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A resposta imune é diferente entre o Sistema ABO e o Rh. Karl Landsteiner descreveu apenas o Sistema ABO, falando das hemácias A, B e O e, mais tarde, descreveu as pessoas com hemácias AB. Antigamente, se fazia muita transfusão sanguíneas de animais para pessoas para se tratar e viam que não dava certo. As pessoas não tinham noção que o sangue corria dentro de um vaso, pois pensavam que o corpo era tipo um balão com tudo misturado dentro. As pessoas não tinham noção de vascularização, não entendiam porque algumas transfusões davam certo e outras não, mas sabiam que quando era animal-humano não dava certo, e quando era humano-humano a maioria dava certo. Assim, Karl Landsteiner começou a testar sangue com sangue, e assim chegou a 4 padrões: tipo A, tipo B, tipo O (antigamente chamado de zero) e tipo AB. Antes de se transfundir, era misturado o sangue das duas pessoas para ver se era compatível ou não. Giovanna Lopes O indivíduo do tipo A possui o antígeno A na membrana das hemácias. O indivíduo do tipo B possui o antígeno B na membrana das hemácias. O indivíduo do tipo AB possui o antígeno A e o B na membrana das hemácias. O indivíduo do tipo O não possui nenhum tipo de antígeno na membrana (por isso era chamado de 0) = hemácia careca Nós temos vários tipos de sistema sanguíneo, mas o principal é o ABO e o Rh, o qual foi descoberto tempos depois. O experimento não se deu comprando sangue de dois humanos. Tudo começou com o sangue do macaco Reshus - espécie (daí o nome “Rh”) que foi injetado no coelho. Depois de alguns dias, foi retirado o soro do sangue do coelho, o qual apresentava anticorpos anti-Rh (anticorpos contra as hemácias do macaco). Daí eles pegavam esse soro do coelho e pingavam uma gotinha em sangue humano numa placa. Se a mistura aglutinava (formação de gruminhos que significa interação entre antígeno e anticorpos), era Rh+. Se ficava líquido, era Rh-. Também pode ser chamado de antígeno D. - Tipo A = possui os antígenos A e podem ser homozigotos (AA) ou heterozigoto (Ai) - Tipo B = possui os antígenos B e podem ser homozigotos (BB) ou heterozigotos (Bi) - Tipo AB = possui os antígenos A e B e só podem ser heterozigotos dominante (AB) - Tipo O = não possuem nenhum antígenos e só podem ser homozigotos recessivos (ii) No exemplo acima, analisando o Sistema ABO, temos um casal que é heterozigoto, um do tipo A e outro do tipo B. Quando é feito a distribuição mendeliana, é observado que conseguimos todos os tipos sanguíneos (tipo A, tipo B, tipo AB e tipo O). Já com base no fator Rh, o homem é heterozigoto dominante (Rr) e a mulher é homozigoto recessivo (rr). A prole é anotada como Rh + ou -. - Rh positivo = quando tem o R dominante - Rh negativo = quanto tem o rr recessivo O “r” sempre é recessivo, por isso depende de quem acompanha ele. A primeira molécula do exemplo é chamada de antígeno H. Quando essa molécula vem sozinha, ela é O (falta colocar alguma coisa na molécula). Quando eu coloco a galactosamina é o antígeno A (antígeno H + açúcar do A). Quando eu coloco a galactose é o antígeno B (antígeno H + açúcar do B). As pessoas que não possuem o antígeno H possuem as hemácias bem carecas mesmo, mas é uma mutação rara de acontecer, chamado de Falso O. Quando isso acontece, ao fazer o teste de tipagem sanguínea dela vai dar do tipo O. Mas, se formos fazer uma transfusão de sangue O pra essa pessoa, ela vai responder contra esse sangue em razão de não possuir esse antígeno H = Falso O ou Fenótipo de Bombaim (porque foi descrito pela primeira vez em uma criança na Índia). Essa pessoa só pode receber sangue de outra pessoa com o Fenótipo de Bombaim. Em termos de resposta imune, precisamos entender que o antígeno A e o antígeno B são polissacarídeos. E sabemos também que os polissacarídeos não são bons indutores de resposta imune, pois só é apresentado ao linfócito T se tivermos um carreador (proteína). Pessoa do