Prévia do material em texto
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA INSTITUTO UNICLESS EDUCACIONAL ANO 2021 Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 2 INSTITUTO UNICLESS EDUCACIONAL www.unicless.com.br www.etuni.com.br DIRETOR GERAL Prof. Fabrício Martins Rodrigues COORDENADORA GERAL Profa. Priscila Alves Rodrigues CURSOS TÉCNICOS CONTEÚDO, REVISÃO E EQUIPE MULTIDISCIPLINAR EDIÇÃO DIAGRAMAÇÃO E CAPA INSTITUTO UNICLESS EDUCACIONAL. Revisado Abril/2021 Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 3 PLANO DE ENSINO 1. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA DISCIPLINA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA CURSO Disciplina comum a todos os Cursos Técnicos dá área de saúde PROFESSORA 2. EMENTA 1. Atendimento em urgência e emergência. 2. Sistema de atenção às urgências e emergências do sistema único de saúde (SUS). 3. Princípios do atendimento de urgência e emergência. 4. Atendimento pré-hospitalar. 5. Urgência e emergências clínicas. 6. Estado de choque. 7. Emergências traumáticas e não traumáticas. 3. OBJETIVO GERAL Promover a aprendizagem da necessidade Urgência e Emergência num ambiente de saúde, assim como, demonstrar as diversas técnicas e métodos voltados para Urgência e Emergência, os diversos equipamentos e materiais necessários utilizados em pró do atendimento de Urgência e Emergência. 4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA DISCIPLINA Demonstrar a atuação na assistência sistematizada ao cliente em situação de risco, urgência e emergência, colaborando nas intervenções de alta complexidade. Diferenciar as condições de saúde e suas alterações relacionadas ao paciente crítico. Aplicar as tecnologias do cuidado na assistência de Enfermagem ao paciente gravemente enfermo. Empregar ações pautadas nos preceitos éticos legais e humanísticos no exercício da prática do cuidado. 5. COMPETÊNCIAS À ADQUIRIR: 1. Saber os principais pontos da Política Nacional de Urgências e Emergências. 2. Conhecer os protocolos internacionais para o atendimento de urgência e emergência. 3. Relacionar os fatores determinantes e diferenciar urgência e emergência 4. Identificar corretamente os principais aspectos envolvidos na utilização dos fármacos específicos. 5. Descrever a estrutura organizacional do serviço de urgência e emergência. Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 4 6. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO TEMA DE AULA: Atendimento em urgência e emergência Tópico 1: Considerações Gerais em Urgência e Emergência Tópico 1.2: Ética e humanização na atenção às Urgências TEMA DA AULA: Sistema de Atenção às Urgências e Emergências do Sistema Único de Saúde (SUS). Tópico 2: O SUS e o pacto pela saúde Tópico 2.1: Política Nacional de Atenção às Urgências Tópico 2.2: Rede de Atenção às Urgências Tópico 2.3: Humanização no atendimento. TEMA DA AULA: Princípios do atendimento de urgência e emergência. Tópico 3: Sistematização do atendimento de emergência TEMA DA AULA: Atendimento pré-hospitalar e hospitalar Tópico 4: Conceitos básicos Tópico 4.1: Recursos utilizados no atendimento pré-hospitalar (APH) Tópico 4.2: Competências do profissional de enfermagem no APH Tópico 4.3: O papel do técnico em enfermagem na SAMU TEMA DA AULA: Urgências e emergências clínicas Tópico 5: Conceitos Gerais Tópico 5.1: Emergências cardiovasculares Tópico 5.2: Parada cardiorrespiratória (PCR) em ambiente hospitalar Tópico 5.3: Hipertensão arterial (HAS) Tópico 5.4: Edema agudo do pulmão Tópico 5.5: Emergências respiratórias Tópico 5.6: Outras emergências TEMA DA AULA: Estado de choque Tópico 6: Classificação dos estados de choque Tópico 6.1: Ciclo do Estado de Choque TEMA DA AULA: Emergências traumáticas e não traumáticas Tópico 7.1: Classificação e sistematização no atendimento ao trauma – emergência traumática Tópico 7.2: Classificação e sistematização no atendimento ao trauma – emergência não traumática 7. BIBLIOGRAFIA BÁSICA BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 2048, de 05 de novembro de 2002. Aprovar, na forma do Anexo desta Portaria, o Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência. Brasília, DF, Comissão Intergestores Tripartite. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt2048_05_11_2002. html. Acesso em: 02 jun. 2020. TOBASE, Lucia; TOMAZINI, Edenir Aparecida Sartorelli. Urgências e emergências em enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/9788527731454. Acesso em: 26 mar. 20. SANTOS, Nívea Cristina Moreira. Enfermagem em pronto atendimento: urgência e emergência. São Paulo: Erica, 2014. 1 recurso online. ISBN 9788536520865. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/9788536520865 Acesso em: 02 abr. 2020. Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 5 ROTEIRO DE APRENDIZAGEM 1. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA DISCIPLINA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA CURSO Disciplina comum a todos os Cursos Técnicos dá área de saúde PROFESSORA AULA 01 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA TEMA DA AULA: Atendimento em urgência e emergência FONTE BIBLIOGRÁFICA BALDESSIN et. al. Ética e humanização na atenção às Urgências. In: TOBASE, Lucia; TOMAZINI, Edenir Aparecida Sartorelli. Urgências e emergências em enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. Cap. 1. p. 2-44. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527731454/cfi/6/2 6!/4@0:0. Acesso em: 02 jun. 2020. COFEN. Resolução nº 564/2017, de 06 de novembro de 2017. Aprova o Novo Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. . Brasília, DF, Disponível em: http://www.cofen.gov.br/wp- content/uploads/2017/12/RESOLU%C3%87%C3%83O-COFEN-N%C2%BA- 564-2017.pdf. Acesso em: 21 maio 2020. TOBASE, Lucia et al. Considerações Gerais em Urgência e Emergência. In: TOBASE, Lucia; TOMAZINI, Edenir Aparecida Sartorelli. Urgências e emergências em enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. Cap. 1. p. 2-44. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527731454/cfi/6/2 6!/4@0:0. Acesso em: 02 jun. 2020. Tópico 1: Considerações Gerais em Urgência e Emergência Com o objetivo de definir critérios e diretrizes para estruturação e funcionamento de sistemas loco regionais de atenção às urgências, regulação médica, atendimento pré-hospitalar (APH) fixo, APH móvel e atendimento hospitalar, o Ministério da Saúde implantou o Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência, por meio da Portaria n. 2.048/2002 (LEITE et. al., 2017, p.3). Face à realidade, é fundamental que os envolvidos na atenção em urgência e emergência conheçam as políticas públicas relacionadas ao tema e se articulem na proposição das mudanças necessárias, considerando, obviamente, as diversidades loco regionais do panorama brasileiro (LEITE et. al., 2017, p.3). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 6 Segundo a Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) n. 1.451/95, entende-se por urgência a condição “imprevista de agravo da saúde com ou sem risco potencial de vida”, com necessidade de assistência de saúde imediata ou em até 24 h, e emergência como a condição imprevista de agravo da saúde, com “risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, tratamento médico imediato” (LEITE et. al., 2017, p.3). No entanto, para a população em geral, esses conceitos têm diferentes interpretações, como algo que não existia ou não era percebido e que passa a existir ou se manifestar (LEITE et. al., 2017, p.3). Na perspectiva do paciente ou de seus familiares, os acontecimentos imprevistos que alteram o curso de sua vida se configuram como motivos emergenciais nas suas necessidades de atendimento (LEITE et. al., 2017, p.3). O indivíduo, então, tende a buscar assistência em lugares de fácil acessoe rápida resolução, como o pronto-socorro, de maneira orientada ou não, segundo conhecimento prévio sobre os recursos disponíveis na comunidade para atenção nas urgências” (LEITE et. al., 2017, p.3). Essa demanda, por vezes alocada inadequadamente, revela fragilidades no sistema de saúde, sobrecarregando ainda mais os serviços de urgência e emergência. Responsáveis pelo atendimento de indivíduos em real condição de emergência acabam recebendo também aqueles em situações de menor gravidade – não caracterizadas como urgência ou emergência –, o que ocasiona aumento significativo da demanda de serviço, tempo de espera para atendimento e risco de agravamento da condição do paciente, comprometendo a qualidade e a eficácia da assistência (LEITE et. al., 2017, p.3). Urge a necessidade de reordenar o atendimento em saúde. Quando iniciado na atenção primária, com eficiência e qualidade, na promoção da saúde e prevenção de agravos, reflete diretamente na redução da demanda do serviço de emergência e nas internações hospitalares (LEITE et. al., 2017, p.3). Por outro lado, essas práticas requerem dimensionamento adequado da complexa estrutura física, disponibilidade de insumos, aporte tecnológico e profissionais especializados para intervir em situações de emergência e na gestão do trabalho (LEITE et. al., 2017, p.3). O perfil do profissional e da equipe multiprofissional que atuam na atenção às urgências está relacionado à característica de cada unidade. No entanto, são requisitos gerais indispensáveis: liderança, agilidade, observação, competência, embasamento científico e habilidade técnica, além do comprometimento com o trabalho e a equipe (LEITE et. al., 2017, p.3).2 Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 7 A estrutura para atendimento em situações de urgência e emergência, fundamentada em políticas de saúde e linhas estratégicas interligadas, também se relaciona à (re)organização das redes assistenciais, humanização no atendimento e operacionalização da central de regulação médica de urgências (LEITE et. al., 2017, p.3). Envolve, ainda, a formação continuada dos profissionais, a fim de contribuir para o acompanhamento do desempenho, aprimoramento das competências, fortalecimento da tomada de decisão e habilidade para trabalhar em equipe, na assistência segura amparada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n. 36/2013 e pelo Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Segurança do Paciente, instituído pela Portaria n. 529/2013 (LEITE et. al., 2017, p.3). Tópico 1.2: Ética e humanização na atenção às Urgências Na atenção às urgências, é inevitável deparar-se com realidades paradoxais: vida e morte, tristeza e alegria, esperança e desespero, sorriso e lágrima, cuidado e descaso, perdão e culpa. No serviço de emergência, o atendimento prestado, quase sempre em intervalo de tempo muito curto, remete à reflexão sobre a relação entre paciente, família, equipe multiprofissional e instituição (BALDESSIN et. al., 2017, p. 13). Por vezes, nessa realidade, não é possível informar previamente ao paciente, familiares ou acompanhantes sobre as intervenções, em geral invasivas, a serem realizadas e, nesses casos, sem o devido consentimento, uma vez que o profissional precisa tomar decisões rápidas em prol da vida do paciente (BALDESSIN et. al., 2017, p. 13). Esse contexto envolve diferentes tipos de responsabilização e ética – administrativa, civil e penal –, influenciando as relações entre as pessoas. Mas, nem por isso, a conduta ética pode ser relegada a segundo plano, pois norteia as ações e está atrelada às nossas atitudes (BALDESSIN et. al., 2017, p. 13). A ética é requisito essencial para a convivência, sendo fundamento básico para a humanização da assistência na saúde e a atenção às urgências. Enquanto ciência da moral, norteia a vida em sociedade e acompanha o juízo de valor, desde o início da civilização (BALDESSIN et. al., 2017, p. 13). A ética profissional, por sua vez, além de regras de convivência social, abrange o conjunto de princípios e normas que regem o exercício da profissão. É definida por Boff (2006 apud BALDESSIN et. al., 2017, p. 13) como uma reflexão crítica das atividades profissionais e da ação pautada nos valores da categoria profissional. Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 8 Na área da saúde, os códigos de ética remetem ao conjunto de normas, direitos, deveres e responsabilidades direcionados a assistência livre de riscos e danos relacionados a negligência, imperícia e imprudência. Configura não somente o direito ético, mas também o direito legal dos profissionais de saúde em participar da prática multiprofissional e interdisciplinar com responsabilidade, autonomia e liberdade (BALDESSIN et. al., 2017, p. 13). Tomar uma decisão ética depende de fatores como conhecimento técnico- científico, sensibilidade e raciocínio moral, considerados a partir de princípios como autonomia, beneficência, não maleficência, fidelidade, justiça, veracidade e confidencialidade. Desse modo, os conselhos de classe profissional atuam como fiscalizadores, a fim de atender aos interesses e necessidades dos respectivos profissionais e também da sociedade (BALDESSIN et. al., 2017, p. 13). CONCEITOS IMPORTANTES Imperícia: incapacidade, falta de conhecimento para o exercício de determinada função ou atividade; falta de prática ou conhecimento técnico da profissão Imprudência: agir precipitadamente, com insensatez, sem a devida cautela, sem atender às circunstâncias ou à razão. Negligência: ato omissivo, não fazer. Quando pode ou deve agir de determinado modo e, por indolência, descuido, desleixo, menosprezo ou preguiça mental, não age. Fonte: Baldessin et. al., (2017, p. 15). Os códigos de ética dos profissionais de saúde e demais legislações consideram a necessidade e o direito de assistência à saúde da população, os interesses dos profissionais e da organização. Em síntese, tratam dos direitos dos profissionais de saúde, das responsabilidades e deveres e das proibições, nas seguintes relações: i) com os profissionais da categoria e as demais, com a pessoa, família e coletividade; ii) com as organizações de sua categoria (conselhos de classe, sindicatos), com as organizações empregadoras (públicas ou privadas); iii) e também quanto ao sigilo profissional, ao ensino, à pesquisa e à produção técnico-científica, à publicidade, às infrações e penalidades e às aplicações das penalidades éticas (BALDESSIN et. al., 2017, p. 13). O profissional da equipe de enfermagem deve conhecer a legislação que regulamenta o exercício de sua profissão, as normas da instituição em que trabalha. De acordo com a resolução COFEN Nº 564/2017, o código de ética dos profissionais de Enfermagem traz aspectos que direcionam a atuação frente à atendimentos de urgência e emergência: Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 9 CAPÍTULO I – DOS DIREITOS Art. 13 Suspender as atividades, individuais ou coletivas, quando o local de trabalho não oferecer condições seguras para o exercício profissional e/ou desrespeitar a legislação vigente, ressalvadas as situações de urgência e emergência, devendo formalizar imediatamente sua decisão por escrito e/ou por meio de correio eletrônico à instituição e ao Conselho Regional de Enfermagem. CAPÍTULO II – DOS DEVERES Art. 46 Recusar-se a executar prescrição de Enfermagem e Médica na qual não constem assinatura e número de registro do profissional prescritor, exceto em situação de urgência e emergência. (...) § 2º É vedado ao profissional de Enfermagem o cumprimento de prescrição à distância, exceto em casos de urgência e emergência e regulação, conforme Resolução vigente. CAPÍTULO III – DAS PROIBIÇÕES Art. 76 Negar assistência de enfermagem em situações de urgência, emergência, epidemia,desastre e catástrofe, desde que não ofereça risco a integridade física do profissional. No cotidiano dos profissionais de saúde, principalmente no atendimento às urgências, é comum ocorrerem conflitos relacionados à assistência e ao trabalho em equipe, envolvendo a instituição, pacientes e seus familiares e a equipe multiprofissional (BALDESSIN et. al., 2017, p. 13). Nos serviços de urgência e de emergência, a grande demanda de clientes provoca um dilema para o profissional responsável pela classificação do grau de risco segundo a complexidade do estado de cada paciente (BALDESSIN et. al., 2017, p. 13). Em geral, as pessoas que procuram o serviço tendem a acreditar que seu problema é mais importante que o das demais e, consequentemente, o mais urgente, o que pode gerar tensão e atitudes impacientes e intempestivas por parte dos envolvidos – a exemplo dos crescentes casos de agressões de toda ordem contra os profissionais de saúde, amplamente divulgados pela mídia (BALDESSIN et. al., 2017, p. 13). Entretanto, o paciente não escolhe “estar doente”, qual profissional irá atendê-lo, nem o horário para “ficar doente”. Os integrantes da equipe multiprofissional de saúde devem compreender que o paciente tende a fragilizar- se, tanto em seu estado físico quanto em sua dimensão psíquica (BALDESSIN et. al., 2017, p. 13). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 10 Mesmo nas situações de urgência e emergência, os profissionais de saúde executam ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação, com autonomia e em consonância com os preceitos éticos e legais de sua profissão. A atitude inadequada e não fundamentada do profissional pode acarretar sua responsabilização, com eventuais penalidades, nos âmbitos ético-disciplinar, funcional, cível e penal, além do envolvimento da equipe e da instituição (BALDESSIN et. al., 2017, p. 14). Percebe-se que a ética não é uma simples questão de certo ou errado e o grande desafio enfrentado no atendimento, principalmente nas situações de emergência, reside em como atender o paciente de maneira competente, considerando, sem exceção, os aspectos humanos, éticos e legais (BALDESSIN et. al., 2017, p. 18). A assistência dentro dos princípios éticos e humanos na área da saúde e principalmente no atendimento de emergência remete a reflexões importantes, como ser flexível, porque convivemos com pessoas muito diferentes umas das outras. Portanto, faz-se necessário aprender a conviver e a trabalhar em grupo, porque a diversidade de especialidades e a atuação das equipes multiprofissionais exigem uma atuação conjunta (BALDESSIN et. al., 2017, p. 18). TEMA DA AULA: Sistema de Atenção às Urgências e Emergências do Sistema Único de Saúde (SUS). FONTE BIBLIOGRÁFICA SANTOS, Nívea Cristina Moreira. Enfermagem em pronto atendimento: urgência e emergência. São Paulo: Erica, 2014. 1 recurso online. ISBN 9788536520865. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520865/cfi/1 5!/4/4@0.00:16.9. Acesso em: 30 Mar.. 2020. TOBASE, Lucia; TOMAZINI, Edenir Aparecida Sartorelli. Urgências e emergências em enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 1 recurso online. ISBN 9788527731454. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788527731454>. Acesso em: 27 set. 2017. Tópico 2: O SUS e o pacto pela saúde Com o objetivo de definir critérios e diretrizes para estruturação e funcionamento de sistemas locorregionais de atenção às urgências, regulação médica, atendimento pré-hospitalar (APH) fixo, APH móvel e atendimento hospitalar, o Ministério da Saúde implantou o Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência, por meio da Portaria n. 2.048/2002 (LEITE et. al., 2017). Para suprir as necessidades na atenção à saúde que não pudessem ser resolvidas pelas secretarias de saúde dos municípios, o Ministério da Saúde editou, em 2006, o Pacto pela Saúde (SANTOS, 2014, p.14). O Pacto pela Saúde é definido pelo Ministério da Saúde como um conjunto de reformas institucionais pactuado entre municípios, estados e a União para Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 11 realizar a gestão do Sistema Único de Saúde. Tem como objetivo promover novas formas de gestão do SUS, por meio da adesão ao Termo de Compromisso de Gestão (TCG), que é renovado anualmente e estabelece metas e compromissos para cada município, para os estados e para o Governo Federal (SANTOS, 2014, p.15). Com a assinatura do Termo de Compromisso de Gestão, distribuíram as responsabilidades da seguinte forma: aos municípios, coube a responsabilidade pela totalidade de ações envolvidas na atenção básica; às regiões de saúde, a definição das redes de atenção e o desenvolvimento de ações para assistência de média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar; ao Estado, a realização das ações de atenção de alta complexidade que não pudessem ser cobertas pela região de saúde (SANTOS, 2014, p.16). O atendimento de urgência e emergência também é coordenado por uma unidade chamada de Regulação - responsável pela organização do atendimento pré-hospitalar (APH) e pelo fluxo de acesso de atendimento em prontos-socorros e hospitais (SANTOS, 2014, p.16). Tópico 2.1: Política Nacional de Atenção às Urgências Do ponto de vista histórico, o pronto atendimento era realizado pelos municípios, porém, em 2003, foi instituída a Política de Atenção às Urgências no âmbito nacional, pela Portaria no 1.863/ GM, que rege a implantação dos serviços de atendimento móvel de urgências nos municípios, ainda que alguns municípios já tivessem seus próprios serviços de urgência e emergência estruturados tenham se visto na obrigação de se adaptar às novas regras. Em 2008, a Portaria no 2.975/GM orientou a continuidade do Programa de Qualificação da Atenção Hospitalar de Urgência e Emergência na rede SUS (SANTOS, 2014, p.16). De acordo com Leite et. al. (2017) considerando que o sistema de atenção ao paciente crítico/potencialmente crítico exige a conformação de uma rede assistencial hospitalar e extra-hospitalar que atue de maneira organizada, por meio da Portaria n. 1.863/2003, o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional de Atendimento às Urgências, especificando quatro componentes: Pré-hospitalar fixo: Unidades Básicas de Saúde (UBS), Estratégia de Saúde da Família (ESF), ambulatórios especializados, Unidade de Pronto Atendimento (UPA), serviços de apoio, diagnóstico e tratamento. Pré-hospitalar móvel: rede SAMU 192, sistema de resgate e ambulâncias da iniciativa privada, entre outros. Rede hospitalar: média e alta complexidade. Pós-hospitalar: reabilitação e serviço de atenção domiciliar. (SANTOS, 2014, p.16). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 12 Figura 01 – Informações importantes Fonte: Santos (2014, p. 16) Em 2011, a Portaria no 1.863/ GM foi reformulada com a instituição da Portaria n. 1.600, apresentando o conceito de Rede de Atenção às Urgências, com a finalidade de articular e integrar os serviços de saúde disponíveis para ampliar o atendimento em situações de urgência e emergência, principalmente as relacionadas aos cuidados cardiovasculares, cerebrovasculares e traumas. De maneira abrangente, estabelece que a Rede de Atenção às Urgências seja constituída por oito componentes: 1. Promoção, prevenção e vigilância à saúde 2. Atenção básica em saúde 3. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e suas centrais de regulação médica das urgências 4. Sala de estabilização. 5. Força Nacional de Saúde do Sitema Único de Saúde (SUS) 6. Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e o conjunto de serviços de urgência 24 horas 7. Hospitalar. 8. Atenção domiciliar. (LEITE et. al., 2017). Tópico 2.2: Rede de Atenção às Urgências Nessa concepção derede, depreende-se a tentativa de desvincular o modelo hospitalocêntrico de atenção à saúde, não mais utilizando o hospital como referência central no atendimento – nos anteriormente denominados pré e pós- hospitalar –, mas agora assumindo especificamente o papel de componente que lhe é peculiar, ou seja, como parte da rede de atenção às urgências (LEITE et. al., 2017). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 13 PROMOÇÃO, PREVENÇÃO E VIGILÂNCIA À SAÚDE São áreas com ações de maior abrangência e, na perspectiva de atenção a urgências, têm por objetivo estimular e fomentar o desenvolvimento de ações de saúde e educação permanente, relacionadas à vigilância e prevenção das violências e acidentes, das lesões e mortes no trânsito e das doenças crônicas não transmissíveis, por intermédio de ações intersetoriais, de participação e mobilização da sociedade, visando à promoção da saúde, prevenção de agravos e vigilância à saúde (LEITE et. al., 2017). ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE Visando a contribuir para a diminuição da demanda de clientes nos prontos- socorros, garantir equidade, universalidade e integralidade no atendimento a todas as urgências, essas unidades: •Realizam atendimentos médicos •Possibilitam a identificação da situação real do usuário por meio da Avaliação de Risco, prestando assistência imediata nos agravos de baixa e média complexidade, compatível com o suporte da Atenção Básica, garantindo continuidade no tratamento das doenças – conforme o agendamento em UBS •Favorecem o reconhecimento precoce das emergências, priorizando o atendimento e encaminhamento às unidades hospitalares para intervenções de maior complexidade (LEITE et. al., 2017). Figura 02 – Acolhimento e encaminhamento do usuário. Fonte: Leite et.al. (2017) SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA (SAMU) E CENTRAIS DE REGULAÇÃO MÉDICA DAS URGÊNCIAS O objetivo do SAMU é chegar precocemente à vítima de agravo à saúde – seja de natureza clínica, cirúrgica, traumática, obstétrica, pediátrica, psiquiátrica, entre outras – que possa levar a sofrimento, sequelas ou mesmo à morte, o que exige a garantia de atendimento e/ou transporte adequado para o serviço de saúde. Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 14 Conforte Leite et. al. (2017) a assistência iniciada no local da ocorrência é de caráter temporário, realizada por equipes de profissionais oriundos e não oriundos da área de saúde, bombeiro militar, nas modalidades de: •Suporte Básico de Vida (SBV): constituída por auxiliar ou técnico de enfermagem e condutor de veículos de emergência •Suporte Avançado de Vida (SAV): constituída por enfermeiro, médico e condutor de veículos de emergência. As equipes multiprofissionais tripulam diferentes tipos de veículos, equipados também de modos distintos, conforme a modalidade de atendimento e intervenções permitidas, segundo as respectivas atribuições profissionais, asseguradas por órgãos competentes e respaldadas por protocolo institucional. Nesses atendimentos, a Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) n. 375/2011 dispõe sobre a presença do enfermeiro no atendimento pré- hospitalar e inter-hospitalar, em situações de risco conhecido ou desconhecido, nas quais “a prestação da assistência por auxiliar ou técnico de enfermagem somente poderá ser realizada sob supervisão direta do enfermeiro” (LEITE et. al., 2017). A Resolução Cofen n. 379/2011 apenas modifica o prazo disposto na resolução anterior, tendo passado a vigorar a partir de 01/01/2012 (LEITE et. al., 2017). Conhecer o fluxo das informações (Figura 3) contribui para o acesso e a utilização correta do serviço, bem como para as ações educativas à comunidade. Os dados mínimos a serem informados para a solicitação do serviço são: nome do paciente, sexo, idade aproximada, descrição do que aconteceu, endereço do local, ponto de referência e telefone para contato. Figura 03 – Fluxo de informações atendimentos Fonte: Leite et. al. (2017). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 15 FORÇA NACIONAL DE SAÚDE DO SUS Criada pelo Decreto Presidencial n. 7.616/2011, foi regulamentada pela Portaria Ministerial n. 2.952/2011, que dispõe sobre a declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, quanto às demandas urgentes de medidas de prevenção, controle e contenção de riscos, danos e agravos à saúde (LEITE et. al., 2017). É acionada em situações de catástrofe, em eventos de grandes proporções, nacionais ou internacionais, para envio de ajuda profissional e humanitária, e em situações de outra natureza que envolva aglomerações de pessoas, como celebrações internacionais e Olimpíadas, cuja dimensão necessita da estruturação de um plano preventivo de danos e orientador da organização, para eventual atendimento emergencial (LEITE et. al., 2017). UPA E O CONJUNTO DE SERVIÇOS DE URGÊNCIA 24 HORAS As UPA são estruturas que funcionam 24h, definidas como estabelecimentos de saúde de complexidade intermediária entre as UBS, Unidades de Saúde da Família e a Rede Hospitalar, devendo com estas compor uma rede organizada de atenção às urgências (LEITE et. al., 2017). COMPONENTE HOSPITALAR Na Rede de Atenção às Urgências, o componente hospitalar é constituído pelas Portas Hospitalares de Urgência, pelas enfermarias de retaguarda, pelos leitos de cuidados intensivos, pelos serviços de diagnóstico por imagem, laboratório e pelas linhas de cuidados prioritárias (LEITE et. al., 2017). Quanto à estrutura e ao funcionamento, o serviço de emergência do pronto- socorro deve respeitar os critérios e normas estabelecidas pela legislação em vigor e estar permanentemente preparado para receber e atender adequadamente o cliente, em razão da demanda espontânea, sem agendamento prévio (LEITE et. al., 2017). ATENÇÃO DOMICILIAR Esse componente consiste no conjunto de ações integradas e articuladas de promoção à saúde, prevenção e tratamento de doenças e reabilitação, que ocorrem no domicílio e na atenção à saúde que acontece no território; além de reorganizar o processo de trabalho das equipes que realizam o cuidado domiciliar na atenção primária, ambulatorial e hospitalar. Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 16 Tópico 2.3: Humanização no atendimento A Política Nacional de Humanização (PNH) foi criada para toda a rede SUS buscando a qualidade do atendimento. Segundo o Ministério da Saúde, alguns aspectos da humanização foram relevantes, entre os quais destacamos: - valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde - usuários, trabalhadores e gestores; - aumento do grau de corresponsabilidade na produção de saúde e de sujeitos; - estabelecimento de vínculos solidários e de participação coletiva no processo de gestão; - identificação das necessidades sociais de saúde; - mudança nos modelos de atenção e gestão dos processos de trabalho, tendo como foco as necessidades dos cidadãos e a produção de saúde; compromisso com a ambiência, melhoria das condições de trabalho e de atendimento (SANTOS, 2014, p.16). Nos serviços pré-hospitalares e hospitalares de urgência, as diretrizes para a implantação da PNH apontam para: - organização do atendimento com acolhimento: não se refere a espaço ou local, mas a uma postura ética de abrigar e dar resolutividade ao caso; - classificação de risco: permite identificar os pacientes que necessitam de tratamento imediato, de acordo com o potencial de risco, os agravos à saúde ou o grau de sofrimento; - acesso referenciado aos demais níveis de assistência; - implantação de protocolos clínicos para eliminar intervenções desnecessárias, respeitando-se a individualidade do sujeito (SANTOS, 2014, p.16). Segundo o Ministério da Saúde, o sistema de classificação de prioridade é umaestratégia que contribui para reduzir o tempo de espera e melhorar a qualidade da assistência (LEITE et. al., 2017). No contexto da Política Nacional de Humanização, o termo triagem foi substituído por classificação de risco, realizada por meio de instrumentos e escalas de seleção – como a canadense, a australiana, a americana e o sistema de classificação de Manchester – para destinar a cada cliente os recursos e tempo necessários ao atendimento, de acordo com cada grau de gravidade (LEITE et. al., 2017). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 17 Ainda que a classificação de risco, por si só, não garanta a efetividade do serviço de urgência, a ausência de critérios para o atendimento pode implicar prejuízos e piora do paciente. No Sistema Manchester, a classificação é estabelecida segundo a prioridade, identificada por número, nome, cor e tempo para atendimento (LEITE et. al., 2017). Figura 04 - Sistema Manchester de classificação de risco. Fonte: Hospital Santa Casa de Misericórdia de Ilhabela TEMA DA AULA: Princípios do atendimento de urgência e emergência. FONTE BIBLIOGRÁFI CA TOBASE, Lucia; TOMAZINI, Edenir Aparecida Sartorelli. Sistematização do atendimento em urgências. In: TOBASE, Lucia; TOMAZINI, Edenir Aparecida Sartorelli. Urgências e emergências em enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 1 recurso online. ISBN 9788527731454. