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Galeno
Hipocrátes
•O excesso de um ou mais humores leva a
patologia; o tratamento depende da 
regulação do ambiente, aumentando ou
diminuindo o calor, o frio, a umidade, ou 
a aridez
 
•A patologia humoral também produziu a
prática da sangria, com retirada de uma 
quantidade específica de sangue para “re-
equilibrar os humores
 
 A “tra
dição 
 sobre
natura
l”
•Cláudio Galeno (129-1 98 d. C.) - adotou algumas
das ideias de Hipócrates, desenvolvendo a patologia
humoral
•O funcionamento normal do encéfalo está
relacionado a quatro fluidos corporais, os humores: –
Sangue (coração), Bile negra (baço), Bile amarela
(fígado), Fleuma (encéfalo) 
Bile negra = m élas cholé; baço = spleen
(A antroposofia e a pedagogia Waldorf ainda
assumem esses modelos)
•Hipócrates (460-377 a.C.) - “pai da medicina ocidental”
•Considerava o encéfalo como a sede da sabedoria, 
da consciência, da inteligência e das emoções
•Corpo hipocrático sugeria que os transtornos mentais:
–Podem ser tratados como qualquer outra doença
–Podem ser causados por patologias do cérebro ou por
traumas
–Podem ser influenciados por 
fatores hereditários
•Estresse psicossocial
•Histeria (aprendeu dos egípcios) para descrever
sintomas 
físicos sem causa física aparente
 
•Barlow & Durand: suposição de que agentes externos
ao organismo influenciam o comportamento,
pensamento, e emoções (divindades, demônios, espíritos,
campos magnéticos, signos do zodíaco, etc.)
•Millon (2 004): no Império Persa (900-600 a.C.), todas
as doenças físicas e mentais eram consideradas atos dos 
demônios
•Mais comumente identificado com o período medieval; 
como consequência, esses agentes externos também são 
agentes morais.
 
História da Psicopatologia
Patologia humoral e
terapêutica
Psicopatologia medieval
•Nossas ideias sobre as doenças mentais na Idade Média
baseiam-se na literatura médica que sobreviveu da época
 
•Grande Cadeia do Ser: o papel social de cada um é intrínseco à
estrutura e função da sociedade e da ordem divina
–Alguns autores sugerem que, considerando o ajuste do
camponês ‘médio’ ao seu ambiente social, “sua saúde mental
era provavelmente melhor do que a nossa” (Huizinga)
 
•É provável que existisse uma atitude “ambivalente que a Igreja
manifestava perante o louco. Por um lado, eram considerados
bestiais (….), por outro mereciam caridade especial”
 
O que é definido como
normal e o que é patológico
é, em parte, contingente
Foucault (1972): o discurso
sobre a loucura durannte os
séculos XV a XIX é um
discurso sobre formas de
poder, isolamento e punição.
•Barlow e Durand:
didaticamente, podemos
identificar três 
teorias principais sobre a
loucura: o modelo
sobrenatural, o 
modelo biológico, e o
modelo psicológico.
.
Significado e evolução dos conceitos de normalidade e patologia.
Os modelos de doença mental tem um contexto histórico. Por milhares de
anos, tentamos explicar e controlar o comportamento problemático. O
que é definido como normal e o que é patológico é, em parte, contingente.
 
 
Alessandra Tuma - Behaviorismo
Um dos principais conselheiros do rei francês
•Sugeriu que uma doença da bile negra, em vez
de demônios, era a fonte de comportamentos
desviantes
•Argumentava que muito da evidência para a
existência da 
bruxaria (principalmente entre os considerados
insanos) foi obtida 
sob tortura, que confessariam qualquer coisa
Estres
se e m
elanco
lia na
psicop
atolog
ia me
dieval
 
•Pobres, judeus, mendigos, homossexuais, hereges,
estrangeiros, leprosos, e doentes mentais passam a
ser considerados mais marginais e desviantes
•Aumento do foco em supostas ações sobrenaturais
sobre o mundo facilita a noção de que o
comportamento “bizarro” dos que sofrem de
transtornos mentais é causado por bruxas e demônios
• “Seguiu-se que os indivíduos dominados por maus
espíritos eram considerados responsáveis por
qualquer infortúnio experimentado pelos moradores
das cidades, o 
que inspirou uma ação drástica contra os possuídos”
Grande Cisma do Ocidente: entre 1309 e 1377,
residência do papa do foi alterada para Avignon (sul da
França)
•O papado foi restabelecido em Roma em 13 78, mas o
papa eleito Urbano VI foi considerado muito autoritário, e
o Colégio dos Cardeais anulou a votação, e o novo eleito 
Clemente VII passou a residir em Avignon
•Papa e Antipapa reclamavam o poder sobre a Igreja
Católica; a Igreja Romana afirmou que essa heresia se
dava por ação do demônio
 
Forte opinião de que alguns sintomas eram fenômenos
naturais
•Patologia humoral – herança clássica do corpo
hipocrático
–Soma-se um caráter moral: os melancólicos, fleumáticos,
e coléricos são descritos como
degenerados; os sanguíneos são descritos como
representando o homem, como intentado por Deus
durante a criação
•Cassianus (séc. IV): acedia, um tipo de tédio inquieto
acompanhado por um desejo de mudar de ambiente,
descrito em monges de monastérios do deserto
 
