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DIREITO HUMANO AO MEIO AMBIENTE SADIO: A 
SITUAÇÃO DO DIREITO AO MEIO AMBIENTE SADIO NO 
DIREITO BRASILEIRO 
Vivânia Sampaio da Silva1 
Resumo: 
O presente artigo apresenta uma visão aproximada do Direito Ambiental como uma 
dimensão nos direitos humanos, pois o objetivo da preservação ambiental é deixar sano um 
bem essencial: a vida. Abordando as origens desse “Direito Novo” e mostrando os efeitos da 
Conferência de Estocolmo nos Estados e no Direito Internacional. Partindo para um estudo da 
internacionalização dos instrumentos de proteção dos direitos humanos no mundo e sua 
correlação com o direito de proteção ao meio ambiente, bem como o reconhecimento desses 
direitos interdependentes como direito fundamental no direito brasileiro. 
Palavras chave: 
Direito à proteção ao meio ambiente. Declaração de Estocolmo. Direito Humano 
ao meio ambiente sadio. O direito ao meio ambiente como direito fundamental no Brasil. 
 
Abstract: 
This article presents a rough overview of environmental law as a human rights 
dimension, because the goal of environmental preservation is an essential stop sano: life. 
Addressing the origins of this "New Right" and showing the effects of the Stockholm 
Conference in the States and international law. Leaving for a study of the internationalization 
of the instruments of human rights protection in the world and its correlation with the right to 
protect the environment and the recognition of human rights as interdependent fundamental 
right under Brazilian law. 
 
Keywords: 
Right to environmental protection. Stockholm Declaration. Human Right to healthy 
environment. The right to environment as a fundamental right in Brazil. 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
1	
  Graduada	
  em	
  Química	
  pela	
  Universidade	
  Estadual	
  do	
  Ceará	
  -­‐	
  2002;	
  Graduando	
  no	
  Curso	
  de	
  Direito	
  da	
  
Faculdade	
  Sete	
  de	
  Setembro,	
  3º	
  Semestre	
  -­‐2011.	
  Contato:	
  vivaniasampaio@gmail.com	
  
 
1. Introdução 
Durante muito tempo o meio ambiente foi visto como uma fonte inesgotável de 
recursos naturais que apesar de necessários a nossa sobrevivência são usados de forma 
desordenada e desequilibrada, sem nenhuma preocupação com o futuro. Com o acelerado 
avanço populacional global e a iminente escassez de recursos naturais, surgiu a necessidade 
de uma nova postura sobre o meio ambiente onde vivemos. 
Mais recentemente o direito a proteção ambiental foi configurado em nova 
dimensão, há de um direito humano, direito este ao meio ambiente sadio e adequado a 
sobrevivência de todos. “A proteção internacional dos direitos humanos e o Direito 
Internacional do meio ambiente são, dentro do contexto do moderno Direito Internacional 
público, os dois primeiros grandes temas da globalidade.” 2 Contudo tanto estamos tratando 
de temas nascentes como há controversas sobre a inter-relação desses temas no âmbito do 
direito internacional. 
Há uma predominância na doutrina, em relatar que o direito internacional não só 
elevou o indivíduo na qualidade de sujeito de direito internacional, como possibilitou que este 
tenha acesso aos tribunais internacionais através de instrumento jurídico para que reivindique 
de forma plena seus direitos fundamentais violados3. Se um direito humano for negligenciado 
o próprio ofendido pode reivindicá-lo no tribunal internacional. 
Outra teoria afirmada pela doutrina é que dois ramos do direito internacional se 
relacionam dando um as causas aos efeitos do outro. Que são: Direito Internacional do meio 
ambiente e a proteção internacional dos direitos humanos. Esses temas são resultados das 
novas necessidades globais do século XXI, o desenvolvimento do mundo globalizado vem 
causando muitos desequilíbrios ambientais, a exploração em massa de recursos naturais para 
atender as demandas populacionais paralela ao interesse das nações desenvolvidas em elevar 
seu crescimento científico e tecnológico, está degradando o meio ambiente e isso atinge os 
direitos humanos à vida saudável. 
Há um elo entre os direitos humanos e o direito ao meio ambiente; entre outros, 
Antônio Augusto Cançado Trindade, foi um dos autores que afirmam essa relação para ele 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
2 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. A proteção Internacional dos Direitos Humanos e o Direito Internacional 
dos Direitos Humanos e o Direito Internacional do Meio Ambiente. Revista Amazônia Legal de estudos sócio-
jurídico-ambientais, Cuiabá, Ano 1, n. 1, p. 169-196 jan.-jun. 2007. 
 
