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NUTRIÇÃO NA PRÁTICA ESPORTIVA Sandra Muttoni Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 M992n Muttoni, Sandra. Nutrição na prática esportiva / Sandra Muttoni. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. 195 p. il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-002-3 1. Nutrição. 2. Prática esportiva. I. Título. CDU 613.2:796 Hidratação e repositores hidroeletrolíticos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Relacionar o estado de hidratação com condições de agravos à saúde humana. Reconhecer a importância da hidratação e da reposição hidroeletro- lítica na prática esportiva. Reproduzir orientações sobre a hidratação antes, durante e depois da atividade física. Introdução A alimentação nutricionalmente adequada, associada à prática de ativi- dade física, é fundamental para atingir e manter o bom estado de saúde e favorecer a qualidade de vida. Porém, percebe-se que muitas pessoas fisicamente ativas acabam minimizando a atenção voltada ao estado de hidratação corporal e sua importância na prática esportiva. Neste texto, você vai estudar a hidratação e sua importância para o estado de saúde e para a atividade física, além de conhecer orientações sobre o consumo de líquidos e reposição eletrolítica antes, durante e após o exercício físico. O estado de hidratação e o corpo humano Você sabia que a água é o maior componente de todos os tecidos? Ela repre- senta cerca de 60% do peso corporal de um adulto saudável. Sua quantidade varia conforme algumas características, como idade, gênero e composição corporal (massa magra e gordura). À medida que a idade aumenta, há uma diminuição progressiva e importante do tecido magro. Isso causa redução signifi cativa na quantidade de água corporal total (75% da composição mus- cular correspondem à água). Essa característica de distribuição da água corporal justifica o fato de atletas e indivíduos do gênero masculino terem maior quantidade de água corporal total em relação a indivíduos sedentários e a mulheres. A água intracelular corresponde a cerca de 40% do total, e a água extracelular, em torno de 20%. Na Figura 1, você pode conferir as proporções de água corporal em diferentes estágios da vida. Figura 1. Distribuição percentual da água corporal total, conforme o peso do indivíduo. Fonte: Silva (2010, p. 137). A água e suas funções A água é um componente essencial para todos os tecidos corporais, funda- mental para manter o equilíbrio do organismo. Todas as reações químicas que acontecem no corpo dependem da água e do nível de hidratação do indivíduo. Confi ra agora as principais funções da água para o organismo humano! Solvente universal: é na água que as substâncias necessárias à célula são dissolvidas ou suspensas, facilitando a eliminação de compostos tóxicos pela urina. Bebê prematuro 28 semanas 1,2 kg Bebê a termo 3,6 kg 1 ano 10 kg Mulher adulta 60 kg Homem adulto 70 kg Gordura e sólidos secos (%) Água intracelular (%) Água extracelular (%) 127Hidratação e repositores hidroeletrolíticos Componente estrutural: a água confere forma às células, integra suas membranas e participa da estrutura corporal. Termorregulação: a água mantém a temperatura corporal por meio da absorção de calor e sua liberação por evaporação. Transporte: é por intermédio da água que todas as substâncias (nu- trientes, toxina e resíduos metabólicos) são transportadas no organismo. Componente sanguíneo: é um dos principais componentes do sangue, auxiliando na manutenção do adequado volume sanguíneo, influen- ciando diretamente na função do sistema cardiovascular. Lubrificante e fluidificador: a água compõe os fluidos que agem como lubrificantes nas articulações, mucosas e serosas, além de fluidificar as secreções gástricas, intestinais, pancreáticas e hepatobiliares. Ingestão e absorção de água O organismo obtém água a partir dos alimentos (20 a 25% da água total inge- rida) e também a partir da ingestão de água pura e outras bebidas (75 a 80% do total da água consumida). Obtém também pela oxidação dos macronutrientes, pois isso gera água metabólica como produto fi nal. A água é absorvida rapi- damente através das membranas do sistema digestório, em menor proporção no estômago e em maior quantidade no intestino. Eliminação e perda de água Em indivíduos não atletas e hígidos, isto é, saudáveis , as principais formas de eliminar água do organismo são por