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PRIMEIRA PARTE 
A difusão da cultura grega 
O termo Grécia Antiga é largamente usado para descrever, em seu 
período clássico antigo, o mundo grego e áreas próximas, como a Ilha de Chipre, 
a Anatólia, o sul da Itália, da França e a costa do Mar Egeu, além de 
assentamentos gregos no litoral de outros países, como o Egito. 
Não há uma data específica ou até mesmo um acordo com relação ao 
período em que teve início e terminou a Grécia Antiga. Costuma-se situá-la antes 
do Império Romano, mas os historiadores empregam o termo Grécia Antiga de 
modo mais preciso, abrangendo desde os primeiros Jogos Olímpicos, realizados 
em 776 a.C., até a morte de Alexandre, o Grande, em 323 a.C. O período 
seguinte é chamado de helenismo, com a difusão da cultura grega. Todas essas 
datas são convenções dos historiadores; no entanto, vários estudiosos 
consideram a Grécia Antiga como um período presente até o advento do 
cristianismo, no terceiro século da era cristã. Do ponto de vista geográfico, o 
território ocupado pela antiga civilização grega não se identifica plenamente com 
a região da Grécia contemporânea, e também não existiu um estado 
politicamente unificado entre os gregos antigos. 
Localizado no sul da Península Balcânica, o território da Grécia 
Continental destaca-se pelo relevo montanhoso. A cordilheira dominante é a dos 
Montes Pindo, que separa a costa oriental, banhada pelo Mar Egeu, da costa 
ocidental, banhada pelo Mar Adriático. Na Grécia Central, entre o Golfo de 
Corinto e o Mar da Eubeia, situa-se a Beócia, cuja principal cidade na 
antiguidade era Tebas. Os Montes Citéron separavam a Beócia da Península da 
Ática, onde se encontram as cadeias do Himeto, do Pentélico e do Parnes. No 
Peloponeso, distinguiam-se também várias regiões. Ao centro, situa-se a 
Arcádia, uma planície rodeada por montanhas. A Lacônia situa-se na Região 
Sudeste, compreendendo o Vale do Rio Eurotas, delimitado a oeste pelo Monte 
Taígeto e a oriente pelo Monte Párnon. No sudoeste do Peloponeso, encontra-
se a Messénia. 
História 
O povo grego originou-se de outros povos que migraram para a Península 
Balcânica em várias fases, começando no terceiro milênio a.C. Entre eles, 
merecem destaque os aqueus, os jônicos, os dóricos e os eólios, todos indo-
arianos provenientes da Europa Oriental. As populações invasoras são, em 
geral, conhecidas como “helênicas”, pois sua organização de clãs 
fundamentava-se, no que concerne à mítica, na crença de que descendiam do 
herói Heleno, filho de Deucalião e de Pirra. A última das invasões foi a dos 
dóricos, no final do segundo milênio a.C. 
 
