dos registros oficiais. Contra o 
cientificismo objetivista surge o relativismo subjetivo da prática, onde em virtude 
de preocupações das situações presentes o historiador escolhe os fatos a serem 
 
 
 
5 
inquiridos. Dessa forma a História começa a se impor como um campo onde 
novas respostas podem ser encontradas, dependendo das perguntas que os 
pesquisadores se colocam. 
 O papel do historiador na sociedade abrange novas responsabilidades a 
partir da escola social francesa. A paulatina abdicação da neutralidade ofereceu 
ao pesquisador muito mais que novos objetos de estudo, quando as escolhas e 
posições do historiador passaram a ser objetos de análise. Portanto, os Annales 
renovam radicalmente o discurso histórico e como o título da revista vislumbra 
são privilegiados fenômenos econômicos e sociais. A quantificação dos dados 
científicos é marca latente no período após a Segunda Guerra Mundial, mas 
como aponta Sewell, isso não se dá apenas pelo crescente interesse na econo-
mia, mas pela emergência de sujeitos que não eram vistos como importantes 
para entender o funcionamento da sociedade. Segundo Sewell a história social 
ganha terreno por produzir uma profunda e duradora transformação no campo 
da História. Primeiro, porque a história social estuda categorias de sujeitos que 
foram anteriormente ignorados pelos historiadores, as pessoas comuns. Esse 
interesse está consonante com as tendências populistas do ativismo político da 
década de 1960. E em segundo lugar, a história social atentou para capturar 
uma imensa gama de experiências de vida das pessoas simples, como trabalho, 
recreação, religião, dentre outros. Nesse contexto a quantificação foi a ferra-
menta de análise mais utilizada pelos historiadores sociais que buscavam 
produzir uma história vista de baixo, sem deslocar o olhar da forma estrutural de 
compreensão da sociedade. 
 A discussão refinada sobre a política inconsciente (título do segundo 
capítulo do livro do livro de Sewell) da história social na sociedade estadunidense 
da década de sessenta, o autor indica que as transformações sociais ocorreram 
em resposta ao modelo Fordista de capitalismo, considerado portador de mono-
tonia burocrática, conformidade corporativa, uma moralidade repressiva e for-
mas estultificantes de cultura de massa. Sendo assim, tais pontos foram consid-
erados altamente visíveis e repugnantes pelo movimentoque engajou o estilo 
de Contracultura, que atacava a padronização e regulação social e econômica 
do modelo Fordista. Dessa forma o escritor ensaia um modelo para explicar a 
saturação do modo quantitativo de análise do social, deixando claro que o 
modelo não comportava os anseios das subjetividades individuais na pesquisa 
 
 
 
6 
histórica. A historiografia estadunidense caminhou para um modelo de trabalho 
focado no cultural. Para tanto a antropologia cultural forneceu suporte no trato 
com rituais, convenções, tradições, desta forma os marginalizados, oprimidos, 
iletrados e as comunidades puderam ser analisados de uma forma que não im-
plicasse a homogeneização de culturas locais. O Cultural Turn dos anos 1970 
também produziu transformações na literatura, as pesquisas históricas fundadas 
em fontes literárias tomaram fôlego e proporcionaram, mais uma vez, o 
alargamento das fronteiras que delimitavam os modelos de fontes utilizadas. 
Entre as pesquisas sociais e culturas deve se salientar a contribuição de 
Edward P. Thompson, que como coloca Geoff Eley em seu “Una línea torcida: 
de la historia cultural a la historia de la sociedad”, significou um momento de 
otimismo para historiografia social. Pois na agenda da história social defendida 
por Thompson estava um mundo que poderia conhecer-se através da história, o 
discurso do historiador inglês era sedutor, pois situava a história na base de uma 
agenda radical, o conflito estava no coração de sua escrita, de onde emergia a 
empatia na valorização das pessoas comuns. Desta forma, deve-se considerar 
a ideia inicial de relacionar as novas abordagens historiográficas às trans-
formações sociais e políticas. Membro destacado da esquerda britânica e pro-
fundamente ligado aos acontecimentos de 1968, Thompson serviu de exemplo 
para uma geração ligada na história social, consciente nas imbricações políticas 
da história, que via no campo as crescentes apropriações em busca de dar vazão 
às demandas dos sujeitos históricos que buscavam seu espaço nas décadas de 
setenta e oitenta. Na Inglaterra e nos Estados Unidos durante os governos 
Thatcher e Reagan, os movimentos sindicais perderam força e uma onda de bem 
estar ligada à flexibilidade de acumulação de capital irrompeu em um Neoliber-
alismo onde os imperativos econômicos redefiniam valores morais e, até mesmo, 
ambientais. 
Na conjunção de Thompson, ficava evidente que a impregnação do capi-
talismo financeiro na determinação de valores e necessidades seria profunda-
mente danosa à espécie humana: “Sabemos também que as expectativas 
globais estão se avolumando como um dilúvio bíblico, e que a presteza da es-
pécie humana em definir suas necessidades e satisfações materiais de mercado 
– despejam todos os recursos da Terra no mercado – pode ameaçar a própria 
espécie com uma catástrofe ecológica. O responsável por essa catástrofe será 
 
 
 
7 
o homem econômico, seja na sua forma clássica capitalista avaro, seja na forma 
do homem econômico rebelde da tradição marxista ortodoxa”. 
A partir da afirmação de Thompson é conveniente nesta parte do texto 
para realizar um levantamento de como o meio e, posteriormente, o meio ambi-
ente estão conectados em algumas das obras trazidas à discussão. Segundo 
Márcia Mota, “a crescente preocupação com os recursos naturais do planeta tem 
dado lugar a um interesse renovado sobre o meio [ambiente]”. No entanto, a 
preocupação de inserir questões de natureza ambiental na História já estava 
presente nos pioneiros da história agrária francesa, sobretudo Febvre e Bloch. A 
segunda geração da escola francesa também manteve vínculos com o ambiente, 
Fernand Braudel, considerado o maior expoente dessa época, focalizou seus 
estudos na materialidade da civilização, dialogando ainda com correntes da ge-
ografia, utilizou abordagem da longa duração em seu livro mais conhecido “O 
Mediterrâneo e O Mundo Mediterrânico na Época de Felipe II”. A materialidade 
na obra de Braudel forneceu ao ambiente papel de destaque na narrativa histó-
rica, entretanto esse destaque se esquivava das prerrogativas deterministas que 
vinculavam ao meio características das culturas nele estabelecidas. Pode-se 
afirmar que paulatinamente o cenário passava a se tornar ator com papel central, 
mas não principal, nas narrativas historiográficas. Concomitantemente com a 
história social inglesa e estadunidense, a terceira geração dos Annales, tra-
balhando com séries quantitativas, abordou alguns assuntos ligados ao mundo 
rural, paisagem e, finalmente, ecológia. 
 J. R. McNeill, um dos expoentes na História Ambiental estado-unidense, 
assim como outros autores aponta que nos anos setenta do século XX os mo-
vimentos ambientalistas ganham espaço na Europa e na América do Norte. O 
discípulo de Braudel, Emmanuel Le Roy Ladurie atenta para questões ambien-
tais em dois dos seus maiores livros, tratando do clima, epidemias e terremotos 
no Sul da Espanha. Tal contexto pode ser considerado como a “pré-história” da 
História Ambiental, não pelo fato de se querer buscar “um mito fundante” que 
legitime o campo, mas, pela necessidade de se evidenciar a trajetória e as trans-
formações sociais que despontavam no contexto. 
Acredita-se que as primeiras preocupações que tratam das questões am-
bientais, de forma semelhante às atuais, surgiram com o desenvolvimento da 
energia nuclear e sua utilização após Hiroshima e Nagasaki. Como afirma 
 
