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FUNDAMENTOS DA 
PSICOPATOLOGIA APLICADA À 
PSICOPEDAGOGIA 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Izabela de Gracia Yabe 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, será trabalhada a psicopatologia e a sua relação com a 
psicopedagogia. Os estudos serão iniciados com a apresentação e a 
fundamentação da importância da psicopatologia para a compreensão do 
sofrimento psíquico. Dessa maneira, trata-se de uma disciplina que visa ao 
entendimento da psicopatologia atrelada à psicopedagogia, de modo que seja 
possível verificar a real importância dessas duas áreas na sua formação. 
TEMA 1 – HISTÓRIA DA PSICOPATOLOGIA 
Para a compreensão da psicopatologia, desde o seu início, faz-se 
necessária uma retomada de episódios históricos que não estão diretamente 
relacionados à psicopatologia, mas sim à origem das ciências. Dessa maneira, 
tem-se a medicina, a qual, na compreensão de ciência, é uma área 
independente; ou seja, trata-se de um campo que começou em si mesmo, 
desenvolveu-se e gerou outras ciências. 
O principal fundador da medicina, conhecido como o “pai da Medicina” e 
maior médico da Antiguidade, foi Hipócrates. O conceito apresentado por 
Hipócrates, relacionado à ciência médica, era que um sujeito sofria de influências 
externas. Assim, alguma coisa que estava fora do sujeito produzia reações em 
seu corpo, de forma interna. Essas reações culminavam em desequilíbrio, 
surgindo o que conhecemos por doença. 
Buscando explicar algumas dessas doenças, Hipócrates apegou-se à 
ideia de que o sujeito possui dentro de si um organismo que vive em equilíbrio, 
dependendo de alguns líquidos. Diante dessa evidência, surgiu, então, a Teoria 
Humoral, isto é, o estudo que contempla a importância do equilíbrio dos líquidos 
dentro do indivíduo. O principal desses líquidos é o sangue. Assim, é possível 
considerar que um “sujeito sanguíneo” é aquele que possui a permanência e a 
prevalência do equilíbrio do sangue que o controla. 
A definição de Hipócrates foi responsável por basear a então chamada 
Teoria de Galeno, do proeminente médico e filósofo romano Cláudio Galeno, que 
aplicou conceitos estabelecidos por Hipócrates no estudo da psique. A partir do 
momento que Galeno fez uso dos conceitos apresentados por Hipócrates e 
aplicou-os em novas pesquisas com o objetivo de compreender o funcionamento 
psíquico do ser humano, ele atrelou as informações advindas da Teoria Humoral 
 
 
3 
à condição de ambiente, fazendo surgir, então, o que atualmente se denomina 
de intervenção externa, também compreendida como “clima”. 
Segundo os estudos de Galeno, o clima interfere diretamente no humor 
de uma pessoa; logo, o comportamento dessa pessoa pode ser alterado em 
virtude do clima. Por isso, em períodos caracterizados por temperaturas mais 
altas, as pessoas costumam ficar mais agitadas e, em temperaturas mais baixas, 
mais compelidas. 
Essas características foram apontadas por Galeno para explicar o 
comportamento de determinada pessoa. Todavia, esse comportamento foi 
modificando durante o passar do tempo, até chegar ao século XVIII, quando 
surgem alguns nomes que vão, com base nessa ideia trazida pela medicina, 
compreender não o corpo como estrutura, mas sim seu jeito na composição do 
comportamento psíquico. 
Dentre esses nomes, o primeiro a se destacar foi Philippe Pinel, o pioneiro 
no tratamento de doentes mentais e um dos precursores da psiquiatria moderna. 
Pinel foi o primeiro homem que, segundo a tradição médica, recebeu o título de 
“pai da psiquiatria”, sendo responsável por compreender como ocorre a transição 
do funcionamento mental no sujeito; ou seja, sua desorganização. Essa 
desorganização mental é que ele percebeu em doentes que estavam internados 
em um hospital chamado Hospital Geral. 
Por “Hospital Geral” é possível entender como sendo o local onde, até a 
época de Pinel, eram colocadas todas as pessoas adoecidas, tanto as com 
doenças aparentes quanto as com aquelas que não eram evidentes. Desde 
Hipócrates, passando por Galeno, pela Idade Média, e, finalmente, chegando a 
Pinel, apresentava-se um conceito muito forte de que doença é tudo aquilo que 
pode ser observado. Por exemplo: uma ferida, um tumor, um corte, uma fratura, 
etc. A doença metal não era entendida como doença porque não apresenta 
nenhuma aparência de lesão corpórea. 
Isso significa, então, que Pinel estava dentro dos hospitais gerais 
trabalhando com pessoas que possuíam um diagnóstico de doença, mas que, 
aparentemente, não expunham nenhuma alteração. Essa foi a razão pela qual 
Pinel começou a desenvolver um trabalho para explicar e detalhar o motivo que 
configurava o atendimento desses indivíduos. 
Na própria Teoria de Pinel, ele fez o que é atualmente conhecido como 
“tratamento moral”, que nada mais é do que a busca por tentar inserir essas 
 
