Prévia do material em texto
2 BIOMA CAATINGA Ecologia, Diversidade, Educação Ambiental e Práticas Pedagógicas 3 4 Francisco José Pegado Abílio Organizador BIOMA CAATINGA Ecologia, Diversidade, Educação Ambiental e Práticas Pedagógicas Editora Universitária da UFPB João Pessoa 2010 5 6 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO Capítulo I – Bioma Caatinga: caracterização e aspectos gerais. Francisco José Pegado Abílio, Camila Simões Gomes, Antônio Carlos Dias de Santana ......................................................................................................................... 06 Capítulo II – Vegetação da Caatinga. Maria Regina de Vasconcellos Barbosa, Francisco José Pegado Abílio, Zelma Glebya Maciel Quirino. ........................ 20 Capítulo III – Fauna da Caatinga. Francisco José Pegado Abílio, Thiago Leite de Melo Ruffo. ................................................................................................. 38 Capítulo IV – Impactos ambientais na Caatinga. Francisco José Pegado Abílio, Hugo da Silva Florentino. ..................................................................... 52 Capítulo V – Conservação da Caatinga. Francisco José Pegado Abílio, Hugo da Silva Florentino, Thiago Leite de Melo Ruffo. ............................................. 78 Capítulo VI – Corpos aquáticos da Caatinga paraibana. Francisco José Pegado Abílio, Maria Cristina Crispim, Jane Enisa Ribeiro Torelli de Souza, José Etham de Lucena Barbosa. ..................................................................... 90 Capítulo VII – Convivência no semi-árido: as populações humanas no contexto do bioma Caatinga. Francisco José Pegado Abílio, Aparecida de Lourdes Paes Barreto, Antonia Arisdélia Fonseca M. A. Feitosa. ................. 116 Referências. ................................................................................................. 135 Sobre os Autores. ....................................................................................... 157 7 Dedicamos este livro: À Profa. Drª. Takako Watanabe pela sua contribuição aos estudos e pesquisas no semi-árido paraibano. Gostaríamos de agradecer: Ao Projeto PELD/CNPq – Bioma Caatinga: Estrutura e Funcionamento, pelo financiamento das pesquisas no Cariri paraibano; À Pró-Reitoria de Pós-Graduação da UFPB, pelo Auxílio à Editoração, através do edital 01/2008/PRPG/UFPB. Aos Biólogos Thiago Leite de Melo Ruffo e Hugo da Silva Florentino e a professora Drª. Cristina Crispim pelas contribuições na formatação e revisão geral dos textos; Ao Professor e amigo Nivaldo Maracajá pelo seu apoio e parceria no Projeto de Educação Ambiental em São João do Cariri; Aos docentes e educandos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio José Leal Ramos, município de São João do Cariri – Paraíba, pelo apoio e amizades. 8 APRESENTAÇÃO O efeito combinado entre as condições climáticas da região semi-árida paraibana e as práticas inadequadas de uso e aproveitamento do solo e demais recursos naturais, tem acentuado o desgaste da paisagem natural, provocando a perda da biodiversidade e o esgotamento dos recursos naturais, além de acentuar o processo de desertificação nas áreas susceptíveis. Buscar a Conservação pela gestão não é algo facilmente executável, principalmente quando as propostas de intervenção apresentadas se contrapõem aos padrões comportamentais da comunidade (1). A mudança de comportamento está diretamente relacionada com a elevação do nível de consciência dos grupos humanos envolvidos. A Escola representa um espaço de trabalho fundamental para iluminar o sentido da luta ambiental e fortalecer as bases da formação para a cidadania(2). Assim, a análise da prática da Educação Ambiental na escola é importante à medida que procura desvendar a natureza do trabalho educativo e como ele contribui no processo de construção de uma sociedade sensibilizada e capacitada a enfrentar o desafio de romper os laços de dominação e degradação que envolve as relações humanas e as relações entre a sociedade e natureza. Os movimentos de reforma educativa da última década têm contribuído para o estudo da qualidade do processo de ensino-aprendizagem, e muitos investigadores focalizam a atenção sobre a capacidade docente e sobre a necessidade de tornar mais atraente e prazerosa a prática pedagógica, tanto para educadores quanto para educandos (3). Portanto, adequar o ensino a essa realidade é incentivar os professores e educandos a serem praticantes da investigação em suas aulas, estabelecendo um sentido maior de valor e dignidade à prática docente. 1 GADOTTI, M. Pedagogia da Terra. São Paulo: Peirópolis, 2000. 2 SEGURA, D.S.B. Educação Ambiental na Escola Pública: da curiosidade ingênua à consciência crítica. São Paulo: Annablume / Fapesp, 2001. 3 ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998. 9 Neste sentido, faz-se necessário levar em consideração as percepções e concepções dos docentes e educandos para organizarmos uma nova ação educativa, que venha resolver ou amenizar os problemas que o homem tem em relação ao ambiente, para que estes atores sociais percebam o ecossistema em que estão inseridos, e assim, sensibilizados e/ou conscientizados, possam melhorar sua qualidade de vida, assim como contribuir para a conservação do bioma Caatinga. Encontramo-nos, neste caso, diante de uma proposta de mudanças. Portanto, nada mais adequado que buscarmos o desenvolvimento da cidadania e formação da consciência ambiental dentro das escolas, sendo a mesma o local adequado para a realização de um ensino ativo e participativo, buscando o conhecimento e a importância da Biodiversidade do Bioma Caatinga e das problemáticas ambientais da bacia hidrográfica do rio Taperoá, no Cariri paraibano, região semi-árida. A produção deste livro é resultado de estudos e pesquisas da equipe do Sub-Projeto “Ecologia Humana e Educação Ambiental”, coordenado pelo Prof. Dr. Francisco José Pegado Abílio (DME/CE/UFPB), vinculado ao PELD (Programa Ecológico de Longa Duração)/CNPq “Bioma Caatinga: Estrutura e Funcionamento” coordenado pela Profa. Dra. Maria Regina de Vasconcellos Barbosa (DSE/CCEN/UFPB). Este livro tem um caráter paradidático e pretende contribuir para ampliar o conhecimento e entendimento do Bioma Caatinga, assim como servir de material didático e de pesquisas para os professores de escolas de ensino fundamental e médio que estão inseridos no referido ambiente, uma vez que neste você vai poder encontrar desde uma caracterização geral do bioma, sua fauna e vegetação, corpos aquáticos, impactos ambientais e conservação, assim como a questão da convivência com o semi-árido na busca de uma sustentabilidade ambiental, com ênfase a exemplos do estado da Paraíba. Ao final de cada capítulo é possível encontrar sugestões de atividades educativas que podem ser aplicadas no âmbito da sala de aula. Boa leitura. 10 CAPÍTULO I BIOMA CAATINGA: CARACTERIZAÇÃO E ASPECTOS GERAIS FRANCISCO JOSÉ PEGADO ABÍLIO CAMILA SIMÕES GOMES ANTÔNIO CARLOS DIAS DE SANTANA ASPECTOS GERAIS Aproximadamente 40% dos solos do planeta Terra correspondem às zonas áridas e semi-áridas e de 20% a 40% da população humana vive nessas regiões. A região semi-árida brasileira representa aproximadamente 13,5% do país e 74,3% da região Nordeste (DINIZ, 1995). O bioma Caatinga é o principal ecossistema existente na Região Nordeste, ocupa uma área de aproximadamente 800.000 km2 (PRADO, 2005), dos quais 200.000 km2 foram reconhecidoscomo Reserva da Biosfera. O conceito de bioma está representado pela interação recíproca dos fatores bióticos e abióticos, na qual a formação vegetal clímax possui características uniformes, como por exemplo, a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, o Cerrado e a própria Caatinga. O bioma inclui não somente a vegetação, como também o clímax edáfico (ou seja, do solo) e as etapas de desenvolvimento, os quais são dominados, em muitos casos, por outras formas de vida (LIMA-E-SILVA et al., 2002). O bioma Caatinga estende-se pelos estados de Sergipe, Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, parte do Maranhão e a região norte de Minas Gerais (BERNARDES, 1999). Este termo é originário 11 da língua Tupi-Guarani, que significa Mata Branca (4), esse nome, define com primazia/veracidade o aspecto da vegetação desta região durante a época da seca, quando suas folhas caem e apenas os troncos branco-acinzentados das árvores e arbustos destacam-se na paisagem (PRADO, 2005). A Caatinga é o mais negligenciado dos biomas brasileiros, nos mais diversos aspectos, embora sempre tenha sido um dos mais ameaçados em decorrência dos vários anos de exploração e uso inadequado dos seus solos e recursos naturais (VELLOSO et al., 2002). Tendo como apoio para a visualização deste fato, Cortez et al. (2007), afirma que menos de 2% da área de Caatinga remanescente está protegida por entidades governamentais e/ou não-governamentais, mostrando assim, a grande necessidade de conservação dos seus sistemas naturais, bem como, da ampliação do conhecimento científico direcionado a este ecossistema. Localizada em uma área de clima semi-árido (Figura 1), o bioma Caatinga apresenta uma ampla variedade de paisagens e significativa riqueza biológica. As plantas e animais deste bioma possuem propriedades diversas que lhes permitem viver nessas condições aparentemente desfavoráveis. O conjunto de interações entre eles é adaptado de tal maneira que o total de plantas, animais e suas relações formam um bioma especial e exclusivo no planeta. Figura 1. Localização do Semi-árido brasileiro (esquerda) e a distribuição do bioma Caatinga (direita) (Fonte: Embrapa). (4) A etimologia Tupi-Guarani da palavra Caatinga consiste das partículas ca’a, planta ou floresta; ti, branco e o sufixo ‘ngá, que lembra, perto de. Assim, “a mata esbranquiçada”. 12 Estudos demonstram que existe uma impressionante taxa de endemismo no bioma Caatinga, ou seja, uma biodiversidade que ocorre exclusivamente desta região, desmistificando a idéia geralmente disseminada de que essa região é “o que sobrou da Mata Atlântica” (MAIA, 2004) ou que seja um ambiente pobre e sem vida. A Caatinga é dominada por tipos de vegetação com características xerofíticas (que apresentam adaptações ao clima seco), entre as quais podemos destacar as folhas, que de um modo geral são finas, inexistentes ou modificadas em espinhos para evitar a predação e diminuir a transpiração. Algumas plantas, como as cactáceas (cactos), possuem raízes rasas, praticamente na superfície do solo, para maximizar a absorção da água da chuva. Estas plantas podem ainda armazenar água em seus caules. A vegetação da Caatinga (Figura 2) é composta basicamente por arbustos e árvores de porte baixo ou médio (3 a 7 metros de altura), com folhas caducas (caducifólias, folhas que caem) e com grande quantidade de plantas espinhosas, como as leguminosas e as cactáceas. Possui uma elevada diversidade e um alto nível de endemismo, o que mostra sua importância para a biodiversidade brasileira (COSTA et al., 2009). Para mais detalhes sobre a vegetação da Caatinga veja o Capítulo II. Figura 2. Gravura representando a vegetação do Bioma Caatinga - Bico de pena de Percy Lau de 1940. (Fonte: BERNARDES, 1999). 13 CARACTERÍSTICAS DO CLIMA E SOLO DA CAATINGA O clima semi-árido caracteriza-se pelas altas temperaturas, com média anual de 25ºC, baixa pluviosidade (entre 250 e 800 mm anuais) e a presença bem definida de duas estações distintas durante o ano (Figura 3): a estação chuvosa, pode variar de 3 a 5 meses, com chuvas bastante irregulares e locais; e a estação seca, que dura entre 7 e 9 meses, praticamente sem chuvas (CALDEIRON, 1992, MAIA, 2004). Paradoxalmente, neste longo período de secura com forte acentuação de calor, está inserido o inverno meteorológico. Mas o povo que sente na pele os efeitos deste calor, em virtude da ausência de perenidade dos rios e de água nos solos, não tem dúvidas em designá-lo simbolicamente por “verão”; em contrapartida, chama o verão chuvoso de “inverno” (AB’SÁBER, 2003). O autor ainda ressalta que os conceitos tradicionais para as quatro estações são válidos apenas para as regiões que vão dos trópicos até a faixa dos climas temperados, tendo quase nenhuma validade para as regiões tropicais, como é o caso do bioma Caatinga. Figura 3. Paisagem da vegetação Caatinga. A) Durante a época chuvosa; B) durante a época seca. Fotos do município de Boa Vista – Cariri paraibano (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano). Nos anos em que o índice pluviométrico se mantém muito baixo, podemos encontrar o fenômeno das “secas” (VELLOSO et al., 2002), situação que é agravada pela grande insolação e pela presença de ventos fortes e 14 secos, contribuindo assim, para a aridez da região. A região apresenta ainda a mais alta taxa de radiação solar - 2800 a 3200 h/ano, com a umidade relativa variando acentuadamente e elevada evapotranspiração (REIS, 1976). Os Solos são freqüentemente rasos e muito pedregosos, quase ou totalmente desprovidos de matéria orgânica, isto é devido principalmente à presença marcante de afloramentos rochosos na região. Uma outra característica marcante dos solos da Caatinga é a sua acidez, que pode ser explicada pela grande abundância de Rochas Calcárias na região, associadas ao acúmulo de sais da água devido à alta evaporação. Segundo Ab’Sáber (2003), em relação aos solos no domínio típico das áreas de caatingas, impera a seguinte combinações de fatos: alteração muito superficial das rochas, não raro com afloramentos de lajedos (irregulares e superfícies rochosas); solos rasos e variados, raras vezes salinos; pode apresentar também campos de inselbergs (5) (por exemplo, morrotes ou colinas sertanejas). Durante muito tempo, todas estas características da região semi-árida foram utilizadas como justificativa para a falta de investimento no desenvolvimento regional ou mesmo pela falta de gerenciamento efetivo das ações desenvolvimentistas tendo os fenômenos ambientais usados como explicação para os alarmantes indicadores sociais, fazendo com que o Nordeste brasileiro sustentasse por muito tempo o título de ”inviável” em quase todos os sentidos (SOUZA, 2005), além de ser palco de disputas políticas que deram origem ao termo “indústria da seca”. No Cariri paraibano a Caatinga é do tipo hiperxerófila, decorrente do tipo climático que envolve a região, BSh – semi-árido quente com chuvas de verão, segundo Köppen e um bioclima do tipo 2b (9 a 11 meses secos) - subdesértico quente de tendência tropical, mediante classificação de Gaussen. Nesta região, a umidade relativa é de aproximadamente 70% e a evapotranspiração é de 2.000 mm/ano (PARAÍBA, 1985). (5) Inselbergue: Elevação que aparece em climas áridos quentes e semi-áridos. Caracteriza-se por seu isolamento, remanescente de uma superfície mais elevada que ocorria no passado geológico da área, onde a erosão o modelou. (LIMA-E-SILVA et al. 2002). 15 Diante da importância e das peculiaridades da Caatinga, é fundamental que a escola, em suas atividades pedagógicas diárias, incorpore conteúdose discussões relacionados com a realidade da Caatinga, buscando assim, reverter a visão apresentada na maioria dos Livros Didáticos de que este ecossistema é pobre em biodiversidade e com pouca importância biológica. Para tanto, é necessário que haja a implementação de práticas pedagógicas voltadas para um despertar da consciência ambiental entre todos os atores sociais relacionados com a escola. Porém, a falta de integração entre as disciplinas ainda é uma fonte de sérios problemas no planejamento e aprendizado dos conteúdos referentes ao Meio Ambiente e à Educação Ambiental (BRASIL, 1998). Os professores de ensino fundamental e médio precisam buscar alternativas e/ou instrumentos para desenvolver estes conteúdos no seu cotidiano escolar, com o intuito de promover um aprendizado significativo (GUERRA; ABÍLIO, 2006). A seguir, são apresentadas algumas sugestões de atividades relacionadas com o bioma Caatinga e a região semi-árida que podem ser trabalhadas no dia a dia da escola. SUGESTÕES DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS Atividade 1: Trabalhando com poemas A Poesia é um instrumento educativo e, quando bem trabalhado, é uma atividade que irá atrair e motivar a participação do aluno. Segundo Zóboli (2004), a poesia apresenta valores como: aprimora a linguagem; desenvolve e enriquece as experiências culturais dos alunos; leva o indivíduo a apreciar o belo; despertam bons sentimentos e emoções; eleva espiritualmente o declamador e os ouvintes; desenvolve a memória e a imaginação, estimulando a criatividade do aluno. Além disso, o poema é uma arte que opera na recriação da realidade, possibilitando aos seres humanos o conhecimento de si e dos outros; daí a consideração sobre a experiência criadora e estética que é capaz de 16 proporcionar na educação escolar (JOSÉ, 2006). Para Fronckowiak e Richter (2005), o poema deve abordar diferentes perspectivas de uma mesma temática, desde temas folclóricos a temas mais globais, facilitando assim o melhor entendimento e a apreensão daquilo que deve ser transmitido. É possível encontrar uma grande quantidade de poemas que retratam e/ou descrevem o semi-árido nordestino e o bioma Caatinga. A seguir, apresentamos dois exemplos de poemas que podem ser trabalhados em qualquer disciplina com diferentes enfoques. Exemplo 1: O cheiro da Caatinga (Autoria de Alexandre Eduardo de Araújo) Senti o cheiro da Caatinga Da fulô da Catingueira Da casca do Cumaru Do Pau Pedra e da Aroeira Na "carta" de Severino Eu voltei a ser menino Descendo em minha ribeira Ribeira das Espinharas De Mofumbo e de Favela De Mulungus e Oiticicas Ipês de flor rocha e amarela Da moita de Jaramataia Na beira do rio se "espaia" Só restam saudades dela. Exemplo 2: Caatinga: Nossa Terra, Nosso Lugar (Autoria de Tânia Cristina da Silva): A cultura Nordestina, Estamos aqui pra mostrar, O valor da Caatinga, Nossa terra, nosso lugar. Onde o sol é causticante, Morre planta, morre gente. Mas o homem não desiste, Porque ele é persistente. Convivendo com o Clima Que castiga a região, O nordestino arruma um jeito De reverter a situação. Cria meios, inventa técnicas Para viver na sua terra Que não é só seca, não! Mesmo com as chuvas escassas E a falta de fontes perenes, Ainda se encontra jeito De ajudar toda essa gente, Que não perde a esperança E tem fé em Deus presente. Captando a água das chuvas, Valorizando a Vegetação, Criando animais Típicos da região. O homem vai aprendendo A conviver com o Semi–Árido, Não deixando sua cultura Viver só de passado Basta apenas os governantes No Sertão acreditar, Fazendo com que o homem do campo Permaneça no seu lugar, Planejando e desenvolvendo ações Para sua vida melhorar. 17 Sugestão de leitura: “Plantas, Prosa e Poesia do Semi-árido” (PEREIRA, 2005), na qual há diferentes poemas e músicas com a temática do sertão e da Caatinga, que podem ser utilizadas de forma interdisciplinar e multidisciplinar no contexto da sala de aula. Atividade 2: Uso e Produção de Vídeos Educativos sobre a Caatinga Possíveis observações poderão ser realizadas diretamente no mundo concreto e representadas em articulação com as perguntas levantadas a partir do programa visto pela Televisão. Na educação, cada meio expressivo tem um caminho e aplicações concretas, e o Vídeo Educativo luta para encontrar sua identidade específica como meio expressivo integrado no processo educativo (FERREIRA; SILVA-JÚNIOR, 1986). A televisão pode ser aplicada na educação quando ela se presta como fonte de ampliação de conhecimentos, como motivação da aprendizagem ou mesmo como veículo de formação e instrução (ZÓBOLI, 2004). A transposição de uma linguagem para outra realizada com emoção e reflexão são importantes para o processo de transmissão e assimilação de conhecimentos, atitudes, valores e informações do mundo. As representações em imagens e sons aproximam-se mais do mundo real do que somente as representações verbais, orais ou escritas e, portanto, a utilização do vídeo permite integrar essas representações (FERRÉS, 1996). Os filmes oferecem vantagens quanto à observação dos acontecimentos de uma maneira altamente significativa, pois, através destes, fatos históricos, sistemas de vida, mensagens, arte, recreação são oferecidos de forma atraente, constituindo-se num incentivo visual, sensitivo e auditivo (SANT´ANNA; SANT´ANNA, 2004). Sugestões de Vídeos Educativos: Tv Escola, o programa Globo Ecologia (rede Globo de Televisão), a Tv Cultura, a Tv Educativa e o canal Futura produziram alguns vídeos sobre a Caatinga, os quais podem ser utilizados como recurso didático para ilustrar e ampliar os conhecimentos sobre o bioma. 18 Dependendo do acervo tecnológico (filmadoras, DVD player, televisão, etc.) da escola é possível produzir vídeos sobre a Caatinga. O uso do computador (ou até mesmo, câmeras digitais ou celulares) também pode ser incentivado no contexto da sala de aula, utilizando imagens deste bioma com intuito de produzir pequenos vídeos. Atividade 3: Leitura de Imagens Quando não é possível a realização da excursão didática e para aproximar os alunos de situações do meio, é possível utilizar a técnica da Leitura de Imagens. Como afirma Carlos (2008), em um cenário histórico-cultural, marcado pelo signo da imagem e da cultura visual, pelo imperativo da aquisição da informação, por meio do jogo das cores, das formas e dos movimentos iconográficos, é imprescindível que os indivíduos aprendam a lidar com essa realidade. Com efeito, o exercício da cidadania contemporânea demanda a aprendizagem de novas competências, exige uma educação do olhar, do ver e do analisar criticamente o mundo pela mediação da Imagem. O uso de fotografias e gravuras retiradas de revistas e jornais, materiais didáticos pouco dispendiosos, simples e acessíveis, pode favorecer a motivação dos alunos, ajudando no desenvolvimento da observação, complementam e enriquecem as aulas expositivas, assim como despertam e mantêm o interesse dos alunos nas atividades propostas (ZÓBOLI, 2004). A percepção dos elementos visuais abstraídos de uma imagem requer não apenas um olhar aguçado sobre o objeto, mas um conhecimento prévio das categorias ali representadas. Portanto, essa é uma atividade que poderia ser perfeitamente aplicada para o fechamento de um tema ou assunto previamente trabalhado com os alunos, comportando-se inclusive, como um instrumento de avaliação. Se utilizada como ponto de partida para determinado tema ou assunto, deverá ser retomada ao final, de modo que os alunos percebam os equívocos da primeira leitura da imagem. 19 Objetivos da atividade: Aguçar a percepção ambiental; Exercitar o diálogo; trabalhar conceitos e desenvolver conteúdos; relacionar áreas de estudo; integrar as idéias no sentido de ampliara visão de mundo e da vida; Reconhecer os diferentes usos dos recursos naturais e os diversos tipos de ocupação do espaço geográfico. Categorias a serem analisadas nas imagens: Elementos físicos e biológicos: o natural (lagoas, rio, riachos, açudes, vegetação, fauna, etc.); Elementos culturais: o construído (cidade, bairro, casas, pessoas, modo de vida, cultura). Procedimento: Distribua diferentes “imagens”, fotos e/ou esquemas gráficos de paisagens; discuta com o grupo sua percepção sobre o que vê e tente descrevê-la enfocando os aspectos elencados nas categorias; reflita sobre suas características e os problemas (impactos) ambientais e socialize as discussões entre os grupos. Observação: É importante selecionar fotos e imagens de ecossistemas de sua cidade ou região próxima (Figura 4), a fim de facilitar o processo de aprendizagem. Figura 4. Discussões sobre as imagens e montagem de um painel com fotografias da Caatinga, trabalho resultante de oficinas pedagógicas com professores da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio José Leal Ramos, São João do Cariri – PB (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano). 20 Atividade 4: Leitura da Paisagem, Estudos do Meio e Trilhas Ecológicas Interpretativas Objetivos da atividade: Despertar a necessidade de conservação do bioma Caatinga; Reconhecer diferentes elementos da natureza, tais como, tipos de vegetação e grupos animais da Caatinga. Procedimento: Os professores podem selecionar uma área próxima à escola ou uma reserva ecológica para desenvolver estas atividades (Figura 5). Figura 5. Trilhas interpretativas e estudos da paisagem no entorno do açude Namorados, realizados com professores e alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio José Leal Ramos, São João do Cariri – PB (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano). Através da Leitura da Paisagem podemos relacionar a escola com a comunidade onde vive o educando, para que ele se torne consciente da realidade que o circunda e da qual ele deve participar. A realização de Estudos do Meio é motivadora para os alunos, pois desloca o ambiente de aprendizagem para fora da sala de aula (BRASIL, 2002b). Permite a aquisição de atitudes de observação crítica da realidade e despertar da sua curiosidade assim como possibilita a percepção integral da realidade local e obtenção de dados informativos sociais, políticos, históricos, geográficos, econômicos, que o ajudarão a analisar melhor a realidade que o rodeia (ZÓBOLI, 2004). 21 Quando falamos em Trilhas Ecológicas e Interpretativas (Figura 5), estamos falando de um instrumento importante para o desenvolvimento da Educação Ambiental, como forma de despertar a consciência, trazendo à tona a importância de se conservar, por meio de atividades ou dinâmicas que aproximam o público das realidades sobre as questões ambientais, sociais, culturais, históricas e artísticas. Visa à sensibilização do indivíduo, sobre o seu papel como cidadão, garantindo uma atitude consciente no meio em que vive e colaborando para um meio ambiente equilibrado para atuais e futuras gerações (MAMEDE, 2003). Atividade 5: Construindo conhecimento socializado sobre o semi-árido e a Caatinga através do uso de jornais no contexto da sala de aula. Objetivos da atividade: Desenvolver a capacidade criativa do aluno; Selecionar conteúdos referentes ao semi-árido e a Caatinga no contexto dos jornais locais/nacionais; Utilizar uma técnica lúdica-construtiva-interacionista através da produção de um recurso didático inovacional-alternativo; Aplicar o uso de uma Metodologia da Descoberta/Redescoberta no contexto da sala de aula. Procedimento: Utilizar jornais de circulação local/nacional e através destes produzir cartazes referentes à temática estudada (Figura 6). O aluno deve utilizar as figuras e/ou gráficos dos jornais e produzir um recurso didático criativo (Cartaz, Painel, etc.), contextualizado e adequado ao tema proposto. Observações: É interessante que sejam seguidas às normas de elaboração de um recurso visual, evitando colocar muito texto (colar reportagens inteiras), produzir o recurso com título, figuras, etc. Após a elaboração do recurso (que pode ser realizadas em grupos), estes devem discutir e apresentar seu recurso à turma, explicando o conteúdo deste. 22 Figura 6. Oficina de produção e apresentação de cartazes utilizando jornais realizada com professores da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio José Leal Ramos, São João do Cariri – PB (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano). Atividade 5: Caatinga: temática multidisciplinar Em geral, a pouca discussão existente sobre o bioma Caatinga está restrita aos livros didáticos de Biologia ou de Geografia, sem haver qualquer relação com as demais disciplinas do currículo escolar. Desta forma, se torna cada vez mais difícil transmitir para os educandos a realidade desta região, criando-se uma barreira para o despertar do interesse pela conservação deste ecossistema. Dentro desta perspectiva de integração entre as disciplinas, é totalmente possível que um texto de um livro didático de Biologia, por exemplo, seja utilizado por um professor de Português, Inglês ou Matemática como texto- base para discussões em sala de aula. A seguir, apresentamos uma sugestão de um texto retirado de um livro de Biologia e traduzido para o Inglês, para que a temática da Caatinga seja abordada de forma multidisciplinar e/ou interdisciplinar. 23 Exemplo: O bioma Caatinga (Texto retirado de: AMABIS, J.M ; MARTHO, G.R. Biologia: Biologia das populações, São Paulo: Moderna, 2004, v. 3, 2 ed. ). A Caatinga é um bioma que ocupa cerca de 10% do território brasileiro, estendendo-se pelos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia e norte de Minas Gerais. A Caatinga tem índices pluviométricos baixos, em torno de cerca de 500 mm a 700 mm anuais. Em certas regiões do Ceará, por exemplo, embora a média para anos ricos em chuva seja de 1000 mm, pode chegar a chover apenas 200 mm, nos anos secos. A temperatura situa-se entre 24 e 26 ºC, variando pouco ao longo dos anos. Além de suas condições climáticas serem rigorosas, a região das Caatingas está submetida a ventos fortes e secos, que contribuem para a aridez da paisagem nos meses de seca. A vegetação é formada por plantas com marcantes adaptações ao clima seco, como folhas transformadas em espinhos, cutículas altamente impermeáveis, caules que armazenam água, etc. essas adaptações compõem o aspecto característico das plantas da Caatinga, denominadas xeromórficas (do grego xeros, seco, e morphos, forma aspecto). São plantas cactáceas, como Cereus sp. (mandacaru e facheiro) e Pilocereus sp. (xiquexique), e também arbustos e árvores baixas, como mimosas, acácias, amburanas (leguminosas), que em sua maioria perdem as folhas (caducifólias) na estação das secas, conferindo à região seu aspecto típico, espinhoso e agreste. Entre as poucas espécies da Caatinga que não perdem as folhas na época da seca, destaca-se o juazeiro (Zizyphus joazeiro), uma das plantas mais típicas desse bioma. The Caatinga biome (Texto traduzido por Camila Simões Gomes) The Caatinga is a biome that occupies about 10% of Brazilian territory, extending the state of Piaui, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia and North of Minas Gerais. The pluviometric indices in Caatinga are generally low, around 500 mm to 700 mm per year. In certain regions of Ceará, for example, although the medium precipitations for rainy year is around 1,000 mm, during doughty years can reach only 200 mm per year. The temperature is between75 and 79º F, showing a little variation over the years. Aside from its rigorous climatic conditions, the region of the Caatingas is subjected to strong and dry winds, contributing to the dryness of the scenery in the months of drought. The vegetation is formed by plants with outstanding capacity of adaptations to the dry climate, such as leaves turned into thorns, highly waterproof cuticles, stems that store water and so on. These adaptations compose the characteristic aspect of the plants of the Caatinga, so-called xeromorphics (from the greek xeros, dry and morphos, shape, aspect). They are cactaceous plants, like Cereus sp. (mandacaru and facheiro) and Pilocereus sp. (xiquexique), and also shrubs and low trees, like mimosas, acacias, amburanas (leguminous plants), which in its majority lose the leaves (caducifólias) in the dry station, giving the region its typical, thorny and rural aspect. Among few sorts of the Caatinga species that do not lose the leaves in the time of the drought, it stands out the Juazeiro (Zizyphus joazeiro), one of the most typical plants of this biome. 24 CAPÍTULO II VEGETAÇÃO DA CAATINGA MARIA REGINA DE VASCONCELLOS BARBOSA FRANCISCO JOSÉ PEGADO ABÍLIO ZELMA GLEBYA MACIEL QUIRINO ASPECTOS GERAIS A vegetação de Caatinga ocupa a maior parte do semi-árido nordestino estendendo-se, porém, até o norte de Minas Gerais. Um conjunto de características básicas comuns define a Caatinga como uma vegetação caducifólia, com plantas xerófitas (adaptadas à deficiência hídrica), apresentando acúleos, espinhos ou suculência (RODAL; SAMPAIO, 2002). As ervas são anuais e efêmeras, aparecendo apenas na curta estação chuvosa, predominando arbustos e árvores de pequeno porte, sem formar um dossel contínuo. Cactos e bromélias terrestres são elementos importantes da paisagem da Caatinga. As espécies, em geral, possuem folhas pequenas ou com lâminas subdivididas existindo, inclusive, algumas sem folhas (áfilas), como os cactos (Figura 1) nos quais estas estão transformadas em espinhos para reduzir ao máximo a perda de água por transpiração. Existem vários subtipos de Caatinga, sendo a principal diferença fisionômica entre eles a predominância de arbustos ou árvores, distinguindo-se dessa forma: Caatinga arbustiva, Caatinga arbustiva-arbórea ou Caatinga arbórea. A densidade de indivíduos arbustivos ou arbóreos por sua vez define se aquela é uma vegetação aberta, quando rala, ou fechada, quando mais densa. Assim, como por exemplo, poderíamos ter tanto uma Caatinga arbustiva-arbórea aberta quanto uma Caatinga arbustiva-arbórea fechada. 25 Figura 1. (A) Representação da vegetação e paisagem típica da Caatinga no Cariri Paraibano e algumas espécies nativas: (B) Mandacaru, (C) Coroa-de-frade (D) e Macambira. (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano). A primeira é a mais comum e compreende as áreas com vegetação lenhosa aberta, onde o estrato dominante é o arbustivo, podendo ocorrer indivíduos arbóreos esparsos. Embora a precipitação seja o principal fator determinante nas variações em porte e biomassa das comunidades vegetais na Caatinga, a profundidade do solo associada à sua permeabilidade secundariamente explicariam grande parte da variação encontrada (SAMPAIO et al., 1981). A vegetação de Caatinga, segundo Sampaio e Rodal (2000), ocupava uma área de aproximadamente 935 mil km2, sendo 297 mil com Caatinga hiperxerófila (característica de áreas extremamente secas); 247 mil com Caatinga hipoxerófila (em áreas um pouco mais úmidas). Os restantes 391 mil km2 correspondiam a áreas mescladas ou em contato com florestas secas (169 mil), cerrado (110 mil km2), floresta e cerrado (101 mil km2) e campos de altitude (22 mil km2). No entanto, estas são áreas de ocupação potencial, sendo grande parte delas já desmatadas ou muito antropizadas. 