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Estruturas de Mercado Para separar as estruturas de mercado, os critérios são: • em termos de concorrência: número de firmas produtoras no mercado • diferenciação do produto • existência ou não de barreiras à entrada de novas empresas Classificação das estruturas de mercado: • concorrência perfeita: muitas empresas em operação que vendem produtos homogêneos • monopólio: uma única empresa em operação que vende um produto único (que não tem nenhum similar) • oligopólio: poucas empresas em operação que vendem produtos homogêneos • concorrência monopolística: muitas empresas em operação que vendem produtos diferenciados • monopsônio: existe apenas um consumidor • oligopsônio: existem poucos consumidores Concorrência Perfeita É a estrutura de mercado mais desejada da economia do ponto de vista do consumidor; o mercado agro é um exemplo de concorrência perfeita. ✓ Mercado impessoal: é impossível identificar com clareza quem é o produtor desse bem ✓ Informação perfeita: todos sabem os preços vigentes nesse mercado e todas as condições do mercado ✓ Livre mobilidade dos fatores de produção: não existem barreias à entrada e saída de empresas ✓ Atomicidade: cada entidade é tão pequena diante do todo, que nenhuma delas é capaz de ser definidora de preços. Os produtores são price takers. A curva de demanda dessa empresa é perfeitamente elástica: Como os produtos são homogêneos, os consumidores não comprarão um produto acima do preço de mercado; – sempre comprarão o mais barato, fazendo com que nessa estrutura de mercado a demanda seja perfeitamente elástica. Na concorrência perfeita, o lucro econômico a longo prazo é igual a zero, o que significa dizer que essa estrutura de mercado é a mais eficiente para o consumidor – não existe outra alternativa melhor. Para a firma, entretanto, ele não é desejável – visto que os produtores não querem ter um lucro econômico igual a zero. Lucro econômico = lucro contábil – custo de oportunidade O lucro máximo na concorrência perfeita Lucro máximo acontece quando Rmg = Cmg 𝑅𝑚𝑒 = 𝑅𝑇 𝑄 = 𝑃. 𝑄 𝑄 = 𝑃 𝑅𝑚𝑔 = ∆𝑅𝑇 ∆𝑄 = 𝑃 1 = 𝑃 Na concorrência perfeita, a receita marginal e a receita média são iguais ao preço – isso porque, nessa estrutura de mercado, o produtor é um tomador de preços. No equilíbrio, portanto, Rmg = P = Cmg. (CESPE/ECONOMIA) Com relação à teoria da firma, julgue a afirmativa a seguir: Se uma empresa em concorrência perfeita se defrontar com a situação em que o preço de mercado seja superior ao custo variável médio e obtiver, assim, lucro negativo, ela deverá encerrar suas atividades. Errado. A firma só deverá encerrar suas atividades quando o preço for menor que o custo variável médio. O ponto em que o custo médio se iguala ao custo marginal é o ponto de lucro econômico 0. Se o ponto de equilíbrio entre preço e custo marginal se encontrar acima da curva de custo médio, essa firma terá lucro econômico positivo. Abaixo do custo médio, o lucro será negativo – e a firma terá duas opções: operar em prejuízo ou encerrar suas atividades. No curto prazo, as empresas podem aguentar o prejuízo; a firma poderá aguentar o prejuízo até o momento em que o custo marginal se iguala ao ponto mínimo do custo variável médio. Nesse ponto, o que a firma recebe só paga pelos fatores variáveis de produção. Numa situação em que a receita da firma não paga nem pelos custos variáveis, ela deve paralisar ou encerrar suas atividades. O custo variável médio mínimo é, portanto, o ponto de fechamento da firma. Curva de oferta da firma no curto prazo A firma deseja maximizar lucros; se o lucro máximo é obtido quando o custo marginal é igual ao preço, portanto a quantidade ofertada é a quantidade que iguala custo marginal e preço. A curva de oferta da firma em concorrência perfeita no curto prazo é exatamente a curva