Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
CLARA ANE SILVA MONTE NEVES
DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO E RETORNO DAS AÇÕES: UMA ANÁLISE NAS COMPANHIAS DA CARTEIRA
IBrX-100 DA B3
Natal/RN
2020
CLARA ANE SILVA MONTE NEVES
DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO E RETORNO DAS AÇÕES: UMA ANÁLISE NAS COMPANHIAS DA CARTEIRA
IBrX-100 DA B3
Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Ciências Contábeis da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para a
obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.
Orientador: Professor Doutor. Adilson de Lima Tavares
Natal/RN
2020
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas -
CCSA
Neves, Clara Ane Silva Monte.
Desempenho econômico-financeiro e retorno das ações: uma
análise nas companhias da carteira IBrX-100 da B3 / Clara Ane
Silva Monte Neves. - 2020.
52f.: il.
Monografia (Graduação em Ciências Contábeis) - Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais
Aplicadas, Departamento de ciências contábeis. Natal, RN, 2020.
Orientador: Prof. Dr. Adilson de Lima Tavares.
1. Análise Fundamentalista - Monografia. 2. Retorno Acionário
- Monografia. 3. IBrX-100 - Monografia. I. Tavares, Adilson de
Lima. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III.
Título.
RN/UF/Biblioteca CCSA CDU 657
Elaborado por Eliane Leal Duarte - CRB-15/355
CLARA ANE SILVA MONTE NEVES
DESEMPENHO ECONÔMICO-FINANCEIRO E RETORNO DAS AÇÕES: UMA
ANÁLISE NAS COMPANHIAS DA CARTEIRA IBrX-100 DA B3
Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Ciências Contábeis da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte como requisito para a obtenção do título de Bacharel em
Ciências Contábeis.
BANCA EXAMINADORA DA MONOGRAFIA:
Prof. Doutor. Adilson de Lima Tavares - Orientador
Prof. Dr. Luís Manuel Esteves da Rocha Vieira - Examinador
Prof. Dr. Clayton Levy Lima de Melo - Examinador
Aprovada em: Natal/RN, 04 de dezembro de 2020.
Dedico esse trabalho à minha mãe,
ao meu esposo e meu filho por
acreditarem em mim e não medirem
esforços para ajudar na realização
dessa conquista. E a todas as
mulheres que se arriscam a superar
o desafio de conciliar a
maternidade com a vida
profissional e acadêmica.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiro a Deus por me dar forças para continuar mesmo quando
eu achava que não fosse mais capaz de suportar tantas adversidades. Por me dar
capacidade de superar não só as dificuldades externas, mas as inseguranças
internas, o medo, o cansaço e a solidão.
Minha sincera gratidão a minha mãe, Elione, por sonhar antes de mim com
esse momento e por motivar-me a realizá-lo, sempre acreditando bem mais do que
eu que esse sonho seria possível.
Ao meu esposo, Bruno, e meu filho, Benício, agradeço de coração pela
paciência e compreensão por todo tempo ausente dedicado ao trabalho e estudo.
Vocês foram muito além do que se poderia esperar nessas circunstâncias, aturaram
momentos de mau humor, estresse, preocupações e só me devolveram carinho,
amor e positividade. Sem vocês, meus amores, nada disso seria possível!
Aos meus amigos que me apoiaram durante essa jornada e principalmente
Lorayne Mahara que contribuiu com a tradução do resumo deste trabalho.
Agradeço ainda colegas de curso como Flávia Câmara, Juliana, Karen, Marlielson
entre outros que me motivaram a persistir e ajudaram-me ao longo do curso no que
foi possível.
Deixo um agradecimento especial a meu orientador Professor Doutor
Adilson, primeiramente por aceitado conduzir meu trabalho de pesquisa, mas
também pelo cuidado e atenção dedicada.
“Sonhos são adoráveis, mas são só sonhos. São fugazes, efêmeros, bonitos.
Sonhos não se tornaram realidade só porque você sonhou.
É o esforço que faz as coisas acontecerem.
É o esforço que cria mudança.”
Shonda Rhimes
RESUMO
O presente estudo tem como objetivo verificar a relação entre o desempenho econômico-
financeiro e o retorno das empresas integrantes do índice IBrX-100. Para alcançar este
objetivo, estabeleceu-se um ranking das empresas conforme o retorno das ações e, outro
ranking do desempenho econômico-financeiro por meio do método TOPSIS. O desempenho
foi representado por 9 indicadores tradicionais de análise, calculados a partir de dados
históricos, extraídos das demonstrações contábeis publicadas, e o retorno de cada ação foi
calculado a partir da relação entre a variação anual do preço da ação, considerando a cotação
no último dia de cada ano e o preço da ação no ano anterior, referente ao período de 2015 a
2018. A análise limitou-se a 69 das 100 empresas do índice, tendo sido excluídas as empresas
“financeiras” e aquelas com dados incompletos. O trabalho assumiu caráter descritivo,
documental e quantitativo. A fim de avaliar a relação entre o desempenho econômico-
financeiro e o retorno das ações, foi utilizada a correlação de Kendall entre os dois rankings
previamente elaborados. Os resultados evidenciaram que, dos 4 anos sob análise, houve
correlação significativa entre as variáveis do estudo apenas no ano de 2017. Portanto, com
base nestes resultados, não é possível afirmar que há uma relação consistente entre o
desempenho das empresas e os respectivos retornos das ações.
Palavras-chave: Análise Fundamentalista, Retorno Acionário, IBrX-100.
ABSTRACT
The present study aims to verify the relationship between economic and financial
performance and the return of companies that are members of the IBrX-100 index. To achieve
this objective, a ranking of companies was established according to the return on shares and
another ranking of economic and financial performance through the TOPSIS method.The
performance was represented by 9 traditional analysis indicators, calculated from historical
data, extracted from the published financial statements, and the return of each share was
calculated based on the relationship between the annual variation of the share price,
considering the quotation in the last day of each year and the share price in the previous year,
referring to the period from 2015 to 2018. The analysis was limited to 69 of the 100
companies in the index, excluding “financial” companies and those with incomplete data.The
work assumed a descriptive, documentary and quantitative character. In order to evaluate the
relationship between economic and financial performance and stock returns, Kendall's
correlation between the two previously prepared rankings was used.The results showed that,
from the 4 years under analysis, there was a significant correlation between the study
variables only in the year 2017. Therefore, based on these results, it is not possible to state
that there is a consistent relationship between the companies' performance and the respective
returns of shares.
Key-words Fundamental Analysis, Equity Return, IBrX-100
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Estratégia Top Down de Análise Fundamentalista de ações 21
Figura 2 – Relação entre os tipos de indicadores e a situação das empresas 22
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Composição do índice IBrX-100 27
Gráfico 2 – Composição do índice IBrX-100 pela quantidade teórica de ações por setor28
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Evidências empíricas na literatura nacional recente 19
Tabela 2 – Indicadores e Fórmulas utilizadas para o cálculo com suas respectivas
referências
Tabela 3 - Ranking das Empresas em Relação Desempenho Econômico-Financeiro
Tabela 4 - Ranking das empresas em relação ao retorno
Tabela 5 - Correlação ordinal entre os rankings do período de 2015 a 2018
30
35
38
41
LISTA DE SIGLAS
CVM – Comissão de Valores Mobiliários
EBITDA– Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization | Lucro Antes
de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização
EV– Enterprise Value | Valor de Firma
IFRS – International Financial Reporting Standards | Normas Internacionais de
Contabilidade
INEG – Index Negotiability | Liquidez no mercado
IPCA – Significado da sigla 1
L – Lucro por Ação
LL – Lucro Líquido
LPA – Lucro por Ação
MB – Margem Bruta
MBR – Market-to-book Ratio
NEAI – Nível de Evidenciação do Ativo Intangível
OLS – Ordinary Least Squares | Método do Mínimos Quadrados
P – Preço por Ação
PL – Patrimônio Líquido
POLS – Pooled Ordinary Least Squares | Método de estimação de Dados Agrupados
QR – Regressão Quantílica
ROA – Return on Assets | Retorno Sobre o Ativo
ROE – Return on Equity | Retorno sobre o Patrimônio
ROI – Return on Investiment | Retorno sobre o Investimento
VPA – Valor Patrimonial por Ação
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 13
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA 13
1.2 OBJETIVOS 15
1.2.1 Objetivo geral 15
1.2.2 Objetivos específicos 15
1.3 JUSTIFICATIVA 15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 17
2.1 INFORMAÇÃO CONTÁBIL E MERCADO DE CAPITAIS 17
2.2 ANÁLISE FUNDAMENTALISTA 20
2.3 ANÁLISE DE ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS 22
2.4 REVISÃO DA LITERATURA EMPÍRICA 24
2.5 ÍNDICE BRASIL 100 – IBrX-100 26
3 METODOLOGIA 29
3.1 EMPRESAS DA PESQUISA 29
3.2 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS 29
3.3 HIPÓTESES 33
3.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA 33
4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 35
4.1 ANÁLISE DO DESEMPENHO ECONOMICO-FINANCEIRO 35
4.2 ANÁLISE DO RETORNO DAS AÇÕES 38
4.2 ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE O DESEMPENHO E RETORNO 41
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 43
REFERÊNCIAS 44
APÊNDICE A – COMPOSIÇÃO DO IBRX-100 EM 04/05/2020 48
ANEXO 51
13
1 . INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA
O mercado de Capitais no Brasil nunca esteve tão aquecido quanto pôde ser
presenciado nas primeiras duas décadas do século XXI. Dados acerca da evolução do volume
financeiro médio diário da B3, bolsa de valores oficial do Brasil, ajustados pelo IPCA,
mostram que em 2002 este volume era de R$ 1,30 bilhões/dia, crescendo para R$ 8,09
bilhões/dia em 2007 e permanecendo próximo a este patamar até 2017, quando passa a
apresentar um aumento expressivo nos anos seguintes, chegando a R$ 14,73 bilhões/dia em
2019 conforme figura em anexo.
Os fatores que contribuíram para esse intenso crescimento são bem explicados por
Cavalcante, Misumi e Rudge (2009) na apresentação do seu livro Mercado de Capitais: O
que é, como funciona, no qual mostra que a relevância do mercado de capitais foi acelerada
pelo aumento da competitividade global, uma vez que as empresas tem necessitado cada vez
mais de recursos não exigíveis para financiar seus projetos de melhoria e expansão e os
indivíduos, por sua vez, estão sendo motivados a formar, por conta própria, poupança no
longo prazo a fim de garantir estabilidade futura, visto que os mecanismos públicos de
previdência social estão falindo. Além disso as próprias Instituições financeiras visando se
manter relevantes na arte da análise e gerenciamento das carteiras de seus clientes,
necessitam permear o contexto do mercado de capitais.
A B3 alcançou sua maior marca de pessoas físicas investindo no mercado de ações
com o total de 1,6 mi em 2019, um aumento de 51% em relação ao ano anterior (B3, 2020),
o que sugere que a baixa lucratividade da renda fixa, influenciada pelas constantes quedas da
taxa Selic, tem cada vez mais conduzido indivíduos poupadores a buscar alternativas mais
rentáveis de investimento, ainda que envolva gerenciamento de riscos.
Sabe-se que a ação é a menor parcela do capital social das companhias ou sociedades
anônimas, investimento de risco cuja rentabilidade decorre também do resultado das
empresas nas quais se investe, sendo o êxito do investidor determinado pela sua habilidade
em alocar ativos em sua carteira de tal forma a elevar seus retornos ao máximo.
(MOUTINHO, MAGNANI, & AMBROZINI, 2019).
Com a finalidade de auxiliar investidores na avaliação de seus investimentos, a Bolsa
de Valores criou vários índices para serem utilizados como referência de acordo com suas
14
necessidades. Atualmente os índices são divididos entre índices amplos, setoriais, por
governança, por segmento de mercado e outros. Contudo, os índices amplos são os mais
comumente utilizados como referência para Fundos de Investimentos em renda variável,
porta de entrada de novos investidores no mercado acionário, e/ou carteiras de ações
diversificadas.
Um dos índices amplos de ações da Bolsa de Valores é o IBrX-100 – Índice Brasil
100, composto pelas 100 ações mais negociadas no Mercado Bovespa em termos de número
de negócios e volume financeiro negociado. Este índice interessa ao presente estudo, por se
tratar de um índice de retorno total, o que significa dizer que busca refletir mais que as
variações nos preços dos ativos que fazem parte do índice ao longo do tempo, mas a
influência que a distribuição de lucros por parte das companhias emissoras desses ativos teria
no retorno do índice.
Para Assaf Neto (2012), embora esse processo de seleção de ativos se dê, muitas
vezes, de maneira intuitiva, faz-se necessário que a tomada de decisão seja baseada na análise
das informações financeiras publicadas pelas empresas emissoras, pois através delas é
possível avaliar a possibilidade de lucro, qualidade de gestão e nível de endividamento das
companhias.
