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22/04/2023, 12:28 Ação Popular e mandado de Injunção Coletivo
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04024/index.html#imprimir 1/32
Ação Popular e mandado de Injunção
Coletivo
Prof.ª Carla Teresa Bonfadini de Sá
Descrição
Abordagem conceitual e prática das características e requisitos mais importantes do mandado de injunção
e da ação popular.
Propósito
O aprendizado do mandado de injunção e da ação popular permitirá ao estudante compreender os modos
de utilização de duas das mais relevantes ações constitucionais e que são formas de tutela coletiva.
Preparação
Antes de iniciar o estudo, tenha em mãos as Leis nº 4.717/1965 e 13.300/2016, além da Constituição da
República de 1988 aberta no art. 5º, incisos LXXI e LXXIII.
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Objetivos
Módulo 1
O mandado de injunção e os direitos fundamentais
Analisar conceito, objeto, características e hipóteses de cabimento do mandado de injunção.
Módulo 2
A ação popular e a defesa da coletividade
Analisar conceito, objeto, características e hipóteses de cabimento da ação popular.
Considerando que, embora seja assegurado o direito de greve, não existe disciplina desse direito para
o setor público, como poderiam os titulares desse direito obter a sua concretização? Como obter o
suprimento da omissão, de modo a se conseguir exercer o direito?
Como veremos ao longo deste conteúdo, o mandado de injunção é um instrumento de controle
incidental da inconstitucionalidade por omissão, pois o seu objetivo primordial é tutelar diretos
subjetivos constitucionais frustrados pela inércia inconstitucional do órgão responsável pela
regulamentação. Além do mandado de injunção individual, há o coletivo destinado a tutelar os
direitos, as liberdades e as prerrogativas constitucionais pertencentes, indistintamente, a uma
coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou categoria, cujo exercício
seja frustrado pela falta de norma regulamentadora.
Após estudarmos o mandado de injunção, ingressaremos no aprendizado de um remédio
constitucional que encerra esse ciclo de técnicas para a tutela de direitos fundamentais, nesse caso,
direitos difusos da coletividade lesados ou ameaçados de lesão.
Introdução
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1 - O mandado de injunção e os direitos
fundamentais
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar conceito, objeto,
características e hipóteses de cabimento do mandado de injunção.
A ação popular é o remédio constitucional de que dispõe o cidadão para anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Se houver um empreendimento lesivo ao meio
ambiente, poderá o cidadão postular a sua cessação, bem como a reparação ao meio ambiente
(reparação específica e ressarcimento pecuniário), por meio da propositura de uma ação popular. Do
mesmo modo, poderá um cidadão postular a invalidação de um contrato celebrado sem licitação e
fora das hipóteses de contratação direta, além do devido ressarcimento ao erário. Assim como a
ação civil pública, a ação popular é uma espécie do gênero ação coletiva.
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Cabimento
O mandado de injunção é remédio constitucional previsto no art. 5º, LXXI, da Constituição da República e
disciplinado pela Lei nº 13.300/2016, destinado a assegurar o exercício de direitos, liberdades
constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania sempre que a falta de
norma regulamentadora impeça o seu exercício. Seus requisitos são:
Competência
Hipóteses
O constituinte fixou a regra de competência para o julgamento com base na fonte responsável pela omissão
regulamentadora. No entanto, não se trata de competência em razão da pessoa. Vejamos as hipóteses que
se seguem:
Existência de um direito subjetivo constitucional ligado às liberdades fundamentais, à
nacionalidade, à soberania e à cidadania (mandado de injunção individual). No caso do
mandado de injunção coletivo, devem existir os direitos, as liberdades e as prerrogativas
pertencentes, indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas ou determinada
por grupo, classe ou categoria.
Ausência de norma regulamentadora que frustre o exercício do referido direito subjetivo
constitucional ou, no caso do mandado de injunção coletivo, os direitos coletivos
constitucionais. Quanto à falta de norma regulamentadora, a omissão pode ser tanto parcial
como total.
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Supremo Tribunal Federal
i. Competência originária para processamento do mandado de injunção quando a elaboração da norma
regulamentadora deva ser feita pelo Presidente da República, da Câmara dos Deputados, do Senado,
das Mesas de uma das casas legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais
Superiores e do próprio STF (art. 102, I, “q” da Constituição da República).
ii. Competência para julgar em recurso ordinário o mandado de injunção denegado, em instância única,
em Tribunais Superiores (art. 102, II, “a” da Constituição da República).
Superior Tribunal de Justiça
i. Competência originária para o mandado de injunção quando a norma regulamentadora deva ser feita
por órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados aqueles de
competência do STF e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da
Justiça Federal (art. 105, I, “h” da Carta Magna).
Note que há a possibilidade de mandado de injunção de competência das Justiças Militar, Eleitoral e
Federal, consoante à menção feita na parte final do art. 105, I, “h” da Carta Magna. Relativamente à Justiça
Federal, contudo, há entendimento de que a previsão referido artigo não faria sentido, visto que nos arts.
108 e 109 (competência da Justiça Federal) não é previsto o cabimento de mandado de injunção (NEVES,
2020, p. 145). Poder-se-ia alegar que a mera presença de omissão atribuível a autoridades federais poderia
justificar a competência da Justiça Federal (fundações federais, conselhos de fiscalização federal e
agências reguladoras).
No entanto, como bem recorda Daniel Assumpção Neves, a presença de autoridades federais afastará a
competência prevista no art. 109 da Constituição da República, por força da regra de atribuição da
competência originária do STJ prevista no art. 105, I, “h” da Carta Magna (NEVES, 2021, p. 145).
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No âmbito estadual, há a possibilidade de previsão pelas constituições estaduais de mandado de injunção
no plano estadual como instrumento de controle dos atos omissivos do Poder Público em face da
constituição estadual. A Constituição do Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, prevê em seu art. 10 o
cabimento de mandado de injunção para enfrentar a omissão do Poder Público que frustre o exercício de
direitos subjetivos, depois de estabelecer o dever de a Administração solucionar essas omissões. No
entanto, serão poucas as hipóteses, pois a maior parte das omissões que inviabilizam o exercício de direitos
ligado às liberdades fundamentais, à nacionalidade, à soberania e à cidadania é de natureza federal.
Portanto, poderá haver a impetração de mandado de injunção para os tribunais de justiça e para os juízos
de primeiro grau, conforme previsão na constituição estadual e nas regras de organização judiciária.
