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DESCRIÇÃO
Abordagem dos efeitos da imersão associados à cinesioterapia na Reabilitação Aquática, das técnicas e
dos acessórios específicos e do tratamento em um setor aquático adaptado.
PROPÓSITO
Conhecer a relação entre as propriedades físicas da água e os efeitos da imersão associados à
cinesioterapia na Reabilitação Aquática, apresentando os fatores a serem considerados para elaborar
um bom programa de tratamento através das técnicas de reabilitação, empregadas em diferentes grupos
e patologias.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Conhecer os fatores considerados para a elaboração das sessões de Fisioterapia Aquática usando
materiais apropriados e os princípios e propriedades físicas da água na Reabilitação Aquática
MÓDULO 2
Reconhecer a Reabilitação Aquática e a sua aplicação em diversas patologias passíveis da sua
utilização como abordagem de tratamento Fisioterapêutico
INTRODUÇÃO
A Fisioterapia Aquática vem cada vez mais desenvolvendo técnicas e filosofias de trabalho e
conquistando um lugar especial na reabilitação, o que a levou em 2014 a se tornar uma especialidade
da Fisioterapia, e não mais um recurso aplicado, passando a ser uma forma independente de
intervenção.
A definição estabelecida pelo COFFITO do que seria compreendido pelo termo Fisioterapia Aquática é
muito abrangente, incluindo o uso de turbilhão, gelo, compressas, entre outras. Uma das formas de o
fisioterapeuta atuar nesta área é por meio da hidrocinesioterapia (terapia através de movimentos
realizados na água), que será o nosso objeto de estudo neste módulo.
COFFITO
Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, que tem a função de regulamentar e
fiscalizar a profissão.
Portanto, quando falarmos em hidrocinesioterapia, estamos, na verdade, abordando uma das
possibilidades de intervenção em Fisioterapia Aquática, qual seja o uso do conhecimento das
propriedades físicas da água somado ao movimento corporal.
Quem não se lembra de na infância ter sido pego por uma chuva inesperada e de como essa lembrança
nos traz alegria? Ou como é agradável ficar um tempo em uma banheira de hidromassagem, ou até
mesmo tomar um banho após um dia de trabalho?
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Muitas vezes, essas sensações agradáveis já são um excelente atrativo para a escolha da Reabilitação
Aquática e um aliado neste processo, ajudando a amenizar o que, certas vezes, pode ser doloroso e
difícil para o paciente, pelo próprio processo da doença instalada, ou pela lesão sofrida.
A sessão de Reabilitação Aquática pode ser um dos melhores momentos do dia deste paciente. Isso
porque a realização de exercícios gera liberação de substâncias químicas relacionadas ao prazer, como
a endorfina. Além disso, em um ambiente aquático, conseguimos realizar diversos movimentos que, em
solo, são impossíveis quando sujeitos à ação da gravidade. Na água, com a redução do peso corporal,
conseguimos ser “livres” das amarras de um corpo limitado por comprometimentos físicos instalados.
ENDORFINA
É um dos hormônios do corpo denominado de “hormônio do prazer”, produzido pela hipófise.
Portanto, a utilização da água aquecida em um ambiente acolhedor e adaptado que considere as
individualidades do paciente e sua história tem muito com que contribuir para a sua evolução.
Para melhor compreensão das formas de intervenção, vamos iniciar pelo que chamamos de
Reabilitação Aquática geral, apresentando as técnicas e as diferenças quanto às formas de execução
dos movimentos em solo e na água e, por fim, os grupos que consideramos especiais para o tratamento
na piscina.
MÓDULO 1
 Conhecer os fatores considerados para a elaboração das sessões de Fisioterapia Aquática
usando materiais apropriados e os princípios e propriedades físicas da água na Reabilitação
Aquática
FATORES QUE DEVEM SER CONSIDERADOS
NO PLANEJAMENTO DA SESSÃO DE
FISIOTERAPIA AQUÁTICA
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Quando o paciente tem dificuldade de caminhar, sobrepeso, dores, restrições articulares ou, até mesmo,
incapacidade de se manter em pé, a ação da gravidade sobre o seu corpo passa a ser um grande
inimigo, sendo a opção pelo tratamento em um ambiente aquático, muitas vezes, a melhor indicação.
Isso porque estes fatores dificultam, ou até mesmo impedem, o tratamento Fisioterapêutico em solo.
Ao associarmos a flutuação com a água aquecida, temos como resultado a redução da sobrecarga
articular, reduzindo a dor e o tônus muscular, o que aumenta consequentemente a capacidade de
movimentação.
Devemos sempre lembrar que o ambiente aquático é bastante diferente do terrestre, e isso se reflete
nos tipos de contrações musculares e no esforço necessário para cada tipo de exercício. Outro fator
importante é a consideração das propriedades físicas da água, seus efeitos e suas interferências nos
movimentos, estando estes fatores relacionados também com as indicações e contraindicações para
a reabilitação em ambiente aquático.
 ATENÇÃO
O equipamento aquático escolhido deve estar de acordo com o objetivo do tratamento –flutuação,
resistência, amplitude de movimento, propriocepção, deslizamento, deslocamento na água – além do método
a ser aplicado. Além dos equipamentos, dependendo do objetivo, devemos considerar a profundidade da
piscina e a temperatura da água. Ainda temos que atender a segurança e o conforto, sendo necessário
evitar equipamentos que não tenham um bom ajuste no paciente para a execução dos movimento.
Em sequência, vamos analisar os fatores que devem ser considerados no planejamento de uma sessão
de Reabilitação Aquática.
TIPOS DE CONTRAÇÕES MUSCULARES
Na água, o empuxo, que é uma força vertical de baixo para cima exercida no corpo pelo líquido, interfere
nos tipos de contrações musculares, sendo um fator determinante para a diferença de análise do tipo de
contração.
O mesmo movimento realizado no solo sofrerá tipos de contrações e demandas musculares diferentes
do exercício realizado na água.
Podemos utilizar como exemplo o músculo bíceps braquial. Durante a flexão do cotovelo, este músculo
atua concentricamente (contração com encurtamento) e, no retorno da flexão até a posição inicial,
ocorre a contração excêntrica (contração com tensão) quando realizado o movimento em solo, com um
halter nas mãos, por exemplo.
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 1: Exercício de flexão da articulação do cotovelo.
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 2: Halter flutuante confeccionado em E.V.A.
O exercício executado na piscina será facilitado no momento da flexão do cotovelo pelo empuxo e, no
retorno, quando é realizada a extensão da articulação, terá maior resistência para vencer o empuxo
ocorrendo uma contração concêntrica do músculo tríceps braquial, sendo maximizado este efeito se for
utilizado um halter aquático. Neste caso, quando utilizamos halter aquático, a resistência não se dá pelo
peso do halter, mas, sim, pela flutuação, turbulência e área de arrasto.
Na figura abaixo, podemos verificar que, quando é realizado o movimento de abdução do ombro (A), a
flutuação auxilia o deslocamento do membro superior, enquanto, no retorno, ou seja, no movimento de
adução (B), existe uma maior resistência a ser vencida, que é gerada pelo empuxo, associada aos
halteres flutuadores.
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 3: Na figura A, ocorre solicitação dos músculos abdutores; na figura B, ocorre solicitação dos
músculos adutores.
Primeira imagem (A)
Os músculos deltoide e supraespinhal atuam concentricamente, porém, com auxílio da flutuação, já no
retorno, figura B, os músculos adutores, como latíssimo do dorso, redondo maior e peitoral maior (parte
esternal), agem concentricamente para vencer a força de empuxo.
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 3: Na figura A, ocorre solicitação dos músculos abdutores; na figura B, ocorre solicitação dos
músculos adutores.
Segunda imagem (B)
Os músculos deltoide e supraespinhal atuam concentricamente, porém, com auxílio da flutuação, já no
retorno, figura B, os músculos adutores, como latíssimo do dorso, redondo maior epeitoral maior (parte
esternal), agem concentricamente para vencer a força de empuxo.
Ocorre raciocínio diferente quando são utilizados halteres para realizar exercícios em solo, onde
teríamos a contração concêntrica dos músculos deltoide e supraespinhal na abdução e, no retorno à
posição inicial (adução), a contração seria excêntrica dos mesmos músculos.
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 4: Abdução e retorno da abdução em solo.
PROPRIEDADES FÍSICAS DA ÁGUA E SUA
RELEVÂNCIA NOS EXERCÍCIOS
O empuxo, que é uma força de sentido contrário ao da gravidade, isto é, de baixo para cima, é um fator
determinante para a redução do peso corporal, facilitando a prática de exercícios quando o paciente
apresenta dificuldade de suporte corporal por lesões, dor ou limitações físicas.
O empuxo também é utilizado como resistência quando fazemos movimentos em sentido contrário (de
cima para baixo), permitindo fortalecimento com redução da sobrecarga articular.
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 5: Pós-operatório da articulação do joelho sendo um fator limitante para a marcha.
 ATENÇÃO
Os diferentes níveis de imersão estão diretamente relacionados ao suporte de peso. Quando o corpo está
imerso até os ombros, ocorre uma redução de 90% do peso corporal, ou seja, uma pessoa de 60 Kg
sustentará somente 6 Kg do peso corporal, o que reduz a sobrecarga articular e facilita a realização dos
exercícios propostos.
Conforme a redução do quadro álgico e o aumento progressivo da resistência muscular e
cardiorrespiratória, podemos reduzir o nível de imersão, aumentando o suporte do peso corporal pelo
paciente, preparando-o para atividades funcionais com sobrecarga mais próxima da vivenciada em solo.

Figura 6: Corpo imerso na altura dos ombros gera 90% de redução do peso corporal.
Figura 7: Corpo imerso na altura da cintura gera entre 75% a 60% de redução do peso corporal.