A análise do desempenho econômico-financeiro das empresas emissoras de ações
pode auxiliar o investidor a traçar as metas para os investimentos, identificar o preço justo
de uma ação e antecipar a cotação do ativo para saber o melhor momento para comprar ou se
desfazer de uma ação, visto que é possível relacionar o desempenho atual com o desempenho
futuro de uma companhia (KOTHARI,2001).
Nesse sentido, a análise fundamentalista se destaca como uma das técnicas mais
comumente utilizadas para avaliação do desempenho econômico-financeiro das empresas.
Esse modelo, pressupõe que há um valor intrínseco para cada ação, podendo ser apurado
através da análise quantitativa, qualitativa e temporal dos fundamentos da empresa emitente,
expressa em indicadores econômico-financeiros e de mercado (MALTA & CAMARGOS,
2016).
De acordo com Tavares e Silva (2012) ao prever o valor intrínseco da ação, pode-se
compará-lo ao valor dado pelo mercado e identificar aquela cujo mercado não esteja
precificando corretamente, bem como classificar as alternativas de investimento elencando-
as entre melhores e piores, tornando o processo de decisão do investidor mais racional e
assertivo.
15
Não é exagero afirmar que o enfoque nas informações contábeis para avaliação de
ações é explicado pelo fato de estarem publicamente acessíveis aos investidores, ainda sim,
reconhece-se que para medir e projetar o desempenho de uma empresa, são necessárias
informações que vão além das demonstrações contábeis (MOUTINHO, MAGNANI, &
AMBROZINI, 2019).
Apesar de o estudo da Análise Fundamentalista abranger estratégias da empresa, a
qualidade da contabilidade, dados financeiros e das projeções de resultados, esta pesquisa
concentra a atenção na análise financeira de indicadores financeiros para sumariar as
performances das empresaspesquisadas.
Diante do contexto, delineou-se a seguinte questão de pesquisa: Qual a relação entre
o retorno das ações e o desempenho econômico-financeiro das empresas listadas no
IBrX-100 da B3?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
O presente trabalho tem como objetivo analisar a relação entre o retorno das ações e
o desempenho econômico-financeiro das empresas listadas no IBrX-100 da B3 no período de
2015 a 2018.
1.2.2 Objetivos Específicos
Com o fim de alcançar o objetivo geral proposto, são traçados os seguintes objetivos
específicos:
− Estabelecer um ranking das empresas conforme seu desempenho econômico-financeiro;
− Estabelecer um ranking das empresas conforme o retorno das ações delas obtido;
− Verificar a associação entre as variáveis a partir do teste de correlação entre os resultados
dos dois rankings.
1.3 JUSTIFICATIVA
16
A eficácia da utilização da Análise Financeira Fundamentalista enquanto método de
suporte para a tomada de decisão não é unânime entre analistas e pesquisadores. (Tavares e
Silva, 2012). Sendo assim, a relação entre as variáveis de análise fundamentalista e os
retornos acionários já foi testada em estudos anteriores tanto no âmbito nacional quanto
internacional.
No nacional tem-se, por exemplo, Nagano, Merlo e Silva (2003); Tavares e Silva
(2012); Evrard e Cruz (2016); e Moutinho, Magnani e Ambrozini (2019). No internacional
pode-se destacar: Ou e Penman (1989ª; 1989b); Holthausen e Larker (1992); Lev e
Thiagarajan (1993); Abarbanell e Bushee (1997;1998); Piotroski (2000), e Mohanram
(2005). De forma geral, foi possível atribuir relação entre as variáveis em todos os trabalhos.
Nesse sentido, o presente trabalho busca colaborar verificando a associação entre o
desempenho econômico-financeiro mensurado pela contabilidade e o desempenho da ação
no mercado, além de contribuir também utilizando informações das empresas com ações
listadas na B3 que compõem o índice IBrX-100, índice com relevante poder de influência na
tomada de decisão dos investidores.
Além disso, como bem assegura Kothari (2001), pode-se afirmar que pesquisas nessa
linha também podem ser inseridas no escopo de estudos de relevância da informação
contábil.
17
2 . FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 INFORMAÇÃO CONTÁBIL E MERCADO DE CAPITAIS
Conforme Villaschi, Galdi e Nossa (2011, pg. 327) “Muito do que é publicado nos
principais periódicos em finanças e contabilidade no mundo examina a relação entre a
informação contábil e o mercado de capitais”. Mota e Tavares (2015) afirmam que a pesquisa
positiva em contabilidade floresceu a partir dos trabalhos pioneiros de Ball e Brown (1968)
e Beaver (1968) que apresentaram evidências empíricas da relevância da informação contábil
e seu impacto na performance da ação no mercado de capitais.
A partir desses trabalhos, inaugurou-se o interesse do estudo da contabilidade
enquanto informação disponível a usuários, rompendo sua visão de mensuração.
Consequentemente, a abordagem que vinha sendo desenvolvida até então, focada no
estabelecimento de normas e regras (Normativa) foi sendo substituída pela abordagem da
Informação (Information Approach), fortemente influenciada por teorias desenvolvidas na
literatura em Finanças e Economia, principalmente: o Modelo de Precificação de ativos
(Capital Asset Pricing Model - CAPM) e Hipótese de Mercados Eficientes (Efficient Market
Hypothesis - EMH). (LOPES, 2002; MOTA e TAVARES, 2015).
O Modelo de Precificação de Ativos (CAPM) de Sharpe (1964) e Lintner (1965), ao
permitir o desenvolvimento de estudos empíricos relacionados a risco e retorno, e ao dispor
sobre a possibilidade de apurar a taxa de retorno que remunere o risco envolvido na decisão
de qualquer investimento, direcionou pesquisas na busca da relevância da informação
contábil para investidores e outros usuários dentro do conceito de que a contabilidade
compete com outras fontes de informações (Mota e Tavares, 2015).
Da mesma forma, a partir da contribuição de Fama (1965), a teoria de Hipótese de
Mercados Eficientes, que sustenta que todas as informações disponíveis são absorvidas pelos
preços do mercado, o que significa que a posse de informações sobre esse mercado não
alteraria o retorno esperado, estimulou a produção de testes de eficiência relativa dos
mercados em termos do conjunto de informações contábeis (MOTA e TAVARES, 2015).
A ideia de relevância da contabilidade está relacionada ao seu potencial em transmitir
informações capazes de influenciar as expectativas dos usuários, desse modo são as
necessidades dos usuários que vão determinar a utilidade da informação para suas decisões
econômicas. (Neto, 2009). De acordo com a Estrutura Conceitual Básica (2019):
18
Informações financeiras têm valor preditivo se podem ser utilizadas como
informações em processos empregados pelos usuários para prever resultados
futuros. Informações financeiras têm valor confirmatório se fornecem feedback
sobre (confirmam ou alteram) avaliações anteriores.
Para Barth, Beaver & Landsman (2001) os relatórios contábeis podem ser
considerados relevantes (Value Relevance) se tiverem capacidade preditiva de valores do
mercado de capitais. Sendo assim, as pesquisas sobre value relevance buscam ampliar o
conhecimento da relação entre o valor de mercado e os dados contábeis. Essas pesquisas
geralmente usam duas abordagens diferentes para extrair inferências: Direct Valuation e
Input-to-equity-valuation (HOLTHAUSEN & WATTS, 2001)
Na abordagem Direct Valuation, a informação contábil destina-se a medir ou ser
altamente associadas às alterações ou níveis de valor do mercado de ações. Na abordagem
Input-to-equity-valuation o papel da contabilidade é fornecer informações sobre os modelos
de avaliação que os investidores usam na avaliação do patrimônio das empresas. Esta requer
uma teoria e um modelo de avaliação, além de assumir um vínculo entre os dados contábeis
e as variáveis que compõem o modelo de avaliação. (HOLTHAUSEN & WATTS, 2001;
BARTH, BEAVER, & LANDSMAN, 2001).
Os modelos de value relevance se mostram importantes para identificar se as
demonstrações contábeis são úteis para os investidores na avaliação das empresas,
considerando os elevados custos envolvidos, tanto para emissão de normas pelos órgãos
reguladores quanto para elaboração dos relatórios financeiros pelas empresas (DUARTE,
GIRÃO & PAULO, 2017), exigindo assim que os números contábeis possuam qualidades
fundamentais de relevância e confiabilidade (CPC, 2011). Um dos modelos mais utilizados
para avaliar a relevância da informação é captar o valor da empresa em função do lucro e do
patrimônio líquido a partir de equações de preço e retorno (Ohlson, 1995).
Nos últimos anos, vários estudos testaram a relevância da informação contábil
para o investidor e sua eficiência, e algumas conclusões indicaram que “a contabilidade é
relevante para investidores de mercado de capitais e que o mercado é eficiente com respeito
à informação contábil” (LOPES, 2002, p. 5). Duarte, Girão & Paulo (2017) ressaltam que a
maior parte dessas pesquisas foram produzidas em ambientes informacionais e institucionais
mais desenvolvidos como nos Estados Unidos da América.
No Brasil, os estudos realizados apresentam resultados não conclusivos a respeito da
relevância da informação contábil para o mercado de capitais (MOTA e TAVARES, 2015).
19
Este tema só ganhou espaço a partir do século XX com a ascensão da teoria positiva (LOPES
e MARTINS, 2005), embora a teoria clássica (normativa) ainda seja muito presente. Visto o
cenário brasileiro, assim como outros mercados emergentes, possuir especificidades que
podem influenciar para a menor value relevance em comparação com mercados
desenvolvidos, se faz necessário analisar com cuidado os dados contábeis do mercado
brasileiro. (Duarte,Girão & Paulo, 2017).
Tabela 1 - Evidências empíricas na literatura nacional recente
AUTORES/
ANO
AMOSTRA/
PERÍODO
MODELO CONCLUSÕES
Gonçalvez,
Coneglian e Do
Carmo (2017)
77 empresas
listadas na B3
(2011 a 2014)
Modelo de
Ohlson (1995),
Regressão
linear e Painel
POLS
Concluíram que os Ativos Propriedades
para Investimento não são value relevance
para determinar o preço da ação e então
influenciar a tomada de decisão dos
usuários da informação contábil.
Duarte, Girão, &
Paulo (2017)
300 empresas
listadas na B3
(2004 a 2014)
Regressão
Quantílica e
OLS
Evidenciaram que a estimação por meio da
regressão quantílica (QR) se demonstrou
mais eficiente e com menos possibilidades
de apresentar erros do que OLS, sob as
condições experimentais do trabalho.
Cappellesso,
Rocha e Dantas
(2018)
56 empresas
listadas na B3 que
tiveram goodwill
reconhecido
(2009 e 2015)
Modelo
adaptado de
Ohlson (1995)
Demonstraram uma associação positiva e
significante entre o valor de mercado e o
patrimônio líquido, o lucro líquido e o
goodwill. Por outro lado, a perda por
impairment do goodwill não apresentou
significância para explicar o valor de
mercado, não corroborando a hipótese do
estudo.
Pacheco, Rover e
Vicente (2018)
75 empresas que
compõem a
carteira de Mai-
Ago17 do IBrX
100 na B3
(2016)
Nível de
disclosure do
ativo
intangível e
Regressão
Múltipla
Apontaram um nível de evidenciação médio
de 62,93%, sendo discrepante a diferença
entre o maior e o menor (91,09%). Em
relação à influência do NEAI na value
relevance resultou significativa
estatisticamente, com um poder explicativo
de 38,09%.
Santos, Botinha e
Lemes (2019)
155 empresas
pertencentes ao
Índice IGCX
(2011 a 2015)
Regressão
Linear
Múltipla
Apontaram que a variável “valor adicionado
líquido para distribuição”, ao nível de
significância estatística de 5%, é relevante
para o mercado acionário nos níveis
diferenciados de governança corporativa,
porém com baixo poder explicativo.
Destaque para lucro por ação que se
mostrou o indicador mais relevante na
20
pesquisa.
Santos,Lemes, &
Barboza (2019)
18.562
observações
(1997 a 2014)
Meta-análise Os resultados indicaram queda do value
relevance do PL e ganho na relevância da
informação do LL após a adoção das IFRS.
Fonte: Elaborada pela autora.
A partir da revisão das conclusões dos estudos nacionais aqui compilados, observa-
se não haver consenso quanto a um indicador ou um conjunto de indicadores que seja capaz
de prever os retornos acionários. Ainda que o Lucro Líquido tenha apresentado uma boa
associação com o retorno das ações, os resultados dos estudos apontam para uma baixa
correlação entre as variáveis analisadas de uma maneira geral.
2.2 ANÁLISE FUNDAMENTALISTA
A Análise Fundamentalista surgiu em 1929, durante o curso Investments ministrado
por Benjamin Graham na Universidade de Columbia em New York. Revolucionou a análise
de investimentos em ações e serviu como base para os livros The Inteligent Investor e
Security Analysis publicados em 1934, sendo as primeiras tentativas de explicar o
funcionamento do mercado de ações (CVM, 2017).
