Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Norte
Bol. Téc. Cient. Cepnor, v. 11, n. 1, p: 71 - 79, 2011 71
APETRECHOS DE PESCA ORNAMENTAL UTILIZADOS PELOS JURUNA DA TERRA 
INDÍGENA PAQUIÇAMBA (PARÁ, BRASIL)
Jaime Ribeiro CARVALHO JÚNIOR1, Diego Maia ZACARDI1, Suzana Carla da Silva BITTENCOURT1, 
Marcia Francineli da Cunha BEZERRA1, José Leocyvan Gomes NUNES2 & Luiza NAKAYAMA3 
RESUMO
Com o objetivo de descrever os apetrechos de pesca e os métodos de condução da pesca ornamental na 
Terra Indígena Paquiçamba, realizou-se entrevistas com os pescadores Juruna e acompanhamento da rotina 
dessa atividade pesqueira na aldeia e seu entorno. Os principais espécimes comercializados pertencem à 
família dos acaris (Loricariidae) e das arraias (Potamotrygonidae), sendo capturados vivos, por meio de: redes 
(malhadeira, tarrafa, tarrafinha e puçá) e armadilhas, usando vaqueta e mergulho (livre ou autônomo). No 
mergulho autônomo, ressalta-se várias situações de risco à saúde, entretanto, acredita-se que a elaboração 
de alternativas e implantação de tecnologias, que auxiliem a captura dos peixes ornamentais, melhoraria as 
condições da atividade na terra indígena Paquiçamba, uma vez que a proibição dessa modalidade poderia 
acarretar em desemprego, êxodo e marginalidade dos Juruna.
Palavras chave: Pesca artesanal, apetrecho de pesca, indígena.
FISHING GEARS ORNAMENTAL USED BY JURUNA OF INDIGENOUS LAND PAQUIÇAMBA 
(PARÁ, BRAZIL)
ABSTRACT
In order to describe the fishing gear and conduct methods of ornamental fishing on Indigenous Land 
Paquiçamba, it were held interviews with Juruna fishermen and routine monitoring of fishing activity in the 
village and its surroundings. The main traded specimens belong to the family of acaris (Loricariidae) and rays 
(Potamotrygonidae), being captured alive, through: networks (nets, cast nets, “tarrafinha” and “puçá”) and 
traps, using cowhide and diving (free or autonomous). In autonomus diving, it is pointed out several situations of 
health risk, however, it’s believed that the development and deployment of alternative technologies, facilitating 
the capture of ornamental fish, improve the activity conditions, since the prohibition of this modality could result 
in unemployment, exodus and Juruna marginality.
Key words: Fishery craft, fishing gear, indigenous.
_____________________
1- Doutorando, Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Laboratório de Biologia de Organismos 
Aquáticos, Universida Federal do Pará
2- Matemático
3- Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Laboratório de Biologia de Organismos Aquáticos, 
Universida Federal do Pará
e-mail: lunaka@ufpa.br
Boletim Técnico-Cientifico do CEPNOR
Bol. Téc. Cient. Cepnor, v. 11, n. 1, p: 71 - 79, 2011 72
INTRODUÇÃO
O mercado mundial de peixes ornamentais gera quase 300 milhões de dólares com a 
exploração desse recurso em águas continentais, sendo 60% das exportações provenientes 
de países em desenvolvimento e apenas 10%, desse capital, correspondente a peixes de 
ambientes naturais (PRANG, 2007).
Pinheiro (2008) relata que a maioria das espécies de peixes pode ter uso ornamental 
ou ser alvo de coleta com essa finalidade, havendo sempre alguém interessado em fazer uso 
ornamental de alguma espécie, seja pela beleza ou pelo estranhamento que possa causar. 
Contudo, a problemática em relação a este recurso natural consiste na incipiente cadeia 
produtiva, na dinâmica do mercado nacional e internacional e na capacidade de agregar um 
alto valor ao longo dos seus elos, envolvendo, ainda, aspectos biológicos de cada espécie 
e os fatores ambientais ligados aos locais de exploração (HERCOS; QUEIROZ; ALMEIDA, 
2009).
