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Unidade 1
Livro Didático 
Digital
Mariana Martins Garcia
Política de Saúde
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial 
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico 
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autora
MARIANA MARTINS GARCIA 
Desenvolvedor 
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
MARIANA MARTINS GARCIA
Olá! Meu nome é Mariana Martins Garcia. Fiz a faculdade de Farmácia 
na Universidade Federal do Paraná, e mestrado em Ciências Farmacêuticas 
na mesma instituição, também fiz pós-graduação em Gestão Estratégica 
de Organizações de Saúde pela UNICESUMAR. Já atuei como farmacêutica 
em farmácia de dispensação, farmácia hospitalar, prática clínica e 
manipulação de nutrição parenteral e quimioterapia e como palestrante em 
uma indústria de dermocosméticos. Trabalhei em empresas como Droga 
Raia, Hospital da Policia Militar, CEQNEP e Stiefel. 
Atualmente sou professora do Instituto Equilibra e professora 
convidada na Universidade Positivo, além disso, atuo como conteudista 
para diversas instituições como a Inspirar, Telesapiens, São Braz, Uniandrade 
e UniBrasil. 
Amo estudar e adquirir novos conhecimentos! Também sou 
apaixonada por ensinar, por isso estou aqui. Conte comigo no que eu puder 
ajudar e vamos aprender cada vez mais juntos!
A AUTORA
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo 
projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha 
de aprendizagem toda vez que:
ICONOGRÁFICOS
INTRODUÇÃO: 
para o início do desen-
volvimento de uma 
nova competência;
DEFINIÇÃO: 
houver necessida-
de de se apresentar 
um novo conceito;
NOTA: 
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE: 
as observações es-
critas tiveram que ser 
priorizadas para você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado 
ou detalhado;
VOCÊ SABIA? 
curiosidades e inda-
gações lúdicas sobre 
o tema em estudo, se 
forem necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamento 
do seu conhecimento;
REFLITA: 
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou 
discutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO: 
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das 
últimas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma ativi-
dade de autoaprendi-
zagem for aplicada;
TESTANDO: 
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Compreender sobre os conceitos de saúde durante a 
história ............................................................................. 12
Conceitos de Saúde durante a História .............................. 12
Saúde nas civilizações antigas .................................. 13
Saúde e a Idade Média ............................................. 14
O Renascimento e a evolução do conhecimento ....... 16
Iluminismo ............................................................... 17
A Teoria Bacteriológica ............................................ 18
Modelo Multicausal.................................................. 19
Determinante e Condicionantes Sociais de Saúde ..... 20
Conceito atual de saúde ............................................ 22
Conhecer história da Previdência Social e da saúde 
coletiva ............................................................................. 24
Saúde Coletiva .................................................................. 24
História da proteção social ................................................ 27
Proteção social no Brasil ................................................... 30
Compreender história das políticas públicas de saúde no 
Brasil ................................................................................ 36
Condição de vida no Brasil durante o período de colônia .. 36
Da Proclamação da República até 1930 ............................. 38
Era Vargas ......................................................................... 40
Da ditadura militar à VIII Conferência Nacional de Saúde 43
Conhecer a história dos sistemas de saúde de outros 
países ................................................................................ 47
Sistema de Saúde .............................................................. 47
Modelo universalista ................................................ 48
Modelo Seguro Social .............................................. 49
Sistema de Saúde na Inglaterra ................................. 49
Sistema de Saúde na Alemanha ......................................... 51
Sistema de Saúde em Cuba ............................................... 52
Sistema de Saúde nos Estados Unidos da América ............ 53
Sistema de Saúde no Canadá ............................................. 56
Política de Saúde 9
UNIDADE
01
LIVRO DIDÁTICO DIGITAL
Política de Saúde10
Olá aluno! Nesta produção vamos compreender os conceitos 
de saúde e sua evolução com o momento histórico da humanidade 
e das civilizações. Vamos ver que a saúde vai muito além de acesso à 
prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças, necessita de uma visão 
holística analisando os determinantes sociais de saúde. Além disso, você 
vai entender que a evolução do conceito de saúde coletiva e de proteção 
social, caminharam de forma integrada, pois o foco em todos os casos é o 
cuidado do indivíduo como pessoa e pertencente ao coletivo. 
Vamos ver também os principais acontecimentos históricos 
relacionados à proteção social fundamentais para a elaboração das 
Políticas de Saúde até a entrada da saúde na Constituição como “direito 
de todos e dever do estado”.
Por fim, entendendo que Sistema de Saúde é definido pela OMS 
como “o conjunto de atividades cujo propósito primeiro é promover, 
restaurar e manter a saúde de uma população” vamos compreender como 
surgiram e como funcionam os Sistemas de Saúde em outros países.
Ao longo deste material letivo você vai mergulhar neste universo!
INTRODUÇÃO
Política de Saúde 11
Olá. Seja muito bem-vindo. Nosso objetivo é auxiliar você no 
desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término 
desta etapa de estudos:
1. Compreender sobre os conceitos de saúde durante a história.
2. Conhecer história da previdência social e da saúde coletiva.
3. Compreender a história das políticas públicas de saúde no 
Brasil.
4. Conhecer a história dos sistemas de saúde de outros países.
Então? Preparado para adquirir conhecimento sobre um assunto 
fascinante e inovador como esse? Vamos lá!
OBJETIVOS
Política de Saúde12
Compreender sobre os conceitos de saúde 
durante a história
INTRODUÇÃO:
Neste material, você irá compreender os conceitos de saúde 
de acordo com o momento histórico da humanidade e das 
civilizações, bem como a importância dos movimentos 
sanitaristas para essa evolução de conceito. E então? Motivado 
para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!
Conceitos de Saúde durante a História
Nas primeiras civilizações a saúde era vista como natural, não 
havendo necessidade de explicação, enquanto a doença era entendida 
de duas formas: provocada por uma situação claramente identificada 
como uma queda ataque de animal entre outras ou possuía uma causa 
sobrenatural, não identificada. 
Essa visão sobrenatural era devida às limitações em relação 
a conhecimentos e recursos tecnológicos e eram tratadas pelos 
sacerdotes, muitas vezes pela fé através da “remissão dos pecados” e 
pelo isolamento da sociedade. 
Mesmo com essa crença no sobrenatural, as civilizações primitivas 
possuíam hábitos de proteção contra o adoecimento como enterrar os 
dejetos, utilizar água limpa, se abrigar do frio e do calor intenso, isso 
através da observação da natureza e da influência dela sobre as pessoas 
(MOREIRA, ARCARI, & COUTINHO, 2018).
Por serem ligadas à religião, as doenças eram tratadas pelos 
sacerdotes queajudavam os doentes a encontrar a cura, muitas 
vezes pela fé através da “remissão dos pecados” e pelo isolamento da 
sociedade. Mesmo com essa crença no sobrenatural, as civilizações 
primitivas possuíam hábitos de proteção contra o adoecimento como 
enterrar os dejetos, utilizar água limpa, se abrigar do frio e do calor 
intenso, isso através da observação da natureza e da influência dela 
sobre as pessoas. Vale ressaltar que essa visão mágica foi suficiente para 
Política de Saúde 13
explicar as doenças por muitos séculos, como base para as causas do 
adoecimento do indivíduo em diversas civilizações, mas com variações 
de acordo com a cultura e os costumes (SOLHA, 2014).
Saúde nas civilizações antigas
Por exemplo, na Grécia, a saúde e a doença eram explicadas 
a partir da conclusão após observação atenta do homem, de seus 
costumes e sua relação com a natureza. 
Podemos destacar os estudos de Hipócrates (Figura 1), maior 
representante dessa prática, ele era médico e filósofo que viveu entre 
os séculos IV e V a.C. quem escreveu o livro “Ares, Águas e Lugares” no 
qual ele relacionava o modo de vida da população e sua relação com 
a natureza como resultado de uma vida saudável ou do adoecimento, 
além disso, orientava, de modo prático, como os indivíduos deveriam 
viver para evitar o adoecimento: com moderação! Ele defendia que a 
saúde era resultado do equilíbrio entre o homem e o meio em que vivia.
Figura 1 - Hipócrates
Fonte: Wikimedia
Política de Saúde14
REFLITA:
Atualmente, vemos que a saúde vai além da ausência de 
doença, e compreendemos que há influência de outros 
fatores como ambientais e sociais. Percebe como os conceitos 
de Hipócrates se enquadram nos conceitos atuais de saúde? 
A partir de suas observações sobre o papel da natureza, Hipócrates 
influenciou, não apenas a civilização grega, após serem assimilados pelo 
Império Romano, dominaram grande parte Europa entre os séculos I e V 
a.C. garantindo a salubridade como podemos observar nas construções 
que perduram até hoje (MOREIRA, ARCARI, & COUTINHO, 2018).
Em outra parte do mundo, mais precisamente no Oriente, os 
conceitos de saúde, de doença e de seus cuidados seguiu em paralelo 
à Europa, mas não muito diferente. Na Pérsia (atual Irã), por exemplo, 
existiam hospitais que separavam os pacientes de acordo com os 
sintomas e o cuidado com a alimentação e a higiene eram considerados 
de extrema importância, sendo realizados por pessoas treinadas para a 
função. Da mesma forma que na Grécia, as medidas preventivas como 
uso de água potável, escoamento de esgoto (separação dos dejetos) 
eram comuns nas grandes cidades. 
Saúde e a Idade Média
O conhecimento científico que começou a surgir teve seu 
momento de “reclusão” durante a Idade Média, quando a Igreja se tonou 
soberana e dominou esse conhecimento de forma que toda e qualquer 
teoria que explicasse sobre qualquer tema da vida sem referenciar Deus 
era considerada blasfêmia (MOREIRA, ARCARI, & COUTINHO, 2018).