urina, fezes e suor. A perda de água ocorre pela expiração e por evaporação. A quantidade de água eliminada pelo suor é infl uenciada pelo tipo de vestuário, nível de atividade física do sujeito e pelas condições do ambiente (temperatura e umidade). Necessidades hídricas O organismo humano não apresenta condições de armazenamento de uma quantidade de água que garanta o requerimento diário. Por isso, você deve compreender que a ingestão de água é condição imprescindível para que ocorra a reposição hídrica pertinente à perda e à eliminação das últimas 24 horas. Assim, a homeostase do conteúdo de água corporal e a concentração sanguínea são garantidas. Nutrição na prática esportiva128 Determinar os valores de necessidades hídricas envolve fatores dietéticos, fisiológicos, ambientais e de atividade física realizada pelo indivíduo. A die- tary reference intakes (DRI) (INSTITUTE OF MEDICINE, 2004) fornece as referências de ingestão adequada de água, conforme a faixa etária e o estado fisiológico da pessoa. A DRI oferece também a recomendação de ingestão diária de água baseada no consumo calórico, que é a seguinte: 1 mL/cal para o adulto (correspondendo à media de 35 mL/kg de peso corporal); 1,5 mL/kg para lactentes (150 mL/kg de peso corporal); 50 a 60mL/kg de peso corpóreo para crianças. A demanda hídrica ideal diária para manter o equilíbrio corporal, em uma condição térmica neutra e sem interferência de exercício físico fica em torno de 2,5 L de água por dia. Para um atleta, esta quantidade pode triplicar, mas é preciso considerar a modalidade esportiva, sua duração e intensidade. A desidratação é descrita como a perda dinâmica de água pelo corpo, sem reposição adequada. Vários fatores podem contribuir para a instalação deste quadro, como intensidade e duração dos exercícios físicos, clima e até tipo de roupa utilizada. O processo de desidratação inicia com a perda de 2% do peso corporal e passa a ser prejudicial quando os valores ultrapassam os 5%, pois gera desregulação metabólica e até colapso arterial, devido à extrema redução da quantidade de sangue circulante (choque hipovolêmico). Quando a perda de água por desidratação excede os 7% do peso corporal, há elevação da temperatura e, consequentemente, aquecimento de alguns tecidos, podendo ocorrer choque térmico, cujas consequências podem ser fatais, caso não aconteça uma rápida intervenção. 129Hidratação e repositores hidroeletrolíticos A importância da hidratação na prática esportiva Durante a prática esportiva, a taxa de transpiração é altamente variável, os- cilando entre 1 e 2 litros de líquidos por hora de exercício, dependendo do ritmo e da intensidade. Os maratonistas, por exemplo, com frequência sofrem perdas superiores a 5 litros de líquidos em uma competição, representando cerca de 6 a 10% da massa corporal. Com a perda de líquidos, ocorre também a eliminação de eletrólitos (principalmente sódio e potássio), podendo ocasionar alterações metabólicas importantes, somadas à perda de água. A hidratação inadequada pode gerar impactos negativos no desempenho físico e no estado mental. Já a hidratação correta pode melhorar a performance de forma significativa. Assim, pode- mos concluir que a hidratação adequada é essencial ao atleta, tanto para os treinamentos quanto nas competições. Desidratação no exercício Várias podem ser as causas da desidratação, desde difi culdades na ingestão de líquidos, ocorrência de vômitos e até excesso de perda pelos rins. A elevada produção desuor e o consumo insufi ciente de líquidos são as causas mais relacionadas à desidratação durante o exercício físico. Em função da crescente atividade muscular, ocorre aumento na produção de calor no organismo, proporcionando elevação na temperatura corporal. Justamente para dissipar o calor gerado pela atividade física, a produção de suor (sudorese) se eleva. Tal fenômeno é uma reação metabólica para tentar reduzir a temperatura do corpo. A sudorese implica, então, perda de calor através da eliminação de água e eletrólitos pelo organismo. Os principais sintomas de desidratação no atleta são perda de peso, cãibras, fadiga, aumento da frequência cardíaca, náuseas, vômitos e alterações visuais e auditivas. Você sabia que muitos atletas não percebem a quantidade de água que estão eliminando através do suor? Isso pode contribuir para o menor consumo Nutrição na prática esportiva130 de líquidos. Contribui também para a pouca ingestão o fato