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ANÁLISE DE DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS E ÍNDICES Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Prof. Dr. Fernando Eduardo Cardoso CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Cristiane Lisandra Danna Norberto Siegel Camila Roczanski Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Bárbara Pricila Franz Marcelo Bucci Revisão de Conteúdo: Bárbara Pricila Franz Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2018 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. C268a Cardoso, Fernando Eduardo Análise de demonstrativos financeiros e índices. / Fernando Eduardo Cardoso. – Indaial: UNIASSELVI, 2018. 110 p.; il. ISBN 978-85-7141-284-2 1. Administração Financeira. – Brasil. 2.Contabilidade. – Bra- sil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 658.1 Impresso por: Sumário APRESENTAÇÃO ..........................................................................05 CAPÍTULO 1 Demonstrativos Financeiros .................................................7 CAPÍTULO 2 Uso Dos Demonstrativos Financeiros ...............................31 CAPÍTULO 3 CAPÍTULO 4 CAPÍTULO 5 CAPÍTULO 6 Padronização dos Demonstrativos Financeiros ..............53 Índices Financeiros: Usos e Tipos de Índices ....................63 Usando Índices Para Analisar o Desempenho Riscos e Retorno da Análise dos Índices ..........................87 e a Qualidade dos Lucros ....................................................73 APRESENTAÇÃO Este caderno de Análise de demonstrativos financeiros e índices aborda um tema muito importante para se analisar a saúde financeira de uma organização. A análise das demonstrações financeiras, bem como seus índices, proporciona e revela o desempenho organizacional diante do mercado e do cenário econômico nos quais a organização está inserida. A análise das demonstrações financeiras proporciona medir a saúde financeira da organização, bem como contribuir com a tomada de decisões dos gestores diante do cenário econômico e do ambiente dinâmico organizacional. Neste contexto, o caderno foi escrito em seis capítulos: O primeiro capítulo trata sobre balanço patrimonial, posteriormente, trata da demonstração das mutações patrimoniais. Na sequência, aborda a demonstração dos resultados do exercício e a demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados. Também apresenta a demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL), a demonstração dos fluxos de caixa e, por fim, versa sobre a demonstração do valor adicionado. O Capítulo 2 aborda as questões sobre análise vertical e horizontal. Na sequência, descreveremos a análise horizontal e vertical relacionada ao balanço patrimonial, demonstração do resultado do exercício, demonstração dos fluxos de caixa, demonstração do valor adicionado. Por fim, abordaremos a análise através de índices ou quocientes e analisaremos outras metodologias complementares. No Capítulo 3, abordaremos, inicialmente, padronizações das demonstrações contábeis. Em seguida, trataremos da consolidação das demonstrações contábeis e, por fim, a qualidade das informações contábeis. No Capítulo 4, abordaremos os diagramas de indicadores de desempenho e estudaremos a análise discriminante. O Capítulo 5 aborda os indicadores econômico-financeiros de análise, no qual verificaremos todos os indicadores classificados nas quatro categorias: liquidez e atividade, endividamento e estrutura, rentabilidade e análise de ações. O Capítulo 6 aborda, primeiramente, os diagramas de indicadores de desempenho. Na sequência, o cálculo de retornos esperados de projetos arriscados e, posteriormente, como medir risco e retorno. Por fim, estudaremos a linha de mercado de títulos. CAPÍTULO 1 Demonstrativos Financeiros A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Conhecer os demonstrativos financeiros. � Interpretar os indicadores no dia a dia das organizações. 8 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices 9 Demonstrativos Financeiros Capítulo 1 1 Contextualização Hoje as sociedades por ações precisam elaborar e publicar os seus demonstrativos financeiros, isso é obrigatório. Abaixo segue a lista dos sinônimos e expressões de “demonstrações financeiras” e “demonstrações contábeis”. • Balanço Patrimonial. • Demonstração das Mutações Patrimoniais ou Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados. • Demonstração do Resultado do Exercício. • Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos. Segundo Assaf Neto (2012, p. 84), além dessas quatro demonstrações, existe a complementação obrigatória por meio de Notas Explicativas e, se for o caso, de “outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessárias para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício”. Para casos excepcionais, não é obrigatório fazer e publicar a Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (companhia fechada com patrimônio líquido, na data do balanço, inferior a determinado valor fixado). Caso a empresa seja uma companhia fechada inferior a 20 acionistas, com ações nominativas não conversíveis ao portador e que atenda aos requisitos do artigo 294 dessa mesma Lei das S.A., não é obrigada a publicar nenhuma dessas demonstrações, mas precisa elaborá-las e colocar à disposição de seus acionistas. As sociedades não anônimas são obrigadas a publicar suas demonstrações financeiras. Precisam elaborar as mesmas demonstrações citadas, menos a de Origens e Aplicações de recursos. Já no caso de uma sociedade líder de grupo, é obrigatória a publicação de demonstrações completas, mesmo não sendo uma sociedade de ações. Segundo Assaf Neto (2012, p. 84), “essas demonstrações devem conter os valores respectivos do exercício anterior”. A legislação não fala em valores do exercício passado corrigidos, por isso, praticamente a totalidade das empresas publica os valores do exercício anterior pelos valores representados naquela época. 10 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices 2 Balanço Patrimonial O Balanço Patrimonial é composto por bens, direitos e obrigações. Devendo representar a posição financeira da empresa de forma qualitativa e quantitativa. Na sua elaboração, as contas são classificadas como: Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. De acordo com Assaf Neto (2012), o Ativo é dividido em três grupos: circulante, realizável a longo prazo e permanente, este último, por sua vez, é subdividido em: investimentos, imobilizado e diferido. O Passivo é também subdividido, em dois grupos: circulante e exigível a longo prazo. E o Patrimônio líquido aparece composto por cinco grupos: capital social, reservas de capital, reservas de reavaliação, reservas de lucros ou prejuízos acumulados. Conforme abordado, segue o modelo de Balanço Patrimonial: QUADRO 1 – BALANÇO PATRIMONIAL QUADRO 2 – MODELO DE BALANÇO FONTE: Assaf Neto (2012) O Balanço Patrimonial é composto por bens, direitos e obrigações. Devendo representar a posição financeira da empresa de forma qualitativa e quantitativa. ATIVO PASSIVO Ativo Circulante Ativo Realizável a Longo Prazo Ativo Permanente Investimentos Imobilizado Diferido Passivo Circulante Passivo Exigível a Longo Prazo Resultados de Exercícios Futuros Patrimônio LíquidoCapital Reservas de Capital Reservas de Reavaliação Reservas de Lucros Prejuízos Acumulados No quadro a seguir é possível pormenorizar cada grupo. Conforme a legislação, não é obrigatória esta classificação, a descrição pode variar, mas geralmente engloba a maioria das situações (ASSAF NETO, 2012). Ativo Circulante Disponibilidades Caixa Depósitos bancários à vista Aplicações financeiras Passivo Circulante Empréstimos e financiamentos Estrangeiros Nacionais indexados Nacionais prefixados 11 Demonstrativos Financeiros Capítulo 1 FONTE: Assaf Neto (2012) Aplicações financeiras Clientes (-) Duplicatas descontadas Outros créditos (-) Prov. para crédito de liquidação duvidosa Estoques Mercadorias e produtos acabados Produtos em elaboração Matérias-primas e embalagens Materiais de consumo e almoxarifados Despesas antecipadas Ativo Realizável a Longo Prazo Créditos Empréstimos compulsórios Depósitos para incentivos fiscais (-) Provisão para perdas Despesas antecipadas Ativo Permanente Investimentos Em controladas e coligadas Outras participações Outros investimentos (-) Provisão para perdas Imobilizado Terrenos e edificações Máquinas e equipamentos Veículos, móveis e máquinas de es- critório Marcas e patentes Florestamento e reflorestamento (-) Depreciação, amortização e exaustão Imobilizado em construção Diferido Despesas pré-operacionais Outros diferidos (-) Amortizações acumuladas (-) Encargos a apropriar Debêntures Fornecedores Impostos e valores a recolher Outras obrigações a pagar Provisões Imposto de Renda Dividendos propostos Férias Décimo terceiro salário Contingências Passivo Exigível a Longo Prazo Empréstimos e financiamentos Estrangeiros Nacionais Debêntures Outras obrigações e provisões Resultados de Exercícios Futuros Receitas líquidas antecipadas Patrimônio Líquido Capital social integralizado Reservas de capital Reserva de ágio Doações Subvenções para investimento Reservas de reavaliação De ativos próprios De ativos de controladas e coligadas Reservas de lucros Reserva legal Reservas estatutárias Reservas para contingências Reservas de lucros a realizar Reservas para expansão Prejuízos acumulados (-) Ações em tesouraria 2.1 Ativo É um recurso que a companhia usa para classificar seus eventos passados, esperando que eles resultem em futuros benefícios econômicos para a empresa. 12 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices As contas são classificadas em ordem decrescente de grau de liquidez dos componentes que estão registrados. 2.1.1 Ativo Circulante O ativo deve ser classificado como circulante quando satisfazer qualquer dos seguintes critérios (CPC 26, itens 66 e 68) (SILVA, 2012): • espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido no decurso normal do ciclo operacional da entidade; • está mantido essencialmente com o propósito de ser negociado; • espera-se que seja realizado até 12 meses após a data do balanço; ou • é caixa ou equivalente de caixa, a menos que sua troca ou uso para liquidação de passivo se encontre vedada durante pelo menos 12 meses após a data do balanço. O ativo inclui itens que são vendidos, consumidos ou realizados como parte de um ciclo operacional normal. Por exemplo: estoque e contas a receber. 2.1.2 Ativo não circulante É composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. Apesar de não constar no novo texto da Lei das Sociedades por Ações - LSA, para efeito didático, agrupamos “investimentos, imobilizado e intangível” como ativo permanente, inclusive por ainda estar sendo utilizado na publicação de balanços por algumas companhias de capital aberto e no envio de informações financeiras para publicação no site da CVM. Alguns autores ainda mantêm este agrupamento em suas obras (ASSAF NETO, 2010; IUDÍCIBUS, 2009). (SILVA, 2012). 2.1.3 Ativo realizável a longo prazo São os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte. Não constituem negócios usuais na exploração do objeto da companhia, tais como: derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia. 13 Demonstrativos Financeiros Capítulo 1 2.1.4 Investimentos (Ativo Permanente) É considerado permanente quando é dirigido para produzir benefícios à investidora mediante sua participação nos resultados das investidas, ou para obter bons relacionamentos com fornecedores e clientes, ou para investigação pura e simples sem nenhum prazo definido (como terrenos, obras de arte etc. que não são destinados à atividade da empresa). Ou seja, que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou empresa. 2.1.5 Imobilizado (Ativo Permanente) Segundo Assaf Neto (2012), o Imobilizado é avaliado pelo custo de aquisição. Os sujeitos a perda de valor por causa do tempo, do obsoletismo, do uso, da legislação, do consumo etc., são periodicamente baixados (e isso abrange quase todos eles). Conforme os bens a que se refiram, essas baixas recebem nomes diferentes: depreciações, amortizações ou exaustões, mas significam uma só coisa. Representam partes do valor de aquisição consideradas “perdidas” (consumidas) e que, portanto, transformam-se em custos ou despesas (serão custos, se referirem-se a bens usados na produção). Saliente-se que essas depreciações, exaustões e amortizações não são contabilmente feitas para criar “fundos” para a empresa readquirir esses bens, mas para se considerarem pedaços do imobilizado como consumidos e jogá-los na apuração do resultado. Isso representa, se as receitas os cobrirem, que os valores investidos estão sendo recuperados. Essas depreciações, amortizações e exaustões são recuperações do passado, e não necessariamente constituição de fundos para reimobilização. Da mesma forma que o recebimento em devolução do principal que se empresta a terceiros não é receita, também a recuperação do valor originalmente aplicado no imobilizado não é lucro. O fato de se efetuar a depreciação não significa automaticamente que a empresa possui disponibilidades ou que terá recursos suficientes quando da baixa dos bens depreciados. 2.1.6 Intangível (Ativo permanente) São classificados os bens incorpóreos destinados à manutenção da empresa ou que tenham essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido (goodwill). Para ser considerado nesse subgrupo, é necessário que, além de incorpóreo, 14 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices seja reparável, ou seja, que possa ser vendido, transferido, licenciado, alugado, trocado, em conjunto ou individual. 2.1.7 Diferido (Ativo Permanente) Nesse subgrupo eram classificados as despesas pré-operacionais e os gastos de reestruturação que contribuiriam, efetivamente, para o aumento do resultado de mais de um exercício social e que não configuravam tão somente uma redução de custos ou acréscimo na eficiência operacional. O subgrupo diferido foi extinto pela Lei nº 11.941/09 (MP nº 449/08), dessa forma, a partir de 5/12/2008 não é mais admitido que os gastos das entidades em sua fase pré-operacional sejam registrados em contas desse subgrupo patrimonial, devendo eles serem registrados diretamente no resultado como despesa do período (SILVA, 2012). 2.2 Passivo Passivo é uma obrigação financeira, resultante de eventos que já ocorreram, cuja liquidação espera-se que gere benefícios econômicos. As contas são classificadas em ordem decrescente do grau de exigibilidade dos elementos nela registrados. 2.2.1 Passivo circulante O Passivo só pode ser classificado como circulante se encaixar-se nos seguintescritérios (CPC 26, itens 69 e 70): • estima-se que seja liquidado dentro do ciclo operacional normal da empresa; • tem a finalidade de ser negociado; • precisa ser liquidado em até 12 meses após a data do balanço; ou • a entidade não tem direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos 12 meses após a data do balanço (SILVA, 2012). Alguns passivos circulantes, como contas a pagar, gastos com empregados e outros custos operacionais, são classificados como passivos circulantes, mesmo que estejam para ser liquidados no prazo de 12 meses após a data do balanço. 15 Demonstrativos Financeiros Capítulo 1 2.2.2 Passivo não circulante Todos os outros passivos devem ser classificados como não circulantes. Lembrando que na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício social, a classificação terá por base o prazo desse ciclo (SILVA, 2012). 2.2.3 Resultados de exercícios futuros São classificados como valores recebidos líquidos, em que a companhia não tem obrigação. Por exemplo: aluguéis recebidos antecipadamente. Neste grupo não podem estar contidos adiantamentos de mercadorias ou serviços, porque são valores recebidos que representam obrigação da empresa, pois podem vir a representar gastos, e não devem constar em exercícios futuros. 2.3 Patrimônio Líquido Representa os valores aplicados no empreendimento, que constitui o valor residual dos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus passivos. 2.3.1 Capital social Discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada (SILVA, 2012). 2.3.2 Reservas de Capital É formada por valores recebidos pela empresa, dos sócios ou de terceiros. Esses resultados não transitarão pelo seu resultado, porque não se referem a prestação de serviços ou a venda de produtos pela companhia. Assim, são classificados como “ágio”, pois são valores recebidos para aumento de capital. Também são incluídos nesse grupo os incentivos fiscais do Governo, como: devolução de impostos para reflorestamento, importâncias recebidas que se destinam ao aumento de capacidade produtiva, como no caso de alguns estados onde o ICMS é devolvido para esta finalidade. Ou em alguns casos quando a prefeitura doa terrenos para fixar empresas em seus municípios. 16 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices 2.3.3 Reservas de reavaliação A reserva de reavaliação é usada quando algum ativo da empresa, por função do comportamento do mercado/inflação, fica defasado de seu valor. Para esses casos, a legislação permite que esses ativos tenham seus custos atualizados para chegar ao valor de mercado. Essa atribuição de valor é considerada reserva de reavaliação. 2.3.4 Reservas de lucros São os lucros gerados pela empresa, transitados pelos seus resultados e retidos por vários motivos. Para Assaf Neto (2012), a reserva legal é a parcela que a legislação impede que seja distribuída. As reservas estatutárias são criadas pelos estatutos das companhias, para destinação de uma parcela dos lucros para alguma finalidade definida no estatuto. As reservas para contingências dizem respeito a lucros retidos para fazer face a possíveis perdas que podem ocorrer no futuro, em função de fatos geradores ainda não acontecidos, como eventuais perdas de safras por problemas climáticos, perda de estoques por possíveis enchentes ou saques ou perdas de contrato em vigor; se essas perdas efetivamente ocorrerem, serão consideradas prejuízos no exercício em que se efetivarem, e essas reservas retornarão a lucros ou prejuízos acumulados para a compensação com tais prejuízos. Reservas de lucro a realizar significa transformar em dinheiro. Por não terem sido transformados em dinheiro ainda, podendo ficar retidos até a sua monetarização. As reservas de expansão, segundo Assaf Neto (2012), são retenções não legais nem estatutárias, definidas por decisão em assembleia ou deliberação do órgão próprio se não sociedade anônima. 2.3.5 Lucros ou Prejuízos acumulados São parte das reservas de lucro que ainda não tiveram seu destino final determinado. A legislação obriga as sociedades anônimas a darem destinação ao seu resultado e a contabilizá-lo no final de cada exercício. É obrigatório que já esteja registrado no balanço o que se pretende reter e o que se pretende distribuir. 17 Demonstrativos Financeiros Capítulo 1 3 Demonstração das Mutações Patrimoniais Esta demonstração não é obrigatória, somente a demonstração de lucros e prejuízos acumulados é obrigatória legalmente. Conforme Assaf Neto (2012, p. 92), compõe-se basicamente dos seguintes dados: Demonstração não é obrigatória, somente a demonstração de lucros e prejuízos acumulados é obrigatória legalmente. QUADRO 3 – DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS Saldo Anterior (+-) Ajustes de Exercícios Anteriores (-) Dividendos Extraordinários (-) Incorporação ao Capital Lucro Líquido do Exercício (-) Transferência para Reserva Legal (-) Idem para Outras Reservas de Lucros (-) Dividendos Propostos Saldo Final FONTE: Assaf Neto (2012) A demonstração das mutações patrimoniais é uma concordância entre os saldos iniciais e finais de todas as contas que compõem o patrimônio líquido. 