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Gestão de Pessoas no Setor Público Gestão de Políticas Públicas Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria ÁDRIA OLIVEIRA S. MACIEL AUTORIA Ádria Oliveira Santos Maciel Olá. Sou licenciada em Química, com mestrado em Educação em Ciências, e possuo experiência na área docente há pelo menos 5 anos. Sou apaixonada pelo que faço e adoro auxiliar com minha experiência de vida aqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Gestão de Pessoas na Máquina Pública e o Gestor Público ..... 10 Gestão de Pessoas no Setor Público .............................................................................. 10 O Gestor Público ............................................................................................................................. 16 Avanços, Desafios e Limitações de Pessoas e Mudanças no Setor Público Brasileiro ................................................................................................................................................ 17 Atraindo e Retendo Talentos na Máquina Pública ........................ 21 Aspectos Gerais sobre a Gestão de Talentos ............................................................. 21 A Retenção de Talentos a Partir da Inovação na Gestão Pública ................25 Tendências e Desafios Contemporâneos da Gestão de Pessoas no Setor Público ...................................................................................................................................................28 Avaliando e Recompensando Desempenhos no Setor Público ............................................................................................................. 31 Planejamento e Desempenho Estratégico no Setor Público ........................ 31 Recursos Humanos na Administração Pública ........................................................34 Desenvolvimento de Recursos Humanos (RH) e Diretrizes ........37 Gestão de Desempenho ......................................................................................................... 38 Avaliação de Desempenho e suas Funções .............................................................. 40 Sistema de Controle e Administração de Recursos Humanos no Serviço Público ............................................................................................42 Conceitos Gerais da Administração Pública de Recursos Humanos ......42 Função de Staff e Responsabilidade de Linha ..................................... 46 Remuneração dos Servidores ............................................................................................. 48 Centro de Custos: Definição Preliminar nas Agencias Públicas e Privadas ............................................................................................................................................... 51 7 UNIDADE 04 Gestão de Políticas Públicas 8 INTRODUÇÃO Você sabe identificar as principais características da Gestão de Pessoas no setor público? A Gestão de Pessoas articula estratégias que contribuem para auxiliar o desenvolvimento e a conciliação das expectativas dos indivíduos da organização, para que ambos possam realizá-las no decorrer do tempo. A área do setor público está alinhada com as diretrizes governamentais e segmentada em subsistemas, como desenvolvimento, reconhecimento, monitoramento e reflexão de pessoas, de modo a contribuir para conquistar os objetivos almejados, melhorando os processos e agregando valor introduzindo a inovação. Sendo assim, o sucesso desta jornada depende de sua própria capacidade de renovação. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! Gestão de Políticas Públicas 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4 – Gestão de Pessoas no setor público. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Relacionar as competências e responsabilidades do administrador público. 2. Compreender o Sistema de Gestão de Pessoas no contexto do serviço público, suas limitações e desafios. 3. Atrair, avaliar e recompensar o trabalho do servidor público no contexto das Políticas de Recursos Humanos. 4. Efetuar a provisão, a manutenção e a aplicação dos recursos financeiros alocáveis na remuneração dos servidores públicos e respectivas apropriações de custos em projetos e outros centros. Gestão de Políticas Públicas 10 Gestão de Pessoas na Máquina Pública e o Gestor Público OBJETIVO: Ao longo deste capítulo, você irá entender e relacionar as competências e responsabilidades do administrador público. Certamente essas competências irão auxiliar você no desempenho de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá! . Gestão de Pessoas no Setor Público A Gestão de Pessoas no setor público é alinhada com as diretrizes do planejamento governamental e de subsistemas, contribuindo para atingir os objetivos almejados. Neste departamento, um dos modelos de administração é fundamentado na gestão por competências, que tem como objetivo a eficácia organizacional alinhando o desenvolvimento humano e social dos colaboradores com as necessidades da gestão organizacional. Figura 1 – Desenvolvimento de pessoas Fonte: Pixabay. Gestão de Políticas Públicas 11 Ademais, a gestão por competências, como estratégia por aprimoramento do desempenho organizacional, concede possibilidades de aplicação da noção por competências atreladas à mudança de papel da Gestão de Pessoas para o setor público. IMPORTANTE: • O que são competências? As competências significam a qualidade de ser adequado, bem qualificado físico e/ou intelectualmente diante dos desafios. É a capacidade de tomar decisões bem- informadas e coerentes. • O que são habilidades? As habilidades constituem-se pelo substantivo feminino que indica a qualidade de uma pessoa hábil, que tem capacidade para fazer algo considerado de qualidade. Em outras palavras, habilidades são as nossas aptidões. Dutra (2002) definiu a Gestão de Pessoas como responsável por um conjunto de políticas e práticas que permitem a conciliação de expectativas entre a organização e as pessoas para que ambas possam realizá-las ao longo do tempo. Historicamente, o modelo de Gestão de Pessoas do setor público pode ser compreendido em três períodos: I. O Estado patrimonial. II. O Estado burocrático. III. O Estado gerencial. Nessa evolução é possível observar que os modelos deGestão de Pessoas na Administração pública foi se modificando ao longo dos anos, recebendo fortes influências do setor privado e se adaptando a fatores externos decorrentes de um mundo globalizado. Os impactos gerados pela instabilidade econômica levaram a um novo modelo de relações trabalhistas. Gestão de Políticas Públicas 12 Embora atualmente a Administração pública ainda carregue características dos três períodos já mencionados, a Gestão de Pessoas sobre o modelo atual, gerencialista, pretende entregar serviços mais eficientes e orientados ao cidadão. Deste modo, adotar uma organização estratégica e uma equipe formada por pessoas com competências para alcançar um bom desempenho em um mundo de mudanças constantes torna-se essencial no setor público. Figura 2 – Máquina pública Fonte: Pixabay. Na gestão pública, cada engrenagem é importante para o funcionamento da máquina. Mas qual é o melhor processo para escolher essas peças? O que deve ser avaliado? Para entendermos isso é importante ter em mente os verdadeiros conceitos de competência. Pergunta rápida: Você já se perguntou se é competente naquilo que faz? Quando falamos de competência, a grande maioria das pessoas associa a palavra à ideia de indivíduo que possui conhecimento, habilidade ou atitude na sua área de atuação. Essas qualidades que julgamos Gestão de Políticas Públicas 13 indispensáveis para o preenchimento de um cargo são chamados de imputs, ou literalmente de entradas, que permitem o ingresso nas atividades. Figura 3- Imputs Fonte: Wikimedia Commons. Mas será que esses pontos são suficientes para classificarmos a competência de uma pessoa? Na verdade, existe uma diferença entre as habilidades e os conhecimentos mostrados no momento de uma contratação e os resultados entregues posteriormente. Ser uma