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Hospitalização da criança Prof.ª Juliana Maria Rêgo Maciel Cardoso Descrição Aspectos históricos, epidemiológicos, conceituais e legais sobre o processo de hospitalização infantil. Propósito O conhecimento do enfermeiro sobre o impacto da hospitalização para criança e sua família é fundamental no planejamento da assistência de enfermagem, possibilitando uma abordagem ética, individualizada, humanizada e holística atendendo, também, os princípios legais da profissão. Objetivos Módulo 1 Segurança do paciente pediátrico Segurança do paciente pediátrico Analisar os conceitos fundamentais a respeito da segurança do paciente na assistência de enfermagem à criança hospitalizada. Módulo 2 Acidentes na infância Discutir os acidentes na infância, considerando os aspectos do desenvolvimento, bem como as peculiaridades do ambiente hospitalar. Módulo 3 O papel da família e o direito de brincar durante a internação Reconhecer os pressupostos que envolvem a família e o direito de brincar durante a internação. Introdução A hospitalização da criança é um tema extenso na área de enfermagem pediátrica, com vários desdobramentos e fundamentação teórica vasta. Por essa razão, este conteúdo é necessário na sua formação em enfermagem, já que, por vezes, ao longo da sua experiência profissional, você terá contato com essa clientela tão peculiar. Você, portanto, precisará conhecer os modelos teóricos e estratégias humanizadas, a fim de nortear o planejamento da assistência de enfermagem prestada a essa clientela. Diante da problemática que envolve a hospitalização infantil, o enfermeiro precisa considerar também os aspectos emocionais da criança e sua família, de modo a proporcioná-la uma assistência livre de danos e pautada nos princípios éticos da profissão. 1 - Segurança do paciente pediátrico Ao final deste módulo, você será capaz de analisar os conceitos fundamentais a respeito da segurança do paciente na assistência de enfermagem à criança hospitalizada. segurança do paciente na assistência de enfermagem à criança hospitalizada. Características físicas da unidade de internação pediátrica O processo de adoecimento e hospitalização da criança configura-se como um episódio que causa muitas transformações na vida da criança e da sua família, ambas impactadas com os efeitos dessa mudança repentina em suas rotinas. As crianças são afetadas de maneiras diferentes, principalmente devido à idade, experiência prévia com a hospitalização e suporte emocional recebido pela família. Em contrapartida, a família teme pelo agravamento do quadro clínico, pela morte do seu ente e, por vezes, pela falta de informação completa e compreensível sobre a patologia, tratamento e procedimentos realizados com seu filho. O enfermeiro se insere nesse contexto de sofrimento, dor e dúvidas em relação ao futuro como um gestor de cuidados, agente promotor de saúde e bem-estar dessa clientela, o que somente é possível por meio do relacionamento empático, humanizado, ético e pautado em princípios científicos e legais. A internação hospitalar de uma criança ocorre por vários motivos, como alteração no quadro hemodinâmico, investigação diagnóstica ou realização de procedimento cirúrgico. Seu principal objetivo é reestabelecer a saúde física, sem que haja comprometimento da saúde psicológica, emocional e social. Vale lembrar que essa clientela é mais vulnerável a esses agravos por causa das características do desenvolvimento, separação dos pais e por apresentar menos mecanismos para lidar com o estresse. Diante das peculiaridades acima mencionadas, há necessidade de que seja garantido um ambiente acolhedor e seguro para a criança e sua família durante todo processo de hospitalização. Considerando as características da formação, o enfermeiro é o profissional mais habilitado para realizar o planejamento do ambiente físico da unidade de internação pediátrica, tendo em vista a humanização da assistência, bem como as necessidades relacionadas ao desenvolvimento da criança, à família e equipe multiprofissional. Recomendações para o ambiente físico da unidade de internação pediátrica Em relação à composição arquitetônica do ambiente físico, todas as unidades em qualquer nível de complexidade devem seguir a Resolução RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Essa resolução é o documento mais atual e adequado para essa orientação, pois considera critérios epidemiológicos, ambientais, culturais e geográficos nos projetos de composição dos estabelecimentos de saúde. Vale destacar que todos os serviços de saúde no Brasil, sejam do setor público e privado, devem considerar todos os itens que compõem essa regulamentação. Em especial, todos os novos estabelecimentos de saúde construídos e no caso de ampliação do espaço físico das unidades. Vamos conhecê-los: Ambiente Dimensionamento Quantificação (min.) Dimensão (min.) Posto de enfermagem 1 posto para cada 30 leitos 6,0m2 Sala de serviço 1 sala para cada posto de enfermagem 5,7m2 Sala de exames e curativos 1 sala para cada 30 leitos (enfermaria que não tenha subdivisão física nos leitos) 7,5m2 Área de prescrição médica 2,0m2 Área de cuidados e higienização de lactentes 1 a cada 12 berços ou fração 4,0m2 Enfermaria de lactentes 15% dos leitos do estabelecimento 4,5m2 por leito/lactente Tabela: Dimensionamento físico da unidade de internação pediátrica. Adaptada da Anvisa, 2002, p. 44. Além de toda especificidade quanto à divisão do espaço físico, os materiais utilizados na composição e acabamento das áreas que integram a unidade de internação pediátrica merecem atenção. É necessário: Quarto de criança Deve haver 1 quarto que possa servir de isolamento a cada 30 leitos ou fração 9,0m2 para quarto de 1 leito Enfermaria de criança Deve haver 1 quarto que possa servir de isolamento a cada 30 leitos ou fração 5,0m2 por leito/criança (máximo de crianças até 02 anos por enfermaria: 12) Enfermaria de adolescente 10m2: quarto de 1 leito 7,0m2/leito: quarto de 2 leitos 6,0m2/leito: enfermaria de 3-6 leitos Área de recreação/lazer/refeitório 1 para cada unidade de pediatria 1,2m2 por paciente em condições de exercer atividades recreativas Área de antecâmara de acesso ao quarto de isolamento 1,8m2 Sala de aula 0,8m2 por aluno acabamento das áreas que integram a unidade de internação pediátrica merecem atenção. É necessário: Paredes e pisos laváveis. Rede de gases (oxigênio, ar comprimido e vácuo). Tomadas de 110 e 220 volts em todos os leitos. Outro ponto de destaque é a estruturação do ambiente físico com a finalidade de acolher a criança e sua família, visto que o Estatuto da Criança e do Adolescente ampara a permanência de um dos pais/acompanhante em tempo integral e a RDC nº 50 considera que seja previsto espaço físico ao lado do leito para poltrona de acompanhante. Essas ações contribuem para maior interação entre criança, família e equipe de enfermagem, facilitando a comunicação e contribuindo para a qualidade da assistência prestada. O enfermeiro que participa com responsabilidade do planejamento da estrutura física dos serviços de internação pediátrica assume uma postura ética e humanizada, e, dessa forma, colabora significativamente para o alcance das metas institucionais no compromisso com a restauração da saúde da criança. Talvez você esteja se perguntando: o que mais precisa ter no ambiente da unidade de internação pediátrica? É importante ressaltar que esse ambiente de prestação de cuidados tenha como primazia a integralidade da assistência, considerando o compromisso com a humanização e a segurança do paciente. O que pode ser favorecido mediante ações de sensibilização e educação permanente com a equipe multidisciplinar. A criança hospitalizada sob a ótica da segurança do A criança hospitalizada sob a ótica da segurança do paciente A segurança dopaciente tem sido um tema bastante discutido mundialmente nos últimos vinte anos. A 55ª Assembleia Mundial de Saúde, em 2002, determinou que os países disponibilizassem maior atenção para o fortalecimento de ações de segurança e monitoramento. A partir disso, foi solicitado que a Organização Mundial da Saúde (OMS) organizasse documentos normativos que auxiliassem os países na estruturação de programas voltados para essa temática (BRASIL, 2013). Em 