Nessa época a organização da população era em feudos, onde 
havia um dono da terra, o senhor feudal, e a população que nela 
habitava, trabalhava e devia sua vida a esse senhor. O crescimento 
dessa população e das cidades foi desordenado com aglomerações, 
Política de Saúde 15
IMPORTANTE:
Lembre-se que, nessa época, a doença ainda era considerada 
castigo divino resultante da desobediência às regras da Igreja 
ou da impureza da alma, e a cura só era possível se fosse 
da vontade de Deus. Um exemplo típico são as doenças 
mentais que eram consideradas como possessão demoníaca 
e essas pessoas eram queimadas em praça pública para a 
“purificação” de suas almas (SOLHA, 2014; MOREIRA, ARCARI, 
& COUTINHO, 2018).
No final da Idade Média, algumas medidas sanitárias começaram 
a ser tomadas com o objetivo de melhorar a saúde da população. Nessa 
época começou a ser estudada a “Teoria dos Miasmas”, a qual relacionava 
a transmissão de doenças aos “maus ares”, ou seja, as doenças eram 
transmitidas por gases e pelo ar, levando os pesquisadores a buscar 
alternativas para eliminar a disseminação das doenças (SOLHA, 2014; 
MOREIRA, ARCARI, & COUTINHO, 2018).
SAIBA MAIS:
A peste bubônica é uma doença transmitida pela pulga do 
rato e causou a morte de milhares de pessoas na Idade Média, 
mas pela Teoria dos Miasmas, a medicina utilizava os recursos 
que considerava corretos. Na visita aos doentes os médicos 
utilizavam vestimentas especiais que cobriam todo o corpo 
e uma máscara com um longo “bico” com ervas aromáticas 
para purificar o ar considerado contaminado e um bastam 
para verificar se o paciente estava vivo. 
sem mecanismos mínimos para garantir a higiene o que possibilitou a 
proliferação de doenças transmissíveis e das doenças epidêmicas como 
a peste bubônica, a varíola e o tifo. 
Política de Saúde16
Figura 2 - Vestimenta dos médicos na Idade Média
Fonte: Freepik
O Renascimento e a evolução do conhecimento
Esses paradigmas da Igreja foram rompidos a partir do século XV 
com a separação da religião e do poder político, levando a grandes e 
importantes mudanças para a sociedade ocidental incluindo a evolução 
dos conhecimentos científicos. 
Essa parte da história é estudada como “O Renascimento”, a 
partir da descoberta de novas civilizações e povos indígenas, a arte e a 
ciência evoluíram e os estudos sobre a biologia humana começaram a 
se desenvolver rapidamente. 
Um grande avanço para a saúde e para a biologia foi a possibilidade 
de estudiosos realizarem a dissecação de corpos humanos sem ser 
considerado pecado, além do resgate de vários estudos gregos e 
islâmicos possibilitando aos estudiosos da época o conhecimento sobre 
os órgãos do corpo humano.
IMPORTANTE:
Nessa época se comparava o funcionamento do corpo 
humano a algumas máquinas o que fez surgir a ideia de que a 
doença é um “defeito” da máquina humana, inicialmente sem 
relação com o meio externo.
Política de Saúde 17
A Teoria dos Miasmas ainda permanecia e foi aprofundada levando 
a implementação de códigos sanitários, mas ainda havia controvérsias 
sobre a origem da doença, pois alguns estudiosos acreditavam que a 
doença era transmitida apenas por contato e outros que acreditavam 
que o ambiente social era um dos principais causadores. 
Essa divergência de opinião foi importante para os avanços do 
conhecimento, pois levou os estudiosos a buscarem de forma ampla a 
realidade sobre a saúde e a doença. Perceba que a Teoria dos Miasmas 
permanecia forte da mesma forma que os conceitos de saúde de 
Hipócrates tomavam forma nesse novo conceito de civilização.
Iluminismo
Na segunda metade do século XVIII, mais precisamente a partir da 
Revolução Industrial na Inglaterra, nasceu uma nova forma de produção 
de bens de consumo, baseada na produção em larga escala, uso de 
tecnologia e emprego de uma grande quantidade de trabalhadores, 
deslocando a força de trabalho do meio rural para as cidades de modo 
desorganizado. Essa época é caracterizada por grandes lucros para os 
empregadores e péssimas condições de vida para o empregado. 
IMPORTANTE:
Nesse contexto começou a se relacionar o adoecimento com 
as condições de vida do indivíduo, indo além da medicina, 
cujo foco era a cura, tendo como intervenções a moradia e 
melhor alimentação dos trabalhadores. Nesse cenário que se 
desenvolve a Medicina Social, a qual relacionava o processo 
de adoecimento com as condições de vida dos indivíduos 
e passou a propor formas de atuação para o controle das 
doenças e da mortalidade extrapolando a prática médica 
e inserindo intervenções sobre a moradia, alimentação e 
medidas sanitárias.
A partir do contraponto superprodução e melhores condições de 
trabalho é quando se inicia os protestos e movimentos relacionados ao 
Política de Saúde18
trabalho digno, melhores moradias e melhores condições de cuidado da 
saúde. Mas esse tema vamos abordar melhor mais adiante!
A Teoria Bacteriológica
Apesar dejá se conhecer sobre os “germes” antes do século 
XIX pouco se podia provar, por isso, muitos pesquisados estudaram 
buscando relacioná-los a algumas doenças. 
Dentre esses pesquisadores e seus podemos destacar:
 • Robert Koch: comprovou a transmissão do antraz.
 • Louis Pasteur: junto com sua equipe, descobriram mecanismos 
de infecção e formas de prevenção.
 • Edward Jenner: desenvolveu a vacina contra a varíola.
 • Joseph Lister: propôs uso de fenol como antisséptico antes 
das cirurgias.
 • Ignaz Semmelweis: associou a febre puerperal ao fato de os 
estudantes de medicina saírem das salas de anatomia para a sala de 
parto sem lavarem as mãos ou trocarem de roupa, e recomendou esse 
procedimento como estratégia para evitar a infecção.
 • Florence Nightingale: recomendou que o ambiente hospitalar 
fosse limpo, ventilado e salubre para proporcionar a recuperação dos 
pacientes.
Figura 3 – Florence Nightingale
Fonte: Wikimedia
Política de Saúde 19
Florence Nightingale ficou conhecida como “A Dama da Lamparina” 
porque andava pelos corredores do hospital com uma lamparina para 
cuidar dos seus pacientes. Era apaixonada por gráficos e trouxe os 
estudos estatísticos para a saúde, utilizando o que chamamos hoje de 
gráficos de pizza. Florence é um exemplo da força, da inteligência e da 
coragem de todas as mulheres!
Essas teorias foram inicialmente contestadas por outros 
profissionais e pela própria medicina o que levou esses estudiosos a 
buscar comprovações de suas teorias para que pudessem ser aceitas e, 
principalmente, que fossem todas as devidas precauções. 
Nesse momento nasceu outra explicação sobre o processo saúde-
doença: a Teoria Bacteriológica colocando a infecção como única causa 
das doenças. Essa visão ajudou a identificar vários agentes patogênicos 
e a forma de controle e prevenção, porém, restringiu o olhar sobre o 
adoecimento desconsiderando os demais fatores como os psicossociais 
e os ambientais.
Modelo Multicausal
Outras teorias começam a surgir quando se percebeu que a 
Teoria Bacteriológica não era suficiente para explicar a complexidade 
do adoecimento, por isso, em meados do século XX, outras teorias 
começaram a surgir, muitas baseadas na multicausalidade do processo 
de adoecimentos.
A mais conhecida e utilizada até hoje é a “História Natural 
da Doença” proposta por Leavell e Clark, em 1965, pesquisadores 
americanos, a qual divide o processo do adoecimento em duas fases a 
pré-patogênica (antes do adoecimento) e patogênese (momento que a 
doença se instala) (MOREIRA, ARCARI, & COUTINHO, 2018).
Esse modelo passou a considerar a interação entre agentes, fatores 
ambientais e do indivíduo como partes do processo de adoecimento. 
Com esse novo conceito os estudos passaram buscar compreender 
de que forma os outros fatores podem influenciar no adoecimento, 
chegando até os determinantes e condicionantes sociais de saúde.
Política de Saúde20
Determinante e Condicionantes Sociais de Saúde
Na década de 60, alguns pesquisadores resgataram a teoria da 
Medicina Social inserindo o papel da sociedade e do Estado na saúde 
desenvolvendo a “Teoria dos Determinantes Sociais” ou “Teoria da 
Determinação Social do Processo Saúde-Doença”. 
A partir dessa teoria começam a propor modificações das 
estruturas sociais, econômicas e políticas como melhores condições 
de transporte, acesso aos serviços de saúde, melhores salários, entre 
outras, por observarem a relação dessas com as condições de saúde.
REFLITA:
Segundo a OMS, os determinantes de saúde são fatores 
sociais, econômicos, culturais, étnico-raciais, psicológicos e 
comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas 
de saúde e seus fatores de risco na população. Você consegue 
observar como os determinantes sociais podem influenciar na 
saúde do indivíduo?
Esses não podem ser avaliados somente pelas doenças geradas 
porque influenciam todas as dimensões do processo de saúde. Dentre 
esses fatores estão determinantes da condição de saúde estão:
 • Condicionantes biológicos: idade, sexo, características 
pessoais, herança genética.
 • Meio físico: condições geográficas, características da 
ocupação humano, fonte de água para consumo, qualidade dos 
alimentos e sua disponibilidade, condições de habitação.
