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Universidade de Brasília Departamento de Biologia Celular Imunidade Inata Resposta inflamatória Profa. Juliana Franco Almeida 2023.1 Resposta inflamatória Figura 4.14 Resposta inflamatória aguda. As respostas inflamatórias agudas se iniciam quando os micróbios transgridem as barreiras epiteliais ou quando o tecido é lesionado (1), e então padrões moleculares associados ao patógeno (PAMPs) e padrões moleculares associados ao dano (DAMPs) ativam células sentinelas, como macrófagos, células dendríticas, mastócitos (2), para secretar citocinas e outros mediadores (3). Alguns desses mediadores (p. ex., histamina, prostaglandinas) aumentam a permeabilidade dos capilares (4), levando à entrada de proteínas plasmáticas (p. ex., proteínas do complemento) nos tecidos (5), enquanto outros mediadores (interleucina-1, fator de necrose tumoral) aumentam a expressão de moléculas de adesão endotelial e quimiocinas que promovem o movimento de leucócitos das vênulas pós-capilares para os tecidos (6), em que os leucócitos destroem os microrganismos, removem células danificadas (7) e promovem mais inflamação e reparo. Secreção de citocinas – evento decisivo para a resposta inflamatória aguda Citocinas - Imunidade Inata ✓ Principais células secretoras: macrofagos e DCs teciduais. ✓ Ação paracrina e endocrina. ✓ Funções e estabelecimento de cascatas. ✓ Atuam na inflamacao, inibicao da replicacao viral, promocao de respostas de células T e limitacao das respostas imunes inatas. Citocinas - Imunidade Inata Citocinas - Imunidade Inata TNF: mediador da resposta inflamatória aguda a bactérias e outros microrganismos infecciosos Citocinas - Imunidade Inata ✓ Produzido principalmente por macrofagos (mastocitos e celulas dendriticas). ✓ Receptores: TNFRI e II. Presentes na maioria dos tipos celulares – envolvimento em respostas imunes inflamatorias. ✓ Recrutamento de de TRAFs (Fatores associados ao receptor de TNF) – agivam fatores de transcrição (NFkb e AP1) – ativação de caspases (apoptose). ✓ A produção de TNF por macrófagos é estimulada por PAMPs e DAMPs. Os TLRs, NLRs, RLRs e CDSs podem, todos, induzir a expressão gênica do TNF, em parte por meio da ativação do fator de transcrição NF-κB Citocinas - Imunidade Inata Figura 4.15 Estrutura do receptor de fator de necrose tumoral (TNF) ligado ao TNF. A estrutura em fita ilustra uma vista do topo (A) e uma vista lateral (B) de um complexo de três receptores de TNF tipo II (TNFRII) e uma molécula de TNF trimérica ligada, revelada por cristalografia de raios X. As três moléculas TNFRII, coloridas em azul, juntas se ligam a um homotrímero de TNF, colorido em verde, com cada molécula de receptor interagindo com dois monômeros de TNF diferentes no complexo homotrímero. As regiões de ligação de uma das três moléculas de TNFRII a dois monômeros de TNF são destacadas na vista lateral, com círculos laranja. (Modificada de Mukai Y, Nakamura T, Yoshikawa M et al. Solution of the structure of the TNF-TNFR2 complex, Sc Signal. 2010;3:ra83.) Figura 4.16 Ações locais e sistêmicas das citocinas na inflamação. O fator de necrose tumoral (TNF), a interleucina-1 (IL-1) e a IL-6 produzem múltiplos efeitos locais e sistêmicos. TNF e IL-1 atuam nos leucócitos e no endotélio induzindo inflamação aguda, e ambas induzem expressão de IL-6 em leucócitos e outros tipos celulares. TNF, IL-1 e IL-6 medeiam os efeitos sistêmicos protetores da inflamação, incluindo a indução de febre, síntese de proteínas de fase aguda pelo fígado e produção aumentada de leucócitos pela medula óssea. O TNF sistêmico pode causar anormalidades patológicas que levam ao choque séptico, incluindo a função cardíaca diminuída, trombose, extravasamento capilar e anormalidades metabólicas decorrentes de resistência à insulina. IL-1: mediador da resposta inflamatória aguda e exerce muitas ações similares às do TNF. Citocinas - Imunidade Inata ✓ Fonte: fagócitos mononucleares ativados (neutrófilos, DCs, células epiteliais e endolteliais). ✓ Existem duas formas de IL-1 chamadas IL-1α