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1 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL FUNDAMENTOS DE ECONOMIA Profº Dr. Joselito Santos Abrantes Macapá-AP 2020-2 2 1 INTRODUÇÃO À ECONOMIA Seja em nosso cotidiano, seja nos jornais, rádio e televisão, deparamo-nos com inúmeras questões econômicas, como:  aumentos de preços;  períodos de crise econômica ou de crescimento;  desemprego;  setores que crescem mais do que outros;  diferenças salariais;  crises no balanço de pagamentos;  vulnerabilidade externa;  valorização ou desvalorização da taxa de câmbio;  dívida externa;  ociosidade em alguns setores de atividade;  diferenças de renda entre as várias regiões do país;  comportamento das taxas de juros;  déficit governamental;  elevação de impostos e tarifas públicas. Esses temas, já rotineiros em nosso dia-a-dia, são discutidos pelos cidadãos comuns, que, com altas doses de empirismo, têm opiniões formadas sobre as medidas que o Estado deve adotar. Um estudante de Economia, de Direito ou de outra área pode vir a ocupar cargo de responsabilidade em uma empresa ou na própria administração pública e necessitará de conhecimentos teóricos mais sólidos para poder analisar os problemas econômicos que nos rodeiam diariamente. O objetivo do estudo da Ciência Econômica é analisar os problemas econômicos e formular soluções para resolvê-los, de forma a melhorar nossa qualidade de vida. 1.1 CONCEITOS BÁSICOS A palavra economia deriva do grego oikonomía (de óikos, casa; nómos, lei), que significa a administração de uma casa, ou do Estado, e pode ser assim definida: Os economistas estudam a forma com que os indivíduos, os diferentes coletivos, as empresas de negócios e os governos alcançam seus objetivos no campo econômico. Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas. Estuda os processos de produção, distribuição, comercialização e consumo de bens e serviços. Bem como as variações e combinações na alocação dos fatores de produção (terra, capital, trabalho, tecnologia), na distribuição de renda, na oferta e procura e nos preços das mercadorias. Estuda também como as pessoas e a sociedade decidem empregar recursos escassos, que poderiam ter utilizações alternativas, para produzir os mais variados tipos de bens. Essa definição contém vários conceitos importantes, que são a base e o objeto do estudo da Ciência Econômica:  Escolha; 3  Escassez;  Necessidades;  Recursos;  Produção;  Distribuição;  Consumo Em qualquer sociedade, os recursos produtivos ou fatores de produção (mão-de-obra, terra, matérias- primas, dentre outros) são limitados. Por outro lado, as necessidades humanas são ilimitadas e sempre se renovam, por força do próprio crescimento populacional e do contínuo desejo de elevação do padrão de vida. Independentemente do grau de desenvolvimento do país, nenhum deles dispõe de todos os recursos necessários para satisfazer todas as necessidades da coletividade. Tem-se então um problema de escassez: recursos limitados contrapondo-se a necessidades humanas ilimitadas. Em função da escassez de recursos, toda sociedade tem de escolher entre alternativas de produção e de distribuição dos resultados da atividade produtiva entre os vários grupos da sociedade. Essa é a questão central do estudo da Economia: como alocar recursos produtivos limitados para satisfazer todas as necessidades da população. Evidentemente, se os recursos não fossem limitados, ou seja, se não existisse escassez, não seria necessário estudar questões como inflação, desemprego, crescimento, déficit público, vulnerabilidade externa e outras. Mas a realidade não é assim, e a sociedade tem de tomar decisões sobre a melhor utilização de seus recursos, de forma a atender ao máximo das necessidades humanas. “Cabe destacar ainda que as leis econômicas têm caráter probabilístico, não podendo, dessa forma, ser consideradas como relações exatas”. Isso configura que a Economia é uma ciência social, pois lida no seu cotidiano com problemas que afligem a sociedade. Uma decisão econômica tomada pelo Estado afeta diretamente as vidas das pessoas. Portanto, a economia não é uma ciência exata, apesar de em seus estudos fazer uso de vasto instrumental da matemática, da estatística, da economia, ou seja, dos métodos quantitativos. 1.1.1 Os Problemas Econômicos Fundamentais Da escassez dos recursos ou dos fatores de produção, associa-se às necessidades ilimitadas do homem, originando os problemas econômicos fundamentais:  O QUE E QUANTO produzir? - Isto significa quais os produtos deverão ser produzidos (carros, cigarros, café, vestuários etc.) e em que quantidades deverão ser colocados à disposição dos consumidores;  COMO produzir? - Isto é, por quem serão os bens e serviços produzidos, com que recursos e de que maneira ou processo técnico;  PARA QUEM produzir? – depois de definir o que será produzido em termos quantitativos e a forma de produção deve-se estabelecer o destino final dessa produção, ou seja, a quem será distribuída na sociedade. O QUE, QUANTO, COMO e PARA QUEM produzir não seriam problemas se os recursos utilizáveis fossem ilimitados. Mas na realidade existem ilimitadas necessidades e limitados recursos disponíveis e técnicas de fabricação. Baseada nessas restrições, a Economia deve optar dentre os bens a serem produzidos e os processos técnicos capazes de transformar os recursos escassos em produção, conforme Pinho e Vasconcellos (1998). 4 Pode-se no Quadro 1 a seguir, apresentada por Dallagnol (2008) ter um resumo dos princípios fundamentais da economia. Quadro 1 – Problemas econômicos fundamentais Como estes problemas são resolvidos numa economia de mercado? E numa economia centralizada? Em economias de mercado, esses problemas são resolvidos pelos mecanismos de preços atuando por meio da oferta e da demanda. Nas economias centralizadas, essas questões são decididas por um órgão central de planejamento, a partir de um levantamento dos recursos de produção disponíveis e das necessidades do país, e não pela oferta e demanda no mercado. 1.1.2 Sistemas Econômicos: Aspectos conceituais As formas alternativas de organização da atividade econômica fundamentam-se em dois pontos físicos: a concepção da propriedade e as formas de mobilização dos fatores de produção. As economias liberais de mercado já confiam à iniciativa privada a maior parte da mobilização dos recursos e tem no mercado o seu eixo básico de regulação. Nas economias centralmente planificadas o governo é proprietário dos meios de produção e centraliza as decisões sobre alocação dos recursos e a produção. Nas economias mistas já se confirma a gestão empresarial com a regulação estatal na mobilização dos recursos e na produção. 5 Sistema econômico é o conjunto de relações técnicas, básicas e institucionais que caracterizam a organização econômica de uma sociedade. Essas relações condicionam o sentido geral das decisões fundamentais que se tomam em toda a sociedade e os ramos predominantes de sua atividade.  Conceituação Para Dallagnol (2008), um sistema econômico pode ser definido como sendo a forma política, social e econômica pela qual está organizada a sociedade de um determinado país. É um particular sistema de organização da produção, distribuição, consumo de todos os bens e serviços que as pessoas utilizam buscando uma melhoria no padrão de vida e bem-estar. Os elementos básicos que compõem um sistema econômico são: A) Estoques de Recursos Produtivos ou Fatoresde Produção: recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), o capital, terra, reservas naturais e a tecnologia. B) Complexo de unidades de produção: constituído pelas empresas. C) Conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais: que são à base da organização da sociedade.  Classificação de sistema econômico Os sistemas econômicos podem ser classificados em:  Sistema capitalista ou economia de mercado: É regido pelas forças de mercado, predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produção. 1.1.3 Características das economias liberais de mercado Automatismo das forças de mercado: segundo essa corrente econômica a economia desenvolve-se melhor de acordo com a liberdade econômica de produtores e consumidores. Os mecanismos reguladores do mercado refletem:  o ponto de equilíbrio entre produtores e consumidores é regulado pelas forças do mercado, pelo mecanismo de preços.  se há produção maior que as necessidades dos consumidores deverá haver baixa de preços.  se há produção menor que as necessidades dos consumidores deverá haver alta de preços.  a concorrência: a disputa entre os vários agentes econômicos pelo mercado impede que os empresários conspirem contra a ordem social e os força a colocar no mercado produtos melhores e mais baratos.  no processo de concorrência, alguns produtores prosperam e outros vão à ruína.  Sistema socialista ou economia centralizada ou ainda economia planificada: Nesse sistema as questões econômicas fundamentais são resolvidas por um órgão central de planejamento, predominando a propriedade pública dos fatores de produção, chamados nessas economias de meios de produção, englobando os bens de capital, terra, prédios, bancos, matérias-primas. 6 1.1.4 Características fundamentais da economia centralizada do tipo socialista * Os estados controlam os meios de produção, as diretrizes estratégicas da economia e a política geral do estado. * As fábricas, os barcos, o comércio, as terras são de propriedade estatal. Foca o planejamento como estratégia de direção da economia. Com o plano, o estado procura desenvolver a melhor racionalidade com a locação de recursos, planeja-se melhor investimento e distribui-se melhor a riqueza. O estado centraliza o poder político e a direção geral da economia. Estabelece diretriz estratégica para a economia. O plano substitui o mercado. 1.1.5 Sistema de economia sociais misto Pelo menos até o início do século XX, prevalecia nas economias ocidentais o sistema de concorrência pura, em que não havia a intervenção do Estado na atividade econômica. Era a filosofia do Liberalismo. Principalmente a partir de 1930, passaram a predominar os sistemas de economia misto, no qual ainda prevaleciam as forças de mercado, mas com a atuação do Estado, tanto na alocação e distribuição de recursos como na própria produção de bens e serviços, nas áreas de infra- estrutura, energia, saneamento e telecomunicações. Combinam o mercado, a propriedade privada com a relação do Estado Em economia de mercado, a maioria dos preços dos bens, serviços e salários são determinados predominantemente pelo mecanismo de preços, que atua por meio da oferta e da demanda dos fatores de produção. * Estas economias se apropriam do melhor que os modelos liberal e coletivista possuem. * Todas as classes têm oportunidades de acesso ao mercado, tendo uma vista que o governo procura garantir um patamar mínimo para o conjunto de população de forma que todos possam satisfazer suas necessidades básicas.  Características dos sistemas econômicos  Capitalismo (Regime de livre iniciativa) - Todos os bens de produção são de propriedade privada. - As necessidades individuais concentram-se na demanda de produtos. - Livre jogo da oferta e da procura. Todas as decisões são tomadas automaticamente através dos mercados e preços. - Busca do lucro. - Intervenção do Estado seria perturbadora. - O que produzir é indicado pelos próprios consumidores ao criarem a demanda correspondente. - Como produzir é determinado pela competição entre os vários fabricantes. - Como distribuir os bens - serão destinados aos que podem comprar. - Críticas ao sistema capitalista - Principais contestadores são os socialistas. - Sistema injusto, pois produz somente para as pessoas que podem comprar e não para todos os necessitados. - Tendo caráter social, o processo de produção não pode ser decidido individualmente (interesse social nem sempre coincide com o individual ). - Provoca uma grande concentração de renda. 7 - Visa somente o lucro.  Economias centralizadas ou planificadas (socialismo) Nas economias centralizadas, essas questões são decididas por um órgão central de planejamento, a partir de um levantamento dos recursos de produção disponíveis e das necessidades do país. Ou seja, grande parte dos preços dos bens e serviços, salários, quotas de produção e de recursos é calculada nos computadores desse órgão, e não pela oferta e demanda no mercado. - Sistema de Planificação Central - Consiste em confiar a solução dos três problemas básicos ao Estado. - O interesse econômico tem caráter social, logo deverá estar acima do individual. - Sua meta não é proporcionar o lucro, más sim o bem estar social (sistema pode trabalhar com prejuízo). - O que produzir deverá ser decidido através de uma hierarquia das necessidades sociais. - Como produzir, visa obter dos fatores de produção o máximo aproveitamento. - Como distribuir. O Estado proporciona a preços muito baixos ou gratuitamente as necessidades básicas. - Críticas -Principais contestadores são os liberais. - Esse sistema pode levar a uma ditadura ( supressão da liberdade individual). - O Estado é sempre um mau administrador ( burocracia). - Homens possuem necessidades diferentes. - Propriedade individual é um direito do homem. - Sem lucro não haverá estímulo para o progresso pessoal.  Sistema de Economia Misto - Coexistência simultânea dos dois setores econômicos, setor público e privado. - Como existe propriedade privada da maior parte dos meios de produção não é possível que o Estado determine aos empresários o que e quanto produzir. Entretanto, pode influir direta ou indiretamente na solução do que produzir, através: de subsídios, incentivos fiscais e empresas públicas; - O como produzir é decidido no setor privado, segundo a concorrência; - Como distribuir. De um modo geral é determinado pelos preços. Entretanto, o governo fornece aos mais pobres bens e serviços vitais a preços reduzidos ou gratuitamente ( ensino, assistência jurídica, hospitais e etc.). 1.2 FATORES DE PRODUÇÃO Os recursos produtivos, também denominados fatores de produção, são os elementos utilizados no processo de fabricação dos mais variados tipos de bens (mercadorias). São utilizados para satisfazer as necessidades humanas. 1.2.1 Terra: nome designado para recursos naturais Tais como florestas, recursos minerais, recursos hídricos, etc. Compreende, ainda, solo, tanto para fins agrícolas, quanto solo utilizado na construção de estradas, casas etc. Deve ser destacado é que a quantidade de recursos naturais, ou Terra, é limitado (tanto para países subdesenvolvidos quanto para desenvolvidos). 8 1.2.2 Trabalho ou mão de obra: Constitui trabalho, no sentido econômico, qualquer esforço despendido por médico, operário ou de um agricultor rural. Fator trabalho, então, é todo esforço humano despendido na produção de bens e serviços. Em qualquer nação, o fator trabalho é limitado, principalmente o trabalho especializado. Deve ser dito, ainda, que o trabalho é o fator de produção mais importante em qualquer sistema econômico, envolve os recursos humanos. 1.2.3 Capital (ou bens de capital): É um conjunto de bens fabricados pelo homem e que são utilizados no processoprodutivo. Portanto, não se destinam, diretamente, à satisfação das necessidades através do consumo. Por capital entenda-se: computadores, máquinas, equipamentos, usinas, estradas de ferro, mobiliários de escritórios, entre outros, além de todos os tipos de equipamentos utilizados na fabricação de bens e serviços. 1.2.4 Capacidade empresarial (ou organização empresarial): Esse fator é decorrente do de que o empresário exerce funções fundamentais no processo produtivo. É o empresário que organiza a produção e combina os demais recursos produtivos. É ele, também, que assumi riscos e quem colhe o ganho do sucesso (lucro) e do fracasso prejuízo da empresa. 1.2.5 Tecnologia (ciência e técnica): Este, também, é um fator fundamental no processo produtivo. A exemplo, dos outros, é necessário para as demandas humanas, mas escasso, principalmente para os países/regiões pobres.  Remuneração dos fatores de produção Cada fator de produção corresponde uma remuneração, a saber: Fator de Produção Tipo de Remuneração Trabalho (Recursos Humanos) Salário Capital Juro Terra (Recursos Naturais) Aluguel Tecnologia Royalty Capacidade empresarial Lucro 1.3 CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO (CPP) Uma das primeiras coisas que aprendemos em economia é a Curva de Possibilidades de Produção (CPP), ela indica a capacidade máxima de produção, ilustra a escassez de recursos limitada a capacidade produtiva de uma sociedade, empresa ou país. É um conceito teórico com o qual se ilustra, como a questão da escassez impõe um limite à capacidade produtiva de uma sociedade, que terá que fazer escolhas entre alternativas de produção. Devido à escassez de recursos, a produção total de um país tem um limite máximo, onde todos os recursos disponíveis estão empregados. É chamado de produção potencial o limite máximo da produção de um país, esse limite é dado devido a escassez dos recursos. 9 A CPP considera toda a força de trabalho da sociedade, ou seja, quando todos os recursos disponíveis estão empregados e não há capacidade ociosa. As curvas de possibilidades de produção: Referem-se às mais diversas combinações para a produção de bens e serviços, em função das quantidades disponíveis dos fatores de produção. Eficiência na produção é a situação no qual a economia opera utilizando o pleno emprego de todos os fatores de produção. Mantém ocupada a totalidade da força de trabalho, utiliza plenamente os fatores de produção disponíveis, melhores tecnologias e capacidades comerciais. O limite máximo da eficiência produtiva é quando não há mais ociosidade. Alcançando este limite, qualquer acréscimo na produção de determinado fim implica na redução do outro. Possibilidades de produção são as combinações sob o que produzir e como produzir resultado de decisões governamentais, do livre mercado e das decisões dos consumidores. A função supõe apenas a produção de dois bens, utilizando o máximo de recursos disponíveis, para isso é necessário fazer uma escolha da quantidade do bem a ser produzida. Essa escolha é também chamada de trade-off, quando se abre mão de um bem para se obter um outro bem distinto. Imagine uma sociedade que produz alimentos (bens de consumo), dado momento ela vê a possibilidade ou necessidade (o motivo não vem ao caso), de produzir máquinas (bens de capital). Utilizando os mesmos recursos, ou seja, a sociedade não fez nenhum tipo de investimento ou contratação de mão de obra, exatamente os mesmos recursos que ela utilizava na produção de alimentos, ela utilizará na produção de máquinas. Como os recursos eram utilizados em sua máxima capacidade produtiva, então será necessário abrir mão da produção de alimentos para produzir máquinas, e esse trade-off é dado por uma certa função (que não vem ao caso no momento). Vamos analisar a tabela de possibilidades de produção. Suponhamos uma economia que só produza máquinas (Bens de Capital) e alimentos (Bens de Consumo) e que as alternativas de produção de ambos seja as seguintes: Alternativas de Produção Máquinas (milhares) Alimentos (toneladas) A 25 0 B 20 30 C 15 47,5 D 10 60 E 0 70 Podemos notar que na alternativa A está produzindo 25 mil máquinas, mas não está produzindo alimentos. Já na alternativa E está produzindo 70 ton de alimento, mas não está produzindo máquinas. As demais alternativas (B, C, D) são intermediárias, ou seja, produzem ambos os produtos. Vamos analisar os dados no gráfico abaixo: 10 A curva ABCDE indica todas as possibilidades de produção de máquinas e alimentos dentro da sociedade. O ponto Y (ou qualquer ponto interno a curva) indica que a sociedade está operando com capacidade ociosa ou com desemprego, isso quer dizer que os fatores de produção estão sendo subutilizados. O ponto Z representa uma combinação impossível de produção, está indicando que a produção seria maior do que a capacidade produtiva da sociedade. O deslocamento da curva para a direita indica que o país ou sociedade está crescendo, houve um aumento da quantidade física de fatores de produção, ou melhor, aproveitamento dos recursos já existentes, o que pode ocorrer com um progresso tecnológico. Esse deslocamento permite a economia obter maior quantidade de ambos os bens. 1.3.1 Conceito de Custo de Oportunidade: A transferência dos fatores de produção de um bem A para produzir um bem B implica um custo de oportunidade que é igual ao sacrifício de se deixar de produzir parte do bem A para se produzir mais do bem B. O custo de oportunidade por representar o custo da produção alternativa sacrificada, reflete em um custo implícito. Custo de oportunidade significa decidir em função das prioridades da sociedade, tanto de consumo, quanto de produção e de decisões governamentais. No setor público é onde pode ser melhor visualizado essa questão: a opção governamental por determinada medida, implica em deixar de lado outras prioridades. Portanto, o conceito de custo de oportunidade é relevante para a análise econômica tendo em vista que os fatores de produção são escassos. 