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Contabilidade e Planejamento Tributário Professor Heric Garcia de Morais Diretor Geral Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino e Pós-graduação Daniel de Lima Diretor Administrativo Eduardo Santini Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Jorge Van Dal Coordenador do Núcleo de Pesquisa Victor Biazon Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Projeto Gráfico e Editoração André Oliveira Vaz Revisão Textual Kauê Berto Web Designer Thiago Azenha UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.unifatecie.edu.br As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock FICHA CATALOGRÁFICA CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFATECIE. Credenciado pela Portaria N.º 527 de 10 de junho de 2020, publicada no D.O.U. em 15 de junho de 2020. Núcleo de Educação a Distância; MORAIS, Heric Garcia de. Contabilidade e Planejamento Tributário. Heric. Garcia de Morais. Paranavaí - PR.: UniFatecie, 2020. 91 p. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Zineide Pereira dos Santos. AUTOR Prof. Heric Garcia de Morais ● Graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR - Campus Paranavaí; ● MBA (Master of Business Administration) em Custos e Controladoria pela Facul- dade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná – UniFATECIE; ● Pós-Graduado em Auditoria e Perícia Contábil pela Centro Universitário Cidade Verde – UniFCV; ● Mestrando em Ciências Contábeis na Universidade Estadual de Maringá - UEM - Linha de Pesquisa: Usuários Externos; ● Servidor Público na Prefeitura Municipal de Paranavaí; ● Professor de Graduação na Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná – UniFATECIE; ● Professor de Pós-Graduação EAD – UniFATECIE; ● Professor conteudista/formador na EAD – UniFATECIE; ● Tutor Mediador nos cursos de Graduação e Pós-Graduação na modalidade EAD – UniFATECIE; ● Professor de Graduação na Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR; ● Professor de Graduação na Universidade Paranaense – UNIPAR; ● Professor de Pós-Graduação na Universidade Paranaense – UNIPAR; ● Professor em cursos preparatórios para o Exame de Suficiência Contábil - CFC e Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE; ● Ministra palestras e treinamentos para o segmento empresarial; ● Sócio proprietário e Contador na SLOGAN Consultoria e Treinamentos Ltda - Maringá/PR; ● Consultor empresarial credenciado ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE/PR; ● Possui experiência na área de Auditoria, Perícia Contábil e Gestão Empresarial. Docência na educação presencial e educação a distância - EAD. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2730214457302756 Olá! APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja bem-vindo (a) ao módulo de Contabilidade e Planejamento Tributário! Este material foi elaborado, de maneira especial, para seu estudo, para o qual bus- camos abordar os principais pilares da Contabilidade Tributária, abrangendo suas inúmeras perspectivas, a fim de lhe proporcionar maior aproveitamento para a prática profissional. Na unidade I deste módulo, abordaremos os aspectos conceituais sobre a Conta- bilidade Tributária. Discutiremos sobre os conceitos e definições de tributos, a classificação das espécies tributárias – conceitos básicos da legislação tributária – e tipos de tributos. Nesta unidade, compreenderemos a importância do planejamento e controle tributário, evi- denciando a responsabilidade dos gestores no controle e mensuração da carga tributária empresarial. A unidade II deste módulo apresentará as principais formas de apuração dos tribu- tos federais, municipais e estaduais. Durante a referida unidade, estudaremos os aspectos gerais de cada esfera tributária, tais como os tributos da União (IR, IPI, CSLL, PIS, COFINS), tributo estadual (ICMS) e tributo municipal (ISS). Já na unidade III, estudaremos as formas de tributação. Abordaremos os principais aspectos sobre o Simples Nacional e a apuração através do Lucro Presumido, Lucro Es- timado, Lucro Real e Lucro Arbitrado. Nesta unidade, também entenderemos como será realizada a apuração do Custo de Mercadorias adquiridas por empresas de diferentes formas de tributação. Por fim, na unidade IV, apresentaremos os conceitos e objetivos do Planejamento Tributário Operacional. Estudaremos, ainda, sobre a importância do correto planejamento e controle tributário e como ele impacta nas decisões empresariais, evidenciando seu controle com base na estratégia adotada pela empresa. Caro (a) colega (a), esse será o conteúdo que estudaremos no decorrer das unida- des e esperamos que esse material seja de grande utilidade para o aperfeiçoamento de seu conhecimento sobre a Gestão Orçamentária. Qualquer dúvida, estarei à disposição junto a nossa equipe! Bons estudos! Prof. Heric Garcia SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 6 Introdução aos Tributos UNIDADE II ................................................................................................... 23 Competência Tributária UNIDADE III .................................................................................................. 42 Regimes de Incidência Tributária UNIDADE IV .................................................................................................. 69 Planejamento Tributário 6 Objetivos de Aprendizagem: ● Compreender os principais conceitos de tributos; ● Conhecer os tipos e espécies tributárias; ● Entender os conceitos básicos de legislação tributária; ● Definir as obrigações principais e acessórias. Plano de estudo: 1 CONCEITO DE TRIBUTOS; 1.1 Conceito de Carga Tributária; 1.2 Tributos Diretos e Indiretos, Regressivos e Progressivos; 1.3 Obrigação Tributária – Principal e Acessória; 1.4 Imunidade, Isenção e Suspensão do Crédito Tributário; 1.4.1 Suspensão do crédito tributário; 1.5 Substituição Tributária. UNIDADE I Introdução aos Tributos Professor Heric Garcia 7UNIDADE I Introdução aos Tributos INTRODUÇÃO Caro (a) aluno (a), Antes de nos aprofundarmos aos conceitos de contabilidade tributária, é necessária a compreensão dos principais aspectos do Sistema Tributário Nacional, isso porque tal conhecimento detalhado nos proporcionará o real entendimento sobre os tributos e as normas expressas na Constituição Federal e em leis complementares, fazendo com que possamos sempre tomar as melhores decisões no plano fiscal ou até mesmo avaliar corretamente as contribuições e os impostos incidentes em um holerite salarial, como um funcionário. Dessa forma, tal entendimento lhe proporcionará inúmeras vantagens. Além disso, possibilitará compreender que todo esse Sistema Tributário é o que “abastece” economicamente um país, por meio de suas arrecadações para com as pessoas e organizações. Portanto, ao final dos estudos desta unidade, você estará apto para se posicionar corretamente no âmbito fiscal que o envolve, de maneira a tomar as melhores decisões financeiras e poder reivindicar a correta utilização dos recursos tributários, os quais, por sua vez, são arrecadados legalmente por parte dos poderes Executivo e Legislativo nas esferas federal, estadual e municipal. 8UNIDADE I Introdução aos Tributos 1 CONCEITO DE TRIBUTOS O Sistema Tributário é um conjunto de normas e instituições que têm como finali- dade instituir e arrecadar os tributos, conforme a competência dos entes das unidades da Federação, isto é, da União, Estados (Distrito Federal) e Municípios. As matérias Sistema Tributário e Finanças Públicas dividem um título completo da Constituição Federal, mais precisamenteo título VI, que é composto dos artigos 145 a 169. Entre os artigos 145 a 162, encontram-se disposições sobre o sistema tributário nacional, sendo os restantes (artigos 163 a 169) reservados às finanças. A “Legislação Tributária” é entendida como o conjunto de normas que envolvem as- suntos tributários. O art. 96 do CTN (Lei nº 5.172/66) traz a expressão “Legislação Tributária” com o destaque de que compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e as relações jurídicas a eles pertinentes. De acordo com o art. 3º do CTN (Lei nº 5.172/66), tributo é “toda prestação pecuniá- ria compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Assim, a fim de esclarecermos o conceito de tributo, podemos apresentar tal defi- nição da seguinte forma: 9UNIDADE I Introdução aos Tributos ● “Prestação pecuniária”: são as prestações que asseguram ao Estado os meios financeiros de que necessita para a consecução de seus objetivos; ● “Compulsória”: o tributo nasce independentemente da vontade do contribuinte; ● “Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir”: não existe a figura do paga- mento do tributo, que não em moeda corrente do país; ● “Que não constitua sanção de ato ilícito”: a incidência do tributo é um ato lícito (difere-se de “penalidade”). As penalidades pecuniárias ou multas não se in- cluem no conceito de tributo. A multa por infração fiscal é considerada sanção pela prática de ato ilícito e, portanto, não é tributo; ● “Instituída por lei”: só a lei pode instituir o tributo, ou seja, nenhum tributo será exigido sem que a lei o estabeleça, conforme assegura o art. 150, inciso I, da CF; ● “Cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada”: a cobrança é administrativa e privativa, não pode ser realizada por outra pessoa e deve ser vinculada. Neste contexto, vale destacar que o art. 3º do CTN, recepcionado com o status de lei complementar, traz a definição de tributos exigida pela Constituição Federal, no art. 146. Vejamos: Art. 146. Cabe à lei complementar: III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especial- mente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes (BRASIL, 1988, on-line). Resumidamente, tributo é uma prestação monetária compulsória, seja ela em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir. Essa prestação é obrigatória e tem o dever de recolher valores em dinheiro para os cofres públicos. Dessa forma, há o direito do Poder Público de exigir o cumprimento dessa obrigação imposta por lei nacional. Assim, tributo não é uma penalidade que o Poder Público impõe aos cidadãos, mas sim um evento lícito previsto em lei. Ao analisarmos o art. 5º do CTN, vemos que o entendimento adotado pelo legisla- dor, lá em 1966 (ano de publicação do CTN), foi a corrente tripartida, ou seja, havia apenas três tributos: impostos, taxas e contribuições de melhoria. Conforme se nota no art. 5º, “os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria” (BRASIL, 1966). De acordo com os artigos 148/149 da Constituição Federal de 1988, os tributos passaram a ser divididos em cinco espécies: impostos, taxas, contribuições de melhoria, 10UNIDADE I Introdução aos Tributos empréstimos compulsórios e contribuições especiais. Nesse contexto, há de se ressaltar uma importante alteração trazida pela Lei Complementar nº 104/2001, ao acrescentar o inciso XI ao art. 156 da Lei nº 5.172/1966 (CTN). O dispositivo prevê o seguinte: Art. 156. Extinguem o crédito tributário: [...] XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei (BRASIL, 1966, online). Para os que não sabem, dação em pagamento significa pagar com algo que não seja dinheiro. Assim, o contribuinte poderá quitar a sua dívida oferecendo bens imóveis, não móveis, ao fisco. Tal hipótese não derroga o art. 3º do CTN, tendo em vista que este afirma que a quitação do tributo pode ser feita por algo que possa ser expresso em moeda. No entanto, se a arrecadação tributária for insuficiente ou mal administrada, há enorme risco de que os serviços prestados com essas receitas sejam falhos ou necessitem de um financiamento por mecanismos alternativos (Operações de Crédito por Antecipação da Receita ou FMI, por exemplo) e muito mais perigosos para a saúde financeira do Estado. Para conhecermos mais sobre as formas de financiamentos, segundo Maria e Luchiezi Jr (2010), há três formas de financiamento do Estado, as quais podem ser: ● Via Emissão de moedas: esse modelo de financiamento provoca a tão “famo- sa” inflação, pois a emissão e a circulação de moeda ocorrem em maior nível com relação ao volume de bens e serviços produzidos pelo Estado. ● Por meio do endividamento: são gastos públicos superiores às receitas, destruindo a “saúde” do orçamento público. Assim, o Estado se torna cada vez mais dependente de novos empréstimos para fazer frente aos encargos e à amortização do principal da dívida já contraída, ou seja, quanto mais o tempo passa, maior se torna essa dívida. O Brasil é um bom exemplo desse tipo de financiamento, pois, segundo o Site Folha de São Paulo, o país deve bater a marca de 87,3% de dívida pública com relação ao seu PIB. ● Pela geração de receitas próprias: são divididas em duas formas de receita - as originárias, que são provenientes do patrimônio estatal (prestação de serviço, alienação dos próprios bens, exploração de monopólios estatais, entre outros) e/ou as receitas derivadas, que são provenientes do Estado por meio de tributos ou multas, explorando-se o patrimônio particular para financiar suas atividades. Dessa forma, o intuito de financiamento do Estado deve ser fundado em regras econômicas, as quais, por sua vez, apresentam um carácter socialmente justo e a geração de receitas próprias, pois um país que objetiva alcançar a erradicação da pobreza, a redu- 11UNIDADE I Introdução aos Tributos ção da desigualdade social e a construção de uma sociedade livre, justa e solidária deve utilizar o sistema tributário como mecanismo de repartição de recursos financeiros. Para isso acontecer, há duas formas básicas: via gastos com programas sociais e via tributação, situação na qual são cobrados mais impostos das empresas e cidadãos que têm mais capacidade contributiva, diminuindo a carga dos mais pobres. O Imposto de Renda é um grande exemplo, em se tratando de justiça fiscal, pois apresenta alíquotas estratificadas por faixa de renda, comportando-se de forma mais “agressiva” com os contri- buintes com maior capacidade financeira, onerando-os muito mais em relação aos menos desprovidos de recursos financeiros. A Receita Pública, contudo, é toda arrecadação em dinheiro que é administrada pelo Tesouro Nacional e, consequentemente, utilizada com intuito do investimento público e também para saldar as suas despesas. Essa arrecadação é originada por meio dos tributos pagos pelos cidadãos e empréstimos oferecidos pelo Governo, sendo constituída por dois tipos diferentes de receitas: ● As Receitas Públicas Originárias: são receitas públicas provenientes do patrimônio estatal, originando-se do próprio patrimônio público. Um grande exemplo desse tipo de receita é determinada venda de uma empresa pública que, por sua vez, origina receita para os cofres públicos, mediante essa venda, em licitação pública. ● As Receitas Públicas Derivadas: são receitas públicas que derivam do patrimônio particular (cidadãos) por meio de força, coação ou compulsão legal, podendo ser de forma tributária ou não tributária (multas de trânsito, por exemplo), sendo direcionadas aos cofrespúblicos (Tesouro Nacional). 