Legitimidade
Legitimidadeativa
O mandado de injunção pode ser impetrado pelas pessoas naturais ou jurídicas que se afirmam titulares
dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas constitucionais, segundo o art. 3º da Lei nº 13.300/2016.
O mandado de injunção coletivo pode ser impetrado pelas pessoas indicadas no art. 12 da Lei nº
13.300/2016, como legitimados extraordinários, pois atuam em nome próprio para defender interesses
alheios. Vejamos a literalidade do dispositivo.
Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:
I - Pelo Ministério Público
Quando a tutela requerida for especialmente relevante para a defesa da ordem jurídica, do
regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis.
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Parágrafo único Os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por mandado de injunção coletivo
são os pertencentes, indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por
grupo, classe ou categoria. (LEI Nº 13.300/2016).
O Ministério Público é legitimado a impetrar mandado de injunção quando a tutela requerida for
especialmente pertinente para a defensoria da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses da
sociedade e de forma individual, os quais não estejam disponíveis.
II - Por partido político com representação no Congresso
Nacional
Para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou
relacionados com a finalidade partidária.
III - Por organização sindical, entidade de classe ou associação
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1
(um) ano
Para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de
parte de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a
suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.
IV - Pela Defensoria Pública
Quando a tutela requerida for especialmente relevante para a promoção dos direitos humanos
e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, na forma do inciso LXXIV do
art. 5º da Constituição Federal.
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Além do Ministério Público, o partido político com representação no Congresso Nacional também possui o
direito de realizar mandado de injunção, garantindo aos seus integrantes partidários o exercício de direitos,
liberdades e prerrogativas.
As entidades de classe, organização sindical ou associação legalmente constituída há pelo menos 1 ano
também podem impetrar mandado de injunção com a finalidade de assegurar o exercício de direitos,
liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, uma vez que
utilizem seus estatutos, os quais devem ser pertinentes a suas finalidades, para que a autorização espacial
seja dispensada.
Comentário
Observe que a redação se assemelha à do mandado de segurança coletivo, em que as associações atuam
como substitutas processuais e, portanto, não necessitam da autorização dos associados.
É prevista a legitimidade da Defensoria Pública quando se tratar de direitos humanos e promoção da defesa
dos direitos individuais e coletivos dos necessitados.
Legitimidade passiva
São legitimados passivos pessoas jurídicas de Direito Público ou órgãos públicos detentores do poder de
editar atos normativos (União, estados, municípios, Distrito Federal, órgãos da administração direta ou
indireta) conforme a previsão do art. 3º da Lei nº 13.300/2016.
Não houve a previsão da legitimidade passiva dos particulares ou entidades que deveriam dar cumprimento
à norma regulamentadora quando editada.
Procedimento
Assim como o mandado de segurança, o mandado de injunção é uma ação de rito célere, na qual deve ser
comprovada de plano, por meio de prova documental pré-constituída, a omissão legislativa a frustrar a
possibilidade de exercício/fruição do direito constitucionalmente garantido. Portanto, não há a possibilidade
de dilação probatória no rito do mandado de injunção. Não obstante, se o documento estiver em poder de
terceiro ou do impetrado, o juiz ordenará a sua exibição no prazo de 10 dias, conforme pedido formulado na
petição inicial da injunção.
Diversamente do mandado de segurança, não há prazo para impetração do mandado de injunção, individual
ou coletivo. O procedimento do mandado de injunção coletivo é o mesmo do individual. Passemos à sua
análise.
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Após o recebimento da petição inicial, haverá a notificação do impetrado para que preste informações
no prazo de 10 dias, cientificando-se da ação o órgão de representação judicial da pessoa jurídica
interessada.
Decorrido o prazo, será intimado o representante do Ministério Público para apresentar parecer no
prazo de 10 dias. Ao final, o processo é concluso para decisão.
Curiosamente, inexiste previsão de concessão de liminar em mandado de injunção na Lei nº 13.300/2016.
Indaga-se que é possível o deferimento de tutela de urgência ou seria incompatível com o mandado de
injunção. Entendemos que, desde que presentes os requisitos das tutelas de urgência, se houver risco de
perecimento do direito, aplicam-se subsidiariamente as regras do mandado de segurança (art. 7º, III da Lei
nº 12.016/2009) por força do preceituado no art. 14 da Lei nº 13.300/2016 ou do CPC. Se cabe concessão
de liminar em ADI (ação direta de inconstitucionalidade), por que razão não caberia em um mandado de
injunção? No entanto, há entendimento solidificado no âmbito do STF no sentido do não cabimento de
liminar (STF MI 542/SP MC) sob o fundamento de que a natureza injuncional seria incompatível com a
concessão liminar de provimento de natureza cautelar.
Se no curso da ação for editada a norma regulamentadora faltante (art. 11, parágrafo único da Lei nº
13.300/2016), haverá a perda do objeto, devendo a ação ser extinta sem resolução do mérito.
Efeitos da decisão e suas correntes
Efeitos da decisão do mandado de injunção
Neste vídeo, o professor discorre sobre os efeitos da decisão do mandado de injunção, passando pelas
diferentes correntes e a posição do STF sobre o tema.
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Disposições gerais
Sempre houve dissenso acerca dos efeitos da decisão do mandado de injunção: seria o suprimento da
omissão pela edição da norma faltante ou o reconhecimento da omissão inconstitucional com a mera
exortação do poder competente para elaborar a norma regulamentadora? Vamos conhecer a seguir as
teorias relativas ao mandado de injunção.
Corrente não concretista
O órgão julgador poderia apenas reconhecer formalmente a omissão da autoridade competente,
determinando que esta procedesse à edição da norma faltante para regulamentar o dispositivo
constitucional. Além disso, nessa vertente, não poderia o Judiciário elaborar a norma faltante, mas apenas
declarar a mora legislativa.
Corrente concretista
O órgão julgador poderia julgar o caso concreto, suprindo a lacuna da regulamentação, de modo a viabilizar
o exercício dos direitos subjetivos constitucionais. Essa orientação é a que mais se coaduna com o princípio
da máxima efetividade dos direitos fundamentais, por meio da permissão de que o Poder Judiciário atue de
modo atípico, como se legislador fosse.
Para aprofundar, veremos mais detalhes de cada teoria apresentada.