e IL-1β (menos de 30% de homologia, se ligam aos mesmos receptores de superfície celular e exibem as mesmas atividades biológicas). ✓ A produção de IL-1 geralmente requer dois sinais distintos, um que ativa a transcrição de novos genes e a produção de um polipeptídio precursor pró-IL-1β de 33 kDa, e um segundo que ativa o inflamassomo para clivar proteoliticamente o precursor gerando a proteína IL-1β madura, de 17 kDa. Inflamassomos Figura 4.6 Inflamassomos. A ativação de três inflamassomos canônicos diferentes usando NLRP3, NLRC4 ou AIM2 como sensores e dos inflamassomas não canônicos compostos de caspases 4, 5 ou 11 são mostrados. Alguns dos ligantes ou condições celulares que induzem a montagem de cada um desses inflamassomos são indicados. Os inflamassomos canônicos se montam como complexos multiméricos, incluindo os sensores NLR, proteínas adaptadoras como ASC ou NIAP5 e pró-caspase 1, levando à geração proteolítica de caspase 1 ativa, que processa pró-IL-1β e pró-IL-18 em IL-1β e IL-18 ativas. A caspase-1 ativada pelo inflamassomo também pode clivar proteoliticamente a proteína citosólica gasdermina D, gerando um fragmento N-terminal que se polimeriza na membrana plasmática, formando um poro que permite a saída de IL-1β para fora da célula, e de água e íons para dentro da célula, levando à morte por lise osmótica. Essa via de morte celular é chamada piroptose, porque é acompanhada de inflamação devido à liberação de IL-1 das células em processo de morte. O LPS citoplasmático induz a montagem de moléculas de pró-caspase-4, -5 ou -11 para formar inflamassomos não canônicos que são multímeros de caspase ativa 4, 5 ou 11, as quais também podem clivar gasdermina D, levando à formação de poros gasdermina-N e pirotose. AIM2, ausente em melanoma-2; ASC, proteína do tipo speck associada à apoptose contendo um CARD; ATP, adenosina trifosfato; DAMPs, padrões moleculares associados ao dano; IL-1, interleucina-1; LPS, lipopolissacarídio; NLR, receptor tipo NOD; PAMPs, padrões moleculares associados ao patógeno; ROS, espécies reativas de oxigênio; TLR, receptor do tipo Toll. IL-1: mediador da resposta inflamatória aguda e exerce muitas ações similares às do TNF. Citocinas - Imunidade Inata ✓ TNF pode estimular fagócitos a secretarem IL-1 (cascata de citocinas com atividades similares). ✓ IL-1α e IL-1β não têm uma sequência sinal hidrofóbica para direcionar o polipeptídio nascente para a membrana do retículo endoplasmático (secreção através de poros na membrana formados por gasdermina D). ✓ Os eventos de sinalização que ocorrem quando IL-1 se liga ao receptor de IL-1 tipo I são similares àqueles deflagrados pelos TLRs e resultam na ativação dos fatores de transcrição NF- κB e AP1 (proteína de ativação 1). IL-6: importante citocina nas respostas inflamatórias agudas, com efeitos locais e sistêmicos Citocinas - Imunidade Inata ✓ Induz a síntese de reagentes de fase aguda pelo fígado e promove a diferenciação de células T auxiliares produtoras de IL-17. ✓ Fonte: fagócitos mononucleares, DCs, células endoteliais vasculares, fibroblastos e outras células em resposta aos PAMPs e DAMPs e também à IL-1 e ao TNF. ✓ O receptor de IL-6: cadeia polipeptídica ligante de citocina e uma subunidade transdutora de sinal (gp130) que também constitui o componente de sinalização dos receptores de outras citocinas. IL-6: importante citocina nas respostas inflamatórias agudas, com efeitos locais e sistêmicos Citocinas - Imunidade Inata ✓ A subunidade gp130 é amplamente expressa em muitos tipos celulares, mas a cadeia de ligação a IL-6 é somente expressa por leucócitos e hepatócitos, como uma proteína transmembrana em associação com a gp130. ✓ A forma solúvel de cadeia de ligação à IL-6 é gerada por clivagem proteolítica da forma de membrana, e está presente no sangue e líquidos teciduais. Essa forma solúvel pode se ligara IL- 6, e então o complexo pode se associar à porção extracelular da gp130 em muitos tipos celulares e iniciar a sinalização - transinalização. ✓ O receptor de IL-6 engaja uma via de sinalização que ativa