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UNIVERSIDADE ESTÁCIO- UNESA PSICOLOGIA Bárbara Regina Ramos Lima Emanuelle Sousa Jhony Santana da Silva Christian Matheus Cerqueira da Silva SOFRIMENTO PSIQUICO E ADOECIMENTO MENTAL: Transtorno de ansiedade na mulher cuidadora, cujo um dos membros da família é pessoa com deficiência intelectual e outras comorbidades Trabalho elaborado para fins de avaliação da disciplina Psicologia Experimental, do Curso de Psicologia da Universidade Estácio de Sá, sob orientação da Professor Alexandre da Silva Villalba. Rio de Janeiro 2021 1 TEMA: SOFRIMENTO PSIQUICO E ADOECIMENTO MENTAL: Transtorno de ansiedade na mulher cuidadora, cujo um dos membros da família é pessoa com deficiência intelectual e outras comorbidades. 2 Problema: Que correlação se pode estabelecer com o aumento de demandas relacionados ao cuidado à pessoa com deficiência intelectual e outras comorbidades, e o sofrimento psíquico que favorece o surgimento do transtorno de ansiedade na mulher cuidadora? 2.1 Hipóteses: A ineficácia da Rede de saúde no apoio e suporte à família cujo um ou mais membros esteja na condição de pessoa com deficiência intelectual e outras comorbidades; O despreparo do Estado para acolher a pessoa com deficiência, gerando insegurança e desespero na família dos mesmos; As dificuldades da família em administrar as situações de crise, a culpa pela deficiência, solidão, desamparo, afeto e cuidado, incluindo o desgaste físico e emocional no qual pode causar uma possível “síndrome de desistência” no enfrentamento do tratamento; Considerando que os cuidados no âmbito familiar estão historicamente centralizados na mulher, e, quando um de seus membros está na condição de pessoa com deficiência, o qual necessita de maiores cuidados para o suprimento de suas necessidades; tais demandas, podem causar sofrimento psíquico e o adoecimento mental da cuidadora. 3. OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral: Investigar a presença de Indicadores de Transtorno de Ansiedade e a qualidade das relações familiares em mulheres cuidadoras de pessoas com Deficiência Intelectual. 3.2 Objetivos Específicos: 1. Analisar demandas das cuidadoras de pessoa com deficiência intelectual e outras comorbidades que recebem atendimento na ASSOCIAÇÃO PESTALOZZI DE ANGRA DOS REIS-RJ, mapeando a entrada das cuidadoras, identificando o grau de sobrecarga pelos cuidados dispensados a um membro da família com deficiência intelectual, e a organização familiar para conviver com a possível doença mental, desenvolvendo entrevistas com as mães cuidadoras. 1. Compreender o sofrimento psíquico, pontuando a existência de um transtorno de ansiedade por parte da mulher cuidadora, devido as demandas inevitáveis. 1. Relacionar o sofrimento psíquico do Transtorno de Ansiedade com a sobrecarga de demandas, pelos cuidados dispensados a um membro da família com deficiência intelectual e outras comorbidades. 4 JUSTIFICATIVA: Os cuidados à pessoa com deficiência intelectual, assim como de outras deficiências, são muitas vezes negligenciados, sendo suas necessidades desvalorizadas por dirigentes e profissionais de saúde sem redes de apoio e suporte familiar que acaba adoecendo seus membros devido ao impacto causado pela doença mental na família. Como a família pode estar preparada e amparada legalmente pelo Estado para acolher a pessoa com deficiência, considerando as dificuldades em administrar as situações de crise, a culpa pela deficiência, solidão, desamparo, afeto e cuidado, incluindo o desgaste físico e emocional, os quais podem causar uma possível “síndrome de desistência” no enfrentamento do tratamento? A mulher ainda é historicamente reconhecida como figura familiar responsável pelo cuidado. Constitui-se uma conjuntura histórica massificada pelas atribuições da maternidade em que a mãe prevê as atenções que são necessárias e indispensáveis, devidos sua condição biológica e social. Tal mulher abarca casa, emprego e