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APG 25 – MAMAS 
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 
Magny Emanuele Lima – Medicina 
 
Objetivos 
1. Rever a morfofisiologia da mama. 
2. Compreender a avaliação da mama. 
3. Discutir a etiologia, epidemiologia, 
fisiopatologia, manifestações clínicas e 
diagnóstico das alterações benignas e 
malignas das mamas. 
Morfofisiologia da mama 
A mama é composta de pele, tecido subcutâneo, 
fáscia superficial, fáscia profunda e parênquima 
mamário. O parênquima mamário é formado por 
epitélio glandular, estroma fibroso e tecido de 
gordura. O epitélio glandular é composto de 15 a 
20 lobos. O lobo mamário é constituído por 20 a 40 
lóbulos (unidade morfofuncional da mama), e 
cada lóbulo é formado por 10 a 100 alvéolos. O 
sistema ductal de cada lobo é composto de um 
ducto coletor principal, formado por vários 
pequenos dúctulos intra e extralobulares. O ducto 
coletor principal se dilata para formar um seio 
lactífero (ou seio galactóforo), que drena o lobo 
em direção à papila, em número de 10 a 20. O 
estroma é formado por tecido gorduroso, 
conectivo, vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. 
O tecido mamário é envolto pela fáscia superficial 
e pela fáscia posterior. A fáscia superficial, 
localizada logo abaixo da pele, recobre a mama 
e é contínua com a fáscia abdominal superficial 
de Camper. A fáscia posterior ou profunda fica 
sobre a fáscia que recobre o músculo peitoral 
maior. Os dois folhetos fasciais estão unidos por 
bandas fibrosas de tecido conectivo, 
denominadas ligamentos de Cooper, compondo 
a sustentação natural da mama. 
O complexo areolopapilar situa-se em torno do 4° 
espaço intercostal. A aréola contém glândulas 
sebáceas e apócrinas, mas nenhum folículo. As 
glândulas de Montgomery são glândulas 
sebáceas localizadas na aréola, em torno do 
mamilo. Essas glândulas produzem secreções 
sebáceas que mantêm a aréola e o mamilo 
lubrificados. As porções da glândula visíveis na 
superfície da pele são chamadas de tubérculos 
de Montgomery. 
Avaliação da mama 
Deve-se realizar a anamnese completa, além 
disso, é importante caracterizar a queixa 
específica da paciente. Os nódulos mamários 
costumam ser a queixa clínica mais frequente e a 
apresentação mais comum do câncer de mama: 
Nódulo – Data da percepção, localização, 
velocidade de crescimento, relação com ciclo 
menstrual ou história de traumatismo e percepção 
de aumento do volume mamário (edema). 
Dor mamária – Data do início, localização, 
intensidade da dor, uso de medicações, relação 
com ciclo menstrual ou traumatismo e relação 
com esforço físico. 
Derrame papilar – Data do início, coloração, 
espontâneo ou provocado, uni ou bilateral e 
relação com uso de fármacos. 
Alterações de pele/mamilo e alterações 
inflamatórias – Data do início, se agudas ou 
crô-nicas, localização, saída de secreção 
purulenta, sinais flogísticos, presença de 
descamação/eczema de mamilo, presença de 
inversão mamilar e presença de retração ou 
abaulamentos na mama. 
Exame clínico 
É uma parte fundamental do exame ginecológico 
para a detecção de alterações mamárias. Para a 
realização do ECM, a paciente deve estar com o 
tronco desnudo. O exame é dividido em três 
partes: inspeção estática, inspeção dinâmica e 
APG 25 – MAMAS 
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 
Magny Emanuele Lima – Medicina 
 
palpação. A inspeção deve ser iniciada com a 
paciente sentada e de frente para o examinador. 
Inspeção estática: A paciente deve estar com os 
braços relaxados para a observação de simetria 
mamária e presença de retrações ou 
abaulamentos. Retrações geralmente estão 
associadas à doença maligna, devido ao 
comprometimento dos ligamentos de Cooper. A 
pele da mama e o complexo areolomamilar 
devem ser cuidadosamente avaliados. Edema e 
hiperemia podem ser indicativos de carcinoma 
inflamatório, lesão muito agressiva que tem como 
característica a invasão dos linfáticos cutâneos, 
ocasionando edema cutâneo (com aspecto de 
casca de laranja). A retração do mamilo, 
principalmente unilateral, também pode estar 
associada à doença maligna. Ulcerações em 
mamilo e lesões eczematosas podem estar 
associadas à doença de Paget. 
Inspeção dinâmica: Depois da avaliação 
estática, solicita-se que a paciente levante os 
braços, permitindo uma melhor avaliação da 
metade inferior das mamas. Na sequência, ela 
deve pressionar as mãos contra a cintura, 
contraindo, dessa forma, os músculos peitorais e 
permitindo a visualização de retrações sutis que 
não haviam sido observadas na inspeção estática 
 