o fator de transcrição STAT3. ✓ Artrite reumatoide. Citocinas - Imunidade Inata Citocinas - Imunidade Inata As respostas inflamatórias agudas são iniciadas quando células sentinela, incluindo mastócitos, macrófagos tecido residentes e DCs, que estão presentes em tecidos normais antes da infecção, usam TLRs e receptores de reconhecimento de padrão inatos citosólicos para detectar microrganismos e células lesionadas Eventos da inflamação Eventos da inflamação ✓ Mastócitos respondem aos PAMPs e DAMPs: secretam histamina e prostaglandinas (vasodilatação e elevação da permeabilidade capilar - que aumenta o fluxo sanguíneo através dos tecidos e o movimento de proteínas plasmáticas como proteínas do complemento, pentraxinas, colectinas e anticorpos para fora dos vasos sanguíneos. ✓ Recrutamento de neutrófilos, monócitos. ✓ Vasodilatação (histamina e prostaglandinas derivadas dos mastócitos): aumento do numero de leucociots nos tecidos, alteração do fluxo sanguíneo. Eventos da inflamação PAMPs e DAMPs Mastócitos, DCs, macrófagos Histamina e prostaglandinas IL-1, TNF Mol. de adesão endotelial e quimiocinas Figura 3.3 Interações de múltiplos passos leucócito-endotélio que medeiam o recrutamento de leucócitos para os tecidos. 1. Produção de citocinas no local da infecção e lesão tecidual. 2. Rolamento de leucócitos mediado pelas selectinas. 3. Aumento da afinidade das integrinas. 4. Firme adesão dos leucócitos ao endotélio mediada pelas integrinas. 5. Transmigração dos leucócitos através do endotélio. 6. Migração dos leucócitos para o local da infecção e lesão tecidual. Ingesta e Killing de microrganismos ✓ Processo dependente de energia e ativo de englobamento de particulas grandes no interior de vesiculas. ✓ Vesículas fagociticas se fundem aos lisossomos e das particulas sao destruidas. Os neutrófilos e macrófagos recrutados para os sítios de infecção ingerem microrganismos que são contidos em vesículas, pelo processo de fagocitose, e os destroem. Ingesta e killing de microrganismo Figura 4.17 Fagocitose e destruição intracelular de microrganismos. Os microrganismos podem ser ingeridos por meio de diferentes receptores de membrana existentes nos fagócitos. Alguns se ligam diretamente aos microrganismos, enquanto outros se ligam a microrganismos opsonizados. Os microrganismos são internalizados em fagossomos, os quais se fundem aos lisossomos para formar fagolisossomos, em que os microrganismos são mortos por espécies reativas de oxigênio e nitrogênio e enzimas proteolíticas. IgG, imunoglobluna G; iNOS, óxido nítrico sintase induzível; NO, óxido nítrico; ROS, espécies reativas de oxigênio. Consequências da inflamação ✓ Processo dependente de energia e ativo de englobamento de particulas grandes no interior de vesiculas. ✓ Vesículas fagociticas se fundem aos lisossomos e das particulas sao destruidas. TNF, IL-1 e IL-6 produzidos durante a resposta imune inata a infecções ou dano tecidual exercem efeitos sistêmicos que contribuem para a defesa do hospedeiro e são responsáveis por muitas das manifestações clínicas de infecção e doença inflamatória. Consequências da inflamação ✓ TNF e IL-1 são pirogenos endógenos. ✓ Aumendo da síntese de prostaglandinas nas células hipotalâmicas - produção de neurotransmissores que “redefinem” a temperatura de estado basal do corpo para um nível mais alto, reduzindo a perda de calor (via vasoconstrição) e aumentando a geração de calor (através de efeitos no músculo esquelético e gordura). ✓ Os inibidores da síntese de prostaglandina - reduzem a febre bloqueando essa ação das citocinas. ✓ Papel da febre na defesa do hospedeiro - funções metabólicas intensificadas nas células imunes, funções metabólicas comprometidas em microrganismos, e alterações no comportamento do hospedeiro febril que diminuem o risco de piora das infecções e da lesão. Febre Consequências da inflamação ✓ TNF, a IL-1 e a IL-6 - circulam até a medula óssea e promovem a liberação de neutrófilos e monócitos, enquanto outras citocinas, chamadas fatores estimuladores de colônia estimulam a produção dessas