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ANATOMOFISIOLOGIA
João Armando Brancher
Walquiria Aparecida Garcia Zonta
João Armando Brancher
Walquiria Aparecida Garcia Zonta
ANATOMOFISIOLOGIA 
HUMANA
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. 
Imagens de capa: © Tefi // Shutterstock; © Stihii // Shutterstock; e © BlueRingMedia // Shutterstock.
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte 
desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos 
direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Copyright Universidade Positivo 2016
Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido
Curitiba-PR – CEP 81280-330
Superintendente 
Reitor
Pró-Reitor Acadêmico
Coordenador Geral de EAD
Coordenadora Editorial
Autoria 
Supervisão Editorial
Parecer Técnico
Validação Institucional
Layout de Capa
Prof. Paulo Arns da Cunha
Prof. José Pio Martins
Prof. Carlos Longo
Prof. Renato Dutra
Profa. Manoela Pierina Tagliaferro
Prof. João Armando Brancher 
Profa. Walquiria Aparecida Garcia Zonta 
Aline Scaliante Coelho
Altair Argentino Pereira Junior
Francine Fabiana Ozaki e Regiane Rosa
Valdir de Oliveira
FabriCO
KOL Soluções em Gestão do 
Conhecimento Ltda EPP 
Análise de Qualidade, Edição de Texto, 
Design Instrucional, Edição de Arte, 
Diagramação, Imagem de Capa, 
Design Gráfico e Revisão
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca da Universidade Positivo – Curitiba – PR
B816 Brancher, João Armando.
 Anatomofisiologia [recurso eletrônico]. / João Armando Brancher,
 Walquiria Aparecida Garcia Zonta. – Curitiba : Universidade Positivo, 2016.
 208 p. : il.
 Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader.
 Modo de acesso: <http://www.up.edu.br>
 Título da página da Web (acesso em 25 out. 2016).
 ISBN: 978-85-8486-260-3.
 1. Anatomia humana. 2. Fisiologia humana. I. Zonta, Walquiria
 Aparecida Garcia. II. Título.
CDU 611
Ícones
Afirmação
Contexto
Biografia
Conceito
Esclarecimento
Dica
Assista
Curiosidade
Exemplo
Sumário
Apresentação .................................................................................................................... 9
Os autores ........................................................................................................................10
Capítulo 1 
Corpo humano em equilíbrio .......................................................................................... 13
1.1 Organização estrutural do corpo humano ................................................................ 13
1.1.1 Células .....................................................................................................................................................................14
1.1.2 Tecidos ................................................................................................................................................................... 16
1.1.3 Órgãos .....................................................................................................................................................................17
1.1.4 Sistemas ..................................................................................................................................................................18
1.2 A linguagem da anatomia ........................................................................................18
1.2.1 Posição anatômica ..................................................................................................................................................19
1.2.2 Planos e secções .....................................................................................................................................................19
1.2.3 Termos de direção e posição ................................................................................................................................. 20
1.2.4 Cavidades do corpo ............................................................................................................................................... 22
1.3 Homeostase: palavra-chave da fisiologia..................................................................25
1.3.1 Definição ................................................................................................................................................................ 25
1.3.2 Importância ........................................................................................................................................................... 25
1.3.3 Mecanismos de controle ....................................................................................................................................... 26
1.3.4 Desequilíbrio homeostático .................................................................................................................................. 26
1.4 Nutrição e metabolismo ............................................................................................27
1.4.1 Componentes inorgânicos ..................................................................................................................................... 27
1.4.2 Componentes orgânicos ........................................................................................................................................ 28
1.4.3 Mecanismos celulares de transporte ..................................................................................................................... 28
1.4.4 Produção de energia ............................................................................................................................................. 30
Referências ......................................................................................................................31
Capítulo 2 
Sustentação e movimento do corpo ...............................................................................33
2.1 Sistema esquelético ..................................................................................................33
2.1.1 Fisiologia do tecido ósseo ...................................................................................................................................... 33
2.1.2 Classificação dos ossos .......................................................................................................................................... 34
2.1.3 Esqueleto axial ....................................................................................................................................................... 37
2.1.4 Esqueleto apendicular ............................................................................................................................................ 39
2.2 Sistema articular ........................................................................................................42
2.2.1 Articulações fibrosas .............................................................................................................................................. 43
2.2.2 Articulações cartilaginosas .................................................................................................................................... 45
2.2.3 Articulações sinoviais ............................................................................................................................................ 46
2.2.4 Movimentos articulares ......................................................................................................................................... 47
2.3 Sistema muscular ......................................................................................................482.3.1 Organização estrutural dos músculos esqueléticos .............................................................................................. 49
2.3.2 Músculos da cabeça e pescoço ............................................................................................................................. 50
2.3.3 Músculos do tronco e membros ............................................................................................................................51
2.3.4 Fisiologia da contração e relaxamento muscular .................................................................................................. 53
2.4 Estruturas associadas ................................................................................................55
2.4.1 Elementos acessórios das articulações sinoviais .................................................................................................... 55
2.4.2 Tendões e ligamentos............................................................................................................................................ 56
2.4.3 Aponeuroses .......................................................................................................................................................... 56
2.4.4 Fáscias .................................................................................................................................................................... 56
Referências ......................................................................................................................58
Capítulo 3 
Nutrição de células e tecidos – circulação sanguínea .....................................................59
3.1 Sangue .......................................................................................................................59
3.1.1 Funções do sangue ................................................................................................................................................. 59
3.1.2 Plasma e elementos figurados ............................................................................................................................... 60
3.1.3 Séries branca e vermelha ....................................................................................................................................... 62
3.1.4 Hemostasia ............................................................................................................................................................ 63
3.2 A bomba cardíaca e vasos da base ...........................................................................64
3.2.1 Morfologia externa do coração ............................................................................................................................. 64
3.2.2 Câmaras cardíacas ................................................................................................................................................. 68
3.2.3 Valvas cardíacas e importância fisiológica ............................................................................................................ 69
3.2.4 Vasos da base cardíaca .......................................................................................................................................... 70
3.3 Atividade intrínseca do coração ................................................................................70
3.3.1 Marcapasso cardíaco.............................................................................................................................................. 72
3.3.2 Atividade elétrica do músculo cardíaco ................................................................................................................ 72
3.3.3 Controle neural do coração ................................................................................................................................... 73
3.4 Rotas circulatórias ......................................................................................................73
3.4.1 Aorta e principais ramos ........................................................................................................................................ 77
3.4.2 Retorno venoso ..................................................................................................................................................... 80
3.4.3 Pressão arterial ...................................................................................................................................................... 82
3.4.4 Perfusão sanguínea ............................................................................................................................................... 83
Referências .....................................................................................................................84
Capítulo 4 
Hematose e oxigenação de células e tecidos ..................................................................85
4.1 Vias aéreas .................................................................................................................85
4.1.1 Vias aéreas condutoras ........................................................................................................................................... 86
4.1.2 Vias aéreas respiratórias ......................................................................................................................................... 91
4.1.3 Funções das vias aéreas ......................................................................................................................................... 91
4.1.4 Produção de voz ..................................................................................................................................................... 93
4.2 Respiração pulmonar.................................................................................................94
4.2.1 Mecânica da ventilação pulmonar ........................................................................................................................ 94
4.2.2 Hilo, raiz e lobos pulmonares ................................................................................................................................ 95
4.2.3 Segmentação dos brônquios ................................................................................................................................ 97
4.2.4 Hematose .............................................................................................................................................................. 99
4.3 Respiração tecidual ..................................................................................................100
4.3.1 Transporte de oxigênio para os tecidos ............................................................................................................... 100
4.3.2 Absorção de oxigênio pelas células ......................................................................................................................101
4.3.3 Difusão de dióxido de carbono para o líquido extracelular .................................................................................101
4.3.4 Transporte de dióxido de carbono para os pulmões ............................................................................................101
4.4 Regulação da respiração ..........................................................................................102
4.4.1 Centro respiratório ................................................................................................................................................102
4.4.2 Influências sobre o centro respiratório .................................................................................................................102
4.4.3 Controle dos músculos inspiratórios e expiratórios ............................................................................................. 104
4.4.4 Doença pulmonarobstrutiva crônica .................................................................................................................. 104
Referências ....................................................................................................................106
Este livro foi desenvolvido com a intenção de tornar o estudo da Anatomofisiologia 
mais simples. Desse modo, os vários sistemas do que formam o corpo humano serão 
apresentados como se você estivesse assistindo a uma aula, e a linguagem utilizada fará 
com que você associe e integre conhecimentos e, principalmente, pense sobre o assun-
to. Aproveite a leitura!
Apresentação
Aos estudantes, estímulo maior para 
a busca contínua pelo aprendizado por 
parte de nós, professores.
Os autores
O Professor João Armando Brancher é Doutor em Ciências da Saúde pela 
PUC/PR, Mestre em Bioquímica pela UFPR e Graduado em Odontologia pela PUC/PR. 
Atua como professor universitário desde 2001.
Currículo Lattes: 
 <lattes.cnpq.br/5460397708527612>
A Deus porque Dele, por Ele e para Ele são todas 
as coisas na minha vida, e a minha família, que é 
o maior presente que Ele me concedeu.
A Professora Walquiria Aparecida Garcia Zonta é Mestre em Engenharia 
de Produção pela UFSC com ênfase em Gestão do Conhecimento e Especialista em 
Fisioterapia Cardiorrespiratória pela UTP. Graduada em Fisioterapia pela UTP, atua 
como professora de Anatomia, Neuroanatomia e Anatomofisiologia em cursos de gra-
duação desde 1986 e em cursos de pós-graduação desde 2000. 
Currículo Lattes: 
<lattes.cnpq.br/4511820754523704>
1 Corpo humano em equilíbrio
O corpo humano é uma máquina excepcional e é ele que possibilita que nos 
expressemos, movimentemos, emocionemos, sintamos medo e tomemos atitudes 
frente a esse sentimento. Isso porque milhões de unidades de células conseguem, 
juntas, formar tecidos, órgãos e sistemas altamente especializados que funcionam 
harmonicamente em um ambiente altamente equilibrado.
O equilíbrio corpóreo é indispensável para a manutenção de uma vida saudável. Ao 
envelhecer ou em caso de doenças, nosso corpo perde a capacidade de mantê-lo, então, 
o que devemos fazer para ter uma vida longa e produtiva? Com a leitura deste material, 
entenderemos como o corpo humano é organizado estruturalmente e como tais estru-
turas desempenham suas funções e colaboram para a manutenção desse equilíbrio.
Enquanto estrutura é a palavra-chave da Anatomia, equilíbrio ou homeostasia é a palavra-chave 
da Fisiologia.
1.1 Organização estrutural do corpo humano 
A Anatomia é o estudo das estruturas que compõem o corpo humano. Depen-
dendo da dimensão das estruturas que são estudadas, a anatomia pode ser considerada 
microscópica ou macroscópica. A anatomia microscópica depende da utilização de 
instrumentos para ampliação, como o microscópio: essa é a maneira de estudar células 
e tecidos. A anatomia macroscópica não depende de equipamentos para ampliação, 
pois compreende o estudo de estruturas que podem ser observadas a olho nu. O termo 
anatomia deriva da palavra grega temnein, que significa cortar, uma vez que o seu prin-
cipal método de estudo é a dissecação.
O corpo humano é formado por unidades estruturais microscópicas chamadas 
células, que se agrupam formando os tecidos. A organização de dois ou mais dife-
rentes tecidos dá origem a órgãos que, quando são especializados para executar 
funções semelhantes, formam os sistemas orgânicos. 
Células Tecidos Órgãos Sistemas orgânicos
São esses sistemas orgânicos que estudaremos em mais detalhes ao longo 
desta seção. 
©
 F
ab
ri
CO
14
1.1.1 Células
As células eucarióticas são as unidades estruturais dos diferentes sistemas bioló-
gicos do corpo humano, formado por aproximadamente 100 trilhões delas. Sua prin-
cipal característica é a presença de um núcleo, de organelas compartimentalizadas, 
citoesqueleto (formado por microfilamentos, filamentos intermédios e microtúbulos) 
e membrana citoplasmática, como mostra a figura a seguir. Devido a essa compar-
timentalização das organelas, diferentes reações biológicas essenciais à vida ocorrem 
simultaneamente, mas, ao mesmo tempo, cada célula mantém sua individualidade. 
Principais componentes da célula eucariótica
Núcleo
Nucléolo
Microvilosidades
Vesículas
Centríolos
Mitocôndria
Microtúbulos
Citoplasma
Membrana plasmática
Complexo de Golgi
Retículo endoplasmático
©
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da
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k.
 (A
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pt
ad
o)
.
Desenho de uma célula e seus principais componentes. 
O núcleo funciona como o centro de controle da célula e contém o material gené-
tico que codifica todas as proteínas do corpo humano. Em resposta a uma sinalização 
extracelular proveniente, por exemplo, do sistema endócrino, o núcleo determina 
quais e quantas proteínas deverão ser sintetizadas. Nem sempre as células possuem 
um núcleo único, células musculares, osteoclastos e outras possuem múltiplos núcleos, 
enquanto os glóbulos vermelhos são anucleados.
Examinando um pouco mais de perto, no interior do núcleo existem áreas conden-
sadas com proteínas, ácido desoxirribonucleico (DNA) e ácido ribonucleico (RNA). Essas 
áreas são denominadas nucléolos. Ainda, no interior do núcleo de uma célula que não 
está em divisão, os 23 pares de cromossomos presentes aparecem dispersos em uma 
rede delicada chamada de cromatina. O núcleo também possui a sua membrana, o 
envelope nuclear, formado por uma membrana dupla cujo lado interno possui proteínas 
15
que auxiliam na manutenção da forma do núcleo e na organização do DNA nuclear. O 
lado externo da membrana nuclear se fusiona com o retículo endoplasmático rugoso, 
que é caracterizado pela presença de ribossomos em sua superfície, cuja função é 
a síntese de proteínas. A comunicação entre o lado interno do núcleo e a superfície 
externa é facilitada por poros nucleares, que funcionam como uma rede intrincada de 
canais de passagem de substâncias.
Tanto o núcleo celular quanto os demais compartimentos celulares estão imersos 
no líquido intracelular, o citosol. Dessa forma o conjunto formado pelo citosol e pelas 
organelas é denominado citoplasma. Entre as organelas citoplasmáticas, as prin-
cipais são: retículo endoplasmático liso e rugoso, complexo de Golgi, lisossomos, 
proteossomos, peroxissomos e mitocôndrias.
O retículo endoplasmático (RE) é do que uma rede de membranas dobradas que 
se estendem por todo o citoplasma. O RE liso é assim chamado pela ausência de ribos-
somos e é especializado na síntese de ácidos graxos e hormônios esteroidais.
O complexo de Golgi (CG) mantém uma relação funcional importante com o RE 
rugoso: ele recebe vesículas provenientes do RE e processa o material contido nessas 
vesículas para posteriormente liberá-las na forma de lisossomos. 
Os lisossomos são organelas com enzimas responsáveis pela digestão de carboi-
dratos, lipídios e proteínas. Outras funções importantes atribuídas a essas organelas 
são a autofagia e a autólise, processos que permitem reciclar organelas celulares ou 
células inteiras. Com função semelhante, os proteossomos são vesículas celulares ricas 
em enzimas proteolíticas que destroem proteínas do próprio citoplasma celular. Outras 
estruturas vesiculares semelhantes aos lisossomos são os peroxissomos, vesículas abun-
dantes em células hepáticas e renais, uma vez que esses órgãos são importantes na 
eliminação de subprodutos do metabolismo corpóreo. 
A usina energética das células é a mitocôndria. Essa organela é formada por duas 
membranas distintas: a membrana mitocondrial externa (MME) e a mitocondrial interna 
(MMI), que contém os complexos mitocondriais responsáveis pela produção de energia. 
A MMI se projeta para dentro da matriz mitocondrial, criando um ambiente propício para 
a geração de energia. Diferentemente das outras organelas, as mitocôndrias possuem 
seu próprio material genético.
O citosol é essencialmente constituído por água, e várias reações celulares impor-
tantes ocorrem nesse ambiente.Além disso, nutrientes, íons e resíduos do metabolismo 
celular também podem ser encontrados no citosol. 
O citoesqueleto é formado por proteínas que estabilizam a célula e permitem sua 
movimentação, funcionando como se fosse a estrutura de metal que suporta um edifício. 
Porém, enquanto algumas das proteínas formam um arcabouço de suporte da célula, 
16
como é o caso dos filamentos intermediários, outras funcionam como um sistema viário 
direcionando o transporte de vesículas secretoras, como ocorre com os microtúbulos.
A delimitação externa da célula é a membrana citoplasmática, que é uma 
membrana dupla essencialmente lipídica e proteica, mas que possui certa quanti-
dade de carboidratos, com papel importante na comunicação entre células e das 
células com o meio aquoso no qual elas estão inseridas. Sua principal característica é 
a permeabilidade seletiva, isto é, a capacidade de controlar o fluxo de entrada e saída 
de substâncias da célula. Os lipídios da membrana plasmática formam duas camadas 
sobrepostas, que denominamos bicamada. A bicamada é permeada por proteínas que 
mergulham nos lipídios. Algumas vezes, essas proteínas podem passar de um lado a 
outro, sendo assim denominadas proteínas integrais. As proteínas periféricas, por sua 
vez, ficam ligadas na superfície da bicamada. Na superfície externa da membrana plas-
mática, as proteínas possuem carboidratos ligados a elas, formando uma importante 
estrutura que funciona como sinalizador celular, por exemplo, para os hormônios. 
1.1.2 Tecidos
Quando células se agrupam, formam-se os tecidos, que são aglomerados de 
células com o mesmo grau de diferenciação e as mesmas funções. Quatro são os 
grupos de tecidos básicos do corpo humano: tecido epitelial, tecido conjuntivo e de 
apoio, tecido muscular e tecido nervoso.
Os tecidos epiteliais se organizam em forma de lâminas, formando camadas de 
células contínuas, denominadas epitélio de revestimento, ou como glândulas, respon-
sáveis pela secreção de substâncias. Além de recobrirem toda a superfície externa do 
corpo, os tecidos epiteliais revestem o interior das vísceras. Entre suas várias funções, 
destacam-se: proteção de tecidos subjacentes, transporte de moléculas, secreção e 
absorção de substâncias, percepção de estímulos externos e controle do movimento de 
substâncias entre os compartimentos do corpo. 
Os tecidos conjuntivos e de apoio são abundantes no corpo humano. Possuem 
formas variadas e diferentes funções, tais como: suporte estrutural, meio para trocas 
de nutrientes ou resíduos, defesa e proteção do corpo e armazenamento de nutrientes. 
Ossos, cartilagens e ligamentos também são exemplos de tecidos conjuntivos.
Os tecidos musculares, por sua vez, são responsáveis por desempenhar movimentos 
coordenados. Existem três tipos de tecidos musculares: o tecido muscular estriado esque-
lético, o tecido muscular estriado cardíaco e o tecido muscular liso. A nomenclatura 
desses tecidos se dá em virtude da presença de estrias transversais claras e escuras que 
correspondem aos sarcômeros, unidades contráteis das células musculares.
17
O sarcômero é formado por proteínas contráteis chamadas de actina e miosina. Na presença de 
cálcio, essas fibras deslizam umas sobre as outras, resultando na contração muscular.
O tecido estriado esquelético se caracteriza pela movimentação voluntária do 
corpo humano e recebe essa denominação porque está ligado ao esqueleto e apre-
senta estrias transversais quando visto sob microscopia. 
O músculo estriado cardíaco é encontrado na bomba cardíaca (o coração), e sua 
função involuntária é impulsionar o sangue pelos vasos sanguíneos. Outro tipo de 
tecido muscular involuntário é o tecido muscular liso, localizado, em geral, nas paredes 
dos órgãos ocos, como vasos sanguíneos, vias respiratórias e intestinos. Recebe esse 
nome porque seus sarcômeros se encontram desorganizados no citoplasma.
O tecido nervoso funciona como uma rede de comunicação entre o corpo e o 
ambiente no qual ele está inserido e também é responsável pelo controle interno do 
corpo humano, contribuindo para a homeostasia. 
Os tecidos são formados por células especializadas. No caso do tecido nervoso, 
existem dois tipos de células altamente especializadas: os neurônios e as células da glia, 
também conhecidas como neuróglia. Neurônios são células responsáveis pela condução 
do impulso nervoso e consistem basicamente em um corpo celular e prolongamentos 
chamados de axônios, dendritos e telodendritos. Já as células da neuroglia funcionam 
como uma cola neural, responsáveis, portanto, pela sustentação dos neurônios, nutrição 
e, em alguns casos, formação das bainhas de mielina, estruturas lipídicas que isolam as 
células nervosas e contribuem para o aumento da propagação do impulso nervoso.
1.1.3 Órgãos
Um órgão é uma estrutura complexa que resulta da associação de dois ou mais 
tecidos cujas funções são complementares e, quando executadas em conjunto, 
permitem ao órgão desempenhar uma ou mais funções. Os órgãos são observados 
a olho nu como uma unidade delimitada externamente que possui forma, função e 
localização específicas. O estômago, por exemplo, faz parte do sistema digestório e 
é responsável pelo processamento e armazenamento temporário dos alimentos antes 
que cheguem aos intestinos. 
Outro exemplo importante para entender a definição de órgão é o coração. 
Por definição, ele é um órgão muscular formado por quatro câmaras, cuja função 
é bombear sangue através dos vasos sanguíneos para o corpo. É constituído por 
tecido muscular estriado cujas células formam uma unidade funcional, permitindo 
que o órgão trabalhe com perfeição: enquanto as duas câmaras superiores ou átrios 
18
contraem, o sangue é direcionado para as duas câmaras inferiores ou ventrículos, que, 
quando contraem, lançam o sangue nos vasos para ser distribuído pelo corpo. Perceba 
a sequência: as células formam o tecido cardíaco, que, por sua vez, forma o órgão, o 
coração, que integrará um sistema: o sistema circulatório.