 
 
8 
Crosby, “as bombas de fusão da Guerra Fria relegaram as bombas de fissão 
para segunda classe”, o potencial destrutivo humano alcançou índices inimag-
ináveis, testes e acidentes nucleares alteraram a forma com que os seres hu-
manos concebiam sua perpetuação no planeta”. A chegada à lua também é ev-
idenciada pelo autor como um acontecimento de grande importância, foi nesse 
momento que a humanidade pode vislumbrar o quanto o planeta é pequeno em 
relação ao sistema solar. Essa reflexão ataca diretamente a ideia de que os re-
cursos naturais são infinitos, o que propõe novas abordagens e ponderações 
sobre o meio ambiente. Nesse contexto o debate sobre preservação tomava dois 
caminhos: haviam aqueles que queriam preservar o meio a fim de utilizar fu-
turamente e outros que pregavam uma preservação mais ferrenha e menos 
ligada à economia, ponderando sobre a incapacidade de valorar a natureza, 
apelando ainda para um discurso muitas vezes religiso. O contexto agrícola tam-
bém era inovador, a Revolução Verde promovia novas técnicas agrícolas e im-
plantação de novas sementes produzidas por corporações multinacionais, as se-
mentes eram direcionadas para países menos desenvolvidos a fim de auxiliar, 
de acordo com o discurso vigente, a produção de alimentos e, consequente 
diminuição da fome no mundo. O padrão de trabalho era a utilização de se-
mentes híbridas, fertilizantes, agrotóxicos e mecanização para diminuição do 
custo de manejo. A adoção destes pacotes pelos agricultores colaborou para a 
degradação ambiental e transformou a vida dos agricultores tradicionais. O fim 
da fome, que era o ponto chave do discurso dos países desenvolvidos, não ocor-
reu. Além de não solucionar o problema, aumentou a concentração fundiária e, 
sucessivamente, o êxodo rural. A crescente preocupação com a melhoria da na-
tureza esteve presente no período, na maioria das vezes dialogando com assun-
tos de âmbito econômico, no caso da Revolução Verde não foi diferente. 
Nesse ponto cabe destacar que Crosby, em seu artigo “O Passado e 
Presente da História Ambiental”, diz muito mais sobre as questões tecnológicas 
que as econômicas no intuito de materializar a emergência da História Ambiental 
nos EUA. Não se trata de procurar mensurar ou definir protagonismos entre os 
dois campos, mas entender a influência do pensamento econômico na valoração 
dos recursos naturais é imprescindível para elucidar o surgimento da História 
Ambiental.“A história não foi a única disciplina afetada por essa maré montante 
 
 
 
9 
de preocupação pública: o trabalho acadêmico nas áreas de direito, filosofia, 
economia, sociologia e outras foi igualmente sensível a esse movimento”. 
Nas décadas de 70 e 80 o neoliberalismo, evocação do liberalismo do 
começo do século XX, adaptava os princípios do liberalismo clássico a um Es-
tado regulador e assistencialista, e procurava restringir a intervenção econômica 
do Estado a um grau mínimo. A política adotada durante a Guerra Fria visava 
atender as necessidades do mercado capitalista e utilizar a onda de propagação 
do bem-estar coletivo e consumo excessivo para desdobrar o capitalismo sobre 
os domínios comunistas. Neste ponto, a contribuição de Karl Polanyi é funda-
mental, pois apesar de ter escrito “A Grande Transformação: as origens da nossa 
época” no início da década de quarenta, seu trabalho alcança os dois momentos 
do neoliberalismo. Segundo o autor, o liberalismo evocado nos países “centrais”, 
nunca teria sido realmente liberal, pois o progresso econômico só ocorreu por 
estar ligado a quatro instituições: o sistema de “Equilíbrio de Poder” entre as 
grandes nações européias; o Padrão Ouro, que permitia transações comerciais 
em nível mundial; a ideia de mercado auto-regulável; e o Estado Liberal não 
intervencionista. Ao trabalhar com as quatro instituições o autor deixa claro que 
o neoliberalismo não era resultado de simples ações individuais, como propa-
gandeava sua ideologia econômica. Ao contrário, dependia de um modelo polí-
tico internacional que era assentido pelas potências mundiais, o que denota um 
alto grau de intervencionismo. 
O sistema de mercado descrito por Polanyi se universalizou de forma 
única, o autor chega a comparar essa disseminação com a propagação do cris-
tianismo, porém esse movimento operava em um nível puramente material: “A 
produção é a interação do homem com a natureza. Se esse processo se organ-
izar através de um mecanismo auto-regulador de permuta e troca, então o 
homem e a natureza têm que ingressar na sua órbita, tem que se sujeitar à oferta 
e à procura, isto é, eles passam a ser manuseados como mercadorias, como 
bens produzidos para venda”. É nesse ponto que a contribuição do autor se mos-
tra interessante para a análise ambiental da doutrina econômica neoliberal. Si-
mon Schwartzman aponta que Polanyi não imaginava que anos depois das duas 
Grandes Guerras uma nova paz armada iria impor-se sob o signo do dólar. “Uma 
nova ordem surgiu, tanto ao nível de seus controles políticos e financeiros inter-
nacionais, quanto das contradições entre a economia de mercado e as formas 
 
 
 
10 
crescentes de autoproteção da sociedade que sempre lhe acompanham”. Essa 
nova ordem que impelia novos valores sobre o mundo social e natural, aliada a 
crescente tecnologia, clamava por uma ética atualizada que estivesse vinculada 
às crescentes preocupações relacionadas a sustentabilidade da e na vida. 
No contexto levantado por Alfred Crosby como “produtor” da História Am-
biental uma obra filosófica destacase pela maneira como encara ciência, na-
tureza e seres humanos. “O Princípio Responsabilidade: Ensaio de uma ética 
para a civilização tecnológica” de Hans Jonas, publicada no final da década de 
setenta, oferece uma nova ética para a sociedade em que a ciência possui forças 
inimagináveis e a economia um impulso infatigável, onde “a promessa da tecno-
logia moderna se converteu em ameaça”. 
De acordo com Jonas todos os modelos éticos utilizados pela sociedade 
ocidental são antropocêntricos e voltados para contemporaneidade, diferente 
disso propõe, uma ética que assegura a perpetuação da vida no planeta. Mesmo 
sem tratar explicitamente de termos ambientais ressalta que a moderna inter-
venção tecnológica relegou a natureza apenas para uso humano e passível de 
ser alterada radicalmente. Logo, os seres humanos passaram a manter uma 
relação de responsabilidade com a natureza, pois ela encontra-se sobre a tutela 
humana. Por mais que a afirmação de Hans Jonas possa ser contestada com os 
desastres ambientais que fazem dos homens e mulheres “reféns” do meio, é 
indiscutível que o avanço tecnológico forneceu à espécie humana o poder de 
introduzir alterações duradoras e imprevisíveis. Por isso Jonas enfatiza que na 
busca de um pretensioso progresso a humanidade ameaçou o seu futuro e o da 
natureza. A civilização técnica onde o Prometeu está desacorrentado “tornou-se 
‘toda-poderosa’ no que tange ao seu potencial de destruição”. Na ideia de Jonas 
para uma ética ao futuro da humanidade, emerge a constatação de que separar 
analiticamente a natureza e seres humanos é um absurdo, pois é impossível 
para qualquer civilização viver em um ambiente degradado. Abdicada a condição 
supranatural do homo sapiens as alternativas “preservação ou destruição” ficam 
bem mais claras. 
Como caminho para a ética da responsabilidade, segundo o autor, é in-
dispensável o homem se liberar do engodo da utopia. Esta implica sempre um 
modelo de ação onde “os fins justificam os meios”, pois dessa forma invariavel-
mente “os meios deturpam os fins”. “Ao otimismo inclemente opõe-se o ceticismo 
 