2004, a partir das recomendações da 57ª Assembleia Mundial de Saúde, a OMS anunciou a “Aliança Mundial para a Segurança do Paciente” com o objetivo de não provocar danos relacionados à assistência à saúde e diminuir os eventos em locais de precariedade nas condições sociais e de saúde. Destaca-se que os componentes da aliança constituem ações em diversas áreas que, unidos, colaboram para salvar vidas (PNSP, 2013). Nesse contexto, a OMS estabeleceu em 2006, juntamente com a Joint Commission, as metas internacionais de segurança do paciente. São elas: Identificar corretamente os pacientes. Melhorar a eficácia da comunicação. Melhorar a segurança dos medicamentos de alta vigilância. Assegurar cirurgias com local de intervenção correto, procedimento correto e paciente correto. Reduzir o risco de infecção associada a cuidados de saúde. Reduzir o risco de danos ao paciente, decorrentes de queda. Essas metas foram estipuladas, pois esses indicadores tratam de temáticas consideradas críticas relacionadas à assistência à saúde e que possuem risco de eventos adversos. Essa aliança tem como primazia ações que fortaleçam a segurança do paciente e a qualidade na prestação de serviços de saúde em todo o mundo. A partir desse movimento global, instituições como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ministério da Saúde (MS) e Fiocruz foram fundamentais no desenvolvimento de programas, gestão e pesquisas para melhoria das ações na área de segurança do paciente. Em especial na área de enfermagem, destaca-se a criação da Rede Brasileira de Enfermagem em Segurança do Paciente (REBRAENSP), com a finalidade de compartilhar informações, ter proximidade com a prática, gestão e ensino de enfermagem, com vistas a identificar fragilidades e propor juntamente mudanças que ofereçam maior segurança aos profissionais, instituições, pacientes e família (FONSECA, 2013). Em 2013, dada a gravidade dos eventos adversos no Brasil, foi instituído o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), por meio da portaria nº 529, de 13 de abril de 2013, com objetivo geral de “contribuir para a qualificação do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de saúde do território nacional” (BRASIL, 2013). Essa política é um grande compilado de instruções para orientação na gestão da segurança do paciente. Considerando o caráter multidisciplinar, une diversas entidades de classe, instituições de saúde e governamentais para promoverem conjuntamente ações que possibilitem maior qualidade dos cuidados em saúde. Joint Commission The Joint Commission (TJC) ou Joint Commission International (JCI) é uma instituição sem fins lucrativos que faz a acreditação das unidades de saúde nos Estados Unidos, ou seja, mede voluntariamente a qualidade dos serviços ou produtos seguindo as normas nacionais ou internacionais. De acordo com o proposto pela PNSP, a prática da segurança do paciente encontra-se intimamente relacionada com a qualidade dos cuidados em saúde, pois prevê uma assistência à saúde baseada em princípios científicos, por meio da capacitação permanente da equipe multidisciplinar e protocolos assistenciais norteados pela cultura de segurança do paciente, bem como a mensuração de indicadores de qualidade e notificação de incidentes. Esse conjunto de estratégias visa minimizar a ocorrência de eventos adversos, considerados como “incidente que resulte em dano ao paciente” (PNSP, 2013), pois são ações que promovem mudanças organizacionais nas instituições de saúde que contribuirão na cultura da segurança do paciente. Saiba mais Segundo a pesquisa realizada pelo IBGE em 2018, o Brasil tem “35,5 milhões de crianças (pessoas até 12 anos de idade), o que corresponde a 17,1% da população estimada no ano, de cerca de 207 milhões” (n. p.). Portanto, dada a relevância populacional, são imprescindíveis ações de promoção da segurança do paciente voltadas para essa clientela, bem como considerar as peculiaridades relacionadas ao crescimento e desenvolvimento existentes. Por que as crianças estão mais susceptíveis a eventos adversos? Por que as crianças estão mais susceptíveis a eventos adversos? Várias características da criança a tornam mais vulnerável e susceptível à ocorrência de eventos adversos. A dificuldade das crianças menores em verbalizarem desconfortos, dores ou até mesmo questionar o profissional sobre um procedimento dificulta a comunicação entre profissional, criança e família, por exemplo. Outro ponto delicado é a questão da falta de medicamentos endovenosos com apresentações especificamente para uso em crianças, havendo necessidade de calcular o fármaco individualmente, considerando peso e superfície corpórea. Além disso, muitos medicamentos utilizados em Pediatria não foram devidamente testados nessa clientela. Soma-se a isso, ainda, de acordo com Fonseca et al. (2013, p. 233), a imaturidade fisiológica da criança, especificamente na “capacidade de absorver, metabolizar e excretar o medicamento” em função da idade e superfície corporal. Desse modo, pode-se afirmar que a administração de medicamentos em Pediatria oferece mais riscos de ocorrência de eventos adversos, principalmente pela necessidade de que o profissional de enfermagem realize diversos cálculos, diluições e rediluições de drogas, triture comprimidos e use doses fracionadas de medicamentos parenterais e enterais. Infusão de medicamentos. Para que seja estabelecida uma cultura de segurança do paciente, a gestão do cuidado precisa ser realizada por profissionais especialistas e experientes no assunto, bem como deve haver um compromisso em atuar em parceria com a equipe multidisciplinar na identificação e resolução de problemas relacionados ao cuidado prestado à criança. Atenção! Cabe ressaltar que o principal propósito da enfermagem pediátrica é aprimorar a qualidade dos cuidados de saúde Cabe ressaltar que o principal propósito da enfermagem pediátrica é aprimorar a qualidade dos cuidados de saúde prestados à criança e sua família. Outra definição fundamental para a realização do processo de enfermagem pediátrica é o cuidado atraumático, que tem como foco não causar danos, por meio de três princípios: “evitar ou minimizar separação entre a criança e família; promover uma sensação de controle e evitar ou minimizar lesões ou dores” (HOCKENBERRY et al., 2014, p. 70). Somando-se a isso, a enfermeira pediátrica é, essencialmente, um agente de promoção do bem-estar da criança e família, por meio da relação terapêutica, caracterizada pela comunicação aberta e papéis bem definidos entre enfermeira, criança e família. A criança hospitalizada no contexto da SAE A racionalização do conhecimento científico é essencial para a atuação profissional na área de saúde. Tanto o raciocínio clínico quanto o processo de enfermagem são primordiais para a ciência da enfermagem, pois constituem uma abordagem holística que contribui para a resolutividade de problemas pautada no método científico de investigação. Holismo O holismo é um conceito que compreende que um sistema não pode ser definido e caracterizado somente pela soma de suas partes, já que o sistema inteiro influencia o modo como as partes se comportam. Devemos entender, assim, o cuidado ao paciente como algo complexo em que as interações entre os processos impactam na qualidade do atendimento prestado a ele. O raciocínio clínico é uma forma estruturada de pensar uma situação clínica, por meio da avaliação, organização e aquisição de conhecimento, que proporciona a resolutividade a respeito doscuidados necessários ao paciente. O processo de enfermagem é uma descrição sistemática do cuidado de enfermagem elaborado por enfermeiros, a partir do raciocínio clínico. Ele é estruturado em 6 etapas, a saber: Primeira etapa Segunda etapa Terceira etapa Quarta etapa A Resolução do COFEN nº 358/2009 delibera a respeito da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e implementação do processo de enfermagem nas instituições de saúde e ambientes onde ocorra o cuidado de enfermagem no Brasil. O documento destaca que o processo de enfermagem deve ser realizado de forma obrigatória e sistemática. Na prática assistencial do enfermeiro, segundo Fonseca (2013), as etapas da SAE precisam ser registradas diariamente no prontuário do paciente, seja ele eletrônico ou manual, com