Na região Norte brasileira, as artes, os métodos e os apetrechos empregados na 
pesca artesanal são variados, de acordo com a área, profundidade, período do dia ou 
conforme a espécie alvo (CHAO, 1992, 1993; CAMARGO; GIARRIZZO; CARVALHO 
Jr., 2005; TORRES, 2007; CINTRA et al., 2009), representando, de acordo com Batista 
et al. (2000), uma adaptação humana à explotação dos peixes em um ambiente regional 
extremamente diversificado. Assim, o conhecimento empírico em relação à extração dos 
recursos sempre está em função da interação homem-meio ambiente (POSEY, 1983, 1997; 
DIEGUES, 1995, 1996).
Em se tratando especificamente da arte de pesca ornamental, destaca-se os trabalhos 
de Chao (1992, 1993) no rio Negro e Torres (2007) na bacia do rio Guamá. No contexto 
social, este estudo busca relatar o conhecimento local e as experiências de exploração, 
além de caracterizar apetrechos e manejos de pesca, utilizados pelos pescadores Juruna, 
da Terra Indígena Paquiçamba (TI Paquiçamba) de Volta Grande do Xingu (VGX).
MATERIAL E MÉTODOS
DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
A terra indígena Paquiçamba pertence ao município de Vitória do Xingu - PA, na 
região denominada Volta Grande (Figura 1), que faz parte da Área de Influência Direta e 
Área Diretamente Afetada, do Aproveitamento Hidrelétrico Belo Monte. Os Juruna habitam a 
margem esquerda do rio Xingu (Coordenadas geográficas: S 03º30’11.9”/W 051º48’10.9”), 
entre os igarapés Paraíso e Mangueira, sendo a aldeia composta de 18 casas, com um total 
de 82 moradores.
A região se caracteriza por elevada pluviosidade (meses de dezembro a abril) e 
um curto período seco, por menor pluviosidade (julho a outubro), de acordo com Moraes 
et al. (2005) para o estado do Pará. No período seco, Carvalho Jr. et al. (2009) e Vieira 
et al. (2009) relatam que o nível da água do rio Xingu baixa, formando áreas de pedrais 
mais rasas e com corredeiras. Portanto, a pesca ornamental depende, principalmente, da 
sazonalidade das espécies e do ciclo hidrológico. 
COLETA DE DADOS
Para conhecer os apetrechos de pesca ornamental dos Juruna, foram entrevistados 26 
moradores, indicados pelos próprios membros da comunidade e destes, foram selecionados 
Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Norte
Bol. Téc. Cient. Cepnor, v. 11, n. 1, p: 71 - 79, 2011 73
18 para participar do estudo, durante o período de fevereiro de 2008 a dezembro de 2010. 
Além das entrevistas, os pescadores também foram acompanhados em sua atividade 
diária, nas áreas de coletas, localizadas próximas da aldeia Paquiçamba. A atividade e 
os apetrechos de pesca ornamental foram filmados e fotografados para compor o acervo 
de imagens e as entrevistas foram gravadas e transcritas. Todo o estudo foi devidamente 
autorizado pela instituição responsável Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e pelas 
lideranças Juruna.
Figura 1 - Terra Indígena Paquiçamba, Volta Grande do Xingu-PA. Fonte: Vieira et al. (2009), 
com modificações.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conforme relatos, há 20 anos os Juruna pescam nos arredores da TI Paquiçamba 
capturando uma grande diversidade de peixes ornamentais. Os acaris espécies da 
família Loricariidae, da região de Altamira, começaram a ser comercializados nas lojas 
do mercado americano de peixes ornamentais por volta de 1989 (SEIDEL, 1996). Apesar 
de mais de duzentas espécies de peixes ornamentais ocorrerem no rio Xingu (ISAAC et 
al., 2002; PIECZARKA et al., 2003; CAMARGO et al., 2004), a pesca concentra-se em: 
acari zebra (Hypancistrus zebra), acari marrom (Hypancistrus sp.), arraia (Potamotrygon 
orbignyi), picota ouro (Scobiancistrus auratus), boi-de-bota (Panaque aff. nigrolineatus), 
onça (Leporacanthicus heterodon), amarelinho (Baryancistrus spp.), cutia (Scobiancistrus 
cf. pariolispos) e jacundá (Crenicichla cyclostoma). Alguns entrevistados comentaram que 
a pesca ainda se concentra nessas espécies embora, a partir de 2005, o IBAMA tenha 
proibido a pesca de acari zebra e de arraias, que constituíam as espécies mais solicitadas 
pelo mercado internacional.