3 Vide, sobre o assunto, MAZZUOLI, Valerio de Oliveira, Direitos humanos, constituição e os tratados 
internacionais: estudo analítico da situação e aplicação do tratado na ordem jurídica brasileira, São Paulo: 
Juarez de Oliveira, 2002, p. 212-219. 
“embora tenham os domínios da proteção do ser humano e da proteção ambiental sido 
tratados até o presente separadamente, é necessário buscar maior aproximação entre eles, 
porquanto correspondem aos principais desafios de nosso tempo, a afetarem em última análise 
os rumos e destinos do gênero humano” 4. 
Destarte, conclui-se, sempre que houver uma violação ao meio ambiente, haverá 
uma violação aos direitos humanos, considerando, o direito ao meio ambiente equilibrado, um 
direito fundamental do ser humano, com isso o indivíduo poderia ir a um tribunal 
internacional reclamar uma infração ambiental, pois, com esta infração um direito humano 
também foi atingido; Há divergências quanto à interdependência desses dois direitos. 
Na conferência de Estocolmo nos anos setenta foi o marco para o reconhecimento 
ao direito ao meio ambiente sadio, seus princípios classificam o meio ambiente como um 
patrimônio do homem, e conseqüentemente, um patrimônio do Estado; sendo assim, é dever 
de cada nação, preservá-lo e renová-lo. A relatada declaração responsabiliza o Poder Público 
por danos causados a natureza, mas as causas desse dano, inevitavelmente, prejudicam os 
seres humanos, ou seja, os Estados também têm que assegurar a qualidade de vida de seus 
cidadãos com bases nos pilares internacionais de direitos humanos, a declaração de 
Estocolmo é fonte principal desse novo direto humano, como uma verdadeira carta magna do 
“Ecologismo Jurídico Internacional” 5 
A conseqüência da Declaração de Estocolmo foi o reconhecimento de diversos 
princípios em âmbito internacional, a proliferação de Tratados, Convenções e Protocolos 
multilaterais e bilaterais voltados para a preservação ambiental e a codificação de normas em 
diversas Constituições dos Estados regidos por tais princípios. A referida declaração 
influenciou a elaboração de diversas constituições no mundo inteiro, dentre elas a 
Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 1988. 
Uma das conferências derivadas da declaração de Estocolmo, a conferência das 
nações unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro, foi de 
suma importância para internalização do direito humano ao meio ambiente equilibrado no 
Brasil, ocorreu em junho de 1992 e ficou conhecida como Rio-92, tendo a ela comparecido 
delegações nacionais de 175 países. A reunião não foi apenas conseqüência de um intenso 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
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  Cf. Doc. ONU E/CN.4/Sub. 2/1994/9, Human rights and the environment: final report, § 1.º,6 July 1994, p.03. 
5 BERTOLDI, Márcia Rodrigues. Revista Jus Navigandi. O Direito Humano a um meio ambiente equilibrado.  
http://jus.uol.com.br/revista/texto/1685/o-direito-humano-a-um-meio-ambiente-equilibrado. pág: 2, ano: 2000. 
 
processo de negociações internacionais acerca de questões ligadas à proteção do meio 
ambiente e ao desenvolvimento. Foi à reafirmação de princípios internacionais de direitos 
humanos como os da indivisibilidade e interdependência, agora conectados com as regras 
internacionais de proteção ao meio ambiente e aos seus princípios instituidores.6 
Não é recente a existência de normas para tutelar o meio ambiente; porém, hoje se 
sabe que o interesse internacional por essas normas é mais amplo e tem recebido uma maior 
atenção nas discussões entre Estados. Todas as Nações, cada vez mais, devem se posicionar 
para elaborar suas legislações, baseados em princípios internacionais de proteção ao meio 
ambiente como um direito fundamental do homem. 
2. Origem e Reconhecimento do Direito Humano ao Meio 
Ambiente Sadio no Âmbito Internacional 
A preocupação com a proteção dos direitos humanos são acontecimentos pós 
Segunda Guerra e estão contemplados na Carta Internacional de Direitos Humanos formada 
pela Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 e reafirmada pelos Pactos 
Internacionais de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966 (direitos coletivos) e de 
Direitos Civis e Políticos de 1966 (direitos individuais) e Protocolos Facultativos. 
 A respectiva declaração aprovada pelas as nações unidas em 1948 foi que trouxe o 
reconhecimento em âmbito internacional dos direitos humanos. Nela é assegurada a dignidade 
da pessoa humana, como um direito inalienável e igual para todos. 
A doutrina moderna denomina os direitos humanos de acordo com o seu 
reconhecimento ao longo do tempo, como os de primeira dimensão (direitos civis e políticos), 
os de segunda dimensão (econômicos, sociais e culturais) e os de terceira dimensão ou de 
solidariedade onde se inclui o direito ao meio ambiente, se fala até em uma quarta dimensão a 
dos direitos ambientais.7 Nos direitos de solidariedade também incluem o direito ao 
desenvolvimento levando em conta o patrimônio comum da humanidade, à paz e o meio 
ambiente. 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
6 Vide, sobre o tema, MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. A proteção Internacional dos Direitos Humanos e o 
Direito Internacional dos Direitos Humanos e o Direito Internacional do Meio Ambiente. Revista Amazônia 
Legal de estudos sócio-jurídico-ambientais, Cuiabá, Ano 1, n. 1, p. 169-196 jan.-jun. 2007. 
6    Vide, sobre o assunto, BERTOLDI, Márcia Rodrigues. Revista Jus Navigandi. O Direito Humano a um meio 
ambiente equilibrado.  http://jus.uol.com.br/revista/texto/1685/o-direito-humano-a-um-meio-ambiente-
equilibrado. pág: 2, ano: 2000. 
	