vistas a contribuir com a mensuração dos resultados sobre a assistência de enfermagem. Os impressos tipo checklist são cada vez mais utilizados nas unidades de saúde para coleta de informações do histórico e exame físico. Outra tendência atual é o uso de software para realização da SAE, com os diagnósticos já disponíveis para seleção de acordo com a avaliação clínica do enfermeiro. Em relação à aplicabilidade da SAE, destaca-se que, especificamente na clientela infantil, nem sempre são seguidas as fases na forma como são propostas, pois, por necessidade da criança, pode haver alteração na sequência, até mesmo no exame físico que poderá ocorrer numa direção diferente do céfalo-caudal, sempre respeitando o corpo, ansiedades e inseguranças da criança. Se faz importante incluir a família nesse contexto de cuidado, oferecendo acolhimento durante todo o processo. O reconhecimento das características do desenvolvimento da criança Durante o exame físico da criança, considere as características do desenvolvimento para organizar a abordagem a ela, de acordo com sua fase de desenvolvimento: Lactância Primeira etapa Consiste na verificação do histórico de enfermagem. Segunda etapa Corresponde ao diagnóstico de enfermagem. Terceira etapa Equivale ao planejamento. Quarta etapa Na lactância (do nascimento até 1 ano de idade), é visível o acelerado desenvolvimento motor, cognitivo e social. Além disso, nesta fase, a reciprocidade entre o cuidador possibilita à criança uma compreensão sobre o mundo que será manifesta em suas relações interpessoais. Primeira infância O período da primeira infância (1 ano a 6 anos de idade) é caracterizado por muitas atividades e grandes descobertas, com intenso desenvolvimento físico, motor, de linguagem e de personalidade, apresentando habilidades de constituir relações sociais mais amplas, com aprendizado sobre os padrões de comportamento e capacidade de autocontrole e perícia. Infância intermediária Quanto ao período da infância intermediária (6 a 11/12 anos de idade), muito chamado de fase escolar, caracteriza- se pelo momento em que a criança se insere no mundo mais amplo, para além do grupo familiar, estabelecendo relações com os colegas de escola. O desenvolvimento físico, mental e social é contínuo e acrescido de novas competências e habilidades. Observa-se o desenvolvimento moral do autoconceito, além da cooperação social. Essas informações são cruciais para o enfermeiro na escolha da melhor maneira para abordar a criança durante a realização do processo de enfermagem, pois respeita as individualidades, expressões e linguagem verbal e não verbal, com isso possibilitando maior interação com o mundo da criança e compreensão sobre os comportamentos adotados por elas. Para o enfermeiro pediatra, a adoção de uma postura empática e respeitosa é um ponto favorável na realização da SAE. O que possibilita realizar uma sequência de ações sistematizadas que delimitam a assistência de enfermagem, com vistas a uma abordagem humanizada, integral e holística da criança e família. O cuidado na hospitalização pediátrica Vamos conhecer alguns pontos importantes sobre o cuidado durante a hospitalização pediátrica. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A sistematização da assistência de enfermagem (SAE) é uma atividade realizada pela equipe de enfermagem em diversos âmbitos de atuação profissional. Dentre as afirmativas abaixo, indique a correta. Parabéns! A alternativa B está correta. A SAE é baseada no raciocínio clínico. De acordo com a Res. COFEN 358/2009, a realização da SAE é obrigatória pelo enfermeiro, que deve adotar uma postura empática e respeitosa com a criança e família. O enfermeiro deve considerar a fase do desenvolvimento da criança para auxiliar na abordagem à mesma. Se houver necessidade, as etapas do exame físico podem ser alteradas. Questão 2 As unidades de internação pediátrica precisam ser ambientes organizados. Nesse sentido, pautado na RDC nº 50/2002, informe a alternativa correta da questão. A A SAE em Pediatria é baseada somente nas características de crescimento da criança. B Na etapa do exame físico pediátrico, as características do desenvolvimento da criança devem ser consideradas na abordagem do enfermeiro. C O enfermeiro precisa adotar uma postura rígida e comprometida durante a realização da SAE em Pediatria. D No exame físico da criança, a ordem céfalo-caudal precisa ser impreterivelmente mantida. E A Resolução COFEN nº358/2009 preconiza que a utilização da SAE é opcional no atendimento à criança hospitalizada. Parabéns! A alternativa C está correta. A RDC é um regulamento que deve ser seguido por todas as instituições de saúde, sejam elas públicas ou privadas. Recomenda-se na unidade de internação pediátrica: um posto de enfermagem para cada 30 leitos; distanciamento de 5 metros entre os leitos de enfermaria; espaço físico ao lado do leito destinado à poltrona de acompanhante. A Trata-se de um regulamento a ser adotado apenas por hospitais públicos. B Deve existir um posto de enfermagem para cada 20 leitos pediátricos. C Esse regulamento prevê espaço físico ao lado do leito destinado para poltrona de acompanhante. D O regulamento não prevê espaço para atividades recreativas na infraestrutura da unidade. E A distância entre leitos pediátricos na enfermaria é de 4 metros. 2 - Acidentes na infância Ao final deste módulo, você será capaz de discutir os acidentes na infância, considerando os aspectos do desenvolvimento, bem como as peculiaridades do ambiente hospitalar. Aspectos epidemiológicos dos acidentes na infância Falar sobre acidentes na infância é bastante desafiador, sendo que são considerados uma epidemia mundial que acomete mais de 1 milhão de crianças por ano, levando-as à morte. No Brasil, as estatísticas também são alarmantes, pois os acidentes constituem a principal causa de morte entre crianças e adolescentes com idade entre 1 e 14 anos, indicando que se trata de um grave problema de saúde pública, que mata 9 brasileirinhos por dia e leva à hospitalização de 12 crianças por hora. De acordo com informações do Datasus, em 2018, aproximadamente 3,3 mil crianças e adolescentes perderam a vida em decorrência de acidentes, indicando uma redução neste dado em mais de 46% nas duas últimas décadas (CRIANÇA SEGURA, s. m d.). O alcance na redução desse indicador ocorreu em função dos múltiplos esforços de entidades governamentais, sociedade civil organizada e da organização não governamental (ONG) Criança Segura, vinculada à rede global Safe Kids Worldwide, por meio da atuação em rede, apresentação de propostas de políticas públicas, disseminação de informações por meio da imprensa, monitorização e elaboração de leis, que tragam como pauta a prevenção de acidentes na infância. As ações estabelecidas são norteadas pelos dados sobre os acidentes na infância. Em 2019, as principais causas de morte por acidente no país foram as seguintes: 30% de acidentes de trânsito; 26% de afogamentos; 24% de sufocação; 6% de queimaduras; 5% de quedas. Para alcance na redução desses indicadores, a ONG CriançaSegura lançou o curso Criança segura no trânsito, campanha Maio Amarelo, com objetivo de prevenir acidentes de trânsito, e o lançamento do e-book Cuidados com o bebê, com enfoque na prevenção de sufocação e quedas em bebês. Em relação à idade das crianças acometidas por acidentes fatais, dados de 2018 indicam que mais de 50% desses incidentes ocorrem em crianças de 0 a 4 anos de idade. O que mobilizou a ONG Criança Segura na campanha Cuidados com a vida, para informar gestantes, pais e responsáveis sobre a necessidade de cuidados que promovam segurança de bebês, ainda durante a gestação. Acidentes de trânsito Os acidentes de trânsito ocupam o primeiro lugar no ranking nessa lista, esse evento ocorre principalmente quando a criança ocupa o veículo e, depois, por atropelamento (CRIANÇA SEGURA, s. d.). Afogamentos Em relação aos afogamentos, estes ocorrem em locais como piscinas, rios, lagos, mar, banheiras e baldes (CRIANÇA SEGURA, s. d.). Sufocação A sufocação é mais comum em bebês com até 1 ano de idade, por obstrução das vias aéreas, ocasionada por brinquedos, pequenos objetos ou alimentos e secreção gástrica (CRIANÇA SEGURA, s. d.). Exemplo No ano de 2020, a pandemia do coronavírus impactou o