1.1.4 Sistemas
Último nível da escala organizacional do corpo humano, os sistemas são conjuntos 
de órgãos relacionados que desempenham uma função comum. São onze os sistemas 
orgânicos que formam o corpo humano: sistema esquelético, sistema muscular, 
sistema tegumentar, sistema endócrino, sistema digestório, sistema circulatório, 
sistema respiratório, sistema nervoso, sistema linfático, sistema urinário e sistema 
reprodutor masculino e feminino.
É comum que a compreensão da anatomia seja simplificada pela apresen-
tação dos sistemas orgânicos isoladamente. Essa divisão, conhecida como Anatomia 
Descritiva Sistemática, é considerada didática, pois fornece uma visão completa 
de todos os componentes do organismo. No entanto, pode não ser suficiente para 
permitir a compreensão das interrelações anatômicas e fisiológicas entre os órgãos e 
sistemas. Por isso, a anatomia também explora os sistemas, os órgãos e as suas inter-
relações por meio de uma abordagem topográfica, a Anatomia Topográfica, essencial 
para o conhecimento clínico e, principalmente, cirúrgico. Sua importância se deve à 
maneira de abordar a localização e a relação de todas as estruturas anatômicas entre 
si em uma determinada região do corpo e, por isso, também é chamada de Anatomia 
Regional.
1.2 A linguagem da anatomia
Todas as áreas de conhecimento das ciências biológicas possuem vocabulário 
e linguagem próprios. No caso da anatomia, o vocabulário é chamado de terminologia 
anatômica e tem o objetivo de padronizar a linguagem, facilitando o entendimento entre 
anatomistas e profissionais da saúde. A primeira tentativa de se padronizar a termino-
logia ocorreu em 1885 na Suíça e, depois de alguns encontros científicos de anatomistas, 
o primeiro documento produzido foi chamado de Nomina Anatomica e publicado em 
Paris no ano de 1955. Em 1998, foi publicada a mais recente, atualizada e simplificada 
revisão da Terminologia Anatômica, que representa a padronização internacional dostermos aplicados à anatomia, disponível somente em latim, inglês e espanhol.
19
1.2.1 Posição anatômica
A aplicação adequada da terminologia anatômica depende do entendimento da 
posição anatômica do ser humano, pois, a partir desse referencial, serão construídos planos 
imaginários, iniciando-se assim o emprego dessa linguagem tão peculiar da anatomia. 
A posição considerada anatômica para o ser humano é aquela em que o indivíduo se 
encontra em pé, com os pés levemente afastados e apoiados sobre o solo, com o pescoço 
ereto, o olhar dirigido para a frente, os braços levemente afastados do tronco e as palmas 
das mãos direcionadas para a frente. Essa posição será elucidada no próximo tópico. 
1.2.2 Planos e secções
Os planos anatômicos são superfícies planas imaginárias que passam através do 
corpo em posição anatômica e se encontram em ângulos retos. Os planos primários 
são: sagital, frontal e transversal, ilustrados na imagem a seguir.
Descrição da posição anatômica de estudo e dos planos e secções
Plano sagital mediano 
(através da linha mediana)
Plano oblíquo
Plano 
transverso
Plano sagital 
paramediana
Plano frontal
©
 B
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m
b 
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Sh
ut
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.
20
O plano sagital é um plano vertical que divide o corpo nos lados direito e 
esquerdo. Caso esse plano divida o corpo em duas metades iguais ou simétricas, ele 
é chamado de plano sagital mediano; mas, se o plano estiver deslocado para um dos 
lados, dividindo o corpo em duas partes desiguais ou assimétricas, o plano é chamado 
de sagital paramediano. Em ambos os casos, as secções através desses planos dão 
origem a uma parte lateral direita e outra lateral esquerda.
O plano frontal, também conhecido como coronal, divide o corpo ou parte dele 
em duas partes assimétricas chamadas de paquímeros. Uma secção através desse 
plano origina uma metade posterior ou dorsal e outra anterior ou ventral.
O plano transversal, também chamado de horizontal ou seccional, divide o corpo 
ou parte dele em duas partes assimétricas conhecidas como metâmeros. Uma secção 
através do plano transversal dá origem a uma metade superior e outra inferior.
Além desses, há um plano anatômico oblíquo que não encontra os demais em 
ângulo reto. Um corte através desse plano é uma secção oblíqua e consiste em um 
corte feito em diagonal. 
1.2.3 Termos de direção e posição
A construção de planos anatômicos imaginários delimitando um corpo em posição 
anatômica permite a compreensão da direção e da posição que as estruturas anatômicas 
assumem entre si. Tanto a direção quanto a posição são denominadas por termos dire-
cionais e permitem uma clara comunicação entre profissionais da área da saúde.
Os termos direcionais são palavras técnicas que fazem parte de um vocabulário 
específico cuja função é permitir a descrição sobre a posição e orientação de uma 
estrutura, víscera ou parte do corpo de maneira precisa.
Em geral, os termos direcionais são aplicados em pares, e cada um indica uma 
posição ou direção oposta à do outro. Por exemplo, ao informar que os rins são órgãos 
superiores, espera-se a explicação sobre a estrutura que seria inferior a eles. Nesse 
caso, a informação completa seria: os rins são órgãos superiores à vesícula urinária. A 
vesícula urinária, por sua vez, é ventral, enquanto o reto é dorsal.
Com esses exemplos, é possível perceber que os termos de posição e direção 
são derivados de um plano anatômico de secção. No exemplo dos rins e da vesí-
cula urinária, o plano que dá origem aos termos superior e inferior é o transversal, 
enquanto a comparação entre a posição da vesícula urinária e do reto levou em consi-
deração o plano frontal. A tabela abaixo mostra os principais termos direcionais, sua 
definição e aplicabilidade no estudo da anatomia.
21
Termos direcionais 
Termo direcional Definição Exemplo de aplicação
Superior ou 
cranial
Acima do plano transversal. O músculo diafragma é superior ao fígado.
Inferior ou 
caudal
Abaixo do plano transversal. A traqueia é inferior à laringe.
Anterior ou 
ventral
À frente do plano frontal. A traqueia é anterior ou ventral ao esôfago.
Posterior ou 
dorsal
Atrás do plano frontal.
O coração é posterior ou dorsal ao osso 
esterno.
Medial Mais próximo do plano mediano. Os olhos são mediais em relação às orelhas.
Lateral Mais distante do plano mediano. Os pulmões são laterais ao coração.
Alguns termos direcionais não têm origem a partir dos planos de secção, por 
exemplo, os termos superficial e profundo levam em consideração a proximidade da 
estrutura com a superfície da pele. Além desses, há termos que são utilizados somente 
para os membros superiores e inferiores, como: proximal, distal, palmar e plantar, 
listados na tabela a seguir.
Termos direcionais utilizados para descrever a localização de órgãos no corpo humano
Termo direcional Definição Exemplo de aplicação
Superficial ou 
externo
Mais próximo da superfície do corpo. A pele é superficial aos músculos.
Profundo ou 
interno
Mais distante da superfície do corpo.
As artérias são profundas enquanto as 
veias são superficiais.
Proximal
Mais próximo da origem do membro 
no tronco.
A coxa é proximal à perna.
Distal
Mais distante da origem do membro 
no tronco.
O antebraço é distal ao úmero.
Palmar
Face da mão voltada para a frente 
quando o indivíduo está em posição 
anatômica.
A superfície palmar está direcionada 
anteriormente e é oposta à superfície 
dorsal da mão.
Plantar
Face do pé em contato com o solo 
quando o indivíduo está em posição 
anatômica.
A face plantar é oposta à face dorsal 
do pé.
22
Compreenderemos melhor como utilizar os termos direcionais observando a 
imagem a seguir, que traz alguns exemplos.
Desenho esquemático mostrando como utilizar os termos direcionais
Pulmão esquerdo
Linha mediana
Pulmão direito
Esterno
Úmero
Fígado
Vesícula biliar
Colo ascendente
Rádio
Ulna
Ossos carpais
Ossos metacarpais
Falanges
Visão anterior do tronco e superior direito
Bexiga urinária
Colo descendente
Intestino delgado
Colo transverso
Estômago
Diafragma
Coração
Costela
Traqueia
Esôfago
PROXIMAL
DISTAL
SUPERIOR
INFERIOR
LATERAL LATERALMEDIAL
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Existem vários outros termos direcionais que podem ser aplicados em áreas espe-
cíficas. Na odontologia, por exemplo, são utilizados termos que descrevem as faces de 
um dente, que dificilmente serão usados por um fisioterapeuta.
1.2.4 Cavidades do corpo
As cavidades corporais representam, em termos gerais, espaços ocos envolvidos 
internamente por membranas que separam e protegem os órgãos internos. Além disso, 
as paredes dessas cavidades e os tecidos de revestimento interno servem para conferir 
sustentação às estruturas anatômicas que ocupam uma determinada cavidade. 
23
Principais cavidades do corpo humano
http://panelinha.podomatic.com/http://panelinha.podomatic.com/
(a) Visão lateral direita (b) Visão anterior
Cavidade
do crânio
Canal
vertebral
Cavidade
torácica
Cavidade
abdominal
Cavidade
pélvica
Cavidade
abdominopélvica:
Diafragma
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As maiores cavidades corporais são: cavidade torácica ou tórax, a cavidade 
abdominal ou abdome e cavidade pélvica ou pelve. Essas cavidades são reves-
tidas internamente por uma membrana serosa dupla com um líquido entre suas duas 
camadas, que, além de recobrir as vísceras, permite deslocamento com pouco atrito 
entre estruturas vizinhas. O tórax possui duas membranas serosas, a pleura recobrindo 
os pulmões e o pericárdio recobrindo o coração. No abdome, essa membrana serosa 
recebe a denominação de peritônio.
A cavidade torácica inicia superiormente em um espaço de tecido conjuntivo 
do pescoço através do qual passam estruturas dos sistemas respiratório, digestório, 
vascular e nervoso, e termina inferiormente em um músculo chamado diafragma. O 
diafragma possui três aberturas para permitir a passagem de estruturas vasculares,nervosas e esôfago a partir do tórax para o abdome. 
Em contraste com a separação clara entre as cavidades torácica e abdominal, 
os limites entre as cavidades abdominal e pélvica não são bem definidos. Em princípio, 
essas duas cavidades formam apenas uma grande cavidade cuja divisão ocorre somente 
em relação à topografia e, por isso, podem ser chamadas de cavidade abdominopélvica. 
O limite entre o abdome e a pelve consiste em uma linha imaginária que passa sobre as 
margens superiores dos ossos do quadril e o sacro da coluna vertebral. A cavidade pélvica 
termina no assoalho pélvico muscular na região da virilha, onde são encontradas aber-
turas para estruturas terminais dos tratos urogenital, digestório, vasculares e nervosas.
24
As vísceras abdominais e pélvicas estão localizadas em quadrantes, que 
consistem em compartimentos menores da cavidade abdominopélvica delimitados 
por linhas imaginárias, duas horizontais e duas verticais, que formam um jogo da velha 
com seus nove espaços, sendo três superiores, três intermediários e três inferiores, 
como podemos ver na figura a seguir.
Regiões da cavidade abdominopélvica
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Além dessas cavidades, há outras menores, mas de grande importância clínica, 
como as cavidades oral, nasal, orbitais e timpânicas. Há ainda a cavidade que protege 
o sistema nervoso central, dividida em cavidade encefálica, limitada pelos ossos do 
crânio e que contém o encéfalo, e o canal vertebral, formado pelas vértebras, que 
protege a medula espinhal.
Diafragma
Fígado
Estômago
Intestino
delgado
Bexiga
urinária
Apêndice
vermiforme
Vesícula 
biliar
Intestino grosso
(colo ascendente)
Região
lateral
direita
Hipocôndrio
direito
Região inguinal
(ilíaca) direita
Região inguinal
(ilíaca) esquerda
Hipocôndrio
esquerdo
Região
lateral
esquerda
Direita Esquerda
Hipogástrico
Epigástrio
Região
umbilical
25
1.3 Homeostase: palavra-chave da fisiologia
A sobrevivência dos animais depende de sua capacidade de manter o ambiente 
interno do corpo em homeostase, ou seja, em equilíbrio. Entretanto, para pensarmos 
em equilíbrio interno é importante lembrar que as condições ambientais externas 
também exercem influência sobre o meio interno. A busca constante pelo equilíbrio 
interno frente às alterações externas é o princípio que define a homeostasia.
O conceito de ambiente interno (milieu intérieur) foi desenvolvido por Claude Bernard, médico e fi-
siologista francês e um dos grandes nomes da ciência, referindo-se ao líquido intersticial e plasma.
1.3.1 Definição
O termo homeostase deriva do grego homeo (semelhante) e stase (permanecer) 
e compreende a manutenção das condições do meio interno pelas trilhões de células 
do corpo humano que trabalham para manter constante o ambiente interno do corpo 
apesar das variações que ocorrem tanto externamente quanto internamente. 
O ambiente interno está representado, principalmente, pelo líquido extrace-
lular, dividido em líquido intersticial, que banha as células, e plasma, a porção líquida do 
sangue. Essa capacidade de manter a homeostase pode ser traduzida como um estado 
de saúde.
1.3.2 Importância
A vida está sempre em um estado de variações constantes, e o organismo está 
integrado em um ambiente externo cujas variações físicas e químicas provocam varia-
ções no ambiente interno. Além dessa influência externa, o organismo está em cons-
tante adaptação às variações fisiológicas internas. O controle do equilíbrio do meio 
interno sujeito a tantas variações depende de mecanismos de controle.
A temperatura corporal sofre variações fisiológicas ao longo do dia, sendo menor 
durante o sono, e aumenta durante o dia. Quando o corpo fica exposto ao sol ou em 
um ambiente aquecido, a temperatura do sangue se eleva proporcionalmente, desen-
cadeando uma resposta homeostática para provocar a redução da atividade metabó-
lica, restabelecendo o equilíbrio. Para que a temperatura se normalize, há relaxamento 
da musculatura lisa dos vasos sanguíneos periféricos, mecanismo conhecido como 
vasodilatação, permitindo que a circulação se aproxime da superfície da pele, o que 
resulta em perda de calor para o ambiente.
26
1.3.3 Mecanismos de controle
O estado de equilíbrio depende da integração entre os sistemas nervoso e endó-
crino. Enquanto o sistema nervoso atua por meio de impulsos neurais, o sistema endócrino 
secreta hormônios, que, pela corrente sanguínea, atingem as membranas das células-alvo.
O sistema nervoso possui componentes sensoriais ou aferentes, integradores 
e motores ou eferentes. O componente sensorial detecta as informações a partir dos 
ambientes externo ou interno pelos seus receptores, transforma em sinais elétricos e 
os conduz ao sistema nervoso central (SNC), que representa o componente integrador. 
As informações são processadas no SNC e transmitidas como resposta pelo compo-
nente motor até o órgão-alvo, onde haverá uma contração muscular, uma secreção 
glandular ou outra reação necessária para a manutenção da homeostasia.
Pode-se dizer, portanto, que os mecanismos de controle funcionam por meca-
nismos de retroalimentação, uma vez que agem de acordo com a informação recebida 
pelos sistemas nervoso ou endócrino. Esses mecanismos de retroalimentação, também 
conhecidos como feedback positivo ou negativo, são responsáveis pela aceleração ou 
inibição de uma reação fisiológica em função da interpretação pelo sistema nervoso.
O aumento da glicemia, por exemplo, é detectado por receptores localizados no 
encéfalo, e a resposta é transmitida por nervos até o pâncreas, onde ocorre a secreção 
de insulina, que, após atingir os receptores das membranas celulares, provoca a aber-
tura de canais para que a glicose entre nas células e assim haja redução dos níveis de 
glicose no sangue.
1.3.4 Desequilíbrio homeostático
Uma condição ou estímulo que rompe o equilíbrio homeostático do corpo é consi-
derado um agente estressor e pode resultar em um estado de desequilíbrio homeostá-
tico e evoluir para uma situação de doença. Compreende-se facilmente quando o agente 
estressor tem origem externa (calor, frio, umidade, claridade), mas a compreensão 
passa a ser mais complexa quando a ameaça à homeostasia é interna (pressão artéria, 
volume, conteúdo químico dos líquidos corporais). Sempre que as condições normais dos 
líquidos teciduais estiverem ameaçadas, os mecanismos de controle tentarão restaurar 
a homeostasia. Quando esses mecanismos não forem suficientes para manter a vida 
celular, será instalado um processo de doença.
Vários exemplos de desequilíbrios homeostáticos são observados ao longo do 
processo de envelhecimento: os vasos sanguíneos perdem a elasticidade e a capaci-
dade de controlar a pressão sanguínea; os osteoblastos produzem menos colágeno, 
deixando os ossos mais fracos; os ovários femininos secretam menos hormônios femi-
ninos, resultando nos sintomas da menopausa.
27
1.4 Nutrição e metabolismo
As células estão imersas em líquido extracelular e possuem em seu interior o 
líquido intracelular. Tanto componentes orgânicos, como aminoácidos, glicose e lipídios, 
quanto substâncias inorgânicas, como sódio (Na), potássio (K) cloro (Cl), entre outros, 
estão dispersos nesses líquidos. Ocorre então a movimentação desses compostos 
através da membrana plasmática, uma vez que a célula necessita dessas substâncias 
para produzir energia. 
O controle da passagem dos componentes inorgânicos e orgânicos do meio intra-
celular para o meio extracelular é desempenhado pela membrana celular. Essa estrutura 
possui uma excepcional capacidade para controlar o fluxo de substâncias através dela. 
Sua fluidez permite alterações de forma da célula, além de possibilitar a fusão entre 
células durante eventos como a exocitose de vesículas.
1.4.1 Componentes inorgânicos
Componentes inorgânicos são considerados fundamentais para o metabolismo do 
corpo humano. Sódio, fósforo, cobre, potássio, cálcio, ferro, zinco, magnésio, selênio,entre 
outros, desempenham, em maior ou menor proporção, funções essenciais à vida humana. 
Podem aparecer como íons dissolvidos nos fluídos corporais, onde auxiliam inúmeras 
reações enzimáticas, e contribuem para o transporte transmembrana, regulam o equilíbrio 
ácido-básico, modulam a contração muscular e participam da resposta imunológica.
Tabela periódica dos elementosTabela Periódica dos Elementos
Hidrogênio
Lítio Berílio
Sódio Magnésio
Potássio Cálcio Escândio Titânio Vanádio Cromo Manganês Ferro Cobalto Níquel Cobre Zinco Gálio Germano Arsênio Selênio Bromo Criptônio
Alumínio Silício Fósforo Enxofre Cloro Argônio
Boro Carbono Nitrogênio Oxigênio Flúor Néon
Hélio
Ítrio Zircônio Nióbio Molibdênio Tecnécio Rutênio Ródio Paládio Prata Cádmio Índio Estanho Antimônio Telúrio Iodo Xenônio
Háfnio Tantálio Tungstênio Rênio Ósmio Irínio Platina Ouro Mercúrio Tálio Chumbo Bismuto Polônio Astato Radônio
Ruterfórdio Dúbnio Seabórgio Bóhrio Hássio Meitnério Darmstádio Roentgênio Copernício Unúntrio Fleróvio Unumpêntio Livermório Unumséptio Ununóctio
Rubídio Estrôncio
Césio Bário
Frâncio Rádio
Cério Praseodímio Neodímio Promécio Samário Európio Gadolínio Térbio Disprósio Hólmio Érbio Túlio Itérbio LutécioLantânio
Tório Protactínio Urânio Netúnio Plutônio Amerício Cúrio Berquélio Califórnio Einstênio Férmio Mendelávio Nobério laurêncioActínio
Grupo
Período
Gases nobres
Elemento 
radioativo
Elemento 
sintético Gasoso Líquido SólidoActinídeos
Metais de 
transição
Lantanídeos
Metais 
alcalinos-
-terrosos
Metais 
alcalinosNão metais
Outros 
metais
Número atômico
Hidrogênio
Elétrons por camada
Símbolo
Nome
Massa atômica
Lantanídeos
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28
Os componentes inorgânicos, mostrados na tabela periódica, são fundamentais para 
manter a homeostasia do corpo humano, e alguns são vitais. A falta desses compostos 
pode acarretar problemas para a saúde, como a deficiência de ferro, por exemplo, que 
está associada à anemia e é muito comum em crianças com alimentação inadequada. Já 
a ingestão inadequada de cálcio afeta o desenvolvimento do tecido ósseo, o que pode 
resultar em diminuição significativa da densidade óssea, levando à osteoporose.
1.4.2 Componentes orgânicos
Para manter o corpo humano e, consequentemente, sistemas, órgãos, tecidos 
e células saudáveis, é necessária a ingestão balanceada de nutrientes orgânicos e 
vitaminas, considerando o estágio de desenvolvimento do indivíduo. Carboidratos, 
proteínas e lipídios fazem parte do rol de componentes orgânicos essenciais para a 
sobrevivência. A glicose, um carboidrato, é a primeira fonte de energia para a célula 
e pode ser estocada na forma de glicogênio e utilizada durante os períodos de jejum 
para alimentar a respiração celular. Por outro lado, proteínas são fontes de aminoá-
cidos que também podem ser utilizados na respiração celular, ou seja, é possível utilizar 
aminoácidos para produzir energia. Os lipídios biológicos apresentam uma diversidade 
de funções, entre elas o armazenamento de energia. Os ácidos graxos, assim como a 
glicose, são uma fonte importante de energia para células e tecidos.