Corrente não concretista ou da subsidiariedade
O fundamento para a adoção dessa postura é o de que o Poder Judiciário não poderia atuar como legislador
positivo, violando o princípio da separação dos poderes. Ao adotar esse entendimento, osefeitos do
mandado de injunção seriam semelhantes ao de uma ação de inconstitucionalidade por omissão, dois
instrumentos para dar ciência ao órgão competente para sanar a omisso, e nenhum para resolver
(BARROSO, 2019, p. 192-194). Por isso que também é conhecida como teoria da subsidiariedade, uma vez
que o mandado de injunção seria um meio subsidiário, equivalente a uma ação de inconstitucionalidade por
omissão.
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Corrente concretista
Historicamente, o STF sempre foi comedido no julgamento do mandado de injunção, porém depois do MI nº
470/Es e de outros julgados, passou a adotar a posição concretista. Como exemplo dessa teoria, pode-se
citar o julgamento dos Mandados de Injunção nº 670, 708 e 712 propostos por diversos sindicatos de
servidores públicos federais visando assegurar o exercício do direito de greve previsto no art. 37, inciso VII,
da Constituição federal. Nesses mandados, o Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu, por
unanimidade, não somente declarar a omissão legislativa quanto ao dever de regulamentar o direito de
greve no setor público, mas também suprir a omissão determinando a aplicação, no que coubesse, da
disciplina existente para o exercício do direito de greve vigente no setor privado (Lei nº 7.783/1989).
Essa corrente concretista ainda pode ser dividida em concretista direta e intermediária, conforme seja
possível ao Poder Judiciário desde logo suprir a omissão:
Concretista direta
Defende a possibilidade de o Judiciário desde logo suprir a lacuna da regulamentação, de modo a viabilizar
o exercício dos direitos subjetivos constitucionais.
Concretista intermediária
Defende que, primeiramente, deve haver a ciência para a edição da norma faltante dentro de um prazo e,
somente após o decurso do prazo, o Poder Judiciário elabora a norma faltante para o exercício do direito
fundamental.
A corrente concretista também pode ser dividida quanto à amplitude dos efeitos da decisão em duas outras
correntes, a concretista individual e a concretista geral:
Concretista individual ou da resolutividade
Segundo essa teoria, o Poder Judiciário pode proferir decisão regulamentando a lacuna com efeitos inter
partes da decisão proferida pelo Poder Judiciário.
Concretista geral ou da independência jurisdicional
Conforme essa teoria, o Poder Judiciário, ao julgar procedente o pedido, profere decisão suprindo a lacuna
com efeitos erga omnes (para todos), de modo a viabilizar o exercício dos direitos subjetivos
constitucionais.
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A teoria concretista geral é criticada porque a atuação do Poder Judiciário se assemelharia à de um
legislador. No entanto, trata-se de uma disciplina provisória, até que o órgão competente proceda à
regulação do direito subjetivo constitucional.
A Lei nº 13.300/2016 adotou o entendimento concretista individual intermediário, pois é concedido prazo ao
Poder competente para elaborar a norma regulamentadora, e somente depois de exaurido esse prazo é que
poderia o Judiciário suprir a omissão por meio da elaboração da norma faltante até a edição da norma pelo
poder competente (art. 8º, incisos I e II da Lei nº 13.300/2016). Esse prazo, contudo, é dispensado quando
comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido
para a edição da norma (art. 8º, parágrafo único da Lei nº 13.300/2016).
Se sobrevier a edição da norma faltante pelo Poder Legislativo, essa terá aplicação imediata, com efeitos ex
nunc (desde agora, a partir da edição da norma, sem efeitos retroativos) em relação aos beneficiados por
decisão transitada em julgado, salvo se a aplicação da norma editada lhes for mais favorável (art. 11 da Lei
nº 13.300/2016).
Efeitos da coisa julgada
Quanto aos efeitos, em regra, a decisão proferida no mandado de injunção individual terá eficácia subjetiva
limitada às partes e produzirá efeitos até o advento da ordem regulamentadora (art. 9º, caput da Lei nº
13.300/2016). Porém, pode ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão quando for inerente
ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração (art. 9º, § 1º
da Lei nº 13.300/2016).
O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em relação aos individuais. Contudo, se o
impetrante individual pretender se beneficiar do coletivo, deverá requerer a desistência da demanda
individual do prazo de 30 dias, a contar da ciência comprovada da impetração coletiva.
No mandado de injunção coletivo, a sentença faz coisa julgada limitada às pessoas integrantes da
coletividade, do grupo, da classe ou da categoria substituídos pelo impetrante, salvo quando inerente ou
indispensável ao exercício do direito, caso em que terá eficácia ultra partes ou erga omnes.
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Saiba mais
Recentemente, no julgamento do Mandado de Injunção nº 4.733/DF, o Supremo Tribunal Federal julgou
procedente o pedido formulado pela Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros para
reconhecer a omissão legislativa em tipificar como crime a discriminação por orientação sexual ou
identidade de gênero. Por conseguinte, supriu a omissão, mediante a aplicação, até que o Congresso
Nacional viesse a legislar a respeito (Lei nº 7.716/1989), a fim de estender a tipificação prevista para os
crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional à
discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero. Note que a ordem não poderia ser restrita aos
membros da associação nesse caso, sob pena de tornar inócua a decisão. Nessa hipótese, incide o previsto
no art. 9º, § 1º da Lei nº 13.300/2016.
Interessante também a previsão da possibilidade após o trânsito em julgado de extensão dos efeitos aos
casos análogos por decisão monocrática do relator.
É prevista uma coisa julgada secundum eventum probationis no art. 9, § 3º da Lei nº 13.300/2016:
Se houver o indeferimento do pedido por insuficiência de prova, poderá haver a
renovação da impetração fundada em outros elementos probatórios.
Segundo o art. 10 da Lei nº 13.300/2016, há a possibilidade de um pedido de revisão do julgado, caso haja
modificação das circunstancias fáticas e de direito.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(Adaptada de: FGV - XXX Exame da OAB 2010 - questão 14, prova tipo I)
O Supremo Tribunal Federal reconheceu a periculosidade inerente ao ofício desempenhado pelos
agentes penitenciários, por tratar-se de atividade de risco. Contudo, ante a ausência de norma que
regulamente a concessão da aposentadoria especial no estado Alfa, os agentes penitenciários dessa
unidade federativa encontram-se privados da concessão do referido direito constitucional. Diante disso,
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assinale a opção que apresenta a medida judicial adequada a ser adotada pelo Sindicato dos Agentes
Penitenciários do Estado Alfa, organização sindical legalmente constituída e em funcionamento há
mais de 1 (um) ano, em defesa da respectiva categoria profissional.
