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1 
 
 
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ 
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO 
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Profº Dr. Joselito Santos Abrantes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Macapá-AP 
2020-2 
2 
 
1 INTRODUÇÃO À ECONOMIA 
 
Seja em nosso cotidiano, seja nos jornais, rádio e televisão, deparamo-nos com inúmeras questões 
econômicas, como: 
 aumentos de preços; 
 períodos de crise econômica ou de crescimento; 
 desemprego; 
 setores que crescem mais do que outros; 
 diferenças salariais; 
 crises no balanço de pagamentos; 
 vulnerabilidade externa; 
 valorização ou desvalorização da taxa de câmbio; 
 dívida externa; 
 ociosidade em alguns setores de atividade; 
 diferenças de renda entre as várias regiões do país; 
 comportamento das taxas de juros; 
 déficit governamental; 
 elevação de impostos e tarifas públicas. 
Esses temas, já rotineiros em nosso dia-a-dia, são discutidos pelos cidadãos comuns, que, com altas 
doses de empirismo, têm opiniões formadas sobre as medidas que o Estado deve adotar. Um 
estudante de Economia, de Direito ou de outra área pode vir a ocupar cargo de responsabilidade em 
uma empresa ou na própria administração pública e necessitará de conhecimentos teóricos mais 
sólidos para poder analisar os problemas econômicos que nos rodeiam diariamente. 
O objetivo do estudo da Ciência Econômica é analisar os problemas econômicos e formular 
soluções para resolvê-los, de forma a melhorar nossa qualidade de vida. 
1.1 CONCEITOS BÁSICOS 
A palavra economia deriva do grego oikonomía (de óikos, casa; nómos, lei), que significa a 
administração de uma casa, ou do Estado, e pode ser assim definida: 
Os economistas estudam a forma com que os indivíduos, os diferentes coletivos, as empresas de 
negócios e os governos alcançam seus objetivos no campo econômico. 
Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) 
empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los 
entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas. Estuda 
os processos de produção, distribuição, comercialização e consumo de bens e serviços. Bem como as 
variações e combinações na alocação dos fatores de produção (terra, capital, trabalho, tecnologia), na 
distribuição de renda, na oferta e procura e nos preços das mercadorias. 
Estuda também como as pessoas e a sociedade decidem empregar recursos escassos, que poderiam 
ter utilizações alternativas, para produzir os mais variados tipos de bens. Essa definição contém vários 
conceitos importantes, que são a base e o objeto do estudo da Ciência Econômica: 
 Escolha; 
3 
 
 Escassez; 
 Necessidades; 
 Recursos; 
 Produção; 
 Distribuição; 
 Consumo 
Em qualquer sociedade, os recursos produtivos ou fatores de produção (mão-de-obra, terra, matérias-
primas, dentre outros) são limitados. Por outro lado, as necessidades humanas são ilimitadas e 
sempre se renovam, por força do próprio crescimento populacional e do contínuo desejo de elevação 
do padrão de vida. Independentemente do grau de desenvolvimento do país, nenhum deles dispõe de 
todos os recursos necessários para satisfazer todas as necessidades da coletividade. Tem-se então 
um problema de escassez: recursos limitados contrapondo-se a necessidades humanas ilimitadas. 
Em função da escassez de recursos, toda sociedade tem de escolher entre alternativas de produção e 
de distribuição dos resultados da atividade produtiva entre os vários grupos da sociedade. Essa é a 
questão central do estudo da Economia: como alocar recursos produtivos limitados para 
satisfazer todas as necessidades da população. 
Evidentemente, se os recursos não fossem limitados, ou seja, se não existisse escassez, não seria 
necessário estudar questões como inflação, desemprego, crescimento, déficit público, vulnerabilidade 
externa e outras. Mas a realidade não é assim, e a sociedade tem de tomar decisões sobre a melhor 
utilização de seus recursos, de forma a atender ao máximo das necessidades humanas. 
“Cabe destacar ainda que as leis econômicas têm caráter probabilístico, não podendo, dessa 
forma, ser consideradas como relações exatas”. Isso configura que a Economia é uma ciência 
social, pois lida no seu cotidiano com problemas que afligem a sociedade. Uma decisão econômica 
tomada pelo Estado afeta diretamente as vidas das pessoas. Portanto, a economia não é uma ciência 
exata, apesar de em seus estudos fazer uso de vasto instrumental da matemática, da estatística, da 
economia, ou seja, dos métodos quantitativos. 
1.1.1 Os Problemas Econômicos Fundamentais 
Da escassez dos recursos ou dos fatores de produção, associa-se às necessidades ilimitadas do 
homem, originando os problemas econômicos fundamentais: 
 O QUE E QUANTO produzir? - Isto significa quais os produtos deverão ser produzidos 
(carros, cigarros, café, vestuários etc.) e em que quantidades deverão ser colocados à 
disposição dos consumidores; 
 COMO produzir? - Isto é, por quem serão os bens e serviços produzidos, com que recursos e 
de que maneira ou processo técnico; 
 PARA QUEM produzir? – depois de definir o que será produzido em termos quantitativos e a 
forma de produção deve-se estabelecer o destino final dessa produção, ou seja, a quem será 
distribuída na sociedade. 
 
O QUE, QUANTO, COMO e PARA QUEM produzir não seriam problemas se os recursos utilizáveis 
fossem ilimitados. Mas na realidade existem ilimitadas necessidades e limitados recursos disponíveis e 
técnicas de fabricação. Baseada nessas restrições, a Economia deve optar dentre os bens a serem 
produzidos e os processos técnicos capazes de transformar os recursos escassos em produção, 
conforme Pinho e Vasconcellos (1998). 
4 
 
Pode-se no Quadro 1 a seguir, apresentada por Dallagnol (2008) ter um resumo dos princípios 
fundamentais da economia. 
 
Quadro 1 – Problemas econômicos fundamentais 
 
 
Como estes problemas são resolvidos numa economia de mercado? E numa economia 
centralizada? 
 
Em economias de mercado, esses problemas são resolvidos pelos mecanismos de preços atuando por 
meio da oferta e da demanda. Nas economias centralizadas, essas questões são decididas por um 
órgão central de planejamento, a partir de um levantamento dos recursos de produção disponíveis e 
das necessidades do país, e não pela oferta e demanda no mercado. 
 
1.1.2 Sistemas Econômicos: Aspectos conceituais 
 
As formas alternativas de organização da atividade econômica fundamentam-se em dois pontos 
físicos: a concepção da propriedade e as formas de mobilização dos fatores de produção. As 
economias liberais de mercado já confiam à iniciativa privada a maior parte da mobilização dos 
recursos e tem no mercado o seu eixo básico de regulação. 
Nas economias centralmente planificadas o governo é proprietário dos meios de produção e centraliza 
as decisões sobre alocação dos recursos e a produção. Nas economias mistas já se confirma a gestão 
empresarial com a regulação estatal na mobilização dos recursos e na produção. 
5 
 
Sistema econômico é o conjunto de relações técnicas, básicas e institucionais que caracterizam a 
organização econômica de uma sociedade. Essas relações condicionam o sentido geral das decisões 
fundamentais que se tomam em toda a sociedade e os ramos predominantes de sua atividade. 
 
 Conceituação 
 
Para Dallagnol (2008), um sistema econômico pode ser definido como sendo a forma política, 
social e econômica pela qual está organizada a sociedade de um determinado país. É um 
particular sistema de organização da produção, distribuição, consumo de todos os bens e 
serviços que as pessoas utilizam buscando uma melhoria no padrão de vida e bem-estar. 
Os elementos básicos que compõem um sistema econômico são: 
A) Estoques de Recursos Produtivos ou Fatoresde Produção: recursos humanos (trabalho e 
capacidade empresarial), o capital, terra, reservas naturais e a tecnologia. 
B) Complexo de unidades de produção: constituído pelas empresas. 
C) Conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais: que são à base da organização 
da sociedade. 
 
 Classificação de sistema econômico 
 
Os sistemas econômicos podem ser classificados em: 
 
 Sistema capitalista ou economia de mercado: É regido pelas forças de mercado, 
predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produção. 
 
1.1.3 Características das economias liberais de mercado 
 
Automatismo das forças de mercado: segundo essa corrente econômica a economia desenvolve-se 
melhor de acordo com a liberdade econômica de produtores e consumidores. 
 
Os mecanismos reguladores do mercado refletem: 
 
 o ponto de equilíbrio entre produtores e consumidores é regulado pelas forças do mercado, pelo 
mecanismo de preços. 
 se há produção maior que as necessidades dos consumidores deverá haver baixa de preços. 
 se há produção menor que as necessidades dos consumidores deverá haver alta de preços. 
 a concorrência: a disputa entre os vários agentes econômicos pelo mercado impede que os 
empresários conspirem contra a ordem social e os força a colocar no mercado produtos melhores e 
mais baratos. 
 no processo de concorrência, alguns produtores prosperam e outros vão à ruína. 
 
 
 Sistema socialista ou economia centralizada ou ainda economia planificada: Nesse 
sistema as questões econômicas fundamentais são resolvidas por um órgão central de 
planejamento, predominando a propriedade pública dos fatores de produção, chamados nessas 
economias de meios de produção, englobando os bens de capital, terra, prédios, bancos, 
matérias-primas. 
 
6 
 
1.1.4 Características fundamentais da economia centralizada do tipo socialista 
 
* Os estados controlam os meios de produção, as diretrizes estratégicas da economia e a política 
geral do estado. 
* As fábricas, os barcos, o comércio, as terras são de propriedade estatal. 
 
Foca o planejamento como estratégia de direção da economia. Com o plano, o estado procura 
desenvolver a melhor racionalidade com a locação de recursos, planeja-se melhor investimento e 
distribui-se melhor a riqueza. O estado centraliza o poder político e a direção geral da economia. 
Estabelece diretriz estratégica para a economia. O plano substitui o mercado. 
 
 
1.1.5 Sistema de economia sociais misto 
 
Pelo menos até o início do século XX, prevalecia nas economias ocidentais o sistema de concorrência 
pura, em que não havia a intervenção do Estado na atividade econômica. Era a filosofia do 
Liberalismo. Principalmente a partir de 1930, passaram a predominar os sistemas de economia 
misto, no qual ainda prevaleciam as forças de mercado, mas com a atuação do Estado, tanto na 
alocação e distribuição de recursos como na própria produção de bens e serviços, nas áreas de infra-
estrutura, energia, saneamento e telecomunicações. Combinam o mercado, a propriedade privada 
com a relação do Estado 
Em economia de mercado, a maioria dos preços dos bens, serviços e salários são determinados 
predominantemente pelo mecanismo de preços, que atua por meio da oferta e da demanda dos 
fatores de produção. 
* Estas economias se apropriam do melhor que os modelos liberal e coletivista possuem. 
* Todas as classes têm oportunidades de acesso ao mercado, tendo uma vista que o governo 
procura garantir um patamar mínimo para o conjunto de população de forma que todos possam 
satisfazer suas necessidades básicas. 
 
 Características dos sistemas econômicos 
 
 Capitalismo (Regime de livre iniciativa) 
- Todos os bens de produção são de propriedade privada. 
- As necessidades individuais concentram-se na demanda de produtos. 
- Livre jogo da oferta e da procura. Todas as decisões são tomadas automaticamente através dos 
mercados e preços. 
- Busca do lucro. 
- Intervenção do Estado seria perturbadora. 
- O que produzir é indicado pelos próprios consumidores ao criarem a demanda correspondente. 
- Como produzir é determinado pela competição entre os vários fabricantes. 
- Como distribuir os bens - serão destinados aos que podem comprar. 
 
- Críticas ao sistema capitalista 
- Principais contestadores são os socialistas. 
- Sistema injusto, pois produz somente para as pessoas que podem comprar e não para todos os 
necessitados. 
- Tendo caráter social, o processo de produção não pode ser decidido individualmente (interesse social 
nem sempre coincide com o individual ). 
- Provoca uma grande concentração de renda. 
7 
 
- Visa somente o lucro. 
 
 Economias centralizadas ou planificadas (socialismo) 
Nas economias centralizadas, essas questões são decididas por um órgão central de planejamento, 
a partir de um levantamento dos recursos de produção disponíveis e das necessidades do país. Ou 
seja, grande parte dos preços dos bens e serviços, salários, quotas de produção e de recursos é 
calculada nos computadores desse órgão, e não pela oferta e demanda no mercado. 
 
- Sistema de Planificação Central 
- Consiste em confiar a solução dos três problemas básicos ao Estado. 
- O interesse econômico tem caráter social, logo deverá estar acima do individual. 
- Sua meta não é proporcionar o lucro, más sim o bem estar social (sistema pode trabalhar com 
prejuízo). 
- O que produzir deverá ser decidido através de uma hierarquia das necessidades sociais. 
- Como produzir, visa obter dos fatores de produção o máximo aproveitamento. 
- Como distribuir. O Estado proporciona a preços muito baixos ou gratuitamente as necessidades 
básicas. 
 
- Críticas 
-Principais contestadores são os liberais. 
- Esse sistema pode levar a uma ditadura ( supressão da liberdade individual). 
- O Estado é sempre um mau administrador ( burocracia). 
- Homens possuem necessidades diferentes. 
- Propriedade individual é um direito do homem. 
- Sem lucro não haverá estímulo para o progresso pessoal. 
 
 Sistema de Economia Misto 
- Coexistência simultânea dos dois setores econômicos, setor público e privado. 
- Como existe propriedade privada da maior parte dos meios de produção não é possível que o Estado 
determine aos empresários o que e quanto produzir. Entretanto, pode influir direta ou indiretamente na 
solução do que produzir, através: de subsídios, incentivos fiscais e empresas públicas; 
- O como produzir é decidido no setor privado, segundo a concorrência; 
- Como distribuir. De um modo geral é determinado pelos preços. Entretanto, o governo fornece aos 
mais pobres bens e serviços vitais a preços reduzidos ou gratuitamente ( ensino, assistência jurídica, 
hospitais e etc.). 
 
1.2 FATORES DE PRODUÇÃO 
 
Os recursos produtivos, também denominados fatores de produção, são os elementos utilizados no 
processo de fabricação dos mais variados tipos de bens (mercadorias). São utilizados para satisfazer 
as necessidades humanas. 
 
1.2.1 Terra: nome designado para recursos naturais 
Tais como florestas, recursos minerais, recursos hídricos, etc. Compreende, ainda, solo, tanto para fins 
agrícolas, quanto solo utilizado na construção de estradas, casas etc. Deve ser destacado é que a 
quantidade de recursos naturais, ou Terra, é limitado (tanto para países subdesenvolvidos quanto para 
desenvolvidos). 
8 
 
 
1.2.2 Trabalho ou mão de obra: 
Constitui trabalho, no sentido econômico, qualquer esforço despendido por médico, operário ou de um 
agricultor rural. Fator trabalho, então, é todo esforço humano despendido na produção de bens e 
serviços. Em qualquer nação, o fator trabalho é limitado, principalmente o trabalho especializado. Deve 
ser dito, ainda, que o trabalho é o fator de produção mais importante em qualquer sistema econômico, 
envolve os recursos humanos. 
 
1.2.3 Capital (ou bens de capital): 
É um conjunto de bens fabricados pelo homem e que são utilizados no processoprodutivo. Portanto, 
não se destinam, diretamente, à satisfação das necessidades através do consumo. Por capital 
entenda-se: computadores, máquinas, equipamentos, usinas, estradas de ferro, mobiliários de 
escritórios, entre outros, além de todos os tipos de equipamentos utilizados na fabricação de bens e 
serviços. 
 
1.2.4 Capacidade empresarial (ou organização empresarial): 
Esse fator é decorrente do de que o empresário exerce funções fundamentais no processo produtivo. 
É o empresário que organiza a produção e combina os demais recursos produtivos. É ele, também, 
que assumi riscos e quem colhe o ganho do sucesso (lucro) e do fracasso prejuízo da empresa. 
 
1.2.5 Tecnologia (ciência e técnica): 
Este, também, é um fator fundamental no processo produtivo. A exemplo, dos outros, é necessário 
para as demandas humanas, mas escasso, principalmente para os países/regiões pobres. 
 
 
 Remuneração dos fatores de produção 
Cada fator de produção corresponde uma remuneração, a saber: 
 Fator de Produção Tipo de Remuneração 
Trabalho (Recursos Humanos) Salário 
Capital Juro 
Terra (Recursos Naturais) Aluguel 
Tecnologia Royalty 
Capacidade empresarial Lucro 
 
 
1.3 CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO (CPP) 
Uma das primeiras coisas que aprendemos em economia é a Curva de Possibilidades de Produção 
(CPP), ela indica a capacidade máxima de produção, ilustra a escassez de recursos limitada a 
capacidade produtiva de uma sociedade, empresa ou país. É um conceito teórico com o qual 
se ilustra, como a questão da escassez impõe um limite à capacidade produtiva de uma 
sociedade, que terá que fazer escolhas entre alternativas de produção. 
Devido à escassez de recursos, a produção total de um país tem um limite máximo, onde todos os 
recursos disponíveis estão empregados. É chamado de produção potencial o limite máximo da 
produção de um país, esse limite é dado devido a escassez dos recursos. 
9 
 
A CPP considera toda a força de trabalho da sociedade, ou seja, quando todos os recursos disponíveis 
estão empregados e não há capacidade ociosa. As curvas de possibilidades de produção: Referem-se 
às mais diversas combinações para a produção de bens e serviços, em função das quantidades 
disponíveis dos fatores de produção. 
Eficiência na produção é a situação no qual a economia opera utilizando o pleno emprego de todos os 
fatores de produção. Mantém ocupada a totalidade da força de trabalho, utiliza plenamente os fatores 
de produção disponíveis, melhores tecnologias e capacidades comerciais. O limite máximo da 
eficiência produtiva é quando não há mais ociosidade. Alcançando este limite, qualquer acréscimo na 
produção de determinado fim implica na redução do outro. Possibilidades de produção são as 
combinações sob o que produzir e como produzir resultado de decisões governamentais, do livre 
mercado e das decisões dos consumidores. 
A função supõe apenas a produção de dois bens, utilizando o máximo de recursos disponíveis, para 
isso é necessário fazer uma escolha da quantidade do bem a ser produzida. Essa escolha é também 
chamada de trade-off, quando se abre mão de um bem para se obter um outro bem distinto. 
Imagine uma sociedade que produz alimentos (bens de consumo), dado momento ela vê a 
possibilidade ou necessidade (o motivo não vem ao caso), de produzir máquinas (bens de capital). 
Utilizando os mesmos recursos, ou seja, a sociedade não fez nenhum tipo de investimento ou 
contratação de mão de obra, exatamente os mesmos recursos que ela utilizava na produção de 
alimentos, ela utilizará na produção de máquinas. Como os recursos eram utilizados em sua máxima 
capacidade produtiva, então será necessário abrir mão da produção de alimentos para produzir 
máquinas, e esse trade-off é dado por uma certa função (que não vem ao caso no momento). 
Vamos analisar a tabela de possibilidades de produção. Suponhamos uma economia que só 
produza máquinas (Bens de Capital) e alimentos (Bens de Consumo) e que as alternativas de 
produção de ambos seja as seguintes: 
 Alternativas de Produção Máquinas (milhares) Alimentos (toneladas) 
 A 25 0 
 B 20 30 
 C 15 47,5 
 D 10 60 
 E 0 70 
Podemos notar que na alternativa A está produzindo 25 mil máquinas, mas não está produzindo 
alimentos. Já na alternativa E está produzindo 70 ton de alimento, mas não está produzindo máquinas. 
As demais alternativas (B, C, D) são intermediárias, ou seja, produzem ambos os produtos. 
Vamos analisar os dados no gráfico abaixo: 
10 
 
 
 
 
A curva ABCDE indica todas as possibilidades de produção de máquinas e alimentos dentro da 
sociedade. 
O ponto Y (ou qualquer ponto interno a curva) indica que a sociedade está operando com capacidade 
ociosa ou com desemprego, isso quer dizer que os fatores de produção estão sendo subutilizados. 
O ponto Z representa uma combinação impossível de produção, está indicando que a produção seria 
maior do que a capacidade produtiva da sociedade. 
O deslocamento da curva para a direita indica que o país ou sociedade está crescendo, houve um 
aumento da quantidade física de fatores de produção, ou melhor, aproveitamento dos recursos já 
existentes, o que pode ocorrer com um progresso tecnológico. Esse deslocamento permite a economia 
obter maior quantidade de ambos os bens. 
1.3.1 Conceito de Custo de Oportunidade: 
A transferência dos fatores de produção de um bem A para produzir um bem B implica um custo de 
oportunidade que é igual ao sacrifício de se deixar de produzir parte do bem A para se produzir mais 
do bem B. O custo de oportunidade por representar o custo da produção alternativa sacrificada, reflete 
em um custo implícito. 
Custo de oportunidade significa decidir em função das prioridades da sociedade, tanto de consumo, 
quanto de produção e de decisões governamentais. No setor público é onde pode ser melhor 
visualizado essa questão: a opção governamental por determinada medida, implica em deixar de lado 
outras prioridades. Portanto, o conceito de custo de oportunidade é relevante para a análise 
econômica tendo em vista que os fatores de produção são escassos. 
1.3.2 Deslocamento para direita da Curva de Possibilidade de Produção 
Isso pode ocorrer fundamentalmente tanto em função do aumento da quantidade física de fatores de 
produção quanto em função de melhor aproveitamento dos recursos já existentes, o que pode ocorrer 
com o progresso tecnológico, maior eficiência produtiva e organizacional das empresas e melhoria no 
grau de qualificação da mão-de-obra. 
11 
 
Expansão das fronteiras da produção: esta situação só pode ocorrer com o aumento dos fatores de 
produção ou com a introdução de tecnologias que possibilitem produzir mais com os mesmos 
recursos, ou seja, por meio de um progresso tecnológico onde ambos os produtos poderão expandir 
sua produção. 
 