1.3.2 Deslocamento para direita da Curva de Possibilidade de Produção Isso pode ocorrer fundamentalmente tanto em função do aumento da quantidade física de fatores de produção quanto em função de melhor aproveitamento dos recursos já existentes, o que pode ocorrer com o progresso tecnológico, maior eficiência produtiva e organizacional das empresas e melhoria no grau de qualificação da mão-de-obra. 11 Expansão das fronteiras da produção: esta situação só pode ocorrer com o aumento dos fatores de produção ou com a introdução de tecnologias que possibilitem produzir mais com os mesmos recursos, ou seja, por meio de um progresso tecnológico onde ambos os produtos poderão expandir sua produção. 1.4 FLUXOS REAL E MONETÁRIO A produção é o processo fundamental em qualquer sistema econômico. No capitalismo a produção é realizada pelas empresas. As empresas são as unidades de produção do sistema. São conjuntos organizados de força de trabalho, de objetos de trabalho e de instrumentos de trabalho, de edifícios e de recursos naturais, sob controle dos capitalistas, que detém a propriedade ou capital da empresa. O funcionamento de uma economia se estabelece nas relações entre os agentes econômicos, (os ofertantes e os demandantes) dizendo de outra forma os fornecedores e os consumidores, ou ainda, Unidades Familiares, Unidades de Produção, Governos e Resto do Mundo, no mercado. Dessa relação nasce o que se denomina de Fluxo do Sistema Econômico. A atividade econômica é o conjunto de tarefas realizadas pelos homens com vista a assegurar a sua sobrevivência – produção, distribuição, repartição, acumulação e consumo. Quando se analisa a atividade econômica interessaconsiderar o comportamento do conjunto de agentes que intervêm no processo produtivo, para termos uma visão global da realidade econômica. Agente econômico é todo o ente que desempenha pelo menos uma função na atividade econômica. Os agentes econômicos são constituídos pelas:  Unidades familiares: Os agentes econômicos constituídos pelas ―Unidades familiares‖ são todas as pessoas residentes no país e são detentoras e ofertantes dos ―fatores de produção‖ (capital, trabalho e terra – pode-se agregar os conceitos de capacidade empresarial e capacidade tecnológica).  Unidades de produção: São agentes econômicos constituídos pelas as empresas localizadas no país, tanto do setor primário, secundário e terciário, são as ofertantes de bens e serviços a sociedade.  Governos: São os agentes econômicos constituídos pelo Estado em todas as suas esferas, municipal, estadual e federal.  Resto do mundo: São os Agentes econômicos constituídos por todos os países com os quais mantém-se relações. O fluxo do sistema econômico é constituído pela interação desses agentes econômicos, durante o processo de produção de bens e serviços (produtos) onde as unidades produtoras remuneram os fatores de produção por elas empregados (Renda), ou seja, pagam salários aos seus trabalhadores, aluguel, juros por alguns financiamentos, pagam royalties e distribuem lucros aos seus proprietários e acionistas etc. Essa remuneração recebida é que permite adquirir os bens e serviços de que necessitam a sociedade para satisfazer seus desejos e necessidades. Isso é um aspecto fundamental do sistema econômico, além de garantir sua eficiência, pois: As unidades produtoras ao mesmo tempo em que produzem 12 bens e serviços remuneram os fatores de produção por elas empregados, permitindo que as pessoas adquiram bens e serviços por todas as outras unidades produtoras. Por exemplo, uma pessoa que trabalhe numa fabrica de roupas, não vai só adquirir apenas o produto de seu trabalho, (roupas), com o salário que recebe, precisa mais que isso, como alimentos, produtos de higiene, moradia, transporte, etc. Portanto, é através da remuneração de sua força de trabalho que irá adquirir outras coisas que necessite para viver. Num sistema econômico, temos dois fluxos: o Real (Produto), e o Nominal ou Monetário (Renda). Estas relações ou interações que se estabelecem entre as unidades econômicas – Unidades Familiares, Unidades de Produção, Governos e Resto do Mundo, - designam-se por fluxos. Consoantes dizem respeito às trocas de bens e serviços – fluxo real, ou às trocas de moeda – fluxo monetário. 1.4.1 Fluxo real No primeiro caso, o Fluxo Real é aquele formado pelos bens e serviços produzidos no sistema econômico e que será oferecido para sociedade para que se possam satisfazer seus desejos e necessidades, também pode ser chamar de produto e também formado pela oferta de fatores de produção o fluxo real constitui a oferta da economia. 1.4.2 Fluxo nominal ou monetário No segundo caso, o Fluxo Nominal ou Monetário que é aquele formado pelas remunerações que os fatores de produção recebem durante o processo produtivo (salários, aluguel, juros, royalties, lucros etc.) e pela contrapartida que são os pagamentos que se faz pela aquisição dos bens serviços. E chamado RENDA e constitui a demanda da economia. Essa união desses dois fluxos dentro da teoria econômica tem um significado importantíssimo, pois o Fluxo Real é a oferta (bens e serviços), isto é tudo o que foi produzido e está à disposição da sociedade. Já o Fluxo Monetário da economia, corresponde ás remunerações em moeda dos fatores de produção, assim como os pagamentos pelos bens e serviços (produto) adquiridos no mercado, pelos agentes econômicos. Diante disto encontramos a essência mais importante do mercado, que é a oferta e procura, onde irá formar o mercado, onde iremos encontrar pessoas que querem comprar, com pessoas que querem vender. Quando falamos em mercado, não se atenha somente ao lugar físico, como por exemplo, uma feira, etc. Seu sentido é mais amplo, pois ele se refere a todas as compras e vendas de bens e serviços realizadas num sistema econômico. O sistema econômico funciona da seguinte maneira: As famílias fornecem seus recursos (mão de obra) às empresas e as empresas produzem e fornecem às famílias os bens e serviços de que necessitam. Chamamos isto de fluxo real. Com o auxílio do dinheiro (moeda), as empresas pagam às famílias pelo serviço realizado e, por sua vez, as famílias, também com o auxilio do dinheiro, pagam às empresas os bens e serviços adquiridos, o que configura o fluxo monetário. O fluxo real e o monetário interligam as famílias e as empresas, que são o que chamamos de agentes econômicos. Do lado do fluxo real estão o emprego 13 dos recursos e o suprimento de bens e serviços necessários. Do lado monetário se dá a remuneração dos fatores de produção e o pagamento dos bens e serviços adquiridos. Os agentes econômicos são as famílias (unidades familiares) e as empresas (unidades produtoras). As famílias proprietárias dos fatores de produção os fornecem e às unidades de produção (empresas) no Mercado dos fatores de produção. As empresas pela combinação dos fatores de produção produzem bens e serviços e fornecem ás famílias no mercado de bens e serviços No entanto, o fluxo real da economia só se torna possível com a presença da MOEDA, que é utilizada para remunerar os fatores de produção e para o pagamento dos bens e serviços. Desse modo, paralelamente ao fluxo real, temos um fluxo monetário da economia. 14 15 1.4.3 Fluxo Circular de Renda Unindo os Fluxos REAIS e MONETÁRIOS da economia temos o chamado: FLUXO CIRCULAR DE RENDA 16 Em cada um dos mercados atuam conjuntamente as focas da oferta e da demanda (procura) determinando o PREÇO. Assim, no mercado de bens e serviços formam-se os preços dos bens e serviços, enquanto no mercado de fatores de produção são determinados os preços dos fatores de produção (salários, juros, aluguéis, lucros, royalties, dentre outros). Esse fluxo, também chamado de fluxo básico, é o que se estabelece entre famílias e empresas. O fluxo completo incorpora o setor público, adicionando-se o efeito dos impostos e dos gastos públicos ao fluxo básico (anterior), bem como o setor externo, que inclui todas as transações com mercadorias, serviços e o movimento financeiro com o resto do mundo.  RESUMO: O sistema econômico funciona da seguinte maneira: As famílias fornecem seus recursos (mão de obra) às empresas e as empresas produzem e fornecem às famílias os bens e serviços de que necessitam. Chamamos isto de fluxo real. Com o auxílio do dinheiro (moeda), as empresas pagam às famílias pelo serviço realizado e, por sua vez, as famílias, também com o auxilio do dinheiro, pagam às empresas os bens e serviços adquiridos, o que configura o fluxo monetário. O fluxo real e o monetário interligam as famílias (Agentes econômicos) e as empresas (Unidades Produtivas), que podem ser chamados de agentes econômicos. Do lado do fluxo real (Produto) estão o emprego dos recursos e o suprimento de bens e serviços necessários. Do lado monetário se dá a remuneração dos fatores de produção e o pagamento dos bens e serviços adquiridos (Renda). Mas ainda existe mais um agente econômico que não mencionamos, mas deve ser incluído: o governo. 1.5 BENS E SERVIÇOS 1.5.1 Conceituação Bem é tudo aquilo que permite satisfazer uma ou várias necessidades humanas. Por que um bem é procurado? Porque é útil, tem utilidade. 1.5.2 Classificação dos bens Os bens podem ser livres e econômicos.  Bens Livres: São aqueles que existem em quantidade ilimitada e podem ser obtidos com pouco ou nenhum esforço humano,ou seja, sua utilização não implica relações de ordem econômica. Esses bens não possuem preço, isto é, tem preço zero, como o mar, a luz solar, o ar. O ar é um bem livre, pois a terra oferece ar para todas as pessoas em quantidades maiores do que as desejadas por todos os indivíduos.  Bens Econômicos:  São relativamente escassos e supõe a ocorrência de esforço humano na sua obtenção, por esse motivo, possuem preço, ou seja, preço maior que zero. 17 1.5.2 Classificação dos bens econômicos Os bens econômicos são classificados em dois grupos: Bens materiais e serviços (ou bens imateriais). Os Bens Materiais são de natureza material, tangíveis, e podemos atribuir características como peso, altura etc. Por exemplo: alimentos, roupas, livros, eletrodomésticos. 1.5.3 Classificação dos bens materiais Os Bens Materiais classificam-se quanto ao seu destino em:  Bens de Consumo: são aqueles diretamente utilizados para a satisfação das necessidades humanas. Ou seja, são os que resultam do processo produtivo destinado ao consumo (alimentos, lazer). Podem ser duráveis, usados por muito tempo, como os móveis, os eletrodomésticos, ou não duráveis, desaparecem uma vez utilizados, como alimentos, cigarro.  Bens de capital: são os bens de produção. Ou seja: bens de capital são aqueles que permitem produzir outros bens. Exemplo: equipamentos e máquinas, computadores, edifícios, instalações,.etc.  Bens Finais e Bens Intermediários  Bens finais: Tanto os bens de consumo quanto os bens de capital são classificados como bens finais, pois já passaram por todas as etapas de transformação possíveis. Estão prontos para serem consumidos. São bens acabados.  Bens intermediários: Aqueles bens que ainda estão inacabados, que precisam ser transformado para atingir a sua finalidade, são os bens intermediários. Ex: o aço usado por uma siderúrgica, o vidro e a borracha usados na produção de carros. Portanto, são considerados bens finais os bens de consumo e bens de capital uma vez que passaram por todo o processo de transformação possível, ou seja, são bens acabados. Já os bens intermediários são aqueles que ainda precisam ser transformados para atingir sua forma definitiva. Os bens podem ser classificados, ainda, em bens privados e bens públicos.  Bens públicos: referem-se ao conjunto de bens fornecidos pelo setor público: transporte, segurança, transporte e justiça.  Bens privados: são produzidos e possuídos privadamente: tv, carro, computador etc. 18 2 EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO A história da Economia é de grande importância para a humanidade, tanto a pré-clássica quanto a mais atual. É somente entendendo a dinâmica da história econômica das civilizações que você poderá compreender toda a complexidade que domina a ciência econômica e a sociedade. A Economia surgiu como ciência a partir de 1.776, com a publicação da obra de Adam Smith, A Riqueza das Nações. Antes disso, a Economia não passava de um pequeno ramo da Filosofia Social e do Direito. Com o Mercantilismo e a Fisiocracia, as idéias econômicas começam a ter um pequeno desenvolvimento. 2.1 ANTIGUIDADE E SUAS CONTRIBUIÇÕES AO PENSAMENTO ECONÔMICO Mesmo nas sociedades primitivas, os homens precisavam organizar-se em sociedade, para defender-se dos inimigos, abrigar-se e produzir comida para sobreviver. A divisão do trabalho, daí decorrente, permitiu o desenvolvimento da espécie humana em comunidades cada vez maiores e mais bem estruturadas. Na maior parte dos casos, a produção era basicamente para sobrevivência. Alguns homens mais habilidosos passaram a produzir um pouco mais, o que permitiu o início das trocas. Aos poucos, o trabalho de alguns homens passou a ser suficiente para atender às necessidades de um conjunto cada vez maior de pessoas. Na Grécia Antiga, como em Roma, a maior parte da população era composta por escravos, que realizavam todo o trabalho em troca do estritamente necessário para sobreviver. Os senhores de escravos apropriavam-se de todo o produto excedente. A economia era quase exclusivamente agrícola; o meio urbano não passava de uma fortificação com algumas casas, onde residiam os nobres, ou chefes militares. Gastaldi (1999) assinala que, na história da civilização de Roma, se encontram muitos dos elementos que caracterizam o moderno capitalismo. Os romanos foram os principais estadistas, juristas e construtores de impérios. Um dos traços da civilização romana foi a expansão agrícola, que favoreceu a sua economia e, notadamente, a sua agricultura, e que foi um dos determinantes da expansão do poderio político do Império. De uma outra forma, o declínio de sua agricultura foi a principal causa de sua perda. Agressiva foi a política de expansão comercial de Roma, que proporcionou grandes lucros, ao mesmo tempo em que despertou a rivalidade com o poder comercial de outros povos. Isto posto, os acordos comerciais foram substituídos pelos conflitos armados. Com o Império Romano: Consolidava-se a expansão comercial; Consolidava as funções do dinheiro; Criavam-se os impostos mais elevados; Aumentavam as despesas do governo. Foi também no Império romano que nasceu a agiotagem, e a riqueza passou a se concentrar nas mãos de uma minoria. As economias dos países subdesenvolvidos, tal 19 como o Brasil, apresentam semelhanças com o Império Romano. De uma lado, há pessoas abastadas e profundamente ricas, de outro, há pessoas pobres. As situações de decadência do império conduziu o povo a uma elevada crise de escassez, quando aumentaram, e muito, as necessidades urbanas em alimentos. Podemos apontar as causas econômicas de declínio do império Romano: Grande concentração das riquezas por grupos minoritários; Grandes propriedades rurais improdutivas; Servidão dos pequenos e médios agricultores; Separação sempre maior entre ricos e pobres; e Crescente escassez de alimentos. Deste modo, podemos concluir que, as causas econômicas conjugadas com as políticas, determinaram a queda do Império Romano. 2.2 A ECONOMIA NA IDADE MÉDIA A Idade média ou Idade Medieval, surgiu com o declínio da Império Romano por volta de 476 D.C. Esse período, um dos mais longos da história, durou dos anos 500 a 1500. Com a Idade Média, abriu-se uma nova era para a humanidade. Na base do sistema feudalista, estava o servo, que trabalhava nas terras de um senhor, o qual devia lealdade a um senhor mais poderoso, este a outro, até chegar ao Rei. Os senhores davam a terra a seus vassalos, para serem cultivadas, em troca de pagamento em dinheiro, alimentos, trabalho e lealdade militar. Em troca dessa lealdade, o senhor concedia proteção militar a seu vassalo. O servo não era livre, pois estava ligado à terra e a seu senhor, mas esta não constituía sua propriedade, como o escravo. As trocas desenvolveram-se no nível regional, entre as cidades e suas áreas agrícolas. A cidade, com seus muros, constituía-se no local de proteção dos servos, em caso de ataque inimigo. Aos poucos, porém, passou a ser o local onde se realizavam as trocas. Desenvolveram-se as corporações de ofício e a divisão do trabalho. Com as Cruzadas, a partir de 1.096, expandiu-se o comércio mediterrâneo, impulsionando cidades como Gênova, Pisa, Florença, Veneza, etc. A Teologia Católica exerceu um poder muito grande sobre o pensamento econômico da Idade Média. A propriedade privada era permitida, desde que usada com moderação. Havia uma idéia de moderação na conduta humana, o que levava às concepções de justiça nas trocas e, portanto, de justo preço e justo salário. O empréstimo a juros era condenado pela Igreja, pois contraria a idéia de justiça nas trocas: o dinheiro reembolsado seria maior do que o emprestado. Diferente do pensamento capitalista, o pensamento cristão condenava a acumulação de capital (riqueza) e aexploração do homem pelo homem. A opção da Igreja, então, foi pelo retorno a atividade rural, ao contrário de Roma. Na verdade, a igreja, através de suas conventos e mosteiros, tornou-se grande proprietária de grandes terras. A terra transformou-se na riqueza por excelência. Nascia, assim, o regime feudal, caracterizado, como dito anteriormente na apostila por propriedades nas quais os senhores e os trabalhadores viviam indiretamente do produto da terra ou do solo. Eram 20 médias ou grandes propriedades rurais, auto-suficientes econômica e politicamente, obedientes a autoridade do senhor ou proprietário, e nas quais os servos exerciam suas atividades agrícolas ou artesanais. O rei, embora dirigisse o Estado, não possuía influência ou poder de decisão nos feudos, onde a autoridades máxima era a do senhor da gleba (os exploradores) e onde labutavam os servos ( os exploradores). 