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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INFLUÊNCIA DO TIPO DE ORDENHA E DO TEMPERAMENTO 
DE BOVINOS DA RAÇA GIR E BUBALINOS DA RAÇA 
MURRAH SOBRE PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO DO LEITE 
 
 
 
 
 
 
PAULYANNA MEDEIROS DE ARAÚJO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL - 2018 
i 
 
PAULYANNA MEDEIROS DE ARAÚJO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INFLUÊNCIA DO TIPO DE ORDENHA E DO TEMPERAMENTO DE BOVINOS DA 
RAÇA GIR E BUBALINOS DA RAÇA MURRAH SOBRE PRODUÇÃO E 
COMPOSIÇÃO DO LEITE 
 
 
 
 
 
Tese de Doutorado apresentada ao Programa 
de Pós-Graduação em Psicobiologia, da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 
como parte das exigências para a obtenção do 
título de Doutor em Psicobiologia. 
 
 
 
Orientação: Profª. Drª. Fívia de Araújo Lopes 
 
 
 
 
 
 
 
Natal-RN 
2018 
 
Araújo, Paulyanna Medeiros de.
 Influência do tipo ordenha e do temperamento de bovinos da
raça Gir e bubalinos da raça Murrah sobre produção e composição
do leite / Paulyanna Medeiros de Araújo. - Natal, 2019.
 123f.: il.
 Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-Graduação em
Psicobiologia.
 Orientadora: Profa. Dra. Fívia de Araújo Lopes.
 1. Bovino - Tese. 2. Bubalino - Tese. 3. Produção - Tese. 4.
Leite - Tese. 5. Bem-estar - Tese. I. Lopes, Fívia de Araújo.
II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/BSE-CB CDU 636.2
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - -Centro de Biociências - CB
Elaborado por KATIA REJANE DA SILVA - CRB-15/351
ii 
 
Título: “Influência do tipo de ordenha e do temperamento de bovinos da 
raça Gir e bubalinos da raça Murrah sobre produção e composição do 
leite”. 
 
 
Autor (a): Paulyanna Medeiros de Araújo 
Data da defesa: 27/12/2018 
 
Banca Examinadora: 
 
 
 
Profª. Drª. Fívia de Araújo Lopes 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
 
 
Profª. Maria de Fátima Arruda de Miranda 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
 
 
Prof. Dr. Ebson Pereira Cândido 
Universidade Federal Rural da Amazônia 
 
 
Profª. Drª. Viviane da Silva Medeiros 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
 
 
Prof. Dr. Victor Kenji Medeiros Shiramizu 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
iii 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a Deus e 
aos meus pais, Doralice e Valfre. 
 
 
 
 
 
 
 
iv 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Sempre achei esta a melhor parte da tese para escrever, talvez porque a vida não 
se coloca em análise estatística e não é pelo valor p que descobrimos a significância das 
pessoas na nossa trajetória. Diante da minha dificuldade em entender o que a estatística 
quer dizer, e da incrível paciência da Professora Fívia em me fazer compreendê-la, 
facilmente entendo, em contrapartida, o que as pessoas representam para mim e o que 
elas foram capazes de plantar em minha vida. 
Primeiro de tudo, gostaria de agradecer a Deus por me guiar, iluminar e me dar 
tranquilidade e discernimento para seguir em frente com os meus objetivos e não 
desanimar com as dificuldades. Esse cuidado divino faz toda a diferença em minha vida. 
Agradeço aos meus pais Doralice e Valfre, que sempre me motivaram, 
entenderam as minhas faltas e momentos de afastamento e reclusão e me mostraram o 
quanto era importante estudar, mesmo não tendo eles a mesma oportunidade no passado. 
Meus pais me mantiveram de pé mesmo quando não havia forças dentro de mim. 
Agradeço à minha irmã Anna Paula, por ser uma companheira em todos os momentos, e 
por sempre desejar que a paz e a felicidade esteja em meu coração. 
Agradeço ao meu marido, Rafael, com quem eu sei que passarei por muitos 
momentos de felicidade e por ser um companheiro nas horas boas e ruins, é ele quem fica 
sentado me ouvindo falar como foi o meu dia, e que todas as manhãs faz o nosso café. 
Ele me ensina a ser mais calma e a acreditar que no final tudo dará certo. 
Agradeço as minhas amigas Thaís, Emiliana e Rhebecca, por todo apoio e 
sinceridade, por serem luz quando eu só via escuridão, por me levantarem quando eu 
estava no pó, e por não medirem esforços para ajudar aos que as rodeiam. 
Agradeço muito a Professora Fívia. Resumi-la a minha orientadora é muito pouco 
e tenho certeza de que ela sente a importância que teve e tem para mim não só na condução 
do trabalho, mas também como conselheira até nas horas em que parece que nada está 
dando certo e que preciso não só de um consolo, mas de um colo. Ela foi minha mãe, 
minha amiga e orientadora ao mesmo tempo. 
Agradeço a todos os professores do Programa de Pós-Graduação em 
Psicobiologia, pelos ensinamentos que me passaram, os quais foram, são e serão muito 
importantes para mim e para a minha vida profissional, em especial agradeço aos 
Professores Felipe Nalon e Victor Shiramizu, por toda a paciência e colaboração nos 
dados estatísticos desse trabalho. Agradeço aos funcionários, que fazem com que tudo 
 
v 
 
funcione da melhor maneira possível. 
Em especial, agradeço a Jória e Viviany, duas amigas que a vida acadêmica me 
deu. Elas compartilham muito mais do que a academia comigo, compartilham o dia-a-
dia. Obrigada por tanto apoio, por torcerem e sempre desejarem o meu melhor. 
Agradeço à CAPES pelo apoio financeiro desta pesquisa, agradeço também a 
EMPARN e ao senhor Francisco Veloso (Fazenda Tapuio) por permitir que a coleta de 
dados fosse realizada. 
 
vi 
 
 
“Confie no Eterno do fundo do seu coração; não tente 
resolver tudo sozinho. Ouça a voz do Eterno em tudo 
que fizer, aonde for. Ele manterá você no melhor 
caminho. Não pense que você sabe tudo. Corra para o 
Eterno! Fuja do mal!” 
Provérbios 3:5-7 
 
 
vii 
 
RESUMO GERAL 
 
Os estudos referentes ao comportamento animal têm aumentado muito nos últimos 
anos e são importantes, pois permitem melhor compreensão das causas que norteiam 
as ações dos animais e permitem um melhor planejamento na implantação de sistemas 
de produção mais eficientes. Somando-se a isso, o bem-estar animal vem recebendo 
crescente atenção nos meios técnico, científico e acadêmico. Os principais motivos que 
levam as pessoas a se preocuparem com o bem-estar de animais de fazenda são 
inquietações de origem ética, o efeito potencial que este possa ter na produtividade e 
na qualidade dos alimentos e as conexões entre bem-estar animal e comercialização 
internacional de seus produtos de origem animal. O estudo do bem-estar mostra-se 
complexo visto que contempla diferentes aspectos relacionados à saúde e ao 
comportamento animal, bem como as interações que ocorrem entre esses aspectos. A 
pecuária leiteira é um setor da produção animal no qual a interação homem-animal é 
de fundamental importância devido ao contato que se estabelece diariamente na 
execução das atividades de rotina. Dentre os fatores que afetam o comportamento dos 
bovinos e bubalinos, destacam-se a alimentação, o clima e o sistema de produção e 
manejo adotado. Para animais em lactação, o número de ordenhas, a produção e o 
horário das ordenhas são condições determinantes em seus padrões de 
comportamento. Atualmente, o Gir leiteiro é a segunda raça em controle leiteiro 
oficial no Brasil, sendo a primeira raça leiteira brasileira e zebu do mundo. A raça Gir 
se consolidou como raça adaptada às condições do Brasil tropical, com bons 
resultados produtivos. A raça Gir, assim como as demais raças zebuínas, tolera 
temperaturas ambientais mais altas, podendo ser manejadas em regiões que 
apresentam estas temperaturas sem grande comprometimento da produção leiteira. 
Em relação aos bubalinos, um dos principais pontos a se destacar destes animais é o 
fato de que o custo de produção em modo geralnão se distancia tanto do custo com 
bovinos, além da grande adaptabilidade a praticamente qualquer tipo de clima. No 
Brasil são reconhecidas quatro raças, sendo a raça Murrah utilizada nesta pesquisa. 
Os bubalinos Murrah podem ser criados nas mais diversas condições climáticas, 
muitas vezes apresentando-se como uma opção para o aproveitamento de áreas da 
propriedade às quais os bovinos não se adaptam. O leite bubalino possui uma 
composição diferenciada em relação ao leite bovino, e proporciona uma produção de 
derivados com alto valor comercial. Neste trabalho, 20 bovinos Gir e 20 bubalinos 
Murrah foram expostos a dois tipos de ordenhas distintas, ordenha manual e 
posteriormente ordenha mecânica tandem para o Gir, e ordenha mecânica espinha de 
peixe e posteriormente ordenha mecânica carrossel para o bubalino Murrah. O objetivo 
deste trabalho foi descrever a expressão comportamental durante a rotina de ordenha 
em vacas leiteiras da raça Gir e em búfalas leiteiras da raça Murrah e identificar 
possíveis alterações nas características produtivas e nutricionais do leite. A alteração 
na rotina de ordenha e a mudança no tipo de ordenha utilizada pode trazer alterações 
comportamentais, com influência na produtividade. No entanto, as duas raças 
apresentaram, comportamentalmente, extrema docilidade que se refletiu numa fácil 
adaptação ao novo sistema de ordenha proposto, sem comprometer os aspectos 
produtivos. 
 
Palavras-chave: Bovino, bubalino, leite, ordenha, comportamento, produção 
 
viii 
 
ABSTRACT 
 
The studies related to animal behavior have increased in recent years, and are 
important because they allow better understanding of the causes that guide the actions 
of the animals and allow for better planning in the implementation of more efficient 
production systems. Adding to this, the animal welfare has received increasing 
attention in the technical, scientific and academic means. The main reasons that lead 
people to be concerned with the farm animals welfare are concerns of ethnic origin, the 
potential effect it may have on productivity and quality of food and the links between 
animal welfare and international trade its products of animal origin. The study of the 
welfare is shown as complex and includes different aspects related to health and animal 
behavior and interactions that occur between these aspects. The dairy farming is a 
sector of animal production in which the human-animal interaction is of fundamental 
importance because of contact that establishes daily in carrying out routine activities. 
Among the factors that affect the behavior of cattle and buffaloes, stand out food, the 
weather and the adopted production system. For lactating animals, the number of 
milkings, production and time of milkings are key conditions in their behavior 
patterns. Currently, the dairy Gir is the second breed in official milk control in Brazil, 
the first Brazilian zebu and dairy breed in the world. The Gir has established itself as 
breed adapted to the conditions of tropical Brazil, with good productive results. The 
Gir, as well as other Zebu breeds, tolerate higher ambient temperatures and can be 
managed in regions with these temperatures without severe impairment of milk 
production. Regarding the buffalo, one of the main points stand out these animals is 
the fact that the cost of production in general is not far from both the cost of cattle, as 
well as great adaptability to almost any kind of weather. In Brazil four breeds are 
recognized, and the Murrah used in this research. The Murrah buffalos can be created 
in various weather conditions, often presenting as an option for the areas of use of 
the property to which the cattle do not fit. The buffalo milk has a different 
composition compared to cow's milk, and provides an output of oil products with 
high commercial value. In this work, the Gir cattle and Murrah buffaloes were 
exposed to two different types of milking, manual milking and subsequently 
mechanical tandem milking for Gir and mechanical "espinha de peixe" milking and 
then milking carousel for Murrah buffalo. The aim of this study is to describe the 
behavioral expression during routine milking in dairy cows of Gir and dairy buffaloes 
of Murrah and identify possible changes in the productive and nutritional 
characteristics of milk. The change in the milking routine and change the type of used 
milking can bring behavioral changes with influence on productivity. However, the 
two races presented behaviorally extreme docility that was reflected in an easy 
adaptation to the new proposed milking system, without compromising the 
productive aspects. 
 
Keywords: Cattle, buffalo, milk, milking, behavior, production. 
 
 
 
 
 
 
ix 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
1- APRESENTAÇÃO 01 
2- ARTIGO TEÓRICO 1 02 
3- ARTIGO TEÓRICO 2 29 
4- ARTIGO TEÓRICO 3 22 
5- ARTIGO TEÓRICO 4 32 
6- OBJETIVOS 45 
7- HIPÓTESES E PREDIÇÕES 46 
8- MÉTODO GERAL 48 
9- ARTIGO EMPÍRICO 1 66 
10- ARTIGO EMPÍRICO 2 83 
11- CONCLUSÕES GERAIS 98 
12- ANEXOS 99 
 
 
 
 
x 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
ARTIGO TEÓRICO 1 
 
Figura 1. Exemplo de ordenha mecânica balde-ao-pé. 
........................................................................................................................................................... 15 
Figura 2. Exemplo de ordenha mecânica tipo espinha-de-peixe. 
........................................................................................................................................................... 16 
Figura 3. Exemplo de ordenha mecânica tipo tandem. 
........................................................................................................................................................... 16 
Figura 4. Exemplo de ordenha mecânica tipo lado-a-lado. 
........................................................................................................................................................... 17 
Figura 5. Exemplo de ordenha mecânica tipo carrossel em propriedade da Nova Zelândia. 
........................................................................................................................................................... 17 
 
MÉTODO GERAL 
 
Figura 6. Mapa de acesso rodoviária Natal – São Gonçalo do Amarante. 
.................................................................................................................................................... 49 
Figura 7. Exemplar bovino da raça Gir. 
.................................................................................................................................................... 50 
Figura 8. Marcação dos animais no brete de contensão. 
.................................................................................................................................................... 50 
Figura 9. Pastagem native da Fazenda Rockfeller. 
.................................................................................................................................................... 51 
Figura 10. Sala de ordenha mecânica tipo tandem. 
.................................................................................................................................................... 53 
Tabela 1. Descrição dos eventos comportamentais no ambiente de ordenha manual e mecânica. 
.................................................................................................................................................... 55 
Figura 11. Mapa de acesso rodoviária Natal – Taipu. 
.................................................................................................................................................... 57 
Figura 12. Exemplar bubalino da raça Murrah. 
....................................................................................................................................................58 
Figura 13. Marcação dos animais no final da ordenha. 
.................................................................................................................................................... 59 
Figura 14. Matrizes soltas no campo. 
.................................................................................................................................................... 60 
Figura 15. Medidor de leite utilizado na ordenha mecânica tipo espinha de peixe. 
.................................................................................................................................................... 60 
Figura 16. Búfalas sendo ordenhadas na ordenha mecânica tipo espinha-de-peixe. 
.................................................................................................................................................... 62 
 
 
 
 
 
 
xi 
 
ARTIGO EMPÍRICO 1 
 
Tabela 1. Descrição dos eventos comportamentais no ambiente de ordenha manual e mecânica. 
.................................................................................................................................................... 72 
Figura 1. Frequência comportamental por dia de observação na ordenha manual (a) e na ordenha 
mecânica (b). 
............................................................................................................................................................ 75 
Figura 2. Gráfico de dispersão das médias e boxplot das diferenças das médias da produção de 
leite na ordenha manual e mecânica. 
.................................................................................................................................................... 77 
Figura 3. Gráfico da dispersão dos logaritmos do desvio-padrão. 
.................................................................................................................................................... 77 
 
ARTIGO EMPÍRICO 2 
 
Tabela 1. Descrição dos eventos comportamentais no ambiente de ordenha manual e mecânica. 
.................................................................................................................................................... 89 
Figura 1. Frequência comportamental por dia de observação na ordenha mecânica espinha-de-peixe 
(a) e ordenha tipo carrossel (b). 
............................................................................................................................................................ 92 
Figura 2. Medianas de comparação entre parâmetros produtivos na ordenha espinha-de-peixe e a 
ordenha carrossel. 
.................................................................................................................................................... 93 
 
 
1 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
A tese foi construída em formato já bastante utilizado em programas de Pós-Graduação do 
Brasil, o que facilita o entendimento intelectual, através da confecção dos artigos científicos e as 
futuras publicações dos mesmos. 
O conjunto dos produtos aqui apresentados refere-se dois projetos de pesquisa desenvolvidos 
e executados pela autora com contribuições científicas da professora orientadora do Programa de Pós-
Graduação em Psicobiologia. Tais produtos abordam e discutem todos os dados obtidos nesta 
pesquisa. 
 A tese consta de 4 artigos teóricos e 2 artigos empíricos. Os estudos empíricos compartilham 
os mesmos procedimentos de coleta de dados, os instrumentos utilizados e os animais participantes 
mudam de acordo com a disponibilidade da fazenda. 
Inicialmente, serão apresentados os artigos teóricos, que abordam os temas investigados pelos 
diferentes estudos que compõe o todo da tese. Em seguida, serão descritos os objetivos gerais e 
específicos que foram estabelecidos e foram desenvolvidos em cada um dos estudos, bem como as 
hipóteses e predições correspondentes. 
Em seguida, serão expostos o método geral e os artigos empíricos realizados, a saber: 
Artigo 1 - “Influência da implementação da ordenha mecânica no bem-estar e produção de 
leite de vacas Gir.” 
Artigo 2 - “Influência da implementação de um novo sistema de ordenha robotizada (ordenha 
mecânica carrossel) no bem-estar e produção de leite de búfalas da raça Murrah.” 
 Os mesmos foram organizados de modo independente, com suas respectivas seções de 
Introdução, Material e Métodos, Resultados, Conclusões e Referências Bibliográficas, podendo, 
inclusive, ser lidos de forma independente. 
Finalizando a tese, será apresentada uma seção de Considerações Finais. 
 
2 
 
Artigo teórico 1 
A importância do estudo do comportamento de animais de produção frente a 
alterações no manejo e a influência do estresse animal na pecuária leiteira de 
bovinos no Brasil 
 
Araújo, P.M.1; Lopes, F.A. 2 
1 Programa de Pós-graduação em Psicobiologia – UFRN 
2 Programa de Pós-graduação em Psicobiologia – UFRN 
 
RESUMO 
O estresse é o principal fator que influencia no bem-estar animal. Situações de estresse 
são comuns em animais com aptidão leiteira e fatores como temperatura ambiente 
inadequada, manejo e alimentação têm sérios efeitos negativos sobre a saúde, 
produtividade e conforto desses animais. O impacto do distress nos animais de produção 
pode ser entendido considerando-se três diferentes componentes: a percepção do animal 
quanto a origem do estresse, a sua resposta fisiológica e as consequências de curto e longo 
prazo da resposta do animal. Com relação à origem do estresse deve-se lembrar que o 
mais importante é a percepção do animal e não necessariamente a natureza da causa do 
estresse; por exemplo, um animal que é isolado dos demais ou inserido em um novo grupo 
pode apresentar reações negativas. Assim, alterações no manejo podem desencadear 
reações estressantes ao animal e, com a crescente demanda de proteína animal para a 
alimentação humana e com o encarecimento dos recursos produtivos na agricultura, 
criadores e técnicos vêm buscando, cada vez mais, melhores níveis de produtividade. 
Contudo, a realidade de muitas fazendas no Brasil mostra a falta de entendimento quanto 
ao uso de técnicas para evitar o estresse nos animais. E devido à intensificação nos 
sistemas de produção animal, os estudos referentes ao comportamento animal, nesses 
sistemas de criação, têm aumentado muito nos últimos anos. Esses estudos são 
importantes, pois permitem melhor compreensão das causas que norteiam as ações dos 
animais e permitem um melhor planejamento na implantação de sistemas de produção 
mais eficientes. O estudo do comportamento animal (Etologia) é considerado uma 
ferramenta útil para determinar o que é mais adequado para os animais em sistemas de 
3 
 
criação, além de ser um método não invasivo para indicar como os animais respondem 
aos estímulos do ambiente. As medidas comportamentais podem ser utilizadas para 
avaliar condições de bem-estar animal, por exemplo, reações positivas em relação ao 
ambiente que podem ser observadas através de testes de satisfação e preferências dos 
animais (Dawkins, 2004). A intenção do nosso estudo consiste em apresentar fatores que 
podem intensificar o estresse animal em propriedades leiteiras, O conhecimento desses 
fatores oferece ao produtor a oportunidade de minimizar os danos causados pelo estresse. 
Palavras-chaves: Leite, estresse, produção, bem-estar, comportamento, animal. 
 