12UNIDADE I Introdução aos Tributos 1.1 Conceito de Carga Tributária Como visto anteriormente, a função principal dos tributos é o financiamento das atividades e dos serviços do Estado, o qual tem a necessidade de arrecadar recursos para suprir essas necessidades coletivas que não podem depender exclusivamente do mercado, tais como saúde, educação, segurança, transporte, assistência social, entre outros (MARIA e LUCHIEZI JR, 2010). Segundo a Receita Federal Brasileira, a Carga tributária é definida como a relação entre a soma da arrecadação federal, estadual e municipal, dividida pelo Produto Interno Bruto (PIB): Carga tributária = Arrecadação Tributária Produto Interno Bruto De formas simples, podemos entender a carga tributária brasileira como a relação entre tudo o que a sociedade paga em tributos dividido pela riqueza somada pelo governo. A carga tributária é um indicador muito utilizado em todo o mundo para medir a relação entre o volume de recursos que o Estado obtém, provenientes da arrecadação dos tributos da sociedade sob a forma de impostos, tarifas, taxas e contribuições, para, dessa forma, financiar as atividades que se encontram dentro do quadro de sua responsabilidade. O Produto Interno Bruto (PIB), por sua vez, é a soma de todos os bens e serviços (incluindo desde o pãozinho da esquina até os carros e apartamentos mais luxuosos) produzidos em um determinado país, subtraído de suas importações neste mesmo período. 13UNIDADE I Introdução aos Tributos A seguir, pode-se observar a expressão matemática para cálculo do PIB: PIB = Bens e Serviços Produzidos – Importações Neste contexto, os bens e serviços produzidos em determinado país são calculados por meio da soma dos seguintes meios: consumo privado, totalidade de investimentos rea- lizados ao longo desse período de tempo, gastos do governo e o volume de exportações. Dessa forma, para obtermos a expressão matemática do cálculo do PIB, são definidas as seguintes letras para abreviaturas: ● C - Representa o consumo privado; ● I - Totalidade de investimentos; ● G - Gastos do Governo; ● X - Volume das exportações. Em 2017, a Carga Tributária Bruta (CTB)1 atingiu 32,43% contra 32,29% em 2016, indicando variação positiva de 0,14 pontos percentuais. Essa variação resultou da combi- nação dos acréscimos em termos reais de 0,99% do Produto Interno Bruto e de 1,4% da arrecadação tributária nos três níveis de governo. Tabela 1 - Carga Tributária Brasileira (2016 e 2017) Fonte: Brasil (s. d.). 1.2 Tributos Diretos e Indiretos, Regressivos e Progressivos Os impostos podem ser segregados em diretos e indiretos: a. Diretos ● são os tributos cujos contribuintes são os mesmos indivíduos que arcam com o ônus da respectiva contribuição; ● o ônus é exclusivamente do contribuinte (o contribuinte de fato é o de direito). 14UNIDADE I Introdução aos Tributos Ex.: Imposto de Renda (IR), Imposto sobre Importação (II), Imposto sobre Expor- tação (IEx), Imposto Territorial Rural (ITR), Imposto Transmissão Intervivos (ITBI), Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU), Imposto Propriedade Veículos Automotivos (IPVA) etc. b. Indiretos ● são os tributos cujo ônus os contribuintes podem transferir, total ou parcialmen- te, para terceiros; ● são pagos pelo comprador, a empresa é somente a intermediária do imposto; ● existe a figura do contribuinte de fato (aquele que efetivamente está pagando o imposto - consumidor) e de direito (aquele que a lei determina que é o apurador, arrecadador - intermediário); ● o ônus não é do contribuinte de direito. Ex.: IPI, ICMS e ISS, que são cobrados pelo Fisco (ente tributante) do Produtor e/ou Vendedor (contribuinte de fato) que emite a nota fiscal, e cujo valor do tributo é transferido ao Comprador do produto/mercadoria/serviço (contribuinte de direito). Neste contexto, vale destacar que os tributos, também, poderão ser classificados em Progressivos e Regressivos. Os Tributos regressivos são aqueles em que a alíquota diminui à proporção que os valores sobre os quais incide são maiores, ou seja, têm relação inversa ao nível de renda do contribuinte. Já os tributos progressivos são aqueles em que a alíquota aumenta à proporção que os valores sobre os quais incide são maiores, mantendo uma relação positiva com o nível de renda. Na medida em que a renda aumenta, o contri- buinte paga mais imposto. Ex.: Tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física, cuja alíquota varia de 15% a 27,5%, conforme a renda. 15UNIDADE I Introdução aos Tributos 1.3 Obrigação Tributária – Principal e Acessória A obrigação tributária é a relação de Direito Público na qual o Estado (sujeito ati- vo) pode exigir do contribuinte (sujeito passivo) uma prestação (objeto) nos termos e nas condições descritas na lei (fato gerador). Conforme o Código Tributário Nacional (CTN), a obrigação tributária é tipificada em principal e acessória, conforme explicação a seguir: ● A principal, art. 113, § 1º, tem por objeto o pagamento do tributo ou penalidade pecuniária (em dinheiro). É a prestação à qual se obriga o sujeito passivo, é de natureza patrimonial. ● A acessória, art. 113, § 2º, é uma obrigação não patrimonial que decorre da legislação tributária. É uma obrigação de fazer, não fazer e tolerar. Tem como fi- nalidade comprovar a existência e o limite das operações tributadas, bem assim a exata observância da legislação aplicável. Ex.: Emitir nota fiscal, escriturar um livro, inscrever-se no cadastro de contribuintes (de fazer); não receber mercadorias desacompanhadas da documentação legalmente exi- gida (não fazer); e admitir o exame de livros e documentos pelo fiscal (tolerar). 16UNIDADE I Introdução aos Tributos 1.4 Imunidade, Isenção e Suspensão do Crédito Tributário De acordo com o art. 150, VI, da Constituição Federal (1988), não há tributação sobre: • Patrimônio, renda ou serviços entre União, Estados, Distritos Federais e Municípios (ex.: o município não pode cobrar IPTU do Governo do Estado); • Templos de qualquer culto; • Patrimônio, renda ou serviços de partidos políticos, sindicatos e instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos; • Livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão (BRASIL, 1988, on-line). A Isenção difere-se de Imunidade, uma vez que a Isenção concedida é temporária e deve ser estabelecida por lei. A Imunidade, por sua vez, é permanente e independe de lei ordinária, já que é estabelecida constitucionalmente. 1.4.1 Suspensão do Crédito Tributário Após constituído o crédito tributário, por meio do competente lançamento, este passa a ser exigível, passível de inscrição em dívida ativa e executável. Todavia, pode o crédito tributário - devidamente constituído – ter sua exigibilidade suspensa nos termos do artigo 151 do Código Tributário Nacional. Suspender, grosso modo, significa paralisar momentaneamente e depois retomar de onde parou. Destarte, a causa suspensiva da exigibilidade do crédito é passageira e não induz a recontagem. É, pois, diferente da interrupção, uma vez que nesta - quando cessada causa interruptiva – a contagem reiniciará do zero. 17UNIDADE I Introdução aos Tributos De acordo com o artigo 151 do CTN, suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I - moratória; II - o depósito do seu montante integral; III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do proces- so tributário administrativo; IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança; V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espé- cies de ação judicial (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001); VI – o parcelamento (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001). A hipótese de suspensão moratória versa sobre a dilação do prazo para pagamento do tributo. Logo, uma vez concedida, tem-se a extensão do prazo para adimplemento da obrigação tributária. A moratória é dada em circunstâncias excepcionais, como calamidadepública e desastres naturais. Vale destacar que tais situações são consideradas excepcio- nais pois – em regra – o ente público deve respeitar o princípio da indisponibilidade dos bens públicos, ou seja, ainda que não esteja renunciando o pagamento, o ente público reconhece que o seu retardamento impacta diretamente no orçamento. O Parcelamento é a hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito tributário in- cluída ao CTN em 2001. Constitui instituto que visa a recuperação do crédito vencido. Deve ser instituído, exclusivamente, por meio de lei, a fim de tentar recuperar os tributos que foram deixados de pagar. A lei dá benefício para incentivar o pagamento, como desconto na multa e juros e pagamentos em longo prazo. É diferente da moratória, pois, no parce- lamento, o crédito já está vencido e, por isso, além da correção monetária, há a incidência de juros e multa. Depósito de seu montante integral é a modalidade suspensiva do crédito tributá- rio em que já há em andamento uma discussão administrativa ou judicial acerca do crédito. É um meio de suspender a exigibilidade do crédito tributário enquanto se discute a obriga- ção tributária principal. Reclamações e recursos nos termos do processo administrativo tributário consiste na modalidade de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, em razão do processo administrativo iniciado. Concessão de medida liminar ou tutela antecipada em mandado de segurança e outras espécies de ação judicial trata-se da concessão da liminar, igualmente, suspende a exigibilidade do crédito tributário, mas não cessa a correção monetária. Vale destacar que no direito tributário, é utilizado o termo “liminar” para qualquer decisão de cognição sumária. Resumidamente, estas são as cinco hipóteses dispostas no art. 151 do CTN, capa- zes de suspender a exigibilidade do crédito tributário, impedindo, durante a causa suspen- siva, qualquer ato de cobrança. 18UNIDADE I Introdução aos Tributos 1.5 Substituição Tributária A modalidade de substituição tributária se dará por diferimento ou antecipação. A substituição por diferimento dar-se a quando o lançamento e o pagamento do imposto incidente sobre determinada operação ou prestação forem adiados para uma etapa pos- terior, atribuindo-se a responsabilidade pelo pagamento do imposto diferido ao adquirente ou destinatário da mercadoria ou ao usuário do serviço na condição de sujeito passivo por substituição vinculado à etapa posterior de comercialização do produto. Como exemplo, há as saídas internas de petróleo do estabelecimento produtor com destino ao refinador (REFINARIA-PETROBRAS), em que o ICMS devido nessa operação de saída tem seu lançamento e apuração transferidos para o momento da saída dos produ- tos resultantes do refino dessa matéria prima sob a responsabilidade do estabelecimento refinador. A substituição tributária por antecipação, por sua vez, ocorrerá quando o contribuinte é responsável pelo lançamento e recolhimento do ICMS devido na operação ou operações a serem realizadas pelos adquirentes das mercadorias ou dos serviços prestados, vinculados à etapa posterior de comercialização, aplicando a alíquota interna sobre base de cálculo acrescida da MVA (Margem de Valor Adicional). De uma maneira simplificada, diz-se que, na substituição tributária subsequente, o primeiro contribuinte da cadeia produtiva fica responsável pela retenção e o pagamento do 19UNIDADE I Introdução aos Tributos imposto referente às operações subsequentes, ou seja, o sujeito passivo recolhe dois im- postos, aquele devido pelas operações próprias e o devido pelas operações subsequentes. Com exemplo, há a AMBEV, produtora de bebidas (cervejas e refrigerantes), que recolhe dois impostos: aqueles devidos de suas operações próprias, que é a venda pro- priamente dita ao comprador, no dia 9 de cada mês, chamado de ICMS normal; também, por estar vendendo produto da substituição tributária, o imposto devido pelas operações subsequentes, ou seja, o imposto até o consumidor final, chamado de ICMS-ST, no dia 25 de cada mês. REFLITA Após esta abordagem sobre o tema tributos, fica evidente que não devemos nos pautar exclusivamente no valor que pagamos em tributos (em países desenvolvidos, a arreca- dação é muito próxima ou até maior que a brasileira), mas, sim, na maneira como esses tributos são coletados e distribuídos à população. Além da enorme desigualdade na distribuição dos bens e serviços, o Brasil ainda en- frenta um problema que está enraizado desde seu surgimento que é a tão famosa cor- rupção, pois bilhões e bilhões de reais são desviados aos bolsos dos políticos e tirados das escolas, dos hospitais, dos abrigos, do investimento em saneamento básico, dentre outros. Fonte: o autor. 20UNIDADE I Introdução aos Tributos SAIBA MAIS O consumidor brasileiro, ao adquirir um celular, por exemplo, acaba pagando por um valor que é composto pelo preço de custo somado aos impostos (tributos federais) e à margem de lucro que o empresário e proprietário da loja decide obter. Nos países de- senvolvidos, o valor final dos produtos é composto apenas pelo preço de custo somado à margem de lucro, pois a tributação, nesses países, incide principalmente sobre a ren- da dos trabalhadores. Assim, o indivíduo, ao receber o seu salário, já paga a porcentagem de tributos, cabendo a ele usar como quiser. Na compra de um carro, por exemplo, ficaria muito mais barato pagar os tributos referentes ao seu salário e não referentes ao valor do automóvel, por isso os veículos motores nos países desenvolvidos são tão mais baratos. Confira no link abaixo um quadro da receita da fazenda com os tributos pagos pelo con- sumidor dos principais produtos adquiridos. Link: http://www.receita.fazenda.gov.br/publico/EducacaoFiscal/PrimeiroSeminario/22CARGATRIBUTA- RIAPRODUTOSDECONSUMOPOPULAR.pdf 21UNIDADE I Introdução aos Tributos CONSIDERAÇÕES FINAIS Nos últimos anos, tem-se observado dificuldades pelas empresas em buscarem um meio estratégico para reduzir seus custos e aprimorar a atividade financeira. Em meio a um ambiente competitivo de negócios, um dos encargos que mais oneram o desempenho das organizações são os tributos, de modo que estes são recolhidos pelas organizações conforme o seu faturamento e enquadramento tributário. Os tributos influenciam diretamente nos custos da organização no dia-a-dia e, consequentemente, nos resultados econômicos e financeiros, pois refletem na vida das empresas de forma que o seu desenvolvimento não seja suficiente para alcançar os obje- tivos. Em um mercado cada vez mais dinâmico, o Planejamento Tributário tornou-se uma ferramenta indispensável para as organizações, pois devido à complexidade da legislação brasileira, constituída por inúmeras leis e constantes alterações, verifica-se a ocorrência de dificuldade na interpretação íntegra pelos gestores, além de se manterem atualizados perante as legislações aplicáveis no que se refere às diversas influências relacionadas à gestão empresarial. 22UNIDADE I Introdução aos Tributos MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Manual da Contabilidade Tributária – 9ª Edição Autor: Paulo Henrique Pêgas Sinopse: para entender como apurar e conciliar os tributos. Com explicações sobre como fazer cálculos, o Manual de Contabilidade Tributária conta com mais de 400 exercícios de múltipla escolha e apresenta a fundamentação legal de cada imposto e de cada contribuição. Além de apresentar os aspectos mais importantes dos principais tributos do Brasil e trazer um pouco da parte prática sobre legislação aplicada, o autor adaptou o manual de consulta às normas internacionais e uniu a complexa legislação tributária brasileira à contabilidade moderna. São 40 capítulos divididos em oito partes para facilitar a leitura. O livro é um manual de consulta para o profissional, além de ser usado como base para o estudante. Link: http://bit.ly/pegas-contabilidadeFILME/VÍDEO Título: Margin Call - O dia antes do fim. Ano: 2011 Sinopse: Peter Sullivan, Seth Bregman (Penn Badgley) e Will Emerson trabalham no setor de recursos humanos de uma empre- sa, sendo responsáveis pelos trâmites burocráticos da demissão dos funcionários. Um dos demitidos é Eric Dale, que entrega a Peter um pendrive contendo um projeto no qual estava trabalhan- do. Peter conclui o projeto em casa e descobre que ele excede os níveis históricos de volatilidade com os quais seu empregador trabalha. Quando o projeto entra em funcionamento, logo as ações da empresa caem 25%. A situação faz com que os executivos que comandam a empresa se reúnam para encontrar uma solução o mais rapidamente possível. 