 • Meio socioeconômico e cultura: níveis de ocupação e renda, 
acesso à educação, ao lazer, graus de liberdade, relacionamentos 
interpessoais, acesso aos serviços voltados para a promoção e 
recuperação da saúde, bem como a qualidade dos mesmos.
Política de Saúde 21
Figura 4 – Qualidade de vida em família – uma das 
formas de cuidar dos determinantes sociais
Fonte: Pixabay
SAIBA MAIS:
Outro termo que Solha (2014) traz é a expressão 
“Condicionantes de Saúde” que condiciona uma situação a 
um determinado fator, por exemplo, apenas homens podem 
ter câncer de próstata, por isso sexo é um fator condicionante 
para essa doença entre humanos. Mas isso não quer dizer que 
todo homem terá câncer de próstata, lembre-se a doença é 
multicausal, ou seja, há outros fatores que a influenciam.
Segundo Moreira et al (2018), os valores e os determinantes e 
condicionantes da saúde expressam as tendências e conformações dos 
hábitos sociais de acordo com diversos aspectos da sociedade. 
Compreendendo que a saúde é multicausal e vem do bem-
estar biopsicossocial, uma forma de avaliar as condições de saúde do 
indivíduo é através da avaliação da sua qualidade de vida que envolve o 
bem espiritual, físico, psicológico, emocional, relacionamentos sociais, 
saúde, educação, poder de compra, habitação, saneamento básico 
entre outras circunstancias da vida. Avaliar os diversos domínios da vida 
das pessoas auxilia os pesquisadores a melhorar a vida da população e, 
consequentemente, sua condição de saúde.
Política de Saúde22
Conceito atual de saúde
Não tem como falar sobre saúde sem citar a definição da 
Organização Mundial de Saúde (OMS), pois essa é a mais abrangente, 
definindo que saúde “é o completo bem-estar físico, social e mental, 
e não apenas a ausência de doenças”. Perceba que nesse conceito se 
insere três dimensões:
 • Bem-estar físico: não há apenas a saúde de um órgão, mas 
sim do todo, do sistema completo.
 • Bem-estar social: é o ajuste às exigências do meio, 
fundamentalmente das condições socioeconômicas, do local onde se 
vive, da distribuição de riquezas e das oportunidades oferecidas ao 
indivíduo.
 • Bem-estar mental: o ser humano precisa estar bem ajustado 
às condições de vida dentro do seu ambiente, com entendimento, 
equilíbrio, tolerância e compreensão dos indivíduos, ou seja, a saúde 
mental são as respostas psíquicas ajustadas com boa adaptação. 
Após o surgimento de todas essas teorias para explicar o processo 
saúde-doença, os pesquisadores perceberam que não é possível 
observar apenas um ponto de vista por ser um tema muito complexo.
Essa nova visão do processo saúde-doença, com o olhar holístico, 
sobre o todo, necessita de mudanças nos serviços de atenção à saúde 
o que, em muitos países, encontra dificuldades devido aos conceitos 
instalados nos profissionais, gestores, políticos e da própria população na 
qual o médico ainda é visto como principal detentor dos conhecimentos 
para a cura. Esse novo modelo é chamado de “Conceito Ampliado de 
Saúde”.
REFLITA:
Lembra quando falamos no começo sobre os cuidados de 
saúde na antiguidade? Os sacerdotes eram detentores do 
conhecimento de cura, com sua base Divina e de fé, eram 
os únicos capazes de cuidar dos pacientes, certo? Agora 
eu te faço uma pergunta para você pensar: qual a real 
diferença entre esse modelo que coloca o sacerdote como 
responsável pela cura e o modelo biomédico que centra essa 
responsabilidade no médico?
Política de Saúde 23
No Brasil, o movimento de saúde a partir da década de 80, teve 
a participação da sociedade nas discussões sobre diversas áreas, entre 
elas a saúde, e na VIII Conferência Nacional de Saúde a saúde foi definidada seguinte forma:
Em sentido amplo, a saúde é a resultante das condições de 
alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, 
trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e 
posse da terra e acesso aos serviços de saúde. Sendo assim 
é principalmente resultado das formas de organização social, 
de produção, as quais podem gerar grandes desigualdades 
nos níveis de vida (BRASIL, 1986, p. 4).
Perceba que essa definição corrobora o “conceito ampliado de 
saúde” o qual compreende que para se alcançar a saúde deve-se existir 
integração entre os diferentes setores da sociedade de forma que se 
articulem políticas amplas não restritas apenas aos serviços de saúde, 
como unidades básicas, hospitais entre outros.
RESUMINDO:
E então? Conseguiu compreender sobre os conceitos de 
saúde e sua evolução? Neste tópico conhecemos a evolução 
do conceito de saúde, além de compreendermos que esses 
conceitos estão vinculados ao momento da humanidade de 
das civilizações. Pudemos observar, também, que a saúde vai 
muito além de acesso à prevenção, diagnóstico e tratamento 
de doenças, necessita de uma visão holística analisando 
os determinantes sociais de saúde o que permite realizar 
intervenções no sentido de ampliar políticas públicas que 
possam reduzir as iniquidades e avançar para políticas de 
saúde com mais equidade.
Política de Saúde24
Conhecer história da Previdência Social 
e da saúde coletiva
INTRODUÇÃO:
Historicamente a evolução do conceito de saúde coletiva 
e de proteção social caminharam de forma integrada, pois 
o foco em todos os casos é o cuidado do indivíduo como 
pessoa e pertencente ao coletivo. Por isso, neste tópico 
vamos conhecer sobre a história da saúde coletiva e evolução 
da previdência social que tem início com a proteção social. 
Pronto para começar? Bons estudos!
Saúde Coletiva
A saúde coletiva é a integração entre as ciências sociais e as 
políticas públicas de saúde identificando as variáveis sociais, econômicas 
e ambientais que possam influenciar nos cenários de epidemia de 
determinada região, através de estudos, análises e projeções dos 
dados epidemiológicos e socioeconômicos, sendo possível observar as 
necessidades da população e elaborar políticas para prevenção. 
O estudo da saúde coletiva como ciência busca ampliar os 
conhecimentos sobre a saúde, a partir de investigações históricas, 
sociológicas, antropológicas e epistemológicas. 
SAIBA MAIS:
É muito comum encontrar em algumas literaturas o conceito 
de saúde coletiva e de saúde pública como sinônimos, mas 
esses conceitos são diferentes. O primeiro é resultado do 
movimento sanitarista, enquanto o segundo está relacionado 
com o direito individual e coletivo à manutenção da saúde.
Política de Saúde 25
O surgimento da saúde coletiva teve início a partir do momento 
em que a população passa a ser cuidada pelo poder público o qual 
contabiliza a população, coleta dados sobre suas condições de vida e 
acompanha as taxas de natalidade e mortalidade, bem como, utiliza as 
políticas públicas desenvolvidas pelo Estado para assegurar direito e 
cidadania a partir de planos, programas, ações e atividades (BARROS, 
1996).
No Brasil a saúde coletiva começou na luta contra a ditadura 
estruturando-se com apoio de universidades, movimentos sindicais, 
entre outros, tendo como seu primeiro grande resultado a criação do 
Sistema Único de Saúde, cujo objetivo está no auxílio da identificação de 
variáveis sociais, econômicas e ambientais que possam influenciar nas 
epidemias regionais (MOREIRA, ARCARI, & COUTINHO, 2018).
Esse movimento sanitarista teve início na década de 70 cuja 
ideologia buscava a reforma sanitária brasileira de forma que a saúde 
deixasse de ser apenas uma questão médica, mas passasse a ser 
também uma questão social e política. 
IMPORTANTE:
A Saúde Coletiva está envolvida com lutas políticas, 
ideológicas, teóricas e paradigmáticas que repercutiram na 
saúde como um todo, não apenas em seu conceito, mas 
nas práticas relacionadas a ela de forma individual e coletiva 
de acordo com suas necessidades, direitos humanos e a 
democratização da vida social. 
Observe que o conceito de Saúde Coletiva vai além da dimensão 
do corpo individual, passa-se a observar o indivíduo como cidadão com 
direitos e com capacidade de reflexão crítica sobre como leva a sua vida. 
Política de Saúde26
Figura 5 – Saúde Coletiva, cuidado do todo!
Fonte: Pixabay
O objetivo é evitar a doença e prolongar a vida, melhorar a 
qualidade de vida, o exercício da liberdade humana e a busca da 
felicidade usando as informações de epidemiologia social, ciências 
sociais e desigualdade em saúde, conceitualmente relacionados as 
tarefas da saúde pública. 
Na saúde pública envolve ações e serviços de caráter sanitário 
que tem como objetivo combater e prevenir doenças ou riscos à saúde 
da população utilizando os conhecimentos de saúde e ciências sociais 
para organizar os serviços de saúde e o sistema atuando nos fatores 
do processo saúde/doença com o intuito de controlar a incidência de 
doenças através da vigilância sanitária. 
Consegue perceber como a Saúde Coletiva e a Saúde Pública 
se desenvolveram e atuam em conjunto para buscar o bem estar físico, 
social e psicológico do indivíduo? 
Os desafios da saúde pública dentro da saúde coletiva são 
imensos como resolver questões mais complexas relacionadas a saúde 
como a fome, o meio ambiente, a violência como um modo social de 
viver (contra mulher, criança, homossexual, entre outros), desemprego, 
instabilidade, competição individual pelo direito de trabalho como 
gerador de sofrimentos e de doenças individuais e coletivas.