1.4 FLUXOS REAL E MONETÁRIO 
 
A produção é o processo fundamental em qualquer sistema econômico. No capitalismo a produção é 
realizada pelas empresas. As empresas são as unidades de produção do sistema. São conjuntos 
organizados de força de trabalho, de objetos de trabalho e de instrumentos de trabalho, de edifícios e 
de recursos naturais, sob controle dos capitalistas, que detém a propriedade ou capital da empresa. 
O funcionamento de uma economia se estabelece nas relações entre os agentes econômicos, (os 
ofertantes e os demandantes) dizendo de outra forma os fornecedores e os consumidores, ou ainda, 
Unidades Familiares, Unidades de Produção, Governos e Resto do Mundo, no mercado. Dessa 
relação nasce o que se denomina de Fluxo do Sistema Econômico. 
 
A atividade econômica é o conjunto de tarefas realizadas pelos homens com vista a assegurar a sua 
sobrevivência – produção, distribuição, repartição, acumulação e consumo. Quando se analisa a 
atividade econômica interessaconsiderar o comportamento do conjunto de agentes que intervêm no 
processo produtivo, para termos uma visão global da realidade econômica. Agente econômico é todo o 
ente que desempenha pelo menos uma função na atividade econômica. Os agentes econômicos 
são constituídos pelas: 
 
 Unidades familiares: Os agentes econômicos constituídos pelas ―Unidades familiares‖ são 
todas as pessoas residentes no país e são detentoras e ofertantes dos ―fatores de produção‖ 
(capital, trabalho e terra – pode-se agregar os conceitos de capacidade empresarial e 
capacidade tecnológica). 
 
 Unidades de produção: São agentes econômicos constituídos pelas as empresas localizadas 
no país, tanto do setor primário, secundário e terciário, são as ofertantes de bens e serviços a 
sociedade. 
 
 Governos: São os agentes econômicos constituídos pelo Estado em todas as suas esferas, 
municipal, estadual e federal. 
 
 Resto do mundo: São os Agentes econômicos constituídos por todos os países com os quais 
mantém-se relações. 
 
O fluxo do sistema econômico é constituído pela interação desses agentes econômicos, durante o 
processo de produção de bens e serviços (produtos) onde as unidades produtoras remuneram os 
fatores de produção por elas empregados (Renda), ou seja, pagam salários aos seus trabalhadores, 
aluguel, juros por alguns financiamentos, pagam royalties e distribuem lucros aos seus proprietários e 
acionistas etc. 
 
Essa remuneração recebida é que permite adquirir os bens e serviços de que necessitam a sociedade 
para satisfazer seus desejos e necessidades. Isso é um aspecto fundamental do sistema econômico, 
além de garantir sua eficiência, pois: As unidades produtoras ao mesmo tempo em que produzem 
12 
 
bens e serviços remuneram os fatores de produção por elas empregados, permitindo que as pessoas 
adquiram bens e serviços por todas as outras unidades produtoras. 
 
Por exemplo, uma pessoa que trabalhe numa fabrica de roupas, não vai só adquirir apenas o produto 
de seu trabalho, (roupas), com o salário que recebe, precisa mais que isso, como alimentos, produtos 
de higiene, moradia, transporte, etc. Portanto, é através da remuneração de sua força de trabalho que 
irá adquirir outras coisas que necessite para viver. 
 
Num sistema econômico, temos dois fluxos: o Real (Produto), e o Nominal ou Monetário (Renda). 
Estas relações ou interações que se estabelecem entre as unidades econômicas – Unidades 
Familiares, Unidades de Produção, Governos e Resto do Mundo, - designam-se por fluxos. 
Consoantes dizem respeito às trocas de bens e serviços – fluxo real, ou às trocas de moeda – fluxo 
monetário. 
 
1.4.1 Fluxo real 
 
No primeiro caso, o Fluxo Real é aquele formado pelos bens e serviços produzidos no sistema 
econômico e que será oferecido para sociedade para que se possam satisfazer seus desejos e 
necessidades, também pode ser chamar de produto e também formado pela oferta de fatores de 
produção o fluxo real constitui a oferta da economia. 
 
1.4.2 Fluxo nominal ou monetário 
 
No segundo caso, o Fluxo Nominal ou Monetário que é aquele formado pelas remunerações que os 
fatores de produção recebem durante o processo produtivo (salários, aluguel, juros, royalties, lucros 
etc.) e pela contrapartida que são os pagamentos que se faz pela aquisição dos bens serviços. E 
chamado RENDA e constitui a demanda da economia. 
 
Essa união desses dois fluxos dentro da teoria econômica tem um significado importantíssimo, pois o 
Fluxo Real é a oferta (bens e serviços), isto é tudo o que foi produzido e está à disposição da 
sociedade. Já o Fluxo Monetário da economia, corresponde ás remunerações em moeda dos fatores 
de produção, assim como os pagamentos pelos bens e serviços (produto) adquiridos no mercado, 
pelos agentes econômicos. Diante disto encontramos a essência mais importante do mercado, que é a 
oferta e procura, onde irá formar o mercado, onde iremos encontrar pessoas que querem comprar, 
com pessoas que querem vender. 
 
Quando falamos em mercado, não se atenha somente ao lugar físico, como por exemplo, 
uma feira, etc. Seu sentido é mais amplo, pois ele se refere a todas as compras e vendas de 
bens e serviços realizadas num sistema econômico. 
 
O sistema econômico funciona da seguinte maneira: As famílias fornecem seus recursos 
(mão de obra) às empresas e as empresas produzem e fornecem às famílias os bens e 
serviços de que necessitam. Chamamos isto de fluxo real. Com o auxílio do dinheiro 
(moeda), as empresas pagam às famílias pelo serviço realizado e, por sua vez, as famílias, 
também com o auxilio do dinheiro, pagam às empresas os bens e serviços adquiridos, o que 
configura o fluxo monetário. O fluxo real e o monetário interligam as famílias e as empresas, 
que são o que chamamos de agentes econômicos. Do lado do fluxo real estão o emprego 
13 
 
dos recursos e o suprimento de bens e serviços necessários. Do lado monetário se dá a 
remuneração dos fatores de produção e o pagamento dos bens e serviços adquiridos. 
 
 
 
 
Os agentes econômicos são as famílias (unidades familiares) e as empresas (unidades produtoras). 
As famílias proprietárias dos fatores de produção os fornecem e às unidades de produção (empresas) 
no Mercado dos fatores de produção. As empresas pela combinação dos fatores de produção 
produzem bens e serviços e fornecem ás famílias no mercado de bens e serviços No entanto, o 
fluxo real da economia só se torna possível com a presença da MOEDA, que é utilizada para 
remunerar os fatores de produção e para o pagamento dos bens e serviços. Desse modo, 
paralelamente ao fluxo real, temos um fluxo monetário da economia. 
 
 
 
 
 
14 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
1.4.3 Fluxo Circular de Renda 
 
Unindo os Fluxos REAIS e MONETÁRIOS da economia temos o chamado: FLUXO 
CIRCULAR DE RENDA 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
Em cada um dos mercados atuam conjuntamente as focas da oferta e da demanda 
(procura) determinando o PREÇO. Assim, no mercado de bens e serviços formam-se os 
preços dos bens e serviços, enquanto no mercado de fatores de produção são 
determinados os preços dos fatores de produção (salários, juros, aluguéis, lucros, 
royalties, dentre outros). 
 
Esse fluxo, também chamado de fluxo básico, é o que se estabelece entre famílias e 
empresas. O fluxo completo incorpora o setor público, adicionando-se o efeito dos 
impostos e dos gastos públicos ao fluxo básico (anterior), bem como o setor externo, que 
inclui todas as transações com mercadorias, serviços e o movimento financeiro com o 
resto do mundo. 
 
 RESUMO: 
 
O sistema econômico funciona da seguinte maneira: As famílias fornecem seus recursos 
(mão de obra) às empresas e as empresas produzem e fornecem às famílias os bens e 
serviços de que necessitam. Chamamos isto de fluxo real. 
Com o auxílio do dinheiro (moeda), as empresas pagam às famílias pelo serviço realizado e, 
por sua vez, as famílias, também com o auxilio do dinheiro, pagam às empresas os bens e 
serviços adquiridos, o que configura o fluxo monetário. 
O fluxo real e o monetário interligam as famílias (Agentes econômicos) e as empresas 
(Unidades Produtivas), que podem ser chamados de agentes econômicos. 
Do lado do fluxo real (Produto) estão o emprego dos recursos e o suprimento de bens e 
serviços necessários. Do lado monetário se dá a remuneração dos fatores de produção e o 
pagamento dos bens e serviços adquiridos (Renda). 
Mas ainda existe mais um agente econômico que não mencionamos, mas deve ser incluído: 
o governo. 
1.5 BENS E SERVIÇOS 
1.5.1 Conceituação 
Bem é tudo aquilo que permite satisfazer uma ou várias necessidades humanas. Por que 
um bem é procurado? Porque é útil, tem utilidade. 
 
1.5.2 Classificação dos bens 
 
Os bens podem ser livres e econômicos. 
 
 Bens Livres: 
São aqueles que existem em quantidade ilimitada e podem ser obtidos com pouco 
ou nenhum esforço humano,ou seja, sua utilização não implica relações de ordem 
econômica. Esses bens não possuem preço, isto é, tem preço zero, como o mar, a 
luz solar, o ar. O ar é um bem livre, pois a terra oferece ar para todas as pessoas 
em quantidades maiores do que as desejadas por todos os indivíduos. 
 
 Bens Econômicos: 
 São relativamente escassos e supõe a ocorrência de esforço humano na sua 
obtenção, por esse motivo, possuem preço, ou seja, preço maior que zero. 
17 
 
1.5.2 Classificação dos bens econômicos 
 
Os bens econômicos são classificados em dois grupos: Bens materiais e serviços 
(ou bens imateriais). 
 
Os Bens Materiais são de natureza material, tangíveis, e podemos atribuir características 
como peso, altura etc. Por exemplo: alimentos, roupas, livros, eletrodomésticos. 
 
1.5.3 Classificação dos bens materiais 
 
Os Bens Materiais classificam-se quanto ao seu destino em: 
 
 Bens de Consumo: são aqueles diretamente utilizados para a satisfação das 
necessidades humanas. Ou seja, são os que resultam do processo produtivo 
destinado ao consumo (alimentos, lazer). Podem ser duráveis, usados por muito 
tempo, como os móveis, os eletrodomésticos, ou não duráveis, desaparecem uma 
vez utilizados, como alimentos, cigarro. 
 
 Bens de capital: são os bens de produção. Ou seja: bens de capital são aqueles 
que permitem produzir outros bens. Exemplo: equipamentos e máquinas, 
computadores, edifícios, instalações,.etc. 
 Bens Finais e Bens Intermediários 
 Bens finais: Tanto os bens de consumo quanto os bens de capital são 
classificados como bens finais, pois já passaram por todas as etapas de 
transformação possíveis. Estão prontos para serem consumidos. São bens 
acabados. 
 Bens intermediários: Aqueles bens que ainda estão inacabados, que precisam ser 
transformado para atingir a sua finalidade, são os bens intermediários. Ex: o aço 
usado por uma siderúrgica, o vidro e a borracha usados na produção de carros. 
Portanto, são considerados bens finais os bens de consumo e bens de capital uma vez 
que passaram por todo o processo de transformação possível, ou seja, são bens 
acabados. Já os bens intermediários são aqueles que ainda precisam ser transformados 
para atingir sua forma definitiva. 
 
Os bens podem ser classificados, ainda, em bens privados e bens públicos. 
 
 Bens públicos: referem-se ao conjunto de bens fornecidos pelo setor público: 
transporte, segurança, transporte e justiça. 
 
 Bens privados: são produzidos e possuídos privadamente: tv, carro, computador 
etc. 
 
18 
 
2 EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO 
 
A história da Economia é de grande importância para a humanidade, tanto a pré-clássica 
quanto a mais atual. É somente entendendo a dinâmica da história econômica das 
civilizações que você poderá compreender toda a complexidade que domina a ciência 
econômica e a sociedade. 
A Economia surgiu como ciência a partir de 1.776, com a publicação da obra de Adam 
Smith, A Riqueza das Nações. Antes disso, a Economia não passava de um pequeno 
ramo da Filosofia Social e do Direito. Com o Mercantilismo e a Fisiocracia, as idéias 
econômicas começam a ter um pequeno desenvolvimento. 
 
2.1 ANTIGUIDADE E SUAS CONTRIBUIÇÕES AO PENSAMENTO ECONÔMICO 
 
Mesmo nas sociedades primitivas, os homens precisavam organizar-se em sociedade, 
para defender-se dos inimigos, abrigar-se e produzir comida para sobreviver. A divisão do 
trabalho, daí decorrente, permitiu o desenvolvimento da espécie humana em comunidades 
cada vez maiores e mais bem estruturadas. Na maior parte dos casos, a produção era 
basicamente para sobrevivência. 
Alguns homens mais habilidosos passaram a produzir um pouco mais, o que permitiu o 
início das trocas. Aos poucos, o trabalho de alguns homens passou a ser suficiente para 
atender às necessidades de um conjunto cada vez maior de pessoas. 
Na Grécia Antiga, como em Roma, a maior parte da população era composta por 
escravos, que realizavam todo o trabalho em troca do estritamente necessário para 
sobreviver. Os senhores de escravos apropriavam-se de todo o produto excedente. A 
economia era quase exclusivamente agrícola; o meio urbano não passava de uma 
fortificação com algumas casas, onde residiam os nobres, ou chefes militares. 
Gastaldi (1999) assinala que, na história da civilização de Roma, se encontram muitos dos 
elementos que caracterizam o moderno capitalismo. Os romanos foram os principais 
estadistas, juristas e construtores de impérios. Um dos traços da civilização romana foi a 
expansão agrícola, que favoreceu a sua economia e, notadamente, a sua agricultura, e 
que foi um dos determinantes da expansão do poderio político do Império. De uma outra 
forma, o declínio de sua agricultura foi a principal causa de sua perda. Agressiva foi a 
política de expansão comercial de Roma, que proporcionou grandes lucros, ao mesmo 
tempo em que despertou a rivalidade com o poder comercial de outros povos. Isto posto, 
os acordos comerciais foram substituídos pelos conflitos armados. 
 
Com o Império Romano: 
Consolidava-se a expansão comercial; 
Consolidava as funções do dinheiro; 
Criavam-se os impostos mais elevados; 
Aumentavam as despesas do governo. 
 
Foi também no Império romano que nasceu a agiotagem, e a riqueza passou a se 
concentrar nas mãos de uma minoria. As economias dos países subdesenvolvidos, tal 
19 
 
como o Brasil, apresentam semelhanças com o Império Romano. De uma lado, há 
pessoas abastadas e profundamente ricas, de outro, há pessoas pobres. 
As situações de decadência do império conduziu o povo a uma elevada crise de escassez, 
quando aumentaram, e muito, as necessidades urbanas em alimentos. Podemos apontar 
as causas econômicas de declínio do império Romano: 
 
Grande concentração das riquezas por grupos minoritários; 
Grandes propriedades rurais improdutivas; 
Servidão dos pequenos e médios agricultores; 
Separação sempre maior entre ricos e pobres; e 
Crescente escassez de alimentos. 
 
Deste modo, podemos concluir que, as causas econômicas conjugadas com as políticas, 
determinaram a queda do Império Romano. 
 
2.2 A ECONOMIA NA IDADE MÉDIA 
 
A Idade média ou Idade Medieval, surgiu com o declínio da Império Romano por volta de 
476 D.C. Esse período, um dos mais longos da história, durou dos anos 500 a 1500. Com 
a Idade Média, abriu-se uma nova era para a humanidade. Na base do sistema feudalista, 
estava o servo, que trabalhava nas terras de um senhor, o qual devia lealdade a um 
senhor mais poderoso, este a outro, até chegar ao Rei. Os senhores davam a terra a seus 
vassalos, para serem cultivadas, em troca de pagamento em dinheiro, alimentos, trabalho 
e lealdade militar. Em troca dessa lealdade, o senhor concedia proteção militar a seu 
vassalo. 
O servo não era livre, pois estava ligado à terra e a seu senhor, mas esta não constituía 
sua propriedade, como o escravo. As trocas desenvolveram-se no nível regional, entre as 
cidades e suas áreas agrícolas. A cidade, com seus muros, constituía-se no local de 
proteção dos servos, em caso de ataque inimigo. Aos poucos, porém, passou a ser o local 
onde se realizavam as trocas. Desenvolveram-se as corporações de ofício e a divisão do 
trabalho. Com as Cruzadas, a partir de 1.096, expandiu-se o comércio mediterrâneo, 
impulsionando cidades como Gênova, Pisa, Florença, Veneza, etc. 
A Teologia Católica exerceu um poder muito grande sobre o pensamento econômico da 
Idade Média. A propriedade privada era permitida, desde que usada com moderação. 
Havia uma idéia de moderação na conduta humana, o que levava às concepções de 
justiça nas trocas e, portanto, de justo preço e justo salário. 
O empréstimo a juros era condenado pela Igreja, pois contraria a idéia de justiça nas 
trocas: o dinheiro reembolsado seria maior do que o emprestado. 
Diferente do pensamento capitalista, o pensamento cristão condenava a acumulação de 
capital (riqueza) e aexploração do homem pelo homem. A opção da Igreja, então, foi pelo 
retorno a atividade rural, ao contrário de Roma. Na verdade, a igreja, através de suas 
conventos e mosteiros, tornou-se grande proprietária de grandes terras. 
A terra transformou-se na riqueza por excelência. Nascia, assim, o regime feudal, 
caracterizado, como dito anteriormente na apostila por propriedades nas quais os 
senhores e os trabalhadores viviam indiretamente do produto da terra ou do solo. Eram 
20 
 
médias ou grandes propriedades rurais, auto-suficientes econômica e politicamente, 
obedientes a autoridade do senhor ou proprietário, e nas quais os servos exerciam suas 
atividades agrícolas ou artesanais. 
O rei, embora dirigisse o Estado, não possuía influência ou poder de decisão nos feudos, 
onde a autoridades máxima era a do senhor da gleba (os exploradores) e onde labutavam 
os servos ( os exploradores). 
 