Estresse e produção animal 
O termo “estresse” foi utilizado pela primeira vez por Hans Selye, em 1936, que 
o definiu como o estado do organismo, o qual, após a atuação de agentes ambientais de 
qualquer natureza, responde com uma série de reações não específicas de adaptação 
(Selye, 1936; Encarnação, 1992). Estresse é uma resposta não específica do corpo a 
qualquer alostase demandada, seja ela causada por ou resultando em condições favoráveis 
ou desfavoráveis. A alostase é o processo de alcançar a estabilidade, através de mudanças 
fisiológicas ou comportamentais. 
Segundo Barbosa Silveira (2005),o estresse age sobre o organismo como resposta 
neuroendócrina clássica, varia grandemente entre indivíduos. Magalhães (1998), explica 
que o estímulo estressor é uma ameaça perceptível capaz de romper a homeostase e causar 
uma alteração abrupta e contínua da atividade autonômica e da secreção de hormônios. O 
termo “percepção” merece atenção, pois justifica porque um mesmo estímulo pode 
induzir uma resposta num indivíduo e em outro não, podendo cada indivíduo reagir 
diferentemente para um determinado evento ou situação, dependente do seu estado físico, 
de experiências anteriores, entre outros fatores. Portanto, o estresse representa uma 
resposta fisiológica diante de um desvio do esperado, capaz de perturbar o equilíbrio 
homeostático. 
Conforme os estudos de Selye (1936), o estresse pode ser dividido em três fases: 
alerta, resistência e exaustão. A fase de alerta ocorre quando os estímulos estressores 
iniciam e há resposta rápida do organismo como preparo para luta ou fuga. Esta fase 
termina com a restauração da homeostase, porém este estado de alerta não pode ser 
4 
 
mantido por muito tempo. A fase de resistência, aparecem as primeiras consequências 
mentais, físicas e emocionais, pois o organismo tenta restabelecer o equilíbrio interno 
para resistir ao estressor. Nesta fase, o organismo pode ficar mais desgastado e mais 
suscetível a doenças, tendo um desgaste generalizado e dificuldades de memória. O 
indivíduo, humano ou não humano, precisa utilizar mecanismos para controle do estresse 
a fim de conseguir sair desta fase; caso isso não ocorra, o estresse pode chegar a sua fase 
crítica. Por fim, temos a fase de exaustão, que é quando começam os sintomas de 
irritabilidade, dificuldades para relaxar, isolamento social, alterações do sono, 
dificuldades sexuais, queda de cabelo/pelo, baixa autoestima em humanos, aumento da 
glicose circulante e colesterol. Com a permanência dessa fase, podem aparecer patologias 
mais graves como úlceras gástricas, doenças cardiovasculares, depressão, entre outras 
(Gomes & Silva, 2010). Ainda, o estresse prolongado pode afetar o crescimento corporal 
e o metabolismo dos animais, pode causar depressão da atividade da glândula tireoide e 
redução da função reprodutiva, incluindo distúrbios do ciclo estral. Também influencia 
nos aspectos motivacionais e cognitivos da aprendizagem (Chrousos & Gold, 1992). 
Práticas zootécnicas, apesar de eficazes, podem causar demasiado desconforto ao 
animal, em detrimento de sua produção e saúde. Segundo Moberg (2000), o estresse é 
causador de efeitos negativos na produtividade, bem como atrasos no crescimento e 
desenvolvimento. Quando um animal está sob estímulos estressores, fazem-se 
necessários ajustes anormais ou extremos em sua fisiologia ou comportamento para 
adaptá-lo a aspectos adversos do seu ambiente e manejo. Essa adaptação envolve uma 
série de respostas neuroendócrinas, fisiológicas e comportamentais que funcionam para 
tentar manter a homeostase, o equilíbrio de suas funções e a integração desses três 
sistemas (Borell, 1995). Desafios impostos pelo ambiente social, físico ou ambos de 
maneira inesperada, continua ultrapassando os limites de intensidade, previsibilidade e 
duração, são ativados os sistemas regulatórios que passam a regular a homeostase em 
níveis mais elevados de demandas, definindo a alostasia, e os respectivos mecanismos 
alostáticos. Observa-se, portanto, que o conceito de alostase amplia e adequa o conceito 
de homeostase aos conhecimentos recentes da fisiologia, levando a uma nova visão 
também sobre a resposta ao estresse. 
Segundo Borell (1995), o mecanismo responsável pelos efeitos adversos do alto 
nível de medo dos animais pelos humanos surgiu da resposta a um estresse crônico, que 
resultou na queda de produtividade. Isto ocorre devido à elevação nas concentrações 
5 
 
basais do cortisol (hormônio do estresse), aumento das glândulas adrenais, redução no 
crescimento e queda no desempenho reprodutivo e produtivo. 
Os agentes estressores podem ser de natureza mecânica (traumatismos, cirurgias 
ou não, contenção), físicos (calor, frio, eletricidade, som), químicos (drogas), biológicos 
(estados de nutrição, agentes infecciosos) e psicológicos (exposição a um ambiente novo, 
manuseio) (Baccari Jr., 2001). A situação de estresse tem influência no desenvolvimento 
de processos fisiológicos normais do organismo, como o processo da descida do leite nos 
bovinos durante a ordenha. Situações estressantes que podem ocorrer antes ou mesmo 
durante a ordenha, induzem a secreção de adrenalina pela glândula suprarrenal, e esta tem 
ação contrária da ocitocina e prolactina, promovendo, assim, a retenção do leite, 
predispondo, então, a ocorrência de quadros de mastite, associada à proliferação de 
microorganismos no leite retido (Breazile, 1988, apud Souza, 2007). 
A explicação para o efeito do estresse na lactação reside, primeiramente, no fato 
das reações por ele provocadas alterarem todo o complexo endócrino responsável pela 
lactação. Tanto o início da secreção de leite quanto sua manutenção, e até mesmo o 
desenvolvimento da glândula mamária, são gontrolados pelo sinergismo de um complexo 
de hormônios da adeno-hipófise e de outros órgãos estimulados por aqueles hormônios. 
Um fenômeno interessante que acontece na produção leiteira, e extremamente susceptível 
ao estresse, é o reflexo de ejeção do leite. Estímulos acústicos (ruído de preparativos para 
ordenha), visuais (aproximação do bezerro) ou mesmo estímulos provenientes de 
receptores sensíveis à temperatura ou ao tato (mamada do bezerro), seguem através de 
vias nervosas até o hipotálamo e de lá à neuro-hipófise, provocando uma descarga do 
hormônio ocitocina na corrente sanguínea. Estimulada pela ocitocina ocorre a contração 
do mioepitélio impelindo o leite dos alvéolos e canalículos até as cavidades maiores da 
glândula mamária. Este mecanismo pode ser anulado ou diminuído em sua atividade se 
as vacas, antes ou durante a ordenha, sofrerem dores, distúrbios emocionais ou outros 
fatores de desconforto (Faber & Haid, 1976). 
Vários recursos e estímulos são necessários para que os animais de produção se 
encontrem em situação de bem-estar, como: o espaço em si, permitindo que os animais 
mantenham suas atividades em um contexto social equilibrado; os abrigos, para que 
possam se proteger dos rigores do clima; os alimentos, incluindo as forragens, a água e 
os suplementos (Paranhos da Costa, 2001). Webster (2001) ressalta que vacas necessitam 
6 
 
de instalações limpas e confortáveis, de fácil acesso, nas quais possam se deitar e levantar 
com facilidade, além de manter o contato social com outras vacas. 
 
Comportamento Animal 
A expressão comportamental de um indivíduo pode ser considerada um aspecto 
do fenótipo do animal. Tal expressão envolve a presença ou não de atividades motoras 
definidas, vocalização e produção de odores, os quais conduzem às ações diárias de 
sobrevivência do animal e às interações sociais. Como qualquer outra característica 
fenotípica, o comportamento é determinado por fatores ambientais e genéticos, podendo 
ser visto como processo dinâmico e sensível às variações físicas do meio e a estímulos 
sociais (Banks, 1982; Peters, 2008), sendo possível observar padrões básicos para cada 
espécie. 
Segundo Carneiro (2007), o temperamento, definido pelo estado fisiológico 
característico de um indivíduo e que condiciona suas reações psicológicas, uma referência 
quanto à reatividade do animal aos diferentes fatores ambientais, é um elemento sempre 
presente nas avaliações das expressões comportamentais. Na produção animal, estudos 
visam entender melhor essa característica de forma a melhorar as condições, assim 
contribuindo para o bem-estar animal, aperfeiçoar técnicas e estruturas de manejo e 
maximizar a eficiência produtiva pelo uso de animais adequados ao sistema de produção 
(Carneiro,2007). Animais classificados como de pior temperamento são mais excitáveis, 
não se adaptam facilmente a novas situações, ingerem menor quantidade de alimentos, 
são mais difíceis de manejar, são mais agitados e apresentam maiores riscos de acidentes 
com os trabalhadores (Barbosa Silveira et al., 2008). 
O manejo e tratamento zootécnico devem respeitar os requisitos biológicos 
básicos do animal. Precisamos ter conhecimento sobre o espaço, a ventilação, a proteção 
térmica, a nutrição, o comportamento do animal. É importante compreender como um 
animal de produção percebe e detecta acontecimentos em seu ambiente, como eles 
assimilam o significado destes e consequentemente como eles agem (Souza, 2007). 
Os bovinos e os bubalinos apresentam comportamento social semelhantes, são 
animais herbívoros de manada, ou seja, apresentam comportamento gregário, como os 
cavalos e ovelhas, e isso parece ser tão importante que os indivíduos isolados do rebanho 
7 
 
se tornam mais estressados (Cavallinna et al., 2008). Apresentam uma série de padrões 
de organização social, que definem como serão as interações entre grupos e entre animais 
do mesmo grupo, contribuindo para minimizar os efeitos negativos da competição. O 
conhecimento destes padrões de organização social é imprescindível para o manejo 
adequado (Paranhos da Costa et al., 2000). Entretanto, nos sistemas de criação 
convencionais, a formação dos grupos sociais, contrariando muitas vezes o 
comportamento natural, é induzida pelo homem visando a formação de lotes conforme o 
interesse da criação, embora essa intervenção muitas vezes traga prejuízos nas relações 
sociais e até mesmo econômicas para o criador. Portanto, são necessários o entendimento 
de como se estabelece a hierarquia, a dominância, a interação materno-filial e sexual, que 
irão reduzir os prejuízos e determinar o sucesso na intervenção do humano no 
agrupamento dos animais (Neto et al., 2009). O medo os move a estarem 
permanentemente vigilantes para escapar dos predadores, sendo um grande fator de 
estresse, podendo elevar os hormônios associados com o estresse a concentração mais 
altos do que muitos fatores físicos adversos, como as instalações (Grandin, 1997). 
Quando são submetidos a situações que provocam dor, isolamento social, ruídos súbitos, 
medo, estes animais apresentam sinais de estresse e reagem a essas situações aversivas, 
modificando o seu comportamento, podendo aumentar a sua movimentação ou tentativa 
de fuga (Barbosa Silveira et al., 2006). 
Para se comunicar, os ruminantes utilizam vários canais de comunicação, mas é 
através do cheiro e da visão, que percebem melhor o ambiente ao seu redor, pois 
naturalmente são presas, por isso são na maioria das vezes motivados pelo medo. Com 
isso são estimulados para se organizar socialmente em grupos com o objetivo de se 
defender contra predadores. Em relação à audição, são muito sensíveis aos sons de alta 
frequência, com sensibilidade até 21000 Hz (Algers, 1984). Heffner e Heffner (1992) 
constataram que tanto os bovinos como os caprinos apresentam uma menor capacidade 
para localizar sons do que os bubalinos, equinos e ovinos. Esses autores sugerem que, 
dada a sua melhor visão, a qual cobre quase toda a totalidade do horizonte, não necessitam 
identificar os sons com tanta precisão. No entanto, ruídos, gritos, ou assobios de pessoas 
provocam estresse nesses animais. 
 
Bem-estar animal 
8 
 
Para Broom (1986), bem-estar é uma qualidade inerente aos animais e se refere 
ao estado do indivíduo em relação às suas tentativas de se adaptar ao ambiente, podendo 
ser medido cientificamente através de características biológicas do animal, como 
produtividade, sucesso reprodutivo, taxa de mortalidade, comportamentos anômalos, 
atividade adrenal, grau de imunossupressão e incidência ou severidade de ferimentos e 
doenças. Ainda, segundo esse autor, o bem-estar pode ser empobrecido quando os 
animais são expostos a situações que possam gerar frustração, medo, dor, solidão e 
aborrecimento. 
Dessa forma, bem-estar está geralmente associado a sensação de conforto. A 
sensação é construída pelo cérebro, envolvendo, pelo menos, a consciência perceptiva, a 
qual está associada a um sistema de regulação da vida, que é reconhecido pelo indivíduo 
quando esta se repete e pode mudar o comportamento ou modo de agir como um reforço 
na aprendizagem (Broom, 1998). O sofrimento ocorre quando um ou mais sentimentos 
negativos continuam por mais de alguns segundos (Broom, 1998). Na bovinocultura 
leiteira, e nos demais sistemas de produção, um conceito bastante explorado é o de que 
na ausência de bem-estar, o animal não produz de acordo com o seu potencial (Souza, 
2007). Por exemplo, em se tratando de animais produtores de leite, o tempo decorrido 
entre o preparo da vaca ou búfala até o início da ordenha é fator de extrema importância 
na eficiência do processo (Bruckmaier, 2001). A ordenha é dependente da ejeção do leite, 
também chamada descida do leite, que é determinada por fatores hormonais resultantes, 
entre outros fatores, do manejo ao qual é submetida a matriz durante a ordenha (Silva et 
al., 2002). 
O bem-estar animal pode ser considerado como uma demanda, pois os mercados 
consumidores, especialmente aqueles dos países desenvolvidos, tornaram-se cada vez 
mais exigentes no que diz respeito à qualidade do produto final. Desde a década de 1970, 
os cientistas têm tentado definir ou conceituar o bem-estar dos animais. Uma definição 
de bem-estar bastante utilizada atualmente foi estabelecida pela FAWC (Farm Animal 
Welfare Council) na Inglaterra, mediante o reconhecimento das cinco liberdades inerentes 
aos animais (Becker, 2006): 1) A liberdade fisiológica (livre de fome e de sede); 2) A 
liberdade ambiental (livre de desconforto); 3) A liberdade sanitária (livre de dor, injúrias 
e doenças); 4) A liberdade comportamental (livre para expressar padrões normais de 
comportamento); e 5) A liberdade psicológica (livre de medo e estresse). O tema bem-
estar animal vem recebendo crescente atenção nos meios técnico, científico e acadêmico, 
9 
 
juntamente com as questões ambientais e a segurança alimentar. Em 1965, era 
questionada a avaliação de um sistema de manejo apenas através de parâmetros como 
produção ou produtividade, pois o processo criatório precisa ser ambientalmente 
benéfico, eticamente defensável, socialmente aceitável e relevante aos objetivos, 
necessidades e recursos da comunidade para o qual foi projetado (Fraser, 1985). 
O alto nível de bem-estar de animais leiteiros é alcançado quando suas 
necessidades são atendidas (Curtis, 1993). A exigência diária em nutrientes e energia pelo 
animal é determinada pelo seu nível de produção, pelo seu peso corporal, seu estágio 
fisiológico e pela interação com o ambiente (ambiente climático, instalações e 
equipamentos, manejo, tipo de alimento, etc.). Os veículos que utilizamos para suprir as 
referidas necessidades são os diversos recursos alimentares disponíveis, normalmente 
classificados segundo suas características qualitativas, em alimentos volumosos, 
concentrados e suplementos vitamínicos e minerais (Damasceno et al., 2003). A quebra 
da rotina diária e a impossibilidade de os animais exercerem suas necessidades 
(fisiológicas, alimentares) podem causar desconforto (Hopster et al., 1998; Rosa, 2002). 
Com a modernização dos sistemas de criação ocorreu uma redução substancial no 
tempo de contato entre os tratadores e os animais, perdendo-se então a oportunidade de 
interagir positivamente com os animais. Entretanto, ações de manejo negativas 
permaneceram devido à ausência de alternativas que substituam o humano na execução 
destas, as quais levam os animais a experiências negativas, causando reações de medo em 
relação a presença humana, com sérias consequências sobre a produtividade e o bem-
estar animal (Peters, 2008). 
O rápido crescimento da bubalinoculturaleiteira está resultando na implantação 
cada vez mais intensiva de técnicas mecanizadas, muitas vezes inspiradas pelo gado 
leiteiro (Cavallina et al., 2008). Essa exposição da espécie a técnicas de criação cada vez 
mais intensivas traz alterações no bem-estar e consequentemente na qualidade dos 
produtos. O equipamento de ordenha pode ser considerado um ponto crítico. O processo 
de ordenha é repetido pelo menos duas vezes por dia, envolvendo estressores físicos e 
psicológicos como: configurações e manutenção da máquina, novo ambiente, a separação 
dos bezerros e o contato com humanos, que representam fonte potencial de estresse 
crônico (Van Reenen et al., 2002; Saltalamacchia et al., 2007). Cavallina et al. (2008) ao 
observarem a resposta comportamental de búfalas Murrah, submetidas a ordenha 
mecânica, verificaram que os comportamentos indicadores de estresse, como coices, 
10 
 
defecação, micção e derrubadas de teteira foram mais frequentes em fêmeas primíparas, 
evidenciando a necessidade de períodos de adaptação ao procedimento e monitoramento 
atento do produtor. 
 A produção animal moderna caracteriza-se por um ambiente de criação 
controlado, animais de elevado potencial genético e alternativas alimentares mais 
eficientes tanto do ponto de vista econômico como produtivo. Somando-se a isso, o bem-
estar animal vem recebendo crescente atenção nos meios técnico, científico e acadêmico, 
junto das questões ambientais e a segurança alimentar. Os principais motivos que levam 
as pessoas a se preocuparem com o bem-estar de animais de fazenda são inquietações de 
origem ética, o efeito potencial que este possa ter na produtividade e na qualidade dos 
alimentos e as conexões entre bem-estar animal e comercialização internacional de seus 
produtos de origem animal (Souza, 2007). No entanto, o estudo do bem-estar animal 
mostra-se complexo visto que contempla diferentes aspectos relacionados à saúde e ao 
comportamento animal, bem como as interações que ocorrem entre esses aspectos 
(Gomes, 2008). 
 
Fatores ambientais e sua relação com o estresse 
O ambiente é composto por um complexo de fatores, que cercam determinada 
espécie de ser vivo podendo ser favorável ou desfavorável ao seu desenvolvimento 
biológico, produtivo e reprodutivo. Caracterizam-se como fatores ambientais o ar, a água, 
o calor, as chuvas, os ventos, a luz, a temperatura, a umidade, o solo e a presença de outras 
espécies de seres vivos. Ao ambiente são inerentes o clima e as condições do tempo 
(Baccari Jr., 2001). A vulnerabilidade dos animais ao ambiente está bem documentada. 
O desempenho e mesmo a sobrevivência são fortemente influenciadas pelos efeitos 
diretos das condições climáticas (Hahn, 1981). 
O clima é um dos componentes ambientais que exerce efeito mais pronunciado 
sobre o bem-estar animal e por consequência, sobre a produção e produtividade. 
Representa um conjunto de fenômenos meteorológicos, de natureza complexa e que, 
atuando isolada ou conjuntamente, constitui-se em componente decisivo no 
comportamento animal (Pereira, 2005). Para desempenhar com eficiência suas atividades 
fisiológicas, a vaca em lactação deve encontrar no ambiente uma temperatura que esteja 
em torno de 18ºC a 24ºC; fora desse limite terá as suas funções produtivas prejudicadas 
11 
 
em favor da sua sobrevivência, a raça escolhida para a pecuária leiteira tem influência na 
qualidade e volume do produção final (Neiva, 1998). O autor reportou ainda, que deve-
se manter a produção de leite do rebanho em ambientes que não ultrapassem a 
temperatura de 24ºC e umidade relativa de 50%, para que se possa conseguir maior 
eficiência produtiva. Temperaturas excedentes influenciarão o processo produtivo pela 
redução no consumo e aproveitamento alimentar (Neiva, 1998). No entanto, algumas 
especificidades precisam ser consideradas conforme as raças. A zona de 
termoneutralidade para a produção de leite está entre: 5ºC e 21ºC para vacas Holandesas, 
sendo ligeiramente maior, 24ºC para raças Jersey, e raças tropicais, esse limite atinge 
29ºC (Souza, 2007). Para animais de origem zebuína, como a raça Gir, estudos recentes 
têm indicado a zona de termoneutralidade até a temperatura de 35°C. 
A bovinocultura de leite se desenvolveu inicialmente em regiões temperadas. Nas 
regiões tropicais os animais se apresentavam com menor capacidade produtiva, com isso 
procurou-se introduzir nessas regiões animais de raças de clima temperado na tentativa 
de melhorar os índices zootécnicos através de cruzamentos com animais nativos ou 
mesmo da criação de raças puras (Marques, 2001). Aproximadamente 64% do rebanho 
bovino mundial são criados em regiões tropicais (Azevedo et al., 2005). Dois terços do 
território brasileiro estão situados na região tropical, onde há predominância de 
temperaturas elevadas, consequentes da alta incidência de radiação solar. Observa-se nos 
trópicos um problema na adaptação de raças leiteiras de origem europeia ao clima, que 
por sua alta produtividade sofrem com problemas fisiológicos e comportamentais 
causados pelo estresse térmico diminuindo sua produção (Silva et al., 2002). O estresse 
térmico afeta negativamente em vários aspectos a produção leiteira, a diminuição da 
produção de leite e as perdas reprodutivas causam um impacto significativo no potencial 
econômico das granjas produtoras de leite (Bilby et al., 2009). Este fato gera uma 
diminuição na produção leiteira devido à redução na ingestão de alimentos. Além da 
temperatura ambiente, a umidade relativa do ar elevada compromete a capacidade da vaca 
de dissipar calor para o ambiente influenciando diretamente na diminuição da produção 
(Dahl, 2010). 
 
