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Ventilação Mecânica O suporte ventilatório mecânico é o método de assistência com pressão positiva utilizado para ventilar pacientes com o objetivo de substituir ou auxiliar a ventilação espontânea, quando o sistema respiratório não é capaz de manter suas funções mecânicas ou de troca gasosa. Atualmente a ventilação mecânica se dá por pressão positiva: o ar é administrado para o sistema respiratório através de um fluxo gerado pelo ventilador. Objetivos Melhorar trocas gasosas; Reverter hipoxemia; Corrigir a acidose respiratória aguda; Reduzir o desconforto respiratório; Reverter a fadiga dos músculos respiratórios; Permitir sedação e anestesia; Manter a oxigenação e/ou ventilação, de maneira artificial, até que os desequilíbrios dessas funções sejam corrigidos. Principais parâmetros controlados Quantidade de ar insuflado no pulmão que poderá ser por pressão ou volume Concentração de oxigênio - Fração inspirada de oxigênio (FiO2) Velocidade do ar que será ofertado (fluxo respiratório) Frequência respiratória Volume nas vias aéreas Damos o nome ao volume do ar que entrou no pulmão de volume corrente (VC) O cálculo do VC ideal varia em função do gênero, idade, peso e altura do indivíduo É possível calcular o volume corrente ideal (6 a 8ml/kg), com base no peso do paciente e aplicá-lo considerando suas condições clínicas Pressão nas vias aéreas Pressão positiva é qualquer pressão acima da pressão atmosférica Para entender o mecanismo de ventilação positiva é importante lembrar que ventilamos espontaneamente sob pressão negativa Na ventilação mecânica esse ar é insuflado nas vias aéreas do paciente de acordo com o parâmetro de frequência estabelecido e o tempo parametrizado de inspiração e expiração. A pressão expiratória positiva final (PEEP), é um parâmetro de pressão que mantém os alvéolos abertos impedindo o seu colapso - trata-se da manutenção de um volume residual de ar que permanece no interior dos alvéolos Fração inspirada de oxigênio A concentração de oxigênio atmosférico é de 21% A FO2 pode ser ofertada de acordo com a necessidade de oxigenação do paciente no ventilador podemos variar a suplementação entre 21 a 100% A FIO2 é suplementada e pode ser guiada por metas de saturação (SpO2 >= 92% ou PaO2 entre 60 a 80mmhg) A FIO2 ideal também pode ser definida pela troca gasosa que é representada pela fórmula PaO2/FI02-trata-se da relação da pressão de oxigênio no sangue arterial pelo oxigênio ofertado pelo respirador. É recomendável que seja utilizada a menor taxa de FIO2 possível para evitar hiperóxia. Quanto menor o valor da relação, pior a troca gasosa do paciente e consequentemente maior o dano pulmonar Valor normal é acima de 300 Valores abaixo indicam deterioração da troca gasosa Valores menores que 200 sugerem maior gravidade do quadro respiratório Fluxo respiratório e frequência respiratória Trata-se da velocidade com que o ar é entregue aos pulmões valor normal de 30 a 60 L/min Frequências de respiração em 1 minuto - valor normal de 12 a 20 inspirações /min 4 fases do ciclo ventilatório Disparo: abertura da válvula inspiratória e fechamento da válvula expiratória Fase inspiratória: liberação do fluxo de ar do ventilado ao paciente Ciclagem: fechamento da válvula inspiratória e abertura da válvula expiratória Fase expiratória: liberação do ar de forma passiva para o ventilador 1seg: inspiração 2seg: expiração Classificação da ventilação mecânica Invasiva: utiliza como conexão paciente - ventilador uma via aérea avançada como o tubo orotraqueal, cânula de traqueostomia etc. Não invasiva: utiliza como conexão paciente-ventilador uma máscara facial. Ventilação mecânica não invasiva Forma de suporte ventilatório que não necessita de intubação orotraqueal, sendo a interface paciente/ventilador uma máscara facial ou nasal. Esse tipo de máscara gera aerossóis. → Vantagens da VNI Evita a IOT, com consequente diminuição dos riscos associados (infecções nosocomiais, lesão traqueal, trabalho dinâmico imposto pelo tubo endotraqueal) Descarta sedação (mantém fala, tosse, alimentação oral) Fácil colocação e retirada Pode ser utilizada fora de uma UTI Diminuição do tempo de internação hospitalar, da mortalidade e dos custos. → Indicações da VNI Exacerbação da DPOC; Exacerbação aguda e grave da asma; Edema pulmonar cardiogênico; Insuficiência respiratória hipoxêmica Pacientes com insuficiência respiratória pós-extubação É necessário que em todos os quadros o paciente possua nível de consciência, movimentos respiratórios e vias aéreas pérvias → Contraindicações da VNI Diminuição do nível de consciência; Sonolência; Obstrução de vias aéreas superiores; Trauma de face; Confusão mental; Recusa do paciente; Náuseas e vômitos; Instabilidade hemodinâmica; Sangramento digestivo alto Necessidade de interação de emergência Parada cardiorrespiratória → Recomendações O paciente deve manifestar sinais de melhora em torno dentre 30 min a 2h de uso Caso isso não aconteça o paciente deve ser intubado e posto em ventilação mecânica invasiva O profissional deve monitorar constantemente a beira do leito → Preditores de insucesso Necessidade de Fi 2 > 60% Queda do PH ou aumento de PaCO2 após 2h de uso Aumento da frequência respiratória >35ipm Rebaixamento do nível de consciência ou agitação Instabilidade hemodinâmica Arritmia Isquemia cardíaca Distensão abdominal severa Intolerância à máscara → Complicações do uso da VNI Necrose facial Aspiração de conteúdo gástrico Ressecamento nasal, oral, conjuntivas VNI no COVID A utilização de ventilação mecânica não invasiva não tem sido recomendada no tratamento de pacientes com COVID-19. Essa consideração é importante, pois a pulverização do vírus é maior devido ao jato de ar da pressão positiva. Esses dados são baseados em evidencias na população adulta.