2.3 MERCANTILISMO 
 
O mundo novo surge (inclusive o Brasil nas Américas), com o crescimento e o 
desenvolvimento das cidades, a nova política e as profundas mudanças do tempo 
medieval, grandes transformações começam a ocorrer, tanto em matéria comercial e de 
produção. O pensamento religioso se enfraquecia, operava-se uma forte centralização 
política, ocorrendo a criação das nações modernas e das monarquias absolutas. 
O Renascimento cultural e científico e o Mercantilismo abriram os horizontes da Europa, 
a partir de 1.450. A Reforma Protestante de Martin Lutero (1.483-1.546) e João Calvino 
(1.509-1.564), exaltando o individualismo, a atividade econômica e o êxito material, deu 
grande impulso à economia. 
Enriquecer não constituía mais um pecado. A cobrança de juros e a obtenção de lucro 
passaram a ser permitidas. Ao mesmo tempo, ocorreu uma transformação política na 
Europa, com o enfraquecimento dos feudos e a centralização da política nacional. Aos 
poucos, foi-se formando uma economia nacional relativamente integrada, com o Estado 
central dirigindo as forças materiais e humanas. 
No âmbito internacional, as descobertas marítimas e o grande afluxo de metais preciosos 
para a Europa, deslocaram o eixo econômico do Mediterrâneo para novos centros como 
Londres, Amsterdã, Lisboa, Madri, etc. Até então, a ideia mercantilista dominante era a de 
que a riqueza de um país media-se pelo afluxo de metais preciosos (metalismo). 
Com a idéia de garantir um afluxo positivo de ouro e prata para seu país, os mercantilistas 
sugeriam que se aumentassem as exportações e que se controlassem as importações. Na 
França, surgiu a proteção à indústria, com o fim de assegurar exportações mais regulares 
e com maior valor. 
Com o objetivo de maximizar o saldo comercial e o afluxo de metais preciosos, as 
Metrópoles estabeleceram um "pacto colonial" com suas colônias. Por meio desse "pacto", 
todas as importações da colônia passaram a ser provenientes de sua Metrópole, assim 
como todas as suas exportações seriam destinadas a ela exclusivamente. A Metrópole 
monopolizava também o transporte dessas mercadorias. 
O Mercantilismo contribuiu decisivamente para estender as relações comerciais do âmbito 
regional para o âmbito internacional. Ele constituiu uma fase de transição entre o 
feudalismo e o capitalismo moderno. No Mercantilismo, a ética paternalista cristã (católica) 
ao condenar a aquisição de bens materiais, entrava em conflito com os interesses dos 
mercadores-capitalistas. Aos poucos, o Estado Nacional passou a ocupar o lugar da Igreja 
na função de supervisionar o bem-estar da coletividade. 
Gradativamente, os governos foram sendo influenciados pelo pensamento mercantilista. 
(começaram a surgir leis que beneficiavam os interesses dos mercantilistas e do 
21 
 
capitalismo nascente: lei do cercamento das terras, leis que incentivavam a indústria, leis 
que criavam barreiras às importações, etc.) 
O Mercantilismo provocou grandes distorções, como abandono da agricultura em benefício 
da indústria, excessiva regulamentação e intervencionismo exagerado do Estado na 
atividade econômica. Aos poucos, foram surgindo novas teorias sobre o comportamento 
humano, de cunho liberal e individualista, mais de acordo com as necessidades da 
expansão capitalista. 
Em resumo o mercantilismo foi: 
• um regime de nacionalismo econômico. a acumulação de riqueza se consistia na 
principal finalidade do Estado. 
• Para os mercantilistas o Estado deveria encontrar os meios necessários para que o país 
adquirisse a maior quantidade possível de ouro e prata. 
• Procuravam disciplinar as atividades industriais e comerciais de tal forma que as 
exportações fossem sempre favorecidas em detrimento das importações 
 
2.4 OS FISIOCRATAS E A DOUTRINA DO "LAISSEZ-FAIRE" 
 
A Fisiocracia constitui a primeira escola econômica de caráter científico, liderada pelo 
médico francês François Quesnay (1.694-1774), autor da obra O Quadro Econômico: 
análise das variações do rendimento de uma nação. 
Podemos conceituar a fisiocracia como um grande grupo de economistas franceses do 
século XVIII que combateu as ideias mercantilistas e formulou, pela primeira vez uma 
Teoria do Liberalismo Econômico. 
Segundo a doutrina fisiocrática, a sociedade é formada pela classe produtiva (agricultores), 
pela classe dos proprietários de terras e pela classe estéril (todos os que se ocupam do 
comércio, da indústria e dos serviços). 
A agricultura era considerada produtiva por ser, para os fisiocratas, a única que gera valor. 
Desse modo, os preços agrícolas deviam ser os mais elevados possíveis, a fim de gerar 
lucros e recursos para novos investimentos agrícolas. Os consumidores seriam 
compensados pela cobrança de um imposto único sobre a renda dos proprietários de 
terras e por medidas que reduzissem os preços industriais. 
A idéia de classe estéril resultou da reação fisiocrática contra a doutrina mercantilista. A 
moeda passou a ter apenas função de troca e não reserva de valor, pois este encontra-se 
na agricultura. A indústria e o comércio constituem desdobramentos da agricultura, pois 
apenas transformam e transportam valores. 
A terra produz valor por sua fertilidade, seguindo uma ordem natural e providencial. Desse 
modo a agricultura precisa ser incentivada para aumentar o produto social. 
Com uma lei natural regulando a ordem econômica, os homens precisam, então, agir 
livremente, e qualquer intervenção do Estado inibiria essa ordem, ao criar obstáculos à 
circulação de pessoas e de bens. Assim, eles propunham a redução da regulamentação 
oficial, para aumentar a produtividade da economia, e a eliminação de barreiras ao 
comércio interno e a promoção das exportações. Proibição às exportações de cereais, ao 
expandir a oferta interna, reduziriam os preços, afetando os lucros agrícolas. 
Por outro lado, para manter baixos os preços das manufaturas e beneficiar os 
consumidores, propunham o combate aos oligopólios e o fim das restrições às 
22 
 
importações. O pensamento fisiocrático era, portanto, liberal, traduzindo-se em sua 
doutrina do laissez-faire, laissez-passer ... (deixai fazer, deixai passar). 
 
Em resumo o pensamento fisiocrata foi: 
• Representação de uma reação ao mercantilismo. Os fisiocratas não acreditavam que 
uma nação poderia se desenvolver mediante, apenas, do acúmulo de metais preciosos e 
estímulos direto ao comércio. 
• O objeto de investigação dos fisiocratas é o sistema econômico como um todo, sendo 
este conjunto regido por uma ordem natural. 
• Consideravam apenas o trabalho agrícola produtivo. 
• O Estado não deve intervir na ordem natural que rege o sistema econômico. 
 
2.5 ESCOLA CLÁSSICA 
 
O liberalismo e o individualismo dos clássicos estavam associados ao bem comum: os 
homens, ao maximizarem a satisfação pessoal, com o mínimo de dispêndio ou esforço, 
estariam contribuindo para a obtenção do máximo bem-estar social. Tal harmonização 
seria feita, segundo Adam Smith, por uma espécie de mãoinvisível. 
O pensamento clássico fundamenta-se, no individualismo, na liberdade e no 
comportamento racional dos agentes econômicos, com a mínima presença do Estado, que 
teria como funções precípuas a defesa, a justiça e a manutenção de certas obras públicas. 
A Escola clássica foi uma escola que caracterizou a produção, deixando a procura e o 
consumo para o segundo plano. Para Smith, considerado o maior dos clássicos e o pai da 
Ciência Econômica, o objeto da economia é estender bens e riquezas a uma nação . 
Nesse sentido, entende que a riqueza somente pode ser conseguida mediante a posse do 
valor de troca. Valor de troca, para Smith (1981), é a capacidade de obter riqueza, ou seja, 
á a faculdade que a a posse de determinado objeto oferece de comprar com eles outras 
mercadorias. 
 
Em resumo a Escola Clássica defendia: 
• A mais ampla liberdade individual 
• O direito inalienável à propriedade 
• A livre iniciativa e a livre concorrência 
• A não intervenção do Estado na economia 
 
Segue abaixo os principais pensadores da Escola Clássica: 
 
a) Adam Smith (1.723-1.790) 
 
Com a publicação da Riqueza das Nações, em 1.776, tendo como experiência a 
Revolução Industrial Inglesa (1.760-1.830), Adam Smith estabeleceu as bases científicas 
da Economia Moderna. Ao contrário dos mercantilistas e fisiocratas, que consideravam os 
metais preciosos e a terra, respectivamente, como os geradores de riqueza nacional, para 
ele o elemento essencial da riqueza é o trabalho produtivo. Assim o valor pode ser gerado 
fora da agricultura. 
23 
 
Adam Smith ensinou que a Economia Política tem como objetivo gerar riqueza para o 
indivíduo e o Estado, para o provimento de suas necessidades básicas. A riqueza aumenta 
pelo trabalho produtivo, fecundado pelo capital. "O trabalho anual de cada nação constitui 
o fundo que originalmente lhe fornece todos os bens necessários e os confortos materiais 
de que consome anualmente. O mencionado fundo consiste sempre na produção imediata 
do referido trabalho ou naquilo que com essa produção é comprado de outras nações." O 
valor vem do trabalho, desse modo ele pode ser gerado fora da agricultura, desde que o 
preço de mercado supere o preço natural (ou custo de produção). 
A geração de riqueza de uma nação depende, portanto, da proporção entre o trabalho 
produtivo (que gera um excedente de valor sobre o seu custo de reprodução) e o trabalho 
improdutivo (como o dos criados). O emprego de trabalho produtivo depende da divisão do 
trabalho, e esta da extensão dos mercados. A ampliação das trocas comerciais entre os 
países proporciona maior divisão do trabalho e especialização dos trabalhadores, 
aumentando a produtividade e o produto global. 
À medida que a economia consegue expandir seus mercados, ela obtém rendimentos 
crescentes à escala, podendo distribuir sem conflitos um produto social maior entre 
capitalistas, trabalhadores e Governo, na forma de lucros, salários e impostos. 
Uma das maiores contribuições teóricas de Adam Smith foi a teoria do liberalismo 
econômico, ou seja, ele defendia a liberdade do mercado – mercado livre -, a autonomia 
do mercado. 
 
b) David Ricardo (1.772-1.823) 
 
David Ricardo em sua obra Princípios de Economia Política e Tributação (1.817), afirma 
que o maior problema da Economia Política está na distribuição do produto entre as 
classes sociais (proprietários da terra, capitalistas arrendatários e trabalhadores). Isso 
ocorre porque a proporção do produto total destinado a cada classe varia no tempo, uma 
vez que depende da fertilidade do solo, da acumulação do capital, do crescimento 
demográfico e da tecnologia. Assim, determinar as leis que regulam essa distribuição é a 
principal questão da Economia. 
Ricardo transferiu o centro do problema da análise econômica da produção para a 
distribuição, sendo uma de suas grandes contribuições a teoria do valor trabalho. 
Ele se interessou pelos preços relativos mais que pelos absolutos; queria descobrir a base 
da relação de troca entre as mercadorias. As mercadorias obtém seu valor de duas fontes: 
de sua escassez e da quantidade de trabalho necessário para obtê-las. 
A teoria da renda da terra ocupa um lugar de destaque em sua análise. 
As diferenças na qualidade da terra determinariam que, enquanto os proprietários das 
terras férteis obteriam rendas cada vez mais altas, a produção nas terras de qualidade pior 
geraria só o suficiente para cobrir os custos e não produziria renda. 
Desse modo, pode-se argumentar que a renda e os lucros poderiam ser isolados, 
considerando o caso da terra sem renda, na qual o rendimento consistiria inteiramente nas 
entradas derivadas de capital. 
De um ponto de vista dinâmico, Ricardo pensava que o crescimento da população 
acompanhava a expansão econômica, e esta expansão traria consigo um aumento das 
necessidades de alimentos, que poderiam ser satisfeitas só a custos mais altos. Para 
24 
 
manter os salários reais no seu nível anterior, seriam necessários salários monetários mais 
altos, o que faria a participação dos lucros no produto diminuir. 
Desta forma, Ricardo mostrou que o processo de expansão econômica poderia minar suas 
próprias bases, isto é, a acumulação de capital a partir dos lucros, de modo que, ao se 
reduzir a taxa de lucro, emergiria o estado estacionário, no qual não haveria acumulação 
líquida nem crescimento. 
A função de produção ricardiana apresenta rendimentos decrescentes e a economia 
marcha para um estado de estagnação a longo prazo. O grande problema para os 
economistas clássicos era a sociedade atingir esse estado estacionário, de crescimento 
zero, sem que a população tenha atingido o máximo bem-estar. 
Ricardo foi também o primeiro que desenvolveu a teoria dos custos comparativos 
(vantagens comparativas), defendendo que cada país deveria especializar-se 
naqueles produtos que têm um custo comparativo mais baixo, e importar aqueles 
cujo custo comparativo fosse mais alto. Essa é a base da política de livre comércio 
de David Ricardo para os bens manufaturados. 
Segundo essa política, cada país deve dedicar seu capital e trabalho àquelas produções 
que se mostram mais lucrativas. Dessa forma, o trabalho distribui-se com maior eficiência 
e, ao mesmo tempo, aumenta a quantidade total de bens, o que contribui para o bem-estar 
geral. A teoria dos custos comparativos harmoniza os interesses dos diferentes países nos 
assuntos internacionais. 
 
c) O Pensamento Socialista (Karl Marx: 1.818-1.883) 
 
Centrando-se na teoria do valor-trabalho e no conceito de mais-valia, Karl Marx e Friedrich 
Engels estabeleceram as bases da doutrina socialista da superação do capitalismo por 
suas próprias contradições internas. A economia capitalista apresenta crises periódicas de 
superprodução, com elevadas taxas de desemprego. A Economia Política passou a ter 
maior amplitude, ao ser vista, não apenas por meio de relações meramente tecnológicas, 
mas também como o estudo das relações sociais de produção, no sentido de luta de 
classes entre capitalistas e trabalhadores. 
A base da teoria de Marx constituía-se na análise da história, fundamentada no 
materialismo dialético. A concepção materialista da história baseia-se no princípio de que a 
produção e o intercâmbio de produtos constituem a base de toda ordem social. Essa 
afirmação é válida uma vez que, em toda sociedade citada pela história, a divisão em 
classes está determinada por aquilo que se produz, como se produz e pela forma que se 
troca a produção. 
Segundo essa concepção, as causas de todas as mudanças sociais e de todas as 
revoluções políticas são buscadas não na mente dos homens e sim nas mudanças 
experimentadas pelos métodos de produção e de troca. A força básica na história é, para 
Marx, a estrutura econômica da sociedade. Isso não exclui o impacto das idéias, pois estas 
são um reflexo das sociedades, que as alimentam. 
O objetivo da obrade Marx era descobrir as "leis do movimento" da sociedade capitalista. 
Marx construiu seu "modelo econômico" para demonstrar que o capitalismo explorava 
necessariamente a classe trabalhadora e como essa exploração conduziria, 
25 
 
inevitavelmente, à sua destruição. Nesse sentido, a teoria do valor-trabalho tem um papel 
importante. 
Segundo Marx, o benefício é obtido pelo capitalista ao adquirir uma mercadoria, que pode 
criar um valor maior que o de sua própria força de trabalho. Marx distingue os conceitos de 
força de trabalho e tempo de trabalho. A força de trabalho refere-se à capacidade do 
homem para o trabalho; o tempo de trabalho é o processo real e a duração do trabalho. 
O relevante é que, segundo Marx, o capitalista paga ao trabalhador uma quantidade igual 
ao de sua força de trabalho, porém esse pagamento eqüivale somente a uma parte da 
produção do trabalhador e, portanto, somente parte do valor que este produz. 
A chave da exploração, nesse sistema, reside na diferença entre o salário que recebe um 
trabalhador e o valor do bem que produz. Essa diferença é o que Marx chama de mais-
valia. 
 
Em resumo os fundamentos marxistas eram: 
• Crítica científica ao modo de produção capitalista; 
• Mais valia; 
• O modo de produção capitalista está fundado na exploração do trabalho assalariado; 
• Teoria do Valor Trabalho formulada de forma mais consistente: para Marx apenas o 
trabalho humano é capaz de criar valor. 
 
2.6 O PENSAMENTO NEOCLÁSSICO (OU MARGINALISTA) 
 
Os principais pensadores desta Escola foram: 
 
• William Stanley Jevons (1835-1882) - inglês 
• Carl Menger (1840-1921)- austríaco 
• Léon Walras (1834-1910)- francês 
• Vilfredo Pareto (1848-1923)- italiano 
• Alfred Marshall (1842-1924)- inglês 
 
Com a consolidação da análise neoclássica, a partir de 1870, a expressão Economia 
Política passou a ser usada preferencialmente no contexto da análise marxista. Com o 
termo Economia, tem-se uma visão mais restrita do sistema econômico. As relações 
sociais desaparecem e a Economia é vista por seu lado técnico, histórico e abstrato. Os 
fenômenos econômicos são encarados como um processo mecânico, matematicamente 
demonstrável e determinado. 
Assim, supõe-se que a economia é formada por um grande número de pequenos 
produtores e consumidores, incapazes de influenciar isoladamente os preços e as 
quantidades no mercado. 
Portanto, a ênfase aos comportamentos dos produtores e consumidores e às 
especificidades do mercado é o tema central da Teoria Neoclássica. 
Os consumidores, de posse de determinada renda, adquirem bens e serviços de acordo 
com seus gostos, a fim de maximizarem sua utilidade total, derivada do consumo ou posse 
das mercadorias. Essa é uma concepção hedonista, segundo a qual o homem procura o 
máximo prazer, com um mínimo de esforço. 
26 
 
Assim, enquanto na Escola Clássica e em Marx o valor é determinado pela quantidade de 
trabalho incorporado na mercadoria, na Escola Marginalista, o valor depende da utilidade 
marginal. Desse modo, quanto mais raro e útil for um produto, tanto mais ele será 
demandado e valorizado e tanto maior será o seu preço. 
Dados os preços de mercado, os produtores adquirem os fatores de produção necessários 
a fim de combiná-los racionalmente e produzir as quantidades que maximizarão seus 
lucros. Os fatores têm preços determinados por sua escassez e utilidade no processo 
produtivo. Não há mais conflito entre as classes sociais na distribuição do produto, mas 
harmonia entre os agentes. 
No pensamento marginalista, cada proprietário dos recursos produtivos é remunerado por 
sua produtividade marginal, não havendo motivo, portanto, para qualquer conflito social. A 
concorrência entre os agentes econômicos regula a oferta e a demanda de bens e fatores. 
Supõe-se que exista perfeita flexibilidade de preços e salários, de sorte que se estabelece 
automaticamente o equilíbrio dos mercados, levando em conta cada indivíduo e a 
economia em seu conjunto ao máximo bem-estar social. 
 
A essência do pensamento marginalista pode ser sintetizada nos seguintes pontos: 
1. raciocínio na margem: a decisão de produzir ou consumir vai depender do custo ou 
benefício proporcionado pela última unidade; 
2. abordagem microeconômica: o indivíduo e a firma estão no centro da análise, 
havendo no mercado um único bem homogêneo e um preço de equilíbrio; 
3. método abstrato-dedutivo: abstração teórica, argumentação lógica e conclusão; 
4. concorrência pura nos mercados: sendo o monopólio uma exceção; muitos 
vendedores e compradores concorrem no mercado por bens e serviços; as firmas são 
pequenas e não conseguem influenciar o preço de mercado; 
5. ênfase na demanda: a demanda é o elemento crucial para determinar os preços, ao 
contrário dos clássicos que enfocavam a oferta, ou custo de produção; 
6. teoria da utilidade: a utilidade que as pessoas têm no consumo dos bens, determinada 
por seus gostos, influencia as quantidades demandadas de cada bem e, então, seus 
preços. Há uma ênfase em aspectos psicológicos, com a consideração da abordagem 
hedonista de prazer (satisfação) e sofrimento (custos); 
7. teoria do equilíbrio: as variáveis econômicas interagem e o sistema manifesta uma 
tendência ao equilíbrio pelas livres forças de mercado; 
8. direitos de propriedade: cada proprietário recebe pela posse de um fator de produção; 
9. racionalidade: as firmas e consumidores maximizam lucro ou satisfação e não agem 
por impulso, capricho ou por objetivos humanitários; 
10. laissez-faire: ou liberdade de mercado; toda e qualquer interferência nos 
automatismos do mercado gera custos e reduz o bem-estar social. 
 
Em meados do século XX, a Economia passou a abarcar dois grandes enfoques: (a) a 
Microeconomia, que trata da firma e da indústria em particular, do preço e do mercado de 
um bem ou serviço, bem como do indivíduo, como consumidor que detém poder de 
compra; e (b) a Macroeconomia, que se ocupa dos agregados, como a inflação, a taxa de 
câmbio, a renda nacional, a poupança, o investimento, a função consumo, o balanço de 
pagamentos, etc. 
27 
 
2.7 O PENSAMENTO KEYNESIANO 
 
Em sua obra, A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, (1936), John Maynard 
Keynes (1883-1946) refutou a ideia de equilíbrio com pleno emprego de fatores, pela 
rigidez de salários e preços. 
Segundo ele, há desemprego involuntário e em função disso, a economia opera com 
capacidade ociosa. Para elevar os níveis de emprego e de renda, maximizando-se o bem-
estar social, torna-se necessário estimular a propensão a investir dos empresários. 
O Estado atua nesse sentido, realizando políticas monetárias e fiscais. Desse modo, ele 
realiza gastos e influencia as expectativas empresariais e o próprio nível de investimentos. 
Através dos efeitos de multiplicação e de aceleração, expande-se o nível de renda e de 
emprego. 
Keynes explicou que o valor dos bens e serviços produzidos pelas empresas tem uma 
contrapartida de renda, que são os salários, juros, aluguéis, impostos e lucros; que essas 
rendas, encaradas como custos pelas empresas, na verdade vão ser gastas em novos 
bens e serviços. O mesmo raciocínio vale para a economia em seu conjunto. Se a 
população não pode gastar, por não ter um emprego, a economia estará impossibilitada de 
produzir. 
Esse é o fluxo circular de produto e renda, cujo funcionamento não é automático e possui 
vazamentos: parte do dinheiro não é gasto e permanece entesourado (em casa ou nos 
bancos). Desse modo, a demanda efetiva tende a ficar aquém das possibilidades de 
produção da economia. (Keynes identificou outros vazamentos que são as importações e o 
pagamento de impostos). 
Para que esses vazamentos sejam compensados, em caso de recessão (demanda efetiva 
< total de produção), é preciso que: 
 
a) os bancos elevem seus empréstimos para consumo e investimento; 
b) as exportações sejam estimuladas; 
c) o Governo aumenteseus gastos. 
 
Maior fluxo de renda estimulará a demanda agregada, retomando o caminho da 
prosperidade. No entanto, é necessário que os gastos com investimento (I) sejam iguais às 
poupanças (S) realizadas em cada período. Como as rendas aumentam com a 
prosperidade geral da economia e o consumo não cresce na mesma proporção, haverá 
uma tendência de (S) expandir-se de um modo mais acelerado. Assim, o (I) precisa 
crescer cada vez mais. 
Sendo S > I, o Governo precisa aumentar seus gastos para compensar o excesso de 
poupança. Keynes preferia que os gastos do Governo fossem investimentos em áreas 
sociais, como escolas, estradas e hospitais, que acabariam beneficiando também o setor 
produtivo. 
 
Os princípios fundamentais da economia keynesiana podem ser resumidos nos 
seguintes pontos: 
 
28 
 
1) Inter-relação entre a renda nacional e os níveis de emprego. Os determinantes 
diretos da renda e do emprego são os gastos com consumo e investimento. O gasto 
público constitui uma adição ao gasto total. A situação de pleno emprego é só um caso 
especial; o caso geral e característico é o de equilíbrio com desemprego. Quando o gasto 
em consumo e investimento é insuficiente para manter o pleno emprego, o Estado deve 
estar disposto a aumentar o fluxo de renda por meio de gastos financeiros por déficit 
orçamentário. 
 