mundo com a obrigatoriedade de isolamento social, causando mudanças nas rotinas familiares, com as crianças integralmente em casa e, por vezes, com seus pais em regime de trabalho home office. Essa nova configuração social mobilizou a ONG Criança Segura em diversas ações de prevenção de acidentes, como o lançamento do e-book Casa segura, da campanha Prevenção de acidentes na quarentena e o curso on-line Prevenção de acidentes no dia a dia. (CRIANÇA SEGURA, s. d.). Nesse contexto, o enfermeiro se insere como agente promotor na prevenção de acidentes na infância, por meio da educação em saúde, principalmente em ambientes como a Unidade Básica de Saúde e por meio do Programa Saúde na Escola. Outra possibilidade de atuação desse profissional é a realização de estudos científicos, com parcerias entre universidades, instituições de saúde, comunidade e instituições governamentais e não governamentais. Outra grande preocupação em torno dessa temática é a morbidade relacionada aos acidentes nessa clientela. No ano de 2019, foram responsáveis por 120 mil internações de crianças em estado grave, nas unidades hospitalares no país. No Brasil, as principais causas de internação por acidente, ocorridas em 2019, em crianças e adolescentes de 0 a 14 anos, foram: 47% de quedas; 29% de queimaduras; 19% de intoxicação; 10% de trânsito. Ressalta-se que os acidentes responsáveis pelas internações se diferem dos que causam morte em crianças no Brasil. Entretanto, esses dados sofrem diferenças estatísticas regionais (CRIANÇA SEGURA, s. d.). Em relação à maneira como esses acidentes ocorrem, as quedas acontecem do sofá, cama, berço, janela e parques. Já as queimaduras são eventos traumáticos para a criança e ocorrem em função de contato com chamas, parques. Já as queimaduras são eventos traumáticos para a criança e ocorrem em função de contato com chamas, líquidos quentes ou choques elétricos. Tendo em vista o conteúdo abordado neste módulo, é notória a necessidade do uso de estratégias educativas, baseadas em dados epidemiológicos, que sejam voltadas para as especificidades da criança, em suas fases do desenvolvimento, para que haja o planejamento das ações de prevenção de acidentes na infância. Risco de acidentes em crianças de 0 a 1 ano Agora que você já sabe quais são as principais causas de acidentes na infância, conversaremos sobre as características do desenvolvimento cognitivo das crianças que poderão representar um comportamento que características do desenvolvimento cognitivo das crianças que poderão representar um comportamento que ofereça maior risco de eventos desencadeadores de acidente, também considerado como “injúria não intencional, causada pelo desequilíbrio entre indivíduo e ambiente” (FONSECA, 2013, p. 86). A infância é o período da vida marcado por transformações corporais e desenvolvimento. Os sistemas do organismo estão gradativamente em maturação, paralelamente com o desenvolvimento de habilidades que possibilitam a interação da criança com o meio. As habilidades finas e grossas adquiridas pela criança acontecem no sentido do centro para a periferia. No primeiro ano de vida, o crescimento do corpo é acelerado, assim como da cabeça do bebê, o que indica o crescimento e diferenciação do sistema nervoso. O desenvolvimento do cérebro pode ser verificado pela substituição dos reflexos primitivos por movimentos voluntários, planejados e outros reflexos que estimulam o desenvolvimento motor. As principais habilidades motoras finas e grossas adquiridas pela criança no primeiro ano de vida são: O aumento gradativo de agarrar objetos, passando para garra em pinça que inicialmente é rudimentar e posteriormente torna-se estável. A estabilidade da cabeça acontece por volta dos 6 meses. A capacidade de rolar de decúbito dorsal para ventral, por vontade do bebê, ocorre perto dos 6 meses. A habilidade de se sentar é desenvolvida ao longo dos meses, até que, aos 8 meses, o bebê já tem condições de sentar-se sozinho sem apoio. A locomoção acontece por meio do padrão céfalo-caudal, em que as habilidades são adquiridas nos braços e depois com as pernas (com 9 meses o bebê está apto a engatinhar, aos 11 meses já fica de pé e se apoia na mobília com as duas mãos apoiadas, depois, os primeiros passos são observados, geralmente até o primeiro ano de idade). Vejamos alguns exemplos destas habilidades motoras mencionadas anteriormente: Bebê em decúbito ventral Bebê sentado Bebê engatinhando Bebê dando seus primeiros passos Você acha que as habilidades motoras alcançadas pela criança em seu primeiro ano de vida oferecem risco para acidentes? acidentes? A resposta é sim. Existem muitos riscos de acidentes nessa faixa etária da criança, que serão abordados separadamente a seguir. Contudo, há uma habilidade motora desenvolvida, aproximadamente aos 7 meses de idade, que pode ser considerada uma ação preventiva, que é o reflexo protetor de quedas. Vejamos alguns dos riscos relacionados às habilidades: De rolar Com relação aos acidentes relacionados à capacidade de rolar do bebê, pode-se destacar o risco da síndrome da morte súbita do lactente (SMSL), ocorrida em função da colocação errônea do posicionamento do bebê em decúbito lateral na hora de dormir: ele se vira de decúbito ventral, aumentando o risco para SMSL. O fato de o bebê rolar sozinho também pode ocasionar queda da cama ou berço se não houver grades. Motoras grossas No grupo das habilidades motoras grossas, a autonomia de sentar-se sozinho sem apoio é alcançada gradualmente pelo bebê. Durante o desenvolvimento dessa capacidade, o bebê tem risco de quedas de cadeiras e sofás. A locomoção, especificamente, quando o bebê anda com apoio ou não é outra habilidade que aumenta o risco de queda da própria altura. Motoras finas A respeito das habilidades motoras finas, o ato de segurar os objetos, desde o desenvolvimento rudimentar até o movimento de pinça, possibilita o bebê a segurar vários objetos e brinquedos. Inicialmente, objetos e brinquedos maiores e, depois, o bebê é capaz de levar à mão pequenos brinquedos ou peças que poderão ser levados à boca, aumentando o risco de obstrução das vias aéreas por corpo estranho (OVACE). O risco de lesões ocasionadas por acidentes na faixa etária de 0 a 1 ano de idade inclui outros cuidados recomendados por Hockenberry et al. (2014) para pais e cuidadores. São alguns deles: recomendados por Hockenberry et al. (2014) para pais e cuidadores. São alguns deles: Oferecer alimentos sólidos em pedaços pequenos. Não agitar ou despejar o frasco de talco no lactente. Verificar a temperatura da água do banho e também dos líquidos a serem oferecidos ao lactente. Não fazer ingestão de alimentos quentes com o bebê no colo. Não deixar a criançasozinha no carro estacionado nem em banheira. Evitar brincadeiras com balão de látex. Colocar os brinquedos, objetos pequenos e produtos de limpeza fora do alcance dos lactentes. Inserir tampas de segurança em tomadas elétricas. Manter os baldes maiores vazios ou fora do alcance da criança. O contexto da prevenção de lesões não intencionais em crianças é extenso, principalmente na fase de 0 a 1 ano de idade como foi possível observar acima. A responsabilidade em salvaguardar a vida da criança é da família, governo, população em geral e profissionais de saúde. O enfermeiro ocupa local de destaque na prevenção de acidentes, pois possui contato com a família em diversos ambientes de atuação profissional, como educação em saúde, consultas de puericultura, sala de vacinação e visita domiciliar. Esses espaços são oportunidades para atuação do enfermeiro como agente promotor da prevenção de acidentes com a criança. Prevenção de acidentes com a criança hospitalizada O ambiente hospitalar é um espaço que pode oferecer riscos para todos os que se encontram nele, em especial para as crianças durante o processo de hospitalização, principalmente se os profissionais de saúde não estiverem atentos aos possíveis agravos relacionados ao ambiente, bem como na ausência de manutenção preventiva. Nesse sentido, o enfermeiro deve aproveitar o período da internação hospitalar para realizar com criança e acompanhante ações de enfermagem de educação em saúde, sobre a prevenção de acidentes. Outra possibilidade de atuação do enfermeiro, segundo Almeida e Sabatés (2018), relaciona-se