 
 
12 
 
Relação humano-animal e níveis de estresse 
O humano provavelmente iniciou atividades de manutenção de animais para 
produção há cerca de dez mil anos (Zeder & Hesse, 2000), embora essa interação 
humano-animal ocorra há centenas de milhares de anos (Boivin et al. 1992). Os bovinos 
foram domesticados há cerca de seis mil anos (Boivin et al. 1992; Gregory, 2003) e, em 
vida livre, são animais que vivem em áreas de pasto, sem território fixo e com 
comportamento de grupo fortemente desenvolvido (Gregory, 2003). 
A bovinocultura é um dos principais destaques do agronegócio brasileiro no 
cenário mundial. O Brasil é dono do segundo maior rebanho efetivo do mundo, com cerca 
de 200 milhões de cabeças. Além disso, desde 2004, assumiu a liderança nas exportações, 
com um quinto da carne comercializada internacionalmente e vendas em mais de 180 
países, sendo que o rebanho bovino brasileiro proporciona o desenvolvimento de dois 
segmentos lucrativos: as cadeias produtivas da carne e leite. A população de bovinos no 
Brasil segue em 217.749.364 (MAPA, 2017). Na produção de leite, o país ocupa hoje a 
sétima posição no ranking mundial, com um volume aproximado de 34,9 bilhões de litros 
em 2017. 
A pecuária leiteira é um setor da produção animal no qual a interação homem-
animal é de fundamental importância devido ao contato que se estabelece diariamente na 
execução das atividades de rotina. Dessa forma, a saúde e o bem-estar dos animais pode 
ser fortemente influenciada pela relação com os humanos, construída pelas interações 
entre os mesmos (Lewis & Hurnik, 1998). No entanto, a interação homem-animal ainda 
não é considerada como um fator que afete significativamente os índices produtivos nos 
sistemas de produção, pois muitos produtores desconhecem os reais efeitos de se manejar 
os animais de forma agressiva, com gritos e agressões físicas, ou de maneira positiva, 
executando ações como conversar, tatear e toques suaves (Peters, 2008). O manejo 
positivo resultará em benefícios produtivos, sem elevação dos custos de produção, ou 
seja, é uma ferramenta de conduta com os animais, a partir da qual a resposta será 
visualizada na produção, aumentando a rentabilidade, além de melhorar o bem-estardos 
animais e das pessoas na atividade (Peters, 2008). 
O início de uma boa relação humano-animal depende, entre outros fatores, do 
interesse da pessoa que desenvolverá a atividade. Comumente, em propriedades de 
pecuária, os trabalhadores são considerados como inexperientes, embora a eles sejam 
13 
 
confiados a produtividade e o bem-estar dos animais, o que ressalta a importância da 
descrição do emprego que será oferecido e a checagem das habilidades e conhecimentos 
da pessoa que almeja a função (Hemsworth & Coleman, 1998). Um bom tratador sempre 
deverá estar atento ao comportamento e às necessidades fisiológicas, de segurança e 
comportamentais dos animais que estão sob sua responsabilidade. 
Os bovinos são animais que gostam de rotina e que possuem boa memória. São 
capazes de discriminar as pessoas envolvidas nas interações, apresentando reações 
específicas a cada uma delas em função do tipo de experiência vivida. Várias pesquisas 
têm registrado a associação dos animais para as ações de manejo e as pessoas que as 
desenvolvem (Lewis & Hurnik, 1998). Na bovinocultura leiteira existe intensa interação 
entre humanos e animais, pois, em qualquer sistema de criação para produção de leite, 
tratadores e animais interagem diariamente por um longo período, durante o 
desenvolvimento de atividades de rotina, como ordenha, alimentação, cuidados sanitários 
e outras práticas zootécnicas (Hemsworth & Coleman, 1998). 
Grande parte dos contatos entre a pessoa que trata e seus animais está relacionada 
a estímulos negativos como vacinações, tratamento veterinário ou transporte. No gado 
leiteiro existe ainda o contato diário devido à ordenha, que pode ser positivo ou negativo, 
dependendo do ambiente da ordenha, incluindo aí o tratador. Vários estudos 
demonstraram uma correlação negativa entre medo de humanos e aspectos da 
produtividade de bovinos leiteiros, como produção de leite ou a taxa de concepção após 
inseminação artificial (Honorato, 2006). 
De acordo com Seabrook (1994) e Peters (2008), bons ordenhadores foram 
descritos como confiantes, introvertidos, reservados, pacientes e consistentes nas suas 
ações. De maneira geral, bons ordenhadores devem ser pessoas perceptivas as condições 
do meio, corrigindo problemas e mantendo a organização. Os resultados obtidos por 
Hemsworth et al. (2000) mostraram que a interação negativa (retireiro e animal), durante 
a ordenha, foi significativa e negativamente correlacionada com a produção de leite, 
teores de proteína e gordura, e foi significativa e positivamente correlacionada com a 
concentração de cortisol, o que indica a possibilidade de aumentar a produtividade da 
vaca através de interação positiva retireiro-animal (Breuer et al., 2000). 
O trato do ordenhador na sala de ordenha, o apalpamento ou carícia com as mãos 
pode encorajar os animais a entrarem mais facilmente naquele espaço e apresentarem 
14 
 
menos estresse, o que por sua vez reduz a inibição da ejeção de leite. O uso da voz também 
influencia a produção da vaca. Tem-se observado que rebanhos de alta produção contam 
geralmente com funcionários que "falam" muito mais com as vacas, comparado a 
rebanhos de baixa produção (Rosa et al., 2009). 
 
Alterações na rotina de manejo e suas relações com a produtividade animal 
Os resultados de pesquisas podem descrever os principais problemas que limitam 
a produtividade e o bem-estar animal de vacas lactantes e podem ser utilizados para 
orientar extensionistas, pesquisadores e formuladores de políticas públicas. Dessa forma, 
medidas nutricionais ou de manejo podem ser aplicadas na melhoria produtiva nos 
sistemas de produção a pasto, tanto de explorações de corte como de leite (Veit et al., 
2018). 
Para animais familiarizados com a ordenha convencional (manual), em que são 
ordenhadas na companhia de outras fêmeas do rebanho e na presença direta do 
ordenhador, a mudança para ordenha mecânica pode causar desconforto (barulho da 
bomba, colocação das teteiras) e ser estressante. A especulação sobre os efeitos negativos 
que a ordenha mecânica pode causar sobre o bem-estar da vaca leiteira, eleva as 
preocupações dos consumidores, podendo reduzir a aceitação pública de produtos lácteos 
de vacas ordenhadas mecanicamente (Hopster et al., 2002). 
A ordenha pode ser realizada de forma manual ou mecanizada. A escolha do tipo 
de ordenha depende de vários fatores, dentre eles: número de vacas em lactação, 
capacidade de investimento do produtor, disponibilidade de pessoas capacitadas para 
realizar a ordenha e, por fim, o nível de produção dos animais. 
A ordenha manual é o sistema mais antigo de ordenha, sendo ainda muito 
frequente, principalmente em pequenos rebanhos. O investimento em equipamentos é 
baixo, mas exige maior esforço do ordenhador. A estrutura para realizar a ordenha manual 
geralmente é bastante simples, podendo ser feita em um piquete, no curral ou em um 
galpão. Há situações em que os animais ficam soltos, sem nenhum tipo de contenção e, 
outras, em que ficam presas com correntes ou com canzis. É comum “peiar as vacas” 
(amarrar as patas traseiras na altura do jarreto) no momento da ordenha manual (Rosa et 
al., 2009). A desvantagem do sistema é que o ordenhador precisa carregar baldes, o que 
15 
 
dificulta e prejudica a rotina de ordenha, fazendo perder a qualidade do leite pelo fato do 
maior contato com o mesmo. O transporte do leite do latão ou do balde para o tanque 
refrigerador pode aumentar os riscos de contaminação e aumentar o tempo de ordenha 
para que se inicie a ordenha do segundo turno (Pinto et al., 2014). 
Já a ordenha mecanizada possibilita uma maior rapidez na extração do leite e com 
menor risco de contaminação. A ordenha mecânica ou mecanizada geralmente é feita em 
um local específico, a sala de ordenha, que pode variar tanto no tipo quanto na dimensão 
(Rosa et al., 2009). Existem diversos tipos de ordenhas mecanizadas, ordenha com balde-
ao-pé (Figura 1), ordenha tipo espinha-de-peixe (Figura 2), ordenha tipo tandem (Figura 
3), ordenha tipo lado-a-lado (Figura 4), e a ordenha carrossel (Figura 5). 
 
 
 
Figura 1. Exemplo de ordenha mecânica balde-ao-pé. Fonte: Rosa, 2009. 
 
 
16 
 
 
Figura 2. Exemplo de ordenha mecânica tipo espinha-de-peixe. Fonte: Rosa, 
2009. 
 
 
 
Figura 3. Exemplo de ordenha mecânica tipo tandem. Fonte: Rosa, 2009. 
 
 
 
17 
 
 
 
Figura 4. Exemplo de ordenha mecânica tipo lado-a-lado. Fonte: Rosa, 2009. 
 
 
Figura 5. Exemplo de ordenha mecânica tipo carrossel em propriedade da Nova 
Zelândia. Fonte: Gepecorte, 2012. 
 
Na sala de ordenha tipo tandem (fila indiana), as vacas ficam dispostas uma à 
frente da outra, em posição paralela ao fosso. É o único modelo que possibilita a ordenha 
mecanizada com bezerro ao pé. Nesse tipo de sala de ordenha, as vacas ocupam espaço 
maior na lateral do fosso, o que torna difícil adotá-lo em rebanhos grandes, pois exige 
uma sala muito comprida, que dificulta o trabalho do ordenhador. Já o tipo de ordenha 
18 
 
carrossel apesar de mais moderno é mais caro para implantar do que os tipos descritos 
anteriormente. O sistema de ordenha mecanizada tipo carrossel é ainda raro no Brasil, 
poucas propriedades utilizam esse método em bovinos devido ao seu alto custo, e ainda 
não foi utilizada em búfalas no nosso país. É recomendado para um plantel acima de 500 
animais (Campos, 2007). 
A mudança de um sistema de ordenha manual para o sistema balde ao pé pode 
promover vantagens como: ordenha mais rápida, rotina mais consistente, maior 
rendimento por operador, reduzir a incidência de doenças, facilitar o manejo dos animais, 
menor custo operacional e, como consequência, pode apresentar melhor qualidade do 
leite (Nussio, 2005; Laperuta et al., 2009). 
A bomba ou fonte de vácuo é responsável por extrair continuamente quantidade 
de ar necessário para manter o vácuo parcial ao nível de 50 Kpa (Quilopascal). Na bomba, 
há um vacuômetro que indica o nível de vácuo no sistema, devendo ser posicionado de 
tal modo que permita fácil visualização ao operador (Neiva, 1998). O princípio do 
equipamento de ordenha difere do princípio da ordenha manual ou de sucção. Durante a 
ordenha manual, o leite é pressionado para fora, enquanto que na sucção o leite é 
principalmente pressionado e até certo ponto sugado. 
Na ordenha com a ordenhadeira mecânica, o leite é sugado para fora por uma 
diferença de pressão entre a parede interna do úbere e o insuflador (Souza, 2007). A 
manutenção do nível de vácuo constante é feita pelo regulador de vácuo. Este deve 
apresentar capacidade de captar qualquer entrada de ar no sistema e agir com rapidez, 
admitindo a quantidade exata de ar para a continuidade da operação de ordenha. A 
variação nos níveis de vácuo reduz o desempenho do equipamento alterando as pulsações, 
provocando na vaca uma sensação de desconforto e comprometendo a saúde do quarto 
mamário. Se a teta é exposta a uma sucção constante, teremos um acúmulo de sangue. 
Por isto, a ordenhadeira mecânica é construída de tal forma que a sucção é interrompida 
por movimentos rítmicos (abertura e fechamento) do insuflador. A consequência disto é 
que a teta recebe massagem e evita-se a lesão do esfíncter (Souza, 2007). Recomenda-se 
a colocação da teteira logo após o estímulo (aproximadamente um minuto após o início 
da preparação das vacas) (Neiva, 1998). 
 
 
19 
 
Considerações finais 
A produtividade leiteira de bovinos no Brasil, medida em quilos/vaca/ano, varia 
consideravelmente com a raça, região fisiográfica e nível de manejo. No 2º trimestre de 
2018 foram adquiridos, pelas indústrias processadoras de leite, 5,47 bilhões de litros do 
produto, indicativo de queda de 3,2% em relação à quantidade adquirida no 2º trimestre 
de 2017. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, esse volume foi 8,9% menor 
(IBGE, 2018). Dos genótipos adaptados à produção de leite em grande parte do território 
brasileiro, a raça Gir, dentre as raças zebuínas, vem apresentando resposta favorável à 
seleção para produção de leite (Balieiro, 2000). 
Dentre os fatores que afetam o comportamento dos bovinos, destacam-se a 
alimentação, o clima e o sistema de produção adotado. Para animais em lactação, o 
número de ordenhas, a produção e o horário das ordenhas são condições determinantes 
em seus padrões de comportamento (Grant & Albright, 1995). Situações de estresse são 
comuns em vacas leiteiras e têm sérios efeitos negativos sobre a sua saúde, produtividade 
e conforto. 
O bem-estar dos animais de produção é determinado na prática pelo sistema de 
criação e manejo que por sua vez é determinado largamente pelos sinais econômicos que 
os produtores recebem do mercado. As teorias econômicas demonstram que os sinais de 
mercado tendem a conduzir a padrões de bem-estar abaixo das normas consideradas 
desejáveis por algumas sociedades (McInerney, 2004). No entanto, para conhecer de 
maneira científica o grau de bem-estar animal é necessário o desenvolvimento de técnicas 
de diagnóstico. Nos procedimentos de diagnóstico centrados no animal, os indicadores 
mais utilizados são as respostas fisiológicas e comportamentais e a sua condição sanitária 
(Leeb et al. 2004). Em vista dos argumentos apresentados, o bem-estar animal influência 
nos sistemas produtivos pecuários, existindo a necessidade de avaliação abrangente sobre 
os pontos críticos na produção de bovinos. O sistema de manejo deve fornecer ao animal 
condições de conforto, neutralizando as atividades de intenso estresse, favorecendo a 
sanidade e a produtividade. As questões éticas, as cinco liberdades, e as avaliações 
multidisciplinares são fundamentais e importantes, devendo ser executadas e conhecidas 
nas propriedades rurais, para evitar o sofrimento dos animais utilizados para a produção 
de alimentos. Todas as ferramentas já existentes podem ser combinadas em protocolos 
que permitam diagnosticar o bem-estar dos animais de maneira prática, eficiente e 
fidedigna à realidade das diferentes propriedades. 
20 
 
Os produtores de leite que adotam sistemas de produção mais sofisticados, do 
ponto de vista tecnológico, produzem leite a menor custo e dentro dos padrões requeridos 
pelas agroindústrias, em geral, são devidamente recompensados, tendo em vista a melhor 
qualidade do leite e a redução de mão de obra. Os produtores de leite que conduzem suas 
atividades a partir dos padrões tradicionais possuem um rendimento menor, isso porque 
requer maior mão de obra (Pinto et al., 2014). Levando em consideração esses aspectos, 
para o produtor de leite, ficam algumas evidências sobre as vantagens que o sistema de 
ordenha mecânica pode oferecer, além de ser um investimento com retorno satisfatório, 
especialmente para produtores que prezam pela qualidade do leite. Aliando a qualidade à 
alta produtividade, a instalação da ordenha mecânica favorece o produtor na economia da 
contratação de mão de obra, maior facilidade de operação e manejo, e maior qualidade 
do leite. 
 
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29 
 
Artigo teórico 2 
Bovinocultura e Bubalinocultura no Brasil: as raças Gir e Murrah. 
Araújo, P.M.1; Lopes, F.A. 2 
1 Programa de Pós-graduação em Psicobiologia – UFRN 
2 Programa de Pós-graduação em Psicobiologia – UFRN 
 
RESUMO 
O gado bovino está presente no Brasil desde os primeiros anos da invasão portuguesa. A 
pecuária bovina é a principal atividade econômica no país e ocupa grande extensão de 
terra para a criação do gado. O Brasil possui o segundo maior rebanho bovino do mundo, 
se destacando no cenário mundial do agronegócio. A lucratividade vem em dois 
segmentos: cadeia produtiva de carne e cadeia produtiva de leite. No que diz respeito a 
produção de leite, a raça zebuína Gir destaca-se quanto à rusticidade e produção, sendo 
capaz de adaptar-se a climas com temperaturas elevadas, como no semi-árido brasileiro, 
apresentando bons índices produtivos para carne e leite. A criação de búfalos vem 
crescendo em todo o mundo. A participação dos bubalinos na produção de alimento nas 
áreas tropicais e subtropicais aumenta consideravelmente e a criação destaca-se por ser 
uma atividade capaz de incluir pequenos produtores no cenário produtivo, já que estes 
animais apresentam capacidade de sobreviver em locais inóspitos aos bovinos. Rebanhos 
bubalinos para produção de carne e leite apresentam índices zootécnicos superiores 
àqueles normalmente encontrados em rebanhos bovinos com objetivo semelhante. A 
região Nordeste do Brasil vem sendo destaque nacional quanto à produção de búfalos, o 
que tem contribuído totalmente ou parcialmente com a renda de muitos produtores. Diante 
do potencial da bovinocultura e bubalinocultura na economia mundial, objetivou-se, a 
partir desse trabalho, apresentar alguns aspectos da introdução desses animais no Brasil, 
especificamente a criação da raça bovina Gir e da raça bubalina Murrah. 
Palavras-chaves: Bovinocultura, Bubalinocultura, leite, Gir, Murrah. 
 
Bovinocultura e pecuária leiteira 
O gado doméstico descende do auroque na Europa e do gauro na Ásia. Sua 
domesticação teve início entre 5000 e 6000 anos atrás. Os bovinos domesticados tinham 
várias utilidades para o ser humano: como animal de carga e a produção de leite em vida 
30 
 
e carne/couro após a morte. Era incomum a criação de gado para alimentação, a carne do 
animal era consumida apenas se ele morresse (Egito, 2007). 
A espécie bovina foi trazida ao continente Sul Americano no ciclo das Grandes 
Navegações. O gado Vacum chegou com os exploradores portugueses e holandeses, 
trazidos em viagens marítimas que partiram da Península Ibérica e da Ilha de Cabo Verde. 
A maioria era gado europeu (Bos taurus), embora já houvesse mestiços de gado zebu (Bos 
indicus). 
No Brasil, a criação de gado foi iniciada tão logo foram implantados os 
primeiros engenhos de açúcar, na primeira metade do século XVI. Serviam para abastecer 
de leite e carne as pessoas que se estabeleciam na área de influência de cada engenho. 
Uma vez que as áreas de pastagem para o gado concorriam com as de plantações de cana, 
os criadores foram cada vez mais se dirigindo para o interior. Ao longo do caminho foram 
sendo estabelecidas pequenas povoações que posteriormente se transformaram em vilas 
e cidades (Abrantes et al., 2016). 
A pecuária leiteira permaneceu insignificante por mais de três séculos, mas, a 
partir da década de 1870, com a decadência do café, o cenário político brasileiro 
favoreceu a vocação agrária e permitiu a modernização das fazendas, momento propício 
para desenvolver a pecuária. Na pecuária bovina, os animais de origem europeia, como o 
Caracu e o Holandês, eram predominantes e ofereciam certas limitações com relação à 
adaptação ao clima tropical do País. Porém, foi em 1888, com a abolição da escravidão, 
que a pecuária se expandiu do Sul ao Nordeste nos arredores dos grandes centros 
consumidores. Contudo, até a década de 1950 a atividade caminhou morosamente, sem 
grandes evoluções tecnológicas (Vilela et al., 2017). 
Nos anos 80 sustentou-se o processo de modernização na agropecuária, 
aprofundando sua integração com os capitais industriais, comerciais e financeiros. Surge, 
então, uma divisão de elite, um efetivo de poucos grandes produtores, que alcançaram 
padrões internacionais de produtividade e qualidade. Marcando a exclusão de uma 
quantidade ainda maior de pequenos agricultores da pecuária leiteira (Furtado, 2002). 
Hoje em dia os bovinos são os principais destaques na indústria de produção de 
carne e leite. Assim, os criadores de gado bovino viram-se obrigados a procurar outras 
áreas e iniciaram um movimento de migração para o interior do país, inicialmente no 
sertão nordestino. É nesta região, segundo Prado Júnior (1987), que se desenvolveu a 
pecuária que abasteceu os núcleos povoados do litoral norte, do Maranhão até a Bahia. 
As características edafoclimáticas desfavoráveis para a atividade pecuária encontradas no 
31 
 
sertão nordestino acarretaram num baixo índice de produtividade. Apesar disso, as 
fazendas de gado bovino se multiplicaram rapidamente, estendendo-se de forma esparsa 
por grandes áreas, sendo Bahia e Pernambuco os seus centros de irradiação. 
O Brasil é hoje considerado o Celeiro do Mundo e em mais de uma década 
alcançou muitos avanços na produção agropecuária, que hoje servem de exemplo aos 
países ditos desenvolvidos (Abrantes et al., 2016). Atualmente, possui cerca de 217 
milhões de cabeças de gado bovino (distribuídos em aptidão para carne, para leite e dupla 
aptidão), possuindo sua maior concentração na região centro oeste do país (IBGE, 2016). 
Em nosso país, o leite é um dos seis produtos mais importantes da agropecuária 
brasileira, sendo essencial no suprimento de alimentos e na geração de emprego e renda 
para a população (Embrapa, 2016). Corrêa et al. (2010) e Souza et al. (2009) afirmam que 
desde o início da década de 90, a atividade leiteira tem passado por grandes 
transformações no nosso país, buscando tornar-se competitivo e inovador no mercado 
global, focando na produção em escala com qualidade, agregação de valor e 
industrialização de produtos diferenciados. Como característica peculiar, a produção 
leiteira nacional conta com grande diversidade estrutural. Essa diferença demonstra-se 
tanto nos sistemas de produção quanto à aspectos ligadosa alimentação do rebanho e 
qualidade do leite (Souza et al., 2009; Corrêa et al., 2010). A elevada diversidade 
socioeconômica, cultural e climática que caracteriza os sistemas de produção gera a 
necessidade de estudos regionais sobre a produção leiteira, colaborando com isso o fato 
de que a pecuária desse segmento se evidencia em mais de 80% dos municípios 
brasileiros. Assim, novos estudos sobre este setor são necessários para se obter uma 
caracterização da produção leiteira no Brasil e suas particularidades (Jung & Junior, 
2016). 
O desempenho produtivo e reprodutivo de vacas leiteiras, criadas em países de 
clima tropical e subtropical, como o Brasil, ainda é baixo, principalmente quando 
comparado aos países de clima temperado, como os Estados Unidos, Holanda e Canadá. 
Muitas vezes esses baixos valores são causados pela falta de conhecimento dos produtores 
rurais e de alguns técnicos quanto à exigência nutricional, sanitária, climática, entre 
outras, dos animais, tornando-se comum encontrar vacas leiteiras com alto potencial 
produtivo, porém, produzindo aquém de sua capacidade (Ferro, 2011). 
De acordo com Keffer (2000), as principais raças de bovinos criadas no Brasil são 
a subespécie Bos taurus taurus e as raças oriundas da subespécie Bos taurus indicus. 
Segundo o autor acima citado, existem também as raças "sintéticas" brasileiras, frutos de 
32 
 
cruzamentos entre as demais raças cujo objetivo, é usufruir da heterose, em que o ganho 
genético decorrente da combinação de características extremas entre as raças, bem como 
da complementaridade das características produtivas levam ao ganho em qualidade. A 
bovinocultura brasileira é desenvolvida em todos os Estados e ecossistemas do país, 
apresenta uma ampla gama de sistemas de produção, variando desde uma pecuária 
extensiva, suportada por pastagens nativas e cultivadas de baixa produtividade e pouco 
uso de insumos, até uma pecuária dita intensiva, com pastagens de alta produtividade, 
suplementação alimentar em pasto e confinamento (Cezar et al., 2005). 
 