Parabéns! A alternativa A está correta.
O sindicato possui legitimidade para propor mandado de injunção coletivo, sendo dispensada a
autorização dos membros do sindicato, nos termos do art. 12, inciso III da Lei nº 13.300/2016.
Questão 2
(Adaptada de: FGV/OAB - XXII Exame da OAB 2017 - questão 19, prova tipo I)
A Lei nº 13.300/2016, que disciplina o processo e o julgamento dos mandados de injunção individual e
coletivo,surgiu para combater o mal da síndrome da inefetividade das normas constitucionais. Nesse
A
Ele pode ingressar com mandado de injunção coletivo para sanar a falta da norma
regulamentadora, dispensada autorização especial dos seus membros.
B
Ele não possui legitimidade ativa para ingressar com mandado de injunção coletivo,
mas pode pleitear aplicação do direito constitucional via ação civil pública.
C
Ele tem legitimidade para ingressar com mandado de injunção coletivo, cuja decisão
pode vir a ter eficácia ultra partes, desde que apresente autorização especial dos seus
membros.
D
Ele pode ingressar com mandado de injunção coletivo, mas, uma vez reconhecida a
mora legislativa, a decisão não pode estabelecer as condições em que se dará o
exercício do direito à aposentadoria especial, sob pena de ofensa à separação dos
Poderes.
E
Somente seria cabível mandado de segurança contra esse ato omissivo de autoridade
pública.
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sentido, o seu art. 8º, inciso II, inovou a ordem jurídica positivada ao estabelecer que, reconhecido o
estado de mora legislativa, será deferida a injunção para estabelecer as condições em que se dará o
exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados, ou, se for o caso, as condições
em que o interessado poderá promover ação própria visando exercê-los, caso não seja suprida a mora
legislativa no prazo determinado. Considerando o conteúdo normativo do art. 8º, inciso II da Lei nº
13.300/2016 e a teoria acerca da efetividade das normas constitucionais, assinale a afirmativa correta.
Parabéns! A alternativa B está correta.
A
Foi adotada a posição neoconstitucionalista, na qual cabe ao Poder Judiciário apenas
declarar formalmente a mora legislativa, atuando como legislador negativo e garantindo
a observância do princípio da separação dos Poderes, sem invadir a esfera
discricionária do legislador democrático.
B
Foi consolidada a teoria concretista, em prol da efetividade das normas constitucionais,
estabelecendo as condições para o ativismo judicial, revestindo-o de legitimidade
democrática, sem ferir a separação de Poderes e, ao mesmo tempo, garantindo a força
normativa da Constituição.
C
Foi promovida a posição não concretista dentro do escopo de um Estado democrático
de direito, na qual cabe ao Poder Judiciário criar direito para sanar omissão legiferante
dos Poderes constituídos, geradores da chamada “síndrome da inefetividade das
normas constitucionais”, em típico processo objetivo de controle de
constitucionalidade.
D
Foi retomada a posição positivista normativista, concedendo poderes normativos
momentâneos aos juízes e tribunais, de modo a igualar os efeitos da ação direta de
inconstitucionalidade por omissão (modalidade do controle abstrato) e do mandado de
injunção (remédio constitucional).
E
Foi adotada a teoria da subsidiariedade de apenas declarar a omissão inconstitucional e
fixar prazo para a elaboração da norma faltante.
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O Poder Judiciário, segundo a previsão do art. 8º da Lei nº 13.300/2016, pode elaborar a norma após a
constatação da mora. Por isso, a doutrina considera que a teoria adotada foi a concretista, pois é
autorizado o suprimento da omissão com a elaboração da regra faltante pelo Poder Judiciário, depois
de decorrido o prazo assinalado para o Poder competente elaborar a norma. As demais respostas estão
absolutamente incorretas. A alternativa A está incorreta porque a teoria segundo a qual cabe ao Poder
Judiciário apenas declarar formalmente a mora legislativa é a não concretista e não foi a adotada pelo
art. 8º da Lei nº 13.300/2016. O adjetivo neoconstitucionalista não corresponde a nenhuma das teorias
que tratam dos efeitos da decisão proferida no mandado de injunção. A opção C está errada porque
não foi adotada a posição não concretista, e sim a concretista. A alternativa D está errada, tanto pelo
nome da teoria quanto pela conclusão de equiparação de efeitos com a ação de inconstitucionalidade
por omissão. A opção E está equivocada porque a teoria adotada não foi a da subsidiariedade, que é a
teoria não concretista.
2 - A ação popular e a defesa da coletividade
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar conceito, objeto,
características e hipóteses de cabimento da ação popular.
Ação popular: histórico e requisitos
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Ação popular
Neste vídeo, o professor explica o cabimento da ação popular, passando pelos requisitos para a sua
propositura.
Disposições históricas
Historicamente, a ação popular foi expressamente introduzida no Direito brasileiro a partir da Constituição
de 1934, no art. 113, inciso 38. No entanto, três anos depois, foi suprimida do ordenamento jurídico na
Constituição federal de 1937, retornando somente em 1946.
Desde então, a ação popular vem sendo mantida nos textos das
constituições que se seguiram à Carta Política de 1946.
No nível infraconstitucional, foi promulgada a Lei nº 4.717/1965 disciplinando o procedimento da ação
popular, que inaugurou o tratamento da ação coletiva para a defesa de direitos da coletividade. Essa lei era
bastante avançada na época em que foi promulgada, representando o embrião da tutela dos direitos
metaindividuais.
Na Constituição de 1988, houve a ampliação do cabimento da ação popular, limitada nos textos anteriores à
anulação de atos lesivos ao patrimônio de entidades públicas. No texto do art. 5º, inciso XXXIII da Carta
Magna, foi prevista a possibilidade de anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. A
finalidade dessa ação constitucional consiste, portanto, em invalidar atos ilegais lesivos, os quais têm como
fundamento:
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Lesão ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe
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Lesão ao patrimônio histórico e cultural

Lesão ao meio ambiente

Lesão à moralidade administrativa
Desse modo, o pedido da ação popular, em regra, é de natureza constitutiva negativa, pois visa cassar um
ato administrativo ilegal e lesivo ao patrimônio público. A ação pode ainda ser declaratória, mandamental,
notadamente quando se buscar evitar uma lesão. Juntamente com a invalidação do ato, poderá haver a
condenação dos responsáveis pelo ato ao pagamento das perdas e danos (art. 11 da Lei nº 4.717/1965).