tipo O = possui anticorpos anti-A e anti-B Pessoa do tipo A = possui anticorpos anti-B Pessoa do tipo B = possui anticorpos anti-A Se uma pessoa do tipo O recebe sangue do tipo A ou do tipo B, ela rejeita na hora. Se o indivíduo tem a hemácia com o açúcar A na membrana, ele já possui anticorpos anti-B. Se for transfundido um sangue do tipo B, ele vai rejeitar. Mas como vamos ter o anticorpo se nunca entramos em contato com o sangue anti-A e anti-B (com sangue diferente do nosso)? A partir do nascimento já começamos a produzir esses anticorpos. Esses anticorpos que produzimos contra o sangue das outras pessoas são de açúcares muito parecidos com os de bactérias comensais. Por isso, a partir do momento do nascimento que começa a fazer a flora microbiana é quando começamos a produzir os anticorpos anti-A e anti-B. Assim, fazemos anticorpos inatos (não possuem relação com o linfócito TCD4), principalmente da classe IgM (não tem memória, mas estão no nosso corpo a vida inteira porque estão sempre sendo produzidos contra bactérias comensais). Então, se o anticorpo se encontra com a hemácia, o epítopo dela é parecido com o epítopo da bactéria, então começa a induzir resposta imune. Então, tem uma bactéria no intestino e ela tem um epítopo (quadradinho). A partir daí, o corpo passa a produzir anticorpos inatos/naturais que possuem vida curta e são do tipo IgM, mas que é produzido na vida inteira. Enquanto estiver sendo encontrado o quadradinho (epítopo), o corpo continua produzindo. E se algum dia o corpo encontra uma hemácia pela primeira vez, o anticorpo já vai reagir, pois os epítopos da hemácia são semelhantes com o da bactéria. Então, o corpo faz anticorpos contra antígenos que estão presentes na microbiota. Esses anticorpos são principalmente IgM de vida curta. Então, por quê temos um anticorpo contra um sangue que nunca encontramos na vida? É porque esse anticorpo não é contra o sangue, e sim contra bactérias que nós já temos na microbiota (açúcares dessas bactérias). Com o Rh é diferente (ou é anti-Rh ou não tem): se eu nunca entrei em contato com o sangue Rh eu não produzo anticorpos. Uma pessoa Rh- e nunca entrou em contato com sangue Rh, a pessoa não tem nenhum anticorpo. Se a pessoa entra em contato com o sangue Rh, aí ela passa a produzir o anticorpo. O antígeno Rh também é chamado de antígeno D. Esse antígeno é uma proteína. Ele está ausente no nosso organismo, então não vou conseguir encontrar essa proteína nas bactérias, por exemplo. Assim, não há uma resposta imune pronta, como ocorre com o antígeno A e B. Então, o corpo só passa a produzir o anti-Rh ou anti-D quando o corpo encontra uma hemácia que tenha o anti-D. Os anticorpos produzidos aqui são os de memória, IgG (vida longa, vão ficar o resto da vida circulando). Diferente do Sistema ABO, que desde quando nasce, a criança já passa a produzir o anti-A e o anti-B, no Sistema Rh a pessoa só produz se entrar em contato. Até a expressão do antígeno D é diferente. - Rh negativo = não há antígeno D presente na hemácia - Rh fraco ou D fraco = só um pouquinho de antígeno D na hemácia (muitas vezes, dependendo do método da tipagem sanguínea, pode dar como Rh negativo, mas possui o anti-D sim) = proteína expressa bem pouquinho - Rh positivo = bastante antígeno D na hemácia Assim, nós temos uma variabilidade de expressão dessa proteína - Sistema ABO = na resposta T independente, a célula encontra o açúcar da bactéria, já passa a produzir imediatamente o IgM (não atravessa a placenta pois é muito grande – pentamérico), produzindo esse anticorpo enquanto tiver bactéria comensal presente liberando esse açúcar. - Sistema Rh = na resposta T dependente, uma proteína deve ser apresentada, vai ativar o linfócito T, que ativa o linfócito B a se diferenciar em plasmócito para produzir principalmente IgG (atravessa a placenta). - Negativo = não forma grumos, não aglutina, fica líquido - Positivo = formagrumos, aglutina. Se o controle