A raça bovina Gir 
 Dentre as várias opções de raças e cruzamentos para a produção de leite estão os 
zebuínos leiteiros e seus cruzamentos com raças europeias, com destaque para a raça Gir 
e suas cruzas, que são predominantes nos rebanhos leiteiros brasileiros (Madalena et al., 
2012). Isto se deve, provavelmente, a boa capacidade de adaptação ao ambiente tropical 
e bom potencial para a produção de leite. Entretanto, há a expectativa de que a ordenha 
de vacas zebuínas e cruzadas seja mais difícil de ser realizada, se comparada à de vacas 
de raças europeias especializadas, particularmente quando se utiliza a ordenha 
mecanizada exclusiva, sem bezerro ao pé (Paranhos da Costa et al., 2016). 
A história do Gir no Brasil teve início no século passado, via importação direta da 
Índia, no ano de 1911. Embora o maior interesse pela raça tenha surgido após o auge da 
formação do Indubrasil, em que essa raça Zebu brasileira é composta por três graus de 
sangue: Nelore, Guzerá e Gir. A difusão da raça Gir em território nacional foi muito 
rápida. A partir do Triângulo Mineiro, o Gir alcançou o Brasil Central e regiões do 
Nordeste, decorrente de características intrínsecas de rusticidade que se adaptaram às 
condições de criação do país (Vita, 2005). 
A pecuária leiteira no Brasil é caracterizada pelo uso de sistemas extensivos ou 
semi-intensivos de produção, com predomínio da criação de animais de origem zebuína, 
principalmente da raça Gir e suas cruzas. Se, por um lado, a genética zebuína confere 
vantagens quanto à adaptação ao clima tropical em função da maior tolerância ao calor, 
resistência a ectoparasitas e maior capacidade de digerir forragens com alto teor de fibra, 
por outro, a maturidade sexual mais tardia, maior dificuldade de ordenha e pior 
temperamento são alguns dos aspectos a ser trabalhados nas raças Zebuínas Leiteiras. 
(Paranhos da Costa et al., 2016). 
33 
 
Na década de 1930, quando a raça Gir teve grande valorização, parte dos criadores 
iniciaram o trabalho de seleção de animais para aptidão leiteira. Essa vertente ganhou 
apoio oficial de setores da pesquisa, como a Fazenda Experimental de Umbuzeiro, na 
Paraíba, e a Fazenda Experimental Getúlio Vargas/EPAMIG, em Uberaba. Era o embrião 
do Gir leiteiro, perpetuado por criadores em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro a 
partir do gado originalmente importado da Índia em 1906, 1919, 1930, 1960 e 1962 
(Teixeira, 2008). O primeiro relato sobre uma prova de avaliação da produção de leite 
aconteceu em 1921, na Fazenda Regional de Criação de João Pessoa, em Umbuzeiro 
(PB). A estação foi a pioneira na seleção do Gir com aptidão leiteira, tendo iniciado seus 
trabalhos de controle leiteiro em 1938 (Vita, 2005). 
A raça Gir linhagem leiteira, apresenta produção de leite em média 3.233 kg/305 
dias de lactação. Os animais de boa genética chegam a 15 litros/dia. Com a vantagem, de que 
o leite da vaca Gir provoca menos alergia, pois tem uma prevalência no seu leite de uma 
proteína chamada beta caseína A2, uma fração da beta caseína, que é menos alergênica ao 
consumo humano, para aquelas pessoas que possuem alergia ao leite (Embrapa, 2017). Nas 
análises dos índices zootécnicos a idade ao primeiro parto está em torno dos 40 meses; já 
para fazendas com um bom manejo nutricional esta idade ao primeiro parto cai para 31 
meses. Outra característica importante da raça é a longevidade, sendo comum animais 
com 10 crias em atividade produtiva. A raça Gir, assim como as demais raças zebuínas, 
tolera temperaturas mais altas (33ºC), podendo ser manejadas em regiões que apresentam 
estas temperaturas sem grande comprometimento da produção leiteira (Fernandes et al., 
2005; Vita, 2005). 
 
Bubalinocultutra 
A domesticação do búfalo (Bubalus bubalis) se deu entre 2500 e 1400 a.C., 
particularmente na Índia e na China. Foi levado para África, e posteriormente introduzido 
na Europa e continente americano. Isso remonta a uma longa história de relação com o 
humano. Desde então, a criação de bubalinos espalhou-se pelo mundo, gerando fontes de 
alimentação de alto valor biológico, como leite e carne, e força de trabalho, 
principalmente para populações de países pobres e em desenvolvimento (Cockrill, 1984; 
Russo, 1986; Marques & Cardoso, 1997; Oliveira, 2002). 
A espécie Bubalus bubalis, o búfalo doméstico, apresenta características como 
rusticidade, prolificidade, adaptabilidade, vida produtiva (até 15 anos), precocidade, alta 
taxa de produtividade de carne e leite, trabalho, taxas de natalidade superiores a 80% e de 
34 
 
mortalidade inferiores a 3% ao ano, destacando-se como uma das mais importantes na 
produção animal. Adapta-se em todas as latitudes e longitudes, nas mais variadas 
condições climáticas, do frio da Europa Oriental aos desertos da África, nos trópicos, 
como a Amazônia e sertões nordestinos, em diferentes altitudes, desde planícies às áreas 
montanhosas que, normalmente são inadequadas para a criação de bovinos e outros 
ruminantes (Russo, 1986; Marques & Cardoso, 1997). 
O gênero bubalino é considerado pela Organização das Nações Unidas para 
Alimentação (FAO) como o animal doméstico de produção mais dócil do planeta quando 
domesticados (Silva, 2002; FAO, 2014). Estes animais são versáteis sob condições de 
pastejo extensivo e por terem essa característica de serem criados nas mais diversas 
condições climáticas, muitas vezes, apresentam-se como uma alternativa para o 
aproveitamento de áreas de produção, às quais os bovinos não se adaptam. A preferência 
por regiões alagadas ou áreas pantanosas é bastante peculiar para a espécie; isto ocorre 
porque os búfalos possuem um menor número de glândulas sudoríparas em relação aos 
bovinos e sua pele escura apresenta uma espessa camada de epiderme, fazendo com que 
eles sejam menos eficientes na termorregulação corpórea. Assim, eles procurama água 
para se refrescarem e para se protegerem do ataque de insetos e parasitos, motivo pelo 
qual, o Bubalus bubalis também é chamado de búfalo aquático (Damascena, 2010). O 
gênero Bubalus está dividido em dois grandes grupos: os Bubalus bubalis bubalis, com 
número de cromossomos igual a 2n = 50, conhecidos como búfalos de rio (river buffalos) 
e Bubalus bubalis kerebau, com número de cromossomos igual a 2n = 48, sendo estes 
conhecidos como búfalos do pântano (swamp buffalos) (Carroll, 1988). Segundo 
Guimarães et al. (2001), os bubalinos apresentam a zona de termoneutralidade até 
temperatura de 34,5ºC e com base nas condições experimentais os bubalinos submetidos 
à temperatura ambiente de 36ºC entraram em estresse calórico mesmo utilizando com 
eficiência o seu sistema termorregulador, a fim de manter o equilíbrio térmico. 
Os primeiros búfalos chegaram no Brasil a partir do século XIX, contendo lotes 
com poucos animais advindos da Europa (Itália), Ásia e Caribe com o objetivo de 
exposição por serem animais exóticos. Inicialmente, foram introduzidos na ilha de 
Marajó, no Pará, porém sua importância como produtor de carne e leite no país é 
fenômeno recente. Segundo estimativas, o rebanho brasileiro é o maior rebanho bubalino 
das Américas (ABCB, 2010). 
Além da grande adaptabilidade a praticamente qualquer tipo de clima, o búfalo 
possui uma alta fertilidade e consegue manter a vida reprodutiva por muito tempo 
35 
 
(Bernardes, 2007). No Brasil, são reconhecidas quatro raças pela Associação Brasileira 
de Criadores de Búfalos: o Mediterrâneo, Murrah, Jafarabadi e raça Carabao. A criação 
de búfalos no Brasil visa, além da produção de carne, a produção de leite que apresenta 
maior valor nutritivo, altos níveis de gordura, proteínas e minerais (em especial o cálcio) 
quando comparado ao leite de vaca. O leite é consumido in natura ou no mercado de 
derivados (Rocha, 2007; Revista Rural, 2008). 
Atualmente o Brasil possui cerca de 1,37 milhões de cabeças, representando o 
maior rebanho bubalino entre os países ocidentais. A Região Norte concentra 66,2% da 
criação de búfalos nacional, enquanto o restante do efetivo está distribuído entre as 
Regiões Sudeste (12,7%), Nordeste (9,5%), Sul (7,4%) e Centro-Oeste (4,4%). Na região 
nordeste do país, o destaque está no do Maranhão (IBGE, 2017). Apesar da região Norte 
ser a maior produtora de búfalos do Brasil, a sua produção é voltada para o mercado de 
produção de carne, diferente da região Sudeste e Nordeste, que privilegia a produção de 
leite (Dadario et al., 2018). 
O aumento da população bubalina no Brasil está diretamente relacionado a 
algumas peculiaridades do leite destes indivíduos em relação ao das demais espécies 
domésticas. Os búfalos são economicamente superiores aos zebuínos, pois cada litro de 
leite produzido apresenta um custo reduzido, quando comparado ao dos bovinos, devido 
ao fato de serem bastante rústicos (Verruma-Bernardi, 2006). O leite bubalino possui uma 
composição diferenciada em relação ao leite bovino, e proporciona uma produção de 
derivados com alto valor comercial (Bernardes, 2007). Tem excelentes qualidades 
físicoquímicas devido à alta concentração de seus componentes (Rosati & Van Vleck, 
2002; Aspilcueta-Borquis et al., 2010; Tonhati et al., 2011). O leite bubalino possui 
elevada concentração de sólidos totais, gordura, proteína, cálcio e fósforo, que aumentam 
o rendimento na elaboração de queijos, produtos fermentados, leite em pó, manteiga, doce 
de leite e sorvete (FAO, 1991). As propriedades físico-químicas e microbiológicas do 
leite de búfala possuem uma superioridade nutricional do mesmo em relação ao leite 
bovino, independentemente do fator ambiental envolvido. Tanto o leite quanto a carne 
bubalina possuem em sua composição química, percentuais de nutrientes que atendem as 
exigências estabelecidas para o consumo humano (Malhado et al., 2008). Huhn (1986) 
afirmou que o leite de búfala possui 33% menos colesterol, 48% a mais de proteína, 59% 
de cálcio e 47% de fósforo do que o leite bovino. Sousa (2002) relata ainda que o 
rendimento industrial do leite bubalino é 40% superior ao leite bovino, sendo de extrema 
importância no total aproveitamento da fabricação de derivados lácteos. Lira et al., 
36 
 
(2009), revelaram que o soro de leite de búfala apresentou teores médios de proteína, 
gordura e lactose acima das médias encontradas no soro de leite de vaca. Enquanto 3 litros 
de leite de búfala são suficientes para produzir 1 quilo de queijo frescal (tipo fresco, o 
conhecido queijo de Minas), se for utilizado o leite bovino são necessários pelo menos 6 
litros. Esta é uma razão que resulta em maior estabilidade para o setor (Brito, 2010). 
Os bubalinos exibem produtividade leiteira economicamente superior aos 
zebuínos. Isto é, cada litro de leite é produzido a menor custo, não só por apresentar 
frequentemente maior produção por animal, maior número de fêmeas em lactação por 
ano, mas também evidenciar, sobretudo, rusticidade extraordinária, aproveitando melhor 
forragem de qualidade inferior e resistindo às mais adversas condições climáticas, com 
marcante resistência às doenças (Nascimento & Carvalho, 1993), além de vantagens 
relacionadas a longa vida produtiva e reprodutiva dentro do rebanho (Malhado et al., 
2008). 
Principalmente a partir dos anos 90, observou-se uma significativa expansão de 
unidades industriais dedicadas à produção de derivados de leite de búfalas que, pelo maior 
rendimento industrial e produção de produtos de maior valor agregado lhes tem permitido 
remunerar a matéria prima a preços cerca de duas vezes maiores que aqueles pagos ao 
leite bovino e, diversamente deste, de uma forma geralmente uniforme durante o ano, 
estimulando de forma pronunciada a expansão de propriedades dedicadas à sua 
exploração, particularmente no Sudeste do país e/ou junto aos maiores centros 
consumidores (Bernardes, 2007). 
 
A raça bubalina Murrah 
A raça bubalina Murrah é originária do Noroeste da Índia, difundindo-se no Norte 
do país e no Paquistão. A raça é considerada a melhor produtora de leite dentre as raças 
bubalinas (Andrade & Garcia, 2005). Os bubalinos da raça Murrah podem ser criados nas 
mais diversas condições climáticas. Assim, eles procuram a água para se refrescarem e 
para se protegerem do ataque de insetos e parasitos. A pelagem tem forte correlação entre 
a cor dos pêlos e da pele em todo o corpo, sendo pretos os pelos e a pele. A coloração 
preta estende-se também aos chifres, cascos, espelho nasal e mucosas aparentes. A 
vassoura da cauda é branca, preta ou, ainda, mesclada. A raça Murrah, nos rebanhos mais 
fechados, apresenta-se com a morfologia corporal “melhor acabada” em conformação 
com pouca variabilidade de forma (ABCB, 2014). 
37 
 
Do ponto de vista reprodutivo os búfalos Murrah se assemelham aos bovinos, 
entretanto apresentam características inerentes à espécie, como por exemplo algumas 
particularidades do ciclo estral da búfala e a possibilidade de sazonalidade reprodutiva, 
variável de acordo com a região. Possuem temperamento bastante dócil, o que facilita sua 
criação e manejo, e são muito rústicos, adaptando-se bem às mais variadas condições 
ambientais (ABCB, 2010). 
No Brasil a raça Murrah tem uma distribuição uniforme por diversas regiões, 
principalmente nos sistemas de criação mais intensivos ou controlados, adaptados ao 
hábito mais calmo desses animais. O nome Murrah vem do Hindu e significa caracol, 
sendo este termo referente ao formato espiralado dos chifres nesta raça (Mano Filho, 
1985). Esta raça foi padronizada no Brasil pela ABCB sendo descritos da seguinte forma: 
cabeça na posição fronto-nasal, com perfil craniano retilíneo ou levemente sub-convexo 
e chanfro de retilíneo a sub-côncavo. O peso médio dos machos é de 450 a 900 kg e as 
fêmeas na faixa de 350 até 700 kg (ABCB, 2014). 
 Os primeiros rebanhos bubalinosdessa raça no Brasil tiveram uma base genética 
bastante estreita, o que é demonstrado pelas poucas importações realizadas; contudo, em 
muitos casos, foi ampliada pela introdução de genes da raça Mediterrâneo, que confere 
uma variabilidade que muitas vezes é observada na conformação corporal desses animais, 
caracterizando-se como uma variedade distinta. Quando fechado, o conjunto gênico 
Murrah apresenta muitos problemas congênitos tais como: atresias, paralizações, 
espasmos, dentre outros, resultado da endogamia, sendo reflexo direto da pouca 
variabilidade existente na base genética do rebanho Murrah brasileiro (Costa, 2015). 
Algumas novas introduções, denominadas de “nova opção”, aumentaram esta base e, 
consequentemente, a variabilidade da raça. No entanto, não se conhece a procedência 
desses germoplasma, dificultando uma análise mais profunda e concreta das gerações 
futuras (ABCB, 2014). Apesar da raça Murrah ser criada sem problemas em sistemas 
extensivos e de conviver tranquilamente em ambientes naturais, esta é mais adaptada aos 
sistemas com maior controle de pastagens cultivadas em terra firme e de boa qualidade, 
para maior aproveitamento de sua aptidão leiteira. Tal fato é facilitado pelo temperamento 
dócil dos animais (Lourenço, 2000). 
A região Nordeste do Brasil compreende nove estados ocupando uma área de 
aproximadamente 1,64 milhões de km², correspondendo a aproximadamente 20% do 
território nacional. Essa região vem sendo destaque nacional quanto à produção de 
búfalos, o que tem contribuído com a renda de muitos produtores (Almeida et al., 2013). 
38 
 
Em conseguinte, a região Nordeste apresentou crescimento de 28,9%, constituindo o 
segundo maior crescimento, sendo a terceira região com maior número desses animais. O 
crescimento da bubalinocultura no Nordeste pode ser explicado pelo avanço do 
conhecimento por parte dos pecuaristas, que estão reconhecendo que os búfalos são 
animais que apresentam alta rusticidade, resistência a doenças e adaptabilidade a solos e 
climas nordestinos (Silva et al., 2012). Como já mencionado, o Maranhão é 
disparadamente o estado com maior efetivo de búfalos da região Nordeste, contudo, a 
bubalinocultura na Bahia e Pernambuco também é significativa. No início dos anos 2000, 
os bubalinos ganharam espaço no estado do Rio Grande do Norte. A Fazenda Tapuio, 
localizada no município de Taipu, abriu as portas para a criação da espécie. Buscando 
melhorar a rentabilidade da pecuária, foi introduzida a bubalinocultura leiteira em plena 
região semiárida do estado do Rio Grande do Norte. Hoje em dia, a Fazenda Tapuio 
apresenta um lote com mais de 1300 animais e é a única autorizada no Brasil a exportar 
derivados do leite de búfala. 
 
Considerações finais 
Atualmente, o Gir leiteiro é a segunda raça em controle leiteiro oficial no Brasil 
(4000 vacas controladas por ano), sendo a primeira raça zebu explorada no Brasil com 
touros aprovados em teste de progênie. A raça Gir leiteiro se consolidou como raça 
adaptada às condições do Brasil tropical, com bons resultados produtivos, sendo 
realizados cruzamentos principalmente com bovinos da raça Holandesa. Esta ampla 
utilização da raça Gir tem levado a intensos trabalhos genéticos (melhoramento e 
clonagem), tanto em relação ao meio científico como em relação ao mercado de leite 
(Teixeira, 2008). Pela observação dos aspectos analisados, a raça Gir apresenta dupla aptidão 
e boa adaptabilidade ao clima do Nordeste brasileiro. 
A bubalinocultura é uma forma viável de produção, gerando renda e promovendo 
produtos de qualidade. Entretanto, para que seja rentável, o conhecimento das exigências 
nutricionais, comportamentais e de manejo devem ser exploradas. O Brasil se encontra 
em posição bastante privilegiada com relação à bubalinocultura, uma vez que dispõe de 
bons exemplares para produtividade leiteira e no segmento de corte, bem como dispõe de 
animais com performances bem mais expressivas que as existentes nos países de origem 
onde a atividade é relativamente pouco explorada. 
Zootecnicamente os bubalinos já demonstraram que tem espaço garantido como 
opção pecuária relevante. No que se refere a seus produtos (carne, leite e derivados), não 
39 
 
resta dúvidas sobre sua excelente qualidade, propriedades sensoriais, nutricionais e 
mesmo funcionais (Bernardes 2007). 
 