26 Estudos recentes sobre o bioma Caatinga identificaram uma ampla diversidade de espécies vegetais (Quadro I). Considerando que as estimativas para a flora do Brasil estão em torno de 60 mil espécies, a região Nordeste compreende cerca de 15% do total da flora brasileira (BARBOSA et al., 2006). No semi-árido encontram-se 5.344 espécies, dessas ocorrem na Caatinga aproximadamente 28% (QUEIROZ et al., 2006a). Quadro I. Resumo da diversidade vegetal para o bioma Caatinga no Nordeste brasileiro e no estado da Paraíba (Fonte: GIULIETTI et al. 2002, BARBOSA et al. 2006, QUEIROZ et al. 2006b, BARBOSA, 2007). LOCALIDADE NÚMERO DE ESPÉCIES Flora Total do Nordeste 8.026 espécies em 177 famílias de Angiospermas Flora da Caatinga 1.512 espécies, sendo 318 endêmicas Flora do Cariri Paraibano 400 espécies em 85 famílias de Angiospermas Todavia, diversas espécies já se encontram ameaçadas de extinção, como a Aroeira, Jaborandi e a Baraúna. As famílias arbóreas e arbustivas mais diversas são: Leguminosae (exemplos: catingueira - Caesalpinia pyramidalis Tul., juremas - Mimosa spp., mulungu – Erythrina velutina Willd.); Euphorbiaceae (exemplo: o marmeleiro – Croton sonderianus Müll. Arg.); Cactaceae (exemplo: mandacaru - Cereus jamacaru DC.) e Bromeliaceae (exemplo: macambira), tradicionalmente associadas à fisionomia da Caatinga, também estão bem representadas nessa vegetação, todavia, mais em função do número de indivíduos do que propriamente do número de espécies. A catingueira, as juremas e os marmeleiros são as plantas mais abundantes na maioria dos trabalhos de levantamento realizados em remanescentes de Caatinga. Outras espécies comuns à Caatinga arbustivo- arbórea podem ser citadas, tais como: facheiro (Pilosocereus pachycladus F.Ritter); xique-xique (Pilosocereus gounellei (F.A.C.Weber) Byles & G.D.Rowley); macambira (Bromelia laciniosa Mart. ex Schult. f.) e caroá (Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez). 27 Agra (1997) apresentou uma estimativa de 150 espécies de plantas que são empregadas para fins medicinais na Caatinga Para o Cariri paraibano, em dados mais recentes, Agra et al. (2007) registrou 70 espécies de plantas de uso etnomedicinais. No quadro II apresentamos alguns exemplos de Angiospermas da Caatinga e seus usos. Quadro II. Algumas espécies de angiospermas e seus respectivos usos medicinais (Retirado e adaptado de Agra et al., 2007). Algumas espécies de Angiospermas Alguns tipos de usos medicinais Myracrodruon urundeuva Allemão (Aroeira) A casca do caule é usada como antiinflamatório ovariano, uso tópico contra úlceras externas. Spondias tuberosa Arruda (Umbuzeiro) A casca do caule é empregada como oftálmico; Os frutos oferecem grande quantidade de vitaminas. Aspidosperma pyrifolium Mart. (Pereiro, Pau-Pereiro) A casca do caule é utilizada contra inflamações do trato urinário, e externamente contra dermatites. Tabebuia aurea (Silva-Manso) Benth. & Hook.f. ex S. Moore (Craibera) O xarope da casca do caule é indicado no tratamento de gripes e bronquites. Bromeilia laciniosa Mart. ex schult. f. (Macambira) O chá da raiz é empregado no tratamento de hepatites; a “farinha” da macambira é utilizada como fonte de proteína. Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillett (Imburana, Umburana) O lambedor da casca do caule é empregado no tratamento de gripes, tosses e bronquites. Licania rigida Benth. (Oiticica) O macerado das folhas é utilizado no tratamento do diabetes. Combretum leprosum Mart. (Mofumbo) O xarope das folhas e cascas do caule é usado como expectorante, contra tosses e coqueluches. Cnidoscolus quercifolius Pohl (Favela) O macerado da casca do caule é utilizado contra inflamações dos ovários e próstatas. Caesalpinia pyramidalis Tul. (Catingueira) O macerado do caule, misturado em vinho ou cachaça é indicado como afrodisíaco; O xarope do caule é empregado como expectorante e indicado contra bronquitese tosses. Ziziphus cotinifolia Reiss. Ziziphus joazeiro Mart. (Juazeiro) A parte mais utilizada desta planta é a casca do caule, que é utilizada para a escovação dentária e contra caspas e seborréia. A partir desta pode-se ainda fazer um xarope, que pode ser utilizado no tratamento da tosse. Anadenanthera colubrina var. cebil (Griseb.) Altschul (Angico) O xarope da casca do caule é empregado no tratamento de tosses, coqueluches e bronquites. 28 Dentre as plantas da Caatinga, as Cactáceas se destacam como um grupo predominante na sua fisionomia, apresentando importância econômica, com várias espécies sendo cultivadas como ornamentais, forrageiras, medicinais e/ou alimentícias (Quadro III). Quadro III. Alguns tipos de cactáceas e seus respectivos usos. (ANDRADE, 2008, AGRA et al., 2007). Cactácea Alguns tipos de usos Melocactus zehntnerii Britton & Rose (Coroa-de-Frade, Cabeça-de- Frade) Medicinal: a raiz é utilizada como remédio para “quentura”; a polpa do caule misturado ao açúcar ou mel é indicada no tratamento de bronquites, tosses e debilidades físicas; O cacto integral é utilizado para ornamentar casas; O fruto serve para alimentação humana; Culinária: serve para fazer doces. Cereus jamacaru DC. (Mandacaru-de-Boi, Mandacaru) Medicinal: a raiz serve para gripe, sífilis, problema de uretra, dor nos rins, etc.; a polpa do caule misturado ao açúcar, é indicada no tratamento de úlceras do estômago; O espinho, dentre outras funções, pode ser utilizado para costurar roupas; Ornamental e alimentação humana e animal. Pilocereus catingicola (Guerke) Byles & Rowley (Mandacaru-Babão, Mandacaru-de-facho) A planta integral é utilizada para fazer cerca viva; A medula serve para fazer ripas de casas e para alimentação humana; O fruto é utilizado para alimentação humana e animal. Opuntia ficus-indica (L.) Mill. (Palma-de-Gado, Palma- forrageira) Medicinal: a raiz é utilizada para inflamação na vagina e no útero, gripe e chá “pra quentura”; do cladódio (caule) pode-se fazer chá para dor de barriga; Alimentação humana e animal. Opuntia dillenii (Ker-Gawler) Haworth - (Palma-de-Espinho) Serve para alimentação animal; A planta integral é utilizada para fazer cerca viva. Opuntia palmadora Britton e Rose - (Palmatória) A planta inteira é utilizada para fazer cerca viva; O cladódio (caule) é utilizado para alimentar seres humanos. Medicinal: a raiz é utilizada para fazer chás para “quentura” e problemas na uretra. Harrisia adscendens (Gürke) Britton & Rose (Rabo-de-Raposa) Medicinal: a raiz serve para gripe, sífilis, problema de uretra, dor nos rins e coluna. Serve também para fazer “bochechada” para dor de dente; O fruto é utilizado é utilizado para alimentação humana e animal; A planta inteira é utilizada na ornamentação de casas. Pilosocereus gounellei (F.A.C. Weber) Byles & G.D. Rowley (Xique-Xique) O fruto é utilizado é utilizado para alimentação humana e animal; A planta inteira é utilizada na ornamentação de casas e para fazer cerca viva; 29 Na Paraíba, a família Cactaceae está representada por 17 espécies subordinadas a nove gêneros, que se encontram distribuídas nas diversas microrregiões do Estado (ROCHA et al. 2006). Para o Cariri paraibano, são 10 espécies registradas (BARBOSA et al. 2007). Nas áreas onde as condições edafo-climáticas são menos favoráveis como no caso da região do Seridó, a Caatinga constitui-se praticamente de um estrato herbáceo quase contínuo de capim panasco (Aristida setifolia Kunth), com esparsas touceiras de xique-xique e alguns indivíduos de catingueira e jurema, bem separados entre si. Já nas áreas onde a umidade é mais elevada e os solos mais profundos, a Caatinga era originalmente do tipo arbórea. Deveriam ser comuns espécies de porte elevado como a baraúna (Schinopsis brasiliensis Engl.), a aroeira (Myracrodruon urundeuva (Allemão) Engl.), o angico (Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan) dentre outras, hoje bastante raras. Todavia, em função do elevado grau de antropização, predomina hoje nessas áreas uma vegetação de porte arbustivo com domínio de favela (Cnidosculos quercifolius Pohl), pereiro, marmeleiro (Croton sonderianus Müll. Arg.), jurema preta (Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.), e outras espécies do gênero Mimosa. Ao longo das margens de alguns rios ocorrem oiticicas (Licania rigida Benth.), craibeiras e indivíduos de carnaúba (Copernicea prunifera (Mill.) H.E.Moore) representando os restos de antigas matas ciliares. As principais espécies forrageiras (6), segundo Maia (2004), são o angico, o pau-ferro (Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul.), a catingueira, a aroeira, canafístula (Senna spectabilis var. excelsa (Schrad.) H.S. Irwin & Barneby), o marizeiro (Geoffroea spinosa Jacq.), o juazeiro, e outras espécies arbóreas, como a Jurema Preta, além de frutíferas como o umbuzeiro, que servem de alimento à população local. De fato, o umbuzeiro é de grande importância para as populações rurais das regiões mais secas do Nordeste, fornecendo frutos (6) Qualquer espécie de vegetação, natural ou plantada, que cobre uma área e é utilizada para alimentação de animais, seja ela formada por espécies de gramíneas, leguminosas ou plantas produtoras de grãos. Disponível em <http://www.zootecniabrasil.com.br/sistema/modules/tiny1/.>. Acesso em 31 jul. 2009. 30 saborosos e nutritivos e túberas radiculares (“batatas do umbuzeiro”) doces e ricas em água (MENDES, 2001). A Caatinga, através da sua cobertura vegetal, presta inúmeros serviços ambientais em escala global, como o seqüestro de carbono, a manutenção de padrões regionais de clima, a preservação do solo e da água. FENOLOGIA, POLINIZAÇÃO E DISPERSÃO NA CAATINGA A fenologia compreende uma área da Ecologia a qual estuda o funcionamento dos ecossistemas e seus eventos biológicos cíclicos, como períodos de floração e frutificação, queda de folhas e brotamento das espécies. Observações sobre épocas de floração e frutificação das espécies existem desde antiguidade, por estarem diretamente relacionados com alimentação da humanidade. O conhecimento sobre o período vegetativo (brotamento e queda de folhas) e reprodutivo (floração e frutificação) das espécies fornece informações sobre a disponibilidade de recursos para polinizadores e dispersores, assim como a organização temporal destes, dentro das comunidades e ecossistemas (NEWSTRON et al. 1991; MORELLATO; LEITÃO-FILHO, 1990). Atualmente, o conhecimento fenológico vem sendo reconhecido como importante parâmetro a ser utilizado para caracterizar ambientes (LIETH, 1974). Segundo Bowers; Dimmitt (1994), o tempo de floração e frutificação afeta aspectos críticos do ciclo de vida das plantas, particularmente a polinização e a dispersão de sementes, estabelecendo, desta forma, as próximas fases do ciclo de vida (germinação das sementes e estabelecimento das plântulas). No caso das regiões áridas, como a Caatinga, ocorre sazonalidade, isto é, uma diferença marcante entre as estações seca e chuvosa, o que interfere no comportamento fenológico das populações vegetais, que estão submetidas a longos períodos de seca. A maioria das plantas apresenta comportamento decíduo (perdem as folhas) na estação seca, mas também podem ser encontradas espécies perenes (sempre apresentam folhas). 31 A existência de ritmos periódicos para as fenofases vegetativas e reprodutivas em florestas tropicais tem sido ressaltada especialmente para savanas tropicais (SARMIENTO; MONASTÉRIO, 1983; MANTOVANI; MARTINS, 1988; BATALHA; MANTOVANI, 2000; BATALHA; MARTINS, 2004) e Caatinga (BARBOSA et al. 1989; MACHADO et al. 1997; QUIRINO, 2006). De maneira geral, as fenofases no bioma Caatinga ocorrem de maneira concentrada, caracterizando um padrão sazonal nas comunidadesjá estudadas (MACHADO et al. 1997; QUIRINO, 2006). A queda de folhas, por exemplo, ocorre durante a estação seca, em meados de setembro, de forma quase sincrônica, ou seja, com todos os indivíduos perdendo as folhas no mesmo período. A proporção de espécies decíduas é de 85 a 90%, valores maiores que o de outras florestas secas (ex. Costa Rica e Chaco Argentino). Porém, a intensidade de queda foliar pode variar entre os anos, com espécies decíduas comportando-se como semi- decíduas (perdendo apenas parte das folhas), por exemplo, Aspidosperma pyrifolium (Pereiro), Caesalpinia ferrea (Pau-ferro) e Ceiba glaziovii (Kuntze) K. Schum. (Barriguda). A intensidade de perda de folhas esta diretamente relacionada com a variação do estado hídrico, ou seja, em anos com estação chuvosa mais longa, menor a perda de folhas. Segundo Reich; Borchert (1984) e Borchert et al. (2002), a queda foliar representa uma resposta ao estresse hídrico, estando, portanto, envolvida na capacidade de suportar a perda de água, capacidade esta que varia de espécie para espécie. A fase de brotamento também é marcadamente sazonal, ocorrendo no final da estação seca, possivelmente sendo induzida pela perda de folhas, principalmente nas espécies arbóreas. Segundo Borchert (1994) e Reich; Borchert (1984), a perda de folhas permite redução na taxa de transpiração, possibilitando assim a reidratação de ramos sem folhas e, a partir disto, o início da produção de novas folhas, ainda na estação seca. O padrão sazonal para floração não é encontrado para as comunidades de Caatinga em geral. O período de floração ocorre em três grupos: um pequeno número de espécies floresce no início da estação chuvosa, um segundo grupo na transição entre chuvosa e seca e o ultimo grupo formado 32 principalmente por árvores florescendo na durante a estação seca (Quadro IV). Com a floração na comunidade ocorrendo de maneira contínua (sensu Newstrom et al. 1994), embora apresentando dois períodos principais de produção de flores, este padrão facilita a manutenção de polinizadores, e, em se tratando de ambientes sazonais, além da manutenção, reduz a competição por polinizadores. A frutificação apresenta-se durante todo o ano, com maior concentração de frutos maduros na estação chuvosa. O período de frutificação também está associado às características como: tipo de fruto, modo de dispersão e melhor período de germinação das sementes. O amadurecimento dos frutos zoocóricos (dispersos por animais) ocorre no período úmido e dos anemocóricos (dispersos pelo vento) na estação mais seca (Quadro IV). Uma pequena proporção de espécies zoocóricas apresenta frutos maduros na estação seca, e este fato deve estar relacionado à disponibilidade de água no solo, ajudando na manutenção da fauna, disponibilizando recursos alimentares em períodos de escassez. A distribuição de espécies com flores e frutos ao longo das estações possibilita a existência de recursos disponíveis durante todo o período para polinizadores e dispersores, embora se tratando de uma região com uma grande sazonalidade climática. As flores da Caatinga apresentam uma grande variedade de forma, tamanho e cores, isso faz com que várias espécies de animais polinizadores possam estar envolvidas nos mecanismos de polinização da flora. A existência de adaptações entre flores e animais polinizadores foi inicialmente relatada por Christian Konrad Sprengel em 1793 (ENDRESS, 1994). Tais adaptações são definidas como síndromes de polinização, ou seja, o estudo das características florais e a identificação do possível vetor de pólen, que acaba nos levando a uma melhor compreensão da relação planta- polinizador. Os polinizadores buscam diversos recursos florais, como néctar, pólen, óleo, resina e odores. O mais abundante nas espécies de Caatinga é o néctar, 33 o qual serve de alimento para abelhas, borboletas, mariposas, beija-flores e morcegos. Após o início da estação chuvosa encontramos diversas espécies em floração, como a Aroeira, a qual possui flores claras e com odor adocicado, sendo visitadas por abelhas. Na estação seca uma das espécies mais conhecidas é o Umbuzeiro, cuja floração ocorre na estação seca, sendo, portanto, um importante recurso para as abelhas neste período. Os exemplos acima citados são plantas conhecidas como melitófilas, ou seja, que possuem características morfológicas que facilitam a polinização por abelhas. Na Caatinga podemos encontrar também espécies ornitófilas (polinizadas por pássaros) como o Caroá. Outro tipo de polinizador bastante conhecido são espécies de morcegos nectarívoros, os quais visitam frequentemente espécies de Cactaceae, como o Facheiro (Pilosocereus piauhiensis) e o (Xique-xique), sendo denominadas de flores polinizadas por morcegos ou quiropterófitas. As espécies com antese noturna, ou seja, que disponibilizam os recursos de suas flores durante a noite, como o Mandacaru e a Pata-de-vaca (Bauhinia cheilantha (Bong) Steud), são visitadas frequentemente por espécies de mariposas, são denominadas plantas esfingófilas. A Caatinga possui diferentes síndromes de polinização, com uma distribuição temporal. A manutenção destes recursos contribui, portanto, para a manutenção das interações existentes ente plantas e animais. É necessário ressaltar que ainda é necessário obtenção de mais dados sobre a fenologia na Caatinga, com o acompanhamento de vários anos, talvez com auxílio de informações das comunidades locais, para que conclusões mais completas sobre as interações entre o clima e vegetação possam ser obtidas. 34 Quadro IV. Lista de espécies da Caatinga, hábito e estação de floração e frutificação (seca - estação seca; chuvosa - estação chuvosa; transição - na transição entre as estações seca e chuvosa) e dispersão (zoo - zoocórica; ane - anemocórica e aut - autocórica). Fonte: Barbosa et al. 1989; Machado et al. 1997; Quirino, 2006. Família / Espécie Hábito Floração Frutificação Dispersão ANACARDIACEAE Spondias tuberosa Arruda (Umbuzeiro) árvore seca chuvosa zoo Myracrodruom urundeuva Fr. Allen (Aroeira) árvore seca chuvosa zoo ANNONACEAE Rollinia leptopetala R. E. Fr (Pinha Brava) árvore seca chuvosa ane APOCYNACEAE Aspidosperma pyrifolium Mart (Pereiro) árvore seca seca zoo Allamanda blanchetti DC. (Pente-de-macaco ou Quatro pataca) erva chuvosa seca ane BORAGINACEAE Cordia leucocephala Moric. (Moleque duro) arbusto chuvosa chuvosa zoo BROMELIACEAE Bromelia laciniosa Mart. ex Schultf. (Macambira) arbusto transição seca ane BURSERACEAE Commiphora leptophloes (Mart.) J. B. Gillett (Amburana ou Imburana) árvore chuvosa transição zoo CACTACEAE Cereus jamacaru DC. (Mandacaru) arbusto início chuvosa chuvosa zoo Melocactus zehntneri (Britton & Rose) Luetzelburg (Coroa-de- frade) - ano todo ano todo zoo Pilosocereus catingolas (Facheiro) arbusto chuvosa chuvosa e transição zoo Opuntia inamoema K. Schum (Combeba) transição ano todo zoo Pilosocereus gounellei (Weber) Byl. Et Rowl. (Xique-xique) arbusto chuvosa chuvosa zoo COCHLOSPERMACEAE Cochlospermum sp. (Algodão bravo) arbusto seca seca ane 35 COMBRETACEAE Combretum leprosum Mart. (Mofumbo) arbusto chuvosa transição ane Combretum pisonioides Taub. (Canela-de-veado) arbusto chuvosa transição ane EUPHORBIACEAE Jatropha molissima (Pohl) Baill (Pinhão) arbusto chuvosa e seca transição aut Manihot caricaefolia Pohl (Maniçoba) arbusto chuvosa chuvosa aut Croton rhamnifolioides Pax & H. Hoffm. (Marmeleiro branco) arbusto chuvosa chuvosa aut Croton sonderianusMuell. Arg. (Marmeleiro) arbusto chuvosa chuvosa aut FABACEAE (Leguminosas) Amburana cearensis (Allemão) A.C. Smth (Cumaru) árvore chuvosa chuvosa aut Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan (Angico) árvore seca final da seca seguinte aut Bauhinia cheilantha (Bong) Steud. (Mororó) árvore chuvosa chuvosa aut Dioclea grdiflora Mart. Ex Benth. (Mucunã) trepadeira chuvosa chuvosa aut Caesalpinia ferrea Mart. Ex Tul. (Pau-ferro) árvore chuvosa transição aut Caesalpinia pyramidalis Tul (Caatingueira) árvore chuvosa e seca chuvosa e seca aut Piptadenia stipulaceae (Benth) Ducke (Jurema branca) árvore transição transição aut Mimosa sp. (Jurema vermelha) árvore chuvosa e seca seca aut Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. (Jurema preta) árvore seca seca aut MALVACEAE Ceiba glaziovii (Barriguda) árvore transição seca ane NICTAGINACEAE Guapira sp. (João mole) árvore transição transição zoo RHAMNACEAE Ziziphus joazeiro Mart. (Juazeiro) árvore chuvosa chuvosa zoo RUBIACEAE Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl) Schum. (Jenipapo) árvore chuvosa transição zoo 36 SUGESTÃO DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS Atividade 1: Elaboração de calendário das flores Objetivos da atividade: Desenvolver a curiosidade e a investigação sobre a paisagem; Reconhecer e classificar as plantas da Caatinga quanto ao período de floração e frutificação. Procedimento: Os professores podem sugerir aos alunos que elaborarem um calendário, verificando a cada mês as espécies que se encontram em período de floração. Sugestão: De forma multi-interdisciplinar os docentes das diferentes disciplinas podem sugerir atividades tais como: o professor de artes pode produzir uma oficina de desenhos e pinturas sobre as flores da Caatinga; o professor de português pode solicitar a produção de textos e/ou poemas relacionados à cores e cheiros da flora; etc. ATIVIDADE 2: Trabalhando com a produção de textos na sala de aula Objetivo da atividade: Desenvolver a criatividade e a capacidade de escrita dos educandos. Procedimento: A partir de palavras chaves sobre a Caatinga, elencadas pelos alunos, é possível construir textos sobre o bioma. No exemplo abaixo é possível ver a produção de um texto de alunas de uma escola pública do Cariri paraibano. Exemplo: A seca e a chuva na Caatinga (de autoria das alunas Ingrid Renaly Ramos Cantalice e Maria Nazaré Alves da Silva; trabalho orientado pela professora Maria Stela Maracajá – Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Jornalista José Leal Ramos). 37 Um retrato da Caatinga O solo da Caatinga é um solo com muita pedra, um solo meio avermelhado e muito difícil para escavação. No Cariri, tem uma vegetação que no período da seca as árvores perdem as folhas para diminuírem o gasto de água para que ela possa resistir à seca. O período da chuva da Caatinga é de março em diante, mas costuma chover no mês de dezembro. As árvores predominantes da Caatinga são: o umbuzeiro, o juazeiro, o xique-xique e o mandacaru. De animais a gente tem a ema, a seriema, o tatu e a juriti. A Caatinga é uma região muito quente com uma evaporação muito grande de água, chegando a faltar na seca. Quando chove, as plantas estabelecem as suas folhas, e a mata volta a ser verdinha de novo. A seca e a chuva Na seca, eu vi que tudo é mais difícil. Os animais ficam mais magros, outros morrem, pois seus donos não podem dar água pra eles beberem porque eles não têm. Muitas famílias perdem plantações, pois não chove e às vezes até passam fome e sede, pois não podem vender o milho que plantaram porque não choveu e eles perdem toda a plantação, e o calor aumenta cada vez mais. Mas quando chega a chuva tudo melhora. Muitas crianças vão tomar banho de chuva, suas mães colocam baldes nas bicas para encher, o rio Taperoá se enche, as árvores ficam mais verdes, as famílias podem vender seu milho, os animais ficam mais gordos e o calor diminuí, muitos homens saem para pescar e pegam muitos peixes. A chuva transforma a paisagem, tudo melhora e voltamos a “viver”. 38 Atividade 3: Trabalhando com Poemas Objetivos da atividade: Desenvolver a temática a partir de uma atividade lúdica; Sensibilizar os diferentes atores sociais para a necessidade da conservação da diversidade tanto biológica quanto cultural. Procedimento: A partir do poema abaixo, discutir na sala de aula aspectos relacionados com um exemplo de planta típica da Caatinga “aroeira” e suas propriedades medicinais, assim como é possível analisar aspectos da cultura local. AROEIRA-DO-SERTÃO - (Autoria de Mary Anne M. Bandeira) Aroeira, dádiva da natureza Abrigo onde a Arara se deleita, És bênção nativa do nosso sertão, És sombra e luz Do pobre sem proteção. És pau para toda obra. Estruturas uma casa, Como se fosses uma rocha. E, se por necessidade, Te põem fogo, No fogão, és tição Que pernoita e não se apaga, Como o amor no coração De quem ama. Árvore forte e firme, Como o sertanejo Que contigo convive. Mas se nele aparece a ferida, A inflamação, Em nome de Deus, Tu és a salvação. Após preparado, no teu sumo, A mulher se assenta. Tu saras as partes escondidas. Tu estancas a criança que vaza. A fêmea que parir tu lavas. Aroeira-do-sertão, Em nossas mãos serviste De experiência. Agora, tu és ciência. A ti, a nossa gratidão. ATIVIDADE 4: Trabalhando com Músicas Dependendo do conteúdo a ser ensinado, a música pode ser uma boa ferramenta para uma maior aprendizagem do ensino, estimulando por sua vez a participação do aluno nas atividades programadas. Através da música, os alunos também têm oportunidade de recreação, quando o professor utiliza o 39 canto coletivo, os brinquedos cantados, as histórias cantadas, as danças e o teatro musicado (ZÓBOLI, 2004). Objetivos da atividade: Tornar a aula dinâmica e levar o aluno a participar durante as atividades desenvolvidas pelo professor; Contribuir para uma aprendizagem significativa dos conteúdos através de uma técnica lúdico- pedagógica. Procedimentos: Acompanhar a letra da música durante a execução do áudio; reconhecer na letra os diferentes vegetais nativos (e não exóticos e/ou introduzidos) que ocorrem na Caatinga. Exemplos de músicas que discutem a flora da Caatinga: CATINGUEIRA (Autoria de Onildo Almeida e José Maria Assis) Catingueira, catingueira diz o segredo que existe que somente a catingueira enfeita a paisagem triste Catingueira se és feliz não zombes nunca deste teu contraste segura tua raiz e pede a Deus que ela nunca se gaste Tão resseca a Imburana a terra quente e rachada o Marmeleiro se enrama mas não agüenta a queimada sentindo como quem ama a terra quente pede invernada quanto mais seca a ribeira a catingueira fica enfolharada Catingueira se um vintém puder se tornar um milhão pede a Deus por quem não tem prá cair chuva no chão pois somente a catingueira enfeita a seca lá no meu Sertão sertanejo não quer nada vê na invernada a maior benção 40 A música MATANÇA (Autoria de Augusto Jatobá - Interpretação: Jatobá/Geraldo Azevedo), retirado de Parâmetros em Ação – PCN Meio Ambiente na Escola (BRASIL, 2001), apresenta ao longo de sua letra espécies típicas da Caatinga. Quem Hoje é Vivo corre Perigo... Cipó caboclo tá subindo na Virola Chegou a hora do Pinheiro balançar Sentir o cheiro do mato da Imburana Descansar morrer de sono na sombra da Barriguda De nada vale tanto esforço do meu canto Pra nosso espanto tanta mata haja vão matar Tal Mata Atlântica e a próxima Amazônica Arvoredos seculares impossível replantar Quetriste sina teve Cedro nosso primo Desde de menino que eu nem gosto de falar Depois de tanto sofrimento seu destino Virou tamborete, mesa, cadeira, balcão de bar Quem por acaso ouviu falar da Sucupira Parece até mentira que o Jacarandá Antes de virar poltrona, porta, armário Morar no dicionário vida eterna milenar Quem hoje é vivo corre perigo E os inimigos do verde da sombra o ar Que se respira e a clorofila Das matas virgens destruídas vão lembrar Que quando chega a hora É certo que não demora Não chame Nossa Senhora Só quem pode nos salvar: É Caviúna, Cerejeira, Baraúna Imbuía, Pau-d’arco, Solva Juazeiro, Jatobá, Gonçalo-Alves, Paraíba, Itaúba, Louro, Ipê, Paracaúba, Peroba, Maçaranduba Carvalho, Mogno, Canela, Imbuzeiro Catuaba, Janaúba, Aroeira, Araribá Pau-ferro, Angico, Amargoso, Gameleira, Andiroba, Copaíba, Pau-brasil, Jequitibá. 41 ATIVIDADE 3: O Jogo – Caça palavras Objetivos da atividade: Dinamizar a aula e levar a participação de todos no contexto da sala de aula; Contribuir para uma aprendizagem significativa dos conteúdos através de uma técnica lúdico-pedagógica; Procedimento: A partir dos nomes das plantas grifadas na letra da música “Matança” (de autoria de Augusto Jatobá) sugerir aos educandos a procura e o destaque da palavra no jogo. 42 CAPÍTULO III FAUNA DA CAATINGA FRANCISCO JOSÉ PEGADO ABÍLIO THIAGO LEITE DE MELO RUFFO ASPECTOS GERAIS O conhecimento sobre a biodiversidade da Caatinga ainda é insuficiente. Isto pode ser justificado pelo fato de que há poucos recursos financeiros alocados para estudos neste bioma, bem como pela falta de interesse de alguns pesquisadores em estudá-lo. Dentre os poucos estudos já realizados, constata-se que mais de 40% da região não foi amostrada e cerca de 80% das áreas estudadas foram sub-amostradas. Diante disso, existe um preconceito em relação à riqueza da biodiversidade da Caatinga, onde muitas pessoas acreditam que este bioma apresenta poucas espécies vegetais e animais. Todavia, apesar de apresentar um número reduzido de espécies quando comparada a ambientes de maior pluviosidade, como a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica, a biodiversidade da Caatinga, ao contrário do que muitos pensam, também é bem elevada. Considerando todas as regiões semi-áridas do planeta, o bioma Caatinga é um dos mais ricos (se não o mais rico) em biodiversidade. Para Mendes (1997), onde existem matas e/ou afloramentos de rochas intemperizadas, muitas vezes ocorrem micro-climas mais úmidos que sustentam comunidades mais diversificadas e com maiores densidades de povoamento. Estas informações tornam evidente e urgente a necessidade de ampliar o conhecimento e os estudos dos recursos biológicos da Caatinga. 43 OS ANIMAIS DA CAATINGA A fauna da Caatinga é constituída basicamente por organismos de pequeno porte. Muitos destes são essencialmente noturnos, fugindo da insolação diurna. Neste bioma, podemos encontrar diversas espécies de mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes e invertebrados. Em relação à Mastofauna (mamíferos) da Caatinga, esta tem sido geralmente reconhecida como depauperada, representativa de apenas um subconjunto da fauna de mamíferos do Cerrado, proposição esta, longe de ser verdadeira (BRASIL, 2002a). Revisões taxonômicas recentes envolvendo amostras de mamíferos da Caatinga têm revelado sua distinção com relação a populações de outros ecossistemas. Estes achados sugeriram a necessidade de uma reavaliação da relevância dessa mastofauna à luz destes novos conhecimentos (OLIVEIRA et al., 2005). Inventários taxonômicos recentemente publicados sobre a diversidade da mastofauna do bioma Caatinga desmistificam a pobreza relativa e o baixo grau de endemismo das espécies de fauna da Caatinga. Todavia, apesar de se tratar um dos grupos de vertebrados mais representativos, os estudos sobre os mamíferos deste bioma ainda são escassos. Até o momento, são 148 espécies registradas de mamíferos, sendo 19 consideradas endêmicas. Os grupos representativos (número de espécies) são os quirópteros (organismos da ordem Chiroptera, que incluem os morcegos) e os roedores (ordem Rodentia, entre os quais podemos citar o preá, mocó e o rato-bico-de-lacre). Outros exemplos de mamíferos da Caatinga são o veado catingueiro, o gato-maracajá, o tatu-bola e o tatu-peba. De acordo com a literatura científica, até o momento tem-se o número de 19 espécies de mamíferos da Caatinga. Em relação à Ornitofauna (aves) já são 510 espécies registradas, sendo 91,96% destas (469 espécies) residentes na Caatinga, ou seja, se reproduzem comprovadamente ou potencialmente nesta região; destas 469 espécies, 284 (60,5%) são dependentes ou semi-dependentes, isto é, só ocorrem em ambientes florestais ou em mosaicos formados pelo contato entre florestas e 44 formações vegetais abertas e semi-abertas, demonstrando assim a importância das florestas da região para este grupo de vertebrados (SILVA et al., 2005). Entre os vários representantes da avifauna da Caatinga estão o Carcará, a Asa branca, a Coruja-buraqueira e a Seriema. Um dos problemas para definir quais são as aves endêmicas da Caatinga é determinar os limites deste bioma (OLMOS et al., 2005). Além disso, existe na Caatinga um número bastante elevado de espécies de aves migrantes, o que torna ainda difícil identificar quais as espécies são endêmicas deste bioma. De acordo com Silva et al. (2005) a migração sazonal é a resposta mais comumente observada na avifauna da Caatinga em resposta à semi-aridez, onde os indivíduos seguem para áreas de maior umidade e com oferta abundante de recursos. No que se refere aos répteis e anfíbios (Herpetofauna), foram registradas até o momento 157 espécies, sendo os grupos mais representativos os Anura (sapos, rãs e pererecas) e os Squamata (cobras e lagartos); contudo, pouco ainda se conhece sobre a diversidade destes grupos no Bioma Caatinga (RODRIGUES, 2005). De acordo com Freitas e Silva (2007), fatores como baixos índices pluviométricos e irregularidade das chuvas acarretam uma menor diversidade de anfíbios na Caatinga, quando comparamos com outros biomas brasileiros. Com fisiologia totalmente dependente de constante umidade na pele, os anfíbios estão em desvantagem em relação aos répteis. Como adaptação ao clima semi-árido, estes organismos podem se enterrar em locais úmidos a espera de um novo período de chuvas. Assim, os anfíbios que vivem na Caatinga apresentam, até o momento, a menor diversidade de espécies entre todos os biomas encontrados no Brasil. No entanto, a diversidade deste grupo, assim como os demais grupos de vertebrados, ainda é pouco conhecida. O exemplo mais representativo de anfíbios da Caatinga é o sapo-cururu, que representa a maior espécie de sapo encontrada no Brasil. Em geral, os adultos desta espécie atingem cerca de 10 a 15 centímetros de comprimento. 45 Por apresentarem uma fisiologia mais independente da água em relação aos anfíbios, os répteis ocupam com maior sucesso os ambientes semi-áridos do Nordeste brasileiro. Assim sendo, os répteis podem ser observados com freqüência durante todo o ano, pois a pele escamosa destes animais está adaptada ao ambiente semi-árido da Caatinga. Portanto, no bioma Caatinga, a diversidade deste grupo é bastante significativa, havendo um número proporcionalmente maior de espécies que os anfíbios e também uma maior taxa de endemismos, o que reflete uma maior complexidade adaptativa a este ambiente semi-árido (FREITAS; SILVA, 2007). Assim sendo, temos uma fauna de répteis bastante diversificada no bioma Caatinga, onde podemos encontrar um grande número de lagartos e cobras. Os representantes mais conspícuos são o teju (teiú), o calango-verde e a jararaca. Sobre os invertebrados do bioma Caatinga, agrande maioria dos pesquisadores indica a Caatinga como ambiente menos conhecido para todos os grupos de invertebrados. Além disso, uma boa parcela das publicações referentes aos invertebrados da Caatinga trata de trabalhos restritos ao estudo de uma determinada família, o que torna difícil fazer uma avaliação deste grupo de animais para o bioma Caatinga. Entretanto, a grande heterogeneidade ambiental e a singularidade de certos ambientes permitem predizer que a fauna de invertebrados deste bioma deve ser riquíssima, com várias espécies endêmicas (BRASIL, 2002a). Estudos recentes têm demonstrado que a riqueza biológica do bioma é bastante superior à descrita na literatura, e que os invertebrados, especialmente insetos, parecem ter sido subestimados nos poucos estudos de campo conduzidos na região até o momento. A enorme importância econômica e ecológica dos invertebrados revela- se nos agroecossistemas, onde estes atuam como “pragas” de plantas cultivadas e grãos armazenados, como agentes polinizadores e de controle biológico de insetos, ou ainda como bioindicadores. Tais papéis biológicos são mais evidenciados em ambientes expostos à intensa ação antrópica, como é o caso do bioma Caatinga (IANNUZZI et al., 2006). 