 
 
11 
misericordioso”. Neste contexto onde a técnica e economia definem os caminhos 
e utilizações dos recursos naturais e meio ambiente no planeta globalizado, a 
História Ambiental aparece nos Estados Unidos se apropriando de conceitos ori-
undos da História Social e História Cultural, fruto das imbricações filosóficas, 
econômicas e políticas da época. Nesse sentido, a História Ambiental consegue 
tornar a disciplina histórica mais inclusiva, pois como aponta Worster, “a história 
ambiental rejeita a premissa convencional de que a experiência humana se 
desenvolveu sem restrições naturais, de que os humanos são uma espécie dis-
tinta ‘supernatural’, de que as conseqüências ecológicas de seus feitos passados 
podem ser ignoradas”. 
Além da importância do levantamento físico do meio, e nessa questão a 
interdisciplinaridade com a Geografia é fundamental, o escopo ambiental se 
apropria do panorama cultural para melhor compreender as transformações no 
meio. As diretrizes de trabalho do historiador ambiental procuram avaliar as de-
mandas em conjuntos. O primeiro deles é o entendimento da natureza, tal como 
um determinado ambiente se organizou e funcionou no passado, para tanto o 
diálogo interdisciplinar com as ciências naturais torna-se pertinente, sempre 
atentando para o viés ecológico. Nesse sentido cabe afirmar que além da ilus-
tração acadêmica o historiador ambiental deve entrar em contato com os sa-
beres daqueles inseridos no ambiente. Com os procedimentos de história oral, 
por exemplo, pode se considerar o modo de vida e o posicionamento de pesca-
dores sobre as tradições, o passado de rios, lagoas e lagos, salientando também 
os posicionamentos sobre a atual situação do meio. Tal abordagem ainda vai ao 
encontro de extrair de entrevistas as percepções de natureza, as compreensões 
do passado e as diferentes formas de agir na atual situação em que se encontra 
o meio ambiente. Pois como aponta Worster, buscando os significados da na-
tureza o historiador ambiental deve analisar como essas ideias são socialmente 
construídas. 
O meio surge também como um dos protagonistas da História, que implica 
novos vetores de análise e diferentes formas de pensar a ação humana. Além 
de mero cenário onde os acontecimentos esclarecem conjunturas, o “entorno” 
passa não mais simplesmente condicionar os acontecimentos, mas, ainda, pos-
sibilita e potencializa. A História Econômica, Política e Cultural geralmente são 
 
 
 
12 
produzidas dentro de arcabouços nacionais, ou fronteiras politicamente defini-
das. Numa análise ambiental o meio se torna o recorte espacial, fronteiras polí-
ticas são utilizadas para que fique evidente como determinada cultura se rela-ciona com o meio. 
A história ambiental nasceu, portanto de um objetivo moral, tendo por trás 
fortes compromissos políticos, mas, à medida que amadureceu, transformou-se 
também num empreendimento acadêmico que não tinha uma simples ou única 
agenda moral ou política para promover. Seu objetivo principal se tornou apro-
fundar o nosso entendimento de como os seres humanos foram, através dos 
tempos, afetados pelo seu ambiente natural e, inversamente, como eles afeta-
ram esse ambiente e com que resultados. 
Donald Worster aponta um conjunto de três diretrizes que vem se 
mostrando eficazes no entendimento das interações entre os seres humanos e 
a natureza desde o final da década 80. O primeiro trata do entendimento da na-
tureza propriamente dita, nesse caso o apoio interdisciplinar das Ciências Natu-
rais mostra-se imprescindível para a compreensão da organização e funciona-
mento do meio. O segundo nível vincula-se às interações sócio-econômicas 
(adotando o sentido mais amplo do termo) na medida em que homens e mul-
heres interagem com a natureza, utilização dos recursos naturais e socia-
bilidades relacionadas ao meio tem lugar nesse nível. O terceiro é formado pela 
análise do tipo de interação mais intangível e exclusivamente humano, pura-
mente cultural. Valores, mitos, crenças, leis e outros elementos de significação 
meio natural são inquiridos em vista de se investigar o diálogo do indivíduo com 
a natureza. 
As ciências naturais contribuem na identificação do conjunto de recursos 
naturais disponíveis no território de uma sociedade. No entanto, as próprias ci-
ências sociais fazem o principal: na história das civilizações, em alguns ramos 
da antropologia cultural e na geografia humana os historiadores ambientais en-
contram conceitos e enfoques úteis para estudar o papel da cultura nos usos dos 
recursos. Afinal, os recursos só se tornam recursos quando culturalmente iden-
tificados e avaliados. Não existem recursos naturais per se. Os recursos não se 
impõem unilateralmente à cultura, embora possam vetar alguns caminhos e es-
timular outros. Vejamos alguns exemplos. As 
pastagens naturais, um recurso natural, são pouco importantes para um povo 
 
 
 
13 
sem animais domésticos herbívoros (que, aliás, são integrantes do mundo natu-
ral modificados pela cultura) que mora nelas. Para outro povo distante que do-
mesticou ou adotou cavalos e bois, no entanto, as pastagens naturais são recur-
sos cruciais. Pastagens “não-utilizadas” em muitos casos levaram povos pasto-
rialistas a invadir as terras de povos sem animais domésticos, condicionando 
fortemente as relações entre povos e culturas. 
Um minério útil, em outro exemplo, pode ser abundante no território de 
uma sociedade e, ainda assim, ser ignorado, pelo fato de ela não dominar a 
tecnologia do seu processamento. Apesar da abundância de minério de ferro em 
vários pontos do território do Brasil, os povos indígenas que os percorriam não 
lhe davam importância. Mas os instrumentos metálicos introduzidos pelos euro-
peus - como facas e machados - foram altamente valorizados pelos mesmos 
indígenas. O desejo do indígena de possuir objetos metálicos até então desco-
nhecidos e a capacidade européia de supri-los afetaram as relações entre nati-
vos e colonizadores. 
O domínio do fogo, num último exemplo, amplia drasticamente o controle 
que uma sociedade tem sobre o seu território, condicionando o uso de recursos. 
Um povo que controla o fogo ganha acesso a novos alimentos e a novas técnicas 
de preservá-los, tem novas possibilidades de caça, de agricultura e pecuária, de 
artesanato e até de guerra. Mas nem todos os inumeráveis povos que domina-
ram o fogo usaram o carvão mineral como combustível, e destes nem todos fi-
zeram uma “idade metálica” (ferro, bronze etc.). Apenas um povo inventou a má-
quina a vapor e fez uma revolução industrial baseada nela. Como se pode ver 
nesses exemplos, os historiadores ambientais fogem do determinismo natural, 
tecnológico ou geográfico, mas se recusam a ignorar a influência dos quadros 
naturais na história e na cultura das sociedades humanas. Como diz Worster, 
não podemos mais nos dar ao luxo dessa inocência. 
 