de custo marginal. A curva de oferta da firma, em curto prazo e em concorrência perfeita, será o trecho ascendente da curva de custo marginal que estiver acima da curva de custo variável médio (acima do ponto de fechamento). Na concorrência perfeita, todas as firmas possuem a mesma estrutura de produção (o custo marginal é o mesmo para todas). A oferta da indústria é o somatório de todas as unidades produtoras. Curva de oferta da firma no longo prazo O longo prazo da concorrência perfeita está associado à livre entrada e saída de empresas, que vão alocar o equilíbrio de mercado para um lucro econômico igual a zero. Temos, portanto, que: RT = CT (lucro econômico zero). Vale lembrar que no longo prazo não existem fatores fixos, portanto, o CT será igual ao custo variável. ✓ Rmg = Rme = P = Cme = Cmg ( 𝑅𝑇 = 𝐶𝑇 𝑝. 𝑞 = 𝐶𝑚𝑒. 𝑞 𝑝 = 𝐶𝑚𝑒 ) A maximização de lucros no longo prazo aparece no custo médio mínimo. A curva de oferta no longo prazo pode ser negativamente inclinada. As condições para uma curva de oferta negativamente inclinada são: economias de escala; curva de oferta da indústria; custos decrescentes. A curva de oferta no longo prazo também pode ser horizontal. As condições para uma curva de oferta horizontal são: retornos constantes de escala. Monopólio O monopólio é o perfeito oposto da concorrência – existe somente um produtor5. O monopolista é o próprio mercado. Características básicas: ✓ Uma única empresa produtora do bem ou serviço; ✓ Não há produtos substitutos próximos (produto único); ✓ Existem barreiras à entrada de firmas concorrentes. Origens das barreiras de mercado: 5 Pode acontecer de haver outras empresas no mercado, mas se esse produtor for muito grande e atender às características, esse mercado pode ser considerado monopólio. R et o rn o s Crescentes: curva negativamente inclinada Constantes: curva horizontal Decrescentes: curva positivamente inclinada ✓ recursos de monopólio (somente aquela empresa tem aquele insumo, aquele recurso); ✓ regulamentação do governo (monopólio legal) – um exemplo é o caso das patentes. ✓ domínio do processo de produção (esse processo de produção só cabe uma empresa) O lucro máximo no monopólio A condição para maximização de lucros da empresa monopolista não muda: Rmg = Cmg. A diferença é que, nesse caso, a Rmg não é igual ao preço. O produtor não é tomador de preços – ele pode definir preços. O preço, no monopólio, será uma função da quantidade produzida. O preço definido pelo monopolista é aquele que, necessariamente, vai maximizar os lucros. RT = p(q). q Como a firma é o próprio mercado, a demanda para a firma monopolista é exatamente a demanda do mercado. No monopólio, a receita marginal será menor que o preço (Rmg < P). O preço, no caso do mercado monopolista, virá em função da curva de demanda (demanda invertida). RT = P.Q P= (𝑎 − 𝑏. 𝑄) RT = (𝑎 − 𝑏. 𝑄)𝑄 = 𝑎𝑄 − 𝑏𝑄2 Rmg = ⅆ𝑅𝑇 ⅆ𝑄 = 1. 𝑎. 𝑄0 − 2𝑏𝑄1 = 𝑎 − 2𝑏𝑄 𝑅𝑚𝑔 = 𝑑𝑅𝑇 𝑑𝑄 = 𝑑(𝑃. 𝑄) 𝑑𝑄 = 𝑄. 𝑑𝑃 𝑑𝑄 + 𝑃. 𝑑𝑄 𝑑𝑄 = 𝑄. 𝑑𝑃 𝑑𝑄 + 𝑃 𝑅𝑚𝑔 = 𝑃 ( 𝑄 𝑝 . 𝑑𝑃 𝑑𝑄 + 1) Elasticidade-preço da demanda: ⅆ𝑄 ⅆ𝑝 . 𝑃 𝑄 , portanto: 𝑅𝑚𝑔 = 𝑃 (1 + 1 𝐸𝑝𝑑 ) 𝑅𝑚𝑔 = 𝑃(1 − 1 |𝐸𝑝𝑑| ) A receita marginal da firma monopolista depende da elasticidade-preço da demanda. No processo de maximização de lucros, o monopolista determina qual será a quantidade ofertada ao mercado – quem define o preço é a demanda. Não existe curva de oferta no monopólio, porque a quantidade ofertada não é alterada. Definida a quantidade de equilíbrio, será essa a quantidade ofertada pela firma – não há, também, alteração de preços. A curva de oferta não existe nem no curto e nem no longo prazo. A posição de monopólio gera lucros extraordinários. A regulação no monopólio: o objetivo do regulador é fazer com que a firma monopolista cobre um nível de preço que seja igualao custo médio. Nem sempre o monopólio gera lucro – tudo vai depender da estrutura de custos dessa firma. No caso do custo médio ser maior que o ponto de maximização de lucros, a empresa monopolista tem prejuízo. Determinação do preço monopolista Mark up: a margem do preço que está acima do custo marginal. Na concorrência perfeita, o mark up é igual a 1. No monopólio, ele tende a ser maior que 1. Quanto maior o mark up, mais poder esse monopolista tem. 