 
Palpação: É o próximo passo do exame. A 
palpação das cadeias linfáticas supraclaviculares 
e axilares deve ser realizada com a paciente 
sentada. A axila direita é examinada pela mão 
esquerda do examinador, enquanto o braço 
direito da paciente está flexionado e apoiado na 
mão direita do examinador. O inverso é realizado 
no lado esquerdo. Essa posição permite o 
relaxamento do músculo peitoral e possibilita a 
abordagem de todo o espaço axilar. Se houver 
linfonodos palpáveis, deve-se anotar o tamanho e 
as características (elástico, firme) deles, bem 
como se são únicos, múltiplos ou fusionados. 
Também é importante avaliar se são móveis ou 
fixos a planos profundos. Com base nesses 
achados, pode-se categorizá-los como suspeitos 
ou não. Muitas mulheres têm linfonodos palpáveis 
secundários a processos infecciosos nas unhas, 
abrasões no braço e foliculites na axila. Em geral, 
esses linfonodos são pequenos (< 1 cm), elásticos 
e móveis. Ao contrário, linfadenopatia 
supraclavicular palpável é incomum e indicativa 
de maior investigação. 
Depois de concluída a avaliação dos linfonodos, 
solicita-se à paciente que se deite, colocando os 
braços estendidos acima da cabeça. O exame 
deve ser feito com as palmas das mãos 
abrangendo toda a mama, estendendo-se 
superiormente até a clavícula, inferiormente até o 
sulco mamário, medialmente até a borda lateral 
do esterno e lateralmente até a linha axilar média. 
O exame é feito com uma das mãos, enquanto a 
outra estabiliza a mama. É importante localizar as 
lesões dentro dos quadrantes mamários. 
 
APG 25 – MAMAS 
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 
Magny Emanuele Lima – Medicina 
 
 Está indicada, principalmente em 
pacientes com queixas de derrame 
papilar, a expressão papilar uni ou bidigital 
no raio horário, buscando identificar o 
ponto-gatilho. 
Mamas densas na pré-menopausa podem ser 
multinodulares, sendo difícil a identificação de 
lesões nodulares patológicas. As mamas são mais 
nodulares nos quadrantes superolaterais, em que 
há mais tecido mamário, no sulco mamário e na 
região subareolar. Os nódulos são tridimensionais, 
ao passo que os adensamentos são percebidos 
em duas dimensões. As lesões suspeitas são 
assimétricas e solitárias. Na dúvida, em pacientes 
pré-menopáusicas, repete-se o exame após a 
menstruação. 
 Quando diagnosticada uma alteração na 
palpação, o achado deve ser descrito de 
maneira completa, para que, quando 
reexaminado ou avaliado por outro 
colega, seja possível verificar a sua 
evolução. Características a serem 
descritas incluem localização, tamanho, 
bordas, forma, superfície, mobilidade e 
consistência. 
Autoexame 
Permite que a paciente observe modificações 
que possam ter ocorrido. Ele tem especial 
importância para pacientes não abrangidas nos 
programas de rastreamento, principalmente 
aquelas com idade inferior a 50 anos. As suas 
vantagens são a simplicidade, o custo inexistente 
e a possibilidade de repetição a qualquer 
momento. As desvantagens são a baixa 
sensibilidade e a falsa segurança que a paciente 
sente ao não notar alterações, evitando, assim, a 
realização de mamografia. Tal fato é tão 
importante que a Sociedade Americana de 
Oncologia não mais recomenda que o 
autoexame seja realizado. 
A técnica do autoexame é simples e segue os 
mesmos passos que o exame físico: inspeção e 
palpação.A inspeção é realizada em frente ao 
espelho. Com relação à palpação, recomenda-
se que seja realizada durante o banho, 
mensalmente, nos 10 dias que se seguem à 
menstruação. As pacientes na menopausa 
podem estabelecer um dia do mês para a sua 
realização periódica. 
 
Exames complementares 
Os exames de imagem são essenciais no 
rastreamento, na investigação de pacientes com 
queixas mamárias ou com alterações no exame 
físico das mamas e no seguimento de pacientes 
com doenças mamárias, bem como no 
estadiamento dos casos de câncer de mama. Os 
principais exames complementares de rotina para 
a avaliação das mamas são a mamografia e a 
ultrassonografia (US- avalia mamas e axilas). 
A RM mamária é importante aliada nos casos de 
complementação de dúvidas nos exames 
essenciais de rastreio, bem como amplamente 
utilizada na avaliação de implantes de silicone e 
no rastreamento de pacientes com alto risco de 
câncer de mama. Existem outras modalidades de 
mamografia, como a tomossíntese e a 
mamografia com contraste. Os exames de 
tomografia por emissão de pósitrons (PET-TC e PET-
RM) não são utilizados em casos de câncer de 
mama iniciais. 
Mamografia: A mamografia é o exame de 
imagem mais utilizado, amplamente testado e 
aprovado internacionalmente como principal 
método de detecção do câncer de mama, sendo 
essencial para a avaliação mamária por imagem. 
A mamografia utiliza o raio X como fonte de 
obtenção da imagem, criado principalmente por 
APG 25 – MAMAS 
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 
Magny Emanuele Lima – Medicina 
 
meio de filamentos de molibdênio e não 
tungstênio, como é habitual nas radiografias 
simples. A mamografia de rastreamento inclui 
duas incidências: mediolateral oblíqua (MLO) e 
craniocaudal (CC), sendo o estudo comparativo 
com os dois lados e com os exames anteriores 
O Instituto Nacional de Câncer (inca) recomenda 
mamografias bianuais dos 50 aos 69 anos. No 
entanto, as principais sociedades nacionais e 
internacionais, como a Sociedade Brasileira de 
Mastologia e a Federação Brasileira das 
Associações de Ginecologia e Obstetrícia 
(Febrasgo) recomendam rastreamento 
mamográfico bilateral anual a partir dos 40 anos, 
sempre que possível, para mulheres com risco 
habitual populacional geral de câncer de mama. 
O BI-RADS (breast imaging reporting and data 
system) consiste em vários termos a serem 
utilizados nos laudos, quatro classificações de 
densidade mamária e categorias que variam do 0 
a 6, facilitando o entendimento do resultado do 
exame de imagem e as recomendações 
sugeridas pelo médico imaginologista durante a 
análise do exame. 
 