pessoa qualificada ao cargo tem a ver com o seu desempenho no trabalho; enquanto isso, os conhecimentos e habilidades direcionadas dizem mais sobre a competência individual. Dutra (2002) já ressaltava a importância de distinguirmos a realidade do que é considerado competência para a maioria. Ter uma pessoa com habilidades e conhecimentos pertinentes à área não significa que ela irá agregar valor à organização. A entrega da pessoa está relacionada ao que efetivamente será feito e à competência organizacional, que são fatores que permanecem na organização independente do ocupante do cargo. O que significa competência organizacional? Essa competência tem relação com diversos fatores, como: • A qualidade de Gestão de Pessoas. Gestão de Políticas Públicas 14 • O gerenciamento de projetos e os prazos com foco no resultado. • A prospecção de alternativas. • As previsões. • A flexibilidade da empresa. • O ambiente de trabalho, que inclui a relação entre os funcionários e a relação dos funcionários com a gerência. Figura 4 – Competência organizacional Fonte: Pixabay. Hoje temos uma visão das competências nomeadas de outputs que, ao contrário do imputs, possuem como foco todo o contexto, ou seja, associa a competência às entregas e aos valores agregados a instituição. Ressalta-se, ainda, que nem sempre uma pessoa que traz resultados agrega valor ao ambiente de trabalho, portanto a noção de outputs por ter uma visão mais ampla dos resultados, e tudo que envolve a sua chegada, é uma maneira mais precisa de se ver as competências. Sobre o setor público, como dissemos anteriormente, todas as engrenagens são importantes para o funcionamento da máquina. Contudo, o que ocorre na gestão pública é o uso do conceito de competências imputs, trazendo colaboradores com ótimas competências individuais, Gestão de Políticas Públicas 15 mas não garantindo que a entrega será o melhor possível já que, como vimos, a entrega não tem somente relação com o indivíduo. Quando falamos dos avanços de gestores no setor público, podemos iniciar a nossa reflexão remontando o seu passado histórico. Desde a República Velha, quando tínhamos o patrimonialismo, a Administração pública já apresentava grandes disfunções. Essas disfunções eram advindas de fenômenos como a corrupção e o nepotismo. No primeiro momento de reforma administrativa, com a inserção a Burocracia Weberiana o setor público trouxe para si a sistematização e organização dos processos, a impessoalidade, o formalismo e as carreiras públicas. Essa reforma trouxe rigidez para o setor público e as disfunções nos gerenciamentos são vivenciados até os dias atuais. A reforma administrativa gerencial dos anos de 1990 foi um avanço para todo o cenário anterior, e o gerencialismo é resultado de experiências de Governos internacionais e de algumas fermentações de práticas governamentais do setor privado. Essas mudanças são parte de um plano de reforma do Governo federal por meio de normativas, como o Decreto nº 5.378/2005, que instituiu o programa nacional de gestão pública e desburocratização, o GESPÚBLICA, com o objetivo de avaliar as ações de Gestão de Pessoas já existentes e alcançar maior competitividade de eficiência, eficácia e efetividade. Além do decreto anteriormente mencionado, há também o Decreto nº 5.707/2006, que introduziu obrigatoriamente o modelo de competências como instrumento contínuo dos servidores públicos. A perspectiva trazida pela Gestão de Pessoas tem como desafio principal produzir um processo de mudança duradoura nos serviços públicos, trazendo inovação e se preocupando com a regulação do ambiente através das relações de trabalho e da subjetividade humana. Gestão de Políticas Públicas 16 O Gestor Público Espera-se que um administrador público exerça sua função seguindo a Base Nacional Curricular Comum, que expressa as seguintes habilidades e competências: IV. Participar do processo de tomada de decisão e da formulação de políticas, programas, planos e projetos públicos e para desenvolver avaliações, análises e reflexões críticas sobre a área pública; VII. Ter iniciativa, criatividade, determinação e abertura ao aprendizado permanente e às mudanças (BRASIL, 2013, on-line). Espera-se que o gestor público consiga atender as demandas da população, planejando futuras decisões e reparando erros cometidos, além disso a equipe torna-se essencial para que se tenha um bom trabalho. Portanto, ter servidores qualificados e empenhados é importante. A identificação de oportunidades também se qualifica como um fator extremamente importante para o gestor, assim como investimento em gestão pública colaborativa, consultas públicas e diagnósticos. Em relação à transição tecnológica, ela afeta a Gestão de Pessoas, sendo interessante pensar em ferramentas que auxiliem o trabalho dos gestores e a eficiência no atendimento aos cidadãos. Para isso, cabe a gestão pública oferecer atualizações, treinamentos e alinhamentos de equipes. Figura 5 – Colaboração entre pares na gestão pública Fonte: Pixabay Gestão de Políticas Públicas 17 Avanços, Desafios e Limitações de Pessoas e Mudanças no Setor Público Brasileiro Como vimos, a Gestão de Pessoas tem papel singular na modernização do Estado, visando garantir a implementação adequada das mais diversas políticas públicas. A Gestão de Pessoas evoluiu de uma função operacional das organizações privadas para um modelo de atuação estratégica, sendo considerada um campo em expansão no setor público. Sendo assim, existem algumas tendências em países do exterior que investem no aprimoramento de Gestão de Pessoas no setor público, o qual exerce papel singular nos aspectos organizacionais do Estado. No entanto, o grande desafio da Gestão de Pessoas no setor público é desenvolver uma lógica, que apesar de não sucumbir às motivações e diretrizes do setor privado, consiga fomentar a inovação e a criatividade de sua organização. Portanto, seria importante realizar uma revisão tanto nos modelos de Gestão de Pessoas no setor público,quanto no contexto geral e específico, no que diz respeito às funções básicas da área de Recursos Humanos, como seleção, treinamento, cargos, salários e gestão de desempenho. Por exemplo, no processo de seleção de pessoal seria interessante analisar se ele tem alcançado as pessoas com a real capacidade e conhecimento específico para trabalhar no setor público, se a remuneração é digna, se o ambiente de trabalho é adequado, se a gestão de desempenho é justa e se há efetiva administração participativa (JAMORIM, 2015). Dessa forma, a Gestão de Pessoas no setor público tem um longo caminho a percorrer na criação de modelo próprio, eficiente, eficaz, cidadão e, principalmente, justo, não necessitando ser um espelho da administração privada e sim um modelo para ela. Gestão de Políticas Públicas 18 Entretanto, tal campo possui várias limitações no Brasil, como: • Rigidez limitante imposta pela legislação. • Desvinculação do cidadão como destinatário do serviço público. • Pouca ênfase de desempenho. • Mecanismos de remuneração que desvinculam os vencimentos do desempenho. • Limites a postura inovadora. • Poucos mecanismos de planejamento e falta de preocupação com a gestão. Por outro lado, no que diz respeito às mudanças no setor público destacam-se: • A constante necessidade de inovação. • As mudanças que ocorrem a todo momento no mundo globalizado. • Os novos problemas que surgem frente às instituições do Estado. Como as organizações burocráticas poderiam se adaptar de maneira ágil às novas conjunturas? Apesar de muito jovem, os Laboratórios de Inovação dos Setores Públicos (LISP) possuem um dos artifícios que vem se mostrando eficiente na otimização do setor público. Os LISP são estruturas que fazem parte da Administração pública e estão voltados para fomentar a criatividade e a experimentação, com o intuito de desenvolver inovações para melhorar os serviços públicos e lidar com os problemas complexos. Os LISP adotam estratégias para envolver diversos atores, o setor público, a sociedade civil e o setor privado no processo de design de inovação, atuando nas mais diversas áreas e setores. Nessa área, um avanço é a Lei