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PLANEJAMENTO E 
ORÇAMENTO 
PÚBLICO 
Análise das demonstrações 
financeiras
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Identificar as demonstrações contábeis passíveis de análise.
 � Resolver os cálculos dos indicadores econômicos e financeiros.
 � Analisar os resultados obtidos com os cálculos dos indicadores eco-
nômicos e financeiros.
Introdução
As demonstrações contábeis fornecem informações úteis e fidedignas 
que refletem as operações realizadas pelas entidades em determinado 
período. A administração da entidade é responsável pela elaboração des-
sas demonstrações, cuja finalidade é auxiliar os usuários com informações 
sobre o desempenho (lucro ou prejuízo) da organização.
Por meio das demonstrações contábeis, a entidade pode calcular 
indicadores capazes de avaliar a sua situação econômico-financeira. 
Contudo, para uma avaliação eficiente e sem distorções, a entidade pre-
cisa comparar esses indicados com a média do setor e entre dois ou mais 
períodos. Portanto, faz-se imprescindível que a entidade conheça os 
cálculos dos indicadores, bem como a sua utilidade para compreender a 
realidade da organização, a fim de utilizar essa informação para o processo 
de tomada de decisão.
Neste capítulo, você conhecerá as demonstrações contábeis passíveis 
de análise. Além disso, verá exemplos de cálculos dos indicadores eco-
nômicos e financeiros, bem como a análise dos seus resultados.
1 Demonstrações contábeis
As demonstrações contábeis evidenciam os efeitos patrimoniais e financeiros, 
o desempenho e o fluxo de caixa da entidade de forma estruturada e simpli-
ficada aos usuários das informações (acionistas, sócios, administradores, 
funcionários, consumidores, fornecedores, governo e instituições financeiras). 
Por meio delas, são fornecidas informações fidedignas e relevantes, capazes de 
ajudar na análise e na avaliação da tomada de decisão, permitindo o alcance 
dos objetivos de todos os interessados.
O item 10 da NBC TG 26 (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILI-
DADE [CFC], 2009) determina que o conjunto completo das demonstrações 
contábeis se constitui pelo:
 � balanço patrimonial;
 � demonstração do resultado do exercício (DRE);
 � demonstração do resultado abrangente (DRA);
 � demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL);
 � demonstração dos fluxos de caixa (DFC);
 � demonstração do valor adicionado (DVA);
 � notas explicativas.
Embora as demonstrações contábeis apresentem finalidades diferentes, elas 
são complementares e consistentes entre si. Ou seja, é possível associar os dados 
de uma demonstração contábil com as demais. A análise das demonstrações 
financeiras considera o cálculo e a avaliação de quocientes, que relacionam, 
principalmente, itens e grupos do balanço patrimonial e da DRE. 
Balanço patrimonial
O balanço patrimonial demonstra, de forma quali e quantitativa, a situação 
patrimonial e financeira da entidade (art. 178 da Lei nº. 6.404/76). Contudo, 
a sua posição é estática, pois apresenta o patrimônio da companhia em um 
determinado período.
Análise das demonstrações financeiras2
Demonstração do resultado do exercício
A DRE mostra a situação econômica de uma entidade por meio da apuração do 
resultado (lucro ou prejuízo), o qual se traduz na diferença entre o valor total 
das receitas realizadas e o valor das despesas incorridas em um determinado 
período, segundo o regime de competência. 
A utilização de quocientes permite comparar, por exemplo, o ativo circu-
lante com o passivo circulante, em vez de analisar cada um dos elementos de 
forma individual (IUDÍCIBUS, 2017). Ademais, o analista consegue comparar 
os quocientes com padrões preestabelecidos e captar tendências capazes 
de contribuir para a tomada de decisão. De acordo com Iudícibus (2017), 
a periodicidade da análise dependerá dos objetivos a serem alcançados pelos 
usuários. Para finalidades externas, o cálculo anual ou semestral pode atender 
satisfatoriamente aos usuários. Já para a análise interna, os índices podem 
demandar acompanhamento mensal, outros até intervalos mais curtos, de-
pendendo do panorama contábil-financeiro da organização.
Recomenda-se a realização de uma comparação dos indicadores econômico-financeiros 
com o setor de atividade (i.e., comparação do resultado da companhia em estudo com 
os seus concorrentes mais relevantes ou a média do mercado).
2 Indicadores econômico-financeiros
Segundo Perez Junior e Begalli (2015, p. 313), os indicadores compreendem 
“a relação entre contas ou grupos de contas das demonstrações financeiras, 
que visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou financeira 
de uma empresa”. Dependendo do interesse do usuário, podem ser extraídos 
das demonstrações contábeis um número maior ou menor de indicadores para 
análise (RIBEIRO, 2018). Em geral, a análise dos indicadores é desenvolvida 
por meio dos indicadores de liquidez, estrutura de capital, rentabilidade e 
atividade, apresentados a seguir.
3Análise das demonstrações financeiras
Indicadores de liquidez
Os indicadores de liquidez são utilizados para verificar a capacidade de paga-
mento da entidade (MARION, 2019). De maneira geral, existem os seguintes 
índices de liquidez:
 � liquidez corrente;
 � liquidez seca;
 � liquidez geral;
 � liquidez imediata.
