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Anatomia Células do SNC I. Neurônios: Transmissão de impulsos elétricos e químicos II. Astroglia: Regulação das concentrações de neurotransmissor extracelular. III. Oligodendroglia: Mielinização dos axônios dentro do SNC IV. Ependima: Movimentação do FCE através do sistema ventricular V. Células epiteliais do plexo coroide: Secreção de FCE VI. Microglia: Imunovigilância, imunorregulação, fagocitose. VII. Meninges: Barreira aracnoide-FCE VIII. Endotélio: Barreira (barreira hematoencefálica) Fonte: https://qbi.uq.edu.au/brain-basics/brain/brain-physiology/types-glia Resposta à lesões do SNC 1. As células do SNC variam em sua suscetibilidade à lesão: • neurônios > oligodendroglia > astrócitos > microglia > vasos sanguíneos 2. Os neurônios possuem apenas pequenos reservatórios de energia. • Dependem de um fluxo de sangue normal para fornecer oxigênio e nutrientes • Neurônios com uma alta taxa metabólica (córtex cerebral) → irão morrer 6 a 10 minutos após a cessação do fluxo sanguíneo. Fonte: UNICAMP Resposta à lesões do SNC 3. Não existe regeneração dos neurônios. 4. Se as fibras nervosas no SNC são cortadas por transecção da medula → nenhuma ou pouca regeneração das fibras nervosas ocorre. 5. Se as fibras no SNP são cortadas, elas podem regenerar-se sob certas circunstâncias. • Esse resultado depende do (1) fluxo axoplásmico, (2) dos alinhamentos das porções proximal e distal do nervo, e (3) da preservação e alinhamento das partes proximal e distal do tubo endoneural. Resposta à lesões do SNC 6. A cicatrização no SNC é diferente do que no resto do corpo. • Ferimentos profundos no SNC cicatrizam pela proliferação dos processos astrocíticos (cicatriz glial). 7. A cavidade cranial é preenchida pelo cérebro, sua cobertura e fluido. • Assim, muitas lesões produzem sinais clínicos porque ocupam espaços → nas neuropatologias implica podem causar atrofia ou deslocamento de partes do cérebro ou da medula. Fonte: https://www.nature.com/articles/s41593-017-0033-9 Resposta à lesões do SNC 8. A barreira hematoencefálica pode exercer controle sobre fármacos e anticorpos que entram no cérebro. • É também uma barreira à infecção. 9. Embora o SNC tenha a capacidade de resistir a infecção e lesões, uma vez afetado, o SNC torna- se infectado, possuindo um baixo grau de resistência quando comparado com outros tecidos do corpo. • Cryptococcus neoformans → pode levar ao óbito. Resposta à lesões do SNC Desmielinização • Desmielinização primária: é a perda de mielina em torno de um axônio intacto, o que resulta na alteração da velocidade de condução de um potencial de ação através do axônio. I. Defeitos de enzima hereditários → formação de mielinas anormais. II. Deficiência na síntese e manutenção de mielina → infecção viral, deficiência de vitamina B12, intoxicação por cianeto. III. Perda como consequência do edema citotóxico (estado espongioso) → intoxicação por hexaclorofeno. IV. Destruição da mielina por metabólitos-detergente → Lisolecitina. V. Destruição imunológica da mielina Resposta à lesões do SNC Desmielinização • Desmielinização secundaria: lesão no SNC ou no SNP → perda de mielina secundária à lesão do axônio e do seu corpo celular, ou à morte do neurônio. • No axônios lesionado a mielina lamelar que forma os internodos fica retraída e é removida por fagocitose. • Também por degeneração dos oligodendrócitos ou as células de Schwann. Edema citotóxico (acúmulo intracelular de líquido). • Isquemia e traumas: • Alterações no funcionamento das bombas Na/K, retenção de Na e água neurônios, células da glia células endoteliais); • Degeneração hidrópica celular → morte neuronal. Edema vasogênico (acúmulo extracelular de líquido → sangue). • Processos inflamatórios, neoplasias e traumas: • Lesão vascular direta → ruptura da integridade da barreira hematoencefálica → hemorragia intracraniana → aumento do volume cerebral e da pressão intracraniana. Hemodinâmica, Edema Fonte: pathology outlines Hemodinâmica, hemorragia Classificação • Meníngeas • Epidural: acima da dura máter (equinos em saltos choque mecânico/atrito). • Subdural: entre a dura máter e a aracnoides • Leptomeningeas (espaço subaracnóideo): entre a