no 14.129, de 29 de março de 2021, chamada Lei do Governo Digital, que entre outros aspectos apresenta o papel e as atividades dos LISP na Administração pública. Gestão de Políticas Públicas 19 Os Laboratórios de Inovação dos Setores Públicos têm a expectativa de influenciar o setor público como um todo, promovendo mudanças estruturais e sistêmicas que levem a um ganho de escala no desempenho e na qualidade dos serviços públicos. Outra temática que começa a adentrar a ação dinâmica de inovação é a inteligência artificial. Na Dinamarca, ele é utilizado para identificar fraudes em sistemas governamentais (ENAP, 2020). Figura 6 – Inteligência artificial Fonte: Pixabay De fato, os avanços da tecnologia enchem os olhos dos empreendedores, cientistas e gestores públicos, mas, por outro lado, existe uma preocupação levando em conta os ganhos com as inovações e se eles terão impactos positivos para todos os diferentes grupos sociais. É preciso lembrar que a tecnologia não é neutra, ela também pode reproduzir desigualdades e preconceitos da nossa sociedade. No reconhecimento da inteligência em cargos autônomos, por exemplo, uma pesquisa realizada sobre tecnologias em desenvolvimento aponta que, em 5% das simulações, as pessoas negras não foram reconhecidas pelos sistemas e, por conseguinte, possuíam mais chances de serem atropeladas por esses carros (LEME, 2021). Gestão de Políticas Públicas 20 Portanto, é evidente que vivemos em uma era de mudanças que talvez aconteçam mais rápido do que a capacidade de resposta da sociedade. Nessa dinâmica, o Estado possui um papel primaz e não deve simplesmente esperar as mudanças acontecerem para lidar com suas consequências, mas sim ser um ator ativo nos processos de transformação da sociedade. RESUMINDO: Caro estudante, que alegria que você chegou ao fim desta seção de estudos! Neste capítulo, aprendemos sobre como entender e relacionar as competências e responsabilidades do administrador público. Ademais, vimos também que a Gestão de Pessoas articula estratégias que contribuem em auxiliar o desenvolvimento e a conciliação das expectativas dos indivíduos da organização, para que ambos possam realizá-las no decorrer do tempo. O gestor público possui como competências e habilidades o desenvolvimento, o reconhecimento, o monitoramento e a reflexão, de modo a contribuir para conquistar os objetivos almejados, melhorando processos e agregando valor introduzindo a inovação. Ao final deste estudo, esperamos que você seja capaz de entender a funcionabilidade e a aplicabilidade da gestão pública, além do trabalho do gestor nas etapas de gerenciamento de processos e de pessoas. Gestão de Políticas Públicas 21 Atraindo e Retendo Talentos na Máquina Pública OBJETIVO: Ao longo deste capítulo, você deverá compreender o sistema de Gestão de Pessoas no contexto do serviço público, suas limitações e desafios. Certamente essas competências irão auxiliar você no desempenho de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá! . Aspectos Gerais sobre a Gestão de Talentos Você já parou para pensar que o sucesso de uma instituição, seja ela pública ou privada, depende da qualidade da sua equipe? Por isso é tão importante identificar pessoas na quantidade e com as competências certas. No entanto, quem são os empregados que as instituições tanto buscam? Um talento é alguém que se identifica com a missão, a visão e os valores da instituição. Ademais, possui potencial para se desenvolver e crescer com o negócio e percebe o que deve ser feito, realizando suas tarefas de maneira cada vez melhor. Nossas discussões o ajudarão a compreender melhor como esses aspectos são importantes e podem oportunizar o conhecimento que você precisa para adentrar em uma instituição. Como se comporta um talento? Em geral, eles sabem que sempre há uma maneira melhor de fazer o trabalho, cumprem prazos e apresentam os resultados com qualidade. Além disso, compartilham o que sabem, se comunicam com clareza e extrapolam as encomendas, pois a meta é um referencial a ser expandido. Gestão de Políticas Públicas 22 Figura 7 – Reconhecendo talentos Fonte: Pixabay. Por menor que seja o negócio ou a instituição, a consistência como ele gerencia pessoas é o ponto de partida. Conheça os processos mais importantes: a. O desenho de cargos É a descrição dos requisitos de responsabilidades, atribuições e competências de cada cargo. Assim, fica definido o perfil de quem vai ocupá-lo e será mais fácil selecionar e reter os talentos. b. Recrutamento e seleção É a possibilidade de recrutar internamente. Muitos talentos estão dentro da própria instituição; caso não estejam recrute no mercado, destacando os diferenciais da vaga e anunciando em lugares onde há mais chance de encontrar quem a instituição precisa. Na entrevista, por exemplo, é recomendável pedir ao candidato para relatar situações nas quais aplicou as competências exigidas no cargo. c. Integração e ambientação Esse aspecto se refere a apresentação dos setores e colegas, assim o novo empregado ficará mais seguro na função. A orientação sobre o trabalho é essencial, esclarecendo as expectativas em relação a ele. Assim, também é importante a elaboração de um manual com as práticas aceitas e as não permitidas pela instituição. Gestão de Políticas Públicas 23 d. Remuneração O salário nem sempre é o fator mais importante para reter talentos. Quando o ambiente é bom e há perspectiva de crescimento, muitas pessoas estarão dispostas a trabalhar com uma remuneração um pouco menor, desde que compatível com o mercado e com a função. e. Gestão do desempenho Esse aspecto versa sobre o monitoramento dos empregados/servidores que realizam suas atividades. A gestão do desempenho permite definir e negociar metas, acompanhar o indivíduo, dar feedback e formular planos de melhorias. f. Treinamento e desenvolvimento As capacitações são fundamentais, pois os talentos são movidos pela possibilidade de crescer. Se o empregado/servidor não apresenta determinada competência, é importante que ele passe por um processo de treinamento ou capacitação. Após isso, é fundamental refazer a avaliação dos resultados. Figura 8 – Desempenho e treinamento de pessoas Fonte: Pixabay. g. Liderança e ambiente de trabalho Uma liderança eficiente e um ambiente de trabalho saudável aumentam a produtividade e o nível de satisfação da equipe. Outro Gestão de Políticas Públicas 24 desafio é saber motivar os talentos. O livro Motivação 3.0, de Daniel Pink, é referência em gestão e comportamento e afirma que a motivação que funciona está no íntimo de cada um. Ganhos financeiros são bem-vindos, mas liberdade, desafios e iniciativas são mais importantes. O modelo utilizado nas empresas, por exemplo, é incompatível com o mundo atual, pois acredita que as pessoas, se premiadas ou punidas produzem mais. Esse tipo de motivação pode extinguir a motivação interna, alimentar o raciocínio a curto prazo e limitar a criatividade, mas podem não funcionar. Então o que alimenta a motivação? São três ingredientes: I. Autonomia É a possibilidade da inovação, organização do próprio tempo, a relação do trabalho com projetos pessoais e a atuação em equipes auto- organizada. II. Excelência É o desejo de se tornar melhor em algo importante para si, com esforço e persistência. III. Propósito É a vontade de realizar cada tarefa pela sensação de que seu trabalho não é apenas cumprir as atividades inerentes ao empego, e sim algo maior. Segue algumas dicas de como aprimorar os talentos, estimulando- os a ficar e a investir energia na sua instituição: 1. Reconheça-o por sua competência e permita que ele represente a instituição perante os cidadãos. 2. Estimule, valorize e recompense as boas ideias. 3. Dê autonomia para executar tarefas. 4. Cuide do ambiente, das relações e proporcione qualidade de vida. 5. Envolva-o na elaboração de estratégias e compartilhe resultados. 