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LICENCIATURA EM GEOGRAFIA
MODALIDADE A DISTÂNCIA
pró
LICENCIATURA
GEOGRAFIA ECONÔMICA I
LUIZ ALEXANDRE GONÇALVES CUNHA
PONTA GROSSA
2008
CRÉDITOS
REITOR UEPG
João Carlos Gomes
VICE-REITOR
Carlos Luciano Sant’Ana Vargas
PRÓ-REITORIA DE ASSUNTOS ADMINISTRATIVOS
Candida Leonor Miranda – Pró-Reitor
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
Graciete Tozetto Góes – Pró-Reitor
DIVISÃO DE PROGRAMAS ESPECIAIS
Maria Etelvina Madalozzo Ramos - Chefe
NÚCLEO DE TECNOLOGIA DE EDUCAÇÃO ABERTA 
E A DISTÂNCIA
Leide Mara Schmidt – Coordenadora Geral
Cleide Aparecida Faria Rodrigues – Coordenadora 
Pedagógica
PROGRAMA PRÓ-LICENCIATURA
Gina Maria Bachmann – Coordenadora Geral
Curso de Geografia – Modalidade a Distância
Paulo Rogério Moro – Coordenador
Curso de História – Modalidade a Distância
Edson Armando Silva – Coordenador
Curso de Letras – Língua Portuguesa e Espanhola 
– Modalidade a Distância
Mirian Martins Sozim – Coordenadora
COLABORADOR FINANCEIRO
Luiz Antonio Martins Wosiak
COLABORADORES DE PLANEJAMENTO
Carlos Roberto Ferreira
Silviane Buss Tupich
COLABORADORES EM INFORMÁTICA
Carlos Alberto Volpi 
Carmen Silvia Simão Carneiro
Adilson de Oliveira Pimenta Júnior
Juscelino I. de Oliveira Júnior - Estagiário
Osvaldo Reis Júnior – Estagiário
Kin Henrique Kurek - Estagiário
COLABORADORES EM EAD
Dênia Falcão de Bittencourt
Jucimara Roesler
COLABORADORES DE PUBLICAÇÃO
Álvaro Franco da Fonseca - Ilustração
Anselmo R.de Andrade Júnior - Ilustração
Ceslau Tomaczyk Neto – Ilustração
Eloise Guenther - Diagramação
Gideão Silveira Cravo - Revisão
Márcia Zan Vieira - Revisão
Rosecler Pistum Pasqualini – Revisão
Vera Marilha Florenzano - Revisão
COLABORADORES OPERACIONAIS
Edson Luis Marchinski
Joanice Küster de Azevedo
João Márcio Duran Inglêz
Maria Clareth Siqueira
APRESENTAÇÃO
INSTITUCIONAL
É com grande satisfação que a Universidade Estadual de Ponta Grossa inicia seus 
cursos de licenciatura na modalidade a distância, dando continuidade a uma política de 
expansão e disseminação dessa modalidade, que vem se desenvolvendo com sucesso 
principalmente por meio de programas e cursos de formação inicial e continuada de 
professores. 
Os cursos de Licenciatura (EaD) em História, Geografia e Letras Português/ 
Espanhol representam mais uma contribuição da Universidade Estadual de Ponta 
Grossa, de seus Setores e Departamentos e do seu Núcleo de Tecnologia e Educação 
Aberta e a Distância (NUTEAD), para a formação dos professores em exercício. Eles 
se tornaram possíveis graças à parceria estabelecida entre o Ministério da Educação e 
Cultura (MEC), o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e as 
universidades brasileiras que se dispuseram a atuar intensivamente na qualificação de 
professores. São parceiras da UEPG na execução desse projeto a Faculdade de Filosofia, 
Ciências e Letras de Paranaguá (FAFIPAR) e a Universidade do Contestado (UNC). 
Nossa instituição detém uma longa e rica tradição de ensino, pesquisa e extensão 
em diversos cursos e particularmente nas licenciaturas, que sempre mereceram o 
melhor dos nossos esforços. Acumula também significativa experiência em educação a 
distância, iniciada no ano de 2000, sendo credenciada pelo MEC, conforme Portaria nº 
652, de 16 de março de 2004, para ministrar cursos de graduação, seqüenciais, extensão 
e pós-graduação (lato sensu) na modalidade a distância (EaD). 
Tudo isso nos permite avançar com segurança na oferta dos atuais Cursos 
de Licenciatura a distância, que constituem hoje uma alternativa ideal para alunos 
trabalhadores, que necessitam de horários diferenciados de estudo e pesquisa, de 
modo a cumprir tanto os seus compromissos profissionais como seus compromisso 
acadêmicos.
Nossos cursos e produtos são elaborados pensando no professor, nos seus 
saberes e experiências e na importância da interação entre eles e os conhecimentos 
produzidos e acumulados nas instituições universitárias, de modo a incentivá-lo a 
repensar sua prática e o suporte teórico que a embasa. Esse curso não será diferente 
dos demais, pois a qualidade é um compromisso dessa Instituição. A diferença se 
encontra na utilização de materiais e mídias próprias da educação a distância que, além 
de facilitarem o seu aprendizado, vão garantir constante interação entre alunos, tutores, 
professores, coordenação e demais membros da equipe responsável pelo curso. 
Você, acadêmico, não está sozinho nessa jornada, pois poderá se comunicar 
conosco, esclarecer dúvidas e apresentar críticas e sugestões acessando nosso e-mail 
prolicen@uepg.br ou utilizando as demais mídias disponíveis para os alunos desses 
cursos.
Desejamos que você tenha excelentes resultados de aprendizagem, bem como 
que utilize o que aprender para tornar ainda mais dinâmica, consistente e atraente a sua 
prática pedagógica.
 
 EQUIPE DO PRÓ-LICENCIATURA
UEPG
SUMÁRIO
PALAVRAS DO PROFESSOR __________________________________ p. 07
OBJETIVOS E EMENTA ______________________________________ p. 09
UNIDADE I – Formação de uma nova geografia econômica no 
Continente Europeu na Idade Moderna ____________________________p. 11
Seção 1 – A agonia de uma sociedade abalada - a crise feudal _________ p. 13
Seção 2 – Anos de mudanças e transformações: a transição feudal-
capitalista e o espaço rural europeu ____________________________ p. 17
Seção 3 – Anos de mudanças e transformações: a transição feudal-
capitalista no espaço urbano da Europa _________________________ p. 22
UNIDADE II – Geografia econômica capitalista-monopolista: uma
nova globalização na Idade Contemporânea _______________________ p. 33
Seção 1 – O capitalismo monopolista e a construção de um novo
espaço econômico mundial __________________________________ p. 34
Seção 2 – A geografia econômica do imperialismo ________________ p. 37
Seção 3 – A organização do espaço econômico capitalista-
monopolista: teorias burguesas de localização _____________________ p. 40
PALAVRAS FINAIS ___________________________________________ p. 49
REFERÊNCIAS ______________________________________________ p. 51
QUEM SOMOS ______________________________________________ p. 53
PALAVRAS 
DO PROFESSOR
O conteúdo do Curso de Licenciatura em Geografia a Distância da UEPG inicia-
se através da disciplina Geografia Econômica I, que aborda a formação do espaço 
geográfico com as marcas do sistema capitalista. A geografia econômica que você 
estudará, começou a tomar forma na Europa, ainda no século XIV, mas se consolidou 
apenas no século XIX. Ela tem como uma de suas características a incorporação de 
novos espaços geográficos que antes abrigavam sistemas não-capitalistas. Esses espaços 
foram transformados de forma avassaladora pelo sistema capitalista e todo o modo de 
vida que o acompanha. Passaram a fazer parte de uma geografia econômica que hoje 
abarca todo o mundo. Assim, este livro aborda o processo inicial de formação da 
geografia econômica capitalista que corresponde a um longo período que vai do século 
XIV até meados do século XX. Alem disso, procura fornecer as bases geoeconômicas 
do mundo atual, marcado por uma nova reestruturação do capitalismo. 
O objetivo é proporcionar os pré-requisitos necessários para que você com-
preenda a geografia econômica contemporânea, que corresponde ao conteúdo da 
disciplina Geografia Econômica II, ministrada no segundo semestre deste curso. 
Você está iniciando o estudo de uma das disciplinas mais importantes da 
Geografia, que permitirá uma compreensão ampliada do mundo em que você vive e 
o(a) ajudará a tornar-se um(a) profissional qualificado(a) a exercer o magistério, atuando 
como professor(a) de Geografia no ensino básico. É um período de muito estudo e 
trabalho intenso, mas que valerá a pena, pois lhe abrirá novos horizontes no estudo do 
conhecimento geográfico.
A estrutura deste livro é formada por duas unidades. A primeira versa sobre 
a formação do espaço econômico capitalista. Nessa unidade, buscam-se as origens 
da evolução do capitalismo, pois acredita-se que para compreendero mundo atual é 
preciso resgatar os fundamentos histórico-geográficos que o sustentam. O mergulho 
que se faz na história é seletivo. Em primeiro lugar, aborda-se, em especial, o processo 
histórico-geográfico europeu, porque é na Europa que o sistema capitalista estrutura-
se, e é a partir desse continente que ele se expande para os demais. Em segundo lugar, 
os eventos históricos são desconsiderados em favor de se tentar entender apenas 
os movimentos conjunturais e estruturais relacionados especificamente aos fatores 
econômico-sociais do sistema. A unidade dois aborda uma das etapas dessa evolução. 
Nessa unidade, busca-se compreender como o capitalismo sofreu uma reestruturação 
no final do século XIX e a influência que ela exerceu para consolidá-lo como um 
sistema mundial. Você precisa conhecer este processo histórico-geográfico para que 
possa entender a geografia econômica que se formou a partir dele.
O importante é que você aproveite o máximo possível este curso. Todo início 
é difícil, mas com dedicação e entusiasmo você irá superar esta etapa inicial dos seus 
estudos e estará preparado(a) a seguir em frente. Espera-se que ao final do curso você 
possa ser um professor(a) de Geografia preparado(a) para dar continuidade à missão 
que escolheu ao optar pelo magistério, que é de formar jovens conscientes e capazes 
de exercer plenamente a cidadania.
OBJETIVOS 
DO FASCÍCULO
1 – Identificar os elementos da crise feudal que contribuíram para o surgimento 
de um padrão capitalista no espaço geográfico europeu.
2 – Analisar a consolidação do capitalismo como agente fundamental na 
reestruturação do espaço rural da Europa.
3 – Relacionar as transformações produtivas na indústria européia como fator 
determinante na organização de um espaço urbano capitalista no continente europeu.
4 – Analisar a formação de uma nova geografia econômica mundial a partir da 
expansão do capitalismo monopolista europeu.
5 – Descrever o imperialismo como o conceito que permite entender a lógica 
geográfica do capitalismo monopolista.
6 – Criticar as teorias burguesas de localização como tentativa de explicar a 
organização do espaço econômico que resulta da consolidação de um capitalismo 
monopolista. 
EMENTA
As origens do espaço econômico capitalista. O espaço econômico no capitalismo 
concorrencial e monopolista. O imperialismo e a geografia econômica do capitalismo 
monopolista. As teorias clássicas de organização econômica do espaço geográfico.
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LICENCIATURA
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 IFormação 
de uma nova 
geografia 
econômica no 
Continente 
Europeu na 
Idade Moderna
ROTEIRO DE ESTUDO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
entender o surgimento de elementos do 
capitalismo no espaço geográfico europeu;
estudar a consolidação do capitalismo no 
espaço rural e urbano da Europa;
compreender a formação da geografia 
econômica do capitalismo tradicional.
Seção 1: A agonia de uma sociedade abalada 
– a crise feudal
Seção 2: Anos de mudanças e transformações: 
a transição feudal-capitalista e o espaço rural 
europeu
Seção 3: Anos de mudanças e transformações: 
a transição feudal-capitalista e o espaço urbano 
europeu
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12 Para início de conversa
Para iniciar nosso trabalho, gostaria de saber se você já parou para pensar como 
se constituiu uma geografia econômica no continente que marca a origem da nossa 
sociedade contemporânea.Você já deve ter entendido que estamos nos referindo à 
Europa, principalmente à Europa Ocidental. Assim, a nova geografia econômica, que 
vai dar o padrão da organização do espaço econômico até os dias atuais em praticamente 
todos os continentes, começou como um fenômeno europeu. Trata-se de uma geografia 
econômica que incorporou os novos padrões econômicos e sociais inaugurados pela 
era capitalista. O que é fundamental para que você possa entender essa nova geografia 
é compreender o surgimento dos novos padrões econômico-sociais que se consolidam 
com o advento do capitalismo. 
GLOSSÁRIO - Capitalismo - O capitalismo é um novo modo de vida que começou a se formar na Europa, 
a partir do século XIV. Economicamente, esse modo de vida vai ser definido pela expansão do trabalho assalariado, 
pela relativa diminuição do número de trabalhadores agrícolas em relação à expansão dos trabalhadores das indústrias, 
pela diminuição da população que residia no campo em comparação aos novos moradores das cidades, pela expansão da 
burguesia industrial em detrimento da aristocracia rural. 
 
 Os elementos econômicos e sociais mais diretamente relacionados com a 
consolidação do capitalismo no século XVIII surgiram durante a crise do feudalismo. 