aracnoides e a pia-máter. • Parenquimatosas • Lesões vasculares diretas: traumas fraturas, objetos perfurantes, armas de fogo. • Doenças infecciosas ou agentes tóxicos: microrganismos ou substâncias tóxicas presentes na circulação. Fonte: https://radiologyassistant.nl/neuroradiology/hemorrhage/traumatic-intracranial-haemorrhage Portas de entrada I. Extensão direta: ▪ Trauma, extensão de infecção do ouvido interno, extensão de infecção de seios nasais, ou extensão da osteomielite. II. Hematógena: • meningoencefalite trombótica (Histophilus somni) III. Tráfego de leucócito: • Retroviroses (leucemia felina), Blastomyces desmatitidis. IV. Transporte axonal retrógrado: • vírus da raiva, Listeria monocytogenes. Inflamação Terminologia • Encefalomielite: encéfalo e medula espinhal; • Meningoencefalite: meninges e encéfalo; • Meningoencefalomielite: meninges, encéfalo e medula espinhal; • Leucoencefalite-leucomielite: substância branca do encéfalo/medula espinhal; • Panencefalite: substância branca e cinzenta do encéfalo; • Paquimeningite: meninge dura máter; • Leptomeningite: meninges aracnóide e pia máter; • Encefalite: encéfalo. Inflamação Meningite • Serosa: físicas (calor, trauma), toxico, infeccioso (vírus). • Fibrinosa: Bovinos (Pasteurella multocida), suínos (Haemophilus paraseis), canino/felino (Salmonella). • Purulenta: ruminantes (Escherichia coli, Streptococcus sp., Listeria monocitogenes, Arcanobacterium pyogenes), suíno (Streptococcus sp., Arcanobacterium pyogenes), equino (Actinobacillus equuli), cão e gato (Neisseria sp., Streptococcus sp). • Hemorrágica: infecção sistêmica (carbunco, peste suína). Inflamação Fonte: Milner et al., 2014 Neoplasia Astrocitoma • Localização: cérebro, mesencéfalo, cerebelo, medula espinhal. • Comum em cães, gatos e bovinos. Oligodendroglioma • Localização: telencéfalo, tronco encefálico, septo interventricular. • Comum em cães, gatos e bovinos. Meningioma • Comum em cães, gatos, equinos, ovinos e bovinos. Fonte: Pathology outlines Congênitos Anencefalia: deformação da extremidade cranial do tubo neural decorrente da ausência do cérebro ou do crânio. A anencefalia verdadeira é extremamente rara nos animais domésticos. Exencefalia: exposição completa do encéfalo sem nenhum tipo de proteção da pele ou das meninges. Fonte: Cerqueira da Silva et al., 2020 Congênitos Holoencefalia: espectro de malformações caracterizadas por separação incompleta dos hemisférios cerebrais na linha média. • As formas extremas → ciclopia • Variantes menos intensas → ausência dos nervos olfatórios → arrinencefalia. Essas malformações são comuns em ovelhas que consomem Veratrum californicum na da gestação. Fonte: http://messybeast.com/freak-face-cyclopia.htm Congênitos Hidranencefalia: ausência completa ou quase completa dos hemisférios cerebrais. • Neste caso a cavidade craniana é repleta de LCR → envolto pelas leptomeninges → formando uma estrutura cística. • As deformidades dos ossos da caixa craniana são mínimas ou ausentes. • LCR comprime o encéfalo → atrofia. • Pode ser observada hipoplasia cerebelar. ✓ Bovinos: vírus da BVD, língua azul ✓ Felinos: panleucopenia felina. Degenerativos Mielopatia estenótica cervical (síndrome wobbler) Características: raças mais acometidas são Dogue Alemão, Dobermann Pinscher (caninos) assim como em equinos. • Malformação óssea congênita. • Instabilidade por subluxação vertebral → >durante o movimento → compressão lateral e ventrodorsal da medula espinal. A alteração é recorrente e as lesões da medula se desenvolvem em consequência da compressão que acontece durante a movimentação do pescoço. Fonte: http://wobblersyndrome.com/Degenerativos Mielopatia estenótica cervical (síndrome wobbler) • Quadro neurológico: ataxia progressiva, paresia ou tetraparesia e atrofia muscular. • Sinais clínicos refletem lesão da medula cervical caudal ✓ C4C6 no Dogue Alemão ✓ C5C7 no Dobermann Pinscher. • Na medula cervical, há degeneração walleriana de axônios ascendentes e descendentes e perda dos corpos neuronais desses axônios na substância cinzenta. Fonte: http://wobblersyndrome.com/ Degenerativos Encefalopatia hepática Características: distúrbio metabólico do SNC, autointoxicação decorrente de disfunção hepática e