US mamária e US axilar 
A US mamária é um valioso complemento da 
mamografia, sendo o primeiro exame realizado 
em mulheres jovens ou grávidas. Comparada com 
a mamografia e a RM, a US é um exame rápido, 
seguro, bem tolerado e relativamente barato. 
Uma de suas limitações é não conseguir detectar 
microcalcificações agrupadas fora do tumor e em 
mamas adiposas. O seu principal papel está na 
diferenciação de lesões císticas e sólidas, com 
alta sensibilidade na diferenciação de lesões 
malignas, embora apresente alta taxa de falso-
positivo. Nódulos sólidos irregulares, heterogêneos 
e não paralelos à pele têm maior possibilidade de 
ser malignos. 
Ressonância magnética mamária 
A RM mamária com contraste apresenta alta 
sensibilidade e especificidade no diagnóstico de 
câncer de mama. São indicações para a 
realização da RM: 
 Casos de imagens inconclusivas pelos 
métodos convencionais, como 
mamografia e US mamária, não sendo 
utilizada, entretanto, como método de 
substituição à avaliação histológica dessas 
lesões. 
 Rastreamento em pacientes de alto risco 
(mutações de BRCA1 e 2). 
 Avaliação de implantes mamários. 
 Diferenciação de cicatriz pós-operatória e 
recorrência do carcinoma. 
 Avaliação da resposta terapêutica à 
quimioterapia neoadjuvante. 
 Estadiamento local pré-operatório. 
A RM mamária é o método por imagem mais 
sensível na avaliação da extensão do câncer de 
mama e na detecção de multifocalidade, 
multicentricidade ou bilateralidade. 
Procedimentos invasivos 
Depois que uma lesão de mama é detectada, faz-
se necessária uma investigação adicional. Tal 
investigação se dá por meio de um procedimento 
invasivo denominado biópsia percutânea, 
realizado com a finalidade de coletar material 
para análise citológica e/ou histológica. Os 
principais métodos disponíveis para a obtenção 
de material via percutânea são a punção 
aspirativa por agulha fina (PAAF), a biópsia 
percutânea por agulha grossa (core biopsy) e a 
biópsia percutânea assistida a vácuo 
(mamotomia). 
APG 25 – MAMAS 
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 
Magny Emanuele Lima – Medicina 
 
 As biópsias de mama podem ser realizadas 
com ou sem auxílio de exames de imagem. 
Nas lesões palpáveis, pode-se dispensar 
esse recurso. Já no caso de lesões não 
palpáveis, detectadas exclusivamente por 
exame de imagem, pode-se optar por 
técnicas guiadas por US, estereotaxia ou 
RM. 
Doenças benignas da mama 
Mastite aguda 
É comum no puerpério tardio. Os agentes 
patogênicos normalmente envolvidos são 
Staphylococcus aureus, principal agente, 
presente em 60% dos casos, Staphylococcus 
epidermidis, estreptococos, Escherichia coli, entre 
outros. Em geral, há história de fissura do mamilo 
ou de queimadura da pele, que resulta na quebra 
dos mecanismos de defesa do organismo e no 
aumento do número de bactérias sobre a pele da 
mama. A penetração se dá pelos linfáticos 
superficiais, expostos pelas fissuras mamilares. 
Sinais e sintomas: inicia-se com estase láctea, 
distensão alveolar e obstrução ao fluxo do leite 
(ingurgitamento mamário). Posteriormente, ocorre 
proliferação bacteriana, podendo evoluir para 
quadros mais graves, com abscessos mamários e 
sepse. Apresenta sinais clássicos de inflamação: 
dor, tumor, calor e rubor, que podem ou não estar 
acompanhados de sintomas gerais (febre, mal-
estar, calafrios). Adenopatia axilar é comum. 
Tratamento: Hidratação oral, analgésicos, 
antitérmicos, suspensão das mamas, 
esvaziamento da mama afetada (ordenha 
manual, mecânica ou elétrica), terapia 
antimicrobiana. 
 A profilaxia durante o período da 
amamentação envolve manter uma boa 
higiene e evitar ingurgitamento mamário 
ou fissuras mamilares. 
Abscesso mamário 
Processo infeccioso agudo decorrente da mastite, 
com formação de “lojas” (únicas ou múltiplas), e 
que pode evoluir para necrose do tecido 
mamário. Apresenta-se com os sintomas 
inflamatórios da mastite, mais flutuação e, muitas 
vezes, pele brilhante e descamativa. Além de dor 
intensa, o quadro clínico infeccioso pode cursar 
com prostração e queda do estado geral. Em 50% 
dos casos, a paciente é puérpera. O tratamento 
do abscesso mamário é semelhante ao da 
mastite, com antimicrobiano para reduzir a 
infecção sistêmica e a celulite local. Além disso, 
está indicada drenagem com incisão arciforme 
no ponto de maior flutuação. 
Ectasia ductal 
Trata-se da dilatação dos ductos terminais por 
acúmulo de material lipídico e detritos celulares 
que levaria a inflamação, espessamento, atrofia e 
perda da elasticidade da parede ductal, 
podendo causar derrame papilar. Na maioria dos 
casos, manifesta-se como secreção papilar 
bilateral, multiductal e colorida (esbranquiçada, 
amarelada, acastanhada, esverdeada e 
enegrecida), podendo haver associação com 
nodularidade e alterações anatômicas do 
complexo areolopapilar. Eventualmente, o fluxo é 
hemorrágico, e, nesse caso, o diagnóstico deve 
ser amparado por alguns exames de imagem 
para exclusão de outras causas, como papilomas 
e câncer. Não se conhece a natureza exata de 
sua etiologia; o tabagismo parece estar envolvido, 
porém não há consenso. 
O diagnóstico é clínico, e, quando há dúvidas, a 
US é o método de imagem que pode trazer maisinformações, pois consegue mostrar toda a árvore 
ductal retroareolar. Por esse método, considera-se 
ectasia quando o diâmetro do ducto é igual ou 
superior a 5 mm. As formas clínicas são: 
Derrame papilar: Comum em mulheres peri ou 
pós-menopáusicas, surgindo secreção amarelo-
esverdeada, purulenta. Desde que o sintoma não 
seja espontâneo e abundante, não requer 
tratamento. Se a descarga for desconfortável 
para a paciente, indica-se a exérese do sistema 
ductal terminal. 
Tumoral: A ectasia, com o tempo, pode ocasionar 
ruptura dos ductos e inflamação circundante, 
APG 25 – MAMAS 
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 
Magny Emanuele Lima – Medicina 
 