 
Divisão dos períodos 
• Pré-Homérico (1900-1100 a.C.) – anterior à formação do homem grego e da 
chegada cretense e fenícia. Nesse período, estavam se desenvolvendo as 
civilizações cretense ou minoica (Ilha de Creta) e micênica (continental). 
• Homérico (1100-700 a.C.) – tem início com a chegada de Homero, considerado 
um marco na história por suas obras, Odisseia e Ilíada. Essa fase deu início à 
ruralização e à formação de comunidades gentílicas (nas quais um ajuda o outro 
na produção e na colheita). Só plantavam o que seria consumido e, quando a 
terra não estava mais fértil, saíam em busca de novos locais. 
• Obscuro (1150-800 a.C.) – Começa com chegada dos aqueus, dos dóricos, 
dos eólios e dos jônicos. Caracteriza-se pela formação dos génos e pela 
ausência da escrita. 
• Arcaico (800-500 a.C.) – Destaque para a formação da pólis, para a 
colonização grega, para o aparecimento do alfabeto fonético, da arte e da 
literatura, incluindo o progresso econômico com a expansão da divisão do 
trabalho, do comércio, da indústria e do processo de urbanização, definindo a 
estrutura interna de cada cidade-estado. 
• Clássico (500-338 a.C.) – Foi o período de maior esplendor da civilização 
grega. As duas cidades consideradas mais importantes foram Esparta e Atenas, 
além de Tebas, Corinto e Siracusa. Nessa fase, a história da Grécia é marcada 
por uma série de conflitos externos (Guerras Médicas) e interno (Guerra do 
Peloponeso). 
• Helenístico (338-146 a.C.) – Período de crise da pólis grega. Com a invasão 
macedônica, a expansão militar e cultural helenística, a civilização grega se 
difunde pelo Mediterrâneo e se mescla com outras culturas 
O helenismo é um termo usado para demarcar o período histórico e 
cultural durante o qual a civilização grega se difundiu no mundo mediterrânico, 
no euro-asiático e no Oriente, misturando-se com a cultura local. Da união da 
cultura grega com as culturas da Ásia Menor, da Eurásia, da Ásia Central, da 
Síria, da África do Norte, da Fenícia, da Mesopotâmia, da Índia e do Irã, surgiu 
a civilização helenística, que obteve grande destaque do ponto de vista artístico, 
filosófico, religioso, econômico e científico. O helenismo se difundiu do Atlântico 
até o Rio Indo. Cronologicamente, desenvolveu-se da morte de Alexandre, o 
Grande, da Macedônia (323 a.C.) até 147 a.C., com a anexação da península 
grega e de ilhas por Roma. 
É interessante observar que boa parte do que os gregos criaram não era 
original, uma vez que herdaram muitos elementos das culturas dos cretenses e 
do Oriente Médio. Mesmo assim, conseguiram expressar na arte uma 
preocupação ímpar com a condição humana acima de todas as outras criações 
da natureza. Em comparação com as criações das civilizações do Oriente Médio, 
a arte grega era considerada relativamente simples, e foi essa característica a 
base da arte clássica. Devemos aos gregos a criação de quase todos os gêneros 
literários, de diferentes formas de expressão por meio da escrita. Além dos 
poemas homéricos, houve também o surgimento da poesia lírica. Já o teatro 
surgiu nas festas que se realizavam anualmente para homenagear Dionísio, o 
deus do vinho. Nessas festas, os gregos organizavam cortejos com pessoas 
fantasiadas com peles de cabra, chamadas de tragédia. Elas davam voltas ao 
redor do templo e dialogavam com o público. Assim nasceu a tragédia grega. 
No que se refere à comédia, podemos afirmar que ela colaborou para a 
educação popular, porque satirizava os defeitos dos representantes do poder 
público. Os gregos foram também os primeiros a se preocupar com a história, e 
Heródoto, o primeiro historiador, foi chamado de “pai da história”. Graças a ele, 
temos relatos de como era a vida grega durante o século V a.C. Os gregos se 
dedicaram ainda ao estudo das causas da saúde e das doenças, impulsionando 
o estudo da medicina. Hipócrates foi considerado o “pai da medicina”. Mas o 
grande legado dessa civilização foi ter dado origem à filosofia. Foi lá que 
surgiram os pensadores que se preocupavam em saber a origem e o destino da 
existência humana, como Sócrates, um ateniense que afirmava que a fonte da 
sabedoria está no próprio homem, Platão, discípulo de Sócrates, e Aristóteles, 
criador da lógica, um macedônio que foi professor de Alexandre Magno. 
Alexandre Magno foi um personagem histórico que deu origem a muitas 
lendas e mitos. Ele foi chamado de “o grande” pelas incríveis façanhas que 
realizou como rei e guerreiro e pela cultura que adquiriu ao longo de sua vida. 
Além de ser um excelente orador, tinha paixão pelos esportes. Depois de 
conquistar a Grécia e o Egito, Alexandre fundou a cidade de Alexandria, na 
desembocadura do Rio Nilo, em homenagem às suas vitórias. Em 331 a.C., toda 
a Mesopotâmia se rendeu ao seu exército. 
 Depois da morte precoce de Alexandre, aos 33 anos, os generais que o 
haviam acompanhado em suas conquistas iniciaram uma batalha para repartir o 
império, que acabou sendo dividido em três grandes partes: Egito, Síria e 
Macedônia. Por sua vez, as cidades gregas atravessavam um período de lutas 
e de rivalidades, até serem tomadas pelos romanos. O grande feito de Alexandre 
Magno foi levar o helenismo a todas as regiões por onde passou. Junto com suas 
tropas de soldados, chegavam também os sábios,os artistas e os pesquisadores 
gregos. Portanto, a civilização helenística foi a difusão da cultura grega no 
Oriente em conjunto com a assimilação de costumes orientais no Mediterrâneo. 
Ao se misturar com as culturas do Oriente, a arte grega passou a ser universal 
e se transformou no berço do Ocidente. 
 
