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Sumário
Considerações Iniciais ........................................................................................................................................ 3
Direito do Trabalho – (Parte IV) ......................................................................................................................... 4
1 - Sistema Remuneratório ............................................................................................................................ 4
1.1 - Parcelas Salariais e Indenizatórias ..................................................................................................... 6
1.2 - Salário-Utilidade .............................................................................................................................. 22
1.3 - Descontos Salariais .......................................................................................................................... 24
1.4 - Equiparação Salarial ......................................................................................................................... 25
2 - Estabilidades no Contrato de Trabalho .................................................................................................. 32
3 - Formas de Extinção do Contrato de Trabalho ........................................................................................ 40
3.1 - Obrigações Decorrentes da Extinção do Contrato .......................................................................... 52
3.2 - Eficácia Liberatória do Contrato ...................................................................................................... 53
4 - Aviso Prévio ............................................................................................................................................. 55
Lista de Questões no Livro Digital .................................................................................................................... 59
Lista de Questões Comentadas no Livro Digital .............................................................................................. 62
Dicas/Resumos ................................................................................................................................................. 67
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Olá, pessoal!
Finalmente, estamos na nossa última aula acerca dos panoramas gerais de Direito do Trabalho, e, neste
ponto, estudaremos o sistema remuneratório e as formas de extinção do contrato de trabalho.
Ressalto a importância de você se ater aos aspectos rescisórios do contrato de trabalho, uma vez que isto
será de grande importância para o estudo da Reclamação Trabalhista.
Por fim, nas próximas duas aulas a serem postadas, trataremos sobre os aspectos de Direito Processual do
Trabalho, motivo pelo qual você não pode perder os próximos PDFs.
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DIREITO DO TRABALHO – (PARTE IV)
1 - Sistema Remuneratório
▪ SALÁRIO E REMUNERAÇÃO
Como já mencionado na aula de contrato, há uma relação bilateral entre empregado e empregador, a qual
estipula obrigações recíprocas entre as partes, cabendo ao empregado prestar serviço e, ao empregador, a
contraprestação financeira.
Neste sentido, ...
Assim sendo, podemos definir:
✓ REMUNERAÇÃO: A remuneração é gênero do qual salário é espécie. Por sua vez, compreende o
binômio salário mais gorjeta, ou seja, é o conjunto de todas as verbas recebidas pelo empregado
como contraprestação pelos serviços prestados, abrangendo tanto aquela que é paga pelo próprio
SALÁRIO
GORJETA
REMUNERAÇÃO
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empregador (salário), como aquelas pagas por terceiros (gorjetas). Neste sentido, observe o artigo
457 da CLT:
Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais,
além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do
serviço, as gorjetas que receber.
No que tange às anotações concernentes à remuneração, deve haver especificação quanto ao salário,
bem como a estimativa da gorjeta a ser percebida, conforme disposição do artigo 29, § 1º da CLT.
✓ GORJETAS: É a importância paga por terceiros diretamente ao empregado ou por meio do
empregador, porém destinado à distribuição aos empregados. Importante destacar que se considera
gorjeta não somente a importância espontaneamente (espécie própria) dada pelo cliente ao
empregado, como também o valor cobrado (espécie imprópria) pela empresa, como serviço ou
adicional, a qualquer título, e destinada à distribuição aos empregados.
Neste sentido, devemos observar o artigo 457, § 3º da CLT e a Súmula nº 354 do TST,
respectivamente:
Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais,
além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do
serviço, as gorjetas que receber.
§ 3º Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao
empregado, como também o valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicional, a
qualquer título, e destinado à distribuição aos empregados.
Súmula n. 354 do TST
As gorjetas, cobradas pelo empregador na nota de serviço ou oferecidas espontaneamente
pelos clientes, integram a remuneração do empregado, não servindo de base de cálculo
para as parcelas de aviso-prévio, adicional noturno, horas extras e repouso semanal
remunerado.
As gorjetas integram a remuneração para todos os efeitos legais, nos termos do artigo
457, caput da CLT. No entanto, de acordo com o entendimento adotado pelo TST, as
gorjetas não servem de base de cálculo para os seguintes direitos:
Repouso Semanal Remunerado
Adicional Noturno
Aviso Prévio
Horas Extras
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Sublinha-se que o tema “gorjetas”, dentro da remuneração por produtividade, é uma das hipóteses
em que o negociado se sobrepõe ao legislado, conforme advento da Reforma Trabalhista, em seu
artigo 611-A, IX da CLT, in verbis:
Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a
lei quando, entre outros, dispuserem sobre:
IX - remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado, e
remuneração por desempenho individual.
✓ SALÁRIO: É uma das parcelas da remuneração equivalente ao valor pago diretamente pelo
empregador ao empregado como contraprestação decorrente da relação de emprego, abrangendo
os períodos de prestação de serviços, o tempo à disposição do empregador e os períodos de
interrupção do contrato de trabalho, conforme o artigo 457 da CLT. A contraprestação pode ser paga
em dinheiro, ou ainda, parte em dinheiro e parte em utilidade (in natura). Quando houver
contraprestação paga em utilidades, pelo menos 30% (trinta por cento) da remuneração deverá,
ainda, ser em pecúnia, sendo vedado que o empregador remunere o empregado apenas na forma
de utilidades.
Ademais, quanto ao salário a ser recebido pelo empregado, deverá observar-se o patamar mínimo
ao qual ele fará jus, ou seja, o salário-mínimo. Contudo, em havendo a contratação para
cumprimento de jornada reduzida, inferior à previsão constitucional, é lícito o pagamento do piso
salarial ou do salário-mínimo proporcional ao tempo trabalhado, conforme OJ n. 358, do SDI-1, do
TST.
Quanto ao denominado pela doutrina como "SALÁRIO SUBSTITUIÇÃO", destaca-se que: Em alguns
momentos da relação laboral, o empregado poderá vir a receber salário maior, sem que esse integre
seus vencimentos mensais, como a título de exemplo, no caso de férias dos superiores hierárquicos,
momento no qual o empregado subalterno ocupa as funções de seu superior, e receberá a
remuneraçãocorrespondente ao período que o substituiu em suas funções. Nesse sentido, a Súmula
159 do TST dispõe:
I - Enquanto perdurar a substituição que não tenha caráter meramente eventual, inclusive
nas férias, o empregado substituto fará jus ao salário contratual do substituído.
II - Vago o cargo em definitivo, o empregado que passa a ocupá-lo não tem direito a salário
igual ao do antecessor.
1.1 - Parcelas Salariais e Indenizatórias
A remuneração pode ser composta por parcelas que possuem natureza salarial, as quais gerarão reflexos
nas demais verbas trabalhistas, bem como por parcelas de natureza indenizatória, as quais não integram
ao salário e, automaticamente, não refletem em outras parcelas.
Iniciaremos o estudo dividindo as parcelas de natureza salarial e natureza indenizatória para melhor
esclarecimento:
PARCELAS REMUNERATÓRIAS PARCELAS INDENIZATÓRIAS
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Comissões e porcentagens PLR – Participação nos Lucros e Resultados
Gratificações Legais Ajuda de custo
Quebra de Caixa Diárias para viagem
Adicionais Salariais: Adicional de hora extra,
adicional noturno, adicional de transferência,
adicional de insalubridade e adicional de
periculosidade.
Prêmios (Reforma Trabalhista)
- Vale-transporte
- Salário-família
- Seguro-desemprego
- PIS/PASEP
- Stock Option
✓ O empregador deverá efetuar o recolhimento
do FGTS sobre as respetivas parcelas;
✓ Essas parcelas geram reflexos em férias, 13º
salário, aviso prévio etc.
Não há reflexo em outras parcelas de
natureza salarial, bem como não incide o
recolhimento de FGTS.
1.1.1 – Parcelas de Natureza Salarial
I. GRATIFICAÇÕES LEGAIS - Artigo 457 da CLT
A gratificação refere-se a uma contraprestação paga pelo serviço prestado, os quais são realizados em
determinadas condições específicas e pactuado entre empregado e empregador, de forma expressa,
podendo ainda se dar de forma tácita, como acontece com as gratificações pagas de forma habitual pelo
empregador.
Tal verba adquirirá natureza salarial apenas quando tratar-se de gratificações legais, como se observa na
gratificação natalina, gratificação de função e gratificação de quebra de caixa. Logo, a ausência de previsão
legal acerca da gratificação fará com que esta verba não tenha natureza salarial e, por conseguinte, não
gerará reflexos em outras verbas, conforme disposição do artigo 457, § 1º da CLT:
Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais,
além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do
serviço, as gorjetas que receber.
§ 1o Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comissões
pagas pelo empregador.
A gratificação natalina, também denominada como décimo terceiro salário, é de cunho obrigatório,
conforme previsão do artigo 7º, VIII da CF, aplicável tanto aos empregados urbanos como aos rurais. O
pagamento desta gratificação deverá ocorrer até 20 de dezembro, sendo que cada mês equivale a 1/12 (um
doze avos) desta parcela, e em dezembro completa-se os 12 (doze) avos da remuneração devida pelos meses
trabalhados ao longo do ano.
Metade desta parcela deverá ser adiantada entre os meses de fevereiro e novembro, ou ainda, paga
conjuntamente às férias, caso solicitado pelo empregado, sendo o seu cálculo realizado com base na
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remuneração. Desta forma, há reflexo de algumas verbas trabalhistas no décimo terceiro salário, como, por
exemplo: gorjetas, horas extras (habituais), adicional noturno (habitual) e adicional de insalubridade e
periculosidade.
Para melhor entendimento, cabe observar os preceitos legais contidos nos artigos 76 a 82 do Decreto nº
10.854/2021. Destaco os seguintes dispositivos:
Art. 76. O pagamento da gratificação de Natal, nos termos do disposto na Lei nº 4.090, de
1962, e na Lei nº 4.749, de 1965, será efetuado pelo empregador até o dia vinte de
dezembro de cada ano, e terá como base a remuneração devida nesse mês, de acordo com
o tempo de serviço do empregado no ano em curso.
§ 1º A gratificação corresponderá a um doze avos da remuneração devida em dezembro,
por mês de serviço, do ano correspondente.
§ 2º Para fins do disposto no § 1º, será considerada como mês completo a fração igual ou
superior a quinze dias.
Art. 78. O empregador pagará, entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano, como
adiantamento da gratificação de Natal, em parcela única, metade do salário recebido pelo
empregado no mês anterior ao do pagamento.
§ 1º Para os empregados que recebem salário variável, a qualquer título, o adiantamento
da gratificação de Natal será calculado na base da soma dos valores variáveis devidos nos
meses trabalhados até o mês anterior ao do pagamento e será adicionada àquela que
corresponder à parte do salário contratual fixo, quando houver.
§ 2º O empregador não fica obrigado a pagar o adiantamento da gratificação de Natal a
todos os seus empregados no mesmo mês.
§ 3º O valor que o empregado houver recebido a título de adiantamento da gratificação
de Natal será deduzido do valor da gratificação devida.
§ 4º Nas hipóteses em que o empregado for admitido no curso do ano ou, durante este,
não permanecer à disposição do empregador durante todos os meses, o adiantamento
corresponderá à metade de um doze avos da remuneração, por mês de serviço ou fração
superior a quinze dias.
Art. 79. O adiantamento da gratificação de Natal será pago por ocasião das férias do
empregado, sempre que esse o requerer no mês de janeiro do ano correspondente.
Já no que se refere à gratificação de função, prevista no artigo 62, parágrafo único da CLT, devido torna-se
o seu pagamento pelo empregador sempre que o empregado exercer funções relevantes perante a empresa,
tal como, a título de exemplo, cargos relativos à supervisão, liderança, gestão, entre outros.
Quando o empregado deixar de exercer a função de confiança, automaticamente poderá se suprimir a
gratificação de função, tratando-se da hipótese de reversão de função, a qual é lícita contratualmente e nos
termos do artigo 468, § 1º da CLT.
Concluindo as gratificações legais, devemos nos ater à gratificação de quebra de caixa, a qual se refere à
gratificação concedida ao empregado com a finalidade de compensar os riscos de eventual diferença de
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numerário verificado no fechamento do caixa do operador, de forma que possui nítida natureza salarial, e
deve integrar o salário para todos os efeitos legais, nos termos da Súmula nº 247 do TST:
A parcela paga aos bancários sob a denominação "quebra de caixa" possui natureza
salarial, integrando o salário do prestador de serviços, para todos os efeitos legais.
Assim, enquanto a quebra de caixa visa compensar o risco da atividade por possíveis perdas e diferenças a
menor no fechamento do caixa, a gratificação paga pelo exercício de função tem por finalidade remunerar
a complexidade das atribuições e a confiança exigidas pelo empregador ao empregado.
II. COMISSÕES E PERCENTAGENS
As comissões e percentagens são pagas para determinada categoria de empregados que possui
remuneração variável, sempre observado o direito ao salário-mínimo, conforme a previsão constitucional
do artigo 7º, VII da CF.
Neste sentido, o doutrinador Sergio Martins Pinto1 explica a diferença entre os institutos:
Não se confunde comissão com percentagem, pois, caso contrário, o legislador ordinário
não as utilizaria em separado (§2° do art. 142, § 1º do art. 457 e art. 466 da CLT).
Comissão é gênero. Percentagem é espécie de comissão. As comissões se referem a um
valor determinado como R$ 10,00 por unidade vendida, e as percentagens, como o próprio
nome indica, seriam um porcentual sobre as vendas.
Logo, com base na supramencionada explicação realizada pelo autor, ressaltamos que o empregado que
receber exclusivamente por meio de comissões será denominado como comissionista puro, porquanto
aquele querecebe as comissões em conjunto com outra parcela salarial fixa, denomina-se como
comissionista misto.
Ademais, o empregado que recebe remuneração variável não se distingue quanto aos demais trabalhadores,
uma vez que, igualmente, fará jus ao DSR – descanso semanal remunerado.
1 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
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Quanto à época de pagamento das comissões e percentagens, devemos nos ater ao artigo 466 da CLT:
O pagamento de comissões e percentagens só é exigível depois de ultimada a transação a
que se referem.
§ 1º - Nas transações realizadas por prestações sucessivas, é exigível o pagamento das
percentagens e comissões que lhes disserem respeito proporcionalmente à respectiva
liquidação.
§ 2º - A cessação das relações de trabalho não prejudica a percepção das comissões e
percentagens devidas na forma estabelecida por este artigo.
III. ADICIONAIS SALARIAIS
Os adicionais salariais são tidos como salário-condição, ou seja, deverão ser pagos pelo empregador
enquanto perdurar a situação que lhes deu origem. Caso cessado o fato gerador, automaticamente cessará
o adicional.
✓ ADICIONAL DE HORA EXTRA
A jornada de trabalho tem, por regra, 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) horas semanais, e o que
ultrapassar tal período deverá ser pago a título de horas extras, nos termos do artigo 7º, XVI, da CF.
As horas extras, quando pagas de forma habitual, gerarão reflexos em outras parcelas, tais como descanso
semanal remunerado, décimo terceiro salário, férias + 1/3, FGTS e aviso prévio.
Quando o empregado exercer jornada extraordinária de maneira habitual por, no mínimo, 12 (doze) meses,
a supressão de tal prática irá interferir diretamente em seus vencimentos, que gerará, por conseguinte,
direito a uma indenização por parte do empregador.
Desta forma, objetivando à proteção do trabalhador hipossuficiente, o TST editou a Súmula nº 291, a qual
dispõe:
A supressão total ou parcial, pelo empregador, de serviço suplementar prestado com
habitualidade, durante pelo menos 1 (um) ano, assegura ao empregado o direito à
indenização correspondente ao valor de 1 (um) mês das horas suprimidas, total ou
parcialmente, para cada ano ou fração igual ou superior a seis meses de prestação de
serviço acima da jornada normal. O cálculo observará a média das horas suplementares
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nos últimos 12 (doze) meses anteriores à mudança, multiplicada pelo valor da hora extra
do dia da supressão.
✓ ADICIONAL NOTURNO
Acerca do tema adicional noturno, destaca-se os principais fundamentos legais:
▪ Artigo 59-A, § 1º da CLT;
▪ Artigo 73 da CLT;
▪ Artigo 611-B, VI da CLT.
O adicional noturno deverá ser arcado pelo empregador sempre que os empregados laborarem no período
considerado como noturno, o que se difere entre trabalhadores urbanos e rurais, como se observa:
URBANO RURAL
HORÁRIO NOTURNO
22:00 às 5:00hrs
HORÁRIO NOTURNO
20:00 às 4:00hrs – Pecuária
21:00 às 5:00hrs – Lavoura
Adicional de 20% Adicional de 25%
Hora Ficta – 52 minutos e 30 segundos Hora Noturna – 60 minutos
O artigo 73 da CLT traz a previsão do adicional noturno de 20% para os trabalhadores urbanos, e nos casos
em que o trabalhador laborar em período considerado híbrido (diurno e noturno), o adicional incidirá apenas
sobre o período noturno. Veja:
Art. 73. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá
remuneração superior a do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo
de 20 % (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna.
§ 1º A hora do trabalho noturno será computada como de 52 minutos e 30
segundos.
§ 2º Considera-se noturno, para os efeitos deste artigo, o trabalho executado entre as 22
horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte.
(...)
§ 4º Nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem períodos diurnos e noturnos,
aplica-se às horas de trabalho noturno o disposto neste artigo e seus
parágrafos.
Exemplo de Jornada Mista (Híbrida):
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*Diurno **Noturno
*Sem Adicional **Com Adicional
Observe ainda a disposição da Súmula nº 60 do TST:
I - O adicional noturno, pago com habitualidade, integra o salário do empregado para todos
os efeitos.
II - Cumprida integralmente a jornada no período noturno e prorrogada esta, devido é
também o adicional quanto às horas prorrogadas. Exegese do art. 73, § 5º, da CLT.
Quando o empregado laborar em período eminentemente noturno e tiver a sua jornada prorrogada para o
período diurno, o adicional deverá ser prorrogado para as horas incidentes já sobre o período diurno,
conforme item II da Súmula nº 60 do TST supracitada.
Exemplo: Empregado que labora das 22h00min às 07h00min, o adicional continuará incidindo depois das
05h00min, já que o labor se iniciou em período iminentemente noturno.
No entanto, a reforma trabalhista alterou tal regramento para as jornadas 12x36, uma vez que o
empregado que tiver sua jornada prorrogada para além das 5 horas da manhã não terá sobre a
hora noturna a incidência do referido adicional, conforme artigo 59-A, § 1º da CLT:
A remuneração mensal pactuada pelo horário previsto no caput abrange os pagamentos
devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados e serão
considerados compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando
houver, de que tratam o art. 70 e o § 5º do art. 73.
E a pergunta que você ainda pode ser fazer é a seguinte:
O adicional noturno gera direito adquirido?
O adicional noturno não gera direito adquirido, podendo, assim, ser suprimido quando o empregado deixar
de laborar nesta condição. Neste sentido, preceitua a Súmula nº 265 do TST:
A transferência para o período diurno de trabalho implica a perda do direito ao adicional
noturno.
O adicional noturno gera reflexo nas seguintes parcelas: décimo terceiro salário, férias + 1/3, FGTS,
descanso semanal remunerado e aviso prévio.
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Por fim, nos termos do artigo 611-B, VI da CLT, caracterizar-se-á como objeto ilícito da negociação coletiva,
as alterações que implicarem a supressão ou redução do referido adicional. Observe:
Art. 611-B. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de
trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos:
VI - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno.