3.1 Ajustes de Exercícios Anteriores De acordo com nossa legislação, cabe um pequeno comentário sobre certos ajustes que não afetam o lucro ou prejuízo do exercício. Podendo ser resumidos em duas hipóteses: A. Erros cometidos no passado São considerados os erros que de forma alguma deveriam ter acontecido. Por exemplo: erro na contagem de estoque, erro na provisão de imposto de renda etc. Resultando no ativo circulante, e, em contrapartida, diretamente em lucros ou prejuízos acumulados sob a denominação de ajustes de exercícios anteriores. B. Mudanças de critérios contábeis A empresa pode mudar o critério contábil, por exemplo: alterar a forma de avaliar seus estoques do Peps para o Preço Médio. Se essa mudança for de exclusiva vontade da empresa, o acerto relativo ao estoque inicial devido à mudança de critério é considerado ajuste de exercício anterior. 18 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices 3.2 Dividendos Extraordinários São aqueles que a empresa, deliberadamente, decide distribuir a seus acionistas. São relativos a lucros obtidos no passado ou durante o próprio exercício social. Podem ser chamados de “bonificações em dinheiro”. 3.2.1 Destinação do lucro líquido Toda sociedade por ações é obrigada a apresentar em suas demonstrações a destinação do seu lucro líquido, informando as parcelas que ficarem retidas em lucros acumulados ou reservas de lucros, e também as que devem ser pagas em dividendos. Caso haja prejuízo no exercício, deve ser jogado contra lucros e prejuízos acumulados. QUADRO 4 – ESTRUTURA DE DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO Demonstração do Resultado do Exercício RECEITA BRUTA DE VENDAS E SERVIÇOS (-) Impostos, devoluções e descontos sobre vendas e serviços. RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS E SERVIÇOS (-) Custo das mercadorias vendidas e serviços prestados. LUCRO BRUTO RECEITAS DESPESAS OPERACIONAIS (-) Com vendas (-) Gerais e administrativas (-) Honorários dos administradores (-) Depreciação e amortização 4 Demonstração dos Resultados do Exercício Segundo Silva (2012), a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) deverá evidenciar a composição do resultado formado num determinado período de operações da entidade. Sua apresentação é a seguinte: 19 Demonstrativos Financeiros Capítulo 1 FONTE: Silva (2012, p. 51) (+/-) Participação em controladas e controlada em conjunto (+/-) Outras receitas despesas operacionais LUCRO OPERACIONAL ANTES DO RESULTADOFINANCEIRO RESULTADO FINANCEIRO (+) Receitas financeiras (-) Despesas financeiras Lucro do exercício antes do imposto de renda, contribuição social e das participações Imposto de renda e contribuição social (-) Corrente (-) Diferido Lucro do exercício antes das participações (-) Participação de acionistas não controladores Lucro do exercício antes das participações minoritárias (-) Participações minoritárias LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO Lucro líquido do exercício por ação do capital social em circulação no final do exercício Quantidade de ações do capital social em circulação no final do exercício 4.1 Receita Líquida Representa a receita da empresa pela venda de seus produtos e serviços. 4.2 Custos dos Produtos e Serviços Vendidos O custo de produtos e serviços vendidos para empresas comerciais representa o custo histórico de aquisição desses bens. Nesses custos são incluídos os gastos com colocação de mercadorias à venda, transporte, seguros etc. 20 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices Para as indústrias, o custo de produtos vendidos é obtido da seguinte forma: soma-se os estoques iniciais com os custos de produção do período, e em seguida diminui-se os estoques finais. Nas empresas de serviço, as regras são as mesmas, mas, teoricamente, é comum encontrar empresas que não apuram o custo dos serviços prestados, e tratam esses gastos como despesas de exercícios, misturando-se com despesas administrativas. Isso, porém, não é tão grave, porque não se tem como estocar serviços. 4.3 Lucro Bruto – um Caso Especial na Construção e Nos Serviços a Longo Prazo É a diferença entre receita líquida e custos dos itens vendidos. Para execução de bens e serviços que duram mais de 12 meses, as condições são diferentes. Nestas, os bens elaborados são estocados, com a agregação no ativo circulante dos custos relativos à sua produção, e a receita de venda e, consequentemente, o lucro bruto são registrados na entrega ao cliente. Quanto aos bens de fabricação de longo prazo (para que não ocorra a apuração exclusiva na entrega após decorridos, por exemplo, três anos de fabricação de uma turbina de energia elétrica, para então se reconhecer, ao término, o lucro que na realidade foi gerado durante os três anos), faz-se algo distinto. À medida que se executa a encomenda, os custos são transformados em custos dos produtos elaborados e de forma proporcional é apropriada a receita de venda. Assim, não há figura dos produtos em elaboração nesse caso, e valores eventualmente recebidos dos clientes a mais do que a receita apropriada aparecem como adiantamento no passivo exigível. Já os valores apropriados como receita, a mais do que efetivamente recebidos, surgem no ativo como a receber dos clientes (ASSAF NETO, 2012). 4.4 LUCRO OPERACIONAL Lucro operacional, entende-se que é tudo o que é principal ou acessório ao principal, em relação às atividades que constituem a empresa. Na prática, tudo é considerado operacional. São enquadrados como outras receitas ou despesas operacionais os resultados em participações societárias, todas as receitas e despesas de natureza financeira. 21 Demonstrativos Financeiros Capítulo 1 Uma despesa financeira líquida é calculada pelas despesas financeiras menos as receitas financeiras. Por exemplo, supomos que tenho uma despesa financeira de $130.000,00, e uma receita financeira de $25.000,00. Abaixo segue o cálculo no qual obtemos uma despesa financeira líquida de $105.000,00 (130.000,00 – 25.000,00): Despesas financeiras líquidas: Despesas financeiras Receitas financeiras $130.000,00 $25.000,00 $105.000,00 Se as receitas excederem as despesas, as receitas financeiras tornam-se líquidas, classificadas como operacionais. 4.5 Receitas e Despesas Não Operacionais Somente são considerados não operacionais as perdas e ganhos de capital. Por exemplo: lucro na venda de um investimento ou prejuízo por um equipamento depreciado. 4.6 Provisão Para o Imposto de Renda É obrigatório que o imposto de renda incidente sobre o lucro do exercício já esteja diminuído no resultado desse mesmo exercício. É assim que surge a provisão de imposto de renda no resultado e no passivo circulante. 4.7 Lucro Real Segundo Assaf Neto (2012, p. 98), exceto para as pequenas sociedades enquadradas em determinadas circunstâncias e valores, o imposto é calculável sobre o lucro tributável que recebe o nome de “lucro real”, que é igual ao lucro contábil antes do Imposto de Renda, exatamente como mensurado até aqui, segundo o Regime de Competência e a legislação vigente, mas com certos ajustes. Esses ajustes são feitos em um livro fiscal denominado Livro de apuração do Lucro Real (Lalur), que acaba por conciliar o lucro contábil antes do imposto de 22 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices renda, com a finalidade tributável. Esses ajustes principais são os seguintes, já na forma como são tratados nesse mesmo Lalur: Lucro Contábil antes da provisão para o Imposto de Renda (+) Despesas Fiscais não Dedutíveis Fiscalmente Despesas com Equivalência Patrimonial Exceto de Remuneração dos Administradores Despesas de Propaganda Não Pagas Amortização de Ágio Exceto de Depreciação sobre os Limites de Dados Exceto de Despesa com Formação de Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa Despesas com Provisões não Dedutíveis, como de Garantias, de Royalties Não Autorizados etc. (-) Receitas Contábeis não Tributáveis: Receitas de Equivalência Patrimonial Receita de Dividendos Amortização de Deságio Lucro na Venda Incentivada de Determinados Imóveis etc. (-) Deduções Relativas a Itens não Tratados como Despesas Contábeis, ou Dedutíveis por Valor Superior: Incentivo ao Treinamento da Mão de Obra Incentivo à Alimentação do Trabalhador Incentivo Devido à Exportação etc. (+) Acréscimos Relativos a Itens não Contábeis: Reservas de Reavaliação Realizadas Contra Lucros Acumulados etc. (-) Deduções Especiais por Diferimento: Lucro na Venda a Longo Prazo de Ativo Permanente (-) Compensação com Prejuízos de Exercícios Anteriores (últimos quatro anos, corrigidos) (=) Lucro Real do Exercício Pelos exemplos apresentados, vê-se que muitas vezes os ajustes são em grande quantidade. E o imposto incide sobre esse valor final de lucro real (ASSAF NETO, 2012). 4.8 Lucro Líquido do Exercício Resulta na diminuição do lucro após o Imposto de Renda, de participações devidas a empregados, a debenturistas, a administradores etc., ou seja, direitos que certas pessoas têm de receber participações no lucro, mesmo não sendo acionistas. A legislação determina que seja transferido para a conta de lucros ou prejuízos acumulados o Resultado Líquido. 23 Demonstrativos Financeiros Capítulo 1 5 Demonstração Dos Lucros ou Prejuízos Acumulados A Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) permite mostrar claramente o resultado do período, sendo sua movimentação e distribuição classificadas no saldo da conta de Lucros e Prejuízos Acumulados. Conforme o artigo 274 do RIR/99, a DLPA é obrigatória para empresas limitadas e outros tipos de sociedade, que apurem o Imposto de Renda pelo Lucro Real. As Demonstrações de Lucros e Prejuízos deverão conter: • o saldo no início do período, os ajustes de exercícios anteriores e a correção monetária do saldo inicial; • as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício; • as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros incorporada ao capital e o saldo ao fim do período (SILVA, 2012). De acordo com a lei das Sociedades por Ações – LSA, a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados ao final de cada exercício socialnão poderá apresentar saldo positivo. 6 Demonstração Das Mutações do Patrimônio Líquido (Dmpl) A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) tem por objetivo trazer informações que ajudem a complementar os demais dados constantes no Balanço Patrimonial e na Demonstração de Resultado de Exercício. Tais informações ajudam a detalhar as modificações ocorridas durante um exercício social, como no Capital Social, Reservas e Lucros ou Prejuízos Acumulados. A publicação é obrigatória para companhias abertas, porém muitas empresas, mesmo não obrigadas, têm optado por substituir a DLPA pela DMPL, pois ela possibilita uma melhor compreensão dos fatos ocorridos, indicando claramente a formação e utilização de todas as reservas. A Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) permite mostrar claramente o resultado do período, sendo sua movimentação e distribuição classificadas no saldo da conta de Lucros e Prejuízos Acumulados. 24 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices 7 Demonstração Dos Fluxos de Caixa No Brasil, a partir de 2008, a Demonstração de Fluxo de Caixa passou a ser obrigatória para as empresas de grande porte e sociedades anônimas. De acordo com Silva (2012), as companhias fechadas com patrimônio líquido, na data do balanço, inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais), não serão obrigadas à elaboração e publicação da DFC. A Demonstração do Fluxo de Caixa deve segregar as alterações ocorridas no exercício em, no mínimo, três fluxos de atividade: • Atividades Operacionais – É a principal atividade que gera receita na empresa e atividades diferentes de financiamento e investimento. • Atividades de Investimento – É referente à venda e aquisição de ativos a longo prazo e de outros investimentos que não constam no equivalente de caixa. • Atividades de Financiamento – São classificadas como atividade operacional, que resultam em mudança no tamanho e na composição do capital próprio e no endividamento da entidade. 7.1 A Necessidade Da DFC O que tem levado muitas empresas ao processo de falência é a falta de geração de caixa em quantidade suficiente para financiar suas operações. Isso quer dizer que nem sempre uma empresa consegue gerar caixa suficiente, mesmo sendo lucrativa. A empresa que mantém continuamente atualizado o seu fluxo de caixa ajuda em uma melhor elaboração do planejamento financeiro, propiciando que no momento certo a organização possa contrair empréstimos para cobrir a falta de fundos ou aplicar no mercado financeiro o excesso de dinheiro, proporcionando maior rendimento à empresa. Informações históricas dos fluxos de caixa são frequentemente usadas como indicador do valor, época e grau de segurança dos fluxos de caixa futuros. Também “são úteis para verificar a exatidão das avaliações feitas no passado, dos fluxos de caixa futuros, assim como para examinar a relação entre a lucratividade e os fluxos de caixa líquidos e o impacto de variações de preço” (SILVA, 2012, p. 56). Demonstração de Fluxo de Caixa passou a ser obrigatória para as empresas de grande porte e sociedades anônimas. 25 Demonstrativos Financeiros Capítulo 1 7.2 Métodos de Elaboração da DFC É o único demonstrativo elaborado com base em regime de caixa, os outros são de acordo com o Princípio da Competência de Exercício. A Demonstração de Fluxo de Caixa deve apresentar o fluxo de caixa e equivalentes de caixa, de financiamento e de investimentos e seu efeito líquido sobre os saldos de caixa, em determinado período. Podendo ser obtida de forma direta ou indireta. 7.2.1 Método Direto São apresentados os fluxos por seus valores brutos, facilitando a visualização e compreensão do fluxo financeiro, apresentando os pagamentos e recebimentos resultantes das atividades operacionais, ajudando na avaliação do comportamento do seu nível de solvência. 7.2.2 Método Indireto A demonstração dos recursos gerados pela empresa é feita através da concordância do Resultado Líquido do Exercício com a variação do caixa. Para compor esta relação, são aplicados os seguintes ajustes: - Expurgo dos efeitos das transações incluídas na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) que não afetaram o caixa, por exemplo, Depreciação, Resultados de Equivalência Patrimonial e Imposto de Renda Diferido; e - Expurgo das variações dos ativos e passivos por representarem valores relativos às transações de caixa decorridas antes ou após o período de apuração do resultado (SILVA, 2012, p. 57). 7.3 Modelos de DFC Os modelos de Demonstração de Fluxo de Caixa a seguir são demonstrações de uma empresa que não é uma instituição financeira. 26 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices QUADRO 5 – MODELO DE DFC - MÉTODO DIRETO QUADRO 6 – MODELO DE DFC - MÉTODO INDIRETO Demonstração dos Fluxos de Caixa pelo Método Direto 20X2 Fluxos de caixa das atividades operacionais Recebimento de clientes Pagamentos a fornecedores e empregados Caixa gerado pelas operações Juros pagos Imposto de renda e contribuição social pagos Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos Caixa líquido proveniente das atividades operacionais Fluxos de caixa das atividades de investimento Aquisição da controlada X líquido do caixa incluído na aquisição Compra de ativo imobilizado Recebido pela venda de equipamento Juros recebidos Dividendos recebidos Caixa líquido usado nas atividades de investimento Fluxos de caixa das atividades de financiamento Recebido pela emissão de ações Recebido por empréstimo a longo prazo Pagamento de passivo por arrendamento Dividendos pagos Caixa líquido usado nas atividades de financiamento Aumento líquido de caixa e equivalente de caixa Caixa e equivalente de caixa no início do período Caixa e equivalente de caixa no fim do período 30.150 _____(27.600) 2.550 (270) (800) _______(100) 1.380 (550) (350) 20 200 ________200 (480) 250 250 (90) ______(1.200) (790) 110 120 230 FONTE: Silva (2012, p. 51) Demonstração dos Fluxos de Caixa pelo Método Indireto 20X2 Fluxos de caixa das atividades operacionais Lucro líquido antes do imposto de renda e contribuição social Ajustes por: Depreciação Perda cambial Renda de Investimentos Despesas de Juros Aumentos nas contas a receber de clientes e outros Diminuição nos estoques Diminuição nas contas a pagar – fornecedores 3.350 450 40 (500) _________400 _______3.740 (500) 1.050 ______(1.740) 27 Demonstrativos Financeiros Capítulo 1 FONTE: Silva (2012, p. 51) Caixa proveniente das operações Juros pagos Imposto de renda e contribuição social pagos Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos Caixa líquido proveniente das atividades operacionais Fluxos de caixa das atividades de investimento Aquisição de controlada X menos caixa líquido incluído na aquisição Compra de ativo imobilizado Recebimento pela venda de equipamento Juros recebidos Dividendos recebidos Caixa líquido usado nas atividades de investimento Fluxos de caixa das atividades de financiamento Recebimento pela emissão de ações Recebimento por empréstimos a longo prazo Pagamento de obrigações por arrendamento Dividendos pagos Caixa líquido usado nas atividades de financiamento Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa Caixa e equivalentes de caixa no início do período Caixa e equivalentes de caixa no fim do período 2.550 (270) (800) _______(100) (1.380) (550) (350) 20 200 ________200 (480) 250 250 (90) ______(1.200) (790) 110 120 230 8 Demonstração do Valor Adicionado A partir de 2008, a Demonstração de Valor Adicionado passa a ser obrigatória para as empresas anônimas de capital aberto,devendo declarar o capital gerado pela companhia e sua distribuição entre acionistas, financiadores, empregados, governo e outros, que contribuíram para gerar esse capital. A LSA não detalha os itens que deverão compor este novo demonstrativo contábil. Por sua vez, o CPC 09 determina que a distribuição da riqueza criada deve ser detalhada, minimamente, da seguinte forma, conforme Silva (2012, p. 62): a) Pessoal e encargos. b) Impostos, taxas e contribuições. c) Juros e aluguéis. d) Juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos. e) Lucros retidos/prejuízos do exercício. 28 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices Atividade de Estudos: 1) Conceitue Lucro Operacional. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Conceitue passivo e comente sobre qual é a sua ordem de classificação. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 9 Algumas Considerações O cenário atual das organizações é competitivo e exige respostas rápidas e eficazes. A análise de demonstrativos é um dos mais importantes instrumentos para o empresário, por antecipar as necessidades das empresas. Através desse instrumento podemos perceber como as decisões refletem nos resultados das empresas e, consequentemente, no seu caixa. Essas análises facilitam a tomada de decisões pelo empresário, através do planejamento e controle dos recursos financeiros, aumento ou queda nas entradas e saídas de caixa, visualizar as necessidades de capital de giro. A maioria das empresas possui algum tipo de controle, como balanço patrimonial e demonstrativos de resultado. Todavia, apesar de ter seu uso incentivado, ainda é pouco utilizado nas empresas como instrumento de planejamento e orçamento. 29 Demonstrativos Financeiros Capítulo 1 Através dessas demonstrações financeiras, qualquer organização pode planejar seu futuro, elaborar seu orçamento, rever as finanças e ajustá-las quando necessário, podendo rever seus orçamentos conforme forem acontecendo. Referências ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 762 p., il. GROPPELLI, Angelico A.; NIKBAKHT, Ehsan. Administração financeira. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. xv, 496 p, il. (Essencial). MAGALHÃES, Antonio de Deus Farias; LUNKES, Irtes Cristina; MÜLLER, Aderbal Nicolas. Auditoria das organizações: metodologias alternativas ao planejamento e a operacionalização dos métodos e das técnicas. São Paulo: Atlas, 2001. MATARAZZO, Dante C. (Dante Carmine). Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003. MATARAZZO, Dante C. (Dante Carmine). Análise financeira de balanços: abordagem gerencial. 7. ed. de acordo com as Leis n. 11.638 e 11.941. São Paulo: Atlas, 2010. MORANTE, Antonio Salvador. Contabilidade: noções para análise de resultados e balanço patrimonial da empresa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. MÜLLER, Aderbal Nicolas. Contabilidade básica: fundamentos essenciais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. SILVA, Alexandre Alcântara da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. 3. ed. ampl. e atual conforme Lei nº 11.638/07 e Lei nº 11.941/09 e pronunciamentos do CPC. São Paulo: Atlas, 2012. 30 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices CAPÍTULO 2 Uso Dos Demonstrativos Financeiros A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Conhecer as características de cada um dos indicadores das demonstrações financeiras. � Usar os demonstrativos financeiros no processo decisório das organizações. 32 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices 33 Uso Dos Demonstrativos Financeiros Capítulo 2 1 Contextualização A análise das demonstrações financeiras desperta enorme interesse tanto para os administradores internos de empresa (contabilidade, financeiro), como para outros segmentos (setor agrícola ou de mineração, com suas commodities), por ser um dos estudos mais importantes da administração financeira. A seguir será apresentado todo o instrumento básico para análise de desempenho geral, identificar resultados retrospectivos e prospectivos, avaliação interna e indicadores. Neste capítulo serão evidenciadas as características legais e econômicas brasileiras e sua atuação sobre o processo de análise. 2 Diferenças Absolutas A diferença absoluta é uma análise que normalmente é a primeira a ser feita, através do uso de planilhas eletrônicas, não necessariamente para todas as contas ou grupo de contas (SILVA, 2012). Através da análise vertical e horizontal, é possível identificar o desempenho da empresa, fazendo comparações de períodos diferentes (análise horizontal), quando comparamos um ano com outro. No entanto, também podem ocorrer comparações dentro do mesmo período (análise vertical), quando comparamos uma conta com outra (por exemplo, quando comparamos o valor da conta do passivo com a do ativo). 3 Análise Horizontal Na análise horizontal é possível acompanhar a evolução de uma conta ou de um grupo de contas em períodos consecutivos. Esta análise é importante para se construir uma série histórica, pois essencialmente trabalha com efeitos e dificilmente revela as causas das mudanças, e fundamentalmente ajuda no estudo de tendências. Através dela é possível a avaliação de vários itens de cada demonstração financeira em intervalos consecutivos de tempo. Por exemplo, a venda de um determinado produto nos últimos três anos é facilmente avaliada e interpretada mediante o estudo da análise horizontal. Como exemplo, veja abaixo a evolução de vendas e lucro bruto de uma companhia de bebidas e refrigerantes, conforme demonstrações nos exercícios. 34 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices QUADRO 1 – EVOLUÇÃO DAS VENDAS QUADRO 2 – VENDAS DA EMPRESA FONTE: Assaf Neto (2012) FONTE: Assaf Neto (2012) 31-1-X0 ($ MIL) 31-1-X1 ($ MIL) 31-1-X2 ($ MIL) Vendas Líquidas 8.087 9.865 11.572 Lucro Bruto 2.512 2.982 3.612 Relacionando cada resultado obtido em determinada data com o analisado em data anterior, escolhido como data-base e multiplicando por 100. Considerando 31-1-X0 como data-base, temos o seguinte progresso dos resultados. Para Assaf Neto (2012, p.105), tomando-se como base a data de 31-1-X0, as vendas da empresa apresentaram número-índice de 122,0 [($ 9.865/$ 8.087)] em 31-1-X1, e de 143,1 [($ 11.572/$ 8.087) x 100] em 31-1-X2. 31-1-X0 ($ MIL) AH (Nº ÍNDICE 31-1-X1 ($ MIL) AH (Nº ÍNDICE 31-1-X2 ($ MIL) AH (Nº ÍNDICE Vendas Líquidas 8.087 100,0(Base) 9.865 122,0 11.572 143,1 Lucro Bruto 2.512 100,0(Base) 2.982 118,7 3.612 143,8 As receitas operacionais líquidas cresceram 1,22 vez e 1,43 vez em 31-1-X1 e 31-1-X2, respectivamente, tomando como base os valores de 31-1-X0. Analisando os valores indicados, vemos que o desempenho da empresa em 31-1-X1 esteve aquém do apresentado em 31-1-X2. O crescimento do custo de produção foi maior que suas receitas e o lucro bruto absorvendo parte dessa diferença. A situação se inverte em 31-1-X2, observa-se a evoluçãomaior do lucro bruto em relação às receitas operacionais. Tomando-se como base 31-1-X1, o crescimento desses valores ratifica essa colocação, tendo as vendas líquidas crescido 1,17 vez e o lucro bruto 1,21 vez. Importante salientar que os valores estejam convertidos em moedas de igual capacidade de compra, para que sejam apuradas as evoluções reais. 4 Análise Vertical A análise vertical verifica a estrutura das demonstrações, permitindo a identificação de uma conta dentro do conjunto no Balanço Patrimonial ou na Demonstração do Resultado. A análise vertical verifica a estrutura das demonstrações, permitindo a identificação de uma conta dentro do conjunto no Balanço Patrimonial ou na Demonstração do Resultado. 35 Uso Dos Demonstrativos Financeiros Capítulo 2 FONTE: Assaf Neto (2012) Por exemplo, tomando como base os valores dos ativos e passivos de cada final de exercício social de X0, X1 e X2 da S.A. Siderúrgica, nesta análise vertical, verifica-se facilmente o ativo e passivo da empresa, complementando a análise horizontal vista anteriormente. QUADRO 3 – ANÁLISE VERTICAL 31-12-X0 ($) AV (%) 31-12-X1 ($) AV (%) 31-12-X2 ($) AV (%) Ativo Circulante 4.585 50 3.922 46 3.732 44 Realizável a Longo Prazo 739 8 872 10 952 11 Ativo Permanente 3.936 42 3.783 44 3.826 45 Ativo/Passivo Total 9.260 100 8.577 100 8.510 100 Passivo Circulante 4.012 43 3.624 42 3.917 46 Exigível a Longo Prazo 2.102 23 2.031 24 1.629 19 Patrimônio Líquido 3.147 34 2.923 34 2.964 35 Verificando o ativo total da empresa, podemos observar que houve um decréscimo dos investimentos de curto prazo, iniciando com 50% em X0, passando para 46% em X1 e depois para 44% em X2. De acordo com Assaf Neto (2012, p. 111), “evidencia-se mediante esses resultados, maior preferência (ou necessidade) da empresa por ativos a longo prazo em detrimento dos de curto prazo”. A análise vertical permite visualizar, dando mais ênfase em recursos próprios (patrimônio líquido) em relação aos recursos de terceiros (exigível a longo prazo). Levando em conta a diferença de índices de inflação, é preciso tomar grande cuidado na análise vertical, tendo em vista que a inflação tende a prejudicar a comparação dos balanços sucessivos. 5 Análise Horizontal e Vertical do Balanço Patrimonial A seguir veremos alguns aspectos que podemos observar na análise horizontal e vertical dos grupos patrimoniais e principais grupos de contas. A partir dessa análise, poderão ser avaliados os demais indicadores, ciclo operacional ou atividade, liquidez, estrutura de capital e rentabilidade. Apresentaremos a extração dos percentuais que comporão a análise horizontal e vertical das contas do Ativo (SILVA, 2012). Análise horizontal e vertical do Balanço Patrimonial (Ativo) da Cia. Lucro Certo (SILVA, 2012): 36 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices Q U A D R O 4 – A N Á LI S E V E R TI C A L E H O R IZ O N TA L N O B A LA N Ç O 31 /12 /X 3 31 /12 /X 2 31 /12 /X 1 De sc riç ão d a c on ta Va lo r AV AH AH Va lo r AV AH Va lo r AV AH (M il) ac um ul ad a (M il) (M il) AT IV O TO TA L 6.5 77 .89 8 10 0,0 0% 30 ,19 % 52 ,65 % 5.0 52 .40 4 10 0,0 0% 17 ,25 % 4.3 09 .00 6 10 0,0 0% 10 0,0 0% A TI VO C IR CU LA NT E 4.8 15 .62 6 73 ,21 % 33 ,13 % 45 ,05 % 3.6 17 .24 6 71 ,59 % 8,9 5% 3.3 20 .01 4 77 ,05 % 10 0,0 0% D isp on ibi lid ad es e ap lic . F ina nc eir as 2.2 84 .88 5 34 ,74 % 89 ,87 % 85 ,97 % 1.2 03 .38 5 23 ,82 % -2 ,06 % 1.2 28 .65 5 28 ,51 % 10 0,0 0% C lie nte s - C on tas a Re ce be r 88 8.9 05 13 ,51 % - 2 4,2 8% -2 4,2 6% 1.1 73 .92 6 23 ,23 % 0,0 2% 1.1 73 .65 6 27 ,24 % 10 0,0 0% E sto qu es 1.0 00 .24 6 15 ,21 % 3,7 6% 33 ,68 % 96 3.9 82 19 ,08 % 28 ,83 % 74 8.2 44 17 ,36 % 10 0,0 0% O utr os 64 1.5 90 9,7 5% 13 2,5 0% 27 8,6 1% 27 5.9 53 5,4 6% 62 ,84 % 16 9.4 59 3,9 3% 10 0,0 0% A TI VO N ÃO C IR CU LA NT E 1.7 62 .27 2 26 ,79 % 22 ,79 % 78 ,19 % 1.4 35 .15 8 28 ,41 % 45 ,11 % 98 8.9 92 22 ,95 % 10 0,0 0% A TI VO R EA LI ZÁ VE L A L P 25 6.9 46 3,9 1% 10 ,46 % -2 ,77 % 23 2.6 23 4,6 0% -11 ,98 % 26 4.2 77 6,1 3% 10 0,0 0% C om pe ss oa s l iga da s 81 .25 6 1,2 4% 67 ,32 % 38 ,32 % 48 .56 4 0,9 6% -1 7,3 3% 58 .74 5 1,3 6% 10 0,0 0% O utr as 17 5.6 90 2,6 7% -4 ,55 % -1 4,5 2% 18 4.0 56 3,6 4% -1 0,4 5% 20 5.5 32 4,7 7% 10 0,0 0% A TI VO P ER MA NE NT E 1.5 05 .32 6 22 ,88 % 25 ,18 % 10 7,7 1% 1.2 02 .53 5 23 ,80 % 65 ,93 % 72 4.7 15 16 ,82 % 10 0,0 0% In ve sti me nto s 0 0,0 0% 0,0 0% 0,0 0% 0 0,0 0% 0,0 0% 0 0,0 0% 10 0,0 0% Im ob iliz ad o 49 8.4 51 7,5 8% 31 ,41 % 93 ,74 % 37 9.3 02 7,5 1% 47 ,43 % 25 7.2 73 5,9 7% 10 0,0 0% D ife rid o 18 1.3 50 2,7 6% -2 ,98 % 39 ,45 % 18 6.9 23 3,7 0% 43 ,74 % 13 0.0 42 3,0 2% 10 0,0 0% In tan gív el 82 5.5 25 12 ,55 % 29 ,74 % 14 4,6 7% 63 6.3 10 12 ,59 % 88 ,59 % 33 7.4 00 7,8 3% 10 0,0 0% PA SS IV O TO TA L + P AT RI M. L ÍQ UI DO 6.5 77 .89 8 10 0,0 0% 30 ,19 % 52 ,65 % 5.0 52 .40 4 10 0,0 0% 17 ,25 % 4.3 09 .00 6 10 0,0 0% 10 0,0 0% P AS SI VO C IR CU LA NT E 3.9 31 .09 6 59 ,76 % 16 ,34 % 48 ,96 % 3.3 79 .09 7 66 ,88 % 28 ,04 % 2.6 39 .01 7 61 ,24 % 10 0,0 0% F or ne ce do re s 1.6 17 .96 6 24 ,60 % 11 ,75 % 53 ,18 % 1.4 47 .90 0 28 ,66 % 37 ,08 % 1.0 56 .01 7 24 ,51 % 10 0,0 0% F ina nc iam en tos (I nc lui D eb ên tur es ) 1.9 03 .52 6 28 ,94 % 30 ,12 % 14 3,2 6% 1.4 62 .85 6 28 ,95 % 86 ,94 % 78 2.5 10 18 ,16 % 10 0,0 0% Im po sto s, Ta xa s e C on trib uiç õe s 15 5.5 17 2,3 6% -2 2,4 0% 15 ,89 % 20 0.4 01 3,9 7% 49 ,34 % 13 4.1 92 3,1 1% 10 0,0 0% P ro vis õe s D ive rsa s 61 .96 0 0,9 4% -2 2,2 5% -8 7,2 7% 79 .68 8 1,5 8% -8 3,6 2% 48 6.6 23 11 ,29 % 10 0,0 0% O utr as C on tas a Pa ga r 19 2.1 27 2,9 2% 2,0 6% 7,0 8% 18 8.2 52 3,7 3% 4,9 2% 17 9.4 31 4,1 6% 10 0,0 0% P AS SI VO N ÃO C IR CU LA NT E 2.2 28 .36 7 33 ,88 % 80 ,19 % 91 ,43 % 1.2 36 .648 24 ,48 % 6,2 3% 1.1 64 .08 0 27 ,02 % 10 0,0 0% F ina nc iam en tos 0 0,0 0% -1 00 ,00 % -1 00 ,00 % 1.0 94 .99 3 21 ,67 % 14 ,50 % 95 6.3 67 22 ,19 % 10 0,0 0% D ívi da s c om pe ss oa s l iga da s 0 0,0 0% 0,0 0% 0,0 0% 0 0,0 0% 0,0 0% 0 0,0 0% 10 0,0 0% R ec eit a D ife rid a ( de du zid os cu sto s) 0 0,0 0% 0,0 0% 0,0 0% 0 0,0 0% 0,0 0% 0 0,0 0% 10 0,0 0% O utr os 2.2 28 .36 7 33 ,88 % 14 73 ,09 % 97 2,8 1% 14 1.6 55 2,8 0% -3 1,8 0% 20 7.7 13 4,8 2% 10 0,0 0% P AT RI MÔ NI O LÍ QU ID O 41 8.4 35 6,3 6% -4 ,17 % -1 7,2 9% 43 6.6 59 8,6 4% -1 3,6 9% 50 5.9 09 11 ,74 % 10 0,0 0% FO N TE : A ss af N et o (2 01 2) 37 Uso Dos Demonstrativos Financeiros Capítulo 2 5.1 Ativo Circulante (AC) Deve ser comparado com os percentuais de variação (horizontal) do Ativo não Circulante/Realizável a Longo Prazo (RLP) com as variações identificadas no Ativo Circulante (AC). Uma companhia que tem a RLP superior ao AC pode ter problemas com liquidez. Também é importante verificar o circulante e o realizável a longo prazo (análise vertical), porque se houver aumento nas contas a receber e nos estoques, pode comprometer a liquidez imediata e seca. • Contas a receber a curto prazo: Deve ser observada a evolução dessas contas, comparando-as com as de períodos anteriores. Qualquer mudança pode revelar, por exemplo, mudança na política de vendas a prazo. Também deve ser observado se o saldo de contas a receber acompanha a taxa de crescimento de vendas (DRE), podendo identificar mudanças na política de prazos concedidos. • Estoques: Ao analisar os estoques, é preciso estar atento aos seguintes itens: Giro de Estoques e Índice de liquidez Seca. Se uma empresa tem boa Liquidez Corrente e tiver uma baixa rotação do estoque, pode ter sérios problemas, por isso é importante analisar a Liquidez Seca, para se garantir que não há algum desvio no indicador da empresa em relação a seu índice de liquidez seca. Se uma empresa apresenta o estoque muito alto comparado com as outras contas, isso pode significar excesso de compra ou produção ou estoque de itens obsoletos. 5.2 Ativo Não Circulante – Realizável a Longo Prazo (RLP) Para Silva (2012, p. 122), “quando o saldo das contas que compõem este grupo patrimonial aumenta de um exercício para outro, pode estar apresentando a transferência de recursos do curto prazo, e, quando diminui, representa remessas para o curto prazo”. Seu aumento pode decorrer também do aumento das vendas a prazo, do aumento dos prazos concedidos ou do baixo giro (ineficácia) da carteira de cobrança. Na redução, raciocina-se de forma inversa. 38 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices 5.3 Ativo Não Circulante – Permanente (AP) Deve ser verificado junto com o Passivo Não circulante/Exigível a Longo Prazo e o Patrimônio Líquido, por meio da análise da estrutura de capital. É possível também identificar quanto dos recursos não correntes da empresa será aplicado no AP, por meio da análise do grau de imobilização. Se uma empresa investe muito no AP, mais ela fica dependente do capital de terceiros para o seu capital de giro. 5.4 Passivo Circulante (PC) As modificações encontradas no PC devem ser comparadas com os percentuais de variação (horizontal e vertical) do Passivo não Circulante/Exigível a Longo Prazo (ELP). 5.5 Passivo Não Circulante – Exigível A Longo Prazo (ELP) Caso o ELP apresente aumento no saldo das contas de um exercício para outro, pode ser derivado de novos recursos de longo prazo e sua diminuição na reclassificação de valores para o curto prazo. Uma empresa que tem o ELP alto, significa que obtém financiamentos de longo prazo, os quais deverão ser identificados como: aquisição de máquinas ou equipamento ou renovação da frota, projeto de ampliação das instalações, ou seja, imobilizações (Ativo Permanente). Para conhecer a natureza das dívidas, o analista deverá ser criterioso, e procurar identificar as contas que compõem este grupo através da análise vertical. 5.6 Patrimônio Líquido (PL) O PL pode ser identificado na evolução de seus saldos de Contas (PL), e também no referido grupo patrimonial, através da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), na qual podem ser identificadas alterações dentro do exercício social nas contas do PL. A DMPL é indispensável na análise da evolução do PL, por trazer informações que complementam a Demonstração de Resultado e no Balanço Patrimonial. O crescimento do PL de um exercício para 39 Uso Dos Demonstrativos Financeiros Capítulo 2 outro é um indicativo positivo na análise econômica. Quanto maior a participação do PL for nas fontes de recursos, menos a empresa será dependente de capital de terceiros. 6 Análise Horizontal e Vertical da Demonstração do Resultado do Exercício A análise deve iniciar com a observação do progresso do comportamento das principais contas da Demonstração de Resultado e também dos indicadores a ela relacionados. Devem ser considerados, na análise vertical da DRE, o aumento das receitas e o controle sobre custos e despesas, descontando a inflação do período. Para Silva (2012, p. 124), o analista deve estar bastante atento ao nível de variação horizontal no volume de faturamento bruto, pois é necessária extrema cautela para extrair conclusões quando ocorrer uma variação brusca das vendas e não houver proporcionalidade com a evolução dos custos e despesas. Veja a seguir a Análise horizontal e vertical da Demonstração do Resultado do Exercício da Cia. Lucro Certo (SILVA, 2012): 40 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices De sc riç ão d a c on ta Va lo r AV AH AH Va lo r AV AH Va lo r AV AH (M il) ac um ul ad a (M il) (M il) Re ce ita B ru ta d e V en da s/S er viç os 9.2 60 .29 1 13 2,7 6% 19 ,92 % 84 ,47 % 7.7 22 .35 8 13 4,7 4% 53 ,83 % 5.0 20 .04 2 13 2,6 6% 10 0,0 0% ( - ) D ed uç õe s d a R ec eit a B ru ta -2 .28 5.2 01 -3 2,7 6% 14 ,77 % 84 ,89 % -1 .99 1.0 31 -3 4,7 4% 61 ,09 % -1 .23 5.9 49 -3 2,6 6% 10 0,0 0% ( = ) Re ce ita L íq ui da d e V en da s/S er viç os 6.9 75 .09 0 10 0,0 0% 21 ,70 % 84 ,33 % 5.7 31 .32 7 10 0,0 0% 51 ,46 % 3.7 84 .09 3 10 0,0 0% 10 0,0 0% ( - ) C us to de B en s e /ou S er v. Ve nd ido s -4 .74 1.3 11 -6 7,9 7% 21 ,59 % 81 ,18 % -3 .89 9.3 73 -6 8,0 4% 49 ,01 % -2 .61 6.9 14 -6 9,1 6% 10 0,0 0% ( = ) Re su lta do B ru to 2.2 33 .77 9 32 ,03 % 21 ,93 % 91 ,38 % 1.8 31 .95 4 31 ,96 % 56 ,96 % 1.1 67 .17 9 30 ,84 % 10 0,0 0% ( + ) De sp es as /R ec eit as O pe ra cio na is -1 .99 1.7 19 -2 8,5 5% -2 2,1 4% 10 1,8 5% -1 .63 0.6 70 -2 8,4 5% 65 ,26 % -9 86 .74 3 -2 6,0 8% 10 0,0 0% D es pe sa s c om V en da s -1 .21 7.1 86 -1 7,4 5% 23 ,78 % 91 ,49 % -983 .32 4 -1 7,1 6% 54 ,70 % -6 35 .63 5 -1 6,8 0% 10 0,0 0% G er ais e Ad mi nis tra tiv as -1 20 .95 8 -1 ,73 % -6 ,30 % 56 ,43 % -1 29 .09 3 -2 ,25 % 66 ,96 % -7 7.3 22 -2 ,04 % 10 0,0 0% R ec eit as /F ina nc eir as Lí qu ida s -3 59 .49 9 -5 ,15 % -1 ,78 % 18 4,2 6% -3 66 .02 1 -6 ,39 % 18 9,4 2% -1 26 .46 7 -3 ,34 % 10 0,0 0% R ec eit as F ina nc eir as 39 9.6 39 5,7 3% 38 7,1 2% 10 7,8 5% 82 .04 1 1,4 3% -5 7,3 3% 19 2.2 71 5,0 8% 10 0,0 0% D es pe sa s F ina nc eir as 75 0.1 38 10 ,88 % 60 ,43 % 13 8,4 7% 44 8.0 62 7,8 2% 40 ,57 % 31 8.7 38 8,4 2% 10 0,0 0% R es ult ad o d a E qu iva lên cia P atr im on ial 0 0,0 0% 0,0 0% 0,0 0% 0 0,0 0% 0,0 0% 0 0,0 0% 10 0,0 0% O utr as R ec eit as /D es pe sa s L íqu ida s -2 94 .07 6 -4 ,22 % 93 ,18 % 99 ,62 % -1 52 .23 2 -2 ,66 % 3,3 3% -1 47 .31 9 -3 ,89 % 10 0,0 0% O utr as R ec eit as 0 0,0 0% -1 00 ,00 % -1 00 ,00 % 34 7 0,0 1% -6 1,4 0% 89 9 0,0 2% 10 0,0 0% O utr as D es pe sa s -2 94 .07 6 -4 ,22 % 92 ,74 % 98 ,41 % -1 52 .57 9 -2 ,66 % 2,9 4% -1 48 .21 8 -3 ,92 % 10 0,0 0% ( = ) Re su lta do O pe ra cio na l 24 2.0 60 3,4 7% 20 ,26 % 34 ,15 % 20 1.2 84 3,5 1% 11 ,55 % 18 0.4 36 4,7 7% 10 0,0 0% ( = ) Re su lta do A nt es Tr ib ut aç ão /P ar tic ip aç õe s 24 2.0 60 3,4 7% 20 ,26 % 34 ,15 % 20 1.2 84 3,5 1% 11 ,55 % 18 0.4 36 4,7 7% 10 0,0 0% ( - ) P ro vis ão p/ IR /C on trib . S oc ial -8 0.2 11 -1 ,15 % -1 7,3 8% 18 ,89 % -6 8.3 36 -1 ,19 % 1,2 9% -6 7.4 66 -1 ,78 % 10 0,0 0% ( - ) IR D ife rid o -4 .75 6 -0 ,07 % -1 44 ,14 % -1 20 ,58 % 10 .77 4 0,1 9% -5 3,3 7% 23 .10 5 0,6 1% 10 0,0 0% ( - ) P ar tic ipa çõ es /C on trib . E sta tut ár ias -7 .23 8 -0 ,10 % -3 9,3 1% -1 ,05 % -11 .92 7 -0 ,21 % 66 ,51 % -7 .16 3 -0 ,19 % 10 0,0 0% ( - ) R ev er sã o d os Ju ro s s ob re C ap ita l P ró pr io 0 0,0 0% 0,0 0% 0,0 0% 0 0,0 0% 0,0 0% 0 0,0 0% 10 0,0 0% ( - ) P ar t. d e A cio nis tas N ão C on tro lad or es -3 3.2 67 -0 ,48 % 15 ,39 % -5 17 ,08 % -2 8.8 31 -0 ,50 % 43 4,8 0% -5 .39 1 -0 ,14 % 10 0,0 0% ( = ) Lu cr o/ Pr eju ízo d o Ex er cíc io 11 6.5 88 1,6 7% 13 ,23 % -5 ,61 % 10 2.9 64 1,8 0% -1 6,6 4% 12 3.5 21 3,2 6% 10 0,0 0% Q U A D R O 5 – A N Á LI S E V E R TI C A L E H O R IZ O N TA L N O B A LA N Ç O FO N TE : A ss af N et o (2 01 2) 41 Uso Dos Demonstrativos Financeiros Capítulo 2 6.1 Receita Bruta Busca identificar os motivos que determinam seu crescimento ou queda, através da análise da receita bruta ao longo dos períodos e a sua evolução. Podendo identificar, por exemplo, novos produtos, novos mercados, aumento considerável no volume de vendas ou dos preços das mercadorias, perda de grandes clientes, fechamentos de filiais, sinistros, etc. 6.2 Custo Dos Produtos Vendidos Busca verificar se a empresa se manteve no mesmo nível dos custos em relação à sua receita bruta (análise vertical). Caso haja variações, o analista deve identificar quais as possíveis causas determinantes, por exemplo, uma empresa que tenha um faturamento aumentado e custos reduzidos significa que está sendo bem administrada, significando ainda que na aquisição de matéria-prima, mercadorias para revenda e demais custos foram devidamente considerados pela boa gestão. 