 
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OBJETIVOS 
 
Geral: Descrever a expressão comportamental durante a rotina de ordenha 
em vacas leiteiras da raça Gir e em búfalas leiteiras da raça Murrah. 
 Objetivos específicos 
 
- Verificar a relação entre a expressão comportamental e as características 
produtivas, contagem de células somáticas, incidência de mastite e características 
nutricionais do leite 
- Identificar as características produtivas e nutricionais do leite; 
- Identificar eventuais modificações comportamentais associadas ao 
tipo de ordenha (manual e mecânica); 
 
 
 
 
 
46 
 
HIPÓTESES E PREDIÇÕES 
 
Levantamos algumas hipóteses quanto às relações entre a expressão comportamental e o 
desempenho produtivos dos animais: 
 
 
H1 – A implantação de um tipo de ordenha diferente aos que os animais estão condicionados 
interfere na produção do leite. (Artigos empíricos 1 e 2) 
P1: Haverá redução na produção do leite no novo sistema de ordenha implantado, tanto para 
vacas quanto para búfalas, quando comparado ao sistema de ordenha anterior; 
Justificativa: O desconforto causa estresse aos animais e, nas vacas e búfalas, por pressões 
ambientais ou por características individuais, provoca diminuição na produção de leite. Em 
estudo de Hemsworth et al., (2002), um aumento significativo na produção de leite foi 
verificado em vacas que receberam uma intervenção no tratamento, através de melhorias nas 
atitudes e comportamento dos tratadores para com os animais. Resultados similares foram 
observados na proteína e gordura do leite. 
 
 
H2 - O nível de bem-estar animal pode ser avaliado por meio de indicadores 
comportamentais e indicadores fisiológicos. (Artigos empíricos 1 e 2) 
P2: Vacas e búfalas sob estresse crônico apresentam aumento na frequência de suas 
respostas fisiológicas de micção e defecação, também se mostram mais agitadas com 
movimentação da cauda, cabeça, patas e abertura das narinas. 
Justificativa: De acordo com outros estudos, foi observada alteração nos parâmetros 
anteriormente descritos. Rosa (2004) observou que a frequência de 
 
47 
 
micção na sala de ordenha foi maior quando os comportamentos positivos do tratador 
exerciam maior influência no comportamento da vaca (interação aconselhável) do 
que quando os comportamentos negativos do tratador exerciam maior influência no 
comportamento da vaca (interação desaconselhável). Ou seja, as vacas urinaram mais 
quando estavam sobre uma situação de manejo positivo, demonstrando complexidade 
nas respostas dos animais. Também Cavallina et al. (2008) demonstraram que em 
búfalas da raça Murrah, submetidas a ordenha mecânica os comportamentos 
indicadores de estresse, como coices, defecação, micção e derrubadas de teteira foram 
mais frequentes em fêmeas primíparas (ou seja, que não estavam adaptada à condição 
de ordenha). 
 
H3 – Os valores nutritivos do leite sofrem influência da fase de estresse dos animais. 
(Artigos empíricos 1 e 2) 
P3: Haverá redução da qualidade do leite no novo sistema de ordenha implantado, tanto 
para vacas quanto para búfalas, quando comparado ao sistema de ordenha anterior. 
Justificativa: Animais que permanecem calmos e tranquilos se alimentam melhor, 
por isso apresentamíndices mais favoráveis na bioquímica do leite (proteína, 
contagem de células somáticas, gordura, sólidos totais). 
 
48 
MÉTODO GERAL 
 
Aspectos éticos 
Os requerimentos éticos para a realização dos estudos empíricos foram atendidos 
para ambos os experimentos. No entanto, é importante salientar que para realização do 
Experimento 1 (bovino), quando a coleta de dados foi realizada não havia a exigência de 
aprovação específica de um comitê de ética para uso de animais em pesquisa. Ressaltamos 
que seguimos, neste caso as orientações previstas na “Diretriz brasileira para o cuidado e a 
utilização de animais para fins científicos e didáticos” (DBCA, 2013), exemplificadas no item 
6.1.10 da seção VI. Responsabilidades dos pesquisadores e professores, bem como item 7.5.3.2. 
que versa que os procedimentos rotineiros em animais de produção para fins de pesquisa ou 
ensino devem seguir as boas práticas de manejo. Atestamos que não houve nenhum tipo de 
procedimento invasivo para com os animais utilizados e foi respeitada a rotina de manejo da 
EMPARN (descrita posteriormente). 
Para realização do Experimento 2 (bubalino), a coleta foi realizada após a aprovação 
do protocolo ético para uso de animais em pesquisa. No Anexo 1 segue o protocolo 
preenchido. O número do protocolo é 005/2018 e o certificado de aprovação nº 
076.005/2018. 
 
EXPERIMENTO 1 – Bovino 
Local e Período do Experimento 
Os dados coletados para a execução do trabalho foram provenientes da Fazenda 
Felipe Camarão, localizada no município de São Gonçalo do Amarante (RN). O município 
situa-se na mesorregião Leste Potiguar e na microrregião Macaíba, limitando-se com os 
municípios de Ceará-Mirim, Extremoz, Natal, Macaíba e Ielmo Marinho, abrangendo uma 
área de 261 km². A região apresenta clima tropical chuvoso com verão seco. A sede do 
município tem uma altitude média de 15 m e apresenta coordenadas 05°47’34,8” de latitude 
sul e 35°19’44,4” de longitude oeste, distando da capital cerca de 16 km, sendo seu acesso, 
a partir de Natal, efetuado através da rodovia pavimentada RN-160 (Figura 6). A fazenda 
 
49 
pertence à EMPARN (Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte), e 
recebeu o nome de Fazenda RockFeller. 
 
 
Figura 6. Mapa de acesso rodoviária Natal – São Gonçalo do Amarante. 
O período experimental para coleta de dados comportamentais dos animais na 
ordenha manual iniciou dia 16 de abril de 2013 e finalizou dia 30 de abril de 2014. A coleta 
de dados na ordenha mecânica tipo tandem iniciou dia 25 de junho de 2013 e finalizou dia 
16 de maio de 2014. Os dados foram coletados pelo mesmo observador. A variação e duração 
prolongada durante o período de coletas se deu pelo fato de os animais saírem 
constantemente para exposições agropecuárias e devido a troca de funcionários da 
propriedade, o que impossibilitou que o observador pudesse coletar de forma continuada. 
 
Animais 
Foram utilizadas 20 vacas da raça Gir, com idade até 16 anos, que passaram pela 
ordenha manual e posteriormente pela ordenha mecânica tipo tandem. Os animais 
encontravam-se saudáveis e em diferentes estágios de lactação (Figura 7). 
 
 
50 
 
Figura 7. Exemplar bovino da raça Gir. 
 
Identificação dos animais 
As vacas foram encaminhadas ao brete e, após serem contidas, realizamos a marcação 
através de numeração partindo no número 0 (zero). Os animais foram marcados na região 
do tórax e na garupa (Figura 8). Foi utilizada tinta atóxica a base d’água (Figura 9). Não foi 
feita diluição da tinta e, para melhorar a fixação, adicionamos 30 ml de óleo de milho à tinta; 
a mesma foi aplicada com uso de pincéis. 
 
Figura 8. Marcação dos animais no tronco de contensão. 
 
 
 
 
51 
Sistema de produção e manejo da fazenda 
O sistema adotado para produção de leite é o extensivo, no qual as matrizes são soltas 
a campo, recebendo suplementação apenas na hora da ordenha. A pastagem é nativa, como 
mostra a Figura 9. São destinados 150ha para área de pastejo. O sal mineral e a água são 
ofertados ad libitum. 
 
Figura 9. Pastagem nativa da Fazenda Rockfeller. 
 
 
52 
Procedimentos de ordenha 
Ordenha Manual 
Durante o período de ordenha manual, as vacas foram ordenhadas às 4:30h e às 15h, 
o manejo de ordenha seguiu a sequência: entrada dos animais na sala de ordenha, lavagem 
dos tetos com água, secagem dos tetos com papel toalha e início da ordenha manual. O 
bezerro foi levado para junto da mãe a fim de estimular a descida do leite na vaca. Ao fim da 
ordenha, foi realizado a imersão dos tetos em solução iodada, esse processo de desinfecção 
chama-se pós-dipping. Na fazenda não se usa o manejo de pré-dipping (imersão direta de 
todos os tetos em solução clorada 750 ppm, deixar agir por 30 segundos e secar com papel 
toalha) na ordenha manual. 
Antes do início da ordenha os animais permaneceram em uma área de espera 
sombreada, com ventilação natural com acesso à água. Foi ofertado concentrado aos animais 
durante o período da ordenha manual. 
 
Ordenha Mecânica 
O tipo de ordenha mecânica utilizada na fazenda é o tandem. No período de ordenha 
mecânica, as vacas foram ordenhadas às 6:00h da manhã e às 16:30h da tarde, o manejo de 
ordenha seguiu a sequência: entrada dos animais na sala de ordenha, lavagem dos tetos com 
água, pré-dipping, secagem dos tetos com papel toalha e acoplamento das teteiras, retirada 
do conjunto, pós-dipping e saída dos animais. Só foi ofertado concentrado aos animais 
quando os mesmos estavam na sala de ordenha mecânica. A sala de ordenha mecânica é 
representada na Figura 10. 
 
 
 
 
53 
 
Figura 10. Sala de ordenha mecânica tipo tandem. 
 
Produção diária de leite 
A produção de leite foi medida mensalmente e individualmente nas ordenhas da 
manhã e tarde através de medidor graduado acoplado em cada unidade de ordenha e 
obedecendo à rotina da propriedade. O leite foi coletado de todos os animais que não se 
encontravam em período colostral, em fase de secagem, e aqueles em tratamento contra 
alguma enfermidade. A ordenha foi realizada manualmente até que houvesse a instalação da 
sala de ordenha mecânica tipo tandem, o leite foi colocado em baldes, e com o auxílio de 
conchas plásticas desinfetadas com álcool 70%, foram retiradas amostras de 
aproximadamente 25 ml de leite, na ordenha da tarde, e colocadas em frascos estéreis de 70 
ml, contendo o conservante (2-bromo-2-nitropropano-1,3-diol). Os frascos foram 
identificados com o nome do animal e mantidos em refrigeração, até a segunda coleta do 
leite, realizada pela manhã, em que foram coletados mais 25 ml de leite, e posteriormente 
misturados a terceira coleta de leite da ordenha da tarde, em que foram coletados 20 ml de 
leite formando um conteúdo homogêneo de 70 ml. As amostras foram colocadas em caixas 
isotérmicas contendo gelo, e enviadas para análise, no prazo máximo de 72h, para 
Laboratório de Qualidade do Leite, da EMBRAPA, em Juiz de Fora/MG, onde foram 
realizadas as seguintes análises: determinação dos teores de proteína, lactose, gordura, 
 
54 
extrato seco, extrato seco desengordurado e contagem de células somáticas (CCS). A CCS 
expressa a situação da saúde do animal, a CBT reflete a situação das condições sanitárias 
das instalações, como também a higiene (pessoal e coletiva) e manutenção da mesma por 
parte dos funcionários. 
 
Observação da resposta comportamental no ambiente de ordenha 
Manual - As observações comportamentais no ambiente de ordenha manual foram 
realizadas três vezes na semana pelo mesmo observador, durante seis meses consecutivos 
após o parto através de planilha de observações previamente elaboradas (Anexo 2). As vacas 
estavam em diferentes estágios de lactação, havendo primíparas e multíparas. 
Foram ordenhadas duas vacas por vez, por dois ordenadores. O método de 
observação comportamental foi o focal (que ocorreu simultaneamente para os 
ordenhadores).A duração da ordenha foi em média de 7 minutos por animal. O procedimento 
de ordenha foi dividido em pré-ordenha (que compreendeu a entrada dos animais e limpeza 
dos tetos), ordenha manual até que o fluxo de leite cesse, e pós-ordenha (pós- dipping até a 
saída dos animais). Para as etapas durante a ordenha manual, usamos as respostas 
comportamentais descritas na Tabela 1. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
55 
Tabela 1. Descrição dos eventos comportamentais no ambiente de ordenha manual 
e mecânica. 
Escore Descrição dos eventos 
01-Dócil 
 
Apoja rápido, calma, rumina, movimenta-se pouco, não dá coice 
 
02-Levemente agitado 
Comportamento vigilante: parado olhar fixo, movimenta orelha em 
direção ao ruído/movimento de pessoas 
 
03-Agitado 
Movimentação da cauda, patas e abertura das narinas durante 
manipulação, observação e ordenha. Urina e defeca 
 
04-Muito agitado 
Resiste ao toque, urina e defeca, entra na sala de espera após ser 
forçada, não permanece muito tempo na mesma posição, movendo-se 
continuamente, movimenta a cauda, sapateia durante manipulação e 
observação; movimentos respiratórios marcantes (tórax e narinas) 
 
05-Violento 
Comportamento do Escore 04, mais reação de violência ao toque 
(cabeçada, coice, mordida, vocalização) 
 
 
Mecânica - As observações comportamentais no ambiente de ordenha mecânica 
foram realizadas três vezes na semana pelo mesmo observador, durante seis meses 
consecutivos após o parto através de planilha de observações previamente elaborada (Anexo 
2). Algumas vacas do lote participaram apenas da ordenha mecânica, devido serem inseridas 
ao lote no período de funcionamento da sala de ordenha mecânica. 
Foram ordenhadas quatro vacas por vez, o método de observação comportamental 
foi o focal (com simultaneidade para os quatro animais). A duração da ordenha foi em média 
de 4 minutos por animal. O procedimento de ordenha foi dividido em pré-ordenha (que 
compreendeu a entrada dos animais, limpeza dos tetos e pré- dipping), ordenha mecânica 
até que o fluxo de leite cesse, e pós-ordenha (desde a retirada das teteiras, pós-dipping até a 
saída dos animais). Para as etapas durante a ordenha mecânica, usamos as respostas 
comportamentais descritas na Tabela 1. 
 
Período de adaptação dos animais à sala de ordenha mecânica 
As vacas que estavam em lactação foram conduzidas para a sala de espera, no período 
 
56 
da tarde, e permaneceram por 20 minutos no local. A sala de espera caracteriza-se como um 
espaço a céu aberto que antecede o galpão da ordenha mecânica. Nesse espaço, as vacas 
ficaram sem acesso a água e comida. 
Para adaptação à sala de ordenha mecânica, após a permanência na sala de espera, na 
primeira semana os animais passaram pela sala de ordenha sem parar ou permanecer nela; 
na segunda semana as vacas foram contidas na sala de ordenha; e na terceira semana elas 
foram peadas e suas tetas manipuladas e em seguida conduzidas para a ordenha no galpão 
de arroçoamento. 
 
Análise dos dados 
Inicialmente, com base nos registros das categorias comportamentais apresentados 
na Tabela 1, foi definido o escore de temperamento/reatividade (ET) por animal para cada 
um dos tipos de ordenha (manual e mecânica), sendo a vaca classificada como dócil, 
levemente agitada, agitada, muito agitada, violenta. Em seguida, os dados foram 
caracterizados quanto à normalidade (teste de Shapiro Wilk), e para a comparação do ET 
dos animais utilizamos o teste de Mann-Whitney. 
No que se refere à produção, para identificar a influência do tipo de ordenha (manual 
e mecânica tipo tandem), através de cálculos no programa R, criamos um vetor de médias 
englobando a respectiva média de cada vaca em um tipo de ordenha. Assim, foram criados dois 
vetores, um vetor com as médias das 20 vacas na ordenha mecânica e outro vetor com as 
médias das 20 vacas na ordenha manual e, posteriormente realizamos um Teste t pareado. 
A partir da noção dessa variação individual, calculamos os desvios-padrão de cada vaca em 
cada ordenha e depois aplicamos o logaritmo e comparamos a produção em cada tipo de 
ordenha através do Teste t pareado. Além disso, testamos se as variâncias do vetor seriam 
iguais (usando o teste F de comparação de variâncias). Procedemos com o cálculo dos 
Logaritmos (na base e) dos desvios padrões (DP) para analisarmos como os dados estavam 
variando, com o objetivo de testar a variabilidade das ordenhas. 
Para todas análises consideramos o nível de p < 0,05 para verificação da 
significância. 
 
 
57 
EXPERIMENTO 2 – Bubalino 
Local e Período do Experimento 
Os dados coletados para a execução do trabalho foram provenientes da Fazenda 
Tapuio, localizada no município de Taipu (RN). O município de Taipu situa-se entre a 
microrregião Leste Potiguar e a microrregião Litoral Nordeste. Possui um clima do tipo 
tropical chuvoso, com verão seco e estação das águas bem próxima do outono, 
correspondendo no intervalo dos meses de abril a junho, dista da capital cerca de 60 km, 
sendo seu acesso, a partir de Natal, efetuado através da rodovia pavimentada BR- 406 
(Figura 11). A temperatura anual varia perto dos 25,3°C com uma umidade relativa anual por 
volta de 80% (Prefeitura de Taipu, 2015). Com cerca de 48 metros de altitude possui as 
seguintes coordenadas geográficas: latitude: 5° 37’ 20” Sul e Longitude: 35° 35’ 43” Oeste 
(IBGE, 2010). 
 
Figura 11. Mapa de acesso rodoviária Natal – Taipu. 
O período experimental para coleta de dados comportamentais dos animais na 
ordenha mecânica tipo espinha-de-peixe compreendeu os dias 10 de novembro a 12 de 
dezembro de 2015 totalizando cinco semanas. Os dados foram coletados durante 5 dias de 
cada semana, no período da manhã e à tarde até atingir 20 coletas. A segunda fase da coleta 
dos dados foi realizada no meses de maio e junho de 2016, em que a ordenha mecânica tipo 
carrossel foi instalada na Fazenda Tapuio. 
 
58 
Animais 
Foram observadas20 búlafas da raça Murrah (Figura 12), com idade até 15 anos, que 
passaram pela ordenha mecânica tipo espinha-de-peixe e posteriormente foram ordenhadas 
pela ordenha mecânica tipo carrossel. Os animais encontravam-se saudáveis e em diferentes 
estágios de lactação. A escolha dos animais se deu através do lote de produção, os animais 
que estavam no lote de maior produção de leite (acima de 12 litros de leite por dia) foram 
selecionados. 
 
Figura 12. Exemplar bubalino da raça Murrah. 
 
Identificação dos animais 
Após o término da ordenha, antes dos animais serem liberados, foi realizada a 
marcação através de numeração partindo do número 1 (um). Os animais foram marcados na 
região do tórax e na garupa (Figura 13). Foi utilizada tinta branca a base d’água. Foi feita 
diluição da tinta na proporção de 1:1; a mesma foi aplicada com uso de pincéis. 
 
 
59 
 
Figura 13. Marcação dos animais no final da ordenha. 
 
 
Sistema de produção e manejo da fazenda 
O sistema adotado para produção de leite é o extensivo, no qual as matrizes eram 
soltas a campo (Figura 14), recebendo suplementação apenas na hora da ordenha, sistema 
de lotação intermitente. Os animais lactantes eram mantidos em pastejo rotacionado em 
pastos formados de sua quase totalidade por capim Massai, híbrido natural de Panicum 
maximum, cultivar bastante adaptado a região. O restante do pasto é composto por 
Brachiaria brizantha, cultivar Marandu. Durante a ordenha as matrizes recebem 
concentrado a base de caroço de algodão e farelo de girassol juntamente com ureia e sal 
mineral. Ainda eram fornecidos suplementos a base de cana de açúcar e palma, em períodos 
com pouca disponibilidade de pasto em função da época seca. O sal mineral e a água eram 
ofertados ad libitum. 
 
 
60 
 
Figura 14. Matrizes soltas no campo. 
Aspectos produtivos 
Produção diária de leite 
A produção de leite foi medida semanal e individualmente nas ordenhas da manhã e 
tarde atravésde medidor graduado (Figura 15) acoplado em cada unidade de ordenha e 
obedecendo à rotina da propriedade. 
 
 
Figura 15. Medidor de leite utilizado na ordenha mecânica tipo espinha de peixe. 
Análise físico-química do leite 
Semanalmente ocorreu a pesagem do leite nos dois turnos da ordenha, manhã e tarde, 
cada animal tinha seu volume de leite diário contabilizado, obtendo assim, a 
 
61 
separação/reorganização dos animais por lote de produção. Este manejo é muito importante 
para a fazenda, uma vez que a mensuração do leite determina a passagem do animal de um 
lote para o outro, e consequentemente a determinação do consumo de matéria seca (CMS) 
por grupo. 
Mensalmente eram enviadas amostras de leite das búfalas em lactação para o 
PROGENE - Programa de Gerenciamento dos Rebanhos Leiteiros do Nordeste, com o 
objetivo de ter uma noção mais precisa sobre a composição do leite (determinação dos teores 
de proteína, lactose, gordura, extrato seco, extrato seco desengordurado) além da contagem 
de células somáticas (CCS) e contagem bacteriana total (CBT). As amostras foram coletadas 
em copo coletor acoplado a cada unidade de ordenha, após ter sido homogeneizado, e 
acondicionadas em frascos específicos de 10 ml, contendo conservantes (Bronopol), 
devidamente identificados. As amostras foram colocadas em caixas isotérmicas contendo 
gelo e posteriormente foram enviadas ao laboratório PROGENE em Recife/PE. A CCS 
expressa a situação da saúde do animal, a CBT reflete a situação das condições sanitárias 
das instalações, como também a higiene (pessoal e coletiva) e manutenção da mesma por 
parte dos funcionários. 
 