A pressão hidrostática, que é a pressão exercida pelo meio líquido no corpo que está submerso, é
outra propriedade física relevante. Quanto mais profunda a imersão, maior será a pressão hidrostática,
ou seja, quando o paciente está em posição ortostática (em pé) na piscina, os membros inferiores
receberão uma maior pressão do que a região do tórax, por exemplo, sendo uma excelente indicação
para redução de edemas.
Além de a pressão hidrostática proporcionar analgesia (Teoria das Comportas) e reduzir edemas por
facilitação do retorno venoso, outro efeito positivo se dá em relação à função respiratória, pois gera
resistência na caixa torácica, de forma a fortalecer os músculos da inspiração e auxiliar na expiração.
TEORIA DAS COMPORTAS
Entendimento de que, na comunicação da dor com os centros nervosos superiores, há uma
espécie de “portão” que pode se abrir ou fechar para o estímulo doloroso passar. A teoria do
controle da comporta, que é baseada na teoria de que os impulsos de dor passam através de uma
“comporta” para chegar ao sistema espino-talâmico lateral. Os estímulos de dor são transmitidos
por fibras nervosas de grande e de pequeno calibre. A estimulação das fibras de grande calibre
não permite que os estímulos emitidos por fibras de pequeno calibre sejam reconhecidos. Em um
indivíduo com dor aguda, o estímulo das fibras de maior calibre é capaz de suprimir a sensação de
dor.
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 8: Edema de membro inferior esquerdo por redução de movimentação, e membro inferior
direito com prótese.
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A viscosidade é a força de atrito entre as moléculas da água, gerando resistência ao fluxo. A partir
desta propriedade, para aumentar a resistência ao movimento, basta aumentar a sua velocidade,
ocasionando a turbulência (que consiste no fluxo aleatório das moléculas de água). Sabemos que,
quanto maior a velocidade do movimento, maior a resistência.
Também podemos usar a turbulência para realizar trabalhos quando objetivamos alcançar melhora no
nível de equilíbrio estático e dinâmico, e para gerar o que chamamos de esteira, que facilita o
deslocamento do paciente na água. O efeito de esteira ocorre quando o fisioterapeuta se coloca na
frente vencendo a resistência da água. A esteira ocorre quando um objeto se move na água, criando
uma diferença de pressão, que fica maior na frente (o fisioterapeuta, por exemplo) e menor atrás desse
objeto (o paciente).
EQUILÍBRIO ESTÁTICO
A capacidade de nos mantermos em pé em oposição à ação da gravidade.
EQUILÍBRIO DINÂMICO
Durante a marcha, quando deslocamos o nosso centro de gravidade de uma base estável para
outra base estável, temos um exemplo de equilíbrio dinâmico.
Podemos comparar com a facilitação gerada pela mãe pata aos seus patinhos. Quando ela nada, gera
uma pressão negativa, facilitando o deslocamento dos filhotes na água.
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 9: Esteira formada pela turbulência facilitando o deslocamento dos filhotes.
INDICAÇÕES, CONTRAINDICAÇÕES E CONDIÇÕES
QUE REQUEREM CUIDADO
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Para melhor visualização, vamos listar os efeitos terapêuticos que justificam a indicação da
Reabilitação Aquática em piscina aquecida:
REDUÇÃO DO QUADRO ÁLGICO
Em uma análise bioquímica, podemos dizer que, durante a imersão, ocorre o aumento do limiar de dor,
devido à diminuição de catecolaminas (epinefrina e norepinefrina), e bloqueio das terminações nervosas
e, em uma perspectiva mecânica, temos a pressão hidrostática gerando estímulos táteis, aplicando-se,
neste caso, a Teoria das Comportas.
REDUÇÃO DE ESPASMOS E DA RIGIDEZ MUSCULAR
A temperatura da água aquecida, associada ao empuxo, com redução da ação da gravidade são os
principais fatores neste sentido.
TRABALHO DE FORTALECIMENTO MUSCULAR,
ALONGAMENTO E RESISTÊNCIA CARDIORRESPIRATÓRIA
O empuxo gera redução do peso corporal, diminuição da dor e redução do tônus muscular. Com isso,
criamos a possibilidade de realizar exercícios e movimentos que, em solo, não seriam possíveis,
acelerando, portanto, o processo de reabilitação através de uma intervenção precoce, quando ainda a
lesão está em fase aguda, sem indicação de descarga do peso corporal, por exemplo. 
 
Como decorrência lógica dos benefícios listados acima, podemos concluir que a hidrocinesioterapia é
um excelente recurso para aumento da amplitude articular, recuperação das atividades funcionais,
independência funcional e consequente aumento da autoestima e bem-estar.
REDUÇÃO DE EDEMAS
A pressão hidrostática e o empuxo são as propriedades físicas que estabelecem relação direta com este
efeito, principalmente, em membros inferiores, uma vez que a pressão que as moléculas de água
exercem sobre o corpo tem uma relação direta com a profundidade. Aliado a isso, há redução da ação
da gravidade devido ao empuxo, facilitando o retorno venoso e o retorno linfático.
EQUILÍBRIO E PROPRIOCEPÇÃO
O equilíbrio tem seu trabalho estimulado desde a entrada do paciente na água, por se encontrar em um
ambiente diferente do vivenciado, gerando a necessidade de ajustes posturais. O deslocamento,
principalmente, em posição ortostática, gera o movimento aleatório das moléculas de água (turbulência),
sendo necessário que o paciente busque ficar estável nestes deslocamentos. 
 