der positivo, deu algum erro durante a coleta. Com base nesse exemplo, não é possível dizer quem é o pai ou a mãe, mas é possível dizer quem não é (exclusão de paternidade). - Casal 1 = a criança pode ser filha. O B e o Rh+ vieram do pai. - Casal 2 = a criança pode ser filha. O A veio da mãe. O pai é heterozigoto (Rr = Rh+) e a mãe é homozigota recessiva (rr = Rh-). - Casal 3 = a criança pode ser filha. O A veio da mãe e o B veio do pai. - Casal 4 = a criança pode ser filha. Nesse caso, os pais são heterozigotos (Bi) e segregaram para a criança apenas o ii = tipo O - Casal 5 = a criança não pode ser filha. O Rh deveria ser obrigatoriamente negativo. Não pode ser O (tem que receber ii) e o pai é heterozigoto dominante. Muitas vezes se tratava doenças mentais com transfusão sanguínea. Para que haja uma compatibilidade de transfusão e para que seja segura, eu realizo diversos testes, entre eles a tipagem do Sistema ABO e Rh, mas existem vários subgrupos sanguíneos. A reação transfusional é quando um anticorpo que eu já tenho reage com uma hemácia que estou recebendo. Assim, o anticorpo já existente começa a segurar as hemácias que estão entrando (fica “dando a mão” pras hemácias) e começa a aglutinar as hemácias recebidas, bloqueando pequenos vasos. O indivíduo percebe quase que imediatamente que ele está tendo uma reação transfusional. O - = é o doador universal, todo mundo pode receber dele. Mas, só pode receber de O-. AB+ = recebe de todo mundo, então todo mundo pode doar pra ele. Mas, só doa pra AB+. O sangue de maior frequência no Amazonas é O+. Antigamente conhecida como eritroblastose fetal. Toda mulher que é Rh negativo (rr) precisa fazer um acompanhamento especial na gestação para que a criança dela não sofra com essa doença. A mãe sendo Rh-, a criança obrigatoriamente é Rh+ (vindo do pai) na primeira gravidez. Geralmente, no momento intrauterino, não há troca das hemácias da mãe com a da criança. No momento do parto, através da placenta, é passada algumas hemácias da mãe para a criança, porém ela já nasceu. Então, a primeira criança da primeira gestação nasce bem. Porém, as hemácias que contém o antígeno D irão sensibilizar a mãe. Assim, a mãe passa a produzir esses anticorpos anti-D, pois encontrou esses anticorpos. A hemácia da mãe é Rh-, então ela não possuía esses anti-D. Os anticorpos ficam no corpo esperando para serem usados um dia. Esses anticorpos anti-D serão usados quando a mãe tiver uma segunda gravidez, onde a criança também será Rh negativo. Nesse caso, os anticorpos podem atravessar a placenta e podem provocar um aborto, mas em geral a gravidez é levada até o final. No último trimestre da gestação e no momento do parto, há uma passagem maior desses anticorpos da mãe pro filho, começando a ligar esses anticorpos na hemácia da criança, fazendo com que a criança nasça com hemólise. A hemólise deixa a criança ictérica, provocando uma anemia hemolítica (lise das hemácias pelo ataque dos anticorpos). A criança também pode vir a óbito depois do nascimento. O que fazer para evitar o desenvolvimento desses anticorpos? Após o nascimento do primeiro filho, cerca de 3 dias depois, ela pode tomar um soro (que contém o anticorpo). Esse soro irá neutralizar as hemácias que passaram da mãe para a criança, fazendo com que o anticorpo presente no soro se ligue na hemácia da criança que ficou, e que será rapidamente retirado. Assim, como não houve muito tempo de contato, a sensibilidade ou é menor (a mãe quase não produz anticorpos) ou então nem produz porque a exposição foi muito curta. Daí ela pode ter outro filho sem problemas, pois não vai ter anticorpos suficientes para provocar uma hemólise. Assim, o primeiro filho é Rh+, é o que sensibiliza a mãe. Então, o primeiro filho nunca nasce com a doença, só nasce depois que a mãe é sensibilizada. Se o segundo filho for Rh-, não tem problema pois o Rh não tem onde atacar. O anticorpo só vai atacar o filho que for Rh+.