46 Neste bioma, os grupos mais estudados são os Coleoptera (besouros) e Hymenoptera (abelhas e formigas). De acordo com Ianuzzi et al. (2006), a caracterização da diversidade de Coleoptera da Caatinga é importante para subsidiar estudos de impacto ambiental, para contribuir no conhecimento da biodiversidade local e para detectar espécies com potencial status de “praga”. Zanella e Martins (2003) constataram que a fauna de abelhas no bioma Caatinga ainda está subamostrada. Por se tratar de uma região semi-árida, as condições da Caatinga são um pouco desfavoráveis para a sobrevivência dos animais neste ambiente. Assim sendo, alguns animais da Caatinga possuem adaptações fisiológicas e/ou comportamentais que permitem que estes sobrevivam neste local. Por exemplo, Mendes (1997) afirma que durante os estios anuais, conhecidos como verão, muitos animais abandonam a região voltando na época das chuvas, chamada de inverno, ou então quando amadurecem os frutos, em busca de sementes. Assim sendo, pode-se dizer que as secas diminuem a biodiversidade de maneira direta, negando alimento e água aos animais nativos, que migram, morrem ou deixam de se reproduzir nestes períodos. Diante do exposto, podemos concluir que o conhecimento sobre a composição da fauna de invertebrados na Caatinga é extremamente importante, não apenas por este ser o bioma menos conhecido para este grupo, mas também pelo fato que um inventário desta fauna forneceria subsídios para possíveis programas de conservação e manejo de espécies. Logo abaixo, no Quadro I, apresentamos um resumo da diversidade faunística do bioma Caatinga. Tais informações desmentem o mito de que este é um bioma pobre em biodiversidade. 47 Quadro I. Resumo da diversidade faunística da Caatinga registrada até o momento a partir de diversas fontes pesquisadas (*). GRUPOS ANIMAIS DISTRIBUIÇÃO DE TÁXONS POR GRUPOS Anelídeos Estimativa de 15-20 espécies de Oligoquetos (minhocas). Aracnídeos Estimativa de 30-40 espécies de Aranhas. Insetos Estimativa de 28 espécies de Cupins. Estudos apontam 42 famílias de Coleoptera, 1/4 do total de famílias registradas para esta ordem de Besouros. 187 espécies, distribuídas em 77 gêneros de Abelhas; 61 espécies, distribuídas em cinco subfamílias de Formigas. Anfíbios 48 espécies de Anfíbios Anuros (sapos, pererecas e rãs); 03 espécies de Gymnophiona (conhecidos popularmente por cecílias ou cobras-cega). Répteis 47 espécies de Lagartos (teiú ou teju; calango-verde, bico- doce ou bebe-ovo; calanguinho), sendo 25 endêmicos; 10 espécies de Anfisbenídeos (lagartos geralmente sem patas, conhecidos como cobra de duas cabeças); 52 espécies de Serpentes (salamanta-da-Caatinga, cobra cipó, cobra-verde, jararaca, coral falsa e coral verdadeira); 04 espécies de Quelônios (cágados); 03 espécies de Crocodilos (jacaré-do-papo-amarelo, por exemplo). Aves 510 espécies distribuídas em 62 famílias, das quais 469 se reproduzem na região; 15 espécies são endêmicas e cerca de 30 estão ameaçadas de extinção; Como exemplos de aves da Caatinga, podemos citar: seriema, carcará, coruja-buraqueira, asa branca ou arribaçã, fogo-apagou, periquito da Caatinga, rola-caldo-de-feijão, tetéu ou quero-quero. Mamíferos 148 espécies, sendo 19 endêmicas e sete ameaçadas de extinção; 10 espécies de Marsupiais (exemplo: catita); 09 espécies de Edentados (exemplos: tamanduá mirim, tatu-bola e tatu-peba); 69 espécies de Quíropteros (morcegos); 34 espécies de Roedores (exemplos: mocó, preá, rato-bico- de-lacre); 01 espécie de Lagomorfo (exemplo: tapiti); 14 espécies de Carnívoros (exemplos: gato-do-mato, gato- maracajá e raposa); 05 espécies de Ungulados (cateto, queixada, veado catingueiro, veado-mateiro e anta); 06 espécies de Primatas (exemplos: macaco guariba, macaco-prego e sagüi). (*) Fontes pesquisadas: Brandão; Yanamoto (2003), Zanella; Martins (2005), Rodrigues (2005), Silva et al. (2005), Oliveira et al. (2005), Iannuzzi et al. (2005), Leal et al. (2005), Rosa et al. (2005), Freitas; Silva (2007), Fabián (2008). 48 FAUNA DA CAATINGA: UTILIZAÇÃO, IMPORTÂNCIA E IMPACTOS A biodiversidade é uma das propriedades fundamentais da natureza e fonte de imenso potencial de uso econômico; é base das atividades agrícolas, pecuárias, piscícolas, florestais, assim como a base para a estratégica indústria da biotecnologia. No Brasil, apesar da riqueza de espécies nativas, a maior parte das atividades econômicas está baseada em espécies exóticas (ROCHA, 2007), inclusive no bioma Caatinga. A fauna da Caatinga vem sendo bastante utilizada pela população local para diversos fins, como por exemplo, para alimentação e transporte. As espécies mais utilizadas são exóticas, como é o caso dos caprinos, bovinos, alguns peixes, algumas espécies de abelhas e do jumento, este último bastante utilizado como meio de transporte. Os caprinos e bovinos são os mais utilizados na pecuária, uma das atividades principais das populações inseridas na Caatinga. De acordo com Drumond et al. (2000), em função das condições edafoclimáticas desfavoráveis, a pecuária se constituiu ao longo do tempo como atividade principal de uma grande parcela das comunidades rurais, todavia, fatores como condições de semiaridez predominante nas áreas de Caatinga, associado às irregularidades das chuvas limitam o desenvolvimento desta atividade no bioma Caatinga. Os caprinos ainda são ícones de festas populares, como é o caso da festa do Bode-Rei, realizada no município de Cabaceiras-PB. O Capítulo IV (Impactos Ambientais da Caatinga) traz outras informações sobre a pecuária no bioma Caatinga. Em relação à fauna nativa da Caatinga, atualmente esta se encontra bastante escassa, isto em função da caça e pesca predatória, dos desmatamentos e das queimadas e da superexploração dos recursos naturais, que, ao longo dessas últimas décadas, vêm comprometendo a biodiversidade. A exploração predatória dos recursos faunísticos da Caatinga sempre foi a prática corrente na região semi-árida, sendo responsável pelo desaparecimento de algumas espécies, como é o caso do jacaré-do-papo- 49 amarelo (Caiman latirostris), do jacú-verdadeiro (Penelope jacucaca), da arara- azul-de-lear (Anodorhynchus leari), do gato-do-mato (Leopardus trigrinus) e da onça-parda (Puma concolor), que já se encontram ameaçadas de extinção neste bioma. Algumas espécies, como a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) já foi extinta oficialmente da natureza. Estima-se que haja no mínimo 34 espécies de fauna ameaçadas de extinção no bioma Caatinga (7), sendo os mamíferos o grupo mais ameaçadode extinção neste bioma. SUGESTÃO DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS Atividade 1: Trabalhando com Desenhos esquemáticos, Ilustrações, Fotografias e Modelos Tridimensionais de Animais (Brinquedos). Para estudos da biodiversidade (fauna e flora) na educação ambiental é possível trabalhar com desenhos esquemáticos e pranchas dos principais representantes dos seres vivos que ocorrem em uma determinada área, permitindo assim uma melhor aprendizagem e familiarização da biocenose local (ARAÚJO, 1991). Objetivo da atividade: Trabalhar, a partir das concepções prévias, o conteúdo de fauna da Caatinga, reconhecendo os diversos tipos de animais aquáticos e terrestres do Bioma. Procedimento: Os educandos devem reconhecer e dar nomes aos animais nos desenhos esquemáticos, pranchas, ilustrações e/ou modelos (concepções prévias). Posteriormente, classificam os animais (brinquedos) segundo as normas da Nomenclatura Zoológica. Podem também ilustrar em modelos tridimensionais uma determinada área da Caatinga e a ocorrência e distribuição da fauna aquática e terrestre. Dependendo da criatividade e habilidade dos participantes das oficinas, pode-se utilizar massa de modelar para a confecção de animais (Figuras 1 e 2). (7) Disponível em <http://www.biosferadacaatinga.org.br/biodiversidade.php>. Acesso em 18 jul.2009. http://www.biosferadacaatinga.org.br/biodiversidade.php 50 Figura 1. Animais (brinquedos em plástico) que podem ser utilizados como recurso didático na atividade sugerida. (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano). Figura 2. Desenhos esquemáticos e ilustrações de animais e vegetais que podem ser utilizados como recurso didático na atividade sugerida. (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano). 51 Atividade 2: Produção de Jogos Didáticos Os Jogos Didáticos ampliam experiências e contribuem para o desenvolvimento do raciocínio, da atenção e do interesse pela realização das tarefas escolares. Favorecem também a integração social e individual, permitindo aos estudantes maior índice de aprendizagem ao realizarem atividades lúdicas e competitivas (PEREIRA, 1998). Estes podem ser utilizados com a função de ajudar a memorizar fatos e conceitos. Entre alguns exemplos destes jogos podemos citar jogo da memória, palavras cruzadas, bingo educativo, etc. Estes proporcionam, ao mesmo tempo, momentos de aprendizado e diversão aos educandos, incentivando-os nas atividades escolares. Objetivos da atividade: Favorecer a integração social e individual, permitindo aos estudantes maior índice de aprendizagem ao realizarem atividades lúdicas e competitivas; Contribuir para o desenvolvimento do raciocínio, da criatividade, da atenção e do interesse pela realização das tarefas escolares; Construir, a partir de materiais baratos e acessíveis, um recurso didático para ser utilizado nas aulas pelos professores. Sugestão: confecção do Jogo da Memória Material necessário: Folha de isopor, palitos de churrasco, cola de isopor, folhas de cartolina e figuras de animais. Procedimento: Primeiramente o professor deve explicar os conceitos básicos referentes ao tema: cadeia alimentar, relações tróficas, níveis tróficos (produtores, consumidores e decompositores), fluxo de energia, etc. Após o assunto ter sido lecionado em sala de aula, será iniciada a confecção do jogo (ver confecção do jogo abaixo), utilizando figuras com todos os elos da cadeia alimentar de ambientes da Caatinga. Para esta etapa, 52 sugere-se que o professor elabore o jogo juntamente com os alunos, para que estes participem mais ativamente da aula. O jogo conterá nove placas de isopor que giram em torno da folha por meio do palito de churrasco; cada placa possui uma figura de um animal de um lado e um número em seu verso. O jogo tem início com a exposição das figuras dos animais por certo tempo para que estes memorizem em que posição está cada animal. Posteriormente, as placas são viradas, ficando exposta a face que contém o número para os alunos. Estes irão escolher um número e terão que adivinhar qual animal está por trás da placa; não acertando a resposta, passa-se a vez para outro aluno; estando certa a resposta, deve-se pedir que o aluno indique o nível trófico do animal correspondente. Com a aparição de outros animais, monta-se a teia alimentar do jogo da memória, tornando possível a explicação do assunto de forma mais prazerosa. Pode-se colar cartolina colorida em cima das partes do jogo que não contém figuras, a fim de deixá-lo mais bonito. O material utilizado, as figuras, bem como o número de placas fica a critério de cada professor; isto irá depender das condições encontradas em sala de aula. Após a aplicação do momento lúdico os alunos podem construir, com a orientação do professor, diversas teias alimentares, as quais podem ser esquematizadas em cartolinas. Figura 3. Exemplo de um Jogo Didático produzido, utilizando figuras com todos os elos da cadeia alimentar. (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano). 53 Atividade 3: Produzindo Álbum Seriado, Cartazes, Painéis e Murais didáticos sobre a Caatinga O Álbum Seriado é uma seqüência de páginas, desenvolvendo uma só mensagem em forma progressiva e lógica. Compõe-se basicamente de ilustrações (devem ser simples, atraentes e visíveis) e texto (frases-chave com letras grandes) (ZÓBOLI, 2004). Os Cartazes, Painéis e Murais Didáticos têm como objetivo informar e motivar os alunos. O texto, em letras grandes, deve ser simples, direto, resumindo de maneira objetiva a mensagem e que prenda o interesse do público (SANT´ANNA; SANT´ANNA, 2004). Devem ser incluídas ilustrações e ter muito cuidado com a cor e o layout. No entanto, o mural didático diferencia- se do cartaz pelo fato deste necessitar de explicações, comparações e deve permanecer em sala de aula por tempo suficiente para a aprendizagem acontecer, já o cartaz transmite a mensagem de uma idéia de maneira mais rápida (ZÓBOLI, 2004). Objetivos da atividade: Reconhecer a ampla diversidade animal; Desenvolver a capacidade criativa e a integração entre os educandos, permitindo um maior índice de aprendizagem; Contribuir para o desenvolvimento do raciocínio, da atenção e do interesse pela realização das tarefas escolares; Construir, a partir de materiais baratos e acessíveis, um recurso didático para ser utilizado nas aulas pelos professores. Sugestão: Montando um Álbum Seriado sobre a fauna da Caatinga. Material necessário: Folhas de cartolina, jornais e/ou revistas com figuras de animais, tesoura, cola branca, canetas hidrocor. Procedimento: Selecionar e recortar as figuras dos diferentes grupos animais (que ocorrem na Caatinga) contidos nos jornais e/ou revistas; posteriormente, deve-se preparar um painel para os diferentes grupos (invertebrados e 54 vertebrados), colando as figuras nas cartolinas e transcrevendo as características principais de cada grupo. Após isso, deve-se seqüenciar os painéis e montar o álbum seriado, utilizando barbante ou qualquer outro tipo de material para prender as folhas de cartolina. É importante que seja montado vários álbuns com os diferentes grupos animais (um álbum apenas sobre répteis, outro com anfíbios, mamíferos, insetos, etc.), para estimular o trabalho em grupo e abordar o maior número de grupos animais. Por fim, deve ocorrer a apresentação dos álbuns seriados pelas equipes para o restante da turma com posterior discussão em sala de aula. Observação: Após a confecção do álbum, é importante que se coloquem títulos e legendas (usar canetas hidrocor) obedecendo aos critérios para a elaboração de Recursos DidáticosVisuais (evitando poluição visual, muita informação – textos extensos, figuras demasiadas, etc.). Atividade 4: Trabalhando com textos literários, por exemplo, “Os Sertões” de Euclides da Cunha (8): Objetivo da atividade: Trabalhar o conteúdo de fauna da Caatinga de forma inter e/ou multidisciplinar. Procedimento: Os alunos podem ler o texto em grupos, discutindo e analisando os diferentes termos e/ou palavras que eles não conhecem. O professor pode solicitar a classificação dos animais que aparecem no texto. Sugestão: O professor pode sugerir discussões e inter-relações com outras disciplinas, por exemplo: discutir aspectos da Geografia do bioma; Analisar quais as espécies estão em perigo de extinção e sugerir aos alunos pesquisas (8) Os Sertões - Euclides da Cunha - Fonte Digital: A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro [http://www.biblivirt.futuro.usp.br] USP / São Paulo: Domínio Público - Disponível em <http://www.euclidesdacunha.org.br/digitalizada2.htm>, Acesso em 20 set. 2007. http://www.euclidesdacunha.org.br/digitalizada2.htm 55 sobre a biologia e ecologia dos animais que aparecem no texto (disciplinas de Ciências ou Biologia); os alunos podem também pesquisar sobre as palavras que eles desconhecem e que não são muito usadas no Português atual. "E o sertão é um paraíso... Ressurge ao mesmo tempo a Fauna resistente das Caatingas: disparam pelas baixadas úmidas os Caititus esquivos; passam em varas, pelas trigueiras, num estrídulo estrepitar de maxilas percutindo; os Queixadas de canela ruiva; correm pelos tabuleiros altos, em bandos, esporeando-se com os ferrões de sob as asas, as Emas velocíssimas; e as Seriemas de vozes lamentosas, e as Sericóias vibrantes, cantam nos balsedos, à fímbria dos banhados onde vem beber o tapir estacando um momento no seu trote, brutal, inflexivelmente retilíneo, pela Caatinga, derribando árvores, e as próprias Suçuaranas, aterrando os Mocós espertos que se aninham aos pares nas luras dos fraguedos, pulam, alegres, nas macegas altas, antes de quedarem nas tocaias traiçoeiras aos Veados ariscos ou Novilhos desgarrados..." (Os Sertões - Euclides da Cunha). 56 CAPÍTULO IV IMPACTOS AMBIENTAIS NA CAATINGA FRANCISCO JOSÉ PEGADO ABÍLIO HUGO DA SILVA FLORENTINO ASPECTOS GERAIS A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº 001 de 23/01/86 define Impacto Ambiental como: Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e a qualidade dos recursos ambientais (BRASIL, 1986). Entretanto de acordo com a Norma ISO 14001, citado pelo Centro de Informação Metal Mecânico (CIMM, 2008), Impacto Ambiental é qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos ou serviços de uma organização. Juridicamente, o conceito de impacto ambiental refere-se exclusivamente aos efeitos da ação humana sobre o meio ambiente. Portanto, fenômenos naturais como tempestades, enchentes, incêndios florestais por causa natural, terremotos e outros, apesar de provocarem as alterações ressaltadas não caracterizam um impacto ambiental. No Brasil, os primeiros estudos de impactos ambientais foram elaborados na década de 70, como uma das exigências do Banco Mundial, frente à acelerada degradação ambiental. No entanto, o primeiro dispositivo legal relacionado à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) foi à lei n° 6.938 de 57 31/08/1981 do CONAMA, regulamentado dois anos depois com o decreto n° 88.351 de 01/06/1983, vinculando sua utilização aos sistemas de licenciamento de atividades poluidoras ou modificadoras do meio ambiente, a cargo de órgãos ambientais dos governos estaduais e federais competentes (SILVA, 1994). O estudo de impactos ambientais consiste num instrumento de política ambiental, formado por um conjunto de procedimentos capazes de identificar, prever, interpretar e transmitir informações de forma sistêmica sobre os possíveis impactos benéficos e/ou adversos, existentes ou que possam existir pela execução de um projeto, programa, plano ou política numa perspectiva espaço-temporal. A Avaliação de Impactos Ambientais tem como objetivo prevenir e minimizar as alterações que podem ocorrer na elaboração de um projeto ou determinada atividade econômica. No entanto, não contempla o que é o desafio dos técnicos sobre o assunto, ou seja, a avaliação de impactos ambientais de ações repetitivas ou continuas, já em transcurso, como as atividades da agricultura, mineração e pecuária (CLAÚDIO, 1987). Para um estudo de Impacto Ambiental são necessários dois procedimentos ou documentos básicos: um Estudo de Impactos Ambientais (EIA), onde se analisará o meio físico, biótico e antrópico utilizando termos técnico-científicos e será destinado aos técnicos dos órgãos licenciadores, e um Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), onde deve refletir as conclusões do EIA, sendo apresentado em geral para o público leigo, evitando sempre que possível o emprego de terminologia técnica. Não obstante, a Caatinga representa um dos biomas brasileiros mais alterados pelas atividades humanas, contudo não há levantamentos sistemáticos sobre a evolução de sua cobertura vegetal ao longo do tempo. Entretanto, estima-se que 45 % da área total do bioma tenham sido alterados, colocando-o como o terceiro bioma brasileiro mais modificado pelo homem, sendo ultrapassado apenas pela Mata Atlântica e o Cerrado. Todavia, se além do nível de alteração, for considerado que menos de 2% do bioma é protegido 58 legalmente por unidades de conservação de proteção integral, a Caatinga assume a posição do bioma brasileiro menos protegido (LEAL et al., 2005a). Assim, o bioma Caatinga sofre historicamente por ter sido considerado erroneamente pobre por parte da população e governantes locais, e pela enorme carência de conhecimento técnico-científico sobre seu verdadeiro valor biológico, paisagístico e aproveitamento econômico sustentável da sua biodiversidade, ofuscando assim, as riquezas que realmente representa. Além disso, o crescimento da população e da densidade populacional contribui para a exploração dos recursos naturais para além de sua capacidade de suporte. O aumento da população, assim como das demandas por alimentos, energia e outros recursos naturais vêm provocando importantes impactos na base de recursos naturais das regiões semi-áridas. Neste cenário, o habitat pode ser degradado quando existem perturbações, tais como alterações do regime de fogo ou a sua utilização excessiva como pastagem por animais domésticos, como as cabras (Figura 1) e as ovelhas. Por vezes, parcelas de habitat são mesmo completamente eliminadas por ações tais como o corte de florestas ou a secagem de áreas alagadas. Figura 1. Criação de cabras no semi-árido paraibano, São João do Cariri, Paraíba. (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano). 59 Além da substituição de espécies vegetais nativas por cultivos e pastagens, temos o desmatamento e as queimadas que são ainda práticas comuns no preparo da terra para a agropecuária que, além de destruir a cobertura vegetal, prejudica a manutenção de populações da fauna silvestre, a qualidade da água, e o equilíbrio do clima e do solo. Mais de 60% da área total da Caatinga já foram drasticamente alteradas pelas ações do homem. Dados recentes estimam que nos últimos 15 (quinze) anos, 40.000 Km² (4 milhões de hectares) de Caatingaforam devastados devido à interferência do homem na região. No estado da Bahia, conforme Alves (2007), a interferência do homem tem devastado 100. 000 hectare anualmente, o que indica que muitas áreas consideradas primárias são, na verdade, produtos de interação do homem nordestino com o seu ambiente, ou seja, fruto de uma exploração que se estende por séculos. Devido à biodiversidade, fontes energéticas e recursos minerais, todo o domínio Caatinga é alvo desta intensa exploração, com freqüentes e presentes ameaças aos recursos naturais. E atualmente, as conseqüências da exploração desenfreada não se confinam apenas aos limites e domínios de certos estados ou regiões, mas ultrapassam fronteiras e, atingem regiões cada vez mais distantes. Com a colonização do semi-árido pelo homem, o bioma Caatinga além da esta inserida numa conjuntura de condições climáticas desfavoráveis, passou a conviver, obrigatoriamente, com problemas complexos de origem antrópico, resultando numa interação complexa entre seus componentes biótipos e abióticos, o que se denomina sistema agro-silvo-pastoril. Segundo Pereira (2006), o Cariri Paraibano esta localizado em áreas consideradas como de alta susceptibilidade e alta ocorrência do processo de Desertificação (Quadro I), além de sofrer a ação dos processos naturais de degradação, passa por níveis intensos de antropização principalmente no que se refere aos processos de agriculturização e pecuarização. 60 Quadro I. Grau de susceptibilidade à desertificação em municípios do Cariri Paraibano (Fonte: SUDEMA, 2002). GRAU / CATEGORIA MUNICÍPIOS DO CARIRI PARAIBANO Muito Alta (fenômeno ocorrendo na área total dos municípios) ۰ 03 municípios do Cariri Ocidental (Assunção, Taperoá e Livramento) atingindo 1.102,7 km2 e cerca de 22.603 habitantes ۰ Alta Susceptibilidade (fenômeno atingindo a área total dos municípios) ۰ 14 municípios no Cariri Ocidental (por exemplo, São José dos Cordeiros) - atingindo 5.963,4 km2 e cerca de 87.880 habitantes. ۰ 11 municípios no Cariri Oriental (por exemplo, São João do Cariri) - atingindo 4.859,4 km2 e cerca de 59.008 habitantes PRINCIPAIS AÇÕES DE IMPACTOS AMBIENTAIS SOBRE A CAATINGA Fragmentação e Destruição dos hábitats A fragmentação e a destruição de hábitats produzem perdas irrecuperáveis, com conseqüências imediatas como à subdivisão e redução da área de habitat disponível, o que leva a uma drástica redução da biodiversidade local, quer seja imediatamente, através da perda da área, onde exclui espécies raras ou distribuídas em manchas, quer seja em longo prazo, através dos efeitos do isolamento. Além disso, os pequenos tamanhos populacionais das espécies remanescentes as tornam vulneráveis à extinção através de processos ambientais que ocorrem ao acaso, como por exemplo, as catástrofes e também devido aos efeitos genéticos resultantes do cruzamento de indivíduos muito próximos geneticamente (LECP-UFRJ, 2008). Outra conseqüência da fragmentação é um aumento no total de bordas de habitat devido à transição acelerada entre a floresta e o habitat ao redor. A proliferação das bordas gera um conjunto de alterações bióticas e abióticas conhecidas como "efeitos de borda". A persistência de uma determinada espécie em um dado fragmento também vai depender da sua tolerância aos efeitos de borda, que incluem o aumento das temperaturas do ar e do solo, a diminuição da umidade do ar e uma maior exposição aos ventos (levando a queda de árvores), entre outras 61 alterações. Todas essas mudanças, por sua vez, vão afetar os organismos presentes nos fragmentos, dando origem a uma série de mudanças bióticas que incluem, por exemplo, a proliferação de espécies adaptadas às novas condições ambientais, que competem com as espécies nativas e/ou endêmicas, podendo culminar na extinção (LECP-UFRJ, 2008). Mendes (1997) ressalta que a alteração da cobertura vegetal primitiva, promove também mudanças na capacidade de manutenção da fauna, e conseqüentemente modifica o número de espécies da área como o número de indivíduos de cada espécie. Além disso, as conseqüências do desequilíbrio ambiental põem em risco a própria sociedade. A falta de planejamento racional do uso do solo promove diversos impactos negativos, resultando em degradação ambiental e redução da qualidade de vida, não só para a comunidade rural, mas também para toda a população (PEDRON et al., 2006). Erosão do solo A erosão é um processo natural de desagregação, decomposição, transporte e deposição de materiais de rochas e solos sobre a superfície terrestre. Entretanto, a exploração humana de forma inadequada provocado pelo desmatamento, agricultura, pecuária e irrigação intensiva tem contribuído para a aceleração do processo erosivo trazendo uma série de conseqüências como: a perda de solos férteis, a poluição das águas, a degradação e redução da produtividade dos ecossistemas terrestres e aquáticos (IPT, 1989). No semi-árido nordestino, o clima, aliado à litologia, relevo, solo e cobertura vegetal, causa um processo natural de perda de solo que tem sido acelerado devido á ocupação humana em áreas consideráveis vulneráveis. As áreas onde ocorre atividade humana, como solo exposto, culturas anuais e pastagens, possuem um alto valor de vulnerabilidade aos processos de perda de solo, devido à baixa cobertura do solo (Figura 2) e ao constante preparo para a agricultura. 62 Figura 2. Aspectos da erosão do solo no município de São João do Cariri, Paraíba. (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano). Assim, indiretamente as secas tornam mais nocivas o superpastoreio dos animais domésticos e os agentes do intemperismo (chuva e vento), além disso, somado as causas naturais, a erosão em áreas degradadas atenuam processos que afetam a fertilidade do solo e a quantidade e qualidade de água, devido à aceleração da oxidação da matéria e salinização (MENDES, 1997). Portanto, o uso e o manejo inadequado dos solos são apontados como uma das principais causas de origem antrópica relacionadas com a desertificação. Segundo Accioly (2000) o extrativismo vegetal e mineral, o superpastoreio das pastagens nativas ou cultivadas, e o uso agrícola por culturas que expõem os solos aos agentes da erosão podem contribuir para a desertificação na região. Pecuarização O superpastoreio de Ovinos, Caprinos, Bovinos e outros herbívoros tem contribuído para uma modificação drástica na vegetação da Caatinga, dada à importância que a Caprinocultura representa para o Nordeste brasileiro. Inclusive, segundo Leal et al. (2005b) vários projetos de desenvolvimento da região semi-árida estimulam esse tipo de atividade devido as vicissitudes climáticas. A região Nordeste detém 89% do rebanho caprino, 49,8% do rebanho ovino e 17,9% do rebanho bovino nacional (ARAUJO-FILHO; CRISPIM, 2002), 63 isto devido à rusticidade e adaptabilidade destas espécies às condições edafoclimáticas da região, favorecendo assim a exploração destas espécies em micro-regiões como a do Cariri e Sertão paraibano. Entretanto existe evidência que a herbivoria por caprinos pode afetar a estrutura, a capacidade de regeneração da vegetação e alterar drasticamente os padrões de ciclagem de nutrientes e de fluxo de energia nos ecossistemas, além de eliminar a vegetação em virtude da compactação do solo devido ao pisoteio excessivo. Segundo Alves (2007) algumas espécies de vegetais são eliminadas rapidamente pelo rebanho logo após as primeiras chuvas. Dessa maneira a pecuária é responsável por modificações profundas nas Caatingas por modificar o microclima de seus estratos inferiores e seus ecótopos, principalmente pelo excesso de pisoteio que torna os solos compactos, impedindo a infiltração das águas, contribuindo com oaumento da energia de escoamento superficial e, conseguintemente provocando erosão. É oportuno ressaltar, que a caprinocultura pode ser uma prática sustentável, menos agressora ao meio ambiente, e geradora de fonte de renda para a população nordestina, a exemplo da produção de queijo, leite e carne. Entretanto, para ser uma atividade sustentável e conservacionista deve ser realizada de forma racional, não ultrapassando a capacidade máxima de regeneração, e que as áreas destinadas para a pecuária possam ser recuperadas depois de uma pastagem através de técnicas adequadas de manejo, evitando assim, a utilização contínua que leva a degradação do bioma. Não obstante, em função da falta de manejo adequado na pecuária, as Caatingas vêm se exaurindo, uma vez que, os criadores aumentam o número de bovinos, caprinos e ovinos em limites superiores à capacidade de suporte, que inclusive é muito baixa, cerca de 20 hectares por unidade animal (5 a 15 Kg de peso vivo por ha) (MEDEIROS et al., 2000). Agravando ainda mais a situação desta atividade, acrescenta-se a prática dos pastos naturais melhorados pela utilização do fogo que sem nenhuma vigilância nem método, em um só dia, reduz a cinzas centenas de hectares de Caatinga. 