Em uma fase adiantada da reabilitação, podemos focar em exercícios proprioceptivos, com
equipamentos específicos, mas sem esquecer que a propriocepção também vem sendo estimulada
desde o início do tratamento.
INTERAÇÃO SOCIAL
Muitas vezes, aquele paciente que está em casa, isolado, com limitações físicas, quando vai para uma
sessão de Reabilitação Aquática, experimenta um rompimento deste isolamento, tendo contato com
pessoas diferentes, seja o fisioterapeuta, seja outros pacientes, sendo a piscina um local onde é
possível dividir e interagir com situações semelhantes.
Existem limitações que impedem o paciente de andar ou até mesmo de ficar em pé em solo. Porém,
quando imersos em água aquecida, são capazes de executar essas ações, o que facilita a interação
social.
Por este motivo,podemos ter um atendimento individualizado, porém, organizado de forma que possa
ser atendido mais de um paciente ao mesmo tempo, com a presença de um ou dois fisioterapeutas e um
estagiário na piscina, por exemplo. Além disso, podemos planejar atendimentos em grupo para
pacientes que apresentem a mesma indicação terapêutica.
Todo este movimento em prol da socialização pode um ser um fator crucial para incentivar a
continuidade do tratamento, o que acaba transformando este ambiente em um local acolhedor e
motivador.
Contraindicações
Embora a hidrocinesioterapia seja uma excelente indicação para as mais diversas patologias, existem
contraindicações para o tratamento em água, muitas vezes, por condições físicas do paciente
associadas às propriedades físicas da água. As contraindicações podem ser divididas em:
Contraindicações absolutas
Condições que requerem cuidado
As contraindicações absolutas são aquelas que o paciente não pode ser submetido à Fisioterapia
Aquática, como fístulas cutâneas, feridas abertas, processos infecciosos ou inflamatórios do trato
respiratório, otites, conjuntivite, náusea ou vômito, doenças infecto contagiosas, como tuberculose,
micose, muita debilidade física, doenças cardíacas graves, hipotensão e hipertensão descontrolada,
incontinência urinária e fecal, convulsões e epilepsias não controladas, menorragia, menstruação sem
proteção interna, capacidade vital significativamente limitada (inferior a 1.500 ml) insuficiência renal
grave e febre.
FÍSTULA
É a comunicação entre a pele e um órgão interno, como a fístula traqueocutânea, que é uma
comunicação entre a traqueia e a pele.
MENORRAGIA
Aumento excessivo da quantidade do fluxo menstrual.
CAPACIDADE VITAL
A capacidade vital é mensurada pelo espirômetro, ao realizar uma inspiração forçada e, em
seguida, uma expiração também forçada, o volume de ar expelido pode chegar a cerca de 4,5 ou 5
litros.
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Infecções bacterianas como a tuberculose e infecções virais como gripe e pneumonia, geralmente, são
acompanhadas de grande astenia (perda ou diminuição da força), febre e mal-estar, portanto, exercícios
seriam totalmente inapropriados neste momento, ainda mais em um ambiente aquecido, além do risco
de transmissão. Nestes casos, o tratamento deve ser médico.
As pequenas feridas abertas podem ser uma contraindicação relativa se não estiverem infectadas e as
suas características permitirem a utilização de proteção impermeável como o tegaderm, sendo exemplo
de uma condição que requer cuidado. No pós-operatório, é recomendado que os exercícios em piscina
sejam feitos após a retirada dos pontos e com a pele já cicatrizada, para evitar o risco de infecções.
 ATENÇÃO
A pressão hidrostática gera resistência à expansão do tórax e consequente redução da complacência
pulmonar. Caso seja eleito o tratamento em piscina para pacientes com capacidade vital de 1,5 ml, deve ser
feita uma cuidadosa avaliação, e considerar que doenças degenerativas progressivas com a evolução da
doença afetam a capacidade vital, devendo estar sempre atento ao planejamento da conduta.
A osteoporose não é uma contraindicação, uma vez que geramos sobrecarga nos exercícios realizados
na piscina e sem o risco da queda, porém, quando temos pacientes com quadros mais severos, passa a
ser uma condição que requer cuidado, principalmente na entrada e saída da piscina e nos espaços do
setor.
EQUIPAMENTO AQUÁTICO
O paciente recebe um diagnóstico cinético-funcional, para então ser traçado o plano de tratamento,
lembrando que esta avaliação deve ser em solo e na água.
Solo - Para avaliar as verdadeiras demandas para as atividades da vida diária (AVDs), as capacidades
motoras e cognitivas, e entender o contexto psicossocial em que vive, como se tem algum cuidador, se
tem escadas em casa, apoio da família, ou seja, o contexto ambiental para contribuirmos com o nosso
atendimento.
Água - A avaliação na água também é muito importante, pois, quando entramos com o paciente neste
ambiente, percebemos a sua adaptação ao meio líquido. É neste momento que entram os
equipamentos, tanto os externos, como elevador de transferência, rampas ou escadas, corrimãos,
quanto os equipamentos que serão utilizados dentro da piscina.
A escolha do equipamento dependerá do objetivo do tratamento e do método a ser empregado.
Se queremos trabalhar com o paciente em decúbito dorsal para promover o seu deslizamento na
água, alongamento, tração ou até mesmo fortalecimento, devemos utilizar colete cervical, colete
lombar, caneleira em E.V.A flutuantes ou hidro tubo (macarrão).
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 10: Paciente com flutuadores possibilitando deslizamento e trações.
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 11: Nadadeiras utilizadas para aumentar a resistência em exercícios dos membros inferiores.
Quando o objetivo é o fortalecimento com o paciente em pé, podemos utilizar halteres e caneleiras em
E.V.A. ou em material plástico, de diferentes formatos e tamanhos, considerando que a resistência
estará relacionada à área de arrasto da água, à velocidade e à turbulência gerada pelo equipamento
ao ser movido na água. As nadadeiras são uma excelente opção para gerar grande resistência, quando
trabalhamos com atletas, por exemplo, na fase final da reabilitação.
Se o objetivo for realizar um trabalho proprioceptivo, podemos utilizar pranchas de natação, ou
equipamentos adaptados para esta finalidade.
O step especialmente projetado para ser utilizado em piscinas é indicado quando queremos simular
degraus, ou realizar um trabalho com o paciente mais elevado na piscina, para reduzir o efeito da
flutuação, por exemplo.
Bicicletas e esteiras subaquáticas feitas em aço inoxidável podem ser uma ótima opção, se não
comprometerem o espaço da piscina, para a realização de trabalhos aeróbicos e de resistência, com a
vantagem de redução da sobrecarga articular.
Temos ainda brinquedos que podem ser fixados na parede da piscina, e os que flutuam para realização
de atividades lúdicas infantis. Existem métodos desenvolvidos especificamente para estimular o
desenvolvimento psicomotor infantil, como o Hallwick, que foi criado para ensinar crianças com paralisia
cerebral a nadar.
HALLWICK
O Método Halliwick foi criado por James McMillan, em 1949, na cidade de Londres. Realizado em
ambiente aquático, onde sua filosofia como abordagem terapêutica busca a promoção do bem-
estar de estruturas físicas e função corporal, o que melhorará o aprendizado motor e a
independência funcional.
 ATENÇÃO
Os benefícios gerados para as crianças são inúmeros, como alívio da dor no pós-operatório da articulação do
quadril, realização de posturas que, muitas vezes, não são possíveis de serem realizadas em solo,
preparação para aquisição da marcha e da postura ortostática. Pode ainda auxiliar na adequação do tônus
postural, principalmente, na redução da hipertonia, pelo somatório do aquecimento da água com a flutuação.
Quando atendemos o público infantil, é importante adaptar o ambiente com cores, e objetos estimulantes
para a idade.
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Podemos utilizar ainda em nossas sessões os grandes colchões flutuantes que facilitam a estabilização
de gestantes, quando não é adequado o uso do cinto flutuador e, para crianças, quando realizadas
atividades em grupo. As sapatilhas com sola antiderrapante são uma boa alternativa para pacientes que
possam sentir alguma instabilidade e insegurança, facilitando as atividades realizadas em pé na piscina,
como a marcha e a corrida.
PROFUNDIDADE DA PISCINA E TEMPERATURA DA
ÁGUA
A melhor profundidade na reabilitação é algo que dependerá muito do método escolhido. Por exemplo,
nos exercícios que usam flutuadores e o fisioterapeuta auxilia na execução, devendo para tal
permanecer com os pés afastados para ter uma base mais estável, o ideal é que tenha uma
profundidade em torno de 0,90 a 1,20m (FORNAZARI, 2012).
Segundo Biasoli e Machado (2006), a profundidadede 1,35 m é ideal para grande parte dos tipos de
terapia, considerando que a água estando na altura do processo xifoide gera uma redução do peso
corporal em até 70%, o que já é significativo para a redução das sobrecargas articulares e consequente
facilitação dos exercícios.
Não podemos nos esquecer da pressão hidrostática sobre o tórax, com o nível da água na altura dos
ombros, por exemplo, que ocasiona uma resistência para os movimentos inspiratórios, podendo
dificultar a respiração e gerar desconforto ao paciente.
 ATENÇÃO
A temperatura ideal para a piscina com finalidade terapêutica oscila entre 32 e 34 oC, mas dependendo do
método empregado, como os que propõem relaxamento com movimentos passivos, o aquecimento da água
pode chegar a 36 °C.
No tratamento voltado para o paciente com diagnóstico de esclerose múltipla e síndrome de Down, a
temperatura deve ser mais amena, para não haver uma diminuição, ainda maior, do tônus muscular
nesses pacientes.
SEGURANÇA E CONFORTO
Quando avaliamos, devemos considerar qual a relação do paciente com o meio aquático, se já existe
uma adaptação ou uma fobia a este ambiente. Caso o paciente não tenha uma boa relação com
piscinas, devemos deixar claro que ele terá todo o suporte pelo fisioterapeuta e que passará por uma
fase de adaptação inicial. É importante neste momento manter o contato físico e visual com o paciente.
Quando optamos por utilizar equipamentos, como flutuadores, estes devem garantir uma posição
confortável durante a execução do movimento.
Obviamente, além da segurança e do conforto na piscina, todo o setor deve ser planejado ou adaptado,
de forma a permitir o deslocamento do paciente e seu possível acompanhante, com pisos
antiderrapantes, corrimãos no acesso à piscina e no seu interior e banheiros adaptados.
Fatores como a adaptação do setor aquático, a avaliação em solo, a percepção da desenvoltura do
paciente na água, e ainda as suas capacidades de deslocamento e de flutuação fazem parte do
atendimento, e não somente a execução dos exercícios na piscina.
Não podemos nos esquecer da atenção para a higiene, uma vez que trabalhamos com temperatura
mais elevada, o que colabora para a proliferação de micro-organismos e fungos, tanto na piscina quanto
nos equipamentos.
 RECOMENDAÇÃO
O uso do ozônio para tratar a água das piscinas pode ser uma opção, sendo um gás natural com amplo
espectro de ação sobre vários micro-organismos e que, a princípio, não irrita os olhos, a pele ou a mucosa
dos usuários.
DURAÇÃO DA SESSÃO
A duração da sessão indicada é entre 20 e 50 minutos, pois devemos considerar se já existe uma
adaptação ao ambiente aquático, a condição clínica do paciente e como ele poderá reagir aos efeitos
fisiológicos da imersão.
Devemos também considerar que, na água, ocorre uma maior excreção de sódio e potássio, o que pode
levar a uma desidratação. Uma imersão muito prolongada aumenta a necessidade de urinar, e a pressão
hidrostática sobre o tórax pode, inicialmente, gerar dificuldade para os movimentos inspiratórios,
ocorrendo desconforto e ansiedade.
ELABORANDO UMA SESSÃO DE
HIDROCINESIOTERAPIA
Todo paciente encaminhado para a hidroterapia deve passar por uma avaliação em solo e na água, pois
sabemos que avaliar é fundamental para traçar os objetivos a curto e a longo prazo. O fisioterapeuta
deve verificar se as contraindicações estão excluídas e se existe alguma condição que requer cuidado.
No entanto, quando falamos em avaliação, devemos dar uma abordagem mais ampla que a física,
motora, indicações e contraindicações. É preciso lembrar que vivemos inseridos em um ambiente e que
o meio pode influenciar positiva ou negativamente a doença.
Sabendo da importância da Reabilitação Aquática para pacientes seriamente comprometidos e de todos
os benefícios trazidos para o seu aspecto motor, psicológico e de socialização, seria um erro pensar na
Fisioterapia Aquática como uma opção de reabilitação somente para os que podem pagar pelo
atendimento.
É sempre uma grande vitória quando conseguimos inserir centros de reabilitação aquáticos em
serviços de saúde voltados à comunidade, oportunizando a todos o contato com a piscina
terapêutica.
Dentro desta evolução da Fisioterapia, na abordagem social, devemos saber que o fisioterapeuta deve
adotar a Classificação Internacional de Funcionalidade, incapacidade e saúde (CIF), segundo
recomenda a Organização Mundial de Saúde (OMS), conforme determinação da Resolução nº 370 do
COFFITO de 2009.
 SAIBA MAIS
O CIF é um instrumento de avaliação biopsicossocial e não somente biomédico. Deixamos de ter um foco
nas alterações físicas e funcionais, ou seja, na doença em si, e passamos a considerar fatores como a
execução de tarefas pelo indivíduo, como tomar banho, a sua participação como a inclusão, aceitação e
acesso a recursos, e ainda os fatores ambientais que constituem o ambiente físico e social em que o
paciente vive.
Portanto, devemos incluir na avaliação os conceitos da CIF para um atendimento eficaz e que faça
diferença na vida do paciente e de sua família, possibilitando ainda através dos dados coletados a sua
utilização como uma ferramenta clínica, de pesquisa e de políticas públicas, como apontar a dificuldade
de acesso por falta de transporte até a necessidade real de ampliação do atendimento Fisioterapêutico.
Já em uma abordagem física, podemos aplicar diversos modelos de avaliações. Os critérios
como idade e patologia vão influenciar diretamente na escolha do teste a ser aplicado.
Outro fator que deve ser considerado é a indicação da conciliação da terapia em solo com a terapia
aquática, para adaptar o paciente às atividades diárias com as sobrecargas geradas pela ação da
gravidade.
Veremos a seguir um roteiro de avaliações proposto por Barbosa et al. (2006), que traz adaptações para
sua aplicação na Fisioterapia Aquática, sendo um modelo exemplificativo do que pode ser utilizado na
prática clínica.
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA AQUÁTICA
Data: ___/___/___ *
* dado fundamental, sendo muito útil como parâmetro para a reavaliação.
Avaliador:___________Supervisão: ________
O avaliador pode ser um estagiário sob supervisão e orientação do fisioterapeuta.
Diagnóstico clínico:___________ (pode ser o CID, por exemplo: CID 10 - Q90 que corresponde ao
código alfanumérico da síndrome de Down)
Diagnóstico Fisioterapêutico:______________
I PARTE: SOLO
DADOS PESSOAIS:
Nome:_____________________
Nome social: ____________________
NOME SOCIAL
Pode ser que o paciente tenha identificação com nome e gênero diverso do descrito em
documento de identificação. Neste caso, o nome social deve ser utilizado.
2. Sexo:
Masculino ( )
Feminino ( )
Prefiro não responder ( )
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Outros ( )
Idade:____________(relevante para a escolha do teste de avaliação mais indicado, informação útil para
a aderência do paciente em atividades em grupo, como de idosos e crianças).
Profissão:________________ (a que realmente se ocupa, não somente a que tem formação, para
identificar as sobrecargas vivenciadas no contexto laborativo).
Estado Civil:
Endereço.:_____________
Telefone.: ____________
Tel. para emergência:_______________
Médico:___________(se existe algum acompanhamento médico ou algum indicado para situação de
emergência)
Especialidade:________
Tel.:______________
Cirurgias prévias: _____________(importante para identificar se existem condições que requerem
cuidados, como uma cirurgia cardíaca, ou movimentos que devem ser evitados ou mais controlados,
como a abdução do quadril após artroplastia)
Uso de medicamento:
( ) Não
( ) Sim
Qual?____________
Muitas vezes, é relatado câimbra após a utilização do medicamento ou fraqueza muscular, o que pode
comprometer a execução dos exercícios, devendo esta condição ser levada ao médico para reavaliação.
História da doença atual (HDA): ___________
Registro da doença, com seus sintomas, quando iniciou e se houve evolução ou períodos de remissão.
História MédicaPregressa ou História Patológica Pregressa (HMP ou HPP): ________
Informações sobre a história médica do paciente, mesmo das condições que aparentemente não
estejam relacionadas com a doença atual.
Essas informações fornecidas no roteiro permitem um raciocínio sobre possíveis relações com os
sintomas apresentados, como alguma cirurgia que deixou no corpo uma grande cicatriz que pode ter
gerado resistência tecidual, restrição de movimento e consequente dor.
Dados vitais:
Pressão arterial
Frequência cardíaca
Peso
Altura
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 12: Avaliação postural no plano frontal.
Avaliação postural: A avaliação postural é fundamental para que se possa traçar um plano de
intervenção. Podemos dividir esta avaliação em estática e dinâmica. A avaliação estática pode ser
realizada no plano frontal e sagital para identificação de desvios posturais.
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 13: Avaliação da marcha.
A avaliação dinâmica é realizada para observação dos ciclos da marcha, como fase de apoio e de
balanço.
Avaliação segundo Escala de Oxford adaptada 
0 - Ausência de contração 
1 - Tremulação de contração 
2 - Movimento com a gravidade contrabalançada 
3 - Movimento contra a gravidade 
4 - Movimento contra a gravidade e resistência 
5 - Normal
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 14: Avaliação da amplitude articular da articulação do ombro.
Mobilidade articular: Pode ser através de uma observação subjetiva visual, conforme apresentada na
figura, podendo ser validada essa observação de forma objetiva através do emprego do goniômetro.
GONIÔMETRO
Aparelho específico para a mensuração dos ângulos de movimentações das articulações.
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Fonte: Shutterstock
 Figura 15: Medida do perímetro do braço.
Testes especiais: Avaliar sensibilidade, testes palpatórios, de rigidez ou resistência muscular durante os
movimentos, causados por alteração de tônus, e a perimetria (medidas da circunferência das segmentos
corporais), podendo indicar uma hipotrofia de um membro em relação ao outro, sendo uma
consequência após prolongado tempo de imobilização ou desuso.
As imobilizações podem ser ativas e passivas. As imobilizações passivas são aquelas feitas por gesso,
tala, ou qualquer dispositivo que imobilize o segmento corporal, já as imobilizações ativas são as
realizadas pelo próprio paciente, que, por sentir dor durante o movimento, prefere não mover o membro,
criando uma postura antálgica (alteração postural como forma de adaptação à dor).
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 16: Exemplo de imobilização passiva.
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 17: Exemplo de imobilização ativa, quando vemos que a dor restringe a movimentação
normal.
Em ambas as situações, se a imobilização permanecer por longo tempo, as consequências são
prejudiciais como aderências teciduais, hipotrofia (redução da massa muscular), redução da força, má-
nutrição articular, com consequente encurtamento e redução da capacidade funcional.
Avaliação da intensidade da dor: A dor é um sintoma, ou seja, um dado subjetivo variando sua
percepção individualmente em função de experiências culturais, fatores emocionais e ambientais.
Podemos sugerir o emprego de duas escalas:
Escala visual-numérica: O paciente localiza espacialmente a intensidade da sua dor marcando um X.
Ex: 0__1__2__3__4__5__6__7__8__9__10
CLASSIFICAÇÃO DA DOR
Zero (0) = Ausência de dor
Um a três (1 a 3) = Dor de fraca intensidade
Quatro a seis (4 a 6) = Dor de intensidade moderada
Sete a nove (7 a 9) = Dor de forte intensidade
Dez (10) = Dor de intensidade insuportável
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Escala comportamental: É atribuída uma nota ao comportamento da dor, questionando ao paciente a
sua lembrança da dor em relação às suas atividades da vida diária.
Nota
Zero
Dor ausente ou sem dor.
Nota
Três
Dor presente, havendo períodos em que é esquecida.
Nota
Seis
A dor não é esquecida, mas não impede exercer atividades da vida diária.
Nota
oito
A dor não é esquecida e atrapalha todas as atividades da vida diária, exceto
alimentação e higiene.
Nota
Dez
A dor persiste mesmo em repouso, está presente e não pode ser ignorada, sendo o
repouso imperativo.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
II PARTE: AQUÁTICA
Tipo de entrada na piscina:
( ) Independente pela escada / rampa 
( ) Com auxílio pela escada / rampa 
( ) Com cadeira de rodas pela rampa 
( ) Elevador de transferência 
( ) Pela borda com auxílio do fisioterapeuta
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 18: Elevador de transferência.
Medo de entrar na água:
( ) Sim 
( ) Não
 ATENÇÃO
Quando o paciente tem receio de estar na água, ou até mesmo fobia (medo exagerado), pode ser usada
técnicas para entrada e de adaptações mentais em meio aquático.
Avaliação de habilidades dentro da água
Verificar a capacidade de flutuabilidade, marcha e corrida, por exemplo, estas habilidades devem ser
avaliadas para auxiliar no planejamento dos exercícios de acordo com as capacidades pré-existentes,
servindo de parâmetro para a reavaliação.
Força muscular:
Avaliar segundo Escala de Oxford adaptada
1 Contração com a flutuação auxiliando
2 Contração com a flutuação contrabalançada
2+ Contração contra a flutuação
3 Contração contra a flutuação com velocidade
4 Contração contra a flutuação + pequeno flutuador
5 Contração contra a flutuação + grande flutuador
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Recomenda-se que solicite a máxima velocidade possível para o paciente na execução do movimento.
Avaliação da intensidade da dor após imersão:
Ex: 0__1__2__3__4__5__6__7__8__9__10
CLASSIFICAÇÃO DA DOR
Zero (0) = Ausência de dor
Um a três (1 a 3) = Dor de fraca intensidade
Quatro a seis (4 a 6) = Dor de intensidade moderada
Sete a nove (7 a 9) = Dor de forte intensidade
Dez (10) = Dor de intensidade insuportável
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Após a avaliação, passamos para a elaboração da sessão de hidrocinesioterapia, considerando os
dados colhidos e os objetivos traçados em conjunto com o paciente e o cuidador. A avaliação é uma
fase extremamente necessária para a construção de um plano de atendimento, tomando conhecimento
dos facilitadores e das barreiras enfrentadas pelo paciente e cuidador, fazendo uma abordagem em que
haja uma transferência real do trabalho realizado na Reabilitação Aquática para a vida do paciente.
É preciso pensar no mecanismo gerador da dor, como, por exemplo, saber se a dor é irradiada, em que
momentos do dia mais incomoda, se alivia com algum movimento, ou seja, a classificação da dor ajuda
a pensar no diagnóstico e no tratamento, sendo importante na decisão terapêutica.
EXECUÇÃO DE EXERCÍCIOS NA ÁGUA
Embora os exercícios realizados na piscina apresentem uma demanda muscular diferente dos
exercícios executados no solo, os tipos de movimentos realizados na água seguem o mesmo raciocínio
do atendimento em solo, podendo ser:
Passivo
Ativo
Ativo-assistido
É importante considerar as propriedades físicas da água, as condições fisiológicas e estruturais do
paciente, a sua ambientação aquática e os equipamentos a serem utilizados. A sequência dos
exercícios em uma sessão de hidrocinesioterapia pode ser exemplificada da seguinte forma:
5 a 10 minutos de aquecimento
20 a 30 minutos de alongamento, fortalecimento, condicionamento cardiorrespiratório e exercícios
proprioceptivoso
5 a 10 minutos de relaxamento
As séries e as repetições vão sendo acrescidas conforme a evolução do paciente, o mesmo ocorre com
a duração das sessões, que vão sendo adequadas conforme o caso clínico.
Vamos verificar a seguir alguns exemplos de atividades.