 
 
 
 
 
O Pensamento Mítico – A Mitologia 
 
Mitologia é o estudo dos mitos, do grego mýthos, é uma narrativa 
tradicional cujo objetivo é explicar a origem e existência das coisas, são histórias 
ou narrativas tradicionais que buscam explicar aspectos do mundo natural e 
sobrenatural, como a origem do universo, a criação do homem, a relação entre 
deuses e mortais, entre outros. 
A mitologia é parte integrante da cultura de diversas sociedades em todo 
o mundo e tem sido transmitida de geração em geração ao longo de milhares de 
anos. É a coleção de histórias, lendas e crenças de um determinado povo que 
explicam sua origem, os fenômenos naturais, a relação com seus deuses e 
heróis, além de refletir sua cultura, tradições e valores. 
 Esse foi o recurso utilizado durante anos para explicar tudo o que existe no 
Universo. Desta forma, foram criados mitos para explicar a origem dos homens, 
dos sentimentos, dos fenômenos naturais, entre outros. O mito era considerado 
uma história sagrada, narrada pelo rapsodo - que supostamente era a pessoa 
escolhida pelos deuses para transmitir oralmente as narrativas. O fato de o 
narrador advir de uma escolha divina, atribuía ao mito o caráter de 
incontestabilidade, pois os deuses eram inquestionáveis. Importa referir que, 
além de explicar as origens, a mitologia - o conjunto dessas histórias fantásticas 
- desempenhavam um papel moral. Essas histórias foram criadas como uma 
forma de explicar o mundo e suas origens, bem como para ensinar valores e 
virtudes aos cidadãos gregos. Acredita-se que a mitologia grega tenha surgido 
como uma combinação de elementos de diversas culturas, incluindo a egípcia, 
a fenícia e a mesopotâmica. Os gregos antigos incorporaram esses elementos 
em suas próprias histórias e mitos, adaptando-os à sua própria cultura e crenças. 
Ao longo do tempo, a mitologia grega foi transmitida oralmente de geração em 
geração, até que foi finalmente registrada por escrito por poetas e escritores, 
como Homero e Hesíodo. Esses autores criaram algumas das histórias mais 
famosas da mitologia grega, como a Ilíada e a Odisséia. 
A mitologia grega também teve um papel importante na vida cotidiana dos 
antigos gregos. Eles acreditavam que os deuses e deusas da mitologia grega 
tinham o poder de influenciar o mundo ao seu redor, e, por isso, realizavam 
cerimônias e ofereciam sacrifícios em sua homenagem. A mitologia como se 
conhece hoje em dia tem origem na Grécia antiga. A cultura grega, politeísta 
(crença em muitos deuses), possibilitou a criação de um modelo complexo de 
interpretações sobre a origem do mundo e a relação dos seres humanos com a 
natureza e esses deuses. Os mitos cumprem o papel de ensinar através de 
histórias repletas de simbolismo, que relacionam elementos sobrenaturais com 
a vida dos seres humanos, dando lições sobre como se deve viver. 
 
