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Choque O que é choque? → Condição em que a pressão arterial sistêmica é inadequada para fornecer oxigênio e nutrientes para sustentar os órgãos vitais e função celular → Distúrbio hemodinâmico agudo e sistêmico → Incapacidade da circulação de atender as demandas dos tecidos – quantidade de debito e perfusão insuficientes → hipoperfusão generalizada → hipoxia → A quantidade de sangue que é ejetada na circulação exerce uma pressão suficiente para manter a P.A. e a perfusão dos tecidos Classificação → Cardiogênico: coração se torna incapaz de bombear sangue adequadamente, incapaz de suprir as demandas do tecido → Hipovolêmico: diminuição de líquidos do organismo → Distributivos: vasodilatação arteriolar que resulta em ↓ da resistência periférica, venodilatação com ↓ do retorno venoso • Séptico: vasodilatação periférica em resposta a infecção bacteriana/fúngica • Neurogênico: lesão – perda do tônus vascular e acúmulo do sangue periférico • Anafilático: vasodilatação sistêmica, aumento da permeabilidade vascular → Obstrutivo: dificuldade de enchimento dos ventrículos (nem todos os autores citam) Fisiopatologia do choque → Causa do choque → Redução do debito e da perfusão → Existem 2 mecanismos compensatórios, no intuito de aumentar a hiperfusão: • Sistema Simpático: por meio da ativação dos receptores alfa e beta adrenérgicos. - Receptores β1 no coração → proporcionam o aumento da frequência cardíaca e da contratilidade → aumentam o débito cardíaco → aumento da PA e retorno venoso • Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona, que acaba culminando no aumento do volume e consequente retorno venoso → O resultado final do choque é uma lesão a nível celular, então, o problema da ativação dos mecanismos compensatórios, é a vasoconstrição prolongada (hipoperfusão com hipoxia): • Diminuição da perfusão tecidual; • Diminuição da oferta de oxigênio/nutrientes • Diminuição da remoção de catabólitos • Mudança no metabolismo → aeróbico para anaeróbico – grande produção de ácido lático (↓ pH e a resposta vasomotora) • Funcionamento da bomba sódio potássio é prejudicado (quantidade insuficientes de ATP) → influxo de sódio → edema celular → aumento permeabilidade da membrana → rompimento da membrana → morte celular • Quando esse cenário acontece de forma exacerbada em diferentes tecidos, resulta na falência de múltiplos órgãos → Acontece em quadros de hemorragia, diarreia, desidratação, queimadura → Perda de volume sanguíneo é responsavel por diminuir retorno venoso, volume sistólico, débito cardíaco e a perfusão tissular → Mecanismos compensatórios são ativados quando essa perda é superior a 10%. → Quando fica entre 15-25%, os mecanismos compensatórios são suficientes para manter a pressão. → Superior a 25% até 40% a P.A. é sessada → Os mecanismos compensatórios são responsáveis pelas manifestações clínicas de cada choque – algumas são importantes para diferenciar os tipos de choque → Ativação do Sistema simpático: receptores β1 – aumentam a frequência e contratilidade (taquicardia), vasoconstrição de vasos na pele e órgãos não vitais – extremidades frias e cianóticas, posteriormente há o redirecionamento para órgãos vitais • Vasoconstrição de veias do fígado: redirecionamento do sangue para os órgãos vitais (350 ml) • Direcionamento de sangue para o fígado e TGI é importante para manter a perfusão desses órgãos e algumas das manifestações clinicas (náuseas, perda de apetite, hemorragias no TGI) que ocorrem são justamente por esse quadro de vasoconstrição (decorrente dos mecanismos compensatórios) → Ativação do Sistema Renina-Angiotensina- Aldosterona: como acontece o redirecionamento de sangue para órgãos vitais, acontece uma diminuição da perfusão renal → ativação do sistema → retenção de sódio e de agua → aumento do retorno venoso → melhor perfusão → Também ocorre a liberação de ADH, que intensifica ainda mais a retenção de agua → manifestação clinica clássica do choque hipovolêmico: sede Manifestações Clínicas → Sinais e sintomas estão relacionados com baixo fluxo de sangue periférico e estimulação simpática Sede, Aumento da frequência cardíaca, pele fria e úmida Diminuição da pressão arteria, redução do débito urinário e alterações na atividade mental - inquieação Fatal: acidose metabólica (relacionada a alteração da glicólise aeróbica para anaeróbica), coagulopatia e hipotermia seguido de Insuficiência circulatória Progressão: Respiração rápida e profunda. Tratamento: corrigir e controlar a causa subjacente e melhorar perfusão tissular Estágios de choque Compensatório ou Não-Progressivo → Ativação de mecanismos compensatórios na tentativa de reestabelecer a perfusão, o debito cardíaco e a pressão arterial → Pressão arterial normal → Aumento da frequência cardíaca e contratilidade → Débito cardíaco adequado → Desvio de sangue para órgãos vitais → Pele fria, cianótica e pegajosa → Diminuição de peristalse e débito urinário → Redirecionamento do fluxo sanguíneo para os órgãos vitais → Ativação do SRAA – aumento do volume e retorno venoso → O aumento da respiração tenta equilibrar isso → Alcalose respiratória compensatória Progressivo → Hipóxia generalizada → Hipoperfusão e alterações no metabolismo → Alterações metabólicas, que pode resultar em hipóxias de algumas células (pode ter um caso de insuficiência renal reversível) → PAM abaixo dos limites normais (PAS < 90mmHg) → Aumento da permeabilidade vascular → SRA ou “pulmão de choque” → Arritmias e isquemias cardíacas IRA → Distúrbios