✓ ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA
O adicional de transferência de 25% (vinte e cinco por cento) do salário deverá ser pago sempre que o
empregado houver sido transferido do local de trabalho a título provisório e, ainda, a transferência implicar,
necessariamente, em sua mudança de domicílio (requisitos cumulativos). Caso a transferência tenha caráter
definitivo, o empregado perderá direito ao respectivo adicional, ainda que haja a mudança de domicílio.
Neste sentido, destaca-se o artigo 469, da CLT:
Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para
localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que
não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio.
§ 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados que exerçam
cargo de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou explícita,
a transferência, quando esta decorra de real necessidade de serviço.
§ 2º - É licita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar
o empregado.
§ 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado
para localidade diversa da que resultar do contrato,não obstante as restrições do artigo
anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a
25% (vinte e cinco por cento) dos salários que o empregado percebia naquela localidade,
enquanto durar essa situação.
O pagamento do adicional de transferência deverá ser efetuado a qualquer empregado, quando preenchido
os requisitos legais, independentemente de exercerem cargo de confiança, ou ainda, possuírem previsão
contratual expressa ou implícita acerca da transferência.
Contudo, apenas será considerada lícita a transferência de empregados que exerçam cargo de confiança, ou
possuam previsão contratual, se demonstrada a real necessidade de sua transferência, nos termos da
Súmula nº 43 do TST, que assim prevê:
Presume-se abusiva a transferência de que trata o § 1º do art. 469 da CLT, sem
comprovação da necessidade do serviço.
Ou seja, a ausência da real necessidade implicará na caracterização de uma transferência tida como abusiva,
o que permite ao empregado se valer de uma medida liminar para fins de obstá-la.
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Partindo desta análise, importante questionar:
Quando a transferência realizada pelo empregador é tida como abusiva?
1. Quando houver ausência de consentimento do empregado frente a transferência do empregador;
2. Quando não demonstrada a real necessidade da transferência para empregados que exerçam cargo
de confiança ou possuam previsão contratual expressa ou implícita acerca da transferência.
Neste ponto, devemos destacar alguns aspectos:
▪ CARGO DE CONFIANÇA
O empregado que exerce cargo de confiança pode ser transferido pelo empregador,
independentemente de seu consentimento. Entretanto, para que seja lícita, deverá o empregador
demonstrar a real necessidade da referida transferência, sob pena de caracterizar-se como
abusiva, nos termos da Súmula nº 43 do TST.
Observe, portanto, que apenas a autorização legal acerca da transferência de forma unilateral não
retira deste empregado o direito ao adicional de transferência, uma vez que sempre que se tratar
de transferência provisória, importará em um acréscimo salarial ao empregado de, no mínimo, 25%
(vinte e cinco por cento) sobre o salário-base, nos termos da OJ 113 da SDI-I/TST e do artigo 469,
§ 3º da CLT.
▪ PREVISÃO CONTRATUAL – IMPLÍCITA OU EXPRESSA
Havendo previsão contratual de forma expressa ou implícita, o empregado poderá ser transferido
sem que precise consentir com esta situação. Mas, para validade e licitude da transferência, deverá
o empregador demonstrar a real necessidade.
A previsão contratual expressa é facilmente identificada, no entanto, a implícita torna-se um pouco
mais complexa e deve ser verificada por meio da atividade exercida pelo empregador como, a título
de exemplo, pessoas que laboram em um circo possuem conhecimento implícito que podem ser
transferidas a qualquer momento.
Nesta situação, em sendo a transferência provisória, o empregado fará jus ao adicional de
transferência de, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) sobre o salário-base.
Em resumo, quando verificada a transferência abusiva, poderá o magistrado conceder medida liminar até
decisão final do processo para obstar transferência do empregado, nos termos do artigo 659, IX da CLT, que
assim dispõe:
Art. 659 - Competem privativamente aos Presidentes das Juntas, além das que lhes forem
conferidas neste Título e das decorrentes de seu cargo, as seguintes atribuições:
IX - conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações trabalhistas
que visem a tornar sem efeito transferência disciplinada pelos parágrafos do artigo 469
desta Consolidação.
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Observe a seguinte hipótese: Caso um trabalhador tenha sido contratado para laborar em
determinada cidade e, posteriormente, venha a ser transferido para prestar serviços em outra
localidade de forma provisória, a princípio, diríamos que ele faria jus ao adicional de
transferência. Mas, caso o enunciado lhe apresente a informação de que, aos finais de semana,
o respectivo empregado retornava à sua residência objetivando ficar junto à sua família, cabe
destacar que o TST consolidou o entendimento de que, neste caso e por não ter ânimo de
residência a cidade em que o empregado está prestando serviços, o adicional de transferência não será
devido, já que, apesar de a transferência ser provisória, não houve a efetiva mudança de domicílio.
✓ ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
O adicional de periculosidade deverá ser pago ao empregado que atuar em atividades consideradas pelo
Ministério do Trabalho e Emprego como perigosas, de forma que coloquem o empregado em situação de
risco acentuado, nos termos do artigo 193 da CLT.
São consideradas atividades perigosas aquelas que exponham o trabalhador a:
✓ Inflamáveis;
✓ Explosivos;
✓ Energia Elétrica;
✓ Roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou
patrimonial;
✓ Atividade de trabalhador em motocicleta;
✓ Radiações ionizantes ou substâncias radioativas;
✓ Bombas de gasolina;
✓ Atividades em prédios de construção vertical com armazenamento de líquido inflamável
Ademais, as atividades ou operações consideradas como perigosas pelo MTE encontram-se arroladas na
Portaria nº 3.214/1978 do Ministério do Trabalho.
No que tange ao pagamento do adicional de periculosidade, este deve ser realizado no importe de 30%
(trinta por cento) sobre o salário-base, conforme artigo 193, § 1º da CLT. Logo, não há pagamento
proporcional, fruto do nível de exposição, como ocorre com o adicional de insalubridade.
O pleito do referido adicional perante a Justiça do Trabalho tem por requisito a necessidade de perícia para
sua concessão, uma vez que apenas uma prova técnica pode atestar, efetivamente, se a atividade se
configura ou não como perigosa (art. 195, da CLT). Contudo, quando o local objeto da perícia já se encontrar
desativado, o magistrado deverá valer-se de outros meios de prova, como, por exemplo, a prova
emprestada, conforme
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Ademais, podemos nos deparar com a hipótese de o empregador pagar espontaneamente o adicional de
periculosidade por determinado período, o que implicará em tornar dispensada a realização de prova técnica
(perícia), já que considerada incontroversa a existência do labor em local perigoso. Neste sentido, preceitua
a Súmula nº 453 do TST:
O pagamento de adicional de periculosidade efetuado por mera liberalidade da empresa,
ainda que de forma proporcional ao tempo de exposição ao risco ou em percentual inferior
ao máximo legalmente previsto, dispensa a realização da prova técnica exigida pelo art.
195 da CLT, pois torna incontroversa a existência do trabalho em condições perigosas.
Destaca-se que a depender do tempo de contato com o agente perigoso, o adicional de periculosidade
poderá ser devido ou não, nos termos da Súmula n. 364, do TST:
I - Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto permanentemente ou
que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o
contato dá-se de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual,
dá-se por tempo extremamente reduzido.
II - Não é válida a cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho fixando o adicional
de periculosidade em percentual inferior ao estabelecido em lei e proporcional ao tempo
de exposição ao risco, pois tal parcela constitui medida de higiene, saúde e segurança do
trabalho, garantida por norma de ordem pública.
Ou seja, torna-se devido o adicional, quando o empregado estiver exposto permanentemente ou que, de
forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Em contrapartida, não será devido, quando o contato
se dá de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo
extremamente reduzido.
Para fins de esquematização, tome nota:
TEMPO DE CONTATO – ATIVIDADESPERIGOSAS ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
Permanente Adicional devido
Intermitente Adicional devido
Eventual Adicional não é devido
Habitual, mas por tempo extremamente reduzido. Adicional não é devido
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68
Observe, ainda, que a negociação coletiva não poderá fixar o parâmetro de pagamento do referido
adicional inferior ao limite legal de 30% (trinta por cento), por tratar-se de objeto ilícito para fins de Acordo
Coletivo de Trabalho e Convenção Coletiva de Trabalho, nos termos do artigo 611-B, XVIII da CLT:
Art. 611-B. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de
trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos:
XVIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas.
✓ ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
O adicional de insalubridade deverá ser pago ao empregado quando este for exposto a agentes físicos,
químicos ou biológicos que sejam considerados insalubres, conforme rol previsto na Norma Regulamentar
nº 15 do Ministério do Trabalho e Emprego.
Nos termos do artigo 192 da CLT, a insalubridade deve ser paga em conformidade ao grau de agressividade
do agente, podendo ser de 10% (grau mínimo), 20% (grau médio) e 40% (grau máximo), com base no
salário-mínimo. Ademais, o seu pagamento gerará reflexo em: décimo terceiro salário, férias + 1/3, FGTS e
aviso prévio.
Com o advento da reforma trabalhista, o enquadramento do grau de insalubridade poderá ser estipulado
mediante negociação coletiva, contanto que se mantenha dentro das disposições contidas nas normas de
saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei ou em normas regulamentadoras do Ministério do
Trabalho. O artigo 611-A, XII da CLT dispõe que:
Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho, observados os incisos III
e VI do caput do art. 8º da Constituição, têm prevalência sobre a lei quando, entre outros,
dispuserem sobre:
XII - enquadramento do grau de insalubridade e prorrogação de jornada em locais
insalubres, incluída a possibilidade de contratação de perícia, afastada a licença prévia das
autoridades competentes do Ministério do Trabalho, desde que respeitadas, na
integralidade, as normas de saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei ou em
normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho;
Logo, a previsão de enquadramento do grau de insalubridade poderá tão somente beneficiar o empregado,
trazendo maior proteção e, em nenhuma hipótese, poderá prejudicá-lo.
No que tange a estipulação de compensação de jornada em ambiente insalubre, o artigo 60 da CLT autoriza
tal possibilidade, desde que haja licença prévia da autoridade competente e vistoria no local.
Art. 60 - Nas atividades insalubres, assim consideradas as constantes dos quadros
mencionados no capítulo "Da Segurança e da Medicina do Trabalho", ou que neles venham
a ser incluídas por ato do Ministro do Trabalho, Industria e Comercio, quaisquer
prorrogações só poderão ser acordadas mediante licença prévia das autoridades
competentes em matéria de higiene do trabalho, as quais, para esse efeito, procederão
aos necessários exames locais e à verificação dos métodos e processos de trabalho, quer
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art8iii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art8iii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6514.htm#art1
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68
diretamente, quer por intermédio de autoridades sanitárias federais, estaduais e
municipais, com quem entrarão em entendimento para tal fim.
Mas, deve-se destacar que tal regramento não se aplica para jornada 12x36, a qual pode ser cumprida em
ambientes insalubres e sem a necessidade de perícia e autorização da autoridade competente, apesar de
tratar-se de um regime de compensação.
Ainda, quanto ao recebimento do adicional de insalubridade, devemos considerar a possibilidade do agente
ser neutralizado ou eliminado, ou ainda, reclassificado ou desclassificado pelo MTE. Veja as possibilidades
que podemos nos deparar:
➢ Caso o agente venha ser neutralizado ou eliminado, o empregado perderá o direito ao adicional, já
que o pagamento apenas existe enquanto o empregado estiver exposto a condições insalubres;
➢ E se o agente for reclassificado ou desclassificado pelo MTE, o empregado poderá ter a redução do
referido adicional, bem como a perda, caso este não seja mais classificado como insalubre.
Acerca do tema, observe entendimento jurisprudencial:
Súmula n. 80 do TST
A eliminação da insalubridade mediante fornecimento de aparelhos protetores aprovados
pelo órgão competente do Poder Executivo exclui a percepção do respectivo adicional.
Súmula nº 139 do TST
Enquanto percebido, o adicional de insalubridade integra a remuneração para todos os
efeitos legais.
Súmula nº 248 do TST
A reclassificação ou a descaracterização da insalubridade, por ato da autoridade
competente, repercute na satisfação do respectivo adicional, sem ofensa a direito
adquirido ou ao princípio da irredutibilidade salarial.
Súmula nº 289 do TST
O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do
pagamento do adicional de insalubridade. Cabe-lhe tomar as medidas que conduzam à
diminuição ou eliminação da nocividade, entre as quais as relativas ao uso efetivo do
equipamento pelo empregado.
1.1.2 – Parcela de Natureza Indenizatória
I. AJUDA DE CUSTO – Artigos 457 e 470 da CLT
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68
A ajuda de custo tem por finalidade ressarcir as despesas efetuadas pelo empregado ao longo do contrato
de trabalho. Exatamente em razão da motivação do seu pagamento, a ajuda de custo tem sempre natureza
indenizatória, conforme artigo 457, § 2º da CLT.
Neste sentido, a título de exemplo, podemos observar a hipótese da ajuda de custo corresponde ao valor
pago ao empregado, em uma única parcela, quando fruto das despesas de transferência para local distinto
do que resultar o contrato de trabalho (Art. 470, da CLT).
Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais,
além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do
serviço, as gorjetas que receber.
§ 2o As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-
alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos
não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e
não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário.
Art. 470 - As despesas resultantes da transferência correrão por conta do empregador.
II. DIÁRIA PARA VIAGEM
A diária de viagem paga pelo empregador não têm natureza salarial, contraprestativa ou remuneratória, à
medida que traduzem, em sua essência, ressarcimento de despesas feitas em razão do estrito cumprimento
do contrato de trabalho. Dessa forma, destinam-se tão somente a ressarcir as despesas com viagens,
independentemente do percentual que correspondam ao salário mensal do empregado.
Neste sentido, o artigo 457, § 2º da CLT, prevê:
As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimentação,
vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram
a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não
constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário.
Dica da Prof.ª: Não há limite do percentual que a diária de viagem irá representar no salário do
empregado.
III. PLR – PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS
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O empregador, mediante negociação coletiva, poderá proporcionar ao empregado a participação nos lucros
e resultados da empresa, conforme preceitua o artigo 3º da Lei nº 10.101/2000 e artigo 7º, XI da CF, e sem
que esta verba adquira natureza salarial e gere reflexos nas demais verbas.
O direito do empregadoà PLR está diretamente ligado à expressa previsão em ACT ou CCT. Importante ainda
destacar que a PLR deverá ser paga, quando for o caso, no máximo, duas vezes ao ano, com período mínimo
de 3 (três) meses entre um pagamento e outro, como se verifica no artigo 3º, § 2º da Lei nº 10.101/2000:
É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de
participação nos lucros ou resultados da empresa em mais de 2 (duas) vezes no mesmo
ano civil e em periodicidade inferior a 1 (um) trimestre civil.
Caso a norma acima consignada não venha a ser respeitada, a PLR adquirirá natureza salarial e, via de
consequência, gerará reflexos nas demais verbas trabalhistas. Mas, caso a negociação coletiva autorize o
pagamento da PLR por período superior a duas vezes no ano, neste caso, a verba continuará tendo natureza
indenizatória, já que é uma das hipóteses em que o negociado se sobrepõe ao legislado, conforme art. 611-
A, XV, da CLT.
Nesse sentido, devemos, ainda, observar o conteúdo sedimentado por meio da Súmula nº 451 do TST, a
qual dispõe:
Fere o princípio da isonomia instituir vantagem mediante acordo coletivo ou norma
regulamentar que condiciona a percepção da parcela participação nos lucros e resultados
ao fato de estar o contrato de trabalho em vigor na data prevista para a distribuição dos
lucros. Assim, inclusive na rescisão contratual antecipada, é devido o pagamento da
parcela de forma proporcional aos meses trabalhados, pois o ex-empregado concorreu
para os resultados positivos da empresa.
Logo, nos termos da Súmula nº 451 do TST, observa-se que o empregado que tiver o seu contrato rescindido
anteriormente à época própria de distribuição da PLR, ainda assim terá direito ao seu pagamento de forma
proporcional, sendo que qualquer disposição em contrário, ainda que mediante ACT ou CCT, será inválida.
IV. VALE TRANSPORTE
O vale transporte, regulamentado pela Lei nº 7.418/1985, deverá ser pago pelo empregador
antecipadamente, com a única finalidade de custear as despesas de deslocamento do empregado entre a
residência e o trabalho por meio de transporte público.
O empregado participará dos gastos do deslocamento no importe de 6% (seis por cento) que será
descontado de seu salário básico, sendo o valor remanescente arcado pelo empregador. No entanto, caso o
empregado gaste menos de 6% (seis por cento) sobre o seu salário básico com despesas de transporte, o
desconto ficará limitado ao valor do transporte.
O valor a ser apurado no transporte terá por base as informações expressamente prestadas pelo empregado,
as quais, se inverídicas, poderão gerar dispensa por justa causa.
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68
Exemplo:
✓ Empregado recebe mensalmente o valor de R$1.000,00;
✓ O gasto mensal com vale transporte é no importe de R$100,00;
✓ O empregado deverá arcar com 6% do seu salário para fins de V.T, ou seja, o equivalente a R$60,00;
✓ Nesta situação, o empregador deverá arcar com o valor restante, ou seja, R$40,00.
Por fim, observa-se a regulamentação prevista na Súmula nº 460 do TST, a qual prevê:
É do empregador o ÔNUS de comprovar que o empregado não satisfaz os requisitos
indispensáveis para a concessão do vale-transporte ou não pretenda fazer uso do
benefício.
Assim, a jurisprudência deste Tribunal Superior pacificou o entendimento de que o vale transporte, por não
se incorporar à remuneração do empregado para qualquer efeito, ostenta natureza jurídica indenizatória,
nos termos do artigo 2º, "a" da Lei nº 7.418/1985.
V. PRÊMIOS
O prêmio é uma parcela indenizatória paga pelo empregador em decorrência da boa produtividade
do empregado, o que envolverá diversos fatores como, a título de exemplo, produtividade acima do
esperado (superação de metas), assiduidade, qualidade, entre outros.
Logo, por ser uma parcela paga por mera liberalidade do empregador, poderá estar previsto em
regulamento interno da empresa, ou ainda, expressamente no próprio contrato de trabalho,
conforme artigo 611-A, VI e XIV da CLT.
No mesmo sentido, prevê o artigo 457 da CLT:
Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais,
além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do
serviço, as gorjetas que receber.
§2º As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-
alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos
não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e
não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário.
§4º Consideram-se prêmios as liberalidades concedidas pelo empregador em forma de
bens, serviços ou valor em dinheiro a empregado ou a grupo de empregados, em razão de
desempenho superior ao ordinariamente esperado no exercício de suas atividades.
Por fim, veja que a não observância de tais aspecto tornará o prêmio como uma verba de natureza salarial.
VI. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO
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68
O auxílio-alimentação pago pelo empregador possui natureza indenizatória, quando não realizada a sua
contraprestação na modalidade de pecúnia (dinheiro).
Tal aspecto possui previsão legal no artigo 457, § 2º da CLT:
Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais,
além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do
serviço, as gorjetas que receber.
§2º As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-
alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos
não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e
não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário.
1.2 - Salário-Utilidade
O salário do empregado pode ser composto por pecúnia (dinheiro) e utilidades (in natura), essa sendo paga
em substituição à parcela que seria em dinheiro como, a título de exemplo, moradia, alimentação, entre
outros.