A maior parte das espécies comercializadas pelos indígenas (Figura 2) está 
associada à forma de uso pela aldeia, definidas basicamente como: espécies de pequeno 
porte, comercializadas como ornamentais e não utilizadas para o consumo; e de médio 
porte: utilizadaspara o consumo, com algumas espécies, comercializadas no mercado 
ornamental, quando capturadas na fase juvenil.
Boletim Técnico-Cientifico do CEPNOR
Bol. Téc. Cient. Cepnor, v. 11, n. 1, p: 71 - 79, 2011 74
 
Figura 2 - Espécies de peixes ornamentais que ocorrem nos arredores da terra indígena 
Paquiçamba: A) arraia-preta (Potamotrygon leopoldi); B) amarelinho (Baryancistrus sp.); C) 
onça (Leporacanthicus heterodon); D) picota ouro (Scobinancistrus aureatus); E) boi-de-
bota (Panaque nigrolineatus) e F) acari-zebra (Hypancistrus zebra).
Os indígenas utilizam a malhadeira ou rede de espera (Figura 3A), redes retangulares 
construídas com nylon multifilamentos de vários tipos de malhas (6, 8, 10, 12, 18 cm) e 
tarrafa ou rede de arremesso (Figura 3B), na captura de espécies voltadas para o consumo, 
mas, ocasionalmente, alguns representantes da fauna acompanhante, como várias 
espécies de acaris de pequeno porte, são retirados cuidadosamente e mantidos vivos, para 
posterior comercialização no mercado ornamental, sendo grande parte exportados para 
os Estados Unidos, Japão e Alemanha, como observado por vários autores (FOREIGN 
TRADE DIVISION, 2007; OLIVIER, 2001; FUJIYOSHI, 2002; RIBEIRO et al., 2008, 2009).
Figura 3 - Redes utilizadas, ocasionalmente, na captura de peixes ornamentais, na terra 
indígena Paquiçamba, Pará. A) Malhadeira (rede de espera) e B) Tarrafa (rede de arremesso).
Dentre as espécies de maior interesse econômico estão os peixes da família dos 
acaris (Loricariidae) e arraias (Potamotrygonidae), os quais são capturados principalmente 
nas áreas de pedrais e de corredeiras e nas regiões mais rasas do rio (sequeiros).
Os métodos de captura mais empregados pelos Juruna na atividade de pesca 
ornamental, durante o período de menor pluviosidade, são: Vaqueta ou espada que consiste 
em um pedaço de madeira resistente, com dimensões de 40 a 70 cm de comprimento e 2 a 
4 cm de largura, com extremidade em ponta fina e lixada (Figura 4A), com esse instrumento 
o pescador desentoca o peixe e, em seguida, apreende-o pela cabeça ou nadadeira, na 
extremidade da vaqueta. Tarrafinha (Figura 4B) que consiste em uma rede de algodão, 
utilizada para capturar os peixes, encobrindo blocos inteiros de pedra, pequenos refúgios 
A CB
D E F
BA
Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Norte
Bol. Téc. Cient. Cepnor, v. 11, n. 1, p: 71 - 79, 2011 75
(fendas, rachaduras e pequenos buracos) e armadilhas (amontoado de pedras ou de 
troncos).
Figura 4 - Apetrechos utilizados para a captura da pesca ornamental. A) vaqueta ou espada; 
B) tarrafinha.
Outro apetrecho de pesca utilizado é o puçá, que consiste em uma rede em forma de 
funil (com sobras de malhadeira), cuja haste circular é feita de ferro ou cipó. No período 
mais seco, serve para pescar em regiões próximas às margens e pequenas corredeiras 
com pedregulhos do tipo cascalho/seixo (gorgulhos) e no período de maior pluviosidade, 
capturar peixes no meio da vegetação sazonalmente inundada (sarobal) entre as ramagens 
das plantas submersas (Figura 5). 
Figura 5 - Puçá utilizado para capturar peixes ornamentais, nas margens ao longo do rio 
Xingu, na terra indígena Paquiçamba - PA.
Ressalta-se que, no período chuvoso, a prática de mergulho (livre e/ou autônomo) é 
a principal modalidade de captura de peixes ornamentais. O mergulho livre é caracterizado 
basicamente pela utilização do ar contido nos pulmões, com uso de mascareta (máscara 
de mergulho) e vaqueta, para coleta manual dos peixes.