2.3 MERCANTILISMO O mundo novo surge (inclusive o Brasil nas Américas), com o crescimento e o desenvolvimento das cidades, a nova política e as profundas mudanças do tempo medieval, grandes transformações começam a ocorrer, tanto em matéria comercial e de produção. O pensamento religioso se enfraquecia, operava-se uma forte centralização política, ocorrendo a criação das nações modernas e das monarquias absolutas. O Renascimento cultural e científico e o Mercantilismo abriram os horizontes da Europa, a partir de 1.450. A Reforma Protestante de Martin Lutero (1.483-1.546) e João Calvino (1.509-1.564), exaltando o individualismo, a atividade econômica e o êxito material, deu grande impulso à economia. Enriquecer não constituía mais um pecado. A cobrança de juros e a obtenção de lucro passaram a ser permitidas. Ao mesmo tempo, ocorreu uma transformação política na Europa, com o enfraquecimento dos feudos e a centralização da política nacional. Aos poucos, foi-se formando uma economia nacional relativamente integrada, com o Estado central dirigindo as forças materiais e humanas. No âmbito internacional, as descobertas marítimas e o grande afluxo de metais preciosos para a Europa, deslocaram o eixo econômico do Mediterrâneo para novos centros como Londres, Amsterdã, Lisboa, Madri, etc. Até então, a ideia mercantilista dominante era a de que a riqueza de um país media-se pelo afluxo de metais preciosos (metalismo). Com a idéia de garantir um afluxo positivo de ouro e prata para seu país, os mercantilistas sugeriam que se aumentassem as exportações e que se controlassem as importações. Na França, surgiu a proteção à indústria, com o fim de assegurar exportações mais regulares e com maior valor. Com o objetivo de maximizar o saldo comercial e o afluxo de metais preciosos, as Metrópoles estabeleceram um "pacto colonial" com suas colônias. Por meio desse "pacto", todas as importações da colônia passaram a ser provenientes de sua Metrópole, assim como todas as suas exportações seriam destinadas a ela exclusivamente. A Metrópole monopolizava também o transporte dessas mercadorias. O Mercantilismo contribuiu decisivamente para estender as relações comerciais do âmbito regional para o âmbito internacional. Ele constituiu uma fase de transição entre o feudalismo e o capitalismo moderno. No Mercantilismo, a ética paternalista cristã (católica) ao condenar a aquisição de bens materiais, entrava em conflito com os interesses dos mercadores-capitalistas. Aos poucos, o Estado Nacional passou a ocupar o lugar da Igreja na função de supervisionar o bem-estar da coletividade. Gradativamente, os governos foram sendo influenciados pelo pensamento mercantilista. (começaram a surgir leis que beneficiavam os interesses dos mercantilistas e do 21 capitalismo nascente: lei do cercamento das terras, leis que incentivavam a indústria, leis que criavam barreiras às importações, etc.) O Mercantilismo provocou grandes distorções, como abandono da agricultura em benefício da indústria, excessiva regulamentação e intervencionismo exagerado do Estado na atividade econômica. Aos poucos, foram surgindo novas teorias sobre o comportamento humano, de cunho liberal e individualista, mais de acordo com as necessidades da expansão capitalista. Em resumo o mercantilismo foi: • um regime de nacionalismo econômico. a acumulação de riqueza se consistia na principal finalidade do Estado. • Para os mercantilistas o Estado deveria encontrar os meios necessários para que o país adquirisse a maior quantidade possível de ouro e prata. • Procuravam disciplinar as atividades industriais e comerciais de tal forma que as exportações fossem sempre favorecidas em detrimento das importações 2.4 OS FISIOCRATAS E A DOUTRINA DO "LAISSEZ-FAIRE" A Fisiocracia constitui a primeira escola econômica de caráter científico, liderada pelo médico francês François Quesnay (1.694-1774), autor da obra O Quadro Econômico: análise das variações do rendimento de uma nação. Podemos conceituar a fisiocracia como um grande grupo de economistas franceses do século XVIII que combateu as ideias mercantilistas e formulou, pela primeira vez uma Teoria do Liberalismo Econômico. Segundo a doutrina fisiocrática, a sociedade é formada pela classe produtiva (agricultores), pela classe dos proprietários de terras e pela classe estéril (todos os que se ocupam do comércio, da indústria e dos serviços). A agricultura era considerada produtiva por ser, para os fisiocratas, a única que gera valor. Desse modo, os preços agrícolas deviam ser os mais elevados possíveis, a fim de gerar lucros e recursos para novos investimentos agrícolas. Os consumidores seriam compensados pela cobrança de um imposto único sobre a renda dos proprietários de terras e por medidas que reduzissem os preços industriais. A idéia de classe estéril resultou da reação fisiocrática contra a doutrina mercantilista. A moeda passou a ter apenas função de troca e não reserva de valor, pois este encontra-se na agricultura. A indústria e o comércio constituem desdobramentos da agricultura, pois apenas transformam e transportam valores. A terra produz valor por sua fertilidade, seguindo uma ordem natural e providencial. Desse modo a agricultura precisa ser incentivada para aumentar o produto social. Com uma lei natural regulando a ordem econômica, os homens precisam, então, agir livremente, e qualquer intervenção do Estado inibiria essa ordem, ao criar obstáculos à circulação de pessoas e de bens. Assim, eles propunham a redução da regulamentação oficial, para aumentar a produtividade da economia, e a eliminação de barreiras ao comércio interno e a promoção das exportações. Proibição às exportações de cereais, ao expandir a oferta interna, reduziriam os preços, afetando os lucros agrícolas. Por outro lado, para manter baixos os preços das manufaturas e beneficiar os consumidores, propunham o combate aos oligopólios e o fim das restrições às 22 importações. O pensamento fisiocrático era, portanto, liberal, traduzindo-se em sua doutrina do laissez-faire, laissez-passer ... (deixai fazer, deixai passar). Em resumo o pensamento fisiocrata foi: • Representação de uma reação ao mercantilismo. Os fisiocratas não acreditavam que uma nação poderia se desenvolver mediante, apenas, do acúmulo de metais preciosos e estímulos direto ao comércio. • O objeto de investigação dos fisiocratas é o sistema econômico como um todo, sendo este conjunto regido por uma ordem natural. • Consideravam apenas o trabalho agrícola produtivo. • O Estado não deve intervir na ordem natural que rege o sistema econômico. 2.5 ESCOLA CLÁSSICA O liberalismo e o individualismo dos clássicos estavam associados ao bem comum: os homens, ao maximizarem a satisfação pessoal, com o mínimo de dispêndio ou esforço, estariam contribuindo para a obtenção do máximo bem-estar social. Tal harmonização seria feita, segundo Adam Smith, por uma espécie de mãoinvisível. O pensamento clássico fundamenta-se, no individualismo, na liberdade e no comportamento racional dos agentes econômicos, com a mínima presença do Estado, que teria como funções precípuas a defesa, a justiça e a manutenção de certas obras públicas. A Escola clássica foi uma escola que caracterizou a produção, deixando a procura e o consumo para o segundo plano. Para Smith, considerado o maior dos clássicos e o pai da Ciência Econômica, o objeto da economia é estender bens e riquezas a uma nação . Nesse sentido, entende que a riqueza somente pode ser conseguida mediante a posse do valor de troca. Valor de troca, para Smith (1981), é a capacidade de obter riqueza, ou seja, á a faculdade que a a posse de determinado objeto oferece de comprar com eles outras mercadorias. Em resumo a Escola Clássica defendia: • A mais ampla liberdade individual • O direito inalienável à propriedade • A livre iniciativa e a livre concorrência • A não intervenção do Estado na economia Segue abaixo os principais pensadores da Escola Clássica: a) Adam Smith (1.723-1.790) Com a publicação da Riqueza das Nações, em 1.776, tendo como experiência a Revolução Industrial Inglesa (1.760-1.830), Adam Smith estabeleceu as bases científicas da Economia Moderna. Ao contrário dos mercantilistas e fisiocratas, que consideravam os metais preciosos e a terra, respectivamente, como os geradores de riqueza nacional, para ele o elemento essencial da riqueza é o trabalho produtivo. Assim o valor pode ser gerado fora da agricultura. 23 Adam Smith ensinou que a Economia Política tem como objetivo gerar riqueza para o indivíduo e o Estado, para o provimento de suas necessidades básicas. A riqueza aumenta pelo trabalho produtivo, fecundado pelo capital. "O trabalho anual de cada nação constitui o fundo que originalmente lhe fornece todos os bens necessários e os confortos materiais de que consome anualmente. O mencionado fundo consiste sempre na produção imediata do referido trabalho ou naquilo que com essa produção é comprado de outras nações." O valor vem do trabalho, desse modo ele pode ser gerado fora da agricultura, desde que o preço de mercado supere o preço natural (ou custo de produção). A geração de riqueza de uma nação depende, portanto, da proporção entre o trabalho produtivo (que gera um excedente de valor sobre o seu custo de reprodução) e o trabalho improdutivo (como o dos criados). O emprego de trabalho produtivo depende da divisão do trabalho, e esta da extensão dos mercados. A ampliação das trocas comerciais entre os países proporciona maior divisão do trabalho e especialização dos trabalhadores, aumentando a produtividade e o produto global. À medida que a economia consegue expandir seus mercados, ela obtém rendimentos crescentes à escala, podendo distribuir sem conflitos um produto social maior entre capitalistas, trabalhadores e Governo, na forma de lucros, salários e impostos. Uma das maiores contribuições teóricas de Adam Smith foi a teoria do liberalismo econômico, ou seja, ele defendia a liberdade do mercado – mercado livre -, a autonomia do mercado. b) David Ricardo (1.772-1.823) David Ricardo em sua obra Princípios de Economia Política e Tributação (1.817), afirma que o maior problema da Economia Política está na distribuição do produto entre as classes sociais (proprietários da terra, capitalistas arrendatários e trabalhadores). Isso ocorre porque a proporção do produto total destinado a cada classe varia no tempo, uma vez que depende da fertilidade do solo, da acumulação do capital, do crescimento demográfico e da tecnologia. Assim, determinar as leis que regulam essa distribuição é a principal questão da Economia. Ricardo transferiu o centro do problema da análise econômica da produção para a distribuição, sendo uma de suas grandes contribuições a teoria do valor trabalho. Ele se interessou pelos preços relativos mais que pelos absolutos; queria descobrir a base da relação de troca entre as mercadorias. As mercadorias obtém seu valor de duas fontes: de sua escassez e da quantidade de trabalho necessário para obtê-las. A teoria da renda da terra ocupa um lugar de destaque em sua análise. As diferenças na qualidade da terra determinariam que, enquanto os proprietários das terras férteis obteriam rendas cada vez mais altas, a produção nas terras de qualidade pior geraria só o suficiente para cobrir os custos e não produziria renda. Desse modo, pode-se argumentar que a renda e os lucros poderiam ser isolados, considerando o caso da terra sem renda, na qual o rendimento consistiria inteiramente nas entradas derivadas de capital. De um ponto de vista dinâmico, Ricardo pensava que o crescimento da população acompanhava a expansão econômica, e esta expansão traria consigo um aumento das necessidades de alimentos, que poderiam ser satisfeitas só a custos mais altos. Para 24 manter os salários reais no seu nível anterior, seriam necessários salários monetários mais altos, o que faria a participação dos lucros no produto diminuir. Desta forma, Ricardo mostrou que o processo de expansão econômica poderia minar suas próprias bases, isto é, a acumulação de capital a partir dos lucros, de modo que, ao se reduzir a taxa de lucro, emergiria o estado estacionário, no qual não haveria acumulação líquida nem crescimento. A função de produção ricardiana apresenta rendimentos decrescentes e a economia marcha para um estado de estagnação a longo prazo. O grande problema para os economistas clássicos era a sociedade atingir esse estado estacionário, de crescimento zero, sem que a população tenha atingido o máximo bem-estar. Ricardo foi também o primeiro que desenvolveu a teoria dos custos comparativos (vantagens comparativas), defendendo que cada país deveria especializar-se naqueles produtos que têm um custo comparativo mais baixo, e importar aqueles cujo custo comparativo fosse mais alto. Essa é a base da política de livre comércio de David Ricardo para os bens manufaturados. Segundo essa política, cada país deve dedicar seu capital e trabalho àquelas produções que se mostram mais lucrativas. Dessa forma, o trabalho distribui-se com maior eficiência e, ao mesmo tempo, aumenta a quantidade total de bens, o que contribui para o bem-estar geral. A teoria dos custos comparativos harmoniza os interesses dos diferentes países nos assuntos internacionais. c) O Pensamento Socialista (Karl Marx: 1.818-1.883) Centrando-se na teoria do valor-trabalho e no conceito de mais-valia, Karl Marx e Friedrich Engels estabeleceram as bases da doutrina socialista da superação do capitalismo por suas próprias contradições internas. A economia capitalista apresenta crises periódicas de superprodução, com elevadas taxas de desemprego. A Economia Política passou a ter maior amplitude, ao ser vista, não apenas por meio de relações meramente tecnológicas, mas também como o estudo das relações sociais de produção, no sentido de luta de classes entre capitalistas e trabalhadores. A base da teoria de Marx constituía-se na análise da história, fundamentada no materialismo dialético. A concepção materialista da história baseia-se no princípio de que a produção e o intercâmbio de produtos constituem a base de toda ordem social. Essa afirmação é válida uma vez que, em toda sociedade citada pela história, a divisão em classes está determinada por aquilo que se produz, como se produz e pela forma que se troca a produção. Segundo essa concepção, as causas de todas as mudanças sociais e de todas as revoluções políticas são buscadas não na mente dos homens e sim nas mudanças experimentadas pelos métodos de produção e de troca. A força básica na história é, para Marx, a estrutura econômica da sociedade. Isso não exclui o impacto das idéias, pois estas são um reflexo das sociedades, que as alimentam. O objetivo da obrade Marx era descobrir as "leis do movimento" da sociedade capitalista. Marx construiu seu "modelo econômico" para demonstrar que o capitalismo explorava necessariamente a classe trabalhadora e como essa exploração conduziria, 25 inevitavelmente, à sua destruição. Nesse sentido, a teoria do valor-trabalho tem um papel importante. Segundo Marx, o benefício é obtido pelo capitalista ao adquirir uma mercadoria, que pode criar um valor maior que o de sua própria força de trabalho. Marx distingue os conceitos de força de trabalho e tempo de trabalho. A força de trabalho refere-se à capacidade do homem para o trabalho; o tempo de trabalho é o processo real e a duração do trabalho. O relevante é que, segundo Marx, o capitalista paga ao trabalhador uma quantidade igual ao de sua força de trabalho, porém esse pagamento eqüivale somente a uma parte da produção do trabalhador e, portanto, somente parte do valor que este produz. A chave da exploração, nesse sistema, reside na diferença entre o salário que recebe um trabalhador e o valor do bem que produz. Essa diferença é o que Marx chama de mais- valia. Em resumo os fundamentos marxistas eram: • Crítica científica ao modo de produção capitalista; • Mais valia; • O modo de produção capitalista está fundado na exploração do trabalho assalariado; • Teoria do Valor Trabalho formulada de forma mais consistente: para Marx apenas o trabalho humano é capaz de criar valor. 2.6 O PENSAMENTO NEOCLÁSSICO (OU MARGINALISTA) Os principais pensadores desta Escola foram: • William Stanley Jevons (1835-1882) - inglês • Carl Menger (1840-1921)- austríaco • Léon Walras (1834-1910)- francês • Vilfredo Pareto (1848-1923)- italiano • Alfred Marshall (1842-1924)- inglês Com a consolidação da análise neoclássica, a partir de 1870, a expressão Economia Política passou a ser usada preferencialmente no contexto da análise marxista. Com o termo Economia, tem-se uma visão mais restrita do sistema econômico. As relações sociais desaparecem e a Economia é vista por seu lado técnico, histórico e abstrato. Os fenômenos econômicos são encarados como um processo mecânico, matematicamente demonstrável e determinado. Assim, supõe-se que a economia é formada por um grande número de pequenos produtores e consumidores, incapazes de influenciar isoladamente os preços e as quantidades no mercado. Portanto, a ênfase aos comportamentos dos produtores e consumidores e às especificidades do mercado é o tema central da Teoria Neoclássica. Os consumidores, de posse de determinada renda, adquirem bens e serviços de acordo com seus gostos, a fim de maximizarem sua utilidade total, derivada do consumo ou posse das mercadorias. Essa é uma concepção hedonista, segundo a qual o homem procura o máximo prazer, com um mínimo de esforço. 26 Assim, enquanto na Escola Clássica e em Marx o valor é determinado pela quantidade de trabalho incorporado na mercadoria, na Escola Marginalista, o valor depende da utilidade marginal. Desse modo, quanto mais raro e útil for um produto, tanto mais ele será demandado e valorizado e tanto maior será o seu preço. Dados os preços de mercado, os produtores adquirem os fatores de produção necessários a fim de combiná-los racionalmente e produzir as quantidades que maximizarão seus lucros. Os fatores têm preços determinados por sua escassez e utilidade no processo produtivo. Não há mais conflito entre as classes sociais na distribuição do produto, mas harmonia entre os agentes. No pensamento marginalista, cada proprietário dos recursos produtivos é remunerado por sua produtividade marginal, não havendo motivo, portanto, para qualquer conflito social. A concorrência entre os agentes econômicos regula a oferta e a demanda de bens e fatores. Supõe-se que exista perfeita flexibilidade de preços e salários, de sorte que se estabelece automaticamente o equilíbrio dos mercados, levando em conta cada indivíduo e a economia em seu conjunto ao máximo bem-estar social. A essência do pensamento marginalista pode ser sintetizada nos seguintes pontos: 1. raciocínio na margem: a decisão de produzir ou consumir vai depender do custo ou benefício proporcionado pela última unidade; 2. abordagem microeconômica: o indivíduo e a firma estão no centro da análise, havendo no mercado um único bem homogêneo e um preço de equilíbrio; 3. método abstrato-dedutivo: abstração teórica, argumentação lógica e conclusão; 4. concorrência pura nos mercados: sendo o monopólio uma exceção; muitos vendedores e compradores concorrem no mercado por bens e serviços; as firmas são pequenas e não conseguem influenciar o preço de mercado; 5. ênfase na demanda: a demanda é o elemento crucial para determinar os preços, ao contrário dos clássicos que enfocavam a oferta, ou custo de produção; 6. teoria da utilidade: a utilidade que as pessoas têm no consumo dos bens, determinada por seus gostos, influencia as quantidades demandadas de cada bem e, então, seus preços. Há uma ênfase em aspectos psicológicos, com a consideração da abordagem hedonista de prazer (satisfação) e sofrimento (custos); 7. teoria do equilíbrio: as variáveis econômicas interagem e o sistema manifesta uma tendência ao equilíbrio pelas livres forças de mercado; 8. direitos de propriedade: cada proprietário recebe pela posse de um fator de produção; 9. racionalidade: as firmas e consumidores maximizam lucro ou satisfação e não agem por impulso, capricho ou por objetivos humanitários; 10. laissez-faire: ou liberdade de mercado; toda e qualquer interferência nos automatismos do mercado gera custos e reduz o bem-estar social. Em meados do século XX, a Economia passou a abarcar dois grandes enfoques: (a) a Microeconomia, que trata da firma e da indústria em particular, do preço e do mercado de um bem ou serviço, bem como do indivíduo, como consumidor que detém poder de compra; e (b) a Macroeconomia, que se ocupa dos agregados, como a inflação, a taxa de câmbio, a renda nacional, a poupança, o investimento, a função consumo, o balanço de pagamentos, etc. 27 2.7 O PENSAMENTO KEYNESIANO Em sua obra, A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, (1936), John Maynard Keynes (1883-1946) refutou a ideia de equilíbrio com pleno emprego de fatores, pela rigidez de salários e preços. Segundo ele, há desemprego involuntário e em função disso, a economia opera com capacidade ociosa. Para elevar os níveis de emprego e de renda, maximizando-se o bem- estar social, torna-se necessário estimular a propensão a investir dos empresários. O Estado atua nesse sentido, realizando políticas monetárias e fiscais. Desse modo, ele realiza gastos e influencia as expectativas empresariais e o próprio nível de investimentos. Através dos efeitos de multiplicação e de aceleração, expande-se o nível de renda e de emprego. Keynes explicou que o valor dos bens e serviços produzidos pelas empresas tem uma contrapartida de renda, que são os salários, juros, aluguéis, impostos e lucros; que essas rendas, encaradas como custos pelas empresas, na verdade vão ser gastas em novos bens e serviços. O mesmo raciocínio vale para a economia em seu conjunto. Se a população não pode gastar, por não ter um emprego, a economia estará impossibilitada de produzir. Esse é o fluxo circular de produto e renda, cujo funcionamento não é automático e possui vazamentos: parte do dinheiro não é gasto e permanece entesourado (em casa ou nos bancos). Desse modo, a demanda efetiva tende a ficar aquém das possibilidades de produção da economia. (Keynes identificou outros vazamentos que são as importações e o pagamento de impostos). Para que esses vazamentos sejam compensados, em caso de recessão (demanda efetiva < total de produção), é preciso que: a) os bancos elevem seus empréstimos para consumo e investimento; b) as exportações sejam estimuladas; c) o Governo aumenteseus gastos. Maior fluxo de renda estimulará a demanda agregada, retomando o caminho da prosperidade. No entanto, é necessário que os gastos com investimento (I) sejam iguais às poupanças (S) realizadas em cada período. Como as rendas aumentam com a prosperidade geral da economia e o consumo não cresce na mesma proporção, haverá uma tendência de (S) expandir-se de um modo mais acelerado. Assim, o (I) precisa crescer cada vez mais. Sendo S > I, o Governo precisa aumentar seus gastos para compensar o excesso de poupança. Keynes preferia que os gastos do Governo fossem investimentos em áreas sociais, como escolas, estradas e hospitais, que acabariam beneficiando também o setor produtivo. Os princípios fundamentais da economia keynesiana podem ser resumidos nos seguintes pontos: 28 1) Inter-relação entre a renda nacional e os níveis de emprego. Os determinantes diretos da renda e do emprego são os gastos com consumo e investimento. O gasto público constitui uma adição ao gasto total. A situação de pleno emprego é só um caso especial; o caso geral e característico é o de equilíbrio com desemprego. Quando o gasto em consumo e investimento é insuficiente para manter o pleno emprego, o Estado deve estar disposto a aumentar o fluxo de renda por meio de gastos financeiros por déficit orçamentário. 