Também conhecida como análise do valor intrínseco, a Análise Fundamentalista
busca inferir o valor das empresas e antecipar possíveis movimentos nos preços de suas ações
utilizando como base os dados financeiros e conexos das empresas (Mota e Tavares, 2015).
É resumida por Assaf Neto (2014) em três grandes atividades: a) Avaliar a posição e
equilíbrio econômico e financeiro da empresa; b) Projetar resultados futuros e; c) Calcular o
valor justo (valor econômico) da ação.
Esta metodologia de análise de investimentos pressupõe que o valor intrínseco de
uma companhia está associado à sua performance e a situação geral da economia. Na essência
trata-se de buscar empresas com boas projeções para futuro e que não estejam sendo
corretamente precificadas (subavaliadas) no mercado, visando a valorização do papel no
longo prazo e bons rendimentos durante o período em que possuir ação. (ASSAF NETO,
2014). No processo de cálculo do valor justo da ação, há duas principais estratégias que são
utilizadas: a visão top down e a bottom up. Trata-se de métodos diferentes, mas
complementares (CVM, 2017).
21
Na estratégia Top Down a análise começa com a economia global, incluindo
indicadores econômicos nacionais e internacionais como crescimento do PIB, taxas de juros,
taxas de câmbio, taxa de desemprego etc. Em seguida, seleciona-se um ou mais setores para
uma análise mais estreita, e por fim elege-se dentro desse setor a melhor empresa
considerando o contexto da análise. A proposta é analisar em que medida o comportamento
e as tendências da conjuntura global afetam o desempenho de um setor ou de uma empresa
(CVM, 2017). De acordo com Malta e Camargos (2016) é mais utilizado por instituições
financeiras.
Já na estratégia Bottom Up o enfoque é na empresa. A ideia é analisar o impacto de
variáveis microeconômicas no preço de uma determinada ação, examinando minuciosamente
os demonstrativos financeiros da companhia emitente, fazendo projeções, e comparando-as
com a de seus concorrentes e outras empresas listadas em Bolsa (CVM, 2017). Ao contrário
do método Top Down, esta abordagem prioriza o comportamento e às perspectivas de cada
empresa. É mais utilizada por investidores individuais (MALTA E CAMARGOS, 2016) e
“muitas vezes, preferida por analistas e gestores fundamentalistas” (CVM, 2017, p.137).
Debastiani e Russo (2017) ao introduzirem o tema central de seu livro - Avaliando
Empresas, Investindo em Ações: A aplicação prática da análise fundamentalista na avaliação
de empresas, explica que:
Sob o ponto de vista do pensamento fundamentalista, uma ação tornar-se-á
interessante e será valorizada pelo mercado se a empresa - da qual ela representa
uma pequena fração - também apresentar boas perspectivas com relação ao futuro.
Nesse sentido, a avaliação é o foco central da análise fundamentalista
(DAMODARAN, 1997), que busca avaliar o desempenho econômico-financeiro das
empresas buscando aquelas que apresentam forte perspectiva de crescimento futuro (métricas
de rentabilidade), boa saúde financeira (métricas de endividamento e liquidez) e ações
cotadas por um preço justo ou subavaliado (métricas de Valuation) (PONTES e
NOGUEIRA,2019).
Figura 1 – Estratégia Top Down de análise fundamentalista de ações
22
Fonte: Traders Club, 2019.
Samaras, Matsatsinis e Zopounidis (2008) afirmam que a Análise fundamentalista
visa determinar a saúde financeira da empresa, através de indicadores úteis, com base em
demonstrações financeiras da empresa. Descrevem-na como uma das metodologias mais
eficazes pois fornece uma análise dinâmica da situação financeira da empresa, avaliando com
precisão as suas vantagens e desvantagens.
2.3 ANÁLISE DE ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS
A análise de Índices econômico-financeiros é um dos principais parâmetros para
determinar o valor intrínseco das ações (SAMARAS, MATSATNISIS e ZOPOUNIDIS,
2008). Os índices são razões entre determinadas variáveis contidas em demonstrações
contábeis, como Balanço Patrimonial e Demonstrações do Resultado. Segundo Seng e
Hancock (2012) existe uma ligação entre os indicadores fundamentais e a previsão de ganhos
e que é influenciada por fatores contextuais.
Segundo Marion (2012), a situação financeira de uma empresa é evidenciada pelos
índices de liquidez e de estrutura de capital, enquanto a situação econômica é ressaltada por
meio dos índices de rentabilidade, conforme abaixo:
Figura 2 – Relação entre os tipos de indicadores e a situação das empresas
23
Fonte: Elaborado pela autora.
Os Índices de Liquidez buscam medir quão sólida é a basefinanceira da empresa,
evidenciando sua capacidade de honrar seus compromissos com terceiros no curto (Liquidez
Seca - LS), médio (Liquidez Corrente - LC) e longo prazo (Liquidez Geral - LG). Quanto
maiores forem os valores dos índices de liquidez, melhor, embora quando elevados demais
também podem indicar ineficiência na gestão dos recursos da empresa, uma vez que os
mesmos poderiam ser aplicados em outras opções. Por outro lado, a baixa liquidez pode
sinalizar antecipadamente problemas de fluxo de caixa e insolvência iminente da empresa.
(MARION, 2012).
Os Índices de Estrutura de Capitais medem o grau de comprometimento financeiro
da empresa frente aos seus credores. São utilizados para analisar a relação entre capital
próprio e capital de terceiros, indicando o nível de dependência de recursos da empresa a
capitais externos (DOS SANTOS, 2020). Os principais índices de estrutura de capitais são:
Composição do Endividamento - CE, Participação do Capital de Terceiros - PCT e
Imobilização do Patrimônio Líquido - IPL. Para esse grupo de indicadores, quanto menor o
resultado, melhor, pois indica menor comprometimento com capital de terceiros e menor
imobilização dos capitais (MATARAZZO, 2010).
Os Índices de Rentabilidade avaliam o rendimento da empresa em relação às vendas
e aos investimentos. A análise desses índices é muito importante, pois a rentabilidade é vista
amplamente como o principal objetivo de uma empresa, e consequentemente de seus
acionistas. Segundo Matarazzo (2010), os índices de análise econômica são: Margem Líquida
- ML, Giro do Ativo - GA, Rentabilidade do Ativo - ROA e Rentabilidade do Patrimônio
Líquido - ROE. Quanto maior os índices de rentabilidade, melhor, já que evidenciam a
rentabilidade sobre o capital investido.
Além desses três grupos de índices, existem outros grupos de índices que podem ser
utilizados no processo de análise das demonstrações contábeis. Entre tais grupos de índices,
pode-se destacar os índices de atividade: Prazo Médio de Rotação de Estoque - PMRE, Prazo
24
Médio de Pagamento de Compras - PMPC e Prazo Médio de Recebimento de Vendas -
PMRV. Estes índices avaliam o tempo que a empresa leva para transformar compras em
vendas ou caixa, sendo o melhor cenário quando a empresa apresenta baixos índices de
PMRE e PMRV e alto índice de PMPC. (MATARAZZO, 2010).
2.4 REVISÃO DA LITERATURA EMPÍRICA
Conforme mencionado anteriormente, a primeira proposição à Análise
Fundamentalista se deu em 1934 a partir da publicação do livro Security Analysis de Graham
e Dodd, obra acadêmica que se tornou uma das bases do conceito de “Value Investing”
(“Investimento em Valor).
Em 1968, métodos empíricos das finanças foram introduzidos na contabilidade a
partir de estudos seminais como os de Ball e Brown, que comprovaram relação positiva entre
margens de lucro inesperadas com retornos acima da média (Malta e Camargos, 2016), e de
Beaver, que constatou a relevância da informação contábil na determinação do desempenho
das empresas ao identificar que o volume de negociação e a volatilidade de retorno aumentam
no momento dos anúncios de ganhos (LANDSMAN e MAYDEW, 2001).
Ou e Penman (1989) analisaram um número significativo de indicadores contábeis e
da análise fundamentalista, identificando capacidade preditiva sobre lucros e retorno
acionário. Posteriormente, o estudo desenvolvido por Stober (1992) no qual compara o
conjunto de indicadores apresentados por Ou e Penman (1989) e previsões de analistas do
lucro por ação, vem corroborar o poder preditivo das variáveis fundamentalistas, ao concluir
que os indicadores de Ou e Penman (1989) eram capazes de produzir retorno anormal mesmo
em casos em que não há consenso na amostra.
Lev e Thiagarajan (1993) analisaram 12 variáveis financeiras amplamente utilizadas
por analistas buscando explicar a utilidade da análise fundamentalista na determinação do
valor das ações, e evidenciaram que essas variáveis são diretamente correlacionadas com
retornos futuros. Utilizando este estudo como base, Abarbanell e Bushee (1997) constataram
que uma estratégia de investimento baseada em pelo menos 9 das variáveis apresentadas por
Lev e Thiagarajan (1993) tem capacidade de gerar retornos anormais significativos.
Em 2000, Piotroski estudou o uso da informação contábil, baseada na análise
fundamentalista, como estratégia de investimento para as empresas High Book-to-Market -
HBM, que são aquelas que os investidores tenderiam achar mais baratas. Sua maior
contribuição foi apresentar o índice F-Score a partir de indicadores de lucratividade (ROA,
25
Accrual, ∆Roa e cash flow), de estrutura de capital (∆liquidez, ∆endividamento, e oferta de
ações), e de eficiência (∆margem, ∆giro). Através desse índice foi possível separar empresas
“vencedoras” das “perdedoras em uma amostra de empresas com alta razão book-to-market
costumeiramente negligenciadas por analistas, mas com grande potencial de investimento em
valor.
Mohanram (2005) também utilizou as variáveis fundamentalistas como estratégia de
investimento para empresas Low Book-to-Market - LBM, que são empresas que os
investidores tenderiam a achar mais caras, ao selecionar as melhores alternativas de
investimento utilizando o índice G-Score, buscando identificar oportunidades de
investimento em valor a partir de possíveis equívocos de interpretação das informações
contábeis-financeiras por parte de analistas.
No Brasil, Nagano, Merlo e Silva (2003) compararam o modelo de precificação de
ativos, Capital Asset Model - CAPM, com as variáveis da análise fundamentalista através da
observação das relações entre o retorno das ações e as variáveis independentes: beta, valor
de mercado, vendas/preço, fluxo de caixa/preço, valor patrimonial/preço, dividendo/preço,
lucro/preço e endividamento. A partir de uma regressão múltipla constataram associações
significativas entre os retornos e algumas das variáveis fundamentalistas analisadas o que vai
de encontro a teoria do CAPM cujo cerne é associação dos retornos esperados dos ativos
apenas ao risco representado por beta.
O Evrard e Cruz (2016) verificaram a capacidade de um modelo de previsão de
retorno de ações negociadas na BM&Fbovespa utilizando 16 fatores de retorno agrupadas
em cinco famílias de acordo com as características dos ativos: risco, liquidez,
“barateamento”, rentabilidade e desempenho passado. Obtiveram resultados positivos quanto
à possibilidade de previsão do grupo de ações de maior e menor retorno para o mês seguinte
com um R² de 0,73 e significância acima de 99%. A pesquisa constatou ainda que as variáveis
lucro/preço e valor de mercado quando utilizadas isoladamente também apresentavam
capacidade preditiva significativa com R² de 0,50 e 0,46, respectivamente.
Malta e Camargos (2016) analisaram amostra composta por 46 ações ordinárias e 21
ações preferenciais de empresas não financeiras negociadas na B3 e componentes do índice
IBrX-100 a partir de seus dados trimestrais entre 2007 e 2014. Verificaram a relevância de
alguns indicadores da análise fundamentalista na predição do retorno acionário de
companhias brasileiras, sendo uma ligada ao endividamento (PCT), quatro ligadas à
eficiência/rentabilidade (MB, ROA, ROE e ROI) e três ligadas a indicadores de mercado
(INEG, LPA e MBR).
26
Em pesquisa recente, Moutinho, Magnani e Ambrozini (2019) verificaram se a
variável fundamentalista fluxo de caixa livre/preço é capaz de prever o retorno acionário das
companhias de capital aberto do mercado brasileiro, mostrando que a relação existente entre
as variáveis é positiva com um e três trimestres de defasagem pelo método em painel
dinâmico. Além desta variável estendeu a análise a outras variáveis fundamentalistas dos
quais encontrou bom poder preditivo para as variáveis: liquidez corrente, endividamento,
margem bruta, lucro preço, dividendyield, venda preço e book-to-market.
2.5 ÍNDICE BRASIL 100 – IBRX-100
A B3, bolsa de valores oficial do Brasil, coleta, organiza e divulga uma série de
informações sobre os negócios realizados em cada pregão e entre elas estão os índices que
indicam o desempenho de um grupo selecionado de ações. Seus valores são expressos em
pontos e sua variação é medida em percentual. Entre os diversos indicadores, o índice Brasil
100 (IBrX-100), apesar de menos famoso que o Ibovespa, pode-se dizer que é um índice mais
representativo do mercado de ações no Brasil por apresentar mais ativos em sua composição.