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788527731454>. Acesso em: 27 set. 2017. ZAVAGLIA, Gabriela Oliveira. Cuidado de enfermagem em emergência e traumas [recurso eletrônico] / Gabriela Oliveira Zavaglia... [et al.] ; [revisão técnica: Maria Augusta Moraes Soares]. – Porto Alegre: SAGAH, 2019. 1 recurso online. ISBN 978- 85-9502-987-3 Disponível em: em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595029873/cfi/1!/4/4@0 .00:58.7>. Acesso em: 13 mai. 21. Tópico 3: Sistematização do atendimento em urgências O planejamento e a organização do trabalho coletivo são essenciais para um atendimento de qualidade, ao cliente e à família. Para tanto, requer equipe multiprofissional permanentemente capacitada para o desenvolvimento de suas competências, respeitando as atribuições de cada membro, no âmbito da gestão de serviços e recursos, melhoria dos processos e métodos de trabalho e provisão de condições e tecnologia – inclusive da informação (TOBASE; TOMAZINI, 2017). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 18 Envolve também as habilidades de relacionamento interpessoal e comunicacional, uma vez que, durante o atendimento, as informações essenciais comunicadas sobre a natureza da ocorrência ou situação do paciente permitem que o profissional desenvolva raciocínio clínico assertivo e construa as possíveis condições e os agravos relacionados, associando os recursos necessários para a assistência qualificada (TOBASE; TOMAZINI, 2017). Previamente ao início da assistência, é necessário priorizar a segurança, ao avaliar a: • Segurança da cena: verificar o ambiente e os fatores de riscos no local, relacionados à contaminação, acidentes, queda e lesão corporal. No ambiente: • Extra-hospitalar: fluxo de veículos em via pública, colisão, atropelamento, proximidade de fios elétricos, desabamento, explosão e presença de animais • Hospitalar: piso escorregadio, mobiliário mal posicionado, iluminação e ventilação inadequada, manutenção precária de equipamentos e heteroagressão • Segurança do profissional: certificar-se de que o local é seguro para o profissional e a equipe, para não se tornar outra vítima, ao iniciar a assistência. Respeitar as normas de legislação, biossegurança e de precauções padrão, mantendo a atenção ao realizar os procedimentos. • Segurança do paciente: certificar-se da ausência de risco para o indivíduo, inclusive das pessoas que estão próximas. Se estiver em situação perigosa, deverá ser colocado em segurança antes do início dos primeiros atendimentos. Os princípios da prática e assistência segura ao paciente devem nortear as ações da equipe multiprofissional. (TOBASE; TOMAZINI, 2017) Confirmada a segurança em todos os aspectos, na abordagem direta, é realizado o exame inicial para estabelecer as prioridades no atendimento, a partir das avaliações primária e secundária (TOBASE; TOMAZINI, 2017). Nesse contexto, a relevância do acolhimento se dá em relação ao paciente, ao familiar e aos envolvidos no atendimento, seja pré-hospitalar ou hospitalar. Nesse sentido, destacamos nesta obra o acolhimento do ser (TOBASE; TOMAZINI, 2017). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 19 AVALIAÇÃO PRIMÁRIA Consiste na avaliação inicial, que fornece a impressão geral do estado do indivíduo quanto aos riscos potenciais e necessidades imediatas para estabilização do quadro, visando identificar e resolver os fatores de risco iminente à vida do paciente. A avaliação primária deve ser rápida, eficiente, ter uma sequência lógica e organizada das ações, na identificação e correção imediata das alterações (TOBASE; TOMAZINI, 2017). A rapidez e eficácia do atendimento inicial é crucial, devendo abranger todas as etapas, esse momento é chamado do período de ouro. No período de ouro deve ser reconhecida a urgência, manejo e o transporte da vítima até o hospital mais adequado (ZAVAGLIA, et al., 2019). A avaliação primária do paciente vítima de trauma abrange todos os públicos, sendo padronizada e a mesma é utilizada para, crianças, adultos, gestantes, idosos (ZAVAGLIA, et al., 2019). É precedida pela verificação da responsividade e associada às iniciais A, B, C – em alusão à avaliação de aspectos vitais, como condições da via respiratória, respiração e circulação (TOBASE; TOMAZINI, 2017). Nas literaturas mais recentes do PHTLS (Prehospital Trauma Life Support ou Suporte Pré-Hospitalar de Vida no Trauma), indica-se como fluxo de procedimento através do mnemónico XABCDE. Onde o X é utilizado para as hemorragias externas graves. Assim o atendimento inicia-se com a contenção da hemorragia externa grave, baseando-se no fato de que a maior causa de mortes no trauma são as hemorragias graves mesmo que a obstrução das vias aéreas ser responsável pelos óbitos mais rápidos (ZAVAGLIA, et al., 2019). Deve-se examinar o indivíduo no sentido cefalopodal para identificar hemorragia externa. Se presente, efetuar compressão manual firme no local, exceto na cabeça, onde deve ser mais suave, em razão do risco de agravamento de eventual fratura ou lesão não identificada (TOBASE; TOMAZINI, 2017). O método ABCDE apesar de ter a indicação de ser utilizado de forma sequencial, pode ocorrer simultaneamente para otimizar o tempo de avaliação e atendimento (ZAVAGLIA, et al., 2019). Os componentes estão organizados em ordem de prioridade para o atendimento ideal, sendo: X referente à identificação de hemorragias graves; A referente às vias aéreas com estabilização da coluna cervical; B à respiração e à ventilação; Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 20 C à circulação com controle da hemorragia; D ao estado neurológico, e; E à exposição e ao controle da temperatura. Quadro 01 – Verificação da responsividade Etapa Seqüência da Avaliação O que avaliar? X X| Hemorragia Grave, Exsanguinante Contenção da hemorragia externa grave A A | Airway (vias respiratórias) Acordado? Se inconsciente proceder a Abertura de Vias Aéreas (com controle da coluna cervical, em caso de trauma) B B | Breathing (respiração) Avalie se há respiração. Ver, ouvir, sentir por 10 segundos. C C | Circulation (circulação) Verifique se há pulso por 10 segundos. Avaliação da frequência cardíaca e do enchimento capilar Em caso de sangramento, controlar hemorragia. D D | Disability (Disfunção neurológica) Analisar o nível de consciência,tamanho e a reatividade das pupilas e identificar uma possível lesão medular. E E | Exposure (exposição e controle da temperatura) Análise da extensão das lesões e do controle do ambiente na prevenção do quadro de hipotermia; e exposição da vítima em busca de possíveis fraturas ou Fonte: elaboração própria a partir de Tobase e Tomazini (2017) e Zavaglia, et al., (2019) POSIÇÃO DE RECUPERAÇÃO O indivíduo responsivo ou não responsivo com respiração presente pode ser colocado em decúbito lateral esquerdo para evitar obstrução da via respiratória pela língua, por vômito, refluxo de secreções e para minimizar o risco de broncoaspiração (Figura 5). Essa posição é indicada em casos de desmaio, mal- estar e pós-convulsão, mas contraindicada em situações de trauma e suspeita de lesão na coluna (TOBASE; TOMAZINI, 2017). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 21 Figura 05 - Indivíduo em decúbito lateral esquerdo Fonte: Tobase e Tomazini (2017) AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA Consiste no processo organizado e sistematizado para identificar outras lesões que não foram visualizadas na avaliação primária e tratar as condições que não ameaçam a vida (TOBASE; TOMAZINI, 2017). É realizado o exame físico minucioso, no sentido cefalopodal, e a aferição dos sinais vitais, além de outros parâmetros obtidos por monitoramento. O tempo de realização da avaliação secundária varia conforme a situação (TOBASE; TOMAZINI, 2017). Em APH, pacientes graves devem ser transportados rapidamente para o hospital e, nessas situações, para não retardar a saída do local da ocorrência, a avaliação secundária poderá ser realizada na ambulância ou no hospital (TOBASE; TOMAZINI, 2017). HISTÓRICO São informações obtidas rapidamente com a vítima, familiares e/ou testemunhas por meio do método mnemônico SAMPLA: • S – sintomas: “O que está sentindo?” ou “Como se sente?” • A – alergias: “Tem alergia a algum medicamento ou substância?” • M – medicamentos: “Faz uso de algum medicamento?” • P – passado médico: “Tem alguma doença? Cirurgias pregressas? Gravidez?” • L – líquidos e alimentos ingeridos: “Em qual horário se alimentou pela última vez?” • A – ambiente e acontecimentos do evento: “Lembra-se do que aconteceu?” (TOBASE; TOMAZINI, 2017). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 22 Os procedimentos previstos nessa etapa incluem: EXAME FÍSICO Proceder à exposição parcial de cada segmento corporal para identificar lesões, prevenindo a hipotermia e preservando a privacidade do paciente. AFERIÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA DOS SINAIS VITAIS Quadro 02 – Aferição quantitativa e qualitativa dos sinais vitais SINAIS VITAIS • Pulso: verificar frequência, ritmo e amplitude; • Respiração: verificar frequência, ritmo, amplitude, simetria e ruídos, por meio da ausculta pulmonar. A oximetria ≥ 94% é importante indicador da patência das vias respiratórias, da boa respiração e circulação; • Pressão arterial: utilizar aparelhos com manguito adequado para faixa etária e circunferência do braço. Para aferição em posição sentada: o paciente deve recostar-se na cadeira, com as pernas descruzadas, os pés apoiados no chão, o braço desnudo e apoiado na altura do coração (ponto médio do esterno ou 4o espaço intercostal), com a palma da mão para cima e cotovelo ligeiramente fletido; • Pele: verificar temperatura, cor, perfusão e umidade. No APH é possível verificar rapidamente e estimar a temperatura relativa somente ao tocar a pele do paciente, sem utilizar o termômetro para precisar o valor, em caso de normotermia. Quanto à coloração e umidade, a pele é considerada normal se rosada e seca; palidez, cianose e umidade podem indicar má circulação/oxigenação. Considera-se boa perfusão se o tempo de reenchimento capilar for < 2 s e hipoperfusão, se > 2 s; • Dor: aplicar a escala adequada à condição da pessoa, para orientar indicação de analgesia e sedação, quando possível, conforme protocolo institucional. Fonte: elaboração própria a partir de Tobase e Tomazini (2017) Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 23 EXAME NEUROLÓGICO A escala de coma de Glasgow é utilizada frequentemente para avaliação do estado neurológico. A Escala de Coma de Glasgow (ECG) foi publicada pela primeira vez na revista Lancet em 1974 por Graham Teasdale e Bryan J. Jennett, ambos do Instituto de Ciências Neurológicas de Glasgow, na Escócia. A escala tem como objetivo traçar uma estratégia que combina os principais indicadores-chave de gravidade no traumatismo crânioencefálico (TCE) em uma escala simples (UFJF, 2018). Graham Teasdale conduziu uma pesquisa junto a outros dois pesquisadores (Paul Brennan e Gordon Murray), quarenta anos após o lançamento da ECG original, adicionando a reatividade pupilar à avaliação. Tal x tem como objetivo obter melhores informações sobre o prognóstico no TCE, uma vez que tais estudos comprovaram que há uma maior precisão da análise da escala se conjugada à reatividade pupilar (UFJF, 2018). Já quanto à 10ª edição do ATLS (Advanced Life Trauma Support), de 2018, a nomenclatura ‘’ao estímulo de dor’’ foi substituída por ‘’ao estímulo de pressão’’, tal mudança foi feita não só pela dificuldade da definição de dor, mas também pelo questionamento da necessidade de submeter o paciente a essa sensação (UFJF, 2018). Figura 06 – escala de coma de Glasgow com resposta pupilar (ECG-P) Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 24 Fonte: GCS (2018) TEMA DA AULA: Atendimento pré-hospitalar e hospitalar. FONTE BIBLIOGRÁFICA SANTOS, Nívea Cristina Moreira. Enfermagem em pronto atendimento: urgência e emergência. São Paulo: Erica, 2014. 1 recurso online. ISBN 9788536520865. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520865/cfi/15! /4/4@0.00:16.9. Acesso em: 30 Mar.2020. Tópico 4: Conceitos Básicos Atendimento Pré-Hospitalar (APH) é o atendimento emergencial em ambiente extra-hospitalar, ou seja, fora do ambiente hospitalar, às vítimas de traumas por acidentes de trânsito, industriais, aéreos ou outros, violência nas cidades (p. ex.: ferimentos por arma de fogo - FAF - ou por arma branca - FAB), mal súbito (cardiológico, neurológico e outros) ou distúrbios psiquiátricos, objetivando sua estabilização clínica no local do acidente e, em seguida, sua remoção para uma unidade hospitalar compatível, adequada ao quadro apresentado pela vítima (SANTOS, 2014, p.25). O objetivo principal do APH é identificar rapidamente as situações em que se envolvem as vítimas. Deve ser rápido, organizado e eficiente, de forma que permita tomada de decisões quanto ao atendimento e à remoção das vítimas (SANTOS, 2014, p.25). https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520865/cfi/15!/4/4@0.00:16.9 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520865/cfi/15!/4/4@0.00:16.9 Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 25 O APH é realizado por profissionais especialmente treinados, como técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos e militares do Corpo de Bombeiros, que estão subdivididos em equipes de salvamento de Suporte Básico de Vida (SBV) e de Suporte Avançado (SAV). Observe as características básicas de cada grupo no Quadro 03 (SANTOS, 2014, p.25-26). Quadro 03 - Características das equipes que formam o atendimento pré-hospitalar Equipe de salvamento As manobras que realiza visam retirar as vítimas de uma situação hostil, como incêndio, ferragens, ambiente confinado, altura e outras. Sua característica principal é retirar a vítima para uma área adequada, possibilitando o trabalho da equipe, o Suporte Básico de Vida (SBV). Equipe de SBV Sua característica principal é atender a vítima sem interferência de procedimentos médicosinvasivos. Equipe de SAV Sua função principal é atender a vítima, qualquer que seja seu prognóstico. No Brasil, as manobras de SAV só podem ser realizadas por médicos e enfermeiros qualificados para isso. Fonte: (SANTOS, 2014, p.26). Existem diversos protocolos e modelos de APH, destacando-se o protocolo norte-americano e o francês. No norte-americano, aplica-se o conceito de chegar à vítima no menor tempo possível, realizar manobras essenciais para estabilizá-la e removê-la o mais rápido possível a um hospital adequado - princípio conhecido como hora de ouro (SANTOS, 2014, p.26). No protocolo francês, adota-se o princípio de ofertar o atendimento médico no local até a estabilização da vítima, conhecido como stay and play. Qualquer que seja o título dado ao atendimento, sua principal característica é praticar os primeiros socorros ou o resgate às vítimas (SANTOS, 2014, p.26). TEMA DA AULA: Atendimento pré-hospitalar e hospitalar. FONTE BIBLIOGRÁFICA SANTOS, Nívea Cristina Moreira. Enfermagem em pronto atendimento: urgência e emergência. São Paulo: Erica, 2014. 1 recurso online. ISBN 9788536520865. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520865/cfi/15! /4/4@0.00:16.9. Acesso em: 30 Mar.. 2020. Tópico 4.1: Recursos utilizados no atendimento pré-hospitalar (APH) RECURSO MATERIAL Ambulância equipada para atender todo e qualquer tipo de ocorrência. Equipamentos de primeiros socorros. CLASSIFICAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS E MATERIAIS Equipamentos de comunicação móvel e portátil: são os rádios de comunicação das viaturas (Figura 7a), que se destacam no Corpo de https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520865/cfi/15!/4/4@0.00:16.9 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520865/cfi/15!