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Patologias congênitas 1 Patologias congênitas Definição Grupo de alterações estruturais ou funcionais durante o desenvolvimento do feto. DETECÇÃO NA GESTAÇÃO → US morfológico, ECO fetal, translucência nucal e amniocentese (cariótipo) Pode ser isolada ou múltipla. Algumas não são significativas. TTO → clínico e/ou cirúrgico CAUSAS: Alterações genéticas Doenças infecciosas Nutricionais Ambientais Ou a combinação desses fatores. Idade materna é fator fundamental❗ GRUPOS DE ANOMALIAS: Cardiopatias congênitas Defeitos no tubo neural Microcefalia Fendas orais Anomalias de órgãos genitais Defeito de membros Defeitos da parede abdominal Síndromes genéticas Defeitos do tubo neural Falha no fechamento adequado do tubo neural embrionário na 4° semana. ANENCEFALIA → ausência completa ou parcial do cérebro e crânio; relacionada com medicações (ex.: roacutam), álcool, drogas, álcool etc ENCEFALOCELE → cérebro e meninges herniam através de um defeito da calota craniana ESPINHA BÍFIDA → defeito de fechamento ósseo posterior da CV; pode ser oculta (recoberto por pele normal; parece queimadura) ou ter protrusão cística (meningocele - meninges e LCR ou mielomeningocele - ME e nervos = mais comum); tto efetivo MICRO/MACROCEFALIA → alteração no tamanho do perímetro cefálico, 2 desvios padrões; verificar os que nascem com perímetro menor ou que não desenvolvem adequadamente Fendas orais 4°-12° semana gestacional. Falta ou deficiência de fusão dos processos maxilares e nasal e/ou processos palatinos. Deve-se sempre avaliar o palato. Fenda labial Fenda palatina Patologias congênitas 2 Anomalias dos órgãos genitais HIPOSPÁDIA GENITALIA AMBÍGUA (sexo indeterminado) Defeitos nos membros PÉ TORTO CONGÊNITO (não é capaz de alterar para posição normal, diferente do pé torto fisiológico, que, se mexer, é possível colocar na posição adequada) AUSÊNCIA DE PARTES DE MEMBROS POLIDACTILIA Defeitos da parede abdominal GASTROSQUISE (sem pele recobrindo) ONFALOCELE (dentro do cordão) Patologias congênitas 3 Síndromes genéticas SD. DOWN (trissomia do 21) SD. PATAU (trissomia do 12) SD. EDWARDS (trissomia do 18) SD. NOONAN Cardiopatias congênitas Coração normal Formado até a 8° semana de gestação - canal arterial se fecha no 7° dia de vida (”mal dos 7 dias”). 4 câmaras → AD, VD, AE, VE Patologias congênitas 4 4 valvas → tricúspide, pulmonar, mitral e aórtica Sangue venoso - AD → VD → pulmões Sangue arterial - AE → VE → corpo De 100 crianças que nascem, 1 é cardiopata. PRESSÕES NAS CÂMARAS CARDÍACAS (determinam o fluxo): Qp = quantidade de sangue que passa pelo pulmão Qs = quantidade de sangue que passa pelo sistema Patologias congênitas 5 Avaliação do paciente Anamnese Exame Físico Rx tórax ECG ECO (padrão ouro para diagnóstico) Estudo Hemodinâmico TC RM RX NORMAL: RX ALTERADO: Índice cardiotorácico Patologias congênitas 6 Patologias congênitas 7 Cardiopatias congênitas Hiperfluxo Pulmonar → PDA (persistência do ducto arterial), CIA (comunicação interatrial), CIV (comunicação interventricular), DSAV (defeito do septo atrioventricular) Lesões Obstrutivas → Coarctação Aorta (CoAo) Hipofluxo Pulmonar → Tetralogia de Fallot (ToF) Mistura artério-venosa → TGA (transposição das grandes artérias) obs.: SCEH → sd. do coração esquerdo hipoplásico → hipoplasia do VE obs.: sopros cardíacos → BEDA (borda esternal direita alta), BEEA (borda esternal esquerda alta), BEEM (borda esternal esquerda média) e BEEB (borda esternal esquerda baixa) Persistência do canal arterial (PCA) Transposição das grandes artérias - formato oval Patologias congênitas 8 Fluxo da a. aorta para o tronco pulmonar. SOPRO → sopro contínuo BEEA e dorso Pulsos amplos ECG → normal ou SAE/SVE (sobrecarga arterial/ventricular esquerda) RX → hiperfluxo; aumento de câmaras esquerdas e da trama pulmonar SINTOMAS → cansaço nas mamadas, menor ganho ponderal, infecções respiratórias, ICC TTO → cirurgia e medicamentos Atenção ao RN prematuro❗ TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: IBUPROFENO Droga de escolha atual. 