6.3 Lucro Bruto Através das ocorrências verificadas na Receita Bruta e Custos dos Produtos Vendidos, poderá ser analisado o lucro bruto. 6.4 Despesas Operacionais O analista deve verificar as variações ocorridas nas principais contas demonstradas, pois as despesas operacionais revelam de forma direta a preocupação da empresa em lidar com a gestão dos negócios. Normalmente é nesse grupo de contas que verificamos a capacidade dos administradores em promover os saneamentos porventura necessários. 6.5 Lucro Operacional O Lucro operacional, segundo Silva (2012, p. 126), “é o resultado das políticas de vendas, de custos e de controle das despesas, demonstrados nos itens anteriores”. É interessante a análise do Lucro Operacional expurgando os efeitos das Receitas e Despesas Financeiras, já que uma empresa pode possuir uma 42 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices forte lucratividade operacional e, ao finalizar a apuração do resultado, apresentar uma forte redução no seu lucro líquido, ou até mesmo findar o exercício com prejuízos em decorrência da má gestão dos seus custos operacionais, inclusive dos encargos financeiros. Junto com a análise do Lucro Operacional, o analista deve avaliar também a capacidade da empresa em gerar caixa, através da análise EBITDA, cuja apuração será abordada mais à frente. Além dessa providência, poderá proceder à reclassificação das contas que compõem a DRE, de forma a melhor identificar os elementos acima descritos. O acrônimo EBITDA significa Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização, que é a tradução da expressão em inglês Earnings before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization. O cálculo do EBITDA permite conhecer quanto a companhia está gerando de caixa com base exclusivamente em suas atividades operacionais, desconsiderando os impactos financeiros e dos impostos. Fonte: Disponível em: <https://www.dicionariofinanceiro. com/ebitda/>. Acesso em: 13 ago. 2018. 6.6 Receitas e Despesas Financeiras É bastante acentuada nas empresas com problemas de capital de giro próprio, por refletir a política de captação de recursos junto a terceiros. 6.7 Lucro Líquido Aqui se encontra o principal elemento para avaliar o nível de rentabilidade da companhia, realizando comparações entre o Ativo Total, Patrimônio Líquido e Vendas Líquidas. Por exemplo, analisar a rentabilidade de uma empresa, sendo a rentabilidade adequada e a liquidez não, precisarão ser verificados os quocientes de rotatividade, como contas a receber, giro de estoque e fornecedores, e também os quocientes de endividamento. 43 Uso Dos Demonstrativos Financeiros Capítulo 2 6.8 Lucros Distribuídos É opcional, mas também é obrigatória por determinação legal ou estatutária. Uma empresa que enfrente dificuldades com seu capital de giro não deveria promover distribuição de lucros. 7 Análise Horizontal e Vertical da Demonstração dos Fluxos de Caixa Análise horizontal e vertical da demonstração dos fluxos de caixa, segundo Silva (2012, p. 127), “evidenciaas alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa, estruturando a informação em três fluxos de atividades: atividades operacionais, atividades de investimento e atividades de financiamento”. Através dessa análise será possível: Horizontalmente • Verificar o crescimento ao longo do tempo dos componentes que contribuíram na geração e desembolsos dos recursos que percorreram na empresa, sejam eles consequência de atividade financeira, operacional ou de investimento. Verticalmente • Distinguir a participação de cada aplicação de recursos e fonte na estrutura da demonstração. • Identificar a participação de cada elemento em termos percentuais do fluxo de geração e aplicação de recursos dentro da estrutura de investimento, operacional ou de financiamento. • Entender as principais variações acontecidas dentro do fluxo de caixa ao longo dos exercícios analisados. Análise horizontal e vertical da demonstração dos fluxos de caixa, evidencia as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa. 44 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices 8 Análise Horizontal e Vertical da Demonstração do Valor Adicionado A demonstração do valor adicionado comprova o valor da riqueza gerada pela empresa e sua distribuição entre os elementos responsáveis por tais riquezas, como: financiadores, acionistas, empregados, governo e outros. A análise dessa demonstração permitirá identificar: Horizontalmente • O desenvolvimento dos elementos geradores de riqueza e sua destinação ao longo do tempo. Verticalmente • A participação de cada fonte de geração de receita no total de cada exercício. • A participação dos gastos na compra de insumos de terceiros. • A participação de outras fontes de recursos, por exemplo, receitas financeiras. • Os gastos com amortização, depreciação e exaustão. • O percentual de distribuição do valor adicionado com: impostos, pessoal, taxas e contribuições, remuneração de capitais próprios e remuneração de capital de terceiros. 9 Análise Através de Índices ou Quocientes Conforme Silva (2012, p. 110), além da análise horizontal e vertical, “faz-se necessária apuração de quocientes ou índices que forneçam uma ampla visão da situação econômica, financeira e patrimonial da empresa”. A análise deve ser realizada através da construção de série histórica de índices, apurados através da relação entre contas ou grupos de contas que integram as demonstrações contábeis. Na prática, os rendimentos das informações obtidas não são proporcionais à quantidade de índices analisados, por isso, o analista deverá ser cuidadoso, não se estendendo na análise de muitos índices. 45 Uso Dos Demonstrativos Financeiros Capítulo 2 10 Outras Metodologias Complementares O analista deverá proceder análises sobre a situação financeira através das seguintes metodologias: • Análise da alavancagem. • Determinação do grau de insolvência, através de modelos estatísticos. • Análise das necessidades de capital de giro. • Análise da Demonstração dos Fluxos de Caixa. • Análise da Demonstração do Valor Adicionado. • Análise da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. • Análise fundamentalista. • Análise do Balanço Social. • Análise de EBITDA. 10.1 Análise Da Alavancagem De acordo com Silva (2012), através dessa análise é possível determinar o resultado do uso de ativos ou fundos a custo fixo para ampliar os retornos dos investimentos pelos proprietários e acionistas da empresa, medindo os graus de alavancagem operacional, financeira e total. 10.2 Análise Das Necessidades de Capital de Giro (Ncg) Esta análise busca identificar o montante de recursos que a empresa precisa em função do seu ciclo financeiro. Permite também identificar a situação financeira da empresa, expondo o nível de recursos necessários para manter o giro de negócios. 10.3 Determinação de Grau de Insolvência Através de Modelos Estatísticos O estado de insolvência de uma empresa pode ser definido quando os seus ativos forem inferiores ao valor dos seus passivos (Passivo a Descoberto), resultando na incapacidade de pagar as suas obrigações financeiras na data de seu vencimento. 46 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices 10.4 Análise da Demonstração Dos Fluxos de Caixa (DFC) Esta análise permite mostrar a capacidade da empresa em gerar caixa por meio de suas atividades operacionais, identificando também como a organização está financiando os seus investimentos e necessidades de capital de giro. O analista conseguirá perceber, através dos fluxos de caixa financeiros, operacionais e de investimento, a competência da empresa no uso dos recursos gerados decorrentes das atividades operacionais. 10.5 Análise da Demonstração Das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) Essa análise favorece a compreensão do crescimento do capital próprio em determinado período, do status das reservas obrigatórias, da distribuição do resultado do exercício, bem como a rentabilidade efetiva dos acionistas, por meio de análises vertical e horizontal dos saldos das contas e do total das mutações. 10.6 Análise da Demonstração do Valor Adicionado (DVA) Através da análise da demonstração do valor adicionado, é possível determinar a capacidade da empresa em gerar riqueza. Silva (2012) destaca que através da análise da DVA é possível obter: • O nível de contribuição de uma empresa para a riqueza regional ou setorial. • Conferir a contribuição da empresa à sociedade em geral por meio de pagamento de impostos ao governo. • Permitir às empresas determinarem o grau de participação da mão de obra na geração de sua riqueza. As possibilidades de utilização de indicadores são variadas, em que destacamos, conforme Silva (2012): • Utilização do valor adicionado como medida de profundidade (Valor adicionado/ Número de empregados). 47 Uso Dos Demonstrativos Financeiros Capítulo 2 • Quociente entre mão de obra e valor adicionado ou vice-versa. • Quociente entre valor adicionado e faturamento. • Quociente entre valor adicionado e ativo total. • Quociente entre a remuneração do capital e o financiamento do ativo total. • Quociente entre gastos com pesquisa e desenvolvimento e valor adicionado. • Quociente entre valor adicionado do ano e do ano anterior. • Quociente entre gastos com pessoal e valor adicionado. • Quociente entre gastos com impostos e valor adicionado. • Quocientes entre gastos com juros e aluguéis e valor adicionado. • Quocientes de lucros retidos e dividendos e valor adicionado. 10.7 Análise do Balanço Social Neste relatório são armazenados dados obtidos a partir das demonstrações contábeis, um exemplo é a própria DVA. 10.8 Análise Fundamentalista É um método no qual os alvos são os indicadores de rentabilidade e a performance de suas ações no mercado de capitais, é principalmente usada pelos analistas do mercado de capitais. A partir da análise histórica é possível fazer projeções quanto ao comportamento de preços de ações, estudando as particularidades de cada empresa. O objetivo do analista é dar suporte à tomada de decisão de investidores em relação às ações que devem ser vendidas ou compradas, com isso, deverá utilizar as demonstrações contábeis da companhia e reunir ao máximo dados macroeconômicos e informações setoriais. Normalmente esta análise é chamada de “Análise Técnica” ou “Análise Gráfica”, ou seja, é realizada por meio do estudo de gráficos referentes às tendências no volume de ações negociadas e cotação de preços, facilitando ao analista determinar, mediante a observação das curvas, suas provisões sobre o comportamento futuro dos volumes e preços. A Teoria de Dow é a principal teoriausada pelos “grafistas” na interpretação destes gráficos. Esta teoria foi baseada em dois pressupostos: • As alterações diárias que ocorrem nos índices consideram o julgamento de todos os investidores. Portanto, essas alterações descontam tudo o que pode afetar a oferta e a demanda de ações. “Os preços descontam tudo” (SILVA, 2012, p. 113). 48 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices • O mercado apresenta movimentos oscilatórios de três amplitudes distintas: longo prazo, compreendendo períodos de um ano ou mais; médio prazo, com duração de três semanas a alguns meses, e curto prazo, com duração de seis dias a três semanas (SILVA, 2012). Esta análise trabalha basicamente o estudo de tendências de vários indicadores, dentre os quais, destacamos os principais: a) P/L (Preço/Lucro): Este indicador demonstra o prazo de retorno do investimento. É apurado mediante a divisão do valor da cotação de um determinado papel, em certo momento, pelo lucro líquido por ação proporcionado pela empresa. Por exemplo, quanto mais baixo for o P/L, mais aconselhável será realizar aquisições das ações verificadas, e vice-versa. P/L = Valor de cotação da ação Lucro por Ação b) Lucro por Ação (LPA): Demonstra a rentabilidade das ações em relação ao seu preço de mercado, revelando assim a rentabilidade anual do investidor (SILVA, 2012, p. 144). c) Dividend Yield (LPA): Esta é uma medida para determinar o ganho real, pois confirma qual o percentual de rentabilidade que o acionista conseguiria na sua parte de capital da empresa. Através desta é possível conhecer quantas ações seria possível comprar, em determinado tempo, pela sua cotação corrente, com o valor total da remuneração paga aos acionistas. LPA = Lucro Líquido x 100 Número de ações DY = Dividendo por Ação x 100 Valor de cotação da ação c) Valor Patrimonial por Ação (VPA): Demonstra o vínculo entre o número de ações do capital e o PL. É chamado também de valor nominal da ação. VPA = Patrimônio Líquido Número de ações 49 Uso Dos Demonstrativos Financeiros Capítulo 2 d) Pay-out: Possibilita verificar a eficácia da empresa em gerar lucros suficientes para os pagamentos de dividendos. Também representa o quanto a empresa distribuiu de dividendos em relação ao lucro gerado. Pay-out = Dividendo pago por Ação Lucro por Ação 10.9 Análise de Ebitda A EBITDA corresponde em inglês, Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, significa lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, conhecido como LAJIDA. No Brasil é conhecido como LAJIDA e LAJIR. O LAJIR (Lucro antes dos Juros e Impostos sobre a renda incluindo contribuição Social sobre o Lucro Líquido) e LAJIDA (Lucro antes de Juros, Impostos sobre a Renda incluindo Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, Depreciação e Amortização). A divulgação no Brasil vem sendo feita pela maioria das empresas de capital aberto, mesmo não sendo obrigatória. O EBITDA, para Silva (2012), não representa o volume monetário efetivo que ingressou no caixa da empresa, já que pelo regime de competência nem todas as despesas podem estar efetivamente pagas quando da apuração do resultado. O EBITDA deve ser visto como um indicador do potencial de geração de caixa proveniente de ativos operacionais. O que se quer com o EBITDA é o valor do caixa, ou melhor, do potencial de geração de caixa (portanto, valores antes de se considerarem as depreciações) produzido pelos ativos genuinamente operacionais (excluindo-se então as receitas financeiras que, neste caso, não são o objetivo da empresa), sem os efeitos decorrentes da forma de financiamento da empresa (portanto, excluindo-se também as despesas financeiras) e antes dos efeitos dos tributos sobre o resultado (Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro, no caso brasileiro). Muito se tem comentado sobre a utilização, por consideração quanto à visão deste indicador como uma medida confiável. Isso se deve porque em seu valor não estão computados os impactos do endividamento da empresa e as despesas financeiras a ele agregados, isto pode levar a uma falsa ideia de crescimento e potencial de geração de caixa, quando houver casos em que os valores de financiamento sejam consideráveis em relação ao volume total de capital de terceiros à disposição da empresa. 50 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices A análise deve ser feita, assim, como qualquer outro indicador, considerando uma série histórica, associando-se com outras medidas de desempenho. Caso a empresa esteja com ocorrência prolongada do EBITDA negativo, pode-se dizer que ela esteja consumindo caixa ao invés de gerá-lo de forma capaz para manter suas atividades. O EBITDA gerado deveria ser capaz o suficiente para o pagamento das despesas com juros e impostos sobre os lucros, e ainda sobrar para pagar os sócios com a distribuição de dividendos. Atividade de Estudos: 1) Conceitue análise vertical e horizontal. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Qual é o significado de EBITDA, e que tipo de análise ele proporciona para gestão. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 11 Algumas Considerações O uso da análise vertical e horizontal é recomendado para todas as empresas, pois é um método que torna possível estabelecer as proporções entre cada elemento de um exercício social ou análise, através do crescimento percentual que concede a comparação por tendências positivas e negativas. 51 Uso Dos Demonstrativos Financeiros Capítulo 2 É um dos métodos mais simples de aplicação e também um dos mais importantes para avaliação do desempenho empresarial no que se refere à riqueza. Referências ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 762 p., il. GROPPELLI, Angelico A.; NIKBAKHT, Ehsan. Administração financeira. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. xv, 496 p, il. (Essencial). MAGALHÃES, Antonio de Deus Farias; LUNKES, Irtes Cristina; MÜLLER, Aderbal Nicolas. Auditoria das organizações: metodologias alternativas ao planejamento e a operacionalização dos métodos e das técnicas. São Paulo: Atlas, 2001. MATARAZZO, Dante C. (Dante Carmine). Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003. MORANTE, Antonio Salvador. Contabilidade: noções para análise de resultados e balanço patrimonial da empresa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. SILVA, Alexandre Alcântara da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. 3. ed. ampl. e atual. conforme Lei nº 11.638/07 e Lei nº 11.941/09 e pronunciamentos do CPC. São Paulo: Atlas, 2012. 52 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices CAPÍTULO 3 Padronização dos Demonstrativos Financeiros A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Analisar as padronizações dos demonstrativos financeiros. � Aplicar as padronizações dos demonstrativos financeiros. 54 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices 55Padronização dos Demonstrativos Financeiros Capítulo 3 1 Contextualização O objetivo desse capítulo é analisar e aplicar as padronizações dos demonstrativos financeiros. As demonstrações financeiras precisam ser preparadas para análise para terem um formato padronizado previamente determinado. Ou seja, consiste em uma crítica (análise) às contas das demonstrações financeiras e também a transcrição delas quando necessário para um modelo. 