O mergulho autônomo, diferentemente do mergulho livre, consiste na prática de 
submergir na água utilizando um compressor de encher pneu automotivo (Figura 6A,B) 
adaptado a um motor de 3,5 Hp de potência e movido a gasolina ou gás butano, no qual 
é acoplado um fio elétrico entrelaçado a uma mangueira transparente do tipo rígido (¾ 
polegadas) e em sua extremidade a “chupeta” (o bocal para sucção, Figura 6C) e a lanterna 
A B
Boletim Técnico-Cientifico do CEPNOR
Bol. Téc. Cient. Cepnor, v. 11, n. 1, p: 71 - 79, 2011 76
(comum, mas com lâmpada de motocicleta, Figura 6D), que é fundamental para iluminar 
as áreas e orientar a seleção de peixes. É comum o compressor possuir de três a cinco 
saídas individuais para conectar às mangueiras, cujos comprimentos (de 20 m até 50 m) 
são estabelecidos de acordo com a profundidade e deslocamento para captura. Nessa 
modalidade, os pescadores conseguem permanecer submersos de duas a três horas, em 
locais mais profundos (superior a 5 metros), em pescarias praticadas nos períodos diurnos 
e noturnos.
Figura 6 - A) Aparato para prática da pesca por mergulho autônomo e B) Esquema do 
compressor de ar adaptado ao motor: 1. Compressor de ar; 2. Válvula de sucção do ar 
“chupeta” (C) e lanterna (D); 3. Sistema hidráulico de captação do ar; 4. Recipiente para 
combustível; 5. Motor de 3,5 Hp, adaptado ao sistema de dínamo, utilizado para acionar o 
compressor e para produzir energia elétrica; 6. Conjunto de válvulas ligado à mangueira, 
que conduz ar proveniente do compressor até o mergulhador.
As condições precárias na coleta e a exposição a baixas temperaturas, maior pressão 
e turbidez da água, além da forte correnteza, que se agravam nos períodos mais chuvosos, 
são citados como causas de dores corporais, após muitas horas de submersão. Por não 
existir qualquer tipo de filtro, no aparato da Figura 6, os pescadores acabam respirando 
“ar de motor”, ou seja, ar contendo poluentes de combustível (benzeno, hexano, chumbo, 
enxofre, dentre outros), que causam danos à saúde, que vão desde uma simples tontura 
a câncer, como citados por Gibotti (1999) e Dib et al. (2007). Além disso, podem ocorrer 
acidentes fatais por problemas como explosão do compressor e/ou ruptura da mangueira, 
caracterizando o mergulho autônomo como perigoso e impróprio para a saúde.
Adicionalmente, estes pescadores trabalham individualmente ou em pequenos grupos 
(núcleos familiares) que se deslocam para expedições longas (uma ou duas semanas) 
dependendo das espécies solicitadas pelo mercado, fato já verificado por Carvalho Jr. et al. 
(2009), com pescadores não indígenas do Xingu, gerando alguns acidentes, como lesões 
causadas pelos odontodes (estruturas ósseas e de forma cônica) dos acaris (Loricaridae) 
e “ferrões” (estrutura óssea serrilhada) de arraias (Potamotrygonidae), que são capturados 
manualmente, sem equipamento e/ou artefato de proteção.
Portanto, a pesca de peixes ornamentais na terra indígena Paquiçamba é realizada 
utilizando-se vários métodos e apetrechos de coleta (Figura 7), a fim de capturar uma 
diversidade de espécies em diversos ambientes, segundo peculiaridades e sazonalidade 
local. Ressalta-se que a futura construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, já considerada 
uma realidade para a região da Volta Grande do Xingu, provocará a diminuição da vazão do 
rio Xingu nessa área, causando diversos impactos para a biodiversidade, principalmente os 
organismos aquáticos, reduzindo os recursos pesqueiros.
Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Norte
Bol. Téc. Cient. Cepnor, v. 11, n. 1, p: 71 - 79, 2011 77
Figura 7 - Modalidades de pesca artesanal, utilizadas pelos índios Juruna, na Terra Indígena 
Paquiçamba - PA, para a captura das quatro principais famílias de peixes ornamentais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar da expressiva variedade de peixes ornamentais capturados na região, os 
principais espécimes comercializados pertencem à família dos acaris (Loricariidae) e das 
arraias (Potamotrygonidae), sendo capturados vivos, por meio de: redes (malhadeira, 
tarrafa, tarrafinha e puçá) e armadilhas, usando vaqueta e mergulho (livre ou autônomo).
No mergulho autônomo, há várias situações de risco à saúde, entretanto, acredita-
se que a elaboração de alternativas e implantação de tecnologias, que auxiliem a captura 
dos peixes ornamentais, melhoraria as condições da atividade na TI Paquiçamba, uma 
vez que a pesca ornamental é a principal fonte de rendae subsistência: a proibição dessa 
modalidade de pesca poderia acarretar em desemprego, êxodo e marginalidade dos Juruna, 
nos municípios do entorno da aldeia.
Além disso, a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, com a consequente 
alteração do nível e do curso d’água, provavelmente, implicará em mudanças tanto nas 
modalidades quanto nos apetrechos de pesca, assim como nas espécies capturadas na 
região.
AGRADECIMENTOS
A FAPESPA pela concessão da bolsa de doutorado ao primeiro autor. A FUNAI pelo 
apoio logístico e financeiro. Aos pescadores Juruna pelo interesse e apoio a este projeto.
REFERÊNCIAS 
BATISTA, V. S.; FREITAS, C. E. C.; SILVA, A. J. I.; FREIRE-BRASIL, D. The fishing activity 
of the river people in the floodplain of the Central Amazon. In: JUNK, W. J.; OHLY, J. J.; 
Boletim Técnico-Cientifico do CEPNOR
Bol. Téc. Cient. Cepnor, v. 11, n. 1, p: 71 - 79, 2011 78
PIEDADE, M. T. F.; SOARES, M. G. M. (Eds.). The Central Amazon Floodplain: actual use 
and options for a sustainable management. Leiden: Backhuys Publishers, p. 417-431, 2000.
CAMARGO, M.; GIARRIZZO, T.; CARVALHO Jr, J. R. Levantamento ecológico rápido da 
fauna íctica de tributários do médio-baixo Tapajós e Curuá. Boletim do Museu Paraense 
Emílio Goeldi, sér. Ciências Naturais, v. 2, n. 1, p. 229-247, 2005.
CAMARGO-ZORRO, M.; GIARRIZZO, T.; ISAAC, V. J. Review on geographic distribution of 
the fish fauna of Xingu River basin. Brazil. Ecotropica, v. 10, n. 2, p. 123-147, 2004.
CARVALHO-JR., J. R.; CARVALHO, N. A. S. S.; NUNES, J. L. G.; CAMÕES, A.; BEZERRA, 
M. F. C.; SANTANA, A. R.; NAKAYAMA, L. Sobre a pesca de peixes ornamentais por 
comunidades do rio Xingu, Pará – Brasil: relato de caso. Boletim do Instituto de Pesca, 
v. 35, n. 3, p. 521-530, 2009.
CHAO, N. L. Ornamental fishes and fisheries of the Rio Negro. Tropical Fish Hobbyist, v. 
40, n. 12, p. 84-102, 1992.
CHAO, N. L. Conservation of Rio Negro ornamental fishes. Tropical Fish Hobbyist, v. 41, 
n. 5, p. 99-114, 1993.
CINTRA, I. H. A.; JURAS, A. A.; SILVA, K. C. A.; TENÓRIO, G. S.; OGAWA, M. Apetrechos 
de pesca utilizados no reservatório da Usina Hidrelétrica de Tucuruí (Pará, Brasil). Boletim 
Técnico-científico do Cepnor, v. 9, p. 67-79, 2009.
DIB, M. A.; OLIVEIRA, L. R. Z.; DIAS, O. A.; TORRES, A. R. R.; SILVEIRA, N. A. Avaliação 
da qualidade do sêmen e do estado geral de saúde de frentistas de postos de gasolina da 
cidade de Goiânia. Estudos, v. 34, n. 11/12, p. 957-977, 2007.
DIEGUES, A. C. S. Áreas naturais protegidas: o mito do paraíso desabitado. Revista do 
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, v. 24, p. 88-97, 1995.