 
4 
pessoas de volta ao contexto social. É preciso destacar, com base nesse 
apanhado, que elas foram deixadas nos hospitais gerais, muitas das vezes, por 
terem comportamentos não aceitos pela sociedade. Como exemplos, podem ser 
citados os mendigos, as prostitutas, as pessoas que tinham problemas com a 
justiça, etc. Pinel passou a trabalhar com esses indivíduos de forma a 
compreender qual era o verdadeiro motivo de estarem naquele hospital. Nesse 
contexto, surge, então, a busca pelo conhecimento das alterações da psique. É 
preciso reforçar, portanto, que Pinel é conhecido como o precursor da 
psicopatologia. 
A segunda figura emblemática da temática da psicopatologia foi Jean-
Étienne Esquirol. Ele é considerado um marco na fundação do pensamento 
psicopatológico. Além disso, sua abordagem médico-científica sistematizou a 
doença mental, e a loucura passou a ser aceita como doença pela medicina. 
Esquirol era um discípulo de Pinel e, com base nos estudos de seu mestre, 
desenvolveu uma pesquisa denominada de Conceito Nosológico, que nada mais 
é do que a descrição da doença com seus sinais e sintomas. Dessa forma, ficou 
considerado como um dos pais da psicopatologia, pois, ao sistematizar, ele 
apresentou uma maneira de compreender o transtorno mental. O médico 
encarregado no tratamento das doenças psíquicas era chamado de alienista. 
TEMA 2 – CONCEITUANDO E DEFININDO A PSICOPATOLOGIA 
Como ciência, a psicopatologia tem uma área de atuação, mas também 
uma origem. Dessa maneira, a psicopatologia trabalha com o ponto base que é 
chamado de “psique” (alma ou mente). É de conhecimento notório que todo o 
ser humano possui um cérebro, o qual configura-se como a composição do 
sistema nervoso que, organizado, é responsável por cuidar de todo o corpo. 
Além disso, sabe-se que o cérebro está acoplado dentro da caixa craniana. 
Todavia, quando se fala em “funcionamento cerebral”, é preciso salientar 
dois aspectos: modelo operacional (coordena o organismo) e a mente (pensar, 
entender e compreender). Quando a psicopatologia reflete sobre a psique, ela 
considera exatamente isso, ou seja, essa área que não é física, ou demarcada 
em determinada região do crânio ou do encéfalo. Dessa maneira, é possível 
compreender pela psicopatologia que, embora a psique esteja relacionada ao 
cérebro, seu funcionamento não tátil. Porém, é o que dá natureza ao homem e 
diz quem ele é. 
 