2) Determinantes da renda e do emprego, ou os determinantes do gasto em 
consumo e investimento. Keynes supunha que o consumo está determinado pelo volume 
de renda; isto é, para cada nível de renda, o gasto em consumo é uma proporção dada da 
renda, e esta proporção cai quando a renda aumenta. O nível de consumo varia com a 
renda, enquanto a renda varia, por sua vez, porque os investimentos ou o gasto público 
variam e isto ocorre de uma forma multiplicativa. 
 
3) Keynes dizia que o gasto com investimento era determinado pela taxa de juros e 
pela eficácia marginal do capital (ou taxa de retorno esperada sobre o custo de 
novos investimentos). A eficácia marginal do capital depende da expectativa diante dos 
lucros futuros e do preço de oferta dos ativos de capital. A taxa de juros era definida como 
uma recompensa pelo sacrifício da liquidez (ou o desejo de manter a riqueza em forma de 
ativos financeiros líquidos) e da quantidade de dinheiro em circulação mais depósitos. (Em 
resumo, as três influências psicológicas sobre a renda e o emprego são: a propensão ao 
consumo, o desejo por ativos líquidos e a taxa de retorno esperada dos novos 
investimentos). 
 
Para Keynes o sistema de livre mercado (ou laissez-faire) ficou antiquado e que o Estado 
deve atuar ativamente para fomentar o pleno emprego, forçando a taxa de juros para baixo 
(e assim estimular o investimento); e redistribuindo a renda com o objetivo de estimular os 
gastos de consumo. Para Keynes o Estado deve atuar intensamente para que se possa 
estabilizar a economia no nível de pleno emprego. 
 
29 
 
3 INTRODUÇÃO A MICROECONOMIA 
Microeconomia é o segmento da teoria econômica que estuda a formação de preços 
no mercado, ou seja, o funcionamento do mercado de um determinado produto ou 
grupo de produtos, analisando o comportamento dos compradores e vendedores. 
Microeconomia, ou Teoria Geral dos Preços, analisa a formação de preços no mercado, ou 
seja, como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o preço e a quantidade 
de um determinado bem ou serviço em mercados específicos. A microeconomia estuda o 
funcionamento da oferta e da procura na formação do preço no mercado, isto é, o preço 
sendo obtido pela interação do conjunto dos consumidores com o conjunto de empresas 
que fabricam um dado bem ou serviço. 
Assim, enquanto a macroeconomia enfoca o comportamento da economia como um todo, 
considerando variáveis globais como consumo agregado, renda nacional e investimentos 
globais, a análise microeconômica preocupa-se com a formação de preços de bens e 
serviços (por exemplo, soja, automóveis) e de fatores de produção (salários, aluguéis, 
lucros) em mercados específicos. 
Do ponto de vista da economia de empresas, onde se estuda uma empresa específica, 
prevalece a visão contábil financeira na formação do preço de venda de seu produto, 
baseada principalmente nos custos de produção, enquanto na Microeconomia prevalece a 
visão do mercado. 
O conceito de empresa possui duas visões: a econômica e a jurídica. Do ponto de vista 
econômico, empresas ou estabelecimento comercial é a combinação pelo empresário, dos 
fatores de produção: capital, trabalho, terra e tecnologia, de modo organizado para se 
obter o maior volume possível de produção ou de serviços ao menor custo. 
3.1 PRESSUPOSTOS BÁSICOS DA ANÁLISE MICROECONÔMICA 
 A hipótese coeteris paribus 
A hipótese coeteris paribus ( tudo o mais permanece constante ): o foco de estudo é 
dirigido apenas àquele mercado, analisando o papel que a oferta e a demanda nele 
exercem, supondo que outras variáveis interfiram muito pouco, ou que não interfiram de 
maneira absoluta, ou seja, não afetam o mercado analisado. 
Para analisar um mercado específico, a Microeconomia se vale da hipótese de que “tudo 
o mais permanece constante” (que em latim significa coeteris paribus). O foco de 
estudo é dirigido apenas àquele mercado, analisando-se o papel que a oferta e a demanda 
nele exercem, supondo que outras variáveis interfiram muito pouco, ou que não interfiram 
de maneira absoluta. Por exemplo, sabemos que a procura de uma mercadoria é 
normalmente mais afetada por seu preço e pela renda dos consumidores. 
Para analisar o efeito do preço sobre a procura, supomos que a renda permaneça 
constante (coeteris paribus); da mesma forma, para avaliar a relação entre a procura e a 
renda dos consumidores, supomos que o preço da mercadoria não varie. Temos, assim, o 
efeito ―puro‖ ou ―líquido‖ de cada uma dessas variáveis sobre a procura. 
30 
 
Papel dos preços relativos 
Na análise microeconômica, são mais relevantes os preços relativos, isto é, os preços dos 
bens em relação aos demais, do que os preços absolutos (isolados) das mercadorias. 
Exemplo: se o preço do guaraná cair 10%, mas também o preço da soda cair em 10%, 
nada deve acontecer na demanda dos dois bens, mas se cair apenas o preço do guaraná, 
permanecendo inalterado o preço da soda, deve-se esperar um aumento na quantidade 
procurada de guaraná e uma queda na soda. Embora não tenha havido alteração no preço 
absoluto da soda, seu preço relativo aumentou, quando comparado com o guaraná. 
Princípio da Racionalidade 
Por esse princípio, os empresários tentam sempre maximizar lucros condicionados pelos 
custos de produção, os consumidores procuram maximizar sua satisfação no consumo de 
bens e serviços (limitados por sua renda e pelos preços das mercadorias). 
3.2 APLICAÇÕES DA ANÁLISE MICROECONÔMICA 
A análise microeconômica, ou a Teoria dos Preços, como parte da Ciência Econômica, 
preocupa-se em explicar como se determina o preço dos bens e serviços, bem como dos 
fatores de produção. O instrumental microeconômico procura responder, também, a 
questões aparentemente triviais; por exemplo, por que, quando o preço de um bem se 
eleva, a quantidade demandada desse bem deve cair, coeteris paribus. 
É importante salientar que, se a Teoria Microeconômica não é um manual de técnicas para 
a tomada de decisões no dia-a-dia, mesmo assim ela representa uma ferramenta útil para 
estabelecer políticas e estratégias, dentro de um horizonte de planejamento, tanto ao nível 
de empresas quanto ao nível de política econômica. 
Para as empresas, a análise microeconômica pode subsidiar as seguintes 
decisões: 
. política de preços da empresa 
· previsões de demanda e de faturamento 
· previsões de custos de produção 
· decisões ótimas de produção (escolha da melhor alternativa de produção, isto é, da 
melhor combinação de fatores de produção) 
· avaliação e elaboração de projetos de investimentos(análise custo-benefício da compra 
de equipamentos, ampliação da empresa etc.) 
· política de propaganda e publicidade (como as preferências dos consumidores podem 
afetar a procura do produto) 
· localização da empresa (se a empresa deve situar-se próxima aos centros consumidores 
ou aos centros fornecedores de insumos) 
· diferenciação de mercados (possibilidades de preços diferenciados, em diferentes 
mercados consumidores do mesmo produto) 
Como auxiliar de política econômica, a Teoria Microeconômica pode contribuir na análise e 
tomada de decisões das seguintes questões: 
· efeitos de impostos sobre mercados específicos 
31 
 
· política de subsídios (nos preços de produtos como trigo e leite, ou na compra de 
insumos como máquinas, fertilizantes etc.) 
· fixação de preços mínimos na agricultura 
· controle de preços 
· política salarial 
· política de tarifas públicas (água, luz etc.) 
· política de preços públicos (petróleo, aço etc.) 
· leis antitruste (controle de lucros de monopólios e oligopólios) 
 
São, portanto, decisões necessárias ao planejamento estratégico das empresas e à 
política de programação econômica do setor público. 
Fica evidente que a contribuição da Microeconomia está associada à utilização de outras 
disciplinas, como a Estatística, a Matemática, a Matemática Financeira, a Contabilidade e 
mesmo a Engenharia, de forma a dar conteúdo empírico a suas formulações e conceitos 
teóricos. 
 
 O estudo microeconômico 
 Análise da Demanda: A Teoria da Demanda ou Procura de uma mercadoria ou 
serviço divide-se em Teoria do Consumidor e Teoria da Demanda de Mercado. 
 Análise da Oferta: A Teoria da Oferta de um bem ou serviço também se subdivide 
em oferta de firma individual e oferta de mercado. 
 Teoria do equilíbrio geral: A análise do equilíbrio geral leva em conta as inter-
relações entre todos os mercados, procurando analisar se o comportamento 
independente de cada agente econômico conduz todos a uma posição de equilíbrio 
global, embora todos sejam, na realidade, interdependente. 
 
3.3 ESTRUTURAS DE MERCADO 
 
3.3.1 Conceituação de estruturas de mercado 
 
As estruturas de mercado se dividem inicialmente entre o ―mercado de bens e serviços‖ e 
o ―mercado de fatores de produção‖. Pode-se representar a economia através de um fluxo 
circular em que os seus diferentes componentes se complementam, interagindo como 
fornecedores e consumidores uns dos outros dependendo do mercado em que se 
encontrem. Famílias e empresas, portanto, podem ser demanda ou oferta dependendo da 
posição em que se encontrem no mercado. Assim, as empresas no ―mercado de bens e 
serviços‖ são os ofertantes e os membros das famílias são seus demandantes, de forma 
oposta no ―mercado de fatores de produção‖ os membros da família são os ofertantes e as 
firmas/empresas são seus demandantes. 
Desta forma, pode-se entender o mercado como um conjunto de relações que são 
travadas pelos agentes econômicos (demanda e oferta) em torno de um dado produto, ou 
conjunto de produtos, em certo período de tempo. 
32 
 
Sua estrutura irá, portanto, depender da forma como os agentes econômicos estão 
organizados. Sendo uma ―estrutura de mercado‖ dada pela forma como fornecedores e 
consumidores estão organizados no mercado para realizar as suas transações de venda e 
compra. Assim, ao analisar o mercado pelo lado de como os fornecedores (oferta) estão 
organizados frente aos consumidores (demanda), têm-se as estruturas do mercado de 
bens e serviços, mas se esta análise privilegiar a forma como os consumidores estão 
organizados frente os fornecedores, tem-se as estruturas do mercado de fatores de 
produção. 
Os mercados produtores estão estruturados de modo diferenciado, podendo ser 
classificado dos seguintes modos: 
 
i) Concorrência perfeita 
ii) Monopólio 
iii) Oligopólio 
iv) Concorrência monopolística. 
 
a) Concorrência perfeita 
 
A Concorrência Perfeita, ou competição pura, é a estrutura adequada, visando o 
funcionamento ideal da economia, servindo como parâmetro em face das outras estruturas 
de mercado, daí, ter que ser preenchido os seguintes requisitos: 
 
- A existência de um número muito grande de empresas produtoras e de compradores no 
mercado, onde nenhum destes possui condições suficientes de influenciar o mercado; 
- Os bens, serviços ou produtos são padronizados, não diferenciados (homogêneos); 
- As empresas não têm nenhum tipo de influência em relação aos preços dos produtos, 
informações privilegiadas, na realidade, este mercado é transparente; 
- Não existem impedimentos, acordos, restrições, barreiras à entrada ou saída de outras 
empresas no mercado (mobilidade); 
 
Na concorrência perfeita, é o mercado que estabelece o preço do produto, eliminando toda 
e qualquer possível exploração do consumidor, fazendo com que os preços sejam ―justos‖, 
no sentido de que sejam iguais aos custos (incluindo nesses o chamado ―lucro normal‖). O 
produtor, por ser um ―átomo‖ nesse mercado, recebe o preço como dado, não tendo 
qualquer poder de alterá-lo. 
 
Examinando as características distintivas do mercado de concorrência perfeita, você já 
deve ter percebido que este mercado não é facilmente encontrado na prática. O exemplo 
mais próximo de um mercado de concorrência perfeita seria a bolsa de valores: o produto 
ali transacionado é homogêneo – digamos, uma ação ordinária do Banco do Brasil; 
existem diariamente milhares de compradores e de vendedores desta ação; todos os 
agentes econômicos que ali atuam têm perfeito conhecimento dos preços praticados para 
esta ação; e, por fim, há livre entrada de compradores e vendedores nesse mercado. 
 
 
33 
 
Um outro mercado também citado como próximo da concorrência perfeita é o de produtos 
agrícolas, como parece ocorrer, por exemplo, com o mercado de arroz – um produto 
padronizado, existindo milhares de vendedores e de compradores desse produto no 
mercado. 
 
b) Monopólio 
 
O monopólio é a falta, a ausência de concorrência, é uma figura que se situa em sentido 
oposto ao da livre concorrência ora preceituada pela Constituição Federal em seu artigo 
170, inciso IV, pois tem o poder de influenciar o mercado, significando a existência de um 
único fornecedor, podendo neste caso, impor o preço que mais lhe provier para suas 
mercadorias e ficando, assim, sujeitado ao nível de vendas dele decorrente. Daí, o 
monopólio é o modo mais nítido de poder de mercado. Tem como características básicas: 
 
- Existência de única empresa produtora no mercado, não existindo concorrência na oferta, 
ou seja, um único vendedor; ou um vendedor que controla toda oferta do mercado; 
- Controle sobre a matéria-prima, produto ou serviço; 
- Barreiras ao registro de novas patentes, afastando assim qualquer concorrente; 
- Não há produtos similares, que podem ser substitutos; 
- Situação privilegiada na quantidade produzida e no preço, maximizando assim o lucro. O 
monopolista está só e decorrente deste estar só, é que tem liderança para escolher o 
preço de suas vendas. 
 
É importante ressaltar que o governo em determinados casos, tem papéis distintos quanto 
a esta estrutura de mercado monopolista. Em primeiro lugar de combate, para evitar o 
abuso do poder econômico, e em segundo lugar é quando o próprio governo garante, 
tornando-o inteiramente apropriados, a exemplo dos monopólios do governo no controle de 
determinados setores estratégicos, criando assim, monopólios legais, garantindo o direito 
de propriedade, direitos autorais, patentes, como no Correios, dentre outros monopólios 
legais. Concluindo, todo monopolista não se preocupa com concorrentes, pois não o tem. 
Quanto ao Monopólio Natural, é uma situação em que temos bens exclusivos e com quase 
nenhuma rivalidade. Este tipo de mercado, em sua maioria, é regulamentado pelo governo, 
sendo longo o prazo de retorno. Pode-se citar o gás natural, distribuição de energiaelétrica, como exemplos. 
 
c) Concorrência monopolística 
 
Concorrência monopolística é um mercado onde existem várias empresas disputando o 
mesmo tipo de cliente, caracterizando uma situação mais ou menos eqüidistante da 
concorrência perfeita e do monopólio. Geralmente é encontrada no mercado de varejo. 
Suas características principais são: 
 
a) geralmente cada empresa tem seu próprio produto que, embora possa ser substituto 
próximo dos demais, apresenta característica diferenciadora de firma para firma; e o 
consumidor tem opções de escolha, de acordo com sua preferência; 
34 
 
b) são todas firmas de porte e poder de concorrência relativamente semelhantes, o que 
limita bastante seu controle sobre seu preço; 
 
Exemplos de concorrência monopolística são as butiques de um shopping, os 
restaurantes, as escolas privadas, as padarias, as pequenas mercearias, etc. 
São essas as principais estruturas de mercado existentes. Feita esta abordagem, temos, 
agora, condições de analisar como funcionam as forças de mercado – isto é, a oferta e a 
demanda - num sistema econômico capitalista, e como são determinados os preços dos 
bens e serviços em geral, sem que o governo interfira nesse processo. 
 
d) Oligopólio 
 
O oligopólio é uma situação de concentração de mercado, ou seja, é um tipo de mercado 
dominado por um reduzido número de grandes empresas, com alto grau de concentração 
local, e estas empresas, influencia no preço de mercado de maneira ostensiva, o que leva 
as outras firmas a reagirem em face ao abuso do poder econômico. 
As empresas oligopolistas, que não são em grandes quantidades, promovem o domínio de 
determinada oferta de produtos e/ou serviços, que podem ser homogêneos ou 
diferenciados, formando barreiras à entrada de potenciais concorrentes, efetuando gastos 
de grande monta em tecnologia de ponta, produção em larga escala, marketing, dentre 
outros, ou se associando aos grandes grupos econômicos, inviabilizando a entrada de 
novas empresas no mercado. 
Pode-se dar como exemplo as empresas do ramo de laboratórios farmacêuticos, aço, 
alumínio, cimento, veículos, aviação, bancos, comunicação, dentre outros. Sendo assim, 
pode-se afirmar que a receita operacional destes oligopólios tem significativa influência no 
Produto Interno Bruto - PIB dos países. 
Portanto, o oligopólio é um tipo de mercado que se diferencia da concorrência perfeita 
pelas seguintes características principais: 
 
a) o mercado é dominado por um número pequeno de grandes empresas; 
b) na maioria dos casos, muito embora possa haver diferenciação entre os produtos das 
diversas firmas, eles são perfeitos substitutos entre si, como é o caso do setor de 
eletrodomésticos, sabão em pó, automóveis, cimento, etc. 
c) como, na maioria dos casos, 80% a 90% do mercado é dominado por um pequeno 
número de grandes empresas, existe um relativo controle de preços por estas firmas, 
através de acordos ou conluios; 
d) as empresas do setor tentam ganhar mercado através de uma massiva publicidade, e 
nunca através de redução de preços; 
e) a ação de uma firma afeta as demais, tornando-as interdependentes, apresentando, 
geralmente, uma firma maior que se comporta como líder das demais. 
No oligopólio, assim como no monopólio, há barreiras para a entrada de novas empresas 
no setor. 
 
 
 
35 
 
Tipos de oligopólio: 
 
 com produto homogêneo (alumínio, cimento); 
 com produto diferenciado (automóveis). 
 
Os oligopólios podem ainda se apresentar de forma diferenciada (Oligopólio Diferenciado), 
quando os produtos destas empresas apresentam diferentes níveis de diferenciação 
(características particulares de cada produto) e se estabelece um nível de concorrência 
maior entre os participantes do mercado, ou concentrada (Oligopólio Concentrado), 
quando o produto das empresas participantes é tão idêntico ―homogêneo‖ que estas 
passam a só ter a escala de produção como forma de competição pelo mercado, fazendo 
com que apenas empresas de porte e com alto nível de concentração do mercado, 
possam existir. 
Muitas vezes o grau de concentração é tão alto nestes mercados que apenas duas 
empresas atuam, transformando sua estrutura num ―Duopólio‖, caso extremo do oligopólio 
onde há apenas duas grandes empresas controlando a oferta do mercado. 
No que se refere ao oligopólio conivente, constituem num grupo de empresas que de modo 
tácito colocam o mesmo preço nos seus produtos e/ou serviços, porém com uma empresa 
liderando a fixação destes preços. Cabe ressaltar algumas formas de organização 
empresarial presentes no oligopólio: Cartéis, trustes e holding. 
 
3.4 FORMAS DE ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL PRESENTES NO OLIGOPÓLIO 
 
3.4.1 Cartel 
 
No cartel as empresas são legitimamente independentes e, de modo geral, têm atuação no 
mesmo ramo, acordando entre si e, promovendo a dominação de mercado de modo geral, 
através da combinação de preços, seja no ramo de produtos ou de serviços. Sendo assim, 
pode-se identificar a caracterização de prática abusiva, com vistas ao domínio de mercado, 
aumentado expressivamente seus lucros, contrariando, deste modo, a livre concorrência 
ora preceituada na Constituição Federal brasileira em seu artigo 170, inciso IV. 
 
3.4.2 Truste 
 
Truste é uma estrutura empresarial em que empresas, em geral, do mesmo ramo ou setor, 
e que detêm grande parte do seu mercado, organizam-se numa nova empresa para em 
conjunto dominarem este mercado, fornecendo um produto em comum e, com isso, 
eliminarem a concorrência e fixarem um preço único de acordo com seus interesses. Esta 
é uma associação que pode se dar pela fusão ou combinação formal de empresas já 
existentes no mercado. Caso esta associação se dê por uma combinação formal e não por 
uma fusão, as empresas envolvidas podem manter suas estruturas administrativas e 
produtivas separadas com intuito de retornarem as suas condições anteriores caso os 
resultados obtidos não sejam os esperados. 
 
 
36 
 
3.4.3 Holding ou sociedade gestora de participações sociais 
 
O holding é uma situação em que é criada uma empresa para que esta venha a 
administrar um conglomerado empresarial. Assim, pode-se vislumbrar uma poderosa 
estratégia de gestão, com o objetivo de promover o domínio de determinada oferta de 
qualquer tipo de produtos e/ou serviços, visando engrandecer seus lucros. 
Para melhor entendimento, pode-se tratar o holding como sendo na realidade, uma 
sociedade empresarial juridicamente independente, porém seu objetivo maior será a de 
participação no capital de outras sociedades empresariais. Como exemplo, o verificado no 
setor bancário, no de seguros, dentre outros, pelo fato de virem a concentrar o controle de 
suas diversas empresas. Essa forma de administração é muito praticada pelas grandes 
corporações nesta era de globalização. 
Concluindo este assunto, as fusões promovem em sua maioria e cada vez mais frequente, 
a instalação de grandes conglomerados empresariais, pois detêm significativos recursos 
financeiros, favorecendo, deste modo, o uso de tecnologia de última geração, trabalhando 
em economia de escala, diminuindo de modo predatório em sua maioria, a concorrência, 
especialmente nos países em desenvolvimento. 
 