com sinais típicos de mastite. Esse processo, ao se 
cronificar, pode originar massa endurecida e 
retração do mamilo, simulando um carcinoma. É 
comum a retração do mamilo no local do ducto 
ou dos ductos encurtados. A idade é um fator 
importante na etiologia da ectasia ductal, pois a 
frequência dessa condição aumenta com a 
idade. 
O tratamento é clínico, e a cirurgia fica reservada 
para casos específicos: fístulas, abscessos 
recorrentes, fluxos muito grandes com desconforto 
social e eventual necessidade de diagnóstico 
diferencial com câncer. 
Eczema areolar 
É uma dermatite descamativa e exsudativa do 
complexo areolomamilar, muitas vezes bilateral e 
pruriginosa, podendo ser localizada ou envolver 
completamente o mamilo e a aréola. Existem 
diversas causas, como psoríase, dermatite 
seborreica, dermatite de contato, 
neurodermatites e dermatite atópica. 
Alterações funcionais benignas da mama 
As alterações funcionais benignas da mama 
(AFBMs) compreendem um grupo de entidades 
antes denominadas displasias mamárias 
(adenose, metaplasia apócrina, microcistos e 
fibrose) ou exageros da normalidade (mastalgia, 
nodularidade, adenose esclerosante, macrocistos 
e hiperplasia simples). O termo AFBM foi criado em 
1994 pela Sociedade Brasileira de Mastologia, em 
uma tentativa de evitar expressões que dão a 
falsa noção de enfermidade e de lesão pré-
maligna a condições, na maioria das vezes, 
fisiológicas. 
 Do ponto de vista clínico, três quadros são 
relevantes nas AFBMs: mastalgia, 
adensamento e macrocistos. 
Mastalgia 
A dor mamária é um sintoma relativamente 
comum entre as pacientes e representa cerca de 
47% das queixas no consultório do mastologista, 
sendo mais comum no início da adolescência e 
na menacme, diminuindo na pré-menopausa e 
praticamente desaparecendo na pós-
menopausa. 
A mastalgia pode ser classificada em cíclica, 
acíclica e extramamária. Conhecer a evolução 
do sintoma é um fator importante para determinar 
se está relacionada com mudanças hormonais do 
ciclo menstrual ou com algum processo 
patológico da glândula mamária. É importante 
relacionar os sintomas com a movimentação, 
com a respiração e verificar se está 
acompanhada de algum outro sintoma (dispneia, 
febre). A história de trauma e o estado psicológico 
da paciente também devem ser abordados, 
sendo fundamental a palpação dos arcos costais 
e de suas articulações para o diagnóstico 
diferencial. 
Uma minoria das mulheres classifica a dor como 
moderada a intensa (10-15% dos casos), e a maior 
preocupação é a associação desse sintoma com 
o câncer de mama. No entanto, o câncer de 
mama está pouco associado a dor e, quando 
ocorre, costuma se apresentar como uma dor 
acíclica (não concordante com o ciclo menstrual) 
focal e persistente em determinado ponto da 
mama. 
A mastalgia cíclica está associada às mudanças 
hormonais do ciclo menstrual e se manifesta 
principalmente na semana que antecede o 
sangramento. É ocasionada por alterações no 
equilíbrio entre estrogênio e progesterona, que 
estimulam a proliferação do tecido glandular 
(ductal e estromal), resultando em dor. Considera-
se mastalgia intensa ou grave aquela que dura 
mais de 7 dias e interfere na qualidade de vida da 
paciente. 
A mastalgia acíclica pode surgir em mamas 
pendulares, em razão do estiramento dos 
ligamentos de Cooper. Às vezes, dores cervicais e 
no dorso podem estar associadas. Dores na 
parede torácica podem ser referidas como 
mastalgias. 
Se não houver alterações nos exames clínico e 
radiológico, a mastalgia poderá ser tratada. 
APG 25 – MAMAS 
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 
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O principal tratamento da mastalgia é a 
orientação verbal, podendo chegar a resolver 
90% dos casos. Deve-se enfatizar o caráter 
autolimitado e sem correlação com o câncer de 
mama. 
 Medidas comportamentais - sutiãs com 
melhor suporte em pacientes com mamas 
pendulares, dieta livre de gorduras e 
prática de exercícios físicos. Não existem 
estudos comprovando a eficácia dessas 
medidas. 
 Medidas farmacológicas não específicas 
para mastalgia incluem analgésicos 
(paracetamol e dipirona) e AINEs, tanto 
orais quanto tópicos (diclofenaco gel). 
Adensamentos 
São achados físicos bidimensionais que se 
manifestam como área de endurecimento 
localizado (espessamento) na mama. Podem 
estar associados à dor e à percepção de 
nodularidade. A sua importância reside no fato de 
esse achado possivelmente mascarar um câncer, 
quando a alteração ocorre de forma solitária 
(unilateral). Excluída a possibilidade de 
malignidade por investigação complementar 
(exames de imagem e biópsia), não há 
necessidade terapêutica específica adicional. 
Macrocistos 
Os cistos mamários são a expressão da etapa 
involutiva do lóbulo mamário. Estima-se que 
ocorram em mulheres na meia-idade e no final do 
período reprodutivo. Apresentam-se como tumor 
de aparecimento rápido. A etiologia é 
desconhecida, com pico de incidência entre os 
40 e os 50 anos, aumentando em frequência a 
partir dos 35 anos. 
O quadro clínico é de surgimento rápido de tumor 
móvel, de consistência firme/elástica, às vezes 
apresentando aspecto “achatado”. Na grande 
maioria das vezes, não há dor à palpação. Essa 
alteração é mais frequentemente identificada nas 
regiões centrais da mama e no período pré-
menopausa (é raríssimo na velhice, a não ser nos 
casos em que a paciente esteja em terapia de 
reposição hormonal). 
Tratamento: consiste na punção evacuadora do 
cisto, procedimento ambulatorial simples que, 
além de ser diagnóstico (pois afasta a 
possibilidade de câncer), também é terapêutico. 
Cistos simples não palpáveis, identificados apenas 
em US não devem ser abordados ou 
acompanhados, e a paciente deve ser 
tranquilizada. O tratamento cirúrgico só será 
considerado com o intuito de excluir neoplasia 
maligna e estará indicado nos casos de cistos com 
múltiplas recidivas. 
Tumores benignos 
Lesões fibroepiteliais 
As lesões fibroepiteliais da mama englobam 
neoplasias constituídas pela proliferação do 
tecido conectivo do estroma e pelo componente 
epitelial, representados pelos ductos e ácinos. Os 
dois componentes estão presentes em proporções 
variáveis, mas são os diferentes graus de 
proliferação e atipia estromal que determinam a 
classificação e o comportamento clínico dessas 
lesões. Esse grupo de lesões bifásicas manifesta 
comportamento benigno, sendo representado 
pelos fibroadenomas e pelos tumores filoides. 
Fibroadenomas 
Os fibroadenomas são os principais tumores 
benignos da mama. Eles acometem 
preferencialmente mulheres com idade entre 15 e 
35 anos. Em decorrência da presença de 
receptores hormonais, apresentam tendência a 
crescimento durante a gestação e degeneração 
e calcificação após a menopausa, sendo um 
achado comum em mamografias de rotina. 
 Apresenta-se como nódulo indolor, sólido, 
de consistência firme, arredondado ou 
lobulado, limites nítidos e ampla 
mobilidade. O crescimento é lento, raras 
vezes atingindo grandes dimensões. Os 
fibroadenomas podem ser múltiplos em 
20% dos casos, uni ou bilateralmente. 
APG 25 – MAMAS 
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 
Magny Emanuele Lima – MedicinaO diagnóstico é clínico, podendo ser 
complementado por exames de imagem e/ou 
análise cito/histológica. Os exames de imagem 
evidenciam massa sólida regular ou lobulada, de 
margens bem definidas. À mamografia, lesões 
involutivas podem apresentar calcificações 
grosseiras em pipoca. O fibroadenoma comum 
apresenta estroma de baixa celularidade, 
uniforme, sem pleomorfismo celular. Em pacientes 
idosas, o estroma pode estar hialinizado. 
 É rara a transformação de componentes 
epiteliais do fibroadenoma em carcinoma 
mamário, bem como a coexistência entre 
essas lesões. 
 Fibroadenomas múltiplos, pequenos ou 
assintomáticos podem ser acompanhados 
clinicamente com especialista. 
Tumores filoides 
Respondem por menos de 1% dos tumores da 
mama e 2,5% dos tumores fibroepiteliais. 
Costumam se manifestar dos 35 aos 55 anos. São 
lesões clinicamente semelhantes aos 
fibroadenomas, com rápido crescimento. Embora 
tumores malignos ocorram em apenas 10% dos 
casos, mesmo benignos, eles têm tendência à 
recidiva local e podem atingir grandes volumes. O 
seu diagnóstico pela amostra histológica via core 
biopsy pode ser desafiador e, por vezes, só é 
confirmado em análise com maiores amostras 
teciduais. O tratamento envolve ressecção da 
lesão com margens livres. 
Hamartoma 
Trata-se de lesão composta de uma combinação 
anormal de elementos de tecidos glandular, 
gorduroso e conectivo fibroso. É incomum e pode 
se desenvolver em outros órgãos, como pulmões e 
cólon. Acomete preferencialmente mulheres com 
idade entre 40 e 70 anos e está relacionado com 
síndromes genéticas, como Cowden. Em geral, 
são lesões macias, circunscritas, expansivas, de 
textura semelhante ao parênquima mamário 
habitual. 
Papiloma intraductal 
É uma lesão hiperplásica caracterizada pela 
proliferação do epitélio ductal com um eixo 
fibrovascular com crescimento para o lúmen de 
um ducto, distendendo-o, formando lesões em 
geral sólido-císticas. É mais frequente em mulheres 
entre a quarta e sexta décadas de vida. Em geral 
são solitários e centrais, localizados nos ductos 
terminais, atingindo pequenas dimensões. 
Costumam apresentar descarga papilar 
sanguinolenta ou serosa; em 50% delas, nota-se 
nódulo subareolar. Apresentam potencial de 
abrigar áreas de atipia ou carcinoma in situ 
(menos de 10% dos casos). 
Lesões múltiplas e periféricas são denominadas 
papilomatose múltipla e estão mais relacionadas 
com nódulos do que com a descarga papilar. A 
sua etiologia está correlacionada com hiperplasia 
ductal ou lobular e apresenta maior risco de 
desenvolvimento de carcinomas. 
 O diagnóstico de papiloma intraductal 
exige análise histológica, e seu tratamento 
consiste em exérese com ressecção total 
do papiloma. 
Cicatrizes radiais 
Também conhecidas como lesão esclerosante 
complexa, as cicatrizes radiais podem mimetizar 
carcinomas em exames mamográficos, macro e 
microscópicos. Aos exames de imagem, 
apresentam-se como massas espiculadas 
suspeitas, tornando necessária a realização de 
análise patológica. Algumas evidências sugerem 
que se trate de lesão pré-maligna, conferindo 
risco aumentado para câncer de mama. 
Recomenda-se exérese cirúrgica. 
Adenose esclerosante 
Trata-se da proliferação de tecido fibroso na 
unidade lobular, que pode formar massas ou 
alterações suspeitas em exames de imagem. Está 
associada a um discreto aumento de risco para 
desenvolvimento de câncer de mama. 
Atipia epitelial plana 
Atipia epitelial plana se refere à proliferação 
neoplásica das unidades ductolobulares terminais 
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por camadas de células epiteliais monomórficas 
com baixo grau de atipia. Apresenta tendência à 
formação de calcificações. Confere discreto 
aumento de risco para câncer de mama. 
Hiperplasias 
O termo hiperplasia simples implica uma 
condição benigna, ao passo que a hiperplasia 
atípica tende a ser associada a pequeno ou 
moderado aumento do risco de câncer de 
mama. As hiperplasias atípicas podem ser ductais 
ou lobulares e são lesões proliferativas que 
apresentam algumas características, mas não 
todas, de carcinoma in situ. 
Lipomas 
Lipomas são tumores compostos de proliferação 
benigna de adipócitos. Apresentam-se como 
massa amolecida, bem delimitada e que pode 
atingir grandes proporções, causando 
deformidades. Também podem sofrer 
esteatonecrose e causar aparecimento de áreas 
endurecidas, confundidas com carcinoma. A 
conduta é a remoção cirúrgica. 
Condições benignas da mama e risco para 
câncer 
 