Divulgada desde 1997, o índice Brasil 100 é o resultado de uma carteira teórica de
ativos, reformulada a cada quatro meses. De acordo com a Bovespa (2015) o objetivo do
IBrX-100 é “ser o indicador do desempenho médio das cotações dos 100 ativos de maior
negociabilidade e representatividade do mercado de ações brasileiro”. É um índice de retorno
total, o que significa dizer que procura refletir não apenas as variações nos preços dos ativos
ao longo de sua vigência no índice, mas também o impacto que a distribuição de proventos
por parte das companhias emissoras desse ativo teria no retorno no índice.
Além do IBrX-100 se diferenciar do Ibovespa em função da quantidade de ativos que
compõem cada índice, também se diferencia quanto a estrutura da composição do índice.
Embora apresentem o mesmo direcionamento na maior parte do tempo, o peso de cada ação
no Índice Brasil tem critérios diferentes do Ibovespa, consequentemente retornos diferentes.
Nesse sentido, Tempel (2017) afirma:
a composição do IBrX-100 leva em conta o valor de mercado das empresas e o seu
volume de negociação, enquanto o Ibovespa é focado no volume de negociação,
algo que pode distorcer o índice, podendo dar maior peso a ações de empresas que
estão apresentando resultados ruins, mas são muito negociadas por especulação ou
algum outro motivo.
27
Para seleção de ativos que irão compor o IBrX-100, foram estabelecidos os seguintes
critérios pelo Bovespa (2015):
a. Estarem entre os ativos elegíveis que em ordem decrescente de índice de
Negociabilidade (IN) ocupem as 100 primeiras posições;
b. Terem sido negociados nos últimos 12 meses, em 95% dos pregões da
Bovespa;
c. Não podem ter valor médio ponderado inferior a R$ 1,00 (um real) durante a
vigência da carteira anterior ao rebalanceamento (Penny Stocks);
Ativos que sejam objeto de Oferta Pública são elegíveis desde que o processo tenha
sido realizado antes do rebalanceamento imediatamente anterior.
Vale salientar que caso a ação deixe de atender a esses critérios ou passar a ser
negociado em situação especial como recuperação judicial ou extrajudicial, regime especial
de administração temporária ou intervenção será excluída do índice ao final de seu primeiro
dia de negociação nesse enquadramento.
Atualmente 11 setores da economia estão representados no Índice IBrX-100, dos
quais os setores Financeiro e Outros; Utilidade Pública e Consumo Cíclico lideram o ranking
de maior representatividade por número de empresas compondo a carteira com 20, 18 e 13
empresas respectivamente, conforme é possível visualizar no quadro gráfico abaixo:
Gráfico 1 – Composição do índice IBrX-100 pelo número de empresas por setor
Fonte: Elaborada pela autora.
28
Já no que diz a respeito à quantidade teórica de ações, os setores com maior
participação são os Financeiros e Outros (30,08%), Materiais Básicos (14,61%) e Petróleo,
Gás e Combustível (11,52%). Juntos, esses setores correspondem a mais de 50% da carteira
teórica do Índice que totaliza a quantidade teórica de 73.015.059.441 ações. No gráfico
abaixo, é possível observar que os setores de Consumo Não Cíclico e Utilidade Pública não
estão muito atrás do setor de Petróleo, Gás e Combustível com participações de 10,13% e
9,08% respectivamente:
Gráfico 2 – Composição do índice IBrX-100 pela quantidade teórica de ações por setor
Fonte: elaborado pela autora.
Ainda sobre a quantidade de ações na composição da carteira teórica, estreitando a
análise para subcategorias dentro dos setores acima mencionados pode-se destacar os
Intermediários Financeiros (Financeiro e Outros) com 17.380.609.750 de ações,
representando 22,5% do total da quantidade teórica do Índice. Dentro de Materiais Básicos,
o subsetor que apresenta maior peso é o de Mineração com 3.514.100.204, representando
9,96% da quantidade total de ações da carteira.
29
3 METODOLOGIA
3.1 EMPRESAS DA PESQUISA
A pesquisa iniciou com população formada pelas 100 empresas listadas na B3 que
integraram o índice IBrX-100 em 04/05/2020. No entanto, ao identificar que entre as
empresas selecionadas, havia empresas financeiras e de seguros que possuem estruturas
contábeis bem distintas das demais empresas que compõem o índice, e buscando evitar
incoerências de interpretação na análise conjunta das empresas, optou-se por desconsiderar
empresas dos seguintes setores: a) Intermediários Financeiros, b) Previdências e Seguros e
c) Serviços Financeiros Diversos. Ao utilizar o critério de trabalhar somente com empresas
“não-financeiras”, reduziu-se a população a 80 empresas.
Uma última triagem foi realizada a fim de garantir a consistência da pesquisa, no qual
foram excluídas mais 11 empresas que não continham todas as informações necessárias para
o cálculo dos indicadores de desempenho econômico e financeiro das empresas e/ou o preço
da ação referente ao período de 2014 a 2018. Logo, a amostra restringiu-se a análise dos
dados de 69 empresas do índice IBrX-100 (Vide apêndice deste trabalho).
3.2 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS
Este trabalho teve como referência de metodologia o artigo publicado na RC & C,
“Desempenho econômico-financeiro e o grau de internacionalização das empresas listadas
no novo mercado da B3” de Marcos, Nascimento, De Nez e Kroenke.
A partir daí, o estudo iniciou com a coleta de dados históricos das empresas
analisadas, tais como: Ativo Total, Ativo Circulante, Caixas e bancos, Estoque, Ativo
Realizável a longo Prazo, Imobilizado Bruto, Depreciação Acumulada, Passivo Circulante,
Passivo não Circulante, Patrimônio Líquido, Vendas Líquidas, Lucro Líquido e Preço da
Ação referente ao período de 2015 a 2018.
Com base nos dados coletados, calculou-se o PL Médio, o Ativo Total Médio e o
Imobilizado Líquido, dados necessários para obter os indicadores de desempenho de cada
empresa.
30
Os indicadores econômico-financeiros calculados foram: a) Liquidez: Liquidez Seca,
Liquidez Corrente e Liquidez Imediata; b) Endividamento: Imobilização do patrimônio
Líquido, Participação de Capital de terceiros e Composição do endividamento; c)
Rentabilidade: Margem Líquida, Retorno sobre o Ativo e Retorno sobre o Patrimônio
Líquido. Para isso, foram utilizadas as fórmulas apresentadas na tabela abaixo:
Tabela 2 - Indicadores e Fórmulas utilizadas para o cálculo com suas respectivas referências
Indicadores
Econômico-
Financeiros
Fórmula Autores
L
IQ
U
ID
E
Z
Liquidez
Seca (LS)
𝐿𝑆 =
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 − 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
Iudícibus (2009);
Assaf Neto (2000);
Brigham e Houston
(1999); Matarazzo
(2008).
Liquidez
Corrente (LC)
𝐿𝐶 =
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
Liquidez
Imediata (LI)
𝐿𝐼 =
𝐶𝑎𝑖𝑥𝑎 𝑒 𝐸𝑞𝑢𝑖𝑣𝑎𝑙𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑖𝑥𝑎
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
E
N
D
IV
ID
A
M
E
N
T
O
Imobilização do
Patrimônio
(IPL)
𝐼𝑃𝐿 =
𝐼𝑚𝑜𝑏𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑥100
Silva (2004);
Matarazzo (2008).
Participação do
Capital de
Terceiros (PCT)
𝑃𝐶𝑇 =
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑁ã𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑥100Iudícibus (2009);
Assaf Neto (2000);
Brigham e Houston
(1999); Matarazzo
(2008).
Composição do
Endividamento
(CE)
𝐶𝐸 =
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 + 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑁ã𝑜 𝐶𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑥100
Iudícibus (2009);
Silva (2004);
Matarazzo (2008).
R
E
N
T
A
B
IL
ID
A
D
E
Margem
Líquida (ML)
𝑀𝐿 =
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎𝑠
𝑥100
Iudícibus (2009);
Assaf Neto (2000);
Brigham e Houston
(1999); Matarazzo
(2008).
Retorno sobre o
Ativo (ROA)
𝑅𝑂𝐴 =
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑥100
Assaf Neto (2000);
Brigham Houston
(1999);
Marion (2005);
Silva (2004);
Matarazzo (2008).
Retorno sobre o
Patrimônio
Líquido (ROE)
𝑅𝑂𝐸 =
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑥100
Iudícibus (2009);
Brigham Houston
(1999);
Assaf Neto (2000);
Matarazzo (2008).
Fonte: Adaptado de C Marcos, JC Nascimento, E De Nez, A Kroenke (2018)
Para medir o desempenho econômico-financeiro das empresas e estabelecer o ranking
entre elas, foi utilizado a ferramenta de análise denominada Technique for Order Preference
by Similarity the Ideal Solution - TOPSIS por meio do Microsoft Excel 365. Marcos et al.
(2018) caracteriza o algoritmo TOPSIS como um método de avaliação de performances de
31
alternativas através da similaridade da mesma com uma solução ideal desenvolvido por
Hwang e Yoon (1981).
A melhor alternativa será aquela que mais se aproxima da solução ideal e mais se
distancia da solução não ideal. Lima Júnior e Carpinetti (2015) afirmam que a vantagem
desse método é se adequar a problemas com número significativo de alternativas e critérios,
principalmente quando os critérios são de natureza quantitativa.
Conforme técnica estabelecida por Hwang e Yoon (1981) e Pomerol e em Barba-
Romero (2000), para cada ano do período analisado, a aplicação do TOPSIS foi realizada
seguindo os seguintes passos:
1º Estruturação da matriz de decisão e vetor de pesos conforme a Equação 1, onde 𝑑𝑖j
representa a pontuação da empresa 𝑖(𝐴𝑖) no indicador de desempenho 𝑗(𝐶1);
Equação 1
𝐷 =
𝐴1
⋮
𝐴𝑖
⋮
𝐴𝑛
𝐶1 𝐶2 … 𝐶𝑗 ⋯ 𝐶𝑚
[
𝑑11 𝑑12 ⋯
⋮ ⋮
𝑑𝑖1 𝑑𝑖2 ⋯
𝑑1j ⋯ 𝑑𝑚
⋮ ⋮
𝑑𝑖j … 𝑑𝑖𝑚
⋮ ⋮
𝑑𝑛1 𝑑𝑛2 ⋯
⋮ ⋮
𝑑𝑛j … 𝑑𝑛𝑚]
2º Normalização1 da matriz de decisão usando a equação 2, onde 𝑋𝑖j são os elementos
da matriz de decisão;
Equação 2
�̅�ij =
𝑋ij
√∑ 𝑋ij
2𝑛
𝑗=0
3º Ponderação da matriz de decisão normalizada através da equação 3, onde �̅�ij
representa os desempenhos normalizados e Wj os pesos2 correspondentes;
Equação 3 Vij = �̅�ij ×Wj
1 Esta etapa tem como objetivo possibilitar a comparação das alternativas definidas, originalmente, em
diferentes unidades de medida.
2 Foi atribuído o mesmo peso para cada um dos critérios.
32
4º Obtenção das soluções ideais positivas (V+) e negativas (V-) de acordo com a
interpretação de cada índice. Para os índices de liquidez e rentabilidade que são do tipo
“Quanto maior, melhor" foram consideradas as equações abaixo:
Equação 4 𝑉+ = {𝑀𝐴𝑋𝑗𝑛𝑖𝑗 | j =1,2,…,m} = {𝑛1
+, … , 𝑛𝑗
+, … , 𝑛𝑚
+ }
Equação 5 𝑉− = {𝑀𝐼𝑁𝑗𝑛𝑖𝑗 | j =1,2,…,m} = {𝑛1
−, … , 𝑛𝑗
−, … , 𝑛𝑚
− }
Para os índices de estrutura de capital (endividamento) que são do tipo “Quanto
menor, melhor”, aplicou-se o inverso, conforme abaixo:
Equação 6 𝑉+ = {𝑀𝐼𝑁𝑗𝑛𝑖𝑗 | j =1,2,…,m} = {𝑛1
−, … , 𝑛𝑗
−, … , 𝑛𝑚
− }
Equação 7 𝑉− = {𝑀𝐴𝑋𝑗𝑛𝑖𝑗 | j =1,2,…,m} = {𝑛1
+, … , 𝑛𝑗
+, … , 𝑛𝑚
+ }
5º Cálculo da distância (𝑆𝑖
+) entre os elementos da matriz ponderada e normalizada e a
solução ideal positiva usando a equação 8 e cálculo da distância (𝑆𝑖
−) entre os elementos da
matriz de decisão e a solução não ideal usando a equação 9;
Equação 8
Equação 9
𝑆𝑖
+ = [∑(𝑉𝑖𝑗 − 𝑉𝑗
+)
𝑛
𝑗=1
]
0,5
𝑆𝑖
− = [∑(𝑉𝑖𝑗 − 𝑉𝑗
−)
𝑛
𝑗=1
]
0,5
6º Determinação da proximidade relativa (𝑃𝑖) a partir das distâncias calculadas na etapa 5
utilizando a equação 10;
Equação 10
𝑃𝑖 =
𝑆𝑖
−
𝑆𝑖
+ + 𝑆𝑖
−
7º Definição do ranking das empresas ordenando a pontuação do desempenho calculado na
etapa anterior em ordem decrescente, no qual quanto mais próximo de 1 o valor de 𝑃𝑖 melhor
o desempenho da empresa.