1.4.3 Mecanismos celulares de transporte
As membranas celulares não são simples barreiras estáticas, elas permitem, por 
meio de proteínas especializadas, a passagem de solutos orgânicos e íons. Os principais 
constituintes das membranas celulares são os lipídios e as proteínas, que constituem a 
maior parte das membranas das células (por isso, recebem a denominação de membrana 
lipoproteica) e carboidratos complexos na forma de glicolipídios ou glicoproteínas. A 
proporção de cada um desses componentes varia de acordo com a função específica de 
cada célula, mas os lipídios estão em maior quantidade. Entretanto, a variedade e compo-
sição das proteínas da membrana é que determinam a função da célula. 
Vejamos a figura a seguir. Algumas proteínas estão incrustradas na camada lipí-
dica, sendo que algumas se projetam para fora da membrana em um dos lados. Essas 
proteínas são denominadas proteínas periféricas de membrana. Outras a atravessam 
inteiramente e são denominadas proteínas integrais de membrana e transportam subs-
tâncias de um lado a outro da membrana, funcionando como canais transmembrana.
29
Organização da membrana citoplasmática de uma célula eucariótica
Proteínas
periféricas
Proteínas
integrais
Cadeia de carboidratos
em uma glicoproteína
O mecanismo de transporte transmembrana, conhecido como difusão simples, 
caracteriza-se pela movimentação de solutos lipossolúveis e apolares diretamente 
através da camada lipídica do lado no qual está mais concentrado para o lado no qual 
está menos concentrado, sem auxílio de canais transmembrana e sem gasto de energia. 
Já a passagem de substâncias através dos canais de proteínas chama-se difusão faci-
litada, e essas proteínas podem ser chamadas de permeases. Difusão simples e difusão 
facilitada são modalidades de transporte passivo, cuja principal característica e o movi-
mento das moléculas a favor do gradiente de concentração e sem gasto de energia.
Um exemplo de difusão simples é a passagem de oxigênio do sangue arterial para os tecidos.
O transporte ativo se caracteriza pela utilização de moléculas de adenosina 
trifosfato ou ATP para mover uma molécula de um lado para outro da membrana. Da 
mesma forma que o transporte passivo, o transporte ativo necessita de uma proteína 
que funcione como um canal de passagem. Essas proteínas são chamadas bombas 
porque movem o soluto contra o gradiente de concentração. A bomba frequentemente 
mencionada nos livros de Anatomofisiologia é a bomba de sódio e potássio (Na+/K+). 
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30
Mecanismos de transporte através da membrana
Uniporte Simporte Antiporte
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Quando um composto é transportado através da membrana, o mecanismo 
chama-se uniporte. Entretanto, algumas vezes o transporte através da membrana 
envolve dois ou mais compostos que passam simultaneamente para o mesmo lado da 
membrana, nesse caso, chamamos de simporte. Quando um composto é levado para 
um lado enquanto outro é carregado no sentido oposto, dizemos que ocorre antiporte.
1.4.4 Produção de energia 
A energia essencial para manter as células vivas e, por consequência, o corpo 
vivo, é produzida a partir da oxidação de nutrientes orgânicos, tais como carboidratos, 
proteínas e lipídios, em uma sequência de reações degradativas. Essa fase de produção 
de energia é denominada catabolismo. É nesse momento que moléculas orgânicas 
são transformadas em produtos com a liberação de energia na forma de Adenosina 
Trifosfato (ATP) ou de transportadores de elétrons reduzidos, como a Nicotinamida 
Adenina Dinucleotídeo (NAD) e a Flavina Adenina Dinucleotídeo (FAD).
Por outro lado, outras vias metabólicas utilizam a energia liberada durante o 
catabolismo para produzir moléculas mais complexas. Dessa forma, as células podem 
sintetizar suas próprias proteínas, peptídeos, aminoácidos, glicogênio e ácidos graxos. 
Esse sequência de reações de síntese de moléculas maiores é chamada de anabolismo. 
Ambos, catabolismo e anabolismo, fazem parte do metabolismo celular e têm em 
comum um elo importante de ligação: o ATP.
Neste capítulo, conhecemos alguns conceitos básicos da Anatomofi siologia, 
compreendendo aspectos básicos do corpo humano. Estudamos as células, com suas 
principais estruturas, que formam todos os órgãos e tecidos de nosso corpo. Também 
vimos algumas considerações acerca de nomenclatura e posição anatômica e enten-
demos o conceito de homeostase.
31
Referências
APPLEGATE, E. J. Anatomia e Fisiologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 
AUMULLER, G. et al. Anatomia. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
CARROL, R. G. Fisiologia. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
DRAKE, R. L.; VOGL, A. W.; MITCHELL, A. W. M. Gray’s Anatomia Básica.Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2013.
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 12. ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2011.
LEHNINGER, A. L.; NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de Bioquímica de Lehninger. 
5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. 11. ed. São 
Paulo: Roca, 2005.
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Corpo Humano: fundamentos de anatomia e fisio-
logia. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.
2 Sustentação e movimento do corpo
Um dos primeiros grandes desafios de um humano é ficar em pé e ereto, com toda 
sua massa corpórea sustentada pelo esqueleto ósseo, e outro é se locomover. Para que 
essas ações ocorram, é necessária a inserção de músculos na estrutura óssea e a estabi-
lização das junções ósseas por tecidos que permitam, dentro de certos limites, a movi-
mentação. Esse é o tema deste capítulo, que abordará generalidades sobre o esqueleto 
humano, suas articulações e os músculos neles inseridos. 
2.1 Sistema esquelético 
Os ossos, além da função de sustentação e movimentação, também desempe-
nham um papel fisiológico importante, pois são eles que produzem células sanguíneas, 
armazenam minerais, protegem os órgãos vitais e armazenam gordura. Sendo assim, o 
sistema esquelético, ao contrário do que possa parecer, não é uma estrutura inerte e 
estática.
A Hematopoese, realizada na medula óssea vermelha, é a produção de células sanguíneas ver-
melhas, os eritrócitos, células sanguíneas brancas, os leucócitos e de megacariócitos, que ori-
ginam as plaquetas.
O mineral que predomina na estrutura óssea é a hidroxiapatita, cuja fórmula é 
Ca10(PO4)6(OH)2, e esse cálcio e fosfato depositados no tecido ósseo auxiliam em uma 
enorme quantidade de reações fisiológicas, como a contração muscular, transmissão 
de impulsos nervosos e coagulação sanguínea. A concentração deste mineral no corpo 
humano é cuidadosamente controlada pelos hormônios calcitonina e paratormônio e 
pela vitamina D.
Apesar da grande quantidade de cálcio e fósforo, os componentes orgânicos, tais 
como células, fibras colágenas, vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos, garantem 
ao tecido ósseo intensa atividade metabólica. Além disso, células especializadas sinte-
tizam e reabsorvem a matriz óssea, fazendo com que, ao longo da vida, os ossos se 
remodelem continuamente. 
2.1.1 Fisiologia do tecido ósseo
Fisiologicamente, o tecido ósseo é dinâmico e muda constantemente de forma 
durante o crescimento e desenvolvimento do esqueleto. Ele é duro o suficiente para 
suportar pressões externas, mas ao mesmo tempo possui certa flexibilidade devido à 
presença da matriz orgânica.
34
Microscopicamente, os ossos são formados por uma matriz orgânica que inclui 
células, vasos sanguíneos, vasos linfáticos, nervos e fibras colágenas, e por uma estru-
tura inorgânica, a hidroxiapatita, que garante rigidez aos ossos. Entre as células 
encontradas no tecido ósseo, algumas merecem atenção maior, devido a suas funções, 
descritas no quadro a seguir. 
Principais células encontradas no tecido ósseo
Células Função
Osteoblastos
Secretam fibras colágenas sobre as quais serão depositados os minerais, ou seja, 
formam tecido ósseo.
Osteoclastos Reabsorvem e remodelam o tecido ósseo, ou seja, destroem tecido ósseo.
O controle da homeostasia mineral é realizado pelos hormônios calcitonina, parator-
mônio e vitamina D3 (1,25 - D3). A calcitonina, hormônio tiroideano, estimula a atividade 
dos osteoblastos e a deposição do cálcio sanguíneo sobre o tecido ósseo, fazendo com 
que o nível de cálcio diminua no plasma. Já o paratormônio, secretado pelas paratireoides, 
tem efeito antagonista e ativa osteoclastos, que promovem a degradação da matriz óssea, 
elevando os níveis de cálcio no sangue. A vitamina D3 (1,25 - D3) tem função similar à do 
paratormônio, além de estimular diretamente a absorção intestinal de cálcio. 
2.1.2 Classificação dos ossos
A classificação dos ossos é feita com base em sua forma, desse modo, eles 
podem ser classificados em: curtos, planos, sesamoides, longos e irregulares. Os 
cinco tipos podem ser visualizados na figura a seguir.
35
Diferentes ossos encontrados no corpo humano
(a) Osso longo
(úmero)
(b) Osso curto
(piramidal)
(c) Osso plano
(externo)
(d) Osso irregular (vértebra)
vista lateral esquerda
(e) Osso sesamoide
(paleta)
Fonte: MARIEB; HOEHN, 2009, p. 154. (Adaptado).
Os ossos curtos consistem basicamente em um centro de osso esponjoso reco-
berto por uma camada cortical fina de osso compacto. Os principais exemplos são os 
ossos do carpo, que compõem a mão, e do tarso, que compõem o pé.
Os ossos planos são finos, e sua espessura compreende uma camada média de 
osso esponjoso, chamada díploe, revestida em ambos os lados por uma camada fina de 
osso compacto, que são as lâminas interna e externa. Os ossos do crânio são exemplos 
de ossos planos. 
Ossos sesamoides, assim chamados porque possuem forma de gergelim (semente 
de sésamo), desenvolvem-se no trajeto de tendões para impedir a fricção do tecido 
fibroso sobre proeminências ósseas. No caso da patela, o maior osso sesamóide do corpo, 
sua função é aumentar a força de alavancagem de um músculo ou um grupo muscular.
Os ossos longos são cilíndricos, possuem o comprimento maior que a largura e a 
espessura e são encontrados nos membros superiores e inferiores, onde funcionam como 
alavancas. Estruturalmente, são divididos em duas extremidades, chamadas de epífises 
(uma proximal e outra distal), unidas a um corpo central tubular denominado diáfise. 
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Externamente, as epífises apresentam acidentes anatômicos que se adaptam às epífises 
de outros ossos para estabelecer as articulações. Internamente, as epífises contêm maior 
quantidade de tecido ósseo esponjoso recoberto por uma lâmina fina de osso compacto. 
Na diáfise, por outro lado, há uma grossa camada de osso compacto que delimita uma 
cavidade central conhecida como cavidade medular, revestida pelo endósteo. 
Durante o desenvolvimento, tanto o osso esponjoso das epífises quanto o canal 
medular da diáfise são preenchidos por medula óssea vermelha. Ao longo dos anos, a 
medula óssea vermelha encontrada na cavidade medular da diáfise acumula gordura, 
tornando-se amarela, e assim a medula óssea vermelha persiste somente nas epífises.
O crescimento dos ossos longos no sentido longitudinal ocorre graças à 
presença das cartilagens epifisárias localizadas entre a epífise e a diáfise. Já o cresci-
mento transversal se dá pela atividade osteoblástica do periósteo que recobre toda a 
extensão dos ossos longos, exceto nas regiões das epífises recobertas pelas cartila-
gens articulares. A figura a seguir demonstra a localização da epífise, da diáfise e das 
cartilagens articulares.
Estrutura de um osso longo
Linha epifisial
Tecido ósseo esponjoso
Tecido ósseo compacto
Cavidade medular
Endósteo
Periósteo
Cartilagem articular
Epífise
proximal
Epífise
distal
Diáfise
Cartilagem articular
Forame nutrício
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Finalmente, os ossos que não pertencem às categorias anteriores são chamados 
de ossos irregulares. Os principais exemplos são os ossos da face e as vértebras.
O conjunto desses ossos forma nosso esqueleto, que pode ser classificado em dois 
tipos: esqueleto axial e esqueleto apendicular, como estudaremos nos próximos tópicos.
2.1.3 Esqueleto axial
O termo axial deriva da palavra grega áxis, que corresponde ao eixo sobre o 
qual o corpo gira. Assim, o esqueleto axial é representado pelo conjunto de ossos que 
forma o eixo central do corpo, portanto, os ossos que fazem parte do esqueleto axial 
são os ossos da cabeça, as vértebras, o esterno e as costelas, que podem ser visuali-
zados na imagem a seguir.
Divisão estrutural do esqueleto humano
Esqueleto axialEsqueleto apendicular
A cabeça é dividida em crânio ou neurocrânio e face ou viscerocrânio. O crânio 
protege o encéfalo, enquanto a face abriga as cavidades orbital, oral e nasal, que são 
aberturas para os olhos e os sistemas digestório e respiratório, respectivamente.
As vértebras compõem a coluna vertebral, que se divide em segmentos: 
cervical, torácico, lombar e sacral, cujas vértebras são denominadas com a letra 
maiúscula do segmento seguida de seu número. Assim, a fórmula vertebral do ser 
humano é C7, T12, L5, S5 e cóccix. 
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As duas primeiras vértebras cervicais (C1 e C2) são atípicas e recebem os nomes 
de atlas e áxis, respectivamente, enquanto as demais são designadas da forma conven-
cional, de C3 a C7. 
As vértebras torácicas se caracterizam por altos processos espinhosos e possuem 
fóveas costais para a articulação com os 12 pares de costelas. Já as vértebras lombares 
são reconhecidas pelos longos processos transversos que servem para a fixação dos 
músculos da parede abdominal dorsal. A última lombar (L5) se articula com a primeira 
vértebra sacral. 
As vértebras sacrais se encontram fusionadas, formando um osso triangular 
chamado de sacro, que forma a parede posterior da cavidade pélvica e se une lateral-
mente aos dois ossos do quadril. A extremidade inferior do sacro articula com o cóccix, 
osso que representa a fusão de quatro a cinco vértebras coccígeas. 
O esterno é um osso plano dividido em uma parte superior denominada manúbrio, 
um corpo central e um processo inferior, denominado processo xifoide, que serve para a 
fixação de músculos abdominais ventrais. A figura a seguir mostra a articulação anterior 
das costelas com o osso esterno e a articulação posterior dessas mesmas costelas com 
as vértebras.
Articulações anterior e posterior das costelas
Processo articular superior Faceta costal superior
Faceta costal do
processo transverso
Processo
articular
inferior
Disco intervertebral
Corpo vertebral
Faceta costal inferior
Cartilagem costal
Costela V
Esterno
Fonte: DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015, p. 126. (Adaptado).
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Existem 12 pares de costelas se articulando posteriormente, com as 12 vérte-
bras torácicas e, a maioria deles, articulando-se anteriormente, com o esterno. Os 7 
primeiros pares de costelas, as costelas verdadeiras, articulam-se diretamente com o 
esterno por meio de suas cartilagens costais. Os 3 pares seguintes, as costelas falsas, 
articulam-se indiretamente ao esterno por meio da ligação com as cartilagens costais 
das costelas superiores, Isso significa que, por exemplo, a cartilagem costal da 8.ª 
costela se liga à cartilagem costal da 7.ª costela para estabe lecer conexão com o 
esterno. Os 2 últimos pares de costela, as costelas flutuantes, não fazem articulação 
com o esterno.
2.1.4 Esqueleto apendicular
O esqueleto apendicular está representado pelos membros inferiores e superiores, 
além dos ossos do cíngulo pélvico e cíngulo escapular.
Cíngulo é o nome dado ao conjunto de ossos que prendem os membros inferiores ou superio-
res ao esqueleto axial. O cíngulo escapular é formado pela escápula e pela clavícula, enquanto 
o cíngulo pélvico é formado pelos ossos do quadril.
Os membros superiores se dividem em braço, antebraço e mão. O osso do 
braço humano é o úmero. Sua epífise proximal apresenta uma superfície arredondada 
chamada de cabeça do úmero, que se articula com a cavidade glenoidal da escápula e 
a clavícula, formando a articulação do ombro. Essa articulação permite movimentos 
amplos ao membro superior. Na epífise distal, a superfície articular do úmero possui 
dois acidentes anatômicos importantes: a tróclea e o capítulo, que se articulam com 
ossos do antebraço: ulna (osso medial) e rádio (osso lateral), respectivamente, 
formando o cotovelo. A extremidade proximal desses dois ossos se articula com o 
úmero, mas é a ulna (especificamente o olécrano) que sentimos quando apoiamos o 
cotovelo sobre uma superfície. 
As epífises distais dos ossos do antebraço se articulam com a primeira fileira de 
ossos do carpo, uma das partes da mão. O esqueleto da mão humana é subdividido em 
três regiões: o carpo, com 8 ossos, o metacarpo, com 5, e falanges, com 14. Os ossos 
carpais estão firmemente unidos entre si por meio de ligamentos e aponeuroses. Os 
cinco ossos metacarpais se alinham com as falanges que formam os dedos, assim, os 
dedos são numerados de I a V no sentido lateromedial. Todos os dedos, com exceção 
do dedo I, conhecido popularmente como polegar, possuem 3 falanges: falange 
proximal, falange média e falange distal, conforme ilustrado na figura abaixo.
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Ossos dos membros superiores 
Cavidade glenoidal
Escápula
Úmero
Rádio
Ulna
Ossos carpais
Metacarpais
Falanges
Fonte: DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015, p. 654. (Adaptado).
Chegando aos membros inferiores, o cíngulo pélvico é formado pelos três ossos 
do quadril: ílio, púbis e ísquio. A depressão observada lateralmente formada pelos 
três ossos chama-se acetábulo e é o local onde a cabeça do fêmur articula. Esses três 
ossos, junto com o sacro e o cóccix, formam a pelve óssea.
O fêmur é o maior osso do corpo humano. Em sua extremidade proximal, a cabeça 
do fêmur se articula com o acetábulo no osso do quadril, e sua epífise distal apresenta 
os côndilos lateral e medial, que se articulam com os côndilos lateral e medial da tíbia. 
Enquanto os côndilos do fêmur são superfícies arredondadas, os da tíbia são planos, e 
essas superfícies articulares seriam incompatíveis se não houvessem os meniscos, que 
são discos de fibrocartilagem também classificados em lateral e medial. Além dessas 
superfícies articulares, o joelho também é formado pela articulação da patela com a 
tróclea do fêmur, vista na face anterior desse osso e presa pelos ligamentos patelares 
superior e inferior. O fêmur e os demais ossos dos membros inferiores estão ilustrados 
na figura a seguir.
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Ossos dos membros inferiores
Osso do quadril
Articulação 
do quadril
Fêmur
PatelaArticulação 
do joelho
Tíbia
Fíbula
Maléolo lateral
Maléolo medial
Articulação 
do tornozelo
Fonte: DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015, p. 517. (Adaptado).
Os ossos da perna são a tíbia (medial) e a fíbula (lateral). Na extremidade distal 
da tíbia, há uma projeção óssea denominada maléolo medial, facilmente palpável no 
tornozelo. A fíbula, por sua vez, é um osso mais delgado, que garante sustentação 
à tíbia. Sua extremidade distal apresenta o maléolo lateral, que, em conjunto com o 
maléolo medial da tíbia, contribui para a formação da articulação da perna com o pé. 
O pé atua como uma potente alavanca para impulsão do corpo e é formado 
por 7 ossos tarsais, 5 pequenos ossos longos, denominados ossos metatarsais e 14 
falanges. Como na mão, existem três falanges para cada dedo do pé, exceto para o 
hálux, popularmente conhecido como dedão do pé. 
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2.2 Sistema articular
Os locais de união entre dois ou mais ossos, entre ossos e cartilagens ou entre 
duas cartilagens são chamadas de articulações ou junturas, e o estudo do sistema arti-
cular é denominado artrologia.
A despeito da fragilidade das articulações quando comparadas aos ossos, suas 
estruturas permitem movimentos complexos capazes de resistir a grande grau de tração 
e compressão. A resistência das articulações depende de vários fatores, sendo um deles 
o tecido que une as superfícies articulares, permitindo ou não a mobilidade entre elas.
O sistema articular é classificado de acordo com a anatomia e a fisiologia. A clas-
sificação baseada em aspectos anatômicos considera a estrutura da articulação, ou, 
em outras palavras, a classificação estrutural se baseia no tecido que se interpõe às 
superfícies articulares, como mostram as figuras a seguir. 
Articulação sólida Articulação sólida
Osso Tecido
conjuntivo
Osso
Fonte: DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015, p. 20. (Adaptado).
As articulações podem ser sólidas, quando o tecidointerposto aos ossos 
é fibroso ou cartilaginoso. 
Articulação sinovialArticulação sinovial
Cavidade articularOsso Osso
Fonte: DRAKE; VOGL; MITCHELL, 2015, p. 20. (Adaptado).
As articulações também podem ser do tipo sinoviais, quando há um 
espaço entre os ossos preenchido por líquido sinovial.
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O sistema articular também pode ser classificado considerando-se o grau de 
mobilidade observado entre as superfícies articulares, abordagem que chamamos de 
classificação funcional ou fisiológica.
De acordo com os aspectos morfológicos, as superfícies articulares podem ser 
unidas por tecido fibroso, cartilaginoso ou líquido, também chamado de sinóvia. 
Considerando esse critério, as articulações poderão ser fibrosas, cartilaginosas ou 
sinoviais. Assim sendo, o grau de mobilidade das articulações será restrito, discreta-
mente móvel ou totalmente móvel, respectivamente. Essa classificação funcional, 
portanto, denominará as articulações de imóveis, semimóveis ou móveis.
2.2.1 Articulações fibrosas
O tecido que se interpõe às superfícies articulares é conjuntivo fibroso e, por isso, 
confere pouco ou nenhum movimento à articulação e, caso o objetivo fosse denominar 
as articulações fibrosas com base em seu grau de mobilidade, elas seriam denominadas 
articulações imóveis.
A restrição do movimento é determinada pelo comprimento das fibras de tecido 
conjuntivo que unem os ossos e dará origem a três tipos de articulações fibrosas: 
suturas, sindesmoses e gonfoses.