neurológicos, TGI, hepáticos, hematológicos Irreversível → Lesão irreversível a nível celular → Disfunção orgânica progressiva → Participação das enzimas lisossomas → Agravamento com a flora intestinal em contato – associado com o choque séptico → Falência de múltiplos órgãos Consequências clínicas → Hipovolêmico e cardiogênico: hipotensão, pulso rápido e fraco, taquipneia e pele cianótica, fria e pegajosa Disfunções cardíacas, cerebrais e pulmonares Pulmões: 1) liberação de citocinas 2) aumento da permeabilidade capilar 3) Agressão ao epitélio alveolar –SRA (síndrome respiratória aguda) → Característica principal: vasodilatação arteriolar Choque Neurogênico • Corresponde a um desequilíbrio do tônus vasomotor com predomínio de vasodilatação e hipotensão • Desconexão do simpático com o centro vasomotor (localizado no tronco encefálico) • Causas: lesão, agentes anestésicos e fortes emoções • Há o bloqueio do simpático, inundação do vaso, diminuição do retorno venoso – levam a hiperperfusão Fisiopatologia da lesão raquimedular: → Processo inflamatório que quando se associa com o choque neurogênico, o quadro se agrava ainda mais, desencadeando mais morte celular → falência de múltiplos órgãos → A lesão por si só já é responsavel por desconectar o simpático, e já desencadeia algumas manifestações – vasodilatação e hipoperfusão → Na área que sofre a lesão, inicia o processo inflamatório → recrutamento de neutrófilos e macrófagos que passam a liberar espécies reativas de oxigênio, causando dano nas células ou citocinas que proporcionam o recrutamento de mais células → morte neuronal → Área de penumbra isquêmica: área com células que ainda estão em lesão reversível, mas como já tem o processo inflamatório, acaba agravando ainda mais a lesão → A lesão vascular favorece a promoção de trombose, hemorragia, aumento da permeabilidade, agrando o quadro inflamatório e morte → Quadro de isquemia associado: vasodilatação com a hipoperfusão → favorece o quadro de hipoxia → isquemia → Mudança no metabolismo aeróbico → produção demais espécies reativas de oxigênio, diminuição do pH, acidose, diminui ainda mais a resposta vasomotora, agravando ainda mais a hipoperfusão Choque neurogênico x medular → Choque medular: choque neurogênico, onde de forma transitória ocorre uma lesão na medula espinal - perda de reflexos medulares abaixo da lesão, e o choque neurogênico pode ou não ser decorrente dessa lesão (característica principal: manifestação generalizada) → O choque neurogênico, portanto, é causado por desconexão entre os centros supraespinais simpáticos e seus órgãos-alvo (lesão medular alta), cursando com hipotensão arterial sistêmica, bradicardia e vasodilatação periférica Choque Anafilático • Reação de hipersensibilidade imediata, em • indivíduos previamente sensibilizados, após reexposição a antígenos • Vasodilatação é decorrente da liberação excessiva de mediadores vasodilatadores • Reação de hipersensibilidade do tipo → Fase inicial e fase tardia, com liberação de substancias diferentes e manifestações diferentes → No 1º contato com o alérgeno, ele vai ser capturado pelas células dendríticas → apresentam para um linfócito T naive → MHC sinal 1 e 2 → maior expressão de citocinas principalmente IL-4 → diferenciação do linfócito TH2 → secreção de mais citocinas → ativa o linfócito B → diferenciação em plasmócito → secreção de IgE que se liga aos receptores FC de mastócitos → sensibilização → No 2º contato, os mastócitos já estão sensibilizados → degranulação do mastócito → liberação de aminas vaso ativas e citocinas (fase inicial) → responsáveis pela vasodilatação, aumento da permeabilidade, broncoconstrição e edema → Na fase tardia há a maior liberação de citocinas → responsáveis por recrutar linfócitos, eosinófilos, basófilos → lesão tecidual → O mecanismo básico é a vasodilatação periférica que se instala rapidamente, por causa da liberação de histamina quando mastócitos são estimulados por antígenos que se ligam a IgE na superfície deles. Histamina provoca vasodilatação e queda brusca da pressão arterial. Se não há intervenção rápida, o choque pode levar rapidamente à morte por hipoperfusão persistente do SNC (hipoxia) Choque Séptico • Vários fatores são responsáveis pela patogenia do choque séptico – infecções bacterianas (gram negativas e gram positivas) e infecções fúngicas • Diante a presença do microorganismo, acontece uma superativação da resposta inflamatória, responsavel por causar vasodilatação, aumento da permeabilidade e hipoperfusão → A falência de múltiplos órgãos é decorrente da disfunção orgânica → Quadros inflamatórios e de imunossupressão (mediadores que causam vasodilatação e hipoperfusão), ativação excessiva da hemostasia (trombose e focos hemorrágicos) e efeitos sistêmicos (citocinas) • Os produtos microbianos (PAMP`s) são reconhecidos por receptores TLRs, tanto na célula endotelial quanto por leucócitos (neutrófilos e macrófagos) • O reconhecimento e ativação de leucócitos é responsavel por induzir a produção de mais citocinas inflamatórias → aumenta ainda mais a ativação das células endoteliais • Essas mesmas citocinas são responsáveis por efeitos sistêmicos → TNF e IL-1 atuam no hipotálamo, causando febre, fadiga, perda de apetite • Também diminuem a contratilidade de miocárdio, desencadeiam resistência a insulina (diminui a expressão de GLUT-4) e causa hiperglicemia • Essas células endoteliais passam a expressar substancias vasodilatadoras (NO) e citocinas inflamatórias – efeitos orgânicos que causam vasodilatação