Essa crise foi um fenômeno histórico-geográfico que se abateu sobre a Europa 
e provocou o início da transição entre o feudalismo e o capitalismo. Os processos 
histórico-geográficos correspondentes às transições entre sistemas sociais ou modos de 
produção que se sucedem, caracterizam-se, normalmente, por apresentarem situações 
bastante complexas, nas quais se podem observar “remanescentes de outras formas de 
produção, bem com os germes de formas futuras.” (KAUTSKY, 1986, p.13). No caso, 
os remanescentes são relacionados ao feudalismo; os germes, ao capitalismo. 
GLOSSÁRIO - Feudalismo – O feudalismo corresponde a um sistema social que predominou na Europa 
Ocidental no período anterior ao capitalismo. Esse sistema era de base agrária, pois a maior parte da população vivia e 
produzia no campo. A relação produtiva fundamental ocorria entre os servos e os senhores feudais. Os servos tinham acesso 
a uma parcela das terras, mas pagavam por isso, normalmente cedendo trabalho ou parte da produção.
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13SEÇÃO 1
A agonia de uma sociedade abalada - 
a crise feudal
A crise que se abateu sobre o feudalismo europeu tem seu marco inicial no século 
XIV. Até esse século, o feudalismo não apresentou conjunturas que significassem 
condições intransponíveis para a manutenção dos padrões econômicos e sociais que 
caracterizavam os modos de vida europeus durante muitos séculos. Mas os processos 
histórico-geográficos são normais em qualquer estrutura ou sistema social e eles indicam 
um movimento permanente de transformações que afetam a vida de todos nós. Você 
já parou para pensar nisso? Pense na sua vida e procure lembrar-se de como ela mudou 
desde quando você “se entende por gente.” Então, você deve refletir também sobre 
as mudanças que aconteceram no continente europeu, para que possa compreender 
o mundo em você vive. Veja, a seguir, quais são os aspectos mais importantes dessas 
mudanças. 
No feudalismo, a esmagadora maioria da população vivia do cultivo da terra, 
o que o caracteriza como uma sociedade agrária típica, mas uma parte menor da 
população habitava nas pequenas vilas, as cidades da época, chamadas de burgo. De 
qualquer forma, os modos de vida giravam em torno dos padrões de ruralidade e de 
suas mentalidades.
 
GLOSSÁRIO - Burgo - O burgo, normalmente, era um pequeno povoado, no qual, na maioria das vezes, 
localizavam-se instituições administrativas, religiosas e comerciais. Em alguns lugares, correspondiam a aldeias, nas quais 
se erguiam castelos fortificados.
 
 Você consegue perceber como seria uma sociedade agrária típica? Procure 
pensar nisso, pois ajudará você a entender o feudalismo. Comece procurando 
compreender o que eram os domínios ou feudos, pois se pode afirmar que o espaço 
rural do feudalismo era caracterizado pela existência desses domínios. Neles havia uma 
configuração territorial predominante, baseada na divisão das áreas em dois elementos 
territoriais:
1) A reserva senhorial era uma extensão de terra explorada diretamente pelo 
senhor, onde ficava a residência dele. Além disso, abrigava também oficinas, celeiros, 
estábulos, moinhos, pastos, bosques e terra cultivada.
2) A outra área, formada pelo conjunto de mansos, correspondia às pequenas 
explorações camponesas. Os mansoseram unidades fiscais, pois seus detentores 
pagavam aos seus senhores pela concessão, fosse em espécie, trabalho, produtos ou 
serviços. Eles serviam também como unidades de exploração agrícola familiar, como 
um lote a partir do qual uma família camponesa buscava conseguir sua subsistência. Os 
mansos eram constituídos de casa, horta, pomares e terra de cultivo. 
É muito importante você fixar que a posse dos mansos dava direito de acesso aos 
bosques e pastos e exploração dos mesmos, pois eram de uso comunal. Os trabalhadores 
rurais que habitavam nos mansos, na sua maior parte, eram servos, pois viviam sobre o 
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regime de servidão. Eles tinham a posse da terra, mas eram terras que pertenciam aos 
senhores. Esse regime era fundado em obrigações e direitos. Por exemplo, o servo não 
podia abandonar sua parcela de terra, mas, por outro lado, não podia ser privado desse 
acesso. Pelo usufruto hereditário do manso, o servo devia duas obrigações principais: 
pagamento de rendas em produto (espécie) ou em dinheiro ao senhor e prestação de 
trabalho e favores na reserva senhoril ou diretamente aos senhores. Essa estrutura 
funcionou de forma satisfatória, pelo menos até o século XIII. É evidente que o 
modelo descrito apresentou-se com bastantes variações, dependendo dos diversos 
processos histórico-geográficos regionais. De qualquer forma, para que você atinja o 
objetivo relacionado à compreensão das origens do capitalismo, é um ponto de partida 
válido. Mas, como você já sabe, a crise dessa estrutura torna-se inevitável a partir do 
século XIV e é isso que você vai estudar nesta primeira seção.
 O século XIV é conhecido como o momento em que se iniciou a crise feudal. Na 
verdade, desde o século XIII já era possível identificar movimentos que indicavam certo 
desgaste dessa estrutura. Como estrutura econômica, ela se assentava sobre o processo 
de exploração do trabalho servil. Os servos trabalhavam para dispor dos recursos 
mínimos necessários à sobrevivência, mas parte dos seus esforços produtivos resultava 
em bens que eram cedidos aos senhores feudais. Além disso, os servos trabalhavam 
diretamente nas terras senhoriais, numa relação chamada de corvéia. Assim, para que 
a estrutura feudal funcionasse, os recursos vinham do trabalho dos servos, os quais 
também prestavam serviços diretamente às famílias da nobreza feudal. 
Silva (1986) destaca a corvéia como relacionada, principalmente, à forma de 
exploração da “senhoria territorial”, que se baseava não apenas na posse das famílias 
camponesas, mas também na posse da terra e do solo como meio de produção. O 
autor afirma que “a principal forma de extração de riquezas se dava sob a forma de 
corvéias (trabalho compulsório) e do pagamento de parte da produção obtida pelo 
camponês na terra cedida pelo senhor (pagamento feito em moeda ou em produto, 
dependendo de época e lugar).” (SILVA, 1986). A riqueza gerada nesta relação era 
usada para pagar, em grande parte, as despesas dos senhores, clérigos, reis e todos 
que não trabalhavam diretamente a terra. Ora, um aumento de despesa precisava, 
necessariamente, ser acompanhado pelo aumento das rendas auferidas por essa classe 
dominante. Você concorda com essa conclusão? E na nossa sociedade atual, apresenta-
se esse tipo de problema? 
GLOSSÁRIO – Corvéia -Ttrabalho coletivo não-remunerado que os servos deviam aos senhores e que era 
prestado durante alguns dias do ano nas lavouras, no conserto de estradas e pontes, no transporte de produtos, entre outras 
atividades.
Procure refletir sobre essa questão, porque nos primeiros séculos do segundo 
milênio d.C. ocorreu o aumento dos gastos necessários para implementar os novos 
projetos ligados aos segmentos dominantes. Entre esses, podem-se citar as cruzadas, 
a construção de grandes catedrais, a sofisticação do consumo das elites, etc. Assim, para 
fazer frente ao aumento de despesas, era necessário aumentar as receitas, ou seja, os 
recursos que se poderiam arrecadar da população em geral. Os camponeses, os grandes 
explorados, mostravam-se cada vez mais fragilizados economicamente, pois diminuía 
o excedente econômico-produtivo que poderia ficar nas mãos desses trabalhadores. 
Dessa forma, sem reservas e trabalhando no limite dos recursos disponíveis, os 
trabalhadores rurais e suas famílias tornaram-se “presa fácil” da conjuntura de crise 
que se instalou na Europa a partir do início do século XIV.
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GLOSSÁRIO – Cruzadas -Expedições militares organizadas pelos cristãos europeus a partir do século XI e 
que se sucederam até o século XIII. Lideradas pela igreja católica, as cruzadas aconteceram como movimentos que visavam 
libertar as terras santas do jugo muçulmano. 
Você precisa entender que a conjuntura de crise tomou todo o século XIV e 
deu início a uma longa transição entre o feudalismo e o capitalismo, que, no caso da 
Inglaterra, primeiro país a apresentar um modo de vida capitalista consolidado, durou 
até a segunda metade do século XVIII.
Os elementos fundamentais da conjuntura da crise feudal do século XIV 
foram:
- as intensas chuvas que se abateram sobre algumas regiões da Europa, entre 
1315 e 1317;
- o aparecimento de doenças epidêmicas, com destaque para a peste negra, 
que atingiu seu auge em 1348;
- as violentas revoltas camponesas, principalmente na Inglaterra, que era o país 
que apresentava as maiores transformações, entre 1378 e 1381;
- a guerra nacionalista entre Inglaterra e França, denominada Guerra dos Cem 
Anos (1337-1453). 
Esses elementos podem ser considerados os que se relacionam com as questões 
diretamente econômicas e produtivas.
 
As chuvas, em intensidade muito acima da média, devastaram as áreas cultivadas 
e levaram a uma perda acentuada das colheitas. Com isso, foi interrompido um 
movimento de queda dos preços dos cereais, resultado de uma sucessão de anos bons, 
que determinou maior oferta e menores preços. Assim, instalou-se um movimento 
de carestia, agravado pela crise produtiva, dando origem à chamada “fome européia”, 
que atingiu inúmeros países, abriu as portas para as doenças epidêmicas e agravou a 
ocorrência das endêmicas. Nesse contexto, a grande pandemia que se destacou foi a 
peste negra, que atingiu seu ápice no século XIV, mas se manteve através de ondas 
epidêmicas por quase todo o período de transição, atingindo praticamente todas as 
regiões do continente europeu desse período.
Com a peste negra, ocorreu uma “fratura demográfica” provocada por um 
número de mortos extremamente elevado, alcançando índices que podem ter variado 
de 30% a 40% da população total da Europa, com algumas regiões sendo mais 
fortemente atingidas. Comparativamente, as cidades sofreram mais diretamente que os 
campos, pois apresentavam a população concentrada em pequenos espaços, que não 
possuíam as condições mínimas de infra-estrutura sanitária. A peste não se relacionava 
com subnutrição, mas se alastrou com facilidade, após a sua transmissão pelo Oriente, 
em virtude das condições médico-sanitárias precárias.
GLOSSÁRIO - Peste Negra – É a peste bubônica ou febre bubônica. Doença muito contagiosa, 
transmitida ao homem através de picadas de pulgas que se hospedam em ratos. No século XX, tornou-se uma 
doença passível de tratamento pela substância estreptomicina, um tipo de antibiótico. 
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O impacto foi devastador. A partir de 1348, ano em que as mortes foram 
especialmente concentradas, a população disponível para o trabalho reduziu-se 
drasticamente e os salários subiram de forma significativa, em razão da grave escassez 
de mão-de-obra. O problema da pressão altista sobre os salários foi tão grave que 
gerou a primeira lei para controlar os aumentos salariais, ainda em 1349, na Inglaterra. 
Em 1350, na França também surgiu uma ordenação que visava regular o preço da 
mão-de-obra. Ao contráriodo que acontece nos dias atuais, em que é fixado um salário 
mínimo, aquelas leis definiam um salário máximo, proibindo, sob pena de prisão, que o 
empregador pagasse um salário acima do máximo, e a lei era mais rigorosa com quem 
aceitava receber além do máximo.
Um outro elemento importante da crise constituiu-se nas revoltas camponesas. 
Elas foram mais violentas na Inglaterra, entre os anos de 1378 e 1381, porque era o 
país onde as transformações mais se intensificaram, o que ocasionou uma insatisfação 
muito grande entre os camponeses. Pelo menos por duas vezes, Londres foi tomada 
pelos revoltosos, motivando uma reação extremamente violenta do rei Ricardo II (1377-
1399), que atacou os rebeldes durante as negociações, nas quais os camponeses tentavam 
retomar os costumes tradicionais de usufruto das terras comunais que permitiam a 
utilização dos recursos disponíveis como os pastos, açudes, peixes, caça e lenha.
Nesse mesmo contexto, o que agravou a situação foi o surgimento das primeiras 
guerras nacionalistas. A mais importante aconteceu entre dois grandes Estados que 
buscavam se fortalecer e começavam a valorizar o sentimento de nação que se liga 
a um determinado território, formando um Estado-nação. O povo que habita esse 
território sente-se unido através de uma identidade que é partilhada pela maioria da 
população.
Esses dois Estados eram a Inglaterra e a França, que travaram a guerra dos 
Cem Anos (1337-1453). A guerra contribuiu para o processo de centralização política 
de ambos os países, o que significou a retomada de poderes pelos soberanos, em 
detrimento dos poderes locais e regionais dos senhores feudais. Mas, antes de tudo, a 
guerra agravou a conjuntura de crise, através dos seguintes elementos:
- aumentou a mortalidade e o despovoamento de inúmeras regiões, piorando a 
crise de mão-de-obra;
- agravou a perda de colheitas e rebanhos e, destarte, a fome;
- acelerou as mudanças nas relações sociais, enfraquecendo o instituto da 
servidão;
- favoreceu a mobilidade social, gerando o empobrecimento de muitos, mas 
permitindo que outros enriquecessem;
- agravou a situação fiscal das monarquias, que passaram a buscar empréstimos 
junto aos banqueiros italianos, o que gerou inflação e desvalorização monetária.
 
Tudo isso ajudou a formar a conjuntura da crise feudal, indicando que a estrutura 
social, que se reproduzia satisfatoriamente há séculos, começava a apresentar abalos que 
afetavam o seu dinamismo. Esses abalos indicavam que as transformações começavam 
a acontecer, porque os padrões normais de reprodução social da estrutura feudal já não 
conseguiam se manter.