As suturas são observadas somente entre os ossos do crânio e da face dos 
adultos. Durante a vida fetal, os ossos do crânio e da face são ilhas de tecido ósseo 
unidas por ligamentos longos que permitem uma razoável mobilidade entre os ossos 
da cabeça para favorecer a passagem do feto pelo canal do parto. Após o nascimento, 
ainda é possível sentir a presença das fontanelas e, com o passar do tempo e como 
resultado da ossificação intramembranosa, esses ligamentos se tornam cada vez mais 
curtos e passam a ser observados como linhas suturais em um crânio que completou 
seu desenvolvimento, conforme ilustram as figuras a seguir.
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Suturas do crânio
Sutura esfenoescamosa
Sutura coronal
Sutura esfenoparietal
Ptério
Osso Frontal
Asa maior
(do osso estenoide)
Forame zigomaticotemporal
(na superfície profunda
do osso zigomático)
Osso nasal
Osso lacrimal
Forame
zigomaticofacial
Osso zigomático
Maxila
Parte alveolar
(da mandíbula)
Forame
mentual
Corpo da mandíbula
Processo temporal (do osso zigomático) Processo coronoide
Processo zigomático (do osso temporal)
Ramo da mandíbula
Ângulo da mandíbula
Processo condilar
Processo estiloide
Parte timpânica (do osso temporal)
Processo mastóideo
Parte mastóidea
do osso temporal
Sutura occipitomastóidea
Osso occipital
Astério
Sutura lambdoide
Sutura parietomastóidea
Osso parietal
Parte escamosa
(do osso temporal)
Sutura escamosa
Protuberância
occipal externa
Osso sutural
Osso parietal
Sutura 
lambdoide
Incisura
mastoide
Processo 
mastoide
Linha nucal inferior
Crista occipal 
externa
Ínio
Linha nucal
superior
Sutura
occipito-
mastóidea
Parte escamosa
do osso occiptial
Osso
parietal
Sutura sagital
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As suturas recebem denominações específicas conforme sua localização, o 
formato das bordas dos ossos ou, simplesmente, pela composição dos nomes dos 
ossos que se articulam. 
Além das suturas, as articulações fibrosas também são representadas pelas 
sindesmoses, onde os ossos são unidos por feixes de fibras mais longas que aquelas 
observadas nas suturas. São exemplos de sindesmoses as articulações entre os ossos 
do antebraço e da perna. As fibras da membrana interóssea entre o rádio e a ulna 
permitem certa rotação no antebraço, porém, entre as epífises distais da tíbia e da 
fíbula, há um ligamento curto que permite um grau de mobilidade restrito. Por isso, as 
sindesmoses também são classificadas funcionalmente como articulações imóveis. 
As articulações fibrosas também são observadas na maxila e na mandíbula, onde 
as raízes dos dentes se articulam nos alvéolos dentários pelos curtos ligamentos perio-
dontais em articulações chamadas de gonfoses. Os ligamentos periodontais unem o 
cemento ao osso alveolar, estabilizando essas articulações de tal forma que sua mobili-
dade indica doença periodontal.
2.2.2 Articulações cartilaginosas
As articulações cartilaginosas são assim chamadas porque os ossos são unidos 
por cartilagem. Essas articulações podem ossificar ao longo do desenvolvimento, 
sofrendo um processo conhecido como sinostose, ou podem permanecer durante toda 
a vida conferindo uma mobilidade parcial à articulação. De acordo com essas caracte-
rísticas, as articulações cartilaginosas dividem-se em sincondroses e sínfises. Do ponto 
de vista funcional, as articulações cartilaginosas são conhecidas como semimóveis. 
As sincondroses são placas de cartilagem hialina que unem as epífises proximal 
e distal com a diáfise dos ossos longos. Essas placas de cartilagem são chamadas de 
placas ou discos epifisários e promovem o crescimento dos ossos longos no sentido 
de seu comprimento. O processo de sinostose inicia com a liberação dos hormônios 
sexuais na puberdade.
A secreção de estrogênio pelos ovários ocorre prematuramente em relação à secreção de tes-
tosterona pelos testículos. Assim, por conta do “selamento” sofrido pelas placas epifisárias em 
decorrência da sinostose, as mulheres são geralmente mais baixas que os homens.
Nas sínfises, as superfícies articulares estão unidas por um disco de fibrocar-
tilagem, cuja função é conferir resistência aliada à flexibilidade. Os exemplos mais 
lembrados de sínfises são as articulações entre as vértebras.
46
2.2.3 Articulações sinoviais
Nas articulações sinoviais, as superfícies articulares estão separadas por um 
espaço chamado de cavidade articular, que se encontra preenchido por líquido sinovial 
ou sinóvia. Portanto, do ponto de vista funcional, essas articulações são denominadas 
móveis, e as peças articulares são mantidas unidas por cápsula articular e, em alguns 
casos, por ligamentos.
O termo sinóvia tem origem grega (sin + oóv) e significa com ovo, pois esse líquido viscoso 
contém mucina e uma pequena quantidade de sais minerais. É transparente e alcalino e sua 
aparência lembra a clara do ovo.
A cápsula articular também tem a função de produzir o líquido sinovial por 
processos de filtração do plasma a partir da sua membrana mais interna e vasculari-
zada, chamada de membrana sinovial. Esse líquido mantém a nutrição e a viabilidade das 
cartilagens hialinas que recobrem as superfícies articulares e que têm a função de evitar 
atrito entre si.
Algumas articulações sinoviais contam com componentes considerados acessó-
rios como ligamentos, meniscos, discos, bainhas e bolsas sinoviais.
As únicas articulações móveis da cabeça são as articulações temporomandibu-
lares (ATMs). São articulações sinoviais complexas que possuem os componentes 
básicos de uma articulação sinovial, além de ligamentos e um disco interarticular posi-
cionado entre o côndilo da mandíbula e a fossa mandibular do osso temporal.
A articulação do joelho, ilustrada na figura abaixo, possui os elementos conside-
rados constantes em uma articulação sinovial, como superfícies articulares represen-
tadas pelos côndilos do fêmur, côndilos da tíbia e patela e cápsula articular. 
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Articulação do joelho
Ligamento
colateral 
fibular
Côndilo 
lateral do 
fêmur
Menisco
lateral
Tíbia
Fíbula
Ligamento
colateral 
posterior
Côndilo 
medial
Ligamento
colateral
tibial
Ligamento
cruzado
anterior
Menisco
medial
Ligamento
patelar
Patela
Tendão do 
quadríceps
Fonte: MARIEB; HOEHN, 2009, p. 236. (Adaptado).
A cápsula articular delimita uma cavidade, chamada de cavidade articular, que é 
preenchida pelo líquido sinovial, importante na lubrificação das cartilagens articulares. 
O joelho também possui ligamentos patelarese colaterais medial e lateral, além de 
meniscos medial e lateral, que são discos de fibrocartilagem que promovem a adap-
tação entre os côndilos do fêmur e da tíbia e também servem para absorver impactos.
2.2.4 Movimentos articulares
Os movimentos articulares podem ser classificados de acordo com a morfologia 
das faces articulares ou de acordo o número de possibilidades de movimento, determi-
nados pelo eixo do movimento. Desta forma, as articulações podem ser classificadas em:
• articulações nas quais o movimento ocorre em volta de um eixo único;
• articulações cujo movimento ocorre em volta de dois eixos;
• articulações cujo movimento ocorre ao redor de três eixos de movimento.
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Para exemplificar, podemos utilizar as articulações do cotovelo, com um eixo de 
movimento; as articulações dos ossos do carpo com as falanges, com dois eixos de 
movimentação; e a articulação do úmero com a escápula, com três eixos de rotação.
2.3 Sistema muscular
Os movimentos do esqueleto humano dependem essencialmente dos músculos. 
Tais músculos, presos ao esqueleto e estabilizados por articulações, são chamados 
músculos esqueléticos. Sua principal característica é a presença de estrias, que são 
faixas proteicas claras e escuras, chamadas de sarcômeros, visíveis sob microscópio. 
Além de facilitar a realização de movimentos coordenados, os músculos esqueléticos 
também auxiliam na manutenção da postura corporal, no retorno venoso ao coração e 
na manutenção da temperatura corporal.
Correr uma maratona ou apanhar uma caneta para fazer uma anotação exigem 
ações coordenadas de grupos musculares. Por exemplo, durante um movimento de 
corrida, determinados grupos musculares contraem tracionando os ossos da perna e 
coxa, enquanto outros relaxam permitindo o movimento. Nesse sentido, para cada 
grupo de músculos que realiza uma determinada ação, outros grupos musculares são 
mobilizados para desfazer a ação. Assim, de maneira bastante simples, os músculos 
podem ser divididos em músculos que desempenham ações no mesmo sentido, 
chamados de músculos agonistas ou sinergistas, e músculos que desempenham ações 
opostas, chamados de antagonistas.
Outro ponto que deve ser considerado é que os músculos esqueléticos estão 
presos em, pelo menos, dois locais no esqueleto. Desta forma, um desses locais é deno-
minado origem do músculo e o outro é chamado de inserção do músculo. A origem é 
o local de fixação do músculo no osso que não se movimenta durante a contração
muscular. Na outra extremidade, está o local de inserção, ou seja, o ponto de fixação no
osso que se movimenta durante a contração. Para que haja o movimento, as inserções
musculares devem se mover em direção à origem. Tabelas que ilustram a função de
cada grupo muscular normalmente contêm, em suas colunas, os itens origem e inserção
muscular, dando indícios de qual local se movimentará durante a contração do músculo.
Para entender melhor, imaginemos o ato mastigatório: para fechar a boca, o 
músculo masseter traciona a mandíbula para cima. Nesse caso, o osso que se movimenta 
é a mandíbula e é nela que está a inserção do músculo masseter. A origem (osso que não 
se movimenta) é o arco do osso zigomático, e aí está a origem do músculo masseter.
No corpo humano existem mais de 600 músculos, alguns longos, outros minús-
culos, a descrição detalhada da função, inervação e vascularização de cada um é uma 
tarefa que requer esforço. Dessa forma, deve-se associar o conhecimento teórico com 
a prática profissional, buscando informações adicionais sempre que surgirem dúvidas.
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2.3.1 Organização estrutural dos músculos esqueléticos
A fi gura a seguir mostra como está organizado um músculo esquelético. A unidade 
estrutural do músculo é a miofi brila, que contém fi lamentos proteicos paralelos 
responsáveis pela contração. O conjunto de miofi brilas está imerso no sarcoplasma
e é recoberto por uma membrana plasmática, o sarcolema. O sarcolema é seme-
lhante às outras membranas citoplasmáticas, porém com uma característica funda-
mental: ela forma invaginações para o interior do sarcoplasma, originando os túbulos T. 
Intimamente relacionado com os túbulos T, aparece o retículo sarcoplasmático, respon-
sável pelo armazenamento de cálcio intracelular. Um detalhe interessante da miofi brila é 
que ela é formada por sarcômeros com suas bandas A, I e H, além do disco Z.
Organização estrutural do músculo esquelético
Tendão
Fáscia (tecido conjutivo)
Músculo esquelética
Epímísio
Perimísio
Endomísio
Fibra muscular
(célula muscular)
Capilar
Sarcolema
(membrana celular)
Sarcoplasma
(citoplasma celular)
Retículo sarcoplasmático
Mitocôndria
Miofibrila
Miofilamentos
Miosina
Actina
Túbulos
Fascículo
Núcleo
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O conjunto de miofibrilas recobertas pelo sarcolema forma a fibra muscular, que 
contém células longas com vários núcleos situados na periferia da fibra. Cada fibra 
muscular é recoberta individualmente por tecido conjuntivo chamado endomísio. Os 
conjuntos de fibras musculares são separados pelo perimísio e, finalmente, o músculo 
como um todo é recoberto pelo epimísio. A parte cárnea do músculo, que fica entre os 
tendões de origem e de inserção, é denominada ventre muscular.
2.3.2 Músculos da cabeça e pescoço
Muitos dos músculos da cabeça e do pescoço são designados por sua função (por 
exemplo, músculo levantador do lábio superior), além de estarem envolvidos na masti-
gação, deglutição, fonação e na expressão facial. Vários deles se inserem na pele da 
face, permitindo uma variação enorme de movimentos. 
A figura a seguir mostra os principais músculos superficiais da cabeça e do pescoço.
Vista lateral dos principais músculos superficiais do corpo
Corrugador do supercílio
Orbicular do olho
Levantador do 
lábio superior
Zigomáticos
maior e menor
Bucinador
Risório
Orbicular da boca
Mentual
Abaixador do 
lábio inferior
Abaixador do 
ângulo da boca
Platisma
Aponeurose
epicrânia
Ventre
frontal
Ventre
occipital
Temporal
Masseter
Esternocleidomastóideo
Trapézio
Esplênio da cabeça
Epicrânio
Os músculos do pescoço atuam na manutenção da postura da cabeça e trabalham 
de tal forma que podem auxiliar também na estabilização das vértebras cervicais e na 
estabilização da língua, por intermédio do osso hioide. 
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2.3.3 Músculos do tronco e membros
Os músculos do tronco podem ser subdivididos em músculos do abdome e 
músculos do tórax. Os primeiros colaboram para movimentação do tronco e para a 
proteção das vísceras. Já os músculos do tórax, inseridos nas costelas, estão envolvidos 
em seus movimentos coordenados de elevação e abaixamento, contribuindo para a 
respiração. Esse processo é auxiliado pelo diafragma, que é o músculo mais importante 
da inspiração e tem a função de ampliar a cavidade torácica, aumentando a capacidade 
respiratória, no que denominamos respiração abdominal. Considera-se que esse músculo 
faça a divisão anatômica entre as cavidades torácica e abdominal. 
Tendo em vista que grandes quantidades de alimentos transitam pelos órgãos 
abdominais e que a parede abdominal se distende durante a gravidez, é fácil imaginar 
que os músculos do abdome, se não forem exercitados, podem perder o tônus 
muscular e distender. 
Músculos profundos da coluna cervical auxiliam no correto posicionamento das 
vértebras e na fixação dos membros ao tronco. Os músculos dos membros, tanto 
superiores quanto inferiores, estão envolvidos em atividades de locomoção e susten-
tação do esqueleto. Por exemplo, os músculos situados na região anterior da perna 
tracionam o pé para cima. Tal movimento é denominado flexão dorsal do pé. Músculos 
posteriores da perna fazem o movimento contrário: tracionam o pé para baixo em um 
movimento chamado de flexão plantar do pé. 
As duas figuras abaixo mostram as vistas anterior e posterior dos principaismúsculos superficiais do corpo.
52
Vista anterior dos principais músculos superficiais do corpo
• Temporal
• Masseter
• Trapezio
• Deltóide
• Tríceps branquial
• Bíceps branquial
• Branquial
• Pronador redondo
• Branquioradial
• Flexor radial do carpo
• Palmar longo
• Iliopsoas
• Pectíneu
• Reto femoral
• Fibular longo
• Extensor longo dos dedos
• Tibular anterior
• Vasto lateral
• Vasto medial
• Platisma
Facial • Epicrânio, ventre frontal
• Orbicular do olho
• Zigomático
• Orbicular da boca
• Esterno Hióideo
• Esternocleidomastóideo
• Peitoral menor
• Peitoral maior
• Serrátil anterior
• Intercostais
• Reto do abdome
• Oblíquo esterno do abdome
• Oblíquo interno do abdome
• Transverso do abdome
• Tensor da fáscia
lata
• Sartorio
• Adutor longo
• Grácil
Facial
Pescoço
Torax
Abdome
Coxa
• Gastrocnêmio
• Sóleo
Perna
Ombro
Braço
Antebraço
Pelvis/coxa
Coxa
Perna
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Vista posterior dos principais músculos superficiais do corpo
Epicrânio, ventre occipital
Fibular longo
Flexor longo dos dedos
Extensor longo dos dedos
Braquiorradial
Braquial
Abdutor magno
(b) Visão posterior
Isquiotibias:
Plantar
Trato iliotibial
Gastrocnêmio
Sóleo
Sóleo
Extensor radial
curto do carpo
Extensor dos dedos
Flexor ulnar do carpo
Extensor ulnar do carpo
Trapézio
Tríceps braquial
Esternocleidomastóideo
Deltoide
Pescoço
Ombro
Quadril
Coxa
Braço
Antebraço
Tendão do calcâneo (Aquiles)
Semimembranáceo
Bíceps femoral
Semitendíneo
Glúteo máximo
Glúteo médio
Latíssimo do dorso
Redondo maior
Rombóide maior
Infra-espinhal
O estudo dos músculos esqueléticos requer do estudante de Anatomia e 
Fisiologia empenho e dedicação. Uma sugestão para organizar os tópicos de estudo 
é agrupar os músculos de acordo com suas funções, nesse sentido, atlas de anatomia 
auxiliam a saber a origem e inserção de cada músculo. Na próxima seção, entende-
remos como funciona a contração e o relaxamento muscular.
2.3.4 Fisiologia da contração e relaxamento muscular
O movimento de contração e relaxamento muscular é desempenhado individual-
mente pelas fibras musculares, estimuladas por impulsos nervosos conduzidos por 
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54
neurônios motores. Cada filamento nervoso axonal conduz o impulso nervoso para as 
fibras musculares individualmente. O ponto de união entre o neurônio motor e todas 
as fibras musculares por ele inervada é denominado unidade motora, e o terminal 
axônico se conecta com a fibra muscular na junção neuromuscular ou mioneural. 
Nesse pequeno espaço chamado de fenda sináptica, neurotransmissores são libe-
rados e transmitem o impulso nervoso que culmina com a contração muscular.
O mecanismo de contração muscular, ilustrado na figura abaixo, pode ser resu-
mido em cinco etapas.
Sequência da contração muscular
Impulso nervoso
Terminação
axônica
Sarcômero relaxado
Cabeça de miosina
Actina Miosina
Ponte cruzada
Actina Miosina
Fibra muscular
Miofilamentos
Miosina 
Actina
Sarcômero contraído
Capilar
Axônio
Vesículas 
sinápticas - 
contém ACh
Sarcolema
pregueado 
Sítios 
receptores
ligado a ACh
Fenda 
sináptica
Fonte: APPLEGATE, 2012, p. 121. (Adaptado).
O mecanismo de contração muscular, ilustrado nesta imagem, pode ser assim 
resumido:
O impulso nervoso proveniente do sistema nervoso chega no terminal axônico, vesículas com acetilcolina 
(Ach) se fundem com a membrana da fenda sináptica, e a Ach é liberada.
A Ach liberada na fenda sináptica se liga a receptores no sarcolema, despolarizando-o.
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55
A despolarização do sarcolema é transmitida ao retículo sarcoplasmático pelos túbulos T, provocando a 
abertura de canais de cálcio ao longo do retículo sarcoplasmático.
O cálcio se difunde para o sarcoplasma e se liga à proteína troponina, induzindo a exposição das cabeças 
de miosina.
As cabeças de miosina expostas deslizam sobre a actina, e ocorre a contração muscular.
No relaxamento muscular, as cabeças de miosina se desprendem da actina. Para que 
isso ocorra, a Ach deve ser degradada pela acetilcolinesterase, fazendo com que os canais 
de sódio se fechem, encerrando a despolarização do sarcolema. O cálcio que estava no 
sarcoplasma retorna ao retículo, e o sarcômero retorna a sua conformação original.
2.4 Estruturas associadas
No corpo humano, existem centenas de músculos esqueléticos fixados direta ou 
indiretamente aos 206 ossos do esqueleto, com inúmeras articulações viabilizando 
a conexão entre eles. Esse conjunto de ossos, músculos e articulações depende de 
estruturas a eles associadas para garantir a perfeição do movimento, chamadas de 
elementos acessórios das articulações sinoviais.
2.4.1 Elementos acessórios das articulações sinoviais
Existem alguns elementos acessórios das articulações sinoviais que auxiliam no 
movimento articular, tais como discos e meniscos articulares. Discos são constituídos 
de tecido conjuntivo denso e cartilagem e estão unidos à cápsula articular dividindo a 
cavidade articular em um compartimento supradiscal e outro infradiscal. Suas funções 
principais são absorver forças compressivas que incidam sobre a articulação e ajustar a 
articulação durante os movimentos.
Meniscos são encontrados na articulação do joelho, interpondo-se entre as faces 
ósseas articulares. A deformação fisiológica dos meniscos articulares permite que dois 
ossos com formatos diferentes se encaixem perfeitamente, auxiliando na manutenção 
da estabilidade da articulação. Outro elemento acessório importante são os corpos 
adiposos, que permitem grandes movimentos articulares, uma vez que se movem para 
dentro e para fora das articulações, preenchendo espaços durante o movimento arti-
cular. Finalmente, a articulação sinovial é estabilizada por ligamentos que reforçam a 
estrutura da cápsula e limitam os movimentos. 
56
2.4.2 Tendões e ligamentos
Tendões e ligamentos são elementos de união e estabilização de articulações. 
Os tendões são compostos por tecido fibroso denso conectam fortemente músculos e 
ossos ou músculos e cartilagens. O tecido conjuntivo que envolve a fibra muscular é 
denominado endomísio. O conjunto de fibras musculares forma um fascículo muscular 
que é envolvido pelo perimísio, e o conjunto de fascículos forma, então, o músculo que 
é envolvido pelo epimísio. 
Endomísio, perimísio e epimísio se estendem do músculo em direção ao 
periósteo, que reveste o osso formando o tendão. Alguns tendões são envolvidos por 
tubos de tecido conjuntivo fibroso, chamados de bainhas tendíneas. O objetivo da 
bainha tendínea é reduzir o atrito durante o movimento dos tendões.