23 Objetivos de Aprendizagem: ● Compreender os principais tributos arrecadados por cada ente federado; ● Conhecer os tipos e espécies tributárias; ● Entender os conceitos básicos de legislação tributária aplicada a cada tributo. Plano de estudo: ● 1 COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA – UNIÃO; ● 1.1 Impostos Sobre a Renda – IR; ● 1.2 Imposto Aobre Produtos Industrializados - IPI; ● 1.3 Contribuição Social sobre Lucro Líquido - CSLL; ● 1.4 Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para a Seguridade Social (CO- FINS) e Contribuição para a Previdência Social (CPS); ● 2 COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA – ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL; ● 2.1 Imposto Sobre Operações Relativas a Circulação de Mercadorias e Sobre Presta- ções de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações - ICMS; ● 2.1.1 Competência, fato gerador e base de cálculo do ICMS; ● 2.1.2 Alíquota do ICMS ; ● 3 COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA – MUNICIPAL; ● 3.1 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN; ● 3.2 Alíquota ISS UNIDADE II Competência Tributária Professor Heric Garcia 24UNIDADE II Competência Tributária INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), Conhecer os tributos incidentes sobre o negócio é fundamental para o sucesso da empresa, assim como é importante identificar o impacto dos tributos na apuração do resul- tado. Com a alta carga tributária e para assegurar a lucratividade, as empresas buscam diminuir os custos e pagar menos impostos. Dentro deste contexto, algumas empresas acabam praticando a sonegação fiscal como forma de garantir a sua permanência no mer- cado, sendo que este ato é ilegal e constitui em crime, sujeito a multas com valores altos e demais implicações. Diante deste cenário, é importante implantar um planejamento tributário, que pro- porcione o entendimento sobre o assunto e o acompanhamento contínuo das mudanças na legislação tributária, podendo encontrar meios legais de reduzir custos relacionados aos tributos, visto que eles interferem nas atividades das empresas, desde a compra de matéria prima com o fornecedor até a parte final de formação do preço de venda dos produtos ou prestação de serviços, variando ainda em função do local no qual a empresa esteja situada, se tratando de alguns tributos estaduais e municipais. Neste módulo, abordaremos as principais características do Imposto de Renda, Im- posto sobre Produtos Industrializados, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços e o Imposto sobre Serviço, apresentando seus fatos geradores, base de cálculo e alíquotas. 25UNIDADE II Competência Tributária 1 COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA – UNIÃO A Constituição Federal não cria tributos, mas, sim, outorga competência para que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por meio de lei, o façam. Desse modo, é possível afirmar que competência tributária é o poder ou aptidão, outorgado cons- titucionalmente aos entes políticos, para que editem leis que instituem tributos. A Constituição Federal atribui a competência tributária aos entes políticos em seus artigos 153 a 156 e outorga a cada qual o poder de instituir e cobrar exações tributárias, devendo às pessoas jurídicas de Direito Público atuar nos ditames constitucionais, bem como nos limites de suas respectivas parcelas de poder. A competência tributária se distingue da competência legislativa plena, artigo 6º do Código Tributário Nacional, também denominada de competência concorrente, vez que esta é genérica, pois atribui aos entes políticos a competência para legislarem sobre matérias de Direito Tributário, consoante delineia o artigo 24 da Constituição Federal. Já a competência tributária é restrita à atribuição constitucional do poder de instituição de tributos. Não se tratando do foco do presente trabalho, cumpre apenas mencionar que a competência le- gislativa concorrente está sistematizada no artigo 24, §§ 1º ao 4º, da Constituição Federal. 26UNIDADE II Competência Tributária 1.1 Impostos Sobre a Renda – IR O Imposto de Renda é mais um dos impostos de competência da União, previsto no art. 153, III, da CF/88. Trata-se de imposto com finalidade fiscal, pois o objetivo da sua instituição é arrecadar recursos para o Estado. Neste artigo da Constituição, o legislador constituinte estabeleceu que o IR será informado pelos critérios de generalidade, universa- lidade e progressividade, na forma da lei. ● Generalidade: significa dizer que a tributação alcança todas as pessoas. ● Universalidade: significa dizer que a tributação alcança todas as espécies de rendimentos. ● Progressividade: significa tributar com alíquotas maiores (progressivas) rendi- mentos mais elevados. O fato gerador do imposto sobre a renda está fundamentado no artigo 43 do Código Tributário Nacional. Vejamos: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combi- nação de ambos; II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. No tocante à base de cálculo do IR, o artigo 44 do CTN prevê que é o montante “real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos tributáveis”. Nesse ponto, é válido 27UNIDADE II Competência Tributária destacar que o CTN apenas discriminou a base de cálculo aplicável ao Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas. No entanto, como é sabido, tal imposto incide também sobre os rendimentos auferidos pelas pessoas físicas. Em relação aos contribuintes do IR, o artigo 45 do CTN destaca que o contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos proventos tributáveis. SAIBA MAIS De acordo com o CTN, o conceito de renda pode ser entendido como produto do capital, do trabalho ou da combinação do trabalho e do capital. ● Produto do capital: Jorge é acionista de uma grande empresa e recebe divi- dendos decorrentes do lucro auferido por esta. Trata-se de produto do capital, do dinheiro por ele investido na sociedade. ● Produto do trabalho: Jorge é empregado de um posto de gasolina. Ao final do mês, recebe o produto do seu trabalho, ou seja, seu salário. ● Combinação de produto do capital com produto do trabalho: Jorge montou uma lanchonete, onde exerce a função de sócio e administrador. Ao final do mês, ele recebe rendimentos decorrentes do seu trabalho e do seu capital nela investido. Fonte: O autor. 28UNIDADE II Competência Tributária 1.2 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) De acordo com o art. 46 do Código Tributário Nacional, o imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato gerador: I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira; II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51; III - a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão. Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualqueroperação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo. Resumidamente, são três os fatos geradores do IPI: a) o desembaraço aduaneiro, caso o produto seja de procedência estrangeira; b) a saída do produto industrializado do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial; c) a arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão. De acordo com a legislação do IPI, o importador, ao revender os produtos impor- tados do exterior, se submete a duas incidências do imposto: uma na importação, com o desembaraço aduaneiro, e outra na revenda de tais produtos, com a saída deles do estabelecimento do importador. A lógica da segunda incidência consiste na equiparação do estabelecimento im- portador à industrial, tornando-se contribuinte do IPI pela segunda vez, afinal, podem ser contribuintes do IPI não só o estabelecimento industrial, mas também os que a lei a este equiparar. 29UNIDADE II Competência Tributária Além disso, a Constituição Federal de 1988, também, estabeleceu no art. 153, § 3º, da CF/88, os seguintes regramentos para o IPI: § 3º - O imposto previsto no inciso IV: I - será seletivo, em função da essencialidade do produto; II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior. IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei (BRASIL, 1988, online). Anteriormente, vimos que há três fatos geradores para o IPI, correto? Para cada um desses fatos geradores, o CTN estabeleceu uma base de cálculo específica. Vejamos o que diz o art. 47 deste Código: Art. 47. A base de cálculo do imposto é: I - no caso do inciso I do artigo anterior, o preço normal, como definido no inciso II do artigo 20, acrescido do montante: a) do imposto sobre a importação; b) das taxas exigidas para entrada do produto no País; c) dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigí- veis; II - no caso do inciso II do artigo anterior: a) o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria; b) na falta do valor a que se refere a alínea anterior, o preço corrente da mercadoria, ou sua similar, no mercado atacadista da praça do remetente; III - no caso do inciso III do artigo anterior, o preço da arrematação. Quanto aos contribuintes do IPI, o art. 51 do CTN, esclarece: Art. 51. Contribuinte do imposto é: I - o importador ou quem a lei a ele equiparar; II - o industrial ou quem a lei a ele equiparar; III - o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos con- tribuintes definidos no inciso anterior; IV - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilão. 30UNIDADE II Competência Tributária 1.3 Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) foi instituída pela Lei no 7.689/1988 e tem a mesma base de cálculo que o Imposto de Renda – Pessoa Jurídica (IRPJ). Entretanto, ao contrário do IRPJ, a arrecadação da CSLL não contribui para o Fun- do de Participação dos Estados (FPE), nem para o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Sendo assim, do ponto de vista teórico, a CSLL é um imposto sobre o lucro das empresas. Porém, do ponto de vista do pacto federativo, é um imposto cuja arrecadação pertence totalmente à União. A CSLL pode ter impactos na decisão de inovação, no investimento e no cresci- mento da economia. Pelo lado do pacto federativo, o fato de essa contribuição não entrar no cômputo das transferências pode levar a União a preferir reajustar alíquotas da CSLL, em vez de alíquotas do IRPJ. A alíquota da CSLL é de 9%; porém, no caso de instituições financeiras e empresas de seguro privados e capitalização, a alíquota é de 15%. A base de cálculo dessa contribuição pode ser o lucro auferido ou o lucro presumido, a depender da opção da empresa para fins do Imposto de Renda – Pessoa Jurídica. As empresas que trabalham com lucro apurado pagam a CSLL em cima do valor auferido do lucro. Caso a empresa tenha optado pelo lucro presumido para o IRPJ, a contri- buição também incidirá sobre o lucro presumido, especificamente 12% da receita bruta nas atividades comerciais e industriais, bem como nos serviços hospitalares e de transportes. Para a prestação de serviços em geral – exceto a de serviços hospitalares e de transporte 31UNIDADE II Competência Tributária –, intermediação de negócios e administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza, o lucro presumido equivale a 32% da receita bruta. À base de cálculo, ainda devem ser adicionados: os ganhos de capital, as demais receitas e os resultados positivos decorrentes de receitas não compreendidas na atividade; os rendimentos e os ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras de renda fixa e renda variável; o resultado do cálculo do preço de transferência, decorrentes de operações externas de exportação ou mútuo, com empresas vinculadas ou domiciliadas em países com tributação favorecida. Nessa hipótese, será somada 12% da diferença da receita de exportações e o valor integral da receita com mútuo apurados, segundo as regras do IRPJ. 1.4 Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para a Seguridade Social (CO- FINS) e Contribuição para Previdência Social (CPS) O PIS (Programa de Integração Social) e o PASEP (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público) foram instituídos pelas Leis Complementares nº 07 e 08 de 1970, respectivamente. A Lei 9.715/98 trouxe novas regras a estas contribuições. Já a COFINS foi instituída pela Lei Complementar n° 70/91. Com relação a estas contribuições, necessário se faz trazer um histórico do regime de incidência, principalmente no que se refere aos seus critérios materiais. A redação original da CF/88 dispunha, no artigo 195, inciso I, que a seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I — dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro (BRASIL, 1988, on-line). Nota-se que, na sua redação original, a CF autorizava a instituição de contribuições que tivessem por critério material e base de cálculo o faturamento da pessoa jurídica. Neste mesmo sentido, dispunham as leis do PIS/PASEP e COFINS. A Lei nº 9.715/98 dispunha, no seu art. 2º, que a contribuição para o PIS/PASEP será apurada mensalmente pelas pessoas jurídicas de direito privado [...] com base no faturamento do mês. Já o art. 3º definia que se considera faturamento a receita bruta prove- niente da venda de bens nas operações de conta própria, do preço dos serviços prestados e do resultado auferido nas operações de conta alheia. No que diz respeito à COFINS, o artigo 2° da Lei Complementar n° 70/91 dispõe que a contribuição incidirá sobre o faturamento mensal, “assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza”. 32UNIDADE II Competência Tributária Portanto, tanto pela redação original da CF/88 quanto pelas leis reguladoras do PIS/PASEP e da COFINS, o critério material e a base de cálculo destas contribuições eram o faturamento da pessoa jurídica; assim entendido, a receita bruta advinda da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Diante disso, não era toda e qualquer receita que estava submetida à incidência do PIS/PASEP e da COFINS, mas somente aquelas auferidas em contrapartida à venda de bens e prestação de serviços. Todas as demais receitas, portanto, não deveriam entrar na base de cálculo destas contribuições. Ocorre que a Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, trouxe regra diversa àquela até então praticada. Segundoo artigo 2º desta lei, as contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento. Até aí, não havia incompatibilidade com o disposto pela Constituição Federal nem com a regra estampada na lei 9.715/98 e na LC 70/91. Ocorre que o artigo 3º e seu parágrafo primeiro conceituam faturamento como receita bruta da pessoa jurídica, entendida como “a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas”, ou seja, pela redação deste dispositivo, o conceito de faturamento não deveria mais ficar restrito à receita bruta advinda da venda de mercadorias ou da prestação de serviço, mas deveria passar a ser considerado como a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica. Percebe-se, portanto, que o disposto no referido artigo ampliou o conceito de fatura- mento daquele até então praticado. Se, até então, a incidência do PIS/PASEP e COFINS se dava somente sobre a receita bruta da venda de mercadorias e da prestação de serviços, a partir da Lei nº 9.718/98, passou-se a admitir a incidência destas contribuições sobre toda e qualquer receita auferida pela pessoa jurídica, seja decorrente de sua atividade operacional ou não. Ocorre que, conforme vimos, a redação da Constituição vigente à época da Lei nº 9.718/98 somente permitia contribuição social sobre o faturamento da pessoa jurídica, conforme artigo 195. Assim, a Emenda Constitucional n° 20, de 15 de dezembro de 1998, modificou dito dispositivo, no sentido de permitir a instituição de contribuição social não só sobre o faturamento, mas também sobre a receita da pessoa jurídica. 