responsabilidades que são delegadas somente a ela como: acompanhamento ao deficiente nos tratamentos, o cuidado em momentos de crise, o auxílio no sofrimento psíquico sendo vigiado e controlado, encargos financeiros, levando-a a condições de vida estressantes e sobrecarregada de papéis. A escolha do tema deriva-se primeiramente da observação sobre as problemáticas enfrentadas pela mulher cuidadora, devido as incumbências no tratamento às Pessoas com Deficiência Intelectual e outras comorbidades, no contexto social, o qual pode dar base ao proposto trabalho de Projeto de Pesquisa, sendo um estudo compatível quanto ao que se refere ao sofrimento psíquico e até mesmo adoecimento mental, caracterizado pelo Transtorno de Ansiedade, que pode ocorrer na figura da cuidadora, considerando as demandas elevadas que enfrenta no cotidiano. 5 REFERENCIAL TEÓRICO A vida familiar é um grande desafio; saber como estruturá-la e manter-se nesta condição e suportar o sofrimento inevitável, é cruciante. Todo o ser humano tem a capacidade de suportar até certo ponto, sendo abalados por crises, estresses, sofrimentos e a sensação de incapacidade. Alguns poderão aceitar tais sofrimentos de forma equilibrada, outros, poderão se sentir perdidos e se manterem presos ao sentimento de autopiedade, culpabilização e isolamento. De acordo com Buscaglia (1993, p.105), a maior parte das famílias cujo membro tenha nascido com deficiência, se encontrarão de algum modo entre os dois pontos, ou seja, o equilíbrio ou o desequilíbrio. Independente qual seja a capacidade de um indivíduo, dificilmente ele se encontra de fato preparado para se deparar com o desespero real. Uma gestante jamais entrará em um hospital emocionalmente pronta para dar à luz a um bebê com deficiência, certamente ela não estará preparada para viver com um filho(a) deficiente por toda a vida, principalmente quando a deficiência é ocultada, como o caso da deficiência intelectual. O primeiro sofrimento enfrentado pela mãe, será a perda da criança saudável. No que se refere a figura materna, Buscaglia (1993) Apud Solnit e Stark (1961), pontua que na relação de pesar pela perda da criança saudável, seus anseios e expectativas pelo filho(a) esperado(a) são danificados pelo nascimento da criança imperfeita. A partir de então, surgem seus medos e ansiedades. De acordo com Freitas (2011, p. 30) uma das características da família é de promover o cuidado e proteção para com seus membros, especialmente os que historicamente requerem cuidados como o caso das crianças, idosos, enfermos e deficientes. Dentro desta característica, destaca-se a figura da mulher que se abdica de tudo, para cuidar destes. Duarte, (2011, p.77) explicita que o cuidador familiar assume uma grande responsabilidade pela pessoa cuidada, por vezes, permeado por um sentimento de dever e obrigação, sendo a sobrecarga caindo sobre um só membro da família, que na maioria das vezes, recai sobre as mulheres, ora por serem as mães, filhas, esposas, companheiras, ora por exporem essa tendencia socialmente desenvolvida pelo e para o gênero feminino. 6 METODOLOGIA: 6.1 Tipo de Pesquisa Pesquisa experimental descritiva, utilizando entrevista semiestruturada na proposta de analisar o contesto familiar e a condição da cuidadora de pessoas com deficiência intelectual nas famílias que são atendidas na Associação Pestalozzi de Angra dos Reis, Rio de Janeiro, com adotando a abordagem quantitativa e qualitativa, enfoque dialético, usando como objeto de estudo as famílias que vivem na atual conjuntura econômica do país. 6.2 Local de estudo Os instrumentos serão aplicados individualmente a todas as mulheres cuidadoras cujos filhos estão matriculados na Associação Pestalozzi de Angra dos Reis-APAR, conforme o comparecimento na instituição, em dias e horários dos atendimentos da pessoa que está sob sua responsabilidade. Serão dados todos os esclarecimentos devidos, inclusive o da não obrigatoriedade da participação e a desistência. Serão respeitados todos os preceitos morais e éticos. 