O significado de mito 
Ao longo do tempo, os mitos foram assumindo outros significados e seu 
uso passou a determinar outros sentidos. 
Inicialmente, o mito refere-se diretamente a uma narrativa fantástica 
compreendida como verdadeira, que dá conta de explicar a origem de tudo o que 
é relevante para a vida humana. 
A partir da produção de conhecimentos baseados na lógica, os 
simbolismos dos mitos foram sendo abandonados e seus relatos passaram a ser 
compreendidos como uma ficção. 
Hoje em dia, mito pode ser sinônimo de falsidade ou mentira. A oposição 
entre "verdade ou mito" tornou-se muito comum e se dá pela tradição fantástica 
das histórias míticas e sua falta de coerência com a realidade. 
O significado de mito também se relaciona com algum aspecto que possa 
parecer sobre-humano ou sobrenatural. Uma pessoa pode ser chamada de mito 
quando suas ações parecem estar para além das pessoas comuns, a exemplo 
das divindades gregas. Assim, muitas vezes, pessoas que possuem muito 
destaque em suas áreas (por exemplo, nos esportes, nas artes, etc.) são 
chamadas de mito. 
Características dos mitos 
Tradicionalmente, os mitos possuem algumas características próprias e 
eram responsáveis por relatar a origem dos deuses e das coisas. São narrativas 
que não possuem uma lógica rigorosa e utilizam-se de símbolos de fácil 
reconhecimento e compreensão. Nos mitos não há um limite definido entre o que 
é natural e o que é sobrenatural. 
O surgimento do universo e dos elementos da natureza são os principais 
temas dos mitos. Para que todos possam compreender facilmente, utilizam-se 
da ideia de nascimento (gonos) das coisas. O nascimento é utilizado como dos 
principais símbolos presentes nos mitos por ser algo muito comum no cotidiano 
e simples de ser compreendido. 
Desse modo, os relatos sobre a origem das coisas estão constantemente 
associados à ideia de um parto ou nascimento. Com isso, os mitos são repletos 
de relações entre os deuses que fazem nascer o universo e os elementos 
naturais. 
Os mitos gregos que relatavam a origem das coisas podem ser divididos 
em duas categorias: 
 Teogonia: narrativas sobre o nascimento dos deuses e seu poder. 
 Cosmogonia: narrativas sobre o nascimento do universo e dos elementos 
da natureza. 
 
Alguns exemplos de mitos: 
 
 Mito de Cronos - sobre o tempo e o nascimento dos deuses. 
 Mito de Pandora - sobre a primeira mulher, a curiosidade humana e o 
surgimento dos problemas no mundo (semelhante à passagem bíblica 
sobre Adão e Eva). 
 Mito de Orfeu e Eurídice - sobre o destino e a morte. 
 Mito de Eros e Psiquê - sobre o amor e sua união com a alma. 
 Mito de Narciso - sobre a beleza e a vaidade. 
 
 
Diferenças entre o Mito e a Filosofia 
Mito Filosofia 
Fantástico, imaginário Verdadeiro, real 
Sobrenatural Natural 
Inquestionável Questionável 
Fantasia, incoerência Razão, coerência 
Irracional Lógico 
 
Fatores de transição do pensamento mitológico para o 
pensamento racional-filosófico 
 
1. As viagens marítimas - Permitiram descobrir que os locais que os 
mitos diziam habitados por deuses eram, na verdade, habitados 
por outros seres humanos As viagens produziram desmistificação 
do mundo, que passou a exigir uma explicação que o mito já não 
podia oferecer. 
2. A invenção do calendário - Uma forma de calcular o tempo 
segundo as estações do ano, as horas do dia, os fatos importantes 
que se repetem revelou, uma capacidade de abstração nova, a 
percepção do tempo como algo natural e não como um poder divino 
incompreensível. 
3. A invenção da moeda - Permitiu uma forma de troca abstrata, feita 
pelo cálculo do valor semelhante das coisas diferentes, revelando, 
portanto, uma nova capacidade de abstração e de generalização. 
4. O surgimento da vida urbana - O comércio, o artesanato, o 
desenvolvimento das técnicas de fabricação e de troca, diminuiu o 
prestígio das famílias proprietárias de terras, por quem e para 
quem os mitos foram criados classe de comerciantes ricos 
procurou prestígio através do patrocínio às artes, técnicas e 
conhecimentos, favorecendo um ambiente propício a Filosofia. 
5. A invenção da escrita alfabética - Revela também o crescimento 
da capacidade de abstração e de generalização, uma vez que a 
escrita alfabética ou fonética supõe que não se represente uma 
imagem da coisa que está sendo dita (como os hieróglifos), mas a 
ideia dela, o que dela se pensa e se transcreve. 
6. A invenção da política - Que introduz três aspectos novos e 
decisivos para o nascimento da Filosofia:1 - A ideia da lei como 
expressão da vontade de uma coletividade humana, servirá de 
modelo para a Filosofia propor o aspecto legislado, regulado e 
ordenado do mundo racional. A política, valorizando o humano, o 
pensamento, a discussão,a persuasão e a decisão racional, 
valorizou o pensamento racional e criou condições para que 
surgisse a Filosofia. 3 - A política estimula um pensamento e um 
discurso que não procuram ser formulados por seitas secretas, 
mas que procuram ser públicos, ensinados, transmitidos e 
discutidos 
 