Neoplasia maligna 
Em associação à visão de sofrimento e morte, que 
acompanha qualquer tipo de câncer, o câncer 
de mama afeta ainda a representação simbólica 
de um órgão que permite a nutrição e a 
perpetuação da espécie, além de estar 
profundamente ligado à feminilidade e à 
sexualidade, possuindo forte impacto emocional. 
 A taxa de mortalidade por câncer de 
mama na população mundial, foi de 14,23 
óbitos/100.000 mulheres em 2019. 
 No Brasil, na mortalidade proporcional por 
câncer em mulheres, em 2019, os óbitos 
por câncer de mama ocupavam o 
primeiro lugar no país, representando 
16,1% do total. 
 O câncer de mama ultrapassou o câncer 
de pulmão como a principal causa de 
incidência global de câncer em 2020, com 
uma estimativa de 2,3 milhões de novos 
casos, o que representa 11,7% de todos os 
casos de câncer e a quinta causa de 
mortalidade por câncer em todo o mundo, 
com 685 mil mortes. 
A maioria dos carcinomas mamários é 
esporádica, e apenas 10% estão associados a 
história familiar ou fatores genéticos. O 
conhecimento dos fatores de risco que podem 
estar associados é importante, uma vez que 
alguns deles podem ser modificados. São: 
Sexo e idade 
As mulheres apresentam risco de serem 
diagnosticadas com câncer de mama 100 vezes 
maior que os homens. Além disso, a incidência do 
câncer de mama está diretamente relacionada 
com o aumento da idade, justificando o início do 
rastreamento mamográfico a partir dos 40 a 50 
anos. 
Obesidade 
A obesidade (índice de massa corporal [IMC] ≥ 30 
kg/m2) está associada ao aumento de 
morbidade e mortalidade pelo câncer de mama. 
Esse risco está ligado ainda ao aumento da 
incidência do câncer de mama, quando ocorre 
na pós-menopausa. A perda de peso, mesmo 
após o início da menopausa, reduz o risco. Além 
disso, a atividade física é um fator protetor para a 
mama na pré-menopausa e na pós-menopausa. 
Densidade mamária 
Mulheres com mamas densas na mamografia – 
presença de tecido mamário (parênquima) ≥ 75% 
da mama – apresentam maior risco para câncer 
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de mama. O aumento da densidade mamária 
não representa impacto em maior mortalidade 
por câncer de mama. 
Doenças benignas da mama 
As lesões proliferativas da mama (em especial, 
alterações com atipias histológicas) estão 
associadas ao aumento do risco de câncer de 
mama. São consideradas marcadores de risco 
tanto para a mama afetada como para a mama 
contralateral. 
Terapia hormonal na menopausa 
A terapia hormonal combinada de 
estrogênio/progesterona na menopausa 
aumenta o risco de câncer de mama receptor 
hormonal positivo, sobretudo com o uso por mais 
de 5 anos. 
Contraceptivos hormonais 
O risco de câncer de mama é maior entre as 
mulheres usuárias de contraceptivos hormonais e 
esse risco aumenta com o uso prolongado. 
Estudos indicam que esse risco desaparece em 2 
a 5 anos após a interrupção do uso. 
 Apesar dos dados limitados, o DIU com 
levonorgestrel está contraindicado em 
mulheres com história prévia de câncer de 
mama, devido a uma possível associação 
com aumento de recidiva. 
Menarca precoce e menopausa tardia 
Estudos demonstraram que cada ano de atraso 
do início da menarca diminui em 5% o risco de 
câncerde mama. Em contrapartida, cada ano de 
atraso para início da menopausa representa um 
aumento de risco de 3% para câncer de mama. 
Nuliparidade 
A nuliparidade representa um maior risco para 
câncer de mama. Estudos sugerem uma redução 
de risco adicional para cada parto a termo em 
torno de 10%. 
Idade no primeiro parto a termo 
A incidência de câncer de mama é 10% menor 
para mulheres que tiveram o primeiro parto a 
termo até os 25 anos e 5% maior entre aquelas 
com primeiro parto a termo aos 35 anos, 
semelhante ao risco de mulheres nulíparas. 
História familiar e mutações genéticas 
Os dois principais fatores que afetam esse risco são 
o número de familiares de primeiro grau com 
câncer de mama e a idade em que foram 
diagnosticados. Uma mulher com um familiar de 
primeiro grau com câncer de mama apresenta 
risco 1,75 vezes maior de desenvolver a doença 
em relação a uma mulher sem nenhum familiar 
afetado. Esse risco se torna 2,5 vezes maior com 
dois ou mais familiares de primeiro grau com 
câncer de mama. A idade jovem no diagnóstico 
dos familiares de primeiro grau também pode 
influenciar esse risco, principalmente quando 
ocorre na pré-menopausa. Mutações genéticas 
associadas à predisposição ao câncer de mama 
são raras. 
Álcool e tabagismo 
O consumo de álcool está associado ao aumento 
do risco para câncer de mama. Embora a 
associação de risco com o tabagismo permaneça 
controversa, parece haver uma correlação com o 
início precoce, em idade jovem, do consumo de 
cigarros. 
Exposição à radiação ionizante 
A exposição do tórax à radiação ionizante em 
uma idade jovem, como ocorre no tratamento do 
linfoma de Hodgkin, está associada ao aumento 
de risco para câncer de mama. 
Patologia do carcinoma de mama 
O carcinoma de mama é uma doença 
heterogênea que difere quanto à sua 
apresentação histológica e seu comportamento 
biológico. Os dois tipos histológicos mais comuns 
de carcinomas invasivos são os carcinomas ductal 
e lobular, correspondendo a cerca de 75 e 15% de 
todos os casos, respectivamente. Os demais tipos 
histológicos de carcinomas são mais raros 
(mucinoso, tubular, medular, papilar, metaplásico) 
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e correspondem aproximadamente a 10% de 
todos os casos. 
Carcinoma ductal in situ 
O carcinoma ductal in situ (CDIS) ou intraductal é 
uma forma não invasiva do câncer de mama. É 
caracterizado pela proliferação de células 
epiteliais neoplásicas no interior do ducto, sem 
invadir a membrana basal. Desse modo, sem a 
capacidade de metastatizar, seja por via linfática, 
seja por via hematogênica, não exige tratamento 
sistêmico adjuvante. É considerado uma lesão 
precursora do carcinoma invasor, e sua presença 
aumenta em 10 vezes o risco de carcinoma 
invasor no futuro. O CDIS manifesta-se 
comumente por microcalcificações pleomórficas, 
agrupadas e com trajeto ductal na mamografia. 
Acomete principalmente mulheres com idade 
entre 50 e 70 anos. A expressão de receptores de 
estrogênio (RE) é observada em mais de 80% dos 
casos de CDIS, ao passo que os receptores de 
progesterona (RP) são encontrados em cerca de 
60% dos casos. 
A ressecção cirúrgica do carcinoma na totalidade 
está sempre indicada e, apesar de não ter 
capacidade de disseminação sistêmica, o 
comprometimento mamário pode ser extenso a 
ponto de exigir uma mastectomia para 
tratamento adequado. A abordagem axilar via 
biópsia do linfonodo-sentinela (BLNS) não é 
necessária, a não ser em casos extensos que serão 
submetidos à mastectomia. 
 