Ligamentos são formados por fibras colágenas condensadas que participam da 
articulação e conexão entre os ossos. Podem ser classificados em ligamentos intra-arti-
culares, que estão no interior das articulações e ligamentos extra-articulares, que estão 
fora das articulações. Os ligamentos são responsáveis pelo reforço e contenção da arti-
culação e pela limitação do movimento, contribuindo para preservar as articulações.
2.4.3 Aponeuroses
Quando um tendão é plano, ele é denominado de aponeurose. A aponeurose, 
então, possui a mesma função do tendão, mas com forma diferente: tendões são cilín-
dricos, e aponeuroses, laminares. Um exemplo interessante é a aponeurose abdo-
minal: a parede abdominal não é protegida por ossos, como o tórax. Ao invés disso, os 
músculos abdominais se fundem com aponeuroses amplas na região anterior, formando 
uma faixa tendinosa que se estende da sínfise púbica até o osso esterno. Essa faixa, 
junto com os músculos abdominais, protege e sustenta as vísceras abdominais.
2.4.4 Fáscias
Os músculos são envolvidos por tecido conjuntivo conectivo e são separados da 
pele pela tela subcutânea. Essa estrutura funciona como trajeto para nervos, vasos 
sanguíneos e vasos linfáticos, que entram e saem do tecido muscular,mas o verdadeiro 
elemento de sustentação dos músculos são as fáscias. 
As fáscias são membranas fibrosas e elásticas que envolvem os músculos 
esqueléticos e permitem a passagem de vasos e nervos. Junto com os tendões, as 
fáscias unem os músculos esqueléticos aos ossos. Fáscias auxiliam também na susten-
tação e manutenção dos órgãos em seus lugares. 
57
Fáscias podem ser classificadas em fáscia superficial, que é lâmina de tecido fibroso 
que fica sob a pele, isolando-a e protegendo-a, e fáscia profunda, que envolve, separa 
e fixa os músculos esqueléticos nos ossos. No punho, a fáscia profunda é espessa, 
formando faixas fibrosas, chamadas de retináculos, pelas quais passam os tendões.
Neste capítulo, compreendemos como o corpo se movimenta e como ocorre a 
fixação de suas partes. Essas são as funções do sistema esquelético e do sistema 
muscular, que estão intimamente ligados para que possamos nos manter em pé e nos 
mover. Assim, vimos os principais ossos e músculos do corpo humano e estruturas 
auxiliares, como discos, meniscos, ligamentos e tendões. 
58
Referências
APPLEGATE, E. J. Anatomia e Fisiologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 
DRAKE, R. L.; VOGL, A. W.; MITCHELL, A. W. M. Gray’s Anatomia Básica. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2013. 
______. Gray’s Anatomia Clínica para Estudantes. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
GARTNER, L. P.; HIATT, J. L. Tratado de Histologia em Cores. 3. ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2007.
HERLIHY, B.; MAEBIUS, N. K. Anatomia e Fisiologia do Corpo Humano Saudável e 
Enfermo. 1. ed. Barueri: Manole, 2002. 
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia. 3. ed. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 
STANDRING, S. Gray’s Anatomia: a base anatômica da prática clínica. 40. ed. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2011.
THOMPSON, J. C. Neeter Atlas de Anatomia Ortopédica. 2. ed. Ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2012. 
3 Nutrição de células e tecidos – circulação sanguínea
As células que formam os tecidos do corpo humano exercem as mais variadas e 
complexas funções, que demandam consumo de energia, a qual provém do metabolismo 
do oxigênio. Assim, para o funcionamento ideal dos sistemas que formam nosso corpo, 
os nutrientes fornecidos após o processo de digestão devem chegar às células. Além 
disso, a atividade celular produz materiais e substâncias que precisam ser eliminadas do 
corpo e, portanto, devem ser transportadas até os órgãos encarregados de excretá-las.
O sistema circulatório sanguíneo, constituído pelo coração, pelo sangue e pelos 
vasos sanguíneos e suas ramificações, conecta as partes mais distantes do corpo e se 
encarrega de captar e distribuir o que as células precisam através do sangue, que se 
mantém em movimento numa rota circulatória entre os sistemas pela ação bombeadora 
do coração. Neste capítulo, veremos os detalhes do funcionamento e da constituição 
desse sistema.
3.1 Sangue
Uma das partes líquidas que compõem o corpo humano é o sangue, que faz parte 
do tecido conjuntivo e conecta os órgãos por meio da ação de transportar e distribuir 
substâncias. Suas características possibilitam a realização de funções que serão eluci-
dadas ao longo desta seção, na qual também compreenderemos a constituição do 
sangue e o conceito de hematose.
3.1.1 Funções do sangue
O sangue tem diversas funções, relacionadas ao transporte de substâncias, ao 
equilíbrio do organismo e à proteção de nosso corpo:
O sangue é o meio pelo qual o oxigênio captado nos pulmões é conduzido até as células, e o 
dióxido de carbono produzido pelas reações celulares é levado das células até os pulmões, de 
onde será expelido.
Transporte de oxigênio
Após a digestão de alimentos, os nutrientes ficam prontos para ser absorvidos pelas células. O 
sangue, então, transporta esses nutrientes do trato gastrointestinal ou dos locais onde estão 
armazenados (como fígado e tecido adiposo) para as células.
Transporte de nutrientes
60
Glândulas endócrinas secretam hormônios, que precisam ser conduzidos para os órgãos-alvo, e 
o sangue cumpre essa função.
Transporte de hormônios
O sangue conduz até os rins os resíduos do metabolismo que devem ser excretados. Os rins, 
então, filtram esse sangue, eliminando as substâncias que podem ser tóxicas.
Transporte de resíduos
Quando nosso corpo está saudável, apresenta um equilíbrio interno chamado de homeostase, 
e um dos fatores que devem ser mantidos em níveis específicos é a concentração de íons nos 
tecidos do corpo. O sangue contribui absorvendo, transportando e liberando íons conforme 
circula e de acordo com as necessidades das células. Dessa forma, cumpre a função de estabili-
zação do pH e manutenção da composição eletrolítica ideal dos líquidos intersticiais.
Manutenção do equilíbrio
O sangue impede a perda de líquidos por vasos sanguíneos lesados produzindo reações de 
coagulação que selam as paredes dos vasos rompidos, o que evita alterações da volemia, isto 
é, a quantidade de sangue circulante. Situações graves de hipovolemia (diminuição do volume 
sanguíneo circulante) causadas, por exemplo, por hemorragias severas, podem conduzir a uma 
parada cardíaca. O sangue também protege o corpo contra toxinas e patógenos, por meio de 
suas células especializadas em defesa, os leucócitos, que combatem infeções impedindo a 
entrada e desenvolvimento de microrganismos.
Proteção do corpo
Para que o sangue consiga cumprir todas suas funções, precisa ter características 
especiais. A principal delas é sua divisão em uma parte líquida e outra sólida, como 
veremos a seguir. 
3.1.2 Plasma e elementos figurados
O sangue é constituído por uma parte líquida, o plasma, e outra sólida distribuída 
nessa porção aquosa, formada por várias células denominadas glóbulos sanguíneos e 
que integram a porção dos elementos figurados. De acordo com Van de Graaff (2003), 
45% do sangue corresponde aos elementos figurados e 55% ao plasma. Essa divisão 
pode ser visualizada na imagem a seguir. 
61
Componentes do sangue
Plasma 
sanguíneo
Elementos
�gurados
Camada
tampão
Células
sanguíneas
vermelhas
Plaquetas
Células
sanguíneas
brancas
Amostra de sangue 
centrifugado
Camada sobre
o coágulo
Fonte: VAN DE GRAAFF, 2003, p. 541. (Adaptado).
O plasma é incolor, ligeiramente amarelado e possui viscosidade e densidade 
maiores do que da água. O maior percentual de seu volume é constituído de água, e o 
restante do soluto é quase todo formado por proteínas. Segundo Tortora e Grabowski 
(2006), essa porção do sangue ainda contém outros solutos, como nutrientes, eletró-
litos, enzimas, hormônios, gases e produtos residuais do metabolismo que devem ser 
excretados pelos rins, como ureia, ácido úrico, creatinina e amônia. 
Células do fígado, os hepatócitos, são responsáveis pela síntese das proteínas 
do sangue encontradas no plasma, que são chamadas de proteínas plasmáticas. São 
elas: albuminas, globulinas e o fibrinogênio.
As albuminas são as menores e mais abundantes proteínas do plasma sanguíneo 
e exercem a função de transporte de hormônios esteroides e ácidos graxos. As globu-
linas podem se apresentar de duas formas. A primeira é como imunoglobulinas, 
também conhecidas como anticorpos, que atuam como parte de nosso sistema de 
defesa atacando vírus, bactérias e quaisquer outras substâncias consideradas estranhas, 
chamadas de antígenos. A segunda é como globulinas de transporte, conduzindo lipí-
dios, hormônios, ferro, íons e vitaminas lipossolúveis. O fibrinogênio é uma proteína 
encontrada em menor quantidade no plasma e está relacionada à coagulação do sangue.
Segundo Martini (2009), tanto as albuminas quanto as globulinas podem se ligar 
a lipídios como triglicerídeos, ácidos graxos ou colesterol, que não são solúveis em 
água. Essas combinações são chamadas de lipoproteínas e se dissolvem rapidamente 
no plasma para conduzir os lipídios para os tecidos.
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62
Os elementos figurados do sangue são células vivas chamadas de hemá-
cias, glóbulos vermelhos ou eritrócitos e os leucócitos ou glóbulosbrancos, que 
serão explicados no próximo item. Fragmentos celulares denominados plaquetas 
ou trombócitos também constituem essa porção do sangue e atuam transportando 
substâncias químicas para o processo de coagulação do sangue. Elas formam tempo-
rariamente tampões nas paredes danificadas dos vasos sanguíneos e podem reduzir o 
tamanho do coágulo, aproximando as bordas da ferida após sua formação.
3.1.3 Séries branca e vermelha
Os glóbulos vermelhos (hemácias) e os glóbulos brancos (leucócitos) formam as 
séries vermelha e branca, respectivamente. 
Os glóbulos vermelhos recebem esse nome em função da proteína transportadora 
de gases que contêm, a hemoglobina, cujo pigmento confere a cor vermelha ao sangue. 
Os principais gases transportados são o oxigênio e o dióxido de carbono, que são ligados 
de forma reversível à hemoglobina, formando os compostos denominados de oxihemo-
globina e carbamino-hemoglobina. Já o monóxido de carbono forma uma ligação irrever-
sível com a hemoglobina, assim, ela não conseguirá mais transportar outros gases. 
A porcentagem do volume total de sangue constituída pelas hemácias é deno-
minada hematócrito, volume concentrado de glóbulos vermelhos (VCGV) ou volume 
globular (VG). O hematócrito normal de um homem adulto sadio é em torno de 40 a 
54% e o de uma mulher fica entre 38 e 46%. Alterações nesse índice podem interferir 
no transporte de substâncias, uma vez que um hematócrito muito baixo num volume 
sanguíneo normal pode significar anemia, o que reduzirá a capacidade de trans-
porte de oxigênio; e um hematócrito muito alto indica policitemia, que pode causar 
obstrução de pequenos vasos sanguíneos.
Os glóbulos brancos são encontrados em pequena quantidade no sangue e em 
grande quantidade nos tecidos. Eles agem durante processos infecciosos ou infla-
matórios decorrentes de alguma lesão de duas formas: fagocitando (captando e 
ingerindo) bactérias, vírus e outros patógenos, células cancerosas e restos celulares 
ou desencadeando respostas imunes. Para tanto, deixam a corrente sanguínea e 
emigram para os pontos de inflamação ou infecção (diapedese) ou são atraídos por 
substâncias químicas que podem ser liberadas por bactérias ou durante os processos 
inflamatórios (quimiotaxia).
Os glóbulos brancos são divididos em duas categorias: granulócitos, que apre-
sentam grânulos quando vistos ao microscópio óptico, e os agranulócitos, cujos 
grânulos citoplasmáticos são em pequena quantidade e não reagem aos corantes, por 
isso, não aparecem numa imagem de microscopia ótica. 
63
Os leucócitos granulócitos são de três tipos: neutrófilos, eosinófilos e basófilos, 
que diferem pelas características de seus grânulos. 
Neutrófilos são móveis e fagocitários e agem fagocitando. Os eosinófilos atuam 
em reações alérgicas, combatendo os efeitos da histamina, e combatem vermes para-
sitas. Os basófilos, também atuam nos processos alérgicos, mas liberando substâncias 
que aumentam a resposta inflamatória. 
Já os agranulócitos são os monócitos e linfócitos. Os monócitos se desenvolvem 
a partir da medula óssea, circulam na corrente sanguínea por alguns dias e depois 
se deslocam para os tecidos, onde recebem o nome de macrófagos e que, como os 
neutrófilos, agem fagocitando. Por fim, os linfócitos podem ser do tipo linfócitos T, 
que destroem patógenos, e os linfócitos B, que produzem anticorpos. 
Segundo Tortora e Grabowski (2006), a leucocitose, que é um número aumentado 
de leucócitos, é uma resposta protetora normal a estresses consequentes de invasão 
microbiana, exercício intenso, anestesias e cirurgias. Entretanto, a leucopenia, ou seja, 
um nível anormalmente baixo, pode ser desencadeada por radiação, choque e algumas 
substâncias quimioterápicas. Os vários tipos de leucócitos apresentam ações diferentes 
no mecanismo de defesa e resposta imune, assim, uma contagem de leucócitos, esta-
belecendo o percentual de cada tipo no sangue, pode facilitar um diagnóstico, deter-
minando se há uma infecção ou inflamação, alergia, ou uma resposta a um processo de 
intoxicação ou quimioterapia. 
3.1.4 Hemostasia
Lesões da parede de vasos sanguíneos permitem o extravasamento e perda de 
volume circulante de sangue com consequências graves e até fatais. Para que isso não 
aconteça, o organismo desencadeia um conjunto de mecanismos fisiológicos para deter 
a hemorragia: a hemostasia. Segundo Tortora e Grabowski (2006), basicamente três 
respostas para minimizar a perda sanguínea são ativadas: vasoconstrição (diminuição 
do calibre do vaso), formação de tampão plaquetário e coagulação do sangue. 
A vasoconstrição é produzida pela contração de pequenos músculos lisos do inte-
rior da parede dos vasos para diminuir a vazão do sangue; a agregação (formação de 
grupos) de plaquetas forma o tampão plaquetário; e o desenvolvimento de um coágulo 
envolve a formação de uma rede de fibras de fibrina (proteína insolúvel) que vai apri-
sionar os elementos figurados do sangue. A fase final do processo de coagulação desen-
cadeia a contração do coágulo, diminuindo o tamanho da ferida, e posteriormente 
a dissolução do coágulo por fibrinólise, que é o processo que pelo qual um coágulo é 
destruído. Existem medicamentos que podem deter os processos de coagulação, deno-
minados anticoagulantes, como a heparina.
64
Trombose é o nome dado a um processo de coagulação em que as plaquetas se agregam no 
interior de um vaso sem que ele esteja lesado. Êmbolo é o trombo que se desloca de onde foi for-
mado e segue pela circulação até obstruir um vaso menor, acarretando um tromboembolismo.
3.2 A bomba cardíaca e vasos da base
O sangue precisa ser mantido circulando continuamente por toda nossa vida para 
cumprir as funções que cooperam para a homeostase. Para tanto, o coração exerce um 
papel de bomba muscular, que recebe e impulsiona volumes sanguíneos, garantindo 
um movimento circulatório incessante. De acordo com Tortora e Grabowski (2006), 
mesmo quando estamos dormindo, nosso coração bombeia 30 vezes nosso próprio 
peso a cada minuto. 
3.2.1 Morfologia externa do coração
O formato do coração parece o de uma pirâmide oca ou cone numa posição inver-
tida. Ele ocupa um espaço da cavidade torácica denominado mediastino médio, situado 
entre os dois pulmões, atrás do osso esterno e por cima do músculo diafragma e está 
contido dentro de um saco fibroso que o protege, o saco pericárdico. Cerca de dois 
terços da massa total do coração estão situados à esquerda, e o restante, à direita de 
uma linha imaginária que divide o tórax ao meio. 
A parte mais larga, a base, é situada superiormente, e sua porção mais afuni-
lada, o ápice, é localizada inferiormente. Sua posição é ligeiramente oblíqua, portanto 
a base está voltada para cima, para direita e ligeiramente para trás, e o ápice, para 
baixo, para esquerda e para frente, tornando os batimentos cardíacos mais percep-
tíveis quando auscultados (ouvidos com o estetoscópio) sobre o ápice. A localização 
desse órgão em nosso corpo pode ser visualizada nas imagens a seguir. 
Localização do coração
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Pulmão
direito
Pulmão
esquerdo
Diafragma
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65
Na base do coração, são encontrados quatro vasos sanguíneos e suas rami-
ficações, que são denominados vasos da base do coração. Duas veias trazem sangue 
para o órgão: as veias cavas e as veias pulmonares, e duas artérias conduzem sangue 
que sai dele: a artéria tronco pulmonar e a artéria aorta. Elas podem ser visualizadas 
nas imagens a seguir.
Coração – vista anterior
A. carótida comum direita A. carótida comum 
esquerda
A. subclávia esquerda
Arco da aorta
Lig. arterioso
A. pulmonar esquerda
Tronco pulmonar
V. pulmonar esquerda
Aurícula esquerda
Sulco coronário
R. interventricular anterior no
Sulco interventricular anterior
Ventrículo esquerdo
Ápice do coração
A. subclávia direita
Tronco braquicefálico
Pericárdio
(margem do corte)A. pulmonar direita
V. cava superior
Parte ascendente 
da aorta
Aurícula direita
Átrio direito
R. marginal direito
(R. anterior do
ventrículo direito)
Ventrículo direito
Pericárdio seroso
Lâmina visceral
A. coronária direita no
Sulco coronário (direito)
Fonte: WOLF-HEIDEGGER; KOPF-MAIER, 2000, p. 124. (Adaptado).
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66
Coração – vista posterior
A. carótida comum esquerda
A. subclávia esquerda
Arco da aorta
Vv. pulmonares esquerdas
Vv. pulmonares direita
A. pulmonar esquerda
Aurícula esquerda
Sulco coronário
Sulco coronário
Seio coronário
Ventrículo esquerdo
Pericárdio seroso
Lâmina visceral
Ápice do coração
Tronco braquicefálico
Pericárdio
(margem do corte)
A. pulmonar direita
V. cava superior
Suco terminal
Átrio direito
V. Cava inferior
Átrio esquerdo
Sulco interventricular
posterior
Incisura do ápice
Ventrículo direito
do coração
Fonte: WOLF-HEIDEGGER; KOPF-MAIER, 2000, p. 125. (Adaptado).
De cada lado da base, encontram-se duas projeções que lembram pequenas 
orelhas: as aurículas direita e esquerda. Além disso, em toda a superfície externa, 
estão as artérias coronárias, que se ramificam e originam vários ramos que condu-
zirão sangue oxigenado para todo o miocárdio, e as veias cardíacas. O compro-
metimento das artérias coronárias pode causar diminuição ou interrupção do fluxo 
sanguíneo para o miocárdio, condição conhecida como isquemia cardíaca e que pode 
evoluir para um infarto do miocárdio, cujos sintomas geralmente incluem dor intensa 
retroesternal (atrás do osso esterno), denominada angina, palidez, sudorese abun-
dante e dor irradiada para ombro e/ou braço esquerdo.
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67
Uma condição patológica geralmente relacionada ao infarto do miocárdio (morte das células 
musculares cardíacas) é a aterosclerose, caracterizada por obstruções do fluxo sanguíneo por 
placas de colesterol LDL, chamadas de ateroma.
O coração é envolto e fixado ao mediastino médio pelo saco pericárdico, cons-
tituído externamente por uma membrana fibrosa denominada pericárdio fibroso e 
forrado internamente por uma lâmina serosa chamada de pericárdio seroso parietal. 
Entre essa película e o coração, existe um espaço ou cavidade pericárdica preenchido 
por uma fina camada de líquido pericárdico que evita o atrito entre a lâmina parietal 
do pericárdio e a lâmina visceral, que é película que adere diretamente à superfície 
externa do coração, chamada de pericárdio seroso visceral ou epicárdio. A cons-
trução anatômica do saco pericárdico e como as películas estão distribuídas podem ser 
vista na figura a seguir.
Porção do pericárdio e parece cardíaca do ventrículo direito
Cavidade do 
pericárdio 
Endocárdio
Miocárdio
(músculo cardíaco)
Lâmina parietal do
pericárdio seroso
Lâmina visceral
do pericárdio
seroso (epicárdio)
Fonte: TORTORA; GRABOWSKI, 2006, p. 371. (Adaptado).
Até agora, estudamos a maneira como o coração está situado na cavidade torá-
cica e as estruturas relacionadas à anatomia externa do coração. Nas próximas seções, 
compreenderemos a anatomia interna do órgão. 
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3.2.2 Câmaras cardíacas
O coração é constituído de músculo estriado cardíaco, denominado miocárdio, com 
a capacidade de relaxar (diástole) para receber os volumes sanguíneos que chegam e de 
contrair (sístole) para impulsionar e ejetar esses volumes adiante no sentido circulatório. 
Internamente, o coração é subdividido em quatro cavidades ou câmaras 
cardíacas divididas por paredes musculares chamadas de septos. As duas câmaras 
superiores, o átrio direito e o átrio esquerdo, são divididas pelo septo interatrial e 
atuam como captadoras de sangue. As duas câmaras inferiores, o ventrículo direito
e o ventrículo esquerdo, são divididas pelo septo interventricular e agem como 
ejetoras. Uma película chamada de endocárdio reveste internamente cada câmara e 
forma estruturas especiais chamadas de valvas.
A figura a seguir mostra as quatro câmaras, as quatro valvas, os vasos da base 
cardíaca e o septo interventricular. O septo interatrial não aparece porque fica abaixo 
da artéria tronco pulmonar, que aparece emergindo do ventrículo direito.