O surgimento da razão 
 
A população grega passou a necessitar de explicações melhores que 
estivessem em conformidade com seu grau de abstração e desmitificação. Com 
isso, o cidadão grego que, segundo a tradição, não deveria trabalhar (o trabalho 
era entendido como uma atividade menor, responsabilidade de escravos e 
estrangeiros), dedicou-se ao ócio contemplativo. Contemplou a natureza e 
buscou estabelecer relações de causalidade (causa e efeito, "o que causa o 
que?") e ordenação. A natureza, antes entendida como caos, agora, encontrava-
se ordenada pela razão humana. 
É nesse contexto que surge a filosofia. A investigação sobre a natureza 
fez com que os filósofos produzissem conhecimento. Inicialmente, a filosofia era 
uma cosmologia, um estudo sobre o cosmo (universo) tendo como base a razão 
(lógos). Essa perspectiva de pensamento se contrasta com a anterior, que era 
compreendida como uma cosmogonia, explicação do cosmo a partir das 
relações que fizeram nascer (gonos) as coisas. A mesma distinção ocorre entre 
a teologia (estudo sobre os deuses) e a teogonia (histórias sobre o nascimento 
dos deuses). 
O Surgimento do Logos 
A palavra grega "logos" tem significado amplo e foi utilizada, ao longo da 
história da filosofia, de diversas maneiras, pode ser considerada tanto um 
primeiro conceito filosófico para razão quanto um princípio de ordem e beleza 
universal, de acordo com o período e filósofo que a empregou. 
Para o filósofo grego Heráclito, o primeiro a usar o termo "logos" no 
contexto filosófico, logos era o conceito responsável por prover a conexão entre 
o discurso racional e a estrutura racional do mundo. Heráclito sugere a existência 
do logos como uma entidade universal independente. No entanto, o que a 
palavra "logos" significava em seu uso ainda não é claro, hipóteses são 
levantadas no sentido de identificar logos com "razão" ou "explicação", no 
sentido de uma lei universal, ou mesmo como significando simplesmente 
"sabedoria". Defendeu que todas as coisas vem a ser de acordo com o logos e, 
embora as pessoas vivam como se tivessem seu próprio entendimento privado, 
o logos é comum e uno. 
Aristóteles por outro lado apropriou-se de sentido diverso da palavra e 
definiu logos como um dos três modos de persuasão, o argumento da razão, em 
sua Ars Rethorica (Retórica). Para o autor, logos trata do próprio discurso, 
enquanto este prova algo, ou ao menos parece provar. Para Aristóteles, o logos 
seria algo mais sofisticado do que um entendimento comum, o logos diferenciaria 
o ser humano dos outros animais, possibilitando a compreensão do que é bom 
e do que é mal, do que é benéfico e do que é prejudicial e do justo e injusto no 
discurso, e pensamentos manifestos neste discurso, em outros seres humanos. 
Outros modos de persuasão são ethos e pathos, que referem-se, 
respectivamente, a convencer os ouvintes do caráter de alguém e apelo 
emocional. 
Embora tenha defendido que cada uma das três formas de persuasão 
possa ser apropriada em determinadas situações, logos guarda certa 
superioridade em relação a ethos e pathos, na medida em que dados são mais 
difíceis de manipular do que opiniões de reputação e emoções. Esta posição é 
vista por muitos pesquisadores como uma resposta à Isocrates, que concentrou-
se na ideia do logos em uma parceria com a filosofia para gerar uma sociedade 
consciente e ética. Seu objetivo, ao defender esta abordagem, foi o 
estabelecimento do bem comum por meio da compreensão da filosofia e 
aplicação do logos, com foco no discurso e razão. 
Filósofos estoicos também se apropriaram do termo, cunhado o termo 
logos spermatikos, o princípio gerador do universo, esta forma de logos seria 
mais próxima de uma lei, que rege a maneira como o universo funciona, 
propiciando a sua fundação ao agir sobre a matéria inanimada. Um porção do 
logos estaria presente também nos seres humanos. Usando o termo logos em 
sentido mais ampla, os estoicos falaram também em um logos material, 
identificado com a natureza. 
O conceito de logos spermatikos viria a influenciar os neoplatonistas, em 
sua busca por um principio. Plotino, o primeiro dos neoplatonistas, interpretou o 
logos como o princípio da meditação, e defendeu, em sua obra Meditações, que 
o logos existe como a inter-relação entre o Uno, o Espírito e a Alma, conhecidos 
como hypostases, a realidade fundamental que dá suporte a toda a existência. 
Logos seria o princípio mais elevado e os três inter-relacionados estariam em 
paridade, equilibrados pelo logos. Esta abordagem influenciou Agostinho de 
Hipona, que procurou reinterpretar Platão e Aristóteles a luz do cristianismo, para 
o que o conceito de logos ocupou papel de importante. Descreveu logos como 
"A Palavra Eterna Divina", com atributos de verdade e sabedoria, que estaria 
presente no messias cristão mais do que em qualquer outra pessoa. 
 