Bispo Nicole D ’Oresme
Bruxas e demônios na 
psicopatologia do séc. XIV
•A sistematização continuada da patologia humoral levou a uma
acentuação das diferenças entre duas formas de melancolia:
–Melancolia como excesso de bile negra natural
–Melancolia como excesso de bile negra não-natural, resultante da
combustão de um dos quatro fluidos
•Nos pacientes do primeiro caso, “a meditação dá lugar à tristeza.
Sua atitude antes sincera e carinhosa para com a vida imerge em
uma atitude de ansiedade e pessimismo”
•A combustão da bile negra gera humor mórbido, com preocupação
com a morte; a combustão da bile amarela gera mania; a combustão
do sangue produz sentimentos de alegria (euforia) ao invés de
tristeza
 
•A “etiologia” da combustão sugere que a algumas
psicoses “funcionais” eram descritas como melancólicas,
enquanto alguns estados psicóticos eufóricos estavam sob
a rubrica da mania
•Tanto a melancolia quanto a mania podem ter incluído
condições relacionadas a fenômenos religiosos; Kroll e
Bachrach (1982) estudaram 134 visões religiosas de
franceses e ingleses, dos sécs. VIII a XII, mas só
identificaram 4 com características psicóticas (em termos
modernos)
•O alcoolismo era menos comum antes do séc. XVI, quando
bebidas destiladas baratearam
Quai
s tra
nsto
rnos
 e
síndr
ome
s sã
o des
crito
s?
“A substituição do tema da morte pelo da loucura não
marca uma ruptura, mas sim uma virada no interior da
mesma inquietude. Trata-se ainda do vazio da
existência, mas esse vazio não é mais reconhecido com
termo exterior e final, simultaneamente ameaça e
conclusão; ele é sentido do interior, como forma contínua
e constante da existência. E enquanto outrora a loucura
dos homens consistia em ver apenas que o termo da
morte, agora a sabedoria consistirá em denunciar a
loucura por toda parte, em ensinar aos homens que eles
não são mais que mortos, e que se o fim está próximo, é
na medida em que a loucura universalizada formará uma
só e mesma entidade com a própria morte (Foucault,
1972, p. 16)”
 
 
A tera
pêutic
a med
ieval
 
•Imagens altamente estilizadas na literatura e nas
artes
•Heróis do ciclo arturiano (Percival, Yvain, Lancelot,
Tristão, Merlin) sofrem, como resultado de amores
não-correspondidos, de episódios de loucura aguda;
corriam nus na floresta, agindo de forma violenta e
destrutiva (reminiscente de mania delirante)
•Visio Willelmi de Petro Ploughman – poema
dedicado aos mais pobres; descrição de uma
correlação entre estados de ânimo e fases da lua
(“lunático”)
“Desde a Alta Idade Média, o louco é aquele cujo
discurso não pode circular como o dos outros: pode
ocorrer que sua palavra seja considerada nula e
não seja acolhida não tendo verdade nem
importância, não podendo testemunhar na justiça,
não podendo autenticar um ato ou um contrato [...]
Era através de suas palavras que se reconhecia a
loucura do louco; elas eram o lugar onde se exercia
a separação; mas não eram nunca recolhidas nem
escutadas” (Foucault, 1996, p. 10–11).
 
•Os dados sobre a terapêutica medieval são bastante
escassos; alguns sugerem que os doentes erammantidos em
suas casas ou nas casas de parentes e amigos da comunidade
imediata.
 “De fato, durante os séculos XIV e XV, pessoas insanas,
juntamente com as pessoas com deformidades físicas ou
incapacitadas, eram transferidas de casa em casa nos vilarejos
medievais, de forma que os vizinhos se revezavam para cuidar
delas.” (Barlow & Durand, p. 9)
Outros, entretanto, podem ter sido forçados à mendicância,
sendo expulsos de um vilarejo a outro.
 
•Existem evidências de que pessoas agressivas ou
incontroláveis eram mandadas para igrejas, porque essas
eram feitas de pedra e poderiam resistir mais à violência; no
entanto, as igrejas também tinham a tradição de santuário.
 
Figur
as da
 louc
ura n
a 
Baixa
 Idad
eMéd
ia
 
 
O discurso sobre o louco 
na Alta Idade Média
•1255-1290, seções 11 e 12, dividia os doentes mentais em
duas categorias: “tolos 
naturais” (problemas de desenvolvimento cognitivo) e “non
compos mentis” (pessoas sofrendo com sintomas temporários e
marcados por intervalos de lucidez)
–O diagnóstico do primeiro caso baseia-se na capacidade de
fazer cálculos numéricos simples; no segundo caso, baseia-se em
problemas de memória e entendimento, e evidência de 
comportamento irracional
 