Procedimentos de ordenha 
Ordenha Mecânica tipo espinha-de-peixe 
A ordenha era feita diariamente em dois turnos, de manhã iniciando às 05:00h e com 
término por volta de 12:00h. O turno da tarde se iniciava às 15:00h e terminava em torno das 
22:00h. O sistema de ordenha tipo espinha-de-peixe estava organizado em duas linhas 
paralelas de 20 postos cada, no qual as búfalas eram ordenhadas sem a presença do bezerro 
(Figura 16). Antes de colocar as teteiras era feita a higienização dos tetos (pré- dipping), 
com solução de ação antisséptica, primordial para evitar contaminação e/ou proliferação 
bacteriana. Devido as características comportamentais dos búfalos em geral, é comum os 
animais chegarem para ordenha com o úbere e tetos um pouco sujos de lama ou fezes, então 
era feita uma lavagem com água corrente e posteriormente secos com papel toalha e bastante 
cuidado. Ao fim da ordenha, foi realizada a imersão dos tetos em solução iodada (pós-
dipping). 
 
62 
Antes do início da ordenha os animais permaneceram em uma sala de espera 
sombreada, com ventilação natural e com acesso à água. Foi ofertado concentrado aos 
animais durante o período da ordenha. 
 
Figura 16. Búfalas sendo ordenhadas na ordenha mecânica tipo espinha-de-peixe. 
 
 
 
 
63 
Ordenha Mecânica tipo carrossel 
A utilização da ordenha mecânica carrossel foi inicida no mês de maio de 2016. Os 
horários das ordenhas foram às 5:00h e às 15:00h, seguindo o mesmo processo da ordenha 
mecânica tipo espinha-de-peixe, incluindo o descanso dos animais na sala de espera e a 
higiene utilizada na sala de ordenha. Após saírem da sala de espera, os animais permaneciam 
10 minutos no primeiro galpão que antecede a ordenha. Neste local as búfalas eram 
molhadas por chuveiros, o que contribuia para diminuição da temperatura corporal. Após o 
tempo estabelecido, os animais eram direcionados para o segundo galpão que antecede a 
ordenha. Neste ambiente havia ventiladores que secavam o corpo do animal. Em seguida, as 
búfalas entravam na ordenha carrossel. 
 
Observação da resposta comportamental no ambiente de ordenha 
Mecânica espinha-de-peixe - As observações comportamentais no ambiente de 
ordenha mecânica espinha-de-peixe foram realizadas 5 vezes na semana por um observador 
treinado, durante os meses de novembro e dezembro de 2015 através da planilha de 
observações previamente elaboradas (Anexo 2). As búfalas estavam inseridas no lote 
ponteiro, lote que representa os animais que estão acima da média de produção, com búfalas 
produzindo a partir de 12 litros de leite por dia. 
Eram ordenhadas 40 búfalas por vez, com 20 indivíduos participando da observação. 
O método de observação comportamental foi o behaviour sampling (amostragem comportamental). 
A duração da ordenha foi em média de 5 minutos por animal. O procedimento de ordenha foi 
dividido em pré-ordenha (que compreendeu a entrada dos animais, limpeza dos tetos e pré-
dipping), ordenha mecânica até que o fluxo de leite cesse, e pós-ordenha (desde a retirada 
das teteiras, pós-dipping até a saída dos animais). Para as etapas durante a ordenha mecânica, 
usamos as respostas comportamentais descritas na Tabela 1. Este etograma foi utilizado para 
os bovinos e também se adequou nas análises comportamentais dos bubalinos. 
Mecânica tipo carrossel - As observações comportamentais no ambiente de ordenha 
mecânica tipo carrossel foram realizadas 5 vezes na semana por um observador, durante 30 
dias, através de planilha de observações previamente elaborada (Anexo 2). Foi avaliado o 
comportamento dos animais participantes do mesmo lote da ordenha espinha-de-peixe (Lote 
 
64 
Ponteiro). 
Foram ordenhadas 40 búfalas por vez, com 20 indivíduos participando da observação 
comportamental pelo método behavior sampling. Foi registrado o período de duração da 
ordenha. O procedimento de ordenha foi dividido em pré-ordenha (que compreendeu a entrada dos 
animais para o banho nos chuveiros, galpão de ventilação, limpeza dos tetos e pré-dipping), ordenha 
mecânica até que o fluxo de leite cesse, e pós-ordenha (desde a retirada das teteiras, pós-
dipping e saída dos animais). Para as etapas durante a ordenha mecânica, usamos as 
respostas comportamentais descritas na Tabela 1. 
Período de adaptação dos animais à sala de ordenha mecânica carrossel 
As búfalas que estavam em lactação foram conduzidas para a sala de espera, e 
permaneceram por 20 minutos no local. A sala de espera caracteriza-se como um espaço 
coberto que antecede o galpão da ordenha mecânica. Nesse espaço, as búfalas ficam com 
acesso a água. 
No período de adaptação a nova ordenha, após a permanência na sala de espera, na 
primeira semana os animais iniciaram a adaptação a sala de ordenha mecânica carrossel. As 
búfalas entraram no carrossel, foi realizado o giro do carrossel, e as búfalas foram liberadas. 
Na segunda semana, adicionado ao giro do carrossel, foram ligadas as bombas. Na terceira 
semana de adaptação, foi iniciada a colocação das teteiras. Não houve necessidade de 
prorrogar o período de adaptação. 
 
Análise dos dados 
Com base nos registros das categorias acima foi definido o escore de 
temperamento/reatividade (ET) nas duas fases de ordenha (mecânica tipo espinha-de- peixe 
e mecânica tipo carrossel). 
Depois de efetuadas as análises do leite, os resultados foram submetidos à análise 
estatística descritiva para agrupar os dados. Em seguida, os mesmos foram caracterizados 
quanto à esfericidade e normalidade para escolha dos testes (paramétricos ou não 
paramétrico). Foi realizado o Teste de Kolmogorov-Smirnov para verificação da 
normalidade dos dados. Foi verificada a influência do escore comportamental dos animais 
 
65 
(dócil, levemente agitada, agitada, muito agitada, violenta) e da alteração do tipo de ordenha 
na composição química do leite, quanto aos índices de gordura, proteína, sólidos totais e 
contagem de células somáticas. Para a comparação do temperamento dos animais, utilizamos 
o teste de Mann-Whitney. 
 
 
 
 
 
66 
 
Artigo empírico 1 
 
Influência da implementação da ordenha mecânica no bem-estar e 
produção de leite de vacas Gir. 
Araújo, P.M.1; Lopes, F.A.2 
 
1 Programa de Pós-graduação em Psicobiologia – UFRN 
2 Programa de Pós-graduaçãoem Psicobiologia – UFRN 
 
RESUMO 
A quebra da rotina diária e a impossibilidade das vacas exercerem suas necessidades 
podem causar desconforto. Devido à intensificação nos sistemas de produção animal, 
os estudos referentes ao comportamento animal têm aumentado muito nos últimos 
anos. A ordenha manual é o sistema mais antigo de ordenha, sendo ainda muito 
frequente, principalmente em pequenos rebanhos. A ordenha mecanizada possibilita 
a extração do leite de forma mais rápida do que a ordenha manual e, quando bem 
realizada, tem menor risco de contaminação. A especulação sobre os efeitos negativos 
que a ordenha mecânica pode causar sobre o bem-estar da vaca leiteira, eleva as 
preocupações dos consumidores, podendo reduzir a aceitação pública de produtos 
lácteos de vacas ordenhadas mecanicamente. O objetivo deste trabalho foi avaliar os 
efeitos da implantação de uma ordenha mecanizada, e identificar eventuais diferenças 
comportamentais e produtivas associadas ao novo sistema de ordenha adotado em um 
rebanho Gir. Foram acompanhadas 20 vacas, que passaram pela transição de ordenha 
manual para ordenha mecânica. De modo geral, os resultados mostram que não houve 
alterações na produção considerando a transição entre os tipos de ordenhas. Porém, 
foram verificadas variações produtivas ao nível individual. Podemos considerar que 
a substituição da ordenha manual pela ordenha mecânica mostrou resultados 
satisfatórios. Apesar de não aumentar significativamente a produção, a ordenha 
mecânica não causou prejuízo aos índices produtivos e pode reduzir consideravelmente o 
tempo das ordenhas bem como a necessidade de mão-de-obra. 
Palavras-chave: Bovinocultura, ordenha, produção, leite, Gir. 
 
 
67 
 
INTRODUÇÃO 
Na bovinocultura leiteira, bem como nos demais sistemas de produção, um 
fator bastante explorado é o de que na ausência de bem-estar, o animal não produz de 
acordo com o seu potencial (Souza, 2007). Nesse sentido, o bem-estar satisfatório das 
vacas leiteiras é alcançado quando suas necessidades são atendidas (Curtis, 1993). Por 
sua vez, a exigência diária em nutrientes e energia pelo animal é determinada pelo seu 
nível de produção, pelo seu peso corporal, seu estágio fisiológico e pela interação com 
o ambiente (ambiente climático, instalações e equipamentos, manejo, tipo de 
alimento, etc.). Os veículos que utilizamos para suprir as referidas necessidades são 
os diversos recursos alimentares disponíveis, normalmente classificados segundo 
suas características qualitativas, em alimentos volumosos, concentrados e 
suplementos vitamínicos e minerais (Damasceno et al., 2003). 
A ordenha manual é o sistema mais antigo de ordenha, sendo ainda muito 
frequente, principalmente em pequenos rebanhos. O investimento em equipamentos 
é baixo, mas exige maior esforço do ordenhador. A estrutura para realizar a ordenha 
manual geralmente é bastante simples, podendo ser feita em um piquete, no curral ou 
em um galpão. Há situações em que as vacas ficam soltas, sem nenhum tipo de 
contenção, e outras em que as vacas ficam presas com correntes ou com canzis. É 
comum “peiar as vacas” (amarrar as pernas traseiras) no momento da ordenha manual 
(Rosa et al., 2009). Por outro lado, a ordenha mecânica ou mecanizada possibilita a 
extração do leite de forma mais rápida do que a ordenha manual e, quando bem 
realizada, tem menor risco de contaminação. Geralmente, é feita em um local 
específico, a sala de ordenha, que pode variar tanto no tipo quanto na dimensão. 
O Brasil possui um contingente de 212.798.000 de bovinos (ANUALPEC, 
2017) e aumentar a produção do leite com higiene e qualidade é o que deve almejar 
todo pecuarista. Nesse sentido, a ordenha mecânica pode ajudar neste processo, aliada 
à eficiência produtiva de uma fazenda de leite. Esta técnica possui vantagens em relação 
ao método convencional de ordenha, no qual o produtor enfrenta problemas com 
tempo, higiene e outros, que refletem na qualidade final do produto (Laperuta et al., 
2009). Soma-se a isso o fato de que a indústria leiteira, visando melhorar o rendimento 
de seus produtos e a qualidade desses tem sido cada vez mais exigente com seus 
fornecedores de matéria-prima. 
 
 
68 
 
A escala de produção tem influência decisiva na maximização do lucro, visto 
que o produtor trabalha com pequena margem de lucro por litro de leite (Laperuta et al., 
2009). A substituição da ordenha manual pela mecanizada pode acarretar menores 
custos com mão-de-obra, aumentar a qualidade do leite, reduzir a incidência de 
doenças e facilitar o manejo dos animais. Por outro lado, Ribeiro e Carvalho (2009) 
consideram que a ordenha malfeita e o uso incorreto da ordenhadeira podem diminuir 
significativamente a produtividade e a rentabilidade da exploração leiteira, resultando 
em menos leite, pior qualidade, aumento da incidência de mastite, bem como do custo 
de produção. 
A raça Gir 
A adaptação das raças bovinas leiteiras especializadas às condições de clima e 
de manejo prevalentes em regiões tropicais constitui um dos maiores problemas na 
produtividade do rebanho em algumas regiões brasileiras. Logo, em consequência da 
grande extensão territorial do país e da sua adversidade climática, as raças zebuínas 
têm se destacado progressivamente na da atividade leiteira, seja como raça pura, 
ou em utilização nos diversos sistemas de cruzamento (Cobuci et al., 2000; Leme et 
al., 2005; Façanha et al., 2010). 
A raça Gir é considerada por alguns pesquisadores como a mais antiga e talvez 
a mais pura das raças bovinas, uma vez que não se tem conhecimento de seus 
antepassados (Santos, 1994). É originária da península de Kathiawar, localizada no 
estado indiano de Gujarat, a oeste do país, na divisa com o Paquistão (Gaur et al., 
2003). 
Na década de 30, alguns criadores identificaram em diferentes plantéis, 
exemplares Gir que se destacavam por sua capacidade leiteira. O Gir Leiteiro é 
resultado da seleção efetuada por entidades governamentais (em Umbuzeiro, na 
Paraíba, e em Uberaba, Minas Gerais, na Fazenda Getúlio Vargas) e por criadores 
particulares nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que 
fundamentaram seu trabalho dando ênfase na seleção para leite. O Gir Leiteiro se 
destaca por sua rusticidade, longevidade produtiva e reprodutiva, docilidade, baixo 
custo de mantença, facilidade de parto, produção de leite a pasto (excelente conversão 
alimentar) e versatilidade nos cruzamentos (ACGZ, 2012). 
 
 
 
69 
 
Produção e bem-estar animal 
Historicamente o bem-estar dos animais de produção foi ocultado pela busca 
intensiva de melhores índices zootécnicos, que ignorava as condições em que o 
animal estava imerso. Contudo a sociedade vem tornando-se cada vez mais sensível 
à dor e ao sofrimento animal (Amaral & Trevisan, 2017). Neste contexto, devido à 
intensificação nos sistemas de produção, os estudos referentes ao comportamento 
animal têm aumentado muito nos últimos anos. Esses estudos são importantes, pois 
permitem melhor compreensão das causas que norteiam as ações dos animais e 
permitem um melhor planejamento na implantação de sistemas de produção mais 
eficientes. 
A quebra da rotina diária (como alterações nos horários de ordenha, mudança 
de ordenhador, contenção no brete para exames e vacinação, alterações realizadas na 
dieta, presença de pessoas não conhecidas pelos animais durante o manejo, entre 
outros) e a impossibilidade de as vacas exercerem suas necessidades (fisiológicas, 
alimentares) podem causar desconforto (Hopster et al., 1998; Rosa, 2002). Em 
bovinos, os níveis de excitação estão relacionados com a lateralização de seus 
movimentos corporais, podendo indicar que o animal está com medo ou com sinais 
de ansiedade diante de situações que causem risco ou incômodo (Goma et al., 2018). 
Nesse sentido, a reatividade do animal às condições de manejo faz com que o 
temperamento seja uma dascaracterísticas comportamentais mais estudadas nos 
últimos anos (Peixoto et al., 2011) por trazer implicações diretas para o sistema de 
manejo. 
Para vacas familiarizadas com a ordenha convencional (manual), em que são 
ordenhadas na companhia de outras vacas do rebanho e na presença direta do 
ordenhador, a mudança para ordenha mecânica pode causar desconforto (ruído da 
bomba, colocação das teteiras) e ser estressante. A especulação sobre os efeitos 
negativos que a ordenha mecânica pode causar sobre o bem-estar da vaca leiteira, 
eleva as preocupações dos consumidores, podendo reduzir a aceitação pública de 
produtos lácteos de vacas ordenhadas mecanicamente (Hopster et al., 2002). 
De acordo com Bond et al. (2012) é interessante o desenvolvimento de 
pesquisas na área de diagnóstico de bem-estar, para que se possa subsidiar a 
elaboração de leis e o controle do bem-estar animal nos sistemas produtivos brasileiros 
 
 
70 
 
para bovinos. Por esta razão, torna-se importante quantificar o período de tempo 
necessário para a transição e adaptação das vacas ao novo sistema de ordenha, medindo 
a influência dessa mudança na produção do leite. O período de adaptação dos animais 
ao novo sistema de ordenha varia de acordo com a raça, idade e o manejo dos animais 
na propriedade. Jago e Kerrisk (2011), analisaram 29 vacas e novilhas Holandesas, 
Jersey e mestiças, na Nova Zelândia, e observaram que, em quatro semanas de 
adaptação em um sistema de ordenha robotizada à pasto, 91% das novilhas e 81% das 
vacas já estavam adaptadas à ordenha mecânica. Esse estudo mostrou que novilhas se 
adaptam mais facilmente ao sistema de ordenha mecanizada, sendo indicado o 
condicionamento desses animais antes mesmo da ocorrência do primeiro parto. 
O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos comportamentais da 
implantação de uma ordenha mecanizada em animais da raça Gir, e identificar 
eventuais diferenças produtivas associadas ao novo sistema de ordenha adotado. 
 
MATERIAL E MÉTODOS 
Local e Período do Experimento 
Os dados coletados para a execução do trabalho foram provenientes da 
Fazenda Felipe Camarão, localizada no município de São Gonçalo do Amarante 
(RN). O município situa-se na mesorregião Leste Potiguar e na microrregião Macaíba, 
limitando-se com os municípios de Ceará-Mirim, Extremoz, Natal, Macaíba e Ielmo 
Marinho, abrangendo uma área de 261 km². A região apresenta clima tropical chuvoso 
com verão seco. A sede do município tem uma altitude média de 15m e apresenta 
coordenadas 05°47’34,8” de latitude sul e 35°19’44,4” de longitude oeste, distando da 
capital cerca de 16 km, sendo seu acesso, a partir de Natal, efetuado através da rodovia 
pavimentada RN-160. A fazenda pertence à EMPARN (Empresa de Pesquisa 
Agropecuária do Rio Grande do Norte), onde recebeu o nome de Fazenda RockFeller. 
Aspectos éticos 
Para realização da pesquisa, não foi realizado nenhum procedimento invasivo 
com os animais, sendo seguida a rotina de manejo proposta pela EMPARN. 
 
 
 
71 
 
Animais 
Foram utilizadas 20 vacas da raça Gir, com idade até 16 anos, que passaram 
pela transição de ordenha manual para ordenha mecânica. Os animais encontravam-
se saudáveis e em diferentes estágios de lactação. 
 
Identificação dos animais 
As vacas foram encaminhadas ao brete e, após serem contidas, realizamos a 
marcação através de numeração partindo no número 0 (zero). Os animais foram 
marcados na região do tórax e na garupa. Foi utilizada tinta atóxica a base d’água, sem 
diluição da tinta. A aplicação foi realizada com uso de pincéis, sendo adicionados 30 
ml de óleo de milho na tinta para melhorar a fixação. 
 
Sistema de produção e manejo da fazenda 
O sistema adotado para produção de leite é o extensivo, no qual as matrizes 
são soltas a campo, recebendo suplementação apenas na hora da ordenha. A pastagem é 
nativa (vegetação espontânea que possui algum tipo de valor forrageiro). São 
destinados 150ha para área de pastejo. O sal mineral e a água são ofertados ad libitum. 
O leite foi coletado de todos os animais que não se encontravam em período 
colostral, em fase de secagem, e aqueles em tratamento contra alguma enfermidade. 
A ordenha foi realizada manualmente até que houvesse a instalação da sala de 
ordenha mecânica tipo tandem. 
 