  
A consciência ambiental e o retorno político e jurídico sobre o tema surgiu então 
paralelo aos direitos supracitados acima, como exemplo, a Convenção de Londres para a 
prevenção da contaminação do mar, em 1954, é o primeiro instrumento jurídico internacional 
que passou a regular as contaminações causadas pelo o transporte marítimo. 
Com a intensa industrialização a poluição da água, solo e ar se tornaram enormes 
problemas, não só dentro de cada Estado, como também nas suas fronteiras, atingindo os 
países vizinhos, exigindo uma regulamentação jurídica internacional a esse respeito. 
Foi então convocada à reunião internacional sobre o meio ambiente: a Conferência 
das Nações Unidas sobre o meio ambiente humano, reunida em Estocolmo de 5 a 16 de junho 
de 1972, mais conhecida como Conferência de Estocolmo, onde abriu caminho para o 
reconhecimento do meio ambiente como um direito fundamental entre os direitos sociais do 
homem. 
O resultado imediato desta Conferência foi a aprovação de uma Declaração de 
princípios sobre o meio humano, denominada Declaração de Estocolmo; com um preâmbulo e 
26 princípios, nestes são apresentados as principais questões que problematizavam a questão 
ambiental global da época e recomenda critérios programáticos para sua salvaguarda, o 
Princípio 1 proporciona uma idéia mais clara e parece reconhecer de maneira explícita e por 
primeira vez, o direito humano ao meio ambiente adequado. 
A Declaração de Estocolmo é de caráter meramente declarativo o de ‘Soft Law’, 
instituiu os princípios básicos do Direito a proteção ambiental, constituindo referência para 
orientação dos inumeráveis tratados ambientais, multilaterais e bilaterais sobre o meio 
ambiente que foram firmados a partir do final da década de 70, paralelamente grande parte 
das Constituições passaram a contemplar aspectos ambientais originados da interpretação da 
citada declaração. 
No fim da década de oitenta a situação ambiental foi agravada com a globalização, o 
desenvolvimento econômico versus o direito ao meu ambiente sadio necessita de tutela 
jurídica mais específica e de políticas públicas internas ‘dos Estados’ para se evitar a 
degradação ambiental, através do desenvolvimento sustentável ou “ecodesenvolvimento” 8. 
Em 1987, ocorreu o Informe Brundtland (Nosso Futuro comum), a partir dessa 
reunião a declaração de Estocolmo foi interpretada de forma a inspirar a idéia de conciliar o 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
7 Vide, sobre o assunto, BERTOLDI, Márcia Rodrigues. Revista Jus Navigandi. O Direito Humano a um meio 
ambiente equilibrado.  http://jus.uol.com.br/revista/texto/1685/o-direito-humano-a-um-meio-ambiente-
equilibrado. pág: 2, ano: 2000. 
	
  
desenvolvimento econômico dos povos com salvaguarda nos valores ambientais, sem 
comprometer as gerações futuras e dando as mesmas condições de suprir suas próprias 
necessidades. 
Depois desse informe citado acima, a ONU promove a conferência sobre o meio 
ambiente e desenvolvimento Rio 92, no Rio de Janeiro, onde se ratifica a necessidade de 
adotar modelo econômico, fundamental e político fundado no desenvolvimento sustentável, 
nessa conferência foi criada a Agenda 21 (planejamento e sustentabilidade), o convênio sobre 
a diversidade biológica e a convenção sobre a mudança climática. 
A conferência de Estocolmo e a do Rio estabeleceram diretrizes fundadas nas 
condutas dos Estados, mas estas diretrizes estão dentro de uma ordem jurídica flexível (sem 
caráter obrigatório) um “dever ser” eticamente idôneo. “Na Conferência do Rio de Janeiro, ao 
contrário do que ocorrera em Estocolmo, os conflitos de entendimentos foram deixados de 
lado para dar lugar à cooperação, na medida em que foi aberto o diálogo para um universo 
mais amplo daquilo que originalmente fora pretendido, a proteção internacional do meio 
ambiente é uma conquista da humanidade, que deve vencer os antagonismos ideológicos, em 
prol do bem-estar de todos e da efetiva proteção do planeta.” 9. 
Como resultado de todo esse processo normativo internacional no campo ambiental é 
refletido, portanto, no âmbito da proteção internacional dos direitos humanos, ainda mais 
quando se leva em consideração o direito ao meio ambiente equilibrado, apesar desse “novo 
direito” não está expressamente escrito na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 
1948 (onde somente constam direitos civis e políticos e direitos econômicos, sociais e 
culturais) pertence aos textos constitucionais contemporâneos dos Estados, dentre eles, o texto 
constitucional brasileiro de 1988.9	
  MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. A proteção Internacional dos Direitos Humanos e o Direito Internacional dos 
Direitos Humanos e o Direito Internacional do Meio Ambiente. Revista Amazônia Legal de estudos sócio-
jurídico-ambientais, Cuiabá, Ano 1, n. 1, p. 169-196 jan.-jun. 2007.	
  