Praero
gativa
 Regis
(Edua
rdo II 
Inglat
erra)
•Por vezes, esse sistema podia ser baseado na transferência de direitos de custódia 
para sujeitos privados, que aceitavam a responsabilidade em troca de uma taxa
–A obrigação de proteger os doentes mentais passa gradualmente 
dos parentes para uma autoridade pública
•O rei deve proteger indivíduos dessas categorias (e a sua propriedade) da 
exploração alheia: no primeiro caso, o rei deve expropriar o insano e prover 
sustento; n o segundo caso, não há expropriação, mas o rei deve criar um sistema 
de manutenção mais extenso
Os eventos do séc. XIV (peste, guerra perpétua, cismas)
destruíram a visão teocêntrica da Grande Cadeia do Ser
•Entre os sécs. XIII e XIV, a ascensão de uma ideologia
baseada no trabalho e no comércio demoliu a Grande Cadeia
do Ser
•“Subjetividade privatizada” – início de uma concepção de
individualidade, ainda que essencialmente calcada numa visão
de mundo cristã – expressão dos sentimentos ganha aceitação
social (amor cortês, relações maritais como fonte de
gratificação)
•A atividade (principalmente o trabalho) passa a ser o
definidor do que se é, contribuindo enormemente para colocar
aqueles que não se conformavam no papel de párias 
A louc
ura na
 Idade
 Cláss
ica:
Fouca
ult
 
 
•A transição do cuidado privado para o público levou à
centralidade do hospital
• “Posteriormente, aparecem, na Europa, instituições
hospitalares (muitas vezes filantrópicas) destinadas a dar
tratamento médico a doentes sem recursos e que passam a
acolher e tratar também os loucos. O tratamento da loucura
nessas instituições ficava, geralmente, a cargo de pessoas
sem formação médica, religiosos, quase sempre” (Pessotti, p.
152)
•É provável que os pacientes – principalmente quando
violentos – fossem mantidos em confinamento solitário em
condições primitivas – tollkisten
•Com a passagem dos séculos XVI e XVII, a experiência trágica perde
sua força, dando espaço à figura da loucura como desrazão
 
• “A experiência clássica da loucura nasce. A grande ameaça surgida
no horizonte do século XV se atenua, os poderes inquietantes que
habitavam a pintura de Bosch perderam sua violência. Algumas
formas subsistem, agora transparentes e dóceis, formando um
cortejo, o inevitável cortejo da razão. A loucura deixou de ser, nos
confins do mundo, do homem e da morte, uma figura escatológica; a
noite na qual ela tinha os olhos fixos e da qual nasciam as formas do
impossível se dissipou. O esquecimento cai sobre o mundo sulcado
pela livre escravidão de sua Nau: ela não irá mais de um aquém para
um além, em sua estranha passagem; nunca mais ela será esse limite
fugidio e absoluto. Ei-la amarrada, solidamente, no meio das coisas e
das pessoas. Retida e segura. Não existe mais a barca, porém o
hospital.” (FOUCAULT, 1972, p. 42)
 
 
• “Os loucos tinham então uma existência facilmente errante.
As cidades escorraçavam-nos de seus muros; deixava-se que
corressem pelos campos distantes, quando não eram
confiados a grupos de mercadores e peregrinos” (Foucault,
1972, p. 8).
•Para Foucault, na Idade Clássica a exclusão não se dá pela
simples indiferença à loucura, mas porque esta começa a se
revelar como ameaça do desatino, do perigo constante
identificado na ideia do mal.
•Nas representações artísticas, aparecem “[a]s figuras da
visão cósmica e os movimentos da reflexão moral, o elemento
‘trágico’ e o elemento ‘crítico’.” (Foucault, 1972, p. 27); a
loucura representa o que há de trágico e defeituoso no
homem.
 
Os ho
spita
is me
dieva
is
 
 
A loucura na Idade Moderna:
Foucault 
•“No século XVII, na Itália e na França, os loucos tranquilos eram deixados em
suas próprias casas ou perambulavam pelas estradas, expondo-se ao riso
público. Quando eram perigosos ou agressivos, eram trancafiados junto com
delinquentes comuns, acorrentados e entregues aos carcereiros.
Simultaneamente, alguns loucos, mais afortunados, eram recolhidos por
instituições de caridade, cujo número crescia no final do século XVII
•Nas últimas décadas desse século, os alienados passaram a ser recolhidos
sistematicamente em hospitais civis (gerais), mas sempre trancados nos locais
mais apartados, lúgubres e insalubres dos hospitais. Frequentemente eram
colocados junto aos pacientes com doenças incuráveis. Sem assistência
médica, quase sempre. Eram confiados ao arbítrio de guardas rudes, munidos
de chicote e bastão. De costume, eram presos a correntes, fixadas ao
pavimento ou à parede” (Pessotti, 1995, p. 154
O sécu
lo XVI
I e a
Grand
e Inter
nação
 
A ascensão da ideologia
burguesa e a 
mudança de perspectiva 
• “A internação é uma criação institucional própria a o século XVII. Ela
assumiu, desde o início, uma amplitude que não lhe permite uma
comparação com a prisão tal como esta era praticada na Idade Média. Com
a medida econômica e precaução social, ela tem valor de invenção. Mas na
história do desatino, ela designa um evento decisivo: o momento em que a
loucura é percebida no horizonte social da pobreza, da incapacidade para o
trabalho, da impossibilidade de integrar-se no grupo; o momento em que
começa a inserir -se no texto dos problemas da cidade. As novas
significações atribuídas à pobreza, a importância dada à obrigação do
trabalho e todos os valores éticos a ele ligados determinam a experiência
que se faz da loucura e modificam lhe o sentido.” (Foucault, 1972, p. 78).
 