33UNIDADE II Competência Tributária Figura 1 - Alterações da Lei 9.718/98 Fonte: Brasil (1988). Por fim, com relação aos sujeitos passivos das contribuições, o art. 1° da LC 70/91 dispõe que a COFINS é devida pelas pessoas jurídicas inclusive as a elas equiparadas pela legislação do imposto de renda. Já o art. 2° da Lei 9.715/98 dispõe que o PIS será devido pelas pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas pela legislação do imposto de renda, inclusive as empresas públicas e as sociedades de economia mista e suas subsidiárias, com base no faturamento do mês, e pelas pessoas jurídicas de direito público interno, com base no valor mensal das receitas correntes arrecadadas e das trans- ferências correntes e de capital recebidas. 34UNIDADE II Competência Tributária 2 COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA – ESTADOS E DISTRITO FEDERAL 2.1 Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Pres- tações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações (ICMS) A Constituição Federal de 1988 permitiu aos Estados e ao Distrito Federal insti- tuírem o Imposto sobre operações relativas à Circulação de Mercadorias e Serviços de transporte intermunicipal e interestadual e de comunicações (ICMS), conhecido antes como ICM e hoje como ICMS. A Constituição Federal dispõe sobre o ICMS no capítulo do Sistema Tributário Na- cional. O Art. 155 da Constituição Federal trata inicialmente da autorização para cobrança dos impostos estaduais, sendo o ICMS autorizado no Inciso II, conforme destaque a seguir: Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: II - Operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993). O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é um tributo esta- dual que incide sobre produtos de diferentes tipos, desde eletrodomésticos a parafusos, e que se aplica tanto à comercialização dentro do país como a bens importados. Na prática, esse imposto é cobrado de forma indireta, ou seja, seu valor é adiciona- do ao preço do produto comercializado ou do serviço prestado. Ao vender uma mercadoria 35UNIDADE II Competência Tributária ou realizar alguma operação em que se aplique o ICMS, é efetuado o fato gerador quando a titularidade deste bem ou serviço passa para o comprador, ou seja, o tributo só é cobrado quando a mercadoria é vendida ou o serviço é prestado para o consumidor, que passa a ser o titular deste item ou do resultado da atividade realizada. 2.1.1 Competência, fato gerador e base de cálculo do ICMS É um imposto de competência dos Estados/Distrito Federal que incide sobre produtos de diferentes tipos, desde um automóvel a uma pipoca, e que se aplica tanto em relação à comercialização dentro do país, quanto a importações de bens e serviços do exterior. De acordo com o artigo 155, inciso II, da Constituição Federal, compete aos Es- tados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior. O ICMS, conforme previsão constitucional, teve suas regras básicas, em nível nacional, reguladas pelo convênio ICM nº 66/88, o qual foi revogado em 13 de setembro de 1996 pela Lei Complementar nº 87 (conhecida do público como Lei Kandir), que passou a balizar o assunto, juntamente com os convênios firmados entre os Estados. Conforme a Lei Kandir, o fato gerador do ICMS corresponde à circulação de mer- cadorias ou à prestação de determinados serviços, o que de acordo com o Art. 2º da LC 87/96 compreende: • saída de mercadorias, a qualquer título, de estabelecimento de contribuinte, comercial, industrial ou produtor, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular; • prestação de serviços de transporte interestadual ou intermunicipal e de comunicações e telecomunicações (a partir da CF/88); • entrada de mercadorias importadas no estabelecimento de contribuinte, comercial, industrial ou produtor, e ainda que se trate de mercadorias para consumo ou bem do ativo imobilizado; • fornecimento de mercadoria com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos municípios; • outros itens de incidência consulte o Art. 2º da LC 87/96. A base de cálculo do ICMS, de modo geral, é o valor da operação com mercado- rias, incluindo importâncias acessórias, tais como seguros e fretes pagos pelo comprador, excluídos os descontos incondicionais. Sua base de cálculo está diretamente relacionada com a natureza da operação. O ICMS é um imposto “por dentro”, diferentemente do IPI, que é “por fora”, ou seja, o ICMS integra a sua própria base de cálculo, que é o valor da mercadoria incluindo importâncias acessórias. 36UNIDADE II Competência Tributária 2.1.2 Alíquota do ICMS O ICMS é um imposto que tem muitas particularidades na determinação da alí- quota. A alíquota interna é determinada individualmente em cada Estado pela legislação estadual. A definição da alíquota interestadual é de competência do Senado Federal, ou seja, o Senado é o órgão responsável pela definição das alíquotas aplicadas nas operações interestaduais, bem assim fixar alíquotas máximas e mínimas. Vejamos o que dispõe o inciso V, Art. 115, da CF/88: É facultado ao Senado Federal: (a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas [...] (b) fixar alíquotas máximas nas operações para resolver conflito específico que envolva interesse de Estados [...] (BRASIL, 1988, online). 37UNIDADE II Competência Tributária 3 COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA – MUNICÍPIOS 3.1 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN); O Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza, identificado por alguns com a sigla ISSQN – ou, simplesmente, ISS – é um tributo de competência dos Municípios e do Distrito Federal, conforme previsto no artigo 156 da Constituição Federal (CF) de 1988. É a Lei Complementar(LC) nº 116, de 31/07/2013, com as alterações trazidas pela Lei Complementar (LC) nº 157, de 29/12/2016, que trata desse tributo de forma geral nas unidades da Federação do Brasil. A cobrança do ISS, prevista no artigo 156 da CF/1988 e tratada, hoje, pela LC 116/2013, é regulamentada por leis municipais editadas por cada um dos Municípios que compõem a unidade Federativa do Brasil, identificadas como Código de Rendas dos Muni- cípios. É um tributo de competência dos municípios, que incide sobre os serviços prestados pelas empresas – pessoas jurídicas – ou pelos profissionais autônomos, desde que o fato gerador do serviço não seja de competência tributária do Estado ou União. O ISS tem sua estrutura básica definida na Constituição Federal, que estabelece: a. competência aos municípios para instituir a cobrança do imposto; b. prestação de serviços como fato gerador da respectiva obrigação tribu- tária; c. o preço do serviço como base de cálculo do imposto; d. o prestador de serviço como contribuinte; e. os serviços onerados pelo imposto municipal são os definidos em lei complementar, não podendo fazer parte da lista os serviços que ficaram 38UNIDADE II Competência Tributária na competência dos Estados, como os serviços de transporte interesta- dual e intermunicipal e de comunicação (ICMS); f. a necessidade de lei complementar federal para regular a forma e as con- dições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados. (Art. 156 da CF/1998). O fato gerador do ISS é a prestação de serviços constantes da lista anexa à Lei Complementar nº 116/03, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador. O que faz nascer a obrigação tributária de pagar o imposto é a prestação de serviço, qualquer que seja sua denominação. O ISS tem como fato gerador a prestação de serviços constante da lista anexa à LC 116/2003, mesmo nos casos em que tais serviços não se constituam em atividade preponderante do prestador. O ISS também incide sobre o serviço proveniente do exterior ou cuja prestação de serviço se tenha iniciado no exterior. Vejamos o que diz art. 1º da LC 116/2003: Art. 1º O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de compe- tência dos Municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que es- ses não se constituam como atividade preponderante do prestador. § 1º O imposto incide também sobre o serviço proveniente do exterior do País ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior do País. § 2º Ressalvadas as exceções expressas na lista anexa, os serviços nela mencionados não ficam sujeitos ao Imposto Sobre Ope- rações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comu- nicação ICMS, ainda que sua prestação envolva fornecimento de mercadorias. § 3º O imposto de que trata esta Lei Complementar incide ainda sobre os serviços prestados mediante a utilização de bens e serviços públicos explo- rados economicamente mediante autorização, permissão ou concessão, com o pagamento de tarifa, preço ou pedágio pelo usuário final do serviço. § 4º A incidência do imposto não depende da denominação dada ao serviço prestado. Destaca-se que a incidência do ISS não depende da denominação dada ao serviço prestado. O ISS também incide sobre os serviços prestados mediante a utilização de bens e serviços públicos explorados economicamente mediante autorização, permissão ou con- cessão, com o pagamento de tarifa, preço ou pedágio pelo usuário. Com relação às não incidências do ISS: = Não incide sobre a prestação de serviços para o exterior (art. 2º, I, da LC 116/03 c/c art. 156, § 3º, II); = Não incide sobre a prestação de serviços em relação de emprego, dos trabalhadores avulsos, dos diretores e membros de conselho consultivo ou de conselho fiscal de sociedades e fundações, bem como dos sócios- gerentes e dos gerentes-delegados (art. 2º, II, da LC 116/03); = Não incide sobre o valor intermediado no mercado de títulos e valores mo- biliários, o valor dos depósitos bancários, o principal, juros e acréscimos moratórios relativos a operações de crédito realizadas por instituições financeiras (art. 2º, III, da LC 116/03); 39UNIDADE II Competência Tributária = Não incide sobre a prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (trata-se do campo de incidência do ICMS)(art. 2º da LC 116/03); = Não incide sobre a prestação de serviços pelo próprio Poder Público (a operação está imune com base no art. 150, VI, a, da CF/88); = Não incide sobre a prestação de serviço público específico e divisível (trata-se do campo de incidência das taxas de serviço)(art. 2º da LC 116/03); = Não incide sobre a prestação de serviços a si próprio (descaracterização do fato gerador, com base no entendimento do STJ)(art. 2º da LC 116/03). De acordo com a LC 116/2003, art. 7, a base de cálculo do ISS é o preço do serviço prestado, entendido como o valor total cobrado em virtude da prestação do serviço, sem qualquer dedução, nem do próprio valor do imposto. 3.1.1 Alíquota do ISS A Emenda Constitucional (EC) nº 37/02 diz que cabe à Lei Complementar a defi- nição das alíquotas máxima e mínima do ISS. Não pertence à União, portanto, a definição das alíquotas, tarefa que cabe aos municípios. Apenas há limite mínimo e limite máximo, devendo a alíquota se situar entre os dois polos. A alíquota máxima definida na LC 116/2003, conforme art. 8º, é de 5%, não pre- vendo alíquota mínima. Até a edição da LC157/2016, tomava-se como parâmetro para estabelecer a alíquota mínima do ISS a EC 37/02, que estabelecia a alíquota mínima em 2%, até que a Lei Complementar fizesse a regulamentação. Agora, com a inserção do art. 8º-A, na LC116/2003, por meio da LC 157/2016, a alíquota mínima do ISS é de 2%. Nesse contexto, as alíquotas do ISS de determinado serviço devem observar as regras internas de cada município, estabelecidas nos seus Códigos de Rendas Municipais, vez que eles são livres para estabelecer alíquotas do ISS entre 2% e 5%. Para as empresas optantes do Simples Nacional, ver regra específica. 40UNIDADE II Competência Tributária CONSIDERAÇÕES FINAIS Atualmente, tem se observado um crescente aumento de competitividade e a ques- tão tributária pode ser objeto de um sucesso volumoso. Apesar de muitas organizações poderem não estar preparadas para este estrondoso crescimento competitivo, buscar respostas que possam ajudar a melhorar o seu desempenho poderá contribuir na obtenção de uma solução mais rápida dos problemas, quando estes se tornam mais aparentes para as referidas. Embora o ambiente que circunda as entidades aponte para a necessidade de uma gestão do custo tributário eficaz, muitas destas ainda, apesar de preocupadas com o impacto tributário sobre si, não possuem a referida gestão, nem mesmo um planejamento tributário aplicável, o que pode comprometê-las financeira e economicamente, em decorrência do aumento de competitividade que tem se verificado. Assim, se torna imprescindível a importância da atenção às leis tributárias, assim como o planejamento tributário dentro das empresas, auxiliando os gestores na escolha da melhor opção de regime tributário, buscando meios legais de redução de pagamento de tributos e alíquotas. Com a economia de tributos, a empresa poderá oferecer produtos ou serviços com preços mais competitivos, gerando melhores resultados e proporcionando o seu crescimento. 41UNIDADE II Competência Tributária MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Manual da Contabilidade Tributária – 9ª Edição Autor: Paulo Henrique Pêgas Sinopse: para entender como apurar e conciliar os tributos. Com explicações sobre como fazer cálculos, o Manual de Contabilidade Tributária conta com mais de 400 exercícios de múltipla escolha e apresenta a fundamentaçãolegal de cada imposto e de cada contribuição. Além de apresentar os aspectos mais importantes dos principais tributos do Brasil e trazer um pouco da parte prática sobre legislação aplicada, o autor adaptou o manual de consulta às normas internacionais e uniu a complexa legislação tributária brasileira à contabilidade moderna. São 40 capítulos divididos em oito partes para facilitar a leitura. O livro é um manual de consulta para o profissional, além de ser usado como base para o estudante. Link: http://bit.ly/pegas-contabilidade FILME/VÍDEO Título: A grande aposta Ano: 2011 Sinopse: em 2008, o guru de Wall Street Michael Burry percebe que uma série de empréstimos feitos para o mercado imobiliário está em risco de inadimplência. Ele decide então apostar contra o mercado investindo mais de um bilhão de dólares dos seus inves- tidores. Suas ações atraem a atenção do corretor Jared Vennet, que percebe a oportunidade e passa a oferecê-la a seus clientes. Juntos, esses homens fazem uma fortuna tirando proveito do co- lapso econômico americano. 