São dois os requisitos do ato a ser impugnado por meio da ação popular: a ilegalidade do ato e a lesividade
ao patrimônio público, cultural e à moralidade administrativa, que serão explicados a seguir.
Requisitos do ato impugnado
São requisitos do ato impugnado:
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Ilegalidade

Lesividade (causa de pedir da ação popular)
O ato comissivo e omissivo, cuja invalidação se persegue na ação popular, deve ser, em primeiro lugar, ilegal
por violar as normas ou desviar-se dos princípios gerais que norteiam a Administração Pública. O conceito
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de ilegalidade aqui adotado não se restringe à violação da lei. Se não houvesse ilegalidade, inexistiria razão
para pedir a invalidação do ato.
O segundo requisito indispensável é a lesividade do ato ilegal, que deve ser
comprovada pelo autor, exceto no caso de ação popular preventiva, pois, nesse
caso, basta a potencialidade de lesão, dado que o objetivo é evitar a prática do ato
ilícito.
A lesividade não precisaser necessariamente financeira, de dano ao erário. No caso de ofensa à moralidade
administrativa, há ofensa a bem imaterial. Por isso, na ação popular para postular a invalidação de ato lesivo
à moralidade, inexiste a necessidade de provar o dano patrimonial causado, bastando o dano causado pela
violação do princípio da moralidade administrativa.
O art. 4º da Lei nº 4.717/1965 prevê as hipóteses de lesividade presumida (in re ipsa), nas quais não há a
necessidade de o autor demonstrar a lesão, bastando comprovar a existência do ato. Nesse passo, é
prevista no art. 4º da Lei da Ação Popular a nulidade de admissão ao serviço público remunerado, com
desobediência, quanto às condições de habilitação, das normas legais, regulamentares ou constantes de
instruções gerais, operação bancária com desobediência a normas legais, regulamentares, estatutárias,
regimentais ou internas. Pode ser impugnado tanto o ato administrativo típico quanto o ato privado
praticado por pessoa jurídica que receba recursos públicos.
Atenção!
Não é possível utilizar a ação popular para impugnar direito em tese (verbete 266 do STJ) referente ao
mandado de segurança aplicado por analogia, mas pode ser manejada para impugnar leis de efeitos
concretos. Em princípio, os atos judiciais não são passíveis de invalidação por ação popular, sendo cabíveis
os recursos e a ação anulatória de que trata o art. 966, § 4º do CPC aos acordos lesivos aos cofres públicos
homologados judicialmente.
Competência
Dispõe o art. 5º da Lei nº 4.717/1965 que a competência para o julgamento da ação popular é do juízo de
primeiro grau de jurisdição. Conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer a ação,
processá-la e julgá-la o juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada estado, o for para as
causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao estado ou ao município. Desse modo,
independentemente de quem seja o réu, podendo ser até o presidente da República ou ministros de Estado,
o processo tramitará no primeiro grau de jurisdição. O Supremo Tribunal Federal já decidiu que não possui
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competência para julgamento da ação popular por falta de previsão constitucional, pois o rol do art. 102,
inciso I da Constituição da República não poderia ser ampliado por meio de interpretação.
No entanto, essa regra geral admite duas exceções:
1. Quando a causa envolver conflito entre União e estados membros (art. 102, I, “f” da Constituição da
República). Por exemplo, em 2006, o Supremo Tribunal Federal proferiu decisão no julgamento da
Reclamação 3331/RR reconhecendo a sua competência para julgar ação popular na qual estava presente
um conflito federativo, pois a União tinha demarcado terras indígenas no território de Roraima, conforme a
ementa abaixo transcrita:
EMENTA: RECLAMAÇÃO. USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA. PROCESSOS JUDICIAIS QUE
IMPUGNAM A PORTARIA Nº 534/05, DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. ATO NORMATIVO QUE
DEMARCOU A RESERVA INDÍGENA DENOMINADA RAPOSA SERRA DO SOL, NO ESTADO DE
RORAIMA. Caso em que resta evidenciada a existência de litígio federativo em gravidade suficiente
para atrair a competência desta Corte de Justiça (alínea "f" do inciso I do art. 102 da Lei Maior).
Cabe ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar ação popular em que os respectivos autores,
com pretensão de resguardar o patrimônio público roraimense, postulam a declaração da
invalidade da Portaria nº 534/05, do Ministério da Justiça. Também incumbe a esta colenda Corte
apreciar todos os feitos processuais intimamente relacionados com a demarcação da referida
reserva indígena. Reclamação procedente.
(Rcl 3331/RR, rel. Min. Carlos Britto, Tribunal Pleno, julgamento em 28/06/2006, publicação em 17/11/2006)
2. Quando todos os membros da magistratura tiverem interesse na ação popular ou quando houver
impedimento e interesse de mais da metade dos desembargadores, com base no art. 102, I, “n” da
Constituição da República.
No julgamento da Questão de Ordem 859 (AO 859 QO/AP, rel. do acórdão Min. Maurício Corrêa, Tribunal
Pleno, julgamento em 11/10/2001, publicação em 01/08/2003) o Supremo Tribunal Federal decidiu que se
restar configurado o impedimento de mais da metade dos desembargadores para apreciar o recurso
voluntário ou a remessa obrigatória de sentença proferida por juiz de primeiro grau em ação popular,
ocorrerá a competência do STF, com base na alínea “n” do inciso I, segunda parte, do art.102 da
Constituição federal, conforme a decisão cuja ementa segue abaixo:
EMENTA: AÇÃO ORIGINÁRIA. QUESTÃO DE ORDEM. AÇÃO POPULAR. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: NÃO-OCORRÊNCIA. PRECEDENTES. 1. A competência para
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julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até mesmo do Presidente da República, é,
via de regra, do juízo competente de primeiro grau. Precedentes. 2. Julgado o feito na primeira
instância, se ficar configurado o impedimento de mais da metade dos desembargadores para
apreciar o recurso voluntário ou a remessa obrigatória, ocorrerá a competência do Supremo
Tribunal Federal, com base na letra n do inciso I, segunda parte, do artigo 102 da Constituição
Federal. 3. Resolvida a Questão de Ordem para estabelecer a competência de um dos juízes de
primeiro grau da Justiça do Estado do Amapá.