Política de Saúde 27
História da proteção social
A busca pelo cuidado da saúde acontece desde o momento que 
o homem observa a necessidade de proteger sua saúde e tratar as suas 
doenças. Dessa forma, o cuidado consigo e com os demais faz com que 
o ser humano busque mais conhecimento sobre as doenças e as formas 
de prevenção e tratamento. 
A busca do ser humano pela proteção social é muito antiga, 
originada na Grécia e a Roma antigas. Nessas civilizações a proteção 
social tinha a característica de pater familiae, ou seja, o patriarca como 
principal responsável pela proteção dos seus familiares. 
VOCÊ SABIA?
Hoje pensamos em família como a pequena instituição de 
pais e filhos, mas naquela época, a constituição familiar 
era bem mais ampla, muitas vezes, dentro da mesma casa 
moravam avós, irmão, pais, filhos, sobrinhos e os cônjuges de 
cada um desses indivíduos, sendo todos comandados pelo 
homem mais velho com vigor físico. Os indivíduos que não 
tinha essa proteção familiar e não tinham condições de se 
sustentar dependiam de ajuda através da caridade praticada 
pelos mais ricos. 
Figura 6 - Proteção familiar
Fonte: Pixabay
Política de Saúde28
O marco em relação a assistência social, foi a Lei dos Pobres (Poor 
Relief Act), em 1601, na Inglaterra. Essa Lei regulamentava a instituição 
de auxílios e socorros públicos aos que deles necessitavam, incluindo 
a cobrança de impostos de caridade, pago pelos que possuíam terras, 
repassando esses valores, por meio dos inspetores nomeados pelos 
juízes, para as paróquias da região que passaria, que repassavam para 
os mais necessitados (MOREIRA, ARCARI, & COUTINHO, 2018).
Essa tendência de cuidado do menos favorecido, chegou a França 
com a Convenção Nacional francesa de 1793 na qual foi elaborada a 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. 
Em seu artigo 21 estava escrito sobre o auxílio público como uma 
dívida sagrada sendo obrigação da sociedade o amparo aos cidadãos 
infelizes sendo obrigação ajudá-los disponibilizando trabalho aos que 
poderiam trabalhar e assistência aos incapacitados.
IMPORTANTE:
Percebam que, com o passar do tempo, a proteção social e 
assistencial deixa de ser apenas uma questão de princípio do 
ser humano e passa a ser institucionalizada.
O fortalecimento das indústriasem busca de lucros e o abuso 
desses sob a mão de obra, explorando a necessidade da população 
que precisava e se submetia a péssimas condições de trabalho, 
levou os empregados a lutarem por melhores condições de vida e, 
consequentemente de saúde (SOLHA, 2014).
Alguns empresários buscavam garantir cobertura dos principais 
riscos e necessidades de seus empregados, em alguns casos com 
moradia e educação mínima para os filhos dos trabalhadores, mas 
esses cuidados eram voltados a manter esses indivíduos em condições 
mínimas para conseguir subordiná-los ao sistema de trabalho existente.
Política de Saúde 29
Figura 7 – Cidade durante Revolução Industrial
Fonte: Wikimédia
Por isso o Estado passou a ter a responsabilidade pela gestão e 
organização da proteção social, a partir da iniciativa de trabalhadores 
independentes que não aceitavam essa supremacia das indústrias sobre 
sua existência. 
Com a cobertura dos riscos relacionados ao trabalho nas 
indústrias, esse trabalho passou a ser mais atraente e população sem 
renda começou a se tornar assalariada, o que levou parte da população 
rural buscar oportunidade de “crescimento” nas grandes cidades, tendo 
como consequência um crescimento desordenado e precário em relação 
a condições de limpeza e moradia.
Em cada país essas mudanças aconteceram em momentos 
e características diferentes, de acordo com os regimes de governo 
existentes. Mas em todos o Estado acaba tomando parte desse cuidado 
social em amparo a sua população, mesmo que por um período de 
adaptação.
VOCÊ SABIA?
A proteção social cujo empregados e empregadores 
contribuem e apenas eles recebem os benefícios é chamado 
por alguns autores de sistema Bismarckiano de previdência, já 
o sistema denominado Beveridgiano tem como característica 
a universalidade destinado a todos os cidadãos.
Política de Saúde30
No final da II Guerra Mundial, a cobertura estatal passou a ser 
mais abrangente, vai além da assistência à saúde os empregados 
conquistaram renda durante a velhice, nos casos de doença e 
necessidade de afastamento, benefícios para as gestantes, entre outras. 
A inclusão da garantia de renda em caso de desemprego, e, em 
alguns países, a inclusão do cuidado com as crianças, habitação e até 
reciclagem da mão de obra desempregada. Em geral o custeio dessa 
proteção era tripartite, ou seja, dividida entre as três partes envolvidas: 
empregado, empregador e governo. 
Figura 8 – II Guerra Mundial
Fonte: Pixabay
Proteção social no Brasil
Entendemos como foi a evolução da proteção social no mundo, 
no Brasil não foi muito diferente. Vamos voltar um pouco na história para 
compreender a proteção social no Brasil
No período colonial vai de 1500 até 1821, com a exploração do 
pau-brasil e, posteriormente, o início do ciclo da cana-de-açúcar não 
havia saúde pública, pois os escravos eram considerados mão de obra 
barata, de fácil substituição, na verdade nem eram considerados “gente”. 
Com essa visão de seres inferiores, os senhores e donos de 
escravos não gastavam tempo nem dinheiro com o tratamento de 
Política de Saúde 31
doenças, uma vez que era mais rentável deixá-los morrer e comprar outro 
para substituí-lo do que investir em tratamento para esses indivíduos. 
Além disso, o Brasil era colônia de Portugal e não recebia 
investimentos para garantir a saúde dos que aqui moravam, pois, 
para a família real, moravam no Brasil apenas índios, escravos negros, 
aventureiros e deportados. 
Vale lembrar que, naquela época, a cura das doenças e 
enfermidades era realizada com base nos conhecimentos empíricos e 
nos curandeiros, sendo realizada por pajés, jesuítas e pelos boticários 
que percorriam o Brasil, para os indivíduos capazes de pagar, alguns 
médicos vindos de Portugal era suficiente para suprir essa demanda. 
Após alguns anos do descobrimento, surgiram as primeiras Santas 
Casas de Misericórdia, criadas para suprir essa necessidade assistencial 
do país (FREIRE & ARAÚJO, 2015).
Com a chegada da família real e o agravamento de doenças 
na população, as famílias mais ricas recebiam assistência de agentes 
europeus, e os pobres continuavam sendo isolados e recebendo apenas 
cuidados paliativos (MOREIRA, ARCARI, & COUTINHO, 2018).A proteção 
social iniciou com as Santas Casas de Misericórdia fundada pelo padre 
jesuíta José de Anchieta e administrada pela igreja Católica. Em 1795, foi 
criado o plano Oficial da Marinha para os órfãos e viúvas, podendo ser 
considerado a introdução do conceito de pensão por morte. 
Nos anos de 1800, foi o início do pensamento sobre aposentadoria 
com o Montepio (1808) e a Mongeral (1835), ambos organizados por 
servidores públicos e em 1821, Dom Pedro de Alcântara, publicou um 
decreto que concedeu aos mestres e professores a possibilidade de se 
aposentar, desde que completassem 30 (trinta) anos de serviço. 
IMPORTANTE:
Era o início de uma previdência privada, assim, os indivíduos 
podiam se associar e contribuir para um fundo comum, o 
qual realizava pagamento de benefícios em casos de morte e 
invalidez, mas eram exclusivos aos funcionários públicos. 
Política de Saúde32
As primeiras medidas sanitárias surgiram no Brasil em 1902, após 
a proclamação da República (1889) para resolver os problemas das 
doenças que se espalhavam rapidamente como malária, febre-amarela, 
varíola, peste bubônica, com a nomeação do médico Oswaldo Cruz para 
realizar essas medidas. 
Dentre as ações, Oswaldo Cruz convocou pessoas para realizar as 
ações que previam invadir as residências e queimar roupas e colchões 
sem qualquer explicação, bem como a vacinação da população. Essas 
medidas levaram à população para as ruas o que ficou conhecida como 
a Revolta da Vacina. 
Figura 9 – Revolta da Vacina
Fonte: Wikimedia
Mesmo com toda a controvérsia sobre a forma como foi feito, em 
poucos anos ele foi conhecido como figura importante para a saúde 
brasileira. Osvaldo Cruz foi responsável pela criação do Departamento 
Nacional de Saúde, embrião do Ministério da Saúde e do Instituto 
Manguinhos, cujas pesquisas eram voltadas para a saúde pública, mas 
esse é um tema para o próximo tópico (SOLHAb, 2014).
Esse movimento foi importante para dar início a luta da população 
pelos seus direitos em relação ao cuidado da saúde e seus direitos 
trabalhistas
Política de Saúde 33
Por isso podemos dizer que o marco da proteção social e da 
previdência no Brasil, aconteceu com Lei Eloy Chaves em 1923. Nesse 
Decreto Legislativo foram criadas as Caixas de Aposentadorias e 
Pensões (CAP) para os empregados das empresas ferroviárias. 
A partir dessa, surgem outras leis previdenciárias para outros 
setores existindo um CAP para cada empresa a qual administrava e 
organizava a participação de seus empregados. 
No governo de Getúlio Vargas houve o desenvolvimento industrial 
com uma série de medidas de incentivo o qual trouxe efeitos positivos 
como a geração de empregos com melhores condições de trabalhos, 
com melhorias na organização dos trabalhadores, criação de sindicatos, 
além de avanços em estruturas públicas como transporte, infraestrutura 
e iluminação.