 
5 
Deve-se considerar, também, a definição de “pathos” (paixão, sofrimento 
ou doença). Essa palavra apresenta um entendimento de que existe uma 
alteração que pode ser retratada por um desequilíbrio. Quando se fala em 
doença, inclusive, remete-se ao desequilíbrio. É por isso que existe um sistema 
chamado de homeostático, que consiste no equilíbrio do organismo para que ele 
funcione de forma correta. Assim, a doença é a alteração do organismo, aquilo 
que desequilibra o sujeito. 
E, ainda, deve-se considerar o termo “logo” (lógica ou conhecimento). Um 
dos preceitos de toda e qualquer ciência é a sua necessidade de pesquisa. A 
psicopatologia éuma ciência que procura conhecer alguma coisa. Sendo assim, 
é possível compreender que a psicopatologia é o estudo das doenças da psique. 
Ou seja, aquilo que produz um desconforto, uma desorganização, um 
desequilíbrio naquele que organiza todo o sujeito (a mente). 
Cabe à psicopatologia estudar, então, os estados mentais patológicos, 
quanto à manifestação de comportamentos e experiências que possam indicar 
um estado mental ou psicológico anormal. Mediante a definição de um nome 
para a ação, está se dizendo como está a sua composição. Porém, diante do 
seu conceito, está se apresentando a atuação da psicopatologia. Como é 
possível a evidenciação, a psicopatologia trabalha com as alterações da mente 
humana; as alterações que interferem no funcionamento do sujeito, naquilo que 
recebe o nome de “estado de desorganização”. 
A psicopatologia está diretamente ligada à compreensão das razões que 
levaram o sujeito a não se apresentar dentro de um considerado “estado normal”; 
ou seja, a condição deste sujeito viver bem. Ela só trabalha com funcionamentos 
anormais. Assim, o funcionamento normal cabe às outras ciências. 
As alterações anormais produzem o desequilíbrio no ambiente do sujeito. 
O desequilíbrio pode ser caracterizado pelas seguintes situações de uma 
pessoa: não saber se relacionar, dar respostas, operacionalizar dada informação 
que ela já deveria estar sabendo ou poderia aprender, mas não consegue. O 
desafio do profissional da psicopatologia é identificar o que se apresenta de 
anormal e como trabalhar de maneira que se constitua dentro da normalidade. 
TEMA 3 – APLICAÇÕES DA PSICOPATOLOGIA 
A psicopatologia apresenta um campo muito extenso de atuação, 
encaixando-se em diversas áreas de conhecimento, pois trabalha com o 
 
 
6 
funcionamento da psique. Isso porque “o sujeito está operante em algum lugar”, 
ou seja, ele age, ele trabalha, ele se relaciona, etc. Assim, esse ambiente diz 
respeito sobre onde a pessoa está e como ela se relaciona. Não consiste em 
simplesmente dizer “vamos pensar em psicopatologia de laboratório”, porque o 
laboratório é apenas uma das áreas que pode ser utilizada para o trabalho com 
os conceitos de psicopatologia. 
Tem-se, dessa maneira, também, o ambiente social, educacional, familiar, 
múltiplos e, principalmente, o estado denominado de só. O “estado só” configura-
se com a relação que o sujeito tem com ele mesmo. Assim, ele estabelece uma 
ambientação com seus próprios traços, seus procedimentos, sua autocitação, 
seu trabalho mental para se compreender e se realizar como pessoa. 
Dentro dessa mesma condição, tem-se a categorização de suas áreas, a 
qual permite uma melhor compreensão do fenômeno psicopatológico. As 
categorias da psicopatologia são muitas. Uma delas, que pode ser facilmente 
citada, refere-se à psicopatologia descritiva. Nessa configuração de 
psicopatologia, o importante, para o profissional que atua com ela, é a 
apresentação do fenômeno de alteração. Sendo assim, é preciso descrevê-lo, 
trazendo à tona como ele acontece. Aquele que for ler acerca do fenômeno 
psicopatológico poderá, portanto, compreender o seu início, meio e fim. 
Mais um exemplo pode ser trazido com a psicopatologia cognitiva. Este 
outro campo da psicopatologia se configura pelo interesse no funcionamento da 
cognição (inteligência) nas doenças, nas patologias, que afetam diretamente o 
processo mental de compreender. Tem-se, também, a psicopatologia biológica, 
a qual está interessada em descobrir como o organismo, com suas partes e 
células, se processa em função do bem-estar humano (saúde). 
Assim, quando se volta o olhar para a psicopatologia, é nítida a ideia de 
que ela se aplica em vários campos, os quais contemplam maneiras distintas de 
considerar e entender o “fenômeno psicopatológico”. As áreas de atuação da 
psicopatologia se referem, então: à saúde, à educação e ao comportamento. 
3.1 Saúde 
A psicopatologia na saúde contempla a ideia de um complexo bem-estar 
que envolve o físico do sujeito. O conceito de bem-estar, inclusive, veio por meio 
da Organização Mundial da Saúde (OMS). Quando se trabalha com a saúde 
relacionada à psicopatologia, são consideradas as alterações psíquicas que 
 