6.3 Instrumentos de Coleta de Dados: Será realizada a aplicação da entrevista DSM-V sobre o transtorno deansiedade e a escala de avaliação de ansiedade de Hamilton (HAN-A). A Escala de Avaliação de Depressão de Hamilton (HAM-D), desenvolvida na década de 1960, de autoria de Max Hamilton et al., teve como proposta exclusiva, ser utilizada em pacientes previamente diagnosticados com transtorno afetivo do tipo depressivo. Atualmente é utilizada para medir em graus os sintomas de ansiedade. Medindo a ansiedade psíquica (agitação mental e sofrimento psíquico) e ansiedade somática (queixas físicas relacionadas com a ansiedade) (PERDIGÃO; DE SOUZA, 2020, p.574). 6.4 Análise dos dados Os dados coletados irão para um banco de dados de um software. Trata-se de uma ferramenta utilizada para análise de dados nas pesquisas quantitativas. Em grande maioria, uma das ferramentas mais utilizada para esta administração é o Excel da Microsoft, com esta ferramenta é possível instituir e concernir os dados que foram recolhidos de forma organizada e aprimorada, já que a coleta e análise de dados é uma das etapas mais importantes do trabalho acadêmico e é a partir dela que é chegado à conclusão do trabalho esta ferramenta consegue ser excepcional para este objetivo, pois no próprio programa é possível montar gráficos para analises estatística, como também e possível formar uma estrutura de dados, para organizações de elementos numéricos ou textuais em planilhas, logo, trazendo todas as funções que um banco de dados deve ter, dando abertura para que o profissional consulte, busque, ordene, calcule e filtre, todos os dados que forem armazenados, para que facilite as informações contáveis para serem analisadas de forma descomplicada as estatísticas, como distribuições de frequência, correlações e representações gráficas. 6.5 Aspectos éticos A pesquisa será realizada a partir de assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, tanto pela Instituição, quanto dos participantes, nos quais serão mulheres de idade a partir de 18 anos, que acompanhe pessoas com deficiência intelectual e outras comorbidades que recebe atendimento na Associação Pestalozzi de Angra dos Reis-APAR, respeitando todos os quesitos éticos e morais, garantindo a autonomia e a livre participação. 7 CRONOGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA FASE ATIVIDADE PERÍODO 1ª Levantamento e seleção bibliográfica 1ª mês 2021 2ª Análise e fichamento de leitura 2ª mês 2021 3ª Redação da introdução e 1º capítulo 3ª mês 2021 4ª Redação do 2º, 3º e 4º capítulo 4ª mês 2021 5ª Revisão da escrita 5ª mês 2021 6ª Apresentação 6ª mês 2021 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BUSCAGLIA, Leo F. Os deficientes e seus pais / Leo Buscaglia; tradução Raquel Mendes. – 2ª ed – Rio de Janeiro: Record, 1993. Construção de uma escala de ansiedade para pacientes de ambulatório: um estudo. Psicologia: teoria e prática - versão impressa ISSN 1516-3687. Psicol. teor. prat. v.6 n.1 São Paulo jun. 2004. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-36872004000100004> Acesso: 06.abr.2021. DUARTE, Marco José de Oliveira. Loucura e Família: (Re)Pensando o Ethos da Produção do Cuidado. Família & Família: Práticas Sociais e Convenções Contemporâneas. 2ª Tiragem. Editora Lumen Juris. Rio de Janeiro, 2011. p.76-77. Freire, Manoela Ávila Freire et al., Escala Hamilton: estudo das características psicométricas em uma amostra do sul do Brasil. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/jbpsiq/v63n4/0047-2085-jbpsiq-63-4-0281.pdf> Acesso: 07.abr.2021. FREITAS, Rita de Cássia Santos; BRAGA, Cenira Duarte; BARROS, Nívia Valença. Família & Família: Práticas Sociais e Convenções Contemporâneas. 