É no Governo Vargas, em 1930 que aconteceu a unificação de 
várias CAPs criando diversos Institutos de Aposentadorias e Pensões 
(IAP) de acordo com o tipo de trabalho (marítimos, comerciários, 
bancários, entre outros) com a participação do governo na contribuição 
e administração pública desses fundos (MARQUES, PIOLA, & ROA, 2016).
Nessa situação os IAPs já estavam vinculados a autarquias 
públicas de âmbito nacional e com a Constituição Federal de 1934, o 
custeio passou a ser tripartite, inserindo a participação do Estado além 
do empregado e do empregador. 
Mas foi apenas na Constituição de 1946 que se destacou a 
cobertura em casos de invalidez, morte, velhice, maternidade e doença, 
e foi inserida a expressão Previdência Social na história e legislação do 
país.
Em 1966, aconteceu a unificação dosIAPs com o Decreto-Lei n. 
72, de 21 de novembro, fato que deu origem ao Instituto Nacional de 
Previdência Social (INPS). 
Perceba que até aqui a movimentação social estava focada na 
proteção social relacionada a emprego e suas garantias, pois foi o que 
iniciou o movimento de proteção social, não apenas no Brasil, mas no 
mundo. 
Mas nessa mesma época as dificuldades em relação a assistência 
médica começaram a ficar evidentes principalmente após a V Conferência 
Política de Saúde34
Nacional de Saúde, o que levou a elaboração da Lei nº 6.229/75 que 
criou o Sistema Nacional de Saúde (CNS) definindo as responsabilidades 
das várias instituições, deixado para a Previdência Social a assistência 
individual e curativa, enquanto os cuidados preventivos e de ação 
coletiva eram responsabilidade do Ministério da Saúde e das Secretarias 
Estaduais e Municipais de Saúde.
Dessa forma o INPS foi desmembrado ocorrendo a separação da 
previdência social, que ficou sob responsabilidade do Instituto Nacional 
do Seguro Social (INSS) e o Instituto Nacional de Assistência Medica 
da Previdência Social (INAMPS), criado para se responsabilizar pela 
assistência médica ambulatorial e hospitalar. 
O fim da ditadura militar é um importante marco para a história do 
Brasil, tanto na questão política da liberdade de expressão quando nos 
avanços de conceitos e conhecimentos em diversas áreas como saúde 
e educação.
Com a eleição de Tancredo Neves em 1984, quando ocorrem 
grandes alterações e restruturação com a reforma sanitária e a criação 
do Sistema Único Descentralizado de Saúde (SUDS). 
Os serviços médicos privados, que se beneficiaram durante o 
militarismo, receberam recursos do governo e foram financiados com 
grandes valores. Isso porque em meados da década de 70, o setor 
público entrou em crise e o setor privado começou perceber que prestar 
serviços apenas para o governo era desvantajoso, passando por uma 
reformulação e reestruturação. 
O modelo de atenção à saúde ainda direcionado para uma parcela 
da população (classe média e assalariados) procurando organizar uma 
nova base estrutural por meio da poupança desses setores sociais. 
Assim é organizado um subsistema de Atenção Médica 
Suplementar composta por cinco modalidades assistenciais: medicina 
de grupo, cooperativas médicas, autogestão, seguro-saúde e plano de 
administração baseadas em contribuições mensais dos beneficiários 
tendo como contrapartida a prestação de determinados serviços. 
Esse é o início de planos de saúde rudimentar, mas com diversos 
problemas como serviços e benefícios predeterminados, com prazos de 
Política de Saúde 35
carência, além de determinadas exclusões como, por exemplo, a não 
cobertura do tratamento de doenças infecciosas.
Nessa época a assistência à saúde era exclusiva aos trabalhadores 
e seus dependentes, e a população que não tinha emprego era amparada 
pelas casas de caridade. Foi apenas com a Constituição Federal de 1988 
e a Lei Orgânica da Saúde que essa situação começou a mudar. Mas, 
essas mudanças veremos mais adiante!
RESUMINDO:
Neste tópico vimos sobre a história da saúde coletiva, na 
qual ou o indivíduo tinha condições de pagar pelo cuidado 
ou esperava a caridade, e como ocorreu a luta e a criação de 
legislações para a proteção da saúde dos trabalhadores os 
quais começaram a buscar melhores condições de trabalho 
e de cuidados da sua saúde. E aí? O que está achando de 
conhecer sobre a história da Previdência Social? Ela que dá 
início à busca por melhores condições de saúde e exige do 
Estado legislações e atitudes. Mas esse tema ficará para o 
próximo tópico.
Política de Saúde36
Compreender história das políticas 
públicas de saúde no Brasil
INTRODUÇÃO:
Até aqui vimos a evolução de conceitos e marcos históricos 
importantes relacionados à proteção social. Mas ainda não 
acabou, precisamos compreender os acontecimentos 
que levaram a elaboração das Políticas de Saúde. Esses 
acontecimentos aconteceram junto com os fatos relacionados 
à previdência social, por isso, vamos voltar à época da colônia 
no Brasil... 
Condição de vida no Brasil durante o 
período de colônia
Durante o período que o Brasil foi colônia de Portugal, nosso 
país foi explorado sem infraestrutura e a população vivia em condições 
precárias. 
A economia era pautada no extrativismo, por isso, era necessária 
uma estrutura mínima para os portos para que acontecesse o escoamento 
da matéria-prima. Por isso o início as políticas de Saúde Pública no Brasil 
ficavam restritas ao controle de doenças nos portos.
Figura 10 – Pau-brasil
Fonte: Pixabay
Política de Saúde 37
Lembre-se que, nessa época, o perfil de adoecimento do país 
era de doenças transmissíveis, tanto as originais do país quanto as 
importadas de outros países como os europeus e africanos, as quais 
dizimaram milhares de indígenas em várias regiões do país.
Além disso, não existia assistência à saúde, quem tinha condições 
trazia médicos da Europa para se tratar, quem não tinha, procurava a 
medicina popular, utilizando ervas e/ou cuidando do espírito, como era 
o cuidado tradicional da época e cultural entre os indígenas e escravos 
africanos. 
Nesse contexto que as Santas Casas de Misericórdia entram em 
cena. Diferente de como conhecemos hoje, elas não tinham caráter de 
hospital, apenas abrigavam os pobres e doentes mentais, mas não havia 
um cuidado médico apropriado. 
VOCÊ SABIA?
A primeira Santa Casa foi inaugurada no Brasil em 1543 na 
cidade de Santos, São Paulo, com o decorrer dos anos outras 
foram abertas em outras cidades e eram administradas pela 
Irmandade de Misericórdia. 
A preocupação com a saúde começou mesmo em 1808 com a 
vinda da família real portuguesa e sua comitiva para o Brasil. Cerca de 
15 mil pessoas vieram para o Brasil nessa comitiva. Eles se espantaram 
com as condições de higiene e de vida nas grandes cidades brasileiras.
A vinda dos nobres portugueses e da família real trouxe grandes 
melhorias para o Brasil em relação à saúde, com criação de diversos 
órgãos públicos a as Escolas de Cirurgia, sendo a primeira em Salvador 
e a segunda no Rio de Janeiro.
SAIBA MAIS:
A família real portuguesa veio para o Brasil para fugir de 
Napoleão Bonaparte, imperador francês, que ameaçava 
invadir Portugal, dessa forma conseguiram se manter 
independentes, com apoio da Inglaterra que os ajudou a 
expulsar as tropas napoleônicas de Portugal.
Política de Saúde38
A Proclamação da República aconteceu em 1889, o que tornou 
o Brasil uma república federativa, com a derrubada da monarquia e a 
aclamando Marechal Deodoro da Fonseca, um dos líderes do Movimento 
Republicano, como presidente do Brasil. 
Da Proclamação da República até 1930
A abolição da escravidão em 1888, estimulou a imigração, 
principalmente de europeus pela necessidade de mão de obra nas 
fazendas. Nessa época, a cafeicultura era o que sustentava a economia 
brasileira junto com produção de leite, por isso a República, recém 
instaurada, foi denominada “Café com Leite”, devido o apoio dos políticos 
aos grandes fazendeiros.
O Brasil sofria com epidemias como varíola, febre amarela, peste, 
entre outras, o que ameaçava a economia. Lembre-se que com o foco na 
exportação de café e outros produtos nacionais, todos por via marítima. 
Mas como escoar essa produção se os navios estrangeiros estavam com 
medo dessas doenças epidêmicas matarem as tripulações?
Nesse momento entram em cena Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro 
e Emílio Ribas em São Paulo. Médicos, com conhecimentos baseados 
na Teoria Bacteriológica, desenvolveram um modelo de intervenção 
chamado de Campanhista. Apesar dos abusos nas práticas de saúde, 
essa intervenção obteve resultados contra as epidemias presentes no 
Brasil. Entre as medidas tomadas estavam:
 • Vacinação obrigatória contra varíola.
 • Controle dos ratos.
 • Controle dos locais de procriação de mosquitos.
VOCÊ SABIA?
Como já dito, as medidas não eram asmais adequadas, 
você sabe quais eram as intervenções? Por serem doenças 
transmissíveis o foco era eliminar os pontos de contaminação, 
por isso foram destruídos cortiços e casas do centro da cidade, 
o que deixou a população sem abrigo, as quais foram para os 
morros nascendo, então, as favelas cariocas.
Política de Saúde 39
Figura 11 – Favela
Fonte: Pixabay
As medidas violentas levam a uma forte reação da população 
carioca, sob liderança de militares de oposição do governo, o que 
iniciou a “Revolta da Vacina”, em 1904, mas ela foi reprimida com grande 
violência e teve eu fim em menos de 48 horas, mas foi tempo suficiente 
para entrar para a história da Saúde Pública.