"Nosografia filosófica ou método de análise aplicada à
medicina"
•1793 – empossado como “médico das enfermarias”
no Hospital de Bicêtre – 400 homens aprisionados,
dos quais metade eram doentes mentais
•Recrutou Jean-Baptiste Pussin, ex-paciente curado
de tuberculose linfática
•Aplica uma administração não-violenta, não-médica
aos pacientes, que chamaria de “tratamento moral” 
O século XVII e aGrande Internação 
• “no século XVIII o internamento em casas reservadas estritamente
aos loucos começa a ser praticado de modo regular [...]Esse é um
dado quase inteiramente novo em relação ao século XVII. Muitos
loucos, que cinquenta anos antes teriam sido encerrados nas grandes
casas de internamento, encontram agora uma terra de asilo que é só
deles.”(Foucault, 1972, p. 382
•Essas instituições caracterizam-se “por acolher apenas doentes
mentais e dar-lhes tratamento médico sistemático e especializado (…).
Existiam já antes do século XIX, embora sua função hospitalar ou
médica fosse, então, reduzida a bem pouco, visto que a figura do
médico especialista em tratar loucos, o alienista ou o freniatra, surgiria
apenas no século XIX” (Pessotti, p. 152)
O sur
gime
nto d
a psiq
uiatr
ia 
 no sé
c. XV
III
 
 
•A psiquiatria surge nesse momento, com a transição do asilo custodial
para o asilo terapêutico–Necessidade de estabelecer um corpo médico
capacitado para administrar essas instituiçõesde uma forma que fosse
benéfica ao paciente → conhecimento dos transtornos mentais, da
terapêutica, e do uso benéfico do ambiente
•William Battie (1760s), Vincenzo Chiarugi (1780s), Philippe Pinel
(1790s)
Phillipe
 Pinel
 
 
 
Nosographie philosophique ou
méthode de l'analyse app liquée
à la médec ine” 
•Nosologia baseada nas ideias de William Cullen, aplicando uma
taxonomia baseada na sistemática, com “gêneros” e “espécies”
de transtornos
•Cinco tipos básicos de transtornos mentais:
1.Melancolia - “taciturnidade, um ar pensativo, suspeitas mórbidas, e
um amor pela solidão”; pode apresentar formas opostas (senso 
exaltado de auto importância e expectativas irrealistas, ou profundo 
desespero e grande depressão)
2.Mania sem delirium – paroxismos de fúria e violência, sem prejuízo
das funções cognitivas; pode ser contínua ou cíclica
3.Mania com delirium – indulgência e fúria, com prejuízo das funções
cognitivas; forte presença de delírios; pode ser contínua ou cíclica
4.Demência – “abolição do pensamento”; ausência de pensamento, 
incoerência extrema, anormalidades
5.Idiotismo - “obliteração das faculdades intelectuais e afetações”
O crescimento no século XIX
 
As ra
ízes 
da
psico
patol
ogia 
 bioló
gica
 
 
 
 
Joha
nn H
einro
th
 
1•Influências do Iluminismo francês – observação clínica em contexto
hospitalar por um período longo, eventualmente com autópsia após a
morte do paciente – Pinel, Esquirol, Escola de Medicina de Paris
•Bayle, Calmeil – inflamação crônica da aracnoide nos encéfalos de
pacientes com demência crônica –paralisia geral do insano: modelo
paradigmático da doença mental → alguns psiquiatras passam a
entender a insanidade como uma entidade única baseada em patologia
orgânica e terminando em demência, aracnoidite, e atrofia cerebral.
1•Aumento rápido n o número de asilos, como resultado de crescente
urbanização e aumento na incidência de transtornos
•Aumento no número de clínicas e sanatórios privados, bem como de
spas e centros de tratamento residencial 
•Antes de 1870, “a disciplina da psiquiatria estava confinada
principalmente nas instituições: asilos para os pobres, clínicas privadas
para os ricos (…)”
•“No último quarto do século XIX, as clínicas particulares
deslancharam, conforme a psiquiatria adquiria mais conhecimentos da
psicologia”
•Psiquiatra de Leipzig, contemporâneo de Pinel
•Influência de uma “psicologia tripartite” de matriz kantiana
(sensibilidade, entendimento, imaginação) e da ética alemã
•Nosologia com três conjuntos de transtornos:
–Insanidade (Wahnsinn), significando “falta de liberdade do humor ou
sentimentos” (Gemüth), com delírios e alucinações psicóticas. Poderia
transformar-se em melancolia.
–Delírios (Verrücktheit), significando “falta de liberdade da mente”,
com pensamentos desordenados. Poderia transformar-se em
demência, com ausência de pensamentos.
–Mania (Tollheit), significando “falta de liberdade da vontade”, com um
desejo de destruição. Uma vontade “deprimida” seria incapaz de tomar
decisões.
•Consulta preliminar lançada em 1886
•Americanos, liderados por Clark Bel l, propõem uma nosologia de
inspiração pineliana: mania, melancolia, demência, idiotia, neurossífilis,
monomania
•Belgas, liderados por Jules Morel de Ghent, propõem uma
classificação mais sofisticada, incluindo a mania e melancolia, “psicose
progressiva sistemática”, transtorno delirante crônico, “insanidades
nervosas” (histeria, hipocondria, epilepsia), e “insanidade moral e
impulsiva”
A primeira Classificação
Internacional de Doenças 
 