A liquidez corrente relaciona quanto a entidade dispõe de bens e direitos 
a curto prazo (disponíveis e conversíveis em dinheiro) em relação às suas 
obrigações a curto prazo (IUDÍCIBUS, 2017). Em geral, é considerada como 
o melhor indicador de análise de liquidez nas empresas. A liquidez corrente 
é calculada por meio da seguinte fórmula:
A liquidez seca, por sua vez, demonstra o quanto a entidade dispõe de itens 
de maior liquidez do ativo circulante para saldar as suas obrigações de curto 
prazo (ASSAF NETO, 2015). Ela é calculada por meio da seguinte fórmula:
Já a liquidez geral evidencia a capacidade de pagamento da entidade a 
curto e longo prazos, considerando todas as contas que serão convertidas 
em dinheiro (ALMEIDA, 2019). Ela é utilizada como medida de segurança 
financeira da entidade a longo prazo, demonstrando a sua capacidade de saldar 
os seus compromissos (ASSAF NETO, 2015). A liquidez geral é calculada 
por meio da seguinte fórmula:
Análise das demonstrações financeiras4
Por fim, a liquidez imediata revela a capacidade da empresa de saldar as 
dívidas de curto prazo imediatamente. Normalmente, essa liquidez é baixa, 
devido ao pouco interesse das companhias em manterem recursos monetários 
em caixa (ASSAF NETO, 2015). A liquidez imediata é calculada por meio 
da seguinte fórmula:
No quadro a seguir, é apresentado o balanço patrimonial de uma sociedade empresarial 
em 31 de dezembro de 20X1.
 31/12/20X0 31/12/20X1 31/12/20X0 31/12/20X1
Disponi-
bilidades
3.036 3.484 Forne-
cedores
2.544 3.159
Contas 
a rece-
ber de 
clientes
3.912 3.718 Emprés-
timos a 
pagar
2.832 3.276
Apli-
cações 
financeiras
1.872 2.171 Impos-
tos a 
recuperar
2.436 2.717
Estoques 3.180 4.407 Salários 
a pagar
1.188 1.534
Ativo 
circulante
12.000 13.780 Passivo 
circu-
lante
9.000 10.686
Realizável 
a longo 
prazo
2.376 2.886 Emprés-
timos a 
pagar
1.872 1.794
Investi-
mento
2.760 3.289 Passivo 
não cir-
culante
1.872 1.794
5Análise das demonstrações financeiras
 31/12/20X0 31/12/20X1 31/12/20X0 31/12/20X1
Imobi-
lizado
3.744 4.524 Capital 
social
6.600 7.280
Intangível 1.920 2.171 Reserva 
de lucros
5.328 6.890
Ativo não 
circulante
10.800 12.870 Patri-
mônio 
líquido
11.928 14.170
Ativo 
total
22.800 26.650 Passivo 
+ patri-
mônio 
líquido
22.800 26.650
Para o cálculo da liquidez corrente em 31/12/20X0 e 31/12/20X1, aplica-se a seguinte 
fórmula:
Liquidez corrente 31/12/20X0 = ativo circulante/passivo circulante
Liquidez corrente 31/12/20X0 = R$ 12.000/R$ 9.000
Liquidez corrente 31/12/20X0 = 1,33
Liquidez corrente 31/12/20X1 = Ativo circulante/passivo circulante
Liquidez corrente 31/12/20X1 = R$ 13.780/R$ 10.686Liquidez corrente 31/12/20X1 = 1,29
Para cada R$ 1,00 de passivo circulante, a entidade tem ativos circulantes de R$ 1,33, 
em 20X0, e R$ 1,29, em 20X1. O índice apresentou uma queda entre os anos, o que 
é explicado pelo aumento de 18,73% do passivo circulante (R$ 9.000, em 20X0, para 
R$ 10.686, em 20X1). 
Para o cálculo da liquidez seca em 31/12/20X0 e 31/12/20X1, aplica-se a seguinte 
fórmula:
Liquidez seca 31/12/20X0 = (ativo circulante – estoques – despesas pagas 
antecipadamente) / passivo circulante
Liquidez seca 31/12/20X0 = (R$ 12.000 – R$ 3.180) / R$ 9.000
Liquidez seca 31/12/20X0 = 0,98
Liquidez seca 31/12/20X1 = (ativo circulante – estoques – despesas pagas 
antecipadamente) / passivo circulante
Liquidez seca 31/12/20X1 = (R$ 13.780 – R$ 4.407) / R$ 10.686
Liquidez seca 31/12/20X1 = 0,88
Análise das demonstrações financeiras6
Para cada R$ 1,00 de passivo circulante, a entidade tem ativos líquidos de R$ 0,88, 
em 20X0, e R$ 0,88, em 20X1. O índice apresentou uma queda entre os anos, o que 
é explicado pelo aumento de 18,73% do passivo circulante (R$ 9.000, em 20X0, para 
R$ 10.686, em 20X1). Ademais, parte do aumento do ativo entre 20X0 e 20X1 foi em 
virtude dos estoques, que são desconsiderados no cálculo do índice de liquidez seca.
Para o cálculo da liquidez geral em 31/12/20X0 e 31/12/20X1, aplica-se a seguinte 
fórmula:
Liquidez geral 31/12/20X0 = (ativo circulante + ativo realizável a longo prazo) / 
(passivo circulante + passivo não circulante)
Liquidez geral 31/12/20X0 = (R$ 12.000 + R$ 2.376) / (R$ 9.000 + R$ 1.872)
Liquidez geral 31/12/20X0 = R$ 14.376 / R$ 10.872
Liquidez geral 31/12/20X0 = 1,32
Liquidez geral 31/12/20X1 = (ativo circulante + ativo realizável a longo prazo) / 
(passivo circulante + passivo não circulante)
Liquidez geral 31/12/20X1 = (R$ 13.780 + R$ 2.886) / (R$ 10.686 + R$ 1.794)
Liquidez geral 31/12/20X1 = R$ 16.666/R$ 12.480
Liquidez geral 31/12/20X1 = 1,34
Para cada R$ 1,00 de dívida total de curto e longo prazos, a entidade tem ativos 
circulantes e realizáveis a longo prazo de R$ 1,32, em 20X0, e R$ 1,34, em 20X1. O índice 
apresentou uma melhora entre os anos, o que é explicado pela diminuição de 4,17% 
do passivo não circulante (amortização do empréstimo) e pelo aumento de 21,46% 
no ativo não realizável a longo prazo.