2 Padronizações Das Demonstrações Contábeis A LSA (Lei das S.A.) estabelece diretrizes, conforme Lei 6.404/ 76, os seus artigos 176 e 177 (PLANALTO, 2018), sobre a elaboração e publicação de demonstrações contábeis, conforme a seguir: • Periodicidade: São formuladas no final de cada exercício social. • Objeto: Deverá expressar com transparência a situação do patrimônio da empresa mediante as mutações acontecidas no exercício. • Comparabilidade: Serão publicadas as demonstrações de cada exercício com a indicação dos valores referentes ao exercício anterior. • Agrupamento de contas: As contas semelhantes poderão ser agrupadas nas demonstrações, os pequenos saldos poderão ser agregados, desde que não ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do respectivo grupo de contas e desde que indicada a sua natureza. Não será possível usar designações genéricas, como “contas correntes” ou “diversas contas”. • Indicação da destinação dos lucros: Segundo a proposta dos órgãos da administração, no propósito de sua aprovação pela assembleia geral, as demonstrações financeiras precisarão registrar a destinação dos lucros. A Comissão de Valores Mobiliários poderá, sob avaliação, disciplinar de modo diverso esta forma de registro. • Registros contábeis: A escrituração da empresa deverá ser mantida em registros permanentes, em conformidade aos preceitos da LSA, da legislação comercial e aos conceitos de contabilidade geralmente aceitos, devendo verificar critérios ou métodos contábeis iguais no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência. • Registros extracontábeis: A empresa analisará unicamente em livros ou registros auxiliares, sem qualquer alteração na escrituração mercantil das demonstrações reguladas nesta Lei. 56 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices • Observância de normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM): Conforme o autor Silva (2012, p. 82), as demonstrações financeiras das companhias de capital aberto observarão, ainda, as normas expedidas pela CVM. A CVM, especialmente através dos Pareceres de Orientação nº 15/87 e 18/90, estabelece procedimentos a serem observados pelas sociedades anônimas de capital aberto quanto à elaboração e publicação de demonstrações financeiras, notas explicativas, relatório da administração e pareceres de auditoria. A LSA, após alteração introduzida pela Lei nº 11.638/07, determina que as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários deverão ser elaboradas em consonância com os padrões internacionais de contabilidade adotados nos principais mercados de valores mobiliários. • Responsáveis pela divulgação: As demonstrações financeiras deverão ser assinadas por contabilistas legalmente habilitados e pelos administradores. • Crivo de Auditoria: Serão obrigatoriamente submetidas à auditoria por auditores independentes nelas registrados, todas as demonstrações contábeis das companhias de capital aberto. • Companhias fechadas: Fica a critério das companhias fechadas querer ou não observar as normas sobre demonstrações financeiras expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários para as companhias abertas. 3 Consolidação Das Demonstrações Contábeis A companhia aberta que tiver mais de 30% (trinta por cento) do valor do seu patrimônio líquido representado por investimentos em sociedades controladas, conforme Lei 6.404/76, artigo 249 da LSA (PLANALTO, 2018), deverá elaborar e divulgar, juntamente com suas demonstrações financeiras, as demonstrações consolidadas, estabelecendo as regras a serem analisadas quando de sua elaboração. A Lei 6.404/76 LSA (art. 243 – nova redação dada pela Lei nº 11.941/09) determina como controlada a sociedade na qual a controladora, expressamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe proporcionem, de modo duradouro, predominância nas deliberações sociais e o poder de nomear a maioria dos administradores. E no caso das coligadas, sociedades nas quais a investidora tenha influência significativa. É caracterizada influência quando a investidora for titular de 20% (vinte por cento) ou mais do capital votante da empresa, sem controlá-la. Ou seja, considera- se que há influência significativa quando a investidora detém ou exerce o poder de participar dos pareceres das políticas financeira ou operacional da investida, sem controlá-la. 57 Padronização dos Demonstrativos Financeiros Capítulo 3 Se forem exigidas pela Comissão de Valores Mobiliários, as companhias de capital aberto precisarão divulgar as informações adicionais sobre coligadas e controladas. 4 Qualidade Das Informações Contábeis O processo de análise de demonstrações contábeis e dos relatórios e pareceres que as acompanham só alcançará bons resultados se estas informações tiverem boa qualidade. Por boa qualidade entende-se que expressem, conforme Silva (2012): • Confiabilidade: com relatórios precisos e auditados. • Abrangência: com a informação de todo o movimento da empresa. • Objetividade: com destaque nos pontos mais importantes. • Oportunidade: com dados atuais. As demonstrações contábeis e demais unidades que lhe acompanham devem ser mostradas com o intuito de atender a duas exigências básicas, refletindo uma boa governança corporativa: dever de prestar contas (accountability) e transparência (disclosure). Um dos meios para o atendimento destes requisitos de transparência e dever de prestar contas é o Relatório de administração e as Notas explicativas. A legislação ainda não impõe como obrigatório, mas muitas empresas apresentam informações e demonstrativos. Para as companhias de capital aberto, já se tornou comum manter um departamento de atendimento direto aos investidores, denominado de RI (Relações com Investidores), fornecendo informações detalhadas e favoráveis quanto aos seus negócios. Com a importância dada aos investidores, foi criado um IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores). A missão do IBRI é incentivar e promover atividades de Relações com Investidores (RI) junto com as empresas e os profissionais ligados ao mercado de capitais no Brasil e no exterior, por meio da promoção de intercâmbio voluntário de experiências, informações e ideias sobre técnicas e métodos de RI entre os membros do Instituto, e estimular a adoção de padrões profissionais e éticos de conduta e trabalho dos membros ligados às atividades de RI. O processo de análise de demonstrações contábeis e dos relatórios e pareceres que as acompanham só alcançará bons resultados se estas informações tiverem boa qualidade. 58 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices A Comissão de Valores Mobiliários pode estabelecer às companhias abertas que publiquem, com adiantamentos ou correções, demonstrações financeiras, informações ou relatórios divulgados. Essas determinações também são divulgadas no site da CVM. Hoje, existem várias instituições com o intuito de premiar as melhores empresas que apresentarem seus relatórios anuais, atentando-se rigorosamente aos critérios de transparência. As principais premiações são: • Troféu Transparência ANEFAC – FIPECAFI – SERASA EXPERIAN. • Prêmio ABRASCA – Relatório Anual. 4.1 Troféu Transparência Anefac – Fipecafi – Serasa Experian As empresas que poderão concorrer ao TroféuTransparência ANEFAC – FIPECAFI – SERASA EXPERIAN são aquelas com sede em território nacional, selecionadas entre as melhores e maiores organizações do Brasil, nas áreas de serviço, indústria e comércio, exceto serviços financeiros. Não há imposição quanto ao formato jurídico, podendo ser Ltda, S.A. etc. Para participarem, as empresas precisam ter divulgado as seguintes demonstrações e informações complementares: • Demonstração do Resultado do Exercício. • Balanço Patrimonial. • Demonstração dos Fluxos de Caixa. • Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. • Notas Explicativas. A página da internet do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores é <www.ibri.org.br>. Para informações na página da internet da Comissão de Valores Mobiliários, acesse: <www.cvm.gov.br>. 59 Padronização dos Demonstrativos Financeiros Capítulo 3 • Relatório da Administração. • Demonstrações Comparativas. • Parecer dos Auditores Independentes. Para as empresas ganharem o prêmio, são levados em conta alguns critérios relacionados à qualidade e grau de informações inclusas nas demonstrações e notas explicativas: • Transparência nas informações prestadas. • Qualidade e grau de informações inclusas nas demonstrações e notas explicativas. • Aderência aos Princípios Contábeis. • Qualidade do relatório da administração e sua consistência com as informações divulgadas. • Apresentação da divulgação quanto a layout, legibilidade, concisão, clareza etc. • Divulgação de aspectos relevantes, não exigidos legalmente, mas importantes para o negócio. • Ressalvas no parecer dos auditores independentes, levando-se em conta suas naturezas. 4.2 Prêmio Abrasca – Relatório Anual Poderão concorrer ao Prêmio ABRASCA – Relatório Anual as empresas de capital aberto ou fechado que tenham publicado seus relatórios anuais impressos ou on-line. Empresas que tenham divulgado relatórios unicamente em jornais não poderão concorrer. De acordo com os organizadores e apoio da ABERJE, da ABVCAP, da ANBIMA, da AMEC, da ANEFAC, da ANDIMA, da APIMEC SÃO PAULO, da APIMEC NACIONAL, da BM&FBOVESPA, do IBEF SÃO PAULO, do IBGC, do IBRI, do IBRACON e do INI, o intuito do prêmio é incentivar o aperfeiçoamento da elaboração de relatórios com maior transparência, clareza, qualidade e quantidade de informações e caráter empreendedor, tanto no projeto gráfico quanto na apresentação expositiva. Além das empresas com capital aberto e fechado, também existe uma categoria para organizações não empresariais, como fundações, associações de classe, instituições de ensino, igrejas, clubes, filantrópicas e similares. Conforme a comissão julgadora, os prêmios são outorgados às empresas que melhor apresentarem os seus relatórios anuais, referente aos seguintes aspectos: 60 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices • Apresentação de informações não obrigatórias. • Clareza e conteúdo das informações. • Impressão geral do relatório. • Caráter educativo do documento. As empresas de qualquer categoria (abertas ou fechadas) poderão ser desclassificadas caso falte qualquer informação ou demonstração obrigatória por lei, ou, por instrução da CVM, do parecer da Auditoria Externa, a existência de “negativa de opinião” ou de “parecer adverso” da Auditoria Externa. A Comissão Julgadora valorizará as empresas com relação às informações espontâneas, como: • Análise do custo de capital total. • Análise comparativa do DVA. • Análise dos aspectos econômico-financeiros (MD&A). • Aspectos socioambientais. • Exposição sobre a estratégia global da organização/empresa. • Ativos intangíveis. • Gestão de risco. • Fluxo de caixa. • Informações sobre os mercados em que a empresa/organização atua; segmentação das vendas por áreas/ ou produtos/ ou serviços. • Governança corporativa (práticas já adotadas ou em vias de adoção). • Investimentos. • Perfil da empresa (ou grupo) /organização. • Mensagem de abertura do presidente do Conselho e / ou do presidente executivo. • Quadro-resumo dos principais indicadores de desempenho operacional e financeiro, inclusive medidas de produtividade, nos últimos exercícios. A Comissão Julgadora levará em conta, no caso das organizações não empresariais, os seguintes aspectos: • Demonstrações financeiras. • Desempenho da entidade na defesa dos interesses de seus associados. • Atuação do setor e da entidade no campo socioambiental. • Fluxo de caixa. • Indicadores das atividades operacionais e financeiras. • Relevância do setor em que atua para o desenvolvimento do país. • Grau de representatividade da entidade em seu setor. 61 Padronização dos Demonstrativos Financeiros Capítulo 3 Atividade de Estudos: 1) Cite quais são as diretrizes da LSA (Lei das S.A.) sobre a elaboração e publicação de demonstrações contábeis. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Quais os requisitos esperados de uma qualidade de informações contábeis? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 5 Algumas Considerações Quando alguma companhia publica suas demonstrações financeiras, mesmo estando expressas em moeda, essas demonstrações precisam ser padronizadas, isso quer dizer que sejam condensadas e reclassificadas para fins de análise. A padronização é feita pelos seguintes motivos: simplificação, comparabilidade, adequação aos objetos da análise, precisão nas classificações de contas, descoberta de erros. Com a padronização, o analista determina cada conta do demonstrativo, decide sobre sua consistência com outras contas, decide qual classificação deve dar a ela e depois transcrevê-la para o modelo de padronização pretendido. Com isso, o analista poderá enxergar detalhes que antes, de outra forma, não poderia ver. 62 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices Referências GROPPELLI, Angelico A.; NIKBAKHT, Ehsan. Administração financeira. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. xv, 496 p, il. (Essencial). MAGALHÃES, Antonio de Deus Farias; LUNKES, Irtes Cristina; MÜLLER, Aderbal Nicolas. Auditoria das organizações: metodologias alternativas ao planejamento e a operacionalização dos métodos e das técnicas. São Paulo: Atlas, 2001. MATARAZZO, Dante C. (Dante Carmine). Análise financeira de balanços: abordagem gerencial. 7. ed. de acordo com as Leis n. 11.638 e 11.941. São Paulo: Atlas, 2010. MÜLLER, Aderbal Nicolas. Contabilidade básica: fundamentos essenciais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. PLANATO. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol. htm> Acesso em 02.10.2018. SILVA, Alexandre Alcântara da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. 3. ed. ampl. e atual. conforme Lei nº 11.638/07 e Lei nº 11.941/09 e pronunciamentos do CPC. São Paulo: Atlas, 2012. CAPÍTULO 4 Índices Financeiros: Usos e Tipos de Índices A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Conhecer os índices financeiros e seus diversos tipos de índices. � Escolher os indicadores adequados para os objetivos organizacionais. 64 Análise de DemonstrativosFinanceiros e Índices 65 Índices Financeiros: Usos e Tipos de Índices Capítulo 4 1 Contextualização Os indicadores financeiros fornecem uma ampla visão da situação econômica, financeira e patrimonial da empresa. São diversos os instrumentos de análise, proporcionando obter as causas que determinam as variações ocorridas e o melhor detalhamento a nível de compreensão dos motivos pelos quais a análise está sendo feita. Estes indicadores ajudam a trazer informações suficientes, para os analistas e interessados que queiram conhecer a situação econômica, financeira e patrimonial da empresa, projetando, desta forma, uma opinião sobre a real situação em que a organização se encontra. 2 Diagramas de Indicadores de Desempenho O Diagrama de índices é um dos mais importantes instrumentos de análise, colocado em sequência para que se obtenha as causas que determinam as eventuais variações ocorridas e melhor detalhamento e nível de compreensão dos motivos que influíram no crescimento apresentado nos indicadores finais de rentabilidade. Visando explicar melhor a construção e o uso desses diagramas, utilizamos os valores transcritos a seguir: QUADRO 1 - DIAGRAMA DE ÍNDICES Ativo/passivo total médio =R$ 574.200 Patrimônio líquido médio =R$ 320.300 Lucro líquido (após o IR) =R$ 35.000 Lucro líquido gerado pelos ativos (lucro operacional depois do Imposto de Renda) =R$ 73.428 Vendas líquidas =R$ 2.276.000 (Tudo corrigido para mesma moeda pela correção integral) FONTE: Assaf Neto (2012, p. 122) 66 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices 2.1 Decomposição do Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (ROE) A rentabilidade sobre o capital próprio investido em uma empresa é definida pela verificação entre o patrimônio líquido (total dos recursos próprios investidos) e o lucro líquido (após o Imposto de Renda). Assim, conforme Assaf Neto (2012), utilizando-se dos valores do exemplo apresentado, tem- se: ROE = R$ 35.000 = 10,93% R$ 320.300 Podemos verificar que os acionistas conseguiram um retorno de 10,93% sobre o seu capital aplicado, ou melhor dizendo, para cada R$ 1,00 empregado, lucraram R$ 0,1093 de retorno. Comparando este resultado com os de datas anteriores e com os representativos do setor de atividade da empresa, pode-se notar se o exercício foi ou não satisfatório. No entanto, não é possível apontar as causas que determinam a rentabilidade calculada. O comportamento deste indicador, na realidade, é função do giro do patrimônio líquido e da rentabilidade das vendas (margem líquida). O cálculo é obtido através do relacionamento das vendas líquidas com o valor total do patrimônio líquido. Conforme exposto, a rentabilidade sobre o patrimônio líquido pode ser decomposta da maneira seguinte: Retorno sobre o = Rentabilidade das vendas x Giro do Patrimônio Líquido (ROE) (Margem Líquida) Patrimônio Líquido Ou seja: Lucro Líquido = Lucro Líquido x Vendas Líquidas Patrimônio Líquido Vendas Líquidas Patrimônio Líquido 67 Índices Financeiros: Usos e Tipos de Índices Capítulo 4 Substituindo os valores ilustrativos, tem-se: R$ 35.000 = R$ 35.000 x R$ 2.276.000 R$ 320.300 R$ 2.276.000 R$ 320.300 10,93% = 1,54% x 7,10 vezes A ROE de 10,93% foi devida, basicamente, ao giro dos recursos próprios (7,10 vezes), mesmo apesar da pequena margem líquida (1,54%). Caso ocorram alterações ao longo do tempo nesse índice de rentabilidade, podem ser explicados mediante o cálculo de seus índices associados, sendo a melhor forma de identificação das causas. 2.2 Decomposição do Retorno Sobre o Ativo (ROA) É um dos mais importantes indicadores de rentabilidade de uma empresa. O cálculo é feito pela relação entre o lucro líquido gerado pelo ativo (lucro operacional) e o ativo total, os valores precisam estar expressos em moeda da mesma data. Conforme Assaf Neto (2012), pelos dados do exemplo considerado, tem-se: ROA = R$ 73.428 = 12,79% R$ 574.200 Na realidade, este indicador é o reflexo do desempenho de duas medidas: giro do ativo total e margem operacional. O giro do ativo total identifica o grau de eficácia com que os ativos são usados para a consumação das vendas da empresa. Ou seja, mostra quantas vezes as vendas cobriram os ativos totais de uma empresa em determinado ano. O cálculo é feito por meio da relação entre as vendas líquidas e os ativos totais. Tendo-se expresso o exemplo ilustrativo em valores corrigidos, o ROA pode ser desmembrado, de acordo com o proposto, da forma seguinte: Retorno sobre o = Margem x Giro do Ativo (ROA) Operacional Ativo Total 68 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices Lucro Operacional = Lucro Operacional x (Após IR) (Após IR) Vendas Líquidas Ativo Total Médio Vendas Líquidas Ativo Total Médio R$ 735.428 = R$ 73.428 x R$ 2.276.000 R$ 574.200 R$ 2.276.000 R$ 574.200 12,79% = 3,23% x 3,96 vezes Pelo detalhamento efetuado, o analista pode verificar com mais detalhes as razões que determinam o retorno alcançado. Se este retorno estiver além do esperado, as correções poderão ser acionadas diretamente sobre as causas (margem de lucro ou giro de investimento). Para produzir um aumento no retorno, por exemplo, mesmo que não haja alteração no lucro operacional e nas vendas, basta fazer uma elevação no giro do ativo, pela redução ou eliminação de itens mais ociosos. 2.3 Modelo Geral de Avaliação de Desempenho As decomposições de indicadores sugerem maior aprofundamento na análise do desempenho da empresa. Visando elevar suas medidas de rentabilidade, a administração da empresa poderá aplicar várias estratégias em função do comportamento verificado nos indicadores do diagrama geral do ROA. Podem ser manejados diversos componentes de lucros, com relação ao desempenho da margem, de modo que se reduzam os custos e despesas e se maximize o resultado. É claro, mantendo as vendas constantes, declínios verificados nos custos e despesas resultarão em margem maior. Por exemplo, estratégias de marketing que objetivam incrementar as receitas de vendas também podem estipular maiores margens à empresa. Uma análise nas aplicações de ativo, verificando os itens menos rentáveis, pode gerar mais rapidez em seu giro, com ganhos positivos sobre o retorno. 