Joha
nn H
einro
th
 
•Psiquiatra de Leipzig, contemporâneo de Pinel
•Influência de uma “psicologia tripartite” de matriz kantiana
(sensibilidade, entendimento, imaginação) e da ética alemã
•Nosologia com três conjuntos de transtornos:
–Insanidade (Wahnsinn), significando “falta de liberdade do humor ou
sentimentos” (Gemüth), com delírios e alucinações psicóticas. Poderia
transformar-se em melancolia.
–Delírios (Verrücktheit), significando “falta de liberdade da mente”,
com pensamentos desordenados. Poderia transformar-se em
demência, com ausência de pensamentos.
–Mania (Tollheit), significando “falta de liberdade da vontade”, com um
desejo de destruição. Uma vontade “deprimida” seria incapaz de tomar
decisões.
•Consulta preliminar lançada em 1886
•Americanos, liderados por Clark Bel l, propõem uma nosologia de
inspiração pineliana: mania, melancolia, demência, idiotia, neurossífilis,
monomania
•Belgas, liderados por Jules Morel de Ghent, propõem uma
classificação mais sofisticada, incluindo a mania e melancolia, “psicose
progressiva sistemática”, transtorno delirante crônico, “insanidades
nervosas” (histeria, hipocondria, epilepsia), e “insanidade moral e
impulsiva”
 
Wilhe
lm G
riesin
ger
 
 
•Oposição ao idealismo alemão presente; grande influência do método
clínico pineliano; concepção dos transtornos mentais como transtornos
neurológicos
•Promulgação de reforma asilar eliminação da restrição física
•Estabelecimento da psiquiatria acadêmica na Universidade de Berlim,
criando um modelo de junção de psiquiatria e neurologia
A primeira Classificação
Internacional de Doenças 
•Psiquiatra em um asilo no leste prussiano
•Primeiro a classificar doenças com base em curso temporal e
desfecho
1.“Vesânias”: doenças com curso rapidamente progressivo e que
afetam quase todas as funções; início com melancolia, progredindo
para mania e psicose, e terminando em demência
2.“Vecordias”: doenças com início na puberdade que se estabilizam
após alcançar um pico
3.“Disfrenias”: doenças somáticas, com curso com recuperação mas
sujeitas a recaída
Karl Ludwig Kahlbaum 
A asc
ensão
 dos 
trans
torno
s
das e
moçõ
es
 
 •Concepções da loucura na França focam-se em alterações da cognição
e do pensamento (loucura como desrazão)
•Na Alemanha, o termo Ge müth descreve o humor e suas alterações
•Por volta de 1850, alterações de Gemüth figuram amplamente nas
nosologias psiquiátricas alemãs, com “doenças emocionais”
•Shorter: as doenças emocionais não eram encaradas como
hereditárias, por exemplo, e os asilos privados e clínicas particulares
rapidamente capitalizaram em cima desse prestígio: “Agora que
tomamos o amplo campo dos transtornos emocionais 
 [Gemüthskrankheitein] – histeria, hipocondria, neurastenia – em 
 resumo, todas as doenças do sistema nervoso geral que raramente 
 não tem influência sobre a função psíquica... o nome ‘asilo para
insanos’ não mais corresponde a realidade” (Henrich Laehr, 1882)
•O ataque de Hermann Helmholtz, Emil Du Bois-Reymond, e Ernst
Brücke às teorias vitalistas de Johannes Müller, seu mentor.
–Articulação de um materialismo germânico
•Rudolf Virchow – teoria celular da doença (1858) → doenças
caracterizadas por mudanças microscópicas demonstráveis na célula
(omina cellule e cellula)
–Patologia passa a ser conceitualizada por sistema orgânico e em
termos de processos patológicos gerais (degeneração, inflamação,
circulação, neoplasma, trauma, defeitos congênitos etc.)
•Herbert Spencer (1855), Principles of Psychology → implementação
do debate sobre evolucionismo à psicologia associacionista;
organização hierárquica, com base evolutiva, dos processos
psicológicos
 
Emil 
Krae
pelin
 
 
 
•1856-1926
•1878: Hospital Mental Distrital de Munique
•1883: professor em Leipzig, onde inicia interação profícua com
Wilhelm Wundt
•Escreve em 1883, sob influência de Wundt, seu Compendium der
Psychiatrie: Zum Gebrauche für Studirende und Aertze
•1903-1922: professor de psiquiatria em Munique, onde abre um
hospital psiquiátrico
•Sofre influência de Griesinger, Kahlbaum e Wundt
Outros fatores na ascensão
da psicopatologia biológica
alemã 
 
•Realismo: em relação às categorias nosológicas, que seriam tipos
naturais (ou “entidades naturais de doença” [“natürliche
Krankheitseinheiten”]), existindo de forma independente do
pesquisador ou do clínico; ceticismo em relação a métodos orientados
heuristicamente
•Empirismo: apoio ao desenvolvimento e implementaçãode
experimentos psicológicos e psicofisiológicos na psiquiatria; aspectos
subjetivos (em especial os autobiográficos) são vistos com 
ceticismo; entretanto, considerava a descrição clínica importante
•Paralelismo psicofísico: fenômenos mentais e neurobiológicos são
separados, mas ligados e agindo em “paralelo”; defesa da existência de
fenômenos mentais contra “mitologias do cérebro”
Posições filosóficas 
 
A nos
ologi
a de 
Krae
pelin
 
 
 