𝑀𝑎𝑟𝑘 𝑢𝑝 = 𝑃 𝐶𝑚𝑔 Para saber o poder que a firma tem para determinar preços na economia, medimos o índice de Lerner: 𝐿 = 𝑃 − 𝐶𝑚𝑔 𝑃 𝐿 = 1 |𝐸𝑝𝑑| A depender da elasticidade, a empresa tem maior ou menor poder na determinação de preços. Discriminação de preços no monopólio O monopolista pode vender por preços diferentes o mesmo produto. São três tipos de discriminação de preços: 1. Primeiro grau ou perfeita: o monopolista é capaz de cobrar de cada consumidor um preço diferente; esse preço é chamado de preço reserva, ou seja, o preço máximo que cada consumidor pagaria para consumir determinado bem. Essa condição é capaz de zerar o excedente do consumidor. 2. Segundo grau ou no pacote: o preço depende do volume de bens adquiridos pelo consumidor (ex: pague 1, leve 2) 3. Terceiro grau ou por grupo: o preço é dado de acordo com o grupo ao qual o consumidor pertence (ex: desconto de estudante). 4. Tarifas em duas partes: um exemplo clássico é a entrada + utilização, como em parques de diversão. 5. Venda em pacotes: diferente da discriminação de preços em segundo grau – são vários produtos no mesmo pacote (ex: pacotes de viagens). Ineficiência econômica do Monopólio Na concorrência perfeita, o preço de equilíbrio seria o ponto em que o custo marginal cruza a demanda; o consumidor, no monopólio, perde excedente do consumidor (parte dele é transferido para o monopolista). Entretanto, há uma parte dessas perdas de excedente do consumidor e do produtor que são irrecuperáveis – gerando peso morto. Essa característica é uma ineficiência de mercado – o que não quer dizer, necessariamente, que seja algo ruim. Concorrência monopolística É uma estrutura de mercado intermediária – tem características de concorrência perfeita e de monopólio. Assim como na concorrência perfeita, existem n produtores e não existem barreiras à entrada ou saída de empresas; entretanto, os produtos não são homogêneos (produtos diferenciados). Os produtos são diferenciados pela qualidade, por estilo, pela marca, etc. Na concorrência monopolística: 𝜋 = 𝑅𝑚𝑔 = 𝐶𝑚𝑔 e P > Rmg Equilíbrio no curto prazo A curva de demanda na concorrência monopolística é mais elástica, porque apesar dos produtos serem diferenciados, eles ainda têm concorrência. A empresa que opera em concorrência monopolística será uma empresa que opera com lucro econômico no curto prazo, uma vez que o custo total é sempre menor que a receita total. A concorrência monopolística vai se assemelhar muito mais ao monopólio, no curto prazo, por conta do processo de diferenciação. Equilíbrio no longo prazo No longo prazo, a estrutura da concorrência monopolística se assemelhará mais à concorrência perfeita, porque o que importa aqui é a presença de concorrência (inexistência de barreiras à entrada). A existência de lucro econômico positivo no curto prazo incentiva a entrada de novas firmas no mercado, o que no longo prazo, tenderá ao lucro econômico zero – uma vez que a concorrência desloca a curva de demanda para baixo, igualando o custo médio ao preço (e o custo total à receita total). O equilíbrio não acontece no custo médio mínimo (equilíbrio ineficiente), e o preço cobrado é superior ao custo marginal. A empresa opera com excesso de capacidade. A concorrência monopolística é ineficiente no sentido de pareto; somente na concorrência perfeita e nyyyyy´ç;o monopólio quando o agente é discriminador perfeito de preços (de primeiro grau) é que pode ocorrer eficiência de pareto. Oligopólio