2) Determinantes da renda e do emprego, ou os determinantes do gasto em consumo e investimento. Keynes supunha que o consumo está determinado pelo volume de renda; isto é, para cada nível de renda, o gasto em consumo é uma proporção dada da renda, e esta proporção cai quando a renda aumenta. O nível de consumo varia com a renda, enquanto a renda varia, por sua vez, porque os investimentos ou o gasto público variam e isto ocorre de uma forma multiplicativa. 3) Keynes dizia que o gasto com investimento era determinado pela taxa de juros e pela eficácia marginal do capital (ou taxa de retorno esperada sobre o custo de novos investimentos). A eficácia marginal do capital depende da expectativa diante dos lucros futuros e do preço de oferta dos ativos de capital. A taxa de juros era definida como uma recompensa pelo sacrifício da liquidez (ou o desejo de manter a riqueza em forma de ativos financeiros líquidos) e da quantidade de dinheiro em circulação mais depósitos. (Em resumo, as três influências psicológicas sobre a renda e o emprego são: a propensão ao consumo, o desejo por ativos líquidos e a taxa de retorno esperada dos novos investimentos). Para Keynes o sistema de livre mercado (ou laissez-faire) ficou antiquado e que o Estado deve atuar ativamente para fomentar o pleno emprego, forçando a taxa de juros para baixo (e assim estimular o investimento); e redistribuindo a renda com o objetivo de estimular os gastos de consumo. Para Keynes o Estado deve atuar intensamente para que se possa estabilizar a economia no nível de pleno emprego. 29 3 INTRODUÇÃO A MICROECONOMIA Microeconomia é o segmento da teoria econômica que estuda a formação de preços no mercado, ou seja, o funcionamento do mercado de um determinado produto ou grupo de produtos, analisando o comportamento dos compradores e vendedores. Microeconomia, ou Teoria Geral dos Preços, analisa a formação de preços no mercado, ou seja, como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o preço e a quantidade de um determinado bem ou serviço em mercados específicos. A microeconomia estuda o funcionamento da oferta e da procura na formação do preço no mercado, isto é, o preço sendo obtido pela interação do conjunto dos consumidores com o conjunto de empresas que fabricam um dado bem ou serviço. Assim, enquanto a macroeconomia enfoca o comportamento da economia como um todo, considerando variáveis globais como consumo agregado, renda nacional e investimentos globais, a análise microeconômica preocupa-se com a formação de preços de bens e serviços (por exemplo, soja, automóveis) e de fatores de produção (salários, aluguéis, lucros) em mercados específicos. Do ponto de vista da economia de empresas, onde se estuda uma empresa específica, prevalece a visão contábil financeira na formação do preço de venda de seu produto, baseada principalmente nos custos de produção, enquanto na Microeconomia prevalece a visão do mercado. O conceito de empresa possui duas visões: a econômica e a jurídica. Do ponto de vista econômico, empresas ou estabelecimento comercial é a combinação pelo empresário, dos fatores de produção: capital, trabalho, terra e tecnologia, de modo organizado para se obter o maior volume possível de produção ou de serviços ao menor custo. 3.1 PRESSUPOSTOS BÁSICOS DA ANÁLISE MICROECONÔMICA  A hipótese coeteris paribus A hipótese coeteris paribus ( tudo o mais permanece constante ): o foco de estudo é dirigido apenas àquele mercado, analisando o papel que a oferta e a demanda nele exercem, supondo que outras variáveis interfiram muito pouco, ou que não interfiram de maneira absoluta, ou seja, não afetam o mercado analisado. Para analisar um mercado específico, a Microeconomia se vale da hipótese de que “tudo o mais permanece constante” (que em latim significa coeteris paribus). O foco de estudo é dirigido apenas àquele mercado, analisando-se o papel que a oferta e a demanda nele exercem, supondo que outras variáveis interfiram muito pouco, ou que não interfiram de maneira absoluta. Por exemplo, sabemos que a procura de uma mercadoria é normalmente mais afetada por seu preço e pela renda dos consumidores. Para analisar o efeito do preço sobre a procura, supomos que a renda permaneça constante (coeteris paribus); da mesma forma, para avaliar a relação entre a procura e a renda dos consumidores, supomos que o preço da mercadoria não varie. Temos, assim, o efeito ―puro‖ ou ―líquido‖ de cada uma dessas variáveis sobre a procura. 30 Papel dos preços relativos Na análise microeconômica, são mais relevantes os preços relativos, isto é, os preços dos bens em relação aos demais, do que os preços absolutos (isolados) das mercadorias. Exemplo: se o preço do guaraná cair 10%, mas também o preço da soda cair em 10%, nada deve acontecer na demanda dos dois bens, mas se cair apenas o preço do guaraná, permanecendo inalterado o preço da soda, deve-se esperar um aumento na quantidade procurada de guaraná e uma queda na soda. Embora não tenha havido alteração no preço absoluto da soda, seu preço relativo aumentou, quando comparado com o guaraná. Princípio da Racionalidade Por esse princípio, os empresários tentam sempre maximizar lucros condicionados pelos custos de produção, os consumidores procuram maximizar sua satisfação no consumo de bens e serviços (limitados por sua renda e pelos preços das mercadorias). 3.2 APLICAÇÕES DA ANÁLISE MICROECONÔMICA A análise microeconômica, ou a Teoria dos Preços, como parte da Ciência Econômica, preocupa-se em explicar como se determina o preço dos bens e serviços, bem como dos fatores de produção. O instrumental microeconômico procura responder, também, a questões aparentemente triviais; por exemplo, por que, quando o preço de um bem se eleva, a quantidade demandada desse bem deve cair, coeteris paribus. É importante salientar que, se a Teoria Microeconômica não é um manual de técnicas para a tomada de decisões no dia-a-dia, mesmo assim ela representa uma ferramenta útil para estabelecer políticas e estratégias, dentro de um horizonte de planejamento, tanto ao nível de empresas quanto ao nível de política econômica. Para as empresas, a análise microeconômica pode subsidiar as seguintes decisões: . política de preços da empresa · previsões de demanda e de faturamento · previsões de custos de produção · decisões ótimas de produção (escolha da melhor alternativa de produção, isto é, da melhor combinação de fatores de produção) · avaliação e elaboração de projetos de investimentos(análise custo-benefício da compra de equipamentos, ampliação da empresa etc.) · política de propaganda e publicidade (como as preferências dos consumidores podem afetar a procura do produto) · localização da empresa (se a empresa deve situar-se próxima aos centros consumidores ou aos centros fornecedores de insumos) · diferenciação de mercados (possibilidades de preços diferenciados, em diferentes mercados consumidores do mesmo produto) Como auxiliar de política econômica, a Teoria Microeconômica pode contribuir na análise e tomada de decisões das seguintes questões: · efeitos de impostos sobre mercados específicos 31 · política de subsídios (nos preços de produtos como trigo e leite, ou na compra de insumos como máquinas, fertilizantes etc.) · fixação de preços mínimos na agricultura · controle de preços · política salarial · política de tarifas públicas (água, luz etc.) · política de preços públicos (petróleo, aço etc.) · leis antitruste (controle de lucros de monopólios e oligopólios) São, portanto, decisões necessárias ao planejamento estratégico das empresas e à política de programação econômica do setor público. Fica evidente que a contribuição da Microeconomia está associada à utilização de outras disciplinas, como a Estatística, a Matemática, a Matemática Financeira, a Contabilidade e mesmo a Engenharia, de forma a dar conteúdo empírico a suas formulações e conceitos teóricos.  O estudo microeconômico  Análise da Demanda: A Teoria da Demanda ou Procura de uma mercadoria ou serviço divide-se em Teoria do Consumidor e Teoria da Demanda de Mercado.  Análise da Oferta: A Teoria da Oferta de um bem ou serviço também se subdivide em oferta de firma individual e oferta de mercado.  Teoria do equilíbrio geral: A análise do equilíbrio geral leva em conta as inter- relações entre todos os mercados, procurando analisar se o comportamento independente de cada agente econômico conduz todos a uma posição de equilíbrio global, embora todos sejam, na realidade, interdependente. 3.3 ESTRUTURAS DE MERCADO 3.3.1 Conceituação de estruturas de mercado As estruturas de mercado se dividem inicialmente entre o ―mercado de bens e serviços‖ e o ―mercado de fatores de produção‖. Pode-se representar a economia através de um fluxo circular em que os seus diferentes componentes se complementam, interagindo como fornecedores e consumidores uns dos outros dependendo do mercado em que se encontrem. Famílias e empresas, portanto, podem ser demanda ou oferta dependendo da posição em que se encontrem no mercado. Assim, as empresas no ―mercado de bens e serviços‖ são os ofertantes e os membros das famílias são seus demandantes, de forma oposta no ―mercado de fatores de produção‖ os membros da família são os ofertantes e as firmas/empresas são seus demandantes. Desta forma, pode-se entender o mercado como um conjunto de relações que são travadas pelos agentes econômicos (demanda e oferta) em torno de um dado produto, ou conjunto de produtos, em certo período de tempo. 32 Sua estrutura irá, portanto, depender da forma como os agentes econômicos estão organizados. Sendo uma ―estrutura de mercado‖ dada pela forma como fornecedores e consumidores estão organizados no mercado para realizar as suas transações de venda e compra. Assim, ao analisar o mercado pelo lado de como os fornecedores (oferta) estão organizados frente aos consumidores (demanda), têm-se as estruturas do mercado de bens e serviços, mas se esta análise privilegiar a forma como os consumidores estão organizados frente os fornecedores, tem-se as estruturas do mercado de fatores de produção. Os mercados produtores estão estruturados de modo diferenciado, podendo ser classificado dos seguintes modos: i) Concorrência perfeita ii) Monopólio iii) Oligopólio iv) Concorrência monopolística. a) Concorrência perfeita A Concorrência Perfeita, ou competição pura, é a estrutura adequada, visando o funcionamento ideal da economia, servindo como parâmetro em face das outras estruturas de mercado, daí, ter que ser preenchido os seguintes requisitos: - A existência de um número muito grande de empresas produtoras e de compradores no mercado, onde nenhum destes possui condições suficientes de influenciar o mercado; - Os bens, serviços ou produtos são padronizados, não diferenciados (homogêneos); - As empresas não têm nenhum tipo de influência em relação aos preços dos produtos, informações privilegiadas, na realidade, este mercado é transparente; - Não existem impedimentos, acordos, restrições, barreiras à entrada ou saída de outras empresas no mercado (mobilidade); Na concorrência perfeita, é o mercado que estabelece o preço do produto, eliminando toda e qualquer possível exploração do consumidor, fazendo com que os preços sejam ―justos‖, no sentido de que sejam iguais aos custos (incluindo nesses o chamado ―lucro normal‖). O produtor, por ser um ―átomo‖ nesse mercado, recebe o preço como dado, não tendo qualquer poder de alterá-lo. Examinando as características distintivas do mercado de concorrência perfeita, você já deve ter percebido que este mercado não é facilmente encontrado na prática. O exemplo mais próximo de um mercado de concorrência perfeita seria a bolsa de valores: o produto ali transacionado é homogêneo – digamos, uma ação ordinária do Banco do Brasil; existem diariamente milhares de compradores e de vendedores desta ação; todos os agentes econômicos que ali atuam têm perfeito conhecimento dos preços praticados para esta ação; e, por fim, há livre entrada de compradores e vendedores nesse mercado. 33 Um outro mercado também citado como próximo da concorrência perfeita é o de produtos agrícolas, como parece ocorrer, por exemplo, com o mercado de arroz – um produto padronizado, existindo milhares de vendedores e de compradores desse produto no mercado. b) Monopólio O monopólio é a falta, a ausência de concorrência, é uma figura que se situa em sentido oposto ao da livre concorrência ora preceituada pela Constituição Federal em seu artigo 170, inciso IV, pois tem o poder de influenciar o mercado, significando a existência de um único fornecedor, podendo neste caso, impor o preço que mais lhe provier para suas mercadorias e ficando, assim, sujeitado ao nível de vendas dele decorrente. Daí, o monopólio é o modo mais nítido de poder de mercado. Tem como características básicas: - Existência de única empresa produtora no mercado, não existindo concorrência na oferta, ou seja, um único vendedor; ou um vendedor que controla toda oferta do mercado; - Controle sobre a matéria-prima, produto ou serviço; - Barreiras ao registro de novas patentes, afastando assim qualquer concorrente; - Não há produtos similares, que podem ser substitutos; - Situação privilegiada na quantidade produzida e no preço, maximizando assim o lucro. O monopolista está só e decorrente deste estar só, é que tem liderança para escolher o preço de suas vendas. É importante ressaltar que o governo em determinados casos, tem papéis distintos quanto a esta estrutura de mercado monopolista. Em primeiro lugar de combate, para evitar o abuso do poder econômico, e em segundo lugar é quando o próprio governo garante, tornando-o inteiramente apropriados, a exemplo dos monopólios do governo no controle de determinados setores estratégicos, criando assim, monopólios legais, garantindo o direito de propriedade, direitos autorais, patentes, como no Correios, dentre outros monopólios legais. Concluindo, todo monopolista não se preocupa com concorrentes, pois não o tem. Quanto ao Monopólio Natural, é uma situação em que temos bens exclusivos e com quase nenhuma rivalidade. Este tipo de mercado, em sua maioria, é regulamentado pelo governo, sendo longo o prazo de retorno. Pode-se citar o gás natural, distribuição de energiaelétrica, como exemplos. c) Concorrência monopolística Concorrência monopolística é um mercado onde existem várias empresas disputando o mesmo tipo de cliente, caracterizando uma situação mais ou menos eqüidistante da concorrência perfeita e do monopólio. Geralmente é encontrada no mercado de varejo. Suas características principais são: a) geralmente cada empresa tem seu próprio produto que, embora possa ser substituto próximo dos demais, apresenta característica diferenciadora de firma para firma; e o consumidor tem opções de escolha, de acordo com sua preferência; 34 b) são todas firmas de porte e poder de concorrência relativamente semelhantes, o que limita bastante seu controle sobre seu preço; Exemplos de concorrência monopolística são as butiques de um shopping, os restaurantes, as escolas privadas, as padarias, as pequenas mercearias, etc. São essas as principais estruturas de mercado existentes. Feita esta abordagem, temos, agora, condições de analisar como funcionam as forças de mercado – isto é, a oferta e a demanda - num sistema econômico capitalista, e como são determinados os preços dos bens e serviços em geral, sem que o governo interfira nesse processo. d) Oligopólio O oligopólio é uma situação de concentração de mercado, ou seja, é um tipo de mercado dominado por um reduzido número de grandes empresas, com alto grau de concentração local, e estas empresas, influencia no preço de mercado de maneira ostensiva, o que leva as outras firmas a reagirem em face ao abuso do poder econômico. As empresas oligopolistas, que não são em grandes quantidades, promovem o domínio de determinada oferta de produtos e/ou serviços, que podem ser homogêneos ou diferenciados, formando barreiras à entrada de potenciais concorrentes, efetuando gastos de grande monta em tecnologia de ponta, produção em larga escala, marketing, dentre outros, ou se associando aos grandes grupos econômicos, inviabilizando a entrada de novas empresas no mercado. Pode-se dar como exemplo as empresas do ramo de laboratórios farmacêuticos, aço, alumínio, cimento, veículos, aviação, bancos, comunicação, dentre outros. Sendo assim, pode-se afirmar que a receita operacional destes oligopólios tem significativa influência no Produto Interno Bruto - PIB dos países. Portanto, o oligopólio é um tipo de mercado que se diferencia da concorrência perfeita pelas seguintes características principais: a) o mercado é dominado por um número pequeno de grandes empresas; b) na maioria dos casos, muito embora possa haver diferenciação entre os produtos das diversas firmas, eles são perfeitos substitutos entre si, como é o caso do setor de eletrodomésticos, sabão em pó, automóveis, cimento, etc. c) como, na maioria dos casos, 80% a 90% do mercado é dominado por um pequeno número de grandes empresas, existe um relativo controle de preços por estas firmas, através de acordos ou conluios; d) as empresas do setor tentam ganhar mercado através de uma massiva publicidade, e nunca através de redução de preços; e) a ação de uma firma afeta as demais, tornando-as interdependentes, apresentando, geralmente, uma firma maior que se comporta como líder das demais. No oligopólio, assim como no monopólio, há barreiras para a entrada de novas empresas no setor. 35 Tipos de oligopólio:  com produto homogêneo (alumínio, cimento);  com produto diferenciado (automóveis). Os oligopólios podem ainda se apresentar de forma diferenciada (Oligopólio Diferenciado), quando os produtos destas empresas apresentam diferentes níveis de diferenciação (características particulares de cada produto) e se estabelece um nível de concorrência maior entre os participantes do mercado, ou concentrada (Oligopólio Concentrado), quando o produto das empresas participantes é tão idêntico ―homogêneo‖ que estas passam a só ter a escala de produção como forma de competição pelo mercado, fazendo com que apenas empresas de porte e com alto nível de concentração do mercado, possam existir. Muitas vezes o grau de concentração é tão alto nestes mercados que apenas duas empresas atuam, transformando sua estrutura num ―Duopólio‖, caso extremo do oligopólio onde há apenas duas grandes empresas controlando a oferta do mercado. No que se refere ao oligopólio conivente, constituem num grupo de empresas que de modo tácito colocam o mesmo preço nos seus produtos e/ou serviços, porém com uma empresa liderando a fixação destes preços. Cabe ressaltar algumas formas de organização empresarial presentes no oligopólio: Cartéis, trustes e holding. 3.4 FORMAS DE ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL PRESENTES NO OLIGOPÓLIO 3.4.1 Cartel No cartel as empresas são legitimamente independentes e, de modo geral, têm atuação no mesmo ramo, acordando entre si e, promovendo a dominação de mercado de modo geral, através da combinação de preços, seja no ramo de produtos ou de serviços. Sendo assim, pode-se identificar a caracterização de prática abusiva, com vistas ao domínio de mercado, aumentado expressivamente seus lucros, contrariando, deste modo, a livre concorrência ora preceituada na Constituição Federal brasileira em seu artigo 170, inciso IV. 3.4.2 Truste Truste é uma estrutura empresarial em que empresas, em geral, do mesmo ramo ou setor, e que detêm grande parte do seu mercado, organizam-se numa nova empresa para em conjunto dominarem este mercado, fornecendo um produto em comum e, com isso, eliminarem a concorrência e fixarem um preço único de acordo com seus interesses. Esta é uma associação que pode se dar pela fusão ou combinação formal de empresas já existentes no mercado. Caso esta associação se dê por uma combinação formal e não por uma fusão, as empresas envolvidas podem manter suas estruturas administrativas e produtivas separadas com intuito de retornarem as suas condições anteriores caso os resultados obtidos não sejam os esperados. 