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Instituto de Biociências Setor de Zoologia/ Laboratório de Ictiologia - Classificações Biológicas - Filogenia Árvore da Vida Time Escolas taxonômicas Escola lineana Escola “catalogatória” Escola numérica Escola gradista Escola filogenética Escola Lineana Lógica aristotélica - ontogenia essencialista: existem essências nas espécies e essas essências podem ou não ser compartilhadas por duas ou mais espécies; Reúne os táxons com base em semelhanças compartilhadas (essência), usando do método intuitivo de comparação entre semelhanças; Muitos ainda usam hoje, intuitivamente. Escola “Catalogatória” Não é uma escola, mas uma prática de alguns sistematas. Critério: catalogar por catalogar, sem levar em consideração a informação evolutiva e biológicas dos táxons. Propõem sistemas de classificação que sejam simplesmente úteis, “facilitador”. Sistema de classificação seria apenas um catálogo de espécies, sem conexão com os processos que geram diversidade de organismos e de suas características. Não há discussão da questão ontológica subjacente. Taxonomia Numérica - Escola Fenética - Surgiu com os primeiros computadores eletrônicos disponíveis – operações numéricas extensas. Dão tratamento numérico às matriz de dados, produzindo diagramas ramificados – fenogramas. São análises numéricas de semelhanças médias para um conjunto grande de caracteres. A reunião ou separação de táxons se faz com base na semelhança média dos caracteres apresentados na matriz de dados. Quanto maior o número de caracteres de um grupo inseridos em uma matriz maior a estabilidade do sistema, uma vez que se aproximaria cada vez mais do “número total de caracteres”. Crítica: não leva em consideração a ontologia/ontogenia dos indivíduos, somente a semelhança “final”. Taxonomia Numérica - Escola Fenética - Escola Gradista ou Evolutiva Trabalham com o conhecimento sobre a história filogenética. Aceitam o método filogenético, mas não acreditam que a classificação deva ser reflexo inequívoco das relações filogenéticas entre os táxons. Para eles, a classificação deveria incluir informação mais ‘genéricas’ da história evolutiva do grupo. Conceito de grado: dado um grupo qualquer, sua evolução sempre começa com um conjunto de características “adaptativas”. Muitas das espécies atuais descendentes da ancestral mantêm as características iniciais de hábitat, nicho, comportamento, alimentação, reprodução. Ex.: ‘Peixes’ > Anfíbios > ‘Répteis’ > Aves ; Mamíferos (caracteres adaptativos). Grados seriam ‘estágios’ de desenvolvimento dependentes. Na prática, seria a classificação tradicional, linneana. Escola Filogenética ou Cladista - 1950: Grundzüge einer Theorie der Phylogenetischen Systematik - 1966: Phylogenetic Systematics Willi Hennig (1913-1976) Classificações biológicas devem refletir as relações de parentesco entre os táxons Táxons são construídos a partir de grupos monofiléticos (naturais) Grupos monofiléticos são baseados em sinapomorfias. Características morfológicas ou moleculares devem ser homólogas. Escola Filogenética ou Cladista Estruturas, caracteres e homologia Toda estrutura é uma hipótese de homologia. Quando a estrutura é encontrada em uma única linhagem, ela é considerada homóloga. Quando a estrutura se repete em outras linhagens não relacionadas, ela é considerada homoplásica; há homoplasia. Homologia • Do grego: do mesmo modo, igualmente, da mesma maneira. • Envolve a relação de estruturas entre organismos diferentes. • Estrutura homóloga implica que