 
7 
interferem diretamente na forma como o sujeito vive, ou seja, em seu bem-estar. 
Por isso que, quando um profissional descreve alguma psicopatologia, tal como 
uma esquizofrenia, apresenta-se uma doença psicopatológica que atrapalha o 
funcionamento do sujeito, que passa a ser entendido como um incapaz em 
muitas áreas de abordagem. A saúde dele, diante disso, torna-se um elemento 
muito importante, o qual não deve ser desconsiderado. 
Outra descrição interessante, considerando esse conceito de saúde, 
refere-se aos transtornos do neurodesenvolvimento. Entre os transtornos do 
neurodesenvolvimento, é possível destacar o transtorno do aspecto do autismo, 
o qual é considerado, também, uma síndrome, uma patologia. Trata-se de um 
transtorno que produz alterações na saúde do paciente que o apresenta. 
3.2 Educação 
O conceito de educação refere-se à ação de aprender, considerando, 
ainda, o ambiente em que isso é proposto. A educação, dessa maneira, não pode 
se restringir apenas ao ambiente escolar, mas deve ser ampliada a todos os 
ambientes em que o sujeito está se relacionando, prática que desencadeia em 
aprendizagens, que podem acontecer, então, em casa, na escola, na igreja, etc. 
Assim, psicopatologia, na educação, está relacionada à compreensão dos 
processos psíquicos que envolvem as condições do sujeito junto ao seu 
processo de ensino-aprendizagem. 
Perceba que, aqui, não está sendo proposta uma reflexão acerca de como 
o indivíduo deve aprender, mas sim dos fatores que impendem a sua 
aprendizagem completa. 
3.3 Comportamento 
O comportamento envolve a área do relacionamento do sujeito, seja ele 
externo ou interno. Por externo, pode-se entender como o sujeito se apresenta 
em um ambiente social (teatro social). Nesse caso, é importante o conhecimento 
de que a psicopatologia está inteiramente envolvida nos relacionamentos do 
sujeito para verificar quais são as alterações que existem, os comportamentos 
inadequados que se apresentam, as condições que não deveriam se fazer 
presentes e que o prejudicam em sua vivência com o outro. 
 
 
8 
No que tange à condição interna, ou seja, ao comportamento interno, é 
preciso considerar como que o sujeito pensa, o que ele pensa, quando ele pensa; 
o que ele sente, como ele sente; para que direção ele olha, como ele olha. Esse 
comportamento interno produz alterações muito importantes, como é o caso das 
pessoas que se encontram em um quadro de depressão. É comum em quadros 
de depressão grave, ou ainda considerada aguda (profunda), o indivíduo se 
retrair (não cuidar mais do seu corpo, se isolar, não ter mais esperança em 
nada). Trata-se, então, de um comportamento interno em que o sujeito tem uma 
direção que afeta diretamente aquilo que deveria ser um comportamento normal. 
Percebe-se, levando em consideração essas três grandes áreas, que a 
psicopatologia trabalha com o sujeito, que pode ter uma condição de saúde, de 
educação ou de comportamento alterada, o que se configura como objetos de 
estudo para os profissionais que analisam como essas alterações implicam 
condições desequilibradas da psique. 
TEMA 4 – CONTRIBUIÇÕES DE OUTRAS ÁREAS PARA A PSICOPATOLOGIA 
A psicopatologia não é uma ciência pura. O conceito de ciência pura 
concentra-se no entendimento de que se trata da ciência que parte de um ato 
introdutório. Consideram-se como base da ciência pura, atrelada à 
psicopatologia, duas ciências: a filosofia e a medicina. A filosofia, que se refere 
à ciência do pensar, de possibilitar uma nova maneira de enxergar o mundo, 
produz outra ciência, chamada de psicologia, isto é, a compreensão do ser 
humano. Já a medicina está interessada no organismo do ser humanopara a 
compreensão do conceito de saúde. Da medicina, surge uma próxima que 
recebe o nome de psiquiatria, a qual não se configura como ciência, mas sim 
como um ramo da medicina. A composição entre a psiquiatria da medicina e a 
psicologia que vem da filosofia produz um novo campo, a psicopatologia. Ela não 
é pura, pois requer a contribuição de outras ciências para formar suas 
percepções e seus fundamentos. 
Nessa mesma condição, sua origem está atrelada às brechas não 
explicadas pela medicina biológica. A medicina, como visto anteriormente, na 
época de Hipócrates e de Galeno, e também na Idade Média, apresentava uma 
visão apenas física, biológica (estrutural) do ser humano. Assim, o sujeito era 
tratado por sua aparência física. Se ele está íntegro, sem nenhuma sequela ou 
nenhum dano aparente, está bem. 
 