Filósofos Pré-Socráticos 
 
Os filósofos pré-socráticos fazem parte do primeiro período da filosofia 
grega. Eles desenvolveram suas teorias do século VII ao V a.C., e recebem esse 
nome, pois são os filósofos que antecederam Sócrates. 
Esses pensadores buscavam nos elementos natureza as respostas sobre 
a origem do ser e do mundo. Focando principalmente nos aspectos da natureza, 
eram chamados de “filósofos da physis” ou "filósofos da natureza". 
Foram eles os responsáveis pela transição da consciência mítica para a 
consciência filosófica. Assim, buscaram dar uma explicação racional para a 
origem de todas as coisas. 
A mitologia grega explicava o universo através da cosmogonia (cosmo, 
"universo", e gónos, "gênese" ou "nascimento"). A cosmogonia dá sentido a tudo 
o que existe através da ideia de nascimento a partir de uma relação (sexual) 
entre os deuses. 
Os filósofos pré-socráticos abandonaram essa ideia e construíram 
a cosmologia, explicação do universo baseado no lógos ("argumentação", 
"lógica", "razão"). Os deuses deram lugar à natureza na compreensão sobre a 
origem das coisas. 
A filosofia nascida com esses primeiros filósofos deu origem a toda uma 
produção de conhecimento e de representação da realidade. Toda essa 
construção serviu como base para o desenvolvimento da cultura ocidental. 
Escolas Pré- Socráticas 
A escola jônica recebe esse nome por se referir a filósofos nascidos na 
Jônia, colônia grega da Ásia Menor. Caracteriza-se pela pergunta a respeito da 
origem da natureza, para determinar o elemento que deu origem a todos os 
seres. Os principais filósofos jônicos são Tales, Anaximandro, Anaxímenes e 
Heráclito. Para Tales, o elemento primordial era a água; para Anaximandro, o 
universo teria resultado de modificações ocorridas num princípio originário que 
ele chamou de ápeiron, que tem o sentido de infinito, indeterminado ou ilimitado; 
para Anaxímenes, a origem de todas as coisas seria modificações num princípio 
originário que, para ele, seria um ar infinito (pneuma ápeiron), Para Heráclito, o 
elemento do qual deriva todas as coisas é o fogo. 
A escola pitagórica tem seu nome derivado do nome de seu fundador e 
principal representante: Pitágoras de Samos. Ele defendia que todas as coisas 
são números e o princípio fundamental de tudo seria a estrutura numérica. Ou 
seja, o mundo surgiu quando precisou haver uma limitação para o ápeiron e essa 
limitação eram formas numéricas sobre o espaço. Os pitagóricos faziam um 
amálgama de concepções, como era comum na época. Desse modo, embora 
racionais e matemáticos, os pitagóricos também baseavam suas doutrinas em 
concepções místicas. 
Acreditavam que o corpo aprisionava a alma, imortal, e o objetivo da 
existência seria o de tornar a alma mais pura.A reencarnação era uma 
consequência desse pensamento, pois a cada vida era possível elevar mais as 
virtudes da alma e reencarnar-se em uma forma mais elevada. Tinham, 
portanto, uma visão espiritual da existência. Outros pensadores importantes 
dessa escola: Filolau, Arquitas e Alcmeón. 
A escola eleática tem o nome derivado da cidade de Eleia, ao sul da Itália, 
lugar onde se situaram seus principais pensadores: Xenófanes, Parmênides, 
Zenão e Melisso. Caracteriza-se por não procurarem uma explicação da 
realidade baseada na natureza. Suas preocupações eram mais abstratas e 
podemos ver nelas o primeiro sopro de uma lógica e de uma metafísica. 
Defendiam a existência de uma realidade única, por isso são conhecidos 
também como monistas em oposição ao mobilismo (de Heráclito, 
principalmente, que acreditava na existência da pluralidade do real). A realidade 
para eles é única, imóvel, eterna, imutável, sem princípio ou fim, contínua e 
indivisível. 
A escola pluralista, que inclui a escola atomista e os pensadores 
Anaxágoras e Empédocles, tem esse nome porque seus pensadores não 
acreditam na existência de um princípio único que seja a origem do universo e 
sim de vários princípios que se misturam e formam tudo o que conhecemos. Para 
os atomistas, tudo o que existe é composto de “átomo” e “vazio” que em um 
processo contínuo de atração e repulsão constituem a realidade existente. 
 