Carcinoma invasor da mama 
Os carcinomas invasores são aqueles cujas células 
tumorais invadem os tecidos adjacentes aos 
ductos mamários e apresentam capacidade de 
metastatizar para sítios anatômicos distantes. 
Existe um amplo espectro de fenótipos 
morfológicos, com tipos histológicos específicos, 
prognósticos diferentes e, por vezes, 
características clínicas próprias. O tipo histológico 
mais comum é o carcinoma ductal invasor ou 
infiltrante (CDI). Na maioria das vezes, os 
carcinomas invasivos estão associados a uma 
extensão variável de componente de carcinoma 
in situ. 
Carcinoma ductal infiltrante 
Corresponde a 80 a 90% dos carcinomas de 
mama. Trata-se de um grupo heterogêneo de 
tumores cujo diagnóstico é feito por exclusão 
quando a lesão não preenche os critérios 
diagnósticos (achados morfológicos/histológicos) 
para os tipos especiais de carcinoma mamário, 
sendo classificado como carcinoma ductal 
infiltrante – sem outra especificação (CDI-SOE). 
Os carcinomas ductais de tipo especial (medular, 
tubular, etc.) compreendem 10 a 20% dos 
carcinomas invasivos e apresentam, em geral, 
melhor prognóstico quando comparados com o 
CDI-SOE. Para ser classificado como tipo especial, 
é necessário que o carcinoma seja composto 
quase completamente (90% de um tumor) pelas 
características histológicas do tipo em questão. 
Apresentação macroscópica 
Costuma apresentar-se como um nódulo sólido ou 
uma área de condensação no parênquima, com 
coloração acinzentada ou esbranquiçada, 
geralmente endurecido, com consistência de 
pera verde ao corte (carcinoma cirroso), o que 
depende da quantidade de fibrose no estroma, 
da elastose peritumoral e da presença de necrose 
e de calcificações relativamente grosseiras. As 
lesões podem ter forma espiculada ou 
circunscrita. 
 