com a colaboração junto aos profissionais no planejamento, organização da composição arquitetônica da unidade hospitalar e até mesmo na escolha de mobiliário que seja consonante com a idade da criança, com a finalidade de minimizar os riscos relacionados ao ambiente. É preciso ter atenção também durante as brincadeiras na unidade hospitalar, tendo cuidado e verificando as especificidades dos brinquedos utilizados. Quanto ao risco de toxicidade dos materiais, desprezar os invólucros de plástico, não utilizar brinquedos que ofereçam risco de aspiração de corpo estranho ou que tenham pontas afiadas. Somando-se a isso, de acordo com Almeida e Sabatés (2018), no cotidiano das unidades pediátricas, as ações de prevenção de acidentes podem incluir: Uso de equipamentos de segurança, como travas de gavetas, vasos sanitários e portas, protetores de tomadas elétricas, proteção de quinas de móveis e grades de berços com largura de 6cm a 8cm entre elas. (ALMEIDA E SABATÉS, 2018, n. p.) Dada a complexidade de temática e dos riscos de aumento dos gastos hospitalares, gravidade e piora do estado clínico causados pelo acidente no ambiente hospitalar, a prevenção de quedas é uma atividade de segurança do clínico causados pelo acidente no ambiente hospitalar, a prevenção de quedas é uma atividade de segurança do paciente que deve ser realizada por toda equipe multidisciplinar. Embora haja, segundo Vieira et al. (2019), uma carência de estudos que mensurem a ocorrência de quedas em crianças, a sua importância é tão significativa, que a redução de riscos de danos decorrentes de queda é um indicador internacional de qualidade da assistência prestada, é uma meta internacional de segurança do paciente e faz parte da política nacional sobre o tema. Qual a participação do enfermeiro pediatra na redução do risco de queda? O enfermeiro pode atuar de várias formas na prevenção desse grave incidente. Uma delas é oferecer treinamentos por meio da educação permanente, para toda a equipe multidisciplinar, a fim de simular situações cotidianas que oferecem riscos, com ensino de estratégias preventivas e esclarecer dúvidas sobre o tema. No dia a dia da unidade de internação pediátrica, é imprescindível a elaboração do protocolo de queda institucional, que determina o monitoramento dos eventos de queda ocorridos na unidade, assim como indica os devidos encaminhamentos no momento do incidente, com acompanhamento das repercussões na evolução clínica da criança. Ainda no âmbito da prevenção, a atuação do enfermeiro perpassa pela realização diária da anamnese e exame físico da criança, além da observação criteriosa da terapêutica medicamentosa, considerando a interferência que alguns medicamentos podem causar na capacidade de locomoção e estabilidade da criança. Essas informações influenciarão na avaliação diária do cliente quanto ao risco de queda e contribuirão na sistematização da assistência de enfermagem, em especial no plano de cuidados. Escalas de avaliação do risco de quedas em crianças Escalas de avaliação do risco de quedas em crianças Atualmente, existem duas escalas de avaliação do risco de quedas em crianças: a escala Champs Pediatric Fall Risk Assessment Tool (Ferramenta de Avaliação de Risco de Queda), que, segundo os autores, necessita de estudos aprofundados para validação, e a escala Humpty Dumpty, mais utilizada por oferecer maior confiabilidade. Os dados coletados pelo enfermeiro na visita à criança e acompanhante, juntamente com os dados do prontuário, possibilitam o preenchimento da escala Humpty Dumpty adaptada. A escala é composta por parâmetros (idade, sexo, diagnóstico, fatores ambientais e medicações utilizadas) pontuados por meio de critérios. A soma desses pontos determina o risco de queda da criança. É o que pode ser observado a seguir: Parâmetros Critérios Pontuação Idade Menores de 3 anos 3 a 6 anos 7 a 12 anos Acima de 13 anos 4 3 2 1 Sexo Masculino Feminino 2 1 Diagnóstico Neurológico Alterações da oxigenação (diagnóstico respiratório), desidratação, anorexia, anemia, síncope/tonturas Transtornos psíquicos Outros diagnósticos 4 3 2 1 Fatores ambientais História de queda/bebê em cama Crianças com aparelho auxiliar de marcha/bebê em berço/quarto com muito equipamento/quarto com iluminação fraca Criança acamada 4 3 2 1 Criança que deambula Medicações utilizadas Uso de dois ou mais dos seguintes medicamentos: sedativos, hipnóticos, barbitúricos, antidepressivos, laxantes, diuréticos e narcóticos Um dos medicamentos acima mencionados Outros medicamentos/nenhum 3 2 1 Deficiências cognitivas Não consciente das suas limitações Esquece suas limitações Orientado de acordo com suas capacidades 3 2 1 Cirurgia/sedação/anestesia Há 24 horas Há 48 horas Há mais de 48 horas 3 2 1 Tabela: Escala Humpty Dumpty. Adaptada de: IBPS, 2020, s.p. De acordo com a escala, as crianças menores de 3 anos, o uso de drogas sedativas e ser do sexo masculino são fatores que aumentam o risco de queda. Após a realização do somatório, é possível identificar se a criança tem pontuação de 7 a 11 pontos, indicando baixo risco de queda, ou se apresenta alto risco de queda, com pontuação de 12 a 22 pontos. Essa escala funciona como um instrumento facilitador da assistência de enfermagem, pois possibilita uma percepção exata das crianças com maior risco de dano relacionado à queda na unidade de internação pediátrica. Atenção! Vale ressaltar que o uso de estratégias na promoção da segurança da criança na unidade hospitalar é um desafio para o enfermeiro pediatra, que inclui a necessidade de parceria entre a equipe multidisciplinar. Estabelecer um ambiente físico que favoreça a segurança da criança é uma importante questão de saúde pública e a discussão a respeito do tema ultrapassa as barreiras hospitalares, alcançando espaços como escola e domicílio. O uso da escala Humpty Dumpty na prevenção de quedas nas crianças hospitalizadas Com a ajuda do vídeo a seguir, você descobrirá como deve ser aplicada a escala Humpty Dumpty na unidade de internação pediátrica. Assista: Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Em relação à escala Humpty Dumpty, que mensura o risco de quedas em crianças hospitalizadas, marque a opção correta. Parabéns! A alternativa C está correta. A escala Humpty Dumpty é utilizadapara mensurar o risco de queda em crianças hospitalizadas, sendo considerada um instrumento útil na segurança do paciente. Algumas situações indicam maior risco de queda, são elas: o sexo masculino, o uso de sedativos e a idade da criança menor que 3 anos. A pontuação da escala sinaliza as crianças com baixo ou alto risco de queda. Questão 2 A A escala Humpty Dumpty não pode ser utilizada se a criança estiver sedada. B Não há diferença entre o risco de queda e o sexo da criança. C As crianças menores de 3 anos de idade possuem maior risco de queda. D Essa escala funciona como um instrumento pouco útil para a equipe de enfermagem. E A pontuação da escala indica três tipos de risco de queda: baixo, médio e alto. A respeito dos riscos de acidentes na infância relacionados às habilidades do desenvolvimento, sinalize a opção correta. Parabéns! A alternativa D está correta. O risco de acidentes em crianças menores de 1 ano é grande e, por isso, os profissionais de saúde envolvidos precisam conhecer as características do desenvolvimento e os principais riscos de acidentes associados. O posicionamento do bebê lateralizado aumenta o risco para morte súbita, à medida que ele, por volta dos 6 meses, pode rolar e adotar o decúbito ventral. As habilidades motoras finas aumentam o risco de obstrução das vias aéreas por corpo estranho. O reflexo protetor de quedas se desenvolve aos 7 meses e pode diminuir o impacto da queda. Aos 11 meses de idade, a criança geralmente já fica em pé com apoio, o que aumenta o risco de queda da própria altura. A Os bebês menores de 3 meses, devido à capacidade de rolar, possuem alto risco de queda da cama ou berço. B O desenvolvimento das habilidades motoras finas não oferece à criança risco de acidente. C Por volta dos 11 meses é baixo o risco de queda da própria altura. D O reflexo protetor de quedas se desenvolve por volta de 7 meses e pode ser um aliado na ocorrência de quedas em bebês. E O posicionamento do bebê em decúbito lateral diminui o risco de ocorrer a morte súbita do lactente. 