•Postulado central: realismo filosófico – os achados da anatomia
patológica, da etiologia, ou da sintomatologia clínica (incluindo curso
temporal) necessariamente convergem nas mesmas “entidades
naturais de doença”, porque elas são tipos naturais
•1880-1891 – busca por um sistema psiquiátrico válido e confiável,
baseado em crenças naturalísticas e no arcabouço da psicologia
wundtiana;
–Ainda não havia dementia praecox
–Wahnsinn (“insanidade”): Agrupamento de psicoses paranóides e
alucinatórias clinicamente heterogênea, tendendo à cronicidade
•1891-1915 – finalização do conceito de entidades naturais de
doença; dicotomia das psicoses endógenas
• “Dementia praecox” – prognóstico ruim; base orgânica postulada
(“autointoxicação” levando à destruição de neurônios corticais);
degeneração não é importante
•Doença maníaco-depressiva – diagnóstico melhor; etiologia pouco
clara; proposição de uma “irritabilidade geneticamente determinada do
afeto”; degeneração é importante
•Parafrenia – psicose com sintomatologia clínica aguda e heterogênea,
com o desenvolvimento de deficits permanentes; ausência de
alterações volitivas e baixo grau de embotamento afetivo
•Paranóia: delírios severos e crônicos sem alteração da personalidade
e da volição
•Limitações técnicas fizeram com que a busca por marcadores
biológicos (patologia) não fosse encontrada para a grande maioria das
doenças postuladas
–Nem mesmo para as psicoses, “menina dos olhos” da psiquiatria
alemã, demonstrou-se patologia
•Charcot (1870-1880) usa o conceito de neurose funcional para
agrupar pacientes exibindo alterações que não eram factícias, nem
apresentavam defeitos neurológicos demonstráveis
–Introdução do termo “psiconeurose” (com etiologia psicológica) para
diferenciar de neuroses surgindo de disfunções neurais
•Reintrodução de um “dualismo prático”: como as tentativas de
identificar a etiologia patológica não produziram sucesso, mudou-se o
foco para a atenção ao que o paciente fazia e atribuir significado a isso,
e então para afirmar que as experiências de vida eram causadoras de
alterações mentais
Karl 
Jaspe
rs e a
 abor
dage
m
fenom
enoló
gica e
m
psico
patol
ogia
 
 
 
 
A nosologia das psicosesem Kraepelin 
 
A mudança para conceitos
funcionais e ambientalismo 
 
 
•Graduado em Heidelberg em 1908
–Ampla disposição de casos para estudo na Clínica Psiquiátrica
Universitária
–Saúde frágil e inclinação filosófica sugeridas com os fatores para
Jaspers ter escolhido trabalhar de forma aprofundada com casos
individuais (Rodrigues, 2005)
–Corpo clínico efervescente, liderança de Franz Nissl, forte influência
kraepeliniana
–Metodenstreit: discussão sobre a epistemologia das ciências
humanas; será possível aplicar um modelo dedutivo-nomológico para
as Carl Hempel?
•Die Phä nomenologiche Forschungsrichtung in der Psychopathologie (1912):
descrição do 
método fenomenológico e sua aplicação à psicopatologia
•Allgemeine Psychopathologie (1913): descrições fenomenológicas de
experiências específicas, com pouca referência ao método
•Phänomenologiche Forschungsrichtung: crítica ao foco da “psicologia objetiva”: a abordagem
exclusiva os elementos mensuráveis excluiriam a subjetividade da psicologia e da psicopatologia
•Crítica também a “psicologia subjetiva”: alcance limitado da utilização da empatia como
instrumento
•Para Jaspers, a fenomenologia é a primeira etapa desse processo, distinguindo os fenômenos
subjetivos, descrevendo-os e nomeando-os → posicionamento pré-teórico e livre de
pressuposições
•Além de trabalhar apenas com os fenômenos realmente vividos pelos pacientes, propunha que a
descrição e delimitação deles deveria ser realizada por meio de parâmetros exteriormente
observáveis – modo de surgir, contexto de aparecimento, conteúdo etc.
•Os símbolos usados para a elaboração da psicopatologia deveriam corresponder aos referenciais
utilizados na vida comum; assim, a estrutura da psicopatologia fenomenológica se sustentaria na
intersubjetividade
 Ludwig Binswanger
 
 
 
•Binswanger parte da Dasein heideggeriana para propor a descrição da
experiência de mundo e as condições de existência tal como estas se
dão nas condições particulares
•Considerou importante, na clínica (que envolve principalmente a relação
intersubjetiva médico-paciente), observar como o paciente vivencia os
modos simultâneos de ser-no-mundo:
–Umwelt: “o mundo ao redor”; mundo natural, biológico
–Mitwelt: mundo com o outro; vida social
–Eigenwelt: Auto-consciência, percepção de si mesmo
• “Do ponto de vista da fenomenologia, o essencial de tais fenômenos
psicopatológicos reside em que você não vê jamais um fenômeno
isolado, mas aquele que se desenrola sobre um plano de fundo de um
Eu, de uma pessoa, ou, dito de outra forma, nós o vemos sempre como
expressão ou manifestação emanando de tal ou tal pessoa”
(Binswanger, 19 71c, p. 105).
•Influência de John Hughlings Jackson, Thomas Huxley, e da psicologia
funcional americana
•1928: concepção holística da psicobiologia (“ergasiologia”); todos os
processos orgânicos, 
emocionais, e mentais do indivíduo contribuem à totalidade da pessoa
•Substituição do conceito de doença pelo de “tipo de reação”, que
exigia explicações fisiológicas e psicológicas
•Grande influência sobre o DSM-I
•Formação psiquiátrica junto a Bleuer e Jung no Hospital Burghölzli
•Adesão inicial à psicanálise freudiana; afasta-se à medida em que
estuda Husserl e Heidegger: “A direção de pesquisa analítico
existencial em psiquiatria surgiu da insatisfação quanto aos projetos de 
compreensão científica da psiquiatria da época” (Binswanger 1970, p.
115)
•Daseinanalyze: propõe que se examine a questão fundamental do Ser
e das relações do fenômeno psicopatológico com a existência do
sujeito que padece
•O DSM-I (1952) foi uma classificação descritiva das síndromes
mentais na qual as etiologias eram neurológicas ou psicobiológicas,
dependendo do conhecimento da época
•Conceitos etiológicos principais: tipos de reação (sensu Meyer)
•O DSM-I apresenta diversas categorias nosológicas que são descritas
como reações:
–Reações psicofisiológicas do sistema nervoso
–Reações esquizofrênicas
–Reações psicóticas involucionais
–Reações afetivas
–Reações paranoicas
Adolf 
Meyer
 