36 3.4.3 Holding ou sociedade gestora de participações sociais O holding é uma situação em que é criada uma empresa para que esta venha a administrar um conglomerado empresarial. Assim, pode-se vislumbrar uma poderosa estratégia de gestão, com o objetivo de promover o domínio de determinada oferta de qualquer tipo de produtos e/ou serviços, visando engrandecer seus lucros. Para melhor entendimento, pode-se tratar o holding como sendo na realidade, uma sociedade empresarial juridicamente independente, porém seu objetivo maior será a de participação no capital de outras sociedades empresariais. Como exemplo, o verificado no setor bancário, no de seguros, dentre outros, pelo fato de virem a concentrar o controle de suas diversas empresas. Essa forma de administração é muito praticada pelas grandes corporações nesta era de globalização. Concluindo este assunto, as fusões promovem em sua maioria e cada vez mais frequente, a instalação de grandes conglomerados empresariais, pois detêm significativos recursos financeiros, favorecendo, deste modo, o uso de tecnologia de última geração, trabalhando em economia de escala, diminuindo de modo predatório em sua maioria, a concorrência, especialmente nos países em desenvolvimento. 3.5 ESTRUTURA DE MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO No mercado de fatores de produção, os indivíduos constituem-se nos vendedores dos recursos produtivos, ao passo que as firmas são compradores dos mesmos. Esses fatores de produção terão um preço determinado pelos mercados (salários, alugueis, juros e lucros, conforme o caso), havendo então um pagamento por parte das firmas aos indivíduos quando das aquisições desses recursos. As estruturas de mercado para os fatores de produção são: 1) MONOPSÔNIO  É o regime ou estrutura de mercado em que um único comprador concentra em suas mãos a totalidade de compra dos fatores de produção, não obstante ele se defronte com grande númerode vendedores ou ofertantes de tais fatores. Nesse caso, os preços não são determinados pelos vendedores, mas pelo único comprador. É comum dizer-se que o monopsônio freqüentemente deriva de um monopólio instalado. De fato, um monopólio na venda de um produto pode determinar o monopsônio na compra dos fatores de produção de um referido produto. Exemplos: Uma situação típica de monopsonista é a de um produtor de automóveis que depende de um determinado número de fornecedores de algumas peças que não são utilizadas por outros fabricantes. Pro essa razão, os pequenos fabricantes produzem peças apenas para essa marca de automóveis. O produtor de automóveis é um monopsonista. Outro bom exemplo seria o caso do fumo, pois em certa região produtora, existe apenas uma única empresa que adquire a folha do fumo para industrialização. 2) OLIGOPSÔNIO  Esse tipo de estrutura de mercado é caracterizado pela existência de poucos compradores (sendo que, se houver apenas dois, se denomina duopsônio), de modo que as ações de um ou mais podem ter um efeito 37 significativo sobre o preço de mercado dos outros compradores. É, portanto, um mercado com poucos participantes (em número), mas grandes em tamanho, fazendo com que haja uma forte interdependência entre as firmas, a exemplo do que ocorre com os oligopólios. Exemplos: No agronegócio brasileiro, muitos casos se aproximam do status de oligopsônio. Isso acontece para o produto agrícola processado (como na indústria de óleos vegetais, café solúvel, chocolate, cigarros frutas, verduras, suco de laranja, suco de maracujá e carnes processadas, entre outras), ou seja, poucas grandes empresas processadoras comprando produtos agropecuários diretamente dos agricultores ou por meio de cooperativas. QUADRO RESUMO 1 - Estruturas de mercado de bens e serviços. CARACTERÍSTICAS TIPOS DE MERCADO Competição Perfeita Competição Monopolista Oligopólio Monopólio N° de empresas Muito grande Muitas Poucas Uma Tipo de Produto Padronizado Diferenciado Padroniz. e Dif. Único Controle sobre preços Nenhum Pequeno Considerável Muito Condições de entrada Sem barreiras Sem barreiras Com barreiras Com barreiras Exemplos Produtos agrícolas Restaurante, lojas de varejo, magazines Automóveis, cia aéreas Energia elétrica, telefonia fixa QUADRO RESUMO 2 - Estruturas de mercado de fatores de produção CARACTERÍSTICAS TIPOS DE MERCADO MONOPSÔNIO OLIGOPSÔNIO N° de empresas Única Poucas Tipo de fator de produção Padronizado Padronizado Exemplos Indústria automobilística, Industria de fumo Processadores de produtos agrícolas, como café, suco de laranja, óleos vegetais, etc. 38 4 DEMANDA, OFERTA E EQUILÍBRIO DE MERCADO Este estudo está baseado no quinto capítulo do Livro Fundamentos de Economia, de Vasconcellos e Garcia, onde está destacada a Demanda, a Oferta e o Equilibro de Mercado. Para estudarmos estes itens, será necessário acompanharmos um breve histórico, já que os fundamentos da análise da demanda ou da procura estão alicerçados no conceito subjetivo de utilidade. A utilidade representa o Grau de Satisfação que os Consumidores atribuem aos Bens e Serviços que podem adquirir no Mercado. Ou seja, a utilidade é a qualidade que os bens econômicos possuem de satisfazer as necessidades humanas. Como está baseada em aspectos psicológicos ou preferências, a utilidade difere de consumidor para consumidor (alguns preferem cerveja, outros uísque etc). A Teoria do Valor-Utilidade contrapõe-se à chamada Teoria do Valor Trabalho, desenvolvida por alguns economistas clássicos. A Teoria do Valor-Utilidade pressupõe que o valor de um bem se forma pela sua demanda, isto é, considera que o valor nasce da relação do homem com os objetos. Representa a chamada Visão Utilitarista, onde prepondera a soberania do consumidor, pilar do capitalismo. A Teoria do Valor Trabalho considera que o valor de um bem se forma do lado da oferta, através dos custos do trabalho incorporados ao bem. Os Custos de produção eram representados basicamente pelo fator mão de obra, em que a Terra era praticamente gratuita (abundante), e o capital pouco significativo. Pela Teoria do Valor Trabalho, o valor do bem surge da relação social entre homens, dependendo do tempo produtivo que eles incorporam ao bem. Neste sentido, a Teoria do Valor Trabalho é objetiva (depende de custos). Pode-se dizer que a Teoria do Valor Utilidade veio complementar a Teoria do Valor Trabalho, pois não era mais possível predizer o comportamento dos preços dos bens apenas com base nos custos da mão de obra (ou mesmo custos em geral) sem considerar o lado da demanda (padrão de gostos, hábitos, renda, etc.). Resumindo, a Teoria do Valor-Utilidade permitiu distinguir o valor de uso do valor de troca de um bem. O valor de uso é á utilidade que ele represente para o consumidor. Valor de Troca se forma pelo preço no mercado, pelo encontro da oferta e da demanda do bem. A Teoria da Demanda baseia-se na Teoria do Valor-Utilidade.  A Utilidade Total e a Utilidade Marginal No final do século passado, alguns Economistas elaboraram o conceito de utilidade marginal e dele derivaram a curva da demanda e suas propriedades. Tem-se que a utilidade total tende a aumentar quanto maior a quantidade consumida do bem ou serviço. Entretanto, a utilidade marginal, que é a satisfação adicional (na margem) obtida pelo consumo de mais uma unidade do bem, é decrescente, porque o consumidor vai perdendo a capacidade de percepção da utilidade por ele proporcionada, chegando à saturação. O chamado paradoxo da água e do diamante ilustra a importância do conceito de utilidade marginal. 39 Por que a água, mais necessária, é tão barata, e o diamante, supérfluo, tem preço tão elevado? Ocorre que a água tem grande utilidade total, mas baixa utilidade marginal (é abundante), enquanto o diamante, por ser escasso, tem grande utilidade marginal e total. 4.1 DEMANDA DE MERCADO 4.1.1 Conceituação ―A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de um determinado bem ou serviços que os consumidores desejam adquirir em determinado período de tempo.‖ 4.1.2 Variáveis que interferem na Demanda Essa procura depende de variáveis que influenciam a escolha do consumidor. São elas: o preço do bem ou serviço, o preço dos outros bens, a renda do consumidor e o gosto ou preferência do individuo. Para se estudar a influencia dessas variáveis consideram-se cada uma dessas ―variáveis‖ afetando separadamente as decisões do consumidor. A demanda pode ser interpretada como procura, mas nem sempre como consumo, uma vez que é possível demandar (desejar) e não consumir (adquirir) um bem ou serviço. A quantidade de um bem que os compradores desejam e podem comprar é chamada de quantidade demandada. A quantidade demandada depende de variáveis que influenciam a escolha do consumidor pela compra ou não de um bem ou serviço: o seu preço, o preço dos outros bens substitutos ou complementares, a renda do consumidor e o gosto ou preferência do indivíduo. Para estudar a influência dessas variáveis, considera-se separadamente a influência de cada uma nas decisões do consumidor (condição coeteris paribus). Como a demanda é o desejo ou necessidade apoiados pela capacidade e intenção de compra, ela somente ocorre se um consumidor tiver um desejo ou necessidade, se possuir condições financeiras para suprir sua necessidade ou desejo e se ele tiver intenção de satisfazê-los. Sempre que damos prioridade para o consumo de alguma coisa em detrimento de outra, estamos demonstrando um desejo. O desejo é a maneira específica na qual buscamos a satisfação de nossa necessidade. A demanda sempre influencia a oferta, ou seja, é a demanda que determina o movimento da oferta. Por isso, para as empresas, além de identificar os desejose as necessidades de seus consumidores, é muito importante identificar a demanda para um determinado produto ou serviço, pois é ela que vai dizer o quanto se comprará da oferta que a empresa disponibiliza no mercado. Isto é, quem e quantos são os consumidores que irão adquirir o produto ou serviço. http://pt.wikipedia.org/wiki/Bens_substitutos http://pt.wikipedia.org/wiki/Bens_complementares http://pt.wikipedia.org/wiki/Renda http://pt.wikipedia.org/wiki/Coeteris_paribus http://pt.wikipedia.org/wiki/Oferta http://pt.wikipedia.org/wiki/Oferta http://pt.wikipedia.org/wiki/Produto http://pt.wikipedia.org/wiki/Servi%C3%A7o http://pt.wikipedia.org/wiki/Mercado 40  Relação entre a quantidade procurada e preço do bem: A Lei Geral da Demanda Há uma relação inversamente proporcional entre a quantidade procurada e o preço do bem. É a chamada Lei Geral da Demanda. Essa relação pode ser observada a partir dos conceitos de escala de procura, curva de procura ou função demanda. Portanto, na análise da demanda temos uma relação inversa entre o preço do bem e a quantidade demandada. 4.1.3 Curva de demanda: Representa graficamente a variação da demanda de um determinado bem de acordo com o preço do mesmo (gráfico abaixo). A curva da demanda é negativamente inclinada devido ao efeito conjunto de dois fatores: o efeito substituição e o efeito renda. Se o preço de um bem aumenta, a queda da quantidade demandada será provocada por esses dois efeitos somados: a) Efeito substituição: se um bem possui um substituto, ou seja, outro bem similar que satisfaça a mesma necessidade, quando seu preço aumenta, o consumidor passa adquirir o bem substituto, reduzindo assim sua demanda. Exemplo: Manteiga e margarina – Carne e frango – Cerveja antártica e Brama. b) Efeito renda: quando aumenta o preço de um bem, o consumidor perde o poder aquisitivo, e a demanda por esse produto diminui. 4.1.4 Outras variáveis que afetam a demanda de um bem Efetivamente, a procura de uma mercadoria não é influenciada apenas por seu preço. Existe uma série de outras variáveis que também afetam a procura. a) Bem Normal: Se a renda dos consumidores aumenta e a demanda do produto também, temos um bem normal. Exemplo: carne de primeira. b) Bem inferior, tipo de bem cuja demanda varia em sentido inverso às variações da renda; exemplo se o consumidor ficar mais rico diminuirá o consumo de carne de segunda, e aumentará o consumo da carne de primeira. https://academiaeconomica.com/wp-content/uploads/2013/06/curvademanda.jpg 41 c) Bens de consumo saciado, quando a demanda do bem, quase não é influenciada pela renda dos consumidores (arroz, farinha, sal, etc.), muitas vezes ocorre a diminuição do consumo deste tipo de bem, devido ao aumento da renda. d) Bens substitutos, quando há uma relação direta entre o preço de um bem e a quantidade de outro. Exemplo: um aumento no preço da carne deve elevar a demanda de peixe. Bens complementares: São bens que podem ser utilizados em conjunto ou que ficam melhores utilizados dessa forma. Ex: Se aumentar o preço da impressora e a quantidade demandada de cartuchos diminuir é porque a impressora e o cartucho são complementares no consumo. Outros exemplos: café e leite; pão e manteiga. Portanto, temos que se a carne de primeira é um Bem Normal e a carne de segunda é um Bem Inferior, ocorrendo um aumento da renda do consumidor provavelmente o consumo de carne de segunda diminuirá e o de carne de primeira aumentará. 4.2 OFERTA DE MERCADO Em um sentido amplo, oferta é uma denominação genérica para indicar o que é disponibilizado ao mercado, independente da sua natureza, sendo utilizada para substituir a expressão "produto" ou "serviço" e também englobar os outros elementos que são objeto das ações de marketing. 4.2.1 Conceituação Define-se então Oferta como a quantidade de bens que os vendedores estão dispostos a comercializar em variados níveis de preço. De acordo com esta lei, toda a vez que o preço aumenta, a quantidade ofertada aumenta; e toda a vez que o preço diminui, a quantidade ofertada também diminui. Como parâmetro para o estabelecimento dos preços dos produtos pelo mercado, a oferta possui um peso inversamente proporcional (quanto maior a oferta, menor o preço). A oferta é influenciada diretamente pela demanda do produto. 4.2.2 Variáveis que afetam a oferta Da mesma maneira que a demanda, a oferta depende de vários fatores; dentre eles, de seu próprio preço, dos demais preços, dos preços dos fatores de produção, das preferências do empresário e da tecnologia. 4.2.3 Curva da Oferta É a relação entre o preço de um bem e a quantidade desse bem que os produtores estão dispostos a produzir e a vender, mantendo todo o resto constante. A curva da oferta quando representada em gráfico tem inclinação positiva, já que quanto maior for o preço do bem, mais quantidade desse bem as empresas estão dispostas a produzir. http://pt.wikipedia.org/wiki/Lato_sensu http://pt.wikipedia.org/wiki/Mercado http://pt.wikipedia.org/wiki/Produto_(economia) http://pt.wikipedia.org/wiki/Servi%C3%A7o http://pt.wikipedia.org/wiki/Marketing http://pt.wikipedia.org/wiki/Par%C3%A2metro http://pt.wikipedia.org/wiki/Propor%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Demanda 42 A lei da oferta, sob a hipótese ceteris paribus, pode ser representada graficamente. Para demonstrar tal representação, tomemos como exemplo a produção de refrigerante. A tabela, a seguir, mostra quantas latas de refrigerante sua fábrica produz, mensalmente, dados os diferentes preços da lata de refrigerante. A oferta da sua fábrica de refrigerante Preço (por lata) Quantidade ofertada (milhões de latas/mês) R$ 1,00 10 R$ 1,50 15 R$ 2,00 20 R$ 2,50 25 R$ 3,00 30 Veja que, a um preço por lata de R$ 1,00, sua fábrica produz 10 milhões de latas/mês de refrigerante. Por outro lado, quando o preço por lata alcança a cifra de R$ 3,00, a quantidade ofertada de sua fábrica aumenta para 30 milhões de latas/mês. Os dados dessa tabela podem ser representados por um gráfico de linha, como abaixo. No eixo vertical desse gráfico, medimos o preço do bem (lata de refrigerante) e, no eixo horizontal, a quantidade ofertada do bem (da sua fábrica em milhões de latas/mês). A linha inclinada para cima, que relaciona preço e quantidade ofertada, é chamada de curva de oferta. 43 Veja que, no gráfico, conforme nos movimentamos sobre a curva de oferta, a quantidade ofertada aumenta à medida que o preço aumenta (e vice-versa). Portanto, a curva de oferta é, simplesmente, uma representação gráfica da lei da oferta. Explicado o que é uma curva de oferta, sabemos que, para decifrar, adiante, o funcionamento dos mercados, temos que conhecer a oferta do mercado. O exemplo da sua fábrica de refrigerante expressa a oferta individual por um bem e/ou serviço. Para sabermos qual é a oferta de mercado, é simples: somam-se as ofertas individuais. Para ilustrar, imagine um mercado de refrigerante com três produtores: além da sua fábrica, a fábrica RJ e a fábrica MG. Nesse caso, a quantidade ofertada de refrigerante seria, a cada preço, maior. A tabela, a seguir, mostra-nos isso. A oferta de mercado de refrigerante Preço (por lata) Quantidade Ofertada (milhões de lata/mês) Sua Fábrica Fábrica RJ Fábrica MG Mercado R$ 1,00 10 08 03 21 R$ 1,50 15 12 06 33 R$ 2,00 20 16 09 45 R$ 2,50 25 20 12 57 R$ 3,00 30 24 15 69 Diferentemente da função demanda, a função de oferta mostra uma correlação direta entre a quantidade ofertada e nível de preços. É a chamada Lei Geral da Oferta. Ou seja, na análise da oferta quanto maior o preço de um bem maior é a quantidade ofertada, é uma relação direta entre preço e quantidade ofertada. 4.3 EQUILÍBRIO DE MERCADO O preço de mercado (ou de equilíbrio) de determinado bem representa o preço que se forma no mercado(através do chamado mecanismo de mercado) e que compatibiliza os interesses antagônicos dos consumidores e dos produtores. Esta compatibilização é conseguida quando a quantidade procurada pelos consumidores é igual à quantidade oferecida pelos produtores, situação que se verifica quando o preço do bem é o seu preço de equilíbrio. Segundo a Teoria da Procura, quanto maior o preço do bem menor será a quantidade procurada; pelo inverso, segundo a Teoria da Oferta, quanto maior o preço do bem maior será a quantidade oferecida. Desta forma, existe apenas um preço em que as quantidades procuradas e oferecidas se igualam - é o chamado preço de equilíbrio. http://www.notapositiva.com/dicionario_economia/bem.htm http://www.notapositiva.com/dicionario_economia/preco.htm http://www.notapositiva.com/dicionario_economia/mecanmercado.htm 44 No caso do preço estar acima desse preço de equilíbrio, a quantidade que os produtores oferecem é necessariamente superior à quantidade que os consumidores procuram - verifica-se um Excesso de Oferta. Assim sendo, os produtores são levados a baixarem os preços de forma a conseguirem vender os seus produtos; Pelo contrário, se o preço estiver abaixo do seu preço de equilíbrio entre a demanda e oferta, a quantidade demandada será superior à quantidade ofertada - verifica-se uma situação de Escassez de Oferta como também de Excesso de Procura. Neste caso, os produtores têm incentivos para aumentar os preços de forma a satisfazerem toda a procura. Conclui-se pelo exposto acima que o preço de mercado de um bem tende sempre para o seu preço de equilíbrio, ou seja, para o único preço em que as intenções de compra igualam as intenções de venda. Algebricamente, o preço de equilíbrio é encontrado juntando a função oferta e a função procura. De igual forma, o preço de equilíbrio também pode ser encontrado graficamente sobrepondo no mesmo gráfico a curva da oferta e a curva da procura. No gráfico abaixo, em que foram sobrepostas as curvas da oferta (S de Suply) e da Procura (D de Demand), facilmente se conclui que existe apenas um preço para o qual a quantidade oferecida é igual à quantidade procurada. http://www.notapositiva.com/dicionario_economia/funcaooferta.htm http://www.notapositiva.com/dicionario_economia/funcaoprocura.htm http://www.notapositiva.com/dicionario_economia/funcaoprocura.htm http://www.notapositiva.com/dicionario_economia/curvaoferta.htm http://www.notapositiva.com/dicionario_economia/curvaprocura.htm 45 5 INTRODUÇÃO A MACROECONOMIA A macroeconomia estuda a economia como um todo, analisando a determinação e o comportamento de grandes agregados, tais como: renda e produto nacionais, nível geral de preços (inflação), emprego e desemprego, renda interna bruta, estoque de moeda e taxas de juros, balança de pagamentos e taxa de câmbio. Portanto, a macroeconomia analisa o comportamento da economia como um todo. Ao estudar e procurar relacionar os grandes agregados, a Macroeconomia negligencia o comportamento das unidades econômicas individuais e de mercados específicos, estas são preocupações da Microeconomia. Portanto, a microeconomia estuda mercados específicos de forma isolada. Analisa a relação entre produtores e consumidores neste mercado específico, a exemplo, do mercado automobilístico. Entretanto, embora exista um aparente contraste, não há um conflito entre a Micro e a Macroeconomia, uma vez que o conjunto da economia é a soma de seus mercados individuais. A diferença é primordialmente uma questão de ênfase, de enfoque. Ao estudar a determinação de preços numa indústria, na Microeconomia consideram-se constantes os preços das outras indústrias. Na macroeconomia estuda-se a nível geral de preços ignorando-se a mudança de preços relativa dos bens das diferentes indústrias. A Teoria Macroeconômica propriamente dita preocupa-se mais com aspectos de curto prazo. Especificamente, preocupa-se com questões como desemprego, que aparece sempre que a economia está trabalhando abaixo de seu máximo de produção, e com as implicações sobre os vários mercados quando se alcança a estabilização do nível geral de preços. À parte da Teoria Econômica que estuda questões de longo prazo é denominada Teoria do Crescimento Econômico. Na tentativa de se determinar como os preços e as quantidades são estabelecidos, desenvolveram-se 2 métodos de análise básicos: a) Abordagem de equilíbrio parcial: analisa um determinado mercado sem considerar os efeitos que este mercado pode ocasionar sobre os demais mercados existentes na economia. b) Abordagem de equilíbrio geral: acredita-se que tudo depende de tudo, e assim, se quiséssemos determinar como são formados os preços dos bens, deveríamos listar todos os bens que são produzidos pela economia e todos os diferentes tipos de insumos que são utilizados. 