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Cinesioterapia II Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Esp. Paula de França Carmo da Silva Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Equilíbrio, Propriocepção e Coordenação Motora Equilíbrio, Propriocepção e Coordenação Motora • Conhecer os fundamentos que embasam o desenvolvimento e a aplicação dos exercí- cios terapêuticos; • Conhecer, entender e planejar as técnicas de exercícios aplicados aos distúrbios de equilí- brio e de coordenação motora ampla e fina. OBJETIVOS DE APRENDIZADO • Revisão de Equilíbrio, Propriocepção e Coordenação Motora; • Avaliação; • Cinesioterapia Aplicada aos Distúrbios de Equilíbrio e de Coordenação Motora Ampla e Fina; • Treinamento Proprioceptivo. UNIDADE Equilíbrio, Propriocepção e Coordenação Motora Revisão de Equilíbrio, Propriocepção e Coordenação Motora Recordar os conceitos e ligação entre equilíbrio e coordenação motora traz senti- do e coerência no aprendizado e abordagem destes assuntos. É impossível abordar um destes assuntos na reabilitação sem fazer uma correlação com o outro ou ainda, aplicar a cinesioterapia se o paciente apresentar alteração em qualquer um destes assuntos, sem também reabilitar estes aspectos. A interdependência ou integração (Figura 1) destas abordagens nos traz uma abordagem de tratamento holística e ao mesmo tempo personalizada à cada caso. Figura 1 – Integração do equilíbrio, propriocepção e coordenação motora Fonte: Getty Images Equilíbrio O equilíbrio é mediado pelo órgão vestibular da orelha interna. Os receptores sensoriais encontram-se nos órgãos maculares e nos semi- circulares. O adequado estímulo aos órgãos do equilíbrio consiste em deflexão (desvio, en- curvamento) dos estereocílios e quiniocilios. A membrana otolítica desliza sobe o epitélio sensorial, através da ação da gravidade sobre os cristais de cálcio. Você Sabia? Os cristais de cálcio são responsáveis por transmitir a informação sobre a posição do crânio no espaço. Quando ocorre a aceleração de rotação de cabeça, os órgãos circulares e a endo- linfa promovem uma diferença de pressão em ambos lados da cúpula, promovendo seu desvio. São os órgãos semicirculares que transmitirão informações sobre a ace- leração espacial de rotação de crânio. O nervo vestibulococlear (VIII), realiza um estímulo sensorial que transmite para o tronco cerebral informações de receptores cervicais de posicionamento e de afe- rências somatossensorial. 8 9 O trato vestíbulo espinhal leva eferências para os núcleos dos músculos oculares, para os núcleos vestibulares contra laterais e outras regiões nucleares do tálamo e hipotálamo. Com isso, o sistema de equilíbrio nos mantém em pé, participa das condições para marcha e desempenha um papel fundamental para a motricidade de apoio. As informações do labirinto são levadas aos núcleos vestibulares, onde é realizada a coordenação geral do equilíbrio. Além do sistema vestibular, o sistema visual e proprioceptivo também é responsável pela manutenção do equilíbrio, sendo que o sistema muscular também desempenha um importante papel. Descompensação é o estado de alteração do equilíbrio corporal resultante de lesão unilateral abrupta do sistema vestibular. Esta ocasiona a crise labiríntica com sintomas e sinais auditivos e vestibulares, podendo ocorrer manifestações neurovege- tativas. A compensação é um mecanismo de recuperação funcional da perturbação do equilíbrio corporal causado por uma lesão vestibular. Os mecanismos de compensação procuram eliminar a assimetria entre o sistema vestibular direito e o esquerdo elaborando respostas vestíbulo oculomotoras e vestí- bulo espinhais destinadas a manter não só a estabilização da visão durante os movi- mentos cefálicos como também o adequado controle postural. Idade avançada, a permanência em imobilidade, privação sensório-motora, lesões do tronco cerebral e várias drogas como barbitúricos, ansiolíticos, anestésicos, ago- nistas de acetilcolina, podem retardar a compensação. Um corpo está em equilíbrio (estático) quando ele permanece em uma mesma posição no ambiente, sem movimento. O equilíbrio ocorre de acordo com a posi- ção em que ele se situa no ambiente, pela maneira como ele é fixado ou posto no ambiente, de modo a haver igualdade das forças que puxam sua massa para os lados, como o vento por exemplo, e a força que puxa o corpo para baixo, como a força da gravidade, conforme sua base e centro de gravidade. Falamos de equilíbrio estático, quando