de que diversos indivíduos acreditam ser necessário ingerir água (ou outro líquido) somente quando sentem sede, o que não é verdade. A prática esportiva atrasa o apa- recimento da sensação de sede; quando ela é percebida, muita água já foi eliminada, predispondo a pessoa à fadiga. No atleta, o grau de desidratação pode ser definido pela massa corpórea imediatamente antes e após a atividade física. A redução de cada 0,5 kg corresponde, em média, a 500 mL de líquidos. Neste contexto, as estratégias de hidratação antes, durante e depois da prática esportiva são as principais maneiras de prevenir a desidratação e suas consequências em atletas. Impactos da desidratação no desempenho esportivo O estado de hidratação é um fator determinante para a prática de atividades físicas. Qualquer grau de desidratação reduz a capacidade dos mecanismos circulatórios e reguladores da temperatura de se ajustarem aos requerimentos do exercício, tornando fundamental o equilíbrio hídrico para o funcionamento do sistema cardiovascular, para a termorregulação e para o desempenho físico. Assim, os níveis de hidratação precisam ser mantidos para que o exercício físico seja realizado de forma segura, sem gerar agravos ao organismo. A desidratação causa redução da volemia (quantidade de sangue circu- lante), tornando o atleta mais suscetível à hipotensão postural e ao colapso. A hipovolemia também está associada à redução do volume de ejeção cardíaco que resulta na redução do fluxo sanguíneo para a pele. Isso torna a dissipação do calor menos eficaz. A desidratação também reduz o tempo que o exercício pode ser sustentado antes que haja fadiga induzida pelo calor, ou seja, diminui o rendimento do atleta. Os benefícios fisiológicos de um adequado estado de hidratação no desem- penho de atletas em treinamento ou competição são visíveis e bem documenta- dos. O atleta que compete em estado de desidratação já entra em desvantagem, com risco de menor performance. Assim, a desidratação é uma ameaça para todos os atletas e entusiastas da atividade física, principalmente para aqueles que não estão acostumados a realizar atividades extenuantes em ambientes adversos. O estado de hidratação antes, durante e após a prática esportiva está diretamente relacionado ao desempenho físico e precisa receber mais atenção de atletas, treinadores e outros profissionais que atuam na área. 131Hidratação e repositores hidroeletrolíticos Depleção de eletrólitos As perdas de eletrólitos (minerais), sobretudo no exercício de longa duração, ocorrem constantemente pelo suor. A menos que os eletrólitos sejam repostos, é possível a ocorrência de hipovolemia, hi poglicemia, hiponatremia, hiper- termia e desidratação. Os principais eletrólitos que compõem o suor são o sódio e o potássio. Sua reposição inadequada é uma forma de contribuir para a super-hidratação e a hiponatremia, cujos sinais e sintomas, muitas vezes, se assemelham aos da desidratação. A depleção desses minerais é muito prejudicial ao atleta, pois impacta no seu rendimento por interferir no transporte de oxigênio e de várias outras substâncias, regulam a pressão arterial, auxiliam na contração muscular e na absorção de glicose. As seguintes situações podem ocorrer com o atleta, em decorrência da desidratação: Exaustão pelo calor: é o primeiro estágio da intermação, que acontece quando há redução do volume sanguíneo provocada pela perda de líquidos. A sudorese é abundante, ocorre vermelhidão facial (rubor), e a temperatura corporal aumenta, podendo provocar dor de cabeça, tontura, fraqueza muscular e alterações visuais. Cãibra de calor: é uma complicação frequente causada pela exaustão em função do calor. A cãibra é representada por contrações musculares involuntárias, que duram de um a três minutos por vez. Na maioria das vezes, acontece em pessoas com sudorese intensa após exercício físico prolongado, que ficaram em ambientes ou locais de clima quente e que consumiram grande volume de água. Intermação: situação que resulta do elevado fluxo sanguíneo para os músculos que estão em atividade, sobrecarregando a capacidade de resfriamento do organismo. A sudorese cessa, e a temperatura corporal interna se eleva, podendo atingir níveis perigosos (até 40ºC ou mais). A circulação sanguínea diminui consideravelmente, podendo haver dano cerebral e até morte. Nutrição na prática esportiva132 A reposição hidroeletrolítica no exercício: orientações práticas Vários