6. Invista em capacitação. E lembre-se, o papel do líder passou a ser identificar, desenvolver e manter por mais tempos perfis de servidores/empregados diferenciados antes que eles sejam contratados pelos concorrentes. Gestão de Políticas Públicas 25 A Retenção de Talentos a Partir da Inovação na Gestão Pública Ao contrário do que muita gente acredita, a inovação não acontece apenas nas empresas privadas, ela também tem ganhado cada vez mais destaque na gestão pública. Apesar do processo de implementação da inovação na área pública ser significativamente recheado de demandas burocráticas e de legislação, que nem sempre permite alguns processos, a inovação revela- se como sendo um espaço muito grande na área pública. Por exemplo, com as criações de secretarias de inovação e tecnologia em algumas prefeituras e estados. No entanto, diversos Governos estão criando, cada vez mais, a área de Inovação, por perceberem que é fundamental ter eficiência no atendimento à população. A inovação é um dos vetores de mudança no setor público e muitas vezes essa inovação está abaixo do radar político e do radar midiático. Acompanhamos pelos jornais e pelos meios de comunicação em geral as notícias sobre os grandes processos de mudança, que não são simples no setor público. Geralmente, são mudanças necessárias que a sociedade cobra e exige, mas que dependem dos chamados empreendedores políticos de grandes colisões. Por isso, no setor público, as pessoas se referem à “reforma tributária”, “reforma política”, “reforma previdenciária”. São esses processos que ocorrem de cima para baixo, mas de tempos em tempos, pois não é fácil alcançar um acordo diante dos conflitos de interesses em prol dessas reformas. No entanto, quando nos referimos ao conceito de inovação no setor público, ela ainda está muito associada a um processo gradual, que as pessoas não conseguem enxergar, mas que é necessário, seja na esfera municipal, estadual ou federal. Gestão de Políticas Públicas 26 Figura 9 - Inovação Fonte: Pixabay. No entanto, pelo senso comum e diante do que as pessoas observam – morosidade, corrupção, mau uso dos recursos públicos e ineficiência –, elas muitas vezes custam em acreditar que essa inovação existe. O processo de inovação no setor público, infelizmente, ainda é coberto por preconceitos que se revelam das mais variadas formas. É como se as pessoas imaginassem que a eficiência só existiria no setor privado, o qual é um grande polo da eficiência e inovação. Enquanto no setor público as ideias caracterizassem um serviço de imobilismo e paralisia, constituindo-se então, como um setor antimudanças. No entanto, temos essas mudanças pela inovação e começamos a descobrir tal fato, não por acaso, nos últimos vinte anos no Brasil. Esse é um processo natural pela democracia, sendo que a sociedade exige, os órgãos públicos precisam se adaptar, os políticos precisam se ajustar, os concursos públicos estão ocorrendo, as pessoas vão entrando nas máquinas públicas trazendo novas ideias, ou até mesmo trabalhando com ideias que ali já estavam presentes. Enfim, um emaranhado de ocorrências de inovação. Qual é a forma de identificar os processos de inovação no setor público? Gestão de Políticas Públicas 27 Em meados de 1990, surgiram no Brasil os prêmios de inovação, com o intuito de mostrar as mudanças que ocorrem, muitas vezes, levadas a cabo pela chamada “burocracia do nível da rua” – pessoas em nível operacional de Governo, que estão contato direto com o cidadão. Além desses, temos a chamada “burocracia de médio escalão”, que são aqueles gerentes dentro de posições intermediárias nos órgãos públicos que fazem o papel técnico político, ou seja, eles ajudam a fazer essa relação entre o político e a base da organização, tentando transformar essas ideias políticas em projetos executáveis que geram mudanças. Entretanto, como essas mudanças não são as principais aos olhos dos políticos, principalmente pela racionalidade da busca do voto, elas ficam escondidas. Então, quem irá mostrar isso para a sociedade? Os prêmios de inovação, que são realizados pelas escolas de Governo, como a Administração pública Federal, na qual temos um prêmio importante desde 1995 feito pela Escola Nacional de Administração pública (ENAP). Temos outros prêmios importantes a nível municipal, como o prêmio “Prefeito Empreendedor”, dado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). Os estados, de maneira geral, trouxeram essa ideia da ENAP para a secretaria de gestão e planejamento de suas escolas de Governo e fizeram seus prêmios de inovação. Figura 10 – Ideias para a inovação Fonte: Pixabay. Gestão de Políticas Públicas 28 Dessa maneira, quando nos deparamos com os bancos de dados e sistemas de inovação, percebemos o seguinte: são ideias simples, com questões pertinentes que não exigem muitos recursos financeiros e grandes tecnologias, mas o que existe mesmo é uma capacidade de liderança de alguém dentro de uma equipe responsável para mudar processos, ofertas e serviços, a inclusão de novas tecnologias, novos arranjos com a sociedade, entre outros. Sendo assim, nós temos inovações que vão desde a perspectiva da gestão da casa de máquinas, melhorando os processos, até as inovações dessa relação da governança pública com a sociedade. SAIBA MAIS: É de grande relevância nos inteirarmos cada vez mais sobre as políticas e ações que são gerenciadas pelos processos de inovação no setor público brasileiro, bem como conhecer como essas propostas são avaliadas e aplicadas no funcionalismo público. Caso queira saber mais sobreo assunto, leia o artigo Inovação na Gestão Pública Federal: 20 anos do Prêmio Inovação clicando aqui. Tendências e Desafios Contemporâneos da Gestão de Pessoas no Setor Público Retomando o conceito de gestão, temos que ela é a capacidade de implementar tudo aquilo que precisa ser realizado e, para isso, é preciso planejar, coordenar e dirigir pessoas. A gestão pública também é essa capacidade, mas com foco no cidadão e fundamentada nos Princípios Constitucionais que são: • Legalidade. • Impessoalidade. • Moralidade. • Publicidade. Gestão de Políticas Públicas http://consad.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Painel-04-02.pdf 29 • Eficiência. Sendo assim, a partir desses conceitos podemos elencar algumas tendências e desafios que se constituem como sendo pontos de extrema importância e relevância para os avanços sociais que presenciamos cotidianamente nas sociedades de modo geral. Como tendência podemos elencar: • Avanços tecnológicos. • Necessidade de Governança e Governabilidade. Os aspectos desse primeiro dizem respeito aos gestores públicos, com coordenação e articulação dos órgãos públicos. A Governabilidade, trata dos agentes políticos, de liderança e articulação dos diferentes governantes. • A interdependência global. • Desigualdades, das mais variadas possíveis. • Visão sistêmica e estratégica, que cada vez mais tem sido presente na busca pela excelência na gestão pública. Sobre os desafios, elencamos os três principais na figura a seguir: Figura 11 – Desafios na gestão pública Fonte: Elaborada pela autora (2022). Gestão de Políticas Públicas 30 Ao pensarmos nos mecanismos de combate à corrupção, por exemplo, pensamos na ética, que é um conjunto de valores morais e de princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. Para além, ela serve para que haja um equilíbrio e um bom funcionamento social possibilitando que ninguém saia prejudicado. A Constituição Federal de 1988, por meio do Portal Transparência, garante ao cidadão o acesso aos custos dos cidadãos públicos gerados e mantidos pelo Governo. O accountability é o controle social, refletido pela participação da sociedade civil nos serviços, nas políticas públicas e nos seus processos de avaliação, elaboração e implementação. Todos esses precisam operar em conjunto e exercer de forma primordial os seus conceitos, para que assim as dificuldades e os desafios na Gestão de Pessoas no setor público possam ser radicalizados e/ou minimizados. RESUMINDO: Caro estudante, que alegria que você chegou ao fim desta seção de estudos! Neste capítulo, aprendemos sobre o sistema de Gestão de Pessoas no contexto do serviço público, suas limitações e desafios. Ademais, conhecemos quais as características principais para reter e atrais talentos na gestão pública e alguns exemplos no setor privado. Também vimos que um talento é alguém