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 Neste ponto, surge uma grande questão sobre a qual você deve refletir: quais 
foram os novos elementos sociais que indicavam os rumos que tomaria a longa 
transição para uma nova estrutura social? Na próxima seção, você irá estudar os 
aspectos principais ligados a tal questão.
SEÇÃO 2
Anos de mudanças e transformações: a transição 
feudal-capitalista e o espaço rural europeu
Como você estudou, os elementos básicos da estrutura social, que juntos 
formavam o corpo sobre o qual se sustentava o feudalismo, apresentavam, cada um 
deles, problemas difíceis de serem superados. Com isto, esses elementos começaram 
a ser substituídos por outros, os quais significaram os germes de uma nova estrutura. 
Reunidos, os novos elementos formavam um conjunto que indicaria o “pontapé” 
inicial de uma transição social que só terminaria com a consolidação de uma nova 
estrutura social chamada capitalismo, denominação predominante até os dias atuais. 
Na verdade, a grande transição deve ser vista reunindo os diversos processos histórico-
geográficos que deram características diferentes às transições específicas a países e 
regiões da Europa.
Você deve refletir, a partir deste ponto, sobre os novos elementos econômicos 
e sociais que inauguraram uma nova conjuntura, os quais foram, basicamente, os 
seguintes:
- os cercamentos (enclousures) das terras comunais, provocados pela reação 
senhorial, que impedia o acesso dos camponeses aos recursos existentes nessas áreas;
- o surgimento da segunda servidão;
- o crescimento do trabalho assalariado e dos arrendamentos de terras no 
campo;
- a consolidação de uma burguesia rural formada por ex-camponeses;
- a especialização produtiva voltada para o mercado.
 
Você já deve ter percebido que, nos processos histórico-geográficos, nenhum 
elemento pode ser pensado isoladamente. Assim, quando aludimos à noção de 
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conjuntura, buscamos enfatizar o caráter integrado com o qual os elementos se 
manifestam nesses processos. No entanto, não se pode analisá-los de forma didática, a 
não ser considerando-os individualmente.
Você deve começar refletindo sobre os cercamentos, que, sem dúvida, 
constituíram-se no elemento mais importante daquela conjuntura. Procure recordar a 
referência feita às terras comunais no espaço rural feudal.
Você viu que nos domínios ou feudos, havia uma divisão em duas grandes áreas: 
as terras exploradas diretamente pelos senhores feudais e um conjunto de pequenos 
lotes que eram explorados, cada um deles, por uma família de camponeses. Como os 
terrenos das famílias camponesas eram pequenos, a sobrevivência dependia também 
dos recursos que elas podiam conseguir nas chamadas terras comunais, nas quais se 
localizavam os bosques que forneciam alimentos e lenha, os pastos que alimentavam 
as criações e as fontes de água. É fácil perceber que o acesso a esses recursos era 
indispensável aos camponeses, pois eles não contavam com isso nos seus pequenos 
lotes, os quais eram reservados para produção agrícola tanto para o consumo familiar 
quanto para pagar as rendas em espécie definidas conforme os costumes locais.
Os cercamentos correspondiam à apropriação privada pelos senhores das terras 
comunais. Em outras palavras, os senhores passaram a proibir aos servos o acesso aos 
recursos contidos em tais terras, porque tinham interesse em ampliar a exploração 
direta que já faziam em outras áreas, incorporando terras que antes dividiam com os 
camponeses. O que deu um caráter absolutamente devastador sobre o meio de vida 
dos servos foi a opção de uso principal que levava a esmagadora maioria dos senhores 
a assumir o papel de grandes proprietários de terras. 
Na Inglaterra, os senhores ampliaram as criações de ovelhas, que, como 
praticamente todo o tipo de criação animal, não necessitava de muita mão-de-obra, mas 
de uma quantidade cada vez maior de terras. Com isso, tornou-se vantajoso expulsar os 
camponeses e fazer a exploração produtiva direta das terras comunais.
Você deve ter percebido que, neste novo contexto, os camponeses não conseguiam 
sobreviver da exploração dos seus pequenos lotes, como também não havia empregos 
nas novas fazendas; só restando, a muitos, o êxodo rural, o abandono do campo e 
a busca de novas formas de sobrevivência. A opção era partir para outras regiões e 
cidades, mas muitos engrossaram os ”exércitos” dos revoltosos ou dos bandos de 
salteadores que assolavam as estradas da época. Outros optaram pela mendicância ou 
pela prática de diversos crimes. 
Esse grande êxodo rural, gerado pela falta de opções produtivas para uma massa 
enorme de ex-servos, tornava-se cada vez mais grave nas décadas que se seguiram. O 
resultado foi o surgimento das chamadas Leis dos Pobres, que se sucederam desde 
o final do século XV até o século XIX, na Inglaterra e em outros países da Europa. 
Essas leis buscavam manter o controle sobre as multidões dos excluídos dos espaços 
produtivos rurais e que não conseguiam encontrar outras ocupações econômicas. 
Quando se perdia o controle, partia-se para a repressão pura e simples.
GLOSSÁRIO – Êxodo Rural – Migração da população moradora das áreas rurais em direção às cidades. 
Esse movimento populacional tem sido, ao longo dos últimos séculos, o grande causadorda chamada urbanização, que 
gerou a concentração da população nas cidades.
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Saiba mais
Para entender melhor esses fatos, sugerimos a leitura do texto 
“Legislação sanguinária contra os expropriados”, um dos mais 
famosos capítulos do livro “O Capital” (1867), a principal obra de 
Karl Marx.
Karl Marx produziu uma obra intelectual das mais influentes, dedicada 
às origens e evolução do capitalismo. Denominam-se marxistas os estudiosos 
que se baseiam nesta obra para produzir os seus trabalhos. Para começar a 
conhecer as propostas marxistas, sugerimos os livros que tratam da história 
do pensamento econômico, em especial o de Hunt, E. & Sherman, H(1990). 
No capítulo citado anteriormente, Marx descreve a acumulação primitiva de 
capital que teria ocorrido antes da consolidação do capitalismo. Ele destaca, 
por exemplo, um item da lei que vigorava em 1572, na Inglaterra, no reinado 
de Elizabeth I: “os mendigos sem permissão e maiores de 14 anos deverão ser 
severamente açoitados e marcados com ferro em brasa na orelha esquerda, 
se ninguém quiser tomá-los a seu serviço durante dois anos. Em caso de 
reincidência, os maiores de dezoito anos deverão ser executados se ninguém 
quiser empregá-los durante dois anos. Mas na terceira vez, serão executados 
sem misericórdia como traidores.” (MARX, 1989, p.61-62).
Mesmo após milhares de execuções todos os anos na Inglaterra, a criminalidade 
não arrefecia, pois, segundo um observador da época que é destacado por Marx (1989), 
os punidos não eram responsáveis nem pela “quinta parte dos crimes cometidos, graças 
à negligência dos juízes de paz e a estúpida compaixão do povo”. Na verdade, não havia, 
de forma efetiva, meios de se ganhar a vida honestamente que pudessem atender a toda a 
população desalojada dos campos naquela época, mas se cobrava mais e mais repressão.
Dicas para sala de aula
Professor(a), você pode trabalhar o tema do êxodo rural e 
suas conseqüências sociais através de uma comparação entre o que 
sucedeu na Inglaterra nos últimos cinco séculos e com o Brasil nas 
últimas cinco décadas. Assim, você pode levar os alunos a refletirem 
sobre a seguinte questão: quais são as semelhanças e diferenças 
entre o êxodo rural que aconteceu na Inglaterra e o que ocorreu no 
Brasil?.
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Enquanto isso, os campos eram povoados de ovelhas, visando à produção de 
lã, produto valorizado no comércio internacional e que garantia os lucros monetários 
indispensáveis à nova economia. O mercado capitalista que começava a ser montado 
dependia da moeda como um elemento indispensável para intermediar as trocas. 
A riqueza passa a ser algo que dependia antes de tudo da posse da moeda, pois ela 
materializa a realização dos lucros. Não adiantava ter terra, sem ter renda monetária. É 
assim que as terras, antes reservadas ao usufruto das comunidades, passaram a ser de 
exploração individual. 
Esse processo altera totalmente a organização do espaço rural, transformando as 
fazendas em empresas produtivas e comerciais de tipo mercantil, pois a produção era 
dirigida para o mercado. Tratava-se, inegavelmente, do surgimento de uma empresa 
capitalista no campo. Isso pressupunha uma nova definição contratual da propriedade 
privada de caráter individual, o que modificava completamente a forma de apropriação 
do solo produtivo que predominava no sistema feudal.
Começava assim a apropriação produtiva do espaço rural nos moldes capitalistas, 
num processo histórico-geográfico que tomaria características específicas de acordo 
com cada país e região. A partir da Inglaterra, ele se expande pela Europa Ocidental. 
Através dos emigrantes europeus que vão se espalhar por diversos continentes, em 
especial na América do Norte, surge um padrão capitalista bem marcado na ocupação 
dos espaços rurais.
 Sem dúvida, os cercamentos foram o processo mais importante daquela 
conjuntura e estão na raiz do que denominamos de especialização produtiva voltada 
para o mercado. Isso significava uma forma de cada região ou país se especializar em 
algum segmento da produção agroindustrial, em que ele se mostrava mais competitivo, 
em virtude de vantagens comparativas que lhe eram favoráveis em relação a outros 
países e regiões. Por exemplo, os produtores ingleses preferiam a criação de ovelhas 
porque conseguiam produzir a melhor lã. Países como a Dinamarca e a Noruega 
também se especializaram na criação, mas voltada para a produção de carnes salgadas 
e laticínios, principalmente a manteiga. A Toscana (Itália) especializou-se em plantas 
industriais, notadamente as tintoriais. Regiões da Alemanha tornavam-se produtoras 
de corantes, linhos e vinhos, bebida que também marcava algumas regiões de Portugal 
e da França. 
Novos estudos indicam que, na maior parte dos casos, essa especialização 
produtiva foi posterior a algum tipo de cercamento que transformava o solo em mais 
um meio de produção capitalista. (SILVA, 1986). 
 Para você, é importante entender que a especialização produtiva contribuiu para 
o surgimento de uma nova geografia econômica, pois gerou regiões econômicas 
diferenciadas, já que cada produto tem seu padrão produtivo, com regras territoriais 
próprias. Com o país ou região se especializando em poucos produtos, intensifica-se a 
necessidade de trocas, e as regiões buscam, no mercado internacional, aquilo que não 
produziam, enquanto ofereciam ao mesmo mercado, o que produziam. 
A esse processo, a teoria econômica marxista chamou de divisão social do 
trabalho ou, como preferem alguns geógrafos marxistas, divisão territorial do trabalho. 
Para esses teóricos, trata-se do mecanismo que gera a regionalização no capitalismo, 
com as regiões tomando as características que lhe são reservadas pela lógica produtiva 
do sistema.
Uma especialização produtiva que merece um comentário especial foi a que 
aconteceu a leste do Rio Elba, na Europa Oriental. Nas planícies que abrangem 
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territórios das atuais Alemanha e Polônia, e, posteriormente, da Rússia e países bálticos, 
expandiu-se uma agricultura voltada para a produção de cereais, principalmente o 
trigo, visando à exportação para os países da Europa Ocidental. Esse processo não 
aconteceu através da dissolução da servidão, mas, justamente, a partir do reforço dos 
laços feudais. Os grandes fazendeiros alemães e poloneses procuraram intensificar a 
exploração de suas terras recorrendo a uma relação social – servidão – que, como você 
já estudou, estava em dissolução na Europa Ocidental. Tal processo ficou conhecido 
como a segunda servidão. A servidão na Rússia, por exemplo, só vai terminar com a 
Revolução Socialista de 1917.
No entanto, na Europa Ocidental, a servidão estava em decadência e dava lugar a 
outras relações de trabalho, como o assalariamento e o arrendamento que cresciam 
bastante no campo. Na exploração rural, os diferentes produtos requerem padrões 
produtivos diversos. Alguns demandam mais mão-de-obra, outros menos. Alguns 
precisam de mão-de-obra de forma concentrada em certos momentos da produção, 
outros não apresentam picos tão marcados. Assim, o produto que exige mão-de-obra 
de uma forma regular durante todo o ciclo produtivo pode favorecer a utilização de 
assalariamento. Por outro lado, produtos que demandam muita mão-de-obra, mas de 
forma sazonal, podem favorecer a utilização dos arrendamentos, que levam as famílias 
dos arrendatários a se localizarem nas próprias terras que estão sendo exploradas, 
gerando força de trabalho concentrada que pode ser mobilizada nos momentos de 
maior demanda de braços, como as fases de plantio e colheita.
Na conjuntura da crise feudal, com a falta de mão-de-obra, o trabalho assalariado 
tornava-se mais procurado, mas passa a ser regulado por leis que vão tentar mantê-lo 
em níveis vantajosos para os empregadores. Inicia-se, então, uma lutaentre patrões 
e empregados, relacionada ao preço da mão-de-obra. Os patrões, apoiados em leis 
repressivas, venceram a luta até meados do século XIX, quando se transformou em 
direito dos trabalhadores a organização sindical e a utilização das greves como forma 
de lutar por melhores salários e condições de trabalho (MARX, 1989). Todo esse 
processo foi mais importante nas cidades do que na zona rural.
No campo, os arrendamentos foram mais comuns na Europa Ocidental e 
geraram o aparecimento de um elemento fundamental no período de transição, que foi 
o burguês rural.