Falar em oligopólio, a partir de hipóteses simplificadoras, é falar em duas empresas que operam num mesmo mercado, com produtos homogêneos. Existem quatro tipos essenciais de oligopólios que são divididos em dois grupos: ✓ Simultaneidade de decisões: em economia, uma decisão simultânea ocorre quando o agente toma a decisão sem saber se o seu concorrente já decidiu ou não. Oligopólio de Cournot: decisão simultânea a respeito da quantidade que será produzida. Oligopólio de Bertrand: decisão simultânea a respeito do preço praticado. ✓ Sequência de decisões: quando a firma toma a decisão ela já sabe o que a outra decidiu. Oligopólio de Stackelberg: liderança de quantidade (alguma firma toma a decisão e as outras acompanham) Oligopólio de Liderança de Preços: uma firma toma a decisão a respeito do preço a ser praticado e as outras a acompanham. Quando as empresas no oligopólio se unem e trabalham como se fossem uma, temos um cartel. No Brasil, o cartel é proibido. 1. O Modelo de Cournot A firma, ao produzir, considera constante o nível de produção da firma concorrente. RTa = P (Qa + Qb). Qa RTb = P (Qa+Qb). Qb A receita total da firma A será o preço (estabelecido pela soma das quantidades ofertadas por todas as firmas) vezes a quantidade ofertada pela firma A. O mesmo acontece com a firma B, e com todas as outras firmas que possam existir nesse mercado. Na hipótese simplificadora de Cournot, o custo marginal é igual a 0. Maximização de lucros: Rmg = Cmg P = a – b.Q (função demanda invertida), portanto P= a – b (𝑄𝐴 + 𝑄𝐵) 𝑅𝑚𝑔𝐴 = 𝑑𝑅𝑇𝐴 𝑑𝑄𝐴 𝑅𝑇𝐴 = [𝑎 − 𝑏(𝑄𝐴 + 𝑄𝐵)]𝑄𝐴 𝑅𝑇𝐴 = 𝑎𝑄𝐴 − 𝑏𝑄𝐴 2 − 𝑏𝑄𝐴𝑄𝐵 𝑅𝑚𝑔𝐴 = 𝑑𝑅𝑇𝐴 𝑑𝑄𝐴 = 1. 𝑎𝑄𝐴 1−1 − 2. 𝑏. 𝑄𝐴 2−1 − 𝑏. 𝑄𝐴 1−1𝑄𝐵 𝑎 − 2. 𝑏. 𝑄𝐴 − 𝑏. 𝑄𝐵 = 0 2𝑏𝑄𝐴 = 𝑎 − 𝑏. 𝑄𝐵 𝑄𝐴 = 𝑎 − 𝑏𝑄𝐵 2𝑏 A função de reação da firma: 𝑄𝐴 = 𝑎 − 𝑏𝑄𝐵 2𝑏 𝑄𝐵 = 𝑎 − 𝑏𝑄𝐴 2𝑏 A quantidade de equilíbrio de mercado é a soma de QA e QB. 𝑄𝐴 = 𝑎 3𝑏 𝑄𝐵 = 𝑎 3𝑏 𝑄𝑀= 𝑎 3𝑏 + 𝑎 3𝑏 = 2𝑎 3𝑏 Quando o custo marginal das duas firmas é igual (nesse caso, 0), as quantidades produzidas por ambas serão iguais. Nesse caso, portanto, o preço de equilíbrio será P = a – b ( 2𝑎 3𝑏 ) P = a - 2𝑎 3 P = 𝑎 3 Para o caso específico do Oligopólio de Cournot: Em termos de quantidade, a quantidade da concorrência perfeita é maior que a quantidade do oligopólio que é maior que a quantidade do monopólio. Quanto mais concorrentes no mercado, mais produtos serão ofertados; 𝑄𝐶𝑃 > 𝑄𝑂 > 𝑄𝑀 Quanto mais concorrentes no mercado, menos poder de definição de preços a firma tem, portanto, quanto ao preço, o preço do monopólio é maior que o preço do oligopólio que é maior do que o preço da concorrência perfeita. 𝑃𝑀 > 𝑃𝑂 > 𝑃𝐶𝑃 2. O Modelo de Bertrand As firmas definem simultaneamente o seu nível de preços – as firmas colocam sempre o menor preço possível (uma vez que elas estabelecem o preço apenas uma vez, elas vão fazer de tudo para ter a maior demanda possível – se colocarem o preço acima do custo marginal, pode ser que a outra firma coloque um preço menor e “roube” a demanda dos consumidores; por isso, as firmas no oligopólio de Bertrand praticam o menor preço possível). P = CMg 3. Modelo de Stackelberg A característica desse oligopólio é a existência de uma empresa líder de quantidades (as outras empresas analisam o mercado e acompanham). 4. Modelo de Liderança de preços A característica desse oligopólio é a existência de uma empresa líder de preços (as outras empresas analisam o mercado e acompanham). O problema do oligopólio: formação de cartéis O cartel (conluio) é quando as empresas do oligopólio se unem e trabalham como se fossem uma única empresa monopolista. A OPEP, por exemplo, se comporta como um cartel. As empresaspodem entrar em acordo para reduzir a quantidade (como é o caso da OPEP); ou para aumentar os preços (como é o caso do paralelismo de preço dos postos de gasolina no Brasil). Tudo indica que os postos de gasolina