Mas as atividades e ações não foram apenas essas destacadas. 
Foram realizadas outras ações importantes como:
 • Registro demográfico, para conhecer a composição e os fatos 
vitais de importância da população. 
 • Introdução do laboratório como auxiliar o diagnóstico 
etiológico. 
 • Fabricação organizada de produtos profiláticos para uso em 
massa.
VOCÊ SABIA?
Sabe por que essas intervenções foram chamadas de 
Campanhistas? Até a década de 1930, a saúde pública era 
baseada em campanhas com o apoio da polícia sanitária por 
isso foi conhecida como Campanhista, as quais eram voltadas 
para problemas de saúde que afetavam a população, porém 
motivadas pelos interesses econômicos.
Política de Saúde40
Mas a saúde individual ainda era parecida com o Brasil colônia, 
ou seja, os médicos atendiam as pessoas que podiam pagar e os 
curandeiros e Santas Casas para os pobres.
Haviam muitos imigrantes o que levou a uma discreta mudança, 
pois esses eram trabalhadores que atuavam politicamente em seus 
países e compreendiam a importância da sua união para garantir os seus 
direitos básicos como acesso à moradia e à saúde. Essa organização 
dos trabalhadores resultou em diversas greves entre 1915 e 1920 
reivindicando trabalho com carga horária pré-determinada, salário justo, 
assistência à saúde e condições de trabalho salubres. 
Foi a partir da união de muitas categorias que levou a formação 
de fundos financeiros mútuos os quais começaram a ser utilizados 
para garantir a assistência médica individual dos trabalhadores e 
seus familiares e pensões, em caso de morte e invalidez, com regras 
determinadas pelos próprios trabalhadores em assembleias.
A criação das Caixa de Aposentadoria e Pensão (CAP) foi 
determinada pela Lei Elói Chaves, em 1923, a qual inovou e melhorou os 
fundos mútuos. Ela determinou que o empregador também contribuísse 
com uma porcentagem nesse fundo, por isso foi considerada como o 
embrião da Previdência Social no país.
Aconteceram muitas mudanças no mundo no final dos anos 1920, 
como a crise econômica como a quebra da bolsa de valores de Nova 
York em 1929, o que levou a desvalorização da exportação de café, base 
da economia da época, o que culminou na Revolução de 1930 no Brasil 
com o poder provisório nas mãos de Getúlio Vargas. 
Essa revolução aconteceu devido a insatisfação de outros estados 
brasileiros diante do governo federal pelo sentimento de exclusão 
em relação as tomadas de decisão do Estado, pois, como já vimos, a 
“República Café com Leite” beneficiava apenas uma pequena parte da 
elite brasileira.
Era Vargas
Entre 1930 e 1945, Getúlio Vargas governou o Brasil de modo 
centralizador, ele fechou o Congresso Nacional, perseguir inimigos 
políticos e fez alianças com países estrangeiros para deportar presos 
políticos.
Política de Saúde 41
Figura 12 – Visita de Getúlio Vargas e Juarez Távora a Salvador após Revolução de 1930
Fonte: Wikimedia
Mesmo assim ficou conhecido como “Pai dos Pobres” pois sua 
política populista promulgou a Consolidação das Leis do Trabalho, 
desenvolvida pela equipe do governo sem a participação da sociedade, 
mas com medidas sociais, mesmo assim os historiadores descrevem 
que essas ações eram uma forma de mascarar e justificar o sistema 
autoritário que estava instalado no país.
Lembra-se que os Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAPs) 
que foram criados a partir da unificação das Caixas de Aposentadorias e 
Pensão? Pois bem, o Estado passou a contribuir financeiramente e, por 
isso, passou a administrá-los, o que reduziu a liberdade dos trabalhadores 
nas tomadas de decisão. Seus recursos passaram a financiar grandes 
obras públicas além de empréstimos para grupos privados de saúde, 
com a justificativa de estar sendo utilizado para a saúde.
IMPORTANTE:
Perceba que, até esse momento, a assistência à saúde era 
de direito somente aos trabalhadores participantes dos IAPs 
e seus familiares, o restante da população dependia da 
assistência particular ou hospitais filantrópicos quando não 
podiam pagar. O foco do cuidado e da Saúde Pública nesse 
período era a preservação da força de trabalho garantindo o 
crescimento industrial no País. 
Política de Saúde42
O Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) foi criado a partir de 
um convênio com os EUA, durante a Segunda Guerra Mundial, sendo 
moldado no modelo norte-americano, com foco em prevenção e 
atuando nas áreas onde não havia cobertura dos serviços tradicionais 
como a Amazônia.
REFLITA:
Nessa época, em plena Segunda Guerra Mundial, a Indonésia 
era a principal fornecedora de látex para os EUA, porém se 
encontrava em uma região constantemente atacada pelos 
países que formavam o Eixo (Alemanha, Itália e Japão) os 
quais lutavam contra os EUA e seus Aliados (Inglaterra URSS 
e França). A segunda maior produtora de látex do mundo era 
a Amazônia, esse material era essencial para a indústria e 
para o esforço de guerra. Agora eu te pergunto: você acredita 
que esse convênio do Brasil com os EUA liberando acesso 
à Amazônia para esse país teve apenas seu fundamento no 
cuidado e na Saúde Pública?
A fase final do governo Vargas foi denominada como 
“desenvolvimentista”, na qual o grande objetivo era a modernização 
do país fortalecendo as indústrias e a construção de estradas para o 
escoamento dessa produção nacional. 
IMPORTANTE:
As desigualdades sociais continuaram crescendo no mesmo 
ritmo que as indústrias e as grandes cidades, principalmente 
pela vinda de trabalhadores do campo para as grandes 
obras do governo Vargas. Mas o direito à saúde ainda era um 
privilégio para os ricos e os trabalhadores com carteira de 
trabalho assinada.
Política de Saúde 43
Houve um breve período de liberdade para a discussão sobre 
as políticas sociais, mas a assistência à saúde ainda era focada nas 
campanhas para os problemas coletivos e a assistência curativa 
individual liga aos IAP, ou seja, o foco na mão de obra da produção e os 
pobres ainda dependiam da assistência filantrópica. 
Até a década de 60 a assistência à saúde teve como característica 
o modelo médico-sanitário com duas vertentes importantes e distintas:
 • Epidemiológica: preocupada em controlar as doenças em 
escala coletiva.
 • Clínica: baseada na necessidade de recuperar a força de 
trabalho, com direito aos cuidados médicos somente para quem fizesse 
parte do sistema previdenciário.
Um marco importante desta época foi a 3ª Conferência Nacional 
de Saúde, no final de 1963, a qual desenvolveu vários estudos para 
a criação de um sistema de saúde. Nessas discussões dois pontos 
importantes apareceram: necessidade de um sistema de saúde para 
todos os cidadãos, não apenas para os trabalhadores e a organização 
descentralizada com autonomia dos municípios. 
Em contrapartida, o governo abriu mais espaço para os grupos 
estrangeiros, incluindo na área da saúde o que levou a entrada de 
grupos de medicina privada na administração de diversos hospitais que 
foram construídos e equipados com o dinheiro do Estado. 
Além disso, o avanço do comunismo no mundo e as manifestações 
por direitos sociais levou a criação de um ambiente propício para o 
golpe militar em 1964 com a posse de João Goulart na presidência e as 
reformas voltadas para as políticas sociais.Da ditadura militar à VIII Conferência 
Nacional de Saúde
Com início em março de 1963 e nos anos que seguiram, esse 
governo concentrou as decisões de forma autoritária, realizando alianças 
e investimentos com instâncias privadas do País. A Saúde Pública 
teve baixo investimento, e o foco estava na aquisição de tecnologias 
de ponta, tornando a intervenção em saúde altamente especializada, 
medicalizada, curativa, individualizada e, portanto, elitizada. 
Política de Saúde44
Enquanto isso, na saúde, os empréstimos a “fundos perdidos” 
feitos para a construção de hospitais, dessa forma o governo pagava 
duas vezes primeiro ao “emprestar” o dinheiro que não receberia de volta 
(por isso fundos perdidos) e, depois, ao pagar pela assistência prestada 
à população. 
A exclusão de determinados segmentos sociais no atendimento 
público de saúde e a crise começaram a tomar proporções em conjunto 
com as outras crises decorrentes do sistema ditador marcada por 
dificuldades em vários setores como econômicos, sociais e da saúde. 
Essa crise levou os profissionais de saúde a se mobilizarem a 
favor de uma assistência à população que não recebiam acesso e se 
uniram com profissionais de outros setores como políticos, intelectuais, 
sindicalistas e lideranças populares com um movimento crítico, 
elaborando propostas de novas modalidades de cuidado em saúde, 
bem como uma nova concepção do pensar e fazer saúde, mais humana 
e universal que poderia ser alcançada através de uma ampla reforma 
sanitária. 
O intenso êxodo rural devido às condições precárias do trabalho 
no campo com violência e até escravidão continuou a inflar as grandes 
cidades piorando as condições de vida, arrochos salariais, inflação 
descontrolada e os serviços de saúde voltados para poucos. 
ACESSE:
a Declaração de Alma-ata foi formulada por ocasião da 
Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de 
saúde, entre os dias 6 e 12 de setembro de 1978, afirmando 
o conceito: “Saúde é um direito humano fundamental” e sua 
garantia deveria ser meta mundial. O que é reforçado em 1986 
com a Primeira Conferência Internacional sobre Promoção de 
Saúde, em Ottawa no Canadá com a Carta de Intenções que 
buscou atingir a “Saúde para todos no ano de 2000”. Quer 
compreender melhor essas e outras cartas e conferências 
importantes que influenciaram a saúde pública no Brasil? O 
Ministério da Saúde publicou o livro “As Cartas da Promoção da 
Saúde” que você pode encontrar no link: http://bit.ly/2SftRqI. 