A burguesia rural surge do sucesso econômico de muitas explorações produtivas 
que se voltam para atender às demandas do crescente mercado capitalista de produtos 
agropecuários, resultado da especialização. Entre esses bem-sucedidos capitalistas 
rurais, não estavam apenas os grandes fazendeiros, que expulsaram seus servos e 
passaram a explorar individualmente suas terras, mas também antigos camponeses, 
que arrendaram terras de senhores feudais arruinados e conseguiram acumular capital, 
favorecidos pelas qualidades de alguns solos, pela localização privilegiada de algumas 
terras ou por contratos de arrendamentos com pagamentos corroídos por uma inflação 
crescente que atingiu alguns países e regiões. 
Essa burguesia rural, formada por grandes, médios e pequenos produtores, 
contribuiu para consolidar a apropriação privada das terras, mudando a organização 
do espaço rural europeu de um modelo feudal, onde a propriedade era mitigada pela 
posse e o usufruto coletivo das terras, para um modelo capitalista, no qual se aboliu 
qualquer uso comunal das terras em favor da exploração individual.
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GLOSSÁRIO – Burguesia – Denominação dada ao conjunto dos proprietários dos meios de produção, 
no capitalismo. Esses proprietários são os empresários ou capitalistas, os quais, para os marxistas, dominam as relações 
econômicas e sociais do sistema, o que os transformam em classe social dominante, em detrimento da classe social dominada, 
formada pelos não-proprietários dos meios de produção, também chamada de proletários.
Você constatou que, com todos esses novos elementos, estão lançadas as bases 
de um espaço rural de tipo capitalista, no qual se tornam fundamentais a existência de 
empresas rurais especializadas, administradas em moldes capitalistas, e formas não-
servis de relações sociais, como o assalariamento e os arrendamentos. Esses novos 
elementos surgiram através da apropriação privada das terras comunais e tiveram 
como principal conseqüência, na Europa Ocidental, a decadência da aristocracia 
feudal, substituída pela burguesia rural. Na Europa Oriental, o processo foi diferente: 
a exploração mais intensa das terras dependeu do reforço dos laços feudais, através da 
intensificação da servidão (segunda servidão). Mas as transformações que acometeram 
a Europa não foram exclusivas do espaço rural, pois atingiram também as cidades ou 
os espaços urbanos. Você poderá analisar essas transformações urbanas na próxima 
seção.
SEÇÃO 3
Anos de mudanças e transformações: a transição 
feudal-capitalista no espaço urbano da Europa
Até agora, você conheceu as transformações que afetaram o espaço geográfico 
feudal, no seu espaço rural e entendeu como ele foi assumindo as características 
capitalistas. A partir desta seção, você verificará as transformações econômicas 
ocorridas no espaço urbano. 
Você concorda que ao estudar a estruturação da geografia econômica do 
mundo capitalista, abordando os elementos internos das transformações ocorridas 
no primeiro continente no qual essa estruturação se consolidou, constata-se que as 
mudanças nasceram, em grande parte, de contradições internas das diversas sociedades 
européias? 
Você concorda também que essas sociedades podem ser vistas como diferentes 
nações, regionalmente caracterizadas, que desenvolveram vários processos histórico-
geográficos, mas todos eles inseridos no contexto de transformação que envolveu o 
continente europeu? Não se preocupe em responder ainda. Antes reflita bastante e 
acompanhe o que será abordado a seguir, em que estas questões gerais são enfocadas 
a partir de questionamentos específicos.
QUAIS SÃO AS TRANSFORMAÇÕES QUE ATINGIRAM O MUNDO 
DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL?
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Você que vive numa civilização mercantil e trabalha de uma forma especializada, 
normalmente permanece muito distante do processo produtivo efetivo das mercadorias 
que consome e não pensa muito nesse processo. É certo que você não está sozinho, 
pois a maioria das pessoas nunca se preocupou com isso. 
Mas, de qualquer forma, você deve tentar refletir um pouco sobre o processo 
de produção de mercadorias. Pense sobre isto: o que acontece, efetivamente, quando 
se produz uma mercadoria? Ao se analisar a produção de uma tábua, pode-se afirmar 
que primeiro uma árvore foi derrubada e depois o seu tronco foi serrado para produzir 
várias tábuas. Assim, uma matéria-prima inicial (a árvore) sofreu a ação humana, 
potencializada pela ajuda de máquinas e ferramentas, permitindo a criação de um 
produto final, no caso, a tábua. Esse produto pode ser a matéria-prima básica para 
uma série de outros produtos, cuja matéria-prima inicial é a madeira. Podemos citar 
como produtos derivados da madeira: os móveis, os pregadores de roupas, os cabos de 
vassouras, as urnas funerárias (caixões), entre outros. Há alguns produtos que muitos 
desconhecem e que podem ter as árvores como matéria-prima inicial. É o caso do 
papel e papelão. É isso mesmo, o papel deriva da madeira. Por isso afirma-se que 
reciclar papel usado para produzir papel novo, evita a derrubada de árvores.
Nesse ponto, você deve pensar sobre mais uma questão: desde quando o 
homem é capaz de transformar uma matéria-prima em um bem ou produto 
que possa ser utilizado por ele mesmo? Os estudos e pesquisas indicam que faz 
bastante tempo. Os homens primitivos lascavam rochas, pegavam pedaços dessas 
rochas que apresentassem uma forma de “machadinha”, amarravam esses pedaços 
de rochas em galhos de árvores e acabavam criando um bem que poderia servir para 
caçar ou atacar seus inimigos. Da mesma forma, começaram a produzir vestimentas a 
partir da pele de animais. Como também canoas, utilizando troncos de árvores. Assim, 
parece estar confirmado que, realmente, faz muito tempo que existe atividade artesanal, 
manufatureira ou industrial nas comunidades humanas. Mas é evidente que a produção 
de bens evoluiu muito desde a época das cavernas.
Deve-se destacar que a produção de bens, durante muitos séculos, foi feita, 
predominantemente como uma atividade doméstica, pois era realizada como um trabalho 
ligado à vida das famílias, que produziam bens para serem consumidos diretamente 
pelos seus membros ou para serem utilizados também pelos trabalhadores familiares 
na produção de outros bens. É evidente que em alguns lugares e em determinados 
momentos, escravos e servos também trabalhavam para outros e não propriamente 
para suas famílias. Mas o importante aqui é que a maior parte da produção era para o 
autoconsumo: o bem produzido não era uma mercadoria, não havia alguém lucrando 
com aquela produção. 
De qualquer forma, sempre houve produtores especializados que viviam dos 
bens que fabricavam e vendiam. Assim viviam os ferreiros, os carpinteiros e os 
artesãos. Nos campos, os camponeses, na sua grande maioria, produziam quase tudo 
que consumiam, nos moldes do que se denominou de indústria doméstica, porque 
fabricavam nas suas residências suas roupas, móveis, calçados e ferramentas e pode-se 
afirmar também que conseguiram avançar muito na produção de bens que estão na 
base da atual indústria alimentícia. Isso porque, em muitas regiões da Europa, o inverno 
é muito longo e rigoroso. São mais de seis meses por ano nos quais o solo permanece 
coberto por neve. Não há como cultivar muitos tipos de alimentosnesse período. Com 
isso, houve necessidade de produzir alimentos que pudessem ser conservados para 
que fossem consumidos no inverno. Assim, surgiram os salames, presuntos, carnes 
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salgadas, conservas de legumes e verduras e as compotas de frutas. 
Os descendentes de alemães, italianos, poloneses, entre outros, que vieram para 
o Brasil, trouxeram essa tradicional indústria doméstica e a desenvolveram nas colônias 
rurais que aqui implantaram.
Dicas para sala de aula
Professor(a), procure levar seus alunos a pesquisar sobre a 
existência desse tipo de produção nas colônias agropecuárias dos 
municípios que são tipicamente rurais. Os alunos poderão entender 
a origem de atividades que são muito comuns entre os colonos do 
sul do Brasil.
E A PRODUÇÃO ARTESANAL? COMO EVOLUIU?
A produção manufaturada com objetivo comercial, como um sistema 
corporativo, começou ainda na Idade Média ou, como se prefere denominar, no 
feudalismo. Esse sistema, também chamado de indústria artesanal corporativa ou 
sistema artesanal tradicional, era totalmente controlado por mestres artesãos e suas 
famílias, os quais detinham a direção de todas as etapas do processo produtivo, desde a 
compra da matéria-prima, passando pela produção em si, até chegar à comercialização, 
que também era reservada ao próprio artesão. Esse sistema perdurou de forma 
equilibrada durante muitos séculos, nos quais a demanda manteve-se em padrão regular. 
Até porque uma boa parte do que se produzia era voltado para o mercado de luxo e 
atendia a uma demanda restrita às elites.
GLOSSÁRIO – Sistema Corporativo – A base desse sistema eram as corporações de ofício, que 
correspondiam a associações profissionais de artesãos, como sapateiros, alfaiates, ferreiros, etc. Essas associações tinham 
normas rígidas para controlar o exercício profissional. O sistema, embora de origem medieval, progrediu muito no período 
de transição do feudalismo ao capitalismo, quando dominou o intervencionismo estatal mercantilista, típico do Estado 
absolutista.
Saiba mais
Você deve procurar pesquisar em livros de História os 
termos Mercantilismo e Absolutismo. Isso é necessário porque, 
no período de transição do feudalismo para o capitalismo, esses 
fenômenos histórico-geográficos foram muito importantes. Para os 
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interessados na geografia econômica européia, o que importa é o 
significado econômico desses elementos no período de transição 
feudal-capitalista, o que é possível perceber na seguinte citação: “Em 
suma, o Estado Moderno Absolutista, para manter o equilíbrio social 
sobre o qual se fundava, precisava sustentar a nobreza decadente, 
necessitando para tanto de recursos, daí o mercantilismo; dessa 
maneira, porém, provocava a ruptura do equilíbrio e comprometia 
sua própria existência. O mercantilismo foi, assim, a força e a 
fraqueza do Estado Moderno.” FRANCO JR; PAN CHACON, 
1986).
Mas essa realidade mudou após a crise dos séculos XIV e XV. Como você já 
estudou, a crise gerou o êxodo rural, levando uma boa parte da população das áreas 
rurais a se deslocar em direção às cidades. A população que deixou os campos não tinha 
mais condições de produzir para seu autoconsumo uma infinidade de produtos ligados 
à indústria doméstica. Assim, intensificava-se a procura por produtos manufaturados, 
resultando na expansão de um mercado capitalista que começava a se formar. Você já 
deve ter compreendido que os momentos de pressão sobre estruturas que se mostram 
superadas são os grandes momentos de mudanças. E no que se refere à produção de 
mercadorias não foi diferente. Surgiram novos sistemas de produção manufatureira, 
como você poderá estudar a seguir. 
COMO SE PASSOU DO SISTEMA MANUFATUREIRO DOMÉSTICO 
AO SISTEMA FABRIL? 
O sistema manufatureiro doméstico é a tradução para o português da 
denominação inglesa “putting out system” ou “domestic system”. Esse sistema surge do 
interesse de alguns comerciantes em atenderem à demanda crescente por produtos 
manufaturados. Os comerciantes lutaram contra o controle da produção artesanal 
que era exercido pelo sistema corporativo e pelo Estado, o qual também passou a 
interferir cada vez mais neste sistema, como era próprio das políticas econômicas 
mercantilistas que dominavam a administração da economia ligada ao absolutismo 
europeu predominante no período de transição feudal – capitalista.
No sistema doméstico, o produtor permanecia trabalhando nas suas oficinas 
ou ateliês residenciais, mas trabalhava para atender às encomendas recebidas dos 
comerciantes, os quais lhe forneciam as matérias-primas e faziam a comercialização da 
produção. Esse sistema permitiu furar o bloqueio mantido pelo sistema corporativo, 
mas não possibilitou o controle efetivo do processo pelo comerciante, que, no caso, era 
uma espécie de protótipo do burguês ou capitalista industrial.
Mas você deve refletir sobre a seguinte questão: como o comerciante poderia 
controlar todo o processo produtivo, impedindo que o produtor, que trabalhava na 
sua residência, pudesse desviar matéria-prima ou não se dedicar integralmente 
ao trabalho? A solução veio com as fábricas. As fábricas permitiram concentrar os 
trabalhadores num ponto, propiciando que o comerciante, transformado com as fábricas 
em industrial, pudesse controlar completamente todo o processo produtivo. Reunindo 
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os trabalhadores sob sua autoridade, o capitalista pôde dirigir o processo produtivo 
de acordo com seus interesses: determinando a carga horária que o produtor tinha 
que cumprir; controlando a dedicação do trabalhador ao trabalho; regulando o padrão 
tecnológico utilizado na produção; controlando fraudes ou sabotagens; criando um 
padrão disciplinar e hierárquico na administração da fábrica. (DE DECCA, 1993).
Com isso, o capitalista industrial aumentou a produção e a produtividade até 
o limite da exaustão e da resistência dos trabalhadores, os quais, no sistema fabril, 
tornaram-se, de forma definitiva operários, ou, como preferem os marxistas, 
proletários. Para os marxistas, os proletários são trabalhadores não-proprietários dos 
meios de produção, que se transformam em mera força de trabalho, permitindo a 
consolidação do capitalismo como sistema produtivo e social. O sistema fabril, que 
surgiu na Inglaterra em meados do século XVIII, criou uma relação de trabalho entre 
os capitalistas e proletários, que se transformou em uma relação social, vista como 
claramente capitalista, pois opõe, de um lado, proprietários dos meios de produção 
(empresários) e de outro, a força de trabalho (proletários).