2.1. Conteúdo da Declaração de Estocolmo 
A declaração de Estocolmo destaca os princípios da liberdade, igualdade do homem 
para que possa viver em condições adequadas de sobrevivência, no meio ambiente 
equilibrado ecologicamente. No Principio 1: "O homem tem o direito fundamental à 
liberdade, à igualdade e a desfrutar de condições de vida adequadas em um meio ambiente de 
qualidade tal que lhe permita ter uma vida digna e gozar de bem estar, e tem a solene 
obrigação de proteger e melhorar o meio para as presentes e futuras gerações (...)".10 
Tem como principal foco a correlação de dois direitos fundamentais, são eles: Direito 
ao desenvolvimento humano e o direito a uma visa saudável. Para tal precisa usar seus 
avanços tecnológicos e científicos para transformar o mundo que o cerca (se usado de forma 
adequada), para aprimorar a qualidade de vida e dar benefícios ao desenvolvimento. 
O crescimento acelerado da população necessita de políticas públicas adequadas; 
devemos moldar nossas ações, a educação ambiental é fundamental para sabermos solucionar 
problemas, com a realização de trabalho ordenado para preservar o ambiente em que vivemos 
para nossa geração, bem como as futuras. 
Com a política ecocolonialista, assim chamada pela doutrina, onde os países 
desenvolvidos sugam a matéria dos países em desenvolvimento, sem o devido valor que 
deveria ser dado a estes recursos, é necessário valorizá-los para que esses países 
“subdesenvolvidos ou em desenvolvimento” tenham condições de manter o meio ambiente 
sustentável, sem sofrer uma severa crise econômica. 
Os países desenvolvidos do hemisfério norte, onde seus recursos naturais são 
escassos devem transferir recursos financeiros para os países do hemisfério sul, 
subdesenvolvidos, onde há “abundância em matéria prima”, para que estes últimos possam 
investir na manutenção do meio ambiente e a matéria prima, que está em crise de desgaste 
acelerado, possa ser renovada e não se esgote, além de tudo, há de se preservar o ambiente 
sadio necessário a vida de todos. 
Dentro dos Estados deve ser contida a acelerada urbanização, sem uma planificação, 
ou seja, esta deve ser feita de forma planejada para que não degrade ainda mais a fauna com 
as demandas populacionais urbanas, evitando dominações racistas e colonialistas. 
Os Estados têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos dentro de sua 
jurisdição, respeitando a política ambiental regional, não podem prejudicar o meio ambiente 
de regiões limítrofes, caso isso aconteça terá que se responsabilizar pelo dano causado. 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
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  Vide, DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO, http://www.silex.com.br/leis/normas/estocolmo.htm. 
Considerar o grau de desenvolvimento de cada região para estabelecer limites 
mínimos e máximos de investimento na proteção e preservação ambiental, para que assim não 
bloqueie o crescimento econômico da região. 
Os tratados internacionais em matéria de meio ambiente, tiveram sua importância 
reconhecida pelo Princípio 24 da Declaração de Estocolmo de 1972, segundo o qual “a 
cooperação através de convênios multilaterais ou bilaterais, ou de outros meios apropriados, é 
essencial para efetivamente controlar, prevenir, reduzir e eliminar os efeitos desfavoráveis ao 
meio ambiente, resultantes de atividades conduzidas em todas as esferas, levando-se em conta 
a soberania e interesses de todos os Estados”. 
Dentre outros princípios a declaração de Estocolmo focaliza o ecodesenvolvimento 
ou desenvolvimento sustentável, mas que só foi assim interpretada nos anos oitenta, no 
Informe Brundtland, onde surgiram as preocupações derivadas da globalização. 
 