Figura 19: Observar a base látero-lateral que gera maior estabilidade para a realização de exercícios
realizados em posição ortostática.
Figura 20: É necessário que os halteres estejam submersos paraaproveitarmos ao máximo as
propriedades físicas da água.


Figura 21: Exercício proprioceptivo na prancha.
Figura 22: Exercício realizado em grupo é indicado para atividades preventivas com indicações clínicas
afins e idades semelhantes.

EXERCÍCIOS SUGERIDOS PARA TRATAMENTO DE
ARTRITE REUMATOIDE EM IDOSOS 
(PIRES E MEJIA, S.D.).
 
Fonte: Adaptado de Pires, 2017
 Figura 23: Exercício de controle respiratório.
Exercício 1 – Controle respiratório (adaptação ao meio aquático) 
 
Posição semissentada sem apoio posterior, com imersão no nível dos ombros. Com os ombros
flexionados à 90º e cotovelos em extensão. Atividade: Expirar lenta e prolongadamente pela boca sobre
a água, com boca imersa e posteriormente com boca e nariz imersos.
 
Fonte: Adaptado de Pires, 2017
 Figura 24: Exercício de alongamento dos músculos isquiotibiais.
Exercício 2 – Alongamento dos músculos isquiotibiais
 
Em posição ortostática com as costas apoiadas na parede.Atividade: Elevar um dos membros inferiores,
manter extensão do joelho e flexão dorsal do tornozelo. 
 
Este movimento também pode ser utilizado para fortalecimento dos músculos reto femoral, tensor da
fáscia lata e iliopsoas na flexão do quadril e, no retorno (extensão), glúteo máximo e isquiostibiais, e
ainda uma contração isométrica do músculo quadríceps para manutenção do joelho em extensão. O
exercício pode ser potencializado com a colocação de uma caneleira flutuadora na parte distal da perna
(tornozelo).
 
Fonte: Adaptado de Pires, 2017
 Figura 25: Exercício de alongamento dos músculos tríceps da perna e iliopsoas.
Exercício 3 - Alongamento dos músculos tríceps da perna e iliopsoas 
 
Em posição ortostática, com as mãos apoiadas na borda da piscina. 
 
Atividade: Realizar um passo largo à frente, manter o joelho da perna da frente em flexão, e o joelho da
perna de trás em extensão, mantendo os pés em contato com o chão da piscina.
 
Fonte: Adaptado de Pires, 2017
 Figura 26: Exercício para equilíbrio estático e dinâmico e força muscular.
Exercício 4 - Exercícios para equilíbrio estáticos e dinâmicos e força muscular 
Atividade: Marcha para frente, impulsionando os membros inferiores com vigor. 
 
Os exercícios da marcha na água possuem uma mecânica muscular diferente da executada em
solo, porém, são extremamente válidos por envolver músculos e transferências dinâmicas que
também são solicitadas em solo.
 