POR QUE O ESPAÇO PRODUTIVO DO CAPITALISMO 
CONCORRENCIAL É O RESULTADO DE LENTAS TRANSFOR-
MAÇÕES?
Você percebeu que se atingiu um ponto importante que precisa ser bem analisado. 
Pode-se resumir esse ponto na seguinte questão: como essa evolução produtiva 
que resultou na consolidação do sistema fabril nos países mais adiantados da 
Europa Ocidental influenciou na estruturação de uma geografia econômica 
capitalista? 
As primeiras fábricas empregavam muitos trabalhadores e a concentração destas 
fábricas gerou grandes aglomerações de trabalhadores fabris e de suas famílias. Isso 
aconteceu em algumas cidades, que passaram a ser conhecidas como cidades industriais. 
A atração que essas cidades passaram a exercer sobre a população que buscava trabalho 
foi muito grande, determinando um crescimento populacional explosivo. Inicialmente, 
isso foi muito marcante na Inglaterra, mas, a partir da segunda metade do século XVIII, 
gerou a eclosão de uma Revolução Demográfica, que causou preocupação ao pastor 
e economista Thomas Robert Malthus. Com a expansão da Revolução Industrial, o 
mesmo processo de crescimento da população das cidades (urbanização) alastrou-se 
por outros países.
Saiba mais
Malthus, Thomas Robert (1766-1834). Economista inglês. 
No seutrabalho Essay on the Principle of Population (1798), chama 
a atenção para o fato de que o aumento da população ocorre, se não 
é controlado, em uma progressão geométrica, enquanto os meios 
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de subsistência crescerão apenas em progressão aritmética. Uma 
vez que a população humana tende a crescer mais rapidamente que 
a produção de alimento, precisa ser eventualmente reduzida pela 
guerra, doenças e fome. Malthus pedia a urgente proibição dos 
casamentos ou seu adiamento como uma política social responsável, 
no seu Principles of Political Economy (1820) http://www.cobra.pages.
nom.br/fm-malthus.html.
Dicas para sala de aula
Professor(a), procure levar seus alunos a relacionar esse 
fenômeno histórico-geográfico com a realidade atual das nossas 
médias e grandes cidades. Destaque o crescimento das grandes 
cidades, enquanto as áreas rurais e as pequenas cidades têm suas 
populações cada vez mais reduzidas.
Algumas fábricas da primeira fase do sistema fabril eram imensas e abrigavam 
uma população operária que, em muitos casos, chegava a milhares de operários. A 
entrada e a saída dos operários geravam um movimento intenso de pessoas e uma 
efervescência humana em todas as cercanias do prédio. Muitas cidades brasileiras ainda 
têm fábricas como essas: imensas e de construção sólida, mas a maior parte delas 
encontra-se desativada. Na sua cidade existem ainda essas antigas fábricas? Caso não 
existam, você conhece algum local em que elas ainda permanecem?
Dicas para sala de aula
Professor(a), leve seus alunos a verificarem se existem fábricas 
antigas ou prédios nos quais elas estavam instaladas, solicitando aos 
alunos que pesquisem sobre elas e sobre antigos ou atuais operários 
que podem ter trabalhado nessas fábricas.
As cidades industriais, altamente concentradoras de população, aparecem no 
espaço geográfico de padrão capitalista, tornando-se um elemento fundamental na 
geografia econômica capitalista. A convergência da população gerava grande aumento 
do consumo, abrindo oportunidades na área comercial e de prestação de serviço. 
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Assim, concentravam-se também nestas cidades inúmeros estabelecimentos comerciais, 
financeiros e administrativos, os quais davam um dinamismo produtivo e econômico 
significativo às cidades industriais. É evidente que essas cidades passaram a atrair e 
concentrar uma numerosa população que não conseguia se inserir no mercado de 
trabalho e vivia em condições econômicas precárias. 
Mas a pobreza e a miséria não acompanhavam apenas os não- integrados ao 
mercado de trabalho, porque mesmo os que tinham emprego nas fábricas não estavam em 
muito melhor situação, já que os salários eram extremamente baixos, a carga de trabalho 
elevadíssima e não havia nenhum tipo de proteção social à população em geral e aos 
trabalhadores em particular. As precárias condições de vida da população trabalhadora 
da primeira fase da revolução industrial foram, sem dúvida, um dos marcos do início da 
era industrial. Longa e violenta foi a luta empreendida pelos trabalhadores para conseguir 
melhorias nas suas condições de trabalho.
O espaço produtivo do capitalismo consolida-se a partir da expansão do sistema 
fabril. O resultado é uma espacialidade que se torna característica desse capitalismo e que 
foi descrita por Cunha (1998, p. 100):
“A espacialidade tradicional do capitalismo é aquela das concentrações espaciais do capital e 
do trabalho, dos desequilíbrios regionais, das migrações desterritorializantes, da degradação 
sócioambiental das periferias das cidades, do urbanismo segregador, da involução das 
pequenas cidades, da modernização predatória do campo, e é assentada nela que se reproduz 
o sistema”.
Inicialmente, as concentrações de capital e trabalho materializaram-se nas 
cidades industriais, nas quais se localizavam as fábricas. Essas concentrações geravam a 
acumulação de riqueza, através dos lucros da produção, nas mãos dos empresários. Da 
mesma forma, ocorria a aglomeração da população trabalhadora, submetida aos baixos 
salários e às ondas de desemprego determinadas pelas crises cíclicas do capitalismo. Como 
as alternativas no campo não eram melhores, os trabalhadores engrossavam os grandes 
contingentes populacionais que transformaram a geografia da população da Europa, 
através de um êxodo rural significativo, surgindo cidades cada vez mais populosas, o que 
foi classificado como o grande movimento de urbanização relacionado às sociedades 
industriais contemporâneas. 
Nesse contexto, essas cidades tornaram-se pontos de concentração de riqueza e 
miséria, como as duas faces distintas da mesma moeda. Benko (1996, p. 59) resumiu 
essa condição do capitalismo, ao afirmar que “a aglomeração (...) foi e continua sendo a 
primeira condição do mercado capitalista.” É importante que se destaque esse aspecto do 
sistema, porque ele é decisivo para entender a geografia econômica do capitalismo:
O resultado foi o surgimento de aglomerações populacionais em pontos e áreas bem 
específicas do espaço. A lógica concentracionista manifesta-se também nos pontos de 
aglomeração, basicamente as cidades onde as empresas industriais, comerciais e de serviços 
têm seus territórios e vias. Toda essa espacialidade resulta de uma poderosa força centrípeta, 
desencadeada por um padrão científico, tecnológico, produtivo e organizacional, que, num 
primeiro momento era europeu, mas internacionaliza-se de forma decisiva, a partir do século 
XIX, em bases monopolistas que predominam até os dias atuais. (CUNHA, 1998, p. 101).
Nessa citação, o autor desloca o fenômeno da concentração econômico-
populacional do espaço geográfico para os espaços específicos das cidades e dos campos. 
Nas cidades capitalistas, o espaço é hierarquizado de acordo com a própria racionalidade 
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econômico-social do capitalismo, que produz as zonas industriais, as vilas operárias, os 
“jardins” das classes médias e das elites, os centros comerciais e financeiros e os espaços 
de exclusão das grandes, médias e pequenas cidades, os quais são as “periferias” centrais 
ou distantes, que a espacialidade capitalista reserva aos excluídos. Esses espaços, segundo 
Cunha (1998, p. 103), transformam-se, cada vez mais, de cinturões verdes em “cinturões 
vermelhos” (de sangue mesmo), “territórios da pobreza, da criminalidade e da degradação 
socioambiental em geral”.
Mas há outra questão importante que se deve analisar na última citação destacada. 
Você deve refletir sobre o que o autor quer dizer ao se referir ao padrão socioespacial 
dominante no capitalismo concorrencial, “que, num primeiro momento era europeu, mas 
internacionaliza-se de forma decisiva, a partir do século XIX, em bases monopolistas que 
predominam até os dias atuais”.
Essa afirmação refere-se ao processo de evolução da geografia econômica 
capitalista. Pode-se dizer que a primeira fase do capitalismo foi a concorrencial e gerou 
a geografia econômica que se analisou até aqui, em suas linhas gerais. No entanto, nas 
últimas décadas do século XIX, a geografia econômica capitalista começou a se alterar. 
As mudanças aconteceram impulsionadas por uma nova lógica geoeconômica que se 
impôs ao sistema. Trata-se do padrão monopolista, que começa a se manifestar também 
na Inglaterra em meados do século XIX. Aos poucos, alastra-se para os outros países 
europeus de capitalismo mais avançado, mas só vai tomar a sua forma característica nos 
Estados Unidos da América, no final do século XIX e início do século XX, quando 
começa a se configurar a hegemonia americana frente ao domínio inglês. São essas 
transformações que resultam num novo padrão estrutural do sistema que você irá estudar 
na próxima unidade. 
 Você está preparado(a) para avançar nos seus estudos, porque, na unidade 
I, abordou-se inicialmente a crise do sistema feudal, quandose buscou identificar os 
elementos econômico-sociais que surgiram e que indicavam as transformações que 
ocorriam nesse sistema, mas, principalmente, anunciavam o surgimento de outro, que 
passou a ser denominado de capitalismo. Na seção 2, você estudou as transformações no 
espaço rural da Europa e, na seção 3, as mudanças localizadas no espaço urbano.
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Atividades
Atividades de auto-avaliação:
Seção 1
Você conseguiu verificar que foram diversos os elementos 
histórico-geográficos que contribuíram para formar a conjuntura 
de crise e agravá-la cada vez mais. Procure enriquecer seus 
conhecimentos, através de leituras, vídeos e pesquisas na internet. 
Seção 2
Você deve procurar refletir sobre as transformações que 
atingiram o espaço rural europeu, elaborando um texto sobre o que 
julgou mais interessante no que foi abordado até este ponto. O texto 
deve ter no máximo trinta linhas.
Seção 3
Você deve procurar refletir sobre as transformações 
econômicas que ocorreram no espaço urbano da Europa, no 
período de transição entre o feudalismo e capitalismo, elaborando 
um texto sobre o que considerou mais interessante. O texto deve ter 
no máximo trinta linhas.
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Anotações
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Geografia 
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capitalista 
monopolista: 
uma nova 
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na Idade 
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34 Para início de conversa
O capitalismo, consolidado como um novo modo de vida na Europa em meados 
do século XIX, mantém sua dinâmica de transformação. As mudanças indicam um 
novo padrão espacial da economia, no qual as linhas gerais da geografia econômica 
estruturada na Europa vão se expandir pelos diversos continentes, reorganizando o 
espaço geográfico dos territórios nacionais e coloniais abrigados nos grandes espaços 
continentais. 
O sistema mundial daí resultante terá uma nova lógica fundada numa divisão 
internacional do trabalho, encaminhando a organização dos territórios para uma 
estrutura consolidada em espaços centrais e periféricos. Os territórios nacionais 
centrais são os países detentores de importantes parques industriais e amplos setores 
comerciais e financeiros, exportadores de bens industriais, capitais e competências 
tecnológicas e organizacionais, adaptados às novas condições capitalistas. 
Os territórios nacionais e coloniais que recebem essas exportações têm os 
seus espaços geográficos reestruturados pelos capitais e pelas novas competências 
que se abatem sobre diversos tipos de padrões econômicos regionais, variando do 
tipo primário-exportador até os autárquicos, sem vínculo significativo com mercados 
mundiais. Para os marxistas, as transformações refletem a dinâmica econômico-social 
provocada pelo capitalismo monopolista, que representa uma nova fase do sistema 
que se sucede à etapa concorrencial. Você deve, então, procurar conhecer quais são os 
elementos fundamentais desta nova etapa do capitalismo, denominada monopolista.
SEÇÃO 1
O capitalismo monopolista e a construção de 
um novo espaço econômico mundial
O que você acredita que é importante entender para compreender o momento 
de mudanças que se começa a abordar? Em primeiro lugar, há uma oposição entre uma 
fase que se denomina concorrencial, e outra, que a sucede, chamada monopolista. 
Dessa forma, opõe-se a concorrência ao monopólio, como conceitos que estão na raiz 
da proposta teórica marxista da análise da evolução do capitalismo. Surgem, destarte, 
as primeiras indagações. O que é concorrência? E o que é monopólio? Você não deve 
esquecer que o objetivo é compreender a nova geografia econômica que surgia naquele 
momento. Para tal, busca-se responder a estas questões iniciais pelo prisma da dinâmica 
econômica.
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Na economia de mercado capitalista, a concorrência é a disputa que acontece 
entre as empresas para terem os seus produtos e serviços aceitos e comprados pelos 
consumidores, em detrimento dos produtos e serviços oferecidos por outras empresas 
do mesmo ramo produtivo. Quando se tem um número muito grande de empresas 
disputando um mesmo mercado, ocorre uma situação de forte concorrência, conhecida 
como concorrência perfeita. Nesse tipo de estrutura de mercado, cada ramo produtivo 
apresenta um número grande de empresas, normalmente pequenas e médias, que 
disputam o consumidor de forma bastante agressiva. 