2.2. O Reconhecimento no Âmbito Internacional e nos 
Estados: Uma Síntese dos Instrumentos mais Relevantes 
A Repercussão da declaração de Estocolmo na década de setenta trouxe favoráveis 
conseqüências no mundo inteiro. Vejamos algumas delas. 
A Declaração Universal dos povos de Argel de 1976, na Seção V, a dos Direito ao 
meio ambiente e aos recursos comuns, ressaltando o direito à cultura, ao meio ambiente, aos 
recursos e os direitos das minorias, reza no seu artigo 16, que "todo povo têm o direito à 
conservação, à proteção e ao melhoramento de seu meio ambiente". 
Na década de oitenta, destaca-se a Carta Africana dos Direitos do Homem e dos 
Povos de 1981, a carta traz expressamente o direito humano ao meio ambiente ao proclamar 
no artigo 22 que "todos os povos têm o direito a um meio ambiente satisfatório e global, 
favorável a seu desenvolvimento". “Cabe observar que nesta Carta, o meio ambiente se 
encontra conectado com o desenvolvimento, o que pressupõe que as medidas de proteção 
ambiental - por exemplo, prevenção de erosões, contaminação da água, extinção de espécies, 
etc. Têm por objetivo permitir o desenvolvimento econômico e humano coletivos.” 11 
Mencionando novamente o conceito de desenvolvimento sustentável proposto pelo 
Informe Brundtland de 1987 - "o desenvolvimento que satisfaz as necessidades da presente 
geração sem comprometer a capacidade das futuras gerações para satisfazer suas próprias 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
11 BERTOLDI, Márcia Rodrigues. Revista Jus Navigandi. O Direito Humano a um meio ambiente equilibrado.  
http://jus.uol.com.br/revista/texto/1685/o-direito-humano-a-um-meio-ambiente-equilibrado. pág: 2, ano: 2000. 
necessidades" 12- uma análise feita por Mercedes Franco Del Pozo sobre esse informe é a de 
que "este conceito representa o enlace que une, em íntima conexão, o meio ambiente e o 
desenvolvimento, o direito ao meio ambiente e o direito ao desenvolvimento, estabelecendo 
uma ponte entre a doutrina ambiental e a doutrina dos direitos humanos” 13. 
No continente americano, o artigo 11 do Protocolo adicional de 1988, à Convenção 
Americana de Direitos Humanos (1969) relata que "toda pessoa têm o direito a viver em um 
meio ambiente sadio e ter acesso aos serviços públicos, incumbindo aos Estados parte ou 
dever de promover, proteger e melhorar o meio ambiente". A doutrina considera que este 
protocolo adicional torna o tratado em questão, o primeiro a reconhecer um direito individual 
a um meio ambiente sadio. 
A declaração da Conferência das Nações Unidas no Rio de Janeiro, Rio 92, enfatiza a 
necessidade de se criar um modelo de desenvolvimento sustentável. Este é o marco brasileiro 
para adoção do direito ao meio ambiente sadio, como um direito social, conseqüentemente 
direito humano. 
Por último enfatiza-se “a intenção de um reconhecimento internacional explícito está 
proclamada na Declaração de Viscaia, fruto do Seminário Internacional sobre Direito 
Ambiental, celebrado em Bilbao - Espanha de 10 a 13 de fevereiro de 1999, sobre os 
auspícios da UNESCO e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. 
Esta declaração propõe à comunidade internacional o reconhecimento do direito humano ao 
meio ambiente, em um instrumento de alcance universal. O artigo 13 da referida Declaração 
reza: "O direito ao meio ambiente deverá ser exercido de forma compatível com os demais 
direitos humanos, incluído o direito ao desenvolvimento".” 14 
A inter-relação da proteção ambiental com o efetivo gozo dos direitos humanos foi 
reconhecida pela Organizaçãodos Estados Americanos, por meio do Relatório decorrente da 
“AG/Res. 1819 (XXXI-O/01), Direitos Humanos e Meio Ambiente (OEA/Ser. G, CP/CAJP-
1898/02), de 4 abril de 2002.” 15 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
12 COMISIÓN MUNDIAL DEL MEDIO AMBIENTE Y DEL DESARROLLO: Nuestro Futuro Común, 
Alianza Editorial, Madrid, 1992, pág. 67. 
13 FRANCO DEL POZO, M: El derecho..., cit., pág. 37. Vide, sobre o assunto, Bertoldi, Márcia Rodrigues. 
Revista Jus Navigandi. O Direito Humano a um meio ambiente equilibrado. pág: 2, ano: 2000. 
14 Vide, sobre o assunto, BERTOLDI, Márcia Rodrigues. Revista Jus Navigandi. O Direito Humano a um meio 
ambiente equilibrado. pág: 2, ano: 2000. 
	
  
15 Cf. Doc. Conselho Permanente da OEA, Comissão de Assuntos Jurídicos e Políticos. Relatório da Secretaria-
Geral sobre o Cumprimento da AG/Res. 1819 (XXXI-O/01), Direitos Humanos e Meio Ambiente, por Peter 
Tais posicionamentos são reafirmados pelos grandes textos de Direito Internacional 
do meio ambiente, entre outros, com os princípios de proteção ao meio ambiente, a 
Declaração de Estocolmo, como já foi citado acima, onde se encontram várias referências ao 
direito à vida e à saúde. Como exemplo, no Brasil, pode ser novamente citado a Declaração 
do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 92, que faz referência à “vida 
saudável” no seu Princípio 1.16 
 