Acesso em: 10 fev. 2020. Vale a leitura desse material!
http://bit.ly/2SftRqI
Política de Saúde 45
Durante esse período ocorreu a unificação dos IAPs, em 1966 
com o Decreto-Lei n. 72, de 21 de novembro, dando origem ao Instituto 
Nacional de Previdência Social (INPS). 
Até aqui a movimentação social estava focada na proteção social 
relacionada a emprego e suas garantias, mas começaram a perceber 
as dificuldades em relação a assistência médica, por isso, em 1977, foi 
criado o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social 
(INAMPS) e o INPS é modificado e se torna o atual Instituto Nacional do 
Seguro Social (INSS).O fim da ditadura foi marcado pelo movimento das 
“Diretas Já” e pela eleição presidencial de Tancredo Neves, em 1984, o 
que levou o setor da saúde sofreu grandes alterações e restruturações 
com a reforma sanitária e a criação do Sistema Único Descentralizado de 
Saúde (SUDS). Os serviços médicos privados, antes beneficiados pelo 
militarismo, passaram a receber recursos públicos e foram financiados 
por grandes valores neste período.
Figura 13 – Movimentos sociais pela liberdade
Fonte: Pixabay
Mas foi apenas em 1986, na VIII Conferência Nacional de Saúde, 
que essa proposta foi aceita, inserindo o tema “saúde como direito de 
todos” convocando a sociedade, os pensadores e os profissionais para a 
discussão. A qual deu base para a Constituição Federal de 1988 e dentre 
várias mudanças está o tema saúde que teve uma seção exclusiva.
Nessa época a Saúde Pública e o conhecimento sobre o processo 
saúde-doença estavam sendo estudados em todo o mundo, incluindo 
na América Latina, o que serviu como base para as discussões sobre 
Política de Saúde46
reforma sanitária e a luta pela modificação do modelo de saúde brasileiro 
com a participação comunitária, regionalização dos serviços existentes, 
integração do sistema público-privado e atenção primária como porta 
de entrada no sistema de saúde. Mas foi apenas em 1986, na VIII 
Conferência Nacional de Saúde, que essa proposta foi aceita, inserindo 
o tema “Saúde como direito de todos” convocando a sociedade, os 
pensadores e os profissionais para a discussão. 
RESUMINDO:
Nossa! Muitos acontecimentos importantes na história 
brasileira e mundial e nem chegamos à criação do SUS! Mas, 
como você pode perceber, todos eles construíram a base 
de conceitos e mudanças importantes para a saúde, desde 
a vinda da família real, financiamentos desenfreados para o 
setor privado, até a entrada da saúde na Constituição como 
“direito de todos e dever do estado”. Gostou de conhecer essa 
história? Espero que sim...
Política de Saúde 47
Conhecer a história dos sistemas de saúde 
de outros países
INTRODUÇÃO:
Até aqui vimos vários acontecimentos que levam a constrição 
das políticas de saúde, mas vamos dar uma pausa nela para 
compreender como surgiram e como funcionam os Sistemas 
de Saúde em outros países. Pronto para essa jornada?
Sistema de Saúde
Como já ficou claro, a evolução do conceito de saúde coletiva, 
de saúde pública e de proteção social caminharam de forma integrada, 
pois o foco em todos os casos é o cuidado do indivíduo como pessoa e 
pertencente ao coletivo.
Dentre os diversos movimentos importantes no mundo podemos 
citar, a criação do Conselho de Saúde de Londres por William Petty, em 
1687, e a Política Médica sob liderança de V. Ludwig Seckendorf (1655), 
W. Thomas Rau (1764) e J. Peter Frank (1779), na Alemanha. Já na França 
esse movimento começou na primeira metade do século XIX com a 
institucionalização da Higiene o qual deu origem à Medicina Social, 
inspirada no socialismo. 
Enquanto na Inglaterra a industrialização agravou as condições de 
saúde dos trabalhadores dando início ao Movimento Sanitarista ou Saúde 
Pública. O que inspirou, em 1879, os EUA a criarem um Departamento 
Nacional de Saúde, desenvolvendo ações de saneamento para controle 
de doenças infecciosas. 
Vale ressaltar que todos esses movimentos levam à ideia de 
saúde coletiva pois observavam as questões sociais, não apenas a 
doença e o foco na promoção da saúde. A partir desse movimento a luta 
por sistemas de serviços de saúde levou os governos a desenvolverem 
sistemas de saúde para atender a sua população.
A definição de Sistemas de Saúde, segundo a Organização Mundial 
de saúde é “o conjunto de atividades cujo propósito primeiro é promover, 
Política de Saúde48
restaurar e manter a saúde de uma população”. Independentemente do 
tipo os sistemas de saúde têm como objetivos:
o alcance de um nível ótimo de saúde, distribuído de forma 
equitativa;
 • a garantia de uma proteção adequada dos riscos para os 
cidadãos;
 • o acolhimento humanizado dos cidadãos;
 • a garantia da prestação de serviços efetivos e de qualidade;
 • a garantia da prestação de serviços com eficiência.
Os sistemas de saúde são estruturas de atenção à saúde, 
auxiliando a identificar as estruturas de saúde com objetivo de nortear 
os investimentos, bem como garantir a prevenção de doenças, e 
oferta de cuidado aos indivíduos. Segundo Moreira (2018), os principais 
componentes dos sistemas de saúde são: financiamento; força de 
trabalho; rede de serviços; insumos e tecnologias; organizações.
Em cada país, a evolução dos sistemas de saúde está diretamente 
relacionada com a evolução da proteção social. Dessa forma, cada país 
tem seu sistema de saúde, organizado de acordo com a modalidade de 
intervenção do governo no financiamento,na condução da regulação 
dos setores assistenciais e na prestação dos serviços de saúde. Vamos 
conhecer melhor cada modelo e quais países utilizam.
Modelo universalista
Esse modelo tem caráter universal sendo financiado por impostos 
e é baseado no princípio da cidadania, o qual garante acesso a todos 
os indivíduos incluindo os que não têm renda. Não há contribuição de 
empregadores e empregados de forma separada, apenas impostos 
pagos por empresas e população. 
A prestação dos serviços de saúde fica sob responsabilidade 
do Estado, o qual é proprietário da grande maioria dos hospitais e 
ambulatórios e os funcionários tem cargo público. Quando esses sistemas 
são bem estabelecidos, os serviços privados, que podem existir, acabam 
sendo contratados pelo próprio serviço público regulamentando e 
Política de Saúde 49
controlando os custos desse setor. Dentre os países que possuem esse 
sistema de saúde estão o Reino Unido, Espanha, entre outros, incluindo 
o Brasil.
SAIBA MAIS:
Nos países socialistas, os sistemas de saúde também são 
financiados e centralizados no Estado com acesso universal, 
mas não há o setor privado, por isso, apesar das características 
semelhantes ao modelo universalista não é possível compará-
lo.
Modelo Seguro Social
Sustentado pela contribuição dos empregadores e dos 
empregados, pode também, em alguns casos, contar com recursos 
de impostos. Tem origem nas Caixas organizadas pelos profissionais, 
assim, a assistência médica fica diretamente relacionada à capacidade 
financeira do indivíduo.
REFLITA:
Quando se fala em assistência à saúde apenas para pessoas 
empregadas, o que passa pela sua cabeça? Parece desigual? 
Esse perfil de Sistema de Saúde é comum em países 
desenvolvidos como a Alemanha, nos quais praticamente 
toda a população está empregada, ou seja, a grande maioria 
da população está coberta pelo sistema. E agora, continua 
parecendo desigual?
Sistema de Saúde na Inglaterra
O sistema de saúde britânico foi criado em 1948, cujo modelo 
é o universalista com atuação preventiva e curativa semelhante ao 
SUS do Brasil, foi pioneiro na universalização do acesso a serviços de 
saúde e tem como base os princípios de equidade e integralidade, mas 
Política de Saúde50
não tem atendimento dental, oftalmológico e alguns medicamentos 
(GUIMARÃES, 2013; FILIPPON, 2016).
Esse sistema originalmente é centrado no médico da atenção 
primária (General Practitioner – GP) os quais recebiam por número 
de pacientes atendidos. Esses médicos atuavam nos serviços de 
ambulatório que atuavam como porta de entrada para a assistência não 
emergencial.
O financiamento do sistema de saúde britânico advém 
principalmente do setor público, basicamente de impostos, e uma 
pequena contribuição do sistema de Seguridade Social sendo calculado 
de maneira per capita.
REFLITA:
Percebe semelhança com o SUS? A atenção primária como 
centro da rede de atenção e porta de entrada para a assistência 
e o financiamento vindo basicamente de impostos faz você 
comparar o sistema desse país com o SUS? Exatamente, é 
um padrão muito comum dos modelos de sistema de saúde 
universalistas.
Figura 14 – Hospital da Santa Cruz (“St. Cross Hospital”), Winchester, Inglaterra
Fonte: 14
Política de Saúde 51
Sistema de Saúde na Alemanha
Na Alemanha há um sistema de saúde corporativo, baseado 
em Caixas de Saúde gerenciadas e financiadas por trabalhadores e 
empregadores. Nesse sistema é estipulado um valor máximo aos preços 
dos medicamentos.
VOCÊ SABIA?
Nesse país uma parcela do imposto sobre cigarros é 
direcionada à saúde, o que gerou, entre 2004 e 2008, uma 
média de 2,34 bilhões de euros ao ano (FERREIRA & MENDES, 
2018).