Concomitante com o amadurecimento do campo, discussões sobre sus-
tentabilidade ganharam terreno e firmavam-se como reflexões essenciais para 
um panorama semi-apocalíptico. A ideia de desenvolvimento está no centro do 
mundo ocidental, sendo o homem agente transformador do mundo, ste interage 
com o meio a fim de efetivar suas potencialidades. Esse ponto de vista um tanto 
 
 
 
14 
quanto teleológico está presente na obra de Celso Furtado, afirma que, “a in-
venção cultural geradora do desenvolvimento tende a orientar-se em dois eixos: 
a busca de eficácia na ação e a busca de propósito para a própria vida”. Entre-
tanto, no mundo ocidental contemporâneo houve o favorecimento do desenvol-
vimento da técnica e o atrofiamento dos valores substantivos do ser humano. 
 Apesar do conceito de desenvolvimento sustentável ser dotado de diver-
sos significados e ser apropriado pelos mais diferentes sujeitos, tornou-se a base 
para o pensamento orientado na direção de refletir sobre as questões que o 
modelo desenvolvimentista impõe. O conceito contido no relatório da Comissão 
Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, intitulado Nosso Futuro Co-
mum, é tido como base para as noções mais elaboradas da reflexão. No docu-
mento o desenvolvimento sustentável é definido como “(...) um processo de 
transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, 
a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se har-
monizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às neces-
sidades e aspirações humanas”. 
Por mais abrangente que pareça o conceito, é indiscutível a sua importân-
cia na direção de criar um consenso capaz direcionar os olhares das pesquisas 
e produções sobre o tema. Nesse contexto, é valiosa a contribuição de José Eli 
da Veiga que auxilia no esclarecimento de questões ligadas à natureza do con-
ceito de desenvolvimento sustentável, ora visto como mera ilusão ou falácia, ora 
utilizado como ideal generoso e comparado até mesmo à justiça social. Diferente 
de Sewell que olha para dentro dos Estados Unidos, Jurandir Malerba em sua 
obra “História na América Latina. Ensaio de crítica histórica”, observa o pano-
rama europeu e latino americano a fim de marcar a guinada cultural como ponto 
de transição para a historiografia brasileira. Partindo do pressuposto de que a 
historiografia latino-americana acompanha os movimentos “centrais” com uma 
defasagem de aproximadamente vinte anos, avalia a chegada da história social 
em 1980 e nova história cultural em 1990. Por isso, se mostra preocupado com 
a distância teórica relacionada ao tempo de apropriação das mesmas e, ainda, 
questiona a necessidade dessa apropriação teórica. Ao se trabalhar com a con-
juntura nacional de produção historiográfica relacionada à História Ambiental, 
também fica evidente a apropriação da temática produzida no outro hemisfério 
com alguns anos de diferença. As primeiras iniciativas propriamente ambientais 
 
 
 
15 
e harmônicas com as reflexões globais surgem a partir da década de noventa no 
Brasil. 
Atualmente, com o amadurecimento das discussões ambientais questões 
de natureza mais complexa despontam no panorama estudado, as “relações so-
ciedade-natureza abre[m] a porta dos estudos e suas relações mais complexas”. 
Essa nova problemática é defendida por Enrique Leff como Complexidade Am-
biental, em diversos livros ele vem amadurecendo o conceito e tornando-o mais 
holístico. A sua complexidade ambiental como chave de análise toma em-
prestado do meio natural a multiplicidade de vetores que incidem sobre uma 
questão, nesse caminho problematiza as relações entre ecologia e economia a 
partir do campo do poder e da cultura.As contribuições para o desenvolvimento de uma metodologia ambiental 
no Brasil são, dentre vários autores, trabalhos de Regina H. Duarte e Eunice 
Sueli Nodari. A perspectiva de Duarte é direcionada pelo encontro de História e 
Biologia, o que se torna evidente, por exemplo, no debate sobre as concepções 
da natureza no pensamento ambiental histórico brasileiro. Os trabalhos de No-
dari relacionados à História Ambiental são referenciados, em sua maioria, pela 
pesquisa sobre Florestas, desmatamento, devastação e preservação, este tra-
balho se desdobra tanto em projetos quanto em orientações de Mestrado e de 
Doutorado. Nodari salienta a importância desse tipo de estudo ao assegurar que: 
“As áreas de florestas brasileiras perderam a sua identidade original no decorrer 
da história, uma vez que a intervenção humana fragmentou e degradou os ecos-
sistemas. Embora presente, a sucessão florestal está ocorrendo nos fragmentos. 
Porém isto não é suficiente para recuperar a fisionomia original da região. A evo-
lução florestal é um processo dinâmico, o qual envolve tempo-espaço e ocorre 
numa velocidade imperceptível aos nossos sentidos, que se estende por várias 
gerações humanas. (...) Como historiadores temos que, pelo menos, tentar re-
cuperar a história desta relação homem/floresta e passar para as gerações fu-
turas algumas preocupações que devem estar presentes na nossa vida e na das 
gerações futuras de que a natureza não é, como nossos avós pensavam, um 
bem inesgotável e, portanto não precisava ser preservado”. 
Miguel M. X. de Carvalho em sua dissertação de mestrado traça um par-
alelo entre a emergência da História Ambiental e a crescente ação ambientalista 
a partir de 1970, endossa a profunda ligação que os dois campos possuem e 
 
 
 
16 
salienta que a História Ambiental incorporou demandas ambientalistas, ou seja, 
demandas da sociedade. Questões como conservação da natureza e controle 
da poluição foram somadas à equidade e justiça social, mas apesar da agenda 
ambientalista amalgamar temas sociais e conservacionistas ela ainda não é con-
senso. 
Na trajetória da História Ambiental fica evidente a apropriação das diver-
sas transformações que adentraram o campo histórico, sejam as estruturas so-
ciais que permaneceram após a década de setenta do século XX, ou os aspectos 
culturais oriundos das aspirações de novos sujeitos históricos, momentos onde 
emerge uma efetiva conjugação das demandas sociais. Nos embates pelos pro-
tagonismos da e na História, de forma simplória, a contribuição da História Am-
biental transcende a dualidade seres humanos/natureza para a construção de 
uma abordagem que caminha na direção das demandas sociais sobre o entendi-
mento da interação entre seres humanos e natureza tanto no passado, quanto 
no presente. 
 