Indicadores de estrutura de capital
Os indicadores de estrutura de capital analisam o endividamento da entidade, 
relacionando-o com os capitais de terceiros (passivos) investidos nos negó-
cios da entidade (ALMEIDA, 2019). Para isso, são utilizados os seguintes 
indicadores:
 � índice de endividamento geral;
 � índice de relação de capitais de terceiros e capitais próprios;
 � índice de composição do endividamento;
 � índice de imobilização de capitais próprios.
7Análise das demonstrações financeiras
O índice de endividamento geral demonstra o percentual de participação 
de recursos de terceiros no total de recursos captados pela entidade (ALMEIDA, 
2019). Ele é calculado por meio da seguinte fórmula:
onde:
Passivo total = passivo circulante + passivo não circulante
O índice de relação de capitais de terceiros e capitais próprios, por 
sua vez, reflete o percentual de recursos de terceiros em relação aos recursos 
próprios. Ele é calculado por meio da seguinte fórmula:
De acordo com Almeida (2019, p. 146), o índice de composição do endi-
vidamento retrata “[…] o percentual de capitais de terceiros de curto prazo 
(passivo circulante) em relação ao total dos capitais de terceiros (passivo 
circulante e passivo não circulante)”. Ele é calculado por meio da seguinte 
fórmula:
onde:
Passivo total = passivo circulante + passivo não circulante
Por fim, o índice de imobilização de capitais próprios ou imobilização 
do patrimônio líquido evidencia o percentual aplicado ao ativo não circulante 
imobilizado em relação ao patrimônio líquido. Ele é calculado por meio da 
seguinte fórmula: 
Análise das demonstrações financeiras8
Uma sociedade empresarial apresentou o seguinte balanço patrimonial em 31 de 
dezembro de 20X1:
 31/12/20X0 31/12/20X1 31/12/20X0 31/12/20X1
Disponi-
bilidades
3.036 3.484 Fornece-
dores
2.544 3.159
Contas a 
receber de 
clientes
3.912 3.718 Emprés-
timos a 
pagar
2.832 3.276
Aplicações 
financeiras
1.872 2.171 Impostos a 
recuperar
2.436 2.717
Estoques 3.180 4.407 Salários 
a pagar
1.188 1.534
Ativo 
circulante
12.000 13.780 Passivo 
circulante
9.000 10.686
Realizável 
a longo 
prazo
2.376 2.886 Emprés-
timos a 
pagar
1.872 1.794
Investi-
mento
2.760 3.289 Passivo 
não 
circulante
1.872 1.794
Imobilizado 3.744 4.524 Capital 
social
6.600 7.280
Intangível 1.920 2.171 Reserva 
de lucros
5.328 6.890
Ativo não 
circulante
10.800 12.870 Patrimô-
nio líquido
11.928 14.170
Ativo total 22.800 26.650 Passivo 
+ patri-
mônio 
líquido
22.800 26.650
9Análise das demonstrações financeiras
Para o cálculo do índice de endividamento geral em 31/12/20X0 e 31/12/20X1, aplica-
-se a seguinte fórmula:
Endividamento geral 31/12/20X0 = [passivo total / (passivo total + 
patrimônio líquido)] × 100
Endividamento geral 31/12/20X0 = [(R$ 9.000 + R$ 1.872) / (R$ 22.800)] × 100
Endividamento geral 31/12/20X0 = 47,68%
Endividamento geral 31/12/20X1 = [passivo total / (passivo total 
+ patrimônio líquido)] × 100
Endividamento geral 31/12/20X1 = [(R$ 10.686 + R$ 1.794) / (R$ 26.650)] × 100
Endividamento geral 31/12/20X1 = 46,83%
Para cada R$ 1,00 de capitais disponíveis, a entidade tem obrigação de pagar 
R$ 0,48, em 20X0, e R$ 0,47, em 20X1. Não houve uma mudança brusca nesse indicador, 
e pode-se dizer que ele se manteve estável. 
Para o cálculo do índice de relação de capitais de terceiros com capitais próprios 
em 31/12/20X0 e 31/12/20X1, aplica-se a seguinte fórmula:
Relação de capitais de terceiros com capitais próprios 31/12/20X0 = 
(passivo total/patrimônio líquido) × 100
Relação de capitais de terceiros com capitais próprios 31/12/20X0 = 
[(R$ 9.000 + R$ 1.872) / (R$ 11.928)] × 100
Relação de capitais de terceiros com capitais próprios 31/12/20X0 = 91,15%
Relação de capitais de terceiros com capitais próprios 31/12/20X1 = 
(passivo total/patrimônio líquido) × 100
Relação de capitais de terceiros com capitais próprios 31/12/20X1 = 
[(R$ 10.686 + R$ 1.794) / (R$ 14.170)] × 100
Relação de capitais de terceiros com capitais próprios 31/12/20X1 = 88,07%
Para cada R$ 1,00 de capitais próprios, a entidade tem dívidas com terceiros de 
R$ 0,91, em 20X0, e R$ 0,88, em 20X1. Pode-se observar uma diminuição no índice, em 
decorrência do aumento de 16,89% no patrimônio líquido (principalmente reserva 
de lucros) entre os anos.