Fonte: Adaptado de Pires, 2017
 Figura 27: Exercício de marcha para trás.
Exercício 5 – Marcha para trás 
 
No estudo da neurociência, sabemos que as diversificações nos exercícios e de ambientes são
altamente estimulantes para a neuroplasticidade cerebral e, nesta atividade, temos essas duas
variáveis envolvidas: marcha para trás gerando um estímulo não usual e o ambiente aquático.
NEUROPLASTICIDADE CEREBRAL
Novas sinapses que ocorrem a partir de estímulos. A plasticidade neural é um objetivo nas
reabilitações.
 
Fonte: Adaptado de Pires, 2017
 Figura 28: Exercício marcha lateral com passos largos.
Exercício 6 – Marcha lateral com passos largos 
 
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Com este exercício, trabalhamos os músculos adutores e abdutores de quadril, o equilíbrio e o
controle do tronco.
 
Fonte: Adaptado de Pires, 2017
 Figura 29: Flexão e extensão de ombros bilateral.
Exercício 7 – Flexão e extensão de ombros bilateral 
 
Em posição semissentada. 
 
Atividade: Realizar flexão e extensão de ombros mantendo cotovelos em extensão. Iniciar em
hiperextensão máxima dos ombros até flexão a 90°.
 
Fonte: Adaptado de Pires, 2017
 Figura 30: Exercício de adução e abdução dos ombros bilaterais.
Exercício 8 – Adução e abdução dos ombros bilaterais 
 
Em posição semissentada, ombros fletidos a 90º, cotovelos estendidos. 
 
Atividade: Iniciar em adução até 90º de abdução horizontal. É importante observar que os ombros
devem estar submersos para aproveitar os benefícios proporcionados pelas propriedades físicas
da água.
FATORES QUE DEVEM SER CONSIDERADOS
NO PLANEJAMENTO DA REABILITAÇÃO
AQUÁTICA
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. COM RELAÇÃO ÀS INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES EM
HIDROCINESIOTERAPIA, MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA:
A) Pacientes com febre alta, alterações cutâneas e descompensações cardíacas devem utilizar a
água para melhora da condição.
B) Pacientes com dor, limitação de arco de movimento, diminuição de força muscular e edema
podem obter melhora através dos efeitos produzidos pelo exercício na água.
C) Pacientes com alterações neurológicas só devem utilizar a piscina se apresentarem boa
condição cognitiva.
D) Pacientes com alterações reumáticas beneficiam-se dos exercícios aquáticos pelo maior atrito
articular gerado pela imersão das articulações.
E) Pacientes com alterações respiratórias não devem fazer exercícios na piscina já que o
ambiente aquático sempre dificulta o trabalho respiratório.
2. OS EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NAS SESSÕES DE HIDROTERAPIA
ACENTUAM OS EFEITOS DAS PROPRIEDADES FÍSICAS DA ÁGUA, AUXILIAM
NA SUSTENTAÇÃO DO PACIENTE E PODEM TORNAR A TERAPIA MAIS LÚDICA.
NO QUADRO ABAIXO, ESTÃO DESCRITOS ALGUNS DESSES EQUIPAMENTOS.
TIPO 1 TIPO 2 TIPO 3 TIPO 4
ESCADAS
COLAR
CERVICAL
HIDROTONE
ESTEIRA
SUBAQUÁTICA
RAMPAS
HIDROTUBO
(MACARRÃO)
PÉS-DE-PATO
(NADADEIRAS)
BICICLETA
SUBAQUÁTICAS
ELEVADORES DE
TRANSFERÊNCIA
COLETE
PÉLVICO
PALMAR STEP
(DEGRAUS)
 ATENÇÃO! PARA VISUALIZAÇÃO COMPLETA DA TABELA UTILIZE A
ROLAGEM HORIZONTAL
 
 
BASEANDO-SE NO QUADRO ACIMA, RELACIONE RESPECTIVAMENTE AS
COLUNAS 1, 2, 3 E 4 COM AS ALTERNATIVAS ABAIXO, REFERENTES AOS
TIPOS DE EQUIPAMENTOS AQUÁTICOS, ASSINALANDO UMA ALTERNATIVA
CORRETA:
A) Equipamentos de acesso, equipamentos de flutuação, equipamentos recreativos e
equipamentos de estações submersas.
B) Equipamentos de acesso, equipamentos de resistência, equipamentos de flutuação e
equipamentos de estações submersas.
C) Equipamentos de flutuação, equipamentos de acesso, equipamentos de estações submersas e
equipamentos recreativos.
D) Equipamentos de acesso, equipamentos de flutuação, equipamentos de resistência e
equipamentos de estações submersas.
E) Equipamentos de flutuação, equipamentos de resistência, equipamentos de acesso e
equipamentos de estações submersas.
GABARITO
1. Com relação às indicações e contraindicações em hidrocinesioterapia, marque a alternativa
correta:
A alternativa "B " está correta.
 
A redução da força muscular por uma imobilização, seja ativa (o próprio paciente protege o
segmento corporal não realizando movimentos), seja passiva (como gesso e talas), gera rigidez e
consequente redução de amplitude, prejudicando as atividades diárias e, certamente, causando
mais dor. Para quebrar esse ciclo vicioso, de dor → redução de movimentos → fraqueza
muscular → redução da amplitude articular → e aumento da dor, devemos estimular a realização
de exercícios que, neste caso, a piscina terapêutica seria uma excelente indicação, pela
facilitação proporcionada por suas propriedades físicas.
2. Os equipamentos utilizados nas sessões de hidroterapia acentuam os efeitos das
propriedades físicas da água, auxiliam na sustentação do paciente e podem tornar a terapia mais
lúdica. No quadro abaixo, estão descritos alguns desses equipamentos.
Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo 4
Escadas Colar cervical Hidrotone
Esteira
subaquática
Rampas
Hidrotubo
(macarrão)
Pés-de-pato
(nadadeiras)
Bicicleta
subaquáticas
Elevadores de
transferência
Colete pélvico Palmar Step (degraus)
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 
 
Baseando-se no quadro acima, relacione respectivamente as colunas 1, 2, 3 e 4 com as
alternativas abaixo, referentes aos tipos de equipamentos aquáticos, assinalando uma alternativa
correta:
A alternativa "D " está correta.
 