o indivíduo se encontra parado, falamos de equilíbrio dinâmico quando o indivíduo está em movimento. Figura 2 – Equilíbrio Estático Fonte: Getty Images 9 UNIDADE Equilíbrio, Propriocepção e Coordenação Motora Propriocepção A propriocepção (ou cinestesia), termo empregado por Sherrington, por volta de 1900, é definida como sendo qualquer informação postural e posicional, encami- nhada ao sistema nervoso central (SNC) pelos receptores encontrados em órgãos, músculos, tendões, ligamentos, articulações ou pele. Em outras palavras, é a consciência dos movimentos produzidos pelos nossos membros. É o termo que descreve a percepção do próprio corpo, e inclui a consci- ência da postura, do movimento, das partes do corpo e das mudanças no equilíbrio, além de englobar as sensações de movimento e de posição articular. Embora seja estudada há muito tempo, a propriocepção ainda é não é totalmente conhecida. É impossível falar em propriocepção sem falar em receptores sensoriais. Afinal de contas são eles que informam o nosso SNC sobre a posição articular e o nível de tensão muscular. Os receptores sensoriais fazem parte do sistema sensorial somático, responsável pelas diferentes experiências sensoriais captadas e interpretadas pelo nosso corpo. A função mais elementar dos receptores sensoriais é prover o SNC com informações sobre o estado interno de estruturas orgânicas e do ambiente externo. São eles que definem o que chamamos de sentidos (visão, audição, sensibilidade corporal, olfação, gustação). Porém, um único receptor não é capaz de identificar os diferentes estímu- los que nos bombardeiam a cada instante. Desta forma, contamos com diferentes tipos receptores sensoriais, cada um com características próprias que permitem que ele “sinta” diferentes estímulos. Podemos classificar os receptores sensoriais de acor- do com a sua função (mecanoceptores, termoceptores, fotoceptores, quimioceptores e nociceptores). O que é Propriocepção?, disponível em: https://youtu.be/zykIeARt9_I Coordenação Motora É a capacidade de executar movimentos regulares acurados e controlados. Os movi mentos coordenados se caracterizam por uma velocidade, distância, direção, ritmo e tensão muscular adequados. A coordenação de movimentos deve-se à inte- gração entre o comando central (cerebelo, gânglios basais, colunas dorsais propiciam informações ao córtex) e unidades motoras dos músculos e articulações. A coordenação motora pode ser classificada em ampla ou fina. • Coordenação motora ampla ou grossa: É a capacidade de usar de forma mais eficiente os músculos, resultando em uma ação global mais eficiente e econômi- ca. Este tipo de coordenação permite a criança ou adulto dominar o corpo no espaço, controlando os movimentos mais rudes. Ex: Andar, pular, rastejar, ficar de pé, correr etc.; 10 11 • Coordenação motora fina: É a capacidade de usar de forma eficiente e precisa os pequenos músculos, produzindo assim movimentos delicados e específicos. Este tipo de coordenação permite dominar o ambiente, propiciando manuseio dos objetos. Ex: empilhar, recortar, costurar, etc. Figura 3 – Coordenação Motora e equilíbrio – Associação de exercícios Fonte: Getty Images Avaliação Avaliação de Equlíbrio O equilíbrio é avaliado com o paciente de pé. Quando há impossibilidade para ficar de pé, avaliar com o paciente sentado, ou a postura mais alta que ele assume com independência. Equilíbrio Estático • Sinal de Romberg: de pé, com olhos fechados, calcanhares juntos, antepésafastados em 30 graus, braços pendulares ao longo do corpo, manter postura um minuto; • Sinal de Romberg sensibilizado: Manobra de Jendrassik, mãos em oposição e cotovelos na horizontal; • Romberg-Barre: colocando-se um pé diante do outro, em linha reta, diminuin- do a base de sustentação; • Oscilar cabeça no plano horizontal, de olhos fechados: nos distúrbios do sistema proprioceptivo, não há lado preferencial para a queda. Nas cerebelopa- tias o paciente procura manter a base alargada (distasia), caindo ao aproximar os pés, mesmo de olhos abertos. Nas afecções vestibulares centrais, a queda ocorre geralmente para frente ou para trás (Romberg clássico) ; • Romberg vestibular: com acometimento labiríntico unilateral, há queda com lateralização para direita ou esquerda. Pede-se ao paciente para girar a cabeça 11 UNIDADE Equilíbrio, Propriocepção e Coordenação Motora primeiro para a direita e depois para a esquerda para observar se há alteração na direção da queda, dependendo da posição do labirinto