Para o cálculo do índice de composição de endividamento em 31/12/20X0 e 
31/12/20X1, aplica-se a seguinte fórmula:
Composição de endividamento 31/12/20X0 = (passivo circulante/passivo total) × 100
Composição de endividamento 31/12/20X0 = [R$ 9.000 / (R$ 9.000 + R$ 1.872)] × 100
Composição de endividamento 31/12/20X0 = 82,78%
Composição de endividamento 31/12/20X1 = (passivo circulante/passivo total) × 100
Composição de endividamento 31/12/20X1 = [R$ 10.686 / (R$ 10.686 + R$ 1.794)] × 100
Composição de endividamento 31/12/20X1 = 85,63%
Análise das demonstrações financeiras10
Em 20X0, a entidade tinha 82,78% de capitais terceiros de curto prazo em relação ao 
total dos capitais de terceiros. No ano seguinte, a composição do endividamento passou 
para 85,63%, em virtude do aumento de 18,73% do passivo circulante (principalmente 
fornecedores e salários a pagar).
Para o cálculo do índice de imobilização do patrimônio líquido em 31/12/20X0 e 
31/12/20X1, aplica-se a seguinte fórmula:
Imobilização do patrimônio líquido 31/12/20X0 = (ativo não circulante imobilizado/
patrimônio líquido) × 100
Imobilização do patrimônio líquido 31/12/20X0 = (R$ 3.744/R$ 11.928) × 100
Imobilização do patrimônio líquido 31/12/20X0 = 31,39%
Imobilização do patrimônio líquido 31/12/20X1 = (ativo não circulante imobilizado/
patrimônio líquido) × 100
Imobilizaçãodo patrimônio líquido 31/12/20X1 = (R$ 4.524/R$ 14.170) × 100
Imobilização do patrimônio líquido 31/12/20X1 = 31,93%
Para cada R$ 1,00 do patrimônio líquido, a entidade tem obrigação de pagar 
R$ 0,31, em 20X0, e R$ 0,32, em 20X1. Não houve uma mudança brusca nesse indicador, 
e pode-se dizer que ele se manteve estável.
Indicadores de rentabilidade
Os indicadores de rentabilidade avaliam o desempenho econômico da entidade, 
relacionando o lucro apurado na DRE com diferentes parâmetros, tais como 
vendas, ativos e patrimônio líquido (ALMEIDA, 2019). Em geral, os analistas 
utilizam quatro índices:
 � retorno das vendas ou margem líquida;
 � retorno sobre ativos;
 � rentabilidade sobre o patrimônio líquido.
O retorno das vendas ou margem líquida demonstra o percentual do 
resultado líquido da entidade em um determinado exercício comparado ao 
seu faturamento. Ele é calculado por meio da seguinte fórmula:
11Análise das demonstrações financeiras
Já o retorno sobre ativos evidencia o potencial de geração de lucros da 
entidade em relação ao investimento nos ativos. Ele é calculado por meio da 
seguinte fórmula:
Por fim, a rentabilidade sobre o patrimônio líquido mostra o percentual 
de lucratividade obtido pelo capital próprio investido pelo capital próprio 
investido na entidade. Ela é calculada por meio da seguinte fórmula:
Uma sociedade empresarial apresentou o balanço patrimonial e DRE em 31 de de-
zembro de 20X1:
 31/12/20X0 31/12/20X1 31/12/20X0 31/12/20X1
Disponi-
bilidades
3.036 3.484 Fornece-
dores
2.544 3.159
Contas a 
receber de 
clientes
3.912 3.718 Emprés-
timos a 
pagar
2.832 3.276
Aplicações 
financeiras
1.872 2.171 Impostos a 
recuperar
2.436 2.717
Estoques 3.180 4.407 Salários 
a pagar
1.188 1.534
Ativo 
circulante
12.000 13.780 Passivo 
circulante
9.000 10.686
Realizável a 
longo prazo
2.376 2.886 Emprés-
timos a 
pagar
1.872 1.794
Análise das demonstrações financeiras12
 31/12/20X0 31/12/20X1 31/12/20X0 31/12/20X1
Investi-
mento
2.760 3.289 Passivo 
não 
circulante
1.872 1.794
Imobilizado 3.744 4.524 Capital 
social
6.600 7.280
Intangível 1.920 2.171 Reserva 
de lucros
5.328 6.890
Ativo não 
circulante
10.800 12.870 Patrimô-
nio lí-
quido
11.928 14.170
Ativo total 22.800 26.650 Passivo 
+ patri-
mônio 
líquido
22.800 26.650
 31/12/20X0 31/12/20X1 
Receita bruta de vendas 67.800 74.580
( – ) Tributos sobre vendas (8.136) (8.950)
( – ) Devolução de vendas (3.390) (3.729)
( – ) Descontos incondicionais concedidos (6.780) (8.203)
= Receita líquida 49.494 53.698
(–) Custo das mercadorias vendidas (23.730) (25.357)
(=) Resultado bruto 25.764 28.341
( – ) Despesas com vendas (9.492) (10.900)
( – ) Despesas gerais e administrativas (11.526) (12.679)
( – ) Outras despesas (860) (972)
= Resultado antes das receitas e das 
despesas financeiras
3.886 3.790
13Análise das demonstrações financeiras
 31/12/20X0 31/12/20X1 
( – ) Despesas financeiras (1.540) (1.650)
( + ) Receitas financeiras 1.360 1.420
= Resultado antes dos impostos e das 
participações
3.706 3.560
( – ) Despesas com imposto de renda e 
contribuição social
(1.491) (1.367)
( – ) Participação dos administradores (593) (631)
(=) Lucro líquido do exercício 1.622 1.562
Para o cálculo do retorno das vendas em 31/12/20X0 e 31/12/20X1, aplica-se a seguinte 
fórmula:
Retorno das vendas 31/12/20X0 = (resultado líquido/receita líquida de vendas) × 100
Retorno das vendas 31/12/20X0 = (R$ 1.622/ R$ 49.494) × 100
Retorno das vendas 31/12/20X0 = 3,28%
Retorno das vendas 31/12/20X1 = (resultado líquido/receita líquida de vendas) × 100
Retorno das vendas 31/12/20X1 = (R$ 1.562/ R$ 53.698) × 100
Retorno das vendas 31/12/20X1 = 2,91%
Para cada R$ 1,00 de vendas, a entidade apura resultado líquido de R$ 0,03 em 20X0 
e em 20X1. Não houve uma mudança brusca nesse indicador, e pode-se dizer que 
ele se manteve estável.