 
2 Desenvolvimento Sustentável 
 
2.1 Conceito 
 
“O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração 
atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as 
suas próprias necessidades”, esta é a definição mais comum de desenvolvi-
mento sustentável. Ela implica possibilitar às pessoas, agora e no futuro, atingir 
um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização hu-
mana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da 
terra e preservando as espécies e os habitats naturais. O conceito de desenvol-
vimento sustentável procura harmonizar os objetivos de desenvolvimento eco-
nômico, desenvolvimento social e a conservação ambiental. Em resumo, é o de-
senvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Um desenvolvimento 
sustentável requer planejamento e o reconhecimento de que os recursos são 
finitos. Ele não deve ser confundido com crescimento econômico, pois este, em 
 
 
 
17 
princípio, depende do consumo crescente de energia e recursos naturais. O de-
senvolvimento nestas bases é insustentável, pois leva ao esgotamento dos re-
cursos naturais dos quais a humanidade depende. 
 
2.2 Histórico 
 
O conceito de desenvolvimento sustentável foi reconhecido internacional-
mente em 1972, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Hu-
mano, realizada em Estocolmo, Suécia. A comunidade internacional adotou a 
ideia de que o desenvolvimento sócioeconômico e o meio ambiente, até então 
tratados como questões separadas, podem ser geridos de uma forma mutua-
mente benéfica. 
 Em 1983, é estabelecida a Comissão Mundial das Nações Unidas sobre 
o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Esta comissão foi incumbida de investigar 
as preocupações levantadas nas décadas anteriores acerca dos graves e nega-
tivos impactos das atividades humanas sobre o planeta, e como os padrões de 
crescimento e desenvolvimento poderiam se tornar insustentáveis caso os limi-
tes dos recursos naturais não fossem respeitados. O resultado desta investiga-
ção foi o Relatório “Nosso Futuro Comum” publicado em abril de 1987. 
 O documento ficou conhecido como Relatório Brundtland, em referência 
à Gro Harlem Brundtland, ex-primeira ministra norueguesa e médica que chefiou 
a comissão da ONU (Organização das Nações Unidas) responsável pelo traba-
lho. O Relatório Brundtland formalizou o conceito de desenvolvimento sustentá-
vel e o tornou conhecido do público. “Satisfazer as necessidades presentes, sem 
comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias neces-
sidades “, cerne do conceito de desenvolvimento sustentável se tornou o funda-
mento da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvi-
mento (ECO-92), realizada no Rio de Janeiro em 1992. O encontro foi um marco 
internacional, que reconheceu o desenvolvimento sustentável como o grande 
desafio dos nossos dias, e também assinalou a primeira tentativa internacional 
de elaborar planos de ação e estratégias neste sentido. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Comiss%C3%A3o_Mundial_sobre_Meio_Ambiente_e_Desenvolvimento
https://pt.wikipedia.org/wiki/Comiss%C3%A3o_Mundial_sobre_Meio_Ambiente_e_Desenvolvimento
https://pt.wikipedia.org/wiki/Relat%C3%B3rio_Brundtland
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gro_Harlem_Brundtland
https://pt.wikipedia.org/wiki/Eco-92
https://pt.wikipedia.org/wiki/Eco-92
 
 
 
18 
2.3 Componentes do desenvolvimento sustentável 
 
O campo do desenvolvimento sustentável pode ser dividido em quatro 
componentes: a sustentabilidade ambiental, a sustentabilidade econômica, 
a sustentabilidade sociopolítica e a sustentabilidade cultural. 
A sustentabilidade ambiental consiste na manutenção das funções e 
componentes dos ecossistemas para assegurar que continuem viáveis – capa-
zes de se auto-reproduzir e se adaptar a alterações, para manter a sua variedade 
biológica. É também a capacidade que o ambiente natural tem de manter as 
condições de vida para as pessoas e para os outros seres vivos, tendo em conta 
a habitabilidade, a beleza do ambiente e a sua função como fonte de energias 
renováveis. 
A sustentabilidade econômica é um conjunto de medidas e politicas 
que visam a incorporação de preocupações e conceitos ambientais e sociais. O 
lucro passa a ser também medido através da perspectiva social e ambiental, o 
que leva à otimização do uso de recursos limitados e à gestão de tecnologias de 
poupança de materiais e energia. A exploração sustentável dos recursos evita o 
seu esgotamento. 
A sustentabilidade sociopolítica é orientada para o desenvolvimento 
humano, a estabilidade das instituições públicas e culturais, bem como a redu-
ção de conflitos sociais. É um veículo de humanização da economia, e, ao 
mesmo tempo, pretende desenvolver o tecido social nos seus componentes hu-
manos e culturais. 
Vê o ser humano não como objeto, mas sim como objetivo do desenvol-
vimento. Ele participa na formação de políticas que o afetam, decide, controla e 
executa decisões. 
 A sustentabilidade cultural leva em consideração como os povos enca-
ram os seus recursos naturais,e sobretudo como são construídas e tratadas as 
relações com outros povos a curto e longo prazo, com vista à criação de um 
mundo mais sustentável a todos os níveis sociais. A integração das especifici-
dades culturais na concepção, medição e prática do desenvolvimento sustentá-
vel é fundamental, uma vez que assegura a participação da população local nos 
esforços de desenvolvimento. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sustentabilidade_ambiental
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sustentabilidade_econ%C3%B4mica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento_sustent%C3%A1vel#Sustentabilidade_s.C3.B3cio-politica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sustentabilidade_Cultural
https://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28588-o-que-e-desenvolvimento-sustentavel/dicionario-ambiental/28516-o-que-e-um-ecossistema-e-um-bioma
 
 
 
19 
 
2.4 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável 
 
Em 2015, foram definidos os objetivos do desenvolvimento sustentável 
(ODS). Eles deverão orientar as políticas nacionais e as atividades de coopera-
ção internacional até 2030. 
 O Brasil participou das negociações para a definição dos objetivos do de-
senvolvimento sustentável. Após a definição dos ODS, o país criou a Agenda 
Pós-2015, para articular e orientar as atividades a serem desenvolvidas. Ao 
total, foram definidos 17 objetivos do desenvolvimento sustentável: 
1. Erradicar a pobreza 
2. Erradicar a fome 
3. Saúde de qualidade 
4. Educação de qualidade 
5. Igualdade de gênero 
6. Água potável e saneamento 
7. Energias renováveis e acessíveis 
8. Trabalho digno e crescimento econômico 
9. Indústrias, inovação e infraestruturas 
10. Redução das desigualdades 
11. Cidades e comunidades sustentáveis 
12. Consumo e produção responsáveis 
13. Ação contra a mudança global do clima 
14. Vida na água 
15. Vida terrestre 
16. Paz, justiça e instituições eficazes 
17. Parcerias e meios de implementação 
 
2.5 Desenvolvimento Sustentável no Brasil 
 
O Brasil considera como prioridade os objetivos do desenvolvimento sus-
tentável, conforme os documentos criados para direcionar políticas voltadas a 
eles. Ainda é considerada como diretriz central a superação das desigualdades. 
O Brasil é um país de destaque no cenário internacional em assuntos voltados 
 
 
 
20 
ao meio ambiente. No país, já foram sediadas as duas mais importantes confe-
rências internacionais sobre sustentabilidade da história: 
 Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-
92) 
 Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). 
 