células, levando à elevação do número de leucócitos no sangue (leucocitose). ✓ Aumento da migração de leucócitos para os tecidos - auxilia na defesa antimicrobiana, embora possa também contribuir para o dano inflamatório aos tecidos. Leucocitose Consequências da inflamação ✓ TNF, a IL-1 e a IL-6 - induzem os hepatócitos a produzirem proteínas de fase aguda (CRP, SAP e fibrinogênio). ✓ Níveis plasmáticos elevados dessas proteínas são comumente usados na clínica como sinais de infecção ou outros processos inflamatórios. ✓ As pentraxinas CRP e SAP exercem papéis protetores nas infecções, o fibrinogênio (precursor da fibrina) contribui para a homeostasia e o reparo tecidual. Resposta de fase aguda Consequências da inflamação ✓ Inibe a contratilidade miocárdica e o tônus da musculatura lisa vascular, resultando em acentuada diminuição da pressão arterial ou em choque. ✓ Causa trombose intravascular - estimula a expressão do fator tecidual (ativador da coagulação), e inibe a expressão de trombomodulina (inidor da coagulação). As alterações endoteliais são exacerbadas pela ativação dos neutrófilos, levando à formação de tampão vascular. ✓ Causa o desgaste das células musculares e adiposas, chamado caquexia - Supressão do apetite e da síntese diminuída da lipoproteína lipase (enzima necessária para liberar ácidos graxos das lipoproteínas circulantes). Nas infecções graves, o TNF pode ser produzido em grandes quantidades e causar anormalidades patológicas e clínicas sistêmicas. Consequências da inflamação ✓ ROS e NO - se acumulam no sítio de infecção - podem lesionar as células do hospedeiro e degradar a matriz extracelular. ✓ Parte do processo patológico associado às infecções é devido às respostas inflamatórias, e não aos efeitos tóxicos diretos dos microrganismos. ✓ A inflamação aguda também causa lesão tecidual no contexto das doenças autoimunes, em que os neutrófilos e os macrófagos se acumulam e são ativados como resultado da estimulação do sistema imune adaptativo por antígenos próprios (TNF, IL-1, IL-6 e IL-12 são indutores-chave). A inflamação aguda pode causar lesão tecidual, porque os mecanismos efetores usados pelos leucócitos para matar os microrganismos também são tóxicos para os tecidos do hospedeiro. Resposta antiviral ✓ TLRs, NLRs, RLRs e CDSs - geram sinais que estimulam a expressão dos genes de IFN-α e IFN-β em muitos tipos celulares diferentes. ✓ IFNs do tipo I secretadas pelas células atuam em outras células prevenindo a disseminação da infecção viral. Nesta seção, descreveremos as propriedades das IFNs do tipo I e as ações antivirais. A principal forma pela qual o sistema imune inato bloqueia as infecções virais é a indução da expressão de IFNs do tipo I, cuja ação mais importante é inibir a replicação viral. Resposta antiviral ✓ Dentre IFNs do tipo I, as mais importantes na defesa antiviral são a IFN-α (13 proteínas estreitamente relacionadas), e a IFN-β, que é uma proteína única. ✓ DCs plasmacitoides - principais fontes de IFN-α (fagócitos mononucleares). ✓ IFN-β é produzida por muitos tipos celulares em resposta à infecção viral. ✓ Os estímulos mais potentes para a síntese de IFN do tipo I são os ácidos nucleicos virais. A principal forma pela qual o sistema imune inato bloqueia as infecções virais é a indução da expressão de IFNs do tipo I, cuja ação mais importante é inibir a replicação viral. TLRs – Localização e ativação Figura 4.3 Vias de sinalização e funções de receptores do tipo Toll. Os TLRs 1, 2, 5 e 6 usam a proteína adaptadora MyD88 e ativam os fatoresde transcrição NF-κB, que induz a expressão de genes inflamatórios. O TLR3 usa a proteína adaptadora TRIF, que ativa o fator de transcrição IRF3 e promove a expressão de IFN-β e NF-κB. TLR4 usa tanto MyD88 quanto TRIF, levando à ativação de vias de ativação de NF-κB e IRF3, respectivamente. Os TLRs 7, 8 e 9 no endossomo usam MyD88, levando à ativação de NF-κB e IRF7, promovendo a expressão de genes cujos produtos medeiam inflamação e defesa antiviral. dsRNA, RNA de dupla fita; IFN, interferona; IRFs, fatores reguladores de