64 Explorada extensivamente ou semi-extensivamente, este tipo de prática é responsável por uma forte concentração de terras e, atualmente, substituem espécies nativas por plantas forrageiras, tais como: gramíneas exóticas, algaroba e palmas forrageiras. Todavia, vale ressaltar que apesar de exótica, a palmas forrageiras não são consideradas invasoras, e desde que manejadas de forma correta podem inclusive ser utilizadas para o controle da erosão e a recuperação de áreas degradadas. Segundo Simões et al. (2005), há evidências de que a palma pode desempenhar importante papel para a proteção e a conservação do solo nas zonas áridas e semi-áridas devido a fatores como: crescimento relativamente rápido sob condições climáticas rigorosas, capacidade de formar barreiras de retenção de água e solo, quando plantada de forma adensada em curvas de nível. Além disso, o cultivo deste vegetal pode reduzir a exploração de vegetais nativos da Caatinga como: cardeiros, facheiros e mandacaru, utilizados na alimentação de animais durante os períodos de seca. Agriculturização O desmatamento e queimadas para ampliação de extensas áreas com monoculturas, tais como o mamão e outras frutíferas vêm sendo responsáveis pela mudança da paisagem da região semi-árida do nordeste brasileiro. As atividades agrícolas acentuam-se com o progressivo aumento da população, transformando, por vezes completamente, a fisionomia original da Caatinga naqueles trechos onde as condições de solo e água são mais favoráveis. O que aí se encontra, então, é uma vegetação secundária de capoeiras, bem diferente da vegetação primitiva. Este fato levou à fantasiosa idéia de que as Caatingas teriam sido originalmente florestas, em delicado equilíbrio com as condições do meio, que se degradaram pelas repetidas queimadas para o estabelecimento de roçados ou para a melhoria de pastagens nativas (BERNARDES, 1999). A agricultura de forma indiscriminada traz sérios danos para o bioma Caatinga, como a erosão e compactação do solo, poluição do solo, redução 65 dos recursos hídricos, perda de matéria orgânica do solo, inundação e salinização de terras irrigadas. Além disso, o uso de pesticidas para o controle de ervas daninha, insetos e outras pragas agrícolas trazem sérios danos para a saúde humana, pois o uso de agrotóxicos libera substâncias tóxicas, Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) que se espalham pelo meio ambiente e se acumulam nos tecidos orgânicos de peixes, aves, mamíferos, entre outros, com sérios danos para a biodiversidade da Caatinga, bem como para a saúde humana. Projetos de Irrigação Denomina-se irrigação o conjunto de técnicas destinadas a deslocar a água no tempo ou no espaço para modificar as possibilidades agrícolas de cada região. A irrigação visa corrigir a distribuição natural das chuvas (LIMA et al., 2004). A irrigação de forma inadequada e sem o recurso à drenagem produz impactos indesejáveis em qualquer área semi-árida. Muitas regiões do Nordeste já se encontram salinizadas, devido a projetos de irrigação mal planejados (BRASIL, 2004). Os principais impactos ambientais devido ao uso da irrigação são: modificação do meio ambiente, consumo exagerado da disponibilidade hídrica da região, saturação, contaminação dos recursos hídricos, salinização do solo nas regiões áridas e semi-áridas e problemas de saúde pública. Os danos à saúde pública gerado pela irrigação se referem à contaminação da população que vive em seu entorno e do consumidor dos produtos irrigados, em virtude da propagação de doenças como a esquistossomose, proliferação de mosquitos e a ocorrência de verminoses. Outro dano causado pela irrigação e drenagem inadequadas é a saturação do solo, que acabam por provocar a concentração elevada de sais adsorvidos no perfil do solo na zona das raízes das plantas, causando a desestruturação e impermeabilização do solo, e conseqüentemente, o atraso 66 e/ou estagnação no crescimento das plantas com a redução da produtividade (COSTA, 2003). Os projetos de irrigação interferem em diversas áreas, necessitando muitas vezes de infra-estruturas de apoio, externas aos sistemas de irrigação, tais como: represas, reservatórios, açudes, poços, estações de bombeamento, canais de transporte d’água, desvio e retificação de corpos d’água etc., que resultam em mudanças nas zonas afetadas, especialmente nas bacias hidrográficas. Um exemplo clássico da irrigação mal planejada sem levar em consideração os problemas futuros, ocorreu em 1970, por ocasião da grande estiagem de 1970, onde o governo federal implantou programas, como o Plurianual de Irrigação (PPI) (VALADALLES; FARIA, 2004). Assim, foram criados e ampliados, na região Nordeste, áreas irrigadas como o Perímetro Irrigado de Sumé, com o objetivo de desenvolver a produção agrícola na região (SILVA-NETO, 2004). No inicio da criação do perímetro, realizou-se um planejamento sobre as características dos solos, preocupando-se em diversificar as atividades agrícolas, para garantir uma renda familiar mais segura, e assim promover a sustentabilidade econômica da região. No entanto, com o passar do tempo os perímetros foram intensamente explorado, exigindo, desta forma, que a irrigação, fosse uma prática descontrolada, ininterrupta, e sem preocupação com a sustentabilidade do sistema, a qual promovia um uso indiscriminado das águas, manejo inadequado da irrigação e a drenagem insuficiente, desencadeando a médio e longo prazo um processo de salinização dos solos e elevação do lençol freático a níveis críticos (QUEIROZ et al., 1997, BARRETO et al., 2006). Devido a isto, nestes últimos vinte anos, o perímetro de Sumé, por exemplo, ficou praticamente inoperante (CHAVES, 2007). Macêdo e Santos (1992) estudando solos irrigados com água salina na bacia Sucuru/Sumé, no estado da Paraíba, verificaram que a salinidade natural dos solos e o uso contínuo da irrigação aumentaram o risco de salinização, sendo que uma forma para melhorar a qualidade da água foi à utilização de 67 gesso agrícola. No perímetro irrigado de Custódia-PE, solos aluviais tiveram seu processo de uso agrícola interrompido por problemas de salinidade, causado principalmente pela baixa qualidade da água de irrigação (OLIVEIRA et al., 2002). Segundo os autores a reutilização desses solos para irrigação deve ser precedida com o uso de corretivos e de eficientes sistemas de drenagem. Oliveira (1996) destaca que as seguintes medidas poderiam ser tomadas para reduzir os processos de salinização dos solos: melhoria dos sistemas de drenagem;observações periódicas do nível do lençol freático; análises periódicas do solo e das águas de irrigação e do lençol freático; uso de práticas agrícolas adequadas e de culturas selecionadas em função de suas tolerâncias à salinidade; assistência técnica permanente aos irrigantes. Portanto, o manejo racional da irrigação demanda estudos que considerem os aspectos sociais, econômicos, técnicos e ecológicos da região. Assim, deve-se aglomerar esforços no sentido de obter dados confiáveis que permitam quantificar com precisão a magnitude do impacto ambiental ocasionado pela irrigação, de modo a ser considerado na implantação de projetos. Não obstante, estes cuidados possibilitarão um crescimento saudável da irrigação na região semi-árida, evitando, assim, um crescimento baseado exclusivamente em benefícios financeiros, sem considerar os problemas relacionados ao meio ambiente. Produção de energia: retirada de lenha e carvoarias A extração madeireira, para obtenção de lenha e carvão, tem sido considerada mais danosa que a própria agricultura segundo diversos pesquisadores. Com a crise mundial do petróleo, a partir de 1974, por decisão governamental, alguns setores industriais tiveram que buscar fontes alternativas de energia, concentrando-se na órbita da biomassa (BENEVIDES, 2003). Além disso, a lenha e o carvão vegetal ainda são as fontes de energia mais importantes para as famílias nordestinas. Segundo Braid (1996) a energia da biomassa florestal representa a segunda fonte de energia do Nordeste. 68 A dependência direta ou indiretamente da população por matriz energética, somado ao manejo incorreto e ao consumo em níveis que superam a capacidade de regeneração torna ainda mais intenso a degradação da Caatinga. Neste cenário, as Indústrias alimentícias, de gesso, mineradoras calcinadoras, curtumes, cerâmicas, olarias, panificadoras, reformadoras de pneus e pizzarias (Figura 3) utilizam espécies nativas como jurema preta, catingueira, baraúna, umburana-de-cambão, angico, sete-cascas, dentre outras, o que modifica a fitofisionomia da Caatinga. Segundo dados do Balanço Energético do Nordeste (período de 1080 a 1989) o estado da Paraíba contribuiu com 40% da lenha e do carvão vegetal da matriz energética dos estados nordestinos (DRUMMOND et al., 2008). Assim, a degradação da vegetação nativa, em função de atividades agrícolas e pastoris, além do corte raso para a produção de carvão e abastecimento das indústrias, tem acarretado graves problemas ambientais para o semi-árido nordestino, entre os quais se destacam: a redução da biodiversidade, a degradação dos solos, o comprometimento dos sistemas produtivos e colocam esta área entre aquelas com níveis mais acentuados de desertificação (CÂNDIDO et al., 2002). Desta forma, tanto a exploração de subsistência, relacionado ao homem sertanejo que busca suprir suas necessidades básicas, quanto à exploração econômica intensiva que atende a demanda dos grandes centros urbanos são responsáveis pelo processo de degradação dos ecossistemas do semi-árido nordestino, porém, na exploração intensiva á extensão de áreas exploradas é muito maior Ressalta-se ainda que a utilização dos recursos da Caatinga puramente extrativistas, sem a perspectiva de um manejo sustentável, acarreta perdas irrecuperáveis na diversidade florística e faunística, como conseqüência da simplificação da rede alimentar, redução da resiliência e da estabilidade do ambiente diante dos fatores do meio (DRUMOND et al., 2000). Desta forma, nos tempos atuais, a Caatinga tem sido favorecida pela expansão de estrato arbustivo em detrimento do arbóreo, que diminui gradualmente, e assim, a Caatinga arbórea é rasa, esparsa e fragmentada (PRADO, 2005). 69 Agravando-se ainda mais a situação da Caatinga, o reflorestamento realizado nos últimos anos, como forma de amenizar os impactos decorrentes do desmatamento, foi com espécies forrageiras e frutíferas que não serão utilizadas em grande escala como energéticos, o que torna ainda mais vulnerável espécies nativas de valor energético como, por exemplo, o angico, muito utilizado como matriz energética. Nessa perspectiva, estima-se para o futuro da Caatinga um aumento de área desmatada, resultado da tendência do aumento do consumo de carvão e lenha, e reestruturação fundiária da região. Figura 3. Lenha utilizada como matriz energética no processo de beneficiamento de minérios no município de Boa Vista, Paraíba. (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano). Exploração Mineral A Caatinga, ao longo de muitas décadas, foi degradada pela exploração mineral, uma vez que, os órgãos de controle e fiscalização não impedia a consumação dos impactos ambientais, seja por não implementar uma política 70 preventiva em relação aos danos, ou porque não exigiu a implantação de mecanismos de controle de poluição. Apesar de não existir estimativas oficiais da exploração de minérios na Caatinga, extensas áreas no nordeste têm sido degradadas ocasionadas pela exploração mineral, a exemplo da retirada irracional do granito, bentonita e ocorrências pegmatíticas no Cariri (Figura 4) e no Seridó Paraibano (SAMPAIO et al., 2001), o que gera fortes impactos ambientais para o bioma Caatinga. A extração mineral pode causar diversas formas de impacto ambiental, a exemplo da remoção total da vegetação das camadas superficiais do solo, com a extinção de vários animais e vegetais nativos; rebaixamento de lençóis freáticos; assoreamento e contaminação das águas, do solo e do ar nos processos de extração e processamento mineral; utilização de carvão vegetal e lenha como fontes energéticas na extração e processamento mineral, causando impacto indireto, porém muito intenso sobre o bioma, como por exemplo, o uso de biomassa florestal como energia pelas indústrias do gesso, cerâmicas, calcinação do calcário, beneficiamento da bentonita, entre outras (CRUZ et al., 2005). Como conseqüência do processo de extração e beneficiamento de minérios, somado à incipiente legislação ambiental existente até o inicio da década de 80 e ao descaso com o cumprimento das normas reguladoras do setor, as mineradoras na Paraíba, bem como em todo o domínio Caatinga provocou, após décadas de exploração, um efeito degradativo direto e/ou indireto em várias áreas do bioma Caatinga. Embora atualmente, de acordo com o artigo 225, em seu parágrafo único da Constituição Federal de 1988, aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, extensas áreas da Caatinga continuam a ser degradadas sem nenhum projeto de recuperação, frutos de uma mineração clandestina desenvolvida sem nenhum critério técnico- ambiental. É oportuno ressaltar que a atividade mineral não pode deixar de existir, uma vez que seus produtos são de grande importância para a sociedade. 71 Todavia, tal exploração deve agredir o mínimo possível o meio ambiente e ser acompanhado de estudos e planos de uma posterior recuperação da área degradada, bem como melhor aproveitamento dos recursos minerais e minimização de danos indiretos, como o desmatamento, para a produção de biomassa energética na obtenção de produtos minerais. A aquisição de lenha, para uso energético das indústrias mineradoras, se oriunda de biomassa de reflorestamento, reduziria o desmatamento de extensas áreas de mata nativa, e minimizaria os danos ao bioma Caatinga, como perda de solos e fertilidade agrícola, e esgotamento da biodiversidade animal e vegetal, além de reduzir os altos investimentos econômicos para a recuperação das áreas degradadas. Figura 4. Exploração de minérios no município de São João do Cariri, Paraíba. (Fonte: acervo do grupo de estudosde educação ambiental no semi-árido paraibano). Introdução de espécies exóticas As alterações impostas nos ecossistemas pela ação antrópica são profundas e geram impactos, muitos considerados irreversíveis. Dentre os problemas da atualidade que causam desequilíbrio no meio biofísico, destaca- 72 se a introdução de espécies exóticas, que está sendo apontada como a segunda causa de extinção de espécies no planeta (VILAR, 2006). As espécies exóticas, introduzidas intencionalmente ou acidentalmente nos ecossistemas, não apenas sobrevivem, mas se adaptam e passam a competir com as espécies nativas, desencadeando problemas gravíssimos, como a alteração das características naturais e o funcionamento de processos ecológicos, afetando diretamente a resiliência dos ecossistemas, a redução de populações autóctones e perda de biodiversidade (ZILLER, 2001). Na grande maioria das propriedades do Cariri Paraibano, dificilmente se encontra mata ciliar original, os poucos fragmentos ainda existentes apresentam reduzida diversidade florística e, em alguns casos, são totalmente representados pela Algaroba (Prosopis juliflora) (estima-se em mais de 15 mil hectares de áreas reflorestadas no Cariri paraibano), que introduzida de forma intensiva na região nas décadas de 70-80, invadiu as áreas de várzea e as margens dos cursos de água e reservatórios, não permitindo, devido ao seu papel alelopático (fenômeno, geralmente de ordem química, que evita a presença de outras espécies ou a mesma espécie junto a ela no que se refere à competição por água, nutrientes, luminosidade, etc.), que as espécies nativas típicas destes ecossistemas pudessem ocupar as áreas antes dominadas pela agricultura e/ou pecuária (PEREIRA, 2006). Existem poucas informações sobre espécies introduzidas na Caatinga, no entanto, vale destacar as abelhas africanizadas (Apis melifera), que competem com as espécies de abelhas nativas podendo levar a extinção das mesmas. Segundo Aquino (1997), várias espécies de abelhas silvestres nativas do Cariri paraibano estão ameaçadas de extinção, devido ao desmatamento de vegetais que lhes proporcionam alimento e abrigo; à competição com as abelhas africanizadas, que são mais agressivas e com colônias bem maiores; e à ação predatória dos “meleiros” que retiram o mel destruindo completamente suas colônias. É oportuno ressaltar que as espécies nativas exercem um papel fundamental na polinização da Caatinga, além disso, segundo diversos pesquisadores, o mel dessas abelhas pode ser até 10 vezes mais caro que o 73 das abelhas africanas, a exemplo da jandaira (Melipona rufiventris), abelha endêmica do semi-árido brasileiro. Outra vantagem, é que a criação de abelhas independe das condições climáticas do semi-árido e das dimensões da propriedade, o que pode representar uma alternativa sustentável para o pequeno proprietário. Superexploração dos Recursos Bióticos A superexploração dos recursos bióticos sempre foi uma prática constante na Caatinga, seja na forma de alimentação para o homem do campo ou caçadas pelo elevado valor comercial de sua pele. Segundo Aquino (1997), diversos felinos na Paraíba como as onças e os gatos-maracajás; répteis como tejuaçú e jibóia foram caçados intensamente para a retirada de sua pele e comercialização no mercado internacional. Ainda nos dia atuais, animais ameaçados de extinção continuam a ser utilizados na alimentação da população que vive na Caatinga. É oportuno ressaltar que a biodiversidade da Caatinga é fundamental para o equilíbrio econômico da população local devido ao seu potencial forrageiro, frutífero, medicinal, madeireiro e faunístico, mas muitas práticas têm contribuído para uma insustentabilidade e perda de biodiversidade. A exploração dos recursos bióticos de forma intensa promove um esgotamento total da diversidade florística e faunística do bioma Caatinga, fato este não obstante, uma vez que a cada dia são mais evidentes as estimativas de perda de biodiversidade, seja de forma direta ou indireta. É oportuno ressaltar também que neste cenário da superexploração da Caatinga, vários exemplares da Biodiversidade deste bioma desapareceu como exemplo, a espécie de ave ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), extinta oficialmente da natureza. Não obstante, as listas divulgadas de espécie em risco de extinção não contemplam a verdadeira situação do bioma Caatinga, uma vez que, as espécies listadas são desatualizadas e irrisórias. Dentre as alternativas que poderia minimizar a superexploração da fauna da Caatinga, podemos citar a criação em cativeiro de animais como 74 exemplo da ema (Rhea americana), maior ave da América do Sul, que ocorria em abundância na região semi-árida e praticamente desapareceu. Segundo Aquino (1997), a criação de emas na Caatinga apresenta várias vantagens como: auxiliar no controle biológico natural, pois pequenos vertebrados e insetos fazem parte de sua alimentação, e desta forma controlam diversas pragas, a exemplo dos gafanhotos, que destroem plantações; animais que se integra ao hábito alimentar do semi-árido; sua pele é superior em qualidade à pele do avestruz; suas penas podem ser utilizadas na indústria de utensílios domésticos, vestuário e decoração; seus ovos podem ser aproveitados na gastronomia e podem servir de matéria prima para artesãos; importante disseminadora de sementes em áreas degradadas. O BIOMA CAATINGA E O PROCESSO DE DESERTIFICAÇÃO DO SEMI- ÁRIDO Desertificação, segundo a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD), é a degradação de terras nas zonas áridas, semi- áridas e sub-úmidas secas do planeta. Significa a destruição da base de recursos naturais, como resultado da ação do Homem sobre o seu ambiente, e de fenômenos naturais, como a variabilidade climática e condições edáficas locais. É um processo, quase sempre lento, que corrói pouco a pouco a capacidade de sobrevivência de uma comunidade, produzindo redução da biodiversidade, perda de produtividade agrícola, instabilidade econômica e política e, por vezes, chegando a contribuir com as mudanças climáticas do planeta. Este processo pode ser considerado como um problema global devido a sua ocorrência em mais de 100 países. Na região Nordeste, este processo vem se intensificando ao longo dos anos, e, conforme Viana (1999), ocupa uma área de aproximadamente 181.000 Km², abrangendo mais de 1.000 municípios, com perdas econômicas em torno de 100 milhões de dólares anuais. 75 As áreas seriamente comprometidas com o processo de desertificação são: Gilbués, no Piauí; Inhamuns, no Ceará; Seridó, no Rio Grande do Norte; Cariris Velhos, na Paraíba; Sertão Central de Pernambuco; e Sertão do São Francisco, na Bahia. Todavia, de todos os estados nordestinos, a Paraíba apresenta o maior índice de desertificação, e, estudos relatam que dos 56.372 km² da área total do estado (mais de 70%) encontra-se em processo de desertificação (FRANCO et al., 2007), o que equivale a cerca de 15% da área total da Caatinga (DRUMOND et al., 2000). No entanto, pouco se tem feito para amenizar o problema, uma vez que a falta de articulação entre as diversas esferas da sociedade, o desinteresse político, e principalmente a falta de sensibilização das comunidades locais dificulta o controle dos processos degradativos. Segundo Corrêa (1999), a cerca de um século foi citada a ação antrópica como gerador do processo de desertificação e degradação dos recursos naturais do Nordeste. No entanto, apenas na década de 30, com a destruição dos solos e da vegetação que ocorreu no Meio Oeste americano, que o problema passou a ser caracterizado de forma mais abrangente (VALADALLES; FARIA, 2004). Assim, além da ação dos rigores climáticos sobre a cobertura vegetal, o manejo inadequado da Caatinga, em particular, os desmatamentosem grande escala; a irrigação mal controlada, que provoca a salinização dos solos; a extração de madeira; as monoculturas, a exemplo da soja, mamona, eucalipto e bambu que causam extinção da biodiversidade e proliferação de pragas; a mineração; e a pecuária, praticada de forma extensiva e descontrolada como sendo os fortes agentes degradativo da Caatinga (LUNA; COUTINHO, 2007). No início dos anos 80, o incentivo financeiro e a divulgação do “reflorestamento” com algaroba (Prosopis juliflora), árvore exótica levaram os fazendeiros a desmatar, eliminando árvores nativas, como marmeleiro, juazeiro, craibera, jurema, umburana, catingueira, baraúna, jurema, entre outras, além disso, o algarobeiro suga muito a umidade do solo e não permite o crescimento da vegetação nativa perto dela, levando assim a perda da Biodiversidade. 76 Neste cenário, as conseqüências da degradação e da desertificação são, freqüentemente, a diminuição da produtividade agrícola, e, portanto diminuição da qualidade de vida, elevação da mortalidade infantil e redução da expectativa de vida da população. Assim, os prejuízos sociais refletem nas unidades familiares, provocando as migrações que por sua vez, impactam as zonas urbanas, que quase sempre não estão em condições de oferecer serviços ao elevado contingente populacional que para lá se deslocam (BRASIL, 2004). Quando da elaboração do Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN-Brasil), foram delimitadas as Áreas Susceptíveis à Desertificação (ASD) no Brasil, de acordo com os pressupostos da UNCCD. Como tal, estão caracterizadas aquelas que apresentam Índice de Aridez entre 0,21 e 0,65, essas áreas compreendem porções territoriais dos Estados do Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais, acrescidos, em caráter preliminar, de mais 281 municípios situados no entorno daquelas áreas, englobando, além dos estados já citados, parte dos estados do Maranhão e Espírito Santo (BRASIL, 2004). Assim, as áreas susceptíveis à desertificação no Brasil caracterizam-se por longos períodos de seca, seguidos por outros de intensas chuvas. Ambos os processos, secas ou chuvas intensas, costumam provocar significativos prejuízos econômicos, sociais e ambientais, que tendem a atingir com maior rigor a parcela da população menos favorecida (CARVALHO; OLIVEIRA, 2006). Neste cenário, a Paraíba é o estado brasileiro que possui o maior percentual de área com nível de desertificação muito grave (29 %), afetando o dia-a-dia de mais de 653 mil pessoas residentes nessas localidades (Figura 5). Segundo dados de Brasil (2004), o estado da Paraíba apresenta 208 municípios com áreas susceptíveis à desertificação. As principais áreas afetadas no estado da Paraíba são: os Cariris, o Seridó, uma parte do Curimatáu, a Depressão do Alto Piranhas, dentre outras. (SCHENKEL; MATALLO-JÚNIOR, 2003). Porém, dentre as áreas, se destaca 77 a micro-região dos Cariris Velhos, que apresenta o menor índice de chuvas do país (240 mm por ano), e consequentemente torna os processos antrópicos ainda maior rigorosos. Souza (2008), utilizando como base o processo histórico de ocupação e povoamento do Cariri, a análise qualitativa da vegetação (diversidade, densidade e estratos) e o uso de técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento mapeou a desertificação na região. Entre os resultados encontrados pelo autor, foi verificado que no período de 2005-2006, a área atingida por esse processo, em todos os níveis analisados (Moderado, Grave e Muito Grave), correspondeu a 77,4% de toda a região. Inclusive, no período compreendido entre 1989 a 2006, houve um aumento aproximado de 15% em relação a esse tipo de degradação na região do Cariri. Melo (2000) e Pachêco et al. (2006) identificou duas causas principais para a desertificação na região dos Cariris da Paraíba: 1) A predisposição geoecológica ou o equilíbrio instável resultante dos fatores climáticos, edáficos e topográficos; 2) As diferentes modalidades das ações antrópicas, diretas ou indiretas, que começam pela eliminação ou degradação do revestimento vegetal, chegando a desencadear o comprometimento dos outros componentes do ecossistema e dando início à formação de núcleos de desertificação. Portanto, não existe um único fator que pode ser desencadeador do processo de desertificação, mas sim múltiplas causas, que vai desde a predisposição natural do ambiente, até as diferentes modalidades de ações antrópicas, já discutidas neste capítulo. 78 Figura 5. Localização do Semi-árido e da Caatinga e as áreas susceptíveis à desertificação e as afetadas por processos de desertificação (Fonte: Programa de Combate à Desertificação - Proágua Semi-Árido – Antidesertificação, OTAMAR, 2006. Disponível em <http://www.iicadesertification.org.br/lendo.php?sessao=MTA3> Acesso em 10. jun. 2008. 79 SUGESTÕES DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS ATIVIDADE 1: Jogo da Cruzadinha sobre as principais ações de impactos ambientais no Bioma Caatinga. Objetivos da atividade: Desenvolver a capacidade do pensar e do agir; Contribuir para o desenvolvimento do raciocínio e da participação ativa dos educandos ao realizarem uma atividade lúdica. Procedimento: A partir das alternativas abaixo, encontrar a resposta para os diferentes tipos de impactos ambientais sobre o bioma Caatinga e preencher a cruzadinha. 1 - Apropriação e/ou Tráfico ilegal de animais ou vegetais, de uma dada região para outra, visando lucro econômico; 2 - Espécies que ocorrem em uma área geográfica, fora de seu limite natural historicamente conhecido, como resultado de dispersão acidental ou intencional por atividades humanas; 3 – Prática de aplicar água no solo, de modo artificialmente e de modo controlado, a fim de possibilitar o cultivo agrícola; 4 - Retirada ou utilização dos recursos naturais de uma determinada área de forma exagerada, sem levar em conta sua capacidade de regeneração ou reposição do ambiente; 5 - Processo de devastação ou extração de parte ou de todo um determinado ambiente (resposta: Destruição); 6 - Conjunto de processos técnicos usados na domesticação e produção de animais com objetivos econômicos; 7 - Lugar onde se fabrica ou armazena carvão; 8 - Ramos, troncos, toras ou quaisquer pedaços de madeira utilizados como fonte de energia; 9 - Processo pelo qual a concentração de sais dissolvidos aumenta no solo ou na água; 80 10 - Conjunto de técnicas utilizadas para cultivar plantas com o objetivo de obter alimentos, fibras, energia, matéria-prima, etc.; 11 - Destruição do solo e seu transporte em geral feito pela água da chuva ou pelo vento; 12 - Extração de substâncias minerais a partir de depósitos ou jazidas minerais; Respostas da cruzadinha: 1. Biopirataria; 2. Espécies exóticas; 3. Irrigação; 4. Superexploração; 5. Destruição; 6. Pecuária; 7. Carvoaria; 8. Lenha; 9. Salinização; 10. Agricultura; 11. Erosão do solo; 12. Mineração. Outras atividades que podem ser desenvolvidas Excursão Didática: uma aula de campo para analisar áreas degradadas no semi-árido paraibano e susceptíveis à desertificação; Leitura de Imagens: análise de imagens e fotografias de áreas degradadas do semi-árido; 81 Pesquisas em revistas, jornais e sites educativos, sobre os diferentes impactos ambientais no bioma Caatinga, para a produção de cartazes e Murais Didáticos; Seminários temáticos com os alunos; Oficinas de Produção de textos e desenhos (Figura 6), representando a Caatinga e os impactos ambientais que a acometem. Figura 6. Desenho/pintura representando a paisagem da Caatingae do rio Taperoá, elaborado pelo aluno João Paulo da Silva Queiroz e orientado pela professora Maria do Socorro Cordeiro Ramos – Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Jornalista José Leal Ramos. (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano). 82 CAPÍTULO V CONSERVAÇÃO E USO SUSTENTÁVEL DA CAATINGA FRANCISCO JOSÉ PEGADO ABÍLIO HUGO DA SILVA FLORENTINO THIAGO LEITE DE MELO RUFFO ASPECTOS GERAIS Nas últimas décadas, o número de espécies que se têm extinguido, ou que se encontram ameaçadas de extinção a curto ou médio prazo, tem aumentado extraordinariamente, fato que deve trazer graves conseqüências para a sociedade humana. Como resposta, surgiu um ramo das ciências biológicas, a Biologia da Conservação (PRIMACK; RODRIGUES, 2001), que visa compreender os fenômenos de extinção, e, principalmente, estudar a biodiversidade, o uso e manejo sustentável dos recursos naturais. Ela procura entender a distribuição e abundância da fauna e flora, como esses organismos são mantidos pelos processos naturais e como o Homem pode utilizá-los de maneira sustentável. A Caatinga é uma importante região para ser conservada, por motivos que vão além da riqueza e diversidade de espécies (SANTOS; TABARELLI, 2005). Ela é uma das regiões semi-áridas mais populosas do mundo; estima-se que mais de 25 milhões de pessoas habitam este local, sendo que a maioria possui condições de vida inadequadas e acabam utilizando os recursos naturais de forma equivocada. De um modo geral, nas regiões semi-áridas, os crescentes índices de devastação e degradação dos recursos naturais vêm tornando a Caatinga 83 bastante vulnerável. De acordo com Leal et al. (2005a), atividades humanas não sustentáveis, como a agricultura de corte e queima (que converte anualmente remanescentes de vegetação em culturas de ciclo curto), o corte de madeira para lenha, a caça de animais e a contínua remoção da vegetação para a criação de bovinos e caprinos tem levado ao empobrecimento ambiental em larga escala deste bioma. Neste sentido, o bioma vem sofrendo historicamente drásticas modificações devido às ações humanas. Atualmente, a região da Caatinga tem menos de 50 unidades de conservação (menor número dentre os biomas brasileiros) com variados regimes de gerenciamento (federais, estaduais e particulares). No entanto, apenas 11 áreas, cobrindo menos de 1% da região são de proteção integral, como parques nacionais, estações ecológicas e reservas biológicas (LEAL et al., 2005a). Estudos realizados pelo Banco Mundial e a World Wildlife Fund (WWF) definem prioridades para a conservação da biodiversidade, as quais são estabelecidas em seis níveis por ordem de relevância, assim estipulados: prioridades I, II, III, IV, V e VI. O ecossistema Caatinga está classificado no nível I. Esta alta prioridade é alcançada quando se considera que além da situação de vulnerabilidade do ecossistema, deva ser acrescentada a sua representatividade para a ecorregião. Com efeito, "os domínios de Caatinga" estão presentes em quase todo o Nordeste brasileiro (VARELA-FREIRE, 2002), ou ainda, mais precisamente, na área denominada de “Polígono das Secas”, que inclui também parte do Norte do estado de Minas Gerais. A essa representatividade, somam-se os aspectos físicos e as formas de exploração econômica do ecossistema, resultando daí a sua vulnerabilidade (LEAL et al., 2005a, 2005b). Realmente, a forma de exploração adotada através dos tempos contribuiu fortemente para que o Nordeste se tornasse, hoje, a área mais vulnerável do país à incidência da degradação ambiental: meio ambiente frágil, fundamentado em grande parte sobre um embasamento cristalino, com solos rasos, com amplas zonas tropicais semi-áridas e forte pressão demográfica. 84 Além disso, a questão econômico-social da grande parcela da população nordestina, residente no semi-árido de dominação da Caatinga é, sem dúvida, a causa principal de degradação do ecossistema. O uso dos recursos da flora e da fauna pelas necessidades do homem nordestino é uma constante, já que ele não encontra formas alternativas para o seu sustento (DRUMOND et al., 2000, DRUMOND, 2004). A cobertura vegetal está reduzida a menos de 50% da área dos estados e a taxa anual de desmatamento é de aproximadamente meio milhão de hectares. Por outro lado, o desmatamento e a caça de subsistência são os principais responsáveis pela extinção da maioria dos animais nativos do semi- árido de médio e grande porte (LEAL et al., 2005b). O hábito de consumir animais da fauna autóctone é antigo, vindo desde antes da colonização e, ainda hoje, é grande a importância social da fauna nativa nordestina. As principais fontes de proteína animal das populações sertanejas continuam sendo a caça e a pesca predatórias (DRUMOND et al., 2000), e, durante as grandes secas periódicas, quando as safras agrícolas são frustradas e os animais domésticos dizimados pela fome e pela sede, tais atividades desempenham importante papel social na região, por fornecer carne de alto valor nutritivo às famílias do sertão. Mesmo com todas essas ameaças, o percentual de áreas protegidas e/ou sob forma de unidades de conservação é insignificante, sendo ainda a maior parte destas protegendo habitats de transição entre a Caatinga e outros biomas, como o Cerrado e a Mata Atlântica. ECORREGIÕES DA CAATINGA As ecorregiões são unidades de paisagem que servem de base para o planejamento da conservação da biodiversidade. De acordo com o CNRBC (2004), estas são unidades relativamente grandes de terra e água delineadas pelos fatores bióticos (ex: padrões de distribuição de taxa de organismos vivos) e abióticos (ex: clima, história geomorfológica) que regulam a estrutura e função das comunidades naturais que lá se encontram. 85 A principal vantagem para o uso das ecorregiões como unidade biogeográfica é por possuir limites naturais bem definidos, ao contrário de outras divisões biogeográficas alternativas baseadas nas distribuições de espécies de alguns grupos de organismos cujos limites ainda não são bem conhecidos (SEPLAN, 2003). Para o bioma Caatinga, Velloso et al. (2002) identifica oito ecorregiões: Depressão Sertaneja Setentrional, Depressão Sertaneja Meridional, Planalto da Borborema, Complexo da Chapada Diamantina, Complexo de Campo Maior, Complexo Ibiapaba – Araripe, Dunas do São Francisco e Raso da Catarina (Quadro I), das quais as Depressões Sertanejas e o Planalto da Borborema são as mais alteradas pela ação antrópica e que possuem as menores áreas protegidas, em termos de número, área total e/ou categoria de proteção. Todavia, as áreas pertencentes às Depressões Sertanejas, ainda possuem áreas razoavelmente extensas com possibilidades de recuperação, diferentemente do Planalto da Borborema, onde restam apenas pequenas ilhas e algumas formações vegetais originais. Quadro I. Ecorregiões da Caatinga e sua vulnerabilidade (Fonte: Velloso et al., 2002). ECORREGIÕES DA CAATINGA Depressão Sertaneja Setentrional Depressão Sertaneja Meridional Planalto da Borborema Complexo da Chapada Diamantina Complexo de Campo Maior Complexo Ibiapaba - Araripe Dunas do São Francisco Raso da Catarina USO SUSTENTÁVEL E CONSERVAÇÃO DA CAATINGA O Nordeste brasileiro apresenta diversos problemas quanto à sustentabilidade dos sistemas de produção, que aliados às condições climáticas, dificultam a manutenção e desenvolvimento destas áreas. Ainda hoje, a utilização da Caatinga tem suas bases nos processos extrativistas para 86 obtenção de produtos de origens pastoril, agrícola e madeireiro, e as conseqüências desse modelo se fazem sentir com o esgotamento dos recursos naturais renováveis destebioma. O desenvolvimento sustentável para a região semi-árida nordestina faz- se então necessário, por envolver muitas variáveis que estão estreitamente inter-relacionadas como a questão de condições climáticas adversas (CARVALHO et al. 2007). Assim, buscar a conservação do bioma Caatinga através do uso sustentável é indispensável para a sobrevivência do homem neste ecossistema. Segundo Martí (2006), a primeira providência a se tomar para se alcançar a sustentabilidade é mudar a forma de produção agropecuária, que até hoje não corresponde às necessidades básicas da maioria da população. Leal et al. (2005a) ressaltam que uma estratégia regional que busque a conservação da Caatinga deve abranger três objetivos principais: (1) evitar maiores perdas de habitat e desertificação; (2) manter os serviços ecológicos- chave necessários para melhorar a qualidade de vida da população; e (3) promover o uso sustentável dos recursos naturais da região. Na escala local, o maior desafio é a criação e implementação de Unidades de Conservação (UC) em áreas identificadas como prioritárias. A criação de UC na Caatinga deve ser uma meta a ser alcançada, pois existe um leque de prioridades, a destacar a elevada densidade populacional com condições de vida inadequada, o que torna a exploração dos recursos naturais de forma insustentável uma prática constante (SAMPAIO; MAZZA, 2000). Além disso, o número de UC no domínio Caatinga é muito reduzido, o que aumenta o risco de perda de Biodiversidade e outros problemas decorrentes do manejo inadequado. Apesar da criação de UC na Caatinga envolver uma série de fatores que devem ser considerados em conjunto, devido ao acelerado ritmo de devastação que este bioma esta inserido, talvez não haja tempo suficiente para pesquisas que mensurem áreas para a criação de UC, antes que muitos organismos desapareçam por completo. 