Os equipamentos são fundamentais para otimizar as propriedades físicas da água, como gerar
maior resistência, flutuação, realização de atividades lúdicas, além de facilitar a entrada e saída
dapiscina. Podemos citar os elevadores de transferência para acesso, coletes para flutuação,
hidrotone gerando resistência e esteira subaquática para exercícios aeróbicos.
MÓDULO 2
 Reconhecer a Reabilitação Aquática e a sua aplicação em diversas patologias passíveis da
sua utilização como abordagem de tratamento Fisioterapêutico
ABORDAGENS DE TRATAMENTO
FISIOTERAPÊUTICO
A hidrocinesioterapia é uma especialidade da fisioterapia que utiliza os efeitos físicos,
fisiológicos e cinesiológicos advindos da imersão em piscina aquecida.
De acordo com o efeito desejado, podemos optar por diversas formas de intervenção na água,
sempre com a redução de sobrecarga, facilitação da manipulação do paciente, redução da
espasticidade e redução da dor. Por todos esses fatores, a eleição da Reabilitação Aquática é
uma excelente opção de tratamento e prevenção nas mais diversas patologias, quadros clínicos
e faixas etárias.
A intervenção, muitas vezes, ocorre no pós-operatório, porém, o pré-operatório é um momento
em que a fisioterapia pode trazer inúmeros benefícios, como preparar uma melhor condição
física com redução de edema e dor, com consequente movimentação facilitada. É necessário
envolver a família e os cuidadores no pré-operatório, para evitar a síndrome do imobilismo, que
se caracteriza por um receio de se movimentar e de sentir dor.
 ATENÇÃO
Lembrando que a mesma patologia pode se manifestar de formas diferentes entre dois indivíduos,
devido ao contexto social, às experiências anteriores à lesão, ao suporte familiar e até mesmo às
questões psicológicas frente à doença. Por isso, o atendimento, a avaliação e os objetivos devem ser
sempre individualizados, mesmo para atividades em grupo.
A hidrocinesioterapia pode ser usada em diversas áreas, abordando atualizações trazidas pelo III
Congresso Brasileiro de Fisioterapia Aquática (2018).
ABORDAGENS DIFERENCIADAS DA
HIDROCINESIOTERAPIA EM DIVERSAS ÁREAS
EXERCÍCIOS AQUÁTICOS NA DOR NEUROPÁTICA
A dor neuropática é aquela causada por lesão ou doença do tecido nervoso, como as lesões
traumáticas de nervos periféricos, como o membro fantasma e a dor do coto. Porém, embora
estes pacientes apresentem a dor por causa neuropática, eles podem também apresentar a dor
nociceptiva, em decorrência da fraqueza muscular, espasticidade (que aumenta tensão nos
tendões e nas enteses), desequilíbrios de forças musculares e hipomobilidade.
DOR NOCICEPTIVA
Dor proveniente de tecidos não nervosos, como músculos e articulações.
ENTESES
Local de fixação dos tendões no osso.
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javascript:void(0)
 COMENTÁRIO
O mesmo movimento deficitário por questões neurológicas pode ser suficiente para gerar um
processo de cronificação da dor. A inatividade física é um fator por si só facilitador da dor.
Precisamos de um paciente ativo e engajado, sendo uma grande estratégia para a diminuição da dor
através da utilização do movimento.
Não podemos esperar a dor passar, para iniciar o trabalho de movimento, por isso, a água
aquecida com todo mecanismo de redução da dor é uma grande aliada no tratamento do paciente
neurológico. O benefício do efeito térmico, que é o resultado do calor, merece destaque atuando
na vasodilatação, elevação dos níveis de beta-endorfina e relaxamento muscular.
BETA-ENDORFINA
Seus efeitos principais, ao serem lançados na corrente sanguínea, são diminuição da
sensação dolorosa, e facilitação de sensações de relaxamento e bem-estar.
Foi observado efeito positivo no tratamento da sintomatologia dolorosa nos pacientes com
fibromialgia, hérnia de disco e dor lombar e síndromes dolorosas pós-afecções do sistema
nervoso periférico e sistema nervoso central.
FISIOTERAPIA AQUÁTICA POSTURAL
As fibras musculares responsáveis pela manutenção postural atuam constantemente para nos
equilibrar contra a ação da gravidade, ou seja, para nos manter eretos, por isso, é necessário um
trabalho constante de alongamento e fortalecimento, a fim de favorecer o equilíbrio entre as
cadeias musculares.
 VOCÊ SABIA
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A teoria de que os nossos músculos são interligados por fáscias, formando grandes cadeias mestras,
como a cadeia posterior que tem a função de oposição à ação da gravidade, teve origem na França,
sendo revelada por Françoise Mézières na década de 60.
Atualmente, temos várias teorias e escolas que seguem o raciocínio de Mézières, principalmente
quando falamos em trabalhos posturais. Quando pensamos na Reabilitação Aquática, podemos
empregar este conhecimento, tanto para a avaliação, quanto para o tratamento.
O ambiente aquático torna-se excelente para a promoção da saúde postural, pois o empuxo alivia
o peso corporal, a redução de sobrecarga sobre a cadeia muscular antigravitacional, a liberação
miofascial e ainda possibilita a tração da coluna vertebral quando posicionamos o paciente com
flutuadores fazendo deslizamentos na água.
É de extrema importância que o fisioterapeuta faça orientações posturais para que o paciente
tenha consciência nas suas atividades diárias, pois precisamos de um paciente colaborador para
que se obtenha eficácia no tratamento.
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 31: Orientações posturais quanto à forma de sentar-se, essencial para pacientes que
passam horas sentados no posto de trabalho.
FISIOTERAPIA AQUÁTICA EM CRIANÇAS COM
SÍNDROME DE DOWN
A Síndrome de Down pode gerar uma alteração das funções cognitivas e das habilidades
motoras, que se manifestam por características estruturais cerebrais e alterações de maturação,
levando a comprometimentos psicomotores. Consequentemente, conforme o acometimento da
área encefálica afetada, a criança pode apresentar hipotonia, distúrbios de equilíbrio e
dificuldades para a coordenação dos movimentos.
HIPOTONIA
O termo hipotonia refere-se a uma diminuição do tônus muscular, sendo considerado, na
grande maioria dos casos, um sintoma de disfunção neurológica.
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 VOCÊ SABIA
O tratamento na piscina terapêutica já foi por muitos anos uma contraindicação no tratamento da
criança com Síndrome de Down, devido ao aquecimento da água e ao relaxamento proporcionado, o
que poderia exacerbar a hipotonia, uma característica da síndrome.
Atualmente, o entendimento foi alterado, pois a despeito da temperatura aquecida, a capacidade
de movimentação gerada pelo ambiente aquático supera a hipotonia, sendo observado em
estudos que crianças e adolescentes têm uma melhora com esta abordagem de tratamento,
inclusive no que diz respeito ao tônus.
É necessário enfatizar a abordagem sensorial e motora buscando movimentos através de um
trabalho lúdico, postural e cognitivo. Deve ser facilitado o controle postural de tronco, e
habilidades dos membros, buscando assim a maior autonomia possível.
Considerando as propriedades físicas da água, como pressão hidrostática, empuxo e
viscosidade, temos condições ideais para a estimulação sensório-motora deste paciente, além de
estarmos em um ambiente agradável e lúdico. Pode ser uma opção o atendimento coletivo, com a
participação de pacientes com a mesma faixa etária e indicações clínicas semelhantes, passando
a ser um fator motivacional e de integração social.
 ATENÇÃO
A hipotonia e a lassidão ligamentar geram dificuldade de vencer a ação da gravidade e adquirir as
etapas relacionadas ao desenvolvimento motor, sendo a piscina uma facilitadora destes movimentos.
A indicação da piscina terapêutica alcança todas as etapas da vida, beneficiando crianças,
adolescentes e adultos que apresentam a síndrome de Down, favorecendo o trabalho de
equilíbrio com uso da viscosidade e turbulência. Além desses benefícios, podemos apontar ainda
os efeitos sobre o trato respiratório, através da pressão hidrostática, a redução de sobrecarga
articular e o controle postural, fatores que auxiliam na qualidade de vida do Down.
Devemos atuar de forma preventiva para minimizar as complicações ortopédicas ou, quando já
instaladas, realizar um trabalho de redução da dor e melhoralinhamento corporal. As alterações
podem se manifestar através da:
Escoliose
Instabilidade da articulação do quadril
Luxação ou subluxação patelar
Pés planos e instabilidade de tornozelo, causados por lassidões ligamentares
Hipotonia
Sedentarismo
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 32: As etapas do desenvolvimento motor infantil precisam ser conhecidas pelo
fisioterapeuta para o atendimento pediátrico.
O fisioterapeuta deve ter um sólido conhecimento do desenvolvimento psicomotor para a
elaboração de um planejamento adequado de condutas, e ainda conscientizar a importância do
apoio familiar neste processo. As doenças cardíacas podem cursar muitas vezes com a
síndrome, havendo diversas formas clínicas de manifestação, porém, quando se apresentam da
forma mais leve e controlada, não caracterizam uma contraindicação.
Dentre as condições que requerem cuidado, temos a instabilidade atlanto-axial, que acomete
aproximadamente 15% das crianças com síndrome de Down, sendo um movimento maior que o
usual entre a primeira e a segunda vértebra cervical. Na maioria das vezes, é detectada em
radiografias após os três anos de idade. Por isso, devemos ter cuidado nos movimentos que
envolvam a região cervical ou no manuseio dos flutuadores cervicais, principalmente, em bebês,
quando ainda não há o diagnóstico.
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 33: Exercício com suporte de flutuadores com paciente posicionado em prona,
estimulando a sustentação do tronco, controle postural, e facilitando a movimentação dos
membros inferiores.
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 34: Articulação atlanto-axial que pode apresentar instabilidade na síndrome de Down.
FISIOTERAPIA AQUÁTICA PARA DEFICIENTES
VISUAIS
A autonomia, a possibilidade de locomoção e a independência funcional devem ser os principais
objetivos na abordagem com deficientes visuais, sendo necessário desenvolver um sistema de
localização e direção através da utilização dos sentidos remanescentes, como o tato e a audição.
A visão é promotora de integração entre as atividades perceptivas, mentais, motoras e
cognitivas, sendo uma consequência da sua deficiência um comprometimento de orientação
espacial, do controle postural, da deambulação e de aquisições motoras na infância.
A atuação da fisioterapia aquática será no sentido da promoção do desenvolvimento psicomotor,
ou da reabilitação quando já instalados comprometimentos e ainda na prevenção de desajustes
posturais. As complicações que podem surgir pela redução da mobilidade são a obesidade, o
diabetes, a hipertensão e o risco de quedas, sendo uma função do fisioterapeuta orientar o
paciente e a família quanto a hábitos saudáveis, estimulando a prática das atividades físicas,
deixando claro que essas mudanças impactarão positivamente nas habilidades motoras do
paciente.
Os exercícios em ambiente aquático podem ser lúdicos e tridimensionais, ou seja, movimentos
que se aproximem da vida diária, e ainda sendo feitos de forma segura, uma vez que a
viscosidade enquanto propriedade física da água gera um tempo de reação maior para recuperar
o equilíbrio e retomar a posição.
Como sugestão de atividades objetivando o equilíbrio e o controle postural, podemos utilizar a
turbulência e a transposição de obstáculos com uso de steps, por exemplo. Em relação ao
condicionamento cardiorrespiratório, uma indicação pode ser a corrida, a bicicleta aquática e
ainda acrescentar o uso de caneleiras aquáticas para aumentar a resistência durante as
atividades aeróbicas. Essas atividades podem ser realizadas em profundidades menores para
aproximar os exercícios das atividades realizadas em solo, proporcionando múltiplas
experiências corporais.
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 35: Exercício de condicionamento físico em bicicleta aquática, sendo executado de
forma segura e com redução de sobrecarga.
Marques et al. (2015) avaliaram os benefícios da Fisioterapia Aquática nos sistemas
musculoesquelético, cardiorrespiratório e no índice de qualidade de vida em um estudo de caso,
empregando um protocolo de exercícios com comandos áudio-táteis, realizados em 24 sessões,
com duração de 50 minutos cada e frequência de 2 vezes por semana.
 ATENÇÃO
Como resultado do estudo, foi verificado aumento da força muscular em membros superiores e
inferiores e ganho de flexibilidade. Estes ganhos refletiram na melhora no teste de velocidade da
marcha, na capacidade inspiratória e da qualidade de vida, concluindo que um protocolo adaptado
para deficientes visuais pode ser um aliado nas capacidades funcionais do deficiente visual.
FISIOTERAPIA AQUÁTICA NA QUALIDADE DE VIDA
DE IDOSOS
Por definição da Organização Mundial de Saúde, é considerado idoso o indivíduo a partir dos 60
anos de idade. Segundo dados de IBGE (2019), o Brasil tem mais de 28 milhões de pessoas
nessa faixa etária, o que representa 13% da população do país. A perspectiva é que esse
percentual dobre nas próximas décadas.
Macedo et al. (2019) realizaram um estudo sobre idosos com fratura do fêmur que utilizaram o
serviço de saúde pública, entre 2007 e 2016, em todas as regiões do país e seus respectivos
estados. Verificaram um gasto médio anual de R$ 85.839.680,38, sendo claramente um problema
de saúde pública que onera o Estado e gera consequências danosas para os pacientes, ou até a
morte.
As quedas em idosos podem causar diversas comorbidades, como a síndrome do imobilismo,
restrições de movimento e dependência para as atividades diárias, podendo levar ao
comprometimento da autonomia e à consequente redução na qualidade de vida. A
hidrocinesioterapia apresenta-se como um excelente recurso, tanto na prevenção, manutenção
da saúde e reabilitação nas disfunções físicas relacionadas ao envelhecimento.
 RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS
As propriedades físicas da água como empuxo, reduzindo as sobrecargas sobre as articulações por
redução de peso corporal, e a viscosidade que reduz o medo da queda vão permitir a execução de
movimentos e exercícios que não poderiam ser feitos em solo.
Sabemos que os exercícios são uma forma de intervenção não farmacológica que atua no
sistema imunológico, metabólico, cardiocirculatório, melhorando o funcionamento ósteo-mio-
articular, auxiliando ainda no metabolismo ósseo, controle do peso corporal e melhora nas
reações de equilíbrio. Por todos esses motivos, devemos sempre incentivar a prática de atividade
física, independentemente da faixa etária e, principalmente, em idosos, fazendo um trabalho de
promoção de saúde e prevenção do risco de quedas. Ainda, temos o benefício da socialização,
podendo ser uma excelente opção as atividades realizadas em grupo.
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 36: Idosos realizando atividade em grupo.
FISIOTERAPIA AQUÁTICA NA DOENÇA DE
PARKINSON
Na doença de Parkinson, temos uma classe de sintomas que podem gerar menor repercussão
para o movimento como o tremor, rigidez e a postura flexionada, e alguns que geram maior
dificuldade para a execução dos movimentos como a bradicinesia (Lentidão na execução do
movimento) , o congelamento e as perdas dos reflexos posturais.
 ATENÇÃO
No programa de reabilitação do movimento funcional, devemos pensar nestes sintomas e como eles
podem gerar interferência nas atividades musculoesqueléticas e no equilíbrio. Podemos planejar
algumas intervenções específicas, como a que denominamos de “balance”, que consiste em
respostas posturais antecipatórias que foram desenvolvidas ao longo da vida através de uma reserva
cognitiva e motora, para se antecipar às situações que poderiam levar ao desequilíbrio.
Para facilitar as respostas de equilíbrio, podemos pensar em exercícios de fortalecimento para
membros inferiores realizados através de agachamentos, por exemplo, e atividades do músculo
tríceps da perna que podem agir de forma estratégica nos ajustes posturais. Devemos ainda
trabalhar exercícios de marcha na piscina, obstáculos e de propriocepção, em pranchas que
gerem desequilíbrio, criando estratégiasde movimentos para que se possa interagir com o
ambiente.
É importante estimular as respostas antecipatórias para que se tenha maior confiança e
habilidades nas atividades diárias. Estes objetivos são facilitados na água aquecida, por
possibilitarem a redução do tônus muscular, atenuação do tremor e, consequentemente, rigidez.
O funcionamento dos núcleos da base é afetado, o que gera um comprometimento do
automatismo, e movimentos como a marcha passa a necessitar de um maior esforço e,
consequentemente, ocorre uma ativação do córtex frontal, relacionado ao cognitivo, para auxiliar
em tarefas que antes eram feitas de forma automática (FLORIANO et al., 2015).
O cérebro passa a se ocupar com tarefas que antes eram realizadas de forma automática,
levando a um prejuízo no desempenho da função cognitiva. Como resultado, ocorre uma
dificuldade para a execução de duplas tarefas, como andar e atender o celular, devendo no
programa de reabilitação criar situações que exijam dupla tarefa, com toda a segurança e
facilitação do movimento proporcionado pela água.
É importante planejar uma sessão para este paciente com obstáculos, como steps, gerar
desequilíbrio com turbulência e, enquanto ele busca o equilíbrio para permanecer em pé,
fazemos com que ele realize lançamentos e recepções de bolas com as mãos (dupla tarefa). É
interessante solicitar marcha para trás e fazer perguntas simples para que ele responda enquanto
se exercita (estímulo cognitivo e motor).
PERGUNTAS SIMPLES
Podemos perguntar nomes de bichos, nomes de pessoas, exemplos de bichos que sejam
do mar, e outras mais, para estimular o componente cognitivo enquanto executa os
movimentos.
 RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS
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Podemos ainda fazer movimentos de rotação de tronco e membros superiores de forma geral para
gerar instabilidade, para que, nas atividades diárias, ao utilizar os membros superiores, ele não se
desequilibre. Uma forma de facilitar a execução dos exercícios quando associamos vários
componentes motores é segmentar os movimentos, iniciando com a marcha para frente, para trás e
para os lados, depois, acrescentar à marcha movimentos dos membros superiores para então trocar
de lados (girar).
As solicitações de tarefas motoras que exigem uma concentração e direcionamento cognitivo
devem ser propostas, durante os exercícios, como pegar objetos de determinadas cores que
estão flutuando na água, fazer determinados movimentos de membros superiores enquanto se
desloca, entre outros, permitindo que as reações motoras passem a ter um caráter mais
automático.
Os exercícios orientados de forma a facilitar e ampliar as possibilidades de movimentos através
de técnicas adequadas geram mudanças funcionais e estruturais do sistema nervoso,
estimulando desta forma a plasticidade neural positiva. A doença de Parkinson, que é uma
doença neurodegenerativa, é acompanhada de uma perda da neuroplasticidade, sendo os
exercícios físicos uma das melhores formas de retardar esse processo.
EXERCÍCIOS AQUÁTICOS NA SAÚDE DA MULHER
Os exercícios aquáticos na saúde da mulher são indicados para gestantes, alterações
ginecológicas, incontinências urinárias e mastectomia.
 ATENÇÃO
A hidrocinesioterapia em relação à mulher gestante pode ser extremamente benéfica. Atua na
prevenção do excesso de peso, na prevenção da lombalgia, redução das queixas relacionadas às
varizes e aos edemas de membros inferiores, facilitando ainda o trabalho do parto e pós-parto.
Algumas desordens também podem ser evitadas, como a diabetes gestacional, tudo isto facilitado
pelas propriedades físicas da água, como o empuxo, reduzindo as sobrecargas articulares e a
pressão hidrostática auxiliando no retorno venoso (REBESCO et al., 2016).
As restrições de movimento causadas pela lombalgia, edemas de membros inferiores e
sobrepeso podem ser prevenidas se iniciarmos um programa de exercícios na água
precocemente, ainda no início da gestação. Na piscina, os músculos do assoalho pélvico também
podem ser treinados em ambiente aquático no tratamento de patologias que repercutem nesta
musculatura, como a incontinência urinária de esforço, as disfunções sexuais e a dor crônica
pélvica, muitas vezes, causada por desequilíbrio nos músculos de sustentação do assoalho
pélvico.
 