elementos infl uenciam na tomada de decisão para elaborar a melhor estratégia de hidratação, aquela que mais se adapte à modalidade esportiva e ao tipo de treino. Confi ra algumas delas: características individuais; tipo, intensidade e duração do exercício; intervalo de tempo entre o consumo da bebida, tipo, quantidade e temperatura do líquido oferecido; condições ambientais. Todos esses fatores devem ser considerados e avaliados previamente, a fim de estabelecer o procedimento mais adequado de hidratação. A sensação de sede não é um indicador confiável da necessidade de re- posição hídrica, pois representa um sinal tardio do excesso de eliminação de líquidos. Uma pessoa fisicamente ativa, ou um atleta, pode levar até 48 horas para repor a perda hídrica, caso beba líquidos somente sentirem-na ocorrência de sede. Assim, saiba que, para evitar um comprometimento no desempenho esportivo, a reposição hídrica deve acontecer de maneira sistemática, antes, durante e após a atividade física. Consumo hídrico antes do exercício O principal objetivo da pré-hidratação é fazer o esportista iniciar a atividade física em estado de equilíbrio hídroeletrolítico. A ingestão de água deve ser iniciada 24 horas antes do exercício, ainda mais se acontecer em ambientes mais quentes. Tal estratégia tem por objetivo prevenir a desidratação e reduzir a elevação da temperatura corporal, contribuindo para o melhor desempenho esportivo. Também é recomendado consumir de 400 a 600 mL de água fria antes de exercícios mais vigorosos, quando o ambiente tiver temperatura mais elevada. 133Hidratação e repositores hidroeletrolíticos A “hiper-hidratação” pré-exercício não elimina a necessidade de reposição hídrica du- rante e após o exercício, apenas previne ou retarda um possível estado de desidratação. As diretrizes da Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva, a respeito da reposição hidroeletrolítica, reco mendam que o indivíduo inicie a hidrata- ção com 250 a 500 mL de água duas horas antes do exercício e mantenha a ingestão de líquido a cada 15 ou 20 minutos durante a atividade. O volume a ser ingerido varia conforme a taxa de sudorese, que pode ficar entre 500 e 2.000 mL/h, e a velocidade de ingestão deve ser lenta. A pré-hidratação proporciona tempo suficiente ao organismo para eliminar urina antes do exercício, e o consumo de bebidas com sódio auxilia na esti- mulação da sede e na retenção de líquidos ingeridos. Quanto à temperatura da água, deve-se dar preferência à ingestão entre 15 e 21ºC, poisfacilita o esvaziamento gástrico. Reposição hídrica durante o exercício O consumo de líquidos durante a atividade física tem o objetivo de prevenir a desidratação excessiva e as alterações importantes no balanço eletrolítico. O volume de reposição hídrica depende da taxa de sudorese individual, da duração e do tipo de atividade e da aclimatação. A ingestão de líquido deve ser mantida a cada 15 ou 20 minutos durante a prática da atividade física, e o volume deve variar conforme o nível de sudorese (em média, 500 a 2.000 mL). Se o exercício tiver duração de até uma hora, apenas o consumo de água é suficiente, não havendo necessidade de reposição de eletrólitos ou carboidratos. Em treinamentos/atividades com duração entre uma e três horas, é necessária a reposição hídrica, de eletrólitos e do substrato energético (carboidratos). O volume a ser ingerido deve ficar entre 150 e 250 mL a cada 15 ou 20 minutos, evitando o volume superior a 350 mL em 15 minutos. Nos eventos de longa duração, ou cuja duração seja superior a três horas, recomenda-se o consumo de 500 a 1.000 mL de líquido por hora de atividade, com temperatura entre 5 e 15°C e 6 a 8% de carboidrato, entre 20 e 30 mEq/L Nutrição na prática esportiva134 de sódio e 3 a 5 mEq/L de potássio. Os carboidratos mais indicados são a glicose, a sacarose e/ou a maltodextrina. Reidratação depois do exercício Você sabia que o período imediatamente após o exercício físico é de extrema importância? Ele serve para restabelecer as reservas hídricas e energéticas, otimizando a condição de saúde e a recuperação muscular. Depois da ativi- dade, a reposição hídrica deve ser fracionada, isto é, em pequenos volumes. O volume a ser reposto é variável conforme a sudorese, a intensidade e o tempo da atividade. Estima-se que para cada 100 gramas de peso corporal “perdido”, sejam necessários em torno de 100 mL de líquidos de reposição (por isso a