as espécies têm um ancestral comum. Estruturas derivadas de um ancestral comum são homólogas Homologia Hickmann et al. (2016) Homologia é baseada em evidências indiretas Homologia pode ser inferida pela: Forma (semelhança estrutural das partes ou o conjunto da estrutura). Posição (semelhança na topologia da estrutura). Ontogenia (estruturas que têm a mesma origem embrionária). Homologia Homologia primária: são hipóteses de homologias feitas com base em critérios auxiliares (topológicos ou ontogenéticos). Homologia secundária: são as sinapomorfias que resultam de uma análise filogenética. Homologia Apomorfia e Plesiomorfia • Dizer que dois organismos possuem uma característica homóloga não resolve a questão do parentesco entre elas. • Série de transformações de caracteres (plesiomórfico -> apomórfico). a b a a’ a’’ a’’’ a’’’’ a b d c e Apomorfia Estado derivado de um caráter em uma série de transformação. Conceito que envolve tempo e forma. Uma apomorfia é uma condição mais recente de uma homologia. Condição de uma estrutura que resultou da ocorrência de uma ou mais mutações alterando a forma plesiomórfica correspondente. Plesiomorfia Condição mais basal de uma série de transformação. Sinapomorfia: compartilhamento da condição apomórfica de um caráter por um grupo. Simplesiomorfia: compartilhamento da condição plesiomórfica de um caráter por um conjunto de populações ou espécies. Autapomorfia: Apomorfia restrita a um único táxon terminal em determinado conjunto de dados. Arqueomorfia: condições de caracteres presentes em um grupo, mas que são sinapomórficas para um nível mais abrangente de generalidade, i.e., que são sinapomorfias de um grupo mais amplo do que aquele em foco. Ex.: Vértebras em Mammalia Táxon – qualquer agrupamento de organismos biológicos, construídos com base em uma definição. Classificações biológicas – são depósito de informação, uma fonte sintética de informação sobre a ordem que nós somos capazes de perceber na diversidade biológica. Classificação vs. Identificação Estrutura Estrutura é qualquer parte do organismo (qualquer tipo de expressão fenotípica) = morfologia, molecular, comportamental, bioquímica, ... Estruturas podem ser homólogas ou análogas. Estruturas morfológicas. Caráter Diferenças entre estruturas homólogas de organismos diferentes. Estados dos Caracteres Condição de um caráter observada em determinado táxon Olho, cor: vermelho, marrom. Escama: cicloide, ctenoide. Estado de um caráter Estado de um caráter pode ser uma plesiomorfia ou uma apomorfia. Plesiomorfia: condição ancestral em uma série de transformação. Apomorfia: condição derivada em uma série de transformação. Estado de um caráter Olho vermelho (plesiomorfia), verde (apomorfia) Escama: cicloide (plesiomorfia), ctenoide (apomorfia) Série de transformação Olho vermelho Olho preto Olho cinza Série de transformação linear Olho vermelho Olho preto Olho cinza Série de transformação não linear Novidades evolutivas compartilhadas (Sinapomorfias) Sinapomorfia: novidade evolutiva (apomorfia) compartilhada. Exemplo: pelos e glândulas mamárias em Mammalia. Hickmann et al. (2016) Simplesiomorfia: compartilhamento da condição plesiomórfica de um caráter por um conjunto de populações ou espécies, considerando uma forma apomórfica derivada dela. Exemplo: Ausência de vértebras ‘invertebrados’. Condições ancestrais compartilhadas (Simplesiomorfias) Agrupamentos Podemos classificar os grupos de um cladograma em três tipos: Monofilético Merofilético Parafilético Merofilético Polifilético