Fonte: Shutterstock
 Figura 37: Músculos do assoalho pélvico.
É importante trabalhar a consciência da musculatura do assoalho pélvico e, a partir desta
consciência, podemos exercitar a força e a resistência desta musculatura, sendo etapas de um
processo pedagógico do movimento, tendo a temperatura aquecida como um facilitador para
estas etapas na redução do quadro álgico.
São interessantes exercícios sentados sobre a bola suíça (deve ser enchida com água também
para que não flutue) dentro da piscina trabalhando a consciência perineal, de forma que a mulher
possa perceber a musculatura que deve ser exercitada com movimentos de anteroversão,
retroversão e percepção dos ísquios. Os mesmos exercícios podem ser realizados com o suporte
do flutuador de espuma (macarrão).
 EXEMPLO
Temos ainda a mulher atleta que tem um histórico, desde a Grécia antiga, de dificuldades e luta para
sua inserção no esporte, mas que tem cada vez mais se envolvido e destacado em práticas
desportivas. Porém, muitas vezes, os acessórios utilizados no esporte não se adaptam ao corpo
feminino, passando por diversas situações que geram impacto negativo como o selim de bicicletas,
afetando a saúde pélvica da mulher ciclista. Merecendo ainda um olhar específico para questões
relacionadas à incontinência urinária e às disfunções do assoalho pélvico em relação às atletas de
forma geral.
OS BENEFÍCIOS DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA PARA
CRIANÇAS PORTADORAS DO TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
O autismo é caracterizado como um transtorno do neurodesenvolvimento, sendo necessário
identificar prejuízos clinicamente significativos em três áreas:
Interação social
Comunicação
Linguagem
Na comunicação social, que é ampla, pode-se envolver a capacidade da fala, dificuldade em
iniciar amizade e sustentá-la, além de expressar emoções e dificuldade de reconhecer a emoção
do outro. Há interesses fixos e estereotipados sem função, a criança só faz uma coisa o dia
inteiro, hipo ou hiper-reatividade a fatos e circunstâncias.
O distúrbio afeta a comunicação, a capacidade de aprendizado e adaptação da criança em meio
social, o que não podemos esquecer no planejamento da conduta de Reabilitação Aquática.
Temos um histórico de modelo de atendimento em que o físico vinha em primeiro lugar,
utilizando métodos especializados para tratar as dores e a fadiga. Porém, ao analisar a relação
que o terapeuta estabelece com o paciente na água, percebemos que vai além do tratamento
físico, pela relação de proximidade e confiança desenvolvida em um ambiente aconchegante,
passando o tratamento a ser entendido como algo que deve ir além das técnicas e dos objetivos
físicos, sendo importante respeitar o momento do paciente, e não agir, neste caso, de forma
cartesiana, devendo abordar o paciente em todas as dimensões.
CARTESIANA
Quem se pauta exclusivamente pela razão, que é exageradamente metódico e sistemático.
Durante o atendimento, é possível tratar os componentes motores, cognitivos e sensoriais. Com
o tempo, o atendimento da Fisioterapia Aquática alcançou as crianças, nos ensinando a trabalhar
com o comportamento, que é uma característica da espontaneidade infantil. O meio aquático é
um ambiente ideal, pois é capaz de permitir várias sensações e ações à medida que favorece a
percepção sensorial e ambiental como a motora, com emprego de atividades lúdicas em um
ambiente aconchegante e, na maioria das vezes, atraente para as crianças.
 ATENÇÃO
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Quando traçamos a conduta de intervenção, devemos pensar onde essa criança pode apresentar
maior déficit, por exemplo: coordenação motora global e fina, equilíbrio do tronco, e prejuízo da
integração verbal e não verbalda fala. Sabemos que a falta de vivências motoras gera exclusão, por
isso, as funções motoras estão correlacionadas com a interação social.
Diversos estudos mostram que exercícios físicos de intensidade moderada e atividades
aeróbicas podem contribuir para a diminuição das estereotipias e melhorar as funções
cognitivas. Portanto, estes tipos de exercícios devem ser inseridos no programa de tratamento.
ESTEREOTIPIAS
Ações repetitivas sem função, realizadas através de movimentos, postura ou fala.
As atividades aquáticas, muitas vezes, são realizadas com maior facilidade do que em solo. Com
isso é possível extrapolar os ganhos motores e contribuir para a sociabilidade, mudanças
comportamentais e cognitivas. Técnicas com água evidenciam melhora motora, comportamental,
nas habilidades aquáticas, diminuição das estereotipias, aumento da força muscular, melhora do
equilíbrio, ganho de velocidade e de resistência cardiorrespiratória (BORGES et al., 2016).
O fisioterapeuta deve ser inserido nas atividades multidisciplinares e interdisciplinares na
abordagem da criança com o espectro autista, sempre lembrando que as atividades realizadas
em água devem ser associadas às atividades em solo, de forma a contribuir para a totalidade do
desenvolvimento.
FISIOTERAPIA AQUÁTICA NA MIELOMENINGOCELE
Trata-se de uma patologia relacionada à má-formação congênita do tubo neural, estando a
medula, as raízes nervosas e as meninges expostas, o que leva a uma paralisia flácida e à
alteração sensitiva abaixo do nível da lesão. Pode ser descoberta no período intrauterino,
havendo a possibilidade de um procedimento cirúrgico corretivo enquanto ainda está na barriga
da mãe, ou logo nos primeiros meses de vida. As alterações apresentadas podem ser
ortopédicas, urológicas e neurológicas.
 