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvi-
mento (Cnumad), realizada em junho de 1992 no Rio de Janeiro, marcou a forma 
como a humanidade encara sua relação com o planeta. Foi naquele momento 
que a comunidade política internacional admitiu claramente que era preciso con-
ciliar o desenvolvimento socioeconômico com a utilização dos recursos da natu-
reza. 
Na reunião - que ficou conhecida como Rio-92, Eco-92 ou Cúpula da 
Terra - que aconteceu 20 anos depois da primeira conferência do tipo em Esto-
colmo, Suécia, os países reconheceram o conceito de desenvolvimento susten-
tável e começaram a moldar ações com o objetivo de proteger o meio ambiente. 
Desde então, estão sendo discutidas propostas para que o progresso se dê em 
harmonia com a natureza, garantindo a qualidade de vida tanto para a geração 
atual quanto para as futuras no planeta. 
A avaliação partiu do pressuposto de que, se todas as pessoas almejarem 
o mesmo padrão de desenvolvimento dos países ricos, não haverá recursos na-
turais para todo mundo sem que sejam feitos graves - e irreversíveis - danos ao 
meio ambiente. 
Na Rio-92, chegou-se à conclusão de que temos de agregar os compo-
nentes econômicos, ambientais e sociais. Se isso não for feito, não há como se 
garantir a sustentabilidade do desenvolvimento - analisou na CRE, em março 
passado, Luiz Alberto Figueiredo Machado, coordenador-geral dos preparativos 
da Conferência Rio+20. O ambiente político internacional da época favoreceu a 
aceitação pelos países desenvolvidos de que as responsabilidades pela preser-
vação do meio ambiente e pela construção de um convívio equilibrado com o 
planeta são diferentes. 
https://www.todamateria.com.br/eco-92/
https://www.todamateria.com.br/eco-92/
https://www.todamateria.com.br/rio-mais-20/
 
 
 
21 
 Na Rio-92, ficou acordado, então, que os países em desenvolvimento de-
veriam receber apoio financeiro e tecnológico para alcançarem outro modelo de 
desenvolvimento que seja sustentável, inclusive com a redução dos padrões de 
consumo - especialmente de combustíveis fósseis (petróleo e carvão mineral). 
Com essa decisão, a união possível entre meio ambiente e desenvolvimento 
avançou, superando os conflitos registrados nas reuniões anteriores patrocina-
das pela ONU, como na Conferência de Estocolmo, em 1972. 
O Rio Mais 20, Rio 20, Rio+20 foi um evento de sustentabilidade o qual 
retoma, após 20 anos, diversos temas que foram explorados durante o evento 
Eco-92. Considerado um dos maiores eventos organizados pela ONU, o Rio+20 
ocorreu entre os dias 13 e 22 de junho de 2012 em diversas partes da cidade do 
Rio de Janeiro. Os principais temas abordados foram: desenvolvimento susten-
tável, economia verde, inclusão social e pobreza. 
O evento contou com a participação de mais de 180 países do mundo 
integrantes da ONU, bem como da presença de Chefes de Estado, de Governo 
e ainda, dos principais organismos internacionais. 
 Além de discutir temas em torno das questões ambientais, o evento teve 
como objetivos fortalecer e assegurar o desenvolvimento sustentável entre os 
países envolvidos. Ademais, o tema da economia verde foi um dos principais 
objetivos da conferência. 
 Embora tenha sido construído com a união de diversos países que se 
propuseram a cooperar visando uma sociedade mais justa e sustentável para 
todos, os resultados coletados após o evento demostraram o contrário. Ou seja, 
diversos países que se comprometeram a apresentar soluções e ações de de-
senvolvimento acabaram por negligenciar diversas questões. Estudiosos apon-
tam que a crise internacional foi um dos fatores que impediu a tomada de deci-
sões. No entanto, diversos acordos e ações foram estabelecidos entre os países 
participantes de forma que os temas abordados geraram sucessos efetivos (di-
minuição de gases poluentes, aquecimento global, efeito estufa, ações de inclu-
são, etc.) e até hoje seguem sendo desafios que podem ser conquistados nas 
próximas décadas. Além disso, o Brasil teve papel determinante na aprovação 
dos seguintes documentos internacionais: 
 Agenda 21 
https://www.todamateria.com.br/agenda-21/
 
 
 
22 
 Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento 
 Declaração de Princípios sobre Florestas 
 Convenções sobre Biodiversidade, sobre Mudança Climática e sobre Desertifi-
cação. 
 
A Agenda 21 é um dos reflexos da Conferência Eco-92, que aconteceu 
em 1992, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. A finalidade de tal evento era dis-
cutir ações que pudessem aliar desenvolvimento socioeconômico e preservação 
ambiental. 
Cabe a cada país a responsabilidade de elaboração de sua Agenda 21. 
A mesma consiste em um documento pelo qual cada país deve ter o compro-
misso acerca dos problemas socioambientais existentes no mundo; partindo das 
problemáticas particulares ou regionais até as gerais ou globais. 
A Agenda 21 tem como objetivo elucidar acerca de uma nova perspectiva de 
desenvolvimento, disponibilizando uma inédita concepção para a sociedade in-
dustrial; além de estabelecer um conceito inovador em relação ao modelo de 
desenvolvimento instaurado atualmente. O documento prevê também que o de-
senvolvimento socioeconômico dos países deve estar firmado na qualidade, e 
não somente na quantidade, ou seja, considerando a preservação humana e da 
natureza.O que se busca a partir da Agenda 21 é a implantação global de um mo-
delo de desenvolvimento sustentável, tentando aliar preservação ambiental, 
questões sociais e crescimento econômico. A conciliação desses itens não é 
tarefa fácil, especialmente nas sociedades capitalistas que visam apenas o lucro.
 
 Diante do significado e dos objetivos propostos pela Agenda 21, nota-se 
que sua implantação efetiva parece estar distante, tendo em vista que os resul-
tados ainda são modestos ou imperceptíveis. 
A Declaração do Rio sobre o meio ambiente e o desenvolvimento é 
uma proposição da ONU para promover o desenvolvimento sustentável. Foi 
aprovada na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio ambiente e o Desen-
volvimento, realizada no Rio de Janeiro de 3 a 14 de junho de 1992. 
A Declaração de Princípios sobre Florestas, ou simplesmente 
Princípios sobre Florestas, é o nome informal dado à Declaração oficial de 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento_sustent%C3%A1vel
https://pt.wikipedia.org/wiki/Eco-92
https://pt.wikipedia.org/wiki/Eco-92
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(estado)
 
 
 
23 
princípios, sem força jurídica obrigatória, para um consenso global quanto à 
gestão, a conservação e o desenvolvimento sustentável de florestas de todos os 
tipos, um documento elaborado na CNUMAD, informalmente conhecida como 
Cimeira da Terra ou Eco-92. 
Na Cimeira da Terra, a negociação do documento complicou-se em 
função das demandas dos países em via de desenvolvimento, do Grupo dos 77, 
para o aumento da ajuda estrangeira, com o fim de pagar pela conservação das 
reservas florestais. Os países desenvolvidos opuseram-se a essas demandas, e 
o máximo que se pode negociar entre as partes foi um documento expressando 
objetivos, mas sem força jurídica. O Processo de Montreal, também conhecido 
como o Grupo de Trabalho sobre Critérios e Indicadores para a Conservação e 
o Manejo Sustentável dos Bosques Temperados e Boreais, se iniciou em 1994 
como resultado dos Princípios sobre Florestas. Em 1995 estabeleceu-se um 
Grupo Intergovernamental sobre Florestas, em qualidade de órgão subsidiário 
da Comissão sobre o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. 
 