/4/4@0.00:16.9 Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 26 Bombeiros e em viaturas da polícia, assim como nas ambulâncias (SANTOS, 2014, p.29). Equipamentos para segurança no local do acidente: existem dois tipos: os equipamentos de proteção individual de cada socorrista, que têm a finalidade de evitar a transmissão de doenças e proteger a equipe de atendimento (p. ex.: luvas descartáveis, óculos de proteção, máscaras e até mesmo capacetes e roupas próprias, dependendo do tipo de acidente); e os equipamentos que garantem a segurança da equipe e dos envolvidos, como cones de sinalização, lanternas e fitas para isolar a área do acidente (Figura 7b) (SANTOS, 2014, p.30). Figura 07 – Equipamentos e materiais para atendimento pré-hospitalar Fonte: Santos (2014, p. 30) Equipamentos de reanimação e administração de oxigênio: destinados a garantir a permeabilidade das vias aéreas superiores. São as cânulas de Guedel ou orofaríngeas e o ventilador manual (Ambu) - composto de bolsa, válvula e máscara, garantindo uma concentração maior de oxigênio (Figura 8), bem como os torpedos de oxigênio portáteis com capacidade de 300 L de oxigênio, equipados com fluxômetro, que permite uma vazão de até 12 L por minuto de oxigênio (SANTOS, 2014, p.30). Figura 08 – Ambu – máscara e cânula de Guedel Fonte: Santos, 2014, p.30. Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 27 Materiais para curativo: gaze, ataduras de crepom, fita crepe, algodão, soro fisiológico (figura 9) (SANTOS, 2014, p.31). Figura 09 – Colar cervical e bandagens materiais para fixação da coluna cervical e curativos. Fonte: Santos, 2014, p.32. Materiais de uso obstétrico: “pacote de parto normal” - material estéril, fechado hermeticamente, contendo campos estéreis, clamps para laqueadura umbilical, lençóis e tesouras (SANTOS, 2014, p.31). Materiais para verificar sinais vitais: esfigmomanômetro, estetoscópio, oxímetro de pulso. Acessórios: maca, cobertor, manta aluminizada e lençóis (SANTOS, 2014, p.31). TEMA DA AULA: Atendimento pré-hospitalar e hospitalar. FONTE BIBLIOGRÁFICA BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 2048, de 05 de novembro de 2002. Aprovar, na forma do Anexo desta Portaria, o Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência. Brasília, DF, Comissão Intergestores Tripartite. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt2048_05_11_2002. html. Acesso em: 02 jun. 2020. SANTOS, Nívea Cristina Moreira. Enfermagem em pronto atendimento: urgência e emergência. São Paulo: Erica, 2014. 1 recurso online. ISBN 9788536520865. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520865/cfi/15! /4/4@0.00:16.9. Acesso em: 30 Mar. 2020. Tópico 4.2: Competências do profissional de enfermagem no APH Descrita no referencial curricular, a competência geral do técnico especialista nessa área é “prestar assistência de enfermagem de média complexidade ao cliente no sistema de atenção às urgências e emergências, interagindo com a equipe multiprofissional em saúde, em todo o ciclo vital, nos https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520865/cfi/15!/4/4@0.00:16.9 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520865/cfi/15!/4/4@0.00:16.9 Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 28 agravos clínicos, cirúrgicos e traumáticos, seguindo os preceitos éticos e humanísticos da profissão, sob a orientação e supervisão do enfermeiro” (SANTOS, 2014, p.33). Constituem as habilidades a serem desenvolvidas nessa área: preparar e organizar o ambiente para o atendimento de urgência e emergência; reconhecer situações de urgência e emergência, aplicando suporte básico e/ou avançado de vida, utilizando medidas de prevenção aos riscos ocupacionais; prestar cuidados de enfermagem ao cliente submetido à terapia intravenosa, aplicando medidas de segurança; prestar cuidados de enfermagem ao cliente em situação de dor na urgência e emergência; prestar cuidados de enfermagem de urgência e emergência, com a equipe multiprofissional em saúde, a clientes com agravos clínicos, em todo o ciclo vital, aplicando medidas de prevenção de riscos ocupacionais e de segurança; prestar cuidados de enfermagem a vítimas de mordeduras de animais, adotando medidas de prevenção aos riscos ocupacionais e ambientais; realizar aplicação, acondicionamento, conservação e orientações relativas aos imunobiológicos específicos para o atendimento de urgências e emergências, considerando os protocolos técnicos e os princípios de segurança do paciente. prestar cuidados de enfermagem em urgência e emergência, com a equipe multiprofissional em saúde, a clientes em situações de emergências obstétricas; identificar situações de urgência e emergência em saúde mental e prestar cuidados específicos; prestar cuidados específicos relativos a transporte e remoção de pacientes em situações de urgência e emergência; preparar e orientar o paciente para a realização de procedimentos e exames em urgência e emergência, garantindo segurança, conforto e privacidade; prestar cuidados ao paciente em eventos com múltiplas vítimas, desastres e catástrofes (SANTOS, 2014, p.33). Conforme Portaria 2048/2002, que aprovou o Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência, aponta que, 1.1.1.3 - Técnico de Enfermagem: Profissional com Ensino Médio completo e curso regular de Técnico de Enfermagem, titular do certificado ou diploma de Técnico de Enfermagem, devidamente registrado no Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdição. Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 29 Exerce atividades auxiliares, de nível técnico, sendo habilitado para o atendimento Pré-Hospitalar Móvel, integrando sua equipe, conforme os termos deste Regulamento. Além da intervenção conservadora no atendimento do paciente, é habilitadoa realizar procedimentos a ele delegados, sob supervisão do profissional Enfermeiro, dentro do âmbito de sua qualificação profissional [...] Competências/Atribuições: assistir ao enfermeiro no planejamento, programação, orientação e supervisão das atividades de assistência de enfermagem; prestar cuidados diretos de enfermagem a pacientes em estado grave, sob supervisão direta ou à distância do profissional enfermeiro; participar de programas de treinamento e aprimoramento profissional especialmente em urgências/emergências; realizar manobras de extração manual de vítimas (BRASIL, 2002)(grifo nosso) Tópico 4.3: O papel do técnico em enfermagem na SAMU Conhecer integralmente todos os equipamentos, materiais e medicamentos disponíveis na ambulância e realizar manutenção básica dos mesmos; Executar prescrições médicas por telemedicina; Realizar check-list, diário, dos materiais, equipamentos e medicamentos da unidade móvel, seguindo os padrões estabelecidos e mantendo a unidade e Mochilas de Atendimento em perfeito estado de conservação e assepsia; Estabelecer contato radiofônico (ou telefônico) com a central de regulação médica e seguir suas orientações; Conhecer a estrutura de saúde local; Conhecer a localização de todos os estabelecimentos de saúde integrados ao sistema assistencial local; Auxiliar a equipe de saúde nos gestos básicos de suporte à vida; Auxiliar a equipe nas imobilizações e transporte de vítimas; Realizar medidas de reanimação cardiorrespiratória básica; Identificar todos os tipos de materiais existentes nos veículos de socorro e sua utilidade, a fim de auxiliar a equipe de saúde (SANTOS, 2017). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 30 TEMA DA AULA: Urgências e emergências clínicas FONTE BIBLIOGRÁFICA SANTOS, Nívea Cristina Moreira. Enfermagem em pronto atendimento: urgência e emergência. São Paulo: Erica, 2014. 1 recurso online. ISBN 9788536520865. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520865/cfi/15! /4/4@0.00:16.9. Acesso em: 30 Mar.. 2020. Tópico 5: Conceitos Gerais A organização do atendimento por meio de protocolos específicos facilita o trabalho da equipe assistencial (SANTOS, 2014, p.46). Os métodos de atendimento aceitos internacionalmente estão de acordo com as diretrizes da American Heart Association (AHA), cuja última atualização foi publicada em outubro de 2010, que estabelecem protocolos para o Suporte Básico de Vida (BLS), o Suporte Avançado de Vida em Cardiologia, o Suporte Avançado de Vida em Pediatria (SANTOS, 2014, p.46). A atenção à vítima de trauma é delineada pelas orientações do Advanced Trauma Life Support (ATLS) da National Association of Emergency Medical Technicians (NAEMT) em cooperação com o Comitê de Trauma do Colégio Americano de Cirurgiões (SANTOS, 2014, p.46). Esses protocolos nos auxiliam a organizar as etapas do atendimento, evitando desperdício de tempo, material e energia da equipe assistencial (SANTOS, 2014, p.46). Tópico 5.1: Emergências cardiovasculares Existem várias situações clínicas/patológicas do sistema cardiovascular que, mesmo sob trata- mento, podem gerar uma urgência ou emergência. Em muitas dessas situações, não podemos fazer nada, mas precisamos identificá-las e aguardar socorro médico para que a vítima sinta-se mais tranquila. É de extrema importância que o socorrista saiba identificar os sinais e sintomas dessas urgências e definir o atendimento inicial (SANTOS, 2014, p.46). ANGINA E INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM) Angina de peito: dor precordial, ou retroesternal, decorrente da deficiência de oxigenação para o miocárdio (músculo cardíaco). Também chamada de angina estável, não causa a morte das células do miocárdio (SANTOS, 2014, p.46). https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520865/cfi/15!/4/4@0.00:16.9 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520865/cfi/15!/4/4@0.00:16.9 Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 31 Angina instável: dor precordial, ou retroesternal, que pode ser irradiada para membros superiores e provocar palidez, sudorese, dispneia e extremidades frias. É uma forma de dor que dura entre 20 e 30 minutos, também não causa a morte das células do miocárdio, porém seu quadro clínico é mais intenso, podendo responder ao uso de nitrato sublingual (SANTOS, 2014, p.46). Infarto: dor precordial retroesternal, de forte intensidade, com duração acima de 30 minutos, podendo irradiar para membros superiores ou braço esquerdo. Dor em forma de aperto ou queimação. Pode ter inićio como dor epigástrica, irradiando em seguida para o peito e braço. Apresenta também como sintomas náuseas, vômito, sudorese fria, ansiedade e taquicardia. Como a deficiência de oxigenação é muito elevada, ocorre morte das células do miocárdio, provocando necrose do músculo cardíaco (SANTOS, 2014, p.46). Figura 10 – Sintomas IAM Fonte: Centerlab (2018)1 O QUE FAZER FORA DO AMBIENTE HOSPITALAR (SANTOS, 2014, p.47). Manter a vítima deitada e tentar tranquilizá-la, orientando-a sobre o que pode estar acontecendo. Se já faz uso de nitrato, administrar um comprimido sublingual. Chamar socorro médico. Verificar o pulso. Manter a cabeceira elevada, facilitando a oxigenação. Manter suas roupas afrouxadas, principalmente cintos, botões e gravatas. Aguardar socorro junto à vítima 1 CENTERLAB. Infarto Agudo do Miocárdio. 2018. Disponível em: https://www.centerlab.com/blog/Centernews_104/. Acesso em: 02 jun. 2020. Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 32 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR (principais funções) Observe que a diferença entre angina e infarto Colher as informações de quem socorreu primeiro a vítima e fazer uma rápida avaliação do caso. Manter a vítima em repouso com a cabeceira elevada. Identificar-se (bem como a sua equipe de atendimento) e conversar com a vítima Se já faz uso de nitrato e este ainda não foi utilizado, administrar um comprimido sublingual e anotar. Verificar os sinais vitais. Na ambulância, administrar oxigênio (O2), monitorando-o, e instalar oxímetro de pulso (SANTOS, 2014, p.47). ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA HOSPITALIZAÇÃO (SANTOS, 2014, p.48). Manter o paciente deitado, em decúbito dorsal, com a cabeceira ligeiramente elevada. Administrar O2 conforme conduta médica, geralmente por cateter nasal com até 4 L/m. Providenciar um eletrocardiograma (ECG). Instalar o monitor cardíaco e o oxímetro de pulso. Verificar e anotar pulso e pressão arterial (PA). Seguir as orientações médicas quanto à infusão de medicamentos. Puncionar veia para acesso venoso, de “calibre grosso”. Já na punção, colher amostra de sangue para dosagem de enzimas e eletrólitos. Ocorrendo sedação por parte médica, atenção especial aos sinais vitais e monitorização, pois o paciente permanecerá mais relaxado. Deixar o desfibrilador montado para uma possível cardioversão elétrica. Após estabilização do quadro, manter vigilância constante desse paciente, tranquilizando-o. Orientá-lo quanto a tudo o que aconteceu e como está no momento. Isso deve ser feito com acompanhamento médico. Comunicar aos familiares. Dar continuidade ao plano de cuidados elaborado pelas equipes de enfermagem e médica. Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 33 Tópico 5.2: Parada cardiorrespiratória (PCR) em ambiente hospitalar Consiste na ausência de batimentos cardíacos e respiratórios de um indivíduo, não diferente da situação de uma vítima de algum trauma visto anteriormente. O fator que diferencia nesse caso é que o indivíduo já se encontra no ambiente hospitalar, oque pode “facilitar” seu atendimento emergencial (SANTOS, 2014, p.50). O atendimento à PCR deve ser rápido e eficiente e o objetivo principal da reanimação cardiopulmonar (RCP) é manter uma circulação artificial, promovendo oxigênio cerebral (SANTOS, 2014, p.50). CAUSAS Diversas causas estão ligadas à PCR, porém indivíduos portadores de cardiopatias, hipertensão, diabetes, antecedentes familiares de morte súbita, pneumotórax, broncoespasmo e em uso de anestésicos podem ter maior predisposição (SANTOS, 2014, p.50). SINAIS E SINTOMAS Sudorese, dor torácica, taquicardia, tontura, escurecimento ou embaçamento da visão, alteração do nível de consciência e alterações da pressão arterial (SANTOS, 2014, p.50). COMO DIAGNOSTICAR A PCR Para definirmos a PCR, devemos observar três sinais clínicos, as fases que caracterizam a PCR (SANTOS, 2014, p.50): Fase elétrica: observar nível de consciência - se inconsciente, chamar pelo indivíduo. Trata-se do período que se estende do momento da parada cardíaca até os 5 minutos subsequentes. A desfibrilação imediata, quando possível, é o tratamento ideal (SANTOS, 2014, p.50). Fase circulatória ou hemodinâmica: observar respiração - se ausente, verificar a expansão torácica, ouvir sons expiratórios e sentir o ar expirado. Seu tempo de duração é de 5 a aproximadamente 15 minutos pós-parada cardíaca (SANTOS, 2014, p.50). Fase metabólica: observar pulso - se ausente, verificar o pulso carotídeo ou femoral, por serem mais precisos que o pulso periférico, que pode ser variável e instável. Estende-se de 10 a 15 minutos após a PCR. Nessa fase, a eficácia da desfibrilação imediata e da RCP diminui drasticamente (SANTOS, 2014, p.51). ATUAÇÃO DO TÉCNICO EM ENFERMAGEM Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 34 Não só o enfermeiro precisa estar apto para o atendimento a um paciente em PCR, mas a equipe de enfermagem, como um todo preciso estar treinada para a constatação de uma PCR e conhecer as manobras de suporte básico de vida. Técnicos e auxiliares de enfermagem poderão assessorar o enfermeiro nesse atendimento inicial e ficar à sua disposição para as todas as tarefas que envolvem as necessidades de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) (ROCHA et. al., 2012, p.144). O técnico em enfermagem, após diagnosticar a PCR, deve colocar o paciente deitado em uma superfície, mantendo a cabeça e o corpo no mesmo plano. Também deve deixar o desfibrilador próximo do paciente e preparado para uso, além de fazer uma avaliação do caso (ROCHA et. al., 2012, p.144). O desfibrilador é um aparelho utilizado nos casos de parada cardiorrespiratória, pois emite uma carga elétrica para restabelecer o batimento cardíaco do paciente. Por isso, deve ser utilizado pelo profissional de enfermagem (ROCHA et. al., 2012, p.144). Deve-se notar que essa é uma mudança significativa, pois a tradicional sequência A-B-C foi modificada para C-A-B (compressões, vias aéreas e respiração). Isso se deveu à necessidade de priorizar o efetivo suporte circulatório (ROCHA et. al., 2012, p.144). Tópico 5.3: Hipertensão arterial (HAS) Quando a pressão exercida sobre as artérias é maior do que a esperada, dá-se a hipertensão arterial. A pressão considerada normal é variável entre 120 × 90 mmHg e 120 × 80 mmHg5 (SANTOS, 2014, p.54). SINAIS E SINTOMAS Cefaleia, sudorese fria, dor em região da “nuca” (mas sem rigidez), mal-estar geral e ansiedade (SANTOS, 2014, p.54). O QUE FAZER FORA DO AMBIENTE HOSPITALAR Perguntar à vítima se é hipertensa e se faz algum controle ou uso de medicamento próprio. Mantê-la em repouso e tranquilizá-la, orientando-a sobre o que está ocorrendo. Encaminhá-la para atendimento médico em posto de saúde, ambulatório ou hospital (SANTOS, 2014, p.54). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 35 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA HOSPITALIZAÇÃO. Verificar e anotar os sinais vitais com atenção especial à PA. Verificar PA a cada 2 horas e anotar em impresso próprio. Manter o paciente em local tranquilo, evitando visitas que possam ser desagradáveis e interferam no controle da pressão. Verificar se a dieta está de acordo, ou seja, hipossódica, atentando-se ao que se consome entre uma refeição e outra, muitas vezes por conta própria ou trazido por familiares. Orientar quanto ao repouso relativo no leito. Administrar medicamentos nos horários corretos, evitando atraso no seu ciclo de ação. Seguir o plano de cuidados elaborado pela(o) enfermeira(o) durante o período da hospitalização (SANTOS, 2014, p.54). Tópico 5.4: Edema agudo do pulmão Síndrome clínica de causas diversas, sendo a mais comum a insuficiência cardíaca brusca, ocorrendo acúmulo de líquidos nos espaços alveolares e intersticiais dos pulmões (SANTOS, 2014, p.56). QUADRO CLÍNICO Ansiedade, agitação, dispneia, batimento da asa do nariz, cianose, sudorese fria e viscosa, palidez cutânea. O indivíduo apresenta dificuldade respiratória progressiva, ruidosa, podendo ser ouvida a distância, o que chamamos também de “sororoca”. A tosse passa de seca a produtiva, com expectoração espumosa e branca. Evolui rapidamente para exaustão respiratória, hipoventilação, confusão mental, torpor e morte, por hipoxemia (SANTOS, 2014, p.56). O QUE FAZER FORA DO AMBIENTE HOSPITALAR Manter a vítima sentada com as pernas pendentes. Dessa forma, os pulmões ficam livres e reduz-se o retorno venoso. Chamar socorro médico. Manter as vias respiratórias livres. Afrouxar cintos, roupas íntimas e outros elementos que possam atrapalhar. Procurar tranquilizar a vítima, mantendo-se calmo e orientando-a sobre o que está ocorrendo. Manter o ambiente ventilado e com poucas pessoas nas proximidades. Não dar nenhum medicamento sem conhecimento legal para essa finalidade. Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 36 Marcar o garroteamento e o rodízio para ser passado à equipe de atendimento (SANTOS, 2014, p.57). ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA HOSPITALIZAÇÃO Manter o paciente sentado com as pernas fletidas. Iniciar o garroteamento dos membros com garrotes próprios. Administrar oxigênio, com fluxo de 5 a 10 L/minuto com cateter nasal ou máscara. Verificar acesso venoso e, se preferir, puncionar uma veia de calibre mais grosso. Administrar medicamentos conforme prescrição médica. Deixar material de entubação arrumado e em local de fácil acesso. Verificar sinais vitais. Instalar monitor cardíaco e, posteriormente, realizar ECG. Após acalmar a crise, manter o paciente em posição de Fowler ligeiramente lateralizado. Fazer controle hídrico de acordo com orientação médica e restrição da dieta. Dar segmento ao plano de cuidados elaborado pela(o) enfermeira(o) (SANTOS, 2014, p.57). Tópico 5.5: Emergências respiratórias Bronquite: inflamação aguda ou crônica dos brônquios com produção excessiva de muco. Apresenta como sintomas mal-estar geral, rouquidão, febre, tosse de início seca e depois produtiva (SANTOS, 2014, p.58). Enfisema pulmonar: acúmulo de ar entre as camadas que revestem os pulmões, podendo ocorrer dilatação dos pulmões. Apresenta como sintomas dificuldade respiratória, rui- dosa, cianose de extremidades, cefaleia, fraqueza e até confusão mental. É a doença respiratória mais grave, pois pode levar a alguma complicação cardíaca (SANTOS, 2014, p.58). Asma brônquica: doença que se caracteriza pela dificuldade respiratória e obstrução dos bronquíolos (vias aéreas inferiores). Apresenta como sintomas sensação de peso no peito, tosse seca, ansiedade, dificuldade respiratória, sudorese, palidez e “chiados” no peito (SANTOS, 2014, p.58). Dispneia: dificuldade para respirar, em consequência decondições ambientais, traumas ou determinadas doenças clínicas. Obstrução das vias aéreas por algum corpo estranho ou por uma das doenças clínicas mencionadas anteriormente, como bronquite, enfisema pulmonar ou asma (SANTOS, 2014, p.58). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 37 Síndrome da Insuficiência Respiratória Aguda: pode ser causada por qualquer doença que afete diretamente os pulmões, diminuindo a concentração de O2 (SANTOS, 2014, p.58). ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA HOSPITALIZAÇÃO Manter o paciente em posição de Fowler. Administrar medicamentos e inalações, conforme prescrição médica. Observar os horários de administração de medicamentos, para que seu ciclo de ação não seja prejudicado. Verificar e anotar sinais vitais com atenção especial à respiração. Oferecer dieta leve e anotar a aceitação. Orientar quanto ao repouso nas primeiras horas, até que a crise se estabilize. O acesso venoso fica comprometido durante o pico da crise. Manter o acesso “sorolizado” e o material arrumado para novas punções, se for necessário. Dar segmento ao plano de cuidados elaborado pela(o) enfermeira(o) (SANTOS, 2014, p.59). Tópico 5.6: Outras emergências EPISTAXE OU HEMORRAGIA NASAL Caracterizada pela saída de sangue abruptamente pelas narinas, sem causa aparente, mais comum em crianças. Já no adulto pode estar associada ao quadro de hipertensão (SANTOS, 2014, p.59). O QUE FAZER FORA DO AMBIENTE HOSPITALAR Colocar a vítima sentada. Orientá-la para permanecer com a cabeça fletida para baixo, para a frente. Retirar os coágulos do nariz com auxílio de cotonetes ou pedir para que a vítima assoe o nariz, sem esforço, uma narina de cada vez. Comprimir a ponta do nariz com os dedos por 5 minutos. Orientar para que a vítima respire pela boca (SANTOS, 2014, p.60). ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA HOSPITALIZAÇÃO Manter o paciente sentado com a cabeça fletida para baixo. Fazer compressa fria com soro fisiológico a 0,9% nas narinas. Verificar e anotar sinais vitais. Observar e anotar aspecto de sangramento e sua duração. Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 38 Administrar medicação conforme prescrição médica. Dar continuidade ao plano de cuidados traçado pela(o) enfermeira(o) responsável (SANTOS, 2014, p.60). EDEMA DE GLOTE Em consequência de algum processo em que ocorre reação alérgica e dilatação dos vasos sanguíneos, há o edema da membrana (glote), obstruindo a passagem do ar e, consequentemente, a respiração (SANTOS, 2014, p.60). O QUE FAZER FORA DO AMBIENTE HOSPITALAR Procurar socorro médico imediato, pois essa situação pode levar à morte. Os medicamentos necessários somente podem ser administrados no hospital. Manter a vítima em decúbito elevado (SANTOS, 2014, p.61). ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA HOSPITALIZAÇÃO Manter material de traqueostomia arrumado e em local de fácil acesso. Providenciar acesso venoso rápido e de “grosso calibre”. Administrar medicamentos de urgência e com precisão, conforme orientação e prescrição médica. Administrar O2 sob cateter nasal após desobstrução da via. Prosseguir com os planos de cuidados elaborados pela(o) enfermeira(o) (SANTOS, 2014, p.61). EMERGÊNCIAS DIABÉTICAS Cetoacidose diabética: caracterizada pelo quadro clínico de hiperglicemia, desidratação e cetose, decorrente da deficiência de insulina (tipo 1). Também apresenta prostração, cansaço, náuseas e poliúria. Em virtude da acidose metabólica, a respiração passa a ser hiperventilada (respiração de Kussmaul) (SANTOS, 2014, p.63). Coma hiperosmolar não cetótico: caracterizado pela complicação aguda do diabetes insulinodependente (tipo 2) com intensa hiperglicemia, desidratação, ausência de cetoacidose e alteração de consciência. Pode estar associado a outra patologia de base que diminui a produção de insulina (SANTOS, 2014, p.63). Coma hipoglicêmico: estado em que o índice de glicose está abaixo de 40 mg/dL, em que se apresentam ansiedade, tremor, sudorese, palpitação, palidez, torpor, Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 39 náuseas, cansaço, confusão mental, alterações de comportamento, convulsão e até coma (SANTOS, 2014, p.63). O QUE FAZER FORA DO AMBIENTE HOSPITALAR Em qualquer uma das situações, manter o paciente deitado. Verificar seu nível de consciência, fazendo perguntas e observando suas respostas. Verificar se é insulinodependente, se tem história anterior de diabetes e se fez uso da insulina no dia do atendimento. Procurar socorro médico, em um posto de saúde ou hospital, o mais rápido possível. Se o paciente não for diabético, não teve história semelhante anteriormente e estiver consciente, oferecer um copo de água com açúcar, ou uma bala, e procurar atendimento médico. Se o paciente estiver inconsciente, não dar nada para ele ingerir. Procurar socorro médico imediatamente (SANTOS, 2014, p.64). ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA HOSPITALIZAÇÃO Manter o paciente em posição semi-Fowler. Realizar teste de glicemia capilar a cada 3 horas ou segundo orientação médica. Puncionar acesso venoso de grosso calibre. Fazer quadro do controle do teste de glicemia capilar e anotar os resultados adequadamente. Observar a aceitação da dieta, respeitando e orientando quanto aos intervalos das refeições. Aplicar o esquema de insulina conforme orientação e prescrição médicas, também anotando a quantidade e a região aplicada; Fazer rodízio da aplicação. Atentar-se às queixas do paciente, principalmente com relação a cãibras, pois o potássio pode estar diminuindo, o que pode levar à hipoglicemia rapidamente. Realizar balanço hídrico diário de acordo com a orientação médica. Avaliar constantemente o nível de consciência (SANTOS, 2014, p.64). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 40 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) Urgência clínica bastante comum no meio de atuação do médico e do enfermeiro, é um distúrbio do sistema cardiovascular causado por oclusão parcial ou total dos vasos que suprem o cérebro. Ocorre mais em idosos (SANTOS, 2014, p.65). TIPOS DE AVC Isquêmico: ocorre pelo entupimento do vaso por um trombo ou êmbolo ou até mesmo por um tumor ou trauma. Como consequência, a oxigenação do cérebro é prejudicada parcialmente. A causa mais frequente desse tipo de AVC é a aterosclerose cerebral (SANTOS, 2014, p.65). Hemorrágico: acontece pela ruptura de um vaso sanguíneo, provocando a hemorragia cerebral. O cérebro fica comprometido pela falta de oxigênio circulante e a pressão intracraniana aumenta. É mais grave do que o AVC isquêmico (SANTOS, 2014, p.65). Figura 11 – Diferenças entre AVC isquêmico e Hemorrágico Fonte: Hospital Encore (2019) Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 41 Figura 12 – Sinais e Sintomas Fonte: Rede Brasil AVC (2017). Figura 13 – Publicidade Rede Brasil AVC (2015) Fonte: Rede Brasil AVC (2015). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 42 O QUE FAZER FORA DO AMBIENTE HOSPITALAR Manter vias aéreas livres. Chamar por socorro médico. Manter a vítima em repouso (SANTOS, 2014, p.65). ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM Preparar o cliente para cirurgia se houver indicação; Ensinar o cliente a realizar exercícios ativos nos membros não afetados, no mínimo quatro vezes por semana (na reabilitação); Encorajar a deambulação por períodos curtos e freqüentes (na reabilitação); Apoiar as extremidades com travesseiros, para evitar ou reduzir o edema (no caso de avc hemorrágico); Posicionar em alinhamento para prevenir complicações; Auxiliar nos cuidados diários como higiene geral, vestir-se, alimentar se; Administrar medicações conforme prescrição medica; Aferir sinais vitais; Assegurar-se de que o cliente está tendo uma nutrição adequada e de acordo com a prescrição da nutricionista, o cliente deve visualizar a bandeja de alimento e sentar-se ereto com a cabeça inclinada ligeiramente para frente; se necessário utilizar sonda nasogástrica; Na fase aguda deve-se afrouxar as roupas apertadas e manter a oxigenação adequada; caso o cliente esteja inconsciente ele deve ser deitada em posição de segurança, se necessário, aspirar as secreções; auxiliar na introdução de uma via respiratória artificial e administrar oxigênio suplementar, se for necessário; Oferecer a cada 2 horas o urinol ou a comadre, em caso de incontinência urinária, oferecer a cada hora, caso seja de extrema necessidade, utilizar cateter urinário, utilizar-se de cuidados para evitar infecção; Estabelecer com o cliente metas realistas, fazer com que a família participe sempre que possível, deixar que o cliente participe como puder para diminuir o sentimento de dependência, oferecer apoio psicológico e compreender as mudanças de humor (para a reabilitação); Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 43 TEMA DA AULA: Estado de choque FONTE BIBLIOGRÁFICA SANTOS, Nívea Cristina Moreira. Enfermagem em pronto atendimento: urgência e emergência. São Paulo: Erica, 2014. 1 recurso online. ISBN 9788536520865. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520865/cfi/15! /4/4@0.00:16.9. Acesso em: 30 Mar.. 2020. Tópico 6: Classificação dos estados de choque Choque é uma manifestação clínica caracterizada pela queda brusca e intensa de oxigênio no sistema circulatório, descompensando outros sistemas do organismo, e pode levar o indivíduo à morte (SANTOS, 2014, p.105). Trata-se de uma situação de emergência, de extrema gravidade, que requer da equipe de atendimento de urgência e emergência total controle da situação, agilidade e eficiência. Considera-se choque a situação de falência do sistema cardiocirculatório em manter todos os órgãos abastecidos (SANTOS, 2014, p.105). O choque pode ser classificado em quatro grupos: hipovolêmico; cardiogênico; obstrutivo; e distributivo. No atendimento inicial desse paciente, todos os esforços são voltados para identificar a lesão responsável pelo choque, podendo haver necessidade de tratamento cirúrgico para controle da hemorragia, se essa for a causa (SANTOS, 2014, p.105). CHOQUE HIPOVOLÊMICO Nesse tipo de choque, ocorre redução do volume sanguíneo, resultando em distúrbios celulares. O choque hipovolêmico, o mais comum no atendimento pré- hospitalar, está subdividido em choque hemorrágico e não hemorrágico (SANTOS, 2014, p.105). CHOQUE CARDIOGÊNICO Apresenta redução do rendimento cardíaco. O coração não bombeia o sangue efetivamente para os demais órgãos. Geralmente, é detectado por eletrocardiograma (ECG) e ausculta cardíaca (SANTOS, 2014, p.107). Aparece também no infarto agudo do miocárdio e em outras patologias clínicas do coração. O choque cardiogênico é caracterizado pela falência do coração como bomba cardíaca pela diminuição da força de contração, pela diminuição do débito cardíaco e pelo aumento da pressão venosa central (PVC), gerando a má perfusão tecidual (SANTOS, 2014, p.107). https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520865/cfi/15!/4/4@0.00:16.9 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520865/cfi/15!