interferona; NF-κB, fator nuclear kappa B; ssRNA, DNA de fita simples; TIR, receptor Toll/IL-1; TLRs, receptores do tipo Toll, TRIF, adaptador indutor de interferona β contendo domínio TIR. Resposta antiviral ✓ Ativa fatores de transcrição STAT1, STAT2 e IRF9 - induzem expressão de vários genes diferentes cujos produtos proteicos contribuem para a defesa antiviral. ✓ Estado antiviral. O receptor para IFNs do tipo I(IFN-α e à IFN-β), é um heterodímero composto de dois polipeptídios estruturalmente relacionados (IFNAR1 e IFNAR2), expressos em todas as células nucleadas. Estado antiviral Figura 4.18 Ações biológicas das interferonas do tipo I. As interferonas do tipo I (IFN-α e IFN-β) são produzidas por células infectadas por vírus em resposta à sinalização de receptor do tipo Toll (TLR) intracelular e outros sensores de RNA viral. As IFNs do tipo I se ligam a receptores presentes nas células vizinhas não infectadas e ativam as vias de sinalização JAK-STAT, que induzem expressão de genes cujos produtos interferem na replicação viral. As IFNs do tipo I também se ligam a receptores existentes nas células infectadas e induzem expressão de genes cujos produtos intensificam a suscetibilidade da célula ao killing mediado por linfócitos T citotóxicos (CTLs). dsRNA, RNA de dupla fita; PKR, proteinoquinase ativada por RNA de dupla fita. Resposta inata – Resposta adaptativa Figura 4.19 Estimulação da imunidade adaptativa por respostas imunes inatas. O reconhecimento do antígeno pelos linfócitos fornece o sinal 1 para sua ativação, e as moléculas induzidas nas células hospedeiras durante as respostas imunes inatas aos microrganismos fornecem o sinal 2. Nessa ilustração, os linfócitos são células B, porém os mesmos princípios se aplicam aos linfócitos T. A natureza dos segundos sinais difere para as células B e T, e é descrita em capítulos posteriores. Inibicao da RI inata ✓ Lesão tecidual e doença. ✓ estímulos para a iniciação de muitos desses mecanismos de controle incluem os mesmos PAMPs e DAMPs indutores de inflamação A magnitude e a duração das respostas imunes inatas são reguladas por vários mecanismos inibidores que limitam o potencial dano aos tecidos. Inibicao da RI inata ✓ Produzida por macrófagos e DCs e que inibe sua ativação. ✓ Inibe a produção de várias citocinas inflamatórias por macrófagos e DCs ativadas, incluindo IL-1, TNF e IL-12. ✓ Regulador por feedback negativo. ✓ As mutações com “perda de função” envolvendo o receptor de IL-10 resultam no desenvolvimento de colite grave durante a infância. IL-10 Inibicao da RI inata ✓ Inibidor competitivo da IL-1 (antagonista do receptor de IL-1 (IL-1RA)). ✓ A síntese de IL-1RA é induzida por muitos dos mesmos estímulos que induzem a produção de IL- 1. ✓ Camundongos deficientes de IL-1RA sugerem que essa citocina inibidora é requerida para prevenir doenças inflamatórias das articulações e outros tecidos, e uma doença rara causada pela deficiência genética de IL-1RA em humanos é caracterizada por inflamação grave dos ossos e da pele. ✓ O IL-1RA recombinante foi desenvolvido como fármaco para uso no tratamento da artrite reumatoide e das síndromes febris familiares em que a produção de IL-1 está desregulada Antagonista de IL-1 Inibicao da RI inata ✓ Proteínas supressoras da sinalização de citocina (SOCS; do inglês, suppressors of cytokine signaling) - inibidores das vias de sinalização JAK-STAT associadas aos receptores de citocinas. A sinalização de TLR em macrófagos e DCs induz a expressão das proteínas SOCS, e isso limita as respostas dessas células a citocinas exógenas, como as IFNs do tipo I. ✓ Respostas pró-inflamatórias das células à sinalização de TLR são negativamente reguladas por SHP-1 - proteína fosfatase intracelular que regula negativamente numerosas vias de sinalização dependentes de tirosinoquinase em linfócitos. ✓ Há muitos outros exemplos de quinases e fosfatases que inibem a sinalização de TLR, NLR e RLR, bem como pequenos RNAs inibidores que inibem a produção de muitos mediadores da imunidade inata. Vias de sinalização reguladoras negativas