A legislação prevê alguns requisitos para que a utilidade fornecida pelo empregador possua natureza salarial
e seja apta a gerar reflexos em outras parcelas, assim sendo:
1. A utilidade deverá ser fornecida de forma contínua/habitual.
2. A utilidade fornecida deverá ter caráter de contraprestação, ou seja, a utilidade somente terá natureza
salarial se caracterizar-se como uma vantagem PELA prestação de serviço, e não PARA a prestação de
serviço (ferramentas de trabalho).
Algumas utilidades que compõem o salário possuem um percentual máximo de desconto a incidir sobre o
salário, conforme artigo 458 da CLT:
Em caso de empregado rural, a proporção revela-se diferenciada:
ALIMENTAÇÃO - 20% do salário contratual
HABITAÇÃO – Desconto de até 25% do salário contratual
ALIMENTAÇÃO - 25% do salário contratual
HABITAÇÃO – Desconto de até 20% do salário contratual
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68
A Consolidação das Leis do Trabalho traz a previsão de que algumas utilidades arcadas pelo empregador não
serão consideradas como salário utilidade para fins de cálculo (reflexos) em outras verbas.
Neste sentido, o artigo 458 da CLT dispõe:
Art. 458 - Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os
efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a
empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado.
Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas
nocivas.
§ 1º Os valores atribuídos às prestações "in natura" deverão ser justos e razoáveis, não
podendo exceder, em cada caso, os dos percentuais das parcelas componentes do salário-
mínimo (arts. 81 e 82).
§ 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as
seguintes utilidades concedidas pelo empregador:
I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidosaos empregados e utilizados
no local de trabalho, para a prestação do serviço;
II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os
valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material
didático;
III – transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido
ou não por transporte público;
IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante
seguro-saúde;
V – seguros de vida e de acidentes pessoais;
VI – previdência privada;
VIII - o valor correspondente ao vale-cultura.
§ 3º - A habitação e a alimentação fornecidas como salário-utilidade deverão atender aos
fins a que se destinam e não poderão exceder, respectivamente, a 25% (vinte e cinco por
cento) e 20% (vinte por cento) do salário-contratual.
§ 4º - Tratando-se de habitação coletiva, o valor do salário-utilidade a ela correspondente
será obtido mediante a divisão do justo valor da habitação pelo número de co-habitantes,
vedada, em qualquer hipótese, a utilização da mesma unidade residencial por mais de uma
família.
§ 5 º O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio
ou não, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos
ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e outras similares, mesmo
quando concedido em diferentes modalidades de planos e coberturas, não integram o
salário do empregado para qualquer efeito nem o salário de contribuição, para efeitos do
previsto na alínea q do § 9o do art. 28 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8212cons.htm#art28%C2%A79q
24
68
Acerca do tema, ainda devemos observar a Súmula nº 367 do TST:
I - A habitação, a energia elétrica e veículo fornecidos pelo empregador ao empregado,
quando indispensáveis para a realização do trabalho, não têm natureza salarial, ainda que,
no caso de veículo, seja ele utilizado pelo empregado também em atividades particulares.
II - O cigarro não se considera salário utilidade em face de sua nocividade à saúde.
1.3 - Descontos Salariais
O salário tem por característica a sua intangibilidade, a qual se caracteriza como a restrição imposta pelo
legislador em relação aos descontos que o empregador pode efetuar nos salários de seus empregados. A
intangibilidade do salário ampliou-se a partir da Constituição Federal de 1988, que passou a prever como
crime a retenção dolosa do salário, nos termos de seu artigo 7º, X.
Ressalta-se, ainda, que constitui objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho
previsão contrária à proteção do salário na forma da lei e à caracterização de sua retenção dolosa como
crime, conforme dispõe o artigo 611-B, VII da CLT.
Assim sendo, o empregador somente pode realizar descontos no salário do empregado nas hipóteses e nos
limites previstos pelo artigo 462 da CLT. Como regra geral, somente são possíveis os descontos quando estes
resultarem de:
Importante salientar alguns aspectos atinentes ao caso de dano ocasionado por dolo ou
culpa pelo empregado. Veja:
- Quando tratar-se de culpa, o desconto poderá ser efetuado apenas quando autorizado
previamente pelo empregado via contrato de trabalho ou negociação coletiva – Exemplo:
OJ nº 251 da SDI-I/TST;
Previsão legal;
Adiantamentos salariais;
Dano;
Salário Utilidade - Art. 458 da CLT.
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68
- Quando for caso de dolo na conduta do empregado, nesta situação, o desconto pode
ser efetuado, independente da concordância do empregado.
1.4 - Equiparação Salarial
Acerca da equiparação salarial, Maurício Godinho Delgado2 melhor define:
Equiparação salarial é a figura jurídica mediante a qual se assegura ao trabalhador idêntico
salário ao do colega perante o qual tenha exercido, simultaneamente, função idêntica, na
mesma localidade, para o mesmo empregador. A esse colega comparado dá-se o nome de
paradigma (ou espelho) e ao trabalhador interessado na equalização confere-se o epíteto
de equiparando. Designam-se, ainda, ambos pelas expressões paragonados ou
comparados.
A equiparação salarial, quando pleiteada pelo empregado na Justiça do Trabalho, envolverá duas figuras,
paragonado (aquele que pleiteia a equiparação) e paradigma (aquele com a qual se pretende equiparar o
salário), tendo o instituto, por base, uma diferenciação salarial sem qualquer razão aparente, o que a torna
ilegal e passível condenação do empregador às diferenças salariais decorrentes.
O instituto da equiparação está regulado pela CLT, por meio do artigo 461, e preceitua a ideia de combate à
discriminação.
Assim, em não havendo motivos para diferenciação salarial, a equiparação poderá ser pleiteada junto à
Justiça do Trabalho se preenchidos os requisitos legais, quais sejam:
▪ O trabalho exercido pelo empregado requerente (paragonado) e o paradigma deve ser de igual
produtividade e valor, no exercício da mesma função e prestados no mesmo estabelecimento, ao
mesmo empregador;
Os empregados envolvidos na equiparação salarial, paradigma e paragonado, devem
laborar para o mesmo empregador e no mesmo estabelecimento empresarial. Logo, caso
uma empresa possua dois estabelecimentos empresariais em uma mesma cidade, isto não
será apto para se ter a equiparação salarial entre os empregados, caso paradigma e
paragonado não laborem no mesmo estabelecimento.
No que tange à identidade de funções, a reforma trabalhista exige que paradigma e
paragonado exerçam as mesmas atividades, com igual perfeição técnica, produtividade e
de igual valor.
▪ A diferença de tempo de serviço para o mesmo empregador não seja superior a 04 (quatro) anos, e
a diferença de tempo na função não seja superior a 02 (dois) anos;
2 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 16. ed. São Paulo: LTr, 2017, p. 926.
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68
Com o advento da reforma trabalhista, exige-se que entre paradigma e paragonado não se
tenha tempo de serviço superior a quatro anos e, ainda, que o tempo na mesma função
não seja superior a dois anos. Caso não se preencha tais requisitos, inviabiliza-se a
equiparação salarial.
▪ Inexista quadro de carreira ou plano de cargo e salário.
Quanto ao quadro de carreira e o plano de cargo e salário, devemos ressaltar que a sua
simples existência, independentemente de homologação pelo Ministério do Trabalho e
Emprego, não torna possível o pleito de equiparação salarial.
Logo, o advento da reforma trabalhista retirou a exigência de validade do quadro de
carreira com homologação do Ministério do Trabalho e Emprego, nos termos do artigo 461,
§ 2º da CLT, in verbis:
Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal
organizado em quadro de carreira ou adotar, por meio de norma interna da empresa ou de
negociação coletiva, plano de cargos e salários, dispensada qualquer forma de
homologação ou registro em órgão público.
No mais, os requisitos de promoção do quadro de carreira não necessitam observar
critérios de antiguidade e merecimento, podendo-se adotar qualquer um desses critérios,
sem que isso invalide o instituto.
Neste sentido, a negociação coletiva poderá ainda dispor acerca do tema, conforme
redação apresentada também pela reforma trabalhista, em seu artigo 611-A, V da CLT.
Por fim, observe que trabalhador readaptado em nova função por motivo de deficiência física ou mental
atestada pelo órgão competente da Previdência Social, não poderá servir de paradigma para fins de
equiparação salarial, logo, sendo um impedimento.
A legislação trabalhista regulamenta o tema, no seguinte sentido:
Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo
empregador, nomesmo estabelecimento empresarial, corresponderá igual salário, sem
distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade.
§ 1o Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual
produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo
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68
de serviço para o mesmo empregador não seja superior a quatro anos e a diferença de
tempo na função não seja superior a dois anos.
§ 2o Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal
organizado em quadro de carreira ou adotar, por meio de norma interna da empresa ou
de negociação coletiva, plano de cargos e salários, dispensada qualquer forma de
homologação ou registro em órgão público.
§ 3o No caso do § 2o deste artigo, as promoções poderão ser feitas por merecimento e por
antiguidade, ou por apenas um destes critérios, dentro de cada categoria
profissional.
§ 4º - O trabalhador readaptado em nova função por motivo de deficiência física ou mental
atestada pelo órgão competente da Previdência Social não servirá de paradigma para fins
de equiparação salarial.
§ 5o A equiparação salarial só será possível entre empregados contemporâneos no cargo
ou na função, ficando vedada a indicação de paradigmas remotos, ainda que o paradigma
contemporâneo tenha obtido a vantagem em ação judicial própria.
§ 6o No caso de comprovada discriminação por motivo de sexo ou etnia, o juízo
determinará, além do pagamento das diferenças salariais devidas, multa, em favor do
empregado discriminado, no valor de 50% (cinquenta por cento) do limite máximo dos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
A equiparação salarial na Administração Pública, em regra, revela-se totalmente vedada, conforme
disposição do artigo 37, XIII da CF:
Art. 37 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o
efeito de remuneração de pessoal do serviço público.
No mesmo sentido, preceitua a OJ nº 297 da SDI-I/TST:
O art. 37, inciso XIII, da CF/1988, veda a equiparação de qualquer natureza para o efeito
de remuneração do pessoal do serviço público, sendo juridicamente impossível a aplicação
da norma infraconstitucional prevista no art. 461 da CLT quando se pleiteia equiparação
salarial entre servidores públicos, independentemente de terem sido contratados pela CLT.
28
68
No entanto, apesar de tais restrições legais, quando se tratar de Sociedade de Economia Mista e Empresa
Pública, a equiparação salarial se revelará possível, já que estas empresas se equiparam a empregador
privado para todos os fins, conforme Súmula nº 455 do TST:
Súmula n. 455 do TST
Equiparação salarial. Sociedade de economia mista. Possibilidade. CF/88, art. 37, XIII
e CF/88, art. 173, § 1º, II. CLT, art. 461.
À sociedade de economia mista não se aplica a vedação à equiparação prevista na CF/88,
art. 37, XIII, pois, ao admitir empregados sob o regime da CLT, equipara-se a empregador
privado, conforme disposto na CF/88, art. 173, § 1º, II).
(XXIII EXAME DE ORDEM) Rosa chegava sistematicamente atrasada ao emprego e, no horário de serviço,
era flagrada usando redes sociais por meio do telefone celular.
Em razão desses fatos, Rosa recebeu uma advertência e uma suspensão, ambas por escrito e devidamente
assinadas pela trabalhadora. Ela teve a promessa de que sua CTPS seria assinada, o que nunca aconteceu,
pois a empresa alegava que ela estava em período de treinamento.
Diante da situação retratada, responda às indagações a seguir.
A) A empresa poderá lançar a advertência e a punição aplicadas à empregada na parte de anotações
gerais? Justifique.
R. Não, pois é proibido anotar qualquer fato desabonador à conduta do empregado na sua carteira
profissional, sob pena de danos morais, na forma do Art. 29, § 4º, da CLT.
B) Informe em quanto tempo a carteira de trabalho de Rosa deveria ser assinada, justificando sua
resposta.
R. A carteira de trabalho de Rosa deve ser assinada em cinco dias úteis, conforme preconiza o Art. 29 da CLT,
sendo que a ausência de registro implica a aplicação de multa.
(XX EXAME DE ORDEM - ADAPTADA) Plínio trabalhou durante todo o ano de 2014 e até o mês de abril de
2015 na sociedade empresária Bom Lucro Ltda., a qual tinha acordo individual prevendo o pagamento de
participação nos lucros ao final de cada ano, no mês de dezembro, em valor fixo, desde que o empregado
trabalhasse ao longo de todo o ano. Plínio, que não recebeu nenhuma participação nos lucros durante
todo o contrato de trabalho, foi dispensado imotivadamente.
Sobre o caso apresentado, responda aos itens a seguir.
A) Esclareça a que parcelas relativas à participação nos lucros Plínio faz jus.
https://www.legjur.com/legislacao/art/cf8800000001988-37
https://www.legjur.com/legislacao/art/cf8800000001988-173
https://www.legjur.com/legislacao/art/cf8800000001988-37
https://www.legjur.com/legislacao/art/cf8800000001988-37
https://www.legjur.com/legislacao/art/cf8800000001988-173
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R. Nos termos da Súmula nº 451 do TST, Plínio faz jus à parcela integral da participação nos lucros em 2014,
bem como à parcela proporcional referente ao ano de 2015, já que corroborou com o lucro da empresa.
B) Esclareça se os valores relativos à participação nos lucros devem integrar a remuneração de Plínio.
R. Não deverá haver qualquer integração da PLR à remuneração de Plínio, haja vista que a participação dos
trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa não possui natureza salarial, e sim indenizatória, não
integrando ao salário para nenhum fim, nos termos do Art. 3º da Lei nº 10.101/00 e Art. 7º, XI, da CF/88.
(X EXAME DE ORDEM) Pedro trabalhou numa empresa de 10.02.2011 a 20.05.2013, quando foi dispensado
sem justa causa e recebeu as verbas devidas. Após, ajuizou ação pleiteando a participação nos lucros (PL)
de 2013, prevista em acordo individual, requerendo que o cálculo fosse proporcional ao tempo
trabalhado. Defendendo-se, a empresa advoga que a parcela é indevida porque uma das condições para
o recebimento da PL, prevista no acordo individual, é que o empregado esteja com o contrato em vigor no
mês de dezembro de 2013, o que não ocorre no caso.
Diante dessa situação, responda:
A) Pedro tem direito à participação proporcional nos lucros de 2013? Justifique sua resposta.
R. Sim, Pedro terá direito à PLR proporcional, pois a exigência do acordo individual não é aceita pela
jurisprudência. Ou seja, não há a necessidade que o contrato esteja em vigor na data de distribuição dos
lucros, hipótese em que o empregado receberá proporcionalmente ao período que contribui aos lucros da
empresa, conforme Súmula 451 do TST.
B) Analise se a participação nos lucros está sujeita a alguma incidência tributária. Justifique sua resposta.
(Valor: 0,60)
R. Sim, a participação nos lucros está sujeita à contribuição fiscal, em especial, o imposto de renda, conforme
Lei nº 10.101/00.
(XIII EXAME DE ORDEM) - Aproveitando a oportunidade conferida por seu empregador, Renan aderiu ao
Programa de Demissão Voluntária ofertado pela empresa e recebeu 10 salários adicionais de indenização
(um salário por cada ano trabalhado), além das verbas típicas da dispensa sem justa causa. No mesmo
período, Renan dispensou sua empregada doméstica.
Diante da situação, responda aos itens a seguir.
A) Haverá recolhimento de FGTS sobre a indenização de 10 salários adicionais? Justifique em qualquer
hipótese.
R. Não, na hipótese retratada não haverá recolhimento de FGTS, haja vista a natureza indenizatória da verba,
não se constituindo fato gerador doFGTS, conforme artigo 15 da Lei nº 8.036/90.
B) Analise se, em eventual reclamação trabalhista movida pela empregada doméstica de Renan, poderia
haver penhora da conta do FGTS do empregador para que os valores lá depositados sirvam para
pagamento da doméstica na fase executória. Justifique.
R. Não será possível, pois as contas do FGTS são absolutamente impenhoráveis, na forma do artigo 2º, § 2º,
da Lei nº 8.036/90.
(IX EXAME DE ORDEM) Sebastião é empregado no Restaurante Galeto Delicioso Ltda., exercendo a função
de garçom, com salário mensal de R$ 1.000,00 (um mil reais), que é equivalente ao piso salarial da
categoria profissional previsto em convenção coletiva de trabalho. Apesar de o restaurante não incluir as
gorjetas nas notas de serviço, estas são oferecidas espontaneamente pelos clientes.
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Diante desta situação hipotética, responda, de forma fundamentada, às indagações a seguir.
A) Qual é a natureza jurídica da gorjeta? Justifique.
R. Nos termos do Art. 457, caput da CLT, a gorjeta compreende a remuneração do empregado, razão pela
qual tem natureza remuneratória.
B) Analise a pretensão de Sebastião, feita ao empregador, de ter o valor das gorjetas integrado na base de
cálculo do FGTS.
R. Sim, a pretensão procede, pois o valor das gorjetas integrará a base de cálculo dos depósitos do FGTS.
Neste sentido, conforme dispõe o Art. 15, caput, da Lei nº 8.036/90, os empregadores ficam obrigados a
depositarem até o dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8
(oito) por cento da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador.
Logo, a base de incidência do FGTS é a remuneração do empregado, que inclui as gorjetas recebidas (Art.
457, caput, da CLT).
(XIX EXAME DE ORDEM) Antônio é um dos 20 vendedores da loja de calçados Ribeirinha. Em seu
contracheque, há desconto mensal de 1,5% do salário para a festa de confraternização que ocorre todo
final de ano na empresa, além de subtração semestral por “pé faltante” – valor dos pares de sapatos dos
quais, no inventário semestral realizado na loja, somente um dos calçados é localizado, ficando, então,
descartada a utilidade comercial pela ausência do outro “pé”, sem a comprovação de culpa do empregado.
Gilberto assinou na admissão autorização de desconto de “pé faltante”.
Após ser dispensado, ajuizou reclamação pedindo a devolução de ambos os descontos. A empresa pugna
pela validade do desconto para a festa, pois alega que Gilberto sempre participou dela, e, em relação ao
“pé faltante”, porque assinou documento autorizando o desconto. Na audiência, o autor confirmou a
presença na festa da empresa em todos os anos e afirmou que havia comida e bebida fartas. Não se
produziram outras provas.
Diante da situação retratada e do entendimento consolidado do TST, responda aos itens a seguir.
A) O desconto para a festa de confraternização é válido? (Valor: 0,65)
R. Não, o desconto para a confraternização é inválido, na medida em que não foi autorizado pelo
trabalhador, violando a Súmula nº 342 do TST e o Art. 462 da CLT, que tratam do tema.
B) O desconto a título de “pé faltante” é válido? (Valor: 0,60)
R. Não, o desconto a título de “pé faltante” é inválido, na medida em que, apesar de autorizado por escrito,
exigiria a prova de culpa do empregado, como previsto no Art. 462, § 1º, da CLT, o que não ocorreu.
(XVII EXAME DE ORDEM) Rodolfo é gerente em um supermercado e recebe salário de R$ 5.000,00 mensais,
mas precisou se afastar do emprego por 90 dias em razão de doença. Nesse período de afastamento, o
subgerente Vitor, que ganha R$4.000,00 por mês, assumiu a função interinamente. Infelizmente a doença
de Rodolfo evoluiu e ele veio a falecer 91 dias após o afastamento. Uma semana após o trágico evento, o
supermercado contratou José como o novo gerente, acertando salário de R$ 4.800,00 mensais.
