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Documento não controlado - AN03FREV001 34 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação Documento não controlado - AN03FREV001 35 CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. Documento não controlado - AN03FREV001 36 MÓDULO II 2 CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A Administração Pública pode ser definida objetivamente como a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve para a consecução dos interesses coletivos e subjetivamente como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas ao qual a lei atribui o exercício da função administrativa do Estado. A Administração Pública representa as entidades e os órgãos que realizam atividades com vistas a concretizar as necessidades gerais e os fins almejados pelo Estado. A administração federal compreende a administração direta e a administração indireta: A Administração Pública direta é a estrutura que representa atuação direta do Estado por suas unidades federadas. Constitui-se dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios (art. 76 da CF). Administração indireta corresponde ao conjunto de pessoas jurídicas de direito público e privado, criadas (autarquias) ou autorizadas por lei (empresa pública, sociedade de economia mista e fundação) com a finalidade de auxiliar a Administração direta na realização de determinadas atividades. Assim sendo, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 consagrou a constitucionalização dos preceitos básicos do direito Administrativo ao prescrever que a Administração Pública direta e indireta de qualquer dos poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, além dos preceitos distribuídos nos 21 Documento não controlado - AN03FREV001 37 incisos e 10 parágrafos do art. 37 e das demais regras previstas nos arts. 38 a 42. Administração Pública em sentido subjetivo são as pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos que exercem a função administrativa; em sentido objetivo é a própria atividade administrativa exercida por aqueles órgãos, visando à satisfação das necessidades coletivas ou interesse público. É o conjunto de órgãos, pessoas jurídicas e agentes públicos da Administração Direta e Indireta a qual a lei atribui o exercício da função administrativa do Estado. A Administração pública exerce a função administrativa por meio de atos e contratos administrativos. Para exercê-los corretamente, ela tem poderes funcionais e deve seguir os princípios administrativos. Segundo o Mestre Hely Lopes Meirelles, Administração Pública, “...em sentido formal, é o conjunto de órgãos instituídos para consecução dos objetivos do Governo; em sentido material, é o conjunto das funções necessárias aos serviços públicos em geral; em acepção operacional, é o desempenho perene e sistemático, legal e técnico, dos serviços próprios do Estado ou por ele assumidos em benefício da coletividade. Numa visão global, a Administração é, pois, todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de seus serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas. A Administração não pratica atos de governo; pratica, tão-somente, atos de execução, com maior ou menor autonomia funcional, segundo a competência do órgão e de seus agentes. São os chamados atos administrativos, que, por sua variedade e importância, merecem estudo em capítulo especial”. (MEIRELLES, 2005, página 59). Completa explicando que o governo é atividade política e discricionária, enquanto que a administração é atividade vinculada à lei ou à norma técnica, portanto, neutra. É também conduta hierarquizada, servindo como instrumental de que dispõe o Estado, pessoa jurídica de direito público interno, de acordo com o nosso Código Civil, para consecução dos seus objetivos essenciais. Em resumo, Administração Pública, em direito administrativo, serve tanto para designar as pessoas como os órgãos governamentais, como atividade administrativa em si. Documento não controlado - AN03FREV001 38 2.1 ATIVIDADE ADMINISTRATIVA Atividade administrativa nada mais é do que a gestão de bens, interesses e serviços públicos com o objetivo de se alcançar o bem comum, atendo-se sempre a lei e a moralidade administrativa. A natureza jurídica da atividade administrativa pública é uma obrigação assumida em nome e em razão do interesse público, sendo certo que os direitos e as prerrogativas conferidos ao agente são em função de seu cargo e nunca em razão de sua pessoa. Ela se instrumentaliza por meio de atos qualificados como atos de império, de gestão e de expediente. Atos do império em relação à atividade administrativa são aqueles em que a administração pública decide ou emprega seu poder coercitivo em relação aos administrados. Atos de gestão são aqueles que ordenam a conduta interna da administração e de seus servidores, ou que geram direitos e obrigações entre a administração e os administrados. Atos de expediente são os que tratam da movimentação e do preparo dos procedimentos administrativos, encaminhando-os para a decisão da autoridade competente. Os três Poderes, o Legislativo, Executivo e Judiciário, de todas as entidades federativas como a União, Estados Federados, Distrito Federal e Municípios, têm necessidade de praticar atividades administrativas, exercer a função administrativa, ainda que restritos à sua organização e ao seu funcionamento. Função é o conjunto de competências determinadas por lei. Já a atividade são atos contínuos, ou seja, sequência de ações para realização de fins. A função do Legislativo consiste em elaborar normas jurídicas de caráter abstrato e impessoal, que conferem a todos, indistintamente, um Direito Subjetivo público ao objeto da tutela. Assim, o legislativo cria normas jurídicas; vale lembrar que o poder legislativo tem a função legiferante, mas também tem o poder constituinte de dispor sobre sua organização e funcionamento, bem como elaborar seu regimento interno. Documento não controlado - AN03FREV001 39 A função do Judiciário dirige-se a pessoa determinada, com decisão concreta e específica sobre determinada matéria, válida para uma determinada pretensão levada a Juízo, a qual o Juiz aplica a norma adequada, individualizada. Assim, o poder judiciário busca a solução de conflitos que lhe foram provocados. Entretanto, tem capacidade auto-organizatória em relação a cada um de seus tribunais. Seus atos de organização se encontram nas leis estaduais de divisão e organização judiciárias e em seus regimentos internos. A função do Executivo é praticar os atos de chefia de Estado, ou seja, representar a nação, de Governo e de Administração. Esse poder é exercido pelo Presidente da República com o auxílio dos Ministros de Estado. Assim, o executivo é o poder incumbido do exercício da atividade administrativa em geral, mas o legislativo e o judiciário também têm essa incumbência quando precisam organizar-se para desempenhar atividades de apoio necessárias às funções típicas a seu cargo, a normativa e a jurisdicional. Embora sejam estruturas autônomas, os poderes se incluem nessas pessoas e estão imbuídos danecessidade de atuarem centralizadamente por meio de seus órgãos e agentes. Sendo assim, a função administrativa é a atividade concreta e imediata dos atos concretos e executórios, exercida pela Administração Pública para a consecução do interesse público. Para realizar as atividades próprias do Estado, deve ele aparelhar-se de modo eficaz para a consecução do ideal federativo. As atribuições administrativas de cada ente decorrem das competências distribuídas pela Constituição Federal. Cada um dos entes políticos que integram a República Federativa brasileira é dotado de estrutura administrativa própria, independente das demais. Em resumo, as pessoas que exercem as atividades de Administração Pública são agentes de Direito público. As atividades administrativas e seus atos em geral gozam de executoriedade prática, ou possibilidade imediata de serem realizados. A administração, visando o interesse social, desempenha suas atividades, diretamente por intermédio de seus agentes técnicos e administrativos, devidamente selecionados, ou então o faz indiretamente, delegando para outra personalidade jurídica de direito público, ou mesmo para uma instituição de Documento não controlado - AN03FREV001 40 direito privado que possa agir em nome da referida Administração Pública, o que significa, neste caso, outorga de competência, como ocorre nas concessões, permissões, etc. 2.2 BENS PÚBLICOS 2.2.1 Conceito A palavra “bem