42 Objetivos de Aprendizagem: ● Conhecer as principais formas de tributação; ● Entender os conceitos básicos da legislação aplicável a cada modalidade; ● Apresentar suas principais características. Plano de estudo: 1 SIMPLES NACIONAL; 2 LUCRO PRESUMIDO; 3 LUCRO REAL; 4 LUCRO ARBITRADO. UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária Professor Heric Garcia 43UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária INTRODUÇÃO Nos últimos anos, tem-se observado dificuldades pelas empresas em buscarem um meio estratégico para reduzir seus custos e aprimorar a atividade financeira. Em meio a um ambiente competitivo de negócios, um dos encargos que mais oneram o desempenho das organizações são os tributos, de modo que eles são recolhidos pelas organizações conforme o seu faturamento e enquadramento tributário, dentre eles o Lucro Real, Lucro Presumido ou Simples Nacional. Os tributos influenciam diretamente nos custos da organização no dia-a-dia e, con- sequentemente, nos resultados econômicos e financeiros, pois refletem na vida das em- presas de forma que o seu desenvolvimento não seja suficiente para alcançar os objetivos. Em um mercado cada vez mais dinâmico, o Planejamento Tributário tornou-se uma ferramenta indispensável para as organizações, pois devido à complexidade da legislação brasileira, constituída por inúmeras leis e constantes alterações, verifica-se a ocorrência de dificuldade na interpretação íntegra pelos gestores, além de se manterem atualizados perante as legislações aplicáveis no que se refere às diversas influências relacionadas à gestão empresarial. De maneira geral, o profissional contábil é quem elabora este planejamento e auxilia na tomada de decisão quanto ao efeito da carga tributária nas atividades da empresa. As- sim, uma vez elaborado e definido o planejamento tributário destinado a nortear o exercício econômico, desempenha-se a etapa seguinte, considerada a gestão dos tributos: trata-se do gerenciamento e da emissão de documentos comerciais e fiscais, da escrituração con- tábil-fiscal, da apuração do montante devido dos tributos, do controle de diversos prazos de pagamento e da prestação das dezenas de informações exigidas pelas autoridades tributárias federais, estaduais e municipais. 44UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária 1 SIMPLES NACIONAL A Constituição Federal de 1988 definiu em seu art. 179 que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei (BRASIL, 1988, on-line). Por sua vez, o assunto foi regulamentado na Lei nº 9.841/99, que instituiu o esta- tuto da microempresa e da empresa de pequeno porte, que assegurava a elas tratamento jurídico diferenciado e simplificado nos campos administrativo, tributário, previdenciário, trabalhista, creditício e de desenvolvimento empresarial. O estatuto, contudo, não tinha aplicação prática no campo tributário, que era regido pela Lei nº 9.317/96, com alterações posteriores. Em 2006, foi publicada a Lei Complementar nº 123, que revogou as Leis nº 9.317/96 e 9.841/99 a partir de julho de 2007. O problema é que uma parte significativa da LC 123/06 dependia de regulamentação, que foi transferida para o Comitê Gestor de Tributação das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (CGSN), criado pelo Decreto nº 6.038, publicado no D.O.U. em fevereiro de 2007, e que publicou seu primeiro normativo efetivo apenas no dia 30 de maio de 2007, ou seja, praticamente 30 dias antes de o Simples Nacional entrar em funcionamento. Tal fato causou indignação na classe contábil na época, pois a entrada em vigor do modelo ocorreu no meio do ano fiscal, exigindo dos profissionais 45UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária de contabilidade a familiarização com uma legislação muito complexa em tão pouco tempo, o que os responsáveis pela regulamentação não conseguiram fazer. A prova conclusiva do equívoco de quem impôs a entrada em vigor da lei foi sua modificação pela Lei Comple- mentar nº 127, publicada em agosto de 2007. No final de 2008, foi publicada a LC nº 128/08, consolidando finalmente a legislação do Simples Nacional. Foram três leis complementares para definir um modelo de tributação simplificado para microempresas e empresas de pequeno porte. Além disso, houve mais uma alteração (LC nº 133/10) no final de 2010, para ajustar empresas do setor cultural. Em 2011, foi publicada a Lei Complementar nº 139, trazendo mais modificações na legislação que rege a tributação das microempresas e empresas de pequeno porte. Nesta LC, houve a elevação dos limites para uso do Simples para o máximo de R$ 3,6 milhões. Já em 2014, foi publicada a LC nº 147, incluindo novos prestadores de serviços no Simples, além de outras alterações. Por fim, a LC nº 154/16 permitiu ao Microempreendedor Indivi- dual (MEI) utilizar a residência como sede do estabelecimento. O conjunto de leis complementares do Simples (sete ao todo) representa uma pequena mostra de como o Poder Legislativo vem trabalhando de forma equivocada nos últimos anos no Brasil. Em 2012, a LC nº 123/06 foi republicada no Diário Oficial da União, contemplando as alterações das quatro outras leis complementares sobre o tema que vieram depois. 46UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária 1.1 Objetivos do Simples Nacional De acordo com Pegas (2017, p.461), as justificativas apresentadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) para a instituição do regime simplificado para Microem- presas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP) são as seguintes: ● Estas empresas possuem baixo potencial arrecadatório e, portanto, não devem ter um ônus excessivo nas atividades de controle exercidas pela administração. ● A concessão de benefícios tributários diretos (redução da carga tributária) deve observar uma transição suave, de tal sorte a não criar descontinui- dades acentuadas que induzam à prática de planejamento fiscal. ● O regime simplificado destina se a buscar um ambiente mais competitivo entre grandes e pequenas empresas e não a conceder privilégios a deter- minado grupo. O ingresso no regime deve ser destinado exclusivamente aos setores econômicos que estão sujeitos à concorrência assimétrica em razão da dimensão da empresa. Atividades econômicas que, por na- tureza, encontram se pulverizadas e, portanto, não sofrem concorrência desigual não devem ter acesso ao regime. ● Dada a importância destas empresas (geração de empregos, inovação tecnológica, competição no mercado etc.), o custo de cumprimento das obrigações tributárias para esse segmento deve ser minimizado, de modo a não comprometersua sobrevivência. ● A relação entre o contribuinte e o Estado, sempre que possível, deve ser única, a despeito da existência de distintos níveis de governo e adminis- tração tributária envolvidos. A legislação do Simples teve como grande diferencial a inclusão no recolhimen- to único dos encargos previdenciários, reduzindo o custo de pessoal e incentivando a contratação de mão de obra. Além disso, a ideia original era estender o Simples para os tributos estaduais e municipais, notadamente ICMS e ISS. 47UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária Todavia, os estados e os principais municípios do país não aderiram ao modelo federal. Nenhum estado participava do convênio com a União e a maioria criou modelo próprio para essas empresas. Diante disso, pouco mais de 100 municípios participavam do Simples federal, a maioria representada por cidades pequenas, que não teriam condições de fiscalizar e cobrar o ISS, sendo mais fácil aderir ao modelo federal e receber um valor ínfimo do que nada receber. No Simples Nacional, ISS e ICMS são incluídos obrigatoriamente, facilitando consi- deravelmente o controle e a parte burocrática das empresas. Vale destacar também que as empresas inscritas no Simples devem apresentar declaração simplificada anualmente, até o último dia útil do mês de maio do ano seguinte. O art. 25 da LC nº 123/06 manteve a obrigatoriedade da entrega, mas direcionou a definição do modelo, do prazo e das regras para o tal do Comitê Gestor, que publicou, no dia 28 de junho de 2007, a Resolução nº 10, que definiu o prazo de entrega da Declaração Única e Simplificada de Informações Socioeconômicas e Fiscais como o último dia útil de março do ano seguinte. 48UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária 1.2 Tributos Unificados pelos Simples Nacional O Simples Nacional consiste em fazer um único recolhimento mensal, aplicando-se um percentual estabelecido na lei, abrangendo os seguintes tributos: IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, INSS, além do IPI para as empresas industriais ou equiparadas, ICMS e ISS para empresas contribuintes destes impostos. A empresa inscrita no Simples Nacional continua desobrigada de efetuar o paga- mento das contribuições para órgãos como SESC, SESI ou SEST (1,5%), SENAC, SENAI ou SENAT (1%), SEBRAE (0,6%), INCRA (0,2%), além do salário-educação (2,5%). Esta isenção é permitida a todas as empresas que se enquadrarem no Simples Nacional. Então, mesmo aqueles prestadores de serviços que continuam pagando o INSS e o SAT fora do modelo simplificado serão contemplados com a isenção (LC 123/06, art. 13, § 3o). Por exemplo, uma academia de ginástica que optar pelo Simples Nacional terá que pagar INSS e o SAT, mas não pagará 5,8%, que é a alíquota total das contribuições da união (SESC, SENAC, INCRA, SEBRAE e Salário-Educação) incluídas no modelo. 49UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária 1.3 Atualizações do Simples Nacional – a partir de 01.01.2018 Professor, houveram mudanças significativas na legislação aplicável ao Simples Nacional recentemente? A resposta é sim! O Simples Nacional, também conhecido como Supersimples, é um regime que unifica oito impostos municipais, estaduais e federais em uma só guia com vencimento mensal. O regime completou dez anos em 2017 e sofreu mudanças significativas em razão da Lei Complementar nº 155/2016, que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2018. Dentre as principais alterações, podemos destacar: ● Novos tetos de faturamento e criação de sublimite para ICMS e ISS; ● Novas alíquotas, redução do número de anexos e faixas de receita bruta para apuração das alíquotas; ● Utilização de nova fórmula para apuração das alíquotas efetivas; ● Aplicação da razão entre folha de salário x faturamento para enquadra- mento nos anexos; ● Inclusão de novas atividades. (elaborado pelo autor com base nas atua- lizações da LC 123/2006). 1.3.1 Novo teto de faturamento O teto de receita bruta (faturamento) para enquadramento no Simples Nacional foi majorado de R$ 3.600.000,00 para R$ 4.800.000,00. O Microempreendedor Individual (MEI) passa de um limite de R$ 60 mil para R$ 81 mil por ano, uma média mensal de R$ 6,75 mil, e a Empresa de Pequeno Porte (EPP) passa de R$ 3,6 milhões para R$ 4,8 milhões anuais, média mensal de R$ 400 mil. 50UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária Entretanto, as EPPs que ultrapassarem o valor anterior, de R$ 3,6 milhões de fa- turamento, terão o ICMS e o ISS calculados fora da tabela do Simples Nacional, conforme regras estabelecidas pela lei complementar 155/2016: ● Se a receita bruta ultrapassar 20% do limite de R$ 3,6 milhões, a empresa de- verá comunicar sua exclusão com efeitos para o mês seguinte ao do excesso, podendo fazer novo requerimento em janeiro de 2018. Caso o excesso ocorra em dezembro de 2017, não será necessário comunicar a exclusão. ● Se a receita bruta não ultrapassar 20% do limite de R$ 3,6 milhões, não precisa- rá comunicar sua exclusão. Caso a exclusão seja comunicada, será necessário novo requerimento. 51UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária 1.3.2 Novas faixas de receita bruta e redução de tabelas A partir de 2018, as tabelas do Simples passam de seis para cinco anexos (um para o comércio, um para a indústria e três para serviços). O número de faixas de alíquotas aplicadas diretamente no faturamento cai de 20 para seis. Também haverá alteração do cálculo do imposto incidente sobre o faturamento. Antes, ele era feito pela multiplicação da alíquota e do faturamento. Agora, será considera- do o valor fixo de abatimento da tabela. Todas as atividades que anteriormente pertenciam ao anexo V, passam a ser tributadas pelo anexo III. Já com a extinção do anexo VI, as atividades passam a ser tributadas pelo novo anexo V. Vejamos como era: 52UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária Quadro 1 - Faixas de receita bruta e redução de tabelas Fonte: Simples Nacional (s. d.). Como ficou: Quadro 2 - Novas faixas de receita bruta e redução de tabelas Fonte: Simples Nacional (s. d.). 1.3.3 Nova fórmula de cálculo – alíquota efetiva Pela regra da legislação em vigor, basta o contribuinte apurar sua faixa de fatu- ramento e aplicar a alíquota nela prevista. A partir do próximo exercício, não será mais aplicada uma alíquota simples sobre a receita bruta mensal. A alíquota a ser paga dependerá de um cálculo que leva em consideração a receita bruta acumulada nos doze meses anteriores e o desconto fixo. O resultado desse novo cálculo foi denominado alíquota efetiva. Veja: (RBT12 x Alíquota) – PD RBT12 Rbt12: receita bruta acumulada nos dozes meses anteriores; Alíquota: alíquota nominal de acordo com os Anexos I a V; PD: parcela a deduzir de acordo com os Anexos I a V. Essas mudanças poderão aumentar ou reduzir a carga tributária para algumas empresas. 53UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária 2 LUCRO PRESUMIDO O lucro presumido é uma forma de tributação que utiliza apenas as receitas da empresa para apuração do resultado tributável de IR e CSLL. Com isso, esses tributos são calculados por um resultado estimado, encontrado pela aplicação de percentuais definidos em lei. O cálculo de IR e CSLL pelo lucro presumido tem um grau de simplicidade bem maior em comparação com o cálculo pelo lucro real. O lucro presumido não representa uma forma de tributação obrigatória, podendo o contribuinte, se assim desejar, ser tributado pelo lucro real, mesmo com valor de receita bem reduzido. No entanto, algumas empresas não podem optar pelo lucro presumido, conforme será apresentado a seguir. O lucro presumido tem suas regras básicas apresentadas entre os artigos 516 e 528 do Decreto no 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda) e algumas alterações posteriores. 2.1 Quem pode optar pelo Lucro Presumido? As empresas não obrigadas pelo regime de apuração do Lucro Real poderão optar pelo regime de tributação do Lucro Presumido. A opção é irretratávelpara todo o ano-ca- lendário por meio do recolhimento do IRPJ, com o código de recolhimento no Documento de Arrecadação de Receitas Federais - DARF, Lucro Presumido. 54UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária 2.2 Momento da Opção A opção pelo Lucro Presumido será manifestada pelo pagamento da primeira ou quota única do IRPJ devido, referente ao primeiro período de apuração do ano-calendário (art. 516, do decreto nº 3.000/1999). O imposto é apurado trimestralmente, com encerramentos em 31 de março, 30 de junho, 31 de setembro e 31 de dezembro de cada ano e a opção deverá ser manifestada por ocasião do pagamento da primeira quota ou quota única do IRPJ, no primeiro trimestre, devendo ser pago até o último dia útil do mês de abril. Conforme Neves (2007, p. 15), a opção corresponde a: uma modalidade optativa de apurar o lucro e, consequentemente, o im- posto de renda da pessoa jurídica que, observando determinados limites e condições, dispensam a escrituração contábil, exceto a do livro registro de inventário e do livro caixa, e que está baseada em valores globais da receita para presumir o lucro a ser tributado. A opção exercida da forma comentada será irretratável para todo o ano calendário, desse modo, a pessoa jurídica somente poderá alterá-la no ano-calendário subsequente. 55UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária 2.3 Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ 2.3.1 Percentuais incidentes sobre a receita bruta Os percentuais a serem aplicados sobre a receita bruta trimestral, para cálculo do Lucro Presumido, conforme determina o art. 516 e 519, do Decreto 3.000/1999, são: ● 1,6% Revenda, para consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural. ● 16% Atividade de prestação de serviços de transporte de passageiros. Pessoas jurídicas cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta. Pessoas Jurídicas exclusivamente prestadoras de serviços com receita bruta anual não superior a R$ 120.000,00, exceto no caso de prestação de serviços legalmente regulamentada. ● 32% Prestação de serviços em geral. Intermediação de negócios. Administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza. Prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão e crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring). ● 8% transportes de cargas Serviços Hospitalares. Atividades em geral não prevista. 56UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária 2.3.2 Determinação da Base de Cálculo A base de cálculo do IRPJ devido em cada trimestre será determinada pela soma do valor resultante da aplicação das alíquotas, anteriormente comentadas, sobre a receita bruta da atividade, mais os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações finan- ceiras, mais os ganhos de capital e as demais receitas não compreendidas na atividade, nos meses em que as receitas forem recebidas. 2.3.3 Alíquota O art. 3º da Lei nº 9.430/1996 dispõe que a alíquota do Imposto de Renda das pessoas jurídicas é de 15% e a parcela do Lucro Presumido que exceder a R$ 60.000,00, relativo ao período de apuração, se sujeita à incidência de adicional de Imposto de Renda; a alíquota será de 10%. 57UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária 2.4 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL 2.4.1 Percentuais incidentes sobre a receita Os percentuais a serem aplicados para a apuração da base de cálculo da Contribui- ção Social, sobre o Lucro Líquido para as empresas que optaram pela tributação do Lucro Presumido, estão estabelecidos no art. 18 da Instrução Normativa RFB nº 390/2005. ● 12% Revenda para consumo de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural. Atividade de prestação de serviços de transporte de passageiros. Pessoas jurídicas cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta. Transportes de cargas. Serviços Hospitalares. Atividades em geral não previstas. ● 32% Prestação de serviços em geral. Intermediação de negócios. Administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza. Prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão e crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring). 58UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária 2.4.2 Determinação da Base de Cálculo O art. 18, da Instrução Normativa SRF nº 390/2005, dispõe que a base de cálculo da CSLL, em cada mês, será determinada pela soma dos percentuais comentados anterior- mente sobre a receita bruta, mais os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras de renda fixa e renda variável; mais os ganhos de capital, das demais receitas e dos resultados positivos decorrentes de receitas não compreendidas na atividade, no mês em que as receitas forem auferidas. 2.4.3 Alíquota A alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido devido será determinada mediante a aplicação da alíquota de 9% sobre a base de cálculo apurada (art. 31 da Instru- ção Normativa nº 390/2005). 2.4.4 PIS e COFINS cumulativo O regime cumulativo do PIS e da COFINS está previsto na Lei nº 9.718/98, aplican- do-se as alíquotas de 0,65% e 3% respectivamente sobre o faturamento das empresas, não incluindo para esses cálculos as demais receitas auferidas. 2.4.5 Exclusão da receita bruta Da base de cálculo do PIS e da COFINS poderão ser excluídas as vendas cance- ladas, devoluções de vendas e descontos incondicionais concedidos; o IPI; o ICMS retido pelo vendedor dos bens ou prestador de serviços na condição de substituto tributário. 2.4.6 Obrigações acessórias Conforme o art. 527 do Decreto nº 3.000/1999, as empresas optantes pela tributa- ção Lucro Real devem manter: 1. Escrituração contábil nos termos da legislação comercial ou, opcional- mente, escrituração de Livro Caixa, no qual deverá ser escriturada toda a movimentação financeira ocorrida no ano calendário abrangida por esse regime de tributação, inclusive bancária; 2. Escrituração do Livro Registro de Inventário, no qual deverão ser regis- trados os estoques existentes no término do ano-calendário; 3. Em boa guarda e ordem, enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, todos os livros de escrituração obrigatórios por legislação fiscal específica, bem como os documentos e demais papéis que serviram para a escrituração comercial e fiscal. 4. Entregar as declarações obrigatórias como: DIPJ; DCTF; DACON; SPED Contribuições. 59UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária 3 LUCRO REAL O art. 247 do Decreto nº 3.000/1999 (RIR), que consolida a legislação do Imposto de Renda, define que Lucro Real é o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou compensações previstas na legislação do Imposto de Renda. Para a determinação do Lucro Real, será precedida a apuração dolucro líquido de cada período de apuração com observância das disposições das leis comerciais. Os valores que, por competirem a outro período de apuração, forem, para efeito de determinação do Lucro Real, adicionados ao lucro líquido do período de apuração, ou dele excluídos, serão, na determinação do Lucro Real do período de apuração competente, excluídos do lucro líquido ou a ele adicionados, respectivamente, observado o disposto no parágrafo seguinte. No art. 248 do Decreto nº 3.000/1999, definiu-se que lucro líquido do período de apuração é a soma algébrica do lucro operacional, dos resultados não operacionais e das participações e deverá ser determinado com observância dos preceitos da lei comercial. O art. 274 do Decreto supracitado dispõe que, ao fim de cada período de incidên- cia do imposto, o contribuinte deverá apurar o lucro líquido mediante a elaboração, com observância das disposições da lei comercial, do balanço patrimonial, da demonstração do resultado do período de apuração e da demonstração de lucros ou prejuízos acumulados. O lucro líquido do período deverá ser apurado com observância das disposições da Lei das Sociedades Anônimas (Lei nº 6.404/1976). 60UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária Por outro lado, a Lei nº 6.404/1976, art. 187, § 1º, determina que o resultado do exercício seja computado: as receitas; os rendimentos; os ganhos no período; independen- temente da sua realização em moeda; os custos; as despesas; os encargos e as perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos. 61UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária 3.1 Valores Indedutíveis para Apuração do Lucro Real A empresa que optou ou está obrigada ao regime de tributação pelo Lucro Real tem que manter escrituração contábil de acordo com as leis comerciais, ademais, deverá obser- var as leis do Imposto de Renda, pois do valor apurado na escrituração contábil deverá ser ajustado para a determinação da base de cálculo tributável. Sendo assim, muitas das despesas contabilizadas, a legislação do Imposto de Ren- da não permite a sua dedução da base de cálculo, devendo ser adicionadas para apuração do Lucro Real, no período desejado. O art. 249 do Decreto nº 3.000/1999 dispõe que, para a determinação do Lucro Real, serão adicionadas ao lucro líquido do período de apuração as seguintes despesas: ● os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com este Decreto, não sejam dedutíveis na determinação do Lucro Real; ● os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com este Decreto, devam ser computados na determinação do Lucro Real; ● ressalvadas as disposições especiais deste Decreto, as quantias tiradas dos lucros ou de quaisquer fundos ainda não tributados para aumento do capital, para distribuição de quaisquer interesses ou destinadas a reser- vas, quaisquer que sejam as designações que tiverem inclusive lucros suspensos e lucros acumulados; ● os pagamentos efetuados à sociedade civil de que trata o § 3º do art. 146 quando esta for controlada, direta ou indiretamente, por pessoas físicas que sejam diretores, gerentes, controladores da pessoa jurídica que pagar ou creditar os rendimentos, bem como pelo cônjuge ou parente de primeiro grau das referidas pessoas; 62UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária ● os encargos de depreciação, apropriados contabilmente, corresponden- tes ao bem já integralmente depreciado em virtude de gozo de incentivos fiscais previstos neste Decreto; ● as perdas incorridas em operações iniciadas e encerradas no mesmo dia (Day trade), realizadas em mercado de renda fixa ou variável; ● as despesas com alimentação de sócios, acionistas e administradores; VIII - as contribuições não compulsórias, exceto as destinadas a custear seguros e planos de saúde, e benefícios complementares assemelhados aos da previdência social, instituídos em favor dos empregados e dirigen-tes da pessoa jurídica; ● as doações; ● as despesas com brindes; ● o valor da contribuição social sobre o lucro líquido, registrado como custo ou despesa operacional; ● as perdas apuradas nas operações realizadas nos mercados de renda variável e de swap, que excederem os ganhos auferidos nas mesmas operações; ● o valor da parcela da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS, compensada com a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, de acordo com o art. 8º da Lei nº 9.718, de 1998. 3.2 Compensações O prejuízo fiscal apurado no LALUR, a partir do ano de 1995, poderá ser compen- sado com o Lucro Real apurado no encerramento do período de apuração, limitado a 30% do Lucro Real apurado. Esse prejuízo deverá estar demonstrado na Parte B do LALUR (Decreto nº 3.000/1999, artigos 509 a 515). 3.3 Livro de Apuração do Lucro Real – LALUR O Livro de Apuração do Lucro Real é obrigatório para todas as empresas que apu- ram os seus tributos no regime de apuração Lucro Real, obrigadas ou optantes. A finalidade do LALUR é demonstrar, na contabilidade fiscal, a apuração do Lucro Real sujeito ao Imposto de Renda, em cada período de apuração, trazendo ainda elemen- tos que afetam resultados de períodos posteriores ao da apuração, como prejuízos fiscais a compensar, lucro inflacionário a realizar, depreciação acelerada incentivada, entre outros. A sua escrituração deverá conter a Parte A e Parte B de forma completa e ocorrer trimestralmente, caso a pessoa jurídica tenha optado pelo Lucro Real trimestral ou anual- mente e, se a opção foi com base no Lucro Real anual e, nos meses em que a empresa levantou balanços ou balancetes de suspensão ou redução para reduzir ou suspender o imposto devido mensalmente com base na receita bruta. A Instrução Normativa SRF, nº 28/1978, dispõe que o LALUR deverá ter suas folhas numeradas sequencialmente com duas partes, ou seja, parte A e parte B, sendo a parte A destinada aos lançamentos de ajuste do lucro contábil do exercício, pelas adições, ex- clusões e compensações, ao passo que a Parte B faz o controle dos valores que poderão influenciar a apuração em anos subsequentes. 63UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária A autenticação e o registro do LALUR estão dispensados, mas deverão conter, na primeira página e na última página, termos de abertura e termo de encerramento, respec- tivamente, com a razão social, número e data do arquivamento no registro do comércio, o número do Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas (CNPJ) e a assinatura do responsável pela pessoa jurídica, além do contabilista legalmente habilitado. 3.4 Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ Os percentuais a serem aplicados mensalmente sobre a receita bruta, para cálculo do Imposto de Renda, conforme previsto no art. 223, do Decreto 3.000/1999, são os se- guintes: ● 1,6% Revenda, para consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural. ● 16% Atividade de prestação de serviços de transporte de passageiros. Pessoas jurídicas cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, so- ciedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta. Pessoas Jurídicas exclusivamente prestadoras de serviços com receita bruta anual não superior a R$ 120.000,00, exceto no caso de prestação de serviços legalmente regulamentada. ● 32% Prestação de serviços em geral. Intermediação de negócios. Administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direito de qualquer natureza. Prestação cumulativa e contínuade serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão e crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring). ● 8% Transportes de cargas. Serviços Hospitalares. Atividades em geral não previstas. Após serem aplicados os percentuais sobre a receita bruta, devem ser somados às demais receitas os ganhos de capital na venda de ativos e os resultados positivos decor- rentes de receitas não compreendidas no objeto social da empresa. 64UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária SAIBA MAIS A Lei nº 9.430/1996, art. 2º, dispõe que a base de cálculo estimada com base na receita bruta, devida mensalmente, terá uma alíquota de 15% e a parcela que exceder a R$ 20.000,00 dessa base de cálculo incidirá mais um adicional à alíquota de 10%. Pode-se deduzir do Imposto de Renda devido os valores retidos, os quais a receita integrou a base de cálculo, e os incentivos fiscais, como: a) programa de alimentação do trabalhador; b) atividade audiovisual; c) atividades culturais ou artísticas; d) doações aos fundos da criança e do adolescente; e) atividades de caráter desportivo; f) fundo nacional do idoso. O pagamento do imposto devido pelo pagamento por estimativa com base na receita bruta vence no último dia útil do mês seguinte ao do fato gerador, conforme previsto no art. 6º, da Lei nº 9.430/1996. Fonte: Brasil (2018). 65UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária 3.5 Apuração do Lucro Trimestral As empresas optantes ou obrigadas à apuração do Lucro Real que não quiserem calcular o Imposto de Renda pela estimativa com base na receita bruta ou por meio do balanço ou balancete de suspensão ou redução, poderão escolher a apuração pelo Lucro Real trimestral, encerrada em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário. Desse modo, a obrigação de confeccionar o LALUR torna-se trimestral e essa apuração será definitiva, aplicando-se a alíquota de 15% sobre o lucro líquido ajustado pelas adições, exclusões e compensações. Neste cenário, a parcela que exceder a R$ 60.000,00 do Lucro Real apurado trimestralmente terá um adicional de Imposto de Renda com alíquota de 10%. 66UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária 4 LUCRO ARBITRADO O art. 530 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto no 3.000, de 1999) detalha as hipóteses em que o lucro da pessoa jurídica será arbitrado: I. escrituração imprestável; II. não apresentação de livros comerciais ou fiscais ou apresentação do livro razão em ordem não adequada; III. quando a empresa optar indevidamente pelo lucro presumido. Desde que ocorram as hipóteses previstas nos itens I ou II, o lucro poderá ser arbitrado pela própria pessoa jurídica, quando conhecida sua receita bruta. Mas a maior frequência de arbitramento de lucro é por iniciativa do Fisco e ocorre por falta de contabili- zação das operações bancárias referentes a depósitos e emissões de cheques. 67UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo, constatamos que os tributos influenciam diretamente nos custos da organização e, consequentemente, nos resultados financeiros desta, pois, dependendo da incidência sobre o faturamento, e a partir do contexto no qual a atividade é desempenhada, o planejamento será fundamental para demonstrar seu real impacto no desenvolvimento empresarial, além de recolher adequadamente os encargos fiscais e tributários, protegendo a empresa de possíveis problemas com a Fazenda Pública. Diante da carga tributária que as organizações desembolsam ao fisco decorrentes da operação de aquisição de mercadorias que refletirá na elaboração do preço de venda, surge o seguinte questionamento: “qual o regime mais vantajoso para as empresas?”