Diante da situação apresentada e do entendimento consolidado do TST, responda de forma fundamentada
aos itens a seguir.
A) Analise se Vitor tem direito a receber o mesmo salário que Rodolfo no período em que assumiu a função
interinamente. (Valor: 0,65)
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R. Vitor tem direito a receber o mesmo salário que Rodolfo porque, na hipótese, a substituição não é
eventual, razão pela qual é assegurado o pagamento do mesmo salário que o substituído, na forma da
Súmula 159, I, do TST.
B) Caso José viesse a ajuizar reclamação trabalhista postulando a diferença salarial entre aquilo que ele
recebe de salário e o valor pago ao finado Rodolfo, sob alegação de discriminação, que tese você,
contratado pelo Supermercado, advogaria? (Valor: 0,60)
R. A tese a ser advogada é a de que se trata de cargo vago que, assim, não dá direito do novo empregado de
receber o mesmo salário que o antecessor, na forma da Súmula 159, II, do TST.
(VIII EXAME DE ORDEM) Francisco é empregado numa empresa de máquinas e trabalha externamente.
Em termos salariais, Francisco é comissionista puro, recebendo 20% sobre as vendas por ele realizadas
mensalmente. Em determinado mês Francisco efetuou uma venda de R$ 50.000,00 em 10 parcelas
mensais, daí porque o empregador lhe disse que pagará a comissão de acordo com o vencimento das
parcelas.
A partir do caso apresentado, responda aos itens a seguir.
A) Se uma das parcelas não for paga pelo comprador, como deve proceder o empregador de Francisco em
relação ao pagamento da comissão correspondente? Justifique.
R. O empregador deve realizar o pagamento da comissão, pois não pode transferir para o empregado o risco
do negócio, já que possui meios jurídicos hábeis para a cobrança da dívida em face do devedor inadimplente,
conforme artigo 2º e 466 § 1º da CLT e arts. 5º e 7º Lei nº 3.207/57
B) Se as parcelas estivessem sendo pagas normalmente e Francisco fosse dispensado seis meses após a
realização da venda, como fica a situação da comissão vincenda?
R. Nesse caso, a empresa continuará pagando a comissão a cada mês, pois a ruptura do contrato não exclui
o direito do empregado, nem obriga o empregador a antecipar o pagamento, na forma do art. 466, § 2º da
CLT.
(IV EXAME DE ORDEM) Em 15/04/2008, João Carlos de Almeida foi contratado pela Engelétrica S.A. para
trabalhar na construção das barragens da Hidrelétrica de Belo Monte. Entretanto, em virtude da grande
distância entre o local de trabalho e a cidade mais próxima, o empregador lhe forneceu habitação durante
toda a vigência do contrato. Dispensado sem justa causa em 13/08/2010, João Carlos ajuizou ação
trabalhista visando à inclusão da ajuda-habitação na sua remuneração e o pagamento dos reflexos daí
decorrentes, uma vez que a moradia constituiu salário in natura, compondo a contraprestação ajustada
pelas partes.
Com base na situação concreta, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos
apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.
A) Qual é o critério apto a definir a natureza jurídica da prestação entregue ao empregado pelo
empregador?
R. O critério apto a definir a natureza jurídica da prestação é o caráter retributivo ou contraprestativo da
prestação ("pelo" trabalho) e a natureza indenizatória ou instrumental da prestação ("para" o trabalho), a
fim de atribuir natureza salarial apenas ao primeiro grupo. Neste sentido, o art. 458, caput, da CLT, bem
como o seu §2º, inciso I, exclui determinadas prestações do âmbito salarial, ou seja, terão natureza apenas
indenizatória.
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B) Nesta hipótese em especial, a habitação fornecida pela Engelétrica S.A. deve ou não integrar a
remuneração de João Carlos de Almeida? Por quê?
R. A grande distância entre o local de trabalho e a cidade mais próxima tornou imprescindível o fornecimento
da habitação, sob pena de inviabilizar a realização do trabalho. Assim a habitação fornecida a João Carlos
pela Engelétrica não possui natureza salarial, uma vez que possui natureza instrumental ("para" o trabalho),
isto é,visa à melhor efetivação do serviço contratado, de acordo com a Súmula nº 367, I do TST.
2 - Estabilidades no Contrato de Trabalho
A estabilidade no contrato de trabalho consiste no direito do trabalhador de permanecer no emprego,
mesmo que contra a vontade do empregador, e enquanto inexistir uma causa relevante e expressa em lei,
de forma a autorizar a sua dispensa, como ocorre na dispensa por justa causa.
Tal aspecto funda-se, portanto, no princípio da causalidade da dispensa, e destina-se a impedir a dispensa
imotivada, arbitrária, ou ainda, abusiva, em razão de determinado fato gerador.
➢ ESTABILIDADE DECENAL – Artigo 492 da CLT
O empregado decenal caracterizava-se por ser aquele empregado que conquistava a estabilidade após 10
(dez) anos de prestação de serviço ao mesmo empregador, o que o tornava estável de forma permanente.
No entanto, com o advento da Constituição Federal de 1988, o empregado deveria optar entre ser estável
após 10 (dez) anos de trabalho ao mesmo empregador, ou aderir ao regime do FGTS, hipótese em que não
faria jus à estabilidade.
Neste sentido, ao empregado optante pela estabilidade decenal e que na atualidade ainda labore nesta
condição, a dispensa somente se tornará válida mediante a prática de uma falta grave pelo empregado e a
consequente propositura de Inquérito Judicial para Apuração de Falta Grave pelo empregador, quando se
confirmará a realização ou não da falta grave. Veja o disposto no artigo 492 da CLT:
Art. 492 - O empregado que contar mais de 10 (dez) anos de serviço na mesma empresa
não poderá ser despedido senão por motivo de falta grave ou circunstância de força maior,
devidamente comprovadas.
Parágrafo único - Considera-se como de serviço todo o tempo em que o empregado esteja
à disposição do empregador.
Logo, a dispensa do empregado sem a ocorrência de falta grave por ele praticada torna-se inválida, de acordo
com o artigo 494 da CLT, o que consequentemente gerará direito à reintegração ou indenização substitutiva,
nos termos dos artigos 477 e 478 da CLT.
Ainda, ressaltamos que a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, o regime do FGTS passou
a ser obrigatório, NÃO sendo mais possível o empregado conquistar a estabilidade decenal, ou seja, terá
direito a esta modalidade de estabilidade somente o empregado que, até a entrada em vigor da CF/88, já
havia conquistado o direito.
➢ DIRIGENTE SINDICAL
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Nos termos do artigo 8º, VIII da CF e artigo 543, § 3º da CLT, o dirigente sindical é aquele que atua na defesa
dos interesses da categoria e, portanto, goza de estabilidade provisória, desde o registro da sua candidatura
e, uma vez eleito, até 01 (um) ano após o final do seu mandato (03 anos).
A estabilidade do dirigente também se aplica aos seus suplentes, de forma que se limita a 07 (sete) titulares
e 07 (sete) suplentes. Fica limitada, assim, a estabilidade a que alude o art. 543, § 3.º, da CLT a
sete dirigentes sindicais e igual número de suplentes.
Ademais, caso o registro da candidatura a dirigente sindical se dê no transcorrer do cumprimento de aviso
prévio, ou ainda, em sede um contrato por prazo determinado, não haverá estabilidade, por tratar-se de
uma estabilidade objetiva (ligada ao cargo e não à pessoa).
No que tange a dispensa do dirigente sindical, esta somente se torna possível mediante falta grave praticada
e apurada por Inquérito Judicial para Apuração de Falta Grave, conforme Súmulas nº 379 do TST e nº 197
do STF.
SÚMULA n. 379 DO TST - 18/12/2017
Sindicato. Estabilidade provisória. Dirigente sindical. Despedida. Falta grave. Inquérito
judicial. Necessidade. CLT, arts. 494 e 543, § 3º.
O dirigente sindical somente poderá ser dispensado por falta grave mediante a apuração
em inquérito judicial, inteligência dos arts. 494 e 543, § 3º, da CLT. (ex-OJ 114/SDI-I -
Inserida em 20/11/97).
SÚMULA n. 197 SFT
O empregado com representação sindical só pode ser despedido mediante inquérito em
que se apure falta grave.
Importante ressaltar que o Inquérito Judicial para Apuração de Falta Grave trata-se de uma ação, proposta
pelo empregado, e regida pelo procedimento especial trabalhista, com o objetivo de rescindir o contrato de
trabalho por falta grave de um empregado que goza de estabilidade.
Destaca-se, ainda, que não é qualquer empregado que usufrui o direito do ingresso de um inquérito para
que possa ser dispensado por falta grave, este é um privilégio de empregados específicos, como o dirigente
sindical e o empregado decenal, por exemplo.
O empregador deve ajuizar a ação no prazo decadencial de 30 (trinta) dias, contados da suspensão do
empregado. No entanto, a doutrina e jurisprudência majoritárias entendem que a suspensão do empregado
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é facultativa, considerando que a redação do artigo 494 da CLT prevê que o empregador “poderá” suspender
o empregado, ou seja, não aponta como uma obrigatoriedade. Veja:
Art. 494 - O empregado acusado de falta grave poderá ser suspenso de suas funções, mas
a sua despedida só se tornará efetiva após o inquérito e que se verifique a procedência da
acusação.
Na hipótese de procedência da ação, ocorrerá a consolidação da rescisão do contrato de trabalho por justa
causa do empregado estável; já no caso de improcedência da ação, o contrato continuará vigorando, e o
empregador ficará obrigado a readmitir o empregado e a pagar-lhe os salários a que teria direito no período
de sua suspensão.
O membro do Conselho Fiscal do Sindicato, conforme preceituado na Orientação Jurisprudencial nº 365 da
SDI-I do TST, não é detentor da estabilidade prevista nos artigos 543, § 3º, da CLT e 8º, VIII, da CF, eis que o
mesmo tem sua competência limitada à fiscalização da gestão financeira do sindicato, não atuando na
defesa dos direitos de sua categoria. Tal fato repete-se em relação ao Delegado Sindical, pois este não é
detentor de estabilidade, por não exercer cargo de direção sindical, nos termos da OJ nº 369 da SDI-I do
TST.
Neste sentido, veja o disposto nas OJs do TST:
Orientação Jurisprudencial 365/TST-SDI-I - 18/12/2017. Sindicato. Estabilidade provisória.
Membro de conselho fiscal. Estabilidade não reconhecida. CLT, arts. 522, § 2º e 543, § 3º.
CF/88, art. 8º, VIII.
Membro de conselho fiscal de sindicato não tem direito à estabilidade prevista nos arts.
543, § 3º, da CLT e 8º, VIII, da CF/88, porquanto não representa ou atua na defesa de
direitos da categoria respectiva, tendo sua competência limitada à fiscalização da gestão
financeira do sindicato (art. 522, § 2º, da CLT).
OJ-SDI1-369 Estabilidade Provisória. Delegado Sindical. Inaplicável (DEJT divulgado em
03, 04 e 05.12.2008)
O delegado sindical não é beneficiário da estabilidade provisória prevista no art. 8º, VIII, da
CF/1988, a qual é dirigida, exclusivamente, àqueles que exerçam ou ocupem cargos de
direção nos sindicatos, submetidos a processo eletivo.
DIRIGENTE ELEITO DE COOPERATIVA DE EMPREGADOS
O artigo 55 da Lei nº 5.764/1971 (Política Nacional de Cooperativismo) garante estabilidade ao empregado
eleito Dirigente de Cooperativa, de forma que se aplicam as mesmas garantias asseguradas ao dirigente
sindical, inclusive, a necessidade de Inquérito Judicial para Apuração de Falta Grave quando o empregado
vier a cometer qualquer tipo de falta grave.
E caso dispensado o empregado eleito para a Diretoria da Cooperativa no período do registro de sua
candidatura até um ano após o término de seu mandado, tem-se por nula a dispensa, uma vez que
amparado pela estabilidade provisória de que trata o artigo 55 da Lei nº 5.764 /71 e artigo 543, § 3º, da
CLT .
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A garantia concedida ao empregado eleito diretor de cooperativa criada pelos próprios empregados tem
por escopo resguardar o emprego do dirigente, a fim de permitir a livre persecução dos fins sociais
da cooperativa, previstos no artigo 4º da Lei n.º 5.764 /71, sem qualquer pressão por parte da empresa.Logo, a garantia prevista no artigo 55 da Lei do Cooperativismo visa à devida proteção daqueles que, por
ocuparem posições de poder e tomada de decisão nessas sociedades, acabam se expondo aos
empregadores, por vezes, como resultado da defesa dos interesses da categoria econômica ou classe
de empregados.
Contudo, conforme OJ nº 253 da SDI-1 do TST, tal estabilidade NÃO se aplica ao membro SUPLENTE, como
se observa:
OJ-SDI1-253 ESTABILIDADE PROVISÓRIA. COOPERATIVA. LEI Nº 5.764/71. CONSELHO
FISCAL. SUPLENTE. NÃO ASSEGURADA (inserida em 13.03.2002)
O art. 55 da Lei nº 5.764/71 assegura a garantia de emprego apenas aos empregados
eleitos diretores de Cooperativas, não abrangendo os membros suplentes.
REPRESENTANTE DOS TRABALHADORES NO CONSELHO NACIONAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
O artigo 3º, § 7º da Lei nº 8.213/1991 prevê que goza de estabilidade o representante dos trabalhadores no
Conselho Nacional Da Previdência Social, desde a nomeação até 01 (um) ano após o término do mandato, o
que se aplica também ao seu membro suplente.
A dispensa somente é válida, nos termos do artigo supracitado, em razão de falta grave apurada em
Inquérito Judicial para Apuração de Falta Grave.
➢ DIRIGENTE DA CIPA
A Comissão Interna de Prevenção a Acidentes tem a função de manter o meio ambiente de trabalho
saudável, de forma que o empregado eleito para o cargo de direção da CIPA gozará da estabilidade prevista
no artigo 10, II, “a” do ADCT, a qual é estabelecida desde o registo da candidatura até 1 (um) ano após o
final do mandato, conforme Súmulas nº 676 do STF e nº 339 do TST:
Súmula 676/STF - 18/12/2017. Estabilidade provisória. CIPA. Aplicabilidade ao suplente.
ADCT da CF/88, art. 10, II, «a».
A garantia da estabilidade provisória prevista no art. 10, II, «a», do ADCT - também se aplica
ao suplente do cargo de direção de comissões internas de prevenção de acidentes (CIPA).
Súmula nº 339 do TST - CIPA. SUPLENTE. GARANTIA DE EMPREGO. CF/1988 (incorporadas
as Orientações Jurisprudenciais nºs 25 e 329 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e
25.04.2005.
I - O suplente da CIPA goza da garantia de emprego prevista no art. 10, II, "a", do ADCT a
partir da promulgação da Constituição Federal de 1988.
II - A estabilidade provisória do cipeiro não constitui vantagem pessoal, mas garantia para
as atividades dos membros da CIPA, que somente tem razão de ser quando em atividade a
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empresa. Extinto o estabelecimento, não se verifica a despedida arbitrária, sendo
impossível a reintegração e indevida a indenização do período estabilitário.
No entanto, a comissão é constituída por representantes dos empregadores (indicados) e empregados
(eleitos), sendo que apenas estes possuirão estabilidade.
Observe que a estabilidade provisória do cipeiro não tem causa personalíssima, mas visa garantir ao
empregado o exercício de suas atribuições como membro da CIPA com liberdade e independência, o que se
justifica apenas quando em atividade a empresa. Logo, em caso de extinção do estabelecimento não há que
se falar em manutenção da estabilidade provisória.
Quanto a dispensa do cipeiro, esta somente tornar-se-á válida quando cometida uma falta grave ou a
estabilidade tiver chegado ao seu fim, sendo que, quando cometida uma falta grave, não se torna igualmente
necessária a apuração mediante Inquérito Judicial para Apuração de Falta Grave.
➢ ESTABILIDADE DA GESTANTE
Nos termos do artigo 10, II, “b” do ADCT, é vedada a dispensa da empregada gestante, desde a confirmação
da gravidez até 5 (cinco) meses após o parto.
Já a licença maternidade será de 120 (cento e vinte) dias, podendo-se iniciar 28 (vinte e oito) dias antes do
parto, e perdurar até 92 (noventa) dias após o parto, assim sendo:
28 DIAS PARTO 92 DIAS
Desta forma, a empregada deve, mediante atestado médico, notificar o seu empregador da data do início
do afastamento do emprego, que poderá ocorrer entre o 28º (vigésimo oitavo) dia antes do parto e
ocorrência deste. E, vale mencionar que, os períodos de repouso, antes e depois do parto, poderão ser
aumentados de 2 (duas) semanas cada um, mediante atestado médico.
Em caso de morte da genitora, é assegurado ao cônjuge ou companheiro empregado o gozo de licença por
todo o período da licença-maternidade ou pelo tempo restante a que teria direito a mãe, exceto no caso
de falecimento do filho ou de seu abandono.
Já quando se tratar de adoção ou guarda judicial conjunta, a licença-maternidade deverá ser concedida a
apenas um dos adotantes ou guardiães empregado ou empregada.
Ademais, destacamos alguns aspectos atinentes a gestante e que devemos nos ater:
✓ O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta da empregada gestante o
direito à estabilidade;
✓ A estabilidade da gestante persiste mesmo quando o contrato pactuado for por prazo determinado,
ou ainda, o estado gravídico se der no transcorrer do aviso prévio trabalhado ou indenizado, nos
termos do artigo 391-A da CLT, uma vez que esta estabilidade denomina-se como subjetiva, ou seja,
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está diretamente ligada à pessoa, e não ao cargo. Neste ponto, vale mencionar que a estabilidade da
gestante em contrato por prazo determinado não atinge as relações regidas por contrato temporário.
✓ A LC nº 146/2014 estende o direito à estabilidade da gestante a quem detenha a guarda do filho, na
hipótese de falecimento da genitora. E tratando-se de aborto não criminoso, o artigo 395 da CLT
prevê uma licença de 2 (duas) semanas;
✓ A dispensa da empregada gestante somente pode ocorrer mediante falta grave, não necessitando o
empregador se valer do Inquérito Judicial para Apuração de Falta Grave;
Por fim, nos termos do artigo 500 da CLT, o pedido de demissão da empregada gestante estável só será
válido quando feito com a assistência do respectivo Sindicato e, se não o houver, perante autoridade local
competente do Ministério do Trabalho e Previdência Social ou da Justiça do Trabalho
➢ ESTABILIDADE POR ACIDENTE OU DOENÇA DO TRABALHO
O artigo 118 da Lei nº 8.213/91 prevê ao empregado que sofreu de acidente ou doença do trabalho o direito
à estabilidade de, no mínimo, 12 meses após a cessação do auxílio-doença acidentário.
A Súmula 378 do TST regulamenta a matéria e prevê os requisitos para a estabilidade, quais sejam:
✓ Afastamento superior a 15 dias, sendo os primeiros 15 dias interrupção do contrato de trabalho, e
o pagamento de responsabilidade do empregador;
✓ Percepção do auxílio-doença acidentário (código B-91).
Quando a doença ou o acidente não forem relacionados ao trabalho, não haverá estabilidade, como ocorre
quando o empregado percebe auxílio-doença comum (código B-31).