Para o cálculo do retorno sobre ativos em 31/12/20X0 e 31/12/20X1, aplica-se a 
seguinte fórmula:
Retorno sobre ativos 31/12/20X0 = (resultado líquido/ativo total) × 100
Retorno sobre ativos 31/12/20X0 = (R$ 1.622/ R$ 22.800) × 100
Retorno sobre ativos 31/12/20X0 = 7,11%
Retorno sobre ativos 31/12/20X1 = (resultado líquido/ativo total) × 100
Retorno sobre ativos 31/12/20X1 = (R$ 1.562/ R$ 26.650) × 100
Retorno sobre ativos 31/12/20X1 = 5,86%
Para cada R$ 1,00 em investimento no ativo, a entidade apura resultado líquido de 
R$ 0,07, em 20X0, e R$ 0,06, em 20X1. A diminuição desse índice se deve ao aumento de 
16,89% do ativo total (principalmente imobilizado e estoques) entre os dois períodos. 
Análise das demonstrações financeiras14
Para o cálculo da rentabilidade sobre o patrimônio líquido em 31/12/20X0 e 
31/12/20X1, aplica-se a seguinte fórmula:
Rentabilidade sobre o patrimônio líquido 31/12/20X0 = (resultado líquido/ 
patrimônio líquido) × 100
Rentabilidade sobre o patrimônio líquido 31/12/20X0 = (R$ 1.622/ R$ 11.928) × 100
Rentabilidade sobre o patrimônio líquido 31/12/20X0 = 13,60%
Rentabilidade sobre o patrimônio líquido 31/12/20X1 = (resultado líquido/ 
patrimônio líquido) × 100
Rentabilidade sobre o patrimônio líquido 31/12/20X1 = (R$ 1.562/ R$ 14.170) × 100
Rentabilidade sobre o patrimônio líquido 31/12/20X1 = 11,02%
Para cada R$ 1,00 de capital próprio investido, há retorno de R$ 0,14, em 20X0, e R$ 
0,11, em 20X1. A redução do indicador se deve ao aumento de 18,79% do patrimônio 
líquido (principalmente reserva de lucros).
Indicadores de atividade
Os indicadores de atividade expressam relacionamentos dinâmicos que 
impactam, direta ou indiretamente, a posição de liquidez e rentabilidade. 
Em geral, os analistas avaliam os seguintes indicadores: 
 � prazo médio de estocagem;
 � prazo médio de fabricação;
 � prazo médio de venda;
 � prazo médio de cobrança;
 � prazo médio de pagamento a fornecedores;
 � ciclo operacional;
 � ciclo financeiro.
O prazo médio de estocagem (PME) compreende o tempo médio verifi-
cado desde a aquisição do material até́ a sua requisição na produção, ou seja, 
o tempo médio (em dias) que a matéria-prima permanece no estoque até ser 
consumida no processo de produção. Ele é calculado por meio da seguinte 
fórmula:
PME = (estoque médio de matéria-prima/custo das mercadorias vendidas) × 360
15Análise das demonstrações financeiras
Se a análise for sobre a efetividade da gestão dos estoques, o analista pode utilizar o 
giro de estoque, por meio do qual avaliará o número de vezes que a entidade repôs 
o seu estoque em virtude das vendas. O giro de estoque é calculado por meio da 
seguinte fórmula: 
Giro de estoque = custo dos produtos vendidos/ 
estoque médio de produtos acabados
O prazo médio de fabricação (PMF) consiste no tempo médio (em dias) 
que a companhia precisa para realizar a fabricação de seus produtos. Ele pode 
ser calculado por meio da seguinte fórmula:
PMF = (estoque médio de produtos em elaboração/ 
custo das mercadorias vendidas) × 360
O prazo médio de vendas (PMV) ou prazo médio de estocagem dos 
produtos acabados evidencia o tempo médio (em dias) que o produto gasta 
desde a sua fabricação até́ a venda, ou seja, o prazo que o produto acabado 
permanece em estoque até ser vendido. Ele pode ser calculado por meio da 
seguinte fórmula:
PMV = (estoque médio de produtos acabados/ 
custo das mercadorias vendidas) × 360
O prazo médio de cobrança (PMC) compreende o prazo médio (em 
dias) que a companhia espera para receber as vendas realizadas. Ele pode ser 
calculado por meio da seguinte fórmula:
PMC = (duplicatas a receber (média)/receita operacional líquida) × 360
Análise das demonstrações financeiras16
Se a análise for relacionada ao número de vezes que a entidade recebe as suas vendas 
a prazo, será utilizado o giro do contas a receber, calculado por meio da seguinte 
fórmula:
Giro do contas a receber = receita operacional líquida/duplicatas a receber (média)
O prazo médio de pagamento a fornecedores (PMPF) representa o 
tempo médio (em dias) que a companhia efetua os pagamentosdas matérias-
-primas adquiridas junto aos fornecedores. Ele pode ser calculado por meio 
da seguinte fórmula:
PMPF = (fornecedores a pagar (média)/compras) × 360
Se a análise for relacionada ao número de vezes que a companhia conseguiu saldar os 
seus compromissos com os fornecedores, será utilizada a rotação de fornecedores, 
calculada por meio da seguinte fórmula:
Rotação dos fornecedores = compras/fornecedores a pagar (média)
O ciclo operacional mostra em quantos dias, em média, a empresa adquiriu 