2ª Tiragem. Editora Lumen Juris. Rio de Janeiro, 2011. p.30 Perdigão, Cristopher de Castro; de Souza, Ronaldo Santhiago Bonfim. PSICODIAGNÓSTICO COM INTERVENÇÕES DA TERAPIA COGNITIVOCOMPORTAMENTAL.RECH- Revista Ensino de Ciências e Humanidades – Cidadania, Diversidade e Bem Estar. ISSN 2594-8806. Ano 4, Vol. IV, Número 2, Jul-Dez, 2020, p. 562-582. Disponível em: <file:///C:/Users/barba/Downloads/7983-Texto%20do%20artigo-21977-1-10-20200729.pdf.> Acesso: 04. abr.2021. ANEXOS ESCALA DE AVALIAÇÃO DE ANSIEDADE DE HAMILTON Protocolo Nº. _________ Nome do paciente: __________ Data:____/_____/________ Sexo: Idade: Examinador: Instruções: Esta lista de verificação é para auxiliar o clínico ou psiquiatra na avaliação de cada paciente de acordo com o seu grau de ansiedade e condição patológica. Preencha com o grau apropriado, na casela correspondente ao lado de cada item, na coluna à direita. GRAUS: Nenhum = 0; Leve = 1; Médio = 2; Forte = 3; Máximo = 4 Nº ITEM COMPORTAMENTO GRAU 1 Humor Ansioso Preocupações, previsão do pior, antecipação temerosa, irritabilidade, etc. 2 Tensão Sensações de tensão, fadiga, reação de sobressalto, comove-se facilmente, tremores, incapacidade para relaxar e agitação. 3 Medos De escuro, de estranhos, de ficar sozinho, de animais, de trânsito, de multidões, etc. (avaliar qualquer um por intensidade e freqüência de exposição). 4 Insônia Dificuldade em adormecer, sono interrompido, insatisfeito e fadiga ao despertar, sonhos penosos, pesadelos, terrores noturnos, etc. 5 Intelectual (cognitivo) Dificuldade de concentração, falhas de memória, etc. 6 Humor Deprimido Perda de interesse, falta de prazer nos passatempos, depressão, despertar precoce, oscilação do humor, etc. 7 Somatizações Motoras Dores musculares, rigidez muscular, contrações espásticas, contrações involuntá- rias, ranger de dentes, voz insegura, etc. 8 Somatizações Sensoriais Ondas de frio ou calor, sensações de fraqueza, visão turva, sensação de picadas, formigamento, câimbras, dormências, sensações auditivas de tinidos, zumbidos, etc. 9 Sintomas Cardiovasculares Taquicardia, palpitações, dores torácicas, sensação de desmaio, sensação de extra-sístoles, latejamento dos vasos sanguíneos, vertigens, batimentos irregulares, etc. 10 Sintomas Respiratórios Sensações de opressão ou constricção no tórax, sensações de sufocamento ou asfixia, suspiros, dispnéia, etc. 11 Sintomas Gastrointestinais Deglutição difícil, aerofagia, dispepsia, dores abdominais, ardência ou azia, dor pré ou pós-prandial, sensações de plenitude ou de vazio gástrico, náuseas, vômitos, diarréia ou constipação, pirose, meteorismo, náusea, vômitos, etc. 12 Sintomas Geniturinários Polaciúria, urgência da micção, amenorréia, menorragia, frigidez, ereção incompleta, ejaculação precoce, impotência, diminuição da libido, etc. 13 Sintomas Autonômicos Boca seca, rubor, palidez, tendência a sudorese, mãos molhadas, inquietação, tensão, dor de cabeça, pêlos eriçados, tonteiras, etc. 14 Comportamento na Entrevista Tenso, pouco à vontade, inquieto, a andar a esmo, agitação das mãos (tremores, remexer, cacoetes) franzir a testa e face tensa, engolir seco, arrotos, dilatação pupilar, sudação, respiração suspirosa, palidez facial, pupilas dilatadas, etc. ESCORE TOTAL: Pontuação total de: 18 a 24 = ansiedade leve/ 25 a 30 = ansiedade moderada/ ≥ 30 = ansiedade grave. Pontuação de HAM- A > 18 pode ser observada em pacientes com síndrome do pânico como diagnóstico principal. ESCALA DE AVALIAÇÃO DE ANSIEDADE DE HAMILTON Observação: Conforme se pode constatar, esta Escala de Ansiedade de Hamilton (1959) compreende 14 itens distribuídos em dois grupos, sendo o primeiro grupo, com 7 itens, relacionado a sintomas de humor ansioso e o segundo grupo, também com 7 itens, relacionado a sintomas físicos de ansiedade – o que possibilita obter escores parciais, ou seja, separadamente para cada grupo de itens. O escore total é obtido pela soma dos valores (graus) atribuídos em todos os 14 itens da escala, cujo resultado varia de 0 a 56. Esta escala deve ser aplicada pelo profissional. A pontuação ≥ 18 = ansiedade leve; ≥ 25 = ansiedade moderada; e ≥ 30 = ansiedade graveEscala Hamilton de Ansiedade - 14 itens.docx