3. A Situação do Direito Humano a um Meio Ambiente no 
Direito Brasileiro 
 
O meio ambiente é um assunto de grande importância nas Constituições atuais do 
mundo inteiro, pois tem sido consagrado como direito fundamental do ser humano. 
No Brasil, até a publicação da Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, não havia 
definição no ordenamento jurídico pátrio sobre o meio ambiente, lei nº 6.938, de 31 de 
outubro de 1981, reza definindo meio ambiente, no art. 3º, inc. I: "O conjunto de condições, 
leis, influencias e interações de ordem físicas, química e biológica, que permite, que abrigue 
e rege a vida em todas as suas formas." sendo que esta lei passou a considerá-lo como 
patrimônio público, que deve ser assegurado e protegido por todos, pois o mesmo é de uso 
coletivo. 
A Constituição Federal de 1988 foi pioneira ao tratar expressamente sobre questões 
ambientais, no seu art. 225, "Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao 
poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações.”17 Há menção sobre o direito fundamental ao meio ambiente, em outras normas 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
Quilter, Assessor do Secretário-Geral, Gabinete do Secretário-Geral. OEA/Ser.G, CP/CAJP-1898/02, 4 abril 
2002, p. 1-2. 
	
  
16	
  MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. A proteção Internacional dos Direitos Humanos e o Direito Internacional 
dos Direitos Humanos e o Direito Internacional do Meio Ambiente. Revista Amazônia Legal de estudos sócio-
jurídico-ambientais, Cuiabá, Ano 1, n. 1, p. 169-196 jan.-jun. 2007.	
  
17"Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e 
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao 
poder público: I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das 
espécies e ecossistemas; II – preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar 
as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III – definir, em todas as unidades da 
Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a 
supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos 
atributos que justificam sua proteção; IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade 
constitucionais, seja de forma escrita ou implícita. Destarte, pela interpretação das normas, 
conclui-se que o Direito Ambiental é um dos direitos fundamentais da pessoa humana, o que 
confirma a posição de que estes são também direitos humanos. 
Com isso a Constituição brasileira de 1988 tem como bem jurídico o meio ambiente 
como um todo, uno e não como um recurso natural individual, pois o meio ambiente é um 
bem comum do povo, patrimônio coletivo e indivisível. 
No Brasil, as Constituições anteriores à de 1988, não traziam regras específicas sobre 
o meio ambiente. “A Constituição Federal de 1946 foi a única que trouxe menção sobre o 
direito ambiental, estabelecendo a competência para a União legislar sobre a proteção da 
água, das florestas, da caça e pesca. Contudo, foi a Constituição Federal de 1988, a primeira a 
tutelar a questão do meio ambiente, em termos específicos e atuais, destinando um 
significante capítulo ao mesmo, além de outras menções no corpo do texto constitucional.” 18 
No título denominado “Ordem Social” se encontra a norma principal sobre direito 
ambiental, no artigo 225 da Carta Magna, conclui-se então que o meio ambiente é um direito 
social do homem. Se o direito ao meio ambiente é direito social do homem, significa que é 
direito fundamental, um direito humano, ter uma vida saudável em um meio ambiente 
equilibrado. Além disso, esse direito consta no art. 5º, inc. LXXIII19, que é um artigo que se 
refere aos direitos e garantias fundamentais, faz concluir que a ação constitucional visando à 
defesa do meio ambiente, reforçando a teoria que este é um direito fundamental do ser 
humano. Esse direito foi reconhecido a nível internacional, como já fio citado, na Declaração 
do Meio Ambiente, adotada na Conferência das Nações Unidas, em Estocolmo, em 1972. 
Ressalta-se a existência de outros direitos fundamentais, como o direito de 
propriedade e o direito ao desenvolvimento dos países, estes direitos não impendem o 
reconhecimento e aplicação do direito humano a um meio ambiente saudável, pois, devem 
priorizar os direitos fundamentais do ser humano que esteja ligado com o direito à vida. É 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental,a 
que se dará publicidade; V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e 
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI – promover a educação 
ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII – 
proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, 
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (...)" 
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19Art. 5º, LXXIII: "qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise anular ato lesivo ao 
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao 
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da 
sucumbência;" 
unanime o pensamento, “que a vida somente será assegurada, se existir a qualidade do meio 
ambiente, pois este, além de protegê-la, é responsável pela qualidade de vida.” 20 
Contudo, a função social da propriedade passa a ter de respeitar os valores 
ambientais, se estes direitos ambientais forem descumpridos, estará automaticamente 
descumprindo a função social, que é intrínseco nos direitos dos seres humanos. 
A Iternalização do direito ao meio ambiente no Brasil é verificada em outros 
instrumentos internacionais em matéria de meio ambiente, “ratificados pelo Brasil, e merece 
destaque algumas convenções internacionais recentes, dentre as quais podem ser citadas: a 
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, adotada pelas Nações 
Unidas, em Nova York, em 09.05.1992, aprovada no Brasil pelo Decreto Legislativo n. 1, de 
03.02.1994, e promulgada pelo Decreto n. 2.652, de 01.07.1998; o Protocolo de Quioto à 
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, adotado em Quioto, Japão, 
em 14.12.1997, por ocasião da Terceira Conferência das Partes da Convenção-Quadro das 
Nações Unidas sobre Mudança do Clima, tendo sido aprovado no Brasil pelo Decreto 
Legislativo n.º 144, de 20.06.2002, e ratificado em 23.08.2002 e; a Convenção sobre 
Diversidade Biológica, adotada na cidade do Rio de Janeiro, em 05.06.1992, aprovada no 
Brasil pelo Decreto Legislativo n.º 2, de 03.02.1994, e promulgada pelo Decreto n.º 2.519, de 
16.03.1998,14 tendo entrado em vigor internacional em 29 de dezembro de 1993. Estes 
instrumentos internacionais, assim como todos os outros tratados internacionais solenes sobre 
quaisquer matérias celebrados pelo Brasil, antes de serem integrados ao nosso direito interno 
têm que passar pelos trâmites próprios do Direito Internacional e do direito constitucional 
brasileiro, no que diz respeito ao processo normativo, para somente depois adquirirem 
eficácia jurídica e executoriedade internas.” 21 
Todavia, os tratados internacionais de proteção dos direitos humanos, bem como os 
de proteção ou direito ao meio ambiente, dispensam a formalidade de sua incorporação por 
terem aplicação imediata a partir de suas respectivas ratificações, nos termos do art. 5.º, § 1.º 
da Constituição de 1988. “Os instrumentos internacionais de proteção ao meio ambiente, 
pelas regras da nossa Constituição (art. 5.º, §§ 1.º e 2.º), têm uma forma própria de 
incorporação no ordenamento jurídico brasileiro, pelo fato de eles fazerem parte do rol dos 
chamados tratados internacionais de proteção dos direitos humanos lato sensu, em relação ao 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
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  MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. A proteção Internacional dos Direitos Humanos e o Direito Internacional 
dos Direitos Humanos e o Direito Internacional do Meio Ambiente. Revista Amazônia Legal de estudos sócio-
jurídico-ambientais, Cuiabá, Ano 1, n. 1, p. 169-196 jan.-jun. 2007.	
  