Procedimentos de ordenha 
Ordenha Manual 
Durante o período de ordenha manual, as vacas foram ordenhadas às 4h30min 
e às 15h00min e o manejo de ordenha seguiu a sequência: entrada dos animais na sala 
de ordenha, lavagem dos tetos com água, secagem dos tetos com papel toalha e início 
da ordenha manual. Na fazenda não é realizado o manejo de pré-dipping na ordenha 
manual. O bezerro foi levado para junto da mãe a fim de estimular a descida do leite 
 
 
72 
 
na vaca. Ao fim da ordenha, foi realizada a imersão dos tetos em solução iodada 
(processo de pós-dipping). Antes do início da ordenha os animais permaneceram em 
uma área de espera sombreada, com ventilação natural com acesso à água. Foi 
ofertado concentrado aos animais durante o período da ordenha manual. 
Ordenha Mecânica tipo tandem 
No período de ordenha mecânica, as vacas foram ordenhadas às 6h00min e às 
16h30min e o manejo de ordenha seguiu a sequência: entrada dos animais na sala de 
ordenha, lavagem dos tetos com água, pré-dipping, secagem dos tetos com papel 
toalha e acoplamento das teteiras, retirada do conjunto, pós-dipping e saída dos 
animais. Só foi ofertado concentrado aos animais quando os mesmos ainda estavam 
na sala de ordenha mecânica. 
Para as etapas durante a ordenha manual e mecânica, usamos as medidas 
comportamentais descritas na Tabela 1. 
Tabela 1. Descrição dos eventos comportamentais no ambiente de ordenha manual e 
mecânica. 
Escore Descrição dos eventos 
01-Dócil 
 
Apoja rápido, calma, rumina, movimenta-se pouco, não dá coice 
 
02-Levemente agitado 
Comportamento vigilante: parado olhar fixo, movimenta orelha em 
direção ao ruído/movimento de pessoas 
 
03-Agitado 
Movimentação da cauda, patas e abertura das narinas durante 
manipulação, observação e ordenha. Urina e defeca 
 
04-Muito agitado 
Resiste ao toque, urina e defeca, entra na sala de espera após ser 
forçada, não permanece muito tempo na mesma posição, movendo-se 
continuamente, movimenta a cauda, sapateia durante manipulação e 
observação; movimentos respiratórios marcantes (tórax e narinas) 
 
05-Violento 
Comportamento do Escore 04, mais reação de violência ao toque 
(cabeçada, coice, mordida, vocalização) 
 
 
Medidas de produção 
A produção de leite foi medida mensalmente e individualmente nas ordenhas da 
manhã e tarde através de medidor graduado acoplado em cada unidade de ordenha e 
 
 
73 
 
obedecendo à rotina da propriedade. 
Em ambas as ordenhas, manual e mecânica, foram retiradas amostras de 
aproximadamente 25 ml de leite, na ordenha da tarde, e colocadas em frascos estéreis 
de 70 ml, contendo o conservante (2-bromo-2-nitropropano-1,3-diol). Os frascos 
foram identificados com o nome do animal e mantidos em refrigeração, até a segunda 
coleta do leite, realizada pela manhã, em que foram coletados mais 25ml de leite, 
e posteriormente misturados à terceira coleta de leite da ordenha da tarde, em que 
foram coletados 20 ml de leite formando um conteúdo homogêneo de 70 ml. 
Período de adaptação dos animais à sala de ordenha mecânica 
As vacas que estavam em lactação foram conduzidas para a sala de espera, no 
período da tarde, e permaneceram por 20 minutos no local. A sala de espera 
caracteriza- se como um espaço a céu aberto que antecede o galpão da ordenha 
mecânica. Nesse espaço, as vacas ficaram sem acesso a água e comida. 
Após a permanência na sala de espera, na primeira semana os animais 
passaram pela sala de ordenha sem parar; na segunda semana as vacas foram contidas 
na sala de ordenha, e a bomba da ordenha acionada; e na terceira semana elas foram 
peadas e suas tetas manipuladase em seguida conduzidas para a ordenha no galpão 
de arroçoamento. 
Análise dos dados 
Inicialmente, com base nos registros das categorias comportamentais 
apresentados na Tabela 1, foi definido o escore de temperamento/reatividade (ET) 
por animal para cada um dos tipos de ordenha (manual e mecânica), sendo a vaca 
classificada como dócil, levemente agitada, agitada, muito agitada, violenta. Em 
seguida, os dados foram caracterizados quanto à esfericidade e normalidade (teste de 
Shapiro Wilk), e para a comparação do ET dos animais utilizamos o teste de Mann-
Whitney. 
No que se refere à produção, para identificar a influência do tipo de ordenha 
(manual e mecânica tipo tandem), através de cálculos no programa R, criamos um 
vetor de médias englobando a respectiva média de cada vaca em um tipo de ordenha. 
Assim, foram criados dois vetores, um vetor com as médias das 20 vacas na ordenha 
mecânica e outro vetor com as médias das 20 vacas na ordenha manual e, 
 
 
74 
 
posteriormente realizamos um Teste t pareado. A partir da noção dessa variação 
individual, calculamos os desvios-padrão de cada vaca em cada ordenha e depois 
aplicamos o logaritmo e comparamos a produção em cada tipo de ordenha através do 
Teste t pareado. Além disso, testamos se as variâncias do vetor seriam iguais (usando 
o teste F de comparação de variâncias). Procedemos com o cálculo dos Logaritmos 
(na base e) dos desvios padrões (DP) para analisarmos como os dados estavam 
variando, com o objetivo de testar a variabilidade das ordenhas. 
Para todas análises consideramos o nível de p < 0,05 para verificação da 
significância. 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Na primeira e segunda semana de adaptação dos animais à sala de ordenha 
mecânica, as vacas vocalizavam, defecavam e urinavam frequentemente sugerindo 
desconforto ou estresse com o novo ambiente de ordenha. Incidências de vocalização, 
defecação e micção são indicadores de estresse agudo ou medo em bovinos (Grandin, 
1998). Na terceira semana de adaptação os incidentes quase desapareceram. A rápida 
diminuição desses comportamentos relacionados com o estresse pode ser devido as 
vacas estarem mais confortáveis com a sala ordenha. A Figura 1 apresenta o percentual 
da frequência comportamental expresso durante os procedimentos de ordenha manual (a) 
e após a instalação da ordenha mecânica (b). Nota-se que a maior parte dos animais 
permanece na categoria dócil. Acreditamos que tal padrão tenha sido resultado de uma 
adaptação adequada aliada ao manejo e docilidade da raça. 
 
 
 
75 
 
 
 
Figura 1. Frequência comportamental por dia de observação na ordenha manual (a) e na ordenha 
mecânica (b). 
 
Na Figura 2a vemos que os pontos estão bem dispersos e as médias de 
produção de leite a partir da ordenha mecânica e manual estão próximas, ou seja, não 
 
 
76 
 
há grandes diferenças quanto à quantidade de leite produzido entre as ordenhas. Ao 
analisarmos a Figura 2b, notamos que a diferença das médias se aproximam de zero, 
levando ao entendimento que não houve grande diferença entre os dois tipos de 
ordenha. Contudo, ao retornarmos nossa atenção ao gráfico de dispersão das médias 
(Figura 2a), neste gráfico podemos também observar a dispersão individual, e 
olhando sempre verticalmente, notamos que as médias vão se alternando, ou seja, em 
algumas vacas a média da ordenha mecânica é maior do que a ordenha manual, ou vice-
versa, não há um padrão único observado. Para algumas fêmeas, isso é um indicativo 
ques tiveram um bom ajuste às novas práticas de manejo, estabelecendo uma relação 
de confiança com os trabalhadores e com o ambiente de ordenha (Pajor et al., 2000; 
Kilgour et al., 2006; Petherick et al., 2009). No entanto, para outros animais, o ponto 
da ordenha mecânica não apareceu no gráfico, significando que o animal zerou a 
produção de leite com o novo método. 
Ambientes novos têm sido associados ao aumento dos níveis de tensão dos 
bovinos (Grandin, 1997). Quando as vacas são ordenhadas a partir de um sistema 
convencional (manual) e passam para uma sala de ordenha mecânica elas são expostas 
a um ambiente desconhecido. Os zebuínos são considerados de temperamento ruim 
pelos trabalhadores rurais brasileiros, pois apresentam dificuldade de manejo, 
aumento dos riscos de acidentes aos trabalhadores rurais e perdas produtivas (Maffei et 
al., 2006). 
De acordo com Grandin (2007), boas condições de criação e experiências 
precoces e positivas de manipulação têm forte impacto sobre o temperamento e a 
produção do gado leiteiro. Em seu trabalho, Grandin constatou que vacas leiteiras, da 
raça Red Angus, obtiveram uma rápida adaptação quando foram previamente 
treinadas para uma nova rotina na sala de ordenha. 
 
 
77 
 
(a) (b) 
 
Figura 2. Gráfico de dispersão das médias e boxplot das diferenças das médias da produção 
de leite na ordenha manual e mecânica. 
 
 
 
 
Figura 3. Gráfico da dispersão dos logaritmos do desvio-padrão 
 
Outro resultado importante é que a variabilidade dos dados é maior na ordenha 
mecânica do que na ordenha manual. Na Figura 3 visualizamos que os pontos da 
 
 
78 
 
ordenha mecânica na maioria das vacas se encontram acima da ordenha manual, 
mostrando que há uma maior variabilidade na ordenha mecânica. Ao testarmos o log 
dos desvios-padrão observamos que houve diferença significativa na variação da 
produção de leite (as vacas, quando consideradas individualmente, tiveram maior 
variação de produção na ordenha mecânica) (t(18) = 0,562, p < 0,005). Estes 
resultados apoiam os de Weiss et al. (2004), que relataram uma variação individual na 
produção de leite durante os primeiros eventos de ordenha mecânica quando há uma 
transição de uma ordenha manual. É possível que o estágio de lactação e a estação do 
ano tenham influenciado diretamente nesses índices. Os animais estavam em categorias 
de produção diferentes, alguns já se encontravam no estágio final da lactação, 
sabemos que o estágio de lactação afeta diretamente os índices produtivos e a 
composição química do leite (Rosa, 2016). 
De modo geral, os resultados obtidos mostram que não houve indícios 
estatísticos de que algum tipo de ordenha se sobressai sobre a outra, ou seja, através de 
testes realizados vimos que não há diferenças significativas entre a produção média 
de leite na ordenha mecânica e manual. As vacas apresentaram rápida adaptação, que 
favoreceu a postura comportamental desses animais diante da ordenha mecanizada, 
resultando em níveis de produção satisfatórios. Porém, quando consideradas 
individualmente, as vacas ordenhadas mecanicamente obtiveram uma maior variação 
na produção de leite. Resultados semelhantes foram encontrados por Jacobs e 
Siegford (2012), quando submeteram vacas holandesas ao sistema de ordenha 
mecânica, em que houve rápida adaptação ao novo sistema de ordenha com a média de 
produção mantidas. 
O presente estudo apresentou algumas limitações devido à rotatividade de 
animais (compra/venda) na fazenda, interferindo na permanência dos animais no 
local do experimento. Outro fator limitante durante o período experimental foi a falta 
de dados referente ao estágio de lactação e peso dos animais. 
O estudo atual pode proporcionar aos agricultores expectativas realistas para 
suas vacas durante o período de transição da ordenha manual para a mecânica. 
Através do presente estudo podemos definir os padrões comportamentais dos animais 
e notificar os indicativos de desconforto que pode ocasionar na não adaptação de 
vacas a novos sistemas de ordenha, interferindo diretamente a produção. 
 
 
79 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A utilização de indicadores comportamentais na avaliação de bem-estar em 
vacas leiteiras é uma ferramenta muito valiosa, considerando a dificuldade da 
utilização de indicadores fisiológicos e imunológicos, quer pelo inconveniente de 
recolha de amostras, como pelos custos inerentes. Atravésda observação das medidas 
comportamentais é possível constatar a frequência de comportamentos, sinalizando se 
o animal encontra-se confortável ou não quando inserido em um novo manejo. Através 
da adaptação e manejo adequado, os animais deste estudo se adaptaram ao novo 
sistema de ordenha mecânica implantado na fazenda, apresentando comportamento 
dócil. 
Os resultados deste estudo ressaltam a importância de tomar decisões acertadas 
sobre o manejo e adaptação dos animais diante de uma troca de rotina, com foco no 
comportamento, a fim de se obter animais adaptados que resultem em bons índices 
produtividade. 
A substituição da ordenha manual pela ordenha mecânica mostrou resultados 
satisfatórios. Apesar de não aumentar significativamente a produção, a ordenha 
mecânica pode reduzir consideravelmente o tempo das ordenhas e a necessidade de 
mão-de-obra. As vacas Gir obtiveram bom desempenho na ordenha mecânica, tendo 
o seu temperamento e rusticidade como ponto a favor no processo de adaptação. O 
processo de adaptação à sala de ordenha se mostrou eficiente e efetivo. 
 
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83 
Artigo empírico 2 
Influência da implementação de um novo sistema de ordenha 
robotizada (ordenha mecânica carrossel) no bem-estar e produção de 
leite de búfalas da raça Murrah. 
Araújo, P.M.1; Lopes, F.A. 2 
1 Programa de Pós­graduação em Psicobiologia – UFRN 
2 Programa de Pós­graduação em Psicobiologia – UFRN 
 
RESUMO 
Atualmente, o bem­estar animal tem sido uma preocupação comum entre os grupos de 
ambientalistas, veterinários, pesquisadores e criadores. Leva­se em conta não apenas a 
conscientização de como tratar os animais, mas também o ganho econômico. Este pode 
vir de medidas que levam ao bem­estar animal, com o consequente aumento da 
produção e adequação ao manejo. Os búfalos se desenvolvem melhor que os bovinos 
em função da maior capacidade de aclimatação, resistência às intempéries ambientais e 
principalmente por possuírem maior e melhor capacidade digestiva. A exploração dos 
bubalinos para a produção de leite e elaboração de seus derivados é uma atividade que 
tem crescido nos últimos anos no Brasil. Aordenha mecanizada possibilita a extração 
do leite de forma rápida e segura, favorecendo a qualidade do produto. No Brasil, a 
ordenha mecânica tipo espinha­de­peixe é uma das mais utilizadas; em contrapartida, a 
ordenha carrossel é pouco utilizada devido ao alto investimento. O objetivo deste 
trabalho foi avaliar os efeitos da implantação do sistema de ordenha carrossel, e 
identificar eventuais diferenças produtivas e comportamentais associadas ao novo 
sistema de ordenha adotado em um rebanho bubalino da raça Murrah. Foram utilizadas 
20 búlafas da raça Murrah, que passaram pela ordenha mecânica tipo espinha­de­
peixe e posteriormente foram ordenhadas pela ordenha mecânica tipo carrossel. 
Verificou­se que a transição entre os dois tipos de ordenha, de modo geral, não 
alterou os índices produtivos da fazenda. Através do manejo adequado, os animais 
se adaptaram ao novo sistema, não havendo alterações comportamentais e 
produtivas. 
Palavras chave: Bem­estar, búfalo, produção, Murrah. 
 
84 
 INTRODUÇÃO 
A longevidade produtiva, a significativa adaptabilidade a variadas condições 
ambientais e a alta fertilidade permitiram que em pouco mais de 100 anos, a 
bubalinocultura no país apresentasse evolução expressiva e relevante importância para 
diversos criadores que encontraram nessa atividade uma forma de explorar terras 
impróprias para outros animais de produção (Almeida et al., 2013). A pecuária bubalina 
vem sendo praticada e apresentando excelente desempenho, sendo os produtos 
diferenciados os pontos altos da exploração. A grande demanda da classe produtora de 
búfalos de todo o país é por animais provados e ou testados, para a produção de carne e 
leite. 
Os bubalinos são animais polivalentes criados principalmente para fins de 
extração de laticínios (Borghese, 2005). Em comparação com o conjunto de animais 
bovino, eles são relativamente resistentes a doenças e altamente adaptáveis a diferentes 
ambientes onde o gado não pode fornecer produtividade semelhante (De la Cruz et al., 
2014). Os búfalos são frequentemente considerados como grandes animais dóceis 
(Desta, 2012) que são geralmente mais curiosos que os bovinos (Napolitano et al., 
2013). No entanto, observações de Hoogesteijn e Hoogesteijn (2008) sugerem que 
búfalos exibam comportamento defensivo contra predadores. Para o gado, os seres 
humanos podem frequentemente ser associados como potenciais predadores, evocando 
o medo, especialmente se não estiverem habituados à presença de pessoas e mudança no 
ambiente de manejo (De la Cruz et al., 2018). Dessa forma, os búfalos podem mudar o 
comportamento, após a domesticação, para a condição selvagem. Isso pode ocorrer se 
não forem gerenciados de acordo com a rotina de manejo adequada (Hoogesteijn & 
Hoogesteijn, 2008). Quando isso acontece, os manipuladores tendem a confiar mais nas 
práticas coercitivas e no uso da força, especialmente se não forem qualificados (Ahsan 
et al., 2014; Napolitano et al., 2017). 
A produção de leite de búfalas retrata uma atividade de imensurável importância 
em muitos países do mundo, dos quais os países asiáticos e a Itália se destacam. O 
búfalo tem despertado o interesse crescente dos criadores e dos órgãos de pesquisa no 
Brasil, não obstante a sua recente introdução, e com o rebanho ainda em formação como 
nova alternativa para a pecuária leiteira (Jorge et al., 2002). Os bubalinocultores 
brasileiros estão interessados em aumentar a quantidade e qualidade de búfalos com 
foco na produção de leite, o que tem promovido aumento na produção de búfalos em 
 
85 
diferentes regiões do país. Os produtos lácteos de leite bubalino são importantes opções 
disponíveis nas prateleiras dos supermercados para consumidores que estão à procura de 
um produto diferenciado, não só pelo seu sabor especial e característico, mas também 
por um produto de alta qualidade e segurança sanitária (Araújo et al.,2012). 
A pecuária leiteira é economicamente muito importante no cenário mundial. O 
leite é um dos principais alimentos consumidos em todo o mundo e, por essa razão, 
milhões de pessoas se empregam direta ou indiretamente nesta atividade. A diminuição 
do número de propriedades rurais é a tendência do cenário mundial da produção leiteira, 
com um elevado aumento da quantidade de animais (Maculan & Lopes, 2016). Esse 
novo perfil demanda alta qualidade e quantidade de mão­de­obra humana, que está 
escassa e com custos elevados devido, dentre outros fatores, ao êxodo rural. Tem sido 
preconizado o uso de equipamentos que minimizem ao máximo a mão de­obra humana, 
mantendo a eficiência e a qualidade do produto final (Hansen, 2015). Segundo Lopes 
(1997), as tecnologias favorecem a vida dos produtores, facilitando o trabalho, como 
também aumenta a produtividade na atividade leiteira. Entretanto, nota­se que os 
produtores não utilizam a maioria das tecnologias disponíveis no mercado, seja por falta 
de conhecimento ou por falta de investimento. 
Os robôs ordenhadores são uma das tecnologias inovadoras e que tenta ganhar 
espaço no mercado atual. A ordenha robotizada consiste em um braço mecânico que 
realiza todos os processos da ordenha, sem a intervenção direta do homem. Tal 
tecnologia foi implantada em 1992 na Holanda (Koning, 2010) e, devido aos altos 
custos de implantação, este tipo de ordenha é encontrada mais facilmente em países 
desenvolvidos, principalmente na Europa, que deve possuir, atualmente, mais de 10.000 
rebanhos utilizando esse sistema (Holloway et al., 2014). Apesar dos custos elevados, a 
ordenha mecânica ou robotizada pode gerar benefícios para o pecuarista e para os 
animais submetidos a esse sistema. Durante o processo de implantação do sistema de 
ordenha mecânica, e mesmo após o estabelecimento da rotina na ordenha, alguns 
animais podem demonstrar agressividade com coices e movimentos excessivos e, diante 
disso, é de grande importância realizar a adaptação dos animais que serão introduzidos 
em um novo tipo de ordenha, evitando maiores danos aos produtores. 
Em todo o mundo o número de estudos sobre comportamento animal tem 
aumentado. Deve­se salientar que, atualmente, a preocupação com o bem­estar animal 
tem determinado a aceitabilidade dos produtos de origem animal pelos consumidores 
 
86 
nos países desenvolvidos, com implicações na elaboração de leis e políticas públicas e 
no mercado global, constituindo as polêmicas barreiras não tarifárias (Blokhuis et al., 
2000; Boissy et al., 2002; Bowles et al., 2005). O estudo do comportamento dos 
animais é de fundamental importância na pecuária leiteira, pois de acordo com a sua 
natureza serão atingidos maiores ou menores níveis de estresse, com efeitos no 
bem­estar e na produtividade animal. As relações entre humano­animal têm recebido 
mais atenção, pois as búfalas em lactação estão em contato com humanos a maior parte 
do dia, fazendo com que esse aspecto seja relevante na produção. Sob o ponto de vista 
da produção animal, a importância deste estudo está na possibilidade de associações 
entre atitudes comportamentais e características de interesse zootécnico, tais como a 
produção leiteira. 
Em toda a cadeia de produção animal, existe um alto risco de comprometimento 
do bem­estar animal, que pode ser causado por desvios de regulamentos e diretrizes e 
práticas impróprias de manejo/manejo. Vários estudos identificaram essas questões e 
indicaram como os danos ao bem­estar animal podem ser minimizados. Grande parte 
desse conhecimento já foi implementado em códigos legislativos, diretrizes voluntárias, 
práticas da indústria e procedimentos operacionais padrão. No entanto, apesar dos 
esforços neste campo, ainda existem riscos significativos para o bem­estar animal, e 
isso é especialmente verdadeiro para o búfalo. Nesta espécie, apesar do rápido 
crescimento na indústria, há uma pesquisa limitada sobre o bem­estar relacionado ao 
manuseio, transporte, ordenhae abate (De la Cruz et al. 2018). 
 Este trabalho objetivou avaliar o comportamento de búfalas da raça Murrah na 
sala de ordenha sob a influência de diferentes tipos de ordenha robotizada (mecânica) 
verificando sua interferência no desempenho produtivo. 
 
MATERIAL E MÉTODOS 
Local e Período do Experimento 
Os dados coletados para a execução do trabalho foram provenientes da 
Fazenda Tapuio, localizada no município de Taipu (RN). O município de Taipu 
situa­se entre a microrregião Leste Potiguar e a microrregião Litoral Nordeste, 
distando da capital cerca de 60 km, sendo seu acesso, a partir de Natal, efetuado 
 
87 
através da rodovia pavimentada BR ­ 406. Possui um clima do tipo tropical chuvoso, 
com verão seco e estação das águas bem próxima do outono, correspondendo no 
intervalo dos meses de abril a junho. A temperatura anual varia perto dos 25,3°C com 
uma umidade relativa anual por volta de 80% (Prefeitura de Taipu, 2015). Com cerca 
de 48m de altitude, possui as seguintes coordenadas geográficas: latitude: 5° 37’ 20” 
Sul e Longitude: 35° 35’ 43” Oeste (IBGE, 2010). 
 
Animais 
Foram observadas 20 búlafas da raça Murrah, com idade até 15 anos, que 
passaram pela ordenha mecânica tipo espinha­de­peixe e posteriormente foram 
ordenhadas pela ordenha mecânica tipo carrossel. Os animais encontravam­se 
saudáveis e em diferentes estágios de lactação. A escolha dos animais se deu 
através do lote de produção, os animais que estavam no lote de maior produção de 
leite (acima de 12 litros de leite por dia) foram selecionados. 
Identificação dos animais 
Após o término da ordenha, antes dos animais serem liberados, foi realizada 
a marcação através de numeração partindo do número 1 (um). Os animais foram 
marcados na região do tórax e na garupa. Foi utilizada tinta branca a base d’água. 
Foi feita diluição da tinta na proporção de 1:1; a mesma foi aplicada com uso de 
pincéis. 
 