posterior. Equilíbrio Dinâmico • Andar ao longo de uma linha reta o Andar para os lados; • Andar para trás o Andar em círculos o Andar sobre os calcanhares o Andar nas pontas dos dedos; • Outros testes de avaliação do Equilíbrio: o Alcance Funcional (Functional Reach ou Anterior Functional Reach); Alcance Funcional Lateral (Lateral Reach ou Lateral Functional Reach); Apoio Unipodal (de Uemura) (Unipedal Stance Test) o Levantar e Andar Cronometrado (Timed Up and Go). Escalas de Avaliação de Equilíbrio • Escala de Equilíbrio de Berg (Berg Balance Scale) (validação em português); • Índice da Marcha Dinâmica (Dynamic Gait Index) (validação em português); • Escala de Tinetti (POMA – Performance Oriented Mobility Assessment) (vali- dação em português); • Alcance Funcional (Functional Reach). Exemplo de exercício dinâmico. Disponível em: https://bit.ly/33UYwjn Avaliação de Coordenação Motora A avaliação de coordenação motora, compõe testes de ligados ao equilíbrio e testes não ligados ao equilíbrio. A avaliação de coordenação motora vai depender da idade (em bebês e crianças avalia a coerência com as fases fisiológicas do desenvolvimento; em idosos avalia os impactos do envelhecimento), patologias neurológicas e distúrbios do equilíbrio que podem ou não estar associados. A avaliação envolverá ainda o desenvolvimento ou perda de habilidades mo- toras finas. Testes de Coordenação não Envolvendo o Equilíbrio Os testes são realizados com o paciente na posição sentado (quando avaliado membros superiores) ou deitado (para avaliação de membros inferiores): • Dedo ao nariz: paciente com o ombro em abdução de 900 e cotovelo estendido, pede-se para o mesmo levar a ponta do dedo indicador até a ponta de seu nariz; • Dedo ao dedo do terapeuta: o paciente e o terapeuta sentam-se um a frente do outro. O dedo indicador o terapeuta é mantido a frente do paciente, pede-se para o paciente que toque com a ponta de seu dedo indicador a ponta do dedo indicador do terapeuta; 12 13 • Dedo ao dedo: pede-se para o paciente aproximar, na linha média, os dedos indicadores das mãos opostas; • Alternância de nariz para dedo: o paciente toca alternadamente a ponta de seu nariz e a ponta do dedo do terapeuta com o dedo indicador; • Pronação/supinação: com os cotovelos flexionados em 900 e mantidos junto ao corpo, o paciente alternadamente vira as palmas da mão,uma para cima e outra para baixo; • Teste do rebote: o paciente é posicionado com o cotovelo em flexão. O tera- peuta aplica suficiente resistência manual para produzir uma contração isométri- ca do bíceps. A resistência é subitamente liberada. Em indivíduos normais, após a liberação da resistência, o movimento é freado; • Alternância calcanhar ao joelho, calcanhar à ponta do pé: em supino, pede ao paciente que toque alternadamente o joelho e o “dedão” do pé com o calca- nhar do membro oposto; • Desenhando um círculo: o paciente, na posição supino, tem que desenhar um círculo imaginário no ar com o membro superior ou com o membro inferior. Testes de Coordenação envolvendo Equilíbrio • A posição que o paciente irá adotar é em pé; • Passar de uma postura confortável, para pés unidos; • Com um pé diretamente diante do outro (dedo de um dos pés toca o calcanhar do outro pé); • Apoiar em somente um os pés; • Alternar entre a flexão de tronco e o retorno a posição ereta; • Andar ao longo de uma linha reta desenhada no chão; • Andar para os lados e para trás; • Marchar no lugar. Coordenação Motora – Brasil Escola , disponível em: https://youtu.be/jpFCfF1kmOM Cinesioterapia Aplicada aos Distúrbios de Equilíbrio e de Coordenação Motora Ampla e Fina O sinergismo das atividades que envolvam equilíbrio e coordenação motora, pode ser realizado em uma abordagem única/individual ou sinergicamente em um único exercício ou ainda, em uma sequência de exercícios. Isso será definido com base na avaliação de cada paciente. 