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Avaliação 
Três características para avaliação histológica 
(formação tubular, atipias nucleares e atividade 
mitótica) servem para graduar o CDI em: bem 
diferenciado (grau 1), diferenciação intermediária 
(grau 2) e pouco diferenciado (grau 3). 
Além das formas de avaliação da mama já 
citadas (teste triplo = exame clínico+ radiológico+ 
biópsia), o padrão molecular do tumor de mama 
também é possível ser avaliado como forma de 
prever a resposta a terapias específcas, bem 
como o prognóstico da doença. Neste caso, 
pode ser realizada imuno-histoquímica para 
quantifcar receptores de estrogênio (RE) e 
progesterona (RP) e o receptor do fator de 
crescimento epidérmico humano tipo 2 (HER2). 
Dois genes de suscetibilidade ao câncer de 
mama BRCA1 e BRCA2. 
Diante da confrmação do CA de mama, é 
fundamental realizar o estadiamento para 
planejamento do tratamento, previsão de 
resultados e comparação dos efeitos dos 
tratamentos. Cada paciente é classificado 
quanto seu estádio clínico e patológico, sendo o 
estádio clínico baseado nas informações clínicas 
e radiológicas, enquanto o estádio patológico é 
realizado com base nas medidas do tumor e 
avaliação dos linfonodos. O estadiamento 
cirúrgico é realizado com base no TNM (T: tumor, 
N: linfonodos, M: metástase). 
 