matérias-primas no tempo de produção de seus produtos, nos períodos de 
estocagem e no recebimento de suas vendas. Dessa maneira, o cálculo do 
ciclo operacional será o somatório de todos os prazos médios, conforme a 
fórmula a seguir:
Ciclo operacional = PME + PMF + PMV + PMC
17Análise das demonstrações financeiras
O ciclo financeiro, por sua vez, compreende o tempo médio transcorrido 
desde a primeira até a última movimentação financeira do ciclo operacional 
(BAZZI, 2019). Dessa maneira, ele é calculado da seguinte forma:
Ciclo financeiro = ciclo operacional – prazo médio de pagamento a 
fornecedores
Uma sociedade empresarial apresentou o balanço patrimonial e a DRE em 31 de 
dezembro de 20X1:
 31/12/20X0 31/12/20X1 31/12/20X0 31/12/20X1
Disponi-
bilidades
3.036 3.484 Fornece-
dores
2.544 3.159
Contas a 
receber de 
clientes
3.912 3.718 Emprés-
timos a 
pagar
2.832 3.276
Aplicações 
financeiras
1.872 2.171 Impostos a 
recuperar
2.436 2.717
Estoques 3.180 4.407 Salários 
a pagar
1.188 1.534
Ativo 
circulante
12.000 13.780 Passivo 
circulante
9.000 10.686
Realizável a 
longo prazo
2.376 2.886 Emprés-
timos a 
pagar
1.872 1.794
Investi-
mento
2.760 3.289 Passivo 
não 
circulante
1.872 1.794
Imobilizado 3.744 4.524 Capital 
social
6.600 7.280
Intangível 1.920 2.171 Reserva 
de lucros
5.328 6.890
Análise das demonstrações financeiras18
 31/12/20X0 31/12/20X1 31/12/20X0 31/12/20X1
Ativo não 
circulante
10.800 12.870 Patrimô-
nio lí-
quido
11.928 14.170
Ativo total 22.800 26.650 Passivo 
+ patri-
mônio 
líquido
22.800 26.650
 31/12/20X0 31/12/20X1 
Receita bruta de vendas 67.800 74.580
( – ) Tributos sobre vendas (8.136) (8.950)
( – ) Devolução de vendas (3.390) (3.729)
( – ) Descontos incondicionais concedidos (6.780) (8.203)
= Receita líquida 49.494 53.698
( – ) Custo das mercadorias vendidas (23.730) (25.357)
(=) Resultado bruto 25.764 28.341
( – ) Despesas com vendas (9.492) (10.900)
( – ) Despesas gerais e administrativas (11.526) (12.679)
( – ) Outras despesas (860) (972)
= Resultado antes das receitas e das 
despesas financeiras
3.886 3.790
( – ) Despesas financeiras (1.540) (1.650)
( + ) Receitas financeiras 1.360 1.420
= Resultado antes dos impostos e das 
participações
3.706 3.560
( – ) Despesas com imposto de renda e 
contribuição social
(1.491) (1.367)
( – ) Participação dos administradores (593) (631)
(=) Lucro líquido do exercício 1.622 1.562
19Análise das demonstrações financeiras
Para o cálculo do PME em 31/12/20X1, considere um estoque médio de matéria-
-prima de R$ 1.520:
PME = (estoque médio de matéria-prima/custo das mercadorias vendidas) × 360
PME = (R$ 1.520/R$ 25.357) × 360
PME = 22 dias
Pode-se concluir que a empresa apresenta, em média, 22 dias para que seus produtos 
acabados fiquem parados no estoque.
Giro de estoque = custo das mercadorias vendidas/ 
estoque médio de produtos acabados
Giro de estoque = R$ 25.357/R$ 1.520
Giro de estoque = 16,80 vezes
Pode-se observar que os estoques da sociedade empresária se renovaram 16,80 
vezes em virtude das suas vendas. Ou seja, o estoque da empresa demora 21 dias 
para ser vendido (12 meses dividido por 16,80 vezes).
Para o cálculo do PMF em 31/12/20X1, considere um estoque médio de produto 
em elaboração de R$ 2.160:
PMF = (estoque médio de produto em elaboração/ 
custo das mercadorias vendidas) × 360
PMF = (R$ 2.160/R$ 25.357) × 360
PMF = 31 dias
Pode-se concluir que a empresa leva, em média, 31 dias para fabricar o seu produto.
Para o cálculo do PMV em 31/12/20X1, considere um estoque médio de produto 
acabado de R$ 1.210:
PMV = (estoque médio de produto acabado/custo das mercadorias vendidas) × 360
PMV = (R$ 1.210/R$ 25.357) × 360
PMV = 17 dias
Pode-se concluir que a empresa leva, em média, 17 dias para vender o seu produto.
Para o cálculo do PMC em 31/12/20X1, aplica-se a seguinte fórmula:
PMC = (média das duplicatas a receber/receita operacional líquida) × 360
PMC = {[(R$ 3.912+R$ 3.718) / 2] / R$ 53.698} × 360
PMC = 26 dias
Pode-se concluir que a empresa leva, em média, 26 dias para receber pelas vendas 
realizadas.
Análise das demonstrações financeiras20
Para o cálculo do giro do contas a receber em 31/12/20X1, aplica-se a seguinte fórmula:
Giro do contas a receber = receita operacional líquida/duplicatas a receber (média)
Giro do contas a receber = R$ 53.698/R$ 3.815
Giro do contas a receber = 14,07 vezes
Pode-se observar que a empresa gira 14,07 vezes até receber por suas vendas. Ou 
seja, ela espera 26 dias para receber dinheiro pela venda a prazo (12 meses dividido 
por 14,07 vezes).