No mais, vale observar algumas características peculiares do instituto em questão:
✓ O TST prevê que tal estabilidade persistirá ainda que se trate de contrato por prazo determinado;
✓ Apesar das horas in itinere terem deixado de existir após a reforma, o acidente de trajeto em nada
se confunde, podendo vir a caracterizar acidente do trabalho, quando ocorrido no percurso casa-
trabalho, trabalho-casa;
✓ Os empregados domésticos também fazem jus à estabilidade acidentária, conforme artigo 11, II e
18, parágrafo primeiro da Lei nº 8213/91:
Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
II - como empregado doméstico: aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa
ou família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos;
(...)
Art. 18. O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações,
devidas inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas em
benefícios e serviços:
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§ 1o Somente poderão beneficiar-se do auxílio-acidente os segurados incluídos nos incisos
I, II, VI e VII do art. 11 desta Lei.
ACIDENTADO:
O artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 prevê que o empregadoque sofre de acidente ou doença do trabalho
tem direito à estabilidade de, no mínimo, 12 (doze) meses após a cessação do auxílio-doença acidentário.
A Súmula nº 378 do TST regulamenta a matéria, e prevê os requisitos para a estabilidade, quais sejam:
✓ Afastamento superior a 15 (quinze) dias, sendo os primeiros 15 dias hipótese de interrupção do
contrato de trabalho, com o pagamento sob responsabilidade do empregador; e
✓ Percepção do auxílio-doença acidentário (código B-91).
Quando a doença ou o acidente não for do trabalho, não haverá estabilidade, como ocorre quando o
empregado percebe auxílio-doença comum (código B-31).
No mais, observe algumas características peculiares do instituto em questão:
✓ O TST prevê que a estabilidade do acidentado persistirá, ainda que se trate de contrato por prazo
determinado;
✓ Apesar das horas in itinere terem deixado de existir na nova ordem jus trabalhista, o acidente de
trajeto em nada se confunde, podendo vir a caracterizar acidente do trabalho, quando no percurso
casa-trabalho ou trabalho-casa;
✓ Os empregados domésticos também fazem jus à estabilidade acidentária, conforme artigo 11, II e
artigo 18, § 1º da Lei nº 8.213/1991, respectivamente:
Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
II - como empregado doméstico: aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa
ou família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos;
(...)
Art. 18. O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações,
devidas inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas em
benefícios e serviços:
§ 1o Somente poderão beneficiar-se do auxílio-acidente os segurados incluídos nos incisos
I, II, VI e VII do art. 11 desta Lei.
➢ ESTABILIDADE POR ACIDENTE OU DOENÇA DO TRABALHO
O artigo 11 da Constituição Federal preceitua que nas empresas com mais de duzentos empregados, é
assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o
entendimento direto com os empregadores. Contudo, com o advento da reforma trabalhista, Lei n.
39
68
13.467/2017, que se passou a disciplinar a estabilidade provisória dos membros da comissão de
representante dos empregados, o que passou a impedir a dispensa arbitrária (artigo 510-A, da CLT).
Neste sentido, tome nota dos seguintes aspectos atinentes ao tema:
▪ Nas empresas com mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de uma comissão para
representá-los, com a finalidade de promover-lhes o entendimento direto com os
empregadores;
▪ A comissão será composta da seguinte forma:
Membros Nº de Empregados
03 Membros Empresas com mais de duzentos e até três mil
empregados
05 Membros Empresas com mais de três mil e até cinco mil
empregados
07 Membros Empresas com mais de cinco mil empregados
o No caso de a empresa possuir empregados em vários Estados da Federação e no Distrito
Federal, será assegurada a eleição de uma comissão de representantes dos empregados
por Estado ou no Distrito Federal, na mesma forma acima apontada.
▪ Estabilidade: Desde o registro da candidatura até um ano após o fim do mandato, o membro da
comissão de representantes dos empregados não poderá sofrer despedida arbitrária, e esta
prerrogativa não se aplica aos suplentes;
▪ Os empregados da empresa poderão candidatar-se, exceto aqueles com contrato de trabalho por
prazo determinado, com contrato suspenso ou que estejam em período de aviso prévio, ainda que
indenizado;
▪ Serão eleitos membros da comissão de representantes dos empregados os candidatos mais votados,
em votação secreta, vedado o voto por representação;
▪ O mandato dos membros da comissão de representantes dos empregados será de um ano, sendo
que o membro que houver exercido a função de representante dos empregados na comissão não
poderá ser candidato nos dois períodos subsequentes.
(Questão Autoral) Péricles foi contratado pela Pizzaria Brasa Viva Ltda. em 01/04/2016, para desempenhar
a função de pizzaiolo. Ocorre que, três dias após a sua contratação, ainda durante o contrato de
experiência, mesmo sem ter recebido qualquer treinamento, tentou acender o forno à lenha com álcool
líquido e acabou sofrendo graves queimaduras nos braços, o que culminou no seu afastamento do
trabalho e consequente percepção de auxílio-doença acidentário neste período. Após os intensos
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68
tratamentos médicos, Péricles retornou ao trabalho em 20/06/2016, sendo dispensado em 29/06/2016,
sob a alegação de que havia expirado o término do contrato de experiência.
Com base no relatado, responda aos itens a seguir, utilizando os argumentos jurídicos apropriados e a
fundamentação legal pertinente ao caso.
Sobre o caso apresentado, responda aos itens a seguir.
A) Na qualidade de advogado(a) de Péricles, qual medida você poderia adotar?
R. O advogado de deverá ajuizar reclamação trabalhista pleiteando a reintegração ou a indenização
substitutiva ao período de estabilidade (art. 840 “caput” e §1º, da CLT e art. 496 da CLT).
B) A empresa agiu corretamente? Fundamente.
R. Não. Péricles tem direito à estabilidade em decorrência do acidente de trabalho pelo período de 12 meses
após a cessação do auxílio-doença. Tal estabilidade é garantida ao empregado mesmo que o acidente tenha
ocorrido durante o contrato de experiência (art. 118 da Lei nº 8.213/1991 e Súmula 378, item III, do TST).
3 - Formas de Extinção do Contrato de Trabalho
Acerca da Extinção do Contrato de Trabalho, Maurício Godinho Delgado3 explica:
O contrato de trabalho pode encontrar seu término em decorrência de fatores extintivos
diversificados. A diversidade desses fatores — ou causas extintivas — tende a produzir
efeitos jurídicos diferenciados, os quais se expressam, regra geral, pela incidência de
verbas rescisórias de tipo e importância também distintos.
A classificação das modalidades de extinção contratual é tarefa teórica de relevo, tendo
importância prática também inquestionável. Afinal, ela surge como verdadeiro
pressuposto para o exame, logo em seguida, das normas reguladoras de cada tipo legal
extintivo, com as parcelas jurídicas que lhe são consequentes.
Ou seja, a extinção do contrato de trabalho poderá se dar de diversas formas, de forma que, em cada uma
delas, determinadas verbas rescisórias deverão ser pleiteadas.
Neste sentido, observe as principais hipóteses de extinção do contrato de trabalho e as verbas devidas ao
empregado:
ESPÉCIE DE RESCISÃO VERBAS RESCISÓRIAS
DISPENSA POR JUSTA CAUSA *Saldo de salários;
*Férias integrais + 1/3.
DISPENSA SEM JUSTA CAUSA *Saldo de salário;
3 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 16. ed. São Paulo, LTr, 2017, p. 1274.
41
68
*Férias vencidas ou integrais + 1/3;
*Férias Proporcionais;
*13º salário proporcional;
*Aviso Prévio proporcional;
*Indenização de 40% sobre o FGTS;
*Saque do FGTS + seguro desemprego.
PEDIDO DE DEMISSÃO *Saldo de salários;
*Férias vencidas ou integrais + 1/3;
*Férias Proporcionais;
*13º salário proporcional.
RESCISÃO INDIRETA
(Falta grave praticada pelo empregador)
Art. 483 da CLT.
*Saldo de salário;
*Férias vencidas ou integrais + 1/3;
*Férias Proporcionais;
*13º salário proporcional;
*Aviso Prévio proporcional;
*Indenização de 40% sobre o FGTS;
*Saque do FGTS + seguro desemprego.
CULPA RECÍPROCA
Ex.: Empregado e empregador se agridem.
*50% das férias proporcionais + 1/3 (Súmulas nº
171 e 261 do TST);
*50% do 13º salário proporcional;
*50% do Aviso Prévio;
*Indenização de 20% sobre o FGTS;
*Saque do FGTS;
*Não é devido seguro desemprego.
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68
FORÇA MAIOR
(Acontecimento inevitável em relação à vontade
do empregador, tendo este não colaborado para
tal evento).
Ex.: enchente, incêndio.*Saldo de Salário;
*Férias vencidas e proporcionais + 1/3;
*50% do 13º salário proporcional;
*50% do Aviso Prévio;
*50% da indenização de 40% sobre o FGTS;
*Saque do FGTS;
*Não é devido seguro desemprego.
RESCISÃO BILATERAL – DISTRATO
(Reforma Trabalhista)
*50% do Aviso Prévio, se indenizado. Quando o
aviso prévio for trabalhado, será recebido em sua
integralidade;
*20% de multa sobre os depósitos do FGTS;
*Saldo de Salário;
*13º salário proporcional;
*Férias + 1/3 vencidas, se houver;
*Férias + 1/3 proporcional;
*Possibilidade de movimentação de 80% da conta
do FGTS;
*Não terá direito ao seguro desemprego.
Vale ressaltar que, independentemente da hipótese de extinção contratual, a assistência pelo sindicato ou
Ministério do Trabalho não se faz necessária para fins de validade, não importando, inclusive, o tempo ao
qual o empregado esteja prestando o serviço.
E dentre as hipóteses de extinção do contrato de trabalho, algumas merecem a nossa atenção, tais como:
I. Dispensa Por Justa Causa
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68
A dispensa por justa causa está regulamentada no artigo 482 da CLT, de forma que se o empregado praticar
alguma das condutas inseridas neste rol taxativo, consideradas como falta grave, implicará sua dispensa.
Nos termos do entendimento sedimentado pelo TST, a extinção do contrato de trabalho caracterizada pela
capitulação de qualquer das alíneas do artigo 482 da CLT, capaz de ensejar a dispensa com justa causa deve
ficar muito clara, a partir de um conjunto probatório idôneo e robusto, eis que é a penalidade máxima
imputável ao empregado. Com efeito, a resolução do pacto laboral por culpa do trabalhador deve ater-se a
determinadas regras, tais como a proporcionalidade da falta cometida à sanção que a deve punir, a
atualidade da falta e correlação com a prestação do serviço.
Maurício Godinho Delgado4 assim explana:
São inúmeros tais requisitos, a saber: nexo causal entre a falta e a penalidade; adequação
entre a falta e a pena aplicada; proporcionalidade entre elas; imediaticidade da punição;
ausência de perdão tácito; singularidade da punição (non bis in idem); inalteração da
punição; ausência de discriminação; caráter pedagógico do exercício do poder disciplinar,
com a correspondente gradação de penalidades.
A extinção do contrato de trabalho na modalidade justa causa deve estar amparada nos seguintes
requisitos:
✓ Legalidade: Somente são consideradas justas causas as condutas expressamente indicadas em lei;
✓ Proporcionalidade: O exercício pelo empregador do poder disciplinar sofre limitações, primeiro,
porque só pode aplicar ao empregado as sanções autorizadas pelo ordenamento jurídico
(advertência, suspensão e dispensa por justa causa); segundo, porque deve respeitar uma
proporcionalidade entre a gravidade da falta e o tipo de punição aplicada, devendo ser aplicadas as
penas menos severas para as infrações mais leves, reservando-se a dispensa por justa causa apenas
para as faltas graves praticadas pelo empregado;
✓ Imediatidade: Também chamada de atualidade do ato faltoso, significa que, assim que o empregador
tomar conhecimento da prática de uma falta grave, deve aplicar a punição ao empregado,
dispensando-o por justa causa. Deixando o empregador passar o tempo sem aplicar a punição, a
impressão que se tem é de que a gravidade não foi tal e, consequentemente, ocorreu o perdão tácito;
✓ Non bis in idem: Não é permitido ao empregador punir a mesma falta com mais de uma sanção. O
direito de punir que lhe é assegurado esgota-se, em relação a cada falta praticada pelo empregado,
com a aplicação da punição. O empregador não pode reconsiderar o ato punitivo para agravá-lo ou
repeti-lo. Veda-se, portanto, a dupla penalidade.
Assim, quanto ao rol previsto no artigo supramencionado, observe:
a) Ato de improbidade;
4 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 16. ed. São Paulo, LTr, 2017, p. 1354.
44
68
Refere-se ao ato praticado pelo empregado e que causa dano patrimonial ao empregador ou a terceiro, em
função de comportamento vinculado ao contrato de trabalho, com o objetivo de alcançar vantagem para si
ou para outrem.
➢ Exemplo: Furto, apropriação indébita, quebra de maquinário da empresa etc.
b) Incontinência de conduta ou mau procedimento;
A incontinência de conduta consiste no ato praticado pelo empregado com conotação sexual, de forma a
perturbar o ambiente de trabalho.
➢ Exemplo: Troca de e-mails (corporativo) com conteúdo pornográfico, assédio sexual perante outros
empregados de mesmo nível hierárquico ou não etc.
Já no que tange ao mau procedimento, trata-se de conduta culposa do empregado que atinja a moral, sob o
ponto de vista geral, excluído o sexual, prejudicando o ambiente laborativo ou as obrigações contratuais do
obreiro.
➢ Exemplo: Dirigir o veículo da empresa sem habilitação ou autorização, utilizar-se de tóxico na
empresa etc.
c) Negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir
ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço;
A negociação habitual será verificada quando o empregado praticar atos de compra e venda, durante o
horário de expediente laboral e sem que tenha havido autorização patronal neste sentido.
No que tange à concorrência desleal, esta afronta a lealdade contratual, um dos princípios básicos presentes
no contrato laboral.
➢ Exemplo: Empregado que comercializa bens durante o expediente, ou ainda, oferece o mesmo
produto com o qual a empresa trabalha, mas com valor inferior, de forma a criar uma concorrência.
d) Condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da
execução da pena;
O presente tipo legal deve ser lido em conjugação com uma hipótese próxima de suspensão do contrato de
trabalho: isto porque a prisão meramente provisória não extingue o contrato, embora inviabilize seu
adimplemento pelo empregado; em consequência, ocorre aqui a suspensão do pacto empregatício.
Sendo certo, portanto, que a prisão do empregado, sem condenação criminal transitada em julgado, não
autoriza ao empregador dispensá-lo por justa causa, hipótese de suspensão do contrato de emprego, assim
deve permanecer até que o empregado seja colocado em liberdade (voltando ao trabalho imediatamente)
ou condenado criminalmente, sem mais poder recorrer ou até a resilição contratual sem justa causa. Assim,
somente a condenação criminal transitada em julgado caracteriza a justa causa para dispensa.
e) Desídia no desempenho das respectivas funções;
45
68
Segundo o TST, a desídia do empregado deve ser comprovada de forma satisfatória pelo empregador com
observância da gradação das penalidades e da proporcionalidade entre o comportamento desidioso e a
consequente dispensa por justa causa. Neste sentido, trata-se de tipo jurídico que remete à ideia de
trabalhador negligente, relapso, culposamente improdutivo.
A desídia é a desatenção reiterada, o desinteresse contínuo, o desleixo contumaz com as obrigações
contratuais. Para autorizar a resolução culposa do contrato, exige, assim, em regra geral, a evidenciação de
um comportamento repetido e habitual do trabalhador, uma vez que as manifestações da negligência
tendem a não ser tão graves, caso isoladamente consideradas.
Por não se caracterizar como um ato de grande gravidade, exige-se, para a dispensa nesta modalidade, a
reiteração da conduta, não podendo ser um único ato isolado.
f) Embriaguez habitual ou em serviço;
O artigo 482, “f” da CLT autoriza a dispensa do empregado por justa causa em duas hipóteses distintas:
embriaguez habitual ou em serviço.
A embriaguez habitual é quando o trabalhador, fora do serviço, serve-se rotineiramente de bebidas
alcoólicas e se embriaga, por vício, expondo-se publicamente, e expondo negativamente o nome da empresa
que o mantém como empregado,ou seja, mesmo sem relação alguma com o serviço, ocorre repetidas vezes
dentro de um curto espaço de tempo.
Já a embriaguez em serviço caracteriza-se pelo consumo de álcool ou drogas no próprio ambiente de
trabalho, de forma, inclusive, a colocar em risco até outras pessoas.
Importante destacar que o TST tem pregado o entendimento que a embriaguez habitual, por vezes, não
importará em dispensa por justa causa, por tratar-se de alcoolismo (doença), mas em encaminhamento para
tratamento, gerando afastamento junto ao INSS.
RECURSO DE REVISTA. ALCOOLISMO CRÔNICO. JUSTA CAUSA (NÃO CONFIGURAÇÃO). A
decisão regional encontra-se em consonância com a pacífica jurisprudência desta Corte,
no sentido de que o alcoolismo crônico é uma doença que deve ser tratada, e não motivo
de punição para o empregado, capaz de ensejar a dispensa por justa causa. Incidência da
Súmula n. 333 do TST. Recurso de Revista não conhecido (RR 91900-72.2008.5.01.0247, 4ª
T., Rel. Min. Maria de Assis Calsing, DEJT 09.03.2012).
46
68
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. JUSTA CAUSA. ALCOOLISMO.
DOENÇA. Constatada divergência jurisprudencial, dou provimento ao agravo de
instrumento, para determinar o processamento do Recurso de Revista. RECURSO DE
REVISTA. JUSTA CAUSA. ALCOOLISMO. DOENÇA. A Organização Mundial de Saúde, por
meio do Código Internacional de Doenças (CID), classifica o alcoolismo como doença (sob
a denominação de síndrome de dependência do álcool — referência F-10.2). Nesse
contexto, forçoso reconhecer, que, tratando-se o alcoolismo de uma enfermidade, esta
deve ser tratada e, não como ocorreu no caso concreto, ter sido causa a justificar a rescisão
do contrato de trabalho. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento
(RR 4554040.2006.5.15.0092, 7ª T., Rel. Min. Pedro Paulo Manus, DEJT 23.09.2011)
g) Violação de segredo da empresa;
O presente tipo jurídico busca resguardar informações confidenciais do empreendimento a que se vincula o
obreiro, cuja divulgação a terceiros, especialmente empresas concorrentes, pode causar significativo
prejuízo ao empregador.
O empregado que rompe o elo de lealdade que tem para com o empregador poderá ser dispensado por justa
causa, já que revela informações confidenciais as quais apenas teve acesso em razão de seu cargo.
h) Ato de indisciplina ou de insubordinação;
Os atos de indisciplina e insubordinação diferenciam-se por alguns detalhes, como se observa:
✓ Indisciplina: É configurada quando o empregado descumpre regras, diretrizes ou ordens gerais do
contrato de trabalho, impessoalmente dirigidas aos integrantes do estabelecimento ou da empresa,
como, por exemplo, fumar ou comer em ambiente expressamente proibido na empresa.