3.5 ESTRUTURA DE MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO 
 
No mercado de fatores de produção, os indivíduos constituem-se nos vendedores dos 
recursos produtivos, ao passo que as firmas são compradores dos mesmos. Esses fatores 
de produção terão um preço determinado pelos mercados (salários, alugueis, juros e 
lucros, conforme o caso), havendo então um pagamento por parte das firmas aos 
indivíduos quando das aquisições desses recursos. 
 As estruturas de mercado para os fatores de produção são: 
 
1) MONOPSÔNIO  É o regime ou estrutura de mercado em que um único 
comprador concentra em suas mãos a totalidade de compra dos fatores de 
produção, não obstante ele se defronte com grande númerode vendedores ou 
ofertantes de tais fatores. Nesse caso, os preços não são determinados pelos 
vendedores, mas pelo único comprador. É comum dizer-se que o monopsônio 
freqüentemente deriva de um monopólio instalado. De fato, um monopólio na venda 
de um produto pode determinar o monopsônio na compra dos fatores de produção 
de um referido produto. Exemplos: Uma situação típica de monopsonista é a de um 
produtor de automóveis que depende de um determinado número de fornecedores 
de algumas peças que não são utilizadas por outros fabricantes. Pro essa razão, os 
pequenos fabricantes produzem peças apenas para essa marca de automóveis. O 
produtor de automóveis é um monopsonista. Outro bom exemplo seria o caso do 
fumo, pois em certa região produtora, existe apenas uma única empresa que 
adquire a folha do fumo para industrialização. 
 
2) OLIGOPSÔNIO  Esse tipo de estrutura de mercado é caracterizado pela 
existência de poucos compradores (sendo que, se houver apenas dois, se 
denomina duopsônio), de modo que as ações de um ou mais podem ter um efeito 
37 
 
significativo sobre o preço de mercado dos outros compradores. É, portanto, um 
mercado com poucos participantes (em número), mas grandes em tamanho, 
fazendo com que haja uma forte interdependência entre as firmas, a exemplo do 
que ocorre com os oligopólios. 
 
Exemplos: No agronegócio brasileiro, muitos casos se aproximam do status de 
oligopsônio. Isso acontece para o produto agrícola processado (como na indústria 
de óleos vegetais, café solúvel, chocolate, cigarros frutas, verduras, suco de 
laranja, suco de maracujá e carnes processadas, entre outras), ou seja, poucas 
grandes empresas processadoras comprando produtos agropecuários diretamente 
dos agricultores ou por meio de cooperativas. 
 
QUADRO RESUMO 1 - Estruturas de mercado de bens e serviços. 
 
CARACTERÍSTICAS 
TIPOS DE MERCADO 
Competição 
Perfeita 
Competição 
Monopolista 
Oligopólio Monopólio 
N° de empresas Muito grande Muitas Poucas Uma 
Tipo de Produto Padronizado Diferenciado Padroniz. e Dif. Único 
Controle sobre preços Nenhum Pequeno Considerável Muito 
Condições de entrada Sem barreiras Sem barreiras Com barreiras Com barreiras 
Exemplos Produtos agrícolas Restaurante, 
lojas de varejo, 
magazines 
Automóveis, cia 
aéreas 
Energia elétrica, 
telefonia fixa 
 
 
QUADRO RESUMO 2 - Estruturas de mercado de fatores de produção 
 
CARACTERÍSTICAS 
TIPOS DE MERCADO 
MONOPSÔNIO OLIGOPSÔNIO 
N° de empresas Única Poucas 
Tipo de fator de produção Padronizado Padronizado 
Exemplos Indústria 
automobilística, 
Industria de fumo 
Processadores de produtos agrícolas, como café, 
suco de laranja, óleos vegetais, etc. 
 
38 
 
4 DEMANDA, OFERTA E EQUILÍBRIO DE MERCADO 
Este estudo está baseado no quinto capítulo do Livro Fundamentos de Economia, de 
Vasconcellos e Garcia, onde está destacada a Demanda, a Oferta e o Equilibro de 
Mercado. Para estudarmos estes itens, será necessário acompanharmos um breve 
histórico, já que os fundamentos da análise da demanda ou da procura estão alicerçados 
no conceito subjetivo de utilidade. A utilidade representa o Grau de Satisfação que os 
Consumidores atribuem aos Bens e Serviços que podem adquirir no Mercado. Ou seja, a 
utilidade é a qualidade que os bens econômicos possuem de satisfazer as necessidades 
humanas. Como está baseada em aspectos psicológicos ou preferências, a utilidade difere 
de consumidor para consumidor (alguns preferem cerveja, outros uísque etc). 
 
A Teoria do Valor-Utilidade contrapõe-se à chamada Teoria do Valor Trabalho, 
desenvolvida por alguns economistas clássicos. A Teoria do Valor-Utilidade pressupõe que 
o valor de um bem se forma pela sua demanda, isto é, considera que o valor nasce da 
relação do homem com os objetos. Representa a chamada Visão Utilitarista, onde 
prepondera a soberania do consumidor, pilar do capitalismo. A Teoria do Valor Trabalho 
considera que o valor de um bem se forma do lado da oferta, através dos custos do 
trabalho incorporados ao bem. Os Custos de produção eram representados basicamente 
pelo fator mão de obra, em que a Terra era praticamente gratuita (abundante), e o capital 
pouco significativo. 
 
Pela Teoria do Valor Trabalho, o valor do bem surge da relação social entre homens, 
dependendo do tempo produtivo que eles incorporam ao bem. Neste sentido, a Teoria do 
Valor Trabalho é objetiva (depende de custos). Pode-se dizer que a Teoria do Valor 
Utilidade veio complementar a Teoria do Valor Trabalho, pois não era mais possível 
predizer o comportamento dos preços dos bens apenas com base nos custos da mão de 
obra (ou mesmo custos em geral) sem considerar o lado da demanda (padrão de gostos, 
hábitos, renda, etc.). 
 
Resumindo, a Teoria do Valor-Utilidade permitiu distinguir o valor de uso do valor de troca 
de um bem. O valor de uso é á utilidade que ele represente para o consumidor. Valor de 
Troca se forma pelo preço no mercado, pelo encontro da oferta e da demanda do bem. A 
Teoria da Demanda baseia-se na Teoria do Valor-Utilidade. 
 
 A Utilidade Total e a Utilidade Marginal 
 
No final do século passado, alguns Economistas elaboraram o conceito de utilidade 
marginal e dele derivaram a curva da demanda e suas propriedades. Tem-se que a 
utilidade total tende a aumentar quanto maior a quantidade consumida do bem ou serviço. 
Entretanto, a utilidade marginal, que é a satisfação adicional (na margem) obtida pelo 
consumo de mais uma unidade do bem, é decrescente, porque o consumidor vai perdendo 
a capacidade de percepção da utilidade por ele proporcionada, chegando à saturação. O 
chamado paradoxo da água e do diamante ilustra a importância do conceito de utilidade 
marginal. 
39 
 
Por que a água, mais necessária, é tão barata, e o diamante, supérfluo, tem preço tão 
elevado? Ocorre que a água tem grande utilidade total, mas baixa utilidade marginal (é 
abundante), enquanto o diamante, por ser escasso, tem grande utilidade marginal e total. 
 
4.1 DEMANDA DE MERCADO 
4.1.1 Conceituação 
―A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de um determinado bem ou 
serviços que os consumidores desejam adquirir em determinado período de tempo.‖ 
4.1.2 Variáveis que interferem na Demanda 
Essa procura depende de variáveis que influenciam a escolha do consumidor. São 
elas: o preço do bem ou serviço, o preço dos outros bens, a renda do consumidor e 
o gosto ou preferência do individuo. Para se estudar a influencia dessas variáveis 
consideram-se cada uma dessas ―variáveis‖ afetando separadamente as decisões do 
consumidor. 
A demanda pode ser interpretada como procura, mas nem sempre como consumo, uma 
vez que é possível demandar (desejar) e não consumir (adquirir) um bem ou serviço. A 
quantidade de um bem que os compradores desejam e podem comprar é chamada de 
quantidade demandada. 
A quantidade demandada depende de variáveis que influenciam a escolha do consumidor 
pela compra ou não de um bem ou serviço: o seu preço, o preço dos outros bens 
substitutos ou complementares, a renda do consumidor e o gosto ou preferência do 
indivíduo. Para estudar a influência dessas variáveis, considera-se separadamente a 
influência de cada uma nas decisões do consumidor (condição coeteris paribus). 
Como a demanda é o desejo ou necessidade apoiados pela capacidade e intenção de 
compra, ela somente ocorre se um consumidor tiver um desejo ou necessidade, se possuir 
condições financeiras para suprir sua necessidade ou desejo e se ele tiver intenção de 
satisfazê-los. 
Sempre que damos prioridade para o consumo de alguma coisa em detrimento de outra, 
estamos demonstrando um desejo. O desejo é a maneira específica na qual buscamos a 
satisfação de nossa necessidade. 
A demanda sempre influencia a oferta, ou seja, é a demanda que determina o movimento 
da oferta. Por isso, para as empresas, além de identificar os desejose as necessidades de 
seus consumidores, é muito importante identificar a demanda para um determinado 
produto ou serviço, pois é ela que vai dizer o quanto se comprará da oferta que a empresa 
disponibiliza no mercado. Isto é, quem e quantos são os consumidores que irão adquirir o 
produto ou serviço. 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bens_substitutos
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bens_complementares
http://pt.wikipedia.org/wiki/Renda
http://pt.wikipedia.org/wiki/Coeteris_paribus
http://pt.wikipedia.org/wiki/Oferta
http://pt.wikipedia.org/wiki/Oferta
http://pt.wikipedia.org/wiki/Produto
http://pt.wikipedia.org/wiki/Servi%C3%A7o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mercado
40 
 
 Relação entre a quantidade procurada e preço do bem: A Lei Geral da 
Demanda 
Há uma relação inversamente proporcional entre a quantidade procurada e o preço do 
bem. É a chamada Lei Geral da Demanda. Essa relação pode ser observada a partir dos 
conceitos de escala de procura, curva de procura ou função demanda. Portanto, na 
análise da demanda temos uma relação inversa entre o preço do bem e a quantidade 
demandada. 
4.1.3 Curva de demanda: 
Representa graficamente a variação da demanda de um determinado bem de acordo com 
o preço do mesmo (gráfico abaixo). 
 
A curva da demanda é negativamente inclinada devido ao efeito conjunto de dois fatores: o 
efeito substituição e o efeito renda. Se o preço de um bem aumenta, a queda da 
quantidade demandada será provocada por esses dois efeitos somados: 
a) Efeito substituição: se um bem possui um substituto, ou seja, outro bem similar que 
satisfaça a mesma necessidade, quando seu preço aumenta, o consumidor passa 
adquirir o bem substituto, reduzindo assim sua demanda. Exemplo: Manteiga e 
margarina – Carne e frango – Cerveja antártica e Brama. 
b) Efeito renda: quando aumenta o preço de um bem, o consumidor perde o poder 
aquisitivo, e a demanda por esse produto diminui. 
4.1.4 Outras variáveis que afetam a demanda de um bem 
Efetivamente, a procura de uma mercadoria não é influenciada apenas por seu preço. 
Existe uma série de outras variáveis que também afetam a procura. 
a) Bem Normal: Se a renda dos consumidores aumenta e a demanda do produto 
também, temos um bem normal. Exemplo: carne de primeira. 
b) Bem inferior, tipo de bem cuja demanda varia em sentido inverso às variações da 
renda; exemplo se o consumidor ficar mais rico diminuirá o consumo de carne de 
segunda, e aumentará o consumo da carne de primeira. 
https://academiaeconomica.com/wp-content/uploads/2013/06/curvademanda.jpg
41 
 
c) Bens de consumo saciado, quando a demanda do bem, quase não é influenciada 
pela renda dos consumidores (arroz, farinha, sal, etc.), muitas vezes ocorre a 
diminuição do consumo deste tipo de bem, devido ao aumento da renda. 
d) Bens substitutos, quando há uma relação direta entre o preço de um bem e a 
quantidade de outro. Exemplo: um aumento no preço da carne deve elevar a demanda 
de peixe. 
Bens complementares: São bens que podem ser utilizados em conjunto ou que ficam 
melhores utilizados dessa forma. Ex: Se aumentar o preço da impressora e a quantidade 
demandada de cartuchos diminuir é porque a impressora e o cartucho são 
complementares no consumo. Outros exemplos: café e leite; pão e manteiga. 
Portanto, temos que se a carne de primeira é um Bem Normal e a carne de segunda é um 
Bem Inferior, ocorrendo um aumento da renda do consumidor provavelmente o consumo 
de carne de segunda diminuirá e o de carne de primeira aumentará. 
4.2 OFERTA DE MERCADO 
Em um sentido amplo, oferta é uma denominação genérica para indicar o que é 
disponibilizado ao mercado, independente da sua natureza, sendo utilizada para substituir 
a expressão "produto" ou "serviço" e também englobar os outros elementos que são objeto 
das ações de marketing. 
4.2.1 Conceituação 
Define-se então Oferta como a quantidade de bens que os vendedores estão 
dispostos a comercializar em variados níveis de preço. De acordo com esta lei, 
toda a vez que o preço aumenta, a quantidade ofertada aumenta; e toda a vez que 
o preço diminui, a quantidade ofertada também diminui. 
Como parâmetro para o estabelecimento dos preços dos produtos pelo mercado, a oferta 
possui um peso inversamente proporcional (quanto maior a oferta, menor o preço). A 
oferta é influenciada diretamente pela demanda do produto. 
4.2.2 Variáveis que afetam a oferta 
Da mesma maneira que a demanda, a oferta depende de vários fatores; dentre eles, de 
seu próprio preço, dos demais preços, dos preços dos fatores de produção, das 
preferências do empresário e da tecnologia. 
4.2.3 Curva da Oferta 
É a relação entre o preço de um bem e a quantidade desse bem que os produtores estão 
dispostos a produzir e a vender, mantendo todo o resto constante. 
A curva da oferta quando representada em gráfico tem inclinação positiva, já que quanto 
maior for o preço do bem, mais quantidade desse bem as empresas estão dispostas a 
produzir. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lato_sensu
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mercado
http://pt.wikipedia.org/wiki/Produto_(economia)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Servi%C3%A7o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Marketing
http://pt.wikipedia.org/wiki/Par%C3%A2metro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Propor%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Demanda
42 
 
A lei da oferta, sob a hipótese ceteris paribus, pode ser representada graficamente. Para 
demonstrar tal representação, tomemos como exemplo a produção de refrigerante. 
A tabela, a seguir, mostra quantas latas de refrigerante sua fábrica produz, mensalmente, 
dados os diferentes preços da lata de refrigerante. 
 
A oferta da sua fábrica de refrigerante 
Preço (por lata) Quantidade ofertada (milhões de latas/mês) 
R$ 1,00 10 
R$ 1,50 15 
R$ 2,00 20 
R$ 2,50 25 
R$ 3,00 30 
 
Veja que, a um preço por lata de R$ 1,00, sua fábrica produz 10 milhões de latas/mês 
de refrigerante. Por outro lado, quando o preço por lata alcança a cifra de R$ 3,00, a 
quantidade ofertada de sua fábrica aumenta para 30 milhões de latas/mês. Os dados 
dessa tabela podem ser representados por um gráfico de linha, como abaixo. 
No eixo vertical desse gráfico, medimos o preço do bem (lata de refrigerante) e, no eixo 
horizontal, a quantidade ofertada do bem (da sua fábrica em milhões de latas/mês). A 
linha inclinada para cima, que relaciona preço e quantidade ofertada, é chamada de 
curva de oferta. 
 
 
43 
 
Veja que, no gráfico, conforme nos movimentamos sobre a curva de oferta, a 
quantidade ofertada aumenta à medida que o preço aumenta (e vice-versa). Portanto, a 
curva de oferta é, simplesmente, uma representação gráfica da lei da oferta. 
Explicado o que é uma curva de oferta, sabemos que, para decifrar, adiante, o 
funcionamento dos mercados, temos que conhecer a oferta do mercado. O exemplo da 
sua fábrica de refrigerante expressa a oferta individual por um bem e/ou serviço. Para 
sabermos qual é a oferta de mercado, é simples: somam-se as ofertas individuais. 
Para ilustrar, imagine um mercado de refrigerante com três produtores: além da sua 
fábrica, a fábrica RJ e a fábrica MG. Nesse caso, a quantidade ofertada de refrigerante 
seria, a cada preço, maior. A tabela, a seguir, mostra-nos isso. 
A oferta de mercado de refrigerante 
Preço (por lata) 
Quantidade Ofertada (milhões de lata/mês) 
Sua Fábrica Fábrica RJ Fábrica MG Mercado 
R$ 1,00 10 08 03 21 
R$ 1,50 15 12 06 33 
R$ 2,00 20 16 09 45 
R$ 2,50 25 20 12 57 
R$ 3,00 30 24 15 69 
 
Diferentemente da função demanda, a função de oferta mostra uma correlação direta entre 
a quantidade ofertada e nível de preços. É a chamada Lei Geral da Oferta. Ou seja, na 
análise da oferta quanto maior o preço de um bem maior é a quantidade ofertada, é uma 
relação direta entre preço e quantidade ofertada. 
4.3 EQUILÍBRIO DE MERCADO 
O preço de mercado (ou de equilíbrio) de determinado bem representa o preço que se 
forma no mercado(através do chamado mecanismo de mercado) e que compatibiliza os 
interesses antagônicos dos consumidores e dos produtores. Esta compatibilização é 
conseguida quando a quantidade procurada pelos consumidores é igual à quantidade 
oferecida pelos produtores, situação que se verifica quando o preço do bem é o seu 
preço de equilíbrio. 
Segundo a Teoria da Procura, quanto maior o preço do bem menor será a quantidade 
procurada; pelo inverso, segundo a Teoria da Oferta, quanto maior o preço do bem 
maior será a quantidade oferecida. Desta forma, existe apenas um preço em que as 
quantidades procuradas e oferecidas se igualam - é o chamado preço de equilíbrio. 
 
http://www.notapositiva.com/dicionario_economia/bem.htm
http://www.notapositiva.com/dicionario_economia/preco.htm
http://www.notapositiva.com/dicionario_economia/mecanmercado.htm
44 
 
No caso do preço estar acima desse preço de equilíbrio, a quantidade que os 
produtores oferecem é necessariamente superior à quantidade que os consumidores 
procuram - verifica-se um Excesso de Oferta. Assim sendo, os produtores são levados a 
baixarem os preços de forma a conseguirem vender os seus produtos; 
Pelo contrário, se o preço estiver abaixo do seu preço de equilíbrio entre a 
demanda e oferta, a quantidade demandada será superior à quantidade ofertada - 
verifica-se uma situação de Escassez de Oferta como também de Excesso de 
Procura. Neste caso, os produtores têm incentivos para aumentar os preços de forma a 
satisfazerem toda a procura. 
Conclui-se pelo exposto acima que o preço de mercado de um bem tende sempre para 
o seu preço de equilíbrio, ou seja, para o único preço em que as intenções de compra 
igualam as intenções de venda. 
Algebricamente, o preço de equilíbrio é encontrado juntando a função oferta e a função 
procura. De igual forma, o preço de equilíbrio também pode ser encontrado 
graficamente sobrepondo no mesmo gráfico a curva da oferta e a curva da procura. 
No gráfico abaixo, em que foram sobrepostas as curvas da oferta (S de Suply) e da 
Procura (D de Demand), facilmente se conclui que existe apenas um preço para o qual 
a quantidade oferecida é igual à quantidade procurada. 
 
http://www.notapositiva.com/dicionario_economia/funcaooferta.htm
http://www.notapositiva.com/dicionario_economia/funcaoprocura.htm
http://www.notapositiva.com/dicionario_economia/funcaoprocura.htm
http://www.notapositiva.com/dicionario_economia/curvaoferta.htm
http://www.notapositiva.com/dicionario_economia/curvaprocura.htm
45 
 