Para o cálculo ciclo operacional em 31/12/20X1, aplica-se a seguinte fórmula:
Ciclo operacional = PME + PMF + PMV + PMC
Ciclo operacional = 22 + 31 + 17 + 26
Ciclo operacional = 96 dias
Pode-se observar que a empresa apresenta, em média, 96 dias no seu ciclo opera-
cional, que contempla a aquisição de matérias-primas até o recebimento de vendas.
Para o cálculo do PMPF em 31/12/20X1, considere compras no valor de R$ 19.860:
PMPF = (fornecedores a pagar (média)/compras) × 360
PMPF = {[(R$ 3.159 +R$ 2.544) / 2] / R$ 19.860} × 360
PMPF = 52 dias
Pode-se concluir que a empresa leva, em média, 90 dias para pagar os seus 
fornecedores.
Para o cálculo do giro do contas a receber em 31/12/20X1, aplica-se a seguinte fórmula
Giro do contas a receber = compras/fornecedores a pagar (média)
Giro do contas a receber = R$ 19.860/R$ 2.851,50
Giro do contas a receber = 6,96 vezes
Pode-se observar que a empresa gira 6,96 vezes para saldar os seus compromissos 
financeiros com fornecedores. Ou seja, ela espera 1 mês e 22 dias para pagar os seus 
fornecedores (12 meses dividido por 6,96 vezes).
Para o cálculo do ciclo financeiro em 31/12/20X1, aplica-se a seguinte fórmula:
Ciclo financeiro = ciclo operacional – PMPF
Ciclo financeiro = 96 – 52
Ciclo financeiro = 44 dias
Pode-se observar que a empresa apresenta, em média, 44 dias no seu ciclo financeiro, 
que contempla o tempo para pagar os seus fornecedores até receber as suas vendas.
21Análise das demonstrações financeiras
3 Análise dos indicadores 
econômico-financeiros
A seguir, serão analisados cada um dos indicadores econômico-financeiros.
Indicadores de liquidez
De acordo com Marion (2019), os índices de liquidez são aplicados para avaliar 
a capacidade de pagamento da empresa, isto é, eles compreendem uma apre-
ciação de se ela apresenta condições para saldar as suas obrigações financeiras. 
Essa capacidade de pagamento pode ser analisada, considerando-se o prazo 
imediato, o curto prazo ou o longo prazo. 
Para avaliar o quanto a companhia dispõe imediatamente (caixa, bancos e 
aplicações financeiras de curtíssimo prazo) para saldar os compromissos de 
curto prazo, será utilizado o indicador de liquidez imediata. Se a organização 
deseja analisar a capacidade de pagamento a curto prazo, ela poderá utilizar 
em sua análise tanto a liquidez corrente como a liquidez seca. No entanto, 
os parâmetros entre esses indicadores são diferentes. A liquidez corrente 
considera todo o ativo circulante, ao passo que a liquidez seca desconsidera 
as contas estoques e despesas pagas antecipadamente. 
Martins, Miranda e Diniz (2019) afirmam que os estoques representam uma 
parte significativa do ativo circulante de algumas empresas e estão sujeitos 
a riscos de liquidez, em virtude das diferentes formas de avaliação, roubos e 
furtos, obsolescência, deterioração, entre outros, podendo levar tempo para 
seremconvertidos em dinheiro. As despesas pagas antecipadamente já foram 
desembolsadas e não há alta liquidez, uma vez que se espera a sua realização 
dentro de um determinado período. Por esse motivo, elas são desconsideradas 
no índice de liquidez seca. De acordo com Marion (2019), a liquidez corrente 
demonstra o índice global da situação, ao passo que a liquidez seca pode ser 
considerada um índice conservador, capaz de minimizar as incertezas.
Para a análise da capacidade financeira da entidade no longo prazo, 
a liquidez geral evidencia a capacidade de pagamento da empresa a longo 
prazo, considerando tudo o que ela converterá em dinheiro e relacionando 
com tudo o que já assumiu como dívida (MARION, 2019).
Análise das demonstrações financeiras22
Os prazos de pagamento do passivo e de recebimento do ativo podem ser diferentes, 
ainda mais se forem considerados passivos e ativos a longo prazo. Em algumas situações, 
os índices de liquidez corrente e seca são considerados mais razoáveis, em decorrência 
de vultuosos empréstimos a longo prazo.
Indicadores de estrutura de capital
O endividamento geral permite informar se a entidade utiliza mais recursos 
próprios ou de terceiros, mostrando a sua capacidade financeira.
Deve-se tomar cuidado com a análise do endividamento geral, pois não é adequado 
para a organização apresentar um percentual muito alto ou muito baixo em rela-
ção ao mercado. Isso porque, quando ele é alto, tal fato indica que a empresa pode 
comprometer uma parcela considerável do seu fluxo de caixa com as obrigações 
financeiras. Já quando há pouca dívida, em comparação com empresas do mesmo 
setor, a organização pode não estar usando a alavancagem (utilização de recursos), 
o que acarretaria aumento de lucratividade.
Sempre que o índice de relação de capitais próprios e de terceiros for 
inferior a 1 ou superior a 100%, a entidade apresentará excesso de capitais 
próprios sobre os capitais de terceiros, o que indica que ela apresenta liberdade 
financeira na sua tomada de decisões. Em contrapartida, quando os capitais de 
terceiros forem investidos na empresa em proporções maiores que os capitais 
próprios, esse índice será́ superior a 100%, evidenciando a existência de depen-
dência financeira junto aos seus credores. Além disso, a entidade encontrará 
dificuldades para a obtenção de recursos financeiros no mercado, uma vez 
que existirão poucas garantias disponíveis para oferecer (RIBEIRO, 2018).