O sistema imune inato fornece a primeira linha de defesa do hospedeiro contra microrganismos, antes de as respostas imunes adaptativas terem tempo suficiente para se desenvolver. Os mecanismos da imunidade inata existem antes da exposição aos microrganismos. Os componentes celulares do sistema imune inato incluem as barreiras epiteliais e os leucócitos (neutrófilos, macrófagos, células natural killer [NK], linfócitos com receptores antigênicos invariáveis e mastócitos) ■O sistema imune inato usa receptores de reconhecimento de padrão associados à célula, presentes nas membranas plasmática e endossômica, bem como no citosol, para reconhecer estruturas chamadas padrões moleculares associados ao patógeno (PAMPs), que são compartilhadas pelos microrganismos, estão ausentes nas células dos mamíferos e frequentemente são essenciais para a sobrevivência dos microrganismos, limitando assim a capacidade destes de escaparem da detecção por meio de mutação ou da perda de expressão dessas moléculas. Em adição, esses receptores reconhecem moléculas produzidas pelo hospedeiro, mas cuja expressão ou localização indica dano celular – os chamados padrões moleculares associados ao dano (DAMPs) ■Os receptores do tipo Toll (TLRs), presentes na superfície celular e nos endossomos, constituem uma importante família de receptores de reconhecimento de padrão, identificando uma ampla variedade de ligantes que incluem componentes de parede celular bacteriana e ácidos nucleicos microbianos. Existem receptores de reconhecimento de padrão citosólicos que reconhecem moléculas microbianas. Esses receptores incluem os receptores do tipo RIG (RLRs), que identificam RNA viral; os sensores de DNA citosólicos (CDSs), que reconhecem DNA microbiano; e os receptores do tipo NOD (NLRs), que reconhecem constituintes de parede celular bacteriana e também atuam como componentes de reconhecimento de muitos inflamassomos Os receptores de reconhecimento de padrão, incluindo os TLRs, NLRs e RLRs, sinalizam para ativar o fator de transcrição NF-κB, que estimula a expressão de citocinas, coestimuladores e outras moléculas envolvidas na inflamação, bem como os fatores de transcrição fator de resposta à interferona (IRF), que estimulam a expressão de genes de interferona (IFN) do tipo I antiviral ■O inflamassomo, um complexo enzimático especializado contendo caspase-1 que se forma em resposta a uma ampla variedade de PAMPs e DAMPs, inclui estruturas de reconhecimento frequentemente pertencentes à família de proteínas NLR, um adaptador e a enzima caspase-1, cuja principal função é produzir formas ativas das citocinas inflamatórias interleucina-1 (IL-1) e IL-18 ■O processamento proteolítico da proteína citosólica gasdermina, mediado pelo inflamassomo, gera poros na membrana, que são um conduto para a liberação de IL-1 a partir da célula e também causam a morte osmótica da célula, chamada piroptose ■Moléculas efetoras solúveis da imunidade inata são encontradas no plasma e incluem as pentraxinas (p. ex., proteína C reativa [CRP]), colectinas (p. ex., lectina ligante de manose [MBL]) e ficolinas. Essas moléculas se ligam a ligantes microbianos e intensificam sua depuração por mecanismos dependentes e independentes de complemento ■As células linfoides inatas são células com morfologia de linfócitose funções similares àquelas dos linfócitos T, mas que não expressam os receptores antigênicos da célula T clonalmente distribuídos. Três subpopulações auxiliares de ILCs secretam as mesmas citocinas que as células T auxiliares Th1, Th2 e Th17 As células NK têm funções citotóxicas e secretam interferona-γ (IFN-γ), de modo similar aos linfócitos T citotóxicos (CTLs). As células NK promovem a defesa contra microrganismos intracelulares, matando células infectadas e fornecendo uma fonte da citocina ativadora de macrófagos IFN-γ. O reconhecimento pela célula NK das células infectadas é regulado por uma combinação de receptores ativadores e inibidores. Os receptores inibidores reconhecem moléculas do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) de