 
 
 
 
Daseinanalyse epsicopatologia 
 
 
Adolf Meyer e o DSM -I 
 
 
•Apresentado como uma continuidade do DSM-I, por também refletir a
tradição psicodinâmica e Meyeriana
•No entanto, as definições das neuroses específicas (neurose de
ansiedade, neurose histérica, e assim por diante) eram basicamente
descritivas
•De fato, traços “psicodinâmicos” só persistiram na definição geral de
neurose, em que a ansiedade era considerada “a característica
dominante”
•A principal base para o DSM-II, na realidade, é o CID-8 (Spitzer,
1980)
•O interesse renovado nas origens biológicas dos transtornos mentais
levou ao desenvolvimento de novos tratamentos
•von Jauregg (1917) – tratamento de 9 pacientes de neurossífilis com
terapia de febre induzida por malária; respostas favoráveis em 6 deles
→ modelo paradigmático
•Joseph von Meduna (década de 1920) – observação (falsa) de que a
esquizofrenia não se desenvolve em indivíduos com epilepsia o leva a
proporque a convulsão poderia curar a psicose – base da ECT
•Coma insulínico – Manfred Sakel, 1927, usa insulina em pacientes
psicóticos para estimular seu apetite; conforme aumenta a dose, os
pacientes entravam em convulsão seguida de coma, e retornavam
deste sem sintomas de psicose
•Reserpina e neurolépticos usados, a partir da década de 1950, para
diminuir sintomas das psicosesO DSM
-II (19
68 )
 
 
 
 
 
 
A psicanálise e o DSM-I 
 
 
•A noção de que o DSM-I representa a decadência da psiquiatria
biológica e a ascensão da psicanálise nos EUA é verdadeira somente em
parte (Aragona, 2015)
•Muitos fundadores da Sociedade Psicanalítica de Nova Iorque foram
alunos de Meyer
•A sobreposição entre as ideias de Meyer e a psicanálise pode ser visa
na definição dos “transtornos psiconeuróticos”: “aquelas alterações nas
quais a ‘ansiedade’ é a característica dominante, diretamente sentida e
expressada, ou automaticamente controlada por defesas como
depressão, conversão, dissociação, deslocamento, formação fóbica, ou
pensamentos e atos repetitivos” (DSM-I, p. 12)
O desenvolvimento
de terapias biológicas 
 
 
 
Entretanto…
–O objetivo do DSM-I era “prover um sistema de classificação
consistente com os conceitos da psiquiatria e da neurologia modernas”
(DSM-I)
–O DSM-I não restringe os transtornos mentais às “doenças da unidade
psicobiológica”, mas também considera em grande detalhe os
transtornos mentais associados com alterações orgânicas do encéfalo
–Esses transtornos mentais associados com alterações orgânicas do
encéfalo não são reações psicodinâmicas
–Conceitos psicodinâmicos utilizados somente no domínio dos
transtornos psicóticos, neuróticos e de personalidade
•Grupo “neo-Kraepeliniano” da Washington University (Robins, Guze,
Spitzer): psiquiatria concebida como uma disciplina médica
•Esse grupo introduziu o conceito de validade diagnóstica para
descrever os programas de pesquisa de orientação nosológica
•O conceito também era útil para responder às críticas da anti-
psiquiatria sobre o “mito” dos transtornos mentais
•Auto-definido com o “a-teórico”
–Essa afirmação não deve ser “uma tentativa de ausência de teorias, mas
com o uma postura de suspender o julgamento acerca da etiologia possível
de transtornos fenomenalmente definidos” (Aragona, 2006, p. 48)
•Spitzer propôs a utilização de critérios operacionais dos construtos
diagnósticos (Critérios de Feighner) para avaliar a confiabilidade do
diagnóstico (o grau com que psiquiatras diferentes concordam em relação
ao diagnóstico do mesmo paciente) → critérios psicométricos (kappa de
Cohen)
–A validação desses construtos diagnósticos deveria seguir o proposto por
Robbins e Guze (descrição clínica, testes laboratoriais, diagnóstico
diferencial, estudos de prognóstico, e estudos familiais)
•Teoria neo-positivista da classificação:
–Distinção entre diagnósticos científicos e não-científicos
•Diagnósticos não-científicos apoiam-se nos últimos resíduos
psicodinâmicos não-testáveis ainda presentes no conceito geral de
neurose do DSM-II
–Exclusão dos diagnósticos não-científicos com o sem sentido
–Crença na existência de uma base puramente observável
–Introdução dos critérios diagnósticos operacionais com as regras de
correspondência ligando o nível observacional dos sintomas ao nível
abstrato dos transtornos mentais
 