 
9 
Esse conceito da medicina precisou ser melhorado para que a 
psicopatologia contemplasse um estudo daquilo que não pode ser observado, 
ou seja, o transtorno mental. O transtorno mental só passa a ser compreendido 
quando está vinculado ao entendimento da história do sujeito. Por isso que a 
psicopatologia agora, ao se utilizar dessa brecha deixada pela medicina, inicia 
seus estudos com a filosofia. Dessa maneira, passou a considerar novas saídas 
para a compreensão do fenômeno. Assim, diante da psicologia, tem-se o 
entendimento total do homem. Psicopatologia é, então, a ciência que está 
interessada no fenômeno psicopatológico que é o funcionamento mental. 
Considere um exemplo para melhor entendimento: uma criança de seis 
anos, de repente, começa a brincar de faz de conta. Essa criança não pode ser 
considerada como louca, pois está dentro da fase lúdica. Sendo assim, é de fácil 
compreensão que se trata de uma transição histórica natural. O mesmo não se 
aplica a um homem de 40 anos brincado, também, de faz de conta, indicando 
animais ao seu redor, falando com eles, etc. Percebe-se que, neste caso, não 
se trata mais de uma fase de desenvolvimento, mas sim de uma alteração 
psicopatológica muito bem caracterizada por um delírio. 
Com base nessa compreensão da psicopatologia, é possível a 
identificação de algumas ciências que cooperam com ela, a constar: 
neurociência, neuropsicologia, psicologia e filosofia. 
4.1 Neurociência 
A psicopedagogia necessita da neurociência como sua coirmã. Isso 
porque a neurociência é a ciência que estuda os neurônios (o funcionamento 
neurológico). Não confunda neurociência com neurologia, pois esta é uma das 
áreas da medicina. A neurociência envolve todos os campos que podem 
compreender, ou serem compreendidos, levando em consideração o 
funcionamento do cérebro. Se psicopedagogia é a alteração mental, logo, é 
fundamental saber como está o funcionamento do cérebro. 
4.2 Neuropsicologia 
A neuropsicologia é a parte da psicologia cujo objetivo é compreender a 
atividade neurológica que afeta diretamente o comportamento do sujeito, ou 
seja, as áreas da tensão, das funções executivas, da memória, etc. Essas áreas 
 