Para medir o retorno das ações em cada ano e para cada empresa, calculou-se a
diferença entre as cotações do final do ano (𝐶1) e do final do ano anterior (𝐶2) , dividindo
esta diferença pela cotação do ano anterior (𝐶2) conforme equação 11;
Equação 11
𝑅𝐴𝑥 =
𝐶1 − 𝐶2
𝐶2
33
Onde:
𝐶1 = 𝐶𝑜𝑡𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑎 𝑋, 𝑒𝑚 31.12. Ano X
𝐶2 = 𝐶𝑜𝑡𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑎 𝑋, 𝑒𝑚 31.12. Ano X − 1
𝑅𝐴𝑥 = 𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑑𝑎 𝐴çã𝑜 𝑑𝑒 𝑋
Em seguida, os resultados de cada ano foram ordenados em ordem decrescente para
estabelecer o ranking de retorno das ações das empresas.
Estabelecidos os rankings de desempenho econômico-financeiro das empresas e o
ranking dos retornos das ações delas, foi realizada a investigação da relação entre os dois
rankings através do método estatístico correlação ordinal de Kendall, por meio do software.
“O coeficiente de correlação ordinal de Kendall é uma medida de associação para variáveis
ordinais” (OLIVEIRA,2019).
De acordo com Miot (2018, p.277) o coeficiente de Kendall “...apresenta
propriedades matemáticas que o tornam mais robusto a dados extremos (outliers), de maior
capacidade de inferência populacional e menor erro de estimativa”.
3.3 HIPÓTESES
H1: As empresas com maiores retornos das ações são as que apresentam melhor
desempenho econômico-financeiro.
H2: As empresas com os menores retornos das ações são as que apresentam os piores
desempenhos econômico-financeiros.
3.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA
Este trabalho de pesquisa delimitou-se em a investigar a existência de relação entre o
retorno das ações e desempenho econômico-financeiro das empresas apurado neste estudo,
tendo como referência as empresas “não financeiras” listadas na B3 e integrantes do índice
IBrX-100 no 2º quadrimestre de 2020.
34
35
4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Nessa seção serão apresentados os resultados obtidos no estudo, começando pela
análise do desempenho econômico-financeiro das empresas, seguido pela análise do retorno
das ações das mesmas e finalizando com a correlação entre o desempenho e o retorno das
ações das empresas.
4.1 ANÁLISE DO DESEMPENHO ECONOMICO-FINANCEIRO
Os desempenhos econômico-financeiros das 69 empresas listadas na B3, e integrantes
do índice IBrx-100 no 2º quadrimestre de 2020, referente aos anos de 2015, 2016, 2017 e
2018, foram obtidos a partir do cálculo de 9 indicadores econômico-financeiros entre eles
indicadores de liquidez, endividamento e rentabilidade.
A partir disso, foi possível estabelecer o ranking de desempenho aplicando o método
TOPSIS de avaliação de performances de alternativas, no qual quanto mais próximo de 1 o
valor de 𝑃𝑖 melhor o desempenho da empresa. Na tabela 3, apresenta-se a classificação das
empresas conforme o ranking de seus índices de desempenho-financeiro em cada ano.
Tabela 3 - Ranking das Empresas em Relação Desempenho Econômico-Financeiro
TICKER NOME 2015 2016 2017 2018 Geral
PRIO3 PETRO RIO AS 1º 1º 21º 6º 1º
SMLS3 SMILES FIDELIDADE AS 9º 3º 1º 2º 2º
TRPL4 CIA DE TRANSMISSAO DE ENE-PF 11º 2º 6º 3º 3º
TAEE11 TRANSMISSORA ALIANCA DE-UNIT 6º 6º 3º 4º 4º
EZTC3 EZ TEC EMPREEND. E PARTICIPACOES S.A. 2º 8º 7º 5º 5º
HGTX3 CIA HERING 3º 10º 5º 10º 6º
MDIA3 M DIAS BRANCO AS 12º 9º 2º 21º 7º
HYPE3 HYPERA AS 4º 7º 17º 11º 8º
LINX3 LINX AS 7º 4º 16º 18º 9º
FLRY3 FLEURY AS 5º 14º 10º 20º 10º
WEGE3 WEG AS8º 11º 11º 26º 11º
QUAL3 QUALICORP CONS E CORR SEG AS 17º 15º 8º 15º 12º
KLBN4 KLABIN SA-PREF 33º 5º 19º 27º 13º
ABEV3 AMBEV AS 16º 12º 25º 12º 14º
YDUQ3 YDUQS PARTICIPACOES S.A. 10º 23º 24º 13º 15º
EGIE3 ENGIE BRASIL ENERGIA AS 24º 13º 15º 19º 16º
LREN3 LOJAS RENNER S.A. 25º 22º 14º 25º 17º
EQTL3 EQUATORIAL ENERGIA SA – ORD 26º 25º 9º 33º 18º
36
ALPA4 ALPARGATAS SA – PREF 29º 17º 13º 29º 19º
UGPA3 ULTRAPAR PARTICIPACOES AS 13º 18º 20º 36º 20º
SBSP3 CIA SANEAMENTO BASICO DE SP 40º 16º 18º 16º 21º
MRVE3 MRV ENGENHARIA 18º 19º 26º 28º 22º
SAPR4 CIA SANEAMENTO DO PARANA-PRF 36º 21º 28º 17º 23º
CCRO3 CCR AS 48º 20º 12º 47º 24º
CSAN3 COSAN AS 39º 27º 27º 24º 25º
TOTS3 TOTVS AS 14º 29º 32º 44º 26º
RENT3 LOCALIZA RENT A CAR 15º 28º 31º 50º 27º
CSMG3 CIA SANEAMENTO MINAS GERAIS 37º 24º 30º 30º 28º
CVCB3 CVC BRASIL OPERADORA E AGENC 38º 31º 22º 42º 29º
DTEX3 DURATEX AS 21º 30º 37º 35º 30º
TIMP3 TIM PARTICIPACOES AS 19º 36º 38º 31º 31º
ENBR3 EDP - ENERGIAS DO BRASIL AS 27º 35º 40º 32º 32º
RADL3 RAIA DROGASIL AS 41º 34º 35º 49º 33º
RAPT4 RANDON PARTICIPACOES SA-PREF 28º 42º 42º 38º 34º
VIVT4 TELEFONICA BRASIL S.A.-PREF 45º 40º 44º 22º 35º
ENEV3 ENEVA AS 52º 59º 43º 9º 36º
CPLE6 CIA PARANAENSE DE ENERGI-PFB 30º 43º 45º 41º 37º
NTCO3 NATURA COSMETICOS S.A. 44º 49º 23º 59º 38º
CPFE3 CPFL ENERGIA AS 35º 39º 46º 43º 39º
EMBR3 EMBRAER AS 31º 41º 36º 60º 40º
VALE3 VALE AS 66º 26º 29º 14º 41º
CYRE3 CYRELA BRAZIL REALTY S.A 20º 32º 55º 56º 42º
ENGI3 ENERGISA S.A. 47º 48º 39º 51º 43º
CSNA3 CIA SIDERURGICA NACIONAL AS 23º 60º 61º 23º 44º
GOAU4 METALURGICA GERDAU SA-PREF 34º 50º 52º 55º 45º
CMIG4 CIA ENERGETICA MINAS GER-PRF 43º 51º 47º 54º 46º
GGBR4 GERDAU SA-PREF 42º 55º 54º 40º 47º
PETR4 PETROBRAS - PETROLEO BRAS-PR 51º 53º 50º 45º 48º
PETR3 PETROLEO BRASILEIRO S.A. PETROBRAS 50º 54º 51º 46º 49º
LCAM3 COMPANHIA DE LOCACAO DAS AME 56º 47º 49º 52º 50º
CESP6 CIA ENERGETICA DE SP-PREF B 55º 33º 66º 34º 51º
LAME4 LOJAS AMERICANAS SA-PREF 53º 56º 48º 48º 52º
USIM5 USINAS SIDER MINAS GER-PF A 62º 44º 41º 39º 53º
ECOR3 ECORODOVIAS INFRA E LOG AS 49º 67º 4º 37º 54º
ELET6 CENTRAIS ELET BRAS S.A. 63º 45º 63º 8º 55º
MGLU3 MAGAZINE LUIZA AS 61º 62º 33º 53º 56º
ELET3 CENTRAIS ELETRICAS BRASILIER 64º 46º 64º 7º 57º
JBSS3 JBS AS 46º 58º 58º 62º 58º
MYPK3 IOCHPE-MAXION S.A. 58º 57º 60º 61º 59º
PCAR3 CIA BRASILEIRA DE DISTRIBUICAO 54º 61º 56º 64º 60º
LIGT3 LIGHT AS 57º 63º 57º 63º 61º
BRFS3 BRF AS 22º 52º 65º 68º 62º
BTOW3 B2W CIA DIGITAL 60º 64º 62º 57º 63º
37
GOLL4 GOL LINHAS AEREAS INT SA-PRE 67º 37º 53º 65º 64º
BEEF3 MINERVA AS 69º 38º 69º 1º 65º
VVAR3 VIA VAREJO AS 59º 65º 59º 67º 66º
MRFG3 MARFRIG GLOBAL FOODS SA 65º 66º 67º 58º 67º
BRKM5 BRASKEM SA-PREF A 68º 69º 34º 66º 68º
TCSA3 TECNISA S.A. 32º 68º 68º 69º 69º
O ranking geral foi obtido a partir do ranking das médias dos indicadores de
desempenhos dos 4 anos analisados ordenados de forma decrescente.
O destaque foi para a empresa Petro Rio S.A – PRIO3 que atingiu a pontuação de
desempenho de 0,6374, a maior entre as empresas analisadas, ficando em primeiro lugar no
ranking geral. Com exceção do ano de 2017, em que ficou na 21ª posição no ranking, se
manteve nas primeiras posições nos demais anos do período analisado, ocupando as posições
1º, 1º, 21º e 6º respectivamente.
A empresa Smiles Fidelidade S.A. – SMLS3 também se destacou na 2ª posição do
ranking geral, acumulando a pontuação de 0,6211, após alcançar a 9ª posição em 2015 e
oscilar entre as 3 primeiras colocações nos anos seguintes, ocupando respectivamente as
posições 9º, 1º, 3º e 2º. Já o 3º lugar no ranking foi ocupado pela Companhia de Transmissão
de Energia Elétrica Paulista – TRPL4 com a pontuação de 0,6034 de desempenho, se
colocando em 11º, 2º, 6º e 3º ao longo período analisado.
Por sua vez, a Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A – TAEE11 e a Ez Tec
Empreendimentos e Participações S.A. – EZTC3 se mantiveram ao longo do período
analisado entre as 10 empresas com melhor desempenho, no entanto, em nenhum dos anos
conseguiram alcançar a 1ª posição e acabaram acumulando a pontuação de 0,5272 e 0,5844
respectivamente, resultado que garantiu apenas a 4ª e a 5º colocação no ranking geral.
Ressalta-se que as três primeiras colocadas mesmo apresentando um desempenho
superior às demais ao atingirem índice TOPSIS 0,6374, 0,6211 e 0,6034, respectivamente,
não se distanciaram tanto das demais. As empresas da 4ª até 60º colocação atingiram índice
entre 0,5844 a 0,5001 e apenas as 9 últimas colocadas atingiram índice TOPSIS inferior a
0,4986, sendo elas: LIGT3, BRFS3, BTOW3, GOLL4, BEEF3, VVAR3, MRFG3, BRKM5
e TCSA3.
A última colocada no ranking geral foi a Tecnisa S.A -TCSA3 com o índice TOPSIS
de 0,3935, ligeiramente inferior a penúltima colocada, a Braskem S.A- PREF – BRKM5 que
atingiu a pontuação de 0,4333. Ainda assim, em análise geral, pode-se considerar que as
38
empresas apresentaram certa homogeneidade em relação ao desempenho econômico-
financeiro, não resultando em grande dispersão entre elas.
4.2 ANÁLISE DO RETORNO DAS AÇÕES
O retorno das ações das 69 empresas foi obtido utilizando a equação 11 descrita na
metodologia, o qual calcula o percentual de ganho (ou perda) no preço de uma ação de um
ano para outro durante o período estudado. O objetivo aqui foi criar um ranking das empresas
com base no percentual acumulado no período da análise, no qual quanto mais alto o
percentual de ganho no preço da ação melhor o desempenho da empresa. Os resultados
obtidos estão dispostos na tabela 4 abaixo.