Em tal contexto, as leis econômicas de mercado permitem entender as dinâmicas 
geradas pela forte concorrência entre as empresas. Por exemplo, a mais importante 
destas leis – a lei da oferta e procura - ajustava o mercado, porém, como procuraram 
mostrar os críticos do capitalismo do século XIX, em especial os marxistas, não 
conseguia sustar as sucessivas crises econômicas, mas, ao contrário, era fator de 
desequilíbrio do sistema. A conjuntura de uma dessas crises, iniciada na década de 1870, 
foi um momento decisivo, que no lugar mais apropriado naqueles tempos - os Estados 
Unidos da América – apontou os rumos do grande movimento de transformação que 
se avolumava. Assim, o processo histórico-geográfico que desencadeou a mudança da 
fase concorrencial do capitalismo é principalmente americano.
Na Europa Ocidental, e mais aindanos Estados Unidos da América, alguns 
setores econômicos apresentavam uma concorrência entre as empresas que se tornava 
cada vez mais significativa, o que gerava diversos tipos de fenômenos mercadológicos, 
organizacionais e tecnológicos, fazendo surgir grandes grupos econômicos que passavam 
a dominar os mercados nos quais atuavam, em alguns casos, como monopólio (uma 
empresa apenas domina um setor) ou, mais freqüentemente, integrando um oligopólio 
(poucas empresas dominam um setor).
Dean destaca o desencadear desse processo histórico-geográfico, em especial 
como um fenômeno americano. Explica-o como relacionado à conjuntura de crise do 
último cartel do século XIX, afirmando que:
A depressão da década de 1870, bastante severa em todos os países em industrialização, foi 
marcada por um constante declínio de preços, estagnação de lucros e ondas de falências 
bancárias. Uma das principais respostas dos proprietários de fábricas a essa situação foi a 
tentativa de organizar cartéis. (DEAN, 1983, p. 47). 
Dean explica o cartel como “um acordo entre empresas com o fim de limitar 
a produção e os territórios de vendas além de elevar os preços.” (1983, p. 47). Todas 
essas iniciativas significam uma restrição à competição entre as empresas no setor em 
que existia o cartel e dificultava a sobrevivência das empresas que não faziam parte do 
acordo, mas, naturalmente, beneficiava, e muito, aquelas que se acordavam. Muitas vezes, 
só restavam às empresas que não conseguiam concorrer com as firmas cartelizadas, 
poucas opções: esperar a falência ou buscar a associação com empresas maiores. Com 
isso, diminuía o número de empresas em alguns dos principais setores econômicos e 
surgiam empresas gigantes que eram monopólios ou integravam oligopólios.
A associação de empresas como cartéis foram combatidas nos EUA e grandes 
empresas buscaram a reunião sob a forma de truste (sociedade de empresas). Esse 
sistema de formação de um grupo empresarial a partir da associação de inúmeras 
empresas evoluiu para uma forma jurídica denominada de holding company. Recorre-se 
mais uma vez a Dean que explica como essa forma foi importante naquela conjuntura 
americana:
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As holding companies eram constituídas para possuir (hold) ações de outras companhias. 
Era uma forma semelhante ao truste, porém mais segura. Uma holding company poderia 
exercer controle sobre outra companhia, por meio da posse de apenas uma pequena 
quantidade de ações, se a propriedade do restante estivesse bastante dispersa. Assim, uma 
vantagem adicional tinha sido conquistada: era possível criar grandes impérios industriais 
com uma pequena base de apoio. A concentração industrial poderia, agora, continuar 
indefinidamente. (DEAN, 1983, p. 48).
E, como previsto, a concentração econômica continuou. No setor petrolífero 
americano surgiu o grande truste liderado pela Standard Oil, empresa do patriarca 
dos Rockefeller, durante muito tempo a família mais rica do mundo, que chegou a 
deter mais de 80% de todo o mercado petrolífero americano. Dean refere-se a esse 
grupo corporativo como o “mais infame dos trustes” por ter sido formado por 
práticas irregulares de concorrência e ilustra o processo de formação de monopólios e 
oligopólios nos EUA, destacando a intensidade do processo:
Entre os anos de 1895 e 1905, 4000 empresas americanas fundiram-se em apenas 400. 
Só no ano de 1899, desapareceram 1028 empresas. A maior fusão foi a da United States 
Steel, produto da associação de 171 empresas. (...) Controlava 80 por cento de mercado 
nacional. No final desse período, apenas 318 empresas eram proprietárias de 40 por cento 
de todos os bens industriais nos Estados Unidos. (1983, p. 49).
Os padrões de concorrência modificaram-se completamente. Surgiu a 
concorrência imperfeita, gerada pela atuação dos monopólios e oligopólios, os quais, 
ao controlarem os mercados, desregularam os padrões de formação de preços, impondo 
os preços e as formas de comercialização que interessavam às grandes corporações, o 
que levava a dificuldades freqüentes e intransponíveis as empresas menores e menos 
poderosas. Os monopólios geraram tal nível de sufocamento da concorrência que o 
maior prejuízo recaiu sobre os consumidores, os quais, nos EUA, reagiram e, como 
eleitores, forçaram os políticos a aprovarem leis de combate aos monopólios. Muitos 
monopólios foram divididos, mas se transformaram em oligopólios e, com isso, poucas 
empresas continuaram “dando as cartas”. O que era o poder de um, transforma-se 
no “poder de poucos.” (DEAN, 1983, p. 51). Assim, é a força das grandes empresas 
corporativas que vai definir os padrões de um novo capitalismo: o monopolista. 
A nova fase do capitalismo dominada por esse fenômeno apresentava também 
uma nova geografia econômica, mas, antes de analisá-la, você ainda precisa entender um 
pouco melhor essa fase. Muitos autores marxistas tentaram abordar tais transformações 
e criaram propostas teóricas que se tornaram bastante úteis para os pesquisadores do 
fenômeno. Uma dessas propostas vai balizar a reflexão que você vai acompanhar a 
partir daqui. Trata-se da proposta de um dos maiores teóricos e militantes do marxismo: 
Vladimir Ilich Lênin.
Saiba mais
Lênin (1870-1924) nasceu na Rússia e é considerado um 
dos maiores teóricos marxistas. Liderou os revolucionários que 
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promoveram a Revolução Socialista de 1917, na Rússia. Consolidou 
o processo revolucionário, mas não conseguiu definir os rumos do 
novo regime porque veio a falecer
Você estudou como a mudança organizacional e econômica do capitalismo 
concorrencial gerou, na verdade, um novo capitalismo, denominado monopolista, 
que mudou o espaço econômico do sistema. Mas você precisa conhecer melhor esse 
novo capitalismo e é isso que será estudado na próxima seção.
SEÇÃO 2
A geografia econômica do imperialismo
Em 1917, Lênin expôs sua teoria num livro sobre o capitalismo monopolista, que 
ele denominava Imperialismo. Tanto assim é que o livro foi intitulado “Imperialismo, 
fase superior do capitalismo”.
Para ele, o imperialismo era a fase suprema, superior ou última do capitalismo, 
porque acreditava na substituição do capitalismo pelo socialismo como o início de 
uma nova etapa na história da humanidade. Os elementos fundamentais da teoria do 
imperialismo de Lênin (1987 ) foram bem resumidos por Franco Jr e Pan Chacon 
(1986, p. 170), em cinco grandes itens:
1. concentração de produção e do capital (...) o que cria os monopólios;
 
 2. fusão do capital bancário e do capital industrial e criação, à base desse capital 
financeiro, de uma oligarquia financeira;
 3. a exportação de capitais, diversa da exportação de mercadorias, assume 
importância particular;
 4. a formação de uniões internacionais capitalistas monopolistas, partilhando o 
mundo; 
 5. acabamento da partilha territorial do mundo pelas grandes potências 
capitalistas. 
O primeiro elemento é o responsável pela criação de empresas gigantes, 
conhecidas por multinacionais ou transnacionais, em virtude da atuação mundial 
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que implementaram. As análises marxistas as vêem como resultado dos processos 
de concentração e centralização de capitais. Na concentração, capitalistas individuais 
ampliam cada vez mais seus capitais atuando isoladamente. Na centralização, capitais 
individuais são reunidos em um controle único. 
Mas outra teoria muito influente nos dias atuais, embora não seja tão recente, 
explica o surgimento dessas empresas como resultado de um processo de desequilíbrio 
no ciclo econômico, em razão da aplicação de descobertas científicas que se transformam 
em inovações tecnológicas ao serem incorporadas à produção econômica por um 
empresário empreendedor. Normalmente, tais empresas superam seus concorrentes 
ou mesmo iniciam um novo ramo de atuação, tornando-se uma empresadominante. 
Essa é, em linhas gerais, a teoria schumpeteriana, proposta ainda no início do século 
XX, mas reconsiderada cada vez mais por correntes atuais do pensamento econômico, 
como os neo-institucionalistas e evolucionistas, a ponto de se fazer referência a uma 
corrente neo-schumpeteriana.(SCHUMPETER, 1982).
O segundo elemento resultou na ampliação do fenômeno denominado de 
financeirização do sistema econômico, com as empresas financeiras elevando seus 
lucros e possibilitando ganhos a aplicadores individuais ou empresariais, em número 
cada vez mais significativo e em volumes vultosos. Os ganhos financeiros ultrapassam 
os ganhos produtivos, gerando uma especulação que adquira contornos mundiais, 
com a globalização dos mercados permitida pelos avanços tecnológicos nas áreas de 
comunicação e de informática. Os donos dos grandes bancos passam a ser os capitalistas 
mais poderosos, influenciando agências internacionais, empresas de análise de riscos, 
governos dos países ricos e mais ainda dos países pobres. Os bancos diversificam 
os seus investimentos, passando a atuar nos mais diversos setores industriais e de 
serviços, o que os torna o centro de grandes grupos corporativos integrados de forma 
horizontal.
Os três últimos elementos do Imperialismo, segundo Lênin, são os mais 
importantes no sentido de captar o caráter espacial contido na teoria do imperialismo e 
que fornecem os elementos fundamentais para a compreensão da geografia econômica 
do capitalismo monopolista. 
O primeiro é a exportação de capitais. No modelo colonial, a divisão internacional 
do trabalho organizava-se entre as colônias e metrópoles: as colônias especializavam-
se na produção e exportação de produtos e matérias-primas extrativas, agrícolas e 
minerais; as metrópoles, na produção e exportação de produtos manufaturados. Dessa 
forma, as metrópoles vendiam para as colônias bens produzidos por suas manufaturas 
e compravam matérias-primas e produtos primários das colônias. Mas havia também 
outro tipo de comércio, que também esteve presente naquela estrutura: foi o comércio 
de seres humanos escravizados, na maior parte africanos, conseguidos na própria 
África e vendidos, em sua grande maioria, nas colônias e países americanos. 
As empresas metropolitanas, que exerciam o monopólio comercial entre a 
metrópole e suas colônias, é que realizavam os intercâmbios, a mando dos governos 
metropolitanos. Essa divisão do trabalho permitiu a expansão da industrialização nos 
países metropolitanos, e, ao mesmo tempo, mantinha as colônias presas à produção 
primária.
Essa estrutura econômico-territorial começou a mudar quando, no século XIX, 
os capitais acumulados nas metrópoles eram de tal amplitude que começaram a faltar 
oportunidades de investimentos que permitissem uma reprodução ampliada desses 
capitais nos níveis que fossem compatíveis com os lucros almejados pelos capitalistas. 
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Tal fenômeno foi mais significativo na Inglaterra. Nesse país, na primeira metade 
do século XIX, os grandes capitalistas ainda conseguiram investir lucrativamente de 
forma significativa em estradas de ferro, criando uma grande malha ferroviária nas 
Ilhas Britânicas. 
Mas, a partir do início da segunda metade do século XIX, empresas européias, 
principalmente inglesas, investiram pelo mundo afora, em estradas de ferro, mineração, 
cabos telegráficos, usinas hidrelétricas, entre outros segmentos. Começaram a produzir 
um espaço geográfico apto a receber investimentos produtivos de caráter industrial, pois 
ajudavam a criar uma infra-estrutura básica necessária aos processos de industrialização. 
Concretizavam-se as exportações de capitais, surgindo um elemento próprio da fase 
imperialista do capitalismo. Às empresas capitalistas não interessava mais apenas a 
venda de mercadorias às colônias e países periféricos, mas, em boa parte dos casos, os 
interesses incorporavam também as necessidades de exportação de capitais, como a 
realização de investimentos capazes de ampliar os lucros das grandes empresas. 
Ao lado disso, gerava-se a ampliação da necessidade de matérias-primas, muitas 
delas só encontradas nos países pobres. Os países industrializados e centrais passam 
a buscar, cada vez mais, mercados para exportação de capitais, como também para 
garantir fontes de fornecimento de matérias-primas. Essa necessidade crescente gerava 
atritos e disputas geopolíticas entre os países envolvidos, o que resultou em conflitos 
que vão se tornando cada vez mais graves, até desembocarem na Primeira Guerra 
Mundial (1914-1918), considerada como uma guerra tipicamente imperialista. 
Assim, contempla-se a análise dos elementos que se referem à “formação de uniões 
internacionais capitalistas monopolistas, partilhando o mundo ” e (...) provocando o 
“o acabamento da partilha territorial do mundo pelas grandes potências capitalistas”. 
Caso exemplar é o da África, continente cujo território foi totalmente “retalhado” em 
países inventados pelas potências imperialistas, tendo objetivo meramente econômico-
territorial, com caráter explorador, de resguardar interesses geopolíticos de cada uma 
das grandes potências européias envolvidas na “corrida imperialista” do final do 
século XIX e início do século XX. De qualquer forma, nações do Oriente Médio, 
das Américas, da Ásia e Oceania também sofreram com as ambições imperialistas 
dos países europeus. Posteriormente, aos europeus, juntaram-se outros países que se 
transformaram em imperialistas, principalmente Estados Unidos da América e Japão.