87 Como se não bastasse à falta de proteção, a Caatinga enfrenta pelo menos outros dois inimigos, tão ou talvez até mesmo mais perigosos. Primeiro, a indiferença: embora seja a paisagem natural típica do interior do Nordeste, ela ocupa apenas um de cada cinco hectares protegidos na região – isto é, quase 80% dos hectares ocupados pelas reservas e parques nordestinos protegem outros biomas que não a Caatinga. Um segundo inimigo é a desinformação: como as universidades e os pesquisadores nordestinos estão concentrados no litoral, a grande maioria das pesquisas de campo em geral é conduzida nos domínios de outros biomas – notadamente habitats marinhos e fragmentos remanescentes de Floresta Atlântica (COSTA, 2002). Além disso, como a baixa condição sócio-econômica da população é considerada o principal desafio na Caatinga, a criação de UC neste bioma está entre as menores prioridades de investimento. Um outro aspecto que dificulta a conservação da Caatinga são os critérios utilizados para a criação de UC, que se baseiam no número, tamanho, desenho e distribuição espacial, que em uma ultima análise determinam se a heterogeneidade e a riqueza biológica de uma região serão ou não efetivamente protegidas em níveis mínimos de representatividade. A criação de UC baseada nestes critérios apresenta nível de abrangência relativa, pois devido as diferentes ecorregiões e transições com outros biomas, muitas áreas representativas ficam de fora da proteção (LEAL et al. 2005a). As Unidades de Conservação são divididas em duas áreas : Proteção Integral, onde não é permitida a utilização dos recursos naturais, a exemplo da Estação Ecológica (ESEC), Reserva Biológica (REBIO), Parque Nacional (PARNA), Monumento Natural (MN) e Refúgio da Vida Silvestre (REVIS); Uso sustentável, onde é permitida a utilização dos recursos naturais renováveis de forma racional e através de um manejo adequado, a exemplo das Áreas de Proteção Ambiental (APA), Área de Relevante interesse Ecológico (ARIE), Floresta Nacional (FLONA), Reserva Extrativista (RESEX), Reserva de Fauna (REFAU), Reserva de Desenvolvimento 88 Sustentável (RDS) e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) (Quadro II). Quadro II. Exemplos de algumas Unidades de Conservação (UC) de Uso Sustentável no Bioma Caatinga, com destaque para as áreas do estado da Paraíba. (Fonte: Velloso et al., 2002). UC TAMANHO LOCALIZAÇÃO APA Serra da Ibiapaba 1.592.550 ha CE e PI Parque Nacional Serra da Capivara 100.000 ha PI Parque Nacional Serra das Confusões 502.411 ha PI APA da Chapada do Araripe 1.063.000 ha CE, PI e PE APA Serra da Ibiapaba 1.592.550 ha CE e PI. FLONA Assú 215 ha Assú, RN APA Delta do Parnaíba 313.800ha PI, CE e MA ARIE Vale dos Dinossauros Mais de 70.000 ha Sousa e municípios circunvizinhos-PB RPPN Fazenda Tamanduá 325 ha Santa Terezinha, PB RPPN Fazenda Santa Clara 750 ha São João do Cariri, PB RPPN Fazenda Almas 3.505ha São José dos Cordeiros e Sumé-PB RPPN Fazenda Pedra de Água 170ha Solânea, PB RPPN Fazenda Várzea 390ha Araruna, PB RPPN Major Badú Loureiro 186,31 ha Catingueira, PB Parque Nacional da Chapada Diamantina 152.000 ha Região central da Bahia. Parque Estadual Morro do Chapéu 6.000 ha Morro do Chapéu, BA Estação Ecológica do Raso da Catarina 99.772 ha Jeremoabo, Paulo Afonso e Rodelas, BA Parque Estadual de Canudos, Estação Biológica de Canudos 1.481ha no total Canudos, BA Legenda: APA - Área de Proteção Ambiental; ARIE - Área de Relevante Interesse Ecológico; FLONA - Floresta Nacional; RPPN - Reserva Particular do Patrimônio Natural). Diante da realidade em que se encontra o bioma Caatinga e da necessidade da população local pela utilização dos recursos naturais, enfocaremos as UC de Uso Sustentável, a exemplo, da RPPN Fazenda Almas (7° 28’ 15” S, 36° 53’ 51” W), localizado no município de São José dos Cordeiros, com uma pequena parte no município de Sumé, no Cariri ocidental 89 do estado da Paraíba, que apresenta, segundo Barbosa et al. (2007), a vegetação mais preservada do Cariri. As RPPN são áreas de domínio privado (propriedade particular) possuindo como princípio legal de manejo a proteção integral e o uso indireto dos recursos naturais nas atividades de turismo ecológico, educação ambiental e pesquisa científica que podem proporcionar novas opções de geração de renda (9). Para se tornar uma RPPN, os proprietários devem procurar garantir a diversidade biológica local, através da manutenção da biodiversidade, manejo adequado e conservação de parte dos recursos naturais, recebendo em troca, incentivos fiscais, como a isenção de impostos. O manejo sustentável tem como objetivo a conservação e constante renovação da base de produção, a exemplo do fornecimento de lenha oriundo de reflorestamento. Este tipo de sustentabilidade parte do princípio que para se manter a produtividade de um ambiente, não se podem esgotar os recursos. Assim, a exploração é uma prática contrária ao manejo sustentável, pois neste tipo de atividade retira-se tudo sem repor, sem se preocupar com a renovação dos recursos naturais utilizados. O turístico ecológico nas regiões semi-áridas pode ser uma das alternativas para a conservação da Caatinga, pois gera mais uma opção de fonte de renda para as comunidades locais (ver capítulo VII para mais detalhes). Todavia, vale ressaltar que a exploração do potencial turístico não pode ser de forma irracional provocando danos ao meio ambiente, mas sim de maneira sustentável, mostrando que as potencialidades da região do Cariri tornam-se capazes de promover por si só o desenvolvimento sustentável dentro de uma perspectiva harmônica entre sociedade e natureza. Portanto, a preocupação com a conservação da Caatinga será condição indispensável para a sustentabilidade no semi-árido. Outro exemplo de atividade sustentável é a criação de cisternas para a captação de água da chuva aproveitando-anos períodos de seca para fins de (9) FREPESP. FEDERAÇÃO DAS REVERAS ECOLÓGICAS PARTICULARES DO ESTADO DE SAO PAULO. O que é RRPN. Disponível em: <http://www.frepesp.org.br/nova/oque.asp> Acesso em: 15 jul.2009. 90 consumo humano, animal e irrigação de pequenas áreas, evitando assim as perdas totais e parciais de lavouras devido à irregularidade pluviométrica. Segundo Gnadlinger (2006), apesar do problema de distribuição irregular das chuvas e do subsolo desfavorável, sempre é possível captar a água quando chove, armazená-la e, com isso, ter uma fonte segura durante o período seco, não somente como água potável, mas também para uso animal e na agricultura. Um outro problema na Caatinga é o desmatamento para suprir as necessidades energéticas, assim, ainda que a lenha, na forma predatória em que atualmente se processa sua exploração seja um dos fatores de degradação ambiental, é possível e necessário alterar esse paradigma, implementando modelos de sistemas sustentáveis, através da produção racional de lenha e aumentar a disponibilidade desta através do manejo florestal sustentável com reflorestamento (NOGUEIRA; SILVA, 2003, MARTÍ, 2006). Todavia, as áreas destinadas a esse fim não podem ser incentivadas em detrimentos às regiões de vegetação nativa. Ainda com relação ao uso da lenha como matriz energética, a simples utilização de métodos melhorados nas carvoarias poderia reduzir a metade da demanda por madeira. Segundo Nogueira e Silva (2003), os processos tradicionais de produção de carvão, necessitam de aproximadamente 7m3 de lenha para gerar um 1m3 de carvão, enquanto que através de métodos mais modernos só se necessitaria de no máximo 4m3. Esta eficiência consiste em procedimentos de combustão e recuperação térmica mais eficiente, reduzindo as perdas de calor. Portanto, não existe uma única forma, mas várias para se praticar a sustentabilidade na Caatinga, basta querer. Como afirma Maia (2004), conservar ou recuperar as riquezas naturais da Caatinga não é complicado, a pessoa não precisa saber ler e nem ter estudado, não precisa de plantas ou sementes exóticas, e tão pouco necessita de programas governamentais ou de dinheiro emprestado para realizar o manejo adequado. É essencial que seja criada a consciência que temos que repor o que foi tirado da Caatinga e a vontade de colocar isso em prática. É oportuno esclarecer, que todos nós 91 somos responsáveis pela conservação da Caatinga, quer seja sociedade ou poder público. E assim, conforme a Secretaria de Ciências, Tecnologia e Meio Ambiente (SECTMA) (10), construir a sustentabilidade do desenvolvimento do bioma constitui um enorme desafio, pois é urgente a necessidade de incorporar a população na economia e na oferta de serviços básicos, gerando renda e trabalho. No tocante, o alcance dessas demandas sociais e econômicas não pode ser atingida ao custo da degradação do meio ambiente, decorrente de processos de crescimento econômico predatório, como os que têm dominado na região das Caatingas. Um dos processos mais importantes que contribuirá para a conservação do bioma Caatinga será a implementação de programas e projetos de Educação Ambiental (EA) no âmbito da educação formal, informal e não- formal. No entanto, acreditamos que a escola seja um local propício para o desenvolvimento de atividades vivenciais e integradoras de EA relacionadas ao ambiente em que vivemos. Neste sentido, é fundamental o estabelecimento de políticas públicas que fortaleçam as escolas de Educação Básica, tendo em vista a importância que exercem no processo de formação social, cultural, humana e ética da sociedade (GUERRA; ABÍLIO, 2006). De fato, experiências exitosas têm sido desenvolvidas em escolas da Caatinga paraibana por meio do “PELD/CNPq/UFPB Bioma Caatinga: Estrutura e Funcionamento”, sensibilizando os diferentes atores sociais para necessidade e urgência da conservação da Caatinga. SUGESTÕES DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS ATIVIDADE 1: Trabalhando com poemas Objetivo da atividade: Desenvolver atividades lúdico-pedagógicas, contribuindo para um aprendizado significativo e integrador. (10) SECTMA. Cenários para o Bioma Caatinga. Disponível em: <http://www.biosferadacaatinga.org.br/downloads.html> Acesso em: 31 mar. 2007. 92 Procedimento: A turma pode ler o poema em grupos e discutir aspectos da caracterização da Caatinga. Uma leitura dinâmica na turma pode ser valorizada, em forma de jogral, por exemplo. No poema a seguir é possível perceber o valor cultural da região semi-árida. Caatinga: nossa terra, nosso lugar (Autoria deTânia Cristina da Silva) A cultura nordestina, Estamos aqui pra mostrar, O valor da Caatinga, Nossa terra, nosso lugar. Onde o sol é causticante, Morre planta, morre gente. Mas o homem não desiste, Porque ele é persistente. Convivendo com o clima Que castiga a região, O nordestino arruma um jeito De reverter a situação. Cria meios, inventa técnicas Para viver na sua terra Que não é só seca, não! Mesmo com as chuvas escassas E a falta de fontes perenes, Ainda se encontra jeito De ajudar toda essa gente, Que não perde a esperança E tem fé em Deus presente. Captando a água das chuvas, Valorizando a vegetação, Criando animais Típicos da região. O Homem vai aprendendo A conviver com o Semi – Árido, Não deixando sua cultura Viver só de passado Basta apenas os governantes No sertão acreditar, Fazendo com que o homem do campo Permaneça no seu lugar, Planejando e desenvolvendo ações Para sua vida melhorar. ATIVIDADE 2: Aulas de Campo ou Excursão Didática As aulas de campo devem ter objetivos específicos que demandem a busca de informações em ambientes naturais sem o artificialismo dos experimentos de laboratório. Nestas aulas deve ser coletado apenas o material estritamente necessário, minimizando ao máximo as alterações no local causadas pela visita (BLAUTH; MIGOTTO, 1988). O professor deve procurar fazer trabalhos de campo em locais perto da escola. A familiaridade com o local 93 e a proximidade da escola diminui a ansiedade do professor. Faz-se necessário que os alunos tenham um problema para resolver, observar e coletar dados. Segundo Krasilchik (2004) e Zóboli (2004), a organização de uma Excursão inclui: reconhecimento do local escolhido para o trabalho e a identificação dos problemas que serão investigados; elaboração do roteiro de trabalho contendo as instruções para o procedimento dos alunos e as perguntas que eles devem responder; trabalho de campo propriamente dito; trabalho em classe para organização dos dados e exame do material coletado; discussão dos dados para elaboração de uma discussão geral do sítio visitado e uma síntese final. Dentre os obstáculos à organização das Excursões podemos destacar: complicação para obter autorização dos pais e direção da escola, dos colegas que não querem ceder seu tempo de aula; medo de possíveis acidentes e os problemas de transporte; insegurança e o temor de não reconhecer os animais e plantas que forem encontrados (KRASILCHIK, 2004). Sugestão: as escolas inseridas na Caatinga podem organizar uma excursão didática a uma das Unidades de Conservação contidas no bioma. 94 CAPÍTULO VI CORPOS AQUÁTICOS DA CAATINGA PARAIBANA FRANCISCO JOSÉ PEGADO ABÍLIO MARIA CRISTINA CRISPIM JANE ENISA RIBEIRO TORELLI DE SOUZA JOSÉ ETHAM DE LUCENA BARBOSA ASPECTOS GERAIS No estado da Paraíba, mais de 90% dos seus municípios sofrem com o problema da estiagem prolongada. Neste contexto, estudos sobre os corpos aquáticos dessa região são de extrema importância para a manutenção de suas populações, sendo estes ecossistemas utilizados na irrigação, produção de peixes, abastecimentode cidades e outros (ABÍLIO, 2002). No entanto, muitos desses sistemas aquáticos apresentam alguns problemas tais como: salinização, eutrofização, propagação de doenças veiculadas à água e problemas sanitários que tornam a água imprópria para estes fins. No Estado da Paraíba, o processo desordenado de ocupação urbana, a elevada densidade populacional registrada em várias cidades, o alto índice de desmatamento e conseqüente redução da fertilidade potencial dos solos, os altos índices de analfabetismo e outros indicadores rebaixam o estado a um dos mais pobres da união. A esta conjuntura culturalmente desfavorável ao uso e exploração racional dos recursos hídricos do estado, somam-se os complexos efeitos econômicos, sociais e climáticos da estiagem, fenômeno natural que, apesar de sua periodicidade, contrasta com muitas medidas assistencialistas e paliativas que até o momento não têm solucionado devidamente as impiedosas conseqüências deste flagelo. 95 Os programas orientados ao fornecimento de água de melhor qualidade para consumo, piscicultura e irrigação, na sua ampla maioria são desestruturados, visto que, o gerenciamento dos mananciais é desvinculado de estudos básicos que analisem de forma integrada variáveis sociais e ambientais que influenciam na qualidade das águas. Os ecossistemas aquáticos das regiões semi-áridas sofrem fortes flutuações no nível da água, causadas principalmente pela alta taxa de evaporação, temperaturas elevadas e irregularidade da pluviosidade. Estes ecossistemas podem ser classificados em três tipos, segundo Willians (1997): 1. INTERMITENTES: quando são teoricamente previsíveis os períodos de cheia e seca (exemplo: açudes) (Figura 1); Figura 1. Açude Taperoá II no município de Taperoá/PB nos períodos de seca (janeiro/1999) e cheia (março/1999) (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano). 2. TEMPORÁRIOS: quando são previsíveis os períodos de seca e cheia, mas a lâmina d’água não resiste a três meses (exemplo: lagoas, barreiros, alagados e poças) (Figura 2); Figura 2. Lagoa do Serrote, no município de Boa Vista/PB nos períodos de seca (dezembro/2003) e cheia (agosto/2003) (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano). 96 3. EPIZÓICAS: quando se é imprevisível determinar as flutuações no nível da lâmina d’água, já que os volumes podem variar em horas, dias ou poucas semanas (exemplo: riachos e alguns rios) (Figura 3); Figura 3. Rio Taperoá, no município de São João do Cariri/PB, nos períodos de seca (outubro/2007) e cheia (abril/2005) (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano). A escassez de água na região Nordeste fez com que a construção de açudes aumentasse ultimamente, sendo estes ambientes utilizados para abastecimento de cidades, consumo humano, dessedentação de animais, irrigação, recreação, etc. (ABÍLIO, 2002). Em decorrência da prática de açudagem, foram criados refúgios para a vida selvagem no semi-árido nordestino. Na dependência dos açudes vive hoje quase toda a fauna regional de vertebrados terrestres protegidos contra os rigores da seca. A fauna aquática também encontrou nos açudes núcleos ecológicos estáveis, amplos e dispersos por toda a semi-aridez nordestina. Tais ambientes são, portanto, poderosos elementos de melhoria das condições de vida da fauna regional, permitindo a sua permanência no domínio das Caatingas e a manutenção de maiores populações de espécies aquáticas e terrestres. PRINCIPAIS CAUSAS DA DEGRADAÇÃO NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS Ocupação Urbana desordenada: Ocupação de áreas de várzea e aterramento das áreas alagadas (zonas úmidas do semi-árido); Aumento na concentração de poluentes domésticos e ou industriais; Redução da fertilidade do solo e terraplanagem sem controle. 97 Eutrofização: Aumento da concentração de nutrientes em águas naturais, principalmente compostos fosfatados e nitrogenados (ESTEVES, 1998), que favorecem a proliferação do fitoplâncton e de plantas aquáticas (aumento da produtividade). Como decorrência deste processo, o ecossistema aquático passa da condição de oligotrófico para eutrófico ou até mesmo hipereutrófico. O aumento considerável da biomassa fitoplanctônica aumenta a turbidez das águas e dificulta a penetração da luz. Conseqüentemente, a zona eufótica fica reduzida às camadas superficiais do lago. Práticas agrícolas inadequadas (irrigação, erosão, salinização): segundo Lacerda (2003), o processo de salinização dos açudes depende dos seguintes fatores: da qualidade da água escoada e da qualidade da água no açude; taxa de evaporação do espelho d´água; superdimensionamento do açude; número de açudes a montante; idade do açude; geometria do açude e ainda características da bacia hidrográfica contribuinte ao açude como relevo e uso do solo. Desmatamento e redução da cobertura vegetal (Mata Ciliar): o uso e ocupação dos ambientes ribeirinhos realizados de maneira desordenada ao longo da escala evolutiva humana fizeram com que as matas ciliares fossem um dos primeiros ambientes a sofrer degradação pelo estabelecimento do homem (LACERDA; BARBOSA, 2006). Na região do Cariri paraibano, as áreas onde o processo de desertificação está mais acentuado e concentrado localizam-se nas terras próximas das maiores bacias hidrográficas da região (Paraíba e Taperoá), devido a presença de várzeas expressivas que favorecem o processo de ocupação que vem se desenvolvendo a séculos na região (SOUZA, 2008). A recuperação das matas ciliares dos cursos de água na região da Caatinga é uma missão importantíssima a ser realizada, uma vez que estas contribuem para a conservação da água, aumentando sua quantidade disponível, durante mais tempo e com maior qualidade (MAIA, 2004). 98 A SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAPEROÁ, SEMI-ÁRIDO PARAIBANO A sub-bacia do rio Taperoá (Figura 4) situa-se na parte central do Estado da Paraíba, entre as latitudes 6º 51’ 31’’ e 7º 34’ 21’’ Sul e longitudes 36º 0’ 55’’ e 37º 13’ 9’’ a Oeste de Greenwich. Limita-se com as sub-bacias do Espinharas e do Seridó a Oeste, com a do Alto Paraíba ao Sul, com as bacias do Jacu e Curimataú ao Norte, e com a bacia do Médio Paraíba a Leste. Seu principal Rio é o Taperoá, de regime epizóico, que nasce na Serra do Teixeira e desemboca no rio Paraíba, no açude de Boqueirão – Presidente Epitácio Pessoa. Figura 4. Mapa da Paraíba, com destaque para a Bacia Hidrográfica do rio Taperoá (Fonte: Barbosa et al., 2006). A sub-bacia drena uma área aproximada de 7.316 Km2 e recebe contribuições de cursos d’água como os rios São José dos Cordeiros, Floriano, 99 Soledade e Boa Vista e dos riachos Carneiro, Mucuim e da Serra. Assim, a sub-bacia do Taperoá está inclusa nas Mesoregiões do Agreste Paraibano, Borborema e Sertão, abrangendo ainda as microrregiões do Curimataú Ocidental, Seridó Oriental Paraibano, Seridó Ocidental Paraibano, Cariri Ocidental, Cariri Oriental, Campina Grande e Serra de Teixeira. A sub-bacia hidrográfica do rio Taperoá é formada por outras nove bacias e no seu interior distribuem-se completa e parcialmente um total de 19 municípios. Estudos recentes apontam que a cobertura vegetal nativa nas sub- bacias Hidrográficas do Alto Paraíba e Taperoá é de aproximadamente 30%, composta por Caatinga Arbórea e Arbustiva, podendo ser aberta ou fechada. Desse modo, a vegetação natural dominante na área da bacia do rio Taperoá é tanto de Caatinga Hiperxerófila, Hipoxerófila, Floresta Caducifólia e Subcaducifólia. Uma das peculiaridades do rio Taperoá é a intermitência de suas águas. Assim, afora a presença de poças d’água permanentes, num ciclo hidrológico anual, suas águas superficiais podem permanecer por um período de atéquatro meses, distribuídas em fases hidrológicas típicas: uma fase de fluxo contínuo de água superficial e uma fase do tipo secando, com formação de poças temporárias e posterior ausência completa de águas superficiais. Com referência aos açudes, a sub-bacia do Rio Taperoá conta com valores superiores a 250 pequenos açudes, apresentando no total uma capacidade de acumulação da ordem de 71.168.256 m3. Dos 47 maiores açudes públicos do Estado da Paraíba, a Bacia do rio Taperoá conta com cinco destes (Soledade, Taperoá II, Serra Branca II, Lagoa do Meio e Jeremias), sendo estes com uma capacidade total de acumulação avaliada em 67.594.364 m3. De modo geral, os açudes presentes na sub-bacia do Rio Taperoá servem essencialmente para abastecimento da população humana, sendo alguns destes utilizados ainda para irrigação de áreas de pequena dimensão. Outras características da Bacia Hidrográfica do rio Taperoá estão explicitadas no quadro abaixo: 100 Quadro I. Algumas características da Bacia Hidrográfica do Rio Taperoá (PARAÍBA, 1985). CLIMA TIPO BSWH’ - SEMI-ÁRIDO QUENTE Pluviosidade Precipitação média anual varia entre 350 e 600 mm. A maior concentração de pluviosidade ocorre em um período aproximado de dois a quatro meses, correspondendo a 65% do total das chuvas anuais. Temperaturas Mínimas variam de 18 a 22ºC (meses de julho e agosto) e as máximas situam-se entre 28 e 31ºC (meses de novembro e dezembro). Evaporação Os dados obtidos a partir de tanque classe A, variam entre 2.500 a 3.000 mm, sendo os valores decrescentes de oeste para leste. Umidade relativa do ar Valores médios anuais variam de 60% a 75%; os valores máximos ocorrem no mês de junho e os mínimos no mês de novembro. Insolação Apresenta uma variação; nos meses de janeiro a julho de 07-08 horas diárias e nos meses de agosto a dezembro de 08-09 horas diárias. Velocidade média dos ventos Não apresenta valores significativos, ou seja, oscila entre dois a quatro m/s; Tipos de solos Classificados de acordo com o tipo de escoamento superficial: Solos rasos (afloramento de rocha); Solos de escoamento superficial elevado; Solos de escoamento superficial médio (por exemplo, solos Podzólico com textura argilosa e Cambissolos com textura argilosa); Solos de escoamento superficial fraco (por exemplo, Podzólicos com textura arenosa e Cambissolos com textura média) e Aluviões. Relacionando a questão da pedologia com o processo erosivo, tem sido constatado que na bacia predominam solos rasos, altamente susceptíveis à erosão, com presença de pedregosidade e rochosidade e alto risco de salinização. BIODIVERSIDADE NOS ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAPEROÁ, SEMI-ÁRIDO PARAIBANO No trecho a seguir são descritos os diferentes componentes de um ecossistema aquático, assim como é apresentado um quadro resumo (Quadro II) da biodiversidade de alguns corpos aquáticos da Bacia Hidrográfica do rio Taperoá. 101 FITOPLÂNCTON O fitoplâncton (fito = planta, plâncton = vaguear) é o componente fotossintético do plâncton, sendo constituído por um conjunto de organismos microscópicos aquáticos (cianobactérias procariontes e muitos grupos de algas eucariontes) que vivem dispersos flutuando na coluna d’água. As algas constituem uma das comunidades biológicas mais diversas, composta por centenas de gêneros e milhares de espécies. O fitoplâncton tende a ocorrer em maior abundância nas camadas superiores do reservatório, diminuindo o número de indivíduos conforme aumenta a profundidade (ESTEVES, 1998). Por serem o elo com o ambiente abiótico, o fitoplâncton é a principal porta de entrada da matéria e da energia, através da produção primária, na cadeia trófica das regiões de águas abertas, constituindo-se um componente ecológico de potencial importância na caracterização e mesmo definição da fisiologia ambiental dos sistemas aquáticos. Além disto, desempenham importante papel (MARGALEF, 1983) nos ciclos biogeoquímicos, onde atuam como assimiladores de dióxido de carbono (70% do oxigênio liberado na atmosfera), contribuindo, portanto, na atenuação do efeito estufa. O fitoplâncton tem grande importância como um bioindicador em potencial das condições ambientais vigentes em que se encontram os corpos aquáticos, sendo também responsável por alguns problemas ecológicos quando se desenvolve demasiadamente: numa situação de excesso de nutrientes (especialmente fósforo e nitrogênio) e de temperatura favorável, estes organismos podem multiplicar-se rapidamente formando o que se costuma chamar florescimento. Portanto, essa diversidade que responde as modificações ambientais, propicia o processo de eutrofização de ecossistemas aquáticos. Na bacia do rio Taperoá foram identificados 235 táxons, representadas em 8 divisões (classes) taxonômicas Chlorophyceae 74 (31,5%), Cyanophyceae 48 (20,4%), Euglenophyceae 46 (19,6%), Zignemaphyceae 31 (13,2%), Bacillariophyceae 30 (12,8%), Chlamydophyceae 3 (1,3%), Dynophyceae 2 (0,8%) e Xanthophyceae 1(0,4%). 102 Chlorophyceae: as clorófitas (Figura 5) têm a capacidade de crescer em qualquer momento durante o ano e podem ser encontradas em qualquer corpo de água doce, mesmo que em densidades reduzidas. Reynolds (1984) comentou que as clorófitas ocorrem em diversas temperaturas, preferencialmente em lagos eutróficos, sendo por isso abundantes tanto em ambientes temperados quanto tropicais. Estas algas podem se apresentar isoladas ou formando colônias. Os fatores que afetam as clorófitas são: estratificação, circulação e concentração de nutrientes na coluna de água. Figura 5. Espécies de Chlorophyceae encontradas em ambientes aquáticos do semi- árido paraibano (Dictyosphaerium pulchellum à esquerda e Oocystis borgei à direita). (Fonte: José Etham de Lucana Barbosa). Bacillariophyceae: as diatomáceas (Figura 6) são organismos dependentes de turbulência (REYNOLDS; IRISH, 1997), sendo por isso mais abundantes durante os períodos de inverno. Muitas delas usam espinhos ou setas para flutuar, reduzindo a taxa de sedimentação e até mesmo para causar rotação. A mucilagem também é um aparato para evitar a sedimentação (SOMMER, 1988). Em geral estas algas apresentam hábito cocóide, ainda que possam formar colônias. Figura 6. Espécies de Bacillariophyceae encontradas em ambientes aquáticos do semi-árido paraibano (Cyclotella meneghiniana à esquerda e Aulacoseira granulata à direita). (Fonte: José Etham de Lucana Barbosa). 103 Euglenophyceae: são dotadas de dois flagelos, um emergente e outro não, através dos quais se locomovem com grande agilidade. Sua coloração (euglenófitas pigmentadas) também é variável passando por tonalidades esverdeadas, amareladas ou acastanhadas. Muitas formas apresentam mancha ocelar constituída por um pequeno glóbulo de pigmento fotossensível, avermelhado, cuja função é orientar a alga na procura de luz para realização da fotossíntese. Não ocorre parede celular no grupo e o principal produto de reserva de carboidratos é o paramido (RAVEN et al., 2001). A Figura 7 traz imagens de duas euglenófitas. Figura 7. Espécies de Euglenophyceae encontradas em ambientes aquáticos do semi- árido paraibano (Euglena oxyuris à esquerda e Trachelomonas armata à direita). (Fonte: José Etham de Lucana Barbosa). Cyanophyceae: também conhecidas como algas azuis ou cianobacterias, as cianofíceas (Figura 8) são bem representadas em ambientes lacustres e podem apresentar dominância, especialmente em lagos eutrofizados devido as suas estratégias de sobrevivência. Águas alcalinas (pH 7-9) localizadas em regiões de altas temperaturas e enriquecidas com nitrogênio e fósforo são propicias ao desenvolvimento de florações destas microalgas. As cianobactérias produzem em seu metabolismo substâncias potencialmentetóxicas a biota, as cianotoxinas, que podem causar sérios danos a comunidade local. Florações de Cianobactérias são frequentemente encontradas no Açude Soledade, o que provoca um grave problema de saúde pública, uma vez que de acordo com Soares (2003) as florações de cianobactérias, em reservatório destinado ao abastecimento público, podem resultar numa enorme perda financeira, pois as populações algais podem bloquear os filtros de 104 tratamento fazendo com que seja necessário interditar o reservatório, às vezes por várias semanas, por não ser possível tratar a água. Por outro lado, as algas de menor tamanho podem passar pelos processos de tratamento, decompondo-se nos condutores de água, conferindo-lhe mau cheiro e gosto. Figura 8. Espécies de Cyanophyceae encontradas em ambientes aquáticos do semi- árido paraibano (Microcystis aeruginosa à esquerda e Cylindrospermopsis raciborskii à direita). (Fonte: José Etham de Lucana Barbosa). MACRÓFITAS O semi-árido brasileiro abriga um grande número de corpos aquáticos lênticos, sendo a maioria temporária, uns poucos duradouros e raros os permanentes. Devido aos rigores dos longos períodos de estiagem, tornou-se comum o represamento de pequenos cursos d'água, geralmente temporários. Os açudes originados destes represamentos acabaram sustentando uma flora vascular bastante diversificada (FRANÇA; MELO, 2006). Ao contrário da maioria dos levantamentos florísticos terrestres do semi- árido, os ambientes aquáticos não apresentam Leguminosae e Euphorbiaceae como as principais famílias em riqueza de espécies, apesar destas possuírem representantes também em ambientes aquáticos. Nestes ecossistemas, Cyperaceae e as Poaceae (gramíneas) são as famílias mais importantes em riqueza (FRANÇA et al., 2003). As gramíneas compõem o grupo vegetal mais importante em termos econômicos, pois muitos dos seus representantes estão na base da alimentação humana, como o trigo, a aveia e o arroz. Dentre as espécies de macrófitas, Pistia stratiotes (conhecida por alface- d'água) às vezes forma populações que ocupam toda a lâmina de água; Nymphaea ampla, muitas vezes chamadas de lírios-d'água ou de vitória-régia, 105 é uma espécie bem adaptada ao ambiente aquático e também forma grandes populações nestes ambientes, sendo a beleza de suas flores muito apreciada (FRANÇA; MELO, 2006). Barreto (2001), estudando 252 lagoas no semi-árido paraibano, registrou 18 espécies de macrófitas, distribuídas em 14 famílias, sendo Nymphaea sp. (Figura 9) um dos táxons de maior representatividade. Figura 9. Nymphaea sp. na lagoa temporária Panati, no município de Taperoá/PB. (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano). ZOOPLÂNCTON Os ambientes aquáticos são extremamente importantes, não apenas como recursos para o homem, mas principalmente como ambiente. Nas lagoas, rios, barreiros e açudes, encontrados no semi-árido, uma grande quantidade de espécies ocupa o ecossistema aquático, entre eles, os organismos zooplanctônicos. Zooplâncton são considerados todos os organismos que vivem na coluna de água e que apesar de possuírem movimentação própria, não conseguem superar a força da correnteza. Entre principais os organismos zooplanctônicos encontramos os Rotifera (Asquelmintos) (Figura 10A), Cladocera (Crustacea) (Figura 10B) e Copepoda (Crustacea) (Figura 10C). Os organismos zooplanctônicos são extremamente importantes nas cadeias alimentares, por servirem de elo entre os produtores (fitoplâncton) e os organismos maiores, como larvas de insetos e peixes. 