formam cartéis, porque eles têm estruturas de custos muito diferentes, logo, seus custos marginais são supostamente diferentes – e o preço tem que espelhar o custo marginal. O governo possui um programa de leniência, uma espécie de delação premiada para o cartel de postos de gasolina (que não tem muito resultado pois o negócio de postos de gasolina no Brasil é complexo – envolvimento de quadrilhas, etc). Obs: as empresas tendem sempre a querer “furar” o cartel e engolir a demanda do mercado com preços mais baixos que o estipulado pelo cartel. Quanto mais firmas existem dentro do cartel, mais complicada é a tarefa de manter a estabilidade do cartel. Quanto mais elástica a demanda, maior o incentivo para a quebra do cartel, e na mesma lógica, quanto mais inelástica é a demanda, mais eficiente e estável é o cartel (por isso o sucesso da OPEP – a demanda por petróleo é inelástica, visto que ele é o principal combustível usado no mundo). O Brasil tem uma entidade que autoriza a fusão de firmas – o CADE (Conselho de Administração e Defesa Econômica). Exemplos de fusões são o da AMBEV, do Itaú-Unibanco e da TAM-Gol. Para saber o grau de concentração do mercado, não é necessário analisar todas as firmas desse mercado – basta analisar o tamanho do mercado e o quanto as movimentações se concentram na “mão” de um grupo selecionado de firmas. A venda de preços abaixo do custo de produção sob um mercado oligopolista não é bem vista, visto que tem o propósito de quebrar a concorrência e aumentar os preços no médio/longo prazo; os preços baixos só beneficiam o consumidor num curtíssimo prazo (ex: amazon). Falhas de Mercado Num cenário perfeito, o sistema de preços funciona, seja demonstrando eficiência (caso da concorrência perfeita), ou ineficiência (gerando peso morto, como nas estruturas de monopólio, oligopólio e concorrência monopolística). Às vezes, entretanto, o sistema de preços falha: as falhas de mercado. São falhas de mercado: ✓ Externalidades ✓ Bens públicos ✓ Informação assimétrica ✓ Riscos pesados ✓ Monopólios naturais ✓ Mercados incompletos ✓ Desemprego e inflação O mercado é dito eficiente quando: tem um número infinito de produtores e consumidores (mercado atomizado), o produto transacionado é homogêneo (mercado impessoal), não há barreiras à entrada de firmas e consumidores (lucro econômico de longo prazo = 0), perfeita transparência de informações entre consumidores e vendedores, perfeita mobilidade de fatores de produção. Num mercado eficiente e competitivo, há ausência de poder de mercado, e o preço de mercado é aquele onde temos as curvas de demanda e oferta se encontrando, ou seja, é a livre interação das forças de mercado que decide o preço e a quantidade do produto que está sendo transacionado por consumidores e produtores (o mecanismo de preço reflete de forma adequada as forças de mercado). Numa falha de mercado, o mecanismo de preços não é capaz de indicar a estrutura socialmente ótima desse mercado – nesse caso, cabe ao governo corrigir essa falha. Na presença das falhas, há regulação econômica. Em concorrência perfeita, qualquer intervenção do governo (via impostos, subsídios, cotas, preços mínimos/máximos) gera perda de peso morto. Isso é diferente no caso das falhas de mercado, quando a presença do governo é o que reduz o impacto dessas falhas. 