✓ Insubordinação: É o descumprimento de ordens específicas recebidas pelo empregado ou grupo
delimitado de empregados. É o desatendimento pelo obreiro a ordem direta por ele recebida do
empregador ou dos prepostos e chefias deste. A título de exemplificação, caracteriza-se como
insubordinação a não entrega de um determinado relatório.
i) Abandono de emprego;
Do ponto de vista rigorosamente técnico-jurídico, a figura importa extinção do contrato por ato tácito de
vontade do empregado. Contudo, a lei enquadrou-a no rol das justas causas certamente com o objetivo de
acentuar o ônus probatório do empregador, inviabilizando alegações de pedido de demissão tácito sem
maior fundamento.
Desta forma, segundo os preceitos do TST, o ônus de provar o abandono do emprego ou qualquer outra falta
grave imputada ao empregado é do empregador, exigindo-se prova robusta da ausência reiterada por prazo
igual ou superior a 30 (trinta) dias, bem como do animus do empregado de abandonar o posto de trabalho
(animus abandonandi).
Súmula n. 32 do TST
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68
Presume-se o abandono de emprego se o trabalhador não retornar ao serviço no prazo de
30 (trinta) dias após a cessação do benefício previdenciário nem justificar o motivo de não
o fazer.
Logo, ausência ao trabalho por mais de 30 (trinta) dias, de forma consecutiva, configura
a justa causa prevista no artigo 482, “i” da CLT.
j) Ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas,
nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
O tipo jurídico examinado trata da injúria, calúnia ou difamação, a par da agressão física, praticadas contra
colegas ou terceiros, no âmbito do estabelecimento empresarial. Abrange, pois, não somente as ofensas
morais, mas também as físicas.
Assim sendo, os atos do empregado perante a qualquer pessoa que sejam ofensivos à honra e boa fama, ou
ainda ofensa física, poderão ocasionar a dispensa por justa causa.
k) Ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores
hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
O presente tipo legal também envolve a injúria, a calúnia ou a difamação, além da agressão física. Seu
diferencial encontra-se no fato de que os atos infratores são praticados contra o próprio empregador ou
superiores hierárquicos do obreiro, e, além disso, independentemente de se tratar ou não do próprio local
de trabalho.
A não exigência do aspecto circunstancial enfatizado na alínea “j” acima (local de serviço) justifica-se pelo
fato de as ofensas e agressões ao empregador ou suas chefias contaminarem, obviamente, o contrato de
trabalho, repercutindo, direta ou indiretamente, no ambiente laborativo, ainda que praticadas longe dele.
l) Prática constante de jogos de azar;
A prática de jogos de azar proibidos pela lei poderá ocasionar a dispensa por justa causa do empregado,
quando ocorrer de forma reiterada, e ainda, repercuta no ambiente de trabalho de forma prejudicial.
Requisitos concomitantes:
Elemento objetivo:
Decurso de um período de tempo
Elemento subjetivo:
Intenção manifesta de deixar o trabalho ou
romper o contrato de trabalho.
48
68
m) Perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da profissão, em
decorrência de conduta dolosa do empregado.
Por vezes, o exercício profissional exige o preenchimento de determinados requisitos, como o empregado
ser habilitado para dirigir/conduzir veículo, de forma que a perda de qualquer dos requisitos que o torne
apto para o exercício profissional para o qual foi contratado, por conduta dolosa, implica sua dispensa por
justa causa.
(XXIX Exame) Cláudio é motorista de ônibus da Viação Ponto a Ponto Ltda. desde 20/03/2018. Nos últimos
3 meses, Cláudio, descumprindo deliberadamente cláusula específica do seu contrato de trabalho, passou
a dirigir em alta velocidade, bem como a não respeitar sinais vermelhos, o que acarretou numerosas
multas por infrações de trânsito. Cláudio foi notificado pela autoridade competente de que perdera a
habilitação para dirigir veículos. A empresa consultou você, como advogado(a), sobre a medida que
deveria adotar em relação ao contrato de Cláudio, considerando que não tem interesse em mantê-lo como
empregado.
A) Qual a orientação jurídica que você daria? Fundamente. (Valor: 0,60)
R. Deverá ser recomendada a dispensa por justa causa, na forma do Art. 482, letra m ou h da CLT.
B) Na hipótese de Cláudio ser dirigente sindical, que medida jurídica processual você deverá adotar para
implementar a dispensa do empregado? (Valor: 0,65)
R. Nesta hipótese, por envolver dirigente sindical, deve-se ajuizar inquérito judicial para apuração de falta
grave, na forma do Art. 494, 543, § 3º e 853 da CLT; Súmula 379 TST e Súmula 197 STF.
II. RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO
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68
A dispensa indireta caracteriza-se como a forma de extinção do contrato de trabalho por iniciativa do
empregado, provocada por ato faltoso do empregador. Trata-se do “ato que manifesta a resolução do
contrato de trabalho pelo empregado, em virtudede inexecução contratual por parte do empregador.”5
Além disso, cumpre ressaltar que, tendo em vista que dificilmente o empregador concordará com a alegação
de que praticou um ato faltoso, a dispensa indireta é seguida de processo judicial, pelo qual o empregado
requer o reconhecimento judicial da prática da justa causa pelo empregador e a sua condenação no
pagamento das verbas rescisórias correspondentes.
Nos termos do artigo 483 da CLT, observa-se o rol de situações aptas a ensejar justa causa:
a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou
alheios ao contrato;
Quando o empregador exigir serviços superiores à força do empregado, ou ainda, vedados por lei, contrário
aos bons costumes e alheio aos deveres contratuais, poderá ocasionar a rescisão indireta do contrato de
trabalho.
Neste sentido, ressaltamos que a mulher e o menor de idade possuem uma limitação em sua força laboral,
não podendo sobrepor serviço ou atividade que demande força muscular superior a 20 kg em trabalho
contínuo, ou 25 kg em trabalho ocasional.
Já ao obreiro homem, não poderá se exigir a remoção de peso superior a 60 kg.
Assim, qualquer trabalhador, com pleno respaldo legal, pode recusar ordens ou até mesmo pleitear a
rescisão indireta do contrato de trabalho quando lhe forem exigidos serviços superiores às suas forças,
defesos por lei (alocar menor de 18 anos para laborar em ambiente insalubre/perigoso), contrários aos bons
costumes (exigir relações sexuais da empregada) e alheios ao contrato (desvio de função), ou seja, trata-se
de um exercício legítimo do jus resistentiae.
b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo;
Quando o empregador tratar o obreiro com rigor excessivo, reiteradamente, extrapolando os limites da
dignidade humana e do respeito que deve pautar a relação entre os sujeitos do contrato de trabalho, poderá
o empregado pleitear a rescisão indireta do contrato de trabalho. Logo, tal situação envolve hipóteses de
perseguições, assédio moral, punições desproporcionais etc.
c) correr perigo manifesto de mal considerável;
Submeter o empregado a condições de trabalho que coloquem em risco sua integridade física acima do que
é razoavelmente decorrente das atividades que exerce.
5 MARANHÃO, Délio. In: SÜSSEKIND, Arnaldo et al. Instituições de direito do trabalho, 22. ed., v. 1, p. 570.
50
68
d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;
Trata-se da figura mais ampla entre todas as hipóteses de justa causa do empregador, nela enquadrando-se
toda inadimplência relativa ao que está previsto na lei ou no contrato de trabalho. O descumprimento para
com o contrato, como não pagamento do salário, não cumprimento de negociação coletiva, não
recolhimento do FGTS, entre outras obrigações, implica a possibilidade de rescisão indireta do contrato de
trabalho pelo empregado.
e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e
boa fama;
Segundo a dicção do artigo 483, “e” da CLT, constitui justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo
empregado a prática pelo empregador ou por seus prepostos de atos, por gestos ou palavras, que ofendam
a honra ou a boa fama do empregado ou de qualquer pessoa de sua família. Não é caracterizada a justa
causa quando o empregador ou seus prepostos agirem em legítima defesa, própria ou de outrem.
Assim, situações de injúria, calúnia, difamação frente ao empregado ou sua família, poderá gerar a rescisão
indireta do contrato.
f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria
ou de outrem;
Trata-se de ofensas físicas praticadas pelo empregador ou por seus prepostos contra o empregado. Não é
caracterizada a justa causa quando o empregador ou seus prepostos agirem em legítima defesa, própria ou
de outrem.
g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente
a importância dos salários;
Trata-se de redução salarial provocada diretamente pelo empregador em face da redução proposital e
considerável do trabalho do empregado quando este tenha sido contratado por peça ou por tarefa. A
redução decorrente da diminuição efetiva de serviço da empresa, contrária também ao interesse do próprio
empregador, não caracteriza justa causa. Além disso, se a redução for de pequena monta, sem que tenha
um peso real e efetivo nos ganhos do empregado, também não resta configurada a justa causa.
Isto ocorre frente, inclusive, à violação do princípio da irredutibilidade salarial.
Por fim, ressalta-se que em duas hipóteses legais a legislação permite ao empregado pleitear a rescisão do
contrato de trabalho, mas, ainda assim, continuar laborando, como se observa nos casos a seguir:
✓ descumprimento pelo empregador acerca das obrigações do contrato;
✓ o empregador reduzir o trabalho do empregado, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar
sensivelmente a importância dos salários.
51
68
Nas demais situações ensejadoras de rescisão indireta, o empregado deverá deixar de laborar
imediatamente.
III. CULPA RECÍPROCA – Artigo 484 da CLT e Súmula nº 14 do TST
A extinção do contrato por culpa recíproca será observada sempre que houver, simultaneamente, a prática
de ato faltoso grave pelo empregado e pelo empregador.
Acerca do tema, observe os preceitos contidos no Artigo 484 da CLT e Súmula nº 14 do TST:
Art. 484 da CLT - Havendo culpa recíproca no ato que determinou a rescisão do contrato
de trabalho, o tribunal de trabalho reduzirá a indenização à que seria devida em caso de
culpa exclusiva do empregador, por metade.
Súmula nº 14 do TST - Reconhecida a culpa recíproca na rescisão do contrato de trabalho
(art. 484 da CLT), o empregado tem direito a 50% (cinquenta por cento) do valor do aviso
prévio, do décimo terceiro salário e das férias proporcionais.
Assim, a extinção do contrato de trabalho fundada em culpa recíproca de empregado e de empregador gera
ao empregado o direito ao recebimento das seguintes verbas rescisórias:
✓ saldo de salário;
✓ 50% do valor do aviso prévio;
✓ 50% do valor do 13º salário proporcional;
✓ férias vencidas, acrescidas de 1/3, se houver;
✓ 50% do valor das férias proporcionais acrescidas de 1/3;
✓ indenização de 20% dos depósitos do FGTS.
IV. DISTRATO – RESILIÇÃO BILATERAL
Em sede de distrato, empregado e empregador colocam fim ao contrato de trabalho por meio de mútuo
consentimento, o que flexibiliza as verbas rescisórias a serem percebidas pelo empregado no fim da relação
laboral. Nesta hipótese, o empregado fará jus aos seguintes haveres trabalhistas:
✓ 50% do aviso prévio, se indenizado;
✓ Se o aviso prévio for trabalhado, o pagamento será realizado em sua integralidade;
✓ 20% de multa sobre os depósitos do FGTS;
✓ saldo de salário;
✓ 13º salário proporcional;
✓ Férias + 1/3 vencidas, se houver;
✓ Férias + 1/3 proporcional;
✓ Possibilidade de movimentação de 80% da conta do FGTS;
✓ Não terá direito ao seguro-desemprego, já que o desemprego não é totalmente
involuntário, uma vez acordado pelo empregado.
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Observe que o empregado poderá movimentar apenas 80% (oitenta por cento) da sua conta do FGTS, de
forma que os outros 20% (vinte por cento) não poderão ser movimentados a princípio, devendo o
empregado demonstrar o preenchimento de alguns dos requisitos da Lei nº 8.036/1990 para fins de
movimentação.
Logo, o distrato é uma nova modalidade de saque do FGTS, de forma limitada, como se observa no artigo
20, I-A, da Lei nº 8036/1990:
Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser movimentada nas seguintes
situações:
I-A - extinção do contrato de trabalho prevista no art. 484-A da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto- Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943.
3.1 - Obrigações Decorrentesda Extinção do Contrato
Com o advento da reforma trabalhista, o artigo 477 da CLT teve grande impacto em razão da alteração do
prazo para cumprimento / adimplemento das obrigações trabalhistas, sendo este de 10 (dez) dias a contar
do término do contrato de trabalho, independentemente se o aviso prévio será indenizado ou trabalhado.
Desta forma, no prazo de 10 (dez) dias a contar da rescisão contratual, o empregador deverá realizar a
entrega dos documentos referentes à extinção contratual, bem como efetuar o pagamento das verbas
rescisórias.
Art. 477. Na extinção do contrato de trabalho, o empregador deverá proceder à anotação
na Carteira de Trabalho e Previdência Social, comunicar a dispensa aos órgãos
competentes e realizar o pagamento das verbas rescisórias no prazo e na forma
estabelecidos neste artigo.
§ 1º Revogado
§ 2º O instrumento de rescisão ou recibo de quitação, qualquer que seja a causa ou forma
de dissolução do contrato, deve ter especificada a natureza de cada parcela paga ao
empregado e discriminado o seu valor, sendo válida a quitação, apenas, relativamente às
mesmas parcelas.
§ 3º Revogado
§ 4o O pagamento a que fizer jus o empregado será efetuado
I - em dinheiro, depósito bancário ou cheque visado, conforme acordem as partes; ou
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II - em dinheiro ou depósito bancário quando o empregado for analfabeto.
§ 5º Qualquer compensação no pagamento de que trata o parágrafo anterior não poderá
exceder o equivalente a um mês de remuneração do empregado.
§ 6o A entrega ao empregado de documentos que comprovem a comunicação da extinção
contratual aos órgãos competentes bem como o pagamento dos valores constantes do
instrumento de rescisão ou recibo de quitação deverão ser efetuados até dez dias contados
a partir do término do contrato.
§ 7º Revogado
§ 8º A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o infrator à multa de 160
BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a favor do empregado, em valor
equivalente ao seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN, salvo
quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora.
§ 9º Vetado
§ 10. A anotação da extinção do contrato na Carteira de Trabalho e Previdência Social é
documento hábil para requerer o benefício do seguro-desemprego e a movimentação da
conta vinculada no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, nas hipóteses legais, desde
que a comunicação prevista no caput deste artigo tenha sido realizada.
3.2 - Eficácia Liberatória do Contrato
A homologação das verbas trabalhistas ao final do contrato, em determinadas hipóteses, possui eficácia
liberatória. Neste sentido, entende-se pelo termo “eficácia liberatória”, a possibilidade de dar quitação às
obrigações que constam no termo firmado.
Quanto as principais hipóteses de eficácia liberatória geral, destaca-se:
✓ CCP – Comissão de Conciliação Prévia;
✓ PDV – Programa de Demissão Voluntária; e
✓ Quitação Anual das Verbas Trabalhistas.
➢ COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA: quando instaurada a comissão de conciliação prévia no âmbito
da empresa, o acordo celebrado entre as partes possui eficácia liberatória geral sobre todo o
contrato, não havendo mais como o empregado pleitear verbas decorrentes do contrato, com
exceção das parcelas ressalvadas no respectivo acordo. Acerca do tema, prevê o artigo 625-E da CLT:
Art. 625-E. Aceita a conciliação, será lavrado termo assinado pelo empregado, pelo
empregador ou seu proposto e pelos membros da Comissão, fornecendo-se cópia às
partes.
Parágrafo único. O termo de conciliação é título executivo extrajudicial e terá eficácia
liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas.
➢ PROGRAMA DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA - PDV: nesta hipótese, quando o empregado adere ao
programa de demissão voluntária em relação às parcelas consignadas, ter-se-á eficácia liberatória,
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logo, o que não estiver previsto expressamente no termo, poderá ser pleiteado junto à Justiça do
Trabalho. Neste sentido, prevê a OJ nº 270 da SDI-I/TST:
A transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho ante a adesão do
empregado a plano de demissão voluntária implica quitação exclusivamente das parcelas
e valores constantes do recibo.
Em exceção a tal regramento, observa-se em caso de existência de negociação coletiva, regulamentando a
adesão ao PDV, haverá eficácia liberatória geral das parcelas decorrentes da relação empregatícia, nos
termos do artigo 477-B da CLT:
Art. 477-B. Plano de Demissão Voluntária ou Incentivada, para dispensa individual, plúrima
ou coletiva, previsto em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, enseja
quitação plena e irrevogável dos direitos decorrentes da relação empregatícia, salvo
disposição em contrário estipulada entre as partes.
➢ QUITAÇÃO ANUAL DAS VERBAS TRABALHISTAS – Artigo 507-B da CLT:
Segundo entendimento consolidado no TST, o instituo ora em análise, previsto no novo art. 507-B da CLT,
possibilita a extinção periódica das obrigações trabalhistas dos empregadores perante seus empregados,
na vigência ou não dos respectivos contratos de trabalho, a ser concretizada junto ao sindicato de
trabalhadores da correspondente categoria profissional.
Neste sentido, o documento deverá discriminar as obrigações de dar e fazer cumprida ao longo dos meses,
fazendo constar a quitação anual conferida pelo empregado, "com eficácia liberatória das parcelas nele
especificadas" (parágrafo único do art. 507-B da CLT). Conforme se observa da lei, o "termo
de quitação anual das obrigações trabalhistas" é um instrumento facultativo conferido a empregados e
empregadores, que deverá ser ratificado pelo sindicato.
Nada obstante, o referido instituto prestigia claramente o interesse patronal, uma vez que a sua finalidade
é isentar o empregador de eventuais demandas relativas a parcelas pleiteadas pelos trabalhadores por
eventual inadimplemento no curso do contrato de trabalho.
A elaboração do termo de quitação anual de obrigações trabalhistas, portanto, constitui uma faculdade
conferida ao empregador, não sendo ele obrigado a provocar o sindicato a produzi-lo.
Assim, acerca do tema, vale a leitura do dispositivo celetista em questão:
Art. 507-B. É facultado a empregados e empregadores, na vigência ou não do contrato de
emprego, firmar o termo de quitação anual de obrigações trabalhistas, perante o sindicato
dos empregados da categoria.
Parágrafo único. O termo discriminará as obrigações de dar e fazer cumpridas mensalmente
e dele constará a quitação anual dada pelo empregado, com eficácia liberatória das parcelas
nele especificadas.
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4 - Aviso Prévio
O Aviso prévio refere-se a notificação dada por uma das partes do contrato de trabalho a outra parte,
comunicando a sua intenção de rescindir o contrato, sem justa causa. Trata-se de instituto típico dos
contratos por prazo indeterminado e que tem por finalidade evitar a surpresa da ruptura abrupta do
contrato de trabalho.
O Tribunal Superior do Trabalho (TST), no entanto, adotou entendimento no sentido de ser cabível o aviso
prévio nos contratos por prazo determinado, em caso de rescisão antecipada, como se verifica:
Súmula n. 163 do TST
Cabe aviso prévio nas rescisões antecipadas dos contratos de experiência, na forma do art.
481 da CLT.
O aviso prévio, como regra, refere-se a um direito irrenunciável pelo empregado, inclusive na modalidade
indenizada, de forma que a sua finalidade consiste na possibilidade que as partes melhor se programem para
o término contratual, com certa antecedência.
Logo, em razão do aviso prévio ser irrenunciável pelo empregado, o pedido de dispensa de cumprimento
não exime o empregador de pagar o respectivo valor, salvo comprovação de haver o prestador dos serviços
obtido novo emprego, conforme Súmula nº 276 do TST:
O direito ao aviso prévio é irrenunciável pelo empregado.O pedido de dispensa de
cumprimento não exime o empregador de pagar o respectivo valor, salvo comprovação de
haver o prestador dos serviços obtido novo emprego.