Não é muito difícil perceber as possibilidades de reestruturação da geografia 
econômica mundial diante das forças produtivas e dos interesses políticos que foram 
movimentados com as territorializações imperialistas. 
No período colonial, as mercadorias capitalistas, embora tenham apresentado 
às sociedades tradicionais outro modo de vida, não tinham um poder transformador 
comparável aos investimentos de capitais que vão acontecer no período neocolonial ou 
imperialista. Os capitais investidos nos espaços periféricos vão implantar os germes do 
capitalismo, incorporando às sociedades-colônias, países independentes e nações ainda 
não dominadas, novas relações de trabalho e produção, que vão gerar transformações 
econômicas, políticas e culturais decisivas e inexoráveis. Mudam-se lentamente as 
estruturas de classe, poder, produção, religião, educação, etc. Em algumas sociedades 
essas mudanças foram mais acentuadas; em outras, mais tênues. Algumas regiões 
ampliaram a exploração dos seus recursos naturais através dos capitais estrangeiros, 
criando bases infra-estruturais e produtivas para a recepção de investimentos industriais 
de grande porte. É o que aconteceu na região sudeste do Brasil, envolvendo os estados 
de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que conseguiram, no século XX, criar um 
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pólo industrial dos mais importantes, transformando a economia brasileira. Mas isso 
também sucedeu em outros países e regiões coloniais ou periféricas como o México, a 
África do Sul, a Índia, a China, a Austrália, entre outros. 
Assim, regiões dos diversos continentes não-europeus passam a abrigar cidades e 
regiões industriais, que demandam novas estruturas de serviços, capazes de reorganizar 
a geografia econômica mundial. Mesmo permanecendo como países fortemente 
agrícolas, incorporam interesses próprios de países industrializados e passam a buscar 
a exportação de produtos industrializados e serviços. Intensificam a concorrência 
capitalista e geram a necessidade de políticas de desenvolvimento que os mantenham 
em expansão crescente dentro dos novos padrões econômico-sociais adquiridos. Os 
desdobramentos recentes desse movimento são assunto para nossa próxima seção.
SEÇÃO 3
A organização do espaço econômico capitalista 
monopolista: teorias burguesas de localização
O espaço econômico capitalista sofreuuma grande reestruturação com a 
consolidação do capitalismo monopolista. As grandes corporações econômicas 
tornaram-se empresas efetivamente mundiais. Mas a atuação dessas empresas em 
todos os continentes dependia da construção de uma infra-estrutura na área de energia, 
transporte e comunicação que permitisse a incorporação de espaços não-capitalistas à 
dinâmica do capitalismo. Foram as próprias grandes empresas européias e americanas 
que investiram na construção dessa infra-estrutura, mas também investiram em 
mineração, agricultura, metalurgia e mesmo em alguns setores da indústria de bens de 
consumo. 
Esse novo estágio de exploração econômica dos continentes não- europeus não 
só deu origem às disputas imperialistas que você já estudou, mas também resultou 
numa nova geografia do comércio internacional por ter incorporado novas regiões 
produtoras, exportadoras e importadoras. Assim, o padrão espacial da economia 
européia e americana começa a ser repetido nos outros continentes. 
É evidente que esse padrão não conseguiu repetir-se com exatidão, mas gerou 
regiões mais ou menos industrializadas, criando ou agravando desequilíbrios regionais 
que se tornaram clássicos, por serem muito importantes em alguns países. O caso 
mais conhecido é o da Itália, que, na região norte, onde se localizam Milão e Turim, 
apresenta intensa industrialização. Por outro lado, a região sul desse país não é 
industrializada. No Brasil, também se pode destacar a oposição, até período recente, 
entre um núcleo industrial e dinâmico na região sudeste e as regiões que sofreram 
processo de desindustrialização.
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O padrão espacial capitalista, principalmente europeu, levou ao surgimento de 
algumas teorias espaciais ou locacionais que tentaram explicar essa ordem. Lipietz 
(1988) chamou-as de “teorias burguesas da localização”, que são a Teoria da Localização 
Industrial de Alfred Weber (1909); a Teoria das Localidades Centrais de Walter 
Christaller (1930); a Teoria do Equilíbrio Espacial Geral de August Lösch (1940); e a 
Teoria dos Pólos de Desenvolvimento e Crescimento de François Perroux (1955). 
Essas quatro primeiras teorias locacionais surgiram num contexto em que 
dominava a visão do espaço geográfico como constituído de um conjunto de regiões 
nas quais a interação sociedade-natureza foi decisiva para fornecer a especificidade 
de cada fração do espaço geográfico. As teorias trazem a preocupação com fluxos 
de bens, serviços e consumidores que ocorrem entre os centros urbanos contidos 
no espaço geográfico. As cidades se relacionam umas com as outras, dentro de uma 
lógica espacial e hierárquica, levando à organização de uma rede urbana na qual os 
centros maiores centralizam esses fluxos em virtude do número maior de funções que 
exercem na rede de cidades. Pode-se afirmar que se trata “de um modelo caracterizado 
não a partir de uniformidade/identidade de paisagens ou produções, mas pelas trocas 
e fluxos organizados pelas relações de mercado” (CUNHA; SIMÕES; PAULA, 2005, 
p. 10). 
Em outro contexto, pode-se destacar uma teoria que já havia se preocupado em 
explicar a forma de organização do espaço geográfico, no caso o espaço rural, tendo 
também as cidades como eixo de organização espacial. Trata-se da Teoria do Estado 
Isolado de von Thünen (1826).
Saiba mais
Johann Heirinch von Thünen (1783-1850), fazendeiro e 
economista alemão, era vinculado ao pensamento econômico 
clássico e foi um dos precursores do marginalismo e dos estudos 
sobre a dimensão espacial da economia, ajudando também a fundar 
a econometria.
A preocupação estava na determinação dos preços e do tipo de produção 
agrícola. Segundo essa teoria, considerando-se como ponto de partida uma cidade, 
centro urbano e de consumo, a renda dos produtores dependerá da distância que seus 
estabelecimentos em relação ao centro considerado, caso outras variáveis que interferem 
também nos preços mantenham-se inalteradas, como condições naturais, padrão 
tecnológico, custos de produção e transporte. Além disso, o ambiente econômico tem 
que ser de concorrência perfeita. 
Preservadas essas condições modelares a partir da cidade considerada, se 
sucederiam círculos concêntricos (chamados de anéis de von Thünen) nos quais 
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ocorreria o predomínio produtivo relacionado aos tipos de produtos melhor 
adaptados às distâncias do centro urbano: mais próximo, produtos perecíveis (leite 
e hortifrutigranjeiros); na área intermediária, cereais e madeira (importante para uso 
doméstico na época); e em espaços mais distantes, a pecuária. Mas é importante que 
você possa observar mais alguns elementos dessas teorias que serão abordadas na 
seqüência.
TEORIAS BURGUESAS DA LOCALIZAÇÃO
A) Teoria da Localização Industrial de Alfred Weber (1909):
Para Lipietz (1988), a teoria weberiana é importante para as firmas como entes 
individuais que procuram calcular o seu ponto ótimo de localização. Ela cria um modelo 
que considera custos de transporte, as condições de disponibilidade de mão-de-obra e 
matérias-primas, a distância dos mercados, entre outras variáveis. Todo o modelo gira 
em torno da questão de onde situar uma empresa.
B) Teoria das Localidades Centrais de Walter Christaller (1930):
Ela foi elaborada na década de 1930, pela chamada Escola de Iena, na Alemanha. 
Baseia-se na idéia de que, num espaço físico homogêneo, as forças econômicas são 
capazes de estruturar o espaço geográfico, a partir de redes de produções específicas, 
que resultam num sistema de redes. Lipietz resume a teoria afirmando que “cada rede 
corresponde ao espaço abstrato próprio de um ramo [produtivo], e o espaço concreto 
seria o “sistema de redes” (LIPIETZ, 1988, p. 129).
C) Teoria do Equilíbrio Espacial Geral de August Lösch(1940):
Considera a hierarquia de cidades, as barreiras alfandegárias, os efeitos dos 
transportes e sua variação em função das distâncias. O objetivo é calcular o ponto 
ótimo de localização da empresa, conforme cada ramo de atuação econômica. A teoria 
significou, em grande parte, uma reformulação da Teoria das Localidades Centrais de 
Christaller, mas Lösch incorporou a seu modelo a indústria, o comércio e os serviços. 
D) – Teoria do Estado Isoladode Von Thünen (1826): 
Aborda o espaço rural, propondo que a organização desse espaço ocorre a partir 
de centros urbanos que são os mercados principais para produtos agrícolas, através 
de círculos concêntricos que se sucedem no espaço e têm esses centros como eixo. O 
primeiro círculo é formado por pequenas propriedades de hortifrutigranjeiros e por 
bacias leiteiras. Nos círculos intermediários predominam médios estabelecimentos, 
especializados na produção de cereais. E nos círculos mais distantes, domina a pecuária 
de corte, realizada de forma extensiva.
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E) – Teoria dos Pólos de Desenvolvimento e Crescimento de François 
Perroux (1955):
Perroux baseia-se no argumento de que o crescimento e/ou desenvolvimento não 
acontece de forma equilibrada em todo espaço geográfico, mas de maneira concentrada 
em pontos específicos do espaço geográfico de diferentes países e regiões, cidades que 
passam a funcionar como pólos de crescimento locais, regionais ou nacionais, nos quais 
se concentram atividades relacionadas aos setores secundários e terciários. Essa teoria 
forneceu a base para planos e políticas voltadas para o desenvolvimento regional, entre 
as décadas de 1950 e 1980, tornando-se a mais influente teoria sobre essa temática.
 
Em geral, essas teorias fundamentam-se em princípios da Escola Neoclássica 
ou Marginalista de pensamento econômico, quando buscam os argumentos materiais 
para explicar determinadas formas de organização econômica do espaço geográfico. 
Considerando os princípios fundamentais dessa escola de pensamento, o que mais se 
relaciona com as teoriasburguesas de localização é aquele que defende que as forças 
econômicas geralmente tendem para o equilíbrio, para a compensação de forças opostas 
(OSER; BLANCHFIELD, 1983, p. 208). 
 O equilíbrio resulta, então, de um processo lógico de comportamento econômico, 
relacionado à força de ajuste do mercado capitalista e “sempre que distúrbios provocam 
deslocamentos, ocorrem novos movimentos na direção do equilíbrio.” (OSER; 
BLANCHFIELD, 1983, P. 208). 
Mas havia uma condição fundamental para que esse processo pudesse acontecer 
e que se relaciona a outro princípio fundamental das correntes neoclássicas, que é 
a “defesa do ’laissez-faire’ (deixar fazer), proveniente da Escola Clássica criada por 
Adam Smith, como a política mais desejável. Não deveria haver interferência nas 
leis econômicas naturais para se atingirem os benefícios sociais máximos.” (OSER; 
BLANCHFIELD, 1983, p. 208).
O que há de importante para você entender, é que os formuladores das teorias 
que buscavam identificar a lógica econômica de organização do espaço geográfico 
capitalista acreditavam que a dinâmica das relações econômicas era a força fundamental 
que gerava a configuração locacional dos elementos formadores do espaço econômico. 
Forças de ajuste do mercado capitalista deixavam suas marcas espaciais relacionadas 
aos trajetos, às vias de comunicações e transportes, às aglomerações de empresas e 
trabalhadores em algumas cidades, ao predomínio de tipos diferentes de cultivos de 
acordo com a localização geográfica das terras cultivadas, entre outros fenômenos de 
caráter espacial que possam ser identificados e descritos. 
Como afirma Claval, a geografia que se fundamenta nas teorias de localização é 
centrada na variável distância, porque “o posicionamento dos grupos sociais é gerado 
pela dispersão dos seus membros.” (CLAVAL, 2004, p. 17). Dessa forma, esse mesmo 
autor defende que:
O espaço geográfico não ignora as dificuldades naturais, que não permitem que se produza 
qualquer coisa em qualquer lugar. É um mundo de troca, tanto que os atores econômicos 
devem ficar de olho no mercado, ou nos preços. O estudo do espaço geográfico aborda 
amplamente o estudo das localizações (entenda-se por localizações os pontos onde as 
empresas obtêm os seus maiores lucros aproveitando-se da distância dos recursos) e dos 
mercados. (CLAVAL, 2004, p. 17). 
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O que se tem então é uma geografia econômica capitalista, sustentada em 
relações econômicas que funcionam como redes econômicas e sociais que “permitem 
estabelecer contatos, realizar transações, fazer negócios: o que supõe a existência de 
infra-estrutura material via de transporte e sistemas de comunicação.” (CLAVAL, 2004, 
p. 18). Mas a localização desses objetos e a dinâmica das ações permitidas por eles 
apresentam uma lógica concentracionista que você já estudou, quando foi abordado o 
“espaço produtivo do capitalismo concorrencial”. A concentração de população e de 
infra-estrutura material e imaterial ocorre em algumas cidades ou em regiões, gerando 
uma organização que, para algumas teorias burguesas de localização, espelhariam uma 
’hierarquização dos lugares e dos espaços.’” (CLAVAL, 2004, p. 18). A lógica dessa 
estrutura é descrita de forma didática pelo mesmo autor, quando ele afirma que:
Os lugares para onde estas vias convergem levam vantagens em relação aos outros: nesses 
lugares fica mais fácil organizar encontros, estabelecer relações e fechar negócios. Nesses 
lugares, passa-se num tempo mínimo de um parceiro comercial a outro. As cidades são 
comutadores sociais, formas de organizações do espaço destinadas a facilitar ao máximo 
todas as formas de interação. Quem nelas está instalado acessa mais rápido e por um 
preço menor à informação. (CLAVAL, 2004, p. 18). 