Grupos merofiléticos: reunidos por simplesiomorfia ou caracteres análogos. Grupo monofilético: grupo que reúne uma espécie ancestral e todos os seus descendentes. São sustentados por sinapomorfia(s). Grupo Monofilético Hickmann et al. (2016) Grupo parafilético: grupo artificial que reúne apenas parte das espécies descendentes de um ancestral comum Grupos merofiléticos Grupo polifilético: grupo artificial que reúne espécies descendentes de duas ou mais espécies ancestrais distintas Grupos Merofiléticos Grupo polifilético: Invertebrados Y Ancestral do clado Y Grupo monofilético Grupo parafilético Ancestral de X,B, C, D Ancestral de A Ancestral de C Ancestral de X, D Ancestral de B Ancestral de A Grupo polifilético Formato do corpo Cor Formato do apêndice medial Formato do corpo Cor Formato do apêndice medial Formato do corpo Cor Formato do apêndice medial AA B C D AA B C D - Sinapomorfia Cor Formato do corpo AA B C D - Simplesiomorfia Cor C D AA B C D - Homoplasia Formato do apêndice medial AA B C D - Grupos monofiléticos Táxon monofilético = ancestral comum recente e todos os descendentes deste ancestral Parafilético = ancestral comum mais recente e alguns, descendentes deste ancestral Polifilético = dois ou mais ancestrais para explicar origens distintas Groups Cladograma É a representação gráfica das relações de parentesco. É composto das seguintes partes: –Raiz –Nó –Ramo –Táxons terminais Ramo Representa uma linhagem dentro do cladograma. Uma linhagem possui um ancestral comum e inclui todos seus descendentes; pode ser chamado de CLADO. Clado Y Clado Clado Não é um clado Não é um clado Clado Procedimentos de uma análise cladística Levantamento dos caracteres a partir das estruturas analisadas. Polarização dos estados de caracteres (plesiomórfico vs. apomórfico). Construção de uma matriz de caracteres. Busca pelo cladograma mais parcimonioso. Número de táxons terminais dicotômicos 1 1 2 1 3 3 4 15 5 105 6 945 7 10 395 8 135 135 9 2 027 025 10 34 459 425 11 654 729 075 12 13 749 310 575 13 ... Número de cladogramas Prática Exercício Sistemática de Hyphessobrycon Durbin, 1908 (Ostariophysi: Characidae) Aluno: Fernando Rogério de Carvalho Orientador: Prof. Dr. Luiz Roberto Malabarba Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal – IB/UFRGS Hyphessobrycon Durbin, 1908 Hyphessobrycon roseus Hyphessobrycon sweglesi Hyphessobrycon megalopterusHyphessobrycon equesHyphessobrycon epicharis Hyphessobrycon micropterus Oligosarcus argenteus Markiana nigripinnis Bryconops alburnoides Brycon pesu Astyanax mexicanus Triportheus pantanensis Triportheus nematurus Salminus brasiliensis Oligosarcus cf. jenynsii Oligosarcus sp. n. Oligosarcus bolivianus Engraulisoma taeniatum Bryconops melanurus Bryconops affinis Bramocharax bransfordii Bryconamericus scleroparius Brycon orbignyanus Brycon meeki Brycon falcatus Piabucus melanostomus Iguanodectes geisleri Agoniates anchovia Serrasalmus maculatus Piaractus mesopotamicus Metynnis maculatus Micralestes stormsi Chalceus macrolepidotus Bryconaethiops macrops Brycinus carolinae Alestes cf. macrophthalmus Pyrrhulina australis Hoplias cf. malabaricus Rhaphiodon vulpinus Acestrorhynchus pantaneiro Thoracocharax stellatus Carnegiella strigata Hemiodus cf. thayeria Characidium rachovii Characidium borellii Leporinus striatus Prochilodus lineatus Cyphocharax spilotus Parodon nasus Apareiodon affinis Distichodus maculatus Puntius tetrazona 397 395 394 393 366 365 362 281 280 279 278 277 261 260 259 258 257 256 255 254 253 252 251 250 249 248 247 