106 A B C Figura 10. Espécies de organismos zooplanctônicos encontradas no semi-árido paraibano. A) Keratella tropica (Rotifera), B) Ceriodaphnia cornuta (Cladocera), C) Thermocyclops crassus (Copepoda Cyclopoida). (Fonte: Cristina Crispim). No semi-árido, em conseqüência das poucas e concentradas chuvas anuais, associado com as elevadas taxas de evaporação, os ambientes aquáticos rapidamente diminuem o seu volume chegando a secar completamente. A evaporação da água faz com que os sais minerais se concentrem alterando o estado trófico para eutrofização ou hipereutrofização (CRISPIM et al., 2000). Nestas condições ambientais, pela presença de maior quantidade de nutrientes por volume de água, a produção primária aumenta, fazendo com que a quantidade dos organismos zooplanctônicos, que se alimentam do fitoplâncton (parte vegetal do plâncton) aumentem também, por passarem a ter mais alimento. Nessa altura, verificamos a substituição dos grandes filtradores (Cladocera e Copepoda Calanoida) pelos pequenos filtradores (Rotifera e Copepoda Cyclopoida), que deixam de ser efetivos no controle do crescimento algal, e a água passa a ter uma cor esverdeada, característica da eutrofização. Mas quando o período chuvoso recomeça, mais água entra nos ambientes aquáticos e isso faz com que haja a diluição dos nutrientes, fazendo diminuir o estado trófico novamente. Desta forma, o estado trófico tende a ser cíclico (MARTINEZ et al., 1991, CRISPIM et al., 2000, VIEIRA et al., 2000), ao contrário dos ambientes que não sofrem tantas alterações nos seus volumes de água, que tendem a crescer o estado trófico de uma forma linear. 107 Os organismos zooplanctônicos para conseguirem manter-se em ecossistemas tão instáveis, têm de possuir estratégias de vida que lhes permita suportar estas grandes oscilações ambientais. Eles possuem estágios de diapausa (dormência), que lhes permite manterem-se em estado inativo durante os períodos em que o ambiente não se apresenta propício (CRISPIM; WATANABE, 2001). Muitos animais como crustáceos (FRYER, 1996, CRISPIM et al., 2003) e rotíferos (KING; SNELL, 1980, GILBERT, 1995) têm a capacidade de produzir estas formas de diapausa. Ovos de resistência (diapausa) permitem que haja a recolonização dos ambientes, inclusive após a sua seca completa, quando estes ambientes recebem água novamente. De acordo com Hairston e Cáceres (1996) espécies de crustáceos que habitam ambientes de águas continentais, que secam com freqüência, têm uma maior probabilidade de apresentar formas de resistência ao longo do seu ciclo de vida, do que os que habitam no oceano aberto. A indução desses estágios de diapausa é causada por fatores ambientais, como a diminuição de alimento, de temperatura, ou outros fatores ambientais. Os organismos zooplanctônicos apresentam uma dinâmica populacional muito influenciada por parâmetros ambientais, sejam físicos e químicos como bióticos, assim como são fortes controladores do crescimento algal. Brandorff (1977, apud ESTEVES, 1988) verificou que as algas do fitoplâncton são fortemente controladas pelos copépodos, bem como a competição de cladóceros e rotíferos pelos recursos planctônicos compartilhados, em que é evidenciado o inverso de abundância entre eles (FUSSMAN, 1996). Desta forma, as densidades dos organismos zooplanctônicos são importantes na qualidade da água, controlando o excesso de produção primária quando os grandes filtradores se encontram presentes, tornando-a mais transparente. Por possuírem curtos ciclos de vida, estes organismos respondem muito rapidamente às mudanças ambientais, e muitas das espécies zooplanctônicas são oportunistas, o que significa que permanecem no ambiente apenas quando as condições são propícias. Assim a comunidade zooplanctônica pode ser usada como bioindicadora da qualidade ambiental, mesmo em águas que apresentam apenas diferenças sutis nas características físicas e químicas (GANNON; STEMBERGER, 1978). 108 Com o crescente desenvolvimento da aqüicultura, estudos e pesquisas que abordam a produção de fitoplâncton e do zooplâncton em grande escala são muito relevantes, pois o plâncton constitui a unidade básica deprodução de matéria orgânica (SIPAÚBA-TAVARES; ROCHA, 2003). Todo o interesse no estudo das relações recíprocas entre fitoplâncton e zooplâncton é justificado pelo ponto de vista científico e mais amplamente pelo ponto de vista econômico tendo em conta que os animais aquáticos que formam o nécton, sobretudo as espécies de interesse comercial se alimentam diretamente de plâncton em pelo menos uma das fases de sua vida. MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS (ZOOBENTOS) Os invertebrados bentônicos compõem um grupo de grande importância ecológica em ambientes aquáticos continentais, participando das cadeias alimentares e sendo um dos elos principais da estrutura trófica do ecossistema. Diversos estudos têm sido desenvolvidos sobre a comunidade zoobentônica, uma vez que esta pode ser utilizada em avaliações de monitoramento ambiental, fornecendo dados relevantes que podem contribuir para uma diagnose da qualidade sanitária dos corpos aquáticos (EATON, 2003, SILVEIRA; QUEIROZ, 2006). A macrofauna bêntica de corpos aquáticos continentais é composta por uma variedade de grupos taxonômicos (Figura 11), incluindo insetos, moluscos, crustáceos, anelídeos, entre outros, sendo a sua distribuição e abundância influenciadas por fatores biogeográficos e características do ambiente, tais como, o tipo de sedimento, teor de matéria orgânica, profundidade, variáveis físicas e químicas da água, presença de macrófitas, etc. (SMITH et al., 2003, VIDAL-ABARCA et al., 2004, CARVALHO; UIEDA, 2004). Assim, esses organismos têm sido utilizados como bioindicadores da qualidade da água, pois em condições ambientais específicas, como níveis diferenciados de poluição, os grupos mais resistentes podem se tornar dominantes e os mais sensíveis, raros ou ausentes. 109 Figura 11. Representação da fauna de macroinvertebrados de água doce que ocorrem no semi-árido paraibano. (Fonte: desenho adaptado e modificado de McCafferty, 1981). Segundo Bicudo e Bicudo (2004) os invertebrados bentônicos são mais utilizados nas avaliações de efeitos de impactos antrópicos sobre o ecossistema aquático, pois apresentam uma série de vantagens tais como: diversidade de formas de vida e de habitats, podendo ser encontrados em praticamente todos os tipos de ambientes aquáticos; mobilidade limitada, fazendo com que a sua presença ou ausência esteja associada às condições do habitat; presença de espécies com ciclo de vida longa em relação a outros organismos, possibilitando somatória temporal dos efeitos antropogênicos sobre a comunidade; facilidade de uso em manipulações experimentais, o que poderá resultar em previsões mais precisas. Os corpos dulceaqüícolas de regiões semi-áridas apresentam flutuações no nível da água, o que caracteriza a natureza temporária de muitos deles. Tais flutuações ocorrem principalmente pelos baixos índices de precipitação pluviométrica, irregularidade das chuvas e altas taxas de evaporação, sendo estes fatores determinantes para o processo de colonização e adaptação da macrofauna bentônica nestes ambientes. No período de cheia, ocorre uma 110 homogeneização e diluição das condições físicas, químicas e biológicas pelo aumento do volume da água e o aumento da turbidez pela entrada de matéria orgânica e nutrientes de origem alóctone (11) (ABÍLIO, 2002). A condição de seca, no entanto, pode levar a um aumento nas populações de invertebrados e, segundo Extence (1981), as possíveis razões são: (1) aumento no suplemento alimentar, na forma de detritos e material de plantas, possibilitando o ambiente suportar uma grande densidade de indivíduos do que o normal; (2) a ausência das inundações aumenta a estabilidade do substrato e sua biota associada; (3) um maior aquecimento e fotoperíodo podem contribuir para o aumento das taxas reprodutivas dos indivíduos; (4) a redução na profundidade da coluna de água pode favorecer algumas espécies de larvas de insetos que se alimentam por filtração, além de provocar um efeito de concentração, diminuir a área de colonização, resultando em maiores densidades. A biodiversidade das zonas úmidas dentro das regiões áridas e semi- áridas é significativamente elevada (SILVA-FILHO, 2004). Nestas áreas, as espécies são muitas vezes endêmicas e possuem uma distribuição geográfica restrita. Os fatores determinantes dessa riqueza de espécies são: o tamanho do sistema aquático e o ciclo hidrológico da região (estiagem e estação chuvosa). Além disso, os estágios e o grau de resistência das espécies permitem com que estas colonizem águas temporárias e determinem as dinâmicas ecológicas e evolutivas das comunidades (BRENDONCK; WILLIAMS, 2000, WILLIAMS, 2000a), portanto os ecossistemas temporários têm importante valor na conservação da biodiversidade (WILLIAMS, 2000b). Muitos organismos são adaptados a sobreviver em ambientes intermitentes através de algumas estratégias morfo-fisiológicas e/ou comportamentais para resistir aos períodos de estiagem (ABÍLIO et al., 2007). Essas adaptações são de suma importância para as espécies de Zoobentos de regiões semi-áridas, pois permitem a recolonização quando as condições ambientais tornarem-se favoráveis novamente. (11) Alóctone: Diz-se da matéria transportada de fora para dentro de um sistema, particularmente minerais e matéria orgânica trazidos para as águas correntes e lagos (LIMA-E- SILVA et al. 2002). 111 A exemplo destas adaptações, podemos citar: o gênero Biomphalaria, gastrópode pulmonado que apresenta lamelas; os Ostracoda e Conchostraca que produzem ovos de resistência, permitindo a viabilidade dos mesmos por longos períodos de estiagem; o gastrópode afro-asiático Melanoides tuberculata que possui capacidade de se enterrar no sedimento fechando o opérculo. Segundo Abílio (2002), em condições laboratoriais, M. tuberculata apresenta uma grande capacidade de resistir à dessecação, sobrevivendo por até 26 meses em estivação. ICTIOFAUNA (PEIXES) Os peixes, devido à sua grande diversidade de espécies, abundância e mobilidade, é um grupo de grande importância nas cadeias alimentares dos ecossistemas aquáticos. No entanto, estima-se que este grupo vem reduzindo sua diversidade mundial, principalmente pela introdução de espécies exóticas, degradação do habitat e a sobrepesca dos estoques pesqueiros (FERNANDO, 1991; LATINI, 2001). Segundo Agostinho e Júlio (1996), a região Neotropical, apesar de conter a maior diversidade de peixes, recebeu a maior quantidade de espécies exóticas (25,3% do total mundial), e entre os países, o Brasil foi onde ocorreu em maior número, com auge a partir da década de 70, ao contrário da tendência mundial que diminuiu esta prática a partir desta década, devido aos insucessos econômicos, pressões de ambientalistas e à saturação das espécies introduzidas. Dentre as espécies introduzidas no Nordeste do Brasil, destaca-se a tilápia nilótica - Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758) que tem a sua origem no continente Africano, e que foi incorporada aos ecossistemas brasileiros desde a década de 30 por Rodolfo Von Ihering. A partir da década de 70, foi introduzida pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) nos açudes do Nordeste, com a finalidade de aumentar a produção pesqueira, suprimento das necessidades nutritivas da população local, bem como, para incrementar a pesca esportiva em pesque-pague da região (GURGEL, 1998). Assim, essas espécies acabam, em muitos casos, incorporando-se aos ambientes acidentalmente, através do rompimento e transbordamento de 112 barragens e tanques, e da sua dispersão através do uso de tanques-rede dentro das próprias represas (FERNANDES, 2003). A diversidade de peixes da Caatinga é resultado de processos históricos de especiação vicariante, possivelmente determinados por transgressõesmarinhas, expansões do clima semi-árido e reordenações nas redes de drenagens de processos ecológicos que determinaram a adaptação de espécies às condições climáticas e ao regime hidrológico da região e, finalmente, aos processos antrópicos, como as alterações ambientais e os programas de erradicação e introdução de espécies (ROSA et al., 2005). A ictiofauna (peixes) da Caatinga é composta por cerca de 240 espécies (estimativa de pelo menos de 56 espécies endêmicas, de acordo com Santos; Zanata, 2006), distribuídas em sete ordens, sendo Siluriformes (exemplo: Cascudinho) e Characiformes (exemplo: Traíra) as mais representativas, somando 190 espécies (101 e 89, respectivamente). Assim como os demais grupos, ainda falta um conhecimento mais profundo sobre a fauna de peixes da Caatinga, principalmente nas áreas afastadas do curso principal dos rios (ROSA et al. 2005). Todavia, a diversidade de peixes dos rios do semi-árido paraibano ainda é considerada baixa, principalmente, devido à variação no fluxo de água superficial destes ecossistemas, em que a cheia influencia no aumento dessa diversidade, permitindo a entrada de novas espécies nesses ambientes (espécies exóticas) (MALTCHIK, 1999; TORELLI et al, 2005; MARINHO et al., 2005). É importante ressaltar que o grau de ameaça da ictiofauna deste bioma tem aumentado de forma significativa desde a primeira metade do século XX, quando se intensificou a ocupação humana de áreas interiores, o que contribuiu para a redução e degradação dos hábitats disponíveis para os peixes de água doce (BRANDÃO; YANAMOTO, 2003). Dentre os ambientes aquáticos do semi-árido paraibano, os açudes Taperoá II e Namorados se destacam-se por apresentar maior riqueza de espécies nativas (Figuras 12A e B), enquanto que, o açude Soledade e a lagoa Serrote restringem sua diversidade quase que exclusivamente à espécie exótica Oreochromis niloticus (tilápia nilótica) (TORELLI et al., 2007). 113 Figura 12. Freqüência relativa da composição da ictiofauna dos açudes (A) Taperoá II e (B) Namorados, semi-árido paraibano. (Fonte: Torelli et al., 2007). A redução na composição das espécies nativas nesses ambientes, além de outros fatores, deve estar relacionada com a freqüente introdução de espécies exóticas, a exemplo da tilápia nilótica, que ocasiona a competição intra e inter-específica, gerando uma redução dos recursos alimentares e do espaço físico (CARDOSO, 2005). Nos dois últimos anos, no açude Taperoá II foram registradas nove espécies de peixes, com predominância de Astyanax fasciatus (piaba do rabo vermelho), A. bimaculatus (piaba do rabo amarelo), seguido de Leporinus cf. piau (piau verdadeiro). Enquanto que, o açude Namorados está representado por cinco espécies, com maior ocorrência de Cichlassoma orientale (cara), seguido de Steindachnerina notonota (sagüiru), deste modo, essas espécies levam a uma maior uniformidade na estrutura populacional destes ecossistemas (TORELLI et al., 2007) (Figura 13). 0 20 40 60 out/06 fev/07 abr/07 jul/07 F re q u ên ci a d e o co rr ên ci a ( % ) A. bimaculatus A. fasciatus S. notonota C. orientale H. malabaricus L. piau C. bimaculatum P. vivipara O. niloticus 0 20 40 60 80 100 out/06 fev/07 abr/07 jul/07 F re q u e n c ia d e o c o rr ê n c ia ( % ) C. orientale S. notonota O. niloticus H. malabaricus A. bimaculatus A B 114 Figura 13. Espécies mais freqüentes em ambos os açudes. (A) Astyanax bimaculatus; (B) A. fasciatus; (C) Cichlassoma orientale; (D) Steindachnerina notonota; (E) Leporinus cf. piau (Fonte: Jane Torelli). Logo abaixo, no Quadro II, é apresentado um resumo da diversidade dos organismos de alguns corpos aquáticos da sub-bacia do rio Taperoá. Quadro II. Resumo da biodiversidade dos organismos de alguns corpos aquáticos da sub-bacia Hidrográfica do rio Taperoá, região semi-árida paraibana (Fonte: Abílio, 2002, Abílio et al., 2007, Barbosa, 2002, Barbosa et al., 2006, Crispim et al., 2000, Crispim; Watanabe, 2001, Torelli et al., 2005, Torelli et al., 2007, Vieira et al., 2000). GRUPO TAXONÔMICO NÚMERO DE TÁXONS Fitoplâncton Clorofíceas Bacilariofíceas Cianofíceas Euglenofíceas Outros grupos de algas 125 táxons, distribuídos em 58 gêneros 48 táxons 43 táxons 15 táxons 10 táxons 09 táxons Zooplâncton Microcrustáceos Cladocera Copepoda Rotíferos (Asquelmintos) 15 espécies 08 espécies 68 espécies 115 PEIXES Characidae Crenuchidae Curimatidae Erythrinidae Loricariidae Poecilidae Prochilodontidae Anostomidae Cichlidae Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758) - (piaba-do-rabo amarelo) Astyanax fasciatus (Cuvier, 1819) - (piaba-do-rabo vermelho) Characidium bimaculatum (Fowler, 1941) - (canivete) Steindachnerina notonota (Miranda-Ribeiro, 1937) - (saguirú) Psectrogaster rhomboides (Eigenmann & Eigenmann, 1889) Hoplias aff. malabaricus (Bloch, 1794) - (traíra) Hypostomus sp. - (cascudinho, chupa-pedra) Poecilia vivipara (Bloch & Schneider, 1801) - (guaru) Prochilodus cf. brevis (Steindachner, 1875) - (cutimatã) Leporinus cf. piau (Fowler, 1941) - (piau verdadeiro) Cichlassoma orientale (Kullander, 1983) - (cará) Cichlassoma bimaculatum (Linnaeus, 1758) - (cará) Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758) - (tilápia nilótica) INVERTEBRADOS Insetos Coleoptera Heteroptera Odonata Diptera Ephemeroptera Trichoptera Lepidoptera Moluscos Gastropoda Bivalvia Crustáceos Ostracoda Conchostraca Decapoda Anelídeos Hydracarina Nematoda Collembola 06 famílias 08 famílias 03 famílias 06 famílias 04 famílias 07 famílias 01 família 06 espécies 02 gêneros 01 táxon 01 táxon 01 família 02 taxa 01 táxon 01 táxon 01 táxon 116 SUGESTÕES DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS ATIVIDADE 1: Construindo um Modelo Tridimensional da Bacia Hidrográfica do Rio Taperoá (Adaptado de Almeida, 2003). Estudos ambientais de bacias hidrográficas podem ser melhor conduzidos por um modelo tridimensional da área na qual a bacia se localiza. Neste caso, faz-se necessário a confecção de maquetes para melhor representar o relevo local (ALMEIDA, 2003). Objetivos da atividade: Analisar, interpretar e visualizar a Geografia, Biologia e Ecologia da Paisagem da região semi-árida paraibana, com ênfase na Bacia Hidrográfica do Rio Taperoá (São João do Cariri). Material Necessário: Mapa topográfico na escala adequada; papel transparente (seda, manteiga ou vegetal); alfinetes, placas de isopor, cola para isopor, estiletes; tinta látex (tecido e/ou guache), e outros detalhes que ficam a critério dos elaboradores do modelo. Procedimento: Delimitar a área de estudo e preparar a base cartográfica (carta topográfica – mapas em grande escala, ex. 1: 100.000); O modelo tridimensional será elaborada a partir de mapas no qual o Relevo é representado por meio de curvas de nível; Após delimitar a área a ser estudada, geralmente faz-se necessário a ampliação xerográfica; Colar um mapa base sobre uma folha de isopor de maior espessura; Transferir as curvas de nível do mapa ampliado para outra folha de papel transparente; Fixar com alfinetes a folha com o traçado do contorno sobre uma placa de isopor; Perfurar os traçados das curvas de níveis com alfinete, produzindo um pontilhado no isopor; recortar as placas com auxílio de estiletes;117 Conferir o recorte das placas com o mapa-base e em seguida colar a placa sobre a curva de nível correspondente; Pintar a maquete e incluir os detalhes necessários: anotar o título, a legenda e as escalas no modelo tridimensional (Figura 14). Figura 14. Modelo tridimensional da bacia hidrográfica, confeccionada com os professores de ensino fundamental e médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio José Leal Ramos, São João do Cariri. (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano). ATIVIDADE 2: Trabalhando com Poemas-Cordéis. Objetivo da atividade: Contribuir para uma participação dos alunos nas atividades previstas, através de uma técnica lúdica pedagógica. Procedimento: Ler o cordel em grupo de estudos e pesquisar sobre a biodiversidade citada no cordel e classificar; é possível também sugerir aos alunos a leitura na forma de jogral ou como repente. Abaixo, segue alguns exemplos de cordéis que tratam de corpos aquáticos e de sua biodiversidade e que podem ser utilizados em sala de aula. 118 Exemplo 1: O rio Taperoá (Autoria de Marielena Ferreira Guimarães, aluna da Escola José Leal Ramos – São João do Cariri. Trabalho orientado pela Professora Olga Pequeno). Falar do rio Taperoá É se banhar de alegria É brincar na sua areia Sentir o encanto e a magia De um patrimônio tão nosso Quero cuidar mais não posso É o seu clamor todo dia Estão matando o nosso rio Bonito e tão encantador Jogam lixo no seu leito Sem consciência e nem pudor O nosso rio está tão triste Mesmo assim, ele resiste Sofrendo tamanha dor São muitas coisas lançadas Garrafas, vidros, papelão E o povo inconsciente E com falta de Educação Falta um pouco de cuidado Pra não matar sufocado O rio com a poluição Somos nós todos culpados Por tudo isso acontecer Ficamos de braços cruzados Vendo o nosso rio morrer E o tempo vai se passando E a poluição aumentando Sem ter muito o que fazer Terminando a poesia Quero meu recado deixar Descruzemos nossos braços Pois não é hora de chorar Cantemos nosso hino Para não nos tornarmos assassinos Do rio Taperoá 119 Exemplo 2: Cordel dos Invertebrados Aquáticos (Autoria de Francisco José Pegado Abílio): No Bioma Caatinga você vai se admirar Com a Fauna Exuberante Que você vai encontrar De Seriema a Mocó Teju a Carcará Mas não podemos esquecer Dos organismos aquáticos de lá Que muita importância eles tem Que você vai se encantar Vou ilustrar essa história Falando do açude Soledade Que eu tenho na memória Das pesquisas desta cidade Na água daquele açude Você pode encontrar Do peixe Tilápia, Piau, Curimatã Da Bionfalária ao Aruá Na seca de 97 O leito do açude secou Formando uma crosta na terra Do sal que lá virou Com a falta de chuva na Região Acelera a Salinização Um fenômeno preocupante Do Cariri ao Sertão Outra coisa que se vê Na época de pouca chuva É o “verdume” causado pelas algas Nas águas daquele açude Mas voltando pro nosso assunto Que quero apresentar com propriedade Da importância dos bichos Aquáticos do Soledade Tem as Libélulas zig-zag E o Camarão acizentado As larvas de Quironomídeo E o caramujo Tiarídeo Não podemos esquecer De falar das Bionfalárias Que podem transmitir A doença barriga d´água O causador da doença É chamado de Schistossoma Que pode infestar o homem Através de suas Cercárias Tem também o caramujo Aruá Que você pode se alimentar E os ovos desse molusco Pode até lhe curar Os animais que na lama vivem São chamados de Zoobentos Os peixes que lá habitam Utilizam como alimento Há ainda os invertebrados Que são muito sensíveis Podendo ser utilizados Como indicador ambiental Eu só posso ter cuidado Daquilo que eu Conhecer Daí a importância da Educação Como processo do Saber Finalizo esse cordel Com o intuito de Sensibilizar Da importância desses organismos Pra a Caatinga nós Conservar! 120 CAPÍTULO VII CONVIVÊNCIA NO SEMI-ÁRIDO: AS POPULAÇÕES HUMANAS NO CONTEXTO DO BIOMA CAATINGA FRANCISCO JOSÉ PEGADO ABÍLIO APARECIDA DE LOURDES PAES BARRETO ANTONIA ARISDELIA FONSECA M. A. FEITOSA ORGANIZAÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA A degradação ambiental evidenciada, atualmente, no bioma Caatinga depreende-se da pressão antrópica exercida ao longo dos anos, como conseqüência do processo de ocupação e organização sócio-econômica das populações humanas nestes ambientes. Desta forma, a implementação de projetos para o desenvolvimento sustentável na região semi-árida precisa estar ancorada na perspectiva cultural, política e econômica dos grupos humanos envolvidos (COSTA-NETO, 2006). O bioma Caatinga vem sofrendo com a pressão antrópica e projetos de desenvolvimento sustentável necessitam ser planejados para a região semi- árida. Entretanto, eles devem estar baseados na perspectiva cultural, política e econômica de cada grupo humano envolvido (COSTA-NETO, 2006). Entendemos que as formas de organização social e econômica da região estão diretamente relacionadas com o processo histórico de ocupação do espaço e com as transformações por estas geradas (sofridas) ao longo do tempo. A ocupação fez-se com base em duas atividades principais, a pecuária e a produção do algodão (cotonicultura), complementadas pela produção de alimentos. 121 Estes três sistemas agrícolas dominaram (comandaram) a economia regional até à segunda metade do século XX, apresentando ora avanços ora recuos, em função das oscilações de mercado, dos incentivos do Governo e das secas. A partir de 1985, o potencial econômico da cotonicultura, que desempenhou historicamente um importante papel na organização econômico- social da região, foi interrompido pela invasão biológica do bicudo (12). A ação devastadora do bicudo pôs fim ao binômio gado-algodão que caracterizou a economia nordestina desde os primórdios da ocupação a organização social do semi-árido nordestino. Por outro lado, a repetição mais amiudada dos períodos de seca por sua vez, além de agravar o quadro já precário da produção algodoeira também incidiu sobre a atividade pecuária, que sofreu também com os efeitos da redução dos incentivos fiscais e creditícios. A conjugação desses fatores contribuiu, concomitantemente, para o arrefecimento da modernização da pecuária e para a atenuação do ritmo e da intensidade do processo de expansão desta atividade a partir da segunda metade dos anos 80 do século XX. A persistência dessa situação repercute sobre as relações de trabalho do tipo arrendamento e parceria tradicionais da região, dado ao fato de que essas formas de trabalho se alicerçaram, historicamente, com base na combinação Gado - Algodão - Policultura de subsistência (COSTA, 2006). Leve-se ainda em conta que, sendo o algodão a principal fonte de renda monetária do pequeno produtor rural, a erradicação provocada (promovida) pelo bicudo incidiu negativamente sobre as condições de vida nesta região. Por sua vez, como a alternativa encontrada pela grande propriedade para a crise do algodão foi à expansão das áreas de pastagem, as oportunidades de ocupação alternativa do parceiro e do arrendatário reduziram-se drasticamente. Deste modo, a quase que completa extinção da cotonicultura modificou (12) Bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) é um besouro da família dos curculionídeos, originário da América Central, possui mandíbulas afiadas, utilizadas para perfurar o botão floral e a maçã dos algodoeiros. É tido como uma importante praga agrícola nos E.U.A., e a espécie foi introduzida no Brasil em 1983, causando prejuízos nas plantações de algodão do Nordeste. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Bicudo-do-algodoeiro>. Acesso em 12 jul. 2008. http://pt.wikipedia.org/wiki/Bicudo-do-algodoeiro122 profundamente as formas tradicionais de organização econômica e social do semi-árido nordestino, contribuindo, de modo particular, para o declínio da parceria e do arrendamento. Eram essas relações de trabalho que, bem ou mal, mantinham a base da reprodução de um número significativo de unidades de produção familiar sertanejas. Por outro lado, e estreitamente vinculado ao problema do algodão e ao das estiagens periódicas, verifica-se também o declínio das lavouras alimentares. A retração das lavouras alimentares, ao fragilizar ainda mais a pequena produção contribui para agravar a situação migratória regional. As mudanças na organização agrária conjugadas com a seca e associadas a uma estrutura fundiária altamente concentrada, tem se constituído historicamente num fator de intensificação do êxodo rural no semi-árido. Durante muito tempo, os fluxos migratórios sertanejos estimulados, intensificados (tangidos) pela seca dirigiam-se ao centro-sul do país e tinham caráter até certo ponto temporário. Passado o período de estiagem, parcela dos migrantes retornavam aos seus lugares de origem e ao trabalho na terra. Os fatores que contribuíam para tal retorno eram: a crise da economia nacional e o retraimento do mercado de trabalho no Centro-Sul culminando, inclusive, com uma migração de retorno para o Nordeste e; de outro lado, a violência das grandes metrópoles, difundida pelos meios de comunicação, provocando uma quebra da “miragem da cidade grande”. O êxodo rural na região semi-árida foi também muito influenciado pela modernização agrícola (COSTA, 2006). A partir dos anos 80 - 90, mudanças significativas vêm se percebendo acerca deste processo entre elas destacamos: A população tem abandonado a zona rural de forma definitiva em direção às cidades da região e aos maiores centros urbanos, promovendo um verdadeiro esvaziamento do campo na região semi- árida do Nordeste. Aponta-se como explicação para esse processo o amiudamento dos períodos de estiagem conjugado à crise da economia agrícola e pecuária regional que reduziu as possibilidades de emprego no campo e contribuiu para a retração dos sistemas de arrendamento e 123 de parceria tradicionais daquelas áreas, são fatores freqüentemente referenciados como alimentadores da expulsão da população da zona rural. A busca de alternativas de superação dos limites impostos pelas condições naturais e pela organização sócio-econômica do semi-árido, foi responsável pelo surgimento de áreas de exceção representadas pelos perímetros irrigados (13), do qual o exemplo mais significativo é o do Vale do São Francisco e por formas alternativas de produção mais resistentes às condições de semi-aridez e às secas (caprinocultura, cultivo de culturas secas). Recentemente a caprinocultura e a ovinocultura semi-intensivas e a tentativa de exploração do turismo têm sido incentivados. Tem crescido também a conquista de terra pela reforma agrária, sobretudo em torno das áreas de barragem. Diante do crescente esvaziamento do campo, do aumento da população urbana, associados ao processo de desertificação gerado pela antropização desordenada, pensar o semi-árido na perspectiva de encontrar alternativas para uma convivência sustentável, tornou-se um desafio crescente. AGRICULTURA FAMILIAR NA CAATINGA: UMA ALTERNATIVA À SUSTENTABILIDADE A preocupação com o ambiente semi-árido e o desenvolvimento de tecnologias adequadas estão ganhando mais atenção pelo avanço da desertificação e da desestruturação social das áreas rurais. A demanda por tecnologias adaptadas e de baixo custo tem seu foco na Agricultura Familiar, que ainda prevalece no Nordeste brasileiro. Cerca da metade das 4 milhões (13) Os perímetros de irrigação são áreas extensas que permitem o desenvolvimento e o plantio de várias culturas, como uva, manga, acerola e outras. Disponível em <http://www.codevasf.gov.br/galeria/2006/05_setembro/60450011.jpg/view>. Acesso em 12 jul. 2008. 124 unidades produtivas da agricultura familiar em todo o Brasil se encontram no Nordeste, a maior parte desses em condições de sustentação social e econômica difíceis (KÜSTER et al., 2006). No Brasil, definimos o agricultor familiar como aquele que cultiva sua terra (própria ou arrendada) com ajuda de sua família, contratando mão-de- obra externa apenas para complementar o trabalho familiar (por exemplo para colheita) (DUQUE, 2006). É no semi-árido que se encontram o maior número de estabelecimentos agrícolas familiares do Brasil: cerca de dois milhões. Correspondem a 42% do número total de unidades agrícolas do país, mas ocupam apenas 4,2% de sua área agrícola, segundo censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado no período de 1995 a 1996. O cuidado com a preservação do patrimônio, indica o produtor familiar como o melhor defensor do meio ambiente, embora, às vezes, a falta de conhecimento ou circunstâncias de força maior acabem quebrando essa lógica (DUQUE, 2006). A agricultura familiar pratica a diversificação das culturas (feijão, milho, batata, tomate, frutas, etc), o consorcio de plantas que se beneficiam mutuamente (umas fixando o nitrogênio no solo, outras afastando os predadores, pela simbiose e antibiose, respectivamente.) e a integração entre tratos culturais e pecuária (após a colheita, a folhagem das plantas alimenta os animais e o esterco destes serve para adubar as plantações). Todas essas práticas favorecem uma gestão racional, econômica, da produção, bem como a manutenção do jogo equilibrado entre as forças da natureza (DUQUE, 2006). Na proposta de Convivência com o semi-árido, o conceito de desenvolvimento sustentável aponta para a necessidade de fortalecimento e melhoria nas relações humanas, e destas com o meio em que vivem, no sentido de que, se estas relações forem mais solidárias e de cunho coletivo, poderão desenhar um novo modelo de sociedade (SOUZA, 2005). 