Anatomia do coração
Veia cava superior
Arco da aorta
Artéria pulmonar 
esquerda
Tronco pulmonar
Veias pulmonares
esquerdas
Átrio esquerdo
Valva da aorta
Valva atrioventricular
esquerda
Septo interventricular
Ventrículo esquerdo
Veia pulmonares
direitas
Valva do tronco pulmonar
Átrio direito
Valva atrioventricular direita
Veia cava inferior
Ventrículo direito
Fonte: VAN DE GRAAFF, 2003, p. 549. (Adaptado).
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Existem quatro valvas cardíacas, que atuam como controladoras do fluxo 
sanguíneo de dentro para fora do coração e serão explicadas na sequência. 
3.2.3 Valvas cardíacas e importância fisiológica
As valvas cardíacas, constituídas de endocárdio e formadas por pequenas partes 
denominadas válvulas, permitem que o sangue passe no sentido da circulação e 
impedem que haja retorno (refluxo), o que comprometeria a eficiência circulatória. 
Duas valvas estão localizadas no septo que divide os átrios dos ventrículos, por 
isso, são denominadas valvas atrioventriculares. Entre o átrio e o ventrículo direitos, 
está a valva atrioventricular tricúspide, formada por três pequenas cúspides ou 
válvulas. Entre o átrio e o ventrículo esquerdos, fica a valva atrioventricular bicúspide 
ou mitral, formada por duas válvulas. Ambas abrem simultaneamente e permitem que 
o sangue contido nos átrios passe para os ventrículos. Na sequência, elas fecham para
impedir que o sangue reflua quando os ventrículos realizarem a sístole.
Na base do coração, ficam as duas outras valvas, conhecidas como valvas da base, 
cada uma no interior da parte final de cada artéria. Na porção final da artéria tronco 
pulmonar, na saída do ventrículo direito, está a valva pulmonar. Na porção final da 
artéria aorta, na saída do ventrículo esquerdo, fica a valva aórtica. Ambas abrem para 
a saída do sangue que foi ejetado pela sístole de cada ventrículo e se fecham, logo 
após o quase esvaziamento total dos ventrículos, quando começarão a diástole para 
receber novo volume sanguíneo. O fechamento de cada valva impede que o sangue 
que estava saindo pelas artérias reflua para os respectivos ventrículos.
A abertura de qualquer uma das valvas cardíacas é silenciosa, no entanto, o fecha-
mento produz um som cardíaco normal chamado de bulha cardíaca. Quando há 
problemas em alguma das valvas, um som anormal, conhecido como sopro cardíaco poderá 
ser auscultado. Ao conhecer a relação das bulhas com as respectivas valvas, pode-se ter 
uma indicação de qual valva apresenta problemas de abertura ou fechamento.
As bulhas cardíacas são sons normais que podem ser ouvidos por meio da ausculta cardíaca, 
com o estetoscópio. São subdivididas em primeira bulha, que é o som resultante do fechamen-
to das valvas atrioventriculares, e segunda bulha, que resulta do fechamento das valvas da base.
70
3.2.4 Vasos da base cardíaca
Os vasos da base cardíaca, ilustrados na imagem “Anatomia do Coração”, 
englobam as veias, que trazem sangue do pulmão e de outras partes do corpo, e as 
artérias da base, que realizam o caminho inverso. 
As veias cavas superior e inferior desembocam o sangue das partes superiores 
e inferiores do corpo, respectivamente, no átrio direito do coração. Esse sangue tem 
baixo teor de oxigênio (pressão parcial de O2 baixa = ↓PpO2) porque esse gás foi utili-
zado pelas células para realização de suas funções.
As veias pulmonares desembocam o sangue no átrio esquerdo, sendo que duas 
vêm do pulmão direito e outras duas, do esquerdo. Esse sangue é rico em oxigênio, 
que foi captado nos alvéolos durante a hematose, e por isso, possui uma pressão 
parcial de oxigênio alta (= ↑PpO2). 
A artéria tronco pulmonar emerge do ventrículo direito e se ramifica na artéria 
pulmonar direita e artéria pulmonar esquerda, que conduzem sangue para o pulmão 
direitoe o esquerdo, respectivamente. O sangue transportado por elas a partir da 
sístole do ventrículo direito vem do átrio direito e possui baixa pressão parcial de 
oxigênio (= ↓PpO2). Já a artéria aorta emerge do ventrículo esquerdo e, por meio de 
suas ramificações, conduz sangue com alta pressão parcial de oxigênio (= ↑PpO2), que 
veio do átrio esquerdo, para o corpo. 
3.3 Atividade intrínseca do coração
O coração possui duas inervações: uma extrínseca, que estudaremos mais adiante, 
e uma intrínseca, também conhecida como complexo estimulante do coração. A iner-
vação intrínseca é capaz de gerar os batimentos cardíacos, propagá-los e mantê-los 
sem intervenção externa do sistema nervoso, dessa forma, o coração pode continuar 
batendo mesmo em situação de coma ou de morte cerebral. 
Essa inervação é composta por um conjunto de estruturas, que podem ser vistas 
na imagem a seguir: o nó sinoatrial (SA) ou marcapasso, a partir de onde partem 
fibras de condução atrial; o nó atroventricular (AV); o fascículo atrioventricular (ou 
feixe de His); ramos direito e esquerdo do fascículo atrioventricular e ramos suben-
docárdicos (fibras de Purkinje). 
71
Complexo estimulante do coração
Nó sinotrial (SA)
ou marcapaso
Nó atrioventricular
(AV)
Ramos subendocárdicos
(Fibras de Purkinje)
Fibras de
condução atrial
Fascículo
atrioventricular
(Feixe de His)
Ramos
direito e
esquerdo
Fonte: MOORE; DALLEY, 2007. (Adaptado).
Segundo Tortora e Grabowski (2006), as células que compõem essa inervação 
podem estabelecer um padrão rítmico e gerar repetidamente potenciais de ação, 
isto é, impulsos eletroquímicos que se propagam por uma rota específica por todo o 
miocárdio ou músculo cardíaco.
A função de bomba cardíaca depende muito da eficiência da propagação desse 
impulso, que fará com que os átrios contraiam primeira e simultaneamente, produ-
zindo a sístole atrial, e depois os ventrículos, gerando a sístole ventricular. Dessa forma, 
quando os átrios estão em sístole, por estarem sendo contraídos pela propagação do 
impulso por suas paredes, os ventrículos estão em diástole porque o impulso ainda não 
chegou até eles. Esse mecanismo produz a perfeita alternância dos períodos de sístole e 
diástole das câmaras cardíacas, permitindo seu enchimento e esvaziamento alternados.
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3.3.1 Marcapasso cardíaco
Localizada no átrio direito, perto da desembocadura da veia cava superior, existe 
uma estrutura especial constituída de um enovelado de células ou fibras nervosas e 
células ou fibras musculares, denominada nó sinoatrial, nódulo sinoatrial ou marca-
passo. Ela tem a capacidade de gerar o impulso eletroquímico ou potencial de ação 
que percorre os componentes da inervação intrínseca e determina os batimentos alter-
nados dos átrios e ventrículos.
Quando o funcionamento do nó sinoatrial fica comprometido e os mecanismos fisiológicos de 
adaptação cardíaca não conseguem manter ritmo e frequência adequados, é necessária a im-
plantação de uma marcapasso artificial que manterá a atividade elétrica cardíaca.
O potencial de ação é causado por dois eventos: processo de despolarização da 
membrana celular, que resulta do rápido influxo (entrada) de íons sódio para o interior 
da fibra ou célula, e uma corrente mais lenta na mesma direção, constituída por íons 
cálcio que têm a função de impedir a rápida repolarização da célula. Essa repolarização 
é causada pelo efluxo (saída) rápido de íons potássio para o exterior da fibra ou célula. 
Entendemos, então, que o processo de despolarização é causado pela entrada 
rápida de íons sódio e lenta de íons cálcio, que desencadeia o potencial eletroquímico 
que vai percorrer todo o interior do coração, provocando sístole por onde passa. O 
processo de repolarização, por sua vez, é causado pela saída de íons potássio e causa a 
consequente diástole na câmara onde acontece.
3.3.2 Atividade elétrica do músculo cardíaco
O potencial de ação gerado pelo nó sinoatrial é conduzido por fibras atriais, se 
espalha pelos dois átrios, produzindo sua contração, e chega ao nó atrioventricular, 
situado no septo interatrial, onde sofre uma desaceleração que permite ao sangue 
dos átrios fluir para os ventrículos. 
Do nó atrioventricular, o potencial de ação chega ao fascículo atrioventricular e 
se propaga para os ramos direito e esquerdo, que percorrem todo o septo interven-
tricular até chegar ao ápice do coração. A partir do ápice, os ramos subendocárdicos 
conduzem o impulso para toda a parede muscular dos dois ventrículos num sentido 
ascendente, produzindo a contração ventricular simultânea. 
73
Segundo Tortora e Grabowski (2006), a condução de potenciais de ação pelas 
paredes do miocárdio, no sentido dos átrios para os ventrículos, gera correntes elétricas 
que podem ser captadas por eletrodos colocados sobre a pele. O registro dessas 
correntes gera um traçado de ondas-padrão de normalidade: o eletrocardiograma ou 
ECG. Alterações nas ondas do ECG podem ser interpretadas pelo cardiologista e, então, 
revelar patologias nos átrios ou nos ventrículos, como o infarto do miocárdio.
3.3.3 Controle neural do coração
Embora o coração consiga manter seus batimentos com sua inervação intrínseca, 
ele também está sob controle do sistema nervoso autônomo (SNA), que comanda o 
funcionamento de todos os órgãos do corpo humano. Essa inervação é chamada de 
extrínseca porque o controle é feito externamente ao coração. 
Dois componentes da inervação extrínseca agem produzindo respostas geral-
mente opostas nos órgãos: o sistema nervoso parassimpático e o sistema nervoso 
simpático, que têm o papel de adequar os batimentos cardíacos às circunstân-
cias pelas quais o corpo humano passa. Situações que demandam gasto energé-
tico, como aumento da atividade física e respostas emocionais intensas, ativam o 
sistema nervoso simpático, liberando adrenalina ou noradrenalina, que aceleram os 
batimentos cardíacos (taquicardia) e aumentam a força de contração do miocárdio. 
Situações que favorecem a reposição energética, como digestão e repouso, ativam 
o sistema nervoso parassimpático, liberando acetilcolina, que diminui a frequência
cardíaca (bradicardia).
3.4 Rotas circulatórias
O sangue percorre nosso corpo por duas rotas circulatórias principais, que 
formam a circulação sistêmica ou grande circulação e circulação pulmonar ou 
pequena circulação, representadas na imagem a seguir. Compreenderemos nesta 
seção o trajeto completo de cada uma dessas rotas.
74
Circulação sanguínea
Vasos transportando 
sangue desoxi-
Vasos envolvidos 
em trocas gasosas
Vasos transportando 
sangue oxigenado
Capilares
Artéria pulmonar
Veia cava superior
Pulmão
Átrio
esquerdo
Ventrículo 
esquerdo
Veias
pulmonares
Átrio
direito
Valva do tronco 
pulmonar
Valva atrioventricular
esquerda
Aorta
Capilares
Fonte: VAN DE GRAAFF, 2003, p. 539. (Adaptado). 
A circulação sistêmica tem como função conduzir sangue com alta pressão parcial 
de oxigênio para os tecidos, com o objetivo de oxigená-los. Essa circulação se inicia no 
ventrículo esquerdo (VE), que, ao realizar uma sístole de 80 mmHg de pressão, ejeta o 
sangue para a artéria aorta, atravessando a valva aórtica. Essa valva se abre, permitindo 
a passagem do sangue para a artéria aorta, e se fecha quando o ventrículo começa a 
relaxar durante sua diástole, impedindo o refl uxo sanguíneo para o ventrículo esquerdo. 
A artéria aorta, que é de grande calibre, ramifica-se e origina artérias de médio 
calibre, que, por sua vez, dividem-se em artérias de pequeno calibre. Essas pequenas 
artérias originam as arteríolas, que terminam nos capilares, e todas são responsáveis 
por oxigenar os tecidos, inclusive do próprio coração.
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À medida que o sangue percorre seu trajeto, o oxigênio é distribuído na extremi-
dade arterial dos capilares, e a pressão parcial de O2 (PpO2) vai diminuindo; emcontra-
partida, o sangue recebe, também nos capilares, dióxido de carbono, com aumento 
progressivo da pressão parcial de CO2 (PpCO2). Os capilares, agora venosos, originam 
vênulas, que formam veias de pequeno calibre. Essas pequenas veias dão origem 
a veias de médio calibre que drenam sangue venoso ou desoxigenado (pobre em 
O2 e rico em CO2) nas duas veias de grande calibre: a veia cava superior, que recebe 
o sangue da cabeça e da parte superior do corpo, e a veia cava inferior, que obtém
sangue da parte inferior. Ambas desembocam o sangue no átrio direito (AD).
A circulação sistêmica pode ser resumida no seguinte trajeto: 
Coração (VE) Corpo (ramificação da aorta) Coração (AD)
A circulação pulmonar tem a função de conduzir o sangue aos pulmões para 
captar nova cota de oxigênio e expelir o dióxido de carbono. Essa circulação começa 
no ventrículo direito (VD), que realiza uma sístole de apenas 8 mmHg para ejetar 
sangue em direção à artéria tronco pulmonar, atravessando a valva pulmonar, que se 
abre para permitir essa passagem. Quando a sístole do ventrículo direito termina e 
começa sua diástole, a valva fecha, impedindo refluxo do sangue para o ventrículo. 
O sangue ejetado com pressão parcial de oxigênio baixa e pressão parcial de 
dióxido de carbono alta é conduzido para os pulmões direito e esquerdo pelas duas 
ramificações da artéria tronco pulmonar, chamadas de artéria pulmonar direita e artéria 
pulmonar esquerda. Nos pulmões, o dióxido de carbono atravessa a fina membrana 
dos capilares (últimas ramificações das artérias pulmonares) e a dos alvéolos (menores 
unidades do pulmão, onde ocorre troca gasosa), que estão em íntimo contato. Dos 
alvéolos, esse gás é conduzido pelas vias aéreas para ser expelido durante a expi-
ração. O oxigênio contido nos alvéolos faz o caminho contrário, atravessando a fina 
membrana alveolar e a do capilar – que, juntas, formam a membrana respiratória – e 
penetra no sangue. Essa troca de gases alvéolo/capilar é denominada hematose. 
Diferentemente de quando entra nos pulmões, o sangue que sai tem uma pressão 
parcial de oxigênio alta e de dióxido de carbono baixa, portanto, é chamado de sangue 
oxigenado. As quatro veias pulmonares desembocam esse sangue no átrio esquerdo (AE). 
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A circulação pulmonar pode ser resumida no seguinte trajeto: 
Coração (VD) Pulmão Coração (AE)
As imagens a seguir mostram as rotas percorridas pelo sangue oxigenado (repre-
sentado em vermelho) e desoxigenado (em azul).
Rota do sangue dentro do coração 
Cabeça e membros superiores
Pulmão
direito
Pulmão
esquerdo
Tronco e membros inferiores
Fonte: TORTORA; GRABOWSKI, 2006, p. 377. (Adaptado).
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Diagrama do fluxo sanguíneo
Tronco pulmonar e
artérias pulmonares
(sangue venoso ou desoxigenado)
Veias pulmonares
(sangue arterial ou oxigenado)
Nos capilares 
pulmonares, o
sangue perde 
CO2 e ganha O2
Valva pulmonar
Valva aórtica
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Valva atrioventricular
direito (tricúspide)
Valva atrioventricular esquerda 
(bicúspide ou mitral)
Ventrículo direito
Átrio direito
(sangue venoso)
Átrio esquerdo
Ventrículo 
esquerdo
Veia cava
superior
Veia cava
inferior
Seio 
coronário
Aorta e 
artérias
sistêmicas
Nos capilares sistêmicos, o
sangue perde O2 e ganha CO2
Fonte: TORTORA; GRABOWSKI, 2006, p. 377. (Adaptado).
Vimos que na circulação sistêmica, todos os órgãos que compõem os sistemas do 
corpo recebem sangue oxigenado proveniente de ramificações da artéria aorta. Agora, 
conheceremos as porções dessa artéria, as ramificações que ela origina e os órgãos 
que são supridos por elas.
3.4.1 Aorta e principais ramos
A artéria aorta é a artéria de maior calibre do corpo humano e possui quatro 
porções: porção ascendente, arco ou cajado, porção descendente torácica e porção 
descendente abdominal. Da porção ascendente, originam-se as artérias coronárias 
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(direita e esquerda) que irrigam o coração. Do arco da aorta, saem as artérias caró-
tidas comuns (direita e esquerda), que irrigam cabeça, e artérias subclávias, responsá-
veis por mandar o sangue para os membros superiores e parte do encéfalo. A porção 
descendente torácica dá origem às artérias brônquicas, esofágicas, pericárdicas e 
frênicas. Por fim, da porção descendente abdominal, derivam as artérias hepática, 
gástrica, esplênica, mesentérica superior, renais, gonadais e mesentérica inferior.
Principais artérias do corpo humano
Seio carótico
A. carótida externa
A. carótida interna
A. carótida comum E.
A. subclávia E.
Tronco
branquiocefálico
Arco da aorta
Aa. coronárias
Tronco celíaco
A. intercostal
A. mesentérica
superior
A. mesentérica
inferior
A. ilíaca externa
A. radial
A. dorsal do pé
A. vertebral D.
A. subclávia D.
A. axilar
A. torácica interna
A. braquial
A. ulnar
A. radial
A. Itíaca comum
A. Itíaca interna
A. testicular
A. femoral profunda
A. femoral
A. poplítea
A. tibial posterior
A. tibial anterior
Parte descendente da aorta
Fonte: VAN DE GRAAFF, 2003, p. 560. (Adaptado).
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Embora o aprofundamento nesse assunto esteja no âmbito de um curso de espe-
cialização, é importante conhecer ao menos os principais ramos de algumas das arté-
rias citadas anteriormente:
Ramo marginal direito e o descendente posterior ou interventricular posterior.
Artéria coronária direita
Ramos descendente anterior, lateral, marginal esquerdo e circunflexo.
Artéria coronária esquerda
Artéria carótida externa (irriga a face) e artéria carótida interna (irriga parte do encéfalo).
Artéria coronária comum
Artérias axilar, braquial, radial, ulnar, dos arcos palmares e digitais. Também origina a artéria 
vertebral, que irriga o encéfalo juntamente com a artéria carótida interna.
Artéria subclávia
Artérias ilíacas comuns direita e esquerda, que se bifurcam em artérias ilíacas interna e externa 
(direita e esquerda).
Porção descendente abdominal da artéria aorta
Artérias que irrigam órgãos e paredes da pelve.
Artéria ilíaca interna
Artérias que irrigam os membros inferiores: artérias femoral, poplítea, tibial anterior, tibial 
posterior, fibular, artérias do arco do pé e artérias digitais.
Artéria ilíaca externa
80
Toda essa rede de ramificações da aorta transporta o sangue que foi bombeado 
até os capilares, onde ocorre a captação do oxigênio pelas células e de dióxido de 
carbono pelo sangue. Esse sangue deve, então, retornar ao coração para ser nova-
mente bombeado, o que acontece por meio das veias sistêmicas que vão se formando 
a partir da rede capilar.
3.4.2 Retorno venoso
Estudamos que os capilares desembocam o sangue em veias de pequeno calibre, 
que desembocam em veias de médio calibre, que, por sua vez, levam o sangue para a 
veia cava superior e veia cava inferior. Três mecanismos influenciam esse retorno venoso: 
as contrações ventriculares, principalmente do ventrículo esquerdo, as contrações dos 
músculos esqueléticos, que comprimem as veias periféricas, e a bomba respiratória. 
Os músculos da panturrilha (região posterior da perna) são muito importantes 
nesse processo, porque os potentes músculos que a compõem (gastrocnêmio e sóleo) 
realizam uma forte contração que impulsiona o sangue contido nas veias da perna em 
direção ascendente. 
A bomba respiratória, por sua vez, resulta da ação do principal músculo respira-
tório que divide a cavidade torácica da cavidade abdominal: o diafragma, que contrai 
durante a inspiração e desce aumentando a pressão intrabdominal, o que resulta na 
compressão de veias dessa região.
As veias geralmente recebem o nome das artérias que as acompanham condu-
zindo o sangue no sentido contrário. As artérias conduzem sangue oxigenado e as 
veias, desoxigenado. 
81
Principais veias do corpo humano
Vv. cardíacas
V.braquiocéfala esquerda
V. braquiocéfala direita
V. subclávica direita
V. cava superior
V. axilar
V. braquial
V. cava inferior
V. hepática
V. renal
V. testicular direita
V. radial
V. ulnar
V. femoral
V. poplítea
V. tibial posterior
V. tibial anterior
V. safena magna
V. ilíaca externa
V. ilíaca interna
V. ilíaca comum
V. intermédia do cotovelo
V. testicular esquerda
(v. gonadal)
V. cefálica
V. basílica
V. torácica interna
V. subclávia esquerda
V. jugular interna
V. jugular externa
Fonte: VAN DE GRAAFF, 2003, p. 573. (Adaptado).
O sangue da cabeça é trazido pelas veias jugulares, e as do coração, pelas veias 
cardíacas. O sangue dos membros superiores é transportado por veias que, em sua 
maioria, recebem o nome das artérias que as acompanham, acrescidas das veias basílica, 
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cefálica e mediana do cotovelo. As veias dos membros inferiores também são denomi-
nadas conforme as artérias, acrescentando ainda as veias safena magna e safena parva. 