. Nesse contexto, o objetivo desta unidade foi demonstrar a relevância do Plane- jamento Tributário como ferramenta imprescindível para redução legal dos tributos das empresas, pois significativamente o valor de tributos recolhidos ao fisco é um dos motivos que influenciam negativamente no desenvolvimento organizacional. 68UNIDADE III Regimes de Incidência Tributária MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Manual da Contabilidade Tributária – 9ª Edição Autor: Paulo Henrique Pêgas Sinopse: para entender como apurar e conciliar os tributos. Com explicações sobre como fazer cálculos, o Manual de Contabilidade Tributária conta com mais de 400 exercícios de múltipla escolha e apresenta a fundamentação legal de cada imposto e de cada contribuição. Além de apresentar os aspectos mais importantes dos principais tributos do Brasil e trazer um pouco da parte prática sobre legislação aplicada, o autor adaptou o manual de consulta às normas internacionais e uniu a complexa legislação tributária brasileira à contabilidade moderna. São 40 capítulos divididos em oito partes para facilitar a leitura. O livro é um manual de consulta para o profissional, além de ser usado como base para o estudante. Link: http://bit.ly/pegas-contabilidade FILME/VÍDEO Título: Fome de Poder Ano: 2017 Sinopse: a história da ascensão do McDonald’s. Após receber uma demanda sem precedentes e notar uma movimentação de consumidores fora do normal, o vendedor de Illinois Ray Kroc adquire uma participação nos negócios da lanchonete dos irmãos Richard e Maurice Mac Mc Donald no sul da Califórnia e, pouco a pouco, eliminando os dois da rede, transforma a marca em um gigantesco império alimentício. 69 Objetivos de Aprendizagem: ● Conhecer os principais objetivos do planejamento tributário; ● Entender os conceitos básicos da legislação aplicável ao planejamento; ● Apresentar suas principais características. Plano de estudo: 1 CONCEITOS INICIAIS; 1.1 Conceito de Planejamento Tributário; 1.2 Objetivo do Planejamento Tributário; 1.3 Aspectos Relevantes do Planejamento Tributário; 1.4 Elementos do Planejamento Tributário; 1.4.1 Evasão fiscal; 1.4.2 Elisão fiscal; 1.4.3 Elusão fiscal; 1.5 Abrangência do Planejamento; 1.6 Tipos de Planejamento. UNIDADE IV Planejamento Tributário Professor Heric Garcia 70UNIDADE IV Planejamento Tributário INTRODUÇÃO Caro aluno (a), A organização que realiza o planejamento tributário, que é um instrumento de es- tratégia empresarial e que auxilia os gestores em sua tomada de decisão, possui vantagem competitiva entre os seus concorrentes, buscando menor gasto tributário em sua atividade econômica, sempre observando a legislação tributária. Ao contrário do que muitos empresários pensam, não há mágica no planejamento tributário. Trata-se de uma relação custo/benefício que deve ser elaborada por profissionais qualificados e muito bem avaliados, pois exige bom-senso do planejador para encontrar quais as alternativas mais adequadas. O planejamento tributário é uma necessidade básica para as empresas que bus- cam reduzir seus tributos através do planejamento de seus negócios. Assim, o profissional contábil deverá manter-se sempre atento às alterações constantes da legislação para não cometer um crime contra a ordem tributária. Nesta unidade compreenderemos a importância de as empresas realizarem o pla- nejamento tributário junto a um profissional de contabilidade para que identifiquem o melhor regime tributário para se enquadrarem, de acordo com suas atividades, e reduzirem sua carga tributária de forma legal. 71UNIDADE IV Planejamento Tributário 1 CONCEITOS INICIAIS A economia fiscal através da utilização do planejamento tributário é um direito constitucionalmente garantido ao contribuinte, pois está intimamente ligada aos princípios da legalidade (artigo 5º, II, da Constituição Federal), além de se basear na livre-iniciativa (artigo 1º, IV, da Constituição Federal), no direito individual à propriedade (artigo 5º, XXII, da Constituição Federal) e nos fundamentos da ordem econômica (artigo 170 da ConstituiçãoFederal). O princípio da legalidade garante ao contribuinte a liberdade para optar pela estrutu- ração dos seus negócios e pela formação da empresa de modo que lhe permita a economia de tributos. Destaca-se também o princípio da legalidade tributária, consagrado pelo artigo 150 da Constituição Federal, que só autoriza a tributação nos termos da lei. Nesse mesmo sentido, podemos destacar o artigo 113, parágrafo 1º do CTN15, que reza que a obrigação tributária surge apenas com a ocorrência do fato gerador (por sua vez, conceituado pelos artigos 114 e 115 do CTN). De toda sorte, é evidente que o planejamento de atividades para se atingir uma economia tributária é um direito do contribuinte, na medida em que é um exercício da au- tonomia. No entanto, devem ser observados os limites trazidos pelo ordenamento jurídico, tendo em vista que não é um direito absoluto, devendo ser compatível com os princípios e valores do ordenamento jurídico brasileiro, como a legalidade, a segurança jurídica, a igualdade, a capacidade contributiva e a função social da propriedade. 72UNIDADE IV Planejamento Tributário 1.1 Conceito de Planejamento Tributário Para a realização de uma boa gestão e um planejamento de tributos, é de suma im- portância considerar a totalidade dos tributos incidentes na operação da empresa. Portanto, ao final do processo de análise individual dos tributos, devemos confrontar a redução da carga tributária efetiva. De nada adianta reduzir os valores a recolher de IRPJ e CSLL sem verificar os reflexos que essas operações acarretaram nos demais tributos. No momento em que se toma a decisão de reduzir o custo tributário efetivo da empresa, é preciso que todos os envolvidos estejam cientes dos esforços necessários para que a operação tenha sucesso. É importante que todos entendam que o ganho final será da empresa e não somente dos sócios. A redução de custos é uma missão da corporação para a sua sobrevivência. O Planejamento Tributário é a atividade empresarial que, desenvolvendo-se de forma estritamente preventiva, projeta os atos e fatos administrativos com o objetivo de informar quais são os ônus tributários em cada uma das opções legais disponíveis. A empresa escolhe, entre duas ou mais opções, de ação ou omissão lícita, aquela que impede ou retarda o fato gerador de forma não simulada, anterior à ocorrência de fato gerador, que vise direta ou indiretamente a economia de tributos. 73UNIDADE IV Planejamento Tributário 1.2 Objetivo do Planejamento Tributário O planejamento tributário tem fundamento em princípios constitucionalmente pre- vistos como a liberdade de iniciativa (art. 1°, IV e 170 caput da CF/88), na livre concorrência (art. 170, IV CF/88) e nas liberdades previstas ao longo do art. 5° da CF/88, que expressam a liberdade do indivíduo de organizar sua vida, principalmente no que tange a liberdade contratual, bem como no princípio da legalidade e na garantia do direito de propriedade. É preciso se ter claro, no entanto, que nem toda a prática de atos que impliquem em redução da carga tributária para o contribuinte pode ser considerada como planejamento tributário stricto sensu, devendo ser excluídas deste conceito as situações de ilícitos, ex- trafiscalidade, incentivos e opções fiscais, bem como as substituições materiais ou meras abstenções de fatos. O objetivo do Planejamento é, em última análise, a economia tributária. Compa- rando as ações legais à sua disposição, o gestor deve optar por aquela que seja menos onerosa do ponto de vista fiscal, obtendo ganho tributário ou ganho financeiro. a) Ganho Tributário: ● Evita-se a incidência do tributo: adotam-se procedimentos com a finalidade de evitar a ocorrência do fato gerador; Ex.: a empresa, tendo a oportunidade de vender seus estoques de produtos industrializados no mercado interno e para o mercado externo, por preços apa- rentemente equivalentes, opta por exportar. Com isso, impede a ocorrência do 74UNIDADE IV Planejamento Tributário fato gerador de IPI e ICMS, visto que estes impostos não incidem sobre produtos exportados, mas incidem sobre vendas para o mercado interno. ● Reduz-se o montante do tributo devido: as medidas procuram reduzir a base de cálculo ou alíquota do tributo. Ex.: o contribuinte tem a opção de apurar o Imposto de Renda (IRPJ) pelo Lucro Presumido, pelo Lucro Real ou enquadrar-se no SIMPLES, analisa detalhada- mente a situação e, posteriormente, decide pela sistemática que representa menor desembolso. b) Ganho Financeiro: ● Retardar o pagamento do tributo: medidas que visam postergar (adiar) o paga- mento do tributo, sem juros. Ex.: o fornecedor recebe um pedido no final do mês e, ao invés de emitir a nota fiscal imediatamente, deixa para emiti-la no mês seguinte, postergando o recolhimento dos impostos sobre vendas. 1.3 Aspectos Relevantes do Planejamento Tributário ● Caráter preventivo: é preciso prever e agir no tempo correto. Como o Plane- jamento Tributário visa evitar ou retardar a ocorrência do fato gerador (depois deste, o imposto é devido e o não pagamento se caracteriza como sonegação), o contribuinte deve estar atento ao período anterior à ocorrência do fato gerador. ● Legalidade: é preciso utilizar os meios permitidos pela lei, pois a economia do imposto só é legítima se estiver enquadrada na legislação. O procedimento ado- tado pelo contribuinte, além de ser preventivo, deve ser lícito, pois, do contrário, mesmo agindo preventivamente, o contribuinte pode cometer fraude (falsidade ideológica ou material), ato simulado ou abuso de forma jurídica (ex.: nota fiscal subfaturada). 75UNIDADE IV Planejamento Tributário 1.4 Elementos do Planejamento Tributário Neste tópico, para melhor entendimento, é necessário adentrarmos acerca dos conceitos de elisão fiscal, evasão fiscal e elusão. Importante destacar, primeiramente que não há na doutrina tributária brasileira consenso quanto aos conceitos de elisão, evasão e elusão fiscal. 1.4.1 Evasão fiscal Oliveira (2011) conceitua evasão fiscal como a maneira de reduzir, suprimir ou postergar o pagamento de tributos utilizando meios ilegais. Acrescenta-se, ainda, que é o ato do contribuinte que busca retardar, reduzir ou evitar a incidência e o pagamento de tributos, por meio da adoção de procedimentos ilícitos, ou seja, não aceitos pela legislação tributária. Geralmente, a evasão é cometida após a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, objetivando reduzi-la ou ocultá-la (FABRETTI; FABRETTI, 2003). Segundo Queiroz (2005 apud MACHADO, 2014), a evasão inclui, dentre outras, práticas ilícitas como a sonegação de tributos, a fraude, a simulação e o conluio. No mesmo sentido, Lovato (2008) afirma que sonegação, fraude e conluio representam formas de evasão e, em todas essas hipóteses, há dolo por parte do contribuinte. Resumidamente, Machado (2014) afirma que a evasão engloba a prtica de quais- quer atos ilícitos que visem evitar ou diminuir o ônus tributário. Como coloca Calheiros Júnior (2003), pode-se dizer que a evasão se dá pela realização de uma conduta explicitamente 76UNIDADE IV Planejamento Tributário vedada pelo ordenamento jurídico, isto é, representa um ilícito fiscal, podendo ser oriunda tanto de uma ação quanto de uma omissão ilícita do contribuinte. De acordo com Fabretti e Fabretti (2013, p. 73), evasão é a prática de ato que vise: a. Omitir informação, ou prestar declaração falsa as autoridades fazendárias. b. Fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal. c. Falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo a operação tributável. d. Elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato. e. Utilizar ou divulgar programa de processamento de dadosque permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que e por lei fornecida a Fazenda Pública. f. Fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, do pagamento do tributo. Calheiros Júnior (2003, p. 13) cita alguns exemplos de práticas evasivas: I. Omissão de receita para fugir ao pagamento do imposto de renda. II. Falsificar recibos de despesas médicas para reduzir a base de cálculo do imposto de renda da pessoa física. III. Utilização de “notas frias”. IV. Falsificação de demonstrações contábeis. Neste contexto, vale destacar o art. 71 da Lei nº 4.502/1964, que apresenta a de- finição legal de sonegação: Art. 71. Sonegação é toda a ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I - da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua nature- za ou circunstâncias materiais; II - das condições pessoais do contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Assim, quem elimina ou suprime um tributo, está agindo ilicitamente, na me- dida em que está eliminando, ou suprimindo a relação tributária já instaurada. O artigo 72 da Lei supracitada exibe o conceito de fraude: Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retar- dar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. 1.4.2 Elisão fiscal Para Greco (2002, p. 181), elisão é a “conduta lícita do contribuinte antes da ocor- rência do fato gerador, que ele pratique sem que esteja revestida de nenhuma prática simu- latória, com a qual ele obtenha uma menor carga tributária legalmente possível”. Segundo ele, “planejamento e elisão são conceitos que se reportam à mesma realidade, diferindo 77UNIDADE IV Planejamento Tributário apenas quanto ao referencial adotado e à tônica que atribuem a determinados elementos” (2008, p. 81). Ao fazer menção a planejamento, o foco é dado à conduta do contribuinte e suas respectivas qualidades, tais como: liberdade contratual, licitude e momento da conduta etc., enquanto que, ao se falar em elisão, a preocupação se voltaria não mais à conduta em si, mas nos efeitos que esta conduta gera em relação à incidência e arrecadação de tributos (GRECO, 2008). Segundo Oliveira (2011), elisão fiscal o ato do contribuinte que busca retardar, reduzir ou evitar a incidência e o pagamento de tributos, por meio da adoção de procedi- mentos lícitos, legítimos e aceitos pela legislação tributária. Lukic (2012) conceitua esse instituto como o conjunto de atos lícitos, praticados pelo sujeito passivo, com a finalidade de diminuir ou excluir a obrigação tributária, pela não ocorrência do fato gerador ou ocorrência em aspectos quantitativos menores. Conforme Greco (2002 apud LUKIC, 2012), elisão é a conduta lícita do contribuinte antes da ocorrência do fato gerador, que ele pratica sem que esteja revestida de nenhuma prática simulatória, com a qual ele obtenha uma menor carga tributária legalmente possível. A elisão fiscal é apenas um dos instrumentos de efetivação do Planejamento Tribu-tário. O Planejamento Tributário é muito mais amplo que a elisão fiscal, pois não é realizado de maneira exclusivamente preventiva. Sobre essa diferenciação entre elisão fiscal e Planejamento Tributário, Calheiros Júnior (2003, p. 15) faz a seguinte consideração: Não faz sentido confundir a elisão tributária com o Planejamento Tributário. Este último se constitui, numa técnica de organização preventiva de negócios, para uma economia de tributos. Esta técnica compreende dentre outros pro- cedimentos o estudo do ordenamento jurídico, da doutrina, da jurisprudência administrativa e judicial, dos negócios do contribuinte, de forma a verificar quais as possibilidades mais vantajosas de redução ou diferimento do en- cargo tributário. A elisão tributária não necessariamente será precedida de qualquer técnica. O contribuinte pode, intuitivamente, sem uso de qualquer método, estruturar seus negócios e vir a obter uma redução ou diferimento da carga tributária. Especificamente em relação ao planejamento tributário, Greco (2008, p. 117) o conceitua como o “conjunto de condutas que o contribuinte pode realizar visando buscar a menor carga tributária legalmente possível”, ou seja, por meio da elisão fiscal, o contribuin- te, valendo-se de condutas lícitas, almeja inibir a ocorrência do fato gerador ou diminuir a base de cálculo do tributo, impedindo o nascimento da obrigação tributária ou reduzindo o valor a ser pago de determinado tributo. 