13 UNIDADE Equilíbrio, Propriocepção e Coordenação Motora Cinesioterapia x Equilíbrio Para treinar o equilíbrio o paciente deve ser exposto a um movimento ou sequência de movimentos durante o qual é estimulado a manter a estabilidadecorporal. Fazer a atividade de forma lenta, procurando manter uma postura adequada e no grau má- ximo onde o equilíbrio é requerido “parar” e “equilibrar” durante alguns segundos. Exemplo de Treino de equilíbrio. Disponível em: https://bit.ly/3iysFZw Alguns exercícios facilitam a instigam o treino de equilíbrio: • Caminhar de diferentes formas (ponta, calcanhar), para diferentes direções (frente, lado, trás), percorrendo trajetos determinados, seguindo ou não linhas traçadas no chão, como também se desequilibrar em várias posições, leva o idoso a perceber seu centro de equilíbrio. E a ação de restabelecer o equilíbrio torna-se mais fácil quando solicitada.Movimento de desequilíbrio para frente e para trás (oscilar), ou equilibrar-se em um plano elevado exige que o paciente possua um bom domínio corporal. Pode-se utilizar como referência visual para o paciente. É necessário orientar as alterações do equilíbrio no movimento de sentar e levantar do chão, os apoios adequados e a maneira mais fácil e rápida para se ficar em pé sem tontura. Para aqueles com grandes dificuldades, utiliza-se um apoio como um banco, bar- ras ou o próprio terapeuta. Figura 4 – Treino de equilíbrio estático Fonte: Getty Images Cinesioterapia x Coordenação Motora Os exercícios de coordenação devem visar os padrões de movimentos da vida diária, não sendo necessários jogos de movimentos complexos, que causaria descon- forto pela dificuldade de execução. Opta-se, então, por movimentos coordenados de membros superiores e membros inferiores, como a marcha em diferentes formas e 14 15 ritmos, mão e mão, mão e pé, educando dessa forma a ação reflexa dos movimentos nas ações do dia a dia. O movimento coordenado complexo só será trabalhado quando o esquema cor- poral tiver sido adquirido através da educação das percepções. Marchar em diferentes formas, com joelhos altos ou pernas esticadas, para frente, para os lados e para trás, variando os movimentos dos braços, em um determinado ritmo ou livremente, é a ma- neira mais adequada de se desenvolverem os movimentos coordenados do paciente. Figura 5 – Coordenação Motora Ampla Fonte: Getty Images Movimentos de coordenação isolados – só os membros superiores ousó membros inferiores – devem ser explorados, estes movimentos isolados são excelentes treinos para as atividades de vida diária (AVDs) e para as atividades de vida prática (AVPs). Estas são exploradas diante da dificuldade ou da deficiência de cada paciente, estas serão identificadas na avaliação individual de cada caso. A coordenação motora fina é explorada na escrita, no colocar linha em uma agu- lha, no amarrar cadarços, abotoar roupas, entre outras atividades. O sinergismo de movimentos é que possibilita a correta execução da sequência de movimentos para afinalização do que se tem como intenção inicial. Figura 6 – Exemplo de treino de coordenação motora fi na Fonte: Getty Images 15 UNIDADE Equilíbrio, Propriocepção e Coordenação Motora Treinamento Proprioceptivo Os proprioceptores são receptores que se localizam mais profundamente nos músculos, aponeuroses, tendões, ligamentos, articulações e no labirinto cuja função reflexa é locomotora ou postural. Podem gerar impulsos nervosos, conscientes ou inconscientes. Os primeiros atingem o córtex cerebral e permitem que, mesmo de olhos fechados, se tenha a percepção do próprio corpo, seus segmentos, da ativida- de muscular e do movimento das articulações. São responsáveis pelo sentido de po- sição e de movimento (cinestesia). Estes receptores desempenham, em simultâneo, a função de detectar todas as variações mecânicas e de enviar a informação recolhida ao sistema nervoso central. Para além dos proprioceptores, o aparelho vestibular e o sistema visual também fornecem importantes informações somatosensoriais. Pode-se dizer, portanto, que a propriocepção é responsável pelo envio constante de informação sobre eventuais deslocamentos de segmentos no espaço auxiliando-nos nas diversas tarefas motoras. Apropriadamente, os proprioceptores estão localizados nos músculos (fusos musculares), tendões (órgãos tendinosos de Golgi) e nas cápsulas articulares (corpúsculos de Ruffini e Pacini). A propriocepção, num sentido amplo, atua como atividade reflexa no caso de movimentos bruscos, inesperados ou simplesmente na mudança de direção de de- terminado movimento, ou seja, é um mecanismo que protege as articulações. Ela é efetiva devido à presença de receptores específicos que são sensíveis a alterações físicas, como variações na angulação de uma articulação, rotação da cabeça, tensão exercida sobre um músculo, e até mesmo o comprimento da fibra muscular. Alguns dos sensores, como já citados, responsáveis por tais sensações: • Órgãos tendinosos de Golgi, que são sensíveis à tração exercida nos tendões in- dicando a força que está sendo exercida sobre a musculatura, impedindo