Tabela 4 - Ranking das empresas em relação ao retorno
TICKER NOME 2015 2016
2017 2018
Gera
l
MGLU3 MAGAZINE LUIZA AS 66º 1º 1º 1º 1º
LCAM3
COMPANHIA DE LOCACAO DAS
AME 35º 19º
3º 4º
2º
PRIO3 PETRO RIO AS 58º 16º 2º 21º 3º
ELET3 CENTRAIS ELETRICAS BRASILIER 21º 2º 66º 18º 4º
GOLL4 GOL LINHAS AEREAS INT SA-PRE 68º 15º 4º 5º 5º
USIM5 USINAS SIDER MINAS GER-PF A 65º 6º 6º 40º 6º
CVCB3
CVC BRASIL OPERADORA E
AGENC 32º 17º
11º 17º
7º
ELET6 CENTRAIS ELET BRAS S.A. 7º 8º 63º 19º 8º
ENGI3 ENERGISA S.A. 10º 34º 5º 53º 9º
SAPR4
CIA SANEAMENTO DO PARANA-
PRF 57º 3º
48º 47º
10º
CSMG3
CIA SANEAMENTO MINAS
GERAIS 50º 9º
41º 10º
11º
FLRY3 FLEURY AS 23º 11º 20º 63º 12º
GOAU4 METALURGICA GERDAU SA-PREF 69º 4º 39º 22º 13º
BTOW3 B2W CIA DIGITAL 46º 68º 10º 2º 14º
RENT3 LOCALIZA RENT A CAR 45º 30º 12º 13º 15º
VVAR3 VIA VAREJO AS 67º 7º 7º 67º 16º
VALE3 VALE AS 52º 14º 22º 16º 17º
PETR4
PETROBRAS - PETROLEO BRAS-
PR 49º 12º
50º 11º
18º
PETR3
PETROLEO BRASILEIRO S.A.
PETROBRAS 26º 13º
57º 8º
19º
LREN3 LOJAS RENNER S.A. 14º 33º 18º 24º 20º
RAPT4
RANDON PARTICIPACOES SA-
PREF 59º 27º
8º 14º
21º
CSNA3 CIA SIDERURGICA NACIONAL AS 43º 5º 67º 36º 22º
39
RADL3 RAIA DROGASIL AS 2º 21º 24º 64º 23º
BRKM5 BRASKEM SA-PREF A 1º 39º 34º 34º 24º
EQTL3 EQUATORIAL ENERGIA SA – ORD 8º 24º 38º 32º 25º
GGBR4 GERDAU SA-PREF 62º 10º 43º 23º 26º
ALPA4 ALPARGATAS SA – PREF 24º 29º 15º 43º 27º
MYPK3 IOCHPE-MAXION S.A. 20º 58º 13º 38º 28º
LINX3 LINX AS 29º 44º 37º 7º 29º
CPFE3 CPFL ENERGIA AS 33º 22º 68º 9º 30º
SBSP3 CIA SANEAMENTO BASICO DE SP 15º 25º 40º 46º 31º
HYPE3 HYPERA AS 6º 43º 28º 52º 32º
MRVE3 MRV ENGENHARIA 12º 37º 29º 50º 33º
CMIG4
CIA ENERGETICA MINAS GER-
PRF 64º 38º
61º 3º
34º
MDIA3 M DIAS BRANCO AS 42º 20º 30º 54º 35º
TRPL4 CIA DE TRANSMISSAO DE ENE-PF 17º 28º 52º 39º 36º
HGTX3 CIA HERING 39º 56º 17º 31º 37º
ENBR3 EDP - ENERGIAS DO BRASIL AS 4º 49º 51º 37º 38º
DTEX3 DURATEX AS 41º 45º 31º 15º 39º
YDUQ3 YDUQS PARTICIPACOES S.A. 53º 47º 9º 58º 40º
WEGE3 WEG AS 25º 54º 23º 45º 41º
NTCO3 NATURA COSMETICOS S.A. 40º 57º 26º 12º 42º
CYRE3 CYRELA BRAZIL REALTYS. A 47º 31º 33º 26º 43º
PCAR3
CIA BRASILEIRA DE
DISTRIBUICAO 37º 63º
14º 41º
44º
ECOR3 ECORODOVIAS INFRA E LOG AS 63º 23º 25º 56º 45º
EZTC3
EZ TEC EMPREEND. E
PARTICIPACOES S.A. 56º 42º
27º 29º
46º
LAME4 LOJAS AMERICANAS SA-PREF 13º 51º 56º 30º 47º
SMLS3 SMILES FIDELIDADE AS 38º 35º 16º 66º 48º
TIMP3 TIM PARTICIPACOES AS 54º 46º 19º 49º 49º
LIGT3 LIGHT AS 55º 18º 59º 42º 50º
CSAN3 COSAN AS 30º 26º 49º 55º 51º
TAEE11
TRANSMISSORA ALIANCA DE-
UNIT 27º 40º
53º 33º
52º
EGIE3 ENGIE BRASIL ENERGIA AS 22º 52º 54º 27º 53º
CESP6 CIA ENERGETICA DE SP-PREF B 61º 55º 58º 6º 54º
UGPA3 ULTRAPAR PARTICIPACOES SA 11º 48º 47º 60º 55º
EMBR3 EMBRAER AS 9º 69º 35º 35º 56º
KLBN4 KLABIN SA-PREF 5º 67º 46º 51º 57º
JBSS3 JBS AS 16º 59º 65º 25º 58º
VIVT4 TELEFONICA BRASIL S.A.-PREF 36º 41º 45º 44º 59º
ABEV3 AMBEV AS 18º 60º 32º 59º 60º
CPLE6
CIA PARANAENSE DE ENERGI-
PFB 48º 50º
62º 20º
61º
MRFG3 MARFRIG GLOBAL FOODS SA 19º 53º 44º 57º 62º
QUAL3
QUALICORP CONS E CORR SEG
AS 60º 32º
21º 69º
63º
TOTS3 TOTVS AS 28º 66º 36º 48º 64º
40
CCRO3 CCR AS 34º 36º 55º 62º 65º
ENEV3 ENEVA AS 51º 64º 42º 28º 66º
BEEF3 MINERVA AS 3º 61º 64º 68º 67º
TCSA3 TECNISA S.A. 44º 65º 60º 61º 68º
BRFS3 BRF AS 31º 62º 69º 65º 69º
O ranking geral foi obtido a partir do ranking das médias dos retornos dos 4 anos
analisados ordenados de forma decrescente.
O maior destaque vai para Magazine Luiza – MGLU3 que alcançou a 1ª posição em
3 dos 4 anos analisados e atingiu, na média, o score de 265,1% de retorno no preço da ação,
resultado este significativamente superior ao do 2º colocado, o que a levou a ocupar o
primeiríssimo lugar no ranking geral.
Em segundo lugar ficou a Companhia de Locação das Américas – LCAM3, com
93,3% de média de retorno no preço da ação. A LCAM3 demonstrou uma melhoria de
posição ao longo do período, com as posições 35º, 19º, 3º e 4º respectivamente, sendo 2017
o seu ano de melhor resultado.
A Petro Rio S.A que já havia se destacado quanto desempenho econômico-financeiro,
conseguiu se destacar também em relação ao retorno ao apresentar média de 81,9% de retorno
sobre o preço da ação, e por isso alcançou a 3ª colocação no ranking geral. É interessante
observar que esse resultado se deve principalmente ao percentual de retorno atingido em
2017 quando conseguiu retorno muito significativo em comparação com os demais anos
analisados: -47,0%, 77,8%, 275,6% e 21,3% respectivamente.
Da mesma forma, o retorno expressivo de 296,0% alcançado em 2016 levou a
Centrais Elétricas Brasileiras S.A - ELET3 a atingir a 4ª colocação no ranking geral. Ao
longo do período analisado, apresentou as posições 21º, 2º, 66ª e 18º respectivamente.
Já a quinta colocação no ranking é ocupada pela Gol Linhas Aéreas Inteligente S.A –
GOLL4 que teve sua média alavancada pelo resultado do ano de 2017 quando apresentou
retorno de 216,0%. Resultados do período foram respectivamente: -83,4%, 83,3%, 216,0% e
71,9%. No ranking geral alcançou média de 72,0% de retorno sobre o preço da ação.
Embora as empresas entre a 2ª a 5ª colocação tenham apresentado resultado
expressivamente inferior em comparação a primeira colocada, ainda sim apresentaram
resultados significativos frente as demais empresas analisadas apresentando médias de
retorno entre 93,3% a 72,0%. As empresas entre a 6ª e 60ª colocação apresentaram resultados
bem inferiores com médias entre 55,7% a 0,8% de retorno.
41
As empresas CPLE6, MRFG3, QUAL3, TOTS3, CCRO3, ENEV3, BEEF3, TCSA3
e BRFS3 ficaram nas últimas 9 posições no ranking geral apresentando média de retorno
negativo. A TCSA3 e BRFS3 ficaram nas colocações 68ª e 69ª respectivamente com as
médias mais altas de desvalorização do preço da ação durante o período analisado com -
21,0% e -22,5%, respectivamente.
É interessante notar que a BRFS3, BEEF3, MRFG3 E TCSA3 também estão entre as
9 últimas colocações no ranking geral de desempenho econômico-financeiro. Por outro lado,
a GOLL4 que também se encontra entre as 9 últimas colocações no ranking geral de
desempenho, na 64ª posição, se saiu muito melhor no ranking de retorno, no qual conseguiu
figurar entre as 5 primeiras posições.
No caso do ranking das empresas em relação retorno sobre o preço das ações foi
possível observar um maior distanciamento entre o 1º e o 69ª colocado e seus respectivos
retornos na média geral, 265,1% e -22,5% respectivamente. Com este resultado, pode-se
concluir que houve grande dispersão entre elas.
4.3 ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE O DESEMPENHO E RETORNO
Para verificar a relação entre o retorno e o desempenho econômico-financeiro das
empresas listadas na B3, e integrantes do índice IBrX-100, foi calculada a correlação ordinal
de Kendall entre os posicionamentos obtidos em cada período por meio do software SPSS
versão 23. Os resultados foram compilados na tabela 5.
Tabela 5 - Correlação ordinal entre os rankings do período de 2015 a 2018
2015 2016 2017 2018
Variáveis D* R** D* R** D* R** D* R**
D* Correlação 1 0,054 1 -0,016 1 ,211* 1 -0,119
D*
Significância 0,514 0,844 0,010 0,147
R** Correlação 0,054 1 -0,016 1 ,211* 1 -0,119 1
R**
Significância 0,514 0,844 0,010 0,147
(*) Desempenho econômico-financeiro
(**) Retorno sobre preço das ações
Fonte: Elaborada pela autora com base no modelo de C Marcos, JC Nascimento, E De Nez, A Kroenke (2018)
Apresentadas as correlações calculadas, constatou-se baixa correlação entre o ranking
de retorno das ações e os respectivos desempenhos econômico-financeiro das empresas
calculados a partir dos 9 indicadores de desempenho selecionados neste estudo. Dentre todos
42
os anos analisados, 2017 foi o que apresentou a maior correlação, atingindo 0,010 de
significância, mantendo dentro do nível de confiança de 95%. O ano com menor correlação
foi o de 2016 com 0,844 de significância.
Portanto, os resultados apontam para a inexistência de relação consistente entre o
retorno das empresas e o respectivo desempenho econômico-financeiro calculado neste
estudo. Estes resultados vão de encontro a teoria apresentada em estudos anteriores como os
de Moutinho, Magnani e Ambrozini (2019), Evrad e Cruz (2016), Nagano, Merlo e Silva
(2003) e Abarbanell e Bushee (1997) que obtiveram uma relação positiva e significativa entre
um conjunto de variáveis fundamentalistas tradicionais e o retorno acionário. Por outro lado,
corrobora estudos como o de Malta e Camargos (2016), que apesar de ter conseguido
evidenciar capacidade preditiva de alguns indicadores, também não encontrou relevância em
relação a um grupo tradicional de indicadores da análise fundamentalista e o retorno das
ações.
Em outras palavras, não é possível inferir que empresas que apresentam maiores
retornos são as que atingem os melhores desempenhos econômico-financeiro e nem tão
pouco que empresas com os piores desempenhos não podem apresentar retornos
significativos. Isso se fez claro, por exemplo, quando se observou que a GOLL4 que atingiu
a 64º colocação em desempenho apresentou 72,0% de retorno superando 4 das 5 empresas
que lideraram o ranking de desempenho econômico-financeiro deste estudo, enquanto a
SMLS3 que atingiu o 2º lugar no ranking de desempenho não figurou nem entre as 30ª
primeiras no ranking de retorno com a média de retorno de 7,9%.