O parágrafo primeiro do artigo 487 da CLT, aponta claramente que o aviso-prévio, mesmo quando
indenizado, garante "sempre a integração desse período no seu tempo de serviço". Assim, a data do término
do contrato de trabalho a ser anotada na CTPS deve corresponder àquela relativa ao final do prazo
do aviso-prévio, ainda que indenizado, nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 82, da SDI-I do TST.
E caso o empregado se recuse a realizar o cumprimento do aviso prévio, diante de um pedido de demissão,
por exemplo, nos termos do artigo 487, § 2º , da CLT , torna-se lícito ao empregador promover o desconto do
salário correspondente ao período do aviso prévio não trabalhado, no momento do pagamento das verbas
rescisórias.
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No que tange ao instituto do Aviso Prévio Proporcional, vale ressaltar que se trata de um direito exclusivo
do empregado, e regido pelo Art. 7º, XXI da CF, Art. 487 da CLT e Lei nº 12.506/2011.
E o direito ao aviso prévio proporcional ao tempo de serviço somente é assegurado nas rescisões de contrato
de trabalho ocorridas a partir da publicação da Lei nº 12.506, em 13 de outubro de 2011.
Quanto a proporcionalidade do aviso prévio, deve-se observar o seguinte parâmetro:
CONTRATO AVISO PRÉVIO
Até 1 ano INCOMPLETO 30 dias
+ 1 ano COMPLETO + 3 dias / ano
MÁXIMO 90 dias
Desta forma, o empregado que laborar por 20 (vinte) anos ou mais em um determinado estabelecimento,
terá direito a 90 (noventa) dias de aviso prévio proporcional, ou seja, deve-se somar 03 (três) dias para cada
ano completo de contrato de trabalho.
Ainda, como forma de exemplificação, pense na hipótese de a Corujinha ter sido contratada em 12/11/2008,
e dispensada em 26/05/2015. Nesta situação, ela terá direito a 48 (quarenta e oito) dias de aviso prévio
proporcional, no ato da dispensa.
Nos termos da jurisprudência do TST, observa-se que tendo o aviso prévio sido concedido antes da vigência
da Lei nº 12.506/2011, inviável se mostra a aplicação do critério de proporcionalidade nela previsto, ainda
que sua vigência tenha ocorrido no curso do aviso prévio, pois sua concessão constitui ato jurídico perfeito,
não passível de alteração em virtude da ocorrência de fato posterior, mesmo que este tenha ocorrido
durante a realização de seus efeitos. Neste sentido, prevê a Súmula nº 441 do TST:
O direito ao aviso prévio proporcional ao tempo de serviço somente é assegurado nas
rescisões de contrato de trabalho ocorridas a partir da publicação da Lei nº 12.506, em 13
de outubro de 2011.
Em razão de o aviso prévio ser um dever recíproco das partes, em situação de dispensa sem justa causa,
poderá o empregado usufruir de uma redução de sua jornada de trabalho, de duas formas, a ser escolhida
pelo obreiro:
✓ Redução de 2 (duas) horas diárias na jornada de trabalho, por todo o período do aviso prévio; ou
✓ Redução de 7 (sete) dias consecutivos sem laborar, durante o período do aviso prévio.
Obviamente que se o empregado não obtiver tal benesse, ter-se-á por efeito a nova concessão de aviso
prévio e, por conseguinte, novo pagamento referente ao período de aviso prévio.
Lembrando que o aviso prévio pode ser concedido ao empregado na modalidade indenizada, quando se
remunera por todo período sem a necessidade de que o trabalhador labore neste período, ou ainda, na
modalidade trabalhada, sendo que independentemente de quaisquer das situações, a CTPS deverá ser
anotada com a data final do contrato de trabalho, inclusive com a devida projeção.
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Observe, acerca do tema, as OJ nº 82 e nº 83 da SDI-I/TST, respectivamente:
OJ n. 82 da SDI-1 do TST
A data de saída a ser anotada na CTPS deve corresponder à do término do prazo do aviso
prévio, ainda que indenizado.
OJ n. 83 da SDI-1 do TST
A prescrição começa a fluir no final da data do término do aviso prévio. Art. 487, § 1º, da
CLT.
Contudo, em ocorrendo falta grave no curso do aviso prévio, ter-se-á, por consequência, a perda do período
restante do aviso prévio e os reflexos salariais decorrentes do referido período. Logo, o empregado
perceberá apenas as verbas correlatas a uma dispensa por justa causa. Caso a situação se refira a uma
hipótese de rescisão indireta, o empregado poderia se afastar de seu labor imediatamente, percebendo
todos os direitos remanescentes do respectivo período de afastamento.
E no transcurso do aviso prévio, há ainda a possibilidade de as partes reconsiderarem acerca da rescisão
contratual, sendo ato bilateral e que poderá ocorrer a qualquer tempo antes da efetiva extinção contratual.
Nesta hipótese, o contrato de trabalho continuará a vigorar após o término do cumprimento do aviso prévio,
como se este não tivesse sido concedido.
O artigo 489 da CLT preceitua, in verbis:
Art. 489 - Dado o aviso prévio, a rescisão torna-se efetiva depois de expirado o respectivo
prazo, mas, se a parte notificante reconsiderar o ato, antes de seu termo, à outra parte é
facultado aceitar ou não a reconsideração.
Parágrafo único - Caso seja aceita a reconsideração ou continuando a prestação depois de
expirado o prazo, o contrato continuará a vigorar, como se o aviso prévio não tivesse sido
dado.
Ainda, o empregado poderá adquirir estabilidade no curso do aviso prévio, quando tratar-se de gestante,
conforme artigo 391-A da CLT, ou empregado acidentado, conforme Súmula nº 378 do TST, em especial
por essas hipóteses referirem-se a estabilidades subjetivas, ou seja, ligadas diretamente à pessoa e não ao
seu cargo (estabilidade objetiva).
Neste sentido, o artigo 391-A da CLT e a Súmula nº 378 do TST determinam, respectivamente:
Artigo 391-A da CLT - A confirmação do estado de gravidez advindo no curso do contrato
de trabalho, ainda que durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou indenizado, garante
à empregada gestante a estabilidade provisória prevista na alínea b do inciso II do art. 10
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
Súmula nº 378 do TST - I - É constitucional o artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 que assegura
o direito à estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação do auxílio-
doença ao empregado acidentado
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II - São pressupostos para a concessão da estabilidade o afastamento superior a 15 dias e
a consequente percepção do auxílio-doença acidentário, salvo se constatada, após a
despedida, doença profissional que guarde relação de causalidade com a execução do
contrato de emprego.
III - O empregado submetido a contrato de trabalho por tempo determinado goza da
garantia provisória de emprego decorrente de acidente de trabalho previsto no art. 118 da
Lei nº 8.213/91.
Por fim, o aviso prévio não pode ser objeto de negociação coletiva para fins de redução ou supressão do
direito, conforme disposição do artigo 611-B, XVI da CLT:
Art. 611-B. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de
trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos:
XVI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos
termos da lei.
(XVI EXAME DE ORDEM) Jorge é frentista do posto de gasolina Trevo Ltda. Na admissão, foi informado e
assinou contrato de emprego no qual consta cláusula em que autoriza descontos quando gerar prejuízos
financeiros ao empregador, decorrentes de ato culposo seu. Em norma interna do posto, de conhecimento
de todos os empregados, consta que pagamentos em cheque só seriam aceitos após ser anotada a placa
do veículo, além de identidade, endereço e telefone do condutor. Em determinado dia, o cunhado de
Jorge, após abastecer o veículo com este, pagou em cheque. Tratando-se do cunhado, Jorge nada anotou
no cheque. Dias depois foi constatado que o cheque era de terceiro, estando sustado em decorrência de
furto.A sociedade empresária descontou seu prejuízo do salário de Jorge.
Sobre o caso apresentado, responda aos itens a seguir.
A) Analise a validade do desconto efetuado pela empresa. (Valor: 0,65)
R. A empresa poderá descontar o valor, na forma do Art. 462, § 1º, da CLT, pois o ato foi culposo e estava
acertado em contrato previamente, o que torna válido o ato praticado pelo empregador.
B) Caso Jorge tivesse agido em conluio com o cunhado, obtendo benefício próprio, e por conta disso a
empresa quisesse dispensá-lo por justa causa, em que hipótese deveria tipificar a conduta do empregado?
R. Nesse caso, a conduta de Jorge pode ser tipificada como ato de improbidade, hipótese caracterizadora de
uma dispensa por justa causa, nos termos do Art. 482, “a”, da CLT.
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LISTA DE QUESTÕES NO LIVRO DIGITAL
(XXIII EXAME DE ORDEM) Rosa chegava sistematicamente atrasada ao emprego e, no horário de serviço,
era flagrada usando redes sociais por meio do telefone celular.
Em razão desses fatos, Rosa recebeu uma advertência e uma suspensão, ambas por escrito e devidamente
assinadas pela trabalhadora. Ela teve a promessa de que sua CTPS seria assinada, o que nunca aconteceu,
pois a empresa alegava que ela estava em período de treinamento.
Diante da situação retratada, responda às indagações a seguir.
A) A empresa poderá lançar a advertência e a punição aplicadas à empregada na parte de anotações
gerais? Justifique.
B) Informe em quanto tempo a carteira de trabalho de Rosa deveria ser comada, justificando sua resposta.
(XX EXAME DE ORDEM - ADAPTADA) Plínio trabalhou durante todo o como de 2014 e até o mês de abril
de 2015 na sociedade empresária Bom Lucro Ltda., a qual tinha acordo individual prevendo o pagamento
de participação nos lucros ao final de cada como, no mês de dezembro, em valor fixo, desde que o
empregado trabalhasse ao longo de todo o como. Plínio, que não recebeu nenhuma participação nos
lucros durante todo o comtrato de trabalho, foi dispensado imotivadamente.
Sobre o caso apresentado, responda aos itens a seguir.
A) Esclareça a que parcelas relativas à participação nos lucros Plínio faz jus.
B) Esclareça se os valores relativos à participação nos lucros devem integrar a remuneração de Plínio.
(X EXAME DE ORDEM) Pedro trabalhou numa empresa de 10.02.2011 a 20.05.2013, quando foi dispensado
sem justa causa e recebeu as verbas devidas. Após, ajuizou ação pleiteando a participação nos lucros (PL)
de 2013, prevista em acordo individual, requerendo que o cálculo fosse proporcional ao tempo
trabalhado. Defendendo-se, a empresa advoga que a parcela é indevida porque uma das condições para
o recebimento da PL, prevista no acordo individual, é que o empregado esteja com o contrato em vigor no
mês de dezembro de 2013, o que não ocorre no caso.
Diante dessa situação, responda:
A) Pedro tem direito à participação proporcional nos lucros de 2013? Justifique sua resposta.
B) Analise se a participação nos lucros está sujeita a alguma incidência tributária. Justifique sua resposta.
(Valor: 0,60)
(XIII EXAME DE ORDEM) Aproveitando a oportunidade conferida por seu empregador, Renan aderiu ao
Programa de Demissão Voluntária ofertado pela empresa e recebeu 10 salários adicionais de indenização
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(um salário por cada ano trabalhado), além das verbas típicas da dispensa sem justa causa. No mesmo
período, Renan dispensou sua empregada doméstica. Diante da situação, responda aos itens a seguir.
A) Haverá recolhimento de FGTS sobre a indenização de 10 salários adicionais? Justifique em qualquer
hipótese.
B) Analise se, em eventual reclamação trabalhista movida pela empregada doméstica de Renan, poderia
haver penhora da conta do FGTS do empregador para que os valores lá depositados sirvam para
pagamento da doméstica na fase executória. Justifique.
(IX EXAME DE ORDEM) Sebastião é empregado no Restaurante Galeto Delicioso Ltda., exercendo a função
de garçom, com salário mensal de R$ 1.000,00 (um mil reais), que é equivalente ao piso salarial da
categoria profissional previsto em convenção coletiva de trabalho. Apesar de o restaurante não incluir as
gorjetas nas notas de serviço, estas são oferecidas espontaneamente pelos clientes.
Diante desta situação hipotética, responda, de forma fundamentada, às indagações a seguir.
A) Qual é a natureza jurídica da gorjeta? Justifique.
B) Analise a pretensão de Sebastião, feita ao empregador, de ter o valor das gorjetas integrado na base de
cálculo do FGTS.
(XIX EXAME DE ORDEM) Antônio é um dos 20 vendedores da loja de calçados Ribeirinha. Em seu
contracheque, há desconto mensal de 1,5% do salário para a festa de confraternização que ocorre todo
final de ano na empresa, além de subtração semestral por “pé faltante” – valor dos pares de sapatos dos
quais, no inventário semestral realizado na loja, somente um dos calçados é localizado, ficando, então,
descartada a utlilidade comercial pela ausência do outro “pé”, sem a comprovação de culpa do
empregado. Gilberto assinou na admissão autorização de desconto de “pé faltante”.
Após ser dispensado, ajuizou reclamação pedindo a devolução de ambos os descontos. A empresa pugna
pela validade do desconto para a festa, pois alega que Gilberto sempre participou dela, e, em relação ao
“pé faltante”, porque assinou documento autorizando o desconto. Na audiência, o autor confirmou a
presença na festa da empresa em todos os anos e afirmou que havia comida e bebida fartas. Não se
produziram outras provas.
Diante da situação retratada e do entendimento consolidado do TST, responda aos itens a seguir.
A) O desconto para a festa de confraternização é válido?(Valor: 0,65)
B) O desconto a título de “pé faltante” é válido? (Valor: 0,60)
(XVII EXAME DE ORDEM) Rodolfo é gerente em um supermercado e recebe salário de R$ 5.000,00 mensais,
mas precisou se afastar do emprego por 90 dias em razão de doença. Nesse período de afastamento, o
subgerente Vitor, que ganha R$4.000,00 por mês, assumiu a função interinamente. Infelizmente a doença
de Rodolfo evoluiu e ele veio a falecer 91 dias após o afastamento. Uma semana após o trágico evento, o
supermercado contratou José como o novo gerente, acertando salário de R$ 4.800,00 mensais.
Diante da situação apresentada e do entendimento consolidado do TST, responda de forma fundamentada
aos itens a seguir.
A) Analise se Vitor tem direito a receber o mesmo salário que Rodolfo no período em que assumiu a função
interinamente. (Valor: 0,65)
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B) Caso José viesse a ajuizar reclamação trabalhista postulando a diferença salarial entre aquilo que ele
recebe de salário e o valor pago ao finado Rodolfo, sob alegação de discriminação, que tese você,
contratado pelo Supermercado, advogaria?
(VIII EXAME DE ORDEM) Francisco é empregado numa empresa de máquinas e trabalha externamente.
Em termos salariais, Francisco é comissionista puro, recebendo 20% sobre as vendas por ele realizadas
mensalmente. Em determinado mês Francisco efetuou uma venda de R$ 50.000,00 em 10 parcelas
mensais, daí porque o empregador lhe disse que pagará a comissão de acordo com o vencimento das
parcelas.
A partir do caso apresentado, responda aos itens a seguir.
A) Se uma das parcelas não for paga pelo comprador, como deve proceder o empregador de Francisco em
relação ao pagamento da comissão correspondente? Justifique.
B) Se as parcelas estivessem sendo pagas normalmente e Francisco fosse dispensado seis meses após a
realização da venda, como fica a situação da comissão vincenda?
(IV EXAME DE ORDEM) Em 15/04/2008, João Carlos de Almeida foi contratado pela Engelétrica S.A. para
trabalhar na construção das barragens da Hidrelétrica de Belo Monte. Entretanto, em virtude da grande
distância entre o local de trabalho e a cidade mais próxima, o empregador lhe forneceu habitação durante
toda a vigência do contrato. Dispensado sem justa causa em 13/08/2010, João Carlos ajuizouação
trabalhista visando à inclusão da ajuda-habitação na sua remuneração e o pagamento dos reflexos daí
decorrentes, uma vez que a moradia constituiu salário in natura, compondo a contraprestação ajustada
pelas partes.
Com base na situação concreta, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos
apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.
A) Qual é o critério apto a definir a natureza jurídica da prestação entregue ao empregado pelo
empregador?
B) Nesta hipótese em especial, a habitação fornecida pela Engelétrica S.A. deve ou não integrar a
remuneração de João Carlos de Almeida? Por quê?
(XVI EXAME DE ORDEM) Jorge é frentista do posto de gasolina Trevo Ltda. Na admissão, foi informado e
assinou contrato de emprego no qual consta cláusula em que autoriza descontos quando gerar prejuízos
financeiros ao empregador, decorrentes de ato culposo seu. Em norma interna do posto, de conhecimento
de todos os empregados, consta que pagamentos em cheque só seriam aceitos após ser anotada a placa
do veículo, além de identidade, endereço e telefone do condutor. Em determinado dia, o cunhado de
Jorge, após abastecer o veículo com este, pagou em cheque. Tratando-se do cunhado, Jorge nada anotou
no cheque. Dias depois foi constatado que o cheque era de terceiro, estando sustado em decorrência de
furto. A sociedade empresária descontou seu prejuízo do salário de Jorge.
Sobre o caso apresentado, responda aos itens a seguir.
A) Analise a validade do desconto efetuado pela empresa. (Valor: 0,65)
B) Caso Jorge tivesse agido em conluio com o cunhado, obtendo benefício próprio, e por conta disso a
empresa quisesse dispensá-lo por justa causa, em que hipótese deveria tipificar a conduta do
empregado? (Valor: 0,60)
(QUESTÃO AUTORAL) Péricles foi contratado pela Pizzaria Brasa Viva Ltda., em 01/04/2016, para
desempenhar a função de pizzaiolo. Ocorre que, três dias após a sua contratação, ainda durante o contrato
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de experiência, mesmo sem ter recebido qualquer treinamento, tentou acender o forno à lenha com álcool
líquido e acabou sofrendo graves queimaduras nos braços, o que culminou no seu afastamento do
trabalho e consequente percepção de auxílio-doença acidentário neste período. Após os intensos
tratamentos médicos, Péricles retornou ao trabalho em 20/06/2016, sendo dispensado em 29/06/2016,
sob a alegação de que havia expirado o término do contrato de experiência.
Com base no relatado, responda aos itens a seguir, utilizando os argumentos jurídicos apropriados e a
fundamentação legal pertinente ao caso.
Sobre o caso apresentado, responda aos itens a seguir.
A) Na qualidade de advogado(a) de Péricles, qual medida você poderia adotar?
B) A empresa agiu corretamente? Fundamente.
(XXIX Exame) Cláudio é motorista de ônibus da Viação Ponto a Ponto Ltda. desde 20/03/2018. Nos últimos
3 meses, Cláudio, descumprindo deliberadamente cláusula específica do seu contrato de trabalho, passou
a dirigir em alta velocidade, bem como a não respeitar sinais vermelhos, o que acarretou numerosas
multas por infrações de trânsito. Cláudio foi notificado pela autoridade competente de que perdera a
habilitação para dirigir veículos. A empresa consultou você, como advogado(a), sobre a medida que
deveria adotar em relação ao contrato de Cláudio, considerando que não tem interesse em mantê-lo como
empregado.