hiperamonemia. Espécies: • Ruminantes e equinos com insuficiência hepática • Cães e gatos com shunts portossistêmicos congênitos ou adquiridos. Ingestão de plantas hepatotóxicas (Senecio spp., Echium plantagineum, Crotalaria spp.) apresentando sinais nervosos como agressividade e incoordenação (bovinos), sonolência, bocejos, incoordenação, dismetria, andar em círculos, pressão da cabeça contra objetos, tremores musculares e dor (equinos). Fonte: https://sbhepatologia.org.br/ Degenerativos Encefalopatia hepática O paciente apresenta sinais nervosos como: • Bovinos: agressividade e incoordenação. • Equinos: sonolência, bocejos, incoordenação, dismetria, andar em círculos, pressão da cabeça contra objetos, tremores musculares e dor. Fonte: https://www.xiahepublishing.com/2310-8819/JCTH-2021-00102 • Dificuldade em encontrar alimento: olfatório; • Disfunção visual: óptico; • Estrabismo: oculomotor, troclear, abducente; • Midríase (pupila dilatada)dilatada): oculomotor; • Ptose (queda da pálpebra superior)superior): facial; • Queda da mandíbula, alteração da sensibilidade facial: trigêmeo; • Paralisia facial: facial; • Inclinação da cabeça, alterações no equilíbrio, surdez: vestíbulococlear; • Disfagia: glossofaríngeo e vago; • Megaesôfago paralisia da laringe: vago; • Paralisia da língua: hipoglosso • Paralisia e ataxia de membros torácicos e pélvicos: Nervos espinhais Manifestações de sinais clínicos X lesões em nervos cranianos Doenças selecionadas Acomete principalmente bovinos, raramente cães. Etiologia: • Clostridium botulinum (ingestão de alimentos contaminados com a neurotoxina botulínica (rações, camas de frango)). Patogenia: • Neurotoxina botulínica promove destruição das terminações nervosas impedindo a liberação do neurotransmissor acetilcolina. Sinais clínicos: • Paralisia dos músculos da face (dificuldade de deglutição e mastigação sialorréia paralisia dos músculos dos membros posteriores, ataxia, óbito (parada cardiorrespiratória). Botulismo Fonte: Ramirez-Romero et al., 2014 Infecciosas Acomete mamíferos Etiologia: vírus da raiva. Patogenia: • Penetração viral nos neurônios periféricos e migração para o sistema nervoso central neurotropismo Sinais clínicos: • Raiva furiosa: hipersensibilidade a luz, inquietação, agressividade, estrabismo convergente, paralisia dos músculos da face (dificuldade de deglutição e mastigação sialorréia paralisia dos membros; • Raiva paralítica: midríase, paralisia dos músculos da face (dificuldade de deglutição e mastigação sialorréia tremores musculares, ataxia, paralisia dos membros. Raiva Fonte: Pathology outlines Infecciosas Acomete carnívoros. Etiologia: Morbilivirus canino. Patogenia: • Infecção em períodos de baixa imunidade (geralmente em animais com 60 a 90 dias de idade devido a redução da taxa de anticorpos maternos), penetração viral nos neurônios e migração para o sistema nervoso central. Sinais clínicos: • Manifestações gastrointestinais (destruição dos enterócitos diarreia respiratórias destruição dos pneumócitos broncopneumonia supurativa) e neurológicas (encefalite e desmielinização inclinações da cabeça, convulsões paralisia parcial ou total, andar compulsivo tremores musculares, hiperestesia e cegueira). Cinomose Fonte: https://fisioanimal.com/blog/saiba-tudo-sobre-a-cinomose-em-caes/ Não-infecciosas Acomete equinos Etiologia: micotoxinas fumonisinas produzidas pelos fungos Fusarium moniliforme ou Fusarium proliferatum. Sinais clínicos: • Decorrentes da necrose de liquefação da substância branca encefálica fraqueza generalizada, hiperexcitabilidade desorientação, ataxia andar em círculos, head pressing tremores musculares, dificuldade de apreensão dos alimentos, convulsões. Leucoencefalomalácia Fonte: Giannitti e Margineda 2014 Não-infecciosas Acomete ruminantes Etiologia: partícula protéica infectante (príon). alteração protéica ou ingestão de rações contendo farinha de carne ou de ossos contaminados pelo príon. Sinais clínicos: • Doença neurodegenerativa hiperestesia dificuldade de locomoção, ataxia, hiperexcitabilidade sialorréia. Encefalopatia espongiforme bovina Fonte: https://www.ica.gov.co/getdoc/9a20d5a4-2cc0-4bde-b8fc-d4fd7ef3a7bc/encefalopatia-espongiforme-bovina- %28eeb%29.aspx