1. Externalidades Acontece quando a ação de um agente influencia de alguma forma a função de otimização do outro (função utilidade, no caso do consumidor, ou lucro da firma, no caso do produtor). São os efeitos positivos ou negativos das nossas decisões que recaem sobre outras pessoas. Quando há uma externalidade, o equilíbrio de mercado deixa de ser eficiente, mesmo que essa externalidade seja positiva. Custos x benefícios sociais Na ausência de externalidades, a ação de um agente não afeta outro. Tanto custos quanto benefícios sociais são somente do agente dessa ação; custo marginal social = custo marginal privado, benefício social = benefício privado. Na presença de externalidades, existe um efeito da decisão individual que recai sobre outras pessoas. Na presença de uma externalidade negativa, o custo marginal social será o custo marginal privado + custo marginal externo. Nessas circunstâncias, haverá uma tendência de superoferta (produção maior que o ideal). Mercados contestáveis: são mercados que, apesar de monopolistas/oligopolistas, se comportam como se estivessem em concorrência perfeita. Na presença de uma externalidade positiva, o benefício social será a soma do benefício privado com o benefício externo. Nesse caso, teremos uma suboferta. Na presença de externalidade positiva, cabe ao governo estimular a expansão da oferta desse bem – reduzindo o seu preço. No caso de um bem que gera externalidade negativa, cabe ao governo fazer com que a firma internalize essa externalidade e o preço desse bem suba, diminuindo sua oferta. Situação Externalidade Medida interventiva/regulatória BS = BP Não há - CS = CP Não há - BS > BP Positiva Incentivo à externalidade (subsídio, incentivo fiscal) CS > CP Negativa Desincentivo à externalidade (multas, tributação, proibição). São duas as principais causas das externalidades: a ausência de direitos de propriedade e a presença de custos de transação. Segundo Coase, a ausência de externalidades só ocorrerá se não houver custos de transação entre os agentes (mesmo se houver ausência de direitos de propriedade). A correção das externalidades: • Fixação de um limite para a emissão de poluentes: maior grau de certeza ao governo (e à sociedade) a respeito dos níveis de emissões de poluentes que efetivamente serão obtidos com a política pública, entretanto, maior incerteza em relação aos custos que serão despendidos pelas empresas. • Imposição de taxas sobre a emissão de poluentes: imposto de Pigou – imposto implementado para corrigir os efeitos de uma externalidade negativa. Nesse caso, há certeza sobre os custos da redução, mas incerteza quanto à redução propriamente dita. O Imposto de Pigou apresenta efeitos positivos sobre a eficiência econômica (não distorce a economia). Também há o subsídio de Pigou, para incentivar as externalidades positivas. • Emissão de licenças negociáveis para poluir: menor nível de custo de redução (ex: créditos de carbono). Uma empresa que pode vender seus créditos de emissão de poluentes para outra, etc. As emissões de licenças negociáveis é a melhor solução, tanto em termos de custos quanto de efetiva redução das emissões de poluentes. 2. Bens públicos Diz respeito a bens que os indivíduos não podem ser impedidos de consumir; são condições essenciais: bens rivais e bens não excludentes. Bens não rivais: significa que o custo marginal de prover o bem para um consumidor adicional é nulo. Bens não excludentes: refere-se à impossibilidade de excluir as pessoas do consumo desse bem. Por que os bens públicos são considerados falhas de mercado? É impossível determinar o real benefício que cada indivíduo desfrutará de seu consumo, logo, é inviável determinar de forma totalmente justa o “preço” (imposto) que cada um pagará. No caso de bens públicos, há sempre a existência de um free rider – alguém que desfrutará dos benefícios sem arcar com os custos. Pela impossibilidade de ser provido pela iniciativa privada (devido ao princípio da não exclusividade), o bem público acaba sendo majoritariamente promovido pelo setor público – o que não significa que todo serviço/bem provido pelo setor público seja um bem público. Bens privados são rivais e excludentes. O governo também pode oferecer bens privados (ex: escolas, hospitais, transporte coletivo, etc). Para serbem público puro, o bem precisa ser não rival e não exclusivo; caso o bem apresente apenas uma dessas características, temos um bem semipúblico ou meritório. O custo social do uso de bens públicos não é igual a zero, apenas o custo marginal. Os bens públicos também geram externalidades positivas. 