que se identifica com a missão, a visão e os valores da instituição. Além de possuir potencial para se desenvolver e crescer com o negócio, percebe o que deve ser feito e realiza suas tarefas de maneira cada vez melhor. Não se esqueça de acessar todos os links de estudos complementares que deixamos ao longo do seu material. Gestão de Políticas Públicas 31 Avaliando e Recompensando Desempenhos no Setor Público OBJETIVO: Ao longo deste capítulo, você deverá compreender os aspectos de atrair, avaliar e recompensar o trabalho do servidor público no contexto das políticas de Recursos Humanos. Ao final deste estudo, esperamos que você seja capaz de entender o planejamento estratégico além dos processos de indicadores e de avaliação de desempenho na esfera pública. Certamente essas competências irão auxiliar você no desempenho de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Vamos lá!. Planejamento e Desempenho Estratégico no Setor Público Existe uma grande dificuldade em conceituar estratégia, mas etimologicamente a palavra deriva do grego strategos. DEFINIÇÃO: Strategos (grego) “a arte do general”. A arte militar de escolher onde, quando e com quem travar um combate. Nesta nossa jornada poderíamos retroagir aos ensinamentos de Sun Tzu no século IV a.C com a sua obra “A arte da guerra”. Mais ainda, poderíamos retroagir a 1640 – 1527 com o Príncipe de Maquiavel ou ainda mais, com as contribuições do militar prussiano Carl von Clausewitz (1780–1831) com o seu famoso tratado sobe o tema da guerra no ocidente, em “Da guerra”. Contudo, retornaremos para um período mais contemporâneo, datado na década de 1950, com o matemático e engenheiro russo Gestão de Políticas Públicas 32 radicado nos EUA Igor Ansoff (1918-2002), que faz um estudo do ambiente externo das organizações. Figura 12 – Igor Ansoff Fonte: Wikimedia Commons. Nesse momento da história, vale destacar que as discussões que pairavam no setor econômico e administrativo se debruçavam acerca das teorias da administração em âmbito interno da organização, de suas complexidades e suas dificuldades. É nesse cenário que o matemático e engenheiro Igor Ansoff nos chama atenção para o estudo do ambiente externo, a partir de uma matriz que estuda o produto e o mercado criada por ele e denomina com o seu próprio nome: Igor Ansoff. Essa matriz se configura como uma estratégia, um instrumento para se analisar as oportunidades de crescimento da organização. Então, essa matriz é uma contribuição que ele nos deixa para essa análise e é a partir disso que retornamos para os nossos estudos do planejamento estratégico em si. Gestão de Políticas Públicas 33 Dessa forma, nós precisamos fazer alguns destaques. No nosso estudo é importante retomar ao momento histórico de 1901, na organização do exército dos EUA, quando temos a primeira aplicação consciente sistemática dos princípios da administração, por Elihu Root, secretário da guerra de Theodore Roosevelt. No Brasil, temos o Plano de Viação Federal apresentado em 1890, o qual pode ser considerado como os primórdios do planejamento governamental. Com isso, estabeleceu-se o decreto n° 159, de 15 de janeiro de 1980, que dispôs sobre o modo de organização de um plano de viação federal e constituiu uma comissão de cinco cidadãos (engenheiros) para estudar e organizar no menor prazo possível um plano geral de viação. A comissão de 1980 preocupou-se com aspectos estratégicos, políticos e econômicos. O projeto mostra, de fato que os traços gerais da rede foram lançados de maneira a franquear o escoamento dos produtos dos mais importantes vale do País, aproveitar os melhores portos do litoral e, finalmente, facilitar as correspondências interiores entre os centros comerciais da República, os mais ativos ou susceptíveis de se tornarem tais (MACIEL, 1989). Somente na década de 1930 que teremos a concepção de planejamento governamental a ser consolidada no Brasil. Sendo assim, existem três gerações específicas do planejamento estratégico: I. A primeira geração ocorre na década de 1970 com o americano e economista Michael Porter, que traz as bases do planejamento que temos atualmente, ou seja, um planejamento a longo prazo, com o estabelecimento de missão, visão e valores. II. A segunda geração, que ocorre na década de 1980 com as contribuições do canadense Henry Mintzberg, tece críticas ao pensamento de Michael Porter. Ele afirma que a visão a médio prazo é mais ideal que a visão a longo prazo defendida por Porter. Além disso, estabelece indicadores de desempenho, então a ênfase está nos objetivos, objetos, ações, diretrizes e indicadores de desempenho. III. A terceira geração de planejamento estratégico acontece na década de 1990, com Robert Kaplan e David Norton, contribuindo com Gestão de Políticas Públicas 34 a mensuração das estratégias. Para eles, as estratégias sempre evoluem e aperfeiçoam-se; contudo, essa mensuração não acontece da mesma forma e não possui a mesma evolução.Então, eles trazem a construção do Balanced Scorecard (BSC). É possível observar a constituição de um planejamento estratégico em um nível governamental federal na construção dos planos de Governo, na composição da organização do planejamento e estratégias, bem como nos aspectos mais gerais dos Recursos Humanos da Administração pública, como veremos a seguir. Recursos Humanos na Administração Pública A legislação que regula as relações de trabalho no setor público é inadequada, notadamente pelo seu caráter protecionista e inibidor do espírito empreendedor (CHIAVENATO, 2008). Existe alguns entraves da gestão de Recursos Humanos no setor público devido às características do serviço público e da ideia de despersonalização das pessoas. Sabemos que é um ser humano que ocupa esse cargo, mas sabemos também que esta não pode emitir um apreço, então existe uma despersonalização da ocupação do cargo, uma espécie de frieza natural para ocupar o cargo público. São exemplos desse quadro a aplicação indiscriminada do instituto da estabilidade para o conjunto dos servidores civis submetidos ao regime de cargos e critérios de seleção que impedem o recrutamento no mercado, em detrimento do estímulo à competência (CHIAVENATO, 2008). Nesse sentido, limitou-se o ingresso ao concurso público, sendo que poderiam ser também utilizadas outras formas de seleção mais flexíveis no recrutamento, sem permitir a volta do clientelismo patrimonialista através do processo seletivo público para celetistas que não façam parte das carreiras do Estado (CHIAVENATO, 2008). Gestão de Políticas Públicas 35 A extensão do regime estatutário para todos os servidores civis, ampliando o número de servidores estáveis, levou muitos funcionários a não valorizarem seu cargo, na medida em que a distinção entre eficiência e ineficiência perde relevância. Cabe destacar que os incentivos positivos também são limitados dada a dificuldade de estabelecer gratificações por desempenho, assim os administradores públicos ficaram destituídos de instrumentos para motivar seus funcionários (CHIAVENATO, 2008). Figura 13 – Falta de motivação Fonte: Pixabay. As poucas careiras que são bem estruturadas no serviço público federal são aquelas que possuem amplitude entre o piso e o teto salarial, o que estimula a busca pela ascensão funcional. Em nosso país não há nada parecido com um sistema universal e padronizado de remuneração de servidores. O que existe, no geral, é um sistema de remuneração extremamente distorcido em algumas carreiras. Como exemplo temos que, de acordo com Idalberto Chiavenato (2008), as carreiras jurídicas aparecem em primeiro plano e em segundo estão as econômicas, que são bem Gestão de Políticas Públicas 36 remuneradas em função de gratificações, enquanto os demais cargos, especialmente os de nível superior, não são bem pagos. Outros exemplos podem ser vistos no setor executivo de nível superior, no qual os servidores recebem salários mais elevados no setor privado e os menos qualificados têm remuneração maior no setor público. Podemos concluir que tais condições podem causar um desequilíbrio nas carreiras e remunerações. Sendo assim, é de extrema importância a necessidade de