78UNIDADE IV Planejamento Tributário 1.4.3 Elusão fiscal De acordo com Lukic (2012), a elusão figura no meio termo entre a evasão e a elisão fiscal. Segundo Torres (2003 apud LUKIC, 2012), ocorre nas situações em que o contribuinte pratica atos que, apesar de lícitos, são desprovidos de causas negociais, sendo realizados com fraude à lei ou abuso de direito, nos termos do art. 166, IV e 187 do Código Civil 13. Alguns doutrinadores afirmam que a elusão fiscal caracterizada como uma condu- ta ilícita atípica, em contraste com a evasão, que é uma conduta ilícita típica. O ilícito atípico trata-se de ato ou negócio jurídico que observa a forma legal, mas é realizado mediante mecanismos insólitos, abusivos, dolosos, com o propósito exclusivo de subtrair a tributação (CALHEIROS JÚNIOR, 2003). Teixeira e Curi (2014) afirmam que a elusão ocorre quando o contribuinte simula determinado negcio jurdico com a finalidade de dissimular a ocorrncia do fato gerador. Os autores acrescentam ainda que essa conduta é caracterizada pelo o que a doutrina denomina de abuso das formas, já que o sujeito passivo pratica uma forma jurídica atípica, a rigor lícita, com o intuito de escapar da tributação. Na elusão fiscal não há violação direta de uma regra, como na evasão, mas, sim, de princípios constitucionais, como isonomia, generalidade e capacidade contributiva. Na elusão há, também, uma violação indireta da regra-matriz de incidência tributária, por meio da utilização de formas alternativas. Na violação indireta, segundo Calheiros Júnior (2003), o contribuinte não concretiza o tipo formalmente previsto na regra tributária, mas, em lugar disso, concretiza outro modelo, formalmente diferente, mas em essência igual àquele, cujos efeitos tributários são inferiores ao tipo contornado. Calheiros Júnior (2003), por sua vez, defende que a elusão só é qualificada como ilícita se houver violação à regra expressa no ordenamento, que, nesse caso, consistiria na violação de uma regra geral antielusiva. Não há como qualificar uma conduta como ilícita sem verificar o tratamento dado por determinado sistema jurídico. Em outras palavras, uma conduta só é lícita ou ilícita em consideração à ordem jurídica vigente em determinada época e em determinado lugar. 79UNIDADE IV Planejamento Tributário Quadro 1 - Quadro Comparativo: fato gerador e licitude dos atos Fonte: o autor. 80UNIDADE IV Planejamento Tributário 1.5 Abrangência do Planejamento ● Empresa: a empresa pode tomar medidas gerenciais que possibilitem a não ocorrência do fato gerador do tributo, que diminuam o montante devido ou que adiem o seu vencimento. Por exemplo, para possibilitar o adiamento do tributo na prestação de serviços, o contrato deve estabelecer o momento da realização da receita. ● Administrativo: é o processo de implementação de alternativas lícitas (elisão fiscal) para a economia total ou parcial dos tributos, sem a adoção de processos judiciais prévios, ou seja, mediante consultas ao fisco, opçõesde classificação contábil e aproveitamento das vantagens e benefícios da própria legislação fiscal, nem sempre usufruídos pela empresa. Por exemplo, para possibilitar o enquadramento de um produto em uma alíquota de menor IPI, a empresa deve adequá-lo tecnicamente e requerer a nova classificação na Receita Fiscal. ● Judicial: é o processo de obtenção de economias tributárias por meio de pro- cessos judiciais, através de mandados de segurança, ações cautelares, ações declaratórias de inconstitucionalidade, ações anulatórias etc. Por exemplo, o contribuinte pode procurar identificar as possíveis contradições entre as normas tributárias. 81UNIDADE IV Planejamento Tributário 1.6 Tipos de Planejamento O planejamento tributário não é exclusividade das grandes companhias. Desde um pequeno estabelecimento até uma empresa de grande porte com unidades por todo o Brasil podem realizar um planejamento tributário. O que muda é a dinâmica que esse planejamento será aplicado: em empresas maiores deverão ser considerados os impactos em todos os processos da operação (estrutura gerencial, contábil, financeira etc.). Do ponto de vista empresarial, ou seja, analisando seus efeitos na estrutura geren- cial e contábil/financeira, o planejamento tributário pode ser: a) Operacional: refere-se aos procedimentos formais prescritos pela norma ou pelo costume, ou seja, na forma específica de contabilizar determinadas opera- ções e transações, sem alterar suas características básicas; b) Estratégico: implica mudanças em algumas características estratégicas da empresa, tais como estrutura de capital, localização, tipos de empréstimos, contratação de mão-de-obra etc. Na visão jurídica, em que se consideram apenas os efeitos fiscais no tempo, exis- tem três tipos de planejamento tributário: Preventivo, Corretivo e Especial. 82UNIDADE IV Planejamento Tributário a) Planejamento Tributário Preventivo Desenvolve-se continuamente por intermédio de orientações, manuais de proce- dimentos e reuniões e abrange, sobretudo, as atividades de cumprimento da legislação tributária nas obrigações principais e acessórias. Mas, afinal, como elaborar um planejamento tributário preventivo? 1) Primeiramente, a empresa deve reunir um grupo de pessoas com diferentes competências, sendo, de preferência: contábeis, tributárias, jurídicas e adminis- trativas. Com isso, será possível formar um conselho fiscal; 2) Avaliar a situação fiscal e legal da empresa no atual momento; 3) Envolver a alta direção nas reuniões e solicitar informações do planejamento estratégico: o que a empresa pretende implementar a curto, médio e longo prazo; 4) Elaborar um diagnóstico com base nas informações obtidas; 5) Realizar simulações com base no diagnóstico e comparar todas as formas de tributação, Lucro Real, Presumido e Simples Nacional. Nas simulações, consi- derar possíveis benefícios fiscais disponibilizados pela legislação tributária para o ramo de atuação. Verificar até mesmo a possibilidade de afastamento da inci- dência de fatos geradores dos tributos envolvidos na operação da companhia; 6) Após mapear todas as possibilidades tributárias, é importante verificar os im- pactos que essas ações terão sobre as operações da empresa em diferentes cenários, ou seja, qual o impacto que essas operações terão sobre um mo- vimento de faturamento baixo/ruim, com resultados normais (conservador) e sobre resultados elevadíssimos (arrojado); 7) Por fim, apresentar para a diretoria e obter a aprovação. Tomar, então, as provi- dências necessárias para executar as tarefas e garantir os benefícios que foram estudados e mapeados. Geralmente, esse tipo de planejamento tributário é realizado no final de cada ano para que as ações sejam tomadas já no início do próximo ano. No entanto, nada impede que o conselho fiscal da empresa esteja sempre atento e busque novas formas de prevenir e reduzir a carga tributária total imposta. 83UNIDADE IV Planejamento Tributário b) Planejamento Tributário Corretivo: Detectada determinada anormalidade, procede-se ao estudo e alternativas de cor- reção da anomalia são indicadas. Normalmente, não deve existir o tipo corretivo em uma empresa que adote o tipo preventivo. O método corretivo é uma excelente forma de reduzir uma possível exposição ao fisco, mas também pode ser utilizado para recuperar possíveis valores monetários “dei- xados na mesa”, ou seja, créditos fiscais deixados de apropriar ou, até mesmo, débitos realizados de forma indevida. FORMAS DE APLICAÇÃO: Revisão fiscal seja ela operacional ou até mesmo automatizada. Essa revisão fiscal pode ocorrer em diferentes formas: ● Revisão fiscal mensal diária: nesse caso, o trabalho deve ocorrer sempre sobre a movimentação do dia anterior; ● Revisão fiscal mensal operacional ou automatizada: método que pode ser realizado no momento do fechamento da apuração fiscal, buscando identificar erros ocorridos na escrituração das operações realizadas no mês corrente; ● Revisão fiscal operacional ou automatizada dos últimos 5 anos: nesse caso, a empresa realiza o trabalho, buscando identificar oportunidades fiscais que ainda não foram extintas pela decadência tributária. c) Planejamento Tributário Especial Surge em função de determinado fato como, por exemplo, abertura de filiais, lan- çamento de novos produtos, aquisição ou alienação da empresa e processos societário de reestruturação (cisão, fusão, incorporação). As formas de aplicação desse tipo de planejamento de tributos são individualizadas e devem ocorrer sempre que a empresa tiver eventos que venham impactar suas operações. 84UNIDADE IV Planejamento Tributário REFLITA 1) Quais os impactos e/ou reflexos da carga tributária nas organizações? 2) O Planejamento Tributário se caracteriza por seu caráter preventivo” e sua legalidade. O que isso significa? 3) O Planejamento Tributário visa em última análise uma economia tributária, que pode ser representada por um ganho tributário ou financeiro. 4) Qual a diferença entre ganho financeiro e ganho tributário? 5) Qual a diferença entre elisão e evasão fiscal? Fonte: o autor. 85UNIDADE IV Planejamento Tributário CONSIDERAÇÕES FINAIS O planejamento tributário é um meio legal para redução de carga tributária de extre- ma importância, tanto para pessoa física quanto jurídica, em que cada empresa se adequa em um regime tributário de acordo com suas atividades e resultados financeiros, identificado através da análise e planejamento elaborado por um profissional da área contábil. Ao realizar o planejamento tributário, a organização possui a visão de todos os seus custos e alcança a capacidade da formação justa de seus preços de venda, impulsionando, assim, suas atividades e garantindo uma considerável economia financeira. A organização que realiza o planejamento tributário possui vantagem competitiva entre os seus concorrentes, pois tem a visão de todos os regimes tributários e qual deles acarretará menor gasto tributário e consequentemente maior lucro. Ao longo desta unidade, abordamos a importância do planejamento tributário, apre- sentando os principais conceitos de evasão, elusão e elisão fiscal, bem como sua influência financeira. 86UNIDADE IV Planejamento Tributário MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Manual da Contabilidade Tributária – 9ª Edição Autor: Paulo Henrique Pêgas Sinopse: para entender como apurar e conciliar os tributos. Com explicações sobre como fazer cálculos, o Manual de Contabilidade Tributária conta com mais de 400 exercícios de múltipla escolha e apresenta a fundamentação legal de cada imposto e de cada contribuição. Além de apresentar os aspectos mais importantes dos principais tributos do Brasil e trazer um pouco da parte prática sobre legislação aplicada, o autor adaptou o manual de consulta às normas internacionais e uniu a complexa legislação tributária brasileira à contabilidade moderna. São 40 capítulosdivididos em oito partes para facilitar a leitura. O livro é um manual de consulta para o profissional, além de ser usado como base para o estudante. Link: http://bit.ly/pegas-contabilidade FILME/VÍDEO Título: Trabalho Interno Ano: 2010 Sinopse: a crise financeira mundial ocorrida em 2008 causou a perda de milhões de empregos e casas e mergulhou os Estados Unidos em uma profunda recessão econômica. Matt Damon narra um documentário que fornece uma análise detalhada dos elemen- tos que levaram ao colapso e identifica peças-chave do mundo fi- nanceiro e político. O diretor Charles Ferguson realiza uma gama de entrevistas e traça a história dos Estados Unidos para a China para a Islândia e para outros mercados financeiros mundiais. 87UNIDADE IV Planejamento Tributário REFERÊNCIAS ALEXANDRE, R. Direito Tributário Esquematizado. 6. ed. são Paulo: Método, 2012. AMARO, L. Direito tributário brasileiro. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. 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Regulamenta o tratamento favorecido, diferen- ciado e simplificado para as microempresas, empresas de pequeno porte, agricultores familiares, produtores rurais pessoa física, microempreendedores individuais e sociedades cooperativas de consumo nas contratações públicas de bens, serviços e obras no âmbito da administração pública federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Decreto/D8538. htm BRASIL. Decreto-Lei nº 1.381, de 23 de dezembro de 1974. Dispõe sobre o tratamento tributá- rio aplicável à empresa individual nas atividades imobiliárias, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1965-1988/del1381.htm#:~:text=Del1381&tex- t=DECRETO%2DLEI%20N%C2%BA%201.381%2C%20DE%2023%20DE%20DEZEMBRO%20 DE%201974.&text=Disp%C3%B5e%20sobre%20o%20tratamento%20tribut%C3%A1rio,imobili%- C3%A1rias%2C%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias. BRASIL. Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977. 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Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm BRASIL. Lei complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996. Dispõe sobre o imposto dos Esta- dos e do Distrito Federal sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, e dá outras providên- cias. (LEI KANDIR). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp87.htm BRASIL. Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. Dispõe sobre o Imposto de Consumo e reor- ganiza a Diretoria de Rendas Internas. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L4502compilado.htm BRASIL. Lei nº 5172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. D.O.U., 1966. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172.htm. Acesso em: 14 jan. 2020. CALHEIROS JÚNIOR, J. de D. M. 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Assim, abordamos as defini- ções teóricas (legislação e doutrina) e, neste ponto, acreditamos que tenha ficado claro para você o quanto é importante para o profissional da contabilidade possuir um conhecimento aprofundado da área tributária. Destacamos vários conceitos relacionados a definição de tributos, apresentando suas espécies (Impostos, taxas e contribuições) conforme a Constituição Federal de 1998 e Código Tributário Nacional. Além disso, evidenciamos suas respectivas competências tributárias, ou seja, a competência que cada ente federado (união, estados, municípios e Distrito Federal) possui para instituir e majorar tributos. Levantamos ainda os principais aspectos sobre os regimes de competência tributá- ria adotados no brasil (Lucro Real, Lucro Presumido, Lucro Arbitrado e Simples Nacional). Vimos também como os tributos influenciam diretamente nos custos da organização e, consequentemente, nos resultados econômicos e financeiros, pois refletem na vida das empresas de forma que o seu desenvolvimento não seja suficiente para alcançar os obje- tivos. Por fim, compreendemos que o planejamento tributário é uma necessidade básica para as empresas que buscam reduzir seus tributos através do planejamento de seus negó- cios. Destacamos a importância do profissional contábil nesta área e como ele se manterá atento às alterações constantes da legislação para não cometer um crime contra a ordem tributária. Portanto, a partir de agora, acreditamos que você já está preparado para seguir em frente desenvolvendo ainda mais suas habilidades para criar e desenvolver um plane- jamento tributário eficiente, afim de realizar bons negócios. Até uma próxima oportunidade. Muito obrigado! Prof. Heric Garcia