classe I, porque as células NK normalmente não matam as células normais do hospedeiro, mas matam as células com expressão diminuída de MHC de classe I, como as células infectadas por vírus ■O sistema complemento inclui várias proteínas plasmáticas que são ativadas de maneira sequencial, por clivagem proteolítica, para a geração de fragmentos das proteínas C3 e C5. Esses fragmentos promovem inflamação ou opsonizam e promovem fagocitose de microrganismos. A ativação do complemento também gera poros na membrana que matam alguns tipos de bactérias. O sistema complemento é ativado nas superfícies microbianas e não nas células normais do hospedeiro, uma vez que os microrganismos não expressam as moléculas reguladoras que inibem o complemento. Nas respostas imunes inatas, o complemento é ativado principalmente de forma espontânea, nas superfícies celulares microbianas, e pela MBL, para iniciar as vias alternativa e da lectina, respectivamente ■As duas funções efetoras principais da imunidade inata são induzir inflamação, que envolve a distribuição de leucócitos destruidores de microrganismos, bem como de moléculas efetoras solúveis, do sangue para os tecidos; e bloquear a infecção viral das células principalmente pelas ações antivirais das IFNs do tipo I. Ambos os tipos de mecanismos efetores são induzidos por PAMPs e DAMPs Várias citocinas produzidas principalmente por macrófagos, células dendríticas (DCs) e outras células imunes inatas medeiam a inflamação. Fator de necrose tumoral (TNF) e IL-1 ativam as células endoteliais, estimulam a produção de quimiocinas e aumentam a produção de neutrófilos na medula óssea. IL-1 e TNF induzem, ambos, a produção de IL-6 e, juntas, essas três citocinas medeiam efeitos sistêmicos, incluindo febre e síntese de proteínas de fase aguda pelo fígado. IL-12 e IL-18 estimulam a produção da citocina ativadora de macrófagos, IFN-γ, por células NK e células T. Essas citocinas atuam nas respostas imunes inatas a diferentes classes de microrganismos, e algumas (IL-1, IL-6, IL-12, IL-18) modificam as respostas imunes adaptativas que se seguem à resposta imune inata ■Neutrófilos e monócitos (precursores dos macrófagos teciduais) migram do sangue para os sítios inflamatórios durante as respostas imunes inatas, devido aos efeitos das citocinas e quimiocinas produzidas pelas células teciduais estimuladas por PAMPs e DAMPs ■Neutrófilos e macrófagos fagocitam microrganismos e os matam produzindo espécies reativas de oxigênio, óxido nítrico e enzimas nos fagolisossomos. Os macrófagos também produzem citocinas que estimulam a inflamação e promovem reparo tecidual em sítios de infecção. Os fagócitos reconhecem e respondem aos produtos microbianos através de vários tipos distintos de receptores, entre os quais TLRs, lectinas tipo C, receptores scavenger e receptores de N-formilmet-leu-phe Moléculas produzidas durante as respostas imunes inatas estimulam a imunidade adaptativa e influenciam a natureza das respostas imunes adaptativas. As DCs ativadas por microrganismos produzem citocinas e coestimuladores que intensificam a ativação das células T e sua diferenciação em células T efetoras. Fragmentos do complemento gerados pela via alternativa fornecem os segundos sinais para ativação da célula B e produção de anticorpos ■As respostas imunes inatas são reguladas por mecanismos de feedback negativo que limitam o potencial dano aos tecidos. A IL-10 é uma citocina produzida por macrófagos e DCs, e que inibe a ativação destas mesmas células. A secreção de citocinas inflamatórias é regulada por produtos de genes de autofagia. As vias de sinalização negativa bloqueiam os sinais de ativação gerados pelos receptores de reconhecimento de padrão e citocinas inflamatórias. Universidade de Brasília Departamento de Biologia Celular Imunidade inata Resposta inflamatória Profa. Juliana Franco Almeida 2023.1 Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38 Slide 39 Slide 40 Slide 41 Slide 42 Slide 43 Slide 44 Slide 45 Slide 46 Slide 47 Slide 48 Slide 49 Slide 50 Slide 51 Slide 52 Slide 53 Slide 54