5 INTRODUÇÃO A MACROECONOMIA 
A macroeconomia estuda a economia como um todo, analisando a determinação e 
o comportamento de grandes agregados, tais como: renda e produto nacionais, 
nível geral de preços (inflação), emprego e desemprego, renda interna bruta, 
estoque de moeda e taxas de juros, balança de pagamentos e taxa de câmbio. 
Portanto, a macroeconomia analisa o comportamento da economia como um todo. 
Ao estudar e procurar relacionar os grandes agregados, a Macroeconomia negligencia o 
comportamento das unidades econômicas individuais e de mercados específicos, estas 
são preocupações da Microeconomia. Portanto, a microeconomia estuda mercados 
específicos de forma isolada. Analisa a relação entre produtores e consumidores neste 
mercado específico, a exemplo, do mercado automobilístico. 
Entretanto, embora exista um aparente contraste, não há um conflito entre a Micro e a 
Macroeconomia, uma vez que o conjunto da economia é a soma de seus mercados 
individuais. A diferença é primordialmente uma questão de ênfase, de enfoque. Ao estudar 
a determinação de preços numa indústria, na Microeconomia consideram-se constantes os 
preços das outras indústrias. Na macroeconomia estuda-se a nível geral de preços 
ignorando-se a mudança de preços relativa dos bens das diferentes indústrias. 
A Teoria Macroeconômica propriamente dita preocupa-se mais com aspectos de curto 
prazo. Especificamente, preocupa-se com questões como desemprego, que aparece 
sempre que a economia está trabalhando abaixo de seu máximo de produção, e com as 
implicações sobre os vários mercados quando se alcança a estabilização do nível geral de 
preços. 
À parte da Teoria Econômica que estuda questões de longo prazo é denominada Teoria do 
Crescimento Econômico. Na tentativa de se determinar como os preços e as quantidades 
são estabelecidos, desenvolveram-se 2 métodos de análise básicos: 
a) Abordagem de equilíbrio parcial: analisa um determinado mercado sem considerar os 
efeitos que este mercado pode ocasionar sobre os demais mercados existentes na 
economia. 
b) Abordagem de equilíbrio geral: acredita-se que tudo depende de tudo, e assim, se 
quiséssemos determinar como são formados os preços dos bens, deveríamos listar 
todos os bens que são produzidos pela economia e todos os diferentes tipos de 
insumos que são utilizados. 
46 
 
5.1 OBJETIVOS DA POLÍTICA MACROECONÔMICA 
Os principais objetivos da política macroeconômica são: 
 Alto nível de emprego 
 Distribuição de renda socialmente justa 
 Crescimento econômico 
 Estabilidade de preços 
 
5.1.1 Alto nível de emprego 
Desde a Revolução Industrial, em fins do século XVIII, até o início do século XX, o mundo 
econômico parece ter funcionado sobre o pensamento liberal, que acreditava que os 
mercados, sem interferência do Estado, conduziam a Economia ao pleno emprego de seus 
recursos, como se guiados por uma ―mão invisível‖, determinariam os preços e a produção 
de equilíbrio, e, desse modo, nenhum problema surgiria no mercado de trabalho. 
Entretanto, a evolução da economia mundial trouxe em seu bojo novas variáveis, como o 
surgimento de sindicatos de trabalhadores, os grupos econômicos e o desenvolvimento de 
mercado de capitais e do comércio internacional, de sorte a complicar e trazer incertezas 
sobre o funcionamento da economia. 
A ausência de políticas econômicas levou à quebra da Bolsa de Nova York em 1929, e 
uma crise de desemprego atingiu todos os países do mundo ocidental nos anos seguintes. 
Com a contribuição de Keynes, fincaram-se as bases da moderna Teoria Econômica, e da 
intervenção do Estado na economia de mercado, que nos passa qual o grau de 
intervenção do Estado na economia e em que medida ele deve ser produtor de bens e 
serviços. A corrente dos economistas liberais (hoje neoliberais), prega a saída do governo 
da produção de bens e serviços. 
5.1.2 Estabilidade de preços 
Define-se inflação como um aumento contínuo e generalizado no nível geral de preços. 
Por que inflação é um problema? Primeiramente, porque a inflação acarreta distorções, 
principalmente sobre a distribuição de renda, sobre as expectativas dos agentes 
econômicos e sobre o balanço de pagamentos. 
É importante salientar que, enquanto nos países industrializados o problema central é o 
desemprego, nos países em via de desenvolvimento o foco mais importante de análise é o 
da inflação. Esse tema é de difícil abordagem, dado que as causas da inflação diferem 
entre países (deve-se levar em conta, por exemplo, o estágio de desenvolvimento e a 
estrutura dos mercados), e num dado país, diferem no tempo. 
Podemos dizer que a busca da estabilidade econômica de uma sociedade pressupõe 
uma combinação de estabilidade de preços e busca do pleno emprego. 
 
47 
 
5.1.3 Distribuição Eqüitativa de Renda 
A economia brasileira cresceu razoavelmente entre o fim dos anos 60 e a maior parte da 
década de 70. Apesar disso, verificou-se uma disparidade muito acentuada de nível de 
renda, tanto a nível pessoal coma a nível regional. Isso fere, evidentemente, o sentido de 
eqüidade ou justiça. 
No Brasil, os críticos do ―milagre‖ argumentavam que haviam piorado a concentração de 
renda no país, nos anos 1967-1973, devido a uma política deliberada do governo baseada 
em crescer primeiro para depois distribuir (chamada Teoria do Bolo). 
A posição oficial era de que um certo aumento na concentração derenda seria inerente ao 
próprio desenvolvimento capitalista, dada as transformações estruturais que ocorrem 
(êxodo rural, com trabalhadores de baixa qualificação, aumento da proporção de jovens 
etc.). Nesse processo gera-se uma demanda por mão de obra qualificada, a qual por ser 
escassa, obtém ganho extra. Assim o fator educacional seria a principal causa da piora 
distributiva. 
5.1.4 Crescimento Econômico 
Se existe desemprego e capacidade ociosa, pode-se aumentar o produto nacional através 
de políticas econômicas que estimulem a atividade produtiva. Mas, feito isso, há um limite 
à quantidade que se pode produzir com os recursos disponíveis. Aumentar o produto além 
desse limite exigirá: 
a) Um aumento nos recursos disponíveis; 
b) Ou um avanço tecnológico (melhoria tecnológica, novas maneiras de organizar a 
produção, qualificação da mão de obra). 
Quando falamos em crescimento econômico, estamos pensando no crescimento da renda 
nacional per capita, ou seja, colocar à disposição da coletividade uma quantidade de 
mercadorias e serviços que supere o crescimento populacional. A renda per capita é 
considerada um razoável indicador – o mais operacional – para se aferir à melhoria do 
padrão de vida da população, embora apresente falha (os países árabes têm as maiores 
rendas per capita, mas não o melhor padrão de vida do mundo). 
5.2 INSTRUMENTOS MACROECONÔMICOS 
A política macroeconômica envolve a atuação do governo sobre a capacidade produtiva e 
despesas planejadas, com objetivo de permitir que a economia opere a pleno emprego, 
com baixas taxas de inflação e uma distribuição justa de renda. Os principais instrumentos 
para atingir tais objetivos são as políticas fiscais, monetárias, cambiais e comerciais, e de 
rendas. 
 
 
48 
 
5.2.1 Política Fiscal 
Refere-se a todos os instrumentos que o governo dispõe para atuar na 
arrecadação de tributos e no controle de suas despesas. É utilizada para 
estimular (ou inibir) os gastos de consumo do setor privado. Se o objetivo da política 
econômica é reduzir a taxa de inflação, as medidas fiscais normalmente utilizadas são a 
diminuição de gastos públicos e/ou o aumento da carga tributária (o que inibe o consumo). 
Ou seja, visam diminuir os gastos da coletividade. Se o objetivo é um maior crescimento e 
emprego, os instrumentos fiscais são os mesmos, mas em sentido inverso, para elevar a 
demanda agregada. 
5.2.2 Política Monetária 
A Política Monetária representa a atuação das autoridades monetárias, por meio de 
instrumentos de efeito direto ou induzido, com o propósito de se controlar a liquidez global 
do sistema econômico. São medidas para controlar a inflação: 
A) Política Monetária Restritiva: engloba um conjunto de medidas que tendem a reduzir 
o crescimento da quantidade de moeda, e a encarecer os empréstimos. Instrumentos: 
 Recolhimento compulsório: consiste na custódia, pelo Banco Central, de parcela 
dos depósitos recebidos do público pelos bancos comerciais. Esse instrumento é 
ativo, pois atua diretamente sobre o nível de reservas bancárias, reduzindo o efeito 
multiplicador e, consequentemente, a liquidez da economia. 
 Assistência Financeira de liquidez: o Banco Central empresta dinheiro aos 
bancos comerciais, sob determinado prazo e taxa de pagamento. Quando esse 
prazo é reduzido e a taxa de juros do empréstimo é aumentada, a taxa de juros da 
própria economia aumenta, causando uma diminuição na liquidez. 
 Venda de Títulos públicos: quando o Banco Central vende títulos públicos ele 
retira moeda da economia, que é trocada pelos títulos. Desta forma há uma 
contração dos meios de pagamento e da liquidez da economia. 
B) Política Monetária Expansiva: é formada por medidas que tendem a acelerar a 
quantidade de moeda e a baratear os empréstimos (baixar as taxas de juros). Incidirá 
positivamente sobre a demanda agregada. São medidas que estimulam o crescimento 
econômico, baseada nos seguintes instrumentos: 
 Diminuição do recolhimento compulsório: o Banco Central diminui os valores 
que toma em custódia dos bancos comerciais, possibilitando um aumento do efeito 
multiplicador, e da liquidez da economia como um todo. 
 Assistência Financeira de Liquidez: o Banco Central, ao emprestar dinheiro aos 
bancos comerciais, aumenta o prazo do pagamento e diminui a taxa de juros. 
Essas medidas ajudam a diminuir a taxa de juros da economia, e a aumentar a 
liquidez. 
49 
 
 Compra de títulos públicos: quando o Banco Central compra títulos públicos há 
uma expansão dos meios de pagamento, que é a moeda dada em troca dos títulos. 
Com isso, ocorre uma redução na taxa de juros e um aumento da liquidez 
A ação do Governo no sentido de controlar a liquidez da economia, ou de controlar os 
Meios de Pagamento. Ação sobre a quantidade de moeda disponível, sobre a capacidade 
de emprestar dos Bancos e sobre o nível da taxa de juros. 
 
 Significado ou Funções da Moeda 
 
- Meio ou instrumento de troca ( aceitação generalizada e garantida por lei) 
- Reserva de valor ( representa liquidez imediata ) 
- Unidade de conta ( exprime o valor dos bens e serviços entre si, isto é, seu preço) 
- Padrão para pagamentos diferidos ( pagamentos em tempo futuro, dívida a vencer, etc) 
 
Com inflação elevada a moeda perde algumas destas funções. Passa a não ser 
recomendável reservar moeda, pois a inflação corrói seu valor. Perde a referencia de valor 
com o surgimento de outras unidades (UPC, BTN, dólar, UFIR, etc). 
O chamado ―Imposto Inflacionário‖- é o efeito de corroer o valor da moeda por causa da 
inflação. 
Na verdade ocorre transferência de renda das classes menos favorecidas em benefício 
daqueles que já possuem dinheiro. Estes podem aplicá-lo no Mercado Financeiro e auferir 
juros. Já os menos favorecidos tem rendimentos fixos nos períodos ( mês, por exemplo ) e, 
ao recebê-los já ocorreu corrosão do valor. 
 
5.2.3 Políticas Cambial e Comercial 
A política cambial refere-se à atuação do governo sobre a taxa de câmbio. O governo, 
através do Banco Central, pode fixar a taxa de câmbio, ou permitir que ela seja flexível e 
determinada pelo mercado de divisas. 
A política comercial diz respeito aos instrumentos de incentivos às exportações e/ou 
estímulo ou desestímulo às importações, ou seja, refere-se aos estímulos fiscais 
(crédito - prêmio do ICMS, IPI etc.) e creditícios (taxas de juros subsidiárias) às 
exportações e ao controle de importações (via tarifas e barreiras quantitativas sobre 
importações). 
Taxa de câmbio: 
 
É a medida de conversão de uma moeda para outra. No Brasil a referência é o dólar 
americano. Pode ser uma ―cesta― de moedas, normalmente as mais utilizadas no comercio 
do país. Este sistema era bastante adotado na Europa, antes da adoção do EURO como 
moeda na União Européia. 
 
 
 
 
50 
 
 Sistemas cambiais 
 
a) Cambio flutuante ou livre 
 
O valor da moeda é definido pelo mercado, no equilíbrio entre oferta e demanda. Ofertam 
dólares os exportadores, os turistas estrangeiros, o investidor estrangeiro e a entrada de 
empréstimos externos (público ou privados). 
Demandam dólares os importadores, os turistas brasileiros que vão ao exterior, o 
pagamento de juros e títulos no exterior, remessa de lucros, pagamento de serviços. 
É um sistema de alta volatilidade ou de altas flutuações, ocasionada pelas grandes 
flutuações na entrada e saída de dólares na economia. 
É um campo fértil as especulações com moeda, gera incertezas na fixação de preços 
internos dos produtos importados e pode desestimular as exportações (incerteza no 
resultado das operações). 
 
b) Cambio fixo: 
 
O valor da moeda é fixado pelo Governo. A um determinado preço o Governo (Banco 
Central) compromete-se a adquirir e comprar qualquer quantidade de dólares. Os países 
que utilizam este sistema identificam no cambio a raiz de seus problemas inflacionários. 
Para tersucesso é necessário um alto nível de reservas em moeda estrangeira, de modo a 
poder enfrentar a demanda. 
O maior risco é o possível desestímulo ás exportações (no caso de o mercado exigir mais 
volume de moeda nacional por cada dólar) e estimular demasiado as importações (com 
eventual risco á produção nacional ) 
 
c) Cambio com mini bandas: 
 
O valor da moeda é definido pelo Governo entre uma faixa de variação de preços, fora das 
quais o Banco Central atua comprando ou vendendo, na procura do preço de equilíbrio. As 
bandas podem ser variáveis. 
 
Relação de trocas: 
 
Índice entre os preços de exportação e os preços de importação ( cesta de produtos mais 
comercializados ). 
Se esta relação de trocas é desfavorável (preços dos importados subindo mais do que os 
exportados) o cambio deve ser desvalorizado, pois a receita de exportação subirá menos 
que os gastos com importação, causando desequilíbrio na quantidade de moeda da 
economia (maior dispêndio de dólares, impactando o nível das reservas ). 
Se esta relação de trocas é muito favorável (preços dos exportados subindo mais do que 
os importados) o cambio deve ser valorizado, pois a despesa com importação será menor 
que a receita de exportação, também causando desequilíbrio na quantidade de moeda da 
economia (gera necessidade de emissão para compensar a internalização de dólares). 
 
51 
 
5.2.4 Política de Rendas 
A política de rendas refere-se à intervenção direta do governo na formação de 
renda (salários, aluguéis), através de controle e congelamentos de preços. A 
característica especial é que, nesses controles, os preços são congelados, e os agentes 
econômicos não podem responder às influências econômicas normais de mercado. 
5.3 ESTRUTURA DE ANÁLISE MACROECONÔMICA 
Tradicionalmente, a estrutura básica do modelo macroeconômico compõe-se de cinco 
mercados: 
Mercado de Bens e Serviços 
Para tentar responder como se tem comportamento o nível de atividades, efetua-se uma 
agregação de todos os bens produzidos pela economia durante um certo período de tempo 
e define-se o chamado Produto Nacional. A demanda agregada depende 
fundamentalmente da evolução da demanda dos quatro grandes setores ou agentes 
macroeconômicos: consumidores, empresas, governo e setor externo. 
Mercado de Trabalho 
Também representa uma agregação de todos os tipos de trabalhos existentes na 
economia. Neste mercado, determinamos como estabelecer a taxa salarial e o nível de 
emprego. 
Mercado Monetário 
Consiste em que todas as transações da economia são efetuadas através da utilização de 
moeda. Neste mercado supomos a existência de uma demanda de moeda ( em função da 
necessidade de transações dos agentes econômicos, ou seja, da necessidade de liquidez ) 
e uma oferta de moeda, determinada pelo Banco Central e atuação dos bancos 
comerciais. A demanda e a oferta de moeda determinam a taxa de juros. 
Mercado de Títulos 
Consiste de agentes econômicos superavitários e agentes deficitários. Agentes 
superavitários são aqueles que possuem um nível de gastos inferior a seu volume de 
renda, assim podem efetuar empréstimos para os agentes econômicos deficitários. 
Mercado de Divisas 
 Como o mercado mantém transações com o resto do mundo, existem mercados de 
divisas ou de moeda estrangeira. A oferta de divisas depende das exportações e da 
entrada de capitais financeiros, enquanto a demanda de divisas é determinada pelo 
volume de importações e saída de capital financeiro. 
 
52 
 
Mercado de capitais físicos: 
Está embutido no mercado de bens e serviços por meio dos investimentos e da poupança. 
Mercado de capitais financeiros: 
Estudo a partir do mercado monetário e de títulos. 
5.4 CONCEITOS SOBRE A CONTABILIDADE NACIONAL 
A contabilidade nacional é a representação quantitativa de toda atividade econômica do 
país. O Sistema de Contas Nacionais no Brasil é elaborado pelo IBGE (Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística). Ele segue o padrão recomendado pela ONU, que consiste em 
agrupar a atividade econômica em quatro contas básicas, a saber: 
a) Conta Produto Interno Bruto: corresponde às transações que refletem a atividade 
produtiva final durante um determinado período de tempo. 
b) Conta Renda Nacional Disponível Bruta: corresponde às transações que indicam a 
apropriação e a utilização da renda pelas famílias e governo. 
c) Conta consolidada de Capital: corresponde às transações que representam aumento da 
capacidade produtiva e seu financiamento pelas poupanças. 
d) Conta das Transações correntes com o resto do Mundo: corresponde às transações de 
mercadorias e serviços entre residentes e não residentes do país. 
5.4.1 Produto Interno Bruto (PIB) - Nominal e Real 
O Produto Interno Bruto (PIB) é o somatório de todas as mercadorias e serviços finais 
produzidos dentro do território nacional num dado período de tempo, valorizados a preço 
de mercado, sem considerar se os fatores de produção são de propriedade de residentes 
ou não-residentes. Entretanto, para calcular o PIB utilizam-se os fatores de produção que 
pertencem a não-residentes, cuja remuneração é remetida aos seus proprietários no 
exterior, na forma de juros, lucros e royalties. Adicionando ao PIB à renda recebida do 
exterior e diminuindo a renda enviada ao exterior tem-se o Produto Nacional Bruto (PNB), 
que é a renda que efetivamente pertence aos residentes do país. 
 PIB Nominal e PIB Real: 
Quando são comparados os valores do PIB em períodos diferentes, eles incorporam o 
aumento da inflação. Para tirar o efeito da inflação, é necessário desinflacionar esses 
valores, transformando valores nominais em valores reais ou deflacionados. Daí surge a 
diferença entre PIB nominal e PIB real. 
PIB Nominal: É o PIB medido a preços correntes. Quando são comparados os valores do 
PIB Nominal entre dois anos, não se é possível diferenciar qual a parcela se deve ao 
aumento de preços e qual se refere a da quantidade física. 
53 
 
PIB Real: Para calcular o crescimento do produto físico deve se considerar que os preços 
se mantiveram constantes entre os dois anos. O PIB Real é o PIB medido a preços 
constantes de um dado ano qualquer, denominado ano-base. 
5.4.2 As diferentes óticas de mensuração do produto da economia (Produto, Renda e 
Despesa) 
 Produto - é o total de bens e serviços finais que foram produz idos numa economia 
durante um determinado intervalo de tempo (usualmente anual). Os bens e serviços finais 
são àqueles destinados diretamente para satisfação da população (automóveis, 
geladeiras, etc.), não sendo incluídos os bens intermediários (utilizados na produção de 
outros bens). 
 Renda - é o total das remunerações recebidas pelos proprietários dos fatores de 
produção. 
 Despesa - é o total dos gastos realizados para aquisição dos bens e serviços finais 
produzidos na economia. 
5.4.3 PIB ou Renda per capita 
 O PIB ou renda per capita é o resultado da divisão da produção total e real de um 
país pela sua população, ou seja, é o PIB dividido pela quantidade de habitantes do 
país. Como indicador para definir o desenvolvimento de um país, a renda per capita 
apresenta algumas limitações. Uma economia como a brasileira que apresenta elevada 
desigualdade de renda pessoal e regional, a renda per capita pode criar uma falsa 
expectativa. A renda per capita do interior de São Paulo é muitas vezes superior à renda 
per capita do interior do nordeste, gerando distorções que não são refletidos no indicador. 
 5.4.4 Renda Nacional Bruta e outros agregados 
 A Renda Nacional Bruta engloba as rendas dos setores público e privado e as 
transferências de recursos entre o país e o resto do mundo. 
 A Renda Nacional Disponível Bruta (RND) considera o saldo das transferências correntes 
recebidas e enviadas ao exterior. 
 5.5 INFLAÇÃO 
5.5.1 Conceito de inflação: 
É definida como um aumento persistente e generalizado dos índices de preços,ou seja, os 
movimentos inflacionários são aumentos contínuos de preços, e não podem ser 
confundidos com altas esporádicas de preços, devidas às flutuações sazonais, por 
exemplo. 
As fontes de inflação costumam diferir em função das condições de cada país, como por 
exemplo: 
54 
 
a) Tipo de estrutura de mercado ( oligopolista, monopolista, etc.). 
b) Grau de abertura da economia ao comércio exterior: quanto mais aberta à economia à 
competição externa, maior a concorrência interna entre fabricantes, e menores os 
preços dos produtos. 
c) Estrutura das organizações trabalhistas: quanto maior o poder de barganha dos 
sindicatos, maior a capacidade de obter reajustes de salários acima dos índices de 
produtividade, e maior pressão sobre os preços. 
5.5.2 Inflação de demanda: 
Refere-se ao excesso de demanda agregada em relação à produção disponível de bens e 
serviços. 
A probabilidade de ocorrer inflação de demanda aumenta quando a economia está 
produzindo próximo do pleno emprego de recursos. Nessa situação, aumentos de 
demanda agregada de bens e serviços, com a economia já em plena capacidade, 
conduzem a elevações de preços, principalmente, em setores de insumos básicos. 
Para combater um processo inflacionário de demanda, a política econômica deve basear-
se em instrumentos que provoquem uma redução da procura agregada por bens e 
serviços (redução dos gastos do governo, aumento da carga tributária, arrocho salarial, 
controle de crédito, aumento das taxas de juros). 
5.5.3 Inflação de custos: 
A inflação de custos pode ser associada à inflação tipicamente de oferta. O nível de 
demanda permanece o mesmo, mas os custos de certos fatores importantes aumentam. 
Com isso, ocorre uma retração da produção, deslocando a curva de oferta para trás, 
provocando um aumento de preços no mercado. 
As causas mais comuns dos aumentos dos custos de produção são: 
Aumentos salariais: Um aumento das taxas de salários que supere os aumentos na 
produtividade da mão de obra acarreta um aumento dos custos unitários de produção, que 
são normalmente repassados aos preços dos produtos. 
Aumentos do custo das matérias primas: Por exemplo, as crises do petróleo da década 
de 70, ao elevar sensivelmente os preços dessa matéria primam, provocaram um brutal 
aumento nos custos de produção, em particular nos custos de transporte e de energia com 
base no diesel. 
Estruturas de mercado: A inflação de custos também está associada ao fato de algumas 
empresas, com elevado poder de monopólio ou oligopólio, terem condições de elevarem 
de elevar seus lucros acima da elevação dos custos de produção. 
 