246 245 244 243 242 241 240 239 238 237 236 235 234 233 232 231 230 229 228 227 Fig. 40. Árvore de consenso estrito com pesos implícitos obtida com valor de “k” = 22,10086 com 3004 passos (IC = 0,13; IR = 0,64), de duas árvores igualmente parcimoniosas com 3002 passos (IC = 0,13; IR = 0,64), representando as hipóteses das relações de Characidae, com destaque para Hyphessobrycon. Reconstrução Filogenética Pristella maxillaris Parapristella georgiae Cheirodon stenodon Nematocharax venustus Moenkhausia xinguensis Moenkhausia sanctaefilomenae Moenkhausia pittieri Moenkhausia hemigrammoides Jupiaba polylepis Hyphessobrycon hasemani Hyphessobrycon werneri Hyphessobrycon uruguayensis Hyphessobrycon tortuguerae Hyphessobrycon takasei Hyphessobrycon sweglesi Hyphessobrycon socolofi Hyphessobrycon rosaceus Hyphessobrycon pyrrhonotus Hyphessobrycon pulchripinnis Hyphessobrycon negodagua Hyphessobrycon minor Hyphessobrycon micropterus Hyphessobrycon meridionalis Hyphessobrycon megalopterus Hyphessobrycon luetkenii Hyphessobrycon loweae Hyphessobrycon langeanii Hyphessobrycon togoi Hyphessobrycon igneus Hyphessobrycon heliacus Hyphessobrycon haraldschultzi Hyphessobrycon erythrostigma Hyphessobrycon eques Hyphessobrycon epicharis Hyphessobrycon copelandi Hyphessobrycon compressus Hyphessobrycon boulengeri Hyphessobrycon bifasciatus Hyphessobrycon bentosi Hyphessobrycon anisitsi Hemigrammus tocantinsi Hemigrammus ocellifer Hasemania kalunga Hasemania hanseni Deuterodon iguape Coptobrycon bilineatus Cheirodon aff. troemneri Cheirodon troemneri Astyanax goyanensis Astyanax courensis Astyanax jacuhiensis Astyanax altiparanae Stichonodon insignis Pseudochalceus kyburzi Psellogrammus kennedyi Probolodus heterostomus Nematobrycon palmeri Moenkhausia forestii Moenkhausia cf. intermedia Moenkhausia dichroura Jupiaba scologaster Jupiaba mucronata Hollandichthys multifasciatus Gymnocorymbus ternetzi Gymnocharacinus bergii Grundulus cochae Deuterodon langei Bario steindachneri Astyanax troya Astyanax cf. rutilus Astyanax puka Astyanax pelegrini Astyanax paris Astyanax lineatus Astyanax latens Astyanax endy Astyanax cf. eigenmanniorum2 Astyanax cf. eigenmanniorum1 Astyanax correntinus Astyanax chico Astyanax cf. asuncionensis Astyanax asuncionensis Astyanax cf. abramis Astyanax abramis Rhoadsia altipinna Carlana eigenmanni Tetragonopterus argenteus Stethaprion erythrops Poptella paraguayensis 441 438 437 436 435 434 433 432 431 430 429 427 426 425 424 423 422 418 417 416 415 414 413 412 411 410 409 408 398 391 390 389 388 385 384 383 382 374 373 372 371 370 369 368 367 361 360 359 358 357 356 355 354 353 352 351 350 349 348 347 346 345 311 310 309 308 307 306 305 304 303 302 301 300 299 298 297 296 295 277 276 275 274 273 272 123 Árvore de consenso estrito com pesos implícitos. Continuação… Reconstrução Filogenética Reconstrução Filogenética Parapristella georgiae Hyphessobrycon tortuguerae Pristella maxillaris Hyphessobrycon compressus Hyphessobrycon pulchripinnis Hyphessobrycon hasemani Hyphessobrycon haraldschultzi Cheirodon troemneri Cheirodon aff. troemneri Hyphessobrycon takasei Hyphessobrycon minor Hyphessobrycon micropterus Hyphessobrycon rosaceus Hyphessobrycon megalopterus Hyphessobrycon bentosi Hyphessobrycon eques Hyphessobrycon sweglesi Hyphessobrycon werneri Hyphessobrycon epicharis Hyphessobrycon socolofi Hyphessobrycon pyrrhonotus Hyphessobrycon erythrostigma Hyphessobrycon copelandi 415 414 413 412 411 410 409 434 408 438 427 424 423 422 431 430 429 433 432 Hyphessobrycon s.s.