lesões; • Fuso muscular, que se divide em dois subtipos, fuso neuromuscular de bolsa, e de cadeia nuclear, sendo estes responsáveis pelo comprimento da fibra muscular no repouso (postura) e durante o movimento; • Sistema vestibular, localizado no ouvido junto à cóclea, é sensível a alterações angulares da cabeça. As alterações podem ser no sentido vertical (rotação ver- tical, deslocamento do queixo para cima e para baixo) ou horizontal (rotação horizontal ou lateral, deslocamento do queixo lateralmente, ou seja, direita e esquerda). Este sistema também atua na identificação da posição de todo o cor- po, permitindo que alguém saiba se está deitado, em pé ou em qualquer outro posicionamento espacial. Perturbações no sentido de equilíbrio podem levar a correções inadequadas, que em casos extremos podem impedir a manutenção da posição vertical, além de cau- sar vertigem e náusea. Após alguma lesão e/ou procedimentos cirúrgicos, essa in- formação é importantemente afetada. Nestes casos, haverá um déficit na capacidade proprioceptiva do indivíduo. Isto pode deixar a pessoa propensa a se lesionar nova- mente, ou diminuir a sua coordenação durante suas atividades. 16 17 Os exercícios de propriocepção são fundamentalmente importantes para manter normal a cinética e função das articulações. O treino proprioceptivo envolve ge- ralmente superfícies instáveis. Esta instabilidade fornece ao organismo constantes oportunidades para avaliar a sua orientação no espaço, desenvolvendo e treinando a consciência corporal. Uma melhora na reposta proprioceptiva proporciona ao corpo maior equilíbrio e estabilidade. Tipos de Exercícios Proprioceptivos • Exercícios de equilíbrio, em prancha com apoio bipodal ou unipodal (Com ou sem auxílio da visão); • Exercícios em pranchas de equilíbrio, cama elástica, balancim (Figura 6): • Exercícios de deslocamentos, estimulando as mudanças de direção; • Exercícios estimulando a atividade profissional ou esportiva; • Circuitos com diversos tipos de piso, direção, obstáculos. Figura 7 – Exemplo de instrumentos para exercícios proprioceptivos Fonte: MAYWORM, 2016 Figura 8 – Exercício proprioceptivo para mmss Fonte: Getty Images Em Síntese • Equilíbrio, coordenação motora e propriocepção não são dependentes mas... estão intimamente ligados; • O treinamento de um destes aspectos automaticamente influenciará no outro, não há como isolar apenas um destes para executar este treinamento; • A cinesioterapia torna-se imprescindível para melhora do quadro global do pacien- te que apresenta alteração em qualquer um destes temas abordado, mas... neste caso exercícios passivos não trarão benefícios. 17 UNIDADE Equilíbrio, Propriocepção e Coordenação Motora Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Efecto de un programa de ejercicio físico sobre el riesgo de caídas, equilibrio y velocidad de la marcha en personas mayores con discapacidad intelectual MARTÍNEZ, A. D. et al. Efecto de un programa de ejercicio físico sobre el riesgo de caídas, equilibrio y velocidad de la marcha en personas mayores con discapacidad intelectual. Rehabilitación. Espanha: Elsevier, 2020. Cinesioterapia MAYWORM, S. H. Cinesioterapia. Rio de Janeiro: SESES, 2016. Leitura Importância do treinamento da propriocepção e do controle motor na reabilitação após lesões musculoesqueléticas LEPORACE, G.; METSAVAHT, L.; SPOSITO, M. M. M. Importância do treinamento da propriocepção e do controle motor na reabilitação após lesões musculoesqueléticas. Revista Acta Fisiátrica, São Paulo, v.16, n. 3, p. 126-131, 2009; Sensitivity and specificity of different measures of adiposityto distinguish between low/high motor coordination LOPES, L. et al. Sensitivity and specificity of different measures of adiposityto distinguish between low/high motor coordination. J Pediatr, Rio de Janeiro, n. 91, p. 44-51, 2015. Análise de uma intervenção dirigida ao desenvolvimento da coordenação motora fina, global e do equilíbrio MARONESI, L. C. et al. Análise de uma intervenção dirigida ao desenvolvimento da coordenação motora fina, global e do equilíbrio. Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, v. 23, n. 2, p. 273-284, 2015. 18 19 Referências HOUGLUM, P. A. Exercícios Terapêuticos para Lesões Musculoesqueléticas 3.ed. Barueri: Manole, 2015. KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6.ed. São Paulo: Manole, 2016. ( e-Book) LANCHA, A. H.; LANCHA, L. O. P. Avaliação e Prescrição de Exercícios Físi- cos: Normas e Diretrizes. Barueri: Manole, 2016. 19