 
 
 
 
1. Tales de Mileto 
 
Nascido na cidade de Mileto, região da Jônia, Tales de Mileto (624 a.C. - 548 
a.C.) acreditava que a água era o principal elemento, ou seja, era a essência de 
todas as coisas. 
Tudo é água. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Anaximandro de Mileto 
https://www.todamateria.com.br/tales-de-mileto/
Possível mapa do mundo proposto por Anaximandro 
 
Discípulo de Tales, nascido em Mileto, para Anaximandro (610 a.C. - 547 a.C.), 
o princípio de tudo estava no elemento denominado “ápeiron”, uma espécie de 
matéria infinita. 
De onde as coisas têm seu nascimento, ali também devem ir ao fundo, segundo 
a necessidade; pois têm de pagar penitência e de ser julgadas por suas 
injustiças, conforme a ordem do tempo. 
3. Anaxímenes de Mileto 
 
Discípulo de Anaximandro, nascido em Mileto, para Anaxímenes (588 a.C. - 524 
a.C.), o princípio de todas as coisas estava no elemento ar. 
Como nossa alma, que é ar, nos mantém unidos, assim um espírito e o ar 
mantêm unido também o mundo inteiro; espírito e ar significam a mesma coisa. 
https://www.todamateria.com.br/anaximandro/
https://www.todamateria.com.br/anaximenes/
4. Heráclito de Éfeso 
Considerado o “Pai da Dialética”, Heráclito (540 a.C. - 476 a.C.) nasceu em 
Éfeso e explorou a ideia do devir (fluidez das coisas). Para ele, o princípio de 
todas as coisas estava contido no elemento fogo. 
Nada é permanente, exceto a mudança. 
 
 
 
 
 
 
 
5. Pitágoras de Samos 
 
Filósofo e matemático nascido na cidade de Samos. Pitágoras (570 a.C. - 497 
a.C.) afirma que os números foram seus principais elementos de estudo e 
reflexão, do qual se destaca o “Teorema de Pitágoras”. 
Ele também foi responsável por chamar de "amantes do conhecimento" aqueles 
que buscavam explicações racionais para a realidade, dando origem ao termo 
filosofia ("amor ao conhecimento"). 
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O universo é uma harmonia de contrários. 
6. Xenófanes de Cólofon 
 