69 Índices Financeiros: Usos e Tipos de Índices Capítulo 4 Uma análise da estrutura de capital da empresa, por meio de rigorosa seleção de fontes de financiamento menos dispendiosas, também produz nítidas influências sobre o retorno de seus proprietários. Comentou-se anteriormente que o retorno sobre o ativo constitui-se também em critério de decisão com relação ao custo máximo que a empresa deve assumir em suas captações. Evidentemente, se o custo do endividamento for inferior ao retorno produzido por esses recursos passivos, torna-se interessante manter a relação capital próprio/ativo total a mais baixa possível. No entanto, não devem ser ignorados os limites de endividamento de uma empresa que determinam, a partir de determinado ponto, acréscimos em seu risco financeiro (e, consequentemente, nas taxas de juros cobradas) e problemas de liquidez. Em suma, o estudo do desempenho de uma empresa, por meio de um diagrama completo de indicadores de giro e margem, relacionados de forma sequencial, é de grande importância para a identificação das efetivas causas do comportamento verificado, permitindo-se ainda que se identifiquem objetivamente as medidas mais carentes de atenção por parte da gerência da empresa (ASSAF NETO, 2012, p. 125). 3 Análise Discriminante Conforme analisadoanteriormente, a análise de desempenho é baseada em índices econômico-financeiros, contudo seu uso amplamente generalizado e as associações de indicadores são feitos por meio de diagramas de índices. Quando avaliada por diferentes analistas, é natural a ocorrência de conclusões distintas sobre a performance de uma empresa. Para Lima Neto (2011), os indicadores econômico- financeiros são voltados para a análise de Liquidez, da Lucratividade, da Eficiência de Ativos e da Estrutura de Capital. As dimensões na análise de demonstrações são agrupadas em quatro: horizontal e vertical, liquidez, endividamento e lucratividade. Os indicadores econômico- financeiros são focados na análise da situação econômico-financeira das organizações. (SILVA, 2013) Existem técnicas estatísticas de provisão sobre imprevistos em situações de insolvência de uma empresa, destacando-se a análise discriminante. O objetivo dessa técnica é identificar se uma empresa se enquadra na categoria solvente ou não solvente, através de determinados resultados alcançados. A análise discriminante constitui-se em um processo estatístico que afasta as principais observações típicas colhidas de um ou mais grupos de empresas selecionados previamente. Conforme essas observações, a empresa é analisada e depois A análise de desempenho é baseada em índices econômico- financeiros, contudo seu uso amplamente generalizado e as associações de indicadores são feitos por meio de diagramas de índices. 70 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices enquadrada nas características apresentadas dentro do grupo de maior afinidade de comportamento e, em função do desempenho apresentado pelo grupo de empresas, conclui-se sua situação. Por exemplo, se na análise uma empresa apresenta características parecidas às de um grupo de empresas insolventes recentemente, conclui-se, pela forte probabilidade estatística, que essa empresa seguirá pelo mesmo caminho. A análise discriminante por meio de frequentes aplicações do modelo desenvolvido pode constituir-se num importante instrumento de controle interno nas empresas, pois a empresa poderá antecipar-se aos problemas e acionar medidas corretivas antes de seu aparecimento. Hoje em dia, é mais aplicada no processo de concessão de crédito para prever falências (insolvências). Para Assaf Neto (2012, p. 126), os modelos de análise discriminante admitem implicitamente que um estado de insolvência pode ser perfeitamente identificado nas demonstrações contábeis, conforme publicadas pelas empresas. A análise estatística efetuada nessas demonstrações permite que se identifiquem, claramente, as principais características de um estado de insolvência ou de solvência. Atividade de Estudos: 1) Conceitue diagramas de indicadores de desempenho. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Como são calculados o ROE e o ROA? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 71 Índices Financeiros: Usos e Tipos de Índices Capítulo 4 4 Algumas Considerações Os indicadores financeiros são de extrema importância para a tomada de decisões gerenciais. Estes indicadores são formados através de informações extraídas do balanço patrimonial e demonstrativos de resultados, podendo assim ser analisados os períodos anteriores e também comparar o desempenho das organizações. Feita a análise através dos indicadores, pode-se ter uma visão ampla da real situação financeira e econômica, gerando informações que contribuem com o bom planejamento estratégico, conseguindo prever e evitar futuros problemas. Resultando em melhores resultados e no aumento da rentabilidade e do lucro. Referências ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 762 p., il. LIMA NETO, Lucas de. Análise da situação econômico-financeira de hospitais. O mundo da saúde, São Paulo, v. 35, n. 3, p. 270-277, 2011. MAGALHÃES, Antonio de Deus Farias; LUNKES, Irtes Cristina; MÜLLER, Aderbal Nicolas. Auditoria das organizações: metodologias alternativas ao planejamento e a operacionalização dos métodos e das técnicas. São Paulo: Atlas, 2001. MATARAZZO, Dante C. (Dante Carmine). Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003. MATARAZZO, Dante C. (Dante Carmine). Análise financeira de balanços: abordagem gerencial. 7. ed. de acordo com as Leis n. 11.638 e 11.941. São Paulo: Atlas, 2010. MORANTE, Antonio Salvador. Contabilidade: noções para análise de resultados e balanço patrimonial da empresa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. SILVA, Alexandre Alcântara da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. 3. ed. ampl. e atual. conforme Lei nº 11.638/07 e Lei nº 11.941/09 e pronunciamentos do CPC. São Paulo: Atlas, 2012. 72 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices SILVA, Simão Souza da. Avaliação do desempenho econômico-financeiro das empresas de economia mista do Estado do Amazonas. CAP accounting and management, v. 7, n. 7, p.151-164, Jan./Dez., 2013. CAPÍTULO 5 Usando Índices Para Analisar o Desempenho e a Qualidade dos Lucros A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Utilizar os índices para análise do desempenho organizacional. � Calcular e analisar cada um dos índices financeiros. 74 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices 75 Usando Índices Para Analisar o Desempenho e a Qualidade dos LucrosCapítulo 5 1 Contextualização Hoje as empresas vivem em um ambiente competitivo, no qual precisam se apoiar em planejamento e na capacidade de antecipar os acontecimentos. Para realizar esta previsão, precisa-se fazer uma análise rigorosa das demonstrações contábeis, para determinar os pontos mais graves e em seguida apresentar um planejamento das prioridades. Através dessas análises pode-se perceber a situação econômica e financeira de qualquer empresa, permitindo assim verificar a lucratividade ou se está à beira da falência, e também outras conclusões. Os cálculos contábeis podem ser feitos através dos indicadores que veremos a seguir. 2 Indicadores Econômico- Financeiros de Análise A apuração de índices econômico-financeiros que são retirados das demonstrações financeiras levantadas pelas empresas é a técnica de análise mais comumente empregada. Os indicadores econômico- financeiros estão classificados em quatro grupos: liquidez e atividade, endividamento e estrutura, rentabilidade e análise de ações. 2.1 Indicadores de Liquidez Os indicadores de liquidez visam determinar a habilidade que uma empresa tem em cumprir corretamente as obrigações passivas assumidas, ou seja, mede a capacidade de pagamento (folga financeira) de uma empresa. A liquidez estática dos indicadores não reflete a magnitude e a época em que ocorrerão as diversas entradas e saídas circulantes. Os indicadores tradicionais de liquidez revelam uma posição financeira em dado momento de tempo, e os valores examinados são incessantemente alterados em função da dinamicidade natural dos negócios da empresa. A apuraçãode índices econômico- financeiros que são retirados das demonstrações financeiras levantadas pelas empresas é a técnica de análise mais comumente empregada. 76 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices 2.1.1 Liquidez corrente É a relação existente entre o passivo circulante e o ativo circulante, melhor dizendo, a cada $ 1,00 aplicado em direitos e haveres circulantes (valores a receber de estoques, disponível, fundamentalmente), e quanto a empresa tem de obrigações a curto prazo (dividendos, duplicatas a pagar, empréstimos a curto prazo, impostos e contribuições sociais etc.). Liquidez Corrente = Ativo Circulante Passivo Circulante Se a liquidez corrente for igual a 1, pressupõe sua inexistência, se for superior a 1, indica a existência de um capital circulante líquido positivo, e se for inferior a 1, a existência de um capital de giro negativo. 2.1.2 Liquidez seca A realização dos estoques, na maioria das vezes, é mais demorada e difícil do que os demais elementos, isso porque, apesar de serem classificados como itens circulantes (curto prazo), não apresentam, na maioria das vezes, liquidez compatível com o grupo patrimonial. As despesas pagas antecipadamente representam serviços, utilidades e benefícios a receber e não valores a receber. Dessa maneira, são eliminadas para esse cálculo. O índice de liquidez seca foi criado para a extração da análise de curto prazo da empresa a baixa liquidez dos estoques e das despesas antecipadas, é obtido por meio do relacionamento dos ativos circulantes de maior liquidez com o total do passivo circulante total: Indica o percentual das dívidas de curto prazo, que mediante o uso de ativos circulantes de maior liquidez podem ser resgatadas. 2.1.3 Liquidez imediata É obtido da relação entre o passivo circulante e o disponível, ou seja: Liquidez Seca = Ativo Circulante (-) Estoques (-) Despesas Antecipadas Passivo Circulante 77 Usando Índices Para Analisar o Desempenho e a Qualidade dos LucrosCapítulo 5 Liquidez Imediata = Disponível Passivo Circulante Este índice transmite a porcentagem das dívidas (obrigações) de curto prazo, caso a empresa disponha de caixa, a dívida pode ser saldada imediatamente. Quanto maior este índice se apresentar, maiores são os recursos que a empresa dispõe. 2.1.4 Liquidez geral Este índice é determinado da seguinte maneira: Liquidez Imediata = Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo Este indicador expõe a longo prazo a saúde financeira da empresa. Caso os prazos dos ativos e passivos, em seu cálculo, forem muito diferentes, a análise de folga financeira pode ser prejudicada. 2.2 Indicadores de Atividade Os indicadores de atividades determinam as diversas durações de um ciclo operacional, envolvendo todas as fases operacionais da empresa, como aquisição de insumos básicos ou mercadorias até o recebimento das vendas realizadas. As empresas utilizam de prazos para pagamentos de estoques adquiridos, desconto de duplicatas etc., justamente para a redução desse período e, consequentemente, das necessidades de investimentos. Aqui serão abordados os cálculos e interpretações das principais medidas de atividade, permitindo assim uma análise do desempenho da empresa. 2.2.1 Prazo médio de estocagem Aponta a média de tempo necessária para a renovação de estoque. Obtém- se mediante demonstrações financeiras anuais, da seguinte forma: 78 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices Prazo Médio de Estocagem = Estoque Médio x 360 3 Custo dos Produtos Vendidos Este indicador verifica a eficiência com que os estoques são administrados e a influência que exercem. Quanto maior for este índice, maior será o prazo em que os produtos ficarão estocados, em consequência, maiores as necessidades de investimento em estoques. Ou seja, quanto maior o prazo de estocagem, maior a necessidade de investimentos no ativo, em consequência, uma causa redutora do seu retorno. Ao se dividir 360 dias (ou 12 meses, se o prazo de estocagem vier expresso em meses) pelo prazo de estocagem, tem-se o giro (rotação) dos estoques, o que identifica o número de vezes que os estoques giraram (renovaram-se) no ano considerado (ASSAF NETO, 2012). 2.2.2 Prazo médio de pagamento a fornecedores Apresenta o tempo médio (expresso em meses ou dias) que a empresa leva para pagar suas dívidas (compras a prazo) de fornecedores. O cálculo é feito da seguinte maneira: Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores = Contas a Pagar a Fornecedores (Média) Compras Anuais a Prazo x 360 Dividindo 360 ou 12 se for o caso, obtém-se o giro (rotação) das contas a pagar. 2.2.3 Prazo médio de cobrança Ao contrário do anterior, o prazo médio de cobrança mostra o tempo médio (dias ou meses) que a empresa espera em receber suas vendas a prazo. É obtido da seguinte forma: Prazo Médio de Cobrança = Valores a Receber Provenientes de x 360Vendas a Prazo (Média) Vendas Anuais a Prazo 79 Usando Índices Para Analisar o Desempenho e a Qualidade dos LucrosCapítulo 5 É importante que a empresa abrevie, sempre que possível, o prazo de recebimento de suas vendas. Através disto terá recursos disponíveis para aplicar em outras áreas, e aumentar o giro de seus ativos, levando a um maior nível de rentabilidade. Da mesma forma é feito com as outras medidas, obtém-se o giro dos valores a receber, dividindo-se 360 dias pelo prazo médio de cobrança. ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE VALORES MÉDIOS Nesses métodos anteriores de avaliação (uso de média dos estoques, dos valores a pagar e a receber) deve-se evitar o uso da média aritmética em períodos maiores, quando envolver dois valores extremos (saldo inicial mais saldo final dividido por 2). Nesse critério o analista baseia seus estudos nas demonstrações de final de exercício das empresas. O ideal é usar um número maior de valores para o cálculo da média. Para esse critério mais aconselhável, gera- se a necessidade de ter acesso a balancetes mensais de verificação, o que na prática nem sempre é possível. 3 Indicadores de Endividamento e Estrutura Estes indicadores são usados para verificar a estrutura das fontes passivas de recursos de uma empresa. Demonstram como os recursos de terceiros são usados pela empresa e sua parcela relativa ao capital próprio. A seguir estão as principais medidas de endividamento e estrutura. 3.1 Relação Capital de Terceiros/ Capital Próprio Esta medida mostra o nível de endividamento da empresa e o seu vínculo por meio de financiamentos de recursos próprios. O cálculo é formado desta maneira: 80 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices Relação Capital de Ter- ceiros/Capital Próprio = Exigível Total (Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo) Patrimônio Líquido Para Assaf Neto (2012), a comparação do endividamento poderá ser efetuada pelo exigível total, conforme sugerido, ou por uma das partes desse item (passivo circulante; patrimônio líquido e exigível a longo prazo/patrimônio líquido). A relação indica, para cada uma das formas de cálculo, quanto a empresa possui de recursos de terceiros (a curto prazo, a longo prazo ou total) para cada unidade monetária aplicada de capital próprio. Em princípio, um resultado superior a 1 denota maior grau de dependência financeira da empresa em relação aos recursos de terceiros. 3.2 Relação Capital de Terceiros/ Passivo Total Esta medida revela a porcentagem dos recursos totais da empresa que estão financiados por capital de terceiros. Melhor dizendo, para cada unidade de recursos conseguido pela empresa, revela quanto provém de fontes de financiamentos não próprias, da seguinteforma: Relação Capital de = Exigível Total Terceiros/Passivo Total Passivo Total (Exigível Total + Patrimônio Líquido) O passivo total incorpora todos os recursos conquistados pela empresa e que suas aplicações estão no ativo, isto ilustra a proporção dos ativos totais (total do investimento da empresa) financiados por meio de capital de terceiros. É importante analisar o custo do endividamento, pelo retorno feito pelas aplicações desses recursos no ativo. O retorno da empresa é função da margem operacional e do giro dos ativos. Pode ser interessante à empresa elevar este índice, aproveitando assim uma alavancagem financeira favorável, desde que o retorno enunciado pelo giro dos ativos suplante o custo do endividamento. Essas colocações dependem ainda da liquidez da empresa em sustentar um endividamento mais elevado e com taxa de risco financeiro mais alta. 81 Usando Índices Para Analisar o Desempenho e a Qualidade dos LucrosCapítulo 5 3.3 Imobilização de Recursos Permanentes Esta medida revela o nível de porcentagem dos recursos passivos a longo prazo (permanente) que estão imobilizados em itens ativos, melhor dizendo, aplicados no ativo permanente. É determinado pela seguinte expressão: Imobilização de = Ativo Permanente Recursos Permanentes Exigível a Longo Prazo + Patrimônio Líquido Se o índice for superior a 1 (100%), indica que os recursos permanentes da empresa não são capazes para financiar suas aplicações de permanentes, nesse caso, sendo utilizados fundos do passivo circulante, com reflexos negativos sobre o capital de giro. 4 Indicadores de Rentabilidade Esses indicadores avaliam os resultados alcançados por uma empresa em relação a parâmetros definidos que melhor revelem suas dimensões. O ativo total, o patrimônio líquido e as receitas de vendas são as principais bases de comparação adotadas para o estudo dos resultados empresariais. Os resultados geralmente utilizados são o lucro líquido (após o Imposto de Renda) e o lucro operacional (lucro gerado pelos ativos). Estes valores precisam estar expressos em moeda de mesmo poder de compra. Os indicadores de rentabilidade costumam exercer significante influência sobre as decisões que envolvem a empresa em análise, tomadas tanto no mercado de crédito como no mercado acionário. Os analistas em geral dispensam grandes atenções aos indicadores de rentabilidade. 4.1 Retorno Sobre o Ativo (ROA) Esta medida mensura o retorno produzido pelo total de aplicações feitas por uma empresa em seus ativos. É calculada da seguinte maneira: Retorno sobre o Ativo (ROA) = Lucro Gerado pelos Ativos (Operacional) Ativo Total Médio 82 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices O lucro operacional representa o resultado da empresa antes das despesas financeiras, definido por suas decisões de investimento. Se uma empresa obtiver empréstimos e taxas de juros superiores ao retorno gerado por seus ativos, os resultados gerados pela aplicação desses fundos serão inferiores à remuneração do credor, onerando-se, desta forma, a rentabilidade dos proprietários. O retorno sobre o ativo pode ser esclarecido como o custo financeiro máximo que uma empresa é capaz de incorrer em suas captações de fundos. Lucro Gerado pelos Retorno Sobre o Investimento (ROI) = Ativos (Operacional) Investimento Médio 4.2 Retorno Sobre o Investimento (ROI) Uma alternativa ao uso do ROA, para Assaf Neto (2012), serve para avaliar o retorno produzido pelo total dos recursos aplicados por acionistas e credores nos negócios, é a medida do Retorno Sobre o Investimento (ROI). Enquanto os ativos incorporam todos os bens e direitos mantidos por uma empresa, o investimento equivale aos recursos deliberadamente levantados pela empresa e aplicados em seus negócios. O investimento é composto pelos recursos (passivos) onerosos captados por uma empresa (empréstimos e financiamentos, basicamente) e os recursos próprios aplicados por seus proprietários (acionistas), cujos valores são registrados em contas do patrimônio líquido. Os passivos geralmente sem ônus, entendidos como inerentes à atividade da empresa (salários, encargos sociais, fornecedores, impostos, tarifas públicas, dividendos etc.), não são recursos efetivamente investidos na empresa por seus credores e acionistas. São mais bem classificados como “passivos de funcionamento” (não onerosos). Assim, o investimento pode ser apurado da maneira seguinte: • Investimento = Ativo Total – Passivo de Funcionamento ou • Investimento = Passivo Oneroso + Patrimônio Líquido O cálculo do ROI é feito de acordo com a seguinte expressão: 83 Usando Índices Para Analisar o Desempenho e a Qualidade dos LucrosCapítulo 5 4.3 Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (ROE) O retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) mede o retorno dos recursos aplicados na empresa por seus proprietários, ou seja, para cada unidade monetária de recursos investida na empresa, mensura-se quanto os proprietários obtiveram de lucro. O cálculo é feito pela relação entre o lucro líquido (após o Imposto de Renda) e o patrimônio líquido (médio, corrigido de acordo com os comentários feitos anteriormente): Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) = Lucro Líquido Patrimônio Líquido Médio 4.4 Rentabilidade Das Vendas Este índice afere a eficiência de uma empresa em produzir lucro por intermédio de suas vendas. É denominado margem operacional e margem líquida, ou seja: Margem Operacional = Lucro Operacional Vendas Líquidas Margem Líquida = Lucro Líquido Vendas Líquidas O índice de rentabilidade das vendas verifica a margem operacional e margem líquida, analisando o desenvolvimento histórico destes indicadores como forma de tomada de decisões. 