/4/4@0.00:16.9 Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 44 CHOQUE OBSTRUTIVO Em situações de trauma, o tamponamento cardíaco e o pneumotórax hipertensivo predispõem ao choque obstrutivo, pois ocorre uma obstrução mecânica, levando à queda do débito cardíaco (SANTOS, 2014, p.107). É observado também nas situações de tromboembolismo pulmonar e dissecção de aorta. É a dificuldade de manter o débito cardíaco em nível adequado, com dificuldade de esvaziamento das câmaras cardíacas, ocorrendo obstrução das artérias. Acontece nos casos de tamponamento cardíaco e embolia de gordura (SANTOS, 2014, p.107). CHOQUE DISTRIBUTIVO Caracterizado pela dilatação vascular excessiva, vasoplegia, presente também na septicemia, na intoxicação por cocaína, no trauma cranioencefálico (TCE) e na reação anafilática (SANTOS, 2014, p.107). OUTROS CHOQUES Choque neurogênico: causado pela falha no sistema nervoso em controlar o diâmetro dos vasos. Ocorre perda da resistência periférica e dilatação da rede vascular. Os sinais e sintomas são os mesmos do choque hipovolêmico (SANTOS, 2014, p.108). Choque psicogênico: semelhante ao choque neurogênico, aparece em condição de dor intensa, acompanhada de bradicardia no início e em seguida taquicardia, voltando ao estado normal espontaneamente (SANTOS, 2014, p.108). Choque anafilático: é resultado de uma reação de sensibilidade em pessoas que já apresentam reações alérgicas. Pode ser causado por picada de insetos, medicação, alimentos ou o próprio meio ambiente. Os sinais e sintomas podem ser vermelhidão, ardência, edema de face e língua, respiração ruidosa e hipoten- são e início de sinais de coma. O tratamento deve ser rápido, iniciando com medicações para combater o estado de choque (SANTOS, 2014, p.108). Tópico 6.1: Ciclo do estado de choque Uma vez que o choque é caracterizado por diminuição brusca e intensa do fluxo sanguíneo em todos os órgãos, veremos na Figura 03 o ciclo que permite que o choque aconteça (SANTOS, 2014, p.108). Geralmente, o choque está relacionado à três situações: Coração: falha de bombeamento; Sangue: perda de sangue ou plasma; Dilatação dos vasos sanguíneos: capacidade do sistema circulatório ser maior que o volume de sangue (SANTOS, 2014, p.108). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 45 Figura 14: Ciclo do estado de choque. Fonte: Santos (2014, p.109) QUADRO CLÍNICO Pulso: geralmente é rápido, fraco, filiforme, de difícil palpação. Apresenta- se dessa forma em razão da diminuição do débito cardíaco e da hipovolemia já presente. Perfusão periférica: apresenta vasoconstrição ou vasodilatação, com alteração na coloração da pele de extremidades, sudorese, palidez, cianose e pele fria. Frequência respiratória: apresenta taquipneia em virtude do estímulo respiratório e como compensação do choque. Pressão arterial: pode ocorrer de duas formas: aumento de ambas, diastólica e sistólica, levando à vasoconstrição e ao aumento de débito cardíaco; ou queda súbita de ambas, quando ocorre descompensação de todos os órgãos, e a compensação já não é mais suficiente. Ocorre em grandes hemorragias e grandes traumatismos. Oligúria: em consequência da diminuição do fluxo renal. Temperatura: a hipotermia é mais comum, mesmo quando o paciente apresenta algum tipo de infecção. Ela acontece devido à vasoconstrição periférica instalada. Distúrbios neurológicos: baixa do nível de consciência, sonolência, inquietação, confusão mental. Apresenta Diminuição da sensibilidade, dos reflexos e da tonicidade muscular. Alterações sanguíneas: ocorre acidose, prejudicando a função do miocárdio. Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 46 Sintomas gerais: geralmente os sintomas que antecedem o estado de choque são simultaneamente pulso rápido e fino; pele fria, úmida; sudorese; cianose de extremidades; náuseas acompanhadas de vômitos; hipotensão; hipotermia; queda do nível de consciência caracterizada por desmaio (SANTOS, 2014, p.109). ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA HOSPITALIZAÇÃO Manter o paciente em maca própria. Instalar oxigênio sob máscara com 10 L/minuto. Puncionar acesso venoso de grosso calibre, colher sangue para amostra e manter hidratação conforme a orientação médica. Verificar e monitorizar os sinais vitais e instalar oxímetro de pulso. Manter a vítima aquecida. Ter o material para entubação e sondagens em local de fácil acesso. Dar continuidade ao plano de cuidados traçado pela(o) enfermeira(o) responsável e pela equipe atuante. Providenciar a transferência do paciente da sala de emergência para outro local predeterminado (SANTOS, 2014, p.110). TEMA DA AULA: Emergências traumáticas e não traumáticas FONTE BIBLIOGRÁFICA SANTOS, Nívea Cristina Moreira. Enfermagem em pronto atendimento: urgência e emergência. São Paulo: Erica, 2014. 1 recurso online. ISBN 9788536520865. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520865/cfi/15! /4/4@0.00:16.9. Acesso em: 30 Mar.. 2020. TOBASE, Lucia et al. Considerações Gerais em Urgência e Emergência. In: TOBASE, Lucia; TOMAZINI, Edenir Aparecida Sartorelli. Urgências e emergências em enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527731454/cfi/6/ 26!/4@0:0. Acesso em: 02 jun. 2020. Tópico 7.1: Classificação e sistematização no atendimento ao trauma – emergência traumática Segundo a National Association of Emergency Medical Technicians (NAEMT), trauma é definido como “um evento nocivo que advém da liberação de formas específicas de energia ou de barreiras físicas ao fluxo normal de energia”. Aqui é importante destacar que a exposição aos diferentes tipos de energia – mecânica, química, térmica, elétrica ou por irradiação – é decorrente de ação intencional ou não intencional (TOBASE et. al., 2017, p.47). Precedido por doenças cardiovasculares e neoplasias, o trauma corresponde à terceira causa de morte, em âmbito internacional e nacional. Nesse contexto, o Ministério da Saúde instituiu a Linha de Cuidado ao Trauma na Rede de https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520865/cfi/15!/4/4@0.00:16.9 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520865/cfi/15!/4/4@0.00:16.9 Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 47 Atenção às Urgências e Emergências no Sistema Único de Saúde para reduzir a morbimortalidade pelo trauma, por meio de ações de vigilância, prevenção e promoção da saúde, com acesso humanizado, hierarquizado, estruturado, referenciado e integral ao paciente, desde a ocorrência do evento até a fase de reabilitação (TOBASE et. al., 2017, p.47). Na infância, o trauma é a causa mais frequente de morte e invalidez, ultrapassando as principais doenças em crianças. Os acidentes com veículos automotores vitimam pedestres, ciclistas ou passageiros. Afogamentos, incêndios domiciliares, homicídios e quedas também acarretam sérios danos. Homicídios, agressões e abusos físicos acometem as crianças nos primeiros anos de vida; em crianças maiores e adolescentes, os ferimentos por arma de fogo também são prevalentes (TOBASE et. al., 2017, p.47). Nos idosos, o trauma é a sétima causa de morte. Embora tenham menor chance de sofrerem um trauma, se comparado aos adultos jovens e crianças, o índice de óbito em idosos é elevado, em geral, pela gravidade das lesões, características fisiológicas no envelhecimento, comorbidades, uso de diversas medicações no tratamento de doenças crônicas e falta de compreensão quanto às necessidades e especificidades por parte de muitos profissionais que os atendem (TOBASE et. al., 2017, p.47). Considerado uma doença, o trauma apresenta distribuição característica, com três picos distintos, em relação à mortalidade. No primeiro, as mortes imediatas se sucedem logo após o trauma, com reduzidas possibilidades de intervenção, por graves lesões cerebrais, medulares ou de grandes vasos (TOBASE et. al., 2017, p.48). No segundo, as mortes, em minutos ou horas após o trauma, são frequentemente causadas por lesões e hematomas cranianos, rupturas de vísceras e hemorragia significativa. Nesse período, a atenção ao atendimento se traduz em importantes resultados na sobrevivência do indivíduo (TOBASE et. al., 2017, p.48). No terceiro período, as mortes tardias podem ocorrer após dias ou semanas, em consequência de infecções e falência de órgãos. Nessa distribuição, desde o início, a atenção qualificada influencia nos bons resultados e maiores chances de sobrevivência, posteriormente (TOBASE et. al., 2017, p.48). Nesse sentido, o trauma como doença é passível de prevenção, evitando mortes principalmente no primeiro período, sendo alvo de atenção dos órgãos de Saúde Pública, em perspectiva educativa (TOBASE et. al., 2017, p.48). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 48 CLASSIFICAÇÃO DO TRAUMA O trauma pode ser classificado em dois tipos: Fechado: originado por impacto direto em determinada região. A energia é propagada no interior do corpo humano, provocando danos internos nem sempre evidentes, como compressão, cisalhamento, rompimento de órgãos e vísceras. Esse tipo de trauma requer muita atenção e avaliação criteriosa, pois a ausência de lesões externas dificulta a identificação rápida e imediata. Por isso, não dispensa a suspeição de lesões e hemorragias internas (TOBASE et. al., 2017, p.48). Penetrante ou aberto: facilmente identificável, evidenciado pela presença de lesão que, em geral, estabelece a comunicação entre os meios externo e interno, originando uma cavidade temporária ou permanente que afasta os tecidos da posição original. O risco de infecção é maior e, às vezes, exige antibioticoterapia e profilaxia com imunobiológicos. A comunicação entre órgãos e cavidades com o meio externo promove o desequilíbrio das pressões internas e intracavitárias, influencia no posicionamento e/ou funcionamento dos órgãos afetados e requer intervenções imediatas para a prevenção de alterações sistêmicas (TOBASE et. al., 2017, p.48). Os traumatismos são as urgências e emergências mais frequentes e de maior envolvimento da área da saúde. A seguir serão apresentados os traumas mais comuns e o que é possível fazer para melhorar a sobrevida desses pacientes. Entre os traumatismos, destacam-se: abdominal, de tórax, craniano, de extremidades e de face (TOBASE et. al., 2017, p.48). TRAUMATISMOS ABDOMINAIS, INTRA-ABDOMINAIS E DE PELVE O traumatismo abdominal é responsável por um grande número de mortes, muitas vezes evitáveis. A cavidade intraperitoneal (abdome), a cavidade torácica e o espaço retroperitoneal são os locais do organismo que comportam sangramentos, podendo levar a choque hemorrágico quando não detectados a tempo (SANTOS, 2014, p.70). Trauma de abdome e de pelve é a lesão resultante do impacto da força externa exercida na região abdominal e pélvica, acometendo os órgãos internos. A incidência é de 15 a 20% dos traumas (TOBASE et. al., 2017, p. 89). Pode ser decorrente de agressão física, ferimento por arma branca ou de fogo, explosão, queda, atropelamento, colisão de veículos, geralmente associados, em sua maioria, a trauma multissistêmico, atingindo outras estruturas (TOBASE et. al., 2017, p. 89). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 49 O TRAUMATISMO ABDOMINAL E DA PELVE PODEM SER CLASSIFICADOS EM: Aberto: o trauma abdominal penetrante é associado à presença de lesão externa, com solução de continuidade e comunicação com o meio interno, frequentemente causado por ferimento de arma de fogo, arma branca ou objeto encravado e pode resultar em lesões vasculares e de vísceras e evisceração (TOBASE et. al., 2017, p. 90). Fechado: a lesão externa não origina comunicação com a cavidade interna, o que dificulta a identificação do trauma e das lesões concomitantes; quando passam despercebidas, predispõem ao aumento dos índices de morbimortalidade. Atentar aos sinais de contusão,escoriação, equimose linear transversal ocasionada por cinto de segurança; dor, sensibilidade e contração de defesa na palpação; rigidez (possível sangramento interno) ou distensão abdominal; sinais de choque sem causa aparente, quando eventuais lesões externas não justificam o agravamento do quadro. O impacto externo é decorrente de acidente de trânsito, queda, agressão interpessoal. O aumento súbito da pressão intra-abdominal pode romper o diafragma e causar a herniação de órgãos abdominais para dentro da cavidade torácica (TOBASE et. al., 2017, p. 90-91). SINAIS E SINTOMAS DO TRAUMA ABDOMINAL Independentemente do tipo de trauma abdominal que a vítima apresentar, alguns sinais e sintomas mostram a situação em que a vítima se encontra e o socorrista pode identificar o tipo de lesão: dor de média ou de forte intensidade, localizada na região abdominal, porém sem um local predeterminado; quando houver evisceração e/ou eliminação de secreção, como fezes, é mais fácil identificar o tipo de órgão lesado; diminuição do nível de consciência; dor à palpação local; sudorese; alteração da pressão arterial para hipotensão; hematoma local; hemorragia interna, até horas depois do trauma; palidez cutânea; pulso rápido e fino; cianose de extremidades; rigidez do abdome (ou o que chamamos de “abdome em tábua”); equimose escrotal; e sangramento por vias baixas (SANTOS, 2014, p.76). DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM No trauma abdominal, como visto anteriormente, há o risco de choque hipovolêmico ocasionado por lesões aos órgãos internos, bem como de fraturas Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 50 localizadas em ossos como o quadril; essas consequências levam a diagnósticos de enfermagem relacionados ao prejuízo do funcionamento cardíaco, dor intensa e risco de infecção provocado pelo rompimento de órgãos internos, como também apresenta intervenções específicas para o alcance de resultados eficazes no cuidado com clientes nessa condição. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA HOSPITALIZAÇÃO Manter a vítima em maca própria, na sala de urgência/emergência. Verificar seu niv́el de consciência. Manter a cabeça lateralizada. Administrar oxigênio sob cateter nasal ou máscara até 10 L/minuto. Retirar vestimentas próximas do local lesado. Avaliar a lesão e verificar o tipo de ferimento e sangramento. Se por arma de fogo, localizar a entrada e a saída do(s) projétil(eis). Verificar sinais vitais e monitorizar o paciente. Puncionar acesso venoso de calibre grosso, colher amostras de sangue e administrar volume hídrico conforme orientação médica ou protocolo local de atendimento de emergência. Limpar com soro fisiológico a 0,9% o local lesado. Fazer sondagem (vesical e/ou gástrica) se necessário e de acordo com a orientação da(o) enfermeira(o). Proteger as vísceras com compressas estéreis embebidas em solução fisiológica, se houver evisceração. Dar continuidade aos planos de cuidados traçados pela(o) enfermeira(o) responsável (SANTOS, 2014, p.74). TRAUMATISMO DE TÓRAX O trauma torácico também pode ser caracterizado por ferimentos penetrantes ou contusos, como o traumatismo intra-abdominal. Também é grave e afeta a respiração normal do indivíduo. O traumatismo de tórax está dividido em lesões que implicam risco imediato à vítima, avaliadas no exame primário, e risco potencial à vítima, avaliadas no exame secundário (SANTOS, 2014, p.78). CLASSIFICAÇÃO Quanto ao tipo de lesão: aberta - causado por FAF ou FAB, ou fechada - denominada contusão. Quanto ao agente causador: FAF, FAB ou acidentes automobilísticos. Quanto à manifestação clínica: pneumotórax, hemotórax ou tamponamento cardíaco, como lesão de grandes vasos (SANTOS, 2014, p.78). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 51 LESÕES ESPECÍFICAS Contusão pulmonar: principal consequência do impacto direto. Está ligada a lesões da parede torácica. Fraturas de arcos costais: comprometem diretamente a função ventilatória, em virtude de três motivos - dor, defeito costal e movimentos paradoxos. Outras fraturas: como de escápula e de esterno. Lesão de aorta: a principal causa de morte no traumatismo de tórax. Geralmente, ocorre por esmagamento do tórax contra uma superfície. Ao exame de raio X, observa-se o desvio de traqueia. Lesão cardíaca: letal, ocorre por compressão direta pelo esterno. Os principais sintomas são distensão de jugular, cianose de extremidades superiores e hipotensão. Lesão de vias aéreas: sendo os principais sintomas enfisema subcutâneo, dispneia intensa e os sintomas do próprio pneumotórax. Lesão do diafragma: detectada na toracoscopia, apresenta um abaulamento na região (SANTOS, 2014, p.78). ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA HOSPITALIZAÇÃO Manter o paciente em maca própria - não movimentá-lo ou manipulá-lo desnecessariamente. Verificar sinais vitais. Administrar oxigênio contínuo sob cateter nasal ou máscara até 10 L/minuto. Retirar vestimentas próximas do local da lesão e as demais, se necessário. Instalar oxímetro de pulso, pois a monitorização será difícil por causa do local lesado (tórax). Puncionar acesso venoso de grosso calibre, colher amostras de sangue e manter hidratação conforme orientação médica ou protocolo local. Preparar material para toracocentese, drenagem pleural ou pericardiocentese, de acordo com a conduta médica e o diagnóstico apresentado. Deixar material de intubação em local de fácil acesso e visualização. Dar continuidade aos planos de cuidados traçados pela(o) enfermeira(o) responsável e pela equipe médica. Providenciar a transferência do paciente da sala de emergência para outro local predeterminado (SANTOS, 2014, p.78-79). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 52 TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE) Lesão decorrente de algum trauma na região do encéfalo (parte interna do crânio). Por ser muito grave, portanto o atendimento de urgência é de extrema importância, vital para a vítima. Os ossos do crânio são espessos, duros e têm a função de proteger o cérebro, mas, mesmo assim, sofrem sérias lesões quando ocorre um trauma.. Os TCE podem ser classificados em aberto ou fechado (SANTOS, 2014, p.79). Aberto: ferimento com materiais/objetos penetrantes, como arma de fogo, quando ocorre, consequentemente, a fratura do crânio. Fechado: impacto sofrido pelo encéfalo sem acompanhamento da fratura do crânio (SANTOS, 2014, p.79). O TCE é uma das principais causas de morte em acidentes automobilísticos, envolvendo, principalmente, vítimas jovens (SANTOS, 2014, p.79). Lesões extracranianas são associadas a ferimentos do couro cabeludo, como os do tipo cortocontuso lacerações e requerem cuidado no controle do sangramento externo, uma vez que se trata de uma região bastante vascularizada (TOBASE et. al., 2014, p. 55). Lesões cranianas, como as fraturas de crânio, acometem a caixa craniana, podendo ser do tipo linear, cominutiva, com ou sem afundamento; predispondo as estruturas internas ao risco de comprometimento, principalmente em caso de trauma com afundamento, presença de fístulas liquóricas e risco para infecções (TOBASE et. al., 2014, p. 55). Lesões intracranianas ocorrem no interior da caixa craniana, atingindo meninges, vasos e encéfalo; podem ser do tipo focal, como hematoma extradural, subdural e intraparenquimatoso; ou do tipo difusa, como concussão, lesão axonal difusa, edema e ingurgitação cerebral (TOBASE et. al., 2014, p. 55). CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES Leves ou “concussões”: caracterizadas por perda de consciência bem rápida, com ligeira amnésia que pode durar aproximadamente 1 hora. O quadro clínico pode vir acompanhado de ansiedade, tontura e mal-estargeral, podendo persistir por mais alguns dias. A recuperação da amnésia ocorre em minutos após o trauma (SANTOS, 2014, p.79). Intermediárias: caracterizadas por períodos médios de inconsciência, podendo durar 1 hora ou mais. A recuperação é mais lenta, com ocorrência de sonolência por até 1 semana após o trauma, agitação, tontura e cefaleia (SANTOS, 2014, p.79). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 53 Graves: podem ocorrer posteriormente à lesão leve ou intermediária, horas após a lesão, caracterizadas por inconsciência profunda, edema ou hemorragia cerebral, detectada pela tomografia cerebral. São as mais graves e preocupantes, pois o paciente pode estar bem e entrar em um quadro de coma profundo logo em seguida (SANTOS, 2014, p.79). É preciso considerar TCE grave quando a vítima apresentar os seguintes sinais e sintomas, independentemente da escala de Glasgow: assimetria das pupilas; assimetria motora; fratura de crânio com perda de liquor; sangue ou perda de massa encefálica; ou afundamento de crânio (SANTOS, 2014, p.80). CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS DO CRÂNIO (SANTOS, 2014, p.80). Lineares: fraturas simples, detectadas nas radiografias de crânio, não requerem tratamento específico. Com depressão óssea: percebidas a olho nu e palpação local, podem ser consideradas emergenciais cirúrgicas ou não Abertas: fraturas que ocorrem com o rompimento da dura-máter, permi- tindo comunicação entre a lesão do couro cabeludo e o tecido cerebral. De base de crânio: geralmente não são visualizadas em radiografias comuns, como raios X. O exame físico imediato e local pode ser mais rápido e eficiente. Figura 15 – Fratura craniana linear e com depressão óssea Fonte: Zorzi (2017) Nota: setas vermelhas – fratura craniana linear; setas azuis – fratura com depressão óssea. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM Cuidados específicos de enfermagem devem ser implementados a fim de minimizar a alteração de pressão intracraniana, como: Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 54 o correto posicionamento no leito. manutenção de vias aéreas pérvias por meio de aspiração endotraqueal. prevenção de infecção por meio de troca de curativos. observação de sinais flogísticos em punções vasculares. monitoramento da temperatura corporal, da pressão arterial, do padrão e das frequências respiratória e cardíaca (tríade de Cushing). A escala de coma de Glasgow avalia o nível de consciência e deve ser aplicada sistematicamente para acompanhar a evolução do quadro. Outros parâmetros a serem observados são o reflexo fotomotor e tamanho das pupilas – a anisocoria pode indicar aumento de processo expansivo intracerebral (SANTOS, 2014, p.82). TRAUMATISMOS DE EXTREMIDADES (MUSCULOESQUELÉTICO) Lesões ósseas de origem traumática (trauma direto ou indireto). São traumas que geralmente não representam a causa da morte da vítima quando independentes, ou seja, quando não são acompanhados de outros traumas mais graves, que podem comprometer a vida da vítima ou o seu estado. São divididos em fraturas, luxação e entorse (SANTOS, 2014, p.84). CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS Caracterizadas por perda da continuidade do osso, independentemente do que tenha ocorrido. As fraturas lesam o periósteo (parte externa do osso) e apresentam hematoma local, o que indica sinal de hemorragia interna, dor intensa e alteração da função do membro atingido. Estão classificadas em fechadas e abertas (SANTOS, 2014, p.84). Fechadas: não há lesão do tecido. Dividem-se em fechadas simples - quando o osso fraturado não perde o desvio de seu eixo - e fechadas com desvio - quando o osso fraturado perde o desvio de seu eixo, podendo causar lesão nos tendões e nos vasos sanguíneos (SANTOS, 2014, p.84). Abertas: ocorrem lesão tecidual e contato com o meio externo. Esse tipo de fratura expõe o indivíduo a infecções e o tratamento acaba sendo cirúrgico (SANTOS, 2014, p.84). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 55 Figura 16 – Tipos mais comuns de fraturas Fonte: Santos (2014, p.84) ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM Transferir a vítima para maca própria. Se já foi detectado que há fratura de quadril/bacia, transferir a vítima “em bloco” ou proteger o membro afetado na hora da transferência. Fazer uma análise para verificar o tipo de lesão. Providenciar a retirada das vestimentas. Puncionar acesso venoso de grosso calibre, colher amostra de sangue e manter a hidratação conforme orientação médica. Verificar os sinais vitais com atenção especial ao pulso no membro fraturado. Limpar a área com lesão com soro fisiológico a 0,9% e manter a lesão coberta até segunda orientação. Manter material de ortopedia, como ataduras de gesso, algodão ortopédico, ataduras de crepom e soros, em local de fácil acesso e aguardar orientação. Se a fratura for exposta e com grande área lesada, seguir as orientações da equipe. Não fazer nada que não tenha sido orientado pela(o) enfermeira(o) responsável ou equipe atuante, pois um “deslize” no atendimento às fraturas pode ser vital para o paciente. Providenciar a transferência do paciente da sala de emergência para outro local predeterminado (SANTOS, 2014, p.86-87). Luxação: Consiste na perda de contato das extremidades ósseas com as articulações, decorrente de um estiramento dos ligamentos além do esperado. Também é um trauma grave, apresentando dor, edema e deformidade na região lesada, acompanhados de hematoma local após algumas horas. Os cuidados são os mesmos realizados para as fraturas - primeiro com imobilização e, depois, hospitalização para averiguar melhor (SANTOS, 2014, p.87). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 56 Entorse: Consiste na lesão das articulações, decorrente de um movimento exagerado do membro. Pode ocorrer lesão dos ligamentos, subdividida em três tipos - estiramento, lesão parcial e lesão total do ligamento. As entorses são menos graves que as luxações e fraturas, e o tratamento pode ser feito com imobilização, compressas frias e repouso. Os cuidados são os mesmos realizados para as fraturas - primeiro com imobilização e, depois, hospitalização para averiguar melhor (SANTOS, 2014, p.87-88). Síndrome do Esmagamento: inicialmente identificada em lesões ocasionadas por combate em períodos de guerra, atualmente é associada a traumas por acidentes de trânsito, automobilísticos e ambientais – em caso de terremoto e soterramento –, além de acidentes ocupacionais (TOBASE et. al., 2014, p. 98). Amputação: consiste na remoção ou perda, total ou parcial, do membro ou área do corpo afetada. Quando decorrente de situações de urgência, a amputação é frequentemente relacionada ao trauma, seja em acidentes de trânsito, automobilísticos, choque elétrico, queimadura, durante atividade ocupacional no trabalho, em ambiente domiciliar e, em menor proporção, atividades desportivas ou lazer. As áreas mais afetadas são membros e extremidades, como dedo, mão, braço, pé e perna, embora eventualmente possa ocorrer perda de outras partes mais protuberantes, como orelha, além de desarticulação do quadril (TOBASE et. al., 2014, p. 98). DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM Os principais diagnósticos de enfermagem do trauma musculoesquelético baseiam-se no risco de perda da integridade da pele, na dor e principalmente na diminuição da capacidade de se mobilizar (TOBASE et. al., 2014, p. 99). TRAUMA DE FACE Trata-se de uma lesão extremamente agressiva, qualquer que seja sua origem. Além de estar diretamente ligada às consequências emocionais para a vítima, há possibilidade de deformidades, podendo acometer cérebro, olhos, nariz, boca e dentes (SANTOS, 2014, p.90). As causas podem ser variadas, entre elas acidente automobilístico, violênciainterpessoal, exposição a agentes químicos e queimaduras. É comum o trauma de face estar acompanhado de obstrução das vias aéreas, hemorragia e lesões de coluna (SANTOS, 2014, p.90). DISTRIBUIÇÃO POR FAIXA ETÁRIA De 0 a 15 anos: ligado a quedas, e pouco às outras causas. Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 57 De 15 a 19 anos: a principal causa é a violência interpessoal, e a segunda o uso abusivo de álcool e drogas, provocando queda. Difere da queda apresentada na idade anterior. De 20 a 39 anos: idem à anterior, além de violência doméstica, acidentes automobilísticos, FAF e FAB. Acima de 40 anos: causas incluem todas as anteriores (SANTOS, 2014, p.91). ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM Remover a vítima para maca própria. Fazer uma análise do que aconteceu. Puncionar acesso venoso de grosso calibre, colher amostras de sangue e manter hidratação conforme orientação médica. Verificar os sinais vitais e instalar oxímetro de pulso, com monitorização. » Providenciar materiais para pequena cirurgia, sutura e outros. Manter material para intubação e sondagem vesical de fácil acesso. Dar continuidade ao plano de cuidados traçado pela(o) enfermeira(o) responsável e pela equipe atuante. Providenciar a transferência do paciente da sala de emergência para outro local predeterminado (SANTOS, 2014, p.91). QUEIMADURA Queimadura é um trauma caracterizado pela destruição tissular que acomete a pele e outras estruturas como ossos e músculos, em graus, extensão e profundidade variados, com potencial risco de morte para a vítima. A gravidade da queimadura está relacionada ao agente, tempo de exposição, contato, capacidade térmica do agente, taxa de transferência de calor da fonte para a pele, temperatura atingida, coeficiente de transferência, calor específico e condutividade dos tecidos atingidos (TOBASE et. al., 2014, p. 102). As causas mais comuns das queimaduras são de origem térmica, elétrica, química e por radiação. São também descritas na literatura as queimaduras provocadas por fricção e atrito e as de origem biológica, ocasionadas pelo contato com animais (lagarta, taturana, água-viva) e vegetais (urtiga e látex de determinadas plantas, como coroa-de-cristo e figueira) (TOBASE et. al., 2014, p. 102). CLASSIFICAÇÃO A classificação da queimadura é estabelecida de acordo com profundidade da lesão, espessura da pele comprometida e estruturas envolvidas. Esta classificação descrita em 3 graus é adotada por diversas sociedades brasileiras, Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 58 como a de Queimaduras, de Dermatologia, de Cirurgia Dermatológica e de Pediatria, entre outras (TOBASE et. al., 2014, p. 103). Na literatura, há menção sobre queimaduras de 4o grau, que acometem todas as camadas da pele, tecido adiposo subjacente, músculo, osso ou órgãos internos, sendo geralmente associada à origem elétrica, carbonização e destruição total dos tecidos (TOBASE et. al., 2014, p. 103). Quadro 04 – Classificação da queimadura Classificação da queimadura Lesão de 1º grau Também chamada de queimadura superficial, são aquelas que envolvem apenas a epiderme, a camada mais superficial da pele. Os sintomas da queimadura de primeiro grau são intensa dor e vermelhidão local, mas com palidez na pele quando se toca. A lesão da queimadura de 1º grau é seca e não produz bolhas. Geralmente melhoram após 3 a 6 dias, podendo descamar, e não deixam sequelas. Lesão de 2º grau As queimaduras de segundo grau são atualmente divididas em 2º grau superficial e 2º grau profundo. A queimadura de 2º grau superficial é aquela que envolve a epiderme e a porção mais superficial da derme. Os sintomas são os mesmos da queimadura de 1º grau incluindo ainda o aparecimento de bolhas e uma aparência úmida da lesão. A cura é mais demorada podendo levar até 3 semanas; não costuma deixar cicatriz mas o local da lesão pode ser mais claro. As queimaduras de 2º grau profundas são aquelas que acometem toda a derme, sendo semelhantes às queimaduras de 3º grau. Como há risco de destruição das terminações nervosas da pele, este tipo de queimadura, que é bem mais grave, pode até ser menos doloroso que as queimaduras mais superficiais. As glândulas sudoríparas e os folículos capilares também podem ser destruídos, fazendo com a pele fique seca e perca seus pelos. A cicatrização demora mais que 3 semanas e costuma deixas cicatrizes Lesão de 3º grau São as queimaduras profundas que acometem toda a derme e atinge tecidos subcutâneos, com destruição total de nervos, folículos pilosos, glândulas sudoríparas e capilares sanguíneos, podendo inclusive atingir músculos e estruturas ósseas. São lesões esbranquiçadas/acinzentadas, secas, indolores e deformantes que não curam sem apoio cirúrgico, necessitando de enxertos. Fonte: MD Saúde (2020) Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 59 Figura 17 – Ilustração dos tipos de queimadura Fonte: MD Saúde (2020) ATENDIMENTO HOSPITALAR No ambiente hospitalar, como local de tratamento definitivo do paciente queimado, os cuidados principais são direcionados ao tratamento sistêmico em razão das repercussões da queimadura no organismo humano, como a atenção ao nível de hidratação e reposição volêmica, na preservação da função renal (TOBASE et. al., 2014, p. 108). Outro aspecto muito importante diz respeito à prevenção de infecção, principalmente no sítio da lesão, quando necessitar de reparação tecidual e intervenções cirúrgicas, como nos casos de enxertia (TOBASE et. al., 2014, p. 108). DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM Com base nos diferentes graus de queimadura, os principais diagnósticos de enfermagem estão relacionados a perda da integridade da pele, distúrbio hidreletrolítico, risco de infecção, termorregulação ineficaz e alterações respiratórias e cardiocirculatórias (TOBASE et. al., 2014, p. 108). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 60 SISTEMATIZAÇÃO NO ATENDIMENTO AO TRAUMA Previamente ao início do atendimento, avaliar as condições da segurança no local, do profissional, do paciente e demais presentes é fundamental. Respeitar as normas de biossegurança, precauções-padrão e prevenir riscos ocupacionais são medidas que compõem o rol de ações no ambiente de trabalho (TOBASE et. al., 2017, p.49). No atendimento hospitalar, a organização prévia da área de recepção desse paciente é primordial, com equipe profissional, materiais e equipamentos prontamente disponíveis para o atendimento rápido e eficiente (TOBASE et. al., 2017, p.49). ABORDAGEM GERAL PARA O ATENDIMENTO DO TRAUMA 1. Iniciar a abordagem posicionando-se na frente da pessoa, quando possível. 2. Promover a estabilização manual da cabeça, mantida alinhada em posição neutra. 3. Realizar a avaliação primária na sequência A, B, C, D, E e avaliação secundária. 4. Selecionar e fixar o colar cervical adequado, mantendo a estabilização manual da cabeça. 5. Movimentar o indivíduo em bloco ou abordá-lo em pé e posicionar a prancha rígida. 6. Imobilizar a cabeça com protetores laterais, alinhada em posição neutra. 7. Fixar o tronco, braços e pernas na prancha rígida, imobilizando na altura do tórax, quadril e abaixo dos joelhos. 8. Transportar a prancha de maneira segura; em quatro pessoas, se possível. 9. Manter reavaliação contínua. Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 61 Tópico 7.2: Classificação e sistematização no atendimento ao trauma – emergência não traumática Emergências não traumáticas constituem parte importante dos atendimentos nos serviços de emergência, em função da própria diversidade de agravos e de suas relações com as condições socioeconômicas e culturais da população (BANDOUK et. al., 2017, p. 121). Em geral, são condições associadas a emergências clínicasou cirúrgicas, influenciadas pelo controle de doenças infecciosas e aumento de doenças crônicas não transmissíveis, aumento da expectativa de vida e envelhecimento populacional. Entretanto, em condições agudizadas, alguns agravos, como os de origem cardíaca, respiratória, metabólica e neurológica, configuram-se como situações de urgência e requerem intervenções imediatas para á manutenção da vida e prevenção de complicações e óbitos precoces (BANDOUK et. al., 2017, p. 121). EMERGÊNCIAS CARDIOCIRCULATÓRIAS Arritmias cardíacas compreendem uma imensa gama de situações clínicas frequentemente presentes nos serviços de emergência. São eventos clínicos que apresentam alterações do ritmo e da frequência cardíaca (FC), decorrentes de desordem na origem, condução e/ou propagação do estímulo elétrico (BANDOUK et. al., 2017, p. 121). As principais causas, denominadas primárias, estão relacionadas a patologias cardíacas como isquemias, miocardite e outros agravos cardiológicos; e, as secundárias, ao consumo abusivo de drogas lícitas e ilícitas, hipotireoidismo e traumas. Nas crianças, as arritmias ocorrem em menor frequência do que em adultos (BANDOUK et. al., 2017, p. 121). Figura 18 – Arritmia Cardíaca Fonte: Hospital Alemão Oswaldo Cruz (2017) Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 62 Figura 19 – APH na arritmia Fonte: Bandouk et. al. (2017, p. 122). As arritmias são classificadas em taquiarritmias e bradiarritmias quando relacionadas à frequência cardíaca, em ventriculares e supraventriculares quando associadas à localização de origem (átrios ou ventrículos) e em estáveis e instáveis de acordo com os sinais e sintomas apresentados (BANDOUK et. al., 2017, p. 121). As bradiarritmias são caracterizadas por frequência cardíaca menor que 50 bpm. Já as taquiarritmias apresentam frequência cardíaca maior que 100 bpm (HAOC, 2017). A avaliação diagnóstica emergencial é pautada principalmente na análise eletrocardiográfica associada à história pregressa, considerando os fatores arritmogênicos, sintomatologia apresentada pelo paciente e alterações hemodinâmicas. Síncope, palpitações, tonturas, rebaixamento do nível de consciência, hipotensão, congestão pulmonar e choque são as principais manifestações clínicas das arritmias (BANDOUK et. al., 2017, p. 122). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 63 A padronização do atendimento é dependente das manifestações clínicas e das alterações eletrocardiográficas. Inclui terapia com medicamentos cronotrópicos adrenérgicos, antiarrítmicos, terapia elétrica com cardioversão, desfibrilação e estimulação elétrica com marca-passo temporário (BANDOUK et. al., 2017, p. 122). DOR TORÁCICA E SÍNDROME CORONARIANA AGUDA Em relação às emergências clínicas, a dor torácica é associada à cerca de 10% dos atendimentos, sendo 20 a 35% motivada por doenças isquêmicas do coração com índice de mortalidade considerado o mais elevado em todo o território nacional, configurando-se problema de saúde pública de grande magnitude (BANDOUK et. al., 2017, p. 125). Pode ser de origem: Cardíaca: como nos casos de angina, infarto ou pericardite. Vascular: nos casos de dissecção de aorta, embolia pulmonar ou hipertensão pulmonar. Gastrintestinal: em caso de pancreatite, úlcera, refluxo gastresofágico, agravos hepáticos, litíase biliar e colangite. Pulmonar: quando decorrente de pneumonia, pleurite ou pneumotórax espontâneo. Outras causas: quando relacionada à dor musculoesquelética, se afetar principalmente a coluna vertebral; a quadro infeccioso, como herpes-zóster; a fatores psicológicos, como síndrome do pânico (BANDOUK et. al., 2017, p. 125). A caracterização da dor torácica é facilitada com a identificação de fatores como: Tipo de dor: opressão, queimação, pontada inespecífica (refere mal-estar, mas não consegue descrever com precisão). Localização: região precordial, retroesternal, epigástrica, irradiada para pescoço, mandíbula, ombro, braço e dorso. Fatores desencadeantes: esforço, estresse, frio, alimentação (BANDOUK et. al., 2017, p. 125). Ao se deparar com um caso de dor torácica, use como abordagem o formato NOPQRST. Com esse formato, você realizará uma análise mais completa dos sinais e sintomas durante o primeiro atendimento, seguindo os seguintes passos (HAOC, 2017): Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 64 Figura 20 - Classificação da dor torácica, segundo tipo de dor e características do quadro clínico. Fonte: Hospital Alemão Oswaldo Cruz (2017) EMERGENCIAS RESPIRATÓRIAS As emergências respiratórias envolvem diferentes afecções, muitas vezes de sistemas distintos, a ação da equipe multiprofissional no rápido reconhecimento e diferenciação dos indicadores do acometimento respiratório, para auxiliar no atendimento ao cliente com o quadro, ora denominado, de maneira geral, como insuficiência respiratória (PRADO et. al., 2017, p. 135). INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA Dentre as situações de emergência atendidas pela equipe multiprofissional, a insuficiência respiratória (IR) é considerada como a incapacidade do sistema respiratório em atender às demandas de oxigênio e/ou eliminar o dióxido de carbono (CO2) produzido por nosso organismo. A alteração do padrão respiratório exige intervenção rápida, por significar ameaça iminente de morte, em virtude da deterioração orgânica ocasionada pela alteração na relação ventilação/circulação, que pode se esgotar em poucos minutos (PRADO et. al., 2017, p. 135). O diagnóstico é confirmado por meio de exame clínico, radiológico e gasométrico. Algumas patologias requerem tomografia computadorizada com contraste, como no caso da embolia pulmonar. O tratamento visa à estabilização do quadro respiratório e da causa que iniciou o desequilíbrio (PRADO et. al., 2017, p. 135). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 65 ASFIXIA Conceitua-se asfixia como a inadequação da oxigenação sistêmica sem que ocorra parada da circulação, caracterizando-se pela incapacidade de falar, tosse fraca e respiração ruidosa, associada ao sinal universal da asfixia, ou seja, quando a pessoa leva as mãos ao pescoço, com o intuito de indicar a dificuldade respiratória. Pode advir de diferentes mecanismos que alteram as condições normais da respiração e é classificada de acordo com o fator desencadeante (PRADO et. al., 2017, p. 136). OBSTRUÇÃO DAS VIAS RESPIRATÓRIAS POR CORPO ESTRANHO A obstrução das vias respiratórias por corpo estranho consiste em emergência grave que ocorre principalmente no ambiente extra-hospitalar, frequentemente durante a alimentação ou em brincadeiras de criança. Os cuidados e a supervisão nas refeições, no aleitamento com mamadeira e nas atividades recreativas com brinquedos adequados contribuem para a prevenção do evento (PRADO et. al., 2017, p. 137). Início repentino de tosse, dificuldade súbita para respirar ou falar, choro fraco se bebê ou criança são indícios de obstrução de vias respiratórias durante os quais o reconhecimento e o tratamento precoce garantem a sobrevida do indivíduo (PRADO et. al., 2017, p. 137). Quadro 05 - Tipos de obstrução das vias respiratórias por corpo estranho. Fonte: Prado et. al., (2017, p. 138). CONDUTAS EM OBSTRUÇÃO GRAVE NO ADULTO E NA CRIANÇA RESPONSIVA Nessa situação, o profissional deve agir imediatamente, realizando manobras de desobstrução por meio da compressão abdominal, que consiste em: Posicionar-se atrás da pessoa; Contornar a cintura da vítima com os braços, localizar o ponto médio entre a cicatriz umbilical e o processo xifoide; No ponto médio, colocar uma mão fechada em punho, com o polegar voltado para o abdome, e posicionar a outra mão, aberta, por cima da primeira; Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 66 Em seguida, comprimir a região abdominal com movimentos para dentro e paracima, em “J”, repetidamente, até a saída do objeto ou a pessoa ficar não responsiva; Em criança, ajoelhar-se – para se posicionar na mesma altura da mesma – e controlar a força de compressão; Em gestante, em obeso ou na impossibilidade de circundar totalmente a cintura, efetuar as compressões em movimento único para dentro, na região central do tórax, no mesmo local da reanimação cardiopulmonar (RCP), até a saída do objeto ou a pessoa ficar não responsiva (PRADO et. al., 2017, p. 137). Figura 21 - Posição para efetuar manobra de desobstrução em adulto, criança e gestante. Fonte: Prado et. al. (2017, p. 139) CONDUTAS EM OBSTRUÇÃO GRAVE NO LACTANTE RESPONSIVO •Inspecionar a cavidade oral rapidamente, na procura de objeto visível e alcançável •Apoiar o lactente sobre o antebraço, com a face voltada para baixo e a cabeça mais baixa que o tronco, mantendo a abertura de vias respiratórias apoiando os dedos da mão na face do lactente •Efetuar 5 golpes no dorso, entre as escápulas •Segurar firmemente o lactente, transferindo-o para o outro antebraço, apoiando a cabeça e mantendo-a mais baixa que o tórax •Efetuar 5 compressões torácicas na mesma região da RCP •Repetir a sequência alternando os braços e efetuando 5 golpes no dorso e 5 compressões torácicas até a saída do corpo estranho ou o lactente ficar não responsivo •Após a saída do objeto, prosseguir com a avaliação primária (PRADO et. al., 2017, p. 137-138). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 67 Figura 22 - Manobra de desobstrução em lactente responsivo. Fonte: Prado et. al. (2017, p. 139) CONDUTAS EM OBSTRUÇÃO GRAVE EM ADULTO, CRIANÇA E LACTENTE NÃO RESPONSIVOS As manobras são semelhantes às realizadas na PCR, com o devido cuidado de observar a cavidade oral após as compressões e visualizar a saída para retirada do corpo estranho: • Avaliar a cavidade oral e a responsividade: se nada for encontrado na cavidade e não responsivo: 1. Posicionar em decúbito dorsal horizontal (DDH) sobre superfície plana, rígida e realizar 30 compressões torácicas 2. Abrir vias respiratórias com inclinação da cabeça e elevação do queixo • Efetuar 2 ventilações e, se o ar não passar, realizar 30 compressões torácicas • Inspecionar a cavidade oral: se objeto visível e alcançável, retirar com dedo em pinça; se não for retirado: Repetir a sequência até ocorrer a saída do corpo estranho ou a passagem do ar Prosseguir na avaliação primária após a retirada do objeto ou passagem do ar (PRADO et. al., 2017, p. 139). DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM Os principais diagnósticos e intervenções de enfermagem para as emergências respiratórias estão associadas a alterações no padrão respiratório, troca de gases prejudicada, perfusão tissular periférica ineficaz e débito cardíaco diminuído (PRADO et. al., 2017, p. 139). Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 68 EMERGÊNCIAS NEUROLÓGICAS CRISE EPILÉPTICA A crise epiléptica caracteriza-se por manifestações paroxísticas recorrentes de sintomas ou sinais motores, sensitivos, psíquicos ou vegetativos como consequência de descarga neuronal anômala. Tem duração de aproximadamente 1 min, acompanhada ou não de perda da consciência (TOMAZINI et. al., 2017, p. 149). As causas podem advir de: febre; trauma cranioencefálico (TCE); meningite; encefalite; alteração específica ou infecção geral não específica do sistema nervoso central (SNC) de distúrbio no período pré-natal, perinatal ou pós-parto; hipoxia neonatal; alteração metabólica ou hidreletrolítica; medicamentos; álcool; drogas ilícitas; fatores genéticos e idiopáticos, além da epilepsia (TOMAZINI et. al., 2017, p. 149). Nas situações em que se trata da primeira crise, é necessário efetuar uma avaliação criteriosa, a fim de relacionar as possíveis causas e definir precocemente o tratamento. As crises podem ser classificadas em: Crise parcial simples: manifestação em apenas uma parte do corpo, acometimento de um dos hemisférios cerebrais, manutenção de consciência. Exemplo: crise parcial motora (TOMAZINI et. al., 2017, p. 149). Crise parcial complexa: inicia-se como uma crise parcial simples, ocorre desorientação temporoespacial, perda de noção da realidade e consciência, acometendo os dois hemisférios. Em crianças, as crises parciais complexas são mais comuns a partir dos 3 anos de idade e podem ocorrer até a adolescência. São caracterizadas por alteração de comportamento e amnésia, eventualmente com sintomas de estimulação do sistema nervoso autônomo, como salivação, ranger de dentes e mordedura de lábios. O episódio dura de 1 a 2 min. Exemplos: crise de ausência e crise clônica (TOMAZINI et. al., 2017, p. 149). Crise tônico-clônica generalizada: ocorrência mais comum nas emergências É caracterizada por descargas neuronais anômalas, com duração de aproximadamente 30 s. Compromete os dois hemisférios cerebrais, apresentando alterações na eletroencefalografia (EEG); inicialmente ocorrem movimentos tônico-clônicos nos quatro membros, sialorreia, mordedura de lábios e/ou língua, perda da consciência, descontrole esfincteriano vesical e/ou anal (TOMAZINI et. al., 2017, p. 149). Status epilepticus ou mal epiléptico: caracteriza-se pela longa duração, permanecendo por cerca de 5 min ou mais, ou é recorrente, com diversas crises seguidas praticamente sem intervalos. Pode ocorrer perda da consciência, Disciplina de URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Página 69 movimentos tônico-clônicos, sialorreia, versão ocular, cianose, perda do controle esfincteriano vesical e/ou anal (TOMAZINI et. al., 2017, p. 149). ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL O AVC, também conhecido como acidente vascular encefálico (AVE) ou, popularmente, como derrame, refere-se ao comprometimento neurológico agudo, caracterizado por alterações súbitas e déficits neurológicos frequentemente focais, ou seja, em determinada região do encéfalo (TOMAZINI et. al., 2017, p. 149).