estabelecimento de motivação no que se refere à Gestão de Pessoas na Administração pública. Basicamente, o mecanismo por excelência de motivação é o da promoção por mérito, que através dessa estrutura em que o tempo, além dos recursos, da avaliação de desempenho e dos exames são essenciais, o administrador ascende lentamente sua profissão (CHIAVENATO, 2008). Entretanto, dada a dinâmica do desenvolvimento da sociedade, esse sistema de carreira foi se tornando superado. A motivação do servidor deve estar ligada ao sentido de missão. A segunda motivação deve surgir da profissionalização do serviço público por meio de promoções na carreira em função do mérito e remuneração correspondente maior. Figura 14 – Motivação Fonte: Pixabay. Gestão de Políticas Públicas 37 Dessa forma, existiu a precisão da nova política de Recursos Humanos. A política de preparação da nova administração, que surgiu das reformas, passou pela necessária e essencialmente profissionalização e pela valorização do serviço público (CHIAVENATO, 2008). A adequação dos Recursos Humanos constitui-se, dessa maneira, em tarefa prioritária, exigindo uma política que oriente desde a capacitação de novos servidores, ao desenvolvimento pessoal, um sistema remuneratório adequado e a instituição de carreiras compatíveis com as necessidades do aparelho do Estado modernizado (CHIAVENATO, 2008). Desenvolvimento de Recursos Humanos (RH) e Diretrizes Segundo Chiavenato (2008), o setor de Recursos Humanos e suas diretrizes de funcionamento e estabelecimento precisam levar em consideração os seguintes aspectos: • Reposicionar os patamares de remuneração de forma competitiva em relação ao setor privado ou parâmetros internacionais. • Fortalecer as carreiras voltadas para a formulação, controle e avaliação de políticas públicas, bem como, para atividades exclusivas do Estado. • Definição de atribuições mais amplas, que possibilitem o exercício de mesmas carreiras nos mais diversos órgãos do poder Executivo. • Garantir a unidade que caracteriza a carreira e, ao mesmo tempo, assegurar a vinculação e o compromisso com a organização no qual atuam. • Promover o recrutamento com base em perfis generalistas tanto na formação quanto na experiencia profissional, exigindo-se alto nível de conhecimento (formação superior no âmbito de pós- graduação) e capacidade de aprendizado. • Disseminar e aperfeiçoar os sistemas de avaliação do desempenho, associados a incentivos monetários ou de ascensões nas carreiras. Gestão de Políticas Públicas 38 • Planejar o ingresso de pessoal, com previsão de quantitativos anuais de vagas a serem preenchidas por meio de recursos públicos. • Possibilitar a permanente capacitação dos servidores a partir da elaboração de um plano anual que reflita um diagnóstico de necessidades comuns a toda Administração pública e especificidades de cada região. Dessa forma, as instituições do setor público têm procurado assumir um papel significativo no que se refere à implementação desses processos, além de oportunizar mecanismos e estruturas de gestão que possibilitem as condições necessárias para estabelecer ligações mais próximas com os variados tipos de setores. Sob tal enfoque, a qualidade de produção dos servidores poderá crescer efetivamente a partir das inovações do órgão de gestão e assim corresponder significativamente à relevância social. Gestão de Desempenho Diante de tais indicadores para o desenvolvimento em RH, torna-se necessário acordar metas, acompanhar a equipe e a avaliá-la. O gestor, líder do setor ou órgão responsável, precisa acompanhar a execução dos processos e a qualidade do trabalho, se o volume de prazos de trabalho está adequado e se os servidores estão seguindo o caminho como alcance das metas. O acompanhamento na gestão de desempenho é uma etapa muito importante, pois toda equipe precisa ser orientada e informada a respeito dos rumos do trabalho e das perspectivas positivas dos resultados que alcançarão. Sendo assim, essa etapa é preciso contar com medidas e indicadores de desempenho, mostrando a performance de cada membro da equipe. Os recursos que podem ser poderosos são os quadros com indicadores à vista, isto é, aqueles quadros que são atualizados em tempo real para toda equipe acompanhar a evolução dos resultados da área e a evolução de seus resultados. Essa ferramenta é muito consistente e influencia de verdade a performance da equipe. Gestão de Políticas Públicas 39 Outro fator importante é que as lideranças estejam preparadas, não somente para identificar os desempenhos e as dificuldades, mas para identificar suas causas, então não bastasomente o quadro de gestão à vista, é preciso que as lideranças identifiquem onde estão as deficiências e procurem suas causas. Figura 15 – Liderança na gestão de desempenho Fonte: Pixabay. Na maior parte das vezes as causas do desempenho deficiente é o somatório de uma ou mais competências e o líder precisa ser treinado com este olhar, porque a identificando poderá trabalhar essa causa e melhorar o desempenho das pessoas. SAIBA MAIS: Caso queira saber mais a respeito dos aspectos inerentes da gestão e avaliação de desempenho no setor público brasileiro, leia as discussões do caderno 6 da Reforma Administrativa, que reúne um importante debate sobre a visibilidade e necessária avaliação periódica de desempenho no setor público clicando aqui. Gestão de Políticas Públicas https://www.sinait.org.br/doc_reforma/caderno6.pdf 40 Avaliação de Desempenho e suas Funções As exigências profissionais estão cada vez mais intensas e isso faz com o que o processo de avaliação de desempenho seja necessário para facilitar a gestão por desempenho dentro das organizações. Esse processo visa mensurar os resultados e os comportamentos usados para alcançar os objetivos e metas. Então ele consegue entender um pouco do cenário particular de cada colaborador e apontar para os gestores quais pontos precisam ser melhorados e desenvolvidos e quais comportamentos podem ser reforçados para o alcance de resultados. Para entendermos qual tipo de avaliação é melhor ser empregado nas organizações, primeiramente precisamos entender quais os tipos são praticados atualmente no mercado. São três: I. Avaliação 90º ou direta Nesse processo, temos apenas um participante, que é o gestor. Usa-se a hierarquia funcional e um líder que avalia diretamente seu liderado, sem ser avaliado por ninguém. II. Avaliação 180º Nesse processo, diferentemente da avaliação anterior, tem-se um feedback de mão dupla, no qual o líder avalia o liderado e o liderado avalia o líder. A avaliação 180º pode ser empregada de dois jeitos diferentes. A primeira com um consenso entre líder e liderado, em que as notas são dadas em tempo real, e na segunda os dois participantes avaliam separadamente cada um e tem um mediador, que pode ser nesse caso o profissional de Recursos Humanos. III. Avaliação 360º Essa avaliação não conta só com os dois participantes, mas com quantos a organização achar que deve, ou seja, com qualquer pessoa que seja estratégica para participar dessa ferramenta. Precisamos ter bastante atenção na avaliação 360º, pois precisamos contar com um grau de comprometimento e maturidade muito maior dos participantes. Aqui se lida com pontos de vistas muito mais diferentes. Gestão de Políticas Públicas 41 RESUMINDO: Caro estudante, que alegria que você chegou ao fim desta seção de estudos! Neste capítulo, aprendemos juntos diversos conhecimentos sobre os aspectos de atrair, avaliar e recompensar o trabalho do servidor público no contexto das políticas de Recursos Humanos. Ao final deste estudo, esperamos que você seja capaz de entender o planejamento estratégico, além dos processos de indicadores e de avaliação de desempenho na esfera pública. Caso você tenha dúvidas na compreensão dos conceitos abordados, sugerimos um estudo mais aprofundado. Gestão de Políticas Públicas 42 Sistema de Controle e Administração de Recursos Humanos no Serviço Público OBJETIVO: Ao longo deste capítulo, você irá efetuar a provisão, a manutenção e a aplicação dos recursos financeiros alocáveis na remuneração dos servidores públicos e respectiva apropriação