Depois de estudarmos as principais artérias e veias do corpo, é importante 
conhecer os conceitos relacionados à pressão arterial, que é um fator de interferência 
direta na saúde e cujas alterações podem acarretar consequências prejudiciais ao 
funcionamento e à integridade estrutural de vários órgãos do corpo. 
3.4.3 Pressão arterial
O sangue exerce uma pressão contra a parede dos vasos que o contêm, conhecida 
como pressão sanguínea (PS) ou pressão arterial (PA), gerada pela contração dos 
ventrículos. Segundo Tortora e Grabowski (2006), a PS é mais alta na artéria aorta e 
nas artérias sistêmicas de maior calibre, sendo que um adulto jovem em repouso apre-
senta valores em torno de 120 mmHg durante a sístole e 80 mmHg durante a diástole. 
À medida que a distância dos vasos em relação ao ventrículo esquerdo aumenta, a 
pressão vai diminuindo para aproximadamente 93 mmHg nas artérias sistêmicas mais 
periféricas e 35 mmHg nos capilares sistêmicos. 
O conjunto dos vasos sanguíneos do sistema circulatório é fechado e acomoda 
um volume sanguíneo específico, de acordo com o sexo e biotipo (relação altura e peso 
das pessoas) da pessoa. Dessa forma, alterações no volume sanguíneo repercutem 
direto na pressão sanguínea. 
O volume médio de sangue num adulto regula em torno de 5 litros de sangue. 
Qualquer fator que produza redução de mais de 10% desse volume, como hemorragias 
importantes, pode conduzir à hipovolemia e produzir uma crescente queda na pressão 
sanguínea, com consequências graves, incluindo parada cardíaca. Em contrapartida, 
aumentos significativos de volume, que acarretam hipervolemia, por exemplo, por 
alguma falha no mecanismo renal que elimina os excessos de líquido, podem aumentar 
a pressão sanguínea, por não terem sido compensados por mecanismos fisiológicos de 
adaptação.
De acordo com Tortora e Grabowski (2006), a resistência vascular é consequência 
do atrito pela passagem do sangue pelas paredes dos vasos, criando uma oposição 
ao fluxo sanguíneo. Quanto maior a resistência vascular, maior a pressão sanguínea, 
e quanto menor a resistência, menor a pressão. Alguns fatores interferem direta-
mente na resistência vascular, como o tamanho do vaso, a viscosidade do sangue e o 
comprimento total dos vasos sanguíneos. Quanto menor o diâmetro interno do vaso 
sanguíneo, ou seja, quanto menor seu lúmen por vasoconstrição, maior a resistência 
ao fluxo. E quanto maior seu lúmen por vasodilatação, menor a resistência. Quanto 
mais espesso está o sangue, maior é sua viscosidade e maior a resistência vascular. 
83
Dois fatores interferem nessa viscosidade: a proporção de glóbulos vermelhos em 
relação ao volume de plasma e a concentração de proteínas no plasma. 
Além disso, o corpo humano pode desenvolver vasos sanguíneos adicionais em 
várias circunstâncias, um exemplo é o aumento da massa corporal por aumento de 
peso. Quanto maior for o contato do sangue com a parede de um vaso, mais expres-
sivos serão o atrito e a resistência. 
3.4.4 Perfusão sanguínea
A medida do volume de sangue que flui pelos capilares para as células dos 
tecidos, determinando a distribuição de oxigênio e nutrientes, é compreendida como 
perfusão tecidual. Tortora e Grabowski (2006) afirmam que a principal função dos 
capilares é permitir as trocas de nutrientes e material a ser excretado entre o sangue 
e as células dos tecidos, por meio do líquido intersticial, e que a distribuição dos capi-
lares, que são encontrados nas proximidades de quase todas as células do corpo, varia 
de acordo com o grau de atividade metabólica das células de cada tecido. Quanto mais 
elevada a necessidade das células de um tecido, maior a distribuição da rede capilar 
com maior área de superfície disponível para as trocas e vice-versa.
Durante o estudo deste capítulo, conhecemos a constituição e as funções do 
sangue, que nos mantêm vivos e saudáveis. Percebemos também a dependência do 
sistema circulatório sanguíneo da ação bombeadora do coração para manter o fluxo 
constante por rotas específicas, garantindo a atividade celular adequada de cada órgão 
e sistema, tudo graças a fatores anatômicos e fisiológicos interrelacionados. Apesar de 
parecer tão simples estar vivo, uma quantidade surpreendente de fenômenos químicos 
e elétricos estão ocorrendo dentro de nós para manter nossa sobrevivência.
84
Referências 
HERLIHY, B.; MAEBIUS, N. K. Anatomia e Fisiologia do Corpo Humano Saudável e 
Enfermo. Barueri: Manole, 2002.
MARTINI, F. H. Anatomia Humana. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
MOORE, K.; DALLEY, A. F. Anatomia Orientada para a Clínica. 5. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2007.
NETTER, F. H. Atlas de Anatomia Humana. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
SOBOTTA, J.; PUTZ, R.; PABST, R. Atlas de Anatomia Humana. 22. ed. rev. e atual. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
TORTORA, G. J. Princípios de Anatomia Humana. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
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______; GRABOWSKI, S. R. Corpo Humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. 6. ed. 
Porto Alegre: Artmed, 2006.
VAN DE GRAAFF, K. M. Anatomia Humana. 6. ed. Barueri: Manole, 2003.
WOLF-HEIDEGGER, G.; KOPF-MAIER, P. Atlas de Anatomia Humana. 5. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
4 Hematose e oxigenação de células e tecidos
Um dos sistemas vitais para nos manter vivos e saudáveis é o sistema respira-
tório, formado por um conjunto de órgãos que contribuem para que ocorra a respiração 
e também para ajudar a regular o pH sanguíneo, permitir a captação de odores para o 
sentido do olfato, produzir a voz num processo chamado de fonação e preparar o ar para 
chegar aos alvéolos em condições adequadas. 
O pH sanguíneo é a medida de concentração de íons de hidrogênio em uma solução, e sua es-
cala vai de 0 a 14. O valor 7 significa neutralidade, números superiores traduzem aumento de 
alcalinidade, e índices inferiores significam aumento da acidez.
Quando o processo de entrada e saída do ar nas vias aéreas ocorre sem troca 
gasosa, é chamado de ventilação ou condução do ar. Quando ocorre troca gasosa, 
dizemos que há hematose. Mas o que significa respiração do ponto de vista fisiológico 
e qual sua relação com o conceito de hematose? Neste capítulo, elucidaremos essas 
questões enquanto estudamos as funções e etapas do processo respiratório, os órgãos 
que compõem as vias aéreas e as estruturas relacionadas à mecânica respiratória. 
Além de conhecermos a organização anatômica e funcional dos órgãos e estru-
turas envolvidas em nossa respiração, veremos aplicações práticas do conteúdo impor-
tantes para o exercício profissional e também faremos algumas reflexões sobre a 
qualidade da saúde. 
4.1 Vias aéreas
O caminho percorrido pelo ar, desde sua entrada até a chegada aos pulmões, é 
constituído por vários órgãos conhecidos em conjunto como vias aéreas, ilustradas na 
imagem a seguir. 
De acordo com o aspecto anatômico (que leva em conta onde estão localizadas), 
as vias aéreas podem serdivididas em superiores e inferiores por uma linha imagi-
nária que passa pelo queixo em direção à nuca. As vias aéreas superiores (VAS) são 
compostas pelo nariz, os seios paranasais e a faringe. Mais adiante, veremos mais 
detalhadamente como essas partes compõem a cavidade nasal. Já as vias aéreas infe-
riores (VAI) englobam laringe, traqueia e brônquios, que se ramificam sucessivamente 
diminuindo de tamanho (calibre) até originar os bronquíolos, que terminam conduzindo 
o ar inspirado até os alvéolos. Os alvéolos são espaços aéreos muito pequenos que
constituem basicamente toda a estrutura dos pulmões.
86
Pulmões e vias aéreas
Pulmão direito
Pulmão esquerdo
Cavidade nasal
Narina
Faringe
Palato mole
Brônquio
principal
Brônquio
lombar
Brônquio
segmentar
Laringe
As vias também podem ser classificadas conforme o aspecto funcional (consi-
derando a forma como trabalham), isto é, se permitem ou não a passagem de gases 
através de suas paredes. Desse modo, existem também duas divisões: porção de con-
dução do ar e porção respiratória, que estudaremos a seguir. 
4.1.1 Vias aéreas condutoras
As vias aéreas condutoras são formadas pelos órgãos que conduzem o ar sem que 
haja troca gasosa através de suas paredes, que são muito espessas para permitir essa 
passagem. Dizemos, então, que nessas vias não ocorre hematose. 
A porção de condução do ar das vias aéreas é composta por: nariz, faringe, 
laringe, traqueia, brônquios e bronquíolos terminais.
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87
Todo o processo de respiração se inicia no nariz, dividido em nariz externo e 
nariz interno, que é a cavidade nasal. A parte externa é formada pelos ossos nasais, 
pelas cartilagens nasais e contornada pelos ossos maxilares. A cavidade nasal é 
subdivida em duas partes pelo septo nasal, que funciona como uma parede divisória 
e é formado, em sua parte superior, por uma parte do osso etmoide, na parte inferior, 
pelo osso vômer e, em sua parte anterior, por cartilagens. Assim, podemos imaginar 
a cavidade nasal como duas salas iguais divididas por uma parede, cada uma com 
paredes laterais, um teto e um assoalho. O teto é formado por uma das partes do 
osso etmoide, onde existem pequenas aberturas por onde passam as fibras do nervo 
olfatório que vieram do encéfalo. O assoalho da cavidade nasal é formado pelo palato 
duro, que é constituído pelos ossos maxilar e palatino e recoberto de mucosa. 
A cavidade nasal é formada pelas seguintes partes: narinas, vestíbulo nasal, 
região de condução e região olfatória. As aberturas de saída da cavidade nasal são 
chamadas de coanas ou cóanos e só podem ser vistas no crânio.
As narinas são as duas aberturas que dão entrada para as duas partes da cavidade 
nasal. Para entrar em cada uma dessas partes, o ar passa primeiro pelo vestíbulo nasal, 
que é a região logo após as narinas e onde estão as vibrissas, pelinhos revestidos de 
muco, onde aderem partículas suspensas no ar. Esse muco também recobre toda a 
mucosa nasal. Assim, o que não foi filtrado pelas vibrissas pode ficar aderido ao muco 
do restante da cavidade.
A mucosa da cavidade nasal possui muitos vasos sanguíneos para cumprir suas funções, o que 
faz com ela seja propensa a sangramentos nasais chamados de epistaxes. Esses sangramentos 
podem ocorrer por vários fatores, como impactos sobre o nariz, pressão alta e ressecamento 
da mucosa.
A região de condução é a área por onde o ar passa. Nela, ficam as conchas nasais 
média e inferior (também chamadas de cornetos), que são estruturas ósseas recobertas 
pela mucosa nasal, e seus respectivos meatos, isto é, os espaços entre as conchas. 
A concha nasal superior marca a região olfatória, que fica situada logo abaixo do 
teto da cavidade nasal, próxima à concha nasal superior. As estruturas que acabamos 
de estudar podem ser vistas na imagem a seguir.
88
Cavidade nasal
Concha nasal superior
Meato nasal superior
Concha nasal média
Ato do meato médio
Concha nasal inferior
Vestíbulo do nariz
Meato nasal inferior
Tonsila faríngea
(adenoide, se aumentada)
Cóano
Fonte: NETTER, 2011, p. 37. (Adaptado).
Para auxiliar na adequação do ar que entra em nosso corpo, existem os seios 
paranasais, que são cavidades em alguns ossos do crânio que contêm ar. Os seios 
paranasais são: seios maxilares, seios etmoidais, seio esfenoidal e seio frontal, ilus-
trados na imagem a seguir. Todos eles possuem aberturas que os comunicam com a 
cavidade nasal e são revestidos internamente pelo mesmo tipo de mucosa dessa cavi-
dade. Processos patológicos que afetem a mucosa podem se espalhar para a mucosa 
dos seios e desencadear sinusite, caracterizada pela presença de uma secreção que 
preenche os seios no lugar do ar.
Seios paranasais
Seio frontal
Seio esfenoidal
Seio maxilar
Seio etmoidal
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Se respirarmos corretamente pelo nariz, o próximo órgão na passagem do ar 
será a faringe. Ela tem o formato de um tubo muscular situado logo atrás da cavidade 
nasal, da cavidade oral e da laringe, possuindo três porções relacionadas a elas. 
A primeira é a porção nasal da faringe (superior) ou nasofaringe, que continua 
logo após a cavidade nasal e permite a condução do ar. Nela, ficam localizadas as 
tonsilas faríngicas, como pode ser visto na imagem “Cavidade nasal”. Quando aumen-
tadas devido a um processo patológico, são conhecidas como adenoides.
A porção bucal da faringe (média) ou orofaringe é a porção que pertence 
tanto ao sistema respiratório quanto ao sistema digestório, uma vez que permite a 
passagem do ar (função respiratória) e participa da deglutição (ingestão) de alimentos 
(função digestória). É nesse local que ficam as tonsilas palatinas (amígdalas). 
A porção laríngea da faringe (inferior) ou laringofaringe é a última porção 
da faringe localizada atrás da laringe, por onde passa apenas o ar e onde ocorre a 
fonação (fala). Nessa porção, a faringe continua servindo como trajeto para ar e para 
o alimento e, a partir dela, o ar é conduzido para a traqueia, e o bolo alimentar, para o
esôfago. Todas as porções da faringe podem ser observadas na figura a seguir.
Porções da faringe
Palato mole
Lábios
Nariz
Epiglote
Língua
Esôfago
(via digestória)
Traqueia
 (via respiratória)
Nasofaringe
Orofaringe 
Laringofaringe 
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Após passar pela cavidade nasal e pela faringe, o ar chega até a laringe, um tubo 
cartilaginoso situado na frente do nosso pescoço, que pode ser palpado, ou seja, 
tocado com as mãos. Ela é constituída por um conjunto de cartilagens: cartilagem 
epiglote, cartilagem tireoide, cartilagem aritenoide e cartilagem cricoide, ilus-
tradas na próxima figura.
90
Cartilagens da laringe
Cartilagem
epiglote
Cartilagem
tireoide
Cartilagem
aritenoide
Cartilagem
cricoide
Vista anterior Vista posterior
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Como também é possível ver na imagem, logo abaixo da cartilagem cricoide da 
laringe, está a traqueia, constituída por 18 a 20 anéis incompletos de cartilagem, cada 
um preso a outro pelos ligamentos anulares de tecido fibroso que conferem mobili-
dade ao pescoço. Na parte posterior, a abertura dos anéis é fechada pela membrana 
da traqueia, que é elástica e permite a expansão do esôfago (situado posteriormente à 
traqueia) quando deglutimos volumes alimentares grandes. 
A traqueia termina numa cartilagem chamada de carina da traqueia, e a partir 
dela, os brônquios se ramificam sucessivamente, formando uma imagem que lembra 
uma árvore, como mostra a imagem a seguir. É daí que vem o nome árvore brônquica 
para toda a ramificação dos brônquios.
Traqueia e ramificações dos brônquios
Traqueia
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traqueiaBrônquio
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91Durante todo o trajeto do ar, desde a cavidade nasal até os bronquíolos termi-
nais da árvore brônquica, o ar foi apenas conduzido, sem captação de oxigênio para as 
células, o que acontecerá somente na respiração pulmonar. Esse processo é executado 
pelas vias aéreas respiratórias.
4.1.2 Vias aéreas respiratórias
As vias aéreas respiratórias são constituídas pelas estruturas que não apenas 
conduzem o ar, mas também realizam troca gasosa, ou seja, hematose, uma vez que 
suas paredes são constituídas por um tipo de epitélio especial (tecido de revestimento) 
adaptado. Essa adaptação garante que os gases o atravessem, porque as membranas 
que esse epitélio forma e que constituem as paredes dessas vias aéreas são suficiente-
mente delgadas, ao contrário das outras vias, cujos epitélios de revestimento não são 
especializados. 
Em nosso corpo, as estruturas que possuem essas características e, portanto, 
integram a porção respiratória das vias aéreas, são: bronquíolo respiratório, ductos 
alveolares, sacos alveolares e alvéolos, estruturas que compreenderemos mais 
adiante, ao estudarmos a ramificação ou segmentação dos brônquios. 
4.1.3 Funções das vias aéreas
O ar que é conduzido pelas vias áreas deve chegar aos alvéolos livre de partí-
culas ou micro-organismos o máximo possível e também deve estar numa temperatura 
próxima a do corpo (36,5°C) e adequadamente úmido. As vias aéreas são construídas 
de modo a contribuir para essa adequação do ar com estruturas que vão participar da 
filtração do ar e da regulação de sua temperatura e umidade. 
A primeira via aérea que entra em contato com o ar é nosso nariz. As funções da 
cavidade nasal são:
Conduzir o ar da entrada da cavidade nasal pelas narinas até o começo da faringe, que fica logo após as 
conchas nasais;
Filtrar partículas do ar por meio das vibrissas do vestíbulo nasal e partículas menores – que ficam aderidas 
no muco – porque não devem chegar aos pulmões, onde obstruiriam os alvéolos;
Adequar a temperatura e da umidade do ar externo de acordo com a situação corporal, o que ocorre 
devido ao contato do ar com a mucosa úmida e aquecida que recobre as conchas nasais;
92
Realizar a olfação, por intermédio das fibras do nervo olfatório que atravessam o osso etmoide;
Ajudar na fonação, por atuar como uma câmara de ressonância que amplia, modifica ou prolonga o som.
O ar, então, segue seu trajeto pela faringe, que serve para passagem tanto do ar 
quanto de alimento, e pela laringe. Apesar dos nomes semelhantes, essas estruturas 
têm constituição e funcionamento distintos, e diferenciá-las é muito importante na 
prática de profissionais da saúde. 
A faringe é uma via tanto respiratória quanto digestória, mas a laringe é exclu-
sivamente respiratória, e qualquer corpo estranho que passar por ela ficará alojado 
no interior do pulmão, ocasionando distúrbios patológicos. Nesse sentido, a epiglote, 
logo na entrada da laringe, desempenha um papel fundamental, agindo de forma 
reflexa para fechar a laringe quando engolimos um alimento para que nenhum corpo 
estranho sólido ou líquido entre nas vias aéreas. 
Mesmo assim, engasgos podem acontecer. Caso ocorra obstrução do fluxo aéreo, 
a melhor técnica para expelir o corpo estranho é a manobra de Heimlich, que funciona 
da seguinte forma: uma pessoa deve se posicionar atrás da vítima e envolver com os 
braços seu tórax, na região logo abaixo das últimas costelas, com as mãos se entrela-
çando na frente. Feito isso, a pessoa deve se realizar uma compressão forte e súbita 
para dentro e para cima, que vai aumentar a força da expiração da vítima, fazendo-a 
expelir o corpo estranho. 
Manobra de Heimlich
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Nos hospitais, é comum o uso de duas sondas que passam pela laringe e pela 
faringe quando os pacientes não conseguem tossir nem expectorar ou quando não 
podem se alimentar por estarem muito fracos, sedados ou em coma. A sonda nasotra-
queal (que passa pelo nariz, faringe, laringe e traqueia) é usada para aspirar secreções 
pulmonares, e a sonda nasogástrica (que passa pelo nariz, faringe, esôfago e estô-
mago) conduz substâncias nutritivas.
Por que a sonda de alimentação não é feita pela boca, e sim pelo nariz? Porque se fosse intro-
duzida na boca, desencadearia o reflexo de vômito quando alcançasse o final da língua. 
A laringe ainda está associada a outra importante função de nosso organismo: a 
produção da voz. É o que veremos a seguir. 
4.1.4 Produção de voz
A elaboração da fala é chamada de fonação. Para articularmos uma simples 
palavra, várias estruturas anatômicas são recrutadas e trabalham de forma sincroni-
zada e harmônica. Entre essas estruturas, estão pequenos músculos que movem carti-
lagens onde as cordas vocais estão fixadas. 
Na cavidade da laringe, ficam as pregas vocais (ou cordas vocais) fixadas ante-
riormente na parte de dentro da cartilagem tireoide e posteriormente nas cartilagens 
aritenoides. Vários pequenos músculos movem essas cartilagens, fazendo com que as 
pregas vocais sejam tensionadas ou relaxadas. O grau de tensão ou relaxamento inter-
fere na tonalidade dos sons. Se as pregas ficam tensas, o som produzido é agudo e, se 
ficam relaxadas, o som é grave. 
Existem dois tipos de pregas. O primeiro é o das pregas vocais verdadeiras, 
também conhecidas como glote. O espaço entre elas é chamado de rima da glote. 
Um pouco abaixo da entrada na laringe, estão localizadas as pregas vestibulares 
ou pregas vocais falsas, que não participam da produção da voz, mas sim, são respon-
sáveis por manter uma pressão do ar na cavidade torácica, que pode aumentar quando 
fazemos força. 
Conhecer a estrutura interna da laringe é importante para compreender o que 
ocorre em situações como o edema de glote, que é o inchaço das pregas vocais decor-
rente de reação alérgica, que pode evoluir para um fechamento da passagem do ar 
entre as pregas, desencadeando asfixia e morte por parada respiratória. As pessoas 
podem desenvolver alergia aos mais variados fatores, como remédios, corantes 
alimentícios e até alguns tipos de alimentos, como frutos do mar. Em situações como 
94
essa, o encaminhamento ao hospital deve ser imediato, onde substâncias antialérgicas 
poderão ser aplicadas via oral ou injetável (intramuscular ou endovenosa). A escolha 
dependerá do grau de fechamento da passagem do ar que causa dificuldade respira-
tória crescente (dispneia). 
4.2 Respiração pulmonar
A respiração pulmonar acontece por meio da membrana respiratória ou 
membrana alveolocapilar, que é formada pela parede alveolar e a parede capilar. 