 
10 
também podem sofrer alterações psicopatológicas, as quais, mediante 
ocorrência, atingem o funcionamento direto do sujeito. Cabe à psicopedagogia, 
juntamente com a neuropsicologia, entender como o indivíduo está se 
relacionando com suas atividades elementares para o reconhecimento de si 
mesmo. 
4.3 Psicologia 
A psicologia é a ciência que trabalha com o reconhecimento do sujeito por 
ele mesmo; ou seja, é a condição do indivíduo em se ver e se perceber. Trata-
se da busca pela compreensão de como a pessoa se enxerga. A psicopatologia 
vai verificar as alterações que podem ocorrer nesse processo. Por exemplo, 
considere a emoção: imagine uma pessoa que entra em um funeral dando 
gargalhadas. Esse comportamento inadequado é vinculado à emoção, estudada 
pela psicologia, porém, por se apresentar alterado, torna-se alvo da pesquisa da 
psicopatologia. 
4.4 Filosofia 
A filosofia é contribuinte para todas as outras ciências, mas, no caso da 
psicopatologia, ela fomenta a curiosidade (capacidade de entender, achar, 
reconhecer, buscar explicação e compreender o fenômeno). Por esse motivo, a 
filosofia é tomada como uma das bases fundamentais para a compreensão do 
fenômeno psicopatológico. 
TEMA 5 – RELAÇÕES ENTRE PSICOPATOLOGIA E PSICOPEDAGOGIA 
A contribuição da psicopatologia para a psicopedagogia é fornecer uma 
estrutura ferramental e conceitual para a compreensão dos fenômenos. Todas 
as vezes em que se menciona “fenômeno” faz-se necessária a compreensão de 
que se trata daquilo que pode ser observado, de uma maneira clara ou não. 
Considera-se como uma “maneira clara” aquilo que está diretamente relacionado 
ao indivíduo em questão. 
Por exemplo, considere que neste momento você observa um fenômeno, 
um flap, ou seja, um movimento que consiste em mover o antebraço e a mão 
para cima e para baixo. Nesse caso, trata-se de um fenômeno direto. Já um 
fenômeno indireto seria escutar que, de vez em quando, dada pessoa se sente 
 
 
11 
cansada. Perceba que você não está observando o cansaço da pessoa que o 
relata, mas a compreensão de cansaço, mediante relato, passa a ser um quesito 
a ser observado (Quando? Como? Onde se sente cansado?). 
Assim, quando o assunto fenômeno está sendo trabalho, é preciso 
considerar o fator direto e o fator indireto. Quando está relacionado, ainda, com 
a psicopatologia, o fenômeno psicopatológico em voga consiste na alteração da 
psique que pode ser observada de forma direta e indireta. A alteração da psique, 
a qual, a partir de agora, trataremos de transtorno mental, pode estar vinculada 
a diversos níveis e tipos, bem como abarcar várias condições. 
Dessa maneira, a psicopedagogia, relacionada à psicopatologia, é aquela 
que está atrelada ao desenvolvimento, ou ainda, ao trabalho pedagógico- 
psíquico; ou seja, é o funcionamento do cérebro em prol do aprender. Essa 
relação entre o cérebro que trabalha e o processo de aprendizagem pode sofrer 
falhas, apresentar erros, ou mesmo, nenhum artifício negativo. Porém, é nessa 
condição desigual que a psicopatologia vai atuar. Dessa maneira, 
psicopedagogia e psicopatologia estão diretamente focadas no fenômeno 
modificado; ou seja, na alteração do comportamento observável ou não 
observável do sujeito, que se configura como a sua condição de viver mental. 
As alterações podem corresponder a um funcionamento não convencional 
no organismo. Por isso, antes de o profissional promover uma distinção muito 
superficial sobre a psicopatologia e a psicopedagogia, é preciso lembrar que as 
duas estão correlacionadas ao fenômeno psicopatológico, que é uma alteração. 
Assim, a psicopatologia e a psicopedagogia, se relacionadas, vão trabalhar com 
os seguintes itens: clareza diagnóstica, procedimentos, compreensão geral e 
acompanhamento. 
5.1 Clareza diagnóstica 
É a tentativa de se estabelecer focado no problema apresentado. A 
psicopatologia trabalha com sinais e sintomas. Sendo assim, ela indica que 
existe uma alteração que pode ser observada de diversas maneiras. A 
psicopedagogia, então munida dessa informação, vai caracterizar os eventos 
responsáveis por atrapalhar o processo de aprendizagem realizado. A alteração 
se mostra clara porque foi originada de uma análise sucinta do fenômeno, o qual 
é considerado psicopatológico. 
 