de custos em projetos e outros centros. Certamente essas competências irão auxiliar você no desempenho de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Avante!. Conceitos Gerais da Administração Pública de Recursos Humanos A gestão de pessoas (GP) é a área da administração de empresas responsáveis por trazer, manter e desenvolver pessoas buscando alcançar: a. Objetivos organizacionais (lucro, imagem, crescimento...) b. Objetivos individuais (remuneração adequada, qualidade de vida, satisfação pessoa e profissional). Os cargos de perfil administrativo possuem uma determinada cobrança para o entendimento da área sob os aspectos da gestão de pessoas. Em síntese, a GP é uma área da administração de empresas com vistas a alcançar objetivos da organização, como lucro, imagem e crescimento, e das pessoas, como ter uma qualidade de vida adequada. A administração de recursos humanos (ARH) pode ser entendida como um conjunto de políticas e práticas necessárias para conduzir aspectos da posição gerencial relacionados com as pessoas ou Recursos Humanos, incluindo recrutamento, seleção, treinamento, recompensas e avaliação de desempenho (CHIAVENATO, 1999). Gestão de Políticas Públicas 43 A ARH é a função administrativa devotada à aquisição, treinamento, avaliação e remuneração dos empregados. Todos os gerentes são, em um certo sentido, gerentes de pessoas, porque todos eles estão envolvidos em atividades como recrutamento, entrevistas, seleção e treinamento (CHIAVENATO, 1999). Figura 16 – Gestão de desempenho Fonte: Pixabay A ARH é uma função na organização que se relaciona com a provisão, treinamento, desenvolvimento, motivação e manutenção dos empregados (CHIAVENATO, 1999; 2008). Os principais objetivos da ARH, segundo Chiavenato (2008) são: Criar, manter e desenvolver um contingente de pessoas com habilidades, motivação e satisfação para realizar os objetivos da organização; Criar, manter e desenvolver condições organizacionais de aplicação, desenvolvimento e satisfação plena das pessoas, e alcance dos objetivos individuais; Alcançar eficiência e eficácia através das pessoas (CHIAVENATO, 2008, p. 17). Gestão de Políticas Públicas 44 Nesse interim cabe destacar a importância das condições do ambiente de trabalho, que propicie a boa manutenção dos aspectos motivacionais para sua realização. A má participação do trabalhador no ambiente de trabalho de forma significativa poderá acarretar prejuízos para com a organização e, consequentemente, não atingirá seus objetivos. Com isso existirá uma relação de causa e efeito: se a organização não atinge seus objetivos (lucro, imagem e crescimento) ela terá problemas e impactará o pessoal. Essa relação precisa ser muito bem observada, pois se o empregado tiver o pensamento de ter feito o mínimo sem pensar em realizar novas tarefas, ele não ajudará a si próprio como organização. A respeito do segundo objetivo elencado, temos em destaque as condições organizacionais. Nesse sentido, é preciso criar uma cultura e um clima organizacional adequado para que as pessoas se sintam acolhidas e protegidas, podendo se livrar de preocupações do trabalho. Dessa forma, oportunizará a ter pessoas capacitadas e qualificadas, o que não acontece em ambientes hostis e turbulentos de uma organização na qual ninguém sabe a quem acatar ordens ou tarefas. Figura 17 – Motivação e desempenho em um bom ambiente de trabalho Fonte: Pixabay Ao relembrarmos os três pilares da administração, que são os recursos financeiros, os recursos materiais e os Recursos Humanos, sendo Gestão de Políticas Públicas 45 que dois destes não possuem vida são inanimados e possuem vontade, que são o dinheiro e as coisas. Com isso, nada adianta a organização possuir dinheiro, estrutura, ter todas as coisas muito bem-posicionadas do ponto de vista físico e os profissionais não quererem realizar o trabalho ou fazer um desperdício. O código de ética do servidor federal, nos diz que não basta somente fazer o trabalho, mas tem que fazê-lo com rendimento, presteza e rapidez, otimizando o máximo o uso dos recursos, de tempo, dinheiro e esforço. Dessa forma, precisa-se criar condições profícuas de estímulo para que elas se mantenham motivadas a desempenhar suas tarefas, atingindo a eficácia ea eficiência da melhor maneira possível. Os processos de GP dizem respeito as atividades que são realizadas em etapas sequenciais com uma certa lógica. Então nos processos de GP esses irão fazer com que o trazer, o manter e o desenvolver aconteçam. Nesse sentido, chega-se aos processos clássicos de GP, como mostrado no esquema a seguir: Figura 18 – Processos de gestão de pessoas Recrutamento Seleção Agregar Cargos Avaliação de desempenho Aplicar: Remuneração Benefícios Recompensar: Treinamento Desenvolvimento Aprendizagem Desenvolver: Higiene e segurança Qualidade de vida Relações com sindicatos Manter: Banco de dados Sistema de informações gerenciais Monitorar: Fonte: Adaptada de Chiavenato (2008). Gestão de Políticas Públicas 46 Em agregar as pessoas são recrutadas a partir dos processos de seleção. O processo de aplicar corresponde ao que as pessoas deverão fazer dependendo do tipo de cargo/função que ela irá ocupar. O processo de recompensar se refere a como as pessoas irão ser recompensadas, o que é feito por meio de um sistema de remuneração, benefícios e incentivos. No que se refere ao desenvolvimento de pessoas, treinar e desenvolver, temos que esse processo corresponde a como as organizações formarão as pessoas e isso será feito a partir de desenvolvimento de programas e de comunicação. O processo de manutenção se refere ao como manter pessoas no trabalho, que é feito através da qualidade de vida, higiene e segurança. Os processos de monitoração estão ligados ao saber o que e quem são as pessoas que realizam o trabalho, e para obter essas informações é preciso ter bancos de dados e sistemas de informações. Nesse sentido, todos esses processos estão interligados por meio de uma sequência lógica e, dentro de cada processo, existe uma forma de fazer coisas que contemplem aquele determinado processo e que coadunam nas respectivas ações de trazer, manter e desenvolver da definição geral de gestão de pessoas. Função de Staff e Responsabilidade de Linha A GP é baseada em dois princípios chamados de Função de Staff e Responsabilidade de Linha (CHIAVENATO, 2008). A Função de Staff é uma função de apoio ligada ao órgão de ARH com as seguintes funções: • Cuidar das políticas de RH. • Prestar assessoria e suporte. • Dar consultoria interna de RH. • Proporcionar serviços de RH. • Dar orientações de RH. • Cuidar das estratégias de RH. Gestão de Políticas Públicas 47 Enquanto essas ações estão sendo realizadas, existe aquilo que chamamos de Responsabilidade de Linha, isto é, cada gerente, coordenador, encarregado, supervisor, entre outros, conduzirá o seu pessoal e possibilitando, como responsabilidades: • Cuidar da sua equipe de pessoas. • Tomar decisões sobre subordinados. • Executar as ações de RH. • Cumprir metas de RH. • Cuidar da tática e operações. Cabe destacar que, na GP, todo gerente gerencia pessoas, pois, na estrutura organizacional, temos a divisão do trabalho, como gerente que dirige diretores, que dirigem gerentes, que dirigem supervisores e que, por sua vez, dirigem operários. Então, todo mundo que dirige alguém realiza função de direção a nível alto, médio ou baixo. Dessa forma, quando falamos da Responsabilidade de Linha queremos dizer que todos os gestores, ou seja, todo mundo que tem sob seu comando alguém, realiza a função de gestor de linha ou a Responsabilidade de Linha. Enquanto o órgão de RH se responsabiliza pelas políticas, estratégias e as práticas de RH o gestor de linhas conduz o seu pessoal. Figura 19 – Gestor de Linha Fonte: Pixabay. Gestão de Políticas Públicas 48 Remuneração dos Servidores A remuneração dos servidores possui caráter contraprestacional, ou seja, a ideia é de que o servidor presta o serviço e por essa prestação ele recebe uma contraprestação, que é a remuneração. Figura 20 – Remuneração Fonte: Pixabay. A expressão remuneração possui uma acepção ampla que abarca o vencimento básico do