É importante ressaltar que o ranking de desempenho econômico-financeiro foi obtido
a partir da aplicação do método TOPSIS na base de dados contendo 9 indicadores de
desempenho previamente selecionados, sendo eles: LS, LI, LC, CE, IPL, PCT, ML, ROA e
ROE; e que a escolha dos mesmos foi norteada pela busca dos índices mais utilizados em
análises fundamentalistas de ações que representassem a situação financeira (índices de
liquidez e endividamento) e econômica(índices de rentabilidade) das empresas analisadas,
considerando cada indicador igualmente relevante para a análise.
Sendo assim, convém esclarecer que o acréscimo, redução e/ou substituição de
indicadores e até mesmo assumir maior ou menor relevância de um indicador em relação a
outro, ou seja, atribuição de pesos diferenciados entres eles, podem levar outros estudos a
alcançar resultados diferentes dos que foram obtidos nesta pesquisa.
43
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo desta pesquisa foi analisar a relação entre o retorno e o desempenho
econômico-financeiro das empresas listadas na B3 e integrantes do índice Brasil IBrX-100
no 2º quadrimestre de 2020. Estabeleceu-se um ranking das empresas conforme seu
desempenho econômico-financeiro por meio do método TOPSIS e outro ranking do retorno
das ações.
O período estudado foi de 2015 a 2018 e a Correlação de Kendall foi a ferramenta
estatística utilizada para verificar a relação entre as variáveis analisadas, no qual se constatou
que, com exceção do ano de 2017 que apresentou significância de 99% de confiança, nenhum
dos períodos atingiram os 95% de confiança exigido no teste, incluindo a análise acumulada.
Sendo assim, conclui-se que não é possível assegurar que há relação consistente entre
o retorno e desempenho econômico-financeiro baseado nos 9 indicadores de desempenho
considerados neste trabalho. Não sendo possível afirmar que empresas com maiores retornos
são as que apresentam melhores desempenhos econômico-financeiro.
Observou-se ainda que a homogeneidade nos resultados obtidos no ranking de
desempenho econômico pode indicar que, os indicadores de desempenho econômico-
financeiro selecionados neste estudo, que foram: Liquidez Seca, Liquidez Corrente, Liquidez
Imediata, Imobilização do Patrimônio Líquido, Composição do Endividamento, Margem
Líquida, Retorno sobre o Ativo e Retorno sobre o Patrimônio Líquido, não foram suficientes
para explicar a relação do desempenho econômico-financeiro das empresas e seus respectivos
retornos.
Nesse sentido, ressalta-se que há espaço para realização de mais estudos relacionados
a investigação da relação entre o retorno e o desempenho econômico-financeiro. Dessa
forma, sugere-se que a temática seja abordada em outros estudos com enfoque em
determinados setores, e ainda, que se estenda a quantidade de indicadores de desempenho
selecionados, podendo incluir até outros tipos de indicadores como, por exemplo, indicadores
de atividade. A recomendação é que seja utilizado o mesmo método e as mesmas empresas
utilizada neste estudo a fim de comparar os resultados obtidos.
44
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Estrutura e Análise de Balanços: Um Enfoque Econômico-Financeiro.
14ª ed. São Paulo: Atlas, 2018.
______. Finanças Corporativas e Valor. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2012.
______. Mercado Financeiro. 12ª ed. São Paulo: Atlas, 2014.
B3.
Histórico Pessoas Físicas. Disponível em: < http://www.b3.com.br/pt_br/market-data-e-
indices/servicos-de-dados/market-data/consultas/mercado-a-vista/historico-pessoas-
fisicas/>. Acesso: 11 de mar. 2020.
Índice Brasil 100 (IBrX 100). Disponível em: http://www.b3.com.br/pt_br/market-data-e-
indices/indices/indices-amplos/indice-brasil-100-ibrx-100.htm Acesso: 06 de abr. 2020.
BARTH, Mary E.; BEAVER, William H.; LANDSMAN, Wayne R. The relevance of the
value relevance literature for financial accounting standard setting: another view.
Journal of Accounting and Economics, v. 31, n. 1, p. 77-104, 2001.
BRUM, Carlos A. H. Aprenda a investir em ações e a operar na Bolsa via internet 4. ed.
Rio de Janeiro: Ciência Moderna Ltda., 2007.
CAVALCANTE, Francisco; MISUMI, Yoshfio Jorge; RUDGE, Fernando Luiz. Mercado
de capitais: o que é, como funciona. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. p.371.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC n.º 1. 374
, de 21 de novembro de 2019. Dá nova redação à NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL
- Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil -
Financeiro. Disponível em:
http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTGEC.pdf.Acesso em:15/04/2020.
TOP - Análise de investimentos: histórico, principais ferramentas e mudanças
conceituais para o futuro / Associação de Analistas e Profissionais de Investimentos no
Mercado de Capitais - APIMEC; Comissão de Valores Mobiliários. Rio de Janeiro: CVM,
2017. 230p.: il.
DEBASTIANI, Carlos Alberto; RUSSO, Felipe Augusto. Avaliando Empresas, Investindo
em Ações: A aplicação prática da análise fundamentalista na avaliação de empresas.
Novatec Editora, 2017.
DE CASTRO, Rafaela David; MARQUES, Vagner Antônio. Relevância da informação
contábil para o mercado de capitais: evidências no mercado brasileiro. Enfoque:
Reflexão Contábil, v. 32, n. 1, p. 109-124, 2013.
http://www.b3.com.br/pt_br/market-data-e-indices/servicos-de-dados/market-data/consultas/mercado-a-vista/historico-pessoas-fisicas/
http://www.b3.com.br/pt_br/market-data-e-indices/servicos-de-dados/market-data/consultas/mercado-a-vista/historico-pessoas-fisicas/
http://www.b3.com.br/pt_br/market-data-e-indices/servicos-de-dados/market-data/consultas/mercado-a-vista/historico-pessoas-fisicas/
http://www.b3.com.br/pt_br/market-data-e-indices/indices/indices-amplos/indice-brasil-100-ibrx-100.htm
http://www.b3.com.br/pt_br/market-data-e-indices/indices/indices-amplos/indice-brasil-100-ibrx-100.htm
45
DOS SANTOS, Everton Rodrigo Alves et al. Avaliação de desempenho econômico-
financeiro de uma empresa em recuperação judicial: estudo de caso OI SA. The Journal
of Engineering and Exact Sciences, v. 6, n. 1, p. 0042-0048, 2020.
DUARTE, F. C. L.; GIRÃO, L. F. A. P.; PAULO, E. Avaliando Modelos Lineares de Value
Relevance: Eles Captam o que Deveriam Captar? Revista de Administração
Contemporânea, v. 21, n. Edição Especial FCG, p. 110-134, 2017.
EVRARD, H. S.; CRUZ, J. A. W.; Indicadores financeiros e de mercado para previsão
do retorno de ações do Ibovespa entre os anos de 2003 e 2013. Sociedade, Contabilidade
e Gestão, v. 11, n. 1, Rio de Janeiro, 2016.
HOLTHAUSEN, R. W., & WATTS, R. L. (2001). The relevance of value relevance
literature for financial accounting standard setting. Journal of Accounting and
Economics, 31(1/3), 3-75. Disponibilizado em:
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0165410101000295.
http://dx.doi.org/10.1016/S0165-4101(01)00029-5
HOLTHAUSEN, R. W.; LARCKER, D. F. The Prediction of Stock Returns Using
Financial Statement Information. Journal of Accounting and Economics, v.15, n. 2-3, p.
373-411, 1992
HWANG, C.L.; YOON, K. (1981). Multiple Attribute Decision Making: Methods and
Applications. New York: Springer-Verlag
KOTHARI, S. P. Capital markets research in accounting. Journal of Accounting and
Economics, n. 31, p. 105-231, 2001.
JUNIOR, F. R. L.; CARPINETTI, L. C. R. Uma comparação entre os métodos topsis e
fuzzy-topsis no apoio à tomada de decisão multicritério para seleção de fornecedores.
Gestão & Produção, Directory of Open Access Journals, v. 22, n. 1, p. 17–34, 2015.
LANDSMAN, Wayne R. e MAYDEW, Edward L., BEAVER (1968) revisitaram: o
conteúdo informativo dos anúncios de ganhos anuais declinou nas três últimas décadas?
(Maio de 2001). Disponível em SSRN: https://ssrn.com/abstract=204068 ou
http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.204068 . Acesso em: 03/04/2020.
LEV, B.; THIAGARAJAN, R. Fundamental Information Analysis. Journal of Accounting
Research, v. 31, p. 190-215, 1993.
LOPES, Alexsandro Broedel. A informação contábil e o mercado de capitais. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2002.
LOPES, A.B.; MARTINS, E. 2005. Teoria da contabilidade: uma nova abordagem. São
Paulo, Atlas, 237 p.
MALTA, T. L.; CAMARGOS, M. A. Variáveis da análise fundamentalista e dinâmica e
o retorno acionário de empresas brasileiras entre 2007 e 2014.Revista de Gestão, v. 23,
n. 1, p. 52-62, 2016.
http://dx.doi.org/10.1016/S0165-4101(01)00029-5
https://ssrn.com/abstract=204068
https://dx.doi.org/10.2139/ssrn.204068
46
MARCOS, C., NASCIMENTO, J. C., DE NEZ, E., & KROENKE, A. (2018).
Desempenho econômico-financeiro e o grau de internacionalização de empresas listadas
no novo mercado da B3. Revista Contabilidade e Controladoria, Curitiba, v. 10, nº. 2.
MARION, José Carlos. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial.
4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
______. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial. 7. ed. São
Paulo (SP): Atlas, 2012.
MARTINS, Gilberto de A. Manual para elaboração de monografias e dissertações. 3 ed.
São Paulo: Atlas, 2002.
MATARAZZO, Dante C. (Dante Carmine). Análise financeira de balanços:
demonstrações financeiras. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010
MÁXIMO, Wellton. Mais cortes nos juros? Copom se reúne nesta semana em meio a
coronavírus. Revista Exame, São Paulo, 15 de mar. de 2020. Disponível em: <
https://exame.abril.com.br/economia/mais-cortes-nos-juros-copom-se-reune-nesta-semana-
em-meio-a-coronavirus/>. Acesso em: 15 de mar. de 2020.
MIOT, H. (2018). Análise de correlação em estudos clínicos e experimentais. Jornal
Vascular Brasileiro, 17, 275-279.
MOHANRAM, P. S. Separating winners from losers among low book-to-market stocks
using financial statement analysis. Review of Accounting Studies, v. 10, p. 133-170, 2005.
MOTA, Renato Henrique Gurgel; DE LIMA TAVARES, Adilson. Classificação entre
empresas vencedoras a perdedoras após a adoção das IFRS: um estudo em empresas
não financeiras do setor regulado brasileiro com ações listadas na BM&FBovespa.
Enfoque: Reflexão Contábil, v. 34, n. 2, p. 91-107, 2015.
MOUTINHO, R. A.; MAGNANI, V. M.; AMBROZINI, M. A. Análise do Impacto do
Fluxo de Caixa Livre sobre o Retorno Acionário das Companhias de Capital Aberto no
Mercado Acionário Brasileiro. Revista Mineira de Contabilidade, v. 20, n. 2, p. 0-0, 2019.
NAGANO, M. S.; MERLO, E. M.; SILVA, M. C. As variáveis fundamentalistas e seus
impactos na taxa de retorno das ações no Brasil. Revista FAE, Curitiba, v. 6, n. 2, p. 13-
28, 2003.
OLIVEIRA, Bruno; Coeficientes de Correlação. Disponível em: <
https://operdata.com.br/blog/coeficientes-de-correlacao/#:~:text=Expresso%20pela%20
letra%20grega%20tau,um%20coeficiente%20de%20correla%C3%A7%C3%A3o%20parci
al.>. Acesso em: 02/11/2020;
PONTES, Felipe; NOGUEIRA, Lucas. Análise Fundamentalista: Entenda as Abordagens
Top-Down e Bottom-Up. Traders Club, 2019. Disponível em:
<https://tradersclub.com.br/tc-school/analise-fundamentalista/analise-fundamentalista-
entenda-as-abordagens-top-down-e-bottom-up/>. Acesso em: 18/04/2020.
https://operdata.com.br/blog/coeficientes-de-correlacao/#:~:text=
https://tradersclub.com.br/tc-school/analise-fundamentalista/analise-fundamentalista-entenda-as-abordagens-top-down-e-bottom-up/
https://tradersclub.com.br/tc-school/analise-fundamentalista/analise-fundamentalista-entenda-as-abordagens-top-down-e-bottom-up/
47
VIEIRA, S. P.; MENDES, A. G. S. T. Governança corporativa: uma análise de sua
evolução e impactos no mercado de capitais brasileiro. Revista Organizações em
Contexto, v. 2, n. 3, p. 48-67, 2006.