A)Qual a orientação jurídica que você daria? Fundamente. (Valor: 0,60)
B)Na hipótese de Cláudio ser dirigente sindical, que medida jurídica processual você deverá adotar para
implementar a dispensa do empregado? (Valor: 0,65)
LISTA DE QUESTÕES COMENTADAS NO LIVRO DIGITAL
(XXIII EXAME DE ORDEM) Rosa chegava sistematicamente atrasada ao emprego e, no horário de serviço,
era flagrada usando redes sociais por meio do telefone celular.
Em razão desses fatos, Rosa recebeu uma advertência e uma suspensão, ambas por escrito e devidamente
assinadas pela trabalhadora. Ela teve a promessa de que sua CTPS seria assinada, o que nunca aconteceu,
pois a empresa alegava que ela estava em período de treinamento.
Diante da situação retratada, responda às indagações a seguir.
A) A empresa poderá lançar a advertência e a punição aplicadas à empregada na parte de anotações
gerais? Justifique.
R. Não, pois é proibido anotar qualquer fato desabonador à conduta do empregado na sua carteira
profissional, sob pena de danos morais, na forma do Art. 29, § 4º, da CLT.
B) Informe em quanto tempo a carteira de trabalho de Rosa deveria ser assinada, justificando sua
resposta.
R. A carteira de trabalho de Rosa deve ser assinada em cinco dias úteis, conforme preconiza o Art. 29 da CLT,
sendo que a ausência de registro implica a aplicação de multa.
(XX EXAME DE ORDEM - ADAPTADA) Plínio trabalhou durante todo o ano de 2014 e até o mês de abril de
2015 na sociedade empresária Bom Lucro Ltda., a qual tinha acordo individual prevendo o pagamento de
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participação nos lucros ao final de cada ano, no mês de dezembro, em valor fixo, desde que o empregado
trabalhasse ao longo de todo o ano. Plínio, que não recebeu nenhuma participação nos lucros durante
todo o contrato de trabalho, foi dispensado imotivadamente.
Sobre o caso apresentado, responda aos itens a seguir.
A) Esclareça a que parcelas relativas à participação nos lucros Plínio faz jus.
R. Nos termos da Súmula nº 451 do TST, Plínio faz jus à parcela integral da participação nos lucros em 2014,
bem como à parcela proporcional referente ao ano de 2015, já que corroborou com o lucro da empresa.
B) Esclareça se os valores relativos à participação nos lucros devem integrar a remuneração de Plínio.
R. Não deverá haver qualquer integração da PLR à remuneração de Plínio, haja vista que a participação dos
trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa não possui natureza salarial, e sim indenizatória, não
integrando ao salário para nenhum fim, nos termos do Art. 3º da Lei nº 10.101/00 e Art. 7º, XI, da CF/88.
(X EXAME DE ORDEM) Pedro trabalhou numa empresa de 10.02.2011 a 20.05.2013, quando foi dispensado
sem justa causa e recebeu as verbas devidas. Após, ajuizou ação pleiteando a participação nos lucros (PL)
de 2013, prevista em acordo individual, requerendo que o cálculo fosse proporcional ao tempo
trabalhado. Defendendo-se, a empresa advoga que a parcela é indevida porque uma das condições para
o recebimento da PL, prevista no acordo individual, é que o empregado esteja com o contrato em vigor no
mês de dezembro de 2013, o que não ocorre no caso.
Diante dessa situação, responda:
A) Pedro tem direito à participação proporcional nos lucros de 2013? Justifique sua resposta.
R. Sim, Pedro terá direito à PLR proporcional, pois a exigência do acordo individual não é aceita pela
jurisprudência. Ou seja, não há a necessidade que o contrato esteja em vigor na data de distribuição dos
lucros, hipótese em que o empregado receberá proporcionalmente ao período que contribui aos lucros da
empresa, conforme Súmula 451 do TST.
B) Analise se a participação nos lucros está sujeita a alguma incidência tributária. Justifique sua resposta.
(Valor: 0,60)
R. Sim, a participação nos lucros está sujeita à contribuição fiscal, em especial, o imposto de renda, conforme
Lei nº 10.101/00.
(XIII EXAME DE ORDEM) Aproveitando a oportunidade conferida por seu empregador, Renan aderiu ao
Programa de Demissão Voluntária ofertado pela empresa e recebeu 10 salários adicionais de indenização
(um salário por cada ano trabalhado), além das verbas típicas da dispensa sem justa causa. No mesmo
período, Renan dispensou sua empregada doméstica. Diante da situação, responda aos itens a seguir.
A) Haverá recolhimento de FGTS sobre a indenização de 10 salários adicionais? Justifique em qualquer
hipótese.
R. Não, na hipótese retratada não haverá recolhimento de FGTS, haja vista a natureza indenizatória da verba,
não se constituindo fato gerador do FGTS, conformeartigo 15 da Lei nº 8.036/90.
B) Analise se, em eventual reclamação trabalhista movida pela empregada doméstica de Renan, poderia
haver penhora da conta do FGTS do empregador para que os valores lá depositados sirvam para
pagamento da doméstica na fase executória. Justifique.
R. Não será possível, pois as contas do FGTS são absolutamente impenhoráveis, na forma do artigo 2º, § 2º,
da Lei nº 8.036/90.
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(IX EXAME DE ORDEM) Sebastião é empregado no Restaurante Galeto Delicioso Ltda., exercendo a função
de garçom, com salário mensal de R$ 1.000,00 (um mil reais), que é equivalente ao piso salarial da
categoria profissional previsto em convenção coletiva de trabalho. Apesar de o restaurante não incluir as
gorjetas nas notas de serviço, estas são oferecidas espontaneamente pelos clientes.
Diante desta situação hipotética, responda, de forma fundamentada, às indagações a seguir.
A) Qual é a natureza jurídica da gorjeta? Justifique.
R. Nos termos do Art. 457, caput da CLT, a gorjeta compreende a remuneração do empregado, razão pela
qual tem natureza remuneratória.
B) Analise a pretensão de Sebastião, feita ao empregador, de ter o valor das gorjetas integrado na base de
cálculo do FGTS.
R. Sim, a pretensão procede, pois o valor das gorjetas integrará a base de cálculo dos depósitos do FGTS.
Neste sentido, conforme dispõe o Art. 15, caput, da Lei nº 8.036/90, os empregadores ficam obrigados a
depositar até o dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8
(oito) por cento da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador. Logo, a base de
incidência do FGTS é a remuneração do empregado, que inclui as gorjetas recebidas (Art. 457, caput, da CLT).
(XIX EXAME DE ORDEM) Antônio é um dos 20 vendedores da loja de calçados Ribeirinha. Em seu
contracheque, há desconto mensal de 1,5% do salário para a festa de confraternização que ocorre todo
final de ano na empresa, além de subtração semestral por “pé faltante” – valor dos pares de sapatos dos
quais, no inventário semestral realizado na loja, somente um dos calçados é localizado, ficando, então,
descartada a utilidade comercial pela ausência do outro “pé”, sem a comprovação de culpa do empregado.
Gilberto assinou na admissão autorização de desconto de “pé faltante”.
Após ser dispensado, ajuizou reclamação pedindo a devolução de ambos os descontos. A empresa pugna
pela validade do desconto para a festa, pois alega que Gilberto sempre participou dela, e, em relação ao
“pé faltante”, porque assinou documento autorizando o desconto. Na audiência, o autor confirmou a
presença na festa da empresa em todos os anos e afirmou que havia comida e bebida fartas. Não se
produziram outras provas.
Diante da situação retratada e do entendimento consolidado do TST, responda aos itens a seguir.
A) O desconto para a festa de confraternização é válido?(Valor: 0,65)
R. Não, o desconto para a confraternização é inválido, na medida em que não foi autorizado pelo
trabalhador, violando a Súmula nº 342 do TST e o Art. 462 da CLT, que tratam do tema.
B) O desconto a título de “pé faltante” é válido? (Valor: 0,60)
R. Não, o desconto a título de “pé faltante” é inválido, na medida em que, apesar de autorizado por escrito,
exigiria a prova de culpa do empregado, como previsto no Art. 462, § 1º, da CLT, o que não ocorreu.
(XVII EXAME DE ORDEM) Rodolfo é gerente em um supermercado e recebe salário de R$ 5.000,00 mensais,
mas precisou se afastar do emprego por 90 dias em razão de doença. Nesse período de afastamento, o
subgerente Vitor, que ganha R$4.000,00 por mês, assumiu a função interinamente. Infelizmente a doença
de Rodolfo evoluiu e ele veio a falecer 91 dias após o afastamento. Uma semana após o trágico evento, o
supermercado contratou José como o novo gerente, acertando salário de R$ 4.800,00 mensais.
Diante da situação apresentada e do entendimento consolidado do TST, responda de forma fundamentada
aos itens a seguir.
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A) Analise se Vitor tem direito a receber o mesmo salário que Rodolfo no período em que assumiu a função
interinamente. (Valor: 0,65)
R. Vitor tem direito a receber o mesmo salário que Rodolfo porque, na hipótese, a substituição não é
eventual, razão pela qual é assegurado o pagamento do mesmo salário que o substituído, na forma da
Súmula 159, I, do TST.
B) Caso José viesse a ajuizar reclamação trabalhista postulando a diferença salarial entre aquilo que ele
recebe de salário e o valor pago ao finado Rodolfo, sob alegação de discriminação, que tese você,
contratado pelo Supermercado, advogaria? (Valor: 0,60)
R. A tese a ser advogada é a de que se trata de cargo vago que, assim, não dá direito do novo empregado de
receber o mesmo salário que o antecessor, na forma da Súmula 159, II, do TST.
(VIII EXAME DE ORDEM) Francisco é empregado numa empresa de máquinas e trabalha externamente.
Em termos salariais, Francisco é comissionista puro, recebendo 20% sobre as vendas por ele realizadas
mensalmente. Em determinado mês Francisco efetuou uma venda de R$ 50.000,00 em 10 parcelas
mensais, daí porque o empregador lhe disse que pagará a comissão de acordo com o vencimento das
parcelas.
A partir do caso apresentado, responda aos itens a seguir.
A) Se uma das parcelas não for paga pelo comprador, como deve proceder o empregador de Francisco em
relação ao pagamento da comissão correspondente? Justifique.
R. O empregador deve realizar o pagamento da comissão, pois não pode transferir para o empregado o risco
do negócio, já que possui meios jurídicos hábeis para a cobrança da dívida em face do devedor inadimplente,
conforme artigo 2º e 466 § 1º da CLT e arts. 5º e 7º Lei nº 3.207/57
B) Se as parcelas estivessem sendo pagas normalmente e Francisco fosse dispensado seis meses após a
realização da venda, como fica a situação da comissão vincenda?
R. Nesse caso, a empresa continuará pagando a comissão a cada mês, pois a ruptura do contrato não exclui
o direito do empregado, nem obriga o empregador a antecipar o pagamento, na forma do art. 466, § 2º da
CLT.
(IV EXAME DE ORDEM) Em 15/04/2008, João Carlos de Almeida foi contratado pela Engelétrica S.A. para
trabalhar na construção das barragens da Hidrelétrica de Belo Monte. Entretanto, em virtude da grande
distância entre o local de trabalho e a cidade mais próxima, o empregador lhe forneceu habitação durante
toda a vigência do contrato. Dispensado sem justa causa em 13/08/2010, João Carlos ajuizou ação
trabalhista visando à inclusão da ajuda-habitação na sua remuneração e o pagamento dos reflexos daí
decorrentes, uma vez que a moradia constituiu salário in natura, compondo a contraprestação ajustada
pelas partes.
Com base na situação concreta, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos
apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.
A) Qual é o critério apto a definir a natureza jurídica da prestação entregue ao empregado pelo
empregador?
R. O critério apto a definir a natureza jurídica da prestação é o caráter retributivo ou contraprestativo da
prestação ("pelo" trabalho) e a natureza indenizatória ou instrumental da prestação ("para" o trabalho), a
fim de atribuir natureza salarial apenas ao primeiro grupo. Neste sentido, o art. 458, caput, da CLT, bem
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como o seu §2º, inciso I, exclui determinadas prestações do âmbito salarial, ou seja, terão natureza apenas
indenizatória.
B) Nesta hipótese em especial, a habitação fornecida pela Engelétrica S.A. deve ou não integrar a
remuneração de João Carlos de Almeida? Por quê?
R. A grande distância entre o local de trabalho e a cidade mais próxima tornou imprescindível o fornecimento
da habitação, sob pena de inviabilizar a realização do trabalho. Assim a habitação fornecida a João Carlos
pela Engelétrica não possui natureza salarial, uma vez que possui natureza instrumental ("para" o trabalho),
isto é, visa à melhor efetivaçãodo serviço contratado, de acordo com a Súmula nº 367, I do TST.
(XVI EXAME DE ORDEM) Jorge é frentista do posto de gasolina Trevo Ltda. Na admissão, foi informado e
assinou contrato de emprego no qual consta cláusula em que autoriza descontos quando gerar prejuízos
financeiros ao empregador, decorrentes de ato culposo seu. Em norma interna do posto, de conhecimento
de todos os empregados, consta que pagamentos em cheque só seriam aceitos após ser anotada a placa
do veículo, além de identidade, endereço e telefone do condutor. Em determinado dia, o cunhado de
Jorge, após abastecer o veículo com este, pagou em cheque. Tratando-se do cunhado, Jorge nada anotou
no cheque. Dias depois foi constatado que o cheque era de terceiro, estando sustado em decorrência de
furto. A sociedade empresária descontou seu prejuízo do salário de Jorge.
Sobre o caso apresentado, responda aos itens a seguir.
A) Analise a validade do desconto efetuado pela empresa. (Valor: 0,65)
R. A empresa poderá descontar o valor, na forma do Art. 462, § 1º, da CLT, pois o ato foi culposo e estava
acertado em contrato previamente, o que torna válido o ato praticado pelo empregador.
B) Caso Jorge tivesse agido em conluio com o cunhado, obtendo benefício próprio, e por conta disso a
empresa quisesse dispensá-lo por justa causa, em que hipótese deveria tipificar a conduta do empregado?
R. Nesse caso, a conduta de Jorge pode ser tipificada como ato de improbidade, hipótese caracterizadora de
uma dispensa por justa causa, nos termos do Art. 482, “a”, da CLT.
(QUESTÃO AUTORAL) Péricles foi contratado pela Pizzaria Brasa Viva Ltda. em 01/04/2016, para
desempenhar a função de pizzaiolo. Ocorre que, três dias após a sua contratação, ainda durante o contrato
de experiência, mesmo sem ter recebido qualquer treinamento, tentou acender o forno à lenha com álcool
líquido e acabou sofrendo graves queimaduras nos braços, o que culminou no seu afastamento do
trabalho e consequente percepção de auxílio-doença acidentário neste período. Após os intensos
tratamentos médicos, Péricles retornou ao trabalho em 20/06/2016, sendo dispensado em 29/06/2016,
sob a alegação de que havia expirado o término do contrato de experiência.
Com base no relatado, responda aos itens a seguir, utilizando os argumentos jurídicos apropriados e a
fundamentação legal pertinente ao caso.
Sobre o caso apresentado, responda aos itens a seguir.
A) Na qualidade de advogado(a) de Péricles, qual medida você poderia adotar?
R. O advogado de Péricles deverá ajuizar reclamação trabalhista pleiteando a reintegração ou a indenização
substitutiva ao período de estabilidade (art. 840 “caput” e §1º, da CLT e art. 496 da CLT).
B) A empresa agiu corretamente? Fundamente.
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R. Não. Péricles tem direito à estabilidade em decorrência do acidente de trabalho pelo período de 12 meses
após a cessação do auxílio-doença. Tal estabilidade é garantida ao empregado mesmo que o acidente tenha
ocorrido durante o contrato de experiência (art. 118 da Lei nº 8.213/1991 e Súmula 378, item III, do TST).
(XXIX EXAME) Cláudio é motorista de ônibus da Viação Ponto a Ponto Ltda. desde 20/03/2018. Nos últimos
3 meses, Cláudio, descumprindo deliberadamente cláusula específica do seu contrato de trabalho, passou
a dirigir em alta velocidade, bem como a não respeitar sinais vermelhos, o que acarretou numerosas
multas por infrações de trânsito. Cláudio foi notificado pela autoridade competente de que perdera a
habilitação para dirigir veículos. A empresa consultou você, como advogado(a), sobre a medida que
deveria adotar em relação ao contrato de Cláudio, considerando que não tem interesse em mantê-lo como
empregado.
A) Qual a orientação jurídica que você daria? Fundamente. (Valor: 0,60)
R. Deverá ser recomendada a dispensa por justa causa, na forma do Art. 482, letra m ou h da CLT.
B) Na hipótese de Cláudio ser dirigente sindical, que medida jurídica processual você deverá adotar para
implementar a dispensa do empregado? (Valor: 0,65)
R. Nesta hipótese, por envolver dirigente sindical, deve-se ajuizar inquérito judicial para apuração de falta
grave, na forma do Art. 494, 543, § 3º e 853 da CLT; Súmula 379 TST e Súmula 197 STF.
DICAS/RESUMOS
➢ A remuneracao compreende a soma do salário + gorjeta.
➢ São parcelas de natureza salarial: comissões e porcentagens; gratificações; quebra caixa; adicionais
salarias: hora extra, noturno, transferência, insalubridade e periculosidade.
➢ São parcelas de nateureza indenizatoria: PLR; ajuda de custo; diarias para viagem; prêmios; vale-
transporte; salário-familia;seguro-desemprego; PIS/PASEP; stock option.
➢ O salário do empregado pode ser composto por pecúnia (dinheiro) e utilidades.
➢ O salário tem por característica a sua intangibilidade, de forma a ser vedado qualquer tipo de
desconto ilegal ou abusivo.
➢ Excepcionalmente, admite alguns descontos, quando oriundos de: Previsão legal, como pensão
alimentícia, por exemplo; Adiantamentos salariais; Salário utilidade, observado os termos do artigo
458 da CLT e Dano ocasionado por dolo ou culpa do empregado.
➢ Quando constatada uma discrepância salarial sem qualquer razão aparente, o que a torna ilegal e o
empregador passível de condenação ao pagamento das diferenças salariais devidas.
➢ A estabilidade refere-se a um direito adquirido pelo empregado em razão de alguma situação
especial a que ele se vincula, e que impossibilita o empregador de desenvolver o seu direito
potestativo de colocar fim à relação laboral.
➢ A rescisão do contrato de trabalho pode ser em razão: de dispensa sem justa causa; dispensa por
justa causa; pedido de demissão; rescisão indireta; culpa recíproca; força maior; extinção do contrato
por prazo determinado – extinção normal; extinção do contrato por prazo determinado – antecipado
por iniciativa do empregado; extinção do contrato por prazo determinado – antecipado por iniciativa
do empregador com cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão; extinção do contrato por
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prazo determinado – antecipado por iniciativa do empregado com cláusula assecuratória do direito
recíproco de rescisão e rescisão bilateral.
➢ O prazo para cumprimento das obrigações trabalhistas é de 10 dias a contar do término do contrato
de trabalho.
➢ O aviso prévio, como regra, é um direito irrenunciável pelo empregado, inclusive na modalidade
indenizada, de forma que a sua finalidade consiste na possibilidade de as partes melhor se
programarem para o término contratual.
Aguardo vocês em nossa próxima aula!
prof.prisfer@gmail.com
profpriscilaferreira
Fórum de Dúvidas do Portal do Aluno
Bons estudos e muito sucesso a todos!
Priscila Ferreira