46 5.1 OBJETIVOS DA POLÍTICA MACROECONÔMICA Os principais objetivos da política macroeconômica são:  Alto nível de emprego  Distribuição de renda socialmente justa  Crescimento econômico  Estabilidade de preços 5.1.1 Alto nível de emprego Desde a Revolução Industrial, em fins do século XVIII, até o início do século XX, o mundo econômico parece ter funcionado sobre o pensamento liberal, que acreditava que os mercados, sem interferência do Estado, conduziam a Economia ao pleno emprego de seus recursos, como se guiados por uma ―mão invisível‖, determinariam os preços e a produção de equilíbrio, e, desse modo, nenhum problema surgiria no mercado de trabalho. Entretanto, a evolução da economia mundial trouxe em seu bojo novas variáveis, como o surgimento de sindicatos de trabalhadores, os grupos econômicos e o desenvolvimento de mercado de capitais e do comércio internacional, de sorte a complicar e trazer incertezas sobre o funcionamento da economia. A ausência de políticas econômicas levou à quebra da Bolsa de Nova York em 1929, e uma crise de desemprego atingiu todos os países do mundo ocidental nos anos seguintes. Com a contribuição de Keynes, fincaram-se as bases da moderna Teoria Econômica, e da intervenção do Estado na economia de mercado, que nos passa qual o grau de intervenção do Estado na economia e em que medida ele deve ser produtor de bens e serviços. A corrente dos economistas liberais (hoje neoliberais), prega a saída do governo da produção de bens e serviços. 5.1.2 Estabilidade de preços Define-se inflação como um aumento contínuo e generalizado no nível geral de preços. Por que inflação é um problema? Primeiramente, porque a inflação acarreta distorções, principalmente sobre a distribuição de renda, sobre as expectativas dos agentes econômicos e sobre o balanço de pagamentos. É importante salientar que, enquanto nos países industrializados o problema central é o desemprego, nos países em via de desenvolvimento o foco mais importante de análise é o da inflação. Esse tema é de difícil abordagem, dado que as causas da inflação diferem entre países (deve-se levar em conta, por exemplo, o estágio de desenvolvimento e a estrutura dos mercados), e num dado país, diferem no tempo. Podemos dizer que a busca da estabilidade econômica de uma sociedade pressupõe uma combinação de estabilidade de preços e busca do pleno emprego. 47 5.1.3 Distribuição Eqüitativa de Renda A economia brasileira cresceu razoavelmente entre o fim dos anos 60 e a maior parte da década de 70. Apesar disso, verificou-se uma disparidade muito acentuada de nível de renda, tanto a nível pessoal coma a nível regional. Isso fere, evidentemente, o sentido de eqüidade ou justiça. No Brasil, os críticos do ―milagre‖ argumentavam que haviam piorado a concentração de renda no país, nos anos 1967-1973, devido a uma política deliberada do governo baseada em crescer primeiro para depois distribuir (chamada Teoria do Bolo). A posição oficial era de que um certo aumento na concentração derenda seria inerente ao próprio desenvolvimento capitalista, dada as transformações estruturais que ocorrem (êxodo rural, com trabalhadores de baixa qualificação, aumento da proporção de jovens etc.). Nesse processo gera-se uma demanda por mão de obra qualificada, a qual por ser escassa, obtém ganho extra. Assim o fator educacional seria a principal causa da piora distributiva. 5.1.4 Crescimento Econômico Se existe desemprego e capacidade ociosa, pode-se aumentar o produto nacional através de políticas econômicas que estimulem a atividade produtiva. Mas, feito isso, há um limite à quantidade que se pode produzir com os recursos disponíveis. Aumentar o produto além desse limite exigirá: a) Um aumento nos recursos disponíveis; b) Ou um avanço tecnológico (melhoria tecnológica, novas maneiras de organizar a produção, qualificação da mão de obra). Quando falamos em crescimento econômico, estamos pensando no crescimento da renda nacional per capita, ou seja, colocar à disposição da coletividade uma quantidade de mercadorias e serviços que supere o crescimento populacional. A renda per capita é considerada um razoável indicador – o mais operacional – para se aferir à melhoria do padrão de vida da população, embora apresente falha (os países árabes têm as maiores rendas per capita, mas não o melhor padrão de vida do mundo). 5.2 INSTRUMENTOS MACROECONÔMICOS A política macroeconômica envolve a atuação do governo sobre a capacidade produtiva e despesas planejadas, com objetivo de permitir que a economia opere a pleno emprego, com baixas taxas de inflação e uma distribuição justa de renda. Os principais instrumentos para atingir tais objetivos são as políticas fiscais, monetárias, cambiais e comerciais, e de rendas. 48 5.2.1 Política Fiscal Refere-se a todos os instrumentos que o governo dispõe para atuar na arrecadação de tributos e no controle de suas despesas. É utilizada para estimular (ou inibir) os gastos de consumo do setor privado. Se o objetivo da política econômica é reduzir a taxa de inflação, as medidas fiscais normalmente utilizadas são a diminuição de gastos públicos e/ou o aumento da carga tributária (o que inibe o consumo). Ou seja, visam diminuir os gastos da coletividade. Se o objetivo é um maior crescimento e emprego, os instrumentos fiscais são os mesmos, mas em sentido inverso, para elevar a demanda agregada. 5.2.2 Política Monetária A Política Monetária representa a atuação das autoridades monetárias, por meio de instrumentos de efeito direto ou induzido, com o propósito de se controlar a liquidez global do sistema econômico. São medidas para controlar a inflação: A) Política Monetária Restritiva: engloba um conjunto de medidas que tendem a reduzir o crescimento da quantidade de moeda, e a encarecer os empréstimos. Instrumentos:  Recolhimento compulsório: consiste na custódia, pelo Banco Central, de parcela dos depósitos recebidos do público pelos bancos comerciais. Esse instrumento é ativo, pois atua diretamente sobre o nível de reservas bancárias, reduzindo o efeito multiplicador e, consequentemente, a liquidez da economia.  Assistência Financeira de liquidez: o Banco Central empresta dinheiro aos bancos comerciais, sob determinado prazo e taxa de pagamento. Quando esse prazo é reduzido e a taxa de juros do empréstimo é aumentada, a taxa de juros da própria economia aumenta, causando uma diminuição na liquidez.  Venda de Títulos públicos: quando o Banco Central vende títulos públicos ele retira moeda da economia, que é trocada pelos títulos. Desta forma há uma contração dos meios de pagamento e da liquidez da economia. B) Política Monetária Expansiva: é formada por medidas que tendem a acelerar a quantidade de moeda e a baratear os empréstimos (baixar as taxas de juros). Incidirá positivamente sobre a demanda agregada. São medidas que estimulam o crescimento econômico, baseada nos seguintes instrumentos:  Diminuição do recolhimento compulsório: o Banco Central diminui os valores que toma em custódia dos bancos comerciais, possibilitando um aumento do efeito multiplicador, e da liquidez da economia como um todo.  Assistência Financeira de Liquidez: o Banco Central, ao emprestar dinheiro aos bancos comerciais, aumenta o prazo do pagamento e diminui a taxa de juros. Essas medidas ajudam a diminuir a taxa de juros da economia, e a aumentar a liquidez. 49  Compra de títulos públicos: quando o Banco Central compra títulos públicos há uma expansão dos meios de pagamento, que é a moeda dada em troca dos títulos. Com isso, ocorre uma redução na taxa de juros e um aumento da liquidez A ação do Governo no sentido de controlar a liquidez da economia, ou de controlar os Meios de Pagamento. Ação sobre a quantidade de moeda disponível, sobre a capacidade de emprestar dos Bancos e sobre o nível da taxa de juros.  Significado ou Funções da Moeda - Meio ou instrumento de troca ( aceitação generalizada e garantida por lei) - Reserva de valor ( representa liquidez imediata ) - Unidade de conta ( exprime o valor dos bens e serviços entre si, isto é, seu preço) - Padrão para pagamentos diferidos ( pagamentos em tempo futuro, dívida a vencer, etc) Com inflação elevada a moeda perde algumas destas funções. Passa a não ser recomendável reservar moeda, pois a inflação corrói seu valor. Perde a referencia de valor com o surgimento de outras unidades (UPC, BTN, dólar, UFIR, etc). O chamado ―Imposto Inflacionário‖- é o efeito de corroer o valor da moeda por causa da inflação. Na verdade ocorre transferência de renda das classes menos favorecidas em benefício daqueles que já possuem dinheiro. Estes podem aplicá-lo no Mercado Financeiro e auferir juros. Já os menos favorecidos tem rendimentos fixos nos períodos ( mês, por exemplo ) e, ao recebê-los já ocorreu corrosão do valor. 5.2.3 Políticas Cambial e Comercial A política cambial refere-se à atuação do governo sobre a taxa de câmbio. O governo, através do Banco Central, pode fixar a taxa de câmbio, ou permitir que ela seja flexível e determinada pelo mercado de divisas. A política comercial diz respeito aos instrumentos de incentivos às exportações e/ou estímulo ou desestímulo às importações, ou seja, refere-se aos estímulos fiscais (crédito - prêmio do ICMS, IPI etc.) e creditícios (taxas de juros subsidiárias) às exportações e ao controle de importações (via tarifas e barreiras quantitativas sobre importações). Taxa de câmbio: É a medida de conversão de uma moeda para outra. No Brasil a referência é o dólar americano. Pode ser uma ―cesta― de moedas, normalmente as mais utilizadas no comercio do país. Este sistema era bastante adotado na Europa, antes da adoção do EURO como moeda na União Européia. 50  Sistemas cambiais a) Cambio flutuante ou livre O valor da moeda é definido pelo mercado, no equilíbrio entre oferta e demanda. Ofertam dólares os exportadores, os turistas estrangeiros, o investidor estrangeiro e a entrada de empréstimos externos (público ou privados). Demandam dólares os importadores, os turistas brasileiros que vão ao exterior, o pagamento de juros e títulos no exterior, remessa de lucros, pagamento de serviços. É um sistema de alta volatilidade ou de altas flutuações, ocasionada pelas grandes flutuações na entrada e saída de dólares na economia. É um campo fértil as especulações com moeda, gera incertezas na fixação de preços internos dos produtos importados e pode desestimular as exportações (incerteza no resultado das operações). b) Cambio fixo: O valor da moeda é fixado pelo Governo. A um determinado preço o Governo (Banco Central) compromete-se a adquirir e comprar qualquer quantidade de dólares. Os países que utilizam este sistema identificam no cambio a raiz de seus problemas inflacionários. Para tersucesso é necessário um alto nível de reservas em moeda estrangeira, de modo a poder enfrentar a demanda. O maior risco é o possível desestímulo ás exportações (no caso de o mercado exigir mais volume de moeda nacional por cada dólar) e estimular demasiado as importações (com eventual risco á produção nacional ) c) Cambio com mini bandas: O valor da moeda é definido pelo Governo entre uma faixa de variação de preços, fora das quais o Banco Central atua comprando ou vendendo, na procura do preço de equilíbrio. As bandas podem ser variáveis. Relação de trocas: Índice entre os preços de exportação e os preços de importação ( cesta de produtos mais comercializados ). Se esta relação de trocas é desfavorável (preços dos importados subindo mais do que os exportados) o cambio deve ser desvalorizado, pois a receita de exportação subirá menos que os gastos com importação, causando desequilíbrio na quantidade de moeda da economia (maior dispêndio de dólares, impactando o nível das reservas ). Se esta relação de trocas é muito favorável (preços dos exportados subindo mais do que os importados) o cambio deve ser valorizado, pois a despesa com importação será menor que a receita de exportação, também causando desequilíbrio na quantidade de moeda da economia (gera necessidade de emissão para compensar a internalização de dólares). 51 5.2.4 Política de Rendas A política de rendas refere-se à intervenção direta do governo na formação de renda (salários, aluguéis), através de controle e congelamentos de preços. A característica especial é que, nesses controles, os preços são congelados, e os agentes econômicos não podem responder às influências econômicas normais de mercado. 5.3 ESTRUTURA DE ANÁLISE MACROECONÔMICA Tradicionalmente, a estrutura básica do modelo macroeconômico compõe-se de cinco mercados: Mercado de Bens e Serviços Para tentar responder como se tem comportamento o nível de atividades, efetua-se uma agregação de todos os bens produzidos pela economia durante um certo período de tempo e define-se o chamado Produto Nacional. A demanda agregada depende fundamentalmente da evolução da demanda dos quatro grandes setores ou agentes macroeconômicos: consumidores, empresas, governo e setor externo. Mercado de Trabalho Também representa uma agregação de todos os tipos de trabalhos existentes na economia. Neste mercado, determinamos como estabelecer a taxa salarial e o nível de emprego. Mercado Monetário Consiste em que todas as transações da economia são efetuadas através da utilização de moeda. Neste mercado supomos a existência de uma demanda de moeda ( em função da necessidade de transações dos agentes econômicos, ou seja, da necessidade de liquidez ) e uma oferta de moeda, determinada pelo Banco Central e atuação dos bancos comerciais. A demanda e a oferta de moeda determinam a taxa de juros. Mercado de Títulos Consiste de agentes econômicos superavitários e agentes deficitários. Agentes superavitários são aqueles que possuem um nível de gastos inferior a seu volume de renda, assim podem efetuar empréstimos para os agentes econômicos deficitários. Mercado de Divisas Como o mercado mantém transações com o resto do mundo, existem mercados de divisas ou de moeda estrangeira. A oferta de divisas depende das exportações e da entrada de capitais financeiros, enquanto a demanda de divisas é determinada pelo volume de importações e saída de capital financeiro. 52 Mercado de capitais físicos: Está embutido no mercado de bens e serviços por meio dos investimentos e da poupança. Mercado de capitais financeiros: Estudo a partir do mercado monetário e de títulos. 5.4 CONCEITOS SOBRE A CONTABILIDADE NACIONAL A contabilidade nacional é a representação quantitativa de toda atividade econômica do país. O Sistema de Contas Nacionais no Brasil é elaborado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Ele segue o padrão recomendado pela ONU, que consiste em agrupar a atividade econômica em quatro contas básicas, a saber: a) Conta Produto Interno Bruto: corresponde às transações que refletem a atividade produtiva final durante um determinado período de tempo. b) Conta Renda Nacional Disponível Bruta: corresponde às transações que indicam a apropriação e a utilização da renda pelas famílias e governo. c) Conta consolidada de Capital: corresponde às transações que representam aumento da capacidade produtiva e seu financiamento pelas poupanças. d) Conta das Transações correntes com o resto do Mundo: corresponde às transações de mercadorias e serviços entre residentes e não residentes do país. 5.4.1 Produto Interno Bruto (PIB) - Nominal e Real O Produto Interno Bruto (PIB) é o somatório de todas as mercadorias e serviços finais produzidos dentro do território nacional num dado período de tempo, valorizados a preço de mercado, sem considerar se os fatores de produção são de propriedade de residentes ou não-residentes. Entretanto, para calcular o PIB utilizam-se os fatores de produção que pertencem a não-residentes, cuja remuneração é remetida aos seus proprietários no exterior, na forma de juros, lucros e royalties. Adicionando ao PIB à renda recebida do exterior e diminuindo a renda enviada ao exterior tem-se o Produto Nacional Bruto (PNB), que é a renda que efetivamente pertence aos residentes do país.  PIB Nominal e PIB Real: Quando são comparados os valores do PIB em períodos diferentes, eles incorporam o aumento da inflação. Para tirar o efeito da inflação, é necessário desinflacionar esses valores, transformando valores nominais em valores reais ou deflacionados. Daí surge a diferença entre PIB nominal e PIB real. PIB Nominal: É o PIB medido a preços correntes. Quando são comparados os valores do PIB Nominal entre dois anos, não se é possível diferenciar qual a parcela se deve ao aumento de preços e qual se refere a da quantidade física. 53 PIB Real: Para calcular o crescimento do produto físico deve se considerar que os preços se mantiveram constantes entre os dois anos. O PIB Real é o PIB medido a preços constantes de um dado ano qualquer, denominado ano-base. 5.4.2 As diferentes óticas de mensuração do produto da economia (Produto, Renda e Despesa) Produto - é o total de bens e serviços finais que foram produz idos numa economia durante um determinado intervalo de tempo (usualmente anual). Os bens e serviços finais são àqueles destinados diretamente para satisfação da população (automóveis, geladeiras, etc.), não sendo incluídos os bens intermediários (utilizados na produção de outros bens). Renda - é o total das remunerações recebidas pelos proprietários dos fatores de produção. Despesa - é o total dos gastos realizados para aquisição dos bens e serviços finais produzidos na economia. 5.4.3 PIB ou Renda per capita O PIB ou renda per capita é o resultado da divisão da produção total e real de um país pela sua população, ou seja, é o PIB dividido pela quantidade de habitantes do país. Como indicador para definir o desenvolvimento de um país, a renda per capita apresenta algumas limitações. Uma economia como a brasileira que apresenta elevada desigualdade de renda pessoal e regional, a renda per capita pode criar uma falsa expectativa. A renda per capita do interior de São Paulo é muitas vezes superior à renda per capita do interior do nordeste, gerando distorções que não são refletidos no indicador. 5.4.4 Renda Nacional Bruta e outros agregados A Renda Nacional Bruta engloba as rendas dos setores público e privado e as transferências de recursos entre o país e o resto do mundo. A Renda Nacional Disponível Bruta (RND) considera o saldo das transferências correntes recebidas e enviadas ao exterior. 5.5 INFLAÇÃO 5.5.1 Conceito de inflação: É definida como um aumento persistente e generalizado dos índices de preços,ou seja, os movimentos inflacionários são aumentos contínuos de preços, e não podem ser confundidos com altas esporádicas de preços, devidas às flutuações sazonais, por exemplo. As fontes de inflação costumam diferir em função das condições de cada país, como por exemplo: 54 a) Tipo de estrutura de mercado ( oligopolista, monopolista, etc.). b) Grau de abertura da economia ao comércio exterior: quanto mais aberta à economia à competição externa, maior a concorrência interna entre fabricantes, e menores os preços dos produtos. c) Estrutura das organizações trabalhistas: quanto maior o poder de barganha dos sindicatos, maior a capacidade de obter reajustes de salários acima dos índices de produtividade, e maior pressão sobre os preços. 5.5.2 Inflação de demanda: Refere-se ao excesso de demanda agregada em relação à produção disponível de bens e serviços. A probabilidade de ocorrer inflação de demanda aumenta quando a economia está produzindo próximo do pleno emprego de recursos. Nessa situação, aumentos de demanda agregada de bens e serviços, com a economia já em plena capacidade, conduzem a elevações de preços, principalmente, em setores de insumos básicos. Para combater um processo inflacionário de demanda, a política econômica deve basear- se em instrumentos que provoquem uma redução da procura agregada por bens e serviços (redução dos gastos do governo, aumento da carga tributária, arrocho salarial, controle de crédito, aumento das taxas de juros). 