5 Indicadores de Análise de Ações São muito importantes para os acionistas e analistas de mercado, como padrão para suas decisões de investimentos. Este indicador visa avaliar as reações do desempenho da empresa sobre suas ações. 84 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices 5.1 Lucro Por Ação (LPA) O índice mostra o lucro líquido (após o Imposto de Renda) obtido em determinado período, quanto compete a cada ação, ou seja, expõe o benefício (lucro) recebido por cada ação emitida pela empresa. É determinado pela expressão: LPA = Lucro Líquido Número de Ações Emitidas Este indicador não exibe quanto cada acionista irá receber pelo retorno produzido na aplicação de seus capitais, mas, na verdade, mostra a parcela do lucro líquido que pertence a cada ação, sendo que sua distribuição é estipulada pela política de dividendos adotada pela empresa. Esta solução somente é válida quando os dividendos forem iguais para todos os acionistas. 5.2 Índice Preço/Lucro (P/L) É calculado pela relação entre o preço de aquisição do título e seu lucro anual. É um dos quocientes mais utilizados pelos investidores e também um dos mais tradicionais no processo de análise de ações. É obtido da forma seguinte: P/L = Preço de Mercado (Aquisição) da Ação Lucro por Ação (LPA) Na teoria, o P/L indica quantos anos (exercícios) que um investidor levaria para recuperar o capital aplicado. ALGUNS CUIDADOS NO MANUSEIO DOS INDICADORES Observou-se que a análise de empresas é um processo essencialmente comparativo, pouco representando, em termos de conclusões mais acuradas, o estudo de índices (ou grupos de índices) de forma isolada de uma tendência temporal ou interempresarial. Em outras palavras, para um estudo mais eficiente sobre o desempenho de uma empresa, é importante que os indicadores sejam comparados historicamente (com os obtidos, da mesma empresa, em períodos 85 Usando Índices Para Analisar o Desempenho e a Qualidade dos LucrosCapítulo 5 anteriores)com os padrões estabelecidos pela gerência (e também com os elaborados segundo metas estabelecidas pela empresa) e com índices de empresas do mesmo ramo e padrões do setor de atividade e da economia em geral (ASSAF NETO, 2005). O analista deve trabalhar, sempre que possível, com valores apurados da inflação, como forma de analisar, em bases reais, o desempenho econômico-financeiro da empresa. Atividade de Estudos: 1) Conceitue indicadores de liquidez. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Quais indicadores compõem o indicador de liquidez? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) Conceitue indicadores de atividades. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 4) Quais indicadores compõem o indicador de atividades? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 86 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices 6 Algumas Considerações Neste capítulo você viu como é importante o uso da avaliação dos indicadores financeiros para a tomada de decisões gerenciais. As empresas devem ser gerenciadas quanto ao seu aspecto econômico e financeiro, por intermédio de indicadores do desempenho relacionado aos atributos que causam impacto na sustentabilidade ou que garantam a saúde do negócio. Referências ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 762 p., il. GROPPELLI, Angelico A.; NIKBAKHT, Ehsan. Administração financeira. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. xv, 496 p, il. (Essencial). MAGALHÃES, Antonio de Deus Farias; LUNKES, Irtes Cristina; MÜLLER, Aderbal Nicolas. Auditoria das organizações: metodologias alternativas ao planejamento e a operacionalização dos métodos e das técnicas. São Paulo: Atlas, 2001. MATARAZZO, Dante C. (Dante Carmine). Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003. MATARAZZO, Dante C. (Dante Carmine). Análise financeira de balanços: abordagem gerencial. 7. ed. de acordo com as Leis n. 11.638 e 11.941. São Paulo: Atlas, 2010. MORANTE, Antonio Salvador. Contabilidade: noções para análise de resultados e balanço patrimonial da empresa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. MÜLLER, Aderbal Nicolas. Contabilidade básica: fundamentos essenciais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. SILVA, Alexandre Alcântara da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. 3. ed. ampl. e atual. conforme Lei nº 11.638/07 e Lei nº 11.941/09 e pronunciamentos do CPC. São Paulo: Atlas, 2012. CAPÍTULO 6 Riscos e Retorno da Análise dos Índices A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Identificar os riscos e retornos relacionados a limitações da análise dos índices. � Mensurar os riscos e retornos envolvidos nos processos decisórios. 88 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices 89 Riscos e Retorno da Análise dos Índices Capítulo 6 1 Contextualização Retornos são receitas esperadas ou fluxos de caixa previstos de qualquer investimento, e risco é uma medida da volatilidade ou incerteza dos retornos, ou seja, risco e retorno são a base sobre a qual se tomam decisões racionais e inteligentes sobre investimentos. Quando dois investimentos rendem o mesmo retorno, a escolha será baseada no risco de cada projeto, ao final, o projeto que apresentar menos riscos será o escolhido. Por exemplo, depositar numa caderneta de poupança é mais seguro e rende um juro constante e baixo e é garantida pelo governo; por outro lado, é mais seguro do que apostar em cavalos. Os retornos de uma caderneta de poupança não aumentam muito e por isso são considerados seguros e têm baixo risco. Agora, nas apostas, as pessoas não sabem o que irá acontecer. Podem ganhar muito, mas também podem perder tudo. Retornos sobre apostas são altamente incertos, muito inconstantes e sujeitos a um alto grau de risco. 2 Diagramas de Indicadores de Desempenho Os indicadores de desempenho apresentam diversos diagramas que contribuem para análise dos riscos e retorno dos investimentos. A mensuração dos riscos é tão importante quanto a mensuração do retorno, neste sentido, passaremos a analisar a relação entre riscos e retorno, bem como podemos mensurá-los de forma a contribuir com a análise do desempenho organizacional. 2.1 Relação Entre Risco e Retorno Alguns investimentos pagam um baixo retorno e outros um alto retorno. Porém, não se pode esperar um alto retorno de um “negócio seguro”. Ao se investir dinheiro num negócio arriscado ou especulativo, é razoável exigir um retorno elevado, ou seja, os investidores devem ser adequadamente retribuídos por assumirem os riscos. Para Groppelli e Nikbakht (2010), o retorno sobre o dinheiro deve ser proporcional ao risco envolvido. Risco é uma medida da volatilidade dos retornos e da incerteza dos resultados futuros. O retorno sobre o dinheiro deve ser proporcional ao risco envolvido. 90 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices Grau é o nível de insegurança associado a um investimento. Quando dois projetos têm o mesmo resultado esperado, aquele que tem o menor risco é escolhido. Quanto maior a volatilidade (grandeza) do resultado de um projeto, maior será o risco. Riscos grandes estão associados a retornos altos e riscos pequenos a retornos baixos. Está ilustrada na figura a seguir a relação entre risco e retorno esperados. No nível 0 os investidores terão retorno de y1, no x1 terão retorno y2 e no x2 terão retorno y3. Para as finanças, o risco é calculado pelo grau de volatilidade agregado aos retornos esperados. Volatilidade é a quantidade de mudanças de ocorrer com uma série de números ao se afastarem de uma média representativa. Por exemplo, a média da série 11,12,13 é 12 e a média da série 11,13,15 é 13. A segunda série é mais volátil do que a outra. Quanto mais alta a volatilidade, mais alto é o risco. O dinheiro hoje vale mais para os investidores do que no futuro, por isso, o fator que aumenta o risco é o prazo. Quando um investidor empresta dinheiro, sempre há uma incerteza ou um risco de que o empréstimo não irá ser pago. Por isso, os investidores devem ser bem recompensados, pois assumem um risco de emprestar (aplicar) um dinheiro que têm em caixa. 2.1.1 Mensurando o Retorno A decisão de investir é para gerar lucros, por exemplo, quando uma companhia investe os fundos para gerar um retorno. Podemos traduzir esses lucros da seguinte forma: 91 Riscos e Retorno da Análise dos Índices Capítulo 6 1. Aumento no preço das ações da companhia; 2. O pagamento dos dividendos torna-se possível por causa desses lucros. Muitas vezes, ao investir em um projeto, não é possível determinar os futuros retornos. Teoricamente, em finanças, podemos usar aproximações. Para calcular a aproximação de um projeto, os dados são obtidos da seguinte maneira: Retornoesperado = dividendo + valorização do capital = Dt + (Pt - P(t - 1) valor da ação no período (t - 1) Pt - 1 Dt = dividendos no ano corrente Pt = preço da ação no ano corrente Pt – 1 = preço da ação no ano anterior t = período de tempo Através desta fórmula podemos obter o ganho de capital da ação e uma série de retorno dos dividendos. Por exemplo, considerando que o dividendo (Dt) é igual a $1, o preço da ação no período anterior (Pt – 1) era $10, e o preço atual (Pt) é $11. Taxa de Retorno = $1 + ($11 - $10) = 20% $10 $10 Suponha que calculamos as taxas de retorno para vários anos e encontramos que, em tempos de recessão econômica, a média seja 10%, em tempos normais, 20% e, em tempos de crescimento, 30%. A probabilidade é de que esses retornos se situem em 10% e 30%, porém a média real dependerá das condições econômicas. Se pudermos estabelecer a provável situação econômica futura, podemos obter um valor esperado. Após perguntar a alguns economistas e outros especialistas, concluiu-se que há 30% de chances de ocorrer uma situação econômica recessiva, 40% de ocorrer uma situação econômica normal e 30% de ocorrer uma expansão na economia (GROPPELLI; NIKBAKHT, 2010). Para calcular o retorno esperado e a amplitude dos retornos, basta seguir esta fórmula: 92 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices K N = Σ K1P1 t = 1 Conforme visto anteriormente, (recessão (r), normalidade (n) e expansão (e), a equação anterior pode ser feita desta forma: K = KrPr + KnPn + KePe Em que: K = retornos esperados K1 ou (Kr, Kn, Ke) = Retornos em períodos de recessão (Kr) Retornos em períodos de normalidade (Kn) Retornos em períodos de expansão (Ke) P1 ou (Pr, Pn, Pe) = Probabilidade do período de recessão (Pr) Probabilidade do período normal (Pn) Probabilidade do período de expansão (Pe) Na tabela a seguir encontra-se o retorno esperado dos três retornos prováveis. Para os autores Groppelli e Nikbakht (2010), esse provável retorno esperado de 0,20 torna-se o ponto de referência para o cálculo dos valores efetivos em relação ao valor esperado e, portanto, da determinação do risco do projeto. Condições econô- micas esperadas Retornos efetivos (K) Probabilidade (P) K x P Recessão 10% 0,3 0,03 Normal 20% 0,4 0,08 Expansão 30% 0,3 0,09 Retorno esperado K = 0,20 93 Riscos e Retorno da Análise dos Índices Capítulo 6 2.1.2 Mensurando o Risco É definido como um desvio de resultado esperado por um valor ou uma média esperada. Uma empresa que investe em um projeto tem chances de obter lucros ou prejuízos, dependendo do nível de risco associado a um dado investimento. O risco é dividido em dois componentes: o nível do risco e o risco do prazo. O nível do Risco O nível de risco pode ser definido quando feita a comparação com outro projeto. Por exemplo, uma empresa grande chamada de X tem um risco menor comparado com empresas pequenas. Ou seja, algumas empresas trabalham com baixo nível e outras com alto nível de risco. Ou seja, as empresas com baixo risco têm mais privilégios, pois podem tomar fundos emprestados mais baratos do que os de alto risco. O mercado avalia melhor o retorno de uma empresa de baixo risco do que uma de alto risco. As chances de recuperar um investimento da empresa X são maiores do que em pequenas empresas desconhecidas. Geralmente é mais fácil prever o retorno de uma empresa com baixo risco do que uma empresa de alto risco. Por quê? Porque a volatilidade dos retornos da companhia de baixo risco é, geralmente, baixa, enquanto os retornos de companhias de alto risco estão sujeitos a elevada volatilidade (GROPPELLI; NIKBAKHT, 2010). O Risco do Prazo Quanto maior o tempo que os fundos permanecem aplicados, maior é o risco envolvido, pois o risco é a função crescente do prazo. Se o investimento foi feito em um período curto e não tem chance de perda, ele é considerado livre de risco. Mas se for por um período mais longo, os credores precisam ser premiados, por assumirem um prazo mais arriscado. Portanto o método é dividir o risco total em taxa livre de risco e prêmio pelo risco. Risco total = Taxa livre de risco + Prêmio pelo risco O prêmio de risco é a parte da taxa de retorno cobrada de uma taxa livre de risco. Por isso que os títulos de longo prazo que vencerão daqui a alguns anos pagam uma taxa de risco mais elevada do que os títulos de um ano. A taxa livre de risco é o juro pago aos ativos (investidores) que asseguram o retorno prometido. Essa taxa fornece o ponto de referência para determinar o grau de risco de outros ativos. Para medir o risco de um projeto, basta medir a volatilidade dos seus retornos esperados. Se o retorno esperado for muito volátil, as chances de descobrir o resultado são menores comparando com retornos pouco voláteis. Nos gráficos a 94 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices seguir, por exemplo, vemos claramente que a Companhia X apresenta retornos mais voláteis do que da Companhia Y. O investidor que avaliar os resultados obtidos de ambas se sentirá mais confiante avaliando a Companhia Y do que a Companhia X. GRÁFICO 1 – COMPARATIVO DO RISCO DE UM PROJETO FONTE: Groppelli e Nikbakht (2010) A ilustração que vem a seguir ajudará a explicar porque a análise do risco é tão importante. Por exemplo, um grupo de investidores está avaliando duas empresas (X e Y), uma é de alto risco (Y) e a outra é de baixo risco (X). Os investidores avaliam que ao final dos próximos dois anos, ambas as empresas irão gerar retornos de $1,00 e $1,50 por ação. Para a empresa X é atribuída uma taxa de desconto de 10% e para a outra, que é de alto risco, uma taxa de 20%. Os valores descontados dessas duas companhias são os seguintes: VPx = 1,00 + 1,50 = $2,15 (1,00) 1 (1,10) 2 VPy = 1,00 + 1,50 = $1,87 (1,20) 1 (1,20) 2 Os investidores julgarão os lucros da empresa X mais atraentes do que da empresa Y, isso se todos os outros fatores forem iguais. Sabendo que a taxa livre de risco fornece um ponto de referência, podemos mensurar os prêmios dos ativos mais arriscados como a diferença entre o risco total dos diferentes ativos e a taxa livre de risco. A tabela a seguir mostra a mensuração com diferentes prazos de resgate para títulos governamentais. 95 Riscos e Retorno da Análise dos Índices Capítulo 6 TABELA 1 - RESGATE PARA TÍTULOS GOVERNAMENTAIS Prazo de Resgate Taxa livre de risco (%) Prêmio pelo risco (%) Risco total (%) Letras do Tesouro 90 dias 5 0 5 Notas do governo 1 ano 5 2 7 Obrigações do Tesouro 20 anos 5 4 9 Títulos das empresas 20 anos 5 5 10 Essa categorização dos níveis de risco ajuda a avaliar os méritos relativos dos ativos. Uma análise feita sobre o retorno desses ativos mostraria que os preços dos títulos de curto prazo são menos voláteis do que os de longo prazo. Para os títulos de curto prazo as chances de inadimplência são menores que para os de longo prazo. O risco atribuído aos títulos de curto prazo, consequentemente, é menor que o atribuído aos títulos de prazos mais longos e incertos. FONTE: Groppelli e Nikbakht (2010) Algumas probabilidades podem ser obtidas por meio de observações diretas. 3 Cálculo de Retornos Esperados de Projetos Arriscados As probabilidades ajudam-nos a determinar as chances ou promessas de sucesso de um evento ocorrer. Algumas probabilidades podem ser obtidas por meio de observações diretas. Por exemplo, a chance de se obter cara ou coroa de uma moeda pode ser prontamente mensurada arremessando-a para o ar várias vezes e anotando-se os resultados obtidos. Mas existem situações – como a introdução deum novo produto – em que o resultado é altamente incerto. Nesses casos, geralmente não existem experiências anteriores que possam ser tomadas como referência. O administrador recorre, então, a uma avaliação subjetiva para estabelecer a probabilidade do resultado. Pelo fato de os retornos futuros do novo produto serem altamente incertos, o administrador trabalhará com a hipótese de que os retornos provavelmente estejam situados num determinado intervalo. Quanto maior a incerteza do resultado, maior o intervalo. Como é difícil interpretar os retornos a partir de um intervalo, os administradores atribuem pesos 96 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices ou probabilidades aos valores no intervalo, a fim de reduzir a amplitude, tornando, assim, os dados mais simples e administráveis. Uma forma de fazermos isso é aplicando a fórmula que já conhecemos: K = KrPr + KnPn + KePe Na Tabela 2 podemos ver as diferenças do retorno do projeto A com os do projeto B. O projeto A varia os retornos dentro de um intervalo menor do que os retornos do projeto B. Considera-se então que o resultado mais presumível deve receber um peso de 50%, enquanto do outro extremo, devem receber um peso de 25% cada um. Quando multiplicados os retornos por esses pesos (probabilidades) e soma-se os produtos resultantes, obtivemos um resultado conhecido como valor esperado (ER). TABELA 2 - DIFERENÇAS DO RETORNO DE PROJETOS Situação provável Retorno projetado (K) Peso ou probabili- dade (p) Retorno provável (Kxp) Projeto A Pessimista 100 0,20 20 Mais provável 333 0,60 200 Otimista 500 0,20 100 1,00 320 (ER) Projeto B Pessimista 80 0,25 20 Mais provável 300 0,50 150 Otimista 600 0,25 150 1,00 320 (ER) FONTE: Groppelli e Nikbakht (2010) Os retornos esperados (ER) dos projetos são iguais, ou seja, 320. Cada projeto tem dispersões diferentes a partir desse valor esperado. A amplitude do projeto B varia de 80 a 600 e do projeto A de 100 a 500. Isso porque a volatilidade do valor esperado é menor para o projeto A que para o projeto B, ou seja, o seu risco é menor. É assim que é mensurado o risco específico de cada projeto. 