cargo somado a todas as vantagens pecuniárias permanentes desse cargo. Nesse caso, a remuneração tem a ideia similar de vencimentos e estes são uma forma de remuneração em que se abarca o vencimento básico do cargo (previsto em lei) somado a todas as vantagens pecuniárias permanentes. A remuneração do servidor público é irredutível, ou seja, o total dos vencimentos possui uma garantia de irredutibilidade de vencimentos ou irredutibilidade de remuneração. Sendo assim, a remuneração do servidor público não pode ser reduzida, não se admite a redução nominal. Para manter o valor real existe outra garantia, o Art. 37, inciso X, da Constituição Federal, que prevê o direito a uma revisão anual dessa Gestão de Políticas Públicas 49 remuneração e aí obviamente, essa tem o intuito de manter o poder de compra do valor real da remuneração. Art. 37. A Administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) X - A remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices (BRASIL, 1988, p. 36-37). Dessa forma, além do valor nominal, que não é passível de redução, o servidor público tem como direito a revisão anual para manter o seu poder de compra. Cabe destacar que em alguns estatutos possui a regra de que o vencimento básico do servidor não poderia ser inferior a um salário- mínimo. Para fins de salário-mínimo o que importa é a remuneração total do servidor e não o seu vencimento básico. A emenda nº 19/1998 criou outra forma de pagamento feito aos servidores, que é o pagamento por meio de subsídios. Então as carreiras que recebem subsídios, recebem o pagamento em uma parcela única. O subsídio não admite acréscimo patrimonial, então seu valor é único e fixado em lei. Aquelas carreiras que recebem subsídio recebem um pagamento feito em parcela única que não admite nenhuma espécie de acréscimo patrimonial. Seja remuneração ou subsídio, deve-se respeitar o teto de pagamento dos servidores, regulamentado no Art. 37, inciso XI, subsídio do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF): XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos Gestão de Políticas Públicas 50 demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos (BRASIL, 1988, p. 37). Dessa forma, o subsídio do ministro do STF é o teto de remuneração no âmbito da administração pública. Nenhum servidor público pode ganhar acima do subsídio do ministro do STF. Na teoria, esse é o teto de remuneração para osservidores públicos em geral. A Constituição ainda prevê a criação de subtetos que diz que em âmbito do município o subteto será definido na Lei Orgânica Municipal e será o subsídio do prefeito. Então um subteto para os munícipios é o subsídio do prefeito e está definido na Lei Orgânica deste município. No âmbito estadual o subteto precisa estar previsto na Constituição Estadual e ele varia de acordo com o poder. Se ele for do poder executivo o subteto vai ser o subsídio do Governador, se for um servidor do judiciário o subteto vai ser o subsídio do Desembargador do Tribunal de Justiça e se for um servidor do Legislativo o subsídio será do Deputado Estadual. Nesse sentido, o subteto em âmbito estadual varia de acordo com o poder, mas com um detalhe: os membros do Ministério Público, como promotores de justiça, procuradores estaduais e defensores públicos estaduais, que são carreiras a priori vinculadas ao Executivo, seguem o subteto do Judiciário. Gestão de Políticas Públicas 51 Centro de Custos: Definição Preliminar nas Agencias Públicas e Privadas O Centro de Custo é uma área dentro de um grupo de empresa, como o departamento de marketing, o departamento de vendas e o departamento financeiro. O Centro de Custo também pode ser um projeto que uma empresa tem com um determinado cliente, como a implantação de um determinado sistema ou numa fábrica, que pode ser também um projeto de um desenvolvimento de um novo produto. Para que serve o Centro de Custos? Para que saibam quais são os custos para manter um departamento dentro de uma empresa, ou numa fábrica, e quais são os gastos necessários para o desenvolvimento de um novo produto. O Centro de Custos geralmente são projetos e departamentos da empresa ou órgãos sendo uma forma eficiente de agrupar as receitas e despesas para tomar melhores decisões quanto aos gastos, produtos e serviços oferecidos pela instituição. O conceito de Centro de Custos facilita na organização dos seus gastos e recebimentos tornando possível gerar um resumo financeiro fácil de entender, agilizando a tomada de decisão (SOUZA et al., 1998). SAIBA MAIS: Caso queira saber mais sobre a implementação de sistemas de custos na Administração Pública brasileira, leia o trabalho de Emilio Maltez sobre essa prática gerencial antiga no contexto do nosso país clicando aqui. Gestão de Políticas Públicas https://servicosweb.sefaz.salvador.ba.gov.br/sistema/CGM/Apresenta%E7%E3o/artigos_PDF/CUSTOS%20NA%20AREA%20PUBLICA%20.pdf 52 RESUMINDO: Caro estudante, que alegria que você chegou ao fim desta seção de estudos! Neste capítulo, aprendemos juntos diversos conhecimentos sobre efetuar a provisão, a manutenção e a aplicação dos recursos financeiros alocáveis na remuneração dos servidores públicos e respectiva apropriação de custos em projetos e outros centros de custo. Você estudou os aspectos gerais da administração pública de recursos humanos, as características da remuneração dos servidores públicos e a definição de Centro de Custo. Caso você tenha dúvidas na compreensão dos conceitos abordados, sugerimos um estudo mais aprofundado. Para finalizar, não se esqueça de acessar todos os links de estudos complementares que deixamos ao longo do seu material. Gestão de Políticas Públicas 53 REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição Federal de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988. CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas: o novo papel dos Recursos Humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 1999. CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas: o novo papel dos Recursos Humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. INTELIGÊNCIA Artificial vai gerar a “era da aceleração”. ENAP, 2020. Disponível em: https://www.enap.gov.br/pt/acontece/noticias/ inteligencia-artificial-vai-gerar-a-era-da-aceleracao. Acesso em: 18 jan. 2022. JAMORIM, I. T. Gestão Estratégica de Pessoas, competências e setor público brasileiro. In: SEMEAD SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO, 18., 2015, [S. l.]. Anais [...] [S. l.: s. n.], 2015. LEME, J. A. Carros autônomos de “enxergar” negros. Jornal do Carro, 2019. Disponível em: https://jornaldocarro.estadao.com.br/carros/ autonomos-dificuldade-enxergar-negros. Acesso em: 18 jan. 2022. MACIEL, E. A crise do planejamento brasileiro. Revista do Serviço Público, Brasília, v. 117, n. 1, p. 37-48, jun./set. 1989. PINK. D. H. Motivação 3.0. Rio de Janeiro: Sextante, 2019. SOUZA, K. H.; MAURILIO, M. A.; ZAMBON, A. C. A contabilidade de custos como ferramenta gerencial na pequena empresa. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 3., 1998, São Carlos. Anais [...] São Carlos: [s. n.], 1998. Gestão de Políticas Públicas http://lattes.cnpq.br/6938680728798425 Gestão de Pessoas na Máquina Pública e o Gestor Público Gestão de Pessoas no Setor Público O Gestor Público Avanços, Desafios e Limitações de Pessoas e Mudanças no Setor Público Brasileiro Atraindo e Retendo Talentos na Máquina Pública Aspectos Gerais sobre a Gestão de Talentos A Retenção de Talentos a Partir da Inovação na Gestão Pública Tendências e Desafios Contemporâneos da Gestão de Pessoas no Setor Público Avaliando e Recompensando Desempenhos no Setor Público Planejamento e Desempenho Estratégico no Setor Público Recursos Humanos na Administração Pública Desenvolvimento de Recursos Humanos (RH) e Diretrizes Gestão de Desempenho Avaliação de Desempenho e suas Funções Sistema de Controle e Administração de Recursos Humanos no Serviço Público Conceitos Gerais da Administração Pública de Recursos Humanos Função de Staff e Responsabilidade de Linha Remuneração dos Servidores Centro de Custos: Definição Preliminar nas Agencias Públicas e Privadas