3 - O papel da família e o direito de brincar durante a internação Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer os pressupostos que envolvem a família e o direito de brincar durante a internação. Aspectos históricos e legais sobre a hospitalização da criança Para que o enfermeiro conheça as demandas atuais da assistência de enfermagem à criança hospitalizada no Brasil, é preciso um mergulho na história dessa construção no âmbito internacional. Um dado interessante, segundo Brasil, é preciso um mergulho na história dessa construção no âmbito internacional. Um dado interessante, segundo Ariès (1981), é que o interesse e desenvolvimento de pesquisas relacionadas à criança só ocorreram no século XIX, além disso, não há informações históricas sobre elas antes do século XVI. Fatos esses que apontam para a pouca importância dada a essa clientela no passado. Diante dessa invisibilidade, somente no final do século XIX, após a Revolução Industrial, é que houve diversas transformações na área da Medicina, bem como mudanças significativas na assistência à criança hospitalizada. Nessa mesma época, em Paris, ocorreu uma expansão dessa especialidade e uma organização da assistência prestada (LIMA, ROCHA E SCOCHI, 1999; ARAÚJO et al., 2014). Crianças sendo atendidas por médicos e seus assistentes. De fato, a assistência à saúde da criança se desenvolveu, mas sob o ponto de vista do risco de transmissão de infecção. Essa visão colaborou para o isolamento criterioso das crianças internadas. Logo, o resultado dessas ações corroborou para o distanciamento da criança, família e profissionais de saúde. No Brasil, segundo Souza e Oliveira (2004), o desenvolvimento da área de saúde ocorreu no início do século XX. Esse avanço foi marcado na área de Pediatria, pela subdivisão do ensino e da abertura de dois hospitais especializados no Rio de Janeiro. Em relação aos programas de saúde voltados para essa clientela, segundo Araújo et al. (2014), no Brasil, as primeiras iniciativas surgiram nas décadas de 1930 e 1940, tendo como foco central ações curativas, para reduzir a ausência no ofício das mães que trabalhavam. O atendimento no ambiente hospitalar era realizado por médicos, enfermeiras e auxiliares de enfermagem, baseado na concepção amplamente difundida entre os profissionais de que os pais ofereciam risco de transmissão de doenças para as crianças. Por essa razão, durante o período de hospitalização, as visitas eram limitadas. Comentário Naquela época, para além dessa postura organizacional do hospital tão impositiva e restritiva, que distanciava a Naquela época, para além dessa postura organizacional do hospital tão impositiva e restritiva, que distanciava a criança da sua família, existiam pesquisadores na área da psicanálise, como René Spitz, Winnicott e Bowlby, que foram atemporais e muito contribuíram na construção de conhecimento sobre o desenvolvimento infantil, sobre o impacto emocional do distanciamento materno da criança e sobre a importância do estabelecimento de vínculo entre mãe e bebê. Desse modo, segundo Brum e Schermann (2004), a discussão central das teorias desses renomados cientistas foi fundamental para mudar a maneira como os pais/familiares eram vistos pelos profissionais de saúde e unidades hospitalares pediátricas no mundo, o que possibilitou maior aceitação dessas unidades quanto à visitação regular dos pais. Com vistas a atender às necessidades da criança hospitalizada, foram organizados em 1959 o Relatório Platt e a Declaração Universal dos Direitos da Criança. Ambos os documentos propuseram alterações nesse atendimento prestado a elas. As principais contribuições incluem a valorização do papel da família, considerando sua função protetora e necessária. O Relatório Platt também apoia a percepção da criança como uma pessoa singular, com direito a realizar atividades lúdicas e pedagógicas, bem como ser atendida por profissionais especialistas durante a fase da hospitalização. Esses documentos foram fundamentais na discussão e elaboração no Brasil da Lei nº 8069, de 13 de julho de 1990: Estatuto da Criança e do Adolescente. Crianças lendo a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH). A Lei nº 8069 é um instrumento normativo, considerada um grande marco legal dos direitos das crianças e adolescentes no país. Dentre os diversos artigos que compõem essa lei, o capítulo I aborda sobre os direitos à vida e à saúde, trazendo as informações concernentes ao dever do Estado, família e sociedade diante do desafio de proporcionar a esses informações concernentes ao dever do Estado, família e sociedade diante do desafio de proporcionar a esses grupos uma assistência à saúde mais humanizada e pautada em princípios científicos. Outro documento que corroborou para a ampliação da abordagem à criança hospitalizada numa visão mais holística foi a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC). Esse documento vislumbra a família como responsável pelo cuidado da criança em paralelo com os profissionais de saúde, indicando o papel central da família no processo de hospitalização da criança. É imprescindível que o enfermeiro, ao planejar a assistência de enfermagem prestada à criança na unidade hospitalar, considere os aspectos históricos e legais que devem respaldar o seu agir cotidiano como profissional de saúde. A enfermagem no cuidado da criança e família no hospital Ao longo da história, dentre as profissões da área da saúde, a enfermagem é uma das que mais interage com a família, o que ocorre devido à sua característica de prestação de cuidados contínuos ao paciente, promovendo, com isso, encontros com a família. Vale destacar que muitos estudos científicos têm sido realizados nessa temática, provocando disseminação de informações a respeito da atuação da equipe de enfermagem junto à família (PINTO et al., 2010). Contudo, em especial no Brasil, muitas mudanças ainda são necessáriasna assistência de enfermagem prestada à criança e à família no ambiente hospitalar. Dessa maneira, nas últimas décadas, muitas mudanças em relação ao cuidado de enfermagem pediátrica têm ocorrido em todo o mundo, passando de um modelo baseado na visão hospitalocêntrica (atuação centrada no ocorrido em todo o mundo, passando de um modelo baseado na visão hospitalocêntrica (atuação centrada no hospital) para um cuidado concentrado nas necessidades da criança e da família. Segundo Almeida e Sabatés (2018), a perspectiva de cuidado adotada é escolhida mediante a filosofia do hospital, o que influenciará em todos os espaços do ambiente institucional, de modo que uma pessoa comum possa perceber o tipo de cuidado validado naquela instituição. Considerando uma abordagem mais humanizada e pautada nos princípios históricos, éticos e legais, enfatizaremos neste texto o Cuidado Centrado na Família (CCF). Cuidado Centrado na Família (CCF) Um dado relevante foi a construção histórica dessa nomenclatura. Segundo Johnson et al. (2008), em 1969, foi criado o termo medicina de cuidado ao paciente, adaptado para cuidado centrado no paciente. O objetivo inicial era verificar o cuidado de enfermagem prestado no hospital e pensar sobre a autonomia, a partir da perspectiva dos pacientes pediátricos e familiares. Em 1990, houve o acréscimo da palavra família e a junção de esforços para a criação do Instituto de Cuidado Centrado na Família. Na enfermagem, o termo mais utilizado é Cuidado Centrado na Família (PINTO et al., 2010). O modelo de Cuidado Centrado na Família, de acordo com Johnson et al. (2008), emergiu a partir da concepção da família como algo indispensável na vida de seus membros. Adicionado a isso, considera-se como fator de risco o isolamento social causado pela hospitalização, que prejudica os membros mais frágeis, como é o caso das crianças. Mediante a isso, é pertinente que a equipe de saúde estimule a manutenção dos vínculos familiares. Esse modelo de cuidado é constituído por quatro pressupostos centrais: Dignidade e respeito Primeiramente, os pacientes e familiares são ouvidos pelos profissionais de saúde e seus pensamentos e decisões são respeitados. No planejamento e prestação de cuidados, são consideradas as crenças, valores, conhecimento e cultura do paciente e família. Em sequência, os profissionais de saúde