 
Exemplos de ações sustentáveis 
 Utilização consciente dos recursos naturais 
 Preservação de bens naturais e da dignidade humana 
 Mudança ou diminuição nos padrões de consumo 
 Conscientização da população por meio de programas e ações socioambientais 
 Políticas eficazes voltadas para o desenvolvimento sustentável 
 Evitar desperdícios e excessos 
 Reciclagem 
 Fontes de energia renováveis 
 Reflorestamento 
 
 
 
 
https://www.todamateria.com.br/reciclagem/
https://www.todamateria.com.br/energia-renovavel/
 
 
 
24 
3 Desafios da mineração: desenvolvimento e inova-
ção para redução dos impactos ambientais e sociais 
 
 
 
 
Figura 1: Área de mineração 
Os setores de mineração e de metais enfrentam atualmente um período 
de grandes desafios, principalmente no que se refere ao desenvolvimento e à 
adoção de novas tecnologias para redução dos impactos ambientais e sociais 
causados pela mineração e metalurgia. 
 Dentre os principais movimentos estruturais a afetar o setor, destacam-se 
a agenda de promoção de maior sustentabilidade socioambiental e o desenvol-
vimento de um conjunto de novas tecnologias. As atividades de mineração (Fi-
gura 1) e metalurgia são, reconhecidamente, de elevado impacto ambiental. No 
caso da mineração, o enorme tamanho de algumas operações, a quantidade de 
carga movimentada e os rejeitos gerados têm representado riscos para diversas 
regiões e populações, eventualmente afetadas por acidentes e mecanismos ine-
ficientes de deposição e monitoramento. Já a metalurgia é um dos setores mais 
intensivos em energia e emissões de gases de efeito estufa (GEE), sendo alvo 
direto das ações de preservação do clima em todo o mundo. Ambos os setores 
também são grandes consumidores de água. 
 Esse conjunto de desafios oferece oportunidades para as empresas des-
ses setores, que deverão ser capazes de atender aos requisitos de sustentabili-
http://www.mma.gov.br/clima/convencao-das-nacoes-unidas/acordo-de-paris
 
 
 
25 
dade impostos e desenvolver operações cada vez mais eficientes. Nesse con-
texto, há uma tendência para a elevação do conteúdo tecnológico nesses seto-
res, reconhecidos, tradicionalmente, como de baixa intensidade tecnológica.
 
 Novas tecnologias estão sendo adotadas para otimização, controle e au-
tomação de operações e viabilização de novos empreendimentos de lavra e 
transformação mineral. Tecnologias como big data, impressão 3D e novos ma-
teriais têm permitido uma redução expressiva do ciclo de desenvolvimento de 
novos produtos. 
3.1 Desafios atuais da mineração e da metalurgia 
 
A pressão por maior sustentabilidade e inovação são alguns dos princi-
pais fatores a orientar as estratégias das empresas e a dinâmica de mercado 
nos próximos anos. 
 Esforços tecnológicos têm sido feitos para reduzir as emissões de GEE. 
Fontes de energia renováveis, a exemplo da eólica, da biomassa e da energia 
solar, têm sido mais exploradas, fazendo com que o custo relativo de geração 
energética de tais fontes venha sendo reduzido nos últimos anos. Ainda que, no 
cômputo geral, o custo da adoção de processos mais sustentáveis seja alto, eles 
começam a ser cada vez mais empregados pelas empresas, para redução do 
impacto sobre o meio ambiente. Em certa medida, observa-se que a ótica eco-
nômica vem sendo influenciada pelas questões de sustentabilidade. Dada a ur-
gência do problema, a tendência é que o ritmo de inovação acerca do tema seja 
cada vez maior. 
 
3.2 Tendências tecnológicas e de inovação para mineração e metais 
 
A criação e a difusão de novas tecnologias com maior transversalidade e 
aplicação têm promovido importantes mudanças nos setores de mineração e 
metais, tradicionalmente menos intensivos em tecnologia e conhecimento. No 
cenário atual de difusão das tecnologias de big data, internet das coisas, manu-
fatura aditiva e novos materiais, esforços vêm sendo empregados em inovação 
e desenvolvimento de sistemas e processos mais eficientes de produção. Esses 
http://www.mme.gov.br/web/guest/secretarias/geologia-mineracao-e-transformacao-mineral/plano-nacional-de-mineracao-2030/pnm-2030
 
 
 
26 
esforços tem como referência o conceito alemão industrie 4.0 e o norte-ameri-
cano smart manufacturing (manufatura inteligente). A chamada indústria 4.0 faz 
referência ao que seria uma quarta revolução industrial, baseada principalmente 
na digitalização e na interconectividade dos sistemas e elos das cadeias de de-
senvolvimento e produção. Esse conceito é amplamente aplicado na manufatura 
avançada, mas vem se fazendo cada vez mais presente no setor de serviços e 
na concepção de cidades inteligentes. De forma semelhante, esse desenvolvi-
mento envolve maior aprofundamento e transversalidade da aplicação de tecno-
logias de informação e comunicação (TICs), ampliando a interconectividade para 
as diversas etapas de produção e fornecimento. O objetivo é a criação de meca-
nismos que permitam controle ótimo integrado dos diversos processos, parâme-
tros e insumos ao longo das cadeias de produção. 
 As principais áreas de pesquisa em manufatura avançada estão relacio-
nadas a sensores e monitoramento, incluindo novos métodos de mensuração de 
dados a baixo custo, análise de processos em tempo real e integração com tec-
nologias de controle; sistemas de controle e automação, com integração rápida 
entre os diversos mecanismos de produção e negócios, e modelos de simulação; 
sistemas digitais para simulação e visualização 3D, capazes de permitir design 
de produto e definição de métodos de produção; além de plataformas digitais, 
padrões e protocolos de comunicação para suporte a esse fluxo e integração de 
dados, compartilhadosentre sistemas digitais e reais. A identificação de oportu-
nidades de aplicação desses conceitos e adoção dessas tecnologias é parte dos 
esforços de desenvolvimento observados atualmente. Os setores de mineração 
e metais apresentam grandes oportunidades para ganhos de produtividade e 
eficiência, principalmente no que se refere à necessidade de redução de riscos 
e os impactos socioambientais. 
3.3 Inovação e redução dos impactos ambientais causados pela miner-
ação 
 
A agenda do setor de mineração deverá contemplar principalmente solu-
ções para minimizar o volume de material movimentado da mina e de efluentes 
não aproveitados; o consumo de água; os riscos decorrentes dos processos de 
beneficiamento e da deposição de rejeitos; e os impactos da mina; além de au-
mentar os níveis de benefícios e satisfação social decorrentes das operações 
https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/conhecimento/noticias/noticia/inovacao-tecnologia-mineracao-metais?1dmy&urile=wcm%3apath%3a%2Fbndes_institucional%2Fhome%2Fconhecimento%2Fnotas-sobre-conhecimento%2Fnoticia%2Fmanufatura-avancada
https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/conhecimento/noticias/noticia/inovacao-tecnologia-mineracao-metais?1dmy&urile=wcm%3apath%3a%2Fbndes_institucional%2Fhome%2Fconhecimento%2Fnotas-sobre-conhecimento%2Fnoticia%2Finternet-coisas-iot
https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/conhecimento/noticias/noticia/inovacao-tecnologia-mineracao-metais?1dmy&urile=wcm%3apath%3a%2Fbndes_institucional%2Fhome%2Fconhecimento%2Fnotas-sobre-conhecimento%2Fnoticia%2Finternet-coisas-iot
 