Nascido em Cólofon, Xenófanes (570 a.C. - 475 a.C.) foi um dos fundadores da 
Escola Eleática, se opondo contra o misticismo na filosofia e o antropomorfismo. 
Enquanto eterno, o ente também é ilimitado, pois não possui começo a partir do 
qual pudesse ser, nem fim, onde desapareça. 
7. Parmênides de Eléia 
 
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Discípulo de Xenófanes, Parmênides (530 a.C. - 460 a.C.) nasceu em Eléia. 
Focou nos conceitos de “aletheia” e “doxa”, onde o primeiro significa a luz da 
verdade, e o segundo, é relativo à opinião. 
O ser é e o não ser não é. 
8. Zenão de Eléia 
Paradoxo de Zenão - Aquiles jamais alcançaria a tartaruga se sempre tivesse 
que percorrer metade do caminho restante. 
Discípulo de Parmênides, Zenão (490 a.C. - 430 a.C.) nasceu em Eléia. Foi 
grande defensor das ideias de seu mestre, filosofando, sobretudo, acerca dos 
conceitos de “Dialética” e “Paradoxo”. 
O que se move sempre está no mesmo lugar agora. 
9. Demócrito de Abdera 
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O átomo, durante séculos, foi uma abstração da filosofia. Apenas em 1661, o 
cientista Robert Boyle desenvolveu a teoria de que a matéria fosse composta de 
átomos 
Nascido na cidade de Abdera, Demócrito (460 a.C. - 370 a.C.) foi discípulo de 
Leucipo. Para ele, o átomo (o indivisível) era o princípio de todas as coisas, 
desenvolvendo assim, a “Teoria Atômica”. 
Nada existe além de átomos e do vazio. 
Correntes ou Escolas Pré-Socráticas 
Segundo o foco e o local de desenvolvimento da filosofia, o período pré-socrático 
está dividido em Escolas ou Correntes de pensamento, a saber: 
 Escola Jônica: desenvolvida na colônia grega Jônia, na Ásia Menor (atual 
Turquia), seus principais representantes são: Tales de Mileto, Anaxímenes de 
Mileto, Anaximandro de Mileto e Heráclito de Éfeso. 
 Escola Pitagórica: também chamada de "Escola Itálica", foi desenvolvida no 
sul da Itália, e recebe esse nome visto que seu principal representante foi 
Pitágoras de Samos. 
 Escola Eleática: desenvolvida no sul da Itália, sendo seus principais 
representantes: Xenófanes de Colofão, Parmênides de Eléia e Zenão de Eléia. 
 Escola Atomista: também chamada de “Atomismo”, foi desenvolvida na região 
da Trácia, sendo seus principais representantes: Demócrito de Abdera e 
Leucipo de Abdera. 
Fim da Filosofia Pré-Socrática 
A filosofia pré-socrática tem seu fim com a mudança do pensamento que tinha 
como foco a natureza. Com a intensificação da vida pública, as atenções dos 
filósofos passaram a se relacionar com a vida pública e a atividade humana. 
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Esse novo período tem o filósofo Sócrates como marco da mudança e é 
chamado também de período antropológico da filosofia. 
A Morte de Sócrates - pintura retrata momentos finais da vida do filósofo grego 
condenado à morte (cálice com cicuta) por expor suas ideias. 
Sócrates (470 a.C-399 a.C.) foi um importante filósofo grego que inaugurou o 
segundo período da filosofia grega, o período antropológico. Nasceu em Atenas 
e é considerado um dos fundadores da filosofia ocidental. 
A filosofia de Sócrates, baseada no diálogo, era chamada de filosofia socrática. 
Era marcada pela expressão “conhece-te a ti mesmo”, em virtude da busca da 
verdade através do autoconhecimento. 
Ademais, da filosofia do “diálogo” de Sócrates, destaca-se a “maiêutica”, que 
significa literalmente “trazer a luz”. Esta faz relação com a iluminação da verdade 
que, para ele, está contida no próprio ser. 
 
 
 
Períodos da Filosofia Grega 
Principais filósofos e sua localização na Grécia antiga 
Para melhor entender a filosofia grega, vale lembrar como ela está dividida: 
 Período Pré-Socrático: fase naturalista. 
 Período Clássico ou Socrático: fase antropológica-metafísica. 
 Período Helenístico: fase ética e cética.

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