qual a Constituição atribui uma forma própria de incorporação e uma hierarquia diferenciada 
dos demais tratados (considerados comuns ou tradicionais) ratificados pelo Brasil.” 22 
Tais instrumentos internacionais, portanto, integram e complementam a regra de 
proteção ao meio ambiente elencada no art. 225, caput, da Constituição de 1988, 
incorporando-se ao direito interno brasileiro com um status diferenciado das demais normas 
internacionais tradicionais, ou seja, status de um direito fundamental ao ser humano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
22 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. A proteção Internacional dos Direitos Humanos e o Direito Internacional 
dos Direitos Humanos e o Direito Internacional do Meio Ambiente. Revista Amazônia Legal de estudos sócio-
jurídico-ambientais, Cuiabá, Ano 1, n. 1, p. 169-196 jan.-jun. 2007. Para um estudo detalhado das fases de 
celebração de tratados no Brasil, vide Mazzuoli, Valerio de Oliveira, Tratados internacionais: com comentários 
à Convenção de Viena de 1969, 2.ª ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2004.	
  
	
  
4. Conclusão 
 
O Direito Internacional ao Meio Ambiente equilibrado é um “novo direito”, surgiu 
após a Segunda Guerra Mundial, sendo a maior conquista da humanidade nos últimos tempos, 
qual seja o direito ao meio ambiente saudável como um direito humano. 
O direito à vida, visto como um direito universal do ser humano visa estabelecer a 
segurança e igualdade a todos os povos. Isto significa dizer, que se todas as Nações 
preservarem e contribuírem para um ambiente sadio, todos os povos estarão protegidos, 
independente de se considerar a classe econômica de cada Estado. 
Os direitos de proteção ao meio ambiente e os direitos humanos à vida saudável são 
interdependentes. Todavia há problemas na normatização desses direitos como um direito 
humano, apesar do reconhecimento internacional, há prática de utilitarismo e 
antropocentrismo nas demandas judiciais relativos à proteção ambiental, levando ao fracasso 
à tentativa de se equiparar o direito à proteção ambiental a um direito humano, no quis diz 
respeito à aplicação de sanções mais severas que a simples multa, por exemplo. 
Não há pleno interesse por parte dos países desenvolvidos (a elite governamental) 
em reconhecer que toda vez que um dano ambiental for causado se estará também 
desrespeitando um direito humano, levando a comunidade internacional a ter sérias 
divergências a respeito da relação dependente desses dois direitos. “Além disso, nos 
encontramos frente a um obstáculo: como concretizar a responsabilidade de um Estado frente 
a uma demanda particular ou coletiva com base em um dano ambiental? Poderia um 
determinado Estado ser responsabilizado pelos efeitos da mudança climática que constitui um 
problema ambiental global?” 23 
 O Tribunal Europeu de Direitos Humanos, por exemplo, acabou por considerar o direito 
ao meio ambiente como um direito humano através do que se denomina como “proteção de rebote” 
(protection par ricochet). O Tribunal permitiu que um atentado contra o meio ambiente fosse 
submetido a este órgão não por si mesmo, mas como causa de violação de outros direitos protegidos 
pelo Convênio Europeu para Proteção de Direitos Humanos.24 
 Diante das controversas, no que tange a responsabilidade dos Estados diante o 
descumprimento desse “direito novo” não se considera cada Estado individualmente, nem os23	
  	