estabelecem uma comunicação imparcial e completa, dividindo informações úteis com os pacientes e família. Com a escolha do nível de participação, pacientes e familiares são estimulados a participarem no cuidado e tomada de decisões. Os pacientes e família são inseridos como base de apoio na instituição por meio da contribuição na avalição de programas e políticas com vistas a melhorar os cuidados de saúde e educação dos profissionais. Dentre os objetivos do Cuidado Centrado na Família, segundo Johnson et al. (2008), destaca-se a promoção do bem-estar e saúde, além de devolver controle e dignidade do paciente e família. Nessa perspectiva, a concepção de família é ampla e delimitada por seus membros, as ações de cuidado incluem o biológico, social, emocional e de desenvolvimento. Com base nesse modelo, a enfermagem pediátrica tem as orientações necessárias para adoção de uma assistência humanizada e ética, o que pode ser evidenciado na gestão da unidade de internação pediátrica, com ações de planejamento organizacional para possibilitar a permanência integral e escuta ativa de um membro da família da criança ou como enfermeira plantonista, por meio da comunicação imparcial e completa com o familiar acompanhante e realização das etapas do processo de enfermagem durante o cotidiano da unidade. Dessa forma, a família é estimulada no exercício da sua autonomia, por meio da participação na tomada de Dignidade e respeito Informações compartilhadas Participação Colaboração decisão, mediante as informações compartilhadas com ela que subsidiam suas escolhas. A criança é beneficiada com a segurança que sente em ter seu ente querido ao seu lado, minimizando o sofrimento e aliviando o estresse. O brincar durante o processo de hospitalização da criança A hospitalização é um evento que comumente causa estresse na criança, independentemente da sua idade, o que pode ocasionar alterações emocionais e psicológicas se não houver atenção por parte da equipe multiprofissional. Em especial, a assistência de enfermagem tem como primazia o atendimento da criança em sua singularidade, considerando os aspectos biopsicossociais, com vistas a cuidado integral e humanizado. Nesse contexto, o brincar se mostra uma estratégia humanizada para minimizar os efeitos da hospitalização e deve ser utilizado pela equipe de enfermagem no exercício diário das atividades assistenciais. Os efeitos dessa prática com a criança no ambiente hospitalar incluem: possibilidade de comunicação entre enfermeiro e criança, estratégia para transmitir informações sobre procedimentos invasivos, satisfazer as necessidades recreacionais e amenizar o sofrimento. O brincar, de uma forma geral, representa diversão e recreação e é considerado uma característica peculiar da criança, mesmo em situações como adoecimento e hospitalização. Para Hockenberry et al. (2014), o aprendizado proveniente do brincar não pode ser ensinado por ninguém, a criança aprende sobre o mundo, sobre ela mesma e como se adaptar às demandas da sociedade. Comparativamente, a criança se relaciona com a brincadeira da mesma forma que o adulto com o trabalho. A equipe de saúde precisa compreender que o brincar é uma necessidade básica, mesmo durante a hospitalização da criança, devendo ser tão valorizado quanto os procedimentos cotidianos, como higiene, verificação de sinais vitais e administração de medicamentos. Assim, não pode considerada uma atividade a ser realizada se houver tempo para tal. Ao contrário, segundo Almeida e Sabatés (2008), a assistência à criança hospitalizada precisa ter como objetivo a recuperação da doença, mas também as necessidades individuais relacionadas ao crescimento e desenvolvimento. Classificação das brincadeiras Classificação das brincadeiras Considerando as etapas do desenvolvimento, as brincadeiras podem ser classificadas de várias formas, conforme o conteúdo da brincadeira, participação da criança, atividade desenvolvida e finalidade (ALMEIDA; SABATÉS, 2008; HOCKENBERRY et al., 2014). A respeito do conteúdo da brincadeira, ele segue uma ordem crescente do simples ao complexo. São elas: brincadeira socioafetiva; brincadeira de estimulação sensorial; brincadeira de habilidade; comportamento de não ocupação; brincadeira dramática ou faz de conta e jogos. Em relação ao aspecto social da brincadeira, a interação ocorre inicialmente entre crianças e adultos, mas elas vão desenvolvendo habilidades para jogarem sozinhas. Com o passar dos anos, as crianças vão adquirindo interação crescente com os colegas na mesma faixa etária, indicando o processo de socialização. Exemplo Essa característica da brincadeira pode ser evidenciada no jogo de disputa que ocorre entre duas crianças de 1 a 3 anos de idade, pois são motivadas por suas necessidades pessoais que não aceitam atrasos ou acordos. Entretanto, com crianças de 5 a 6 anos de idade, há possibilidade de acordos ou se usa o livre arbítrio. Mediante a crescente interação social desenvolvida pela criança, elas passam a participar de brincadeiras com outras crianças. São brincadeiras sociais: brincadeira de espectador, brincadeira solitária, brincadeira paralela, brincadeira associativa e brincadeira cooperativa (HOCKENBERRY et al., 2014). Quanto à finalidade da brincadeira, existem quatro tipos, são elas (ALMEIDA; SABATÉS, 2008): Recreativa Neste tipo de brincadeira a criança se diverte e satisfaz sua necessidade recreacional. Estimuladora Este tipo, especificamente, contribui para o desenvolvimento sensório-motor, intelectual, social e a criatividade de forma natural por meio da manipulação e exploração.Socializadora É na brincadeira socializadora que as relações sociais são aprendidas durante as brincadeiras simbólicas com outras crianças, representada por papéis sociais definidos, como papel sexual (feminino e masculino) e padrões sociais de comportamento. Terapêutica ou catártica Este tipo de brincadeira é utilizado para identificar conflitos vivenciados pela criança e também tem a função curativa, à medida que alivia a ansiedade. A brincadeira terapêutica é considerada o fundamento da ludoterapia, técnica da psicoterapia infantil e brinquedo terapêutico. Pode-se afirmar que ludoterapia é uma técnica da Psiquiatria utilizada como tratamento de crianças com distúrbios emocionais, neuróticas ou psicóticas, por meio de sessões realizadas por terapeutas (médico, psicóloga e enfermeiro psiquiatra), em ambientes controlados e com duração de 30 minutos a 1 hora. A finalidade é conscientizar a criança sobre seus sentimentos e atitudes, como também sobre suas expressões verbais e não verbais. De diferente modo, o brinquedo terapêutico (BT) é estruturado e tem a finalidade de diminuir a ansiedade da criança em situações adversas à sua idade, que geralmente são assustadoras. Atenção! Nesses casos, a recreação não é suficiente para solucionar as demandas emocionais da criança, o seu uso é Nesses casos, a recreação não é suficiente para solucionar as demandas emocionais da criança, o seu uso é indicado em situações em que haja dificuldades de compreensão e enfrentamento da experiência. Pode ser utilizado para preparar a criança por meio da dramatização sobre procedimentos terapêuticos, com manuseio de instrumentos e materiais, favorecendo o esclarecimento de dúvidas e alívio de tensões (ALMEIDA; SABATÉS, 2008). Além disso, o BT pode ser classificado como: dramático ou catártico, em que o foco é possibilitar o alívio do estresse da criança; instrucional, utilizado para instruir a criança para procedimentos, e capacitor de funções fisiológicas, que visa ensinar sobre o controle das funções fisiológicas (ALMEIDA; SABATÉS, 2008). É importante destacar que o brinquedo terapêutico é uma técnica que traz benefícios para a criança hospitalizada, atuando como estratégia humanizada na redução da ansiedade e outros sinais de sofrimento emocional apresentados pela criança. De acordo com a Resolução COFEN nº 546/2017, a equipe de enfermagem deve utilizar a brincadeira/brinquedo terapêutico com a clientela pediátrica, por meio das etapas do processo de enfermagem, elaborado e registrado em prontuário pela enfermeira, bem como realizada por técnicos de enfermagem sob supervisão e prescrição do enfermeiro. A enfermagem pediátrica e o cuidado centrado na família O vídeo a seguir apresentará os pressupostos do cuidado centrado na família e seus desdobramentos para enfermagem pediatríca. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O brincar é uma necessidade da criança que precisa ser atendida para que o crescimento e desenvolvimento físico, mental, emocional e a socialização transcorram da melhor forma possível. Quanto à atividade de brincar, marque a opção correta: I. O uso do brinquedo pelo enfermeiro é recomendado e regulamentado pelo Conselho Federal de Enfermagem, por meio da Resolução nº 546/2017, que reza: “compete à equipe de enfermagem que atua na área pediátrica a utilização da técnica do brinquedo/brinquedo terapêutico, na assistência à criança e família hospitalizadas”. II. Para o brinquedo terapêutico instrucional, o material selecionado deve estar relacionado ao procedimento que deverá ser demonstrado. III. O brinquedo terapêutico dramático ou catártico pode ser utilizado para auxiliar a criança a minimizar o sofrimento relacionado à hospitalização. IV. O brinquedo terapêutico tem apenas como finalidade distrair a criança e é considerado uma atividade não estruturada. A Somente a alternativa I está correta. Parabéns! A alternativa D está correta. O brinquedo terapêutico é uma estratégia estruturada, regulamentada pela Res. COFEN nº546/2017, que tem como finalidade reduzir a dor e sofrimento relacionados com a hospitalização. O papel do brinquedo dramático é aliviar a dor por meio da dramatização. Já o brinquedo instrucional prepara a criança para um procedimento com uso de materiais para simular. Questão 2 (UNIFESP 2018 – Enfermeiro Pediatra) Ao programar a assistência de enfermagem a partir da abordagem centrada na criança e família, o enfermeiro deve considerar os pressupostos e características dessa abordagem. Com relação a essa afirmação, assinale a alternativa correta. B As alternativas l, ll e lV estão corretas. C As alternativas ll, lll e IV estão corretas. D Somente as alternativas l, II e III estão corretas. E As alternativas I e IV estão corretas. A hospitalização da criança tem como objetivo tratar a doença, minimizar os traumas Parabéns! A alternativa D está correta. O Cuidado Centrado na Família é uma filosofia alicerçada em quatro pressupostos: dignidade e respeito: os profissionais respeitam as decisões da família; informações compartilhadas: a comunicação estabelecida entre profissional de saúde e família é completa e imparcial; participação: a família é estimulada pela equipe, a respeito da tomada de decisões e colaboração: os líderes incentivam a família nos processos decisórios da instituição de saúde. A decorrentes da hospitalização, favorecer o desenvolvimento da criança e estimular a participação da família no cuidado à criança. B A hospitalização é um evento necessário ao diagnóstico e tratamento, porém causa na criança dor e estresse, que para serem minimizados, demandam a presença de uma equipe de especialistas, assim como de sua família, participando na prestação de alguns cuidados, conforme determinado pela equipe. C A unidade pediátrica deve ter: flexibilização de organização e funcionamento; decoração e ambiente para recreação; características físicas adequadas às necessidades das diferentes faixas etárias e conforto dos acompanhantes; leitos distribuídos conforme a idade e as necessidades das crianças. D Os profissionais devem compartilhar com a família a identificação dos problemas, os recursos disponíveis, a determinação dos objetivos e o plano de ação; as decisões devem ser tomadas por todos, de modo que a responsabilidade é assumida pela equipe e pela família, cujas forças e competências devem ser potencializadas. E Considerando que a criança é um ser vulnerável quanto às suas condições físicas, mentais e sociais, sua avaliação deve basear-se não apenas em critérios objetivos, como a evolução de sinais e sintomas, mas também em critérios subjetivos, entre os quais, o grau de participação da criança e da família, as influências da hospitalização no comportamento e no crescimento e desenvolvimento da criança. Considerações finais Como vimos, a assistência de enfermagem prestada à criança e sua família é complexa e demanda por parte do enfermeiro múltiplos conhecimentos, pois trata-se de um momento delicado que desperta diversos sentimentos na criança. As instituições de saúde precisam ter um programa de educação permanente, para que os profissionais, em especial o enfermeiro, possam oferecer à criança uma assistência qualificada, atualizada, com base na sistematização da enfermagem, e que sua prática profissional seja baseada em evidências científicas. Outro ponto crucial da assistência de enfermagem à criança hospitalizada é o fortalecimento das ações humanizadas, como é o caso do modelo de Cuidado Centrado na Família e a técnica do brinquedo terapêutico. Vale salientar que essas ações favorecem o alívio do estresse da criança e, assim, contribuem para um crescimento e desenvolvimento saudáveis. Podcast Para concluir este estudo, o podcast contribuirá com respostas para alguns questionamentos relevantes sobre o conteúdo abordado. Referências ALMEIDA, F. A.; SABATÉS, A. L. (Org.). Enfermagem Pediátrica: a criança,o adolescente e sua família no hospital. Barueri, SP: Manole, 2008. ARAÚJO, J. P.; SILVA, R. M. M.; COLLET, N.; NEVES, E. T.; TOSO, B. R. G. O.; VIERA, C. S. História da saúde da criança: conquistas, políticas e perspectivas. Rev. Bras. Enferm., v. 67, n. 6, p. 1000-7, nov./dez., 2014. ARIÈS, P. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981. ANVISA. RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 20 mar. 2002. BRUM, E. H. M.; SCHERMANN, L. Vínculos iniciais e desenvolvimento infantil: abordagem teórica em situação de nascimento de risco. Ciência & Saúde Coletiva [on-line]. 2004, v. 9, n. 2 , pp. 457-467. Consultado na Internet em: 07 abr. 2022. CRIANÇA SEGURA. Dados sobre acidentes. Consultado na Internet em: 07 abr. 2022. FONSECA, A.S. (Org.). Enfermagem Pediátrica. São Paulo: Martinari, 2013. 360 p. HOCKENBERRY, M. J. et al. Wong fundamentos de enfermagem pediátrica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. IBGE. Perfil das Crianças do Brasil. 2018. Consultado na Internet em: 07 abr. 2022. IBPS. Queda em Pediatria – Equipe multidisciplinar precisa estar atenta aos riscos. Segurança do Paciente. Publicado em: 9 nov. 2020. Consultado na Internet em: 07 abr. 2022. JOHNSON, B. et al. Partnering with patients and families to design a patient-and family-centered health care system: recommendations and promising practices. Institute for Family-Centered Care. Publicado em: Abr. 2008. Consultado na Internet em: 07 abr. 2022. LIMA, R. A. G.; ROCHA, S. M. M.; SCOCHI, C. G. S. Assistência à criança hospitalizada: reflexões acerca da participação dos pais. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 7, n. 2, p. 33-39, abr., 1999. Consultado na Internet em: 07 abr. 2022. PINTO, J. P. et al. Cuidado centrado na família e sua aplicação na enfermagem pediátrica. Revista Brasileira de Enfermagem. Associação Brasileira de Enfermagem, v. 63, n. 1, p. 132-135, 2010. Consultado na Internet em: 07 abr. 2022. SOUZA, M. C. F.; OLIVEIRA, I. C. S. Assistência de enfermagem à criança hospitalizada: breve retrospectiva. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 57, n. 2, p. 247-249, abr. 2004. Consultado na Internet em: 07 abr. 2022. VIEIRA G. L. C et al. Quedas entre crianças e adolescentes internados no hospital: revisão integrativa da literatura. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro 2019; 9/2709. Explore + Confira as indicações que separamos para você! Pesquise o Estatuto da Criança e do Adolescente (Capítulo I: Do direito à vida e a saúde), disponível no portal Planalto.gov, para conhecer os direitos legais da criança hospitalizada. Leia também os Direitos da criança e do adolescente hospitalizado, definidos pelo Conselho Nacional de Defesa dos Direitos da Criança (Conanda), disponível na página da Sociedade Brasileira de Pediatria. Complemente o seu conhecimento com a leitura do artigo Competências do enfermeiro na prevenção de quedas em crianças à luz do consenso de Galway, de Sabrina Gurgel e outros autores, e observe as especificidades em relação à temática e dicas para prevenção desse evento adverso.