Embora cada membrana seja constituída por células que formam um epitélio pavi-
mentoso simples e acabam por formar duas paredes, a espessura, mesmo dupla, 
ainda é muito fina. Assim, moléculas de oxigênio conseguem atravessar essa parede 
e passar para o sangue, também atravessando a parede dos capilares sanguíneos que 
circundam os alvéolos. Da mesma forma, moléculas de dióxido de carbono passam 
através da parede do capilar e do alvéolo, indo para seu interior.
4.2.1 Mecânica da ventilação pulmonar
Vários músculos trabalham para produzir os movimentos respiratórios de inspiração e 
expiração que garantem, em conjunto, a mecânica da ventilação pulmonar. Esses músculos 
se dividem em dois grupos: os músculos respiratórios principais e os acessórios.
Músculos respiratórios
Esternoclidomastóideo
Escalenos
Intercostais externos
Intercostais internos
(parte intercondral)
Diafragma
Intercostais internos
(excluindo a parte
intercondral)
Oblíquo externo
do abdome
Oblíquo interno
do abdome
Transverso
do abdome
Reto do abdome
Fonte: VAN DE GRAAF, 2003, p. 620. (Adaptado).
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Os músculos respiratórios principais agem tanto na inspiração tranquila quanto na 
forçada aumentando a caixa torácica para a entrada do ar nos pulmões. O diafragma, 
com formato de cúpula, separa a cavidade torácica da cavidade abdominal e contrai e 
desce durante a inspiração, aumentando acavidade torácica longitudinalmente. Já os 
músculos intercostais externos, localizados entre as costelas, contraem e elevam-nas, 
aumentando a cavidade transversalmente.
Os músculos respiratórios acessórios atuam na inspiração ou na expiração 
forçada. Os que atuam como acessórios inspiratórios são: músculo esternocleidomas-
toide, músculos escalenos (situados na lateral do pescoço) peitoral maior, peitoral 
menor, entre outros, que agem elevando o osso esterno e as primeiras costelas, 
contribuindo para um maior aumento da caixa torácica para uma maior expansão 
pulmonar. Já os músculos intercostais internos e abdominais atuam durante a expi-
ração forçada que ocorre quando tossimos, assopramos com força ou nos exercitamos. 
Eles puxam as costelas para baixo, diminuindo a caixa torácica e consequentemente 
comprimindo os pulmões e os músculos abdominais, criando uma compressão sobre 
os órgãos do abdome. Essa movimentação força o diafragma para cima, aumentado a 
compressão dos pulmões e favorecendo a expiração. Na sequência, descobriremos as 
diferenças entre os dois pulmões e conheceremos o local pelo qual várias estruturas se 
relacionam com os pulmões.
4.2.2 Hilo, raiz e lobos pulmonares
O ar inalado pelo nariz entra nos pulmões por meio do hilo ou raiz pulmonar, 
uma região na face medial dos pulmões onde se encontra o ponto por onde estru-
turas entram ou saem dele. É como se fosse a “porta” dos pulmões. Nos hilos direito e 
esquerdo, encontram-se os brônquios principais, a artéria pulmonar, veias pulmonares, 
vasos linfáticos e nervos, elementos que podem ser vistos na figura a seguir.
96
Anatomia do pulmão
Ápice
Área para traquéia e esôfago
Sulco para o arco da aorta
Fissura oblíqua
Artéria pulmonar 
Brônquio
Manguito pleural
Veias pulmonares 
Sulco para a parte
descendente da aorta
Ligamento pulmonar
Área para o esôfago
Sulco para a
Artéria subclávia
Sulco para a 1ª costela
Margem anterior
Impressão cardíaca
Incisura cardíaca
Língula
Fissura oblíqua
Face
diafragmáticaMargem inferior
Linfonodo
broncopulmonar(hilar)
Fonte: MOORE; DALLEY; AGUR, 2010, p. 112. (Adaptado). 
Os pulmões são compostos por lobos, que são separados pelas fissuras e 
formados por pequenas partes denominadas segmentos. O pulmão direito possui 
três lobos: superior, inferior e médio, separados pelas fissuras oblíqua e horizontal. O 
pulmão esquerdo possui apenas dois lobos: superior e inferior, separados pela fissura 
oblíqua, porque o coração ocupa o espaço que seria do lobo médio.
Lobos e fi ssuras do pulmão
Ápice
Lobo
superior
ANTERIOR
Fissura
horizontal
Fissura oblíqua Fissura
oblíqua
(a) Vista lateral do pulmão direito (b) Vista lateral do pulmão esquerdo
Lobo inferior
Lobo
inferiorPOSTERIOR
Incisura
cardíaca
Lobo
médio
Base
Fonte: TORTORA, 2007, p. 792. (Adaptado).
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Cada brônquio é uma via aérea que conduz o ar para uma parte específica, o que 
compreenderemos no próximo item.
4.2.3 Segmentação dos brônquios
Os brônquios se originam a partir da traqueia e vão sofrendo várias ramificações, 
como mostra a imagem a seguir. 
Árvore brônquica
Laringe
Traqueia
Carina
Brônquio principal 
esquerdo
Brônquio lobar 
esquerdo
Brônquíolo
Brônquíolo
esquerdo
Brônquio segmentar
esquerdo
Pleura visceral
Pleura parietal
Pleura pleural
Brônquio principal 
direito
Brônquio lobar 
direito
Brônquíolo
Brônquíolo terminal
direito
Brônquio segmentar
direito
Fonte: TORTORA, 2007, p. 787. (Adaptado).
A denominação de cada brônquio está relacionada à parte para onde ele conduz o ar:
Brônquios pulmonares ou principais
Conduzem ar para os pulmões direito e esquerdo.1
Brônquios lobares
Originam-se a partir da ramificação dos brônquios pulmonares e conduzem ar para os lobos.2
Brônquios segmentares
Originam-se dos brônquios lobares e conduzem ar para cada segmento dos lobos.3
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A partir dos brônquios segmentares, começam ramificações ainda menores, os 
bronquíolos terminais (que não possuem alvéolos brotando de suas paredes) e, por 
fim, os bronquíolos respiratórios (que possuem alvéolos que realizam hematose, por 
isso, recebem o nome de respiratórios).
Podemos, então, compreender a sequência da árvore brônquica da seguinte forma:
Ramificação da árvore brônquica
Traqueia
Bronquíolos
Brônquio principal 
(primário)
Bronquíolos respira-
tórios terminais
Brônquio lobar 
(secundário)
Brônquio segmentar 
(terciário)
Fonte: TORTORA, 2007, p. 787. (Adaptado).
Assim como os bronquíolos respiratórios, os alvéolos também são vias aéreas 
respiratórias. Eles possuem células alveolares formando suas finíssimas paredes e 
células secretoras que produzem um fluido alveolar umidificador do ar e das paredes 
que contém uma substância chamada de surfactante. Se um alvéolo esvaziar, suas 
paredes tendem a colapsar, ou seja, grudar, e a substância surfactante tem a função de 
tentar reduzir essa tendência. Por fim, no interior dos alvéolos ainda existem macró-
fagos, células que fagocitam, ou seja, ingerem quaisquer partículas estranhas.
As membranas que revestem, envolvem e protegem os pulmões e a caixa torácica 
por dentro são denominadas pleuras e estão distribuídas da seguinte maneira: pleura 
pulmonar, aderida diretamente aos pulmões, e pleura parietal, que é uma continui-
dade da pleura pulmonar e se adere internamente à parede da caixa torácica. 
99
Pleuras
Pleura parietal
Cavidade pleural
Pleura pulmonar
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Entre as pleuras, existe um espaço pleural, também chamado de cavidade 
pleural, que contém o líquido pleural, com a função de lubrificação e redução de atrito 
entre as pleuras. Nesse espaço, deve haver apenas uma pequena quantidade de líquido 
pleural, caso ela aumente, ocorre o derrame pleural. Se houver ar entre as pleuras,
denominamos pneumotórax, se existir sangue, dizemos hemotórax, e a presença de pus 
é o que chamamos de empiema. Todas essas condições patológicas precisam ser rever-
tidas com a retirada da substância estranha do espaço pleural por intermédio de um 
dreno, colocado nos últimos espaços entre as costelas. 
Após vermos as membranas relacionadas aos pulmões e à caixa torácica e como 
estão distribuídas, veremos como acontece o processo de hematose, que é o objetivo 
de todos os órgãos que compõem o sistema respiratório.
4.2.4 Hematose
Fisiologicamente, a respiração consiste na captação do gás oxigênio, proveniente 
do ar atmosférico que chega, por meio da inspiração, pelas vias aéreas e vai até os 
alvéolos. Neles, o oxigênio passa através da membrana respiratória para o sangue dos 
capilares. A troca de gases que ocorre nos pulmões entre os alvéolos e o sangue dos 
capilares pulmonares é chamada de hematose ou respiração externa e inclui também 
a passagem de dióxido de carbono do sangue capilar para o alvéolo, de onde será 
eliminado durante a expiração, fazendo o caminho oposto do oxigênio.
100
A pressão de um gás em uma mistura é denominada pressão parcial. Na hema-
tose, cada gás passa, por difusão, de uma área onde sua pressão parcial é maior para 
outra, em que sua pressão parcial é menor. Desse modo, a hematose ocorre para 
transformar o sangue com pressão parcial baixa em oxigênio (sangue desoxigenado/
venoso) em sangue com pressão parcial alta de oxigênio (sangue oxigenado/arterial)
Difusão é o processo no qual um gás passa de uma área onde sua pressão parcial é maior para 
outra em que sua pressão parcial é menor.
A qualidade da captação de oxigênio pelos capilares depende da integridade 
e disponibilidade dos alvéolos e dos capilares, cujas paredes sobrepostas formam a 
membrana respiratória. Assim, quanto mais alvéolos estiverem livres de lesões, secre-
ções ou partículas que poderiam obstruí-los e quanto mais capilares estiverem íntegros, 
melhor e mais efetiva será a hematose.4.3 Respiração tecidual
A troca de gases entre as células dos tecidos e o sangue, quando as células 
recebem o oxigênio e entregam o dióxido de carbono, é chamada de respiração teci-
dual ou respiração interna. Nesta seção, elucidaremos esse processo, compreen-
dendo o transporte de oxigênio para os tecidos e o trajeto do dióxido de carbono, o 
gás que deve ser eliminado de nosso organismo.
4.3.1 Transporte de oxigênio para os tecidos
O sangue rico em oxigênio é distribuído para as células do corpo, por toda a rede 
arterial, para realização de suas atividades metabólicas. Esse transporte ocorre com o 
auxílio da hemoglobina, uma proteína plasmática contida nas hemácias ou eritrócitos 
(glóbulos vermelhos). Isso porque a parte líquida do sangue é o plasma, e o oxigênio 
não se dissolve em solução aquosa com facilidade. 
Assim, o oxigênio é conduzido agregado à hemoglobina num conjunto denominado 
oxiemoglobina. Essa ligação é reversível de acordo com as necessidades celulares, então, 
quando o plasma sanguíneo contém muito oxigênio (pressão parcial de oxigênio alta), 
ele se liga proporcionalmente à hemoglobina, que atua como meio de transporte.
101
4.3.2 Absorção de oxigênio pelas células
No plasma dos tecidos, onde a quantidade de oxigênio é pequena, a hemoglobina 
libera o oxigênio, que se difunde do plasma para o líquido intersticial e dali para as células. 
As células, então, recebem e consomem o oxigênio trazido pelo sangue para 
produzir, em seu interior, reações metabólicas que geram ATP (adenosina trifos-
fato), que é um composto relacionado ao fornecimento de energia para o corpo. Esse 
processo é a respiração celular, e seu produto tóxico é o dióxido de carbono.
4.3.3 Difusão de dióxido de carbono para o líquido extracelular
Quantidades aumentadas de dióxido de carbono podem produzir uma condição 
patológica chamada de acidez, que pode ser tóxica para as células. Por essa razão, ele 
precisa ser eliminado do organismo. Para tanto, ele segue o seguinte trajeto: primeiro, 
é transportado pelo sangue até os alvéolos e atravessa a membrana respiratória por 
difusão, uma vez que a pressão parcial de dióxido de carbono será maior no sangue do 
que no alvéolo. Os alvéolos, então, recebem esse gás dos capilares e os eliminam pelas 
vias aéreas no processo de expiração, que ocorre no sentido contrário ao da inspiração. 
4.3.4 Transporte de dióxido de carbono para os pulmões
De acordo com Martini (2009) e Tortora e Grabowski (2006), o dióxido de carbono 
pode ser conduzido num percentual de 9% dissolvido no plasma, em 13% ligado à 
hemoglobina (constituindo a carbaminoemoglobina) e, na maior porcentagem, na 
forma de íons bicarbonato (HCO3). A pressão parcial de dióxido de carbono das células 
teciduais (45 mmHg) é maior do que a do sangue contido no capilar (40 mmHg), por 
isso, o gás passará das células para o sangue por difusão, através do líquido intersticial 
Tanto o sistema respiratório quanto o sistema circulatório contribuem para 
captação de oxigênio e eliminação de dióxido de carbono. O coração recebe e bombeia 
o sangue, mantendo uma circulação contínua. O trajeto que conduz o sangue do
coração até os pulmões para oxigenação e depois de volta dos pulmões para o coração
é chamado de pequena circulação ou circulação pulmonar, que faz o trajeto: coração –
pulmão – coração. Depois, o sangue rico em oxigênio de que as células precisam é
bombeado pelo coração para o corpo num trajeto maior, chamado de grande circu-
lação ou circulação sistêmica, que compreende: coração – corpo – coração.
Vimos que o sistema respiratório trabalha em sincronia e parceria com o sistema 
sanguíneo, mas quem controla para que suas funções sejam executadas dentro de um 
equilíbrio é o sistema nervoso. Veremos agora como acontece esse controle.
102
4.4 Regulação da respiração
O sistema nervoso controla todas as funções de nosso corpo por meio dos neurô-
nios, incluindo nossos processos respiratórios, que são resultados de ações musculares 
e possuem ritmo e frequência que precisam estar adequados às demandas de oxigênio 
geradas pelas atividades que o corpo executa. 
Núcleos que constituem o centro respiratório
Ponte
Bulbo
Centro
pneumotáxico
Centro
apnêustico
Centro
expiratório
Centro
inspiratório
©
 B
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o)
.
As partes que controlam os eventos respiratórios são formadas por grupos de 
neurônios ou núcleos localizados no encéfalo, que constituem o centro respiratório.
4.4.1 Centro respiratório
O centro respiratório é organizado em três pares de núcleos. A área bulbar, da 
ritmicidade ou centro rítmico da respiração controla o ritmo básico da respiração e 
possui duas subáreas: a área inspiratória ou grupo respiratório posterior (também 
denominada centro inspiratório) e o grupo respiratório anterior (também chamado 
de centro expiratório). Na ponte, estão localizados dois centros: apnêutico e pneu-
motáxico, que controlam a velocidade e a profundidade da respiração respondendo a 
alguns estímulos sensitivos ou a comandos de centros superiores.
4.4.2 Influências sobre o centro respiratório
O ritmo, a frequência e as ações musculares respiratórias são determinados e 
coordenados por áreas do tronco encefálico, mas outras áreas do encéfalo e vários 
fatores podem interferir nesses e em outros fatores, como os seguintes: 
103
Nosso córtex cerebral é a área do sistema nervoso que exerce controle sobre todas as funções 
neurológicas, mesmo quando atribuídas a outras partes do encéfalo. Dessa forma, mesmo que o 
bulbo do tronco encefálico seja a principal área relacionada ao controle respiratório, nosso córtex 
pode modificar nossa respiração de acordo com nossa vontade, embora não consiga produzir uma 
parada voluntária em função de mecanismos neurológicos protetores de centros respiratórios.
Controle voluntário
Os níveis dessas substâncias nos fluidos corporais são controlados por quimiorreceptores, que 
são neurônios especiais sensíveis às alterações dos níveis adequados dos gases.
Níveis de dióxido de carbono e oxigênio 
A frequência respiratória pode aumentar frente a situações de febre e exercícios físicos e dimi-
nuir em casos de hipotermias.
Temperatura corporal
Dores intensas e súbitas podem produzir paradas respiratórias temporárias ou aumentar a 
frequência respiratória quando atingem pele, ossos músculos e articulações. Quando a dor é 
proveniente de algum órgão, entretanto, geralmente diminui a frequência.
Impulsos dolorosos
Situações de ansiedade, alegria e tristeza extremas, depressão, medo etc., controladas pelo 
sistema límbico e hipotálamo, podem desencadear impulsos que serão enviados a centros 
respiratórios e produzirão alterações na respiração.
Fatores emocionais
São estruturas neurológicas especiais que inspecionam os movimentos articulares e musculares 
e enviam impulsos nervosos ao centro respiratório do bulbo dependendo da intensidade das 
atividades físicas e da quantidade de oxigênio que demandarão.
Proprioceptores articulares e musculares
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O processo de respiração é complexo e envolve muitas variáveis, portanto, o 
sistema nervoso tem um papel primordial. É ele que controla os músculos que atuam 
na inspiração e na expiração, como veremos a seguir.
4.4.3 Controle dos músculos inspiratórios e expiratórios
De acordo com Martini (2009), o grupo respiratório posterior exerce controle 
sobre neurônios motores que produzem a contração dos principais músculos da inspi-
ração (músculo diafragma e músculos intercostais), atuando tanto na respiração 
normal quanto na respiração forçada. 
O grupo respiratório anterior, por sua vez, atua somente durante a respiração 
forçada, exercendo controle sobre neurônios motores que inervam músculos acessó-
rios que contraem na expiração ativa e na inspiração máxima. Os neurônios do grupo 
respiratório anterior relacionados com a respiração ativa são, algumas vezes, conside-
rados componentes do centro expiratório.
4.4.4 Doença pulmonar obstrutiva crônicaExiste um grupo de doenças respiratórias muito comuns conhecidas pela sigla 
DPOC, que significa doenças pulmonares obstrutivas crônicas. A asma, a bronquite e o 
enfisema fazem parte desse grupo de enfermidades. 
A asma é uma doença inflamatória das vias aéreas, desencadeada por processos 
alérgicos em resposta a fatores como pólen, ácaros, certos medicamentos (aspirina 
e antiinflamatórios) e alguns produtos químicos (perfumes, produtos de limpeza), 
entre outros. Os sinais e sintomas incluem tosse, geralmente produtiva (que produz 
secreção), falta de ar, cianose de extremidades (unhas e lábios azulados) e “chio de 
peito”. Esse “chio” ou sibilo é um som produzido pela passagem dificultada do ar pelos 
bronquíolos que estão estreitados pela contração de pequenos músculos lisos situados 
ao redor de suas paredes, em função da reação alérgica. A asma pode levar à morte se 
essa constrição não for revertida, e o tratamento consiste em medicamentos bronco-
dilatadores e antiinflamatórios e fisioterapia.
A bronquite também é um processo inflamatório e é caracterizada por produção 
excessiva de muco (secreção) e edema (inchaço interno) das vias aéreas. A mucosa 
que reveste as vias aéreas internamente, principalmente os brônquios, produz muco 
em quantidade proporcional a fatores alérgenos ou irritantes. Assim, quanto mais 
exposta à inalação de substâncias irritantes, como fumaça do cigarro e poluição, maior 
quantidade de muco será produzida. Para ser considerada crônica, a bronquite deve 
perdurar por pelo menos três meses num ano e se repetir por dois anos consecutivos. 
O tratamento consiste em medidas para reduzir a resposta inflamatória e eliminar as 
105
secreções com medicamentos e fisioterapia, além disso, é essencial afastar a pessoa 
dos fatores desencadeantes.
O enfisema é uma doença respiratória presente na maioria dos fumantes e também 
nas pessoas não fumantes, mas muito expostas à fumaça do cigarro, isto é, fumantes 
passivos. Em função das substâncias tóxicas presentes na fumaça inalada do cigarro, 
ocorre uma destruição das paredes que separam os alvéolos, tornando-os incapazes de 
participar da hematose. Sem as paredes divisórias, os sacos alveolares formam “bolhas 
de ar morto”. Assim, as pessoas com enfisema têm muita falta de ar, porque as áreas 
respiratórias destruídas não captarão oxigênio, mesmo cheias de bolhas de ar.
A eficácia funcional e a adequação estrutural de cada sistema de nosso orga-
nismo dependem da quantidade e da qualidade do suprimento de oxigênio recebido 
e da prontidão com a qual o dióxido de carbono é eliminado. Assim, ao término deste 
capítulo, podemos concluir que não basta respirar de forma superficial e inadequada. 
Uma melhor captação de oxigênio e eliminação de dióxido de carbono repercute dire-
tamente na melhora qualidade de vida, assim como o inverso é verdadeiro. Pessoas 
que respiram superficialmente ou que possuem distúrbios ou patologias que compro-
metam a hematose direta ou indiretamente terão várias consequências danosas para 
o funcionamento do seu corpo, desde as mais simples, como dores de cabeça e dificul-
dade de concentração, como as mais complexas, que acarretam prejuízo nos órgãos e
sistemas e em suas funções.
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Referências
HERLIHY, B.; MAEBIUS, N. K. Anatomia e Fisiologia do Corpo Humano Saudável e 
Enfermo. Barueri: Manole, 2002.
MARTINI, F. H. Anatomia Humana. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R. Anatomia Orientada para a Clínica. 6. ed. 
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
NETTER, F. H. Atlas de Anatomia Humana. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
TORTORA, Gerard J. Princípios de Anatomia Humana. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2007.
______ ; GRABOWSKI, S. R. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. 6. ed. 
Porto Alegre: Artmed, 2006.
______; NIELSEN, M. T. Princípios de Anatomia Humana. 12. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2013
VAN DE GRAAFF, K. M. Anatomia Humana. 6. ed. Barueri: Manole, 2003.

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