55 
 
5.5.4 Inflação inercial: 
É a aquela em que a inflação presente é uma função da inflação passada. Se deve à 
inércia inflacionária, que é a resistência que os preços de uma economia oferecem às 
políticas de estabilização que atacam as causa primárias da inflação. Seu grande vilão é a 
"indexação", que é o reajuste do valor das parcelas de contratos pela inflação do período 
passado. 
5.5.5 Inflação estrutural: 
A corrente estruturalista supunha que a inflação em países em vias de desenvolvimento é 
essencialmente causada por pressões de custos, derivados de questões estruturais como 
a agrícola e a de comércio internacional. 
 5.6 EFEITOS PROVOCADOS POR TAXAS ELEVADAS DE INFLAÇÃO 
Uma das distorções mais sérias provocadas pela inflação diz respeito à redução relativa do 
poder aquisitivo das classes que dependem de rendimentos fixos, com prazos legais de 
reajustes. Nesse caso estão os assalariados que, com o passar do tempo, vão ficando 
com seus orçamentos cada vez mais reduzidos, até a chegada de um novo reajuste. Os 
comerciantes, industriais e o próprio Governo têm condições de repassar os aumentos de 
custos provocados pela inflação, garantindo, assim, a participação de sua parcela no 
produto nacional. 
A distorção provocada por altas taxas de inflação, afeta também o balanço de 
pagamentos. As elevadas taxas de inflação, em níveis superiores ao aumento de preços 
internacionais encarecem o produto nacional relativamente ao produzido externamente. 
Assim devem provocar um estímulo as importações e um desestímulo as exportações, 
diminuindo o saldo da balança comercial, normalmente lançam mão de desvalorizações 
cambiais, as quais, tornando a moeda nacional mais barata relativamente à moeda 
estrangeira, podem estimular a colocação de nossos produtos no exterior, ao mesmo 
tempo em que desestimulam as importações. 
Nas finanças públicas, a inflação tende a corroer o valor da arrecadação fiscal do governo, 
pela defasagem existente entre o fato gerador e o recolhimento efetivo do imposto. Maior a 
inflação, menor a arrecadação real do governo. 
Relação entre a Selic, Títulos da Dívida Pública e a atual valorização cambial (do 
real). 
Ao aumentar a Selic, os títulos de dívida pública ficam mais atrativos e rentáveis para 
quem compra. Tanto empresários dentro do país quanto fora acabam por fazer essa opção 
de compra. Estimula-se a entrada de capital externo para essa aquisição, aumentando a 
oferta de dólares e podendo provocar sua desvalorização 
56 
 
6 FUNDAMENTOS DE ECONOMIA INTERNACIONAL 
 
Os países estão em constante relação econômica uns com os outros. A globalização 
aprofundou essas relações de natureza econômica a nível internacional, seja por fluxos 
comerciais, seja por fluxos financeiros. Com isso, a Economia Internacional, como um 
ramo específico da teoria econômica, passa a se destacar, e merece um destaque 
especial. 
 
O comércio internacional resulta de uma aplicação da divisão do trabalho em sentido mais 
amplo na economia internacional. Fundamentada pela teoria das vantagens comparativas, 
cada país se especializa em produz ir os bens ou oferecer os serviços em que possui 
melhores condições naturais e técnicas profissionais. Os países produzem os bens e 
prestam os serviços a custos menores, baseados nas melhores condições de seu solo e 
de seu clima e das suas aptidões técnicas. 
 
6.1 A TAXA DE CÂMBIO 
 
6.1.1 Conceito 
 
 A taxa de câmbio pode ser definida como a medida de conversão da moeda nacional em 
moeda de outros países. Representa o preço da moeda estrangeira (divisa) em termos da 
moeda nacional. Pode-se afirmar, por exemplo, que 1 dólar vale 3,50 reais, ou 1 euro vale 
1,35 dólar. 
 
6.1.2 Regimes cambiais: fixa, flutuante e administrada: 
 
A taxa de câmbio é denominada fixa quando seu valor é fixado pela autoridade 
econômica do país (Banco Central), que se obriga a comprar e vender qualquer 
quantidade de divisa àquela taxa fixada. Portanto, se um país fixar sua taxa de câmbio, ele 
se obriga a disponibilizar suas reservas para o mercado quando requisitadas pelos 
exportadores, turistas ou pelos investidores. 
 
As taxas de câmbio são flutuantes ou flexíveis quando seu valor é determinado pelo 
funcionamento do mercado de divisas, através do movimento de compra e venda de 
divisas. Ao contrário do regime cambial fixo, o Banco Central não é obrigado a 
disponibilizar suas reservas cambiais. È o regime adotado no Brasil atualmente. 
 
A taxa de câmbio é administrada quando a autoridade monetária atua no sentido de 
evitar oscilações indesejáveis. O Banco Central poderá comprar ou vender dólares para 
evitar variações excessivas no mercado. 
 
6.1.3 Regimes ou Sistema de bandas cambiais 
 
No regime de câmbio fixo, a autoridade monetária pode adotar o sistema de bandas 
cambiais. O Banco Central fixa os limites superior e inferior (bandas) no qual a taxa de 
câmbio pode variar. O Banco Central é obrigado a disponibilizar suas reservas cambiais, 
quando requisitadas pelos exportadores, turistas ou investidores. 
 
A demanda de moeda estrangeira (divisa) é constituída pelos importadores de bens e 
serviços, que desejam pagar suas compras no exterior, ou por outras pessoas que 
necessitam remeter recursos para o exterior (turistas, investidores, etc.). 
57 
 
A ofertade moeda estrangeira (divisa) é realizada pelos exportadores de bens e serviços, 
que recebe divisa por suas vendas no exterior, ou por outras pessoas que tiverem recebido 
recursos no exterior (turistas do exterior, capitais financeiros internacionais, etc.). A moeda 
estrangeira (divisa) necessita ser convertida em real, pois não pode ser utilizada no 
pagamento de despesas correntes no Brasil. Quando a taxa de câmbio aumenta de valor, 
significa que houve desvalorização da moeda nacional (depreciação), ou seja, ela perdeu 
valor em relação à moeda estrangeira (divisa). 
 
Assim, a desvalorização cambial indica que será necessário um maior número de reais 
para cada unidade de moeda estrangeira. Por exemplo, a moeda nacional é desvalorizada 
em relação ao dólar. A valorização cambial (apreciação), por sua vez, significa que a 
moeda nacional se fortaleceu em relação à moeda estrangeira (divisa), e que será 
necessário um menor número de reais para cada unidade de moeda estrangeira. 
 
A taxa de câmbio influencia diretamente o resultado das contas externas do país. Se a 
moeda nacional estiver desvalorizada, estimulará as exportações, pois os exportadores 
receberão mais reais pela mesma quantidade de moeda estrangeira (divisa), aumentando, 
consequentemente o volume de moeda estrangeira (divisa) disponível no país. No caso da 
desvalorização da moeda nacional, o custo do bem produzido no país torna-se mais 
competitivo em relação à produção externa. Por outro lado, se a moeda nacional estiver 
valorizada, há um estímulo às importações e um desestímulo às exportações, pois os 
exportadores receberão menos reais pela mesma quantidade de moeda estrangeira 
(divisa), reduzindo-se a oferta de moeda estrangeira (divisa) internamente. 
 
6.1.4 Políticas cambiais e o câmbio como instrumento de regulação comercial 
 
O governo interfere na área internacional, seja por meio da política cambial ou da política 
Comercial. A política cambial se refere a sua atuação na questão da taxa de câmbio, 
enquanto que a política Comercial refere-se a sua interferência no movimento de 
mercadorias e Serviços. 
 
O Brasil adotou o regime de câmbio fixo quando era necessário combater a elevada taxa 
de inflação que permanecia por anos no país. Como o produto importado tem seu valor 
fixado em moeda estrangeira, o preço dos produtos importados não é afetado pelas 
variações cambiais. Com isso, o governo pode combater a elevação interna de preços 
através do aumento das importações, impedindo desabastecimentos e estimulando a 
competição interna. 
 
A desvantagem do regime de câmbio fixo é o fato de que as reservas cambiais ficam mais 
sujeitas à especulação e cria maior dependência do capital externo de curto prazo 
necessário para o país manter suas reservas internacionais. No regime de taxa de câmbio 
fixa, quando ocorre esse ataque especulativo, o governo costuma manter elevadas as 
taxas de juros, para atrair o capital financeiro internacional de curto prazo. 
 
A vantagem do regime de câmbio flutuante é quando o governo precisa manter o nível de 
reservas cambiais. Como o mercado determina a taxa de câmbio pelo movimento de oferta 
e demanda de divisas, o governo não se vê obrigado a dispor de suas reservas cambiais. 
58 
 
Caso ocorra um ataque especulativo, a moeda nacional vai se desvalorizar até encontrar 
um novo ponto de equilíbrio. No entanto, podem ocorrer elevadas desvalorizações 
cambiais, que afetam os preços dos insumos importados e o nível de preços internos. 
 
No Brasil, o Banco Central vem interferindo indiretamente no nível de taxa de câmbio, 
através da compra e venda de divisas no mercado, mantendo-o dentro do patamar que 
considera desejável para manutenção de sua política econômica. Quando a moeda 
nacional atinge nível de valorização indesejável, podendo afetar o nível de exportações do 
país, o Banco Central adquire moeda estrangeira (divisa) no mercado nacional, evitando 
uma apreciação excessiva da moeda. Pode-se chamar este tipo de regime cambial em que 
a taxa de câmbio é determinada pelo mercado, mas que o Banco Central interfere no 
mercado comprando e vendendo moeda estrangeira (divisa), como flutuante sujo. 
 
6.2 Balanço de Pagamentos no Brasil 
 
6.2.1 Estrutura: 
 
O Balanço de Pagamentos é o registro das relações econômicas de um país com o 
exterior. Reflete a verdadeira condição do país no cenário internacional. No Balanço de 
Pagamentos estão registradas todas as transações com mercadorias, serviços e capitais 
físicos e financeiros entre o país e o resto do mundo. Por ser uma moeda de aceitação 
mundial, o dólar americano é a divisa empregada para representar os valores contidos nas 
diversas contas. 
 
6.2.2 Comportamento histórico: 
 
A economia brasileira tem apresentado na última década uma Balança Comercial 
superavitária (exportações maiores que importações), mas historicamente apresenta um 
Balanço de Serviços deficitário, principalmente devido ao pagamento de juros da dívida 
externa, mas também devido à remessa de lucros pelas multinacionais instaladas no Brasil 
e pelos pagamentos de fretes e seguros. 
 
6.2.3 Análise dos fatores determinantes para a formação de déficits e superávits: 
 
Mesmo que a Balança Comercial venha apresentando saldos positivos, assim como as 
transferências unilaterais, o resultado negativo do Balanço de Serviços, vem 
comprometendo o saldo do Balanço de Transações Correntes. O déficit em conta corrente 
na maioria das vezes tem sido financiado pela entrada líquida de capitais externos, tanto 
na forma de investimentos diretos como de capitais especulativos. 
 
6.2.4 Reservas Internacionais: 
 
As reservas internacionais brasileiras estavam em cerca de US$ 300 bilhões em 2015 
apesar da necessidade da autoridade monetária em comprar mais dólares no mercado à 
vista para estabilizar o câmbio. 
 
59 
 
6.2.5 Organismos Internacionais 
 
Organização Mundial do Comércio (OMC) 
 
Pode-se concluir que a OMC tem como finalidade precípua, combater o abuso do poder 
econômico, relativo às desigualdades comerciais entre as nações membros. 
 
Fundo Monetário Internacional (FM I) 
 
O Fundo Monetário Internacional (FM I), tem a finalidade de auxiliar os países que 
apresentam déficits nas contas externas e desequilíbrios ocasionais em seu balanço de 
pagamentos, causados por conjunturas internacionais adversas, e incentivar a livre 
circulação internacional de bens e serviços. O FM I procura também promover a 
cooperação monetária internacional, a expansão do comércio de modo harmônico, 
visando, o pleno emprego em níveis elevados, e ainda, promove a estabilidade cambial 
contribuindo para constituição de um sistema multilateral de pagamentos, supervisionando, 
por fim, a dívida externa. 
 
Banco Mundial 
O Banco Mundial iniciou suas operações com a finalidade de auxiliar a reconstrução dos 
países destruídos pela guerra, particularmente a Alemanha e o Japão. O fortalecimento 
das economias européias e o Japão redirecionaram a atuação do Banco Mundial para o 
financiamento de projetos de recuperação e construção da infraestrutura necessária ao 
crescimento dos países em desenvolvimento. 
 
O processo de globalização da economia 
No mundo globalizado as economias estão cada vez mais interdependentes. A 
globalização econômica tem origem no próprio incremento do comércio internacional e 
pela mobilidade do capital internacional. O liberalismo, no entanto, passou a ter papel de 
destaque, em particular com a adesão da Rússia e países asiáticos ao modelo, com o 
capitalismo experimentando uma internacionalização em proporção jamais verificada 
anteriormente. 
 
6.3 FUNÇÕES DA MOEDA 
 
Instrumento ou meio de troca: serve para intermediar o fluxo de bens, serviços e fatores 
de produção da economia. 
 
Instrumento de medida de valor (denominador monetário): os valores dos bens e 
serviços transacionados na economia são expressos em quantidadede moeda, 
representado pelos seus preços. 
 
Instrumento de pagamentos futuros ou reserva de valor: a moeda pode ser utilizada 
para pagamento de um bem ou serviço no futuro. A poupança do indivíduo pode ser 
guardada em forma de moeda, constituindo num ativo financeiro que não rende juros. 
60 
 
 
6.3.1 Atuação do governo sobre a quantidade de moeda e títulos públicos 
 
Depósitos compulsórios - os bancos comerciais são obrigados a depositar no Banco 
Central um percentual determinado sobre os depósitos à vista. Caso o governo queira 
restringir a oferta monetária, poderá aumentar a porcentagem dos depósitos á vista que os 
bancos comerciais são obrigados a depositar no Banco Central; 
 
Operações de redesconto - correspondem à liberação de recursos pelo Banco Central 
aos bancos comerciais, que podem ser classificados como empréstimos ou redesconto de 
títulos. Se o Banco Central elevar a taxa aplicada às operações de redesconto, poderá 
desestimular o sistema bancário em recorrer a este tipo de socorro financeiro. 
 
Operações com mercado aberto (open market) - consistem na compra e venda, pelo 
Banco Central, de títulos da dív ida pública; 
 
6.3.2 Oferta e Demanda de moeda 
 
Conceito de meios de pagamento 
Ativos que podem ser utilizados sem restrições para pagamento de uma dívida (liquidez 
imediata). É representada pela soma da Moeda Metálica e o Papel - Moeda em poder do 
público com os depósitos à vista nos bancos comerciais. A oferta de moeda também é 
chamada de meios de pagamento. 
 
Demanda de moeda para transações - serve para intermediar o fluxo de bens, serviços e 
fatores de produção da economia. 
 
Demanda de moeda por precaução - serve para eventualidades como um pagamento 
não previsto ou para cobrir uma diferença futura no fluxo de caixa. 
 
Demanda de moeda para especulação - serve para aplicação no mercado de títulos 
obtendo retorno financeiro. 
 
6.4 O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 
 
6.4.1 Segmentos do mercado financeiro: 
 
- Autoridades Monetárias: Conselho Monetário Nacional Banco Central do Brasil 
 
- Autoridades de Apoio: Comissão de Valores Mobiliários Conselho de Recursos do 
Sistema Financeiro Superintendência de Seguros Privados Secretaria de Previdência 
Complementar 
 
 
 
61 
 
6.4.2 Taxa de juros 
 
A remuneração do capital são os juros, pois o capital é um fator de produção e, como tal, 
recebe uma remuneração. Juros, deste modo, podem ser interpretados tanto como a 
produtividade do capital, quanto o pagamento de um serviço ou o pagamento de 
compensação pela liquidez que o possuidor do capital deixou de ter pelo fato de ter 
emprestado o dinheiro a outrem. Por sua vez, define-se Taxa Selic como a taxa média 
ajustada dos financiamentos diários apurados no Sistema Especial de Liquidação e de 
Custódia (Selic) para títulos federais. 
 
Taxas de juros elevadas resultam na diminuição do consumo, pois os indivíduos vão optar 
pela poupança ao invés do consumo. Por sua vez, a elevação da taxa de juros terá 
influência sobre as prestações do crediário, que deverá ser mais onerosa, reduz indo as 
compras a prazo. Caso o governo optar por reduz ir a demanda, o nível da taxa de juros 
tem um papel preponderante, pois sua elevação poderá resultar na redução do consumo 
por parte das famílias. 
 
6.5 SETOR PÚBLICO E A TRIBUTAÇÃO 
 
Na ótica da economia clássica, o Estado deveria realizar um mínimo de funções, 
restringindo-se às mais essenciais, como educação, saúde e segurança. Cabia aos 
indivíduos a busca da satisfação de suas necessidades pessoais, de forma que, cada um, 
agindo segundo seus próprios interesses, acabaria promovendo o interesse coletivo, 
mediante o livre funcionamento do mercado. 
 
Assim, quando o empresário busca o seu interesse próprio, que é o lucro máximo, ele 
mobiliza capitais, compra edifícios, máquinas e matérias-primas, contrata serviços de 
outros agentes econômicos, aos quais paga salários, juros, aluguéis e dividendos. Os 
trabalhadores buscam os melhores salários e procuram aperfeiçoar-se em suas atividades, 
de sorte a melhorar sua produtividade e atingir seus objetivos. 
 
Quando todos os agentes agem da mesma maneira, o produto global aumenta, gerando 
maior riqueza para todos, de maneira que a busca do bem-estar individual acaba gerando 
o bem-estar coletivo. Pela visão clássica, ao Estado cabe apenas regular o livre 
funcionamento dos mercados e proporcionar a segurança nos negócios ao assegurar o 
respeito às leis e à ordem. 
 
No sistema capitalista de produção, em que se inclui o modelo brasileiro, o governo se 
engaja na economia, modificando o perfil da sociedade, através da transferência de renda, 
impostos, incentivos, subsídios, fornecimento de bens públicos, entre outros. 
 
O desenvolvimento da atividade do governo na área fiscal envolve as seguintes funções: 
 
 
62 
 
a) Função distributiva, quando o governo afeta a distribuição de renda através do 
sistema tributário ou através de programas governamentais. Ajustes distributivos tornam-
se necessários ao observar-se injustiça na distribuição da renda e da riqueza, e o governo 
implementa medidas fiscais (impostos e transferências) visando reduzir a desigualdade de 
renda. No Brasil, o sistema de tributação progressiva do imposto de renda pessoal e 
programas sociais se enquadram neste modelo. 
 
Como categoria de função distributiva, observa-se, em primeiro lugar, os programas de 
assistência pública, em que o governo atua no sentido de prover condições mínimas de 
subsistência às famílias necessitadas. Em determinadas situações, torna-se imprescindível 
esta ajuda, em face das conseqüências negativas que a pobreza poderá causar à 
economia e ao meio-ambiente. Em segundo lugar, observam-se os programas de seguro 
social, em que o governo assiste aos indivíduos que necessitam deste auxílio em função 
de alguma fragilidade frente à sociedade. A aposentadoria por idade ao trabalhador 
agrícola e o seguro desemprego são exemplos de programas de seguro social; 
 
b) Função estabilizadora, quando o governo interfere na economia procurando alcançar 
um elevado nível de emprego, estabilidade de preços e um alto nível de crescimento 
econômico. O sistema de mercado impede que seja alcançado automaticamente o pleno 
emprego e a estabilidade de preços, tornando-se necessária a atuação do governo no 
desenvolvimento da função estabilizadora da política fiscal. 
A irredutibilidade salarial existente em nossa legislação não permite um rápido ajuste 
quando se verifica um desequilíbrio no mercado de trabalho. Por sua vez, um desequilíbrio 
entre os níveis de demanda e oferta na economia, poderá gerar um processo inflacionário, 
com danos ao sistema de mercado. Em ambos os casos, tornam-se necessário a 
intervenção do governo para restaurar o equilíbrio no mercado. 
 