 
12 
5.2 Procedimentos 
Vivemos em uma sociedade que trabalha com muitos rótulos. 
Infelizmente, as pessoas preferem utilizar estes rótulos do que compreender 
como tal fato está ocorrendo. Por exemplo, o rótulo do autismo, muito utilizado 
no meio social para indicar a falta de interação de algumas crianças, não diz 
nada, até porque, a maioria das pessoas não sabe o real significado desse 
diagnóstico. Cabe à psicopatologia explicar este fenômeno. Mediante o correto 
entendimento do termo utilizado e da adoção de práticas corretas de interação, 
constitui-se o procedimento.Ganha-se, com isso, a capacidade de saber que 
existem algumas coisas que podem ser feitas no dia a dia e outras que não 
devem ser utilizadas. 
O objetivo do psicopedagogo, diante de todo e qualquer diagnóstico que 
influencie no processo de ensino-aprendizagem, é promover ferramentas que 
fomentem o interesse e a facilitação da retomada desse processo para com o 
sujeito-paciente. A psicopatologia vai identificar o erro para que a 
psicopedagogia facilite a vida do sujeito, fazendo com que ele ganhe qualidade. 
5.3 Compreensão geral 
Muitas vezes, o ser humano se interessa por assuntos apenas pontuais, 
os quais podem ser dissipados em ambientes muito grandes. Se jogarmos, por 
exemplo, uma pedra em um lago, será evidenciado o fenômeno de ondas. 
Entretanto, se isso for feito com algum elemento minúsculo dentro deste mesmo 
lago, tal qual uma formiga, o impacto dessas ondas será gigantesco para este 
ser. A compreensão pontual seria de que a pedra bateu no meio do lago e gerou 
ondas. A compreensão geral estaria relacionada a diversas outras perguntas 
como: para onde essas ondas vão? O que elas vão ocasionar? Elas vão mexer 
com quem? 
Quando o profissional da psicopatologia trabalha juntamente com a 
psicopedagogia, é evidenciada ao psicopedagogo a importância que deve ser 
dada em olhar e compreender o todo, ou seja, aquilo que se apresenta bem mais 
longe do que aquele ponto, evidenciado, talvez, apenas por uma alteração. 
 
 
 
13 
5.4 Acompanhamento 
Consiste na ação de estar junto, ou seja, manter a compreensão, tempo 
a tempo, de como está o sujeito e a sua evolução diante do quadro considerado. 
Como psicopedagogo, o que é feito, então, é o acompanhamento; ou seja, o 
desenvolvimento do sujeito passa a ser o objeto de estudo também. Porém, com 
o auxílio da psicopedagogia, será possível compreender, ainda, se o fenômeno 
que foi apresentado está regredindo ou está se agravando, o que vai prover os 
planos e as ações necessárias para cada caso. 
NA PRÁTICA 
Muitos fenômenos que ocorrem na sala de aula são a queixa dos pais e 
professores em relação ao desempenho de alunos. Esses fenômenos podem ter 
sua origem na estrutura ambiental. Todavia, muitos deles são de outra origem – 
pode-se dizer que são psíquicos. Outros têm sua origem em estruturas 
herdadas. A psicopatologia vai ajudar o psicopedagogo a compreender esses 
fenômenos. 
FINALIZANDO 
Chegamos ao final da aula certos de termos visualizado a psicopatologia 
como uma área importante para o trabalho do psicopedagogo. Foi possível 
prover as informações necessárias para o entendimento acerca da origem da 
psicopatologia, sua forma conceitual, suas áreas de atuação, as ciências que 
contribuíram para sua estrutura e sua aplicação na psicopedagogia. A 
psicopatologia é uma ciência que trabalha em conjunto com as outras com o 
objetivo de qualificar a vida do sujeito. 
 
 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia semiologia dos transtornos mentais. 
2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. 
SONENREICH, C.; ESTEVÃO, G.; SILVA FILHO, L. M. A. Notas sobre 
psicopatologia. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fund., II, 3, p. 
124-145. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlpf/v2n3/1415-4714-rlpf-2-3-
0124.pdf>. Acesso em: 11 dez. 2019.

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