5.5.3 Inflação de custos: A inflação de custos pode ser associada à inflação tipicamente de oferta. O nível de demanda permanece o mesmo, mas os custos de certos fatores importantes aumentam. Com isso, ocorre uma retração da produção, deslocando a curva de oferta para trás, provocando um aumento de preços no mercado. As causas mais comuns dos aumentos dos custos de produção são: Aumentos salariais: Um aumento das taxas de salários que supere os aumentos na produtividade da mão de obra acarreta um aumento dos custos unitários de produção, que são normalmente repassados aos preços dos produtos. Aumentos do custo das matérias primas: Por exemplo, as crises do petróleo da década de 70, ao elevar sensivelmente os preços dessa matéria primam, provocaram um brutal aumento nos custos de produção, em particular nos custos de transporte e de energia com base no diesel. Estruturas de mercado: A inflação de custos também está associada ao fato de algumas empresas, com elevado poder de monopólio ou oligopólio, terem condições de elevarem de elevar seus lucros acima da elevação dos custos de produção. 55 5.5.4 Inflação inercial: É a aquela em que a inflação presente é uma função da inflação passada. Se deve à inércia inflacionária, que é a resistência que os preços de uma economia oferecem às políticas de estabilização que atacam as causa primárias da inflação. Seu grande vilão é a "indexação", que é o reajuste do valor das parcelas de contratos pela inflação do período passado. 5.5.5 Inflação estrutural: A corrente estruturalista supunha que a inflação em países em vias de desenvolvimento é essencialmente causada por pressões de custos, derivados de questões estruturais como a agrícola e a de comércio internacional. 5.6 EFEITOS PROVOCADOS POR TAXAS ELEVADAS DE INFLAÇÃO Uma das distorções mais sérias provocadas pela inflação diz respeito à redução relativa do poder aquisitivo das classes que dependem de rendimentos fixos, com prazos legais de reajustes. Nesse caso estão os assalariados que, com o passar do tempo, vão ficando com seus orçamentos cada vez mais reduzidos, até a chegada de um novo reajuste. Os comerciantes, industriais e o próprio Governo têm condições de repassar os aumentos de custos provocados pela inflação, garantindo, assim, a participação de sua parcela no produto nacional. A distorção provocada por altas taxas de inflação, afeta também o balanço de pagamentos. As elevadas taxas de inflação, em níveis superiores ao aumento de preços internacionais encarecem o produto nacional relativamente ao produzido externamente. Assim devem provocar um estímulo as importações e um desestímulo as exportações, diminuindo o saldo da balança comercial, normalmente lançam mão de desvalorizações cambiais, as quais, tornando a moeda nacional mais barata relativamente à moeda estrangeira, podem estimular a colocação de nossos produtos no exterior, ao mesmo tempo em que desestimulam as importações. Nas finanças públicas, a inflação tende a corroer o valor da arrecadação fiscal do governo, pela defasagem existente entre o fato gerador e o recolhimento efetivo do imposto. Maior a inflação, menor a arrecadação real do governo. Relação entre a Selic, Títulos da Dívida Pública e a atual valorização cambial (do real). Ao aumentar a Selic, os títulos de dívida pública ficam mais atrativos e rentáveis para quem compra. Tanto empresários dentro do país quanto fora acabam por fazer essa opção de compra. Estimula-se a entrada de capital externo para essa aquisição, aumentando a oferta de dólares e podendo provocar sua desvalorização 56 6 FUNDAMENTOS DE ECONOMIA INTERNACIONAL Os países estão em constante relação econômica uns com os outros. A globalização aprofundou essas relações de natureza econômica a nível internacional, seja por fluxos comerciais, seja por fluxos financeiros. Com isso, a Economia Internacional, como um ramo específico da teoria econômica, passa a se destacar, e merece um destaque especial. O comércio internacional resulta de uma aplicação da divisão do trabalho em sentido mais amplo na economia internacional. Fundamentada pela teoria das vantagens comparativas, cada país se especializa em produz ir os bens ou oferecer os serviços em que possui melhores condições naturais e técnicas profissionais. Os países produzem os bens e prestam os serviços a custos menores, baseados nas melhores condições de seu solo e de seu clima e das suas aptidões técnicas. 6.1 A TAXA DE CÂMBIO 6.1.1 Conceito A taxa de câmbio pode ser definida como a medida de conversão da moeda nacional em moeda de outros países. Representa o preço da moeda estrangeira (divisa) em termos da moeda nacional. Pode-se afirmar, por exemplo, que 1 dólar vale 3,50 reais, ou 1 euro vale 1,35 dólar. 6.1.2 Regimes cambiais: fixa, flutuante e administrada: A taxa de câmbio é denominada fixa quando seu valor é fixado pela autoridade econômica do país (Banco Central), que se obriga a comprar e vender qualquer quantidade de divisa àquela taxa fixada. Portanto, se um país fixar sua taxa de câmbio, ele se obriga a disponibilizar suas reservas para o mercado quando requisitadas pelos exportadores, turistas ou pelos investidores. As taxas de câmbio são flutuantes ou flexíveis quando seu valor é determinado pelo funcionamento do mercado de divisas, através do movimento de compra e venda de divisas. Ao contrário do regime cambial fixo, o Banco Central não é obrigado a disponibilizar suas reservas cambiais. È o regime adotado no Brasil atualmente. A taxa de câmbio é administrada quando a autoridade monetária atua no sentido de evitar oscilações indesejáveis. O Banco Central poderá comprar ou vender dólares para evitar variações excessivas no mercado. 6.1.3 Regimes ou Sistema de bandas cambiais No regime de câmbio fixo, a autoridade monetária pode adotar o sistema de bandas cambiais. O Banco Central fixa os limites superior e inferior (bandas) no qual a taxa de câmbio pode variar. O Banco Central é obrigado a disponibilizar suas reservas cambiais, quando requisitadas pelos exportadores, turistas ou investidores. A demanda de moeda estrangeira (divisa) é constituída pelos importadores de bens e serviços, que desejam pagar suas compras no exterior, ou por outras pessoas que necessitam remeter recursos para o exterior (turistas, investidores, etc.). 57 A ofertade moeda estrangeira (divisa) é realizada pelos exportadores de bens e serviços, que recebe divisa por suas vendas no exterior, ou por outras pessoas que tiverem recebido recursos no exterior (turistas do exterior, capitais financeiros internacionais, etc.). A moeda estrangeira (divisa) necessita ser convertida em real, pois não pode ser utilizada no pagamento de despesas correntes no Brasil. Quando a taxa de câmbio aumenta de valor, significa que houve desvalorização da moeda nacional (depreciação), ou seja, ela perdeu valor em relação à moeda estrangeira (divisa). Assim, a desvalorização cambial indica que será necessário um maior número de reais para cada unidade de moeda estrangeira. Por exemplo, a moeda nacional é desvalorizada em relação ao dólar. A valorização cambial (apreciação), por sua vez, significa que a moeda nacional se fortaleceu em relação à moeda estrangeira (divisa), e que será necessário um menor número de reais para cada unidade de moeda estrangeira. A taxa de câmbio influencia diretamente o resultado das contas externas do país. Se a moeda nacional estiver desvalorizada, estimulará as exportações, pois os exportadores receberão mais reais pela mesma quantidade de moeda estrangeira (divisa), aumentando, consequentemente o volume de moeda estrangeira (divisa) disponível no país. No caso da desvalorização da moeda nacional, o custo do bem produzido no país torna-se mais competitivo em relação à produção externa. Por outro lado, se a moeda nacional estiver valorizada, há um estímulo às importações e um desestímulo às exportações, pois os exportadores receberão menos reais pela mesma quantidade de moeda estrangeira (divisa), reduzindo-se a oferta de moeda estrangeira (divisa) internamente. 6.1.4 Políticas cambiais e o câmbio como instrumento de regulação comercial O governo interfere na área internacional, seja por meio da política cambial ou da política Comercial. A política cambial se refere a sua atuação na questão da taxa de câmbio, enquanto que a política Comercial refere-se a sua interferência no movimento de mercadorias e Serviços. O Brasil adotou o regime de câmbio fixo quando era necessário combater a elevada taxa de inflação que permanecia por anos no país. Como o produto importado tem seu valor fixado em moeda estrangeira, o preço dos produtos importados não é afetado pelas variações cambiais. Com isso, o governo pode combater a elevação interna de preços através do aumento das importações, impedindo desabastecimentos e estimulando a competição interna. A desvantagem do regime de câmbio fixo é o fato de que as reservas cambiais ficam mais sujeitas à especulação e cria maior dependência do capital externo de curto prazo necessário para o país manter suas reservas internacionais. No regime de taxa de câmbio fixa, quando ocorre esse ataque especulativo, o governo costuma manter elevadas as taxas de juros, para atrair o capital financeiro internacional de curto prazo. A vantagem do regime de câmbio flutuante é quando o governo precisa manter o nível de reservas cambiais. Como o mercado determina a taxa de câmbio pelo movimento de oferta e demanda de divisas, o governo não se vê obrigado a dispor de suas reservas cambiais. 58 Caso ocorra um ataque especulativo, a moeda nacional vai se desvalorizar até encontrar um novo ponto de equilíbrio. No entanto, podem ocorrer elevadas desvalorizações cambiais, que afetam os preços dos insumos importados e o nível de preços internos. No Brasil, o Banco Central vem interferindo indiretamente no nível de taxa de câmbio, através da compra e venda de divisas no mercado, mantendo-o dentro do patamar que considera desejável para manutenção de sua política econômica. Quando a moeda nacional atinge nível de valorização indesejável, podendo afetar o nível de exportações do país, o Banco Central adquire moeda estrangeira (divisa) no mercado nacional, evitando uma apreciação excessiva da moeda. Pode-se chamar este tipo de regime cambial em que a taxa de câmbio é determinada pelo mercado, mas que o Banco Central interfere no mercado comprando e vendendo moeda estrangeira (divisa), como flutuante sujo. 6.2 Balanço de Pagamentos no Brasil 6.2.1 Estrutura: O Balanço de Pagamentos é o registro das relações econômicas de um país com o exterior. Reflete a verdadeira condição do país no cenário internacional. No Balanço de Pagamentos estão registradas todas as transações com mercadorias, serviços e capitais físicos e financeiros entre o país e o resto do mundo. Por ser uma moeda de aceitação mundial, o dólar americano é a divisa empregada para representar os valores contidos nas diversas contas. 6.2.2 Comportamento histórico: A economia brasileira tem apresentado na última década uma Balança Comercial superavitária (exportações maiores que importações), mas historicamente apresenta um Balanço de Serviços deficitário, principalmente devido ao pagamento de juros da dívida externa, mas também devido à remessa de lucros pelas multinacionais instaladas no Brasil e pelos pagamentos de fretes e seguros. 6.2.3 Análise dos fatores determinantes para a formação de déficits e superávits: Mesmo que a Balança Comercial venha apresentando saldos positivos, assim como as transferências unilaterais, o resultado negativo do Balanço de Serviços, vem comprometendo o saldo do Balanço de Transações Correntes. O déficit em conta corrente na maioria das vezes tem sido financiado pela entrada líquida de capitais externos, tanto na forma de investimentos diretos como de capitais especulativos. 6.2.4 Reservas Internacionais: As reservas internacionais brasileiras estavam em cerca de US$ 300 bilhões em 2015 apesar da necessidade da autoridade monetária em comprar mais dólares no mercado à vista para estabilizar o câmbio. 59 6.2.5 Organismos Internacionais Organização Mundial do Comércio (OMC) Pode-se concluir que a OMC tem como finalidade precípua, combater o abuso do poder econômico, relativo às desigualdades comerciais entre as nações membros. Fundo Monetário Internacional (FM I) O Fundo Monetário Internacional (FM I), tem a finalidade de auxiliar os países que apresentam déficits nas contas externas e desequilíbrios ocasionais em seu balanço de pagamentos, causados por conjunturas internacionais adversas, e incentivar a livre circulação internacional de bens e serviços. O FM I procura também promover a cooperação monetária internacional, a expansão do comércio de modo harmônico, visando, o pleno emprego em níveis elevados, e ainda, promove a estabilidade cambial contribuindo para constituição de um sistema multilateral de pagamentos, supervisionando, por fim, a dívida externa. Banco Mundial O Banco Mundial iniciou suas operações com a finalidade de auxiliar a reconstrução dos países destruídos pela guerra, particularmente a Alemanha e o Japão. O fortalecimento das economias européias e o Japão redirecionaram a atuação do Banco Mundial para o financiamento de projetos de recuperação e construção da infraestrutura necessária ao crescimento dos países em desenvolvimento. O processo de globalização da economia No mundo globalizado as economias estão cada vez mais interdependentes. A globalização econômica tem origem no próprio incremento do comércio internacional e pela mobilidade do capital internacional. O liberalismo, no entanto, passou a ter papel de destaque, em particular com a adesão da Rússia e países asiáticos ao modelo, com o capitalismo experimentando uma internacionalização em proporção jamais verificada anteriormente. 6.3 FUNÇÕES DA MOEDA Instrumento ou meio de troca: serve para intermediar o fluxo de bens, serviços e fatores de produção da economia. Instrumento de medida de valor (denominador monetário): os valores dos bens e serviços transacionados na economia são expressos em quantidadede moeda, representado pelos seus preços. Instrumento de pagamentos futuros ou reserva de valor: a moeda pode ser utilizada para pagamento de um bem ou serviço no futuro. A poupança do indivíduo pode ser guardada em forma de moeda, constituindo num ativo financeiro que não rende juros. 60 6.3.1 Atuação do governo sobre a quantidade de moeda e títulos públicos Depósitos compulsórios - os bancos comerciais são obrigados a depositar no Banco Central um percentual determinado sobre os depósitos à vista. Caso o governo queira restringir a oferta monetária, poderá aumentar a porcentagem dos depósitos á vista que os bancos comerciais são obrigados a depositar no Banco Central; Operações de redesconto - correspondem à liberação de recursos pelo Banco Central aos bancos comerciais, que podem ser classificados como empréstimos ou redesconto de títulos. Se o Banco Central elevar a taxa aplicada às operações de redesconto, poderá desestimular o sistema bancário em recorrer a este tipo de socorro financeiro. Operações com mercado aberto (open market) - consistem na compra e venda, pelo Banco Central, de títulos da dív ida pública; 6.3.2 Oferta e Demanda de moeda Conceito de meios de pagamento Ativos que podem ser utilizados sem restrições para pagamento de uma dívida (liquidez imediata). É representada pela soma da Moeda Metálica e o Papel - Moeda em poder do público com os depósitos à vista nos bancos comerciais. A oferta de moeda também é chamada de meios de pagamento. Demanda de moeda para transações - serve para intermediar o fluxo de bens, serviços e fatores de produção da economia. Demanda de moeda por precaução - serve para eventualidades como um pagamento não previsto ou para cobrir uma diferença futura no fluxo de caixa. Demanda de moeda para especulação - serve para aplicação no mercado de títulos obtendo retorno financeiro. 6.4 O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 6.4.1 Segmentos do mercado financeiro: - Autoridades Monetárias: Conselho Monetário Nacional Banco Central do Brasil - Autoridades de Apoio: Comissão de Valores Mobiliários Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Superintendência de Seguros Privados Secretaria de Previdência Complementar 61 6.4.2 Taxa de juros A remuneração do capital são os juros, pois o capital é um fator de produção e, como tal, recebe uma remuneração. Juros, deste modo, podem ser interpretados tanto como a produtividade do capital, quanto o pagamento de um serviço ou o pagamento de compensação pela liquidez que o possuidor do capital deixou de ter pelo fato de ter emprestado o dinheiro a outrem. Por sua vez, define-se Taxa Selic como a taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos federais. Taxas de juros elevadas resultam na diminuição do consumo, pois os indivíduos vão optar pela poupança ao invés do consumo. Por sua vez, a elevação da taxa de juros terá influência sobre as prestações do crediário, que deverá ser mais onerosa, reduz indo as compras a prazo. Caso o governo optar por reduz ir a demanda, o nível da taxa de juros tem um papel preponderante, pois sua elevação poderá resultar na redução do consumo por parte das famílias. 6.5 SETOR PÚBLICO E A TRIBUTAÇÃO Na ótica da economia clássica, o Estado deveria realizar um mínimo de funções, restringindo-se às mais essenciais, como educação, saúde e segurança. Cabia aos indivíduos a busca da satisfação de suas necessidades pessoais, de forma que, cada um, agindo segundo seus próprios interesses, acabaria promovendo o interesse coletivo, mediante o livre funcionamento do mercado. Assim, quando o empresário busca o seu interesse próprio, que é o lucro máximo, ele mobiliza capitais, compra edifícios, máquinas e matérias-primas, contrata serviços de outros agentes econômicos, aos quais paga salários, juros, aluguéis e dividendos. Os trabalhadores buscam os melhores salários e procuram aperfeiçoar-se em suas atividades, de sorte a melhorar sua produtividade e atingir seus objetivos. Quando todos os agentes agem da mesma maneira, o produto global aumenta, gerando maior riqueza para todos, de maneira que a busca do bem-estar individual acaba gerando o bem-estar coletivo. Pela visão clássica, ao Estado cabe apenas regular o livre funcionamento dos mercados e proporcionar a segurança nos negócios ao assegurar o respeito às leis e à ordem. No sistema capitalista de produção, em que se inclui o modelo brasileiro, o governo se engaja na economia, modificando o perfil da sociedade, através da transferência de renda, impostos, incentivos, subsídios, fornecimento de bens públicos, entre outros. O desenvolvimento da atividade do governo na área fiscal envolve as seguintes funções: 62 a) Função distributiva, quando o governo afeta a distribuição de renda através do sistema tributário ou através de programas governamentais. Ajustes distributivos tornam- se necessários ao observar-se injustiça na distribuição da renda e da riqueza, e o governo implementa medidas fiscais (impostos e transferências) visando reduzir a desigualdade de renda. No Brasil, o sistema de tributação progressiva do imposto de renda pessoal e programas sociais se enquadram neste modelo. Como categoria de função distributiva, observa-se, em primeiro lugar, os programas de assistência pública, em que o governo atua no sentido de prover condições mínimas de subsistência às famílias necessitadas. Em determinadas situações, torna-se imprescindível esta ajuda, em face das conseqüências negativas que a pobreza poderá causar à economia e ao meio-ambiente. Em segundo lugar, observam-se os programas de seguro social, em que o governo assiste aos indivíduos que necessitam deste auxílio em função de alguma fragilidade frente à sociedade. A aposentadoria por idade ao trabalhador agrícola e o seguro desemprego são exemplos de programas de seguro social; b) Função estabilizadora, quando o governo interfere na economia procurando alcançar um elevado nível de emprego, estabilidade de preços e um alto nível de crescimento econômico. O sistema de mercado impede que seja alcançado automaticamente o pleno emprego e a estabilidade de preços, tornando-se necessária a atuação do governo no desenvolvimento da função estabilizadora da política fiscal. A irredutibilidade salarial existente em nossa legislação não permite um rápido ajuste quando se verifica um desequilíbrio no mercado de trabalho. Por sua vez, um desequilíbrio entre os níveis de demanda e oferta na economia, poderá gerar um processo inflacionário, com danos ao sistema de mercado. Em ambos os casos, tornam-se necessário a intervenção do governo para restaurar o equilíbrio no mercado. Para obter um elevado nível de crescimento econômico, o governo poderá atuar no fornecimento de infraestrutura básica (estradas, portos, etc.) ou na concessão de incentivos à produção e no financiamento de recursos de longo prazo ao setor privado. c) Função alocativa, quando o governo fornece bens e serviços públicos que não são oferecidos pelo setor privado ou são oferecidos em quantidade insuficiente. O bem ou serviço público puro tem como característica a impossibilidade de excluir seu acesso por qualquer indivíduo e a ausência de custos pelo acesso de outro indivíduo aos seus benefícios. Portanto, o princípio da exclusão não se aplicaria ao bem ou serviço público puro, pois a participação de outro indivíduo não implicaria em redução do uso pelos demais. Como exemplos, incluem-se as praças públicas e o sistema de iluminação pública das rodovias. 