1° dose = 10 mg/kg 2° dose = 5 mg/kg 3° dose = 5 mg/kg Associa-se a menor risco de ECN e insuficiência renal transitória PARACETAMOL Na presença de situações que contraindicam o uso de Ibuprofeno e quando não há resposta ao Ibuprofeno. A dose efetiva para o fechamento do canal arterial é desconhecida. Sendo assim, até que surjam novos estudos farmacocinéticos: 15mg/kg/dose de 6/6 horas por 3 dias (Brasil). Fechamento do canal arterial no 7° dia de vida e estruturação do sistema cardiorrespiratório do RN Patologias congênitas 9 Usar até IG de 34 semanas ou idade cronológica de 14 dias de vida. Se RN prematuro extremo - há relatos de uso acima de 14 dias de vida Indometacina tem eficácia semelhante. Se houver falha ou contraindicação no tto medicamentoso por 2 ciclos → cirurgia. Comunicação interatrial Fluxo AE-AD (não fechamento de ostium secundum, primum etc) Sopro sistólico BEEA/BEEM Desdobramento fixo 2° bulha ECG → normal, sobrecarga atrial, BRD RX → “normal” ECO → Qp/Qs >1,5 SINTOMAS → não há cansaço nas mamadas, ganho ponderal normal, sem ICC /endocardite TTO → cirúrgico/percutâneo Atenção: 2°-3° década vida❗- risco de hipertensão pulmonar Patologias congênitas 10 Comunicação interventricular Fluxo VE-VD. Sopro sistólico de regurgitação BEEM (frêmito??) Pulsos finos ECG → normal, SVD + SVE ECO → Qp/Qs >1,5 RX → Hiperfluxo pulmonar, aumento de câmaras E SINTOMAS → cansaço e sudorese mamadas, baixo ganho ponderal, infecções respiratórias, ICC TTO → operação Atenção: Evolução❗ TAMANHO DA CIV (relação com gravidade): Tto com pericárdio bovino Patologias congênitas 11 TRATAMENTO: Pode ter repercussão já nos primeiros meses de vida. Acompanhamento com Cardiologista pediátrico e tratamento para ICC. Tto cirúrgico. Defeito do septo atrioventricular DSAV PARCIAL → VIA, valva AV com 2 orifícios e fenda na valva AV esquerda DSAV TOTAL → CIA e CIV e valva com 1 orifício somente Patologias congênitas 12 CLASSIFICAÇÃO DE RASTELLI (cirurgia - conexão das valvas aos mm. papilares) DSAV, principalmente, a completa, altera pressões cardíacas e fluxo sanguíneo. HISTÓRIA NATURAL (COMPLETA): Insuficiência cardíaca com 1-2 meses Pneumonias de repetição Doença obstrutiva vascular pulmonar (DOVP) obs.: sd. down são mais propensos a DOVP - operar antes de 6m Gera sd. Eisenmenger - hipertensão pulmonar por hiperfluxo pulmonar Alta mortalidade aos 2-3 anos se não operados TRATAMENTO: CLÍNICO → ICC = furosemida, captopril (digoxina não se utiliza mais) e profilaxia de endocardite infecciosa Tipo C>A>B Patologias congênitas 13 CIRÚRGICO → indicação: 3-8m; mortalidade 5-10%; complicações = insuficiência da valva AV esquerda, BAVT <5%, arritmias supraventriculares Coarctação da aorta Estreitamento da a. aorta. Maioria assintomático quando RN. SINTOMAS → hipertensão arterial, cefaléia, escotomas, dor MMII após esforço Sopro contínuo costas Pulsos finos ou ausentes MMII ECG → normal, SVE RX → normal, corrosão costal TTO → cirúrgico ou percutâneo (stent); tto no diagnóstico; tto ICC Atenção: CoAo grave no RN❗ obs.: deve-se palpar pulsos MMSS e MMII rotineiramente e aferir PA em 4 membros (atenção ao RN na 1° consulta ambulatorial) obs.: corrosão costal = sinal do 3 (convexidade da aorta descendente para a esquerda com aumento da artéria subclávia esquerda) = alta gravidade (sinal de Roesler) Tetralogia de Fallot (T4F) 4 defeitos, devido a desvio anteroposterior do septo interventricular: CIV Patologias congênitas 14 Obstrução da via de saída de VD com estenose da AP Hipertrofia do VD Dextroposição da a. aorta com cavalgamento do septo Sopro sistólico, ejetivo e extenso. Frêmito frequente. Sopro < crises hipóxia ECG → SVD RX → bota Cianose variável. Hipopluxo pulmonar. TTO → cirúrgico ❗Atenção para crise de hipóxia. Não confiar na visibilidade da cianose. Não dar digitálicos. SINTOMAS →cianose grave, geralmente manhã, irritabilidade, diminuição do sopro, perda consciência, convulsão, AVC, óbito. ❗Tratamento da crise hipóxia: Posição genupeitoral Oxigênio Correção rápida acidose, Hb/Ht Morfina: 0,1-0,2 mg/Kg SC ou IM ou IV Propanolol: 2-6 mg/Kg/dia 3 vezes/dia VO Expansão com SF0,9% 10ml/kg OPERAÇÃO BLALOCK-TAUSSIG → comunicação a. subclávia e a. pulmonar Patologias congênitas 15 Administrar AAS 5mg/kg/dia Internar caso febre (riso endocardite) e diarreia e vômitos (risco de oclusão) Transposição de grandes artérias SINTOMAS → hipoxemia, sd. baixo débito cardíaco, acidose metabólica RN termo AIG (gordo e fofo) Cianose primeiras 24h Sopro ausente ou sistólico ejetivo fraco ❗Atenção → prostaglandina 0,01-0,1 mcg/kg/min (prostin) TRATAMENTO: Intubação FiO2 100% Berço aquecido Sedação Prostaglandina (Prostin: 0,01 μg/Kg/min) Correção distúrbios metabólicos Dependente PDA e ou CIA Transporte adequado (intra-útero) Hospital terciário = Rashkind Operação Jatene obs.: redução da StO2 = antibiótico, prostin, rashkind e operação Patologias congênitas 16 Sopro inocente Som “anormal” do coração. Ausência alterações orgânicas Sopro no ápice do coração, BEE, suave, musical (zumbido venoso BEA) Tenho que fazer eco??? Depende!!! Não precisa, mas pedir na realidade. Still → área de estreitamento da saída do VE Ejeção pulmonar → via de saída de VD Supraclavicular → ramificação das artérias pulmonares (RN) Zumbido venoso → turbulência originada no retorno venoso na confluência das veias inominada, jugular interna e subclávia direita. Deve-se fazer o DD: Cirurgias paliativas Patologias congênitas 17