3. Assimetria de informação Na concorrência perfeita, temos simetria de informação: todo mundo sabe tudo. A assimetria de informação diz respeito ao desconhecimento de alguns fatores importantes dentro do mercado. Essa assimetria pode gerar problemas de menor escala (como a saída de um agente do mercado), ou de maior escala (como a reconfiguração do mercado). São dois os momentos essenciais para o estabelecimento dos efeitos da informação imperfeita: • Antes do contrato: seleção adversa (o “mercado de limões”: por conta da assimetria de informação, os bons produtos saem do mercado, e só ficam os maus agentes). A assimetria de informação antes do contrato impede que o consumidor diferencie os bons dos maus produtos/projetos, etc. • Depois do contrato: risco moral ou “moral hazard”. O pós-contrato envolve o risco moral – ou seja, se o produto/projeto manterá as características esperadas (ex: mercado de seguros). O impacto da seleção adversa pode ser resolvido com garantias e padronizações. No caso do risco moral, a solução se encontra na contratação de um salário eficiência (ex: comissão de vendas) e de uma franquia de utilização (ex: planos de saúde participativos). Teoria da agência O principal e o agente: o principal deseja que uma ação seja executada, mas não pode realizá-la, e vai delegar essa ação a um agente. Cabe ao agente, portanto, realizar a função objetivo do principal – o agente, entretanto, tem objetivos diferentes. O principal precisa criar uma estrutura de incentivos para que o agente execute essa função. Quando a assimetria de informação gera seleção adversa? Quando o principal não sabe quem será o agente. Teoria da captura Essa teoria indica que o agente pode ser capturado – numa empresa, por exemplo, o agente não incentivado pode ser capturado por outras oportunidades. No setor público, o funcionário pode ser capturado pelo setor ao qual o próprio funcionário regula – ou seja, o órgão regulador pode passar a trabalhar para a indústria regulada em vez de defender os interesses dos contribuintes. 4. Monopólios naturais O monopólio natural não acontece quando nesse mercado só existe uma empresa, mas quando só cabe uma empresa. Naturalmente, é impossível que aja concorrência. No monopólio natural, o custo marginal é decrescente, visto que seus custos fixos são muito grandes e o custo marginal se torna desprezível. O custo médio também é decrescente. Essa empresa possui um enorme poder de mercado, o que faz com que aja necessidade de intervenção do governo. O governo intervém no preço desse bem fornecido, colocando o P = Custo médio. Assim, ele força que a empresa faça lucro econômico zero. 5. Mercados incompletos Nesse caso, não existe oferta do bem demandado (por fatores como falta de recursos, riscos, instabilidade política, etc.). 6. Riscos pesados Tecnologia espacial, energia nuclear e pesquisas (ex: cura da aids, vacina da COVID-19). Nesses casos, o governo busca amortecer os efeitos dessas operações, reduzindo os riscos, através de contratos com empresas privadas para pesquisa, concessão de subsídios, redução de impostos, doação de bens, etc. Muitas vezes o governo acaba tomado as rédeas dessas operações. 7. Desemprego e inflação O desemprego involuntário e o aumento generalizado e sistemático do nível de preços constituem algumas das principais falhas de mercado; as intervenções do governo de função estabilizadora são essenciais. Uma única ação do governo pode resolver diversas falhas de mercado (ex: incentivo à pesquisa para a descoberta da covid – resolve riscos pesados, desemprego, inflação e externalidades).