Para obter um elevado nível de crescimento econômico, o governo poderá atuar no 
fornecimento de infraestrutura básica (estradas, portos, etc.) ou na concessão de 
incentivos à produção e no financiamento de recursos de longo prazo ao setor privado. 
 
c) Função alocativa, quando o governo fornece bens e serviços públicos que não são 
oferecidos pelo setor privado ou são oferecidos em quantidade insuficiente. O bem ou 
serviço público puro tem como característica a impossibilidade de excluir seu acesso por 
qualquer indivíduo e a ausência de custos pelo acesso de outro indivíduo aos seus 
benefícios. Portanto, o princípio da exclusão não se aplicaria ao bem ou serviço público 
puro, pois a participação de outro indivíduo não implicaria em redução do uso pelos 
demais. Como exemplos, incluem-se as praças públicas e o sistema de iluminação pública 
das rodovias. 
 
 
 
 
 
 
63 
 
6.5.1 Conceito De Dívida Pública Interna 
 
A Dívida pública interna consiste na dívida realizada pelo governo com pessoas da 
sociedade para financiar os seus gastosque não são cobertos pela arrecadação de 
tributos ou quando o governo tem como objetivo exercer sua função estabilizadora na 
economia. 
 
Os bancos que desenvolvem atividades no mercado financeiro, mantém em suas carteiras 
uma parte significativa desta dívida, ao deterem títulos da Dívida Pública que lastreiam, 
basicamente, o endividamento do governo federal. Particulares ou empresas podem 
adquirir estes títulos da Dívida Pública, mas costumam comprar títulos nos bancos (títulos 
de renda fixa, etc.) que dão suporte a estes títulos da dívida interna. 
 
O Orçamento da União, dos estados e dos municípios é formado por receitas (arrecadação 
de tributos) e despesas (gastos do governo). O Superávit primário surge quando o 
montante de arrecadação de tributos excede o montante de gastos do governo. O inverso 
corresponde ao déficit primário. O déficit nominal ou total corresponde à necessidade de 
financiamento do setor público em seus diversos níveis: União, estado, município, 
empresas estatais e Previdência Social. 
 
O déficit operacional corresponde ao resultado primário acrescido dos juros (dívida 
passada). Se o resultado primário focaliza as receitas e despesas num determinado 
período, no entanto, o resultado operacional leva em consideração também os débitos 
passados que precisam ser financiados através de juros. O elevado nível da taxa de juros 
Selic no Brasil, em certos períodos, tem transformado os esforços do governo em gerar um 
superávit primário (receitas de tributos maiores que os gastos do governo) em déficit 
operacional ao incluir os juros referentes às dívidas passadas. 
 
6.5.2 Princípios Orçamentários 
 
No capítulo referente às finanças públicas na Constituição Federal de 1988, arts. 165 a 
169, estão previstas as condições orçamentárias. Os incisos I, II e III art. 165 prevêem que 
―as Leis de iniciativa do Poder executivo estabelecerão, I- o plano plurianual; II- as 
diretrizes orçamentárias; III- os orçamentos anuais. No parágrafo 4o. do mesmo art. prevê 
―os planos e programas nacionais , regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão 
elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso 
Nacional‖. 
 
Por sua vez, a Lei no. 4.320 de 17/03/64 (Lei do Orçamento) estabeleceu normas gerais 
de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos 
Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. A Lei do Orçamento contém a discriminação 
da receita e despesa evidenciando a política econômica financeira do governo. 
Os princípios orçamentários previstos na Constituição Federal brasileira, na Lei do 
Orçamento e nas Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDOs) são os seguintes: 
 
64 
 
- Unidade na qual cada esfera de governo deve possuir apenas um orçamento baseado 
numa única política orçamentária. O art. 2º. da Lei no. 4.320/64 diz que ―A Lei do 
Orçamento conterá a discriminação da receita e da despesa, de forma a evidenciar a 
política econômico-financeira e o programa de trabalho do governo, obedecidos os 
princípios de unidade, universalidade e anualidade‖; 
 
- Universalidade em que a Lei orçamentária deve incorporar todas as receitas e 
despesas, sendo que, não deve ser excluída nenhuma instituição pública. O art. 3º. da Lei 
4.320/64 determina que ―a lei do Orçamento compreenderá todas as receitas, inclusive as 
operações de crédito autorizadas em lei‖; 
 
- Anualidade em que é determinado um período de tempo para o orçamento, geralmente 
um ano. O & 5º. do art. 165 da Constituição Federal brasileira determina que ―A lei 
orçamentária anual compreenderá [...]‖; 
 
- Legalidade em que o orçamento é objeto de uma lei específica. A base para este 
princípio encontra-se no art. 166 da Constituição Federal brasileira de 1988 em que ―Os 
projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento 
anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso 
Nacional, na forma do regimento comum‖; 
 
- Exclusividade na qual a lei orçamentária deverá conter apenas questões orçamentárias 
e financeiras, não sendo incluídas normas pertencentes a outros campos jurídicos. O & 8º. 
do art. 165 da Constituição Federal brasileira determina que ―A Lei orçamentária anual não 
conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa [...]‖; 
 
- Especificação, especialização ou discriminação em que a autorização legislativa se 
restrinja as despesas específicas e não a autorizações globais. O art. 5º. da Lei 4.320/64 
define ―A Lei de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a atender 
indiferentemente a despesas de pessoal, material, serviços de terceiros, transferências ou 
quaisquer outras [...]‖; 
 
- Publicidade em que o orçamento deve ser divulgado ao ser aprovado e transformado em 
lei. O art. 37 da Constituição Federal brasileira de 1988 diz que ―A administração pública 
direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência [...]‖; 
 
- Equilíbrio em que as receitas e despesas que fazem parte do orçamento devem manter 
uma paridade, sem apresentar déficits ou superávits excessivos. O inciso III do art. 167 da 
Constituição Federal brasileira de 1988 veda ―a realização de operações de créditos que 
excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante 
créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder 
Legislativo por maioria absoluta‖; 
 
65 
 
- Orçamento-Bruto em que as receitas e despesas que fazem parte do orçamento devem 
aparecer pelo valor bruto sem quaisquer deduções. O art. 6º. Da Lei no. 4.320/64 
determina que ―Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus 
totais, vedadas quaisquer deduções‖.; 
 
- Não-vinculação das receitas em que estas não devem estar vinculadas a determinadas 
despesas, para que possam ser alocadas racionalmente segundo o interesse da 
sociedade. O inciso IV do art. 167 da Constituição Federal brasileira de 1988 veda ―a 
vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa [...]‖. 
A Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar no. 101 de 04/05/2000) obrigam a 
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios a uma ação planejada e 
transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio 
das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e 
despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração 
de despesas com pessoal, da seguridade social entre outras. 
 
6.5.3 Tributos 
O governo intervém na formação de preços de mercado, a nível microeconômico, e 
quando fixa impostos e subsídios, estabelecem critérios de reajustes do salário mínimo, 
fixa preços mínimos para produtos agrícolas decreta tabelamentos ou ainda congelamento 
de preços e salários. 
A) Estabelecimento de Impostos: 
É sabido que quem recolhe a totalidade do tributo é a empresa, mas isso não quer dizer 
que é ela quem efetivamente paga. Assim, saber sobre quem recai efetivamente o ônus do 
tributo é uma questão da maior importância na análise dos mercados. 
Os tributos se dividem em impostos, taxas e contribuições de melhoria. Os impostos 
dividem-se em: 
Impostos Diretos: Impostos incidentes sobre a renda ou a propriedade. Exemplo: Imposto 
de Renda, IPTU, IPVA. 
Impostos Indiretos: impostos incidentes sobre o consumo ou sobre as vendas. Exemplo: 
Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados 
(IPI). 
Entre os impostos indiretos destacamos: 
Imposto Específico: Recai sobre a unidade vendida. Exemplo: para cada carro vendido, 
recolhe-se, a título de imposto, R$ 5.000 ao governo (esse valor é fixo e independente do 
valor da mercadoria).66 
 
Imposto ad valorem: é um percentual (alíquota) aplicado sobre o valor de venda. 
Exemplo: supondo a alíquota do IPI sobre automóveis de 10 %, se o valor do automóvel 
for de R$ 50.000, o valor do IPI será de R$ 5.000; se o valor aumentar para R$ 60.000, o 
valor do IPI será de R$ 6.000. Assim, como se pode notar, a alíquota permanece 
inalterada em 10%, enquanto o valor do imposto varia com o preço do automóvel. 
B) Política de preços mínimos na agricultura: Trata-se de uma política que visa dar 
garantia de preços ao produtor agrícola, com propósito de protegê-lo das flutuações dos 
preços no mercado, ou seja, ajudá-lo diante de uma possível queda acentuada de preços e 
conseqüentemente da renda agrícola. O governo, antes do início do plantio, garante um 
preço que ele pagará após a colheita do produto. 
C) Tabelamento: Refere-se à intervenção do governo no sistema de preços de mercado 
visando coibir abusos por parte dos vendedores, controlar preços de bens de primeira 
necessidade ou então refrear o processo inflacionário, como foi adotado no Brasil (Planos 
Cruzado, Bresser etc.), quando se aplicou o congelamento de preços e salários. 
 
 
67 
 
7 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 
 
Na Economia, crescimento e desenvolvimento não têm o mesmo significado, embora um 
possa estar sempre associado ao outro. 
 
7.1 CONCEITO DE CRESCIMENTO ECONÔMICO 
 
Crescimento econômico é o aumento contínuo da renda ou PIB, em termos absolutos, 
descontada a inflação, e per capita, ao longo do tempo. Já o conceito de desenvolvimento 
econômico, é mais amplo: é o aumento contínuo do bem-estar. Podemos dizer que o 
crescimento é um indicador quantitativo. 
 
7.2 CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO 
 
O desenvolvimento leva em conta as alterações da composição do produto e da alocação 
dos recursos pelos diferentes setores da economia, de forma a melhorar o bem-estar 
econômico e social. Ou seja, além dos indicadores econômicos de curto prazo, ele inclui 
também indicadores sociais, tais como os níveis de pobreza, desigualdade e indicadores 
de qualidade de vida, como acesso a serviços de saúde e educação, moradia decente etc. 
 
Por exemplo, pode haver crescimento econômico sem, necessariamente, ocorrer o 
desenvolvimento. Nesse caso, o crescimento estaria ocorrendo, mas sem promover 
mudanças nos processos de produção e na distribuição da renda que levassem a uma 
maior inclusão social e redução das desigualdades de renda e riqueza. 
 
Portanto, o Desenvolvimento econômico é uma forma mais qualitativa, incluindo as 
variações do produto e a utilização dos recursos gerados pelos diferentes agentes 
econômicos, com o intuito de melhorar os indicadores de qualidade de vida (condições de 
saúde, alimentação, educação pobreza, desemprego e moradia.) 
 
O principal objetivo do desenvolvimento econômico é atender a uma demanda 
fundamental das sociedades modernas, isto é, o bem-estar. Para tal, o sistema econômico 
e o governo devem perseguir basicamente quatro objetivos para satisfazer a demanda por 
bem-estar de uma sociedade, a saber: segurança, justiça social, liberdade e preservação 
do meio ambiente. 
 
O desenvolvimento econômico vai além de um aumento na quantidade de bens e serviços 
produzidos, em temos absolutos ou per capita, em um determinado período. Portanto, na 
análise do desenvolvimento econômico, incluem-se as mudanças de caráter quantitativo e 
qualitativo. 
 
De acordo com Gremaud (op.cit., 2006), para ocorrer o desenvolvimento econômico 
devemos observar se o crescimento econômico que acontece ao longo do tempo está 
provendo: 
 
68 
 
a) crescimento do produto por habitante; 
b) redução dos níveis de pobreza, desemprego e desigualdade social; 
c) melhoria nas condições de vida, tais como: saúde, nutrição, educação, moradia e 
transporte. 
 
Por essa razão, ressaltam Passos e Nogami (2003), o desenvolvimento econômico não 
deve ser analisado ao tomar-se por base só os indicadores de crescimento econômico, 
como a taxa de crescimento do PIB e do PIB per capita, mas por outros indicadores que 
reflitam mudanças na qualidade de vida da população de uma Economia (op. cit., p. 545). 
 
7.3 OS PRINCIPAIS INDICADORES SOCIAIS: ÍNDICE DE GINI E ÍNDICE DE 
DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH) 
 
Os índices de Gini e IDH são comumente utilizados para medir e avaliar a evolução da 
qualidade de vida da população em função do crescimento econômico. Avalia então, se o 
crescimento da produção, da riqueza e da população está sendo acompanhado pelo 
desenvolvimento econômico — isto é, da melhoria na qualidade de vida, melhor 
distribuição de renda, entre outros, que são os indicadores mais utilizados como 
instrumentos para essa avaliação. 
 
O aumento da renda per capita não é, como já mencionado no capítulo 4, a melhor 
tradução da melhoria do bem-estar da população. O índice de Gini mede o nível de 
concentração de renda, e o IDH mede o nível de desenvolvimento. 
 
7.3.1 Índice de Gini 
 
Leva o nome de seu criador, o estatístico italiano Corrado Gini (1884-1965), e foi 
desenvolvido com o objetivo de medir a desigualdade de renda em uma sociedade. Gini 
também realizou importantes trabalhos no campo da Demografia e da Sociologia. 
 
O índice de Gini é o instrumento comumente utilizado para medir o grau de concentração 
de renda de um país. Por meio dele, podemos comparar os diferentes graus de 
concentração de renda entre países já reconhecidamente ricos (Estados Unidos, Japão, 
Alemanha etc.), em desenvolvimento (Brasil, Rússia, China etc.) e os reconhecidamente 
pobres (Etiópia, Nigéria, El Salvador etc.). 
 
O índice de Gini mostra a diferença entre a renda dos mais pobres e dos mais ricos de um 
mesmo país e varia em uma escala de zero a um. O valor zero representa a situação de 
igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda. O valor um está no extremo oposto, isto é, 
uma só pessoa detém toda riqueza. 
 
Dessa forma, quanto mais próximo de zero menor será a concentração de renda e 
desigualdade. E quanto mais próximo da unidade, maior será a concentração de renda, 
mostrando que tal país tem uma desigualdade de renda muito elevada. 
69 
 
Quando um país se encontra nesta última situação, a maior parte da população recebe a 
menor parte da renda. 
 
Países com uma alta concentração de renda têm uma classe média reduzida e salários 
médios muito baixos. É amplamente reconhecido que países com uma desigualdade de 
renda muito alta são considerados países pobres, menos desenvolvidos. 
 
O índice de Gini é uma medida utilizada para orientar a elaboração de políticas públicas, 
mostrando em quais extratos de renda está a fração da população que precisa receber 
subsídios, políticas de redistribuição de renda e uma maior oferta de serviços públicos, 
com o intuito de aumentar a participação dessa parte da população na apropriação da 
renda nacional. 
 
 
7.3.2 Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 
 
Elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em 1990. 
Seu desenvolvimento do IDH está associado ao nome do economista Amartya Sen, 
ganhador do prêmio Nobel de Economia em 1998. 
 
Diferentemente da perspectiva do crescimento puramente econômico, a abordagem do 
desenvolvimento humano procura olhar diretamente para o potencial de desenvolvimento 
das pessoas, aumentando o acesso aos recursos necessários para se obter um padrão de 
vida melhor, considerando uma vida longa e saudável, com acesso a educação de 
qualidade e com a preocupação de preservação das gerações futuras. 
 
O IDH é um indicador socioeconômico com o objetivo de medir o grau de desenvolvimento 
econômico e a qualidade de vida oferecida à população de quase todos os países do 
mundo. 
 
Assim é diretamente empregado para comparar o nível de desenvolvimento entre os 
países. Esse programa partiu do pressuposto de que, para conhecer e aferir o avanço na 
qualidadede vida de uma população, seria necessário um indicador que avaliasse 
progressos sociais, ou seja, um indicador que avaliasse o desenvolvimento das 
capacidades humanas de progresso. Assim o IDH considera, além da renda per capita, 
outras características que influenciam a qualidade de vida. 
 
Segundo o PNUD, a renda é uma variável importante, mas como um meio para alcançar o 
desenvolvimento, e não o seu fim. Ao introduzir a ideia de desenvolvimento humano na 
perspectiva do desenvolvimento econômico, o foco é transferido da renda para o ser 
humano. 
 
O conceito de desenvolvimento humano difundido pelo PNUD pressupõe um processo de 
ampliação das escolhas das pessoas, para que tenham capacidade e oportunidade para 
ser o que desejarem. 
70 
 
 
O IDH é calculado pelo PNUD, que avalia 3 dimensões do desenvolvimento humano: 
renda, longevidade e educação. Assim, é obtido com base em dados econômicos e 
sociais, a saber: PIB per capita, expectativa de vida, anos de estudo e anos esperados de 
estudo. O IDH varia em uma escala de zero (nenhum desenvolvimento humano) a um 
(desenvolvimento humano total). Assim, inversamente ao índice de Gini, o país é mais 
desenvolvido quando seu IDH é mais próximo de 1 (a metodologia deste índice também é 
utilizada para aferir o desenvolvimento de cidades, estados e regiões). 
 
Apesar dos avanços recentes, podemos ver que o Brasil se encontra em uma posição 
intermediária em relação aos países do globo. Segundo o PNUD (2013), o Brasil saltou de 
um IDH de 0,522 em 1982, para 0,730 em 2012. No índice de Gini, passou de 0,6356, em 
1989, para 0,5299 em 2012. Isto pode ser interpretado como um processo de 
convergência, ainda que lento, aos níveis de renda e qualidade de vida dos países 
desenvolvidos. 
 
7.4 CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
 
A Comissão Brundland criada pelas Nações Unidas, definiu desenvolvimento sustentável 
como ―aquele que atende às necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade 
de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades‖. A posição da Comissão 
Brundland prevê um crescimento econômico baseado em questões sociais e ambientais 
perfeitamente solidificadas. 
 
O desenvolvimento econômico com desigualdade social e degradação do meio ambiente 
não teria sustentação num futuro próximo, resultando apenas no agravamento da 
concentração da riqueza e na piora nos indicadores sociais e ambientais (Comissão 
Brundland,1988). 
 
7.4.1 Condições gerais para se alcançar o Desenvolvimento Econômico Sustentável 
 
Os meios para se atingir o desenvolvimento seriam: atender as necessidades básicas; 
preservação para as gerações futuras; envolvimento da população; preservação do meio 
ambiente e dos recursos naturais; criação de um sistema social com garantia de emprego, 
segurança e respeito às culturas; e educação para todos. A teoria dirigia-se principalmente 
às regiões em desenvolvimento, entremeando uma crítica à sociedade industrial. Estes 
debates a respeito de meio ambiente e desenvolvimento abriram espaço ao conceito de 
desenvolvimento sustentável. 
 
No parâmetro empresarial, o desenvolvimento econômico sustentável passa pela 
responsabilidade socioambiental das empresas, que tem aumentado acentuadamente nos 
últimos anos, mostrando uma mudança de comportamento por parte das organizações. 
 
 
71 
 
As empresas deveriam tomar atitudes promissoras, como conhecer melhor o próprio 
negócio, usar indicadores de responsabilidade social, analisar o ciclo de vida dos produtos 
visando melhorar a qualidade de produção, investir na melhoria da performance ambiental 
e social da atividade empresarial, investir em tecnologias menos poluentes, adotar o 
Princípio da Precaução na gestão dos riscos ambientais, disseminar inovações na direção 
dos fornecedores e clientes, identificar novos negócios com investimento em questões 
socioambientais, e fazer parcerias ou alianças estratégicas com a sociedade civil. 
 
72 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BAUMANN, R. CANUTO, O. GONÇALVES, R. Economia Internacional: teoria e 
experiência brasileira. São Paulo: Elsevier, 2004. 
 
DORNBUSH, R.; FISCHER, S. Macroeconomia. 4. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 
2000. 
 
GREMAUD, A.P. et all. Manual de Economia. Org: Pinho, D.B., Vanconcelos, M.A.S. 5ª 
ed. São Paulo: Saraiva, 2006. 
 
GONÇALVES, R. Globalização Econômica, In: O Nó Econômico, primeiro capítulo. 
São Paulo: Record, 2002. 
 
LOPES, L. M.; VASCONCELLOS, M. A. S. (Orgs). Manual de Macroeconomia: 
Básico e Intermediário – Equipe dos Professores da FEA-USP. 2. ed. São Paulo: 
Atlas, 2000. 
 
MANKIW, N. G. Introdução à Economia: Princípios de Micro e Macroeconomia. 2. 
ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001. 
 
MANKIW, N.G. Introdução à Economia: edição compacta. São Paulo: Pioneira Thomson 
Learning, 2005. 
 
PASSOS, C.R.M. e NOGAMI, O. Princípios de Economia, 4ª ed. São Paulo: Pioneira 
Thomson Learning, 2003. 
 
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Relatório de Desenvolvimento 
Humano. 2013. Disponível em: <www.pnud.org.br>. Data de acesso: 03/06/2014 
 
VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: Micro e Macro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 
 
VASCONCELOS, Marco Antonio Sandoval. Fundamentos de Economia. São Paulo: 
Saraiva, 2004.

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