(AO 859 QO/AP, rel. do acórdão Min. Maurício Corrêa, Tribunal Pleno, julgamento em 11/10/2001, publicação DJe
em 01/08/2003)
Legitimidade: ativa, passiva e litisconsórcio
Legitimidade ativa
Prevalece o entendimento de que o autor popular atua como legitimado extraordinário, substituto
processual da coletividade, pois não defende interesse próprio individual, mas sim um interesse da
coletividade da qual é integrante, em razão da autorização da Constituição da República (art. 5°, inciso
LXXII) e do art. 1º da Lei nº 4.717/1965. Mirra (2007) traz em sentido contrário essa questão. Desse modo,
iremos verificar as formas de legitimidade ativa que se constituem nesse cenário.
A parte legítima é o cidadão brasileiro, ou seja, pessoa física nacional no gozo dos seus direitos cívicos e
políticos. A comprovação da titularidade dos direitos políticos é feita mediante título de eleitor, além de
comprovante de votação nas últimas eleições ou certidão de regularidade da Justiça Eleitoral, para
demonstrar regularização.
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Atividade discursiva
O eleitor entre 16 e 18 anos poderá propor ação sem estar assistido por seu representante legal em juízo?
Digite sua resposta aqui
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1ª corrente: Embora a Constituição da República nada mencione, o menor de 18 anos que é eleitor não
pode ingressar em juízo sem estar assistido por seu representante legal, por lhe faltar capacidade civil.
A Constituição somente trata da legitimidade ad causam que inequivocamente possui o menor de 18
anos que é eleitor (16 e 18 incompletos). Como é sabido, a Carta Magna não se ocupa da disciplina da
legitimidade para o processo, devendo aplicar as regras do CPC. Por isso, para propor a ação, o menor
deve estar assistido por seus representantes legais. Esse entendimento é defendido na doutrina por
Rodolfo de Camargo Mancuso (2012, posição 4889), Marco Antonio Rodrigues (2016, p. 270),
Humberto Dalla Bernardina de Pinho e José Roberto Mello Porto (2021, p. 589).
2ª corrente: Como a Constituição da República não teria exigido a assistência ao menor relativamente
incapaz que é eleitor, ele poderia ajuizar ação popular sem representante legal, sem assistência.
O melhor entendimento parece ser o da 1ª corrente, visto que o menor eleitor tem legitimidade para a
propositurada ação popular, o que é previsto na Carta Magna, porém deve estar assistido, por ser
relativamente capaz para preencher o requisito de legitimidade para o processo.
Ainda que seja silente a posição da Constituição da República quanto à necessidade de advogado para
ajuizar a ação popular, é induvidoso que o autor popular deve estar acompanhado de advogado ou defensor
público, por não possuir capacidade postulatória.
A pessoa jurídica não pode ser autora de ação popular, por não ser cidadã, não exercer direitos políticos.
Nesse sentido, há o enunciado da Súmula 365 do Supremo Tribunal Federal.
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O Ministério Público não possui legitimidade para propor ação popular, porém pode vir a assumir a ação em
caso de desistência ou abandono. Seria uma legitimidade ativa superveniente. Quando não figurar no polo
ativo, intervirá obrigatoriamente no processo como fiscal da ordem jurídica.
Legitimidade passiva
Prevê a Lei da Ação Popular, em seu art. 6º, que devem constar do polo passivo da demanda as pessoas
públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra autoridades, funcionários ou administradores
que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem
dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos de tal ato.
Note que haverá litisconsórcio simples entre todos aqueles que
concorreram para a prática do ato ou se bene�ciaram dele.
Tal previsão se coaduna com o interesse público dessa ação, especialmente em face da necessidade de se
obter o ressarcimento ao erário, em caso de condenação a reparar os danos.
Exemplo
Em uma ação para anular um contrato para realização de obra pública sem licitação em valores
superfaturados, deverão ser incluídos no polo passivo da demanda os funcionários responsáveis pela
realização da contratação direta, bem como a empresa contratada, beneficiária do contrato. Em um caso de
contratação sem concurso público, o mesmo raciocínio pode ser aplicado: os funcionários que conduziram
a contratação e as pessoas contratadas integrarão o polo passivo da demanda.
A pessoa jurídica de direito público chamada para se defender pode deixar de contestar e requerer a
mudança para o polo ativo da demanda, sempre que a medida seja útil ao interesse público (art. 6º, § 3º da
Lei nº 4.417/1965). De acordo com Rodrigo Mazzei (1998), esse deslocamento de polo da relação
processual também é denominado na doutrina como intervenção móvel ou legitimação bifronte da pessoa
jurídica na ação popular.
Essa conduta de trocar de polo da ação é bastante comum, quando, por exemplo, há uma ação proposta em
face de um chefe do executivo estadual de uma gestão anterior, e a atual gestão reconhece a ilegalidade do
ato e encampa a tese do autor popular, postulando a mudança para o polo ativo.
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Isso ocorre porque há o interesse da própria pessoa jurídica de perseguir o interesse público consistente na
invalidação do ato lesivo ao patrimônio público, além da punição do agente público que se beneficiou do ato
ilegal. O requisito necessário a essa migração de polo é a presença de interesse público.
Indaga-se: a manifestação deve ser feita somente no prazo de contestação sob pena de preclusão? Não, o
entendimento firme do STJ é o de que tal migração de polo não está sujeita à preclusão em razão do
interesse público envolvido, conforme se deduz da leitura de trecho de acórdão do STJ abaixo:
No tocante à migração de polo da ação do ente público, efetivamente se trata de inovação recursal.
Por outro lado, a jurisprudência dessa Corte é firme de que não se opera a preclusão, devendo se
levar em conta, todavia, o interesse público a fundamentar a postura prevista no art. 6º, § 3º da Lei
nº 4.717/65.
(AgRg no REsp 1162049/SP, rel. Min. Napoleão Nunes Maia, Primeira Turma, julgamento em 01/03/2016,
publicação DJe em 11/03/2016)
Litisconsórcio
Há a possibilidade de habilitação de outros cidadãos no polo ativo consoante em que prevê o art. 6º, § 5º da
Lei nº 4.717/1965. Se houver a habilitação de um número excessivo de pessoas, o juiz poderá limitar o
litisconsórcio para não tumultuar a marcha processual (art. 113, § 1º do CPC).
Procedimento, prescrição e execução
Procedimento
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O procedimento da ação popular segue o rito comum com algumas peculiaridades. Recebida a petição
inicial, o juiz determina a citação dos réus, intima obrigatoriamente o Ministério Público e, se for o caso,
requisita informações ao Poder Público. Em seguida, haverá a citação pessoal dos que praticaram o ato
impugnado, podendo o autor optar pela citação edital e nominal dos beneficiários (art. 7º, II da Lei nº
4.717/1965). No entanto, a previsão dessa escolha de citação por edital pelo autor é inconstitucional, por
violar os princípios da ampla defesa e do contraditório.