Sistema de produção e manejo da fazenda 
O sistema adotado para produção de leite é o extensivo, no qual as matrizes 
são soltas a campo, recebendo suplementação apenas na hora da ordenha. Os 
animais lactantes são mantidos em pastejo rotacionado em pastos formados de sua 
quase totalidade por capim Massai, híbrido natural de Panicum maximum, cultivar 
bastante adaptado a região. O restante do pasto é composto por Brachiaria 
brizantha, cultivar Marandu. Durante a ordenha as matrizes recebem concentrado a 
base de caroço de algodão e farelo de girassol juntamente com ureia e sal mineral. 
Ainda são fornecidos suplementos a base de cana de açúcar e palma, em períodos 
com disponibilidade de pasto em função da época seca. O sal mineral e a água são 
ofertados ad libitum. 
 
 
88 
Aspectos produtivos 
Análise físico-química do leite 
Semanalmente ocorre a pesagem do leite nos dois turnos da ordenha, manhã 
e tarde, cada animal tem seu volume de leite diário contabilizado, obtendo assim, a 
separação/reorganização dos animais por lote de produção. Este manejo é muito 
importante para a fazenda, uma vez que a mensuração do leite determina a passagem 
do animal de um lote para o outro, e consequentemente a determinação do consumo 
de matéria seca (CMS) por grupo. 
Mensalmente são enviadas amostras de leite das búfalas em lactação para o 
PROGENE, com o objetivo de ter uma noção mais precisa sobre a composição do 
leite (determinação dos teores de proteína, lactose, gordura, extrato seco, extrato 
seco desengordurado) além da contagem de células somáticas (CCS) e contagem 
bacteriana total (CBT). 
Procedimentos de ordenha 
Horários da ordenha 
A ordenha era realizada diariamente em dois turnos, de manhã iniciando às 
cinco horas da manhã e com término por volta de 12:00 horas. O turno da tarde se 
inicianda às 15:00 horas e com término em torno das 22:00 horas. O sistema de 
ordenha é mecânico, tipo espinha­de­peixe com duas linhas paralelas de 20 postos 
cada, no qual as búfalas são ordenhadas sem a presença do bezerro e também o 
sistema de ordenha tipo carrossel, com os mesmos 40 postos. É realizado o pré-
dipping e o pós-dipping. 
 
Observação da resposta comportamental no ambiente de ordenha 
Mecânica espinha-de-peixe ­ As observações comportamentais no ambiente 
de ordenha mecânica espinha­de­peixe foram realizadas 5 vezes na semana por um 
observador, durante os meses de novembro e dezembro de 2015 através da planilha 
de observações previamente elaboradas. As búfalas estavam inseridas no lote 
ponteiro, este lote representa os animais que estão acima da média de produção, 
com búfalas produzindo a partir de 12 litros de leite por dia. Eram ordenhadas 40 
búfalas por vez, com 20 indivíduos sendo observados por vez. O método de 
observação comportamental foi o Behaviour sampling (amostragem 
comportamental). A duração da ordenha foi em média de 5 minutos por animal. 
 
89 
Mecânica tipo carrossel - As observações comportamentais no ambiente de 
ordenha mecânica tipo carrossel foram realizadas 5 vezes na semana por um 
observador, durante 20 dias, através de planilha de observações previamente 
elaborada. Foi avaliado o comportamento dos animais participantes do lote 
ponteiro. Foram ordenhadas 40 búfalas por vez, com 20 indivíduos sendo 
observados comportamentalmente pelo método Behaviour sampling. 
Os registros comportamentais respeitaram as categorias apresentadas na Tabela 
1. 
 
Tabela 1. Descrição dos eventos comportamentais no ambiente de ordenha manual e 
mecânica. 
Escore Descrição dos eventos 
01­Dócil 
 
Apoja rápido, calma, rumina, movimenta­se pouco, não dá coice 
 
02­Levemente agitado 
Comportamento vigilante: parado olhar fixo, movimenta orelha em 
direção ao ruído/movimento de pessoas 
 
03­Agitado 
Movimentação da cauda, patas e abertura das narinas durante 
manipulação, observação e ordenha. Urina e defeca 
 
04­Muito agitado 
Resiste ao toque, urina e defeca, entra na sala de espera após ser 
forçada, não permanece muito tempo na mesma posição, movendo­se 
continuamente, movimenta a cauda, sapateia durante manipulação e 
observação; movimentos respiratórios marcantes (tórax e narinas) 
 
05­Violento 
Comportamento do Escore 04, mais reação de violência ao toque 
(cabeçada, coice, mordida, vocalização) 
 
 
Período de adaptação dos animais à sala de ordenha mecânica carrossel 
As búfalas que estavam em lactação foram conduzidas para a sala de espera, 
e permaneceram por 20 minutos no local. A sala de espera caracteriza­se como um 
espaço coberto que antecede o galpão da ordenha mecânica. Nesse espaço, as 
búfalas ficaram com acesso a água. No período de adaptação a nova ordenha, após a 
permanência na sala de espera, na primeira semana os animais iniciaram a 
adaptação a sala de ordenha mecânica carrossel. As búfalas entraram no carrossel, 
foi realizado o giro do carrossel, e as búfalas foram liberadas. Na segunda semana, 
adicionado ao giro do carrossel, foram ligadas as bombas. Na terceira semana de 
adaptação foi iniciada a colocação das teteiras. Não houve necessidade de 
 
90 
prorrogação do período de adaptação. 
 
Análise dos dados 
Com base nos registros das categorias da Tabela 1, foi definido o escore de 
temperamento/reatividade (ET) nas duas fases de ordenha (mecânica tipo espinha­
de­ peixe e mecânica tipo carrossel). 
Depois de efetuadas as análises do leite, os resultados foram submetidos à 
análise estatística descritiva para agrupar os dados. Em seguida, foi realizado o 
Teste de Kolmogorov­Smirnov para verificação da normalidade dos dados. Uma vez 
que os dados não apresentaram uma distribuição normal (KS ≥ 0,104 ≤ 0,390; p ≤ 
0,042), foi o utilizado o teste de Mann Whitney para a comparação dos índices 
produtivos para cada tipo de ordenha. Foi verificada a influência do escore 
comportamental dos animais (dócil, levemente agitada, agitada, muito agitada, 
violenta) e da alteração do tipo de ordenha na composição química do leite,quanto 
aos índices de gordura, proteína, sólidos totais e contagem de células somáticas. 
Para todas as análises consideramos o nível de p < 0,05 para verificação da 
significância. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Os búfalos têm se destacado como animais dóceis, com excelente adaptabilidade 
aos diversos ambientes (Couto, 2012). Grandin (1998) observou que animais altamente 
reativos se tornarão mais agitados e medrosos quando confrontados por novidade. A 
bubalinocultura é uma atividade que vêm ganhando destaque no Brasil devido à sua 
capacidade de trabalho animal, como também de produção de carne e leite (Santini et 
al., 2013). No Rio Grande do Norte, a Fazenda Tapuio é pioneira nesse ramo e investe 
em tecnologia para otimizar os índices produtivos. As variáveis analisadas para verificar 
a influência no processo de adoção do novo sistema de ordenha mecânica carrossel 
fornecem ao produtor um diagnóstico de como o animal reage e as consequências do 
comportamento dos animais sobre a produção. 
Nas semanas de adaptação dos animais à sala de ordenha carrossel, as búfalas 
permaneceram atentas. Vocalização, micção e defecação foram observadas durante o 
período em frequências muito baixas, contudo, não houve resistência dos animais para 
 
91 
realizar o processo de entrada e saída do carrossel. A vocalização, defecação e micção 
são respostas apresentadas pelo animal perante uma ação de estresse e representa uma 
tentativa de restabelecer o equilíbrio orgânico, a olostase (Bristow & Holmes, 2007). 
Na terceira semana de adaptação, essas ocorrências diminuíram devido os animais 
estarem mais familiarizados ao novo ambiente de ordenha. 
A Figura 1 apresenta o percentual da frequência comportamental na ordenha 
mecânica espinha­de­peixe, antes da instalação da ordenha carrossel (a); e após a 
instalação da ordenha carrossel (b). Nota­se que a maior parte dos animais permanece 
na categoria dócil durante a ordenha espinha­de­peixe (Figura 1a). Estes resultados 
provavelmente se devem à maior docilidade dos bubalinos, o que leva a um menor 
estresse (Jorge et al., 2006). A Figura 1b apresenta o percentual da frequência 
comportamental após a instalação da ordenha carrossel. Podemos observar que, apesar 
da alteração da rotina dos animais, as búfalas Murrah reagiram bem à instalação da nova 
sala de ordenha. Sabemos que o período de adaptação e o manejo não aversivo na 
fazenda contribuíram para que os animais se sentissem confortável no novo ambiente de 
ordenha. Foi observado que os recursos como o banho e a ventilação na sala de espera, 
também contribuíram para deixar os animais mais calmos. 
 
 
92 
 
Figura 1. Frequência comportamental por dia de observação na ordenha mecânica 
espinha­de­peixe (a) e ordenha tipo carrossel (b). 
Por ser um método de ordenha inovador, a ordenha carrossel ainda não está 
facilmente implementada em fazendas de produção bubalina. Sendo a fazenda 
Tapuio a única do país a oferecer esse tipo de ordenha para produção de leite 
bubalino. Artigos e trabalhos na área de adaptação bubalina ao sistema de ordenha 
mecânica não são facilmente encontrados. 
 A Figura 2 apresenta as medianas de comparação entre a ordenha espinha­
de­peixe (antes) e a ordenha carrossel (depois). Observa­se que, considerando os 
dois tratamentos, não foram observadas diferenças significativas para a produção (U 
= 795,000; Z = ­1,758; p = 0,79) (Figura 2a). Para alguns dos componentes 
produtivos, a saber, gordura (U = 999,000; Z = ­0,170; p = 0,8650), lactose (U = 
869,000; Z = ­1,074; p = 0,283) e contagem de sólidos (U = 893,500; Z = ­0,957; p 
= 0,339), bem com para a contagem de células somáticas (CCS ­ U = 475,500; Z = ­
0,640; p = 0,522), também não foram observadas diferenças significativas entre os 
dois tipos de ordenha (Figuras 2b, 2d, 2e, 2f). No entanto, para os índices de 
proteína no leite, estes se apresentaram significativamente mais elevados após a 
implementação da ordenha carrossel (proteína ­ U = 556,500; Z = ­3,677; p < 
 
93 
0,001) (Figura 2c). Os teores de proteína são influenciados por fatores ambientais e 
nutricionais (Yang et al., 2006; Zen, et al., 2006). Os meses em que foi realizada a 
coleta de dados na ordenha carrossel foram maio e junho, meses que compreende o 
período de chuvas na região. As pastagens apresentam­se mais verdes e mais fartas, isso 
influencia a ingestão do pasto e, consequentemente, na qualidade final do leite 
(Figueiredo et al., 2010). 
 
Figura 2. Medianas de comparação entre parâmetros produtivos na ordenha 
espinha­de­peixe e a ordenha carrossel. 
 
94 
O búfalo é uma espécie com excelentes características zootécnicas. Como 
resultado do aumento constante no consumo de subprodutos de origem bubalina, as 
fazendas enfrentam necessidade de aumentar o número de animais criados e aperfeiçoar 
o manejo. Neste sentido, resultados produtivos e comportamentais foram alcançados de 
forma satisfatória diante da troca do sistema de manejo da fazenda, principalmente 
devido ao processo de adaptação que favoreceu positivamente o bem­estar dos animais. 
Em termos de produção e qualidade do leite, a ordenha mecânica carrossel pode ser uma 
alternativa adequada à ordenhas mecânicas convencionais para búfalos. Sannino et al. 
(2018), constataram rápida adaptabilidade de bubalinos da raça Mediterrâneo mediante 
troca de manejo de ordenha manual para ordenha mecânica, não havendo perdas 
produtivas e alterações comportamentais. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A observação comportamental no ambiente de ordenha é um instrumento de 
suma importância para a determinação do escore temperamental do animal que por sua 
vez é imprescindível para determinar o nível de bem­estar e o condicionamento diante 
dessa atividade, minimizando assim, problemas e consequências negativas para os 
tratadores, animais e produtor. 
Por sua vez, a adoção de novas tecnologias é fundamental para o 
desenvolvimento agropecuário. Os sistemas de ordenha mecânica permitem uma 
produção eficiente de leite, através da automatização completa do processo de ordenha, 
levando em consideração o bem­estar animal e menos esforço humano. O sistema de 
ordenha carrossel possibilita rapidez e segurança durante a ordenha dos animais. 
As búfalas, como qualquer animal, se adaptam rápido a tudo aquilo que lhes dá 
conforto. Assume­se, portanto, que ordenha mecânica carrossel de búfalas é possível 
sem a necessidade perdas na produtividade e desconforto dos animais. Tal conclusão é 
pautada na comparação realizada no presente trabalho, em que acompanhamos o 
período de adaptação gradativa para implantação da ordenha carrossel da fazenda. 
Portanto, após uma adaptação eficiente e bons índices produtivos como resultado, pode­
se dizer que as búfalas se adaptaram bem à ordenha mecânica carrossel. 
 
 
95 
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CONCLUSÕES GERAIS 
 
A principal questão que norteou este estudo foi avaliar como a mudança de 
manejo, implantação de um novo sistema de ordenha, poderia impactar o 
comportamento dos animais como também seus dados produtivos. O estudo mostrou-se 
viável para ambas as propriedades rurais envolvidas neste projeto, pois a adoção de 
novas tecnologias é fundamental para o desenvolvimento agropecuário. 
A utilização de indicadores comportamentais na avaliação de bem-estar animal é 
uma ferramenta valiosa. Evidenciou-se na tese que a qualidade e produtividade do leite 
de bovinos e bubalinos está ligada às boas práticas de manejo, que também envolve o 
conhecimento do perfil comportamental desses animais. 
Os resultados deste estudo ressaltam a importância de tomar decisões acertadas 
sobre o manejo e adaptação dos animais diante de uma troca de rotina. Através dos 
resultados obtidos verifica-se que a troca do sistema de ordenha não causou danos 
produtivos e comportamentais aos bovinos da raça Gir e aos bubalinos da raça Murrah. 
Esses resultados não corroboraram com as hipóteses e predições H1 e H3, em que foi 
enunciado que a implantação de um tipo de ordenha diferente aos que os animais 
estão condicionados iria interferir na produção do leite e nos valores produtivos. Os 
animais apresentaram uma resposta clara ao período de adaptação ao novo ambiente, o 
que favoreceu a uma maior adaptabilidade. 
Apesar de não ter corroborado com as hipóteses iniciais, este estudo apresenta 
informações valiosas aos produtores rurais, indicando a importância de manter o bem-
estar animal diante de trocas bruscas no manejo. 
 
 
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
 COMISSÃO DE ÉTICA NO USO DE ANIMAIS – CEUA
Av. Salgado Filho, S/N – CEP: 59072-970 – Natal / RN
Fone: (84) 9229-6491 / e-mail: ceua@reitoria.ufrn.br
CERTIFICADO
Natal (RN), 27 de fevereiro de 2018.
Certificamos que a proposta intitulada “Influência do temperamento de bubalinos da 
raça Murrah sobre produção e composição do leite”, protocolo 005/2018, CERTIFICADO nº 
076.005/2018, sob a responsabilidade de Fívia de Araújo Lopes - que envolve a produção, 
manutenção e/ou utilização de animais pertencentes ao filo Chordata, subfilo Vertebrata 
(exceto o homem), para fins de pesquisa científica (ou ensino) - encontra-se de acordo com os 
preceitos da Lei n.º 11.794, de 8 de outubro de 2008, do Decreto n.º 6.899, de 15 de julho de 
2009, e com as normas editadas pelo Conselho Nacional de Controle da Experimentação 
Animal (CONCEA), foi aprovada pela COMISSÃO DE ÉTICA NO USO DE ANIMAIS da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – CEUA/UFRN.
Vigência do Projeto Setembro 2021
RELATÓRIO OUTUBRO 2021
Espécie/Linhagem Bubalus bubalis
Número de Animais 340
Idade/Peso 1-16 anos / 300-550kg
Sexo Fêmeas
Origem Fazenda de Búfalo Tapuio – Taipu – RN
Manutenção Fazenda de Búfalo Tapuio – Taipu – RN
Informamos ainda que, segundo o Cap. 2, Art. 13, do Regimento Interno desta CEUA, é 
função do professor/pesquisador responsável pelo projeto a elaboração de relatório de 
acompanhamento que deverá ser entregue tão logo a pesquisa seja concluída. O 
descumprimento desta norma poderá inviabilizar a submissão de projetos futuros.
José de Castro Souza Neto Júnior
Coordenador da CEUA-UFRN
www.ceua.propesq.ufrn.br
mailto:ceua@reitoria.ufrn.br
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
 COMISSÃO DE ÉTICA NO USO DE ANIMAIS – CEUA
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PARECER CONSUBSTANCIADO DE PROJETO DE PESQUISA
1) PROTOCOLO Nº : 005-2018 (apenas para identificação na CEUA)
2) TÍTULO DO PROJETO:
Influência do temperamento de bubalinos da raça Murrah sobre produção e 
composição do leite
3) PESQUISADOR RESPONSÁVEL: 
Fívia de Araújo Lopes
4) DATA DO PARECER:
27 fevereiro
5) RESUMO DO PROJETO:
Os principais motivos que levam as pessoas a se preocuparem com o bem-estar de animais de 
fazenda são inquietações de origem ética, o efeito potencial que este possa ter na produtividade e na 
qualidade dos alimentos e as conexões entre bem-estar animal e comercialização internacional de 
seus produtos de origem animal. A pecuária leiteira é um setor da produção animal no qual a interação 
homem-animal é de fundamental importância devido ao contato que se estabelece diariamente na 
execução das atividades de rotina.Dentre os fatores que afetam o comportamento dos bovinos e 
bubalinos, destacam-se a alimentação, o clima e o sistema de produção adotado. No Brasil são 
reconhecidas quatro raças bubalinas, sendo a raça Murrah utilizada nesta pesquisa. Os bubalinos 
Murrah podem ser criados nas mais diversas condições climáticas, muitas vezes apresentando-se 
como uma opção para o aproveitamento de áreas da propriedade às quais os bovinos não se 
adaptam. O leite bubalino possui uma composição diferenciada em relação ao leite bovino, e 
proporciona uma produção de derivados com alto valor comercial. Neste trabalho, os bubalinos Murrah 
foram expostos a dois tipos de ordenhas distintas, ordenha mecânica espinha de peixe e 
posteriormente ordenha mecânica carrossel. A alteração na rotina de ordenha e a mudança no tipo de 
ordenha utilizada pode trazer alterações comportamentais, com influência na produtividade 
6) OBJETIVOS DO PROJETO:
Objetivos Gerais: Descrever a expressão comportamental durante a rotina de ordenha em búfalas 
leiteiras da raça Murrah.
Objetivos específicos: Identificar as características produtivas e nutricionais do leite;Identificar 
eventuais modificações comportamentais associadas ao tipo de Ordenha;Verificar a relação entre a 
expressão comportamental e as características produtivas, contagem de células somáticas, incidência 
de mastite e características nutricionais do leite
7) FINALIDADE DO PROJETO: Ensino x Pesquisa
8) ITENS METODOLÓGICOS E ÉTICOS:
Título x Adequado Comentários
Objetivos x Adequados Comentários
Introdução e Justificativa x Adequadas Comentários
Cronograma para execução da pesquisa Adequado x Comentários
Na primeira folha do formulário, o campo INICIO E TERMINO não se refere ao tempo em 
que os animais serão usados. Deve estar de acordo com o cronograma (detalhado) 
apresentado no projeto, com início APENAS após a aprovação da CEUA e término em 3,5 
anos. No caso: Inicio em março de 2018 e Término em setembro de 2021.
Orçamento e fonte financiadora x Adequados Comentários
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Referências Bibliográficas x Adequadas Comentários
9) O PROJETO DESTA PESQUISA ESTA
ADEQUADO À LEGISLAÇÃO VIGENTE: Adequado Comentários
10) INFORMAÇÕES RELATIVAS AOS ANIMAIS:
Grau de severidade: x Brando Médio Elevado
Espécie: Bufalas Número Amostral: 340
Redução Amostral: Sim x Não
Substituição de Metodologia: Sim x Não
Aprimoramento da Metodologia: Sim x Não
Acomodação e manutenção dos animais: x Adequado Inadequado
Manipulação dos animais: x Adequado Inadequado
Analgesia dos animais (se aplicável): Adequado Inadequado
Anestesia dos animais (se aplicável): Adequado Inadequado
Eutanásia dos animais (se aplicável): Adequado Inadequado
Justificativa:
Não se aplica
11) PARECER: 
x Aprovado
Recomendações
Pendência
Não aprovado
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ANEXO 2 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
DOUTORADO EM PSICOBIOLOGIA 
ETOGRAMA DE VACAS GIR E BÚFALAS MURRAH ORDENHADAS À MÃO E MECANICAMENTE 
 
Observador: 
Local: 
Data: 
 
 ESCORE 
IDENTIFICAÇÃO Dócil Levemente agitada Agitada Muito agitada Violenta T.A.

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