97 Riscos e Retorno da Análise dos Índices Capítulo 6 3.1 O Desvio Padrão Como Medida de Risco N σ = Σ (K - K)Pi t = 1 Em que: N = número de observações t = períodos de tempo K = retornos esperados Pi = probabilidades dos retornos K = retornos reais A seguir é mostrado como o desvio padrão do projeto A é calculado. TABELA 3 - DESVIO PADRÃO DO PROJETO A I K K (K – K) (K –K)² Pi (probabilidades) (K – K)² Pi 1 100 320 -220 48.400 0,20 9.680 2 333 320 +13 169 0,60 101 3 500 320 +180 32.400 0,20 6.480 Variância = 16.261 FONTE: Groppelli e Nikbakht (2010) Para medir um risco de um ativo, basta calcular os desvios dos retornos em relação a um retorno médio ou esperado. Supondo que todos os valores tenham uma distribuição normal – que os retornos se distribuam igualmente quanto ao retorno esperado -, é possível mensurar a volatilidade dos retornos para cada projeto, tornando, assim, seus riscos comparáveis. Para o projeto A, isso pode ser feito subtraindo cada retorno projetado (100, 333 e 500) de sua média (K) de 320: (K – K [SG3]). Os valores derivados desses cálculos não estão elevados ao quadrado para eliminar o problema do sinal negativo. Num contexto de incertezas, atribuem- se probabilidades a cada desvio para se obter um único valor representativo, chamado variância. Ao extrairmos a raiz quadrada da variância, encontramos o desvio padrão (GROPPELLI; NIKBAKHT, 2010, p. 81). 98 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices Considerando que a distribuição de probabilidades seja normal, ou seja, a metade dos valores abaixo da média encontra-se do lado esquerdo da distribuição, e a outra metade, acima da média, do lado direito, quando mais a distribuição estiver próxima da média, mais chances de que os resultados verdadeiros estejam próximos do valor esperado ou da média. A probabilidade de que os resultados estejam próximos do valor esperado em uma distribuição estreita é maior que numa distribuição mais ampla. No gráfico a seguir, os projetos A e B estão com distribuição de probabilidade normal, mas o B tem uma dispersão maior em torno do valor esperado. Por consequência, B é mais arriscado do que a distribuição de A. No quadro, as probabilidades têm o mesmo valor esperado, porém, A é menos disperso em sua distribuição, o que indica menor volatilidade em relação ao valor esperado e, por consequência, menor risco. GRÁFICO 2 – DISTRIBUIÇÃO DOS PROJETOS A E B FONTE: Groppelli e Nikbakht (2010) No mercado financeiro, as formas de sino são estatisticamente aceitáveis, porque tal hipótese facilita o cálculo dos resultados esperados. 3.2 Prova Histórica – R/R é Positivo Os títulos de renda fixa foram calculados como a soma do juro mais os ganhos de capital, enquanto os retornos de ações foram definidos como dividendos mais 99 Riscos e Retorno da Análise dos Índices Capítulo 6 ganhos de capital. Com o retorno desses títulos obtidos, podemos calcular os respectivos desvios-padrão e analisar os resultados. Em seguida, os resultados históricos: QUADRO 1 – RETORNO ANUAL E DESVIO PADRÃO Retorno anual médio % Desvios padrão Ações pequenas 17,8 35,6 Ações ordinárias 12,1 20,0 Títulos empresariais de longo prazo 5,3 8,4 Títulos governamentais de longo prazo 4,7 8,5 Obrigações do Tesouro dos Estados Unidos 3,6 4,7 FONTE: Groppelli e Nikbakht (2010) As companhias pequenas/recentes, e também por ações ordinárias, são as que registraram os mais altos riscos (desvio padrão) e retornos. As oscilações nos ganhos de ações sem as garantias de reembolso do principal, no caso de omissão, refletem claramente este resultado. De acordo com a comparação de seus desvios-padrão, os títulos são menos arriscados que as ações, mas seus retornos são também menores. As Obrigações do Tesouro do Estados Unidos, por serem de curto prazo, constituem um fator adicional responsável pelos baixos riscos e retornos desses títulos governamentais. Foram fornecidas provas suficientes, com base nessa evidência histórica, para apoiar o conceito de que a relação entre risco e retorno é positiva e direta. 4 Coeficiente de Variação: o Balanceamento Entre Risco e Retorno O que aconteceria se o retorno esperado de um projeto diferisse do retorno esperado de outro projeto? Nesse caso, ficaria difícil comparar medidas absolutas de dispersão como as fornecidas pelos desvios-padrão. A forma de enfrentar esse problema é determinar o risco de um projeto em relação ao seu retorno esperado. Essa medida é chamada de coeficiente de variação ou índice de balanceamento entre risco e retorno. É calculado da seguinte forma: Coeficiente de variação (CV) = desvio padrão dos retornos = σ retornos esperados K 100 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices 4.1 Risco de Carteira Até agora foi visto como o risco e o retorno são analisados em projetos individuais. Presume-se que os investimentos de uma empresa sejam feitos com o objetivo de aumentar os retornos e diminuir os riscos. Por isso é importante levarmos em consideração as características de risco/retorno dos ativos individuais e também suas combinações específicas ao risco e ao retorno de uma carteira (a soma total dos ativos). Para mensurar o risco e o retorno de uma carteira, começa-se com os cálculos do retorno esperado e do desvio padrão de cada título de carteira. O objetivo é reduzir o risco total, como fazemos isso? Dividindo o risco entre vários ativos ou títulos. Existem duas formas de fazer. Uma é procurar títulos cujos retornosmovimentem-se diferentemente dos retornos dos títulos (ativo) já existentes na carteira, e a outra é a diversificação pela adição de mais títulos na carteira. Pode- se, até certo ponto, reduzir o risco numa carteira adicionando mais ativos e títulos. Qual o risco? O risco diversificável. O risco total é dividido em dois elementos: Risco total = Risco diversificável + Risco não diversificável No gráfico a seguir, podemos ver que quando se adicionam mais ativos a uma carteira, somente o risco diversificável se reduz. Entretanto, existe um bloqueio. Ao serem adicionados títulos com os mesmos padrões de dispersão e o mesmo movimento de títulos que já existem na carteira, permanece inalterado o risco. O foco é encontrar títulos que se movimentem de maneira diferente. FONTE: Groppelli e Nikbakht (2010) GRÁFICO 3 – RISCO X NÚMERO DE ATIVOS 101 Riscos e Retorno da Análise dos Índices Capítulo 6 4.2 Princípio da Covariância Usando-se a chamada medida de covariância, a procura por títulos com movimentação diferente se torna mais fácil. É um procedimento estatístico utilizado para comparar o movimento de duas variáveis ou retorno dos projetos de uma carteira. Para os autores Groppelli e Nikbakht (2010), um substituto para a covariância, que limita os valores num intervalo que vai de +1,0 e -1,0, é chamado de coeficiente de correlação (R). Ele nos diz qual a correlação em os retornos de dois ativos, ou como um se movimenta em relação ao outro. Se se movimentarem exatamente da mesma maneira, o (R) tem um valor de +1,0. Se eles se movimentarem em direções opostas, o (R) tem um valor de -1,0. Quando os retornos dos ativos não se correlacionam entre si, o (R) é igual a zero. A fórmula matemática do coeficiente de correlação envolvendo dois ativos é: N Σ = (Ka - Ka)(Kb - Kb)/N = Pa,b t = 1 Covariância (a,b) σaσb σaσb Essa fórmula mensura a volatilidade (K – K) do ativo A em relação ao ativo B, a covariância é padronizada entre os dois ativos pelo produto dos desvios-padrão dos dois ativos. De forma visual, os gráficos abaixo representam este princípio. O gráfico da direita indica que os retornos do título B flutuam inversamente aos retornos da carteira. Por esse motivo, ele tem um valor R = +1,0. Reduz sua volatilidade adicionando títulos semelhantes ao B à carteira, por esse motivo seu risco diminui. O gráfico da esquerda mostra que os retornos operados do título A movem-se da mesma forma que os retornos da carteira. Por isso que R = +1,0. Não se altera a volatilidade adicionando o título A à carteira, mantendo assim o risco de carteira inalterado. GRÁFICO 4 – RETORNO ESPERADO X TEMPO FONTE: Groppelli e Nikbakht (2010) 102 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices A teoria da carteira ajuda o administrador a melhorar o seu desempenho. Porventura é mais fácil aplicar essa concepção usando títulos do que os ativos da empresa. A teoria atual de carteiras ajuda a determinar a fronteira (curva) eficiente que propicia retornos ótimos em níveis diferentes de risco, através de modelos matemáticos sofisticados que os investidores podem aplicar. Quanto maior o risco, maior o retorno, esse é o princípio aplicado à teoria de carteira. O gráfico a seguir revela o resultado dos cálculos matemáticos que determinam a fronteira eficiente. GRÁFICO 5 – RETORNO ESPERADO X RISCO FONTE: Groppelli e Nikbakht (2010) O ponto de risco A tem um correspondente retorno X ótimo. O ponto B deve render um retorno igual a Y. Pelo ponto B ser > que risco de A, o retorno de X < retorno de Y. Por essas alternativas de risco/retorno, o investidor decidirá quanto de risco irá assumir, e depois prosseguir para a elaboração da carteira que renderá um ótimo retorno esperado. 5 Como Medir Risco e Retorno Medir o risco não é uma tarefa simples, devido a muitos fatores a serem considerados. Para simplificar a mensuração do risco, algumas tentativas foram feitas e um dos esforços mais bem-sucedidos foi o desenvolvimento do Modelo de Precificação de Ativos Financeiros (CAPM - Capital Asset Pricing Model). Este modelo relaciona os riscos não diversificáveis previstos aos retornos esperados de um projeto. O CAPM pode ser aplicado para avaliar os méritos de risco/retorno de investimentos e ativos no meio corporativo, embora seja mais prontamente aplicável à análise de títulos. 103 Riscos e Retorno da Análise dos Índices Capítulo 6 O CAPM, para Groppelli e Nikbakht (2010), começa por dividir o risco em duas partes principais: risco diversificável e risco não diversificável. A premissa é que existe um relacionamento estreito entre os retornos dos títulos individuais e os retornos do mercado. Esses retornos, para uma determinada ação ou para o mercado, consistem em ganhos de capital mais o retorno dos dividendos. A comunidade acadêmica estabeleceu que o mercado de ações é um veículo altamente eficiente, devido à rápida assimilação de toda a informação disponível. Neste caso, a volatilidade do mercado fornece um denominador comum para a avaliação dos graus de risco dos ativos e títulos individuais. Esse grau de risco é determinado pela descoberta do grau de sensibilidade dos retornos de uma ação aos retornos do mercado. Dessa maneira, empregamos um índice comum que mede a sensibilidade de cada ação frente a um índice comum – ou seja, o mercado. Se os retornos de uma ação sobem ou descem mais que os retornos do mercado, diz-se que tal ação é mais arriscada que o mercado. Quando os retornos de uma ação sobem ou descem menos que o mercado, diz-se que tal ação é menos arriscada que o mercado. Portanto, é possível classificar os riscos de diferentes títulos, bastando para isso relacioná-los ao índice comum do mercado. Como descobrir a sensibilidade de um mercado? Exemplo: A volatilidade dos retornos do mercado (σm) foi, em média, de 5% ao ano durante os últimos dez anos, conforme o investidor calculou. O investidor encontrou os desvios-padrão da ação A igual a 10%, B igual a 5% e C igual a 3%, quando a volatilidade dos retornos (σs) dessas ações foi calculada. Compare esses desvios-padrão com o do mercado e determine a sensibilidade de risco de cada ação, usando o mercado como um denominador comum. Solução: Empregando a seguinte fórmula, poderemos calcular a sensibilidade dessas ações ao mercado: Sensibilidade = Volatilidade dos retornos da ação (σs) / Volatilidade dos retornos do mercado (σm) Ação A = 0,10 = 2,000,05 Ação B = 0,05 = 1,000,05 Ação C = 0,03 = 0,600,05 Como vemos no resultado, a ação A é mais sensível (por isso, é mais arriscada) que o mercado, a ação B tem a mesma sensibilidade (por isso, é tão arriscada quanto o mercado), a ação C é menos sensível (por isso, menos arriscada) que o mercado. 104 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices 5.1 Coeficiente Beta As três linhas características da imagem a seguir representam apenas a relação entre os retornos da ação e os retornos do mercado, porém, podem ser calculadas matematicamente. É chamada de Beta (β) a inclinação ou declividade de cada linha, e é esse beta que mede a sensibilidade ou o risco de uma ação (Rs) comparada ao retorno médio do mercado. (Rm). A equação é: Rs = a + βRm + e Em que: β = coeficiente beta (inclinação) Rm = retorno médio do mercado Rs = retorno da ação a = constante e = erro GRÁFICO 6 – % RETORNOS DAS AÇÕES X % RETORNOS MÉDIOS DO MERCADO FONTE: Groppelli e Nikbakht (2010) 105 Riscos e Retorno da Análise dos Índices Capítulo 6 Admitindo, como hipótese, que os retornos mensais da ação A estivessem correlacionados com os retornos mensais de um indicador de mercado como o índice composto da Standard & Poor’s 500. Usando a equação padrãoRs = a+ β (Rm) + e, as linhas das três ações (A, B e C) serão as seguintes: (conforme a CAPM a e e = 0). Ra = 0 + 2,0 (Rm) + 0 Rb = 0 + 1,0 (Rm) + 0 Rc = 0 + 0,6 (Rm) + 0 Os valores de beta (2,0, 1,0 e 0,6) de cada equação são fatores cruciais, conforme mostra na imagem anterior. Betas, para Groppelli e Nikbakht (2010), são medidas relativas do risco não diversificado associado aos retornos de uma ação em relação aos retornos do índice do mercado. Suponha que calculemos Ra, Rb e Rc, estimando um retorno de 10%. Os retornos esperados de cada ação poderiam ser: Ra = 20% Rb = 10% Rc = 6% Esse valor de risco pode ser calculado da seguinte forma, ao invés de usar a linha característica para calcular o beta: Beta = σa Pa, m σm Depois de determinados os desvios-padrão das ações A, B e C e do mercado (σm) mostrados abaixo. O Beta, mais um coeficiente de correlação (Pa, m), pode ser determinado dessa forma (suponhamos que o coeficiente de correlação seja 1,0.) σa = 0,10 σb = 0,05 σc = 0,03 σm = 0,05 Cada ação, o beta é correspondente a: Beta da ação A = 0,10 x 1,0 = 2,00,05 106 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices Esses betas são os mesmos que aqueles provenientes do uso da equação da linha característica. O coeficiente de correlação é o único fator que devemos considerar. Quanto menor for o coeficiente, menor o risco não diversificável ou beta. É irrefutável que a CAPM proporciona um meio fácil para comparar os vários níveis de risco de cada ação. Beta da ação B = 0,05 x 1,0 = 1,00,05 Beta da ação C = 0,03 x 1,0 = 0,60,05 6 A Linha de Mercado de Títulos É uma ferramenta para empreender a análise de risco/retorno de um título, quando o mercado for o parâmetro para medir tal risco. Ou seja, conhecendo o mercado, podemos calcular as taxas de retorno correspondentes de uma ação, usando a seguinte equação da linha de mercado de título (SML): RRRs = RF ÷ (Rm – RF) βs Em que: RRRs = taxa de retorno requerida de um título RF = taxa livre de risco Rm = retorno médio no mercado βs = beta ou risco não diversificável A taxa de retorno requerida é facilmente encontrada, com os dados precedentes: RRRS = 0,05 + (0,10 – 0,05) 1,2 = 11% Qualquer ação com um risco, ou beta de 1,2 terá um retorno de 11%. Caso o retorno seja inferior a 11%, a ação se torna sem atrativo e deve ser vendida. Mas se o retorno for superior a 11%, significa que a ação deve ser adquirida, pois está subavaliada. Essa relação é apresentada na imagem abaixo, na forma de uma linha de mercado de títulos (SML), ou seja, a representação gráfica de CAPM. 107 Riscos e Retorno da Análise dos Índices Capítulo 6 GRÁFICO 7 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE CAPM FONTE: Groppelli e Nikbakht (2010) Se forem conhecidos os betas dos diferentes títulos e a SML, as várias taxas de retorno requeridas podem ser encontradas. Uma ação com um beta de 0,8 teria uma RRRs igual a 9% e uma ação com beta de 1,2 teria uma RRRs de 11%. Fica evidente que a CAPM é uma ferramenta extremamente útil para avaliar títulos, porque proporciona a taxa de retorno requerida que pode ser utilizada para determinar o valor dos títulos. O modelo de crescimento do dividendo demonstra que o preço de uma ação é determinado pela fórmula: Ps = D1 K - G Em que: Ps = preço por ação D1 = dividendo do período, acrescido de taxa de crescimento anual K = taxa de crescimento ou grau de risco G = taxa de crescimento dos retornos da ação 108 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices O CAPM pode ser utilizado para fornecer o fator de risco desconhecido para, assim, encontrarmos o preço da ação, isso, considerando que conhecemos todos os termos da equação exceto o K. Ps = D1 TRRs - G TRRs, é a taxa de retorno requerida que prova o beta de uma ação ou projeto [TRRs = RF + (Rm – RF) βs]. Como é mostrado a seguir, as equações de CAPM e SML podem ser usadas também para adequar o fluxo de caixa de projetos para determinar seus valores presentes e suas rentabilidades: VPL = N FCt - IΣ (1 + TRRs) t t = 1 Em que: VLP = valor presente líquido FCt = receitas brutas do projeto I = custo original do produto TRRs = taxa de desconto A primeira parte da equação, ao lado direito, representa o cálculo do valor presente dos fluxos de caixa futuros usando a taxa de desconto (TRRs), ou taxa de retorno requerida derivada do CAPM. Podemos observar que o CAPM nos fornece a taxa de retorno requerida que serve como a taxa de desconto para ajustar os retornos futuros pelo risco (GROPPELLI; NIKBAKHT, 2010). Atividade de Estudos: 1) O risco é dividido em dois componentes, quais são estes componentes? ____________________________________________________ ____________________________________________________ 109 Riscos e Retorno da Análise dos Índices Capítulo 6 ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Por que geralmente é mais fácil prever o retorno de uma empresa com baixo risco do que uma empresa de alto risco? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) Conceitue Modelo de Precificação de Ativos Financeiros (CAPM - Capital Asset Pricing Model). ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 7 Algumas Considerações A relação entre risco e retorno é característica a qualquer decisão, seja relacionado às empresas ou não. O analista, ao se deparar com situações (aumento de produtividade, redução/elevação de preços, investimentos em imobilizados e pessoal, entre outras) que possuem diversas alternativas como opção, deve juntar o maior número de informações possível e atentar-se que os resultados projetados devem considerar não apenas o curto prazo, mas também os impactos futuros que poderão ocasionar à empresa. Portanto, é de extrema necessidade a importância da informação que proporcione maior assertividade com relação aos negócios da empresa. 110 Análise de Demonstrativos Financeiros e Índices Referências ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. 762 p., il. GROPPELLI, Angelico A.; NIKBAKHT, Ehsan. Administração financeira. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. xv, 496 p, il. (Essencial). GROPPELLI, A. A.; NIKBAKHT, E. Administração Financeira. [Tradução Célio Knipel Moreira; revisão técnica João Carlos Douat; colaboração especial Arthur Ridolfo]. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. MAGALHÃES, Antonio de Deus Farias; LUNKES, Irtes Cristina; MÜLLER, Aderbal Nicolas. Auditoria das organizações: metodologias alternativas ao planejamento e a operacionalização dos métodos e das técnicas. São Paulo: Atlas, 2001. MATARAZZO, Dante C. (Dante Carmine). Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003. MATARAZZO, Dante C. (Dante Carmine). Análise financeira de balanços: abordagem gerencial. 7. ed. deacordo com as Leis n. 11.638 e 11.941. São Paulo: Atlas, 2010. SILVA, Alexandre Alcântara da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. 3. ed. ampl. e atual. conforme Lei nº 11.638/07 e Lei nº 11.941/09 e pronunciamentos do CPC. São Paulo: Atlas, 2012.