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  Vide, sobre o assunto, BERTOLDI, Márcia Rodrigues. Revista Jus Navigandi. O Direito Humano a um meio 
ambiente equilibrado. pág.: 2, ano: 2000. 
 
membros desta separadamente, pois o prejuízo que um deles possa causar, certamente, 
acarretará também prejuízo para outros. E a preservação do ambiente, faz com que seja 
preservado o princípio da igualdade, que também é um direito universal do homem. 
O meio ambiente como direito reconhecido no âmbito internacional, através da 
Declaração de Estocolmo e consagrado no direito pátrio, no art. 225 da Constituição Federal, 
foi compreendido como direito fundamental e, por via de conseqüência, também um dos 
Direitos Humanos relacionados diretamente à qualidade de vida do ser humano. Dessa forma 
logo se vislumbra o nexo entre Direitos Humanos e Meio Ambiente, posto que este último é 
previsto expressamente no texto constitucional constitui-se como direito fundamental e 
inerente a toda uma coletividade. 
Ao falar de direitos fundamentais falamos em progresso da humanidade e de 
civilidade. “Contudo ainda é longo o caminho que a humanidade terá que percorrer para 
cumprir seu objetivo de assegurar a todos os homens, mulheres e crianças, de todas as partes 
do mundo, de todas as raças e credos, os direitos fundamentais que visam assegurar a vida 
com dignidade.” 25 
De certo que o direito ao meio ambiente sadio é um direito humano de cunho 
supraestatal, não prescinde de positivação para ser reconhecido, está implicitamente 
codificado, pois este direito faz parte dos direitos sociais do homem, e estando esses direitos 
dentro da Declaração Universal dos Direitos do homem de 1948, através do Pacto 
Internacional de direitos Econômicos, Sociais e Culturais, são automaticamente direitos 
humanos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
25	
   MALTA, Cynthia Guimarães Tostes. A evolução dos direitos fundamentais – Disponível no site: 
http://br.geocities.com/cynthiamalta/dirfund.htm. Acessado em 05 de março de 2009. 
5. Bibliografia 
 
MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. A proteção Internacional dos Direitos Humanos e o Direito 
Internacional dos Direitos Humanos e o Direito Internacional do Meio Ambiente. Revista 
Amazônia Legal de estudos sócio-jurídico-ambientais 
 
MAZZUOLI, Valerio de Oliveira, Direitos humanos, constituição e os tratados internacionais: 
estudo analítico da situação e aplicação do tratado na ordem jurídica brasileira, São Paulo: 
Juarez de Oliveira, 2002 
Cf. Doc. ONU E/CN.4/Sub. 2/1994/9, Human rights and the environment: final report, § 1.º,6 
July 1994    
 
BERTOLDI, Márcia Rodrigues. Revista Jus Navigandi. O Direito Humano a um meio 
ambiente equilibrado.   http://jus.uol.com.br/revista/texto/1685/o-direito-humano-a-um-meio-
ambiente-equilibrado., ano: 2000 
 
COMISIÓN MUNDIAL DEL MEDIO AMBIENTE Y DEL DESARROLLO: Nuestro Futuro 
Común, Alianza Editorial, Madrid, 1992 
 
Cf. Doc. Conselho Permanente da OEA, Comissão de Assuntos Jurídicos e Políticos. 
Relatório da Secretaria-Geral sobre o Cumprimento da AG/Res. 1819 (XXXI-O/01), Direitos 
Humanos e Meio Ambiente, por Peter Quilter, Assessor do Secretário-Geral, Gabinete do 
Secretário-Geral. OEA/Ser.G, CP/CAJP-1898/02, 4 abril 2002 
 
MAZZUOLI, Valerio de Oliveira, Tratados internacionais: com comentários à Convenção de 
Viena de 1969, 2.ª ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2004 
 
MALTA, Cynthia Guimarães Tostes. A evolução dos direitos fundamentais. 2009 
 
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público. 3ª edição, São 
Paulo, Editora revista dos tribunais, 2008 
 
MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. Doutrina- jurisprudência-glossário. 4ª edição, São 
Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 2005. 
 
DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO, http://www.silex.com.br/leis/normas/estocolmo.htm. 
FACULDADE SETE DE SETEMBRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARTIGO 
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
DIREITO HUMANO AO MEIO AMBIENTE SADIO: A SITUAÇÃO DO 
DIREITO AO MEIO AMBIENTE SADIO NO DIREITO BRASILEIRO 
VIVÂNIA SAMPAIO DA SILVA 
PROF. ª ORIENTADORA: DÉBORA BARRETO 
2011

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