O seguro social garante quase a cobertura plena dos indivíduos, 
porém, em 2006 havia entre 80 a 300 mil alemães sem qualquer tipo 
de cobertura, por isso a adesão a algum tipo de seguro se tornou 
obrigatório, podendo ser privado ou social (FERREIRA & MENDES, 2018).
Apesar de existir um subsistema privado, o setor público cobre 
quase 90% da população que reside no país, não só dentro do sistema 
de financiamento de saúde, mas também na política sanitária alemã.
Essa importância não vem apenas da cobertura da população 
em relação aos serviços de saúde, mas também como entidade de 
planeamento, condução e controle do sistema de saúde desse país.
Como vimos, o sistema de proteção social de saúde da Alemanha 
está baseado na cobertura obrigatória fundamentado na contribuição 
para o seguro social, por isso esse sistema operacionaliza o princípio 
de solidariedade: pelo menos para os indivíduos com rendimentos 
inferiores ou médios. 
Política de Saúde52
Figura 15 – Knappschaftskrankenhaus, hospital em Dortmund-Brackel, Alemanha
Fonte: Wikimedia
Sistema de Saúde em Cuba
O primeiro sistema de saúde de cobertura universal e integral 
das Américas foi criado em Cuba. Ele é regulado, financiado e 
administrado exclusivamente pelo Estado. Com princípios humanistas 
e de solidariedade, busca a acessibilidade e serviços gratuitos baseado 
na prevenção e promoção da saúde (ROLLO & WEBER, 2018).
Como no Brasil, esse país começa sua história de mudança com 
uma assistência à saúde insuficiente. Após a Revolução de 1959 a saúde 
passou a ser uma prioridade para o governo com a criação do Sistema 
Nacional de Saúde (SNS) na década de 60.
Segundo Rollo & Weber (2018, p. 18), atualmente esse sistema 
alcançou altos níveis de equidade na distribuição dos serviços, com total 
cobertura da população com destaque para a formação de recursos 
humanos e a apresentação dos custos com os serviços de saúde 
aos usuários através de cartazes com o título: “Teu serviço de saúde 
é gratuito... mas custa”. Com a finalidade de conscientizar a população 
sobre os custos e incentivar a valorização dos serviços.
Política de Saúde 53
Figura 16 – Monumento Antonio Maceo em frente a um hospital em Cuba
Fonte: Pixabay
Sistema de Saúde nos Estados Unidos da 
América
Costa, 2013 p.158, descreve que em 2010 os custos desse país 
com saúde formam mais baixos que de países como Portugal e França, 
quando se faz a avaliação per capita. 
Esse autor relata ainda que os indicadores de saúde não são bons, 
por exemplo quando se observa a taxa de mortalidade infantil, dentro 
dos piores índices quando comparados com países desenvolvidos.
Por ter se baseado no modelo de seguro privado muitos 
estudiosos tem uma visão de “amor e ódio” com o sistema desse 
país. Consegue imaginar por que? Perceba que nos Estados Unidos 
são utilizadas tecnologia avançada para o cuidado da saúde, porém, 
a ineficiência, não universalidade e gastos excessivos e muitas vezes 
inútil por parte do Estado. Esses extremos levam muitos estudiosos de 
Saúde e Políticas Públicas terem uma posição contra o sistema, mas 
Política de Saúde54
compreendendo que há o uso de inovações na assistência à saúde o 
que estimula o estudo e a utilização de tecnologias em saúde em todo 
o mundo.
Para compreender a instalação desse sistema temos que 
compreender a história desse país. Lembre-se que é um país que lutou 
pela liberdade e a utiliza em todos os setores como política, produção e 
comércio, o que refletiu na forma de estruturação do sistema de saúde: 
liberdade de escolha. 
Vale ressaltar que essa mesma liberdade leva a autonomia dos 
estados, por isso, é possível observar alguns como Havaí e Califórnia, 
iniciaram experiências para melhorar os níveis de universalidade e 
acessibilidade, porém, sem o resultado esperado.
Não pense que a população ignora completamente a necessidade 
do sistema de saúde universal, muito pelo contrário! Já na grande 
depressão (1929) existe a luta pela mudança desse sistema, muitos 
presidentes já tentaram realizar essa mudança, porém, sem muito êxito.
O mais recente foi o presidente Obama que, em março de 2010, 
após aprovação do Congresso americano, sancionou a lei que se prevê 
aumento substancial da coberturada população e redução da tendência 
para crescimento dos custos com a Saúde. 
O projeto para a Saúde de Barack Obama e Joe Biden apela 
à redução dos custos para que o sistema de saúde trabalhe 
para as pessoas e para as empresas – e não apenas para as 
companhias de seguros. As melhorias ao nível da acessibilidade 
e da universalidade assentam em diversos princípios, dos quais 
se destacam a garantia da elegibilidade (pelas companhias de 
seguros) dos cidadãos, independentemente do seu historial 
de saúde, a garantia da cobertura em cuidados de saúde para 
todas as crianças, a atribuição de incentivos fiscais a quem 
subscreva seguros de saúde e o alargamento da elegibilidade 
no âmbito do Medicaid (COSTA, 2013, p.160).
O projeto inicial previa a criação de um Seguro Nacional de Saúde 
alternativo, porém, foi retirado da votação com a finalidade de facilitar 
sua aprovação. Seriam grandes mudanças e, por consequência, grandes 
Política de Saúde 55
dificuldades de implantação e aceitação de políticos e até de uma 
parcela da população.
REFLITA:
Uma cultura baseada na democracia e na meritocracia, 
que preza pela liberdade e individualidade, como inserir 
um sistema de saúde que faça o indivíduo dar parte do seu 
(dinheiro) para cuidar do outro? Com certeza essa não é uma 
mudança fácil, mas, com certeza, essa pequena mudança é 
um grande passo para a população do país.
 • Com essa reforma, Segundo Costa, 2013 p.160, os principais 
aspectos que mudam são 
 • Extensão da cobertura. 
 • Redução do défice (nem todos concordam que isto seja 
possível).
 • Maior atenção dada à promoção da saúde e prevenção da 
doença.
 • Eliminação dos copagamentos por parte dos utilizadores dos 
subsistemas públicos e incentivo aos privados para seguirem a mesma 
orientação.
 • Melhoria da eficiência.
 • Melhoria da qualidade dos cuidados de saúde prestados.
 • Reforço da regulação do Estado.
 • Melhoria da integração dos subsistemas públicos e privados.
 • Colocação do doente no centro do sistema.
Além disso, outra mudança da reforma está na criação dos 
benefits exchanges, que é a organização do mercado de venda de 
planos de saúde (National Health Insurance Exchange), o que levou a 
baixa dos preços, acessibilidade de pequenas empresas e cidadãos 
com rendimentos baixos mas que não são elegíveis para os programas 
públicos, portabilidade do seguro e impedir a rejeição de pessoas com 
risco de saúde pré-existentes.
Política de Saúde56
VOCÊ SABIA?
Antes de ter sido aprovada a reforma Obama, cerca de 40 
milhões de americanos não tinham qualquer cobertura para 
efeitos de saúde.
Essa reforma foi de extrema importância, mas é importante 
destacar que é uma reforma social o que não altera a essência da 
organização do modelo do sistema de saúde atual.
Figura 17 – Lawrence General Hospital em Lawrence Massachusetts EUA
Fonte: Wikimedia
Sistema de Saúde no Canadá
Apesar de ser considerado um sistema universal nem todos os 
serviços de saúde são cobertos, como saúde bucal, medicamentos 
extra-hospitalar e outros profissionais da saúde como psicólogos, 
fisioterapeutas, entre outros, de acordo com a província (estado) 
(BRANDÃO, 2019).
A atenção básica também é o centro do sistema e porta de 
entrada no mesmo, com o profissional médico especialista em família 
e enfermeiros atuando diretamente com a população e com acesso 
Política de Saúde 57
ao médico. Porém a atuação do médico com os outros profissionais 
acontece apenas nos hospitais.
O seguro privado atua como complementar ao cuidado da 
saúde e atualmente cerca de 80% da população possui algum tipo de 
cobertura adicional para quartos privados, despesas com medicamentos, 
tratamento odontológico, ou seja, amplia os cuidados que o próprio 
sistema de saúde não atende. 
Vale ressaltar que a luta por incluir medicamentos de maneira 
mais universal no sistema é antiga e, segundo Brandão 2019 p.3, está se 
aproximando da realidade.
REFLITA:
Nosso país tem um modelo universalista que abrange mais 
serviços de saúde que o canadense, porém o acesso e a 
infraestrutura ainda são precários. Então pense, é possível 
comparar esses dois sistemas? Ter uma posição de qual é 
realmente melhor?
Figura 18 – Royal Jubilee Hospital, Victoria, Canadá
Fonte: Wikimedia
Política de Saúde58
RESUMINDO:
Neste tópico, vimos que sistema de saúde é definido pela 
OMS como “o conjunto de atividades cujo propósito primeiro 
é promover, restaurar e manter a saúde de uma população”. 
Vimos também os tipos de sistemas existentes no mundo, 
que vão desde assistência universal até o modelo privado, 
mas perceba que em todos há, pelo menos de forma indireta, 
a atuação do Estado. E aí? Gostou de saber sobre os cuidados 
em saúde no mundo? 
Política de Saúde 59
Política de Saúde60
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SOLHA, R. Saúde Coletiva para Iniciantes - Políticas e Práticas Profissionais. 2 
ed. São Paulo: Érica, 2014.
Mariana Martins Garcia
Política de Saúde
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