48
APÊNDICE A – COMPOSIÇÃO DO IBRX-100 EM 04/05/2020
COMPOSIÇÃO DO IBrX-100
Setor Subsetor Código Ação Tipo Qtde. Teórica Part. (%) Status
Consumo Não Cíclico Bebidas ABEV3 AMBEV S/A ON 4.354.228.928 3,187 Completo
Consumo Cíclico
Tecidos, Vestuário e
Calçados ALPA4 ALPARGATAS PN N1 187.007.704 0,331 Completo
Financeiro e Outros Exploração de Imóveis ALSO3 ALIANSCSONAE ON NM 127.374.163 0,229 Eliminado
Bens Industriais Transporte AZUL4 AZUL PN N2 317.471.474 0,357 Incompleto
Financeiro e Outros
Serviços Financeiros
Diversos B3SA3 B3 ON NM 2.046.021.644 5,074 Eliminado
Financeiro e Outros Intermediários Financeiros BBAS3 BRASIL ON NM 1.418.466.803 2,609 Eliminado
Financeiro e Outros Intermediários Financeiros BBDC3 BRADESCO ON N1 1.253.093.907 1,42 Eliminado
Financeiro e Outros Intermediários Financeiros BBDC4 BRADESCO PN N1 4.261.649.634 5,268 Eliminado
Financeiro e Outros Previdências e Seguros BBSE3 BBSEGURIDADE ON NM 671.601.167 1,151 Eliminado
Consumo Não Cíclico Alimentos Processados BEEF3 MINERVA ON NM 259.260.688 0,205 Completo
Financeiro e Outros Intermediários Financeiros BIDI11 BANCO INTER UNT N2 133.321.962 0,237 Eliminado
Financeiro e Outros Intermediários Financeiros BPAC11 BTGP BANCO UNT N2 201.102.231 0,549 Eliminado
Financeiro e Outros Intermediários Financeiros BPAN4 BANCO PAN PN N1 315.644.002 0,102 Eliminado
Materiais Básicos Mineração BRAP4 BRADESPAR PN N1 222.089.397 0,428 Incompleto
Petróleo, Gás e
Combustível Petróleo, Gás e Combustível BRDT3 PETROBRAS BR ON NM 728.125.000 0,918 Incompleto
Consumo Não Cíclico Alimentos Processados BRFS3 BRF SA ON NM 811.416.229 1,016 Completo
Materiais Básicos Químicos BRKM5 BRASKEM PNA N1 264.632.416 0,361 Completo
Financeiro e Outros Exploração de Imóveis BRML3 BR MALLS PAR ON NM 843.313.591 0,547 Eliminado
Financeiro e Outros Intermediários Financeiros BRSR6 BANRISUL PNB N1 202.531.540 0,164 Eliminado
Consumo Cíclico Comércio BTOW3 B2W DIGITAL ON NM 194.807.150 0,921 Completo
Bens Industriais Transporte CCRO3 CCR SA ON NM 1.115.695.556 0,889 Completo
Utilidade Pública Energia Elétrica CESP6 CESP PNB N1 182.017.689 0,33 Completo
Financeiro e Outros
Serviços Financeiros
Diversos CIEL3 CIELO ON NM 1.118.386.806 0,293 Eliminado
Utilidade Pública Energia Elétrica CMIG4 CEMIG PN N1 966.005.862 0,594 Completo
Diversos Serviços Educacionais COGN3 COGNA ON ON NM 1.829.322.117 0,654 Completo
Utilidade Pública Energia Elétrica CPFE3 CPFL ENERGIA ON NM 170.209.781 0,319 Completo
Utilidade Pública Energia Elétrica CPLE6 COPEL PNB N1 128.297.147 0,45 Completo
Consumo Não Cíclico Comercio e Distribuição CRFB3 CARREFOUR BR ON NM 384.888.219 0,497 Incompleto
Petróleo, Gás e
Combustível Petróleo, Gás e Combustível CSAN3 COSAN ON NM 153.417.832 0,598 Completo
Utilidade Pública Água e Saneamento CSMG3 COPASA ON NM 62.969.736 0,195 Completo
Materiais Básicos Siderurgia e Metalurgia CSNA3 SID NACIONAL ON 642.387.288 0,372 Completo
Consumo Cíclico Viagens e Lazer CVCB3 CVC BRASIL ON NM 145.617.442 0,13 Completo
Consumo Cíclico Construção Civil CYRE3 CYRELA REALT ON NM 281.154.098 0,289 Completo
Materiais Básicos Madeira e Papel DTEX3 DURATEX ON NM 273.622.865 0,172 Completo
Bens Industriais Transporte ECOR3 ECORODOVIAS ON NM 171.079.276 0,116 Completo
Utilidade Pública Energia Elétrica EGIE3 ENGIE BRASIL ON NM 254.813.401 0,643 Completo
Utilidade Pública Energia Elétrica ELET3 ELETROBRAS ON N1 358.028.908 0,56 Completo
Utilidade Pública Energia Elétrica ELET6 ELETROBRAS PNB N1 240.022.548 0,431 Completo
Bens Industriais Material de Transporte EMBR3 EMBRAER ON NM 736.171.905 0,411 Completo
Utilidade Pública Energia Elétrica ENBR3 ENERGIAS BR ON NM 295.402.225 0,324 Completo
49
Utilidade Pública Energia Elétrica ENEV3 ENEVA ON NM 315.006.451 0,732 Completo
Utilidade Pública Energia Elétrica ENGI3 ENERGISA UNT N2 250.709.436 0,707 Completo
Utilidade Pública Energia Elétrica EQTL3 EQUATORIAL ON NM 1.010.186.085 1,195 Completo
Consumo Cíclico Construção Civil EZTC3 EZTEC ON ED NM 95.629.772 0,187 Completo
Saúde
Serv.Méd.Hospit..Análises e
Diagnósticos FLRY3 FLEURY ON NM 305.126.422 0,449 Completo
Materiais Básicos Siderurgia e Metalurgia GGBR4 GERDAU PN N1 1.031.246.473 0,781 Completo
Saúde
Serv.Méd.Hospit..Análises e
Diagnósticos GNDI3 INTERMEDICA ON NM 458.380.483 1,622 Incompleto
Materiais Básicos Siderurgia e Metalurgia GOAU4 GERDAU MET PN N1 662.644.908 0,22 Completo
Bens IndustriaisTransporte GOLL4 GOL PN N2 134.613.917 0,108 Completo
Saúde
Serv.Méd.Hospit..Análises e
Diagnósticos HAPV3 HAPVIDA ON ED NM 217.060.254 0,735 Incompleto
Consumo Cíclico
Tecidos, Vestuário e
Calçados HGTX3 CIA HERING ON NM 126.302.831 0,122 Completo
Saúde Comércio e Distribuição HYPE3 HYPERA ON NM 407.518.048 0,765 Completo
Financeiro e Outros Exploração de Imóveis IGTA3 IGUATEMI ON NM 86.913.923 0,185 Eliminado
Financeiro e Outros Previdências e Seguros IRBR3 IRBBRASIL RE ON NM 923.377.994 0,609 Eliminado
Financeiro e Outros Intermediários Financeiros ITSA4 ITAUSA PN N1 4.494.029.326 2,61 Eliminado
Financeiro e Outros Intermediários Financeiros ITUB4 ITAUUNIBANCO PN ED N1 4.738.562.684 6,96 Eliminado
Consumo Não Cíclico Alimentos Processados JBSS3 JBS ON ED NM 1.620.646.499 2,494 Completo
Materiais Básicos Madeira e Papel KLBN4 KLABIN S/A UNT N2 637.772.642 0,733 Completo
Consumo Cíclico Comércio LAME4 LOJAS AMERIC PN N1 696.190.451 1,118 Completo
Diversos Aluguel de Carros LCAM3 LOCAMERICA ON NM 313.436.726 0,269 Completo
Utilidade Pública Energia Elétrica LIGT3 LIGHT S/A ON NM 303.934.060 0,223 Completo
Tecnologia da
Informação Programas e Serviços LINX3 LINX ON ED NM 160.913.029 0,224 Completo
Consumo Cíclico Comércio LREN3 LOJAS RENNER ON ED NM 785.308.019 1,946 Completo
Consumo Não Cíclico Alimentos Processados MDIA3 M.DIASBRANCO ON NM 83.613.641 0,173 Completo
Consumo Cíclico Comércio MGLU3 MAGAZ LUIZA ON NM 661.834.080 2,123 Completo
Diversos Aluguel de Carros MOVI3 MOVIDA ON NM 132.725.200 0,092 Incompleto
Consumo Não Cíclico Alimentos Processados MRFG3 MARFRIG ON NM 423.143.092 0,351 Completo
Consumo Cíclico Construção Civil MRVE3 MRV ON NM 294.706.737 0,288 Completo
Financeiro e Outros Exploração de Imóveis MULT3 MULTIPLAN ON N2 270.279.854 0,364 Eliminado
Consumo Cíclico Automóveis e Motocicletas MYPK3 IOCHP-MAXION ON NM 139.973.015 0,115 Completo
Utilidade Pública Energia Elétrica NEOE3 NEOENERGIA ON NM 239.251.040 0,282 Completo
Consumo Não Cíclico
Produtos de Uso Pessoal e de
Limpeza NTCO3
GRUPO
NATURA ON NM 671.197.455 1,539 Completo
Consumo Não Cíclico Comercio e Distribuição PCAR3 P.ACUCAR-CBD ON ED NM 156.575.731 0,664 Completo
Petróleo, Gás e
Combustível Petróleo, Gás e Combustível PETR3 PETROBRAS ON N2 2.949.857.480 3,551 Completo
Petróleo, Gás e
Combustível Petróleo, Gás e Combustível PETR4 PETROBRAS PN N2 4.520.185.835 5,266 Completo
Petróleo, Gás e
Combustível Petróleo, Gás e Combustível PRIO3 PETRORIO ON NM 126.730.759 0,167 Completo
Financeiro e Outros Previdências e Seguros PSSA3 PORTO SEGURO ON NM 94.159.042 0,275 Eliminado
Saúde
Serv.Méd.Hospit..Análises e
Diagnósticos QUAL3 QUALICORP ON ED NM 281.558.308 0,471 Completo
Saúde Comércio e Distribuição RADL3 RAIADROGASIL ON NM 213.553.757 1,444 Completo
Bens Industriais Transporte RAIL3 RUMO S.A. ON NM 1.053.753.059 1,346 Completo
50
Bens Industriais Material de Transporte RAPT4 RANDON PART PN N1 176.269.235 0,097 Completo
Diversos Aluguel de Carros RENT3 LOCALIZA ON NM 593.233.155 1,309 Completo
Financeiro e Outros Intermediários Financeiros SANB11 SANTANDER BR UNT 362.227.661 0,631 Eliminado
Utilidade Pública Água e Saneamento SAPR4 SANEPAR UNT N2 200.991.234 0,333 Completo
Utilidade Pública Água e Saneamento SBSP3 SABESP ON EJ NM 339.982.576 0,88 Completo
Diversos Programa de Fidelização SMLS3 SMILES ON NM 58.842.428 0,054 Completo
Financeiro e Outros Previdências e Seguros SULA11 SUL AMERICA UNT N2 278.742.752 0,805 Eliminado
Materiais Básicos Madeira e Papel SUZB3 SUZANO S.A. ON NM 725.859.318 1,847 Completo
Utilidade Pública Energia Elétrica TAEE11 TAESA UNT N2 218.568.274 0,388 Completo
Consumo Cíclico Construção Civil TCSA3 TECNISA ON NM 547.783.816 0,028 Completo
Telecomunicações Telecomunicações TIMP3 TIM PART S/A ON NM 807.711.660 0,665 Completo
Tecnologia da
Informação Programas e Serviços TOTS3 TOTVS
ON EDB
NM 403.397.655 0,513 Completo
Utilidade Pública Energia Elétrica TRPL4 TRAN PAULIST PN N1 395.797.044 0,496 Completo
Petróleo, Gás e
Combustível Petróleo, Gás e Combustível UGPA3 ULTRAPAR ON NM 1.086.422.872 1,017 Completo
Materiais Básicos Siderurgia e Metalurgia USIM5 USIMINAS PNA ED N1 513.781.576 0,159 Completo
Materiais Básicos Mineração VALE3 VALE ON NM 3.292.010.807 9,532 Completo
Telecomunicações Telecomunicações VIVT4 TELEF BRASIL PN 415.131.868 1,223 Completo
Consumo Cíclico Comércio VVAR3 VIAVAREJO ON NM 1.146.662.628 0,68 Completo
Bens Industriais Máquinas e Equipamentos WEGE3 WEG ON NM 740.696.136 1,909 Completo
Diversos Serviços Educacionais YDUQ3 YDUQS PART ON ED NM 299.667.897 0,588 Completo
Quantidade
Teórica Total
73.015.059.441 100
Redutor 45.558.005,30
Fonte: Elaborado pela autora adaptado da B3 04/05/2020
51
ANEXO.
Figura - Volume financeiro médio diário da B3 em milhões/dia
Fonte: Economática (2019)