Se o réu tiver endereço conhecido, deve ser citado pessoalmente, visto que a citação por edital é
excepcional, admissível apenas quando o paradeiro do réu é desconhecido após o esgotamento dos meios
de localizá-lo. Se o autor não conseguir os endereços, devem ser oficiados a Secretaria da Receita Federal,
as concessionárias de serviço público e o TRE para informar os endereços existentes em seus cadastros
com base no CPF do réu. Pode-se solicitar o uso do Sisbajud para obter endereço. Isso ocorre porque, por
meio da citação por edital, o réu dificilmente terá o conhecimento de que há uma ação contra si ajuizada
para que possa se defender. Somente deve ser determinada a citação por edital quando presentes os
requisitos do art. 256 do CPC.
Na ação popular, há outra peculiaridade: admite-se a citação de qualquer outro
beneficiário do ato que venha a ser identificado, ainda que depois da decisão de
saneamento do feito (art. 7º, III da Lei nº 4.717/1965).
Poderá ser concedida liminar, aplicando-se os requisitos do art. 300 do CPC. A decisão concessiva da
liminar pode ser impugnada por agravo de instrumento. O poder público poderá também postular a
suspensão da liminar nos termos do art. 4º da Lei nº 8.437/1992.
Atenção!
Não se admite o pedido reconvencional no bojo da contestação (pedido contraposto) por agir o autor
popular em defesa dos interesses da coletividade. Autorizar o pedido reconvencional seria permitir uma
ação coletiva passiva sem um representante adequado.
Há um prazo maior de contestação de 20 dias, prorrogáveis por igual período, caso se torne difícil a
obtenção da prova documental, a requerimento dos interessados. Não se aplica o efeito da revelia
consistente em "reputarem-se verdadeiros os fatos afirmados pelo autor", em razão da previsão do art. 6º da
Lei nº 4.417/1965, por haver interesses indisponíveis envolvidos.
Caso o autor desista da ação ou dê motivo à extinção do processo (art. 9º da Lei nº 4.717/1965), serão
publicados editais, de modo que se assegure a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério
Público, o prosseguimento da ação. A sentença deve ser proferida em 15 dias, sob pena de o juiz ficar dois
anos sem concorrer à promoção por merecimento.
Há a isenção de despesas do processo em caso de improcedência, salvo comprovada má-fé.
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A sentença de improcedência ou carência da ação está submetida ao reexame necessário, previsão curiosa,
porque visa tutelar o interesse coletivo (interesse público primário), e não o interesse da Fazenda Pública.
Nesse ponto, difere do modo como a remessa necessária é ordinariamente utilizada(RODRIGUES, 2016)
Da sentença proferida, caberá apelação com efeito suspensivo. Em outras palavras, cabe recurso de
apelação desprovido de efeito suspensivo para impugnar a sentença. Quanto ao interesse recursal, a
situação diferente pelo tipo de sentença:
Sentença de improcedência
O Ministério Público, o autor e qualquer cidadão poderão recorrer.
Sentença de procedência
Só os réus, pessoas atingidas pela decisão, poderão recorrer.
A coisa julgada terá efeitos erga omnes, incidindo sobre todos, exceto no caso de haver sido a ação julgada
improcedente por deficiência de prova. Nesse caso, qualquer cidadão poderá intentar outra ação com
idêntico fundamento, valendo-se de nova prova. Desse modo, houve a previsão da coisa julgada secundum
eventum probationis, ou seja, que depende do resultado da prova produzida. Isso significa que poderá ser
proposta outra ação com o mesmo pedido, desde que haja prova nova. Esse foi um meio encontrado pelo
legislador para tutelar de forma mais efetiva os direitos metaindividuais.
Prescrição
A ação deve ser proposta dentro do prazo de cinco anos da ocorrência do ato lesivo que se pretende
invalidar (art. 21 da Lei nº 4.717/1965).
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Execução
O autor popular terá a iniciativa da execução, e se não o fizer em 60 dias da publicação da sentença
condenatória de segunda instância, o representante do Ministério Público a promoverá nos 30 dias
seguintes, sob pena de falta grave (art. 16 da Lei nº 4.717/1965). A execução também poderá ser promovida
pelas pessoas ou entidades referidas no art. 1º, ainda que hajam contestado a ação, em qualquer tempo, e
no que as beneficiar a execução da sentença contra os demais réus.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(Adaptada de: FGV - XXX Exame da OAB - questão 16)
Giuseppe, italiano, veio ainda criança para o Brasil, juntamente com seus pais. Desde então, nunca
sofreu qualquer tipo de condenação penal, constituiu família, sendo pai de um casal de filhos nascidos
no país, possui título de eleitor e nunca deixou de participar dos pleitos eleitorais. Embora tenha se
naturalizado brasileiro na década de 1990, não se sente brasileiro. Nesse sentido, Giuseppe afirma que
é muito grato ao Brasil, mas que, apesar do longo tempo aqui vivido, não partilha dos mesmos valores
espirituais e culturais dos brasileiros. Giuseppe mora em Vitória/ES e descobriu o envolvimento do
ministro de Estado Alfa em fraude em uma licitação cujo resultado beneficiou, indevidamente, a
empresa de propriedade de seus irmãos. Indignado com tal atitude, Giuseppe resolveu, em nome da
intangibilidade do patrimônio público e do princípio da moralidade administrativa, propor ação popular
contra o ministro de Estado Alfa, ingressando no juízo de primeira instância da justiça comum, não no
Supremo Tribunal Federal. Sobre o caso, com base no Direito Constitucional e na jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal, assinale a afirmativa correta.
A
A ação não deve prosperar, uma vez que a competência para processá-la e julgá-la é do
Supremo Tribunal Federal e falta legitimidade ativa para o autor da ação, porque não
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Parabéns! A alternativa B está correta.
Giuseppe possui a nacionalidade brasileira e é cidadão (direitos políticos) e, portanto, tem legitimidade
para propor ação popular. Segundo o art. 5º da Lei nº 4.717/1965, a competência para o julgamento da
ação popular é do juízo de primeiro grau de jurisdição. A alternativa C é incorreta, pois basta ser
cidadão e eleitor para poder ajuizar a ação popular. A opção D é incorreta porque a competência não é
do Supremo Tribunal Federal. A alternativa E está incorreta, pois a competência é do juízo de 1ª
instância, inexistindo a opção aventada nessa assertiva.