 
Tratamento e prognóstico 
A escolha do tratamento dependerá do perfil da 
paciente, estadiamento, fatores de risco, fatores 
prognósticos e relação tumor/mama. As 
possibilidades de tratamento cirúrgico englobam 
as mastectomias simples ou radical ou poupadora 
de pele, adenomastectomia (preserva o 
complexo areolomamilar). Além da abordagem 
cirúrgica, é possível realizar tratamento adjuvante 
com hormonioterapia quando o tumor possui 
receptores hormonais positivos, com o Tamoxifeno 
na pré-menopausa ou Inibidor da aromatase na 
pós-menopausa. 
A radioterapia deve ser realizada nas cirurgias 
conservadoras (mastectomia com tumor >5cm 
e/ou comprometimento axilar), já a quimioterapia 
está indicada para os CA avançados e nos de mal 
prognóstico molecular e deve ser individualizado. 
O prognóstico é variável, sendo pior em mulheres 
na pré-menopausa e obesas (em mulheres < 35 
anos os tumores são mais agressivos). A condição 
axilar é o fator mais importante de prognóstico, 
pois quanto maior o número de linfonodos 
comprometidos, maior o potencial de 
metastização. O tamanho dotumor está mais 
relacionado à recidiva local e à distância, sendo 
maior o risco quanto maior for o diâmetro do 
tumor. 
As mutações dos genes BRCA1/2 também se 
relacionam ao prognóstico, sendo fatores de mau 
prognóstico e preditivos de má resposta à terapia 
adjuvante. 
Referências: 
PASSOS, Eduardo P.; MARTINS-COSTA, Sérgio H.; 
MAGALHÃES, José A.; et al. Rotinas em 
Ginecologia (Rotinas).: Grupo A, 2023.

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