importância de verifi car o peso antes e após a sessão de exercícios). O consumo de bebidas e refeições com sódio auxilia na recuperação rápida e completa do equilíbrio hidroeletrolítico, pois há estimulação da sede e da retenção de líquidos. Após o exercício, as bebidas com cafeína, à base de cola ou alcoólicas devem ser evitadas, pois aumentam a possibilidade de desidratação. Assim como a reposição de líquidos é fundamental no exercício, o excesso no consumo (hiper-hidratação) deve ser evitado, pois o volume ingerido deve ser proporcional às perdas. A hiper-hidratação pode causar desequilíbrios potencialmente perigosos de eletrólitos, incluindo a hiponatremia, que é uma condição grave. Nela, o nível de sódio no sangue se torna muito baixo, colo- cando em risco a continuidade da vida. Assim, não adianta apenas repor água sem a devida reposição de eletrólitos, quando isso for necessário. Quando consumir bebidas esportivas? As bebidas esportivas podem apresentar diferentes composições em termos de nutrientes e calorias. Elas precisam ser isotônicas, ou seja, sua composição deve apresentar uma concentração de moléculas (osmolaridade) semelhante aos fl uidos corporais, possibilitando que seus ingredientes sejam assimilados e transferidos para o sangue. O principal propósito dessas bebidas é prevenir a 135Hidratação e repositores hidroeletrolíticos desidratação e melhorar o desempenho esportivo, pois representam opções práticas de reposição de água, carboidratos e eletrólitos (minerais), que são perdidos durante os exercícios físicos. A indicação para consumo de bebidas esportivas depende muito do tempo gasto no treino. Todos os exercícios que demandem um período superior a 60 minutos devem incluir o consumo dessas bebidas, lembrando que quanto maior a duração da atividade, maior a necessidade do consumo. A prática esportiva com duração inferior a 60 minutos não exige repositores de eletrólitos ou carboidratos, sendo que a água pura já é suficiente para repor a perda hídrica. A seleção da bebida depende da concentração, da presença ou ausência de carboidrato e do tipo, além da presença de outros componentes. Os tipos de carboidratos mais utilizados nas bebidas esportivas são a sacarose e a glicose. A maltodextrina e a frutose também têm sido utilizadas como fontes alternativas de energia. Além dos carboidratos, o sódio é o elemento mais recomendado para fazer parte da composição das bebidas esportivas, assim como o potássio, mas este é em menor escala. O consumo de uma bebida que contenha carboidratos e eletrólitos em concentração e proporção adequadas, durante a atividade esportiva, ajuda a regular a temperatura corporal e o equilíbrio hídrico com a mesma eficácia da água, mas com um benefício adicional: repõe glicose e preserva o glicogênio durante o exercício prolongado. Aconselha-se que a bebida utilizada para promover a reidratação oral apresente as seguintes características: tenha gosto bom; seja de absorção rápida; cause pouca ou nenhuma alteração/perturbação no sistema digestório; mantenha o volume e a osmolaridade (concentração) do líquido extracelular; possibilite aprimorar o desempenho nos exercícios. Conforme a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, a concentração de car- boidratos das bebidas esportivas não deve ultrapassar 4 a 8%, ou seja, ter de 40 a 80 gramas de carboidrato/litro, ou 4 a 8 gramas de carboidrato/litro. Nutrição na prática esportiva136 137Hidratação e repositores hidroeletrolíticos CARVALHO, T.; MARA, L. S. Hidratação e nutrição no esporte. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, mar./abr. 2010. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/rbme/v16n2/14.pdf>. Acesso em: 09 set. 2016. INSTITUTE OF MEDICINE (IOM). Dietary Reference Intakes (DRIs): Estimated Average Requirements Food and Nutrition Board. Washington, DC: National Academies, 2004. Disponível em: <https://fnic.nal.usda.gov/sites/fnic.nal.usda.gov/files/uploads/ recommended_intakes_individuals.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2016. HERNANDEZ, A. J.; NAHAS, R. M. Diretriz da Sociedade Brasileira de Medicina do Es- porte: modificações dietéticas, repo sição hídrica, suplementos alimentares e drogas: comprovação de ação ergogênica e potenciais riscos para a saúde. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Rio de Janeiro, v. 15, n. 3, supl., p. 3-12, 2009. 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