Questão 2
(FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase)
O município X, visando à interligação de duas importantes zonas da cidade, após regular procedimento
licitatório, efetua a contratação de uma concessionária que ficaria responsável pela construção e
possui a nacionalidade brasileira, não sendo, portanto, classificado como cidadão
brasileiro.
B
A ação deve prosperar, porque a competência para julgar a ação popular em tela é do
juiz de primeira instância, e o autor da ação tem legitimidade ativa porque é cidadão no
pleno gozo de seus direitos políticos.
C
A ação deve ser extinta sem resolução do mérito em razão da falta de legitimidade de
Giuseppe, que é brasileiro naturalizado.
D
A ação não deve prosperar, uma vez que a competência para julgar a mencionada ação
popular é do Supremo Tribunal Federal, muito embora não falte legitimidade ad causam
para o autor da ação, que é cidadão brasileiro, detentor da nacionalidade brasileira e no
pleno gozo dos seus direitos políticos.
E
A ação deve prosperar, porque a competência para julgar a ação popular em tela pode
ser tanto do juiz de primeira instância quanto do Supremo Tribunal Federal, e não falta
legitimidade ad causam para o autor da ação, já que é brasileiro no gozo de direitos
políticos.
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administração da via. Ocorre que, em análise do projeto básico do empreendimento, constatou-se que a
rodovia passaria em área de preservação ambiental e ensejaria graves danos ao ecossistema local.
Com isso, antes mesmo de se iniciarem as obras, Arnaldo, cidadão brasileiro e vereador no exercício do
mandato no município X, constitui advogado e ingressa com ação popular postulando a anulação da
concessão. Com base na legislação vigente, assinale a afirmativa correta.
Parabéns! A alternativa D está correta.
No caso de desistência da ação popular, qualquer dos legitimados e o Ministério Público podem
assumir a ação, nos termos do art. 9º da Lei nº 4.717/1965. A alternativa B é incorreta, pois o cidadão é
legitimado à propositura da ação popular. O Ministério Público não tem legitimidade para propor a ação
popular, embora possa assumir a titularidade em caso de abandono do autor popular. Quanto à opção
C, vale refutar a assertiva de que o cidadão não precisa constituir advogado, pois o cidadão é parte
legítima, mas não detém capacidade postulatória, dependendo da constituição de advogado para
ingressar em juízo com a referida demanda.
A
A ação popular proposta por Arnaldo não se revela adequada ao fim de impedir a obra
potencialmente lesiva ao meio ambiente.
B
A atuação de Arnaldo, na qualidade de cidadão, é subsidiária, sendo necessária a
demonstração de inércia por parte do Ministério Público.
C
A ação popular, ao lado dos demais instrumentos de tutela coletiva, é adequada à
anulação de atos lesivos ao meio ambiente, mas Arnaldo não precisaria constituir
advogado para ajuizá-la.
D
Caso Arnaldo desista da ação popular, o Ministério Público ou qualquer cidadão que
esteja no gozo de seus direitos políticos poderá prosseguir com a demanda.
E Caso Arnaldo desista, somente o Ministério Público poderá prosseguir com a ação.
22/04/2023, 12:28 Ação Popular e mandado de Injunção Coletivo
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Considerações �nais
No presente conteúdo, estudamos o mandado de injunção e a ação popular, dois importantes e efetivos
instrumentos para efetivação de direitos fundamentais pela via de atuação judicial.
Analisamos o mandado de injunção, um remédio constitucional, o qual é apto a solucionar os problemas da
crise de efetividade das normas constitucionais, uma vez que a omissão na regulamentação de um direito
constitucional impede a fruição desse direito. Concluímos que essa é uma técnicadiferenciada, que
assegura com um rito célere a fruição de direitos subjetivos constitucionais.
Em seguida, debruçamo-nos sobre o estudo da ação popular, suas principais características e sua
importância para compor o microssistema de tutela coletiva, permitindo que o cidadão participe da coisa
pública, mediante a fiscalização dos atos do Poder Público. A possibilidade de ajuizar ação para pedir a
invalidação de atos lesivos ao patrimônio público, ao meio ambiente e à moralidade representa um modo
eficiente de exercer a cidadania.
Ao final, podemos concluir que as técnicas de tutela de direitos metaindividuais e individuais fundamentais
se complementam, cabendo ao operador do direito eleger no caso concreto aquela que será a mais
adequada para a obtenção do bem da vida pretendido.
Podcast
Neste podcast, o professor diferencia o cabimento do mandado de injunção e da ação popular.
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Referências
BARROSO, L. R. Controle de constitucionalidade no Direito brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2019.
MANCUSO, R. de C. Ação popular: proteção do erário, do patrimônio público, da moralidade administrativa e
do meio ambiente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.
MAZZEI, R. A intervenção móvel da pessoa jurídica na ação popular e na ação de improbidade. Revista
Forense, v. 40, 1998.
MIRRA, A. L. V. Um estudo sobre a legitimação para agir no Direito Processual Civil: a legitimação ordinária
do autor popular. Revista dos Tribunais, v. 76, n. 618, p. 34-47, abr. 1987.
NEVES, D. A. A. Ações constitucionais. Salvador: JusPodivm, 2020.
PINHO, H. D. B. de; PORTO, J. R. M. Manual de tutela coletiva. São Paulo: Saraiva, 2021.
RODRIGUES, M. A. Ação civil pública e meio ambiente: tutela contra o ilícito, o risco e o dano ao equilíbrio
ecológico. Indaiatuba, SP: Foco, 2021.
RODRIGUES, M. A. A fazenda pública no processo civil. São Paulo: Gen, 2016.
ZAVASKI, T. A. Defesa de direitos coletivos e defesa coletiva de direitos. Revista de Processo, v. 78, abr.-jun.
1995.
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Para complementar os seus conhecimentos acerca do mandado de injunção, recomendamos os seguintes
vídeos:
AGU Explica - Mandado de injunção, no canal oficial da Advocacia-Geral da União AGU no YouTube.
Saiba Mais - Mandado de injunção, no canal oficial do STF no YouTube.
AGU Explica - Ação Popular, no canal oficial da Advocacia-Geral da União AGU no YouTube.
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Artigo 5º - Ação popular, no canal TV Justiça Oficial no YouTube.

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