125 CENÁRIO TURÍSTICO NO SEMI-ÁRIDO PARAIBANO A atividade turística mobiliza populações, promove a integração cultural, gera renda, ampliando o potencial econômico da região. Seja qual for o empreendimento turístico, este se constitui numa atividade sócio-espacial de fortes impactos sobre os ambientes que pode se revelar boa ou ruim de acordo com a perspectiva ideológica de desenvolvimento embutida no projeto empreendido. É importante entender que o turismo em si, gera, simultaneamente, impactos econômicos, culturais, social-psicológicos e ambientais. Concebendo a atividade turística sob esta ótica, nos propomos a refletir acerca do turismo no contexto do semi-árido paraibano, especificamente como atividade alternativa para o desenvolvimento local. Defendemos que a exploração do potencial turístico das regiões se converta em benefícios para suas comunidades. Portanto, é necessário estarmos atentos às possibilidades de efeitos que são geradas a partir de tal empreendimento. Por outro lado, se percebemos o turismo como uma atividade que requer conservação ambiental e preservação do Patrimônio Histórico-Cultural, identificamos que, ao gerar degradação ambiental estará se autodestruindo, uma vez que até mesmo os turistas que contribuem para a degradação tendem a não retornar ao lugar e também a não indicá-los a seus parentes e amigos (COUTINHO et al., 2003). Contudo, o Turismo pode e deve contribuir para a conservação ambiental e a preservação do patrimônio desde que realizado de forma adequada. No contexto do semi-árido paraibano, as características particulares dos diversos ambientes revelam vocações turísticas que, atualmente, estão sendo desenvolvidas seja através políticas públicas ou sob a condução de Organizações Não-Governamentais (ONGs). Dentre as atividades de potencial turístico importantesna Paraíba, destacamos: A produção de diferentes tipos de Artesanatos tem caracterizado a principal atividade econômica de várias comunidades, gerando renda e 126 empregando mão-de-obra local (VIRGÍLIO-FILHO, 1996). Recebendo capacitação, assessoria administrativa e apoio de políticas públicas, poderão representar uma importante base de recuperação da economia local, além da consolidação dos valores culturais locais. A Festa do Bode Rei (Cabaceiras), o Bode na Rua (Gurjão), o Bode na Praça (Prata), a Exposição e Feira de Boa Vista e a Exposição de Caprinos de Taperoá, compõe o elenco de atividades ligadas ao setor Caprinovinocultura, prevalecendo o caráter comercial, cultural e festivo dos criadores do Cariri paraibano (GALVÃO et al., 2006). O clima, as belezas naturais, a cozinha regional, os Monumentos Históricos, o artesanato e o Folclore constituem outra atividade de grande potencial para o semi-árido (VIRGÍLIO-FILHO, 1996). O Turismo Religioso tem sido também muito valorizado na região semi- árida Nordestina, como por exemplo, as visitas ao Santuário da Cruz da Menina em Patos-PB. A Caatinga também tem sido amplamente retratada no Cinema, com diversas obras que ressaltam sua cultura e tradição. Entre as obras recentes mais conhecidas, podemos citar o filme “O Auto da Compadecida” (1999, dirigido por Guel Arraes com roteiro de Guel Arraes, Adriana Falcão e João Falcão), da obra do paraibano Ariano Suassuna, onde várias temáticas podem ser exploradas no contexto da sala de aula tais como, aspectos da paisagem, históricos e da cultua local. As cenas externas do filme, foram gravadas no município de Cabaceiras, na região do Cariri, semi-árido paraibano, também conhecida como a “Roliúde Nordestina” e onde se localiza o Lajedo de Pai Mateus, local turístico muito procurado na região. A Reserva Arqueológica da região do Cariri se verifica através de inúmeros sítios arqueológicos que se encontram na região. Inscrições na forma de “itaquatiaras” (inscrições em rochedos e paredes de cavernas) e pinturas rupestres são abundantes nas formações rochosas do Cariri (CABRAL, 1997) Ainda de acordo com a autora, estes registros podem estimular os crescentes estudos de arqueologia, antropologia e mitologia dos povos primitivos, podendo 127 também contribuir para a revelação das origens das populações indígenas que habitaram a região Cariri. Em relação ao Cariri paraibano, as Inscrições e Pinturas Rupestres encontradas (Figura 1) poderiam se constituir em um “museu vivo” para a visita e valorização, assim como a conservação, desse acervo do patrimônio nacional. Como afirma, Azevedo-Netto e Kraisch (2007), a importância do patrimônio arqueológico na construção da memória de um determinado local se faz necessária, pois, através dela, procuramos entender a história local, fazer parte dela, valorizando o passado como instrumento de compreensão do mundo em que se vive. A construção das identidades locais demonstra a importância de sabermos a nossa origem e como a nossa cultura se desenrolou durante o passar dos anos. Desta forma, a história e a arqueologia são colocadas, aqui, como forma de uma dar suporte à outra, na compreensão destas populações pretéritas e na formação dessas identidades locais. Portanto, a partir destes e de outros estudos arqueológicos, espera-se que sejam desenvolvidas políticas públicas adequadas para o turismo cultural e ecológico no bioma Caatinga, bem como, atividades de Educação Ambiental para conservação deste patrimônio. Figura 1. Pinturas rupestres encontradas no "Sítio Arqueológico Muralha do Meio do Mundo (Sitio Picoito)” localizada no município de São João do Cariri – Paraíba. (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano). 128 Turismo paleontológico: O Parque dos dinossauros, localizado no município de Sousa-PB possui uma área de mais 700 km2 e é considerado um dos mais importantes sítios paleontológicos do mundo. O local dispõe de um Centro de Atendimento e Apoio ao Turista, sendo aberto para estudos e visitação. No local há diversas pegadas de dinossauros, por exemplo as do tiranossauro rex. CULTURA: MITOS E FÁBULAS NA CAATINGA A valorização de culturas locais é essencial para a incorporação da população ao processo de desenvolvimento sustentável. No bioma, há muitos valores culturais que precisam ser descobertos e valorizados. Segundo Borba (2006) a Cultura é o acervo de valores artísticos e espirituais conquistados pela humanidade, ao longo de sua história. Ela é a própria alma de um povo, posto que dá vida a uma civilização. Se Cultura é tudo aquilo que nos transforma e nos humaniza, como afirma Whitaker e Bezzon (2006), precisamos então resgatar os fenômenos culturais locais com intuito de ressignificar o papel da cidadania dos diferentes atores sociais no ambiente onde estão inseridos. Além do Artesanato, uma das mais genuínas fontes de cultura popular no estado da Paraíba (BORBA, 2006), uma das principais expressões artístico- literárias, em todo o Nordeste brasileiro, tem sido a Literatura de Cordel. Muitos autores têm explorado e divulgado as culturas e mitos da Caatinga na Literatura através dos cordéis. A riqueza da fauna e flora, os “causos”, as fábulas, as severas secas que assolam esta região e o cangaço são muito freqüentes. Por exemplo, no trecho do cordel “O Império da Caatinga” de autoria de José M. Lacerda, é possível observar a caracterização do bioma e discutir aspectos dos impactos ambientais que tem acometido este ecossistema: 129 “(....) Os sertanejos sedentos Muitas cacimbas cavava No leito seco dos rios Que mais e mais afundava Nesse cenário infeliz Até a própria raiz Do Umbuzeiro ajudava. Caatinga significava Mata branca ou capoeira Pela vegetação baixa E muitas vezes rasteira Sendo assim quase um deserto Muito espaço a céu aberto Com muita serra e pedreira. (...)” EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA PARA O AMBIENTE SEMI-ÁRIDO NORDESTINO “Nenhuma ação educativa pode prescindir de uma reflexão sobre o homem e de uma análise sobre suas condições culturais” (FREIRE, 1979, p. 61). A educação se constitui no processo de formação e desenvolvimento do ser humano capaz de torná-lo sujeito de sua ação/condição de ser e estar no mundo. Os processos educativos que se pretendem revelar exitosos precisam pautar-se na idéia de que o homem deve tornar-se, de acordo com Freire (1979) “um ser capaz de relacionar-se; de sair de si, de projetar-se nos outros; de transcender.” Desta forma, os diferentes espaços educativos se configuram o locus da construção de cidadãos conscientes e críticos. Diante das possibilidades educacionais instituídas no seio da sociedade, nossa atenção se volta à escola, percebida como um campo dinâmico sócio-educativo, no interior do qual ocorrem interpenetrações de informações, conteúdos, conhecimentos, valores, ideologias e dos demais aspectos, formais e não-formais, que situam o homem no e com o mundo. 130 Nossa perspectiva neste texto é enfocar o caráter ambiental na educação e, de modo específico, sobre a educação para o ambiente semi-árido nordestino. Justificamos nossa pretensão tanto pela relevância creditada as questões ambientais em nível mundial, quanto pela necessidade atual de pensar uma educação contextualizada, considerando as particularidades pertinentes ao semi-árido nordestino. Neste sentido, converge aos educadores o desafio de tornar o ato educativo um campo de possibilidades/responsabilidades no sentido de construir cidadãos para uma sociedade mundo composta por sujeitos protagonistas, conscientes e críticamente comprometidos com a construção de uma civilização planetária (MORIN et al., 2007). Pautamos nossa reflexão no ambiente escolar enquanto espaço para desenvolver umensino educativo capaz de permitir a compreensão de nossa condição e de nos ajudar a viver e que ao mesmo tempo, favoreça um modo de pensar aberto e livre (MORIN, 2006). No âmbito da educação no semi-árido nordestino, Ab’Saber (1999) enfatiza a necessidade da valorização do conhecimento do mundo real, centralizado na área de vivências dos professores, alunos e seus familiares, para o reconhecimento do mundo físico, ecológico e cultural regional. Ainda de acordo com o autor, na conjuntura particular da região semi-árida, estes atores sociais - por necessidade de sobrevivência, práticas de natureza ecológica, educação familiar de cotidiano repetitivo – já possuem um razoável e/ou significativo estoque de conhecimentos loco-regionais. É fundamental o estabelecimento de políticas públicas que fortaleçam as escolas de Educação Básica, tendo em vista a importância que exercem no processo de formação social, cultural, humana e ética da sociedade. Mesmo tendo alcançado grandes avanços, no que se referem aos seus objetivos, conteúdos, estratégias metodológicas e materiais didáticos, o universo escolar ainda necessita de caminhos que lhe permitam contemplar dimensões relevantes do conhecimento (GUERRA; ABÍLIO, 2006). Dimensões essas que, muitas vezes, são enfraquecidas pela ênfase no tecnicismo e pela falta de uma 131 formação holística que inter-relacione as diferentes potencialidades do ser humano. A questão está além dos programas curriculares fragmentados e conteudistas. É essencial que os professores reconheçam que a atividade docente vai além do domínio dos conteúdos específicos, e, portanto, incorporar em sua práxis valores humanistas, éticos, conhecimento interdisciplinar e compromisso político configurando-se assim como um dos maiores desafios para o desenvolvimento da Educação Ambiental na escola básica (LOZANO; MUCCI, 2005). Faz-se necessário perseguir uma educação contextualizada, na qual os processos de ensino-aprendizagem se coadunem com a realidade local/regional, onde o planejamento das atividades a serem desenvolvidas leve em consideração a historicidade dos atores sociais, compreendendo a complexidade, na qual os arranjos sócio-culturais se estabeleceram ao longo do tempo. Entendemos que somente através desta prática educativa podemos avançar na construção de um conhecimento pertinente (14). Neste sentido, defendemos que a teoria biorregionalista é a que melhor atende aos desafios teórico-metodológicos para uma educação contextualizada no ambiente semi-árido nordestino. O biorregionalismo, segundo Sato (2001) é uma tentativa de resgatar uma conexão intrínseca entre comunidades humanas e a comunidade biótica de uma dada realidade geográfica. O critério para definir as fronteiras de tais regiões pode incluir similaridades do tipo de terra, flora, fauna ou bacias hidrográficas. A recuperação histórica, simbólica e cultural estabelece valores de cooperação, solidariedade e participação, permitindo desenvolvimento entre a comunidade e o meio biofísico. Uma proposta de educação contextualizada no semi-árido não pode limitar-se somente aos aspectos pedagógicos, precisa assumir um caráter político-pedagógico de transformação. Não pode ser um processo educativo desenvolvido de forma mecânica e dentro de quatro paredes sem considerar e envolver os elementos sociais e culturais, que tanto influenciam a vida dos (14) O conhecimento pertinente é o conhecimento capaz de situar qualquer informação em seu contexto e, se possível, no conjunto em que está inserido (MORIN, 2006, p.15). 132 sujeitos sociais. Deve ser uma educação construída e discutida no contexto histórico dos sujeitos sociais envolvidos com a proposta pedagógica (LIMA, 2008). SUGESTÕES DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS ATIVIDADE 1: Dramatização na sala de aula Na educação científica a Dramatização pode ser um recurso indispensável para a melhor compreensão de temas da ciência. O uso simultâneo de diferentes recursos e Linguagens Teatrais possibilitam concretizar episódios do mundo real, reproduzindo, com riqueza de informações, diferentes ambientes e circunstâncias. Segundo Sant’Anna e Menegolia (2002) a dramatização na escola ou sala de aula não apresenta os mesmos objetivos que o teatro propriamente dito. Em sala, a representação se processa de forma simplificada, porém com grandes vantagens do ponto de vista educativo, principalmente no sentido de desinibir o aluno e prepara-lo para vivenciar situações de vida com maior segurança. A partir do teatro, os estudantes podem, ainda, presenciar a confrontação entre conceitos prévios formulados e conceitos adequados do ponto de vista da Ciência, em um ambiente interativo e lúdico, e, portanto, propício à construção e reformulação de novas concepções (LOPES, 2000). É possível concretizar personagens e cenas históricas que normalmente estão distantes e dissociados da realidade atual (SANT’ANNA; SANT’ANNA, 2004). A associação entre a linguagem teatral e os temas científicos contribui para gerar uma atitude crítica no público, atitude esta fundamental para a construção ativa do conhecimento e para o exercício pleno da Cidadania. Na escola, as dramatizações podem se realizar com máscara, através da mímica, com uso de fantoches, com teatro de sombra ou da maneira tradicional, através de diálogos entre os atores (SANT’ANNA; MENEGOLIA, 2002). 133 Na escola, as dramatizações podem se realizar com: máscara, através da mímica, com uso de fantoches, com teatro de sombra, através de diálogos entre os atores. O teatro de fantoches é o que mais alegra e sensibiliza a criançada por transmitir, de uma forma simples e direta, a mensagem de cuidar do nosso ambiente e do nosso planeta. De acordo com Galvão (1996), “as crianças parecem receber bem melhor e armazenar com mais facilidade as imagens, quando são apresentadas através de algo que as encante emocionalmente como é o caso do Teatro de Bonecos”. Mamede (2003), diz que “a interpretação ambiental é uma forma de despertar a consciência, trazendo à tona a importância de se conservar através de atividades ou dinâmicas que aproximem o público das realidades sobre as questões ambientais, sociais, culturais, históricas e artísticas.” Ainda segundo a mesma autora, “Por ser o teatro a arte de interpretar (representar)...é uma forma descontraída de levar a informação e, ao mesmo tempo que informa, também interage, ao mesmo tempo que diverte, ensina”. Atividade 2: Construindo bonecos com materiais reutilizados Objetivos da atividade: Discutir alguns conceitos de educação ambiental e do bioma Caatinga partindo do teatro de bonecos; Aprender a manipular o fantoche realizando cenas rápidas com uma metodologia que parte dos temas geradores tendo como base a teoria freireana, possibilitando uma metodologia crítica e criativa através da arte; Utilizar elementos lúdicos para sensibilizar e discutir nossa relação com o ambiente; Fazer com que os estudantes analisem as implicações sócio-ambientais do desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia, baseando-se na realidade loco-regional; Materiais Necessários: A quantidade de material utilizado dependerá do número de participantes da oficina. Por exemplo: Cola branca e cola de isopor, tinta de parede lavável branca, tintas acrilex (diversas cores), novelos de lã 134 (diversas cores), retalhos de tecido coloridos (20 cm2), tesoura para tecido, pincéis, garrafas pet, jornal, massa epox (tipo durepox); papelão fino. Procedimento: Etapa 1: Para construir a cabeça do boneco é preciso: utilizar uma Garrafa Pet (de tamanho variável) e em seguida efetuar um corte mediano, encaixar as duas partes para diminuir o tamanho da garrafa para que a cabeça do boneco fique proporcional ao corpo; envolver todaa superfície da garrafa com papel jornal. Usar cola branca. Após secar a cola, pintar a cabeça de boneco com tinta de parede, lavável branca, e deixar secar; Modelar as partes da face do boneco (boca, olhos, orelhas, nariz, sobrancelha) utilizando para isso a Massa Epox; a cor da pele do boneco e olhos deve ser variada para (branca, rósea, preta, marrom, azul, verde, etc.); cortar fios de lã, de cores e tamanhos variados, para montar o cabelo. Utilizar colar de isopor. Etapa 2: Para construir o corpo do boneco é preciso: Cortar o tecido de algodão, de cores variadas, no formato de túnica (T); Deixar o formato do pescoço para encaixar a cabeça do boneco (utilizar a boca da garrafa pet); Utilizar cola de isopor e se necessário amarrar o molde da roupa junto a boca da garrafa com lã; construir o molde das mãos, utilizando papelão fino. Etapa 3: Técnica da Dramatização: na sala de aula, utilizando bonecos, fantoches ou o próprio aluno, Dramatizar um texto que aborde uma determinada problemática ambiental sobre a Caatinga. O texto pode ser extraído de um livro, uma revista ou pode ser produzido pelo professor ou pelos alunos;Pode se utilizar a literatura de Cordel e músicas regionais;Se faz necessário uma Reflexão e Discussão dos temas nos grupos e depois em toda a classe. 135 Observações: Dependendo da criatividade dos participantes da oficina o cabelo do boneco pode ser confeccionado com algodão, bucha vegetal ou palha de aço; o seu fantoche pode ser incrementado com chapéus, brincos, óculos, entre outros acessórios; diferentes materiais reutilizáveis podem ser utilizados, tais como: caixa de ovo, arame, entre outras. Figura 2. Resultado da Oficina Ecopedagógica “A sensibilização ambiental através da dramatização: o teatro de bonecos em atividades de educação ambiental” desenvolvida com os professores na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio José Leal Ramos, São João do Cariri - PB em Julho de 2007. (Fonte: acervo do grupo de estudos de educação ambiental no semi-árido paraibano). ATIVIDADE 3: Trabalhando com a literatura de Cordel Objetivo da atividade: Trabalhar temáticas sobre o Cariri a partir de uma atividade lúdica-educativa. Procedimento: a partir do cordel, discutir aspectos do Cariri e valorizar a cultura local; podem ser sugeridas a preparação de esquetes teatrais para dramatizar as histórias. Exemplo: História do carro malassombroso ou batuque encantado (Autoria de Manoel Baltazar Maracajá) 136 Quem é médium ou vidente Tem visões e sonho certo Dar-me razões também; No sertão ou no deserto Há sempre ao nosso redor Fantasmas que rondam perto Aparecendo as pessoas Em forma de uma luz Outros aparecem chorando Chamando até por Jesus Outros em forma de bichos Cavalo, cobra e avestruz Alguns se personificam Querem imitar as pessoas Trajando roupas ou vestidos Seja nova, velha e boas Uns dão micoco de quem anda a toas Outros aparecem zoando Imitando um caminhão Que as luzes iluminam a estrada De longe se vê o clarão Fazendo zoada e batucada Igual a esta aparição Que apareceu a muitos Nas estradas de São João Assombrando os moradores Em toda a região Fazendo assombrações De Cabaceiras a Gurjão Naquela Fazenda Arara De mistério e tradição Foi ali que aconteceu Toda aquela confusão Dando a primeira carreira No caboclo Zé Romão Também o caboclo Menô Foi vítima da aparição Vinha de Malhada de Roça No seu cavalo Lazão O cavalo assombrado Sacudiu Menô no chão Antônio Rosendo morava Lá na Fazenda Mineiro Ouviu o carro soar Por aqueles tabuleiros E com mede ele correu E se embrenhou no Marmeleiro No casarão alguém viu Um ancião nele entrar Todo vestido de branco Alegre assobiar Outros ouviram cavalos Velozes a galopar O cabra sendo medroso Não andava prá colar Pois se ouvisse a zoada Não podia mais falar E cagava na cueca Pra mulher cedo lavar Eu nunca ouvi tal zoada Pois não ouço nem trovão Fui dar uma passeada Pertinho do casarão Os fantasmas não gostaram Me deram três beliscão Este fenômeno transcende Nossa visão natural Sabemos que tudo aquilo Vem do espiritual Ele tem conotação com mistério Assim nos revela pelo pendulo sideral No nosso século passado Tudo isso aconteceu Centenas presenciaram E o poeta descreveu Para a geração presente Pelo dom que Deus lhe deu Existem muitas versões Sobre esta aparição Porém uma está mais perto Da sua elucidação E a do tesouro enterrado Perto da estrada de São João Dizem que o fazendeiro A tal fortuna guardou Porém com o passar dos anos Do local não mais se lembrou E o preto velho morreu e o segredo Para o túmulo ele levou Dizem que na noite de lua cheia Ele o dinheiro enterrou Quando os escravos dançavam Seus rituais de Changô Originais da sua terra natal África do Sul e Nangô 137 Aquela Fazenda Arara Nos idos tempos de outrora Foi uma fazenda de renome De um passado de glória Assim se encontra Nos anais que descrevem sua história Havia muita tristeza Gado, ovelhas, criação Cavalo, burro e jumento Galinha, pato e pavão Escravos e muito dinheiro Guardado em uns botijão A caça ali abundava Veado, mocó, preá Porco do mato e gazela Tatu e tamanduá Ema e seriema Se ouviam o canto por lá No poço grande da serra Havia peixe demais Um dos pratos prediletos Dos nossos ancestrais Bebendo um saboroso vinho Em taças especiais Os donos dessa fazenda Foram ricos demais Tinham até coloniais Comercializavam produtos da cidade Por produtos naturais Transportavam suas cargas Nos burros tropeiros que se originou Da musica que Rosil Calvalcante compôs E Luiz Gonzaga cantou Tropeiros da Borborema Que se imortalizou As cenas desse passado O tempo não apagou Resolvi fazer meus versos registrados Para a memória que o passado levou Uma homenagem a esse povo Que para o além Deus levou Arara, Poço das Pedras Caroá e Gamileira Santana e Maracajá Pedrinhas e Cabaceiras Lucas e Curral de Baixo Riacho Fundo e Moreira Me desculpem as brincadeiras O carro Malassombroso É história verdadeira Todos comprovam os fatos Das cenas que se passaram De São João a Cabaceiras ATIVIDADE 4: Trabalhando o bioma Caatinga de forma inter e transdisciplinar Objetivo da atividade: Desenvolver conteúdos referentes à Caatinga na educação básica de forma inter e transdisciplinar. Integrar docentes e discentes na busca de um conhecimento socializado e crítico-reflexivo em relação à temática proposta. Procedimento: Em uma reunião pedagógica na escola, o corpo docente pode discutir diferentes ações para serem executadas na escola (Quadro I). 138 Quadro I. Diferentes atividades que podem ser executadas pelos professores e alunos na educação básica. Disciplinas Atividades Inglês Trabalhar a interpretação de textos em Inglês sobre a Caatinga – formular questões sobre o texto em inglês e solicitar respostas em português. Matemática Analisar aspectos da área inundada, volume do açude Namorados (São João do Cariri-PB) antes e depois da chuva. Determinar e comparar a densidade de plantas (número de espécies/100m2, por exemplo) em uma região de Caatinga protegida e uma outra degradada. História Analisar aspectos históricos da ocupação no cariri paraibano. Realizar um estudo do meio para reconhecer as pinturas e inscrições rupestres, além de escavações arqueológicas como acontece no município de São João do Cariri. Geografia Analisar aspectos da geografia espacial e distribuição do semi-árido brasileiro. Realizar uma aula de campo para identificar alguns tipos de minérios/rochas e os impactos que a extração destes podem provocar no bioma. Português Produzir uma redação, poemas, cordéis sobre o rio Taperoá, a partir de 10 palavras chaves sobre o ambiente. Ciências - BiologiaTrabalhar aspectos ecológicos da Caatinga. Discutir sobre a introdução de espécies exóticas na Caatinga: impactos e conseqüências. Artes Produzir desenhos coloridos representando as fases de seca e chuvosa da Caatinga. Produzir espetáculos teatrais utilizando diferentes linguagens, tais como: teatro de bonecos, fantoches, ou com o aluno como ator do processo. Física Discutir aspectos da radiação solar, evaporação e descargas elétricas (raios) no Cariri paraibano. Química Discutir aspectos químicos de plantas da Caatinga, discutindo sua importância medicinal e/ou tóxica. Educação Física Trilha ecológica e caminhada na Caatinga. Prática de esportes radicais na Caatinga. 139 REFERÊNCIAS AB’SABER, A.N. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. AB’SABER, A.N. Sertões e sertanejos: uma geografia humana sofrida. Estudos Avançados, São Paulo, v. 13, n. 36, p. 07-59, 1999. ABÍLIO, F.J.P. et al. Macroinvertebrados bentônicos como bioindicadores de qualidade ambiental de corpos aquáticos da Caatinga. Oecologia. Brasiliensis., Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, p. 397-409, 2007. ABÍLIO, F.J.P. Gastrópodes e outros invertebrados bentônicos do sedimento litorâneo e associado a macrófitas aquáticas em açudes do semi-árido paraibano, nordeste do Brasil. 2002. 175f. Tese (Doutorado em Ecologia e Recursos Naturais) – Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2002. ABÍLIO, F.J.P. Gastrópodes e outros invertebrados bentônicos do sedimento litorâneo e associado a macrófitas aquáticas em açudes do semi-árido paraibano, nordeste do Brasil. 2002. 175f. Tese (Doutorado em Ecologia e Recursos Naturais) – Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2002. ACCIOLY, L.J.O. Degradação do solo e desertificação no Nordeste do Brasil. Boletim Informativo da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v. 25, n. 1, p. 23-25, 2000. AGOSTINHO, A.A; JÚLIO, H.H. Ameaça ecológica: peixes de outras águas. Ciência Hoje, Rio de Janeiro, v. 21, n. 124, p 36-44, 1996. AGOSTINHO, A.A; JÚLIO, H.H. Ameaça ecológica: peixes de outras águas. Ciência Hoje, Rio de Janeiro, v. 21, n. 124, p 36-44, 1996. AGRA, M.F. et al. Sinopse da flora medicinal do Cariri paraibano. Oecologia brasiliensis, Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, p. 323-330, 2007. 140 ALMEIDA, R.D. A interpretação da área de estudo por meio de um modelo tridimensional. In: SCHIEL, D. et al. (Org.). O Estudo de Bacias Hidrográficas: uma estratégia para educação ambiental. São Carlos: RIMA, 2003, p. 37-45. ALVES, J.J.A. Geoecologia da Caatinga no Semi-Árido do Nordeste Brasileiro. Climatologia e Estudos da Paisagem, Rio Claro, v. 2, n.1, p. 58-71, 2007. ANDRADE, C.T.S. Cactos úteis na Bahia: ênfase no semi-árido. Pelotas: USEB, 2008. AQUINO, H. As Potencialidades da Fauna do Cariri. In: CABRAL, E.M. (Org.). Os Cariris Velhos da Paraíba. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB- UNIÃO, 1997, p. 57-61. ARAUJO, M.C.P. Animais no Meio Ambiente: integração e interação. Ijuí: UNIJUÍ, 1991. ARAUJO-FILHO, J.A.; CRISPIM, S.M.A. Pastoreio Combinado de Bovinos, Caprinos e Ovinos em Áreas de Caatinga no Nordeste do Brasil. In: CONFERÊNCIA VIRTUAL GLOBAL SOBRE PRODUÇÃO ORGÂNICA DE BOVINOS DE CORTE, 1 ano, Anais..., São Paulo, 2002, p. 01-07. Disponível em:<http://www.caprilvirtual.com.br/Artigos/pastoreio_combinado_ov_cap_bov. pdf> Acesso em: 22 maio 2008. AZEVEDO-NETTO, C.X.; KRAISCH, A.M.P.O. A relação entre História, Memória e Arqueologia: A arte rupestre no município de São João do Cariri. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 24 ano, Anais..., Londrina, 2007, p. 01- 09. BARBOSA, D. C. A. et al. Dados fenológicos de 10 espécies arbóreas de uma área de caatinga (Alagoinha-PE). Acta Botânica Brasílica. São Paulo, v. 3, p. 109-117, 1989. BARBOSA, J.E. et al. Diagnóstico do estado trófico e aspectos limnológicos de sistemas aquáticos da Bacia Hidrográfica do rio Taperoá, Trópico semi-árido Brasileiro. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 1, Campina Grande, n. 1, p. 81-89, 2006. (Suplemento Especial). 141 BARBOSA, J.E.L. Dinâmica do fitoplâncton e condicionantes limnológicos nas escalas de tempo (nictemeral/sazonal) e de espaço (horizintal/vertical) no açude Taperoá II: trópico semi-árido nordestino. 2002. 210f. Tese (Doutorado em Ecologia e Recursos Naturais) – Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2002. BARBOSA, M.R.V. Biologia, conservação e impactos humanos na caatinga: exemplos do cariri paraibano. In: CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, 58 ano, Anais... São Paulo, 2007. BARBOSA, M.R.V. et al. Checklist das Plantas do Nordeste Brasileiro: Angiospermas e Gymnospermas. Brasília: MCT, 2006. BARBOSA, M.R.V. et al. Vegetação e flora no cariri paraibano. Oecologia brasiliensis, Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, p. 313-322, 2007. BARRETO, A.C. et al. Características químicas e físicas de um solo sob floresta, sistema agroflorestal e pastagem no sul da Bahia. Revista Caatinga, Mossoró, v.19, n. 4, p. 415-425, 2006. BARRETO, A.L.P. Lagoas intermitentes do semi-árido paraibano: inventário e classificação. 2001. 82f. Dissertação. (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) – Centro de Ciências Exatas e da Natureza, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2001. BATALHA, M. A.; MARTINS, F. R. Reproductive phenology of the cerrado plant community in Emas national Park (central Brazil). Australian Journal of Botany, v. 52, p. 149-161, 2004. BATALHA, M.A.; MANTOVANI, W. Reproductive phenological patterns of cerrado plant species at the Pé-de-Gigante reserve (Santa Rita do Passa Quatro, SP, Brazil): Comparison between the herbaceous and woody floras. Revista Brasileira de Biologia, São Carlos, v. 60, p. 129-145, 2000. BENEVIDES, D.S. Estudo florístico e fitossociológico da flora herbácea da fazenda Xique-Xique, Município de Caraúbas/RN (Brasil). 2003. Monografia (Graduação em Agroonomia) – Escola Superior de Agricultura de Mossoró, Mossoró, 2003. 142 BERNARDES, N. As Caatingas. Estudos Avançados, São Paulo, v.13, n. 36, p. 69-78, 1999. BICUDO, C.E.M.; BICUDO, D.C. Amostragem em Limnologia. São Carlos: RIMA, 2004. BLAUTH, P.R.; MIGOTTO, A.E. Excursão à praia: passeio ou aula. Revista de Ensino de Ciências, Porto Alegre, v. 21, n. 1, p. 56-60, 1988. BORBA, M.A.B. Saberes e fazeres do povo: resgate da Cultura Popular na Paraíba. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2006. BORCHERT, R. Phenology and control of flowering in tropical trees. Biotropica. v. 15, p. 81-89, 1984. BORCHERT, R.; RIVERA, G.; HAGNAUER, W. Modification of vegetative phenology in tropical semi-deciduous forest by abnormal drought and rain. Biotropica, v. 34, p. 27-39, 2002. BRAID, E.C. Importância sócio-econômica dos recursos florestais no Nordeste do Brasil: Seminário Nordestino sobre a Caatinga. João Pessoa: IBAMA, 1996. BRANDÃO, C.R.F.; YANAMOTO, C.I. Invertebrados da Caatinga. In: SILVA, J.M.C. et al. Biodiversidade da Caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. Brasília, DF: MMA, 2003, p. 136-188. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 001, de 23 de janeiro de 1986.. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 fev. 1986. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html> Acesso em 07. jul. 2008. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Avaliação e identificação de áreas e ações prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade nos biomas brasileiros. Brasília: MMA/SBF, 2002a. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros em Ação (PCN): MeioAmbiente na Escola. Brasília: MEC/SEF, 2001. http://www.biology.ku.edu/tropical_tree_phenology/documents/01%20Borchert%201983.pdf http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html 143 BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais. Brasília: MEC/SEF, 1998. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. PCN+ Ensino Médio: Orientações educacionais complementares aos PCN de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC/SEMTEC, 2002b. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Recursos Hídricos. Programa de ação nacional de combate à desertificação e mitigação dos efeitos da seca: PAN-Brasil. Brasília: MMA, 2004. BRENDOCK, L.; WILLIAMS, W.D. Biodiversity in wetlands of dry regions (drylands). Biodiversity in wetlands: assessment, function and conservation, v.1, p. 181-194, 2000. CABRAL, E.M. O potencial arqueológico do Cariri. In: CABRAL, E.M. (Org.). Os Cariris Velhos da Paraíba. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB- UNIÃO, 1997, p. 29-55. CALDEIRON, S.S. Recursos Naturais e Meio Ambiente: uma visão do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 1992. CANDIDO, H. G; BARBOSA, M. P; SILVA M. J. da. Avaliação da degradação ambiental de parte do Seridó Paraibano. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 6, n. 2, p. 368-371, 2002. CARDOSO, M.M.L. Avaliação da introdução da espécie exótica Oreochromis niloticus Linnaeus, 1758, (Perciformes: Cichlidae) (Tilapia-do-Nilo) em ambientes aquáticos do semi-árido paraibano. 2005. 50f. Monografia (Graduação em Ciências Biológicas) – Centro de Ciências Exatas e da Natureza, Universidade Federal da Paraiba, 2005. CARLOS, E.J. Sob o signo da imagem: outras aprendizagens e competências. In: CARLOS, E.J. (Org.) Educação e Visualidade: reflexões, estudos e experiências pedagógicas com a imagem. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2008. 144 CARVALHO et al. Gestão de recursos hídricos e a sustentabilidade agrícola no semi-árido pernambucano: as barragens subterrâneas como instrumento de desenvolvimento da agricultura familiar. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 24° ano, Anais... Belo Horizonte, 2007, p. 1-16. CARVALHO, E.M; UIEDA, V.S. Colonização por macroinvertebrados bentônicos em substrato artificial e natural em um riacho da serra de Itatinga, São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, Curitiba, v. 21, n. 2, p. 287- 293, 2004. CARVALHO, O.; OLIVEIRA, J. B. Ministério do Meio ambiente. Secretaria de Recursos Hídricos. Programa de combate à desertificação no âmbito do Proágua semi-árido-Proágua antidesertificação. Brasília: MI. SIH/ MMA, 2006. CHAVES, L.H. et al. Características Químicas de Solo do Perímetro Irrigado de Sumé-PB. Revista Caatinga, Mossoró, v.20, n.4, p. 110-115, 2007. CIMM. Centro de Informação Metal Mecânica. 2008. Disponível em <http://www.cimm.com.br/cimm/construtordepaginas/htm/3_24_5206.htm> Acesso em 07 jul. 2008. CLAUDIO, C. F. B. R. Implicações da Avaliação de Impactos Ambientais. Revista Ambiente, Campinas, v. 3, n. 1, p.159-162, 1987. CNRBC. CONSELHO NACIONAL DA REVERSA DA BIOSFERA DA CAATINGA. Cenários para o Bioma Caatinga. Recife: SECTMA, 2004. CORRÊA, A. Fazedores de Desertos. 1999. Disponível em: <http://www.cnps.embrapa.br/search/planets/coluna08/coluna08.html> Acesso em 04 jun. 2008. CORTEZ, J.S.A. et al. Caatinga. São Paulo: Harbra, 2007. COSTA, F.A.P.L. SOS Caatinga. Ecologia: la insígnia. 2002. Disponível em <http://www.lainsignia.org/2002/noviembre/ecol_010.htm> Acesso em 03 nov. 2002. http://www.cimm.com.br/cimm/construtordepaginas/htm/3_24_5206.htm http://www.cnps.embrapa.br/search/planets/coluna08/coluna08.html mailto:meiterer@hotmail.com http://www.lainsignia.org/2002/noviembre/ecol_010.htm 145 COSTA, J.J.D. Contradições no processo de modernização do semi-árido: da agricultura tradicional à pecuária irracional dependente. In: MOREIRA, E. (Org.). Agricultura familiar e Desertificação. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2006, p. 131-148. COSTA, S.G.D. Irrigação, a Dualidade no Semi-Árido Nordestino: Desenvolvimento Econômico X Impactos Sócios-Ambientais. In: SIMPÓSIO REGIONAL DE GEOGRAFIA, 2 ano, Anais... Urberlândia, 2003, p. 2-9. COSTA, T.C.C., et al. Áreas para conservação no bioma Caatinga por meio da analise de fatores biofísicos e antrópicos com a diversidade florística. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 14 ano, Anais... Natal, 2009, p. 5159-5167. COSTA-NETO, E.M. A Etnozoologia do Semi-Árido da Bahia: Estudo de Casos. In: QUEIROZ, L.P.; RAPINI, A.; GIULIETTI, A.M. (Ed.). Rumo ao Amplo Conhecimento da Biodiversidade do Semi-árido Brasileiro. Brasília, DF: MCT, 2006. COUTINHO, S.F.S.; SELVA, V.S.F.; ALBUQUERQUE, J.L. Biodiversidade dos Ecossistemas e espécies do Semi-árido do Nordeste do Brasil: contribuição do turismo ecológico à conservação da diversidade biológica do bioma caatinga. In: CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL, 6 ano, Anais... Fortaleza, 2003, p. 347-349. CRISPIM, M. C.; WATANABE, T. What can dry reservoir sediments in a semi arid region in Brazil tell us about Cladocera? Hydrobiologia, v. 442, p.101-105, 2001. CRISPIM, M.C.; LEITE, R.L.; WATANABE, T. Evolução do estado trófico em açudes temporários, no nordeste semi-árido, durante um ciclo hidrológico, com ênfase na comunidade zooplanctônica. In: SIMPÓSIO DE ECOSSISTEMAS BRASILEIROS: CONSERVAÇÃO, 5 ano, Anais... Vitória, 2000, p. 422-430. CRISPIM, M.C.; PAZ, R. J.; WATANABE, T. Comparison of different Moina minuta population dynamics ecloded from resting eggs in a semi-arid region in Brazil. Brazilian Journal of Ecology, v. 1-2, p. 33-38, 2003. CRUZ, F.N.; BORBA, G.L.; ABREU, L.R.D. Ciências da natureza e realidade. Natal: Editora Universitária/UFRN, 2005. 146 DINIZ, C.R. Aspectos sanitários de corpos lênticos temporários para consumo humano. 1995. 143f. Dissertação (Mestrado em Recursos Hídricos) – Universidade Federal da Paraíba, Campina Grande, 1995. DRUMOND, M.A. et al. Estratégias para uso sustentável da biodiversidade da caatinga. In: SILVA, J.M.C.; TABARELLI, M. (Coord.). Workshop Avaliação e identificação de ações prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade do bioma caatinga. 2000. Disponível em <www.biodiversitas.org.br/caatinga> Acessado em 31 mar. 2007. DRUMOND, M.A. et al. Produção e Distribuição de Biomassa de espécies Arbóreas no Semi-Árido Brasileiro. Revista Árvore, Viçosa, v. 32., n.4, p. 665- 669, 2008. DRUMOND, M.A. Pesquisador defende planejamento para preservar a Caatinga. 2004. Disponível em <http://www.embrapa.gov.br/noticias/banco_de_noticias/2003/maio/bn.2004- 11-25.1034191543/mostra_noticia> Acesso em 31. mar. 2007. DUQUE, G. Agricultura familiar em áreas com risco de desertificação: o caso do Brasil semi-árido. In: MOREIRA, E. (Org.). Agricultura familiar e Desertificação. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2006, p. 77-90. EATON, D.P. Macroinvertebrados aquáticos como indicadores ambientais da qualidade de água. In: CULLEN, J.; RUDRAN, R; VALLADARES-PADUA, C. (Org.), Métodos de estudo em biologia da conservação e manejo da vida silvestre. Curitiba: Editora Universitária/UFPR, 2003, p. 43-67. ENDRESS, P. K. Diversity and evolutionary biology of tropical flowers. Cambridge: Cambridge University Press, 1994. ESTEVES, F.A. Fundamentos de Limnologia. Rio de Janeiro: Interciência- FINEP, 1998. EXTENCE, C.A. The effect of drought on benthic invertebrate communities in a lowland river. Hydrobiologia, v. 83, n. 1, p. 217-224, 1981. http://www.biodiversitas.org.br/caatinga http://www.embrapa.gov.br/noticias/banco_de_noticias/2003/maio/bn.2004-11-25.1034191543/mostra_noticiahttp://www.embrapa.gov.br/noticias/banco_de_noticias/2003/maio/bn.2004-11-25.1034191543/mostra_noticia 147 FABIÁN, M.E. Quirópteros do bioma Caatinga, no Ceará, Brasil, depositados no Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Chiroptera Neotropical, v.14, n.1, p. 354-359, 2008. FERNANDES, R.; GOMES, L.C.; AGOSTINHO, A.A. Pesque-Pague: negócio ou fonte de dispersão de espécies exóticas. Acta Scientiarum Biological Sciences, Maringá, v. 25, n. 1, p.115-120, 2003. FERNANDO, C.H. Impacts of fish introductions in Tropical Asia and America. Can J. Fish Aquatic Sci, v. 48, n. 1, p. 24-33, 1991. FERREIRA, O.M.C.; SILVA-JÚNIOR, P.D. Recursos Audiovisuais no processo ensino-aprendizagem. São Paulo: EPU, 1986. FERRÉS, J. Vídeo e Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. FRANÇA, F. et al. Flora vascular de açudes de uma região do semi-árido da Bahia, Brasil. Acta Botanica Brasilica, São Paulo, v. 17, n. 1, p. 549-559, 2003. FRANÇA, F.; MELO, E. Flora vascular aquática do semi-árido baiano. In: QUEIROZ, L.P.; RAPINI, A.; GIULIETTI, A.M. (Ed.). Rumo ao Amplo Conhecimento da Biodiversidade do Semi-árido Brasileiro. Brasília, DF: MCT, 2006. FRANCO, E.S. et al.Uso de Imagens TM/LANDSAT-5 na Identificação da Degradação Ambiental na Microbacia Hidrográfica em Boqueirão-PB. Campo. Território:Geografia Agrária, Urbelândia, v.2, n. 3, p.79-88, 2007. FREIRE, P. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. (Coleção Educação e Comunicação Vol. 1). FREITAS, M.A.; SILVA, T.F.S. Guia ilustrado: a herpetofauna das caatingas a áreas de altitudes do nordeste brasileiro. Pelotas: USEB, 2007. FRONCKOWIAK, A.; RICHTER, S. A dimensão poética da aprendizagem na infância. Revista Reflexão e Ação, Santa Cruz do Sul, v.13, n. 1, p. 91-104, 2005. 148 FRYER, G. Diapause, a potent force in the evolution of freshwater crustaceans. Hydrobiologia, v. 320, p. 1-14, 1996. FUSSMAN, G. The importance of crustacean zooplankton in structuring rotifera and phytoplankton communities: an enclosure study. Journal of Plankton Research, v.18, p.1897-1915, 1996. GALVÃO, M.N.C. Possibilidades Educativas do Teatro de Bonecos nas escolas públicas de João Pessoa. 1996. Dissertação (Mestrado em Educação) – Centro de Educação, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 1996. GALVÃO, P.F.M. et al. Desenvolvimento sustentável da Caprinovinocultura no cariri paraibano. In: MOREIRA, E. (Org.). Agricultura familiar e Desertificação. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2006, p. 149-177. GANNON, J.E.; STEMBERGER, R.S. Zooplankton as indicators of water quality. Trans. Amer. Micr, Soc., v. 97, p. 16-35, 1978. GILBERT, J.J. Structure, development and induction of a new diapause stage in rotifers. Freshwat. Biol., v. 34, p. 263-270, 1995. GNADLINGER, J.J.Tecnologias de captação e manejo de água de chuva em regiõese semi-áridas. In: KUSTER, A.; MARTÍ, J.F.; MELCHERS, I.(Org.).Tecnologias apropriadas para terras secas: manejo sustentável de recursos naturais em regiões semi-áridas no Nordeste do Brasil. Fortaleza: : Fundação Konrad Adenauer, GTZ, 2006. GUERRA, R.A.T.; ABÍLIO, F.J.P. Educação Ambiental na Escola Pública. João Pessoa: Foxgraf, 2006. GUILIETTI, A.M. et al. Espécies endêmicas da caatinga. In: SAMPAIO, E.V.S.B. et al. (Ed.). Vegetação e flora da caatinga. Recife: Associação Plantas do Nordeste (APNE); Centro Nordestino de Informações sobre Plantas (CNIP), 2002, p. 103-118. GURGEL, J.J.S. Potencialidade do cultivo da tilápia no Brasil. In: CONGRESSO NORDESTINO DE PRODUÇÃO ANIMAL, 1 ano, Anais... Fortaleza, 1998, p. 345-352. 149 HAIRSTON, N.G.; CÁCERES, C.E. Distribution of crustacean diapause: micro and macroevolutionary pattern and process. Hydrobiologia, v. 320, p. 27-44, 1996. IANNUZZI, L. et al. Padrões locais de diversidade de Coleoptera (Insecta) em vegetação de caatinga. In: LEAL, I.R.; TABARELLI, M.; SILVA, J.M.C. (Ed.). Ecologia e Conservação da Caatinga. 2 ed., Recife: Editora Universitária/ UFPE, 2005, p. 367-389. IANNUZZI, L.; MAIA, A.C.D.; VASCONCELOS, S.D. Ocorrência e sazonalidade de coleópteros buprestídeos em uma região de Caatinga nordestina. Biociências, Porto Alegre, v. 14, n. 2, p.174-179, 2006. IPT. Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Determinação de áreas críticas à erosão ao longo das faixas marginais dos reservatórios dos rios Tietê e Paranapanema. São Paulo, Relatório técnico n. 26.769, 1989. JOSÉ, M.T.S. A escolarização do poema ou a poetização da escola: do inverso ao verso. 2006. Tese (Doutorado em Educação) – Departamento de Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006. KING, C.E.; SNELL, T.W. Density-dependent sexual reproduction in natural populations of the rotifer Asplanchna girodi. Hydrobiologia, v. 73, p. 149-152, 1980. KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. 3 ed. São Paulo: USP/ Editora Universitária, 2004. KÜSTER, A.; MARTÍ, J.F.; MELCHERS, I. Tecnologias Apropriadas para Terras Secas: Manejo sustentável de recursos naturais em regiões semi-áridas no Nordeste do Brasil. Fortaleza: Fundação Konrad Adenauer, 2006. LACERDA, A.V. A semi-aridez e a gestão em bacias hidrográficas: visões e trilhas de um divisor de idéias. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2003. LACERDA, A.V.; BARBOSA, F.M. Matas Ciliares no domínio das Caatingas. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2006. 150 LATINI, A.O. Efeito da introdução de peixes exóticos nas populações nativas de lagoas do Parque Estadual do Rio Doce, MG. 2001. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) – Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2001. LEAL, I.R. Diversidade de formigas em diferentes unidades de paisagem da caatinga. In: LEAL, I.R.; TABARELLI, M.; SILVA, J.M.C. (Ed.). Ecologia e Conservação da Caatinga. 2 ed., Recife: Editora Universitária/ UFPE, 2005, p. 435-461. LEAL, I.R. et al. Mudando o curso da conservação da biodiversidade na Caatinga do Nordeste do Brasil. Revista Megadiversidade, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, 2005a. LEAL, I.R., VICENTE, A.; TABARELLI, M. Herbivoria por caprinos na caatinga da região de Xingo: uma análise preliminar. In: LEAL, I.R.; TABARELLI, M.; SILVA, J.M.C. (Ed.). Ecologia e Conservação da Caatinga. 2 ed., Recife: Editora Universitária/UFPE, 2005b, p. 695-715. LECP-UFRJ – Laboratório de Ecologia e Conservação de Populações da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2008. Fragmentação de habitats. Disponível em: <http://www.biologia.ufrj.br/labs/lecp/frag.htm> Acesso em: 07. jul. 2008. LIETH, H. Introduction to phenology and modeling of seasonality. In: Phenology and seasonality modeling, Berlin, Springer Verlag, 1974, p. 3-19. (Ecological studies). LIMA, E.S. Educação Contextualizada no Semi-Árido: construindo caminhos para formação de sujeitos críticos e autônomos. 2006. Monografia (Especialização em Docência) – Faculdade Santo Agostinho, Teresina, 2006. Disponível em: <http://www.ufpi.br/mesteduc/eventos/ivencontro/GT16/educacao_contextualiza da.pdf> Acesso em: 30 jul. 2008. LIMA, J.E.F.W.; FERREIRA, R.S.A.; CHRISTOFIDIS, D. O Uso da Irrigação no Brasil. 2004. Disponível em <www.cf.org.br/cf2004/irrigação.doc> Acesso em 07. jul. 2008. http://www.biologia.ufrj.br/labs/lecp/frag.htm http://www.ufpi.br/mesteduc/eventos/ivencontro/GT16/educacao_contextualizada.pdf http://www.ufpi.br/mesteduc/eventos/ivencontro/GT16/educacao_contextualizada.pdf http://www.cf.org.br/cf2004/irrigação.doc 151 LIMA-E-SILVA, P.P et al. Dicionário Brasileiro de Ciências Ambientais. Rio de Janeiro: THEX, 2002. LOPES, T. Ciência em Cena: discutindo ciência por meio do teatro. Presença Pedagógica, Belo Horizonte, v. 6, n. 31, p. 51-59, 2000. LOZANO, M.S.; MUCCI, J.L.N. A educação ambientalem uma escola da rede estadual de Ensino no município de Santo André: análise situacional. Rev. Eletrônica Mest. Educ. Ambient., Rio Grande, v. 14, p.132-151, 2005. LUNA, R.G.; COUTINHO, H.D.M. Efeitos do Pastejo Descontrolado Sobre a Fitocenose de duas Áreas do Cariri Oriental Paraibano. Revista Caatinga, Mossoró, v. 20, n. 1, p. 08-15, 2007. MACÊDO, L.S.; SANTOS, J.B. Efeito da aplicação de água salina sobre os solos irrigados na bacia Sucuru/Sumé, PB. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 27, n. 6, p.915-922, 1992. MACHADO, I. C.; BARROS, L. M.; SAMPAIO, E. V. S. B. Phenology of caatinga species at Serra Talhada, PE, Northeastern Brazil. Biotropica, v. 29, p. 57-68, 1997. MAIA, G.N. Caatinga: árvores e arbustos e suas utilidades. São Paulo: D&Z editora, 2004. MALTCHIK, L. Biodiversidade e estabilidade em lagoas do semi-árido. Ciência Hoje, Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, p.64-67, 1999. MAMEDE, S.B. Interpretando a natureza: subsídios para a educação ambiental. Campo Grande: UNIDERP, 2003. MANTOVANI, W.; MARTINS, F. R. Variações fenológicas do cerrado da reserva Biológica de Mogi Guaçu, Estado de São Paulo. Revista brasileira de Botânica,São Paulo, v. 11, p.101-112, 1988. MARGALEF, R. Limnologia. Barcelona: Ed. Omega, 1983. 152 MARINHO, R.S.A.; TORELLI, J.; CRISPIM, M.C. Análise comparativa da diversidade e riqueza de espécies de peixes do açude Taperoá II, bacia do rio Taperoá - semi-árido paraibano. In: ENCONTRO UNIFICADO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO, 6 ano, Anais..., João Pessoa, 2005. MARTÍ, A.K.J.F. Introdução: tecnologias para o semi-árido nordestino. In: KUSTER, A.; MARTÍ, J.F.; MELCHERS, I.(Org.).Tecnologias apropriadas para terras secas: manejo sustentável de recursos naturais em regiões semi-áridas no Nordeste do Brasi. Fortaleza: Fundação Konrad Adenauer, GTZ, 2006, P. 15-18. MARTINEZ, C.P.; BAQUERO, R.M.; CASTILLO, P.S. The effect of the volume decreasing on the trophic status in four reservoirs from Southern Spain. Verh.Internat.Verein.Limnol., v. 24, p.1382-1385, 1991. McCAFFERTY, W.P. Aquatic entomology. Boston: Science Books Internat., 1981. MEDEIROS, L.P. et al. Caprinos. Teresina: Embrapa -CPAMN/SPI, Teresina, 2000. MELO, A.S.T. Núcleos de desertificação na Paraíba: diagnóstico de reconhecimento dos núcleos de desertificação nos municípios de São João do Cariri e Caraúbas/PB. João Pessoa: UNIPÊ, 2000. MENDES, B.V. Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável do Semi-árido. Fortaleza: SEMACE, 1997. MENDES, B.V. Plantas das Caatingas: umbuzeiro, juazeiro e sabiá. Mossoró: Fundação Vingt-Um Rosado, 2001. MORELLATO, L. P. C.; LEITÃO-FILHO, H. F. Estratégias fenológicas de espécies arbóreas em floresta mesófila na Serra do Japi, Jundiaí, SP. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 50, p.163-173, 1990. MORIN, E. A Cabeça Feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 12. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. 153 MORIN, E.; CIURANA, E. R.; MOTTA, R. D. Educar na Era Planetária: o pensamento complexo como método de aprendizagem pelo erro e incerteza humana. 2. ed., São Paulo: Cortez, Brasília, DF: UNESCO, 2007. (Elaborado para a Unesco por tradução Sandra Trabucco Valenzuela). NEWSTROM, L. E.; FRANKIE, G. W.; BAKER, H. G. Survey of long-term flowering patterns in tropical rain forest trees at La Selva, Costa Rica. In: EDLIN, C. (ed.) L’arbre. Biologie et development. Montpellier: Naturalia Montpeliensia, 1991, p. 345-366. NOGUEIRA, L.A.; SILVA, L. E..E Dendroenergia: fundamentos e aplicações. Rio de Janeiro: Interciência, 2 ed., 2003. OLIVEIRA, J.A.; GONÇALVES, P.R.; BONVICINO, C.R. Mamíferos da caatinga. In: LEAL, I.R.; TABARELLI, M.; SILVA, J.M.C (Ed.). Ecologia e Conservação da Caatinga. 2. ed., Recife: Editora Universitária/UFPE, 2005, p. 275-302. OLIVEIRA, L. B. Avaliação da salinização dos solos sob caatinga do Brasil. In: ALVARES, V. H.; FONTES, L. E. F.; FONTES, M. P. F. (Ed.). O solo nos grandes domínios morfoclimáticos do Brasil e o desenvolvimento sustentado. Viçosa: SBCS, UFV, DPS, 1996, 113-123p. OLIVEIRA, L. B. et al. As Inferências pedológicas aplicadas ao perímetro irrigado de Custódia, PE. Pesquisa agropecuária brasileira, Brasília, v. 37, n. 10, p.1477-1486, 2002. OLMOS, F.; GIRÃO- E-SILVA, W.A.; ALBANO, C.G. Aves em oito áreas de Caatinga no sul do Ceará e oeste de Pernambuco, Nordeste do Brasil: composição, riqueza e similaridade. Papéis Avulsos de Zoologia, São Paulo, v. 45, n.14, p.179-199, 2005. PACHÊCO, A.P.; FREIRE, N.C.F.; BORGES, U.N. A trasndisciplinaridade da desertificação. Revista Geografia, Londrina, v. 15, n.1, p. 5-34, 2006. PARAÍBA. Secretaria da Educação. Atlas Geográfico do Estado da Paraíba. João Pessoa: Secretaria da Educação/PB, 1985. 154 PARAÍBA. Superintendência de Administração do Meio Ambiente. Política Estadual de Controle da Desertificação. João Pessoa: SUDEMA, 2002. PEDRON, F.A. et al. A aptidão de uso da terra como base para o planejamento da utilização dos recursos naturais no município de São João do Polêsine-RS. Ciência Rural, Santa Maria, v. 36, n. 1, p.105-112, 2006. PEREIRA, D.D. Plantas, Prosa e Poesia do Semi-árido. Campina Grande: EDUFCG/UFCG, 2005. PEREIRA, D.D. Quando as políticas públicas auxiliam o processo de desertificação: o caso do cariri paraibano. In: MOREIRA, E. (Org.). Agricultura familiar e Desertificação. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2006, p. 179-203. PEREIRA, M.L. Métodos e técnicas para o ensino de ciências. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 1998. PRADO, D.E. As Caatingas da América do Sul. In: LEAL, I.R.; TABARELLI, M.; SILVA, J.M.C. (Ed.). Ecologia e Conservação da Caatinga. 2 ed., Recife: Editora Universitária/UFPE, 2005, p. 3-73. PRIMACK, R.B.; RODRIGUES, E. Biologia da Conservação. Londrina: Midiograf, 2001. QUEIROZ, J.E. et al. Avaliação e monitoramento da salinidade do solo. In: GHEYI, H.R.; QUIEROZ, J.E.; MEDEIROS, J.F. (Ed.). Manejo e controle da salinidade na agricultura irrigada. Campina Grande: UFPB/ SBEA, 1997, p. 69- 111. QUEIROZ, L.P.; CONCEIÇÃO, A.A.; GUILIETTI, A.M. Nordeste semi-árido: caracterização geral e lista das fanerógamas. In GIULIETTI, A.M.; QUEIROZ, L. P. (Ed.). Diversidade e caracterização das fanerógamas do semi-árido brasileiro. v. 1. Recife: APN, 2006a, p. 15-359. QUEIROZ, L.P.; RAPINI, A.; GIULIETTI, A.M. (Ed.). Rumo ao Amplo Conhecimento da Biodiversidade do Semi-árido Brasileiro. Brasília: MCT, 2006b. 155 QUIRINO, Z. G. M. Fenologia, síndromes de polinização e dispersão e recursos florais de uma comunidade de caatinga no cariri paraibano. 2006.Tese (Doutorado em Biologia Vegetal) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2006. RAVEN, P.H.; EVERT, R.F.; EICHHORN, S.E. Biologia vegetal. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. REICH, P. B.; BORCHERT, R. Water stress and tree phenology in tropical dry forest in the lowlands of Costa Rica. Journal of Ecology, v. 72, p.61-74, 1984. REIS, A.C. Clima da Caatinga. Anais da Academia Brasileira de Ciências. Rio de Janeiro, v. 48, p. 325-335, 1976. REYNOLDS, C.S. The ecology of freshwater phytoplankton. Cambridge: Cambridge University Press, 1984. REYNOLDS, C.S.; IRISH, A.E. Modelling phytoplankton dynamics in lakes and reservoirs: the problem of in-situ growth rates. Hydrobiologia, v. 349, n.1-3, p. 5- 17, 1997. ROCHA, D. Mamíferos Silvestres: Biodiversidade e utilização da fauna como recurso natural renovável. 2007. Disponível em: <http://www.faunabrasil.com.br/sistema/modules/wfsection/article.php?articleid =83> Acesso em 13 jul. 09. ROCHA, E.A. et al. Lista anotada das Cactaceae no Estado da Paraíba, Brasil. Boletim do Herbarium Bradeanum, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 61-67, 2006. RODAL, M.J.J.; SAMPAIO, E.V.S.B. A vegetação do bioma caatinga.In: SAMPAIO, E.V.S.B. et al. (Ed.). Vegetação e flora da caatinga. Recife: Associação Palntas do Nordeste – APNE; Centro Nordestino de Informações sobre Plantas – CNIP, 2002, p. 11-24. RODRIGUES, M.T. Herpetofauna da Caatinga. In: LEAL, I.R.; TABARELLI, M.; SILVA, J.M.C. (Ed.). Ecologia e Conservação da Caatinga. 2. ed., Recife: Editora Universitária/UFPE, 2005, p. 181-236. ROSA, R.S. et al. Diversidade, padrões de distribuição e conservação dos peixes da Caatinga. In: LEAL, I.R.; TABARELLI, M.; SILVA, J.M.C. (Ed.) 156 Ecologia e Conservação da Caatinga. 2 ed. Recife: Universitária/UFPE, 2005, p. 135-180. SAMPAIO, E.V.S.B.; ANDRADE-LIMA, D.; GOMES, M.A.F. O gradiente vegetacional das caatingas e áreas anexas. Revist. brasil. Bot., São Paulo, v. 4, n.1, p. 27-30,1981. SAMPAIO, E.V.S.B.; RODAL, M.D.J. Fitofisionomias da Caatinga. In: Seminário Avaliação e identificação de ações prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade do bioma Caatinga. Petrolina, 2000, Disponível em: <http://www.biodiversitas.org/caatinga/relatorios/fitofisionomias.pdf> Acesso em 31 mar. 2007. SAMPAIO, J.L.; LUZ, A.B.; LINS, F.F., Usinas de Beneficiamento de Minérios do Brasil. CETEM, MCT, 2001. SAMPAIO, Y.; MAZZA, J.E. Diversidade sócio econômica e pressão antrópica na caatinga nordestina. In: SILVA, J.M.; TABARELLI, M. (Coord.) Avaliação e identificação de ações prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade do bioma Caatinga. Pegrolina: biodiversitas, 2000, p. 2-8. disponível em:<www.biodiversitas.org.br/caatinga> acesso em:08 set. 2008. SANT´ANNA, I.M.; SANT´ANNA, V.M. Recursos educacionais para o ensino: quando e por quê? Petrópolis: Vozes, 2004. SANTA’ANNA, I.M.; MENEGOLIA, M. Didática: aprender a ensinar – técnicas e reflexões pedagógicas para formação de formadores. São Paulo: Edições Loyola, 2002. SANTOS, A.C.A.; ZANATA, A.M. Peixes no Semi-árido Brasileiro. In: QUEIROZ, L.P.; RAPINI, A.; GIULIETTI, A.M. (Ed.). Rumo ao Amplo Conhecimento da Biodiversidade do Semi-árido Brasileiro. Brasília: MCT, 2006. SANTOS, A.M.M.; TABARELLI, M. Variáveis múltiplas e desenho de unidades de conservação: uma prática urgente para a caatinga. In: LEAL, I.R.; TABARELLI, M.; SILVA, J.M.C. (Ed.). Ecologia e Conservação da Caatinga. 2. ed. Recife: Editora Universitária/UFPE, 2005, p. 735-773. http://www.biodiversitas.org/caatinga/relatorios/fitofisionomias.pdf 157 SARMIENTO, G.; MONASTÉRIO, M. Life forms and phenology. In: BOURLIERE, F. (ed.) Ecosystems of the world: tropical savannas. Elsevier Scientific Publishing Company, Amsterdam. 1983, p. 79-108. SATO, M. Apaixonadamente pesquisadora em Educação Ambiental. Educação, Teoria e Prática, Rio Claro, v. 9, n.16/17, p. 24-35, 2001. SCHENKEL, C. S.; MATALLO-JÚNIOR, H. Desertificação. Brasília: UNESCO, 2003. SEPLAN. Secretaria do Planejamento e Meio Ambiente. Plano de manejo do Parque Estadual do Jalapão – PEJ. Palmas, 2003. SILVA, E. Avaliação de Impactos Ambientais no Brasil. Viçosa: SIF, 1994. SILVA, J.M.C. et al. Aves da caatinga: status, uso do habitat e sensitividade. In: LEAL, I.R.; TABARELLI, M.; SILVA, J.M.C. Ecologia e Conservação da Caatinga. 2. ed. Recife: Editora Universitária/UFPE, 2005, p. 237-254. SILVA-FILHO, M.I. Pertubação Hidrológica, Estabilidade e Diversidade de Macroinvertebrados em uma Zona Úmida (Lagoas Intermitentes) do Semi-árido Brasileiro. 2004. 169f. Tese (Doutorado em Ecologia e Recursos Naturais) – Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2004. SILVA-NETO, A.F. Estudo das vulnerabilidades agro-ambientais frente aos eventos ENOS e a construção social dos riscos em municípios do Cariri ocidental – Paraíba: Uma análise comparativa. 2004. 171f. Tese (Doutorado em Recursos Naturais) – Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, 2004. SILVEIRA, M.P.; QUEIROZ, J.F. Uso de coletores com substrato artificial para monitoramento biológico de qualidade de água. Embrapa Meio Ambiente, v. 39, n. 1, p. 1-5, 2006. SIMÕES, D.A; SANTOS, D.C. dos; DIAS, F.M. Introdução da Palma Forrageira no Brasil. In: MENEZES, R. S.C.; SIMÕES, D.A.; SAMPAIO, E. V.S.B. (Ed.). A 158 Palma Forrageira no Nordeste do Brasil: conhecimento atual e novas perspectivas de uso. Recife: Editora Universitária/UFPE, 2005, p. 13-26. SIPAÚBA-TAVARES, L.H.; ROCHA, O. Produção de plâncton (fitoplâncton e zooplâncton) para alimentação de organismos aquáticos. São Carlos: Rima, 2003. SMITH, G.R.; VAALA, D.A.; DINGFELDER, H.A. Distribution and abundante of macroinvertebrates within two temporary ponds. Hydrobiologia, v. 497, p. 161- 167, 2003. SOARES, A. Qualidade da água e fluxos de nutrientes na interface sedimento- água nas represas do rio Tietê. 2003. Dissertação (Mestrado em Recursos Naturais) - Universidade Federal de São de São Carlos, São Carlos, 2003. SOMMER, U. The periodicity of phytoplankton in Lake Constance (Bodensee) in comparison to other deep lakes of central Europe. Hydrobiologia, v. 138, n.1, p.1–7, 1986. SOUZA, B. I.Cariri Paraibano: do silêncio do lugar à desertificação. 2008. 198f. Tese (Doutorado em Geografia) - Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008. SOUZA, I.P.F. A gestão do currículo escolar para o desenvolvimento humano sustentável do semi-árido brasileiro. São Paulo: Peirópolis, 2005. TORELLI, J. et al. Biodiversidade de peixes de diferentes ambientes do semi- árido paraibano. Relatório técnico-científico PELD/CNPq, João Pessoa, 2007. TORELLI, J.; CARDOSO, M.M.L.; MARINHO, R.S.A. Biodiversidade de peixes em diferentes corpos aquáticos do semi-árido paraibano. Relatório técnico- científico IBAMA, João Pessoa, 2005. VALLADARES, G.S.; FARIA, A.L.L. Sig na Análise do Risco de Salinização na Bacia do Rio Coruripe-AL. Enfevista, v.6, n. 3, p. 86-98, 2004. 159 VARELA-FREIRE, A.A. A Caatinga Hiperxerófila Seridó: a sua caracterização e estratégias para sua conservação. Academia de Ciências do Estado de São Paulo, São Paulo, 2002. VELLOSO, A.L.; SAMPAIO, E.V.S.B.; PAREYN, F.G.C (Ed.). Ecorregiões propostas para o Bioma Caatinga. Recife: APN / Instituto de Conservação Ambiental the conservancy do Brasil, 2002. VIANA, M. O. Um índice interdisciplinar de propensão à desertificação (IPD): instrumento de planejamento. Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza. v. 30, n. 3, 1999. Disponível em: <http://www.bnb.gov.br> Acesso em 22 jun 2008. VIDAL-ABARCA, M.R. et al. Intra-annual variation in benthic organic matter in a saline, semi-arid stream of southeast Spain (Chicamo stream). Hidrobiología, v. 523, p.199-215, 2004. VIEIRA, D.M.; CRISPIM, M.C.; WATANABE, T. Impacto da cheia e da seca sobre a comunidade zooplanctônica do açude São José dos Cordeiros, semi- árido paraibano. In: SIMPÓSIO DE ECOSSISTEMA BRASILEIROS: CONSERVAÇÃO, 5 ano, Anais... Vitória, 2000, p. 401-407, v. 3. VILAR, F.C.R. Impactos da Invasão da Algaroba [Prosopis juliflora (Sw.) DC.] sobre Estrato Herbáceo da Caatinga: Florística, Fitossociologia e Citogenética. 2006. 94f. Tese (Doutorado em Agronomia) – Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba, Areias, 2006. VIRGÍLIO-FILHO, E. Seminário Nordestino sobre a Caatinga. Aspectos ambientais do Semi-Árido – Sociedade x Ecologia. João Pessoa: IBAMA, 1996. WHITAKER, D.C.A.; BEZZON, L.C. A Cultura e o Ecossistema: reflexões a partir de um diálogo. Campinas: Alínea, 2006. WILLIAMS, D.D. Temporay Ponds and Their Invertebrate Communities. Aquatic conservation: Marine and Freshwater Ecossistems, v. 7, p. 105-117, 1997. WILLIAMS, W.D. Dryland lakes. Lakes e Reservoirs: Research and Management, v. 5, n. 1, p. 207-212, 2000b. 160 WILLIAMS,W.D. Biodiversity in temporary wetlands of dryland regions. Internationale Vereinigung für Theoretische und Angewandte Limnologie, v. 27, p.141-144, 2000a. ZANELLA, F.C.V.; MARTINS, C.F. Abelhas da Caatinga: biogeografia, ecologia e conservação. In: LEAL, I.R.; TABARELLI, M.; SILVA, J.M.C. (Ed.). Ecologia e Conservação da Caatinga. 2. ed., Recife: Editora Universitária/ UFPE, 2005, p. 75-134. ZILLER, S. R. Plantas exóticas invasoras: a ameaça da contaminação biológica. Ciência Hoje, Rio de Janeiro, v. 30, n.178, p. 77-79, 2001. ZÓBOLI, G. Práticas de Ensino: subsídios para a atividade docente. São Paulo: Ática, 2004. Sugestões de sites para pesquisa: Os sites abaixo listados contêm informações importantes sobre o bioma Caatinga e podem servir de fonte de pesquisa para professores e alunos. www.dse.ufpb.br/peldcaatinga www.ambientebrasil.com.br www.bdt.fat.org.br www.biosferadaCaatinga.org.br www.brazadv.com/brasil/Caatinga.htm www.brazilnature.com www.conservation.org.br www.ibama.gov.br www.ibge.gov.br www.mre.gov.br www.nature.org www.planetaverde.org www.plantasdonordeste.org www.rbma.org.br www.wwf.org.br http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./natural/index.html&conteudo=./natural/biomas/caatinga.html http://www.bdt.fat.org.br/workshop/caatinga/ http://www.biosferadacaatinga.org.br/ http://www.brazadv.com/brasil/caatinga.htm http://www.brazilnature.com/caatinga.html http://www.conservation.org.br/onde/caatinga/ http://www.ibama.gov.br/ecossistemas/caatinga.asp http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=169&id_pagina=1 http://www.mre.gov.br/cdbrasil/itamaraty/web/port/meioamb/ecossist/caatinga/index.htm http://nature.org/wherewework/southamerica/brasil/work/art13080.html http://www.planetaverde.org/teses/183-204.pdf http://www.plantas/ http://www.rbma.org.br/mab/unesco_03_rb_caatinga.asp http://www.wwf.org.br/bioma/bioma.asp?item=8 161 SOBRE OS AUTORES ANTONIA ARISDÉLIA FONSECA MATIAS AGUIAR FEITOSA, Professora do Centro de Formação de Professores/UFCG. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA/UFPB). Doutoranda em Educação (PPGE/UFPB) e Pesquisadora do Projeto Bioma Caatinga: estrutura e funcionamento – CNPq/PELD/UFPB. E-mail: <arisdelfeitosa@gmail.com>. ANTONIO CARLOS DIAS DE SANTANA, Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Paraíba (2006). Atualmente é estagiário voluntário da UFPB na área de ensino de Ciências. Tem experiência na área de Ecologia, com ênfase em Ecologia de Ecossistemas. E-mail: <acbiologo@hotmail.com>. APARECIDA DE LOURDES PAES BARRETO, Bióloga, Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Professora da Área de Ciências Naturais do Departamento de Metodologia da Educação/Centro de Educação da UFPB. Pesquisadora na área de Educação, Ecologia e Educação Ambiental. Doutoranda em Educação (PPGE/UFPB) e participa dos Projetos “Escola e Modernidade da Paraíba – 1910-1930” e “Bioma Caatinga: estrutura e funcionamento” PELD/CNPq/UFPB na linha de pesquisa Ecologia Humana e EA. E-mail: <aparecida@ce.ufpb.br>. CAMILA SIMÕES GOMES, Bacharel e Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Paraíba (2009). Bolsista do Projeto PELD/CNPq – Bioma Caatinga: estrutura e funcionamento. E-mail: <milagomesjp@gmail.com> mailto:arisdelfeitosa@gmail.com mailto:aparecida@ce.ufpb.br mailto:milagomesjp@gmail.com 162 FRANCISCO JOSÉ PEGADO ABÍLIO, Professor Adjunto IV do Departamento de Metodologia da Educação, CE/UFPB. Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas pela UFPB. Mestre em Ciências Biológicas, área de concentração em Zoologia pela UFPB. Doutor em Ciências, área de concentração em Ecologia e Recursos Naturais pela UFSCar, São Carlos-SP. Atua em projetos de pesquisas sobre a Ecologia de Invertebrados aquáticos do semi-árido paraibano (Projeto PELD/CNPq). Participa de projetos de Extensão sobre Ensino de Biologia e Ciências (Formação de Professores) e PROLICEN (Educação Ambiental). Orienta alunos de Mestrado e Doutorado em Educação (PPGE/UFPB) e alunos de Mestrado no PRODEMA (UFPB). Líder do Grupo de Pesquisa “Educação Ambiental e Ensino de Ciências” cadastrado no CNPq e reconhecido pela UFPB. E-mail: <chicopegado@hotmail.com>. HUGO DA SILVA FLORENTINO, Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Paraíba. Integrante do Projeto PELD/CNPq – Bioma Caatinga: estrutura e funcionamento. Participa dos grupos de pesquisas: Educação Ambiental e Ecologia Aquática cadastrado no CNPq. Tem experiência na área de Ecologia de Ecossistemas e Invertebrados Aquáticos, Ecologia Humana e Educação Ambiental. E-mail: <hugoxtr@hotmail.com>. . JANE ENISA RIBEIRO TORELLI DE SOUZA, possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Paraíba (1992) e mestrado em Zootecnia [Areia] pela Universidade Federal da Paraíba (2001). Atualmente é bióloga da Universidade Federal da Paraíba. Tem experiência na área de Ecologia, com ênfase em Ecologia de Ecossistemas, atuando principalmente nos seguintes temas: represa, rios, peixes água doce, peixes, biodiversidade, piscicultura e diversidade, riqueza de peixes, como também, desenvolve atividades de extensão universitária. E-mail: <janetorelli@yahoo.com.br> mailto:chicopegado@hotmail.com mailto:hugoxtr@hotmail.com 163 JOSÉ ETHAM DE LUCENA BARBOSA, Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual da Paraíba (1989), mestrado em Criptógamos (área de concentração ficologia) pela Universidade Federal de Pernambuco (1996) e doutorado em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos (2002). Atualmente é professor titular da Universidade Estadual da Paraíba. Tem experiência na área de Ecologia com ênfase em ecologia de ecossistemas aquáticos do trópico semi-árido, atuando principalmene nos seguintes temas: taxonomia e ecologia do fitoplâncton, eutrofização, algas perifíticas e funcionamento e processos ecológicos em açudes. E-mail: <ethambarbosa@hotmail.com>. MARIA CRISTINA CRISPIM, possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Paraíba (1987) e doutorado em Ecologia e Biossistemática pela Universidade de Lisboa (1997). Atualmente é professora titular da Universidade Federal da Paraíba. Tem experiência na área de Ecologia, com ênfase em Ecologia de Ecossistemas, atuando principalmente nos seguintes temas: zooplâncton, semi-árido, biodiversidade, conservação de espécies, aquicultura, gestão ambiental e educação ambiental. E-mail: <ccrispim@hotmail.com> MARIA REGINA DE VASCONCELLOS BARBOSA, possui graduação em Engenharia Florestal pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (1980), mestrado em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1985) e doutorado em Biologia Vegetal pela Universidade Estadual de Campinas (1996). Atualmente é professor associado da Universidade Federal da Paraíba e professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da Universidade Federal de Pernambuco. Atua principalmente nos seguintes temas: flora do nordeste, taxonomia e diversidade de Rubiaceae, florística de mata atlântica e caatinga. E-mail: <mregina@dse.ufpb.br>. mailto:ethambarbosa@hotmail.com 164 THIAGO LEITE DE MELO RUFFO, Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Paraíba; Mestrando em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA/UFPB); Tutor à distância do curso de Licenciatura em Ciências Naturais à distância (UFPB Virtual). Participante do Projeto PELD/CNPq – Bioma Caatinga: estrutura e funcionamento. E-mail: <thiagoruffo@yahoo.com.br>. ZELMA GLEBYA MACIEL QUIRINO, possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Ceará (1995), mestrado em Biologia Vegetalpela Universidade Federal de Pernambuco (1998) e doutorado em Biologia Vegetal pela Universidade Federal de Pernambuco (2006). Atualmente é professor adjunto I da Universidade Federal da Paraíba. Campus IV- Litoral Norte. Tem experiência na área de Botânica, com ênfase em Biologia Floral, atuando principalmente nos seguintes temas: fenologia, Caatinga, polinização, dispersão e anatomia vegetal. E-mail: <zelmaglebya@yahoo.com.br>. 165