Fonte: Shutterstock
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 Figura 38: Bebê com mielomeningocele.
As crianças podem chegar ao serviço de reabilitação com atraso psicomotor, mas, muitas vezes,
não pela gravidade da lesão, e sim por falta de estímulo, até por uma proteção da família pelo
processo cirúrgico que a criança foi submetida. Por isso, é extremamente necessária a
orientação da família.
 ATENÇÃO
As crianças com mielomeningocele apresentam predisposição para alergia ao látex, por estarem em
contato desde bebês com sondas, luvas e outros materiais, devendo o fisioterapeuta estar atento na
escolha dos brinquedos utilizados nas atividades.
A incontinência urinária e fecal pode gerar a necessidade de usar fralda. Logo, as mães devem
ser orientadas a realizarem o esvaziamento antes da entrada na piscina. Se a criança estiver
passando por tratamento infeccioso urinário, a reabilitação aquática é contraindicada.
Devem ser verificadas quais as possibilidades de movimentos da criança e em que fase do
desenvolvimento psicomotor ela se encontra. Por exemplo, avaliando se a criança em prono já
eleva a cabeça, faz apoio de antebraço e, se colocada em supino, consegue rolar.
Podemos ainda aplicar o teste de Thomas para avaliar o encurtamento dos flexores do quadril,
bem como o teste Galeazzi, que é empregado para verificar se há diferença de comprimento nos
membros inferiores, se há uma luxação ou subluxação de quadril por alteração da força dos
músculos da articulação do quadril, avaliando também as alterações de coluna vertebral e se há
comprometimento do pé.
 
Fonte: Adaptado de questoesdefisiocomentadas
 Figura 39: Teste de Thomas para avaliar se o paciente tem encurtamento do músculo
iliopsoas.
 
Fonte: Adaptado de msdmanuals
 Figura 40: Teste de Galeazzi.
É possível haver outras alterações associadas que devem ser observadas dentro e fora da
piscina, a fim de acompanhar a evolução do tratamento. A partir da avaliação do que a criança
apresenta de habilidades motoras, podemos traçar um plano de intervenção. Lembrando que a
avaliação deve ser feita primeiramente em solo, para depois entrar com a criança na água.
 ATENÇÃO
A entrada das crianças na água deve receber uma atenção especial, uma vez que, geralmente, iniciam
o tratamento ainda muito pequenas, podendo apresentar uma resistência à entrada na piscina, que é
um ambiente novo, e com uma pessoa ainda desconhecida.
Uma pequena banheira ao lado da piscina pode ser colocada para estabelecer o vínculo com o
fisioterapeuta, ou até mesmo a mãe ou o cuidador do paciente pode entrar na piscina nesta fase
inicial de adaptação.
Os objetivos do tratamento são fortalecer e estimular a musculatura que está preservada, de
acordo com o nível da lesão, pois, dependendo do segmento da coluna vertebral afetado, a
criança pode apresentar maior comprometimento na locomoção, de forma a necessitar do uso de
cadeira de rodas em lesão na região torácica, ou deambular, quando afetada a lombar baixa ou
sacral.
 
Fonte: Wikimedia
 Figura 41: Pé torto congênito, deformidade ortopédica que pode estar associada à
mielomeningocele.
Quando a lesão ocorre a nível torácico, gerando menor controle muscular do tronco para baixo,
devemos estimular o controle cervical, rolar, transferências de decúbito para sentado e vice-
versa, até o arrastar como forma de deslocamento. Quando crianças maiores tentam o controle
de tronco para uma possível manutenção da postura sentada, permite a liberação dos membros
superiores. Algumas habilidades podem ser limitadas, como a postura de gato, que pode ser
executada pela criança, mas sem força de sustentação pelos músculos do quadril e de forma
compensatória, o que acaba não sendo um movimento funcional.
Devemos ainda evitar contraturas e deformidades ortopédicas, pois, uma vez instaladas, essas
alterações podem levar a novas cirurgias de correções. O atendimento da criança com
mielomeningocele deve ser multidisciplinar, com médico, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional,
entre outros, com objetivo de gerar maior autonomia possível e independência funcional.
ATUAÇÃO DA HIDROCINESIOTERAPIA EM DIVERSAS
ÁREAS
Os exercícios em ambiente aquático também são indicados para a reabilitação imediata após
lesão em atletas, acelerando o seu retorno e na prevenção de lesões, evitando o seu afastamento
e todos os gastos envolvidos nesse processo.
Pós-operatório 
 
A reabilitação em piscina é uma excelente opção por permitir movimentos com redução de
sobrecarga muscular, facilitados pelo empuxo, auxiliando na regressão de edemas por atuação
da pressão hidrostática e com redução do medo de se movimentar, o que é comum após
procedimentos cirúrgicos, associado ainda à melhor vascularização tecidual pela água aquecida
e redução da dor.
Pré-operatório 
 
Sempre que possível é indicada a fisioterapia, preparando os sistemas cardiovasculares,
equilíbrio, fortalecimento muscular e mobilidade, facilitando a reabilitação no pós-operatório.
O ambiente aquático favorece a movimentação precoce, permitindo uma recuperação funcional
em menor tempo que a realizada em solo, reduzindo a formação de aderências teciduais e de
atrofias causadas pelo desuso prolongado. Não podemos esquecer as lesões neurológicas,
principalmente as que causam espasticidade, como a paralisia cerebral e o acidente vascular
encefálico. A água propicia uma redução significativa do tônus muscular, permitindo
mobilizações e realização de movimentos que, em solo, não seriam possíveis. Existe uma gama
de indicações para diversas patologias, sendo os limitadores as contraindicações fisiológicas
por se tratar de um ambiente aquático.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. EXISTEM EFEITOS TERAPÊUTICOS E FISIOLÓGICOS DOS EXERCÍCIOS
REALIZADOS NA PISCINA AQUECIDA QUE TRAZEM GRANDES BENEFÍCIOS
PARA O TRATAMENTO DO PACIENTE COM DOENÇA DE PARKINSON, EXCETO:
A) Redução da sobrecarga articular.
B) Estímulo do aumento da rigidez muscular.
C) Aumento do trabalho respiratório, devido à compressão da caixa torácica.
D) Aumento do fluxo sanguíneo muscular.
E) Facilitação do ortostatismo.
2. A FISIOTERAPIA AQUÁTICA UTILIZA AS PROPRIEDADES FÍSICAS DO MEIO
AQUÁTICO PARA QUE INDIVÍDUOSCOM LIMITAÇÕES E INCAPACIDADES
FUNCIONAIS ALCANCEM SEUS OBJETIVOS TERAPÊUTICOS. 
 
SOBRE A HIDROTERAPIA, É CORRETO AFIRMAR:
A) A flutuabilidade é umas das propriedades da água que pode ser manipulada conforme o
quadro apresentado pelo paciente, tornando o exercício mais ou menos fácil. Por exemplo,
quanto maior o comprimento do braço de alavanca, o exercício sempre será mais difícil.
B) A hipotonia e a lassidão ligamentar geram uma dificuldade de vencer a ação da gravidade e
adquirir as etapas relacionadas ao desenvolvimento motor, sendo a piscina uma facilitadora
destes movimentos quando falamos dos bebês com Síndrome de Down.
C) A profundidade da imersão do corpo afeta o funcionamento do sistema cardiovascular, por
isso não é recomendado treinamento aeróbico ou a admissão de pacientes com doenças
cardíacas na hidroterapia.
D) A viscosidade da água é responsável pela resistência encontrada ao se caminhar no meio
aquático. Quanto maior a área da superfície e a velocidade do movimento realizado, menor será a
resistência.
E) A redução da carga imposta aos membros inferiores e coluna vertebral na água favorece o
treino de marcha, por exemplo. A flutuabilidade trabalha em direção oposta à gravidade, portanto
movimentos realizados em terra contra a gravidade serão mais dificultados quando executados
em meio aquático, por isso devem ser evitados nesse meio.
GABARITO
1. Existem efeitos terapêuticos e fisiológicos dos exercícios realizados na piscina aquecida que
trazem grandes benefícios para o tratamento do paciente com doença de Parkinson, EXCETO:
A alternativa "B " está correta.
 
A água aquecida, associada à pressão hidrostática e ao empuxo, causa relaxamento muscular,
redução da ação gravidade e consequente redução da rigidez muscular, facilitando as realizações
de atividades funcionais.
2. A Fisioterapia Aquática utiliza as propriedades físicas do meio aquático para que indivíduos
com limitações e incapacidades funcionais alcancem seus objetivos terapêuticos. 
 
Sobre a hidroterapia, é correto afirmar:
A alternativa "B " está correta.
 
A hidrocinesioterapia foi por muito tempo contraindicada para o tratamento de pessoas com
Síndrome de Down, porque era entendido que a água aquecida reduziria um tônus que já se
apresenta hipotônico, porém, atualmente, sabemos que os benefícios dos exercícios facilitados
pelo ambiente aquático superam esta questão.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebemos que os exercícios realizados fora da piscina podem, em sua maioria, ser praticados
no ambiente aquático. Porém, há determinadas vantagens criadas pelas propriedades físicas da
água, como: redução do peso corporal, aumento do tempo de reação para o equilíbrio,
minimização do medo da queda, além da água aquecida, proporcionando um ambiente acolhedor
e aumentando a vascularização tecidual. Estímulos táteis causados pela pressão hidrostática
também ajudam a reduzir a informação dolorosa.
A água facilita ainda o manuseio do terapeuta com o paciente na água, porém, não podemos
desconsiderar que um ambiente aquecido e úmido é propício para a proliferação de bactérias.
Por isso é importante estarmos atentos às contraindicações, como no caso dos processos
infeciosos.
As condições renais e do sistema cardiorrespiratório merecem atenção e cuidado devido às
adaptações fisiológicas causadas pela imersão. A temperatura da água, a profundidade da
imersão, a velocidade dos movimentos, bem como os equipamentos utilizados durante a
realização dos exercícios, são elementos fundamentais para o planejamento da sessão
fisioterapêutica.
A hidrocinesioterapia é uma aliada na prevenção e tratamento de forma individualizada ou em
grupo, permitindo a socialização, bem como a atuação em diversas especialidades, como
pediatria, ortopedia, reumatologia, neurologia, saúde da mulher e idosos.
Vimos que avaliações devem ser feitas em solo, e os objetivos devem ser traçados para permitir
a transferência das habilidades adquiridas na água para as atividades diárias do paciente, sendo
a água um ambiente facilitador para a promoção da saúde em toda a sua amplitude, como
cognitivo, motor, cardiorrespiratório e, especialmente, humano.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
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EXPLORE+
Para saber mais sobre este tema, acesse o site da Associação Brasileira de Fisioterapia
Aquática (ABFA).
CONTEUDISTA
Adriana de Souza Marinho Teixeira
 CURRÍCULO LATTES
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