O DS
M-III
 (198
0)
 
 
•A lista de categorias diagnósticas proposta por Kraepelin e nos DSMs
é muito semelhante; não é isso que torna o DSM-III “o mais
kraepeliniano” dos DSMs
•O ideal kraepeliniano era enuclear “entidades de doença” para além
de síndromes; mas Kraepelin admitiu que, “ausente a informação
etiopatogênica em muitos casos, a classificação sistemática dos
transtornos psiquiátricos não era possível” (Aragona, 2015) →
estratégia do DSM-III
•Além da ausência de informação etiopatogênica, também não
existiam achados consistentes e confiáveis em relação a testes
laboratoriais, e, portanto, as características descritivas dos construtos
ainda eram as principais característicasdefinidoras
• “O que o DSM-III adiciona à aproximação Kraepeliniana de seus
predecessores para torná-la mais Kraepeliniana são as seguintes
características: 
a) medicina internacomo o modelo médico aspirado;
b) a prioridade causal dos mecanismos cerebrais;
c) etiologia como o fim ideal do processo científico; 
d) ênfase na descrição clínica rigorosa e diagnóstico diferencial para
identificar transtornos mentais” (Aragona, 2015)
A base kraepeliniana dos 
 DSMs (Aragona, 201 5) 
 
 
 
 
 
DSM-
III-R 
(1987
), DSM
-IV (1
994),
DSM-
IV-TR
 (200
0 )
 
 
•Poucas mudanças no DSM-III-R: retirada do termo “neurose”, uso
extensivo de critérios politéticos (i.e., com muitos atributos ou
características, todas possuídas por alguns membros da classe, mas
nenhuma possuída por todos os membros) → mudança para um
modelo de protótipo
•O DSM-III era uma mistura de convencionalismo (concordância entre
os especialistas) e empirismo (“ensaios de campo” para testar a
confiabilidade das categorias)
•O DSM-IV e sua versão revisada colocam mais ênfase sobre as
evidências empírica, refletindo a ascensão de uma “psiquiatria baseada
em evidências”
I. Síndromes clínicas e Condições não-atribuíveis a transtornos mentais
que são foco de atenção ou tratamento
II.Transtornos de personalidade e Transtornos do desenvolvimento
específicos
III.Condições médicas agudas ou desordens físicas
IV. Fatores ambientais ou psicossociais contribuindo para desordens
V.Avaliação Global das Funções (Global Assessment of Functioni ng)
ou Escala de Avaliação Global para Crianças (Children’s Global
Assessment Scale ) para jovens abaixo de 18 anos (numa escala de 0 a
100)
•Poucas mudanças no DSM-III-R: retirada do termo “neurose”, uso
extensivo de critérios politéticos (i.e., com muitos atributos ou
características, todas possuídas por alguns membros da classe, mas
nenhuma possuída por todos os membros) → mudança para um
modelo de protótipo
•O DSM-III era uma mistura de convencionalismo (concordância entre
os especialistas) e empirismo (“ensaios de campo” para testar a
confiabilidade das categorias)
•O DSM-IV e sua versão revisada colocam mais ênfase sobre as
evidências empírica, refletindo a ascensão de uma “psiquiatria baseada
em evidências”
• “A esperança inicial do DSM-5 era a introdução de uma ‘mudança de
paradigma” (Aragona)
•Vários modelos revolucionários foram propostos:
–Diagnósticos dimensionais
–Espectros
–Diagnósticos baseados em etiologia
•Nenhum foi implementado
•Retém a aproximação sindrômica das edições anteriores, com
exceção de:
a) Dimensionalização limitada (eliminação do sistema multiaxial;
inclusão de medidas transversais de severidade de sintomas; perfil
dimensional provisório de traços de personalidade patológicos na
Seção III)
b) Introdução do transtorno do espectro autista
c) Desloca mento de alguns transtornos para outros grupos
DSM-5-TR março/2022 EUA 
(341 diagnósticos) foi acrescentado 1 diagnóstico 
(transtorno do luto prolongado)
 DSM-IV-TR (2022) 
 
 
 
 
 
O sistema multiaxial 
(DSM-III e DSM-IV) 
 
 
 
 
 
 
DSM-
V (20
13)
 
 
DSM-1 -1952 (106 diagnósticos)
DSM-2 - 1962 (182 diagnósticos)
DSM-3 - 1980 (265 diagnósticos e pela primeira vez
coordenado com o CID 9)
-Rompe com o modelo psicodinâmico que existia no
DSM I e III
-DSM -III-TR na terceira edição revisada em 1987
foram para 292 os diagnósticos.
DSM-4 -1994 (297 diagnósticos)
DSM-4-TR - 2000 (297 diagnósticos) não houve
acréscimo de diagnósticos
DSM-5 - 2013 atual ( 340 diagnósticos) 
DSM-5-TR março/2022 EUA (não foi traduzido para o
português até o momento) (341 diagnósticos)
-Foi acrescentado 1 diagnóstico (transtorno do luto
prolongado)
Alessandra Tuma - Behaviorismo

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