Mas as lições de Claval sobre como as teorias burguesas de localização abordavam 
o espaço econômico capitalista permitem observar que elas se fundamentavam numa 
abordagem funcionalista muito bem marcada, que ele destaca de imediato ao afirmar 
que:
O espaço analisado na perspectiva funcional não se limita a ser organizado e hierarquizado. 
Ele não pára de se transformar. Com efeito, as cidades que se encontravam no topo 
das redes urbanas e as regiões que ficam no centro das zonas econômicas levam 
muitas vantagens: as empresas que aí se instalam se beneficiam, pelo menos no caso 
das aglomerações, de economias externas particularmente fortes. A todas aquelas para 
as quais o transporte dos produtos industrializados e a divulgação das informações 
constituem encargos importantes, a acessibilidade à clientela é maior: é nesses pólos 
urbanos, ou nessas zonas centrais, que os potenciais populacionais e de renda atingem seu 
nível mais elevado. Todas as atividades que não dependem obrigatoriamente, na escolha 
da sua localização, das matérias-primas nem da energia da qual precisam, vão, portanto, 
se instalar nas cidades e nas zonas mais centrais. (CLAVAL, 2004, p. 18-19).
Estes processos histórico-geográficos marcaram de forma profunda o espaço 
econômico capitalista, gerando uma dicotomia entre “espaços de mandar e os espaços 
de obedecer.”(SANTOS, 1997, p. 242). Os “espaços de mandar” seriam aqueles 
“marcados pela ciência, pela tecnologia, pela informação, por essa mencionada carga 
de racionalidade”. Por outro lado, “os espaços de obedecer” são “os outros espaços.” 
(SANTOS, 1997, p. 242). Essa dicotomia foi consagrada pelo uso das expressões 
centro e periferia, e Claval expõe de forma descritiva as características de cada uma 
das frações do espaço geográfico a que se referem, quando se abordam casos concretos, 
ao explicar que:
Em regiões e cidades centrais, encontram-se simultaneamente empresas que se aproveitam 
de recursos locais e outras que estão sendo atraídas pela acessibilidade ao mercado. Nas 
regiões periféricas, somente os setores primário e secundário (primeira transformação) 
estão presentes. Nas regiões centrais, o setor primário está sempre presente. O secundário 
tornou-se mais completo com as fases ulteriores de transformação. O terceiro vem se 
tornando cada vez mais importante. A economia das regiões ou das cidades centrais não 
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pára de se diversificar. (...) as regiões periféricas, ao contrário, encontram dificuldades 
em conservar as atividades que não dependem de recursos locais. Elas adquirem o perfil 
de regiões especializadas. Sem um bom acesso ao mercado, e criando pouca economia 
externa, elas assistem a fugas das empresas mais inovadoras, aquelas cujos valores 
agregados são os maiores. (CLAVAL, 2004, p. 19).
Dicas para sala de aula
Você pode levar seus alunos a refletirem sobre a região onde 
eles vivem: essa região é um espaço central ou periférico? Como 
se explica a classificação que se pode impor a ela? Tente fazer seus 
alunos pensarem sobre essas questões, buscando levá-los a pesquisar 
sobre a situação econômico-social da região onde moram.
Você percebe que ao se acreditar nessa estrutura espacial descrita pelo autor, 
pode-se estar diante de uma determinada racionalidade espacial? Santos analisa essa 
questão, ao fazer referência aos “espaços da racionalidade.” (SANTOS, 1997, p. 
230). Ele defende que “o espaço racional supõe uma resposta pronta e adequada às 
demandas dos agentes, de modo a permitir que o encontro entre a ação pretendida e o 
objeto disponível se dê com o máximo de eficácia.” (SANTOS, 1997, p. 239). Ora, se 
se está inserido num determinado sistema econômico, os agentes agem de acordo com 
as demandas impostas por esse sistema, mas o autor lembra que, “essa racionalidade 
sistêmica, não se dá de maneira total e homogênea, pois permanecem zonas onde 
ela é menor e, mesmo, inexistente e onde cabem outras formas de expressão que 
têm sua própria lógica.” (SANTOS, 1997, p. 242). As teorias burguesas de localização 
não consideraram advertências como essa de Santos e se mantiveramcentradas num 
método funcionalista, de base positivista. Nas especificidades de caráter histórico-
geográficas não se impunham as leis universais, abstratas e racionais, em nome das 
quais se buscava atuar.
Você percebeu o que Santos procurou destacar? Ele quis ressaltar que o que é 
válido para os países desenvolvidos, pode não ser para os países subdesenvolvidos.
Saiba mais
Santos é o grande geógrafo brasileiro chamado Milton 
Santos (1926-2001). Um grande estudioso de Epistemologia da 
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Geografia, Geografia Urbana, Geografia do Subdesenvolvimento e 
da Globalização. Em 1994, recebeu o Prêmio internacional Vautrin 
Lud, na França, que é considerado o “Nobel da Geografia”, quando 
já era o mais importante geógrafo brasileiro.
Santos desenvolveu a Teoria dos Dois Circuitos do espaço urbano de países 
subdesenvolvidos, indicando que a lógica de organização econômica das cidades destes 
países é diferente daquela dos países desenvolvidos. Ele se refere aos circuitos superior 
e inferior, que se podem definir, em linhas gerais, da seguinte forma:
- Circuito Superior – corresponde à economia moderna, ligada às grandes 
empresas; suas redes econômicas extrapolam os mercados locais e regionais.
- Circuito Inferior – relacionado às atividades em pequena escala e ligado à 
economia tradicional de caráter local e regional. 
Santos propôs essa teoria no seu livro “O espaço dividido”, que foi publicado no 
Brasil, em 1978, mas, na França, a primeira edição é de 1975, com o título “L’ espace 
partagé”. Com esse livro, Santos elaborou uma teoria que se adaptava à realidade do 
subdesenvolvimento, ao contrário das “teorias burguesas de localização”, que, não 
obstante as tentativas de aplicá-las aos países subdesenvolvidos, foram construídas a 
partir de outras realidades. 
Estas teorias são tentativas de entender a lógica de organização do espaço 
econômico capitalista. Em Geografia Econômica II, você terá a oportunidade de estudar 
as novas formas de organização desse espaço que surgiram a partir da consolidação 
de um novo modelo desenvolvimento que se consolidará após a Segunda Guerra 
Mundial, inicialmente nos EUA e Europa Ocidental, estendendo-se posteriormente a 
outros países, como o Japão, Austrália, Canadá e Nova Zelândia.
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Seção 3
Elabore um texto sobre a importância da Teoria dos Dois 
Circuitos de Milton Santos, buscando relacioná-la à situação atual 
das cidades brasileiras. O texto deve ter no máximo trinta linhas.
Atividades
Atividades de auto-avaliação
Seção 1
Você estudou como a mudança organizacional e econômica do 
capitalismo concorrencial gerou, na verdade, um novo capitalismo, 
denominado monopolista, que mudou o espaço econômico do 
sistema. Mas você precisa conhecer melhor esse novo capitalismo e 
é isso que será estudado na próxima seção.
Seção 2
Elabore um texto, comentando como os três últimos 
elementos do Imperialismo influenciaram a estrutura econômica do 
espaço geográfico em escala global. O texto deve ter no máximo 
trinta linhas.
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Anotações
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49PALAVRAS
FINAIS
Você percorreu uma etapa importante, concluindo o estudo deste material e 
agora está apto(a) a entender os fundamentos do processo histórico-geográfico que 
estruturou a geografia econômica do capitalismo. Em primeiro lugar, identificou as 
transformações no sistema feudal geradas pela crise que se abateu sobre esse sistema, que 
indicaram um novo rumo no processo e que resultou na consolidação do capitalismo. 
Além disso, pôde acompanhar a transição entre os dois sistemas, período no qual as 
transformações atingiram de forma específica o espaço rural e urbano da Europa. 
Essas transformações deram origem ao capitalismo concorrencial. Nessa 
conjuntura, a geografia econômica foi marcada pela industrialização e urbanização, 
como processos que se ligavam à modernização do campo, através da penetração 
do capitalismo nesse espaço, gerando especialização produtiva, assalariamento, 
concentração fundiária e aplicação de técnicas mecânicas e químicas à produção 
agropecuária. O êxodo rural alimentou a concentração urbana, formando um crescente 
mercado consumidor nas cidades. Esse tipo de capitalismo sofreu transformações que 
resultaram na consolidação do capitalismo monopolista. 
Como você estudou, os EUA saíram na frente nessa nova fase capitalista, mas 
foram acompanhados muito de perto por alguns países da Europa Ocidental, como 
a Inglaterra, a Alemanha e a França. O capitalismo monopolista expandiu-se destes 
pólos em direção aos territórios de outros países de diversos continentes. Alguns 
chamaram esse processo de corrida imperialista ou neocolonial. O importante é que os 
espaços geográficos dos países receptores dos investimentos que materializavam esta 
expansão começaram a se organizar dentro da mesma lógica dos espaços de origem 
destes investimentos. Assistiu-se à consolidação de uma geografia econômica global 
marcada pelos padrões espaciais do capitalismo monopolista. 
Tais padrões passaram a ser objeto de estudo de teorias que tentaram decifrar a sua 
lógica. São as teorias burguesas de organização do espaço econômico capitalista. Você 
estudoutodas essas questões neste material que se encerra neste ponto, correspondendo 
ao conteúdo da disciplina Geografia Econômica I. Assim, está preparado(a) para estudar 
a disciplina Geografia Econômica II, que é ministrada no segundo semestre. Nessa 
próxima disciplina, o conteúdo versará sobre o modelo de desenvolvimento que se 
estruturará após a Segunda Guerra Mundial. Trata-se do fordismo, que se consolidará 
num primeiro momento nos EUA e na Europa Ocidental, mas, logo na seqüência, 
influenciará também países como o Japão, o Canadá, a Austrália, a Nova Zelândia, e 
também alguns países de outras regiões da Europa. Abordar-se-á no próximo semestre 
a crise desse modelo e a reestruturação socioespacial do capitalismo contemporâneo, 
permitindo assim o conhecimento efetivo da geografia econômica do mundo atual. 
Você deu o primeiro passo de uma longa caminhada, mas nunca se chegará a lugar 
algum a não ser através de um passo de cada vez.
REFERÊNCIAS
BENKO, G. Economia, espaço e globalização. São Paulo: Hucitec, 1996.
CLAVAL, Paul. A revolução pós-funcionalista e as concepções atuais da geografia. In: 
MENDONÇA, F.; KOZEL, S. (org.) Elementos de epistemologia da Geografia 
contemporânea. Curitiba: UFPR, 2004. 
CUNHA, A.; SIMÕES, R.; PAULA, J. Regionalização e história: uma contribuição 
introdutória ao debate teórico-metodológico. Belo Horizonte: CEDEPALAR, 2005. 
(Texto para Discussão nº. 260). http:// www.cedeplar, ufmg.br/pesquisas/td/
TD%20260.pdf.
CUNHA, L. Por um projeto sócio-espacial de desenvolvimento. História Regional. 
Ponta Grossa: UEPG, v. 3, n. 2, inverno 1998. (www.uepg.br).
DE DECCA, E. O nascimento das fábricas. São Paulo: Brasiliense, 1993. (Coleção 
Tudo é História).
DEAN, W. As multinacionais. São Paulo: Brasiliense, 1983. (Coleção Primeiros 
Vôos).
FRANCO JR, H. e PAN CHACON, P. História econômica geral. São Paulo: Editora 
Atlas, 1986.
HUNT, E.e SHERMAN, H. História do pensamento econômico. 8. ed. Petrópolis, 
Vozes, 1990. 
KAUTSKY, K. A questão agrária. São Paulo: Nova Cultural, 1986.
MARX, K. A origem do capital: a acumulação primitiva. 6. ed. São Paulo-Rio de 
Janeiro: Global Editora, 1989.
LIPIETZ, A. O capital e seu espaço. São Paulo: Nobel, 1988.
OSER, J.; BLANCHFIELD, W. História do pensamento econômico. São Paulo: 
Atlas, 1987.
SANTOS, M. A natureza do espaço. São Paulo: Hucitec, 1997.
SCHUMPETER, J. A teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo: Abril 
Cultural, 1982. (Coleção Os Economistas). 
SILVA, F. Sociedade feudal: guerreiros, sacerdotes e trabalhadores. 3. ed. São Paulo: 
Brasiliense, 1986. (Coleção Primeiros Vôos).
QUEM SOU
Luiz Alexandre Gonçalves Cunha
Meu nome é Luiz Alexandre Gonçalves Cunha. Sou Professor 
Adjunto da Universidade Estadual de Ponta Grossa-UEPG. Leciono 
nos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Geografia e também nos 
Mestrados em Gestão do Território e Ciências Sociais Aplicadas da 
UEPG. Sou graduado em Geografia pela Universidade Estadual do Rio 
de Janeiro-UERJ, curso que concluí em 1980. Realizei o mestrado em 
História Econômica do Brasil, na Universidade Federal do Paraná (1984-
1987) e o doutorado em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade, na 
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (1999-2003).

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