DIEGUES, A. C. S. O mito moderno da natureza intocada. São Paulo: Hucitec, 1996.
FOREIGN TRADE DIVISION. U.S. Census Bureau. Office of Trade and Economic Analysis 
(OTEA), International Trade Administration, U.S. Department of Commerce, 2007. Disponível 
em: http://www.ita.doc.gov/td/industry/otea/Trade-Detail/. Acesso em: 12.06.2011.
FUJIYOSHI, S. Exportação movimenta acima de US$ 350 mil. Revista Agroamazônia, n. 
2, 2002. Disponível em: http://www.revistaagroamazonia.com.br/ornamentais.htm. Acesso 
em: 10.06.2011.
GIBOTTI, M. J. Subsídios geológico-geotécnicos para a implantação de tanques de 
armazenagem subterrânea de combustíveis: estudo de caso em um solo da formação 
de Rio Claro. Dissertação. Universidade Estadual Paulista. Rio Claro, 1999.
HERCOS, A. P.; QUEIROZ, H. L.; ALMEIDA, H. L. Peixes ornamentais do Amanã, Tefé. 
Manaus: IDSM, 241p, 2009.
ISAAC, V.; CAMARGO-ZORRO, M.; GIARRIZZO, T.; MOURÃO Jr, M.; CARVALHO Jr, J. 
Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Norte
Bol. Téc. Cient. Cepnor, v. 11, n. 1, p: 71 - 79, 2011 79
R.; ZUANON, J. A. S. Levantamento da ictiofauna na região da UHE de Belo Monte, 
Altamira - PA. Relatório. Belém: Eletronorte. 144p, 2002.
MORAES, B. C.; COSTA, J. M. N.; COSTA, C. L.; COSTA, M. H. Variação espacial e temporal 
da precipitação no estado do Pará. Acta Amazonica, v. 35, n. 2, p. 207-214, 2005.
OLIVIER, K. The ornamental fish market. Rome: FAO/GLOBEFISH Research programme, 
v. 67, 91p, 2001.
PIECZARKA, J. C.; NAGAMACHI, C. Y.; MILHOMEM, S. S. R.; SOUZA, A. C. P.; CARVALHO 
Jr, J. R. Levantamento da biodiversidade e definição de espécies de interesse 
econômico de peixes ornamentais da região de Altamira, Pará. Relatório. SECTAM, 
Belém – PA. 67p, 2003.
PINHEIRO, C. Diagnóstico geral das práticas de controle ligadas a exploração, 
captura, comercialização, exportação e uso de peixes para fins ornamentais e de 
aquariofilia. Brasília: IBAMA, 2008.
POSEY, D. Indigenous knowledge and development: an ideological bridge to the future. 
Ciência e Cultura, v. 35, n. 7, p. 18-24, 1983.
POSEY, D. Indigenous people and sustainability: cases and actions. Gland: UICN, 1997.
PRANG, G. An industry analysis of the freshwater ornamental fishery with particular 
reference to the supply of Brazilian freshwater ornamentals to the UK market. Uakari, v. 3, 
n. 1, p. 7-51, 2007.
RIBEIRO, F. A. S.; CARVALHO Jr., J. R.; FERNANDES, J. B. K.; NAKAYAMA, L. Comércio 
brasileiro de peixes ornamentais. Panorama da Aqüicultura, v. 111, p. 54-59, 2008.
RIBEIRO, F. A. S.; CARVALHO Jr., J. R.; FERNANDES, J. B. K.; NAKAYAMA, L. Cadeia 
produtiva do peixe ornamental. Panorama da Aqüicultura, v. 112, p. 1-10, 2009.
SEIDEL, I. New information on the zebra pleco, Hypancistrus zebra. Tropical Fish Hobbyist, 
v. 44, n. 5, s.p., 1996.
TORRES, M. F. A pesca ornamental na bacia do rio Guamá: sustentabilidade e 
perspectivas de manejo. Tese. Universidade Federal do Pará. Belém, 284p, 2007.
VIEIRA, M. E. G.; SILVA, C. E.; LIMA, F. P. N.; CARVALHO Jr., J. R.; PIMENTEL, N. M. 
EIA-RIMA UHE Belo Monte estudo socioambiental componente indígena: Terra Indígena 
Paquiçamba. Relatório. Brasília - DF

Mais conteúdos dessa disciplina