 
 
27 
mineiras, com processos de fechamento de mina e de reabilitação de áreas de-
gradadas. O “acidente” (ou crime ambiental, como definem muitos estudiosos) 
de elevadas proporções ocorrido no município de Mariana (MG), em 2015, e o 
de Brumadinho (MG), em 2019, chama a atenção para o risco de rompimento de 
barragens de rejeitos, presentes na maioria dos empreendimentos de minera-
ção. O rompimento de barragem em Brumadinho em 25 de janeiro de 2019 foi o 
maior acidente de trabalho no Brasil em perda de vidas humanas e o segundo 
maior desastre industrial do século. Foi um dos maiores desastres ambien-
tais da mineração do país, depois do rompimento de barragem em Mariana. 
Controlada pela Vale S.A., a barragem de rejeitos denominada barragem da 
Mina Córrego do Feijão, era classificada como de "baixo risco" e "alto potencial 
de danos" pela empresa. Acumulando os rejeitos de um mina de ferro, ficava no 
ribeirão Ferro-Carvão, na região de Córrego do Feijão, no município de Bruma-
dinho, estado de Minas Gerais. O desastre industrial, humanitário e ambien-
tal causou a morte de 259 pessoas e o desaparecimento de outras 11. A tragédia 
fez com que o Brasil se tornasse o país com o maior número de mortes neste 
tipo de acidente, somando-se a outros dois desastres com perdas humanas ou 
graves danos ambientais: o rompimento da barragem da Herculano Mineração, 
em Itabirito (2014, com três mortes) e o rompimento da barragem em Mariana 
(2015, com dezenove mortes). 
Essas fatalidades corroboram o sentimento de urgência em se promover 
uma mineração mais segura e sustentável. A agenda da sustentabilidade na mi-
neração está pressionada também por outros fatores, como a redução do teor 
de concentração dos minérios lavrados, o aumento do volume de material movi-
mentado – incluindo os impactos decorrentes dessa movimentação –, e as fre-
quentes crises hídricas enfrentadas em diversas regiões do país, o que sempre 
impõe restrições à atividade de exploração mineral. 
 Nesse sentido, o setor vive um ciclo de investimentos em pesquisa, de-
senvolvimento e difusão de tecnologias e processos, com foco no aumento da 
recuperação dos minérios de interesse e no aproveitamento e aglomeração de 
finos e ultrafinos; na recuperação e reaproveitamento de resíduos e elementos 
dispersos, incluindo processos para destinação alternativa de uso; em tecnolo-
https://pt.wikipedia.org/wiki/Acidente_de_trabalho
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desastre_ambiental
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desastre_ambiental
https://pt.wikipedia.org/wiki/Minera%C3%A7%C3%A3o_no_Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rompimento_de_barragem_em_Mariana
https://pt.wikipedia.org/wiki/Vale_S.A.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Barragem_de_rejeitos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Minera%C3%A7%C3%A3o_a_c%C3%A9u_aberto
https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3rrego_do_Feij%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brumadinho
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Minas_Gerais
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desastre_ambiental
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desastre_ambiental
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rompimento_de_barragem_em_Itabirito
https://pt.wikipedia.org/wiki/Itabirito
 
 
 
28 
gias de baixo risco ambiental para deposição de resíduos; na recuperação e reu-
tilização da água empregada nos processos, ou mesmo na redução ou elimina-
ção da necessidade de uso dessa água; e no monitoramento e controle de bar-
ragens e riscos ambientais. 
 A definição de parâmetros mais rígidos de segurança para a construção 
de novas barragens já é uma realidade em novos licenciamentos ambientais 
concedidos no Canadá. 
3.4 Novas tecnologias e inovações aplicadas a operações sustentáveis 
 
A eliminação do uso de barragens continua a ser um dos mais importantes 
desafios para a mineração sustentável. Pesquisadores e engenheiros têm traba-
lhado no desenvolvimento de processos de concentração sem adição de água e 
de processos alternativos de deposição de rejeitos. Exemplos bem-sucedidos 
são o processo de beneficiamento à umidade natural do projeto Ferro Carajás 
S11D, da Vale S.A., e o método de deposição a seco utilizado na mina de Karara, 
na Austrália. Outra inovação para deposição a seco de rejeitos foi uma centrífuga 
decantadora desenvolvida pela empresa Alfa Laval para a mina de carvão Rix’s 
Creek, localizada no Hunter Valley, uma das regiões de maior produção de car-
vão na Austrália. Os investimentos para redução de riscos relacionados a barra-
gens envolvem ainda a utilização de softwares de monitoramento de imagens 
das superfícies de barragens, a fim de identificar e alertar acerca de eventuais 
movimentos irregulares. 
 Uma outra linha de desenvolvimento se refere à exposição dos rejeitos da 
mineração ao intemperismo, ocasionando um sério problema ambiental, a dre-
nagem ácida de mina (DAM). Esse processo provoca a contaminação do solo e 
dos recursos hídricos pela liberação de metais e outras substâncias em quanti-
dade considerável. O problema pode se agravar quando as atividades de mine-
ração são realizadas em locais com minerais sulfetados, que, sujeitos à ação de 
certas bactérias, transformam-se em ácido sulfúrico, causando a solubilização 
dos minérios e o respectivo aumento da contaminação. Visando à mitigação 
desse problema, pesquisas biotecnológicas vêm sendo desenvolvidas, com ên-
fase no uso de bactérias endógenas específicas, as chamadas bactérias mine-
radoras, para a oxidação dos minerais sulfetados presentes nos rejeitos, de 
forma acelerada, controlada e segura, diminuindo o impacto da DAM. 
http://www.vale.com/hotsite/pt/paginas/AvancoTecnologico.aspx
http://www.vale.com/hotsite/pt/paginas/AvancoTecnologico.aspx
http://www.kararamining.com.au/
http://revistapesquisa.fapesp.br/2012/10/11/bacterias-mineradoras/
http://revistapesquisa.fapesp.br/2012/10/11/bacterias-mineradoras/
 
 
 
29 
 
 Nessa linha, o processo conhecido como biolixiviação consiste em empi-
lhar os rejeitos sobre uma estrutura impermeável e recircular sobre ela uma so-
lução que promova o crescimento de um tipo específico de bactéria, produzindo 
uma solução ácida e oxidante, chamada de lixívia. A lixívia é continuamente re-
circulada pela pilha, promovendo o enriquecimento de metais solúveis que po-
dem ser posteriormente recuperados, aumentando, assim, a eficiência dopro-
cesso mineral. Outra abordagem de pesquisa, ainda em fase experimental, é a 
da reciclagem de rejeitos. Pesquisadores da Escola de Engenharia da Universi-
dade Federal de Minas Gerais (UFMG) já detêm tecnologia para transformação 
de rejeitos e estéreis da minerações de ferro, bauxita, fosfato e calcário em di-
versos produtos, como cimento – para construção de blocos, vigas, passeios, 
estradas –, areia – que pode alimentar a indústria de vidros e de chips de com-
putador – e pigmentos, insumo para a produção de tintas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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em Brumadinho pode ser a pior no mundo em 3 décadas». BBC News. 
 
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47034499
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