63 6.5.1 Conceito De Dívida Pública Interna A Dívida pública interna consiste na dívida realizada pelo governo com pessoas da sociedade para financiar os seus gastosque não são cobertos pela arrecadação de tributos ou quando o governo tem como objetivo exercer sua função estabilizadora na economia. Os bancos que desenvolvem atividades no mercado financeiro, mantém em suas carteiras uma parte significativa desta dívida, ao deterem títulos da Dívida Pública que lastreiam, basicamente, o endividamento do governo federal. Particulares ou empresas podem adquirir estes títulos da Dívida Pública, mas costumam comprar títulos nos bancos (títulos de renda fixa, etc.) que dão suporte a estes títulos da dívida interna. O Orçamento da União, dos estados e dos municípios é formado por receitas (arrecadação de tributos) e despesas (gastos do governo). O Superávit primário surge quando o montante de arrecadação de tributos excede o montante de gastos do governo. O inverso corresponde ao déficit primário. O déficit nominal ou total corresponde à necessidade de financiamento do setor público em seus diversos níveis: União, estado, município, empresas estatais e Previdência Social. O déficit operacional corresponde ao resultado primário acrescido dos juros (dívida passada). Se o resultado primário focaliza as receitas e despesas num determinado período, no entanto, o resultado operacional leva em consideração também os débitos passados que precisam ser financiados através de juros. O elevado nível da taxa de juros Selic no Brasil, em certos períodos, tem transformado os esforços do governo em gerar um superávit primário (receitas de tributos maiores que os gastos do governo) em déficit operacional ao incluir os juros referentes às dívidas passadas. 6.5.2 Princípios Orçamentários No capítulo referente às finanças públicas na Constituição Federal de 1988, arts. 165 a 169, estão previstas as condições orçamentárias. Os incisos I, II e III art. 165 prevêem que ―as Leis de iniciativa do Poder executivo estabelecerão, I- o plano plurianual; II- as diretrizes orçamentárias; III- os orçamentos anuais. No parágrafo 4o. do mesmo art. prevê ―os planos e programas nacionais , regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional‖. Por sua vez, a Lei no. 4.320 de 17/03/64 (Lei do Orçamento) estabeleceu normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. A Lei do Orçamento contém a discriminação da receita e despesa evidenciando a política econômica financeira do governo. Os princípios orçamentários previstos na Constituição Federal brasileira, na Lei do Orçamento e nas Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDOs) são os seguintes: 64 - Unidade na qual cada esfera de governo deve possuir apenas um orçamento baseado numa única política orçamentária. O art. 2º. da Lei no. 4.320/64 diz que ―A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e da despesa, de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do governo, obedecidos os princípios de unidade, universalidade e anualidade‖; - Universalidade em que a Lei orçamentária deve incorporar todas as receitas e despesas, sendo que, não deve ser excluída nenhuma instituição pública. O art. 3º. da Lei 4.320/64 determina que ―a lei do Orçamento compreenderá todas as receitas, inclusive as operações de crédito autorizadas em lei‖; - Anualidade em que é determinado um período de tempo para o orçamento, geralmente um ano. O & 5º. do art. 165 da Constituição Federal brasileira determina que ―A lei orçamentária anual compreenderá [...]‖; - Legalidade em que o orçamento é objeto de uma lei específica. A base para este princípio encontra-se no art. 166 da Constituição Federal brasileira de 1988 em que ―Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum‖; - Exclusividade na qual a lei orçamentária deverá conter apenas questões orçamentárias e financeiras, não sendo incluídas normas pertencentes a outros campos jurídicos. O & 8º. do art. 165 da Constituição Federal brasileira determina que ―A Lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa [...]‖; - Especificação, especialização ou discriminação em que a autorização legislativa se restrinja as despesas específicas e não a autorizações globais. O art. 5º. da Lei 4.320/64 define ―A Lei de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, material, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras [...]‖; - Publicidade em que o orçamento deve ser divulgado ao ser aprovado e transformado em lei. O art. 37 da Constituição Federal brasileira de 1988 diz que ―A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...]‖; - Equilíbrio em que as receitas e despesas que fazem parte do orçamento devem manter uma paridade, sem apresentar déficits ou superávits excessivos. O inciso III do art. 167 da Constituição Federal brasileira de 1988 veda ―a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta‖; 65 - Orçamento-Bruto em que as receitas e despesas que fazem parte do orçamento devem aparecer pelo valor bruto sem quaisquer deduções. O art. 6º. Da Lei no. 4.320/64 determina que ―Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções‖.; - Não-vinculação das receitas em que estas não devem estar vinculadas a determinadas despesas, para que possam ser alocadas racionalmente segundo o interesse da sociedade. O inciso IV do art. 167 da Constituição Federal brasileira de 1988 veda ―a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa [...]‖. A Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar no. 101 de 04/05/2000) obrigam a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios a uma ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social entre outras. 6.5.3 Tributos O governo intervém na formação de preços de mercado, a nível microeconômico, e quando fixa impostos e subsídios, estabelecem critérios de reajustes do salário mínimo, fixa preços mínimos para produtos agrícolas decreta tabelamentos ou ainda congelamento de preços e salários. A) Estabelecimento de Impostos: É sabido que quem recolhe a totalidade do tributo é a empresa, mas isso não quer dizer que é ela quem efetivamente paga. Assim, saber sobre quem recai efetivamente o ônus do tributo é uma questão da maior importância na análise dos mercados. Os tributos se dividem em impostos, taxas e contribuições de melhoria. Os impostos dividem-se em: Impostos Diretos: Impostos incidentes sobre a renda ou a propriedade. Exemplo: Imposto de Renda, IPTU, IPVA. Impostos Indiretos: impostos incidentes sobre o consumo ou sobre as vendas. Exemplo: Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Entre os impostos indiretos destacamos: Imposto Específico: Recai sobre a unidade vendida. Exemplo: para cada carro vendido, recolhe-se, a título de imposto, R$ 5.000 ao governo (esse valor é fixo e independente do valor da mercadoria).66 Imposto ad valorem: é um percentual (alíquota) aplicado sobre o valor de venda. Exemplo: supondo a alíquota do IPI sobre automóveis de 10 %, se o valor do automóvel for de R$ 50.000, o valor do IPI será de R$ 5.000; se o valor aumentar para R$ 60.000, o valor do IPI será de R$ 6.000. Assim, como se pode notar, a alíquota permanece inalterada em 10%, enquanto o valor do imposto varia com o preço do automóvel. B) Política de preços mínimos na agricultura: Trata-se de uma política que visa dar garantia de preços ao produtor agrícola, com propósito de protegê-lo das flutuações dos preços no mercado, ou seja, ajudá-lo diante de uma possível queda acentuada de preços e conseqüentemente da renda agrícola. O governo, antes do início do plantio, garante um preço que ele pagará após a colheita do produto. C) Tabelamento: Refere-se à intervenção do governo no sistema de preços de mercado visando coibir abusos por parte dos vendedores, controlar preços de bens de primeira necessidade ou então refrear o processo inflacionário, como foi adotado no Brasil (Planos Cruzado, Bresser etc.), quando se aplicou o congelamento de preços e salários. 67 7 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Na Economia, crescimento e desenvolvimento não têm o mesmo significado, embora um possa estar sempre associado ao outro. 7.1 CONCEITO DE CRESCIMENTO ECONÔMICO Crescimento econômico é o aumento contínuo da renda ou PIB, em termos absolutos, descontada a inflação, e per capita, ao longo do tempo. Já o conceito de desenvolvimento econômico, é mais amplo: é o aumento contínuo do bem-estar. Podemos dizer que o crescimento é um indicador quantitativo. 7.2 CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO O desenvolvimento leva em conta as alterações da composição do produto e da alocação dos recursos pelos diferentes setores da economia, de forma a melhorar o bem-estar econômico e social. Ou seja, além dos indicadores econômicos de curto prazo, ele inclui também indicadores sociais, tais como os níveis de pobreza, desigualdade e indicadores de qualidade de vida, como acesso a serviços de saúde e educação, moradia decente etc. Por exemplo, pode haver crescimento econômico sem, necessariamente, ocorrer o desenvolvimento. Nesse caso, o crescimento estaria ocorrendo, mas sem promover mudanças nos processos de produção e na distribuição da renda que levassem a uma maior inclusão social e redução das desigualdades de renda e riqueza. Portanto, o Desenvolvimento econômico é uma forma mais qualitativa, incluindo as variações do produto e a utilização dos recursos gerados pelos diferentes agentes econômicos, com o intuito de melhorar os indicadores de qualidade de vida (condições de saúde, alimentação, educação pobreza, desemprego e moradia.) O principal objetivo do desenvolvimento econômico é atender a uma demanda fundamental das sociedades modernas, isto é, o bem-estar. Para tal, o sistema econômico e o governo devem perseguir basicamente quatro objetivos para satisfazer a demanda por bem-estar de uma sociedade, a saber: segurança, justiça social, liberdade e preservação do meio ambiente. O desenvolvimento econômico vai além de um aumento na quantidade de bens e serviços produzidos, em temos absolutos ou per capita, em um determinado período. Portanto, na análise do desenvolvimento econômico, incluem-se as mudanças de caráter quantitativo e qualitativo. De acordo com Gremaud (op.cit., 2006), para ocorrer o desenvolvimento econômico devemos observar se o crescimento econômico que acontece ao longo do tempo está provendo: 68 a) crescimento do produto por habitante; b) redução dos níveis de pobreza, desemprego e desigualdade social; c) melhoria nas condições de vida, tais como: saúde, nutrição, educação, moradia e transporte. Por essa razão, ressaltam Passos e Nogami (2003), o desenvolvimento econômico não deve ser analisado ao tomar-se por base só os indicadores de crescimento econômico, como a taxa de crescimento do PIB e do PIB per capita, mas por outros indicadores que reflitam mudanças na qualidade de vida da população de uma Economia (op. cit., p. 545). 7.3 OS PRINCIPAIS INDICADORES SOCIAIS: ÍNDICE DE GINI E ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH) Os índices de Gini e IDH são comumente utilizados para medir e avaliar a evolução da qualidade de vida da população em função do crescimento econômico. Avalia então, se o crescimento da produção, da riqueza e da população está sendo acompanhado pelo desenvolvimento econômico — isto é, da melhoria na qualidade de vida, melhor distribuição de renda, entre outros, que são os indicadores mais utilizados como instrumentos para essa avaliação. O aumento da renda per capita não é, como já mencionado no capítulo 4, a melhor tradução da melhoria do bem-estar da população. O índice de Gini mede o nível de concentração de renda, e o IDH mede o nível de desenvolvimento. 7.3.1 Índice de Gini Leva o nome de seu criador, o estatístico italiano Corrado Gini (1884-1965), e foi desenvolvido com o objetivo de medir a desigualdade de renda em uma sociedade. Gini também realizou importantes trabalhos no campo da Demografia e da Sociologia. O índice de Gini é o instrumento comumente utilizado para medir o grau de concentração de renda de um país. Por meio dele, podemos comparar os diferentes graus de concentração de renda entre países já reconhecidamente ricos (Estados Unidos, Japão, Alemanha etc.), em desenvolvimento (Brasil, Rússia, China etc.) e os reconhecidamente pobres (Etiópia, Nigéria, El Salvador etc.). O índice de Gini mostra a diferença entre a renda dos mais pobres e dos mais ricos de um mesmo país e varia em uma escala de zero a um. O valor zero representa a situação de igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda. O valor um está no extremo oposto, isto é, uma só pessoa detém toda riqueza. Dessa forma, quanto mais próximo de zero menor será a concentração de renda e desigualdade. E quanto mais próximo da unidade, maior será a concentração de renda, mostrando que tal país tem uma desigualdade de renda muito elevada. 69 Quando um país se encontra nesta última situação, a maior parte da população recebe a menor parte da renda. Países com uma alta concentração de renda têm uma classe média reduzida e salários médios muito baixos. É amplamente reconhecido que países com uma desigualdade de renda muito alta são considerados países pobres, menos desenvolvidos. O índice de Gini é uma medida utilizada para orientar a elaboração de políticas públicas, mostrando em quais extratos de renda está a fração da população que precisa receber subsídios, políticas de redistribuição de renda e uma maior oferta de serviços públicos, com o intuito de aumentar a participação dessa parte da população na apropriação da renda nacional. 7.3.2 Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) Elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em 1990. Seu desenvolvimento do IDH está associado ao nome do economista Amartya Sen, ganhador do prêmio Nobel de Economia em 1998. Diferentemente da perspectiva do crescimento puramente econômico, a abordagem do desenvolvimento humano procura olhar diretamente para o potencial de desenvolvimento das pessoas, aumentando o acesso aos recursos necessários para se obter um padrão de vida melhor, considerando uma vida longa e saudável, com acesso a educação de qualidade e com a preocupação de preservação das gerações futuras. O IDH é um indicador socioeconômico com o objetivo de medir o grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população de quase todos os países do mundo. Assim é diretamente empregado para comparar o nível de desenvolvimento entre os países. Esse programa partiu do pressuposto de que, para conhecer e aferir o avanço na qualidadede vida de uma população, seria necessário um indicador que avaliasse progressos sociais, ou seja, um indicador que avaliasse o desenvolvimento das capacidades humanas de progresso. Assim o IDH considera, além da renda per capita, outras características que influenciam a qualidade de vida. Segundo o PNUD, a renda é uma variável importante, mas como um meio para alcançar o desenvolvimento, e não o seu fim. Ao introduzir a ideia de desenvolvimento humano na perspectiva do desenvolvimento econômico, o foco é transferido da renda para o ser humano. O conceito de desenvolvimento humano difundido pelo PNUD pressupõe um processo de ampliação das escolhas das pessoas, para que tenham capacidade e oportunidade para ser o que desejarem. 70 O IDH é calculado pelo PNUD, que avalia 3 dimensões do desenvolvimento humano: renda, longevidade e educação. Assim, é obtido com base em dados econômicos e sociais, a saber: PIB per capita, expectativa de vida, anos de estudo e anos esperados de estudo. O IDH varia em uma escala de zero (nenhum desenvolvimento humano) a um (desenvolvimento humano total). Assim, inversamente ao índice de Gini, o país é mais desenvolvido quando seu IDH é mais próximo de 1 (a metodologia deste índice também é utilizada para aferir o desenvolvimento de cidades, estados e regiões). Apesar dos avanços recentes, podemos ver que o Brasil se encontra em uma posição intermediária em relação aos países do globo. Segundo o PNUD (2013), o Brasil saltou de um IDH de 0,522 em 1982, para 0,730 em 2012. No índice de Gini, passou de 0,6356, em 1989, para 0,5299 em 2012. Isto pode ser interpretado como um processo de convergência, ainda que lento, aos níveis de renda e qualidade de vida dos países desenvolvidos. 7.4 CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A Comissão Brundland criada pelas Nações Unidas, definiu desenvolvimento sustentável como ―aquele que atende às necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades‖. A posição da Comissão Brundland prevê um crescimento econômico baseado em questões sociais e ambientais perfeitamente solidificadas. O desenvolvimento econômico com desigualdade social e degradação do meio ambiente não teria sustentação num futuro próximo, resultando apenas no agravamento da concentração da riqueza e na piora nos indicadores sociais e ambientais (Comissão Brundland,1988). 7.4.1 Condições gerais para se alcançar o Desenvolvimento Econômico Sustentável Os meios para se atingir o desenvolvimento seriam: atender as necessidades básicas; preservação para as gerações futuras; envolvimento da população; preservação do meio ambiente e dos recursos naturais; criação de um sistema social com garantia de emprego, segurança e respeito às culturas; e educação para todos. A teoria dirigia-se principalmente às regiões em desenvolvimento, entremeando uma crítica à sociedade industrial. Estes debates a respeito de meio ambiente e desenvolvimento abriram espaço ao conceito de desenvolvimento sustentável. No parâmetro empresarial, o desenvolvimento econômico sustentável passa pela responsabilidade socioambiental das empresas, que tem aumentado acentuadamente nos últimos anos, mostrando uma mudança de comportamento por parte das organizações. 71 As empresas deveriam tomar atitudes promissoras, como conhecer melhor o próprio negócio, usar indicadores de responsabilidade social, analisar o ciclo de vida dos produtos visando melhorar a qualidade de produção, investir na melhoria da performance ambiental e social da atividade empresarial, investir em tecnologias menos poluentes, adotar o Princípio da Precaução na gestão dos riscos ambientais, disseminar inovações na direção dos fornecedores e clientes, identificar novos negócios com investimento em questões socioambientais, e fazer parcerias ou alianças estratégicas com a sociedade civil. 72 REFERÊNCIAS BAUMANN, R. CANUTO, O. GONÇALVES, R. Economia Internacional: teoria e experiência brasileira. São Paulo: Elsevier, 2004. DORNBUSH, R.; FISCHER, S. Macroeconomia. 4. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2000. GREMAUD, A.P. et all. Manual de Economia. Org: Pinho, D.B., Vanconcelos, M.A.S. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006. GONÇALVES, R. Globalização Econômica, In: O Nó Econômico, primeiro capítulo. São Paulo: Record, 2002. LOPES, L. M.; VASCONCELLOS, M. A. S. (Orgs). Manual de Macroeconomia: Básico e Intermediário – Equipe dos Professores da FEA-USP. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. MANKIW, N. G. Introdução à Economia: Princípios de Micro e Macroeconomia. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001. MANKIW, N.G. Introdução à Economia: edição compacta. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. PASSOS, C.R.M. e NOGAMI, O. Princípios de Economia, 4ª ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Relatório de Desenvolvimento Humano. 2013. Disponível em: <www.pnud.org.br>. Data de acesso: 03/06/2014 VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: Micro e Macro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. VASCONCELOS, Marco Antonio Sandoval. Fundamentos de Economia. São Paulo: Saraiva, 2004.