23Análise das demonstrações financeiras
A análise da composição do endividamento visa a verificar a necessidade 
da entidade de ter ou não de gerar recursos a curto prazo para saldar as suas 
obrigações. Segundo Ribeiro (2018), quanto menor for o índice, menor será o 
valor a pagar a curto prazo em relação às obrigações totais. Dessa maneira, 
a empresa terá maior tempo para gerar recursos financeiros, visando a saldar 
todos os seus compromissos, além de apresentar melhor situação financeira.
Quando a imobilização do patrimônio líquido for inferior a 100%, pode-se 
perceber que a entidade não imobilizou todo o seu patrimônio líquido. Dessa 
maneira, a participação dos capitais próprios para financiar o ativo circulante 
será menor, ao passo que a dependência da empresa em relação aos capitais 
de terceiros será maior. Se esse indicador for superior a 100%, observa-se que 
a empresa aplicou todo o capital próprio e, ainda, uma parcela de capitais de 
terceiros no ativo fixo (RIBEIRO, 2018).
Indicadores de rentabilidade
Quando apresenta percentual positivo, o retorno das vendas ou margem 
líquida demonstra que a entidade teve bom resultado. Quanto maior for o 
índice, melhor será para a entidade, uma vez que isso evidencia rentabilidade 
dentro do exercício.
O retorno sobre ativos auxilia na mensuração do retorno de capitais 
totais (próprios e de terceiros) investidos pela companhia (RIBEIRO, 2018). 
Dessa maneira, ela precisa remunerar os terceiros com lucros apurados na sua 
atividade produtiva. Se a lucratividade obtida não for suficiente para compen-
sar os capitais de terceiros, a entidade procurará outras fontes de recursos e, 
consequentemente, aumentará o seu endividamento.
A rentabilidade sobre o patrimônio líquido demonstra a lucratividade da 
entidade em relação ao capital próprio investido nela. Assim, é importante que 
o patrimônio líquido seja alto para que os acionistas ou proprietários tenham 
maiores retornos em relação ao seu capital aplicado.
Em geral, conforme explica Ribeiro (2018), os acionistas ou proprietários da entidade 
comparam o ganho obtido com o capital investido com o ganho que obteriam se este 
tivesse sido investido no mercado financeiro ou no mercado de capitais.
Análise das demonstrações financeiras24
Indicadores de atividade
Um alto PME prejudica o capital de giro, pois não transforma o estoque em 
dinheiro. Como consequência, ele aumenta os custos e afeta o desempenho, 
bem como o fluxo de caixa da entidade.
Um estoque alto pode ocorrer em virtude de obsolescência do produto, mix incorreto 
no portfólio, falta de controle de estoques ou uma combinação desses fatores (BLATT, 
2001).
Um PMR baixo é favorável para a entidade, pois demonstra a sua efetivi-
dade na cobrança dos seus direitos e contribui para uma boa gestão de caixa.
Se a entidade conceder longo prazo aos seus clientes e seus fornecedores concederem 
curto prazo para pagar as suas compras a prazo, ela necessitará de capital de giro 
adicional para realizar os seus negócios. Nessa situação, a companhia pode trabalhar 
com uma maior margem de lucro sobre as vendas, prolongar os prazos de pagamento 
e aplicar uma política agressiva de cobrança e desconto bancário (IUDÍCIBUS, 2017).
O ciclo operacional se inicia no momento da aquisição das matérias-primas, 
ao passo que o ciclo financeiro compreende o período entre o momento do 
desembolso inicial de caixa para o pagamento das matérias-primas e a data 
do recebimento da venda do produto acabado (ASSAF NETO, 2015).
25Análise das demonstrações financeiras
Segundo Almeida (2019), quanto mais longo for o ciclo operacional, maiores serão as 
necessidades da entidade de buscar recursos no mercado para financiar o seu ciclo 
operacional. Por esse motivo, é essencial que a entidade acompanhe sistematicamente 
esse ciclo e tome medidas para reduzi-lo até um ponto ideal.
Algumas fases operacionais podem ser financiadas por meio de compras a prazo e 
postergação de prazos para pagamentos de despesas, como, por exemplo, salários e 
encargos sociais. Se a empresa não conseguir ser financiada dessa forma, ela precisará 
utilizar fundos, como utilização de recursos próprios, aquisição de empréstimos e 
financiamentos, bem como descontos de duplicatas (ASSAF NETO, 2015).
ALMEIDA, M. C. Análise das demonstrações contábeis em IFRS e CPC: facilitada e sistema-
tizada. São Paulo: Atlas, 2019.
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 
11. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
BLATT, A. Análise de balanços: estruturação e avaliação das demonstrações financeiras 
e contábeis. São Paulo: Makron Books, 2001.
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. 
Brasília, DF: Presidência da República, 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 8 ago. 2020.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (CFC). Resolução CFC nº 1.185. Aprova a NBC 
TG 26 – Apresentação das demonstrações contáveis. Brasília, DF: CFC, 2009. Disponível 
em: https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/Res_1185.pdf. Acesso em: 8 ago. 2020.
IUDÍCIBUS, S. Análise de balanços. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
MARTINS, E.; MIRANDA, G. J.; DINIZ, J. A. Análise didática das demonstrações contábeis. 
2. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
Análise das demonstrações financeiras26
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PEREZ JUNIOR, J. H.; BEGALLI, G. A. Elaboração e análise das demonstrações financeiras. 
5. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
RIBEIRO, O. M. Estrutura e análise de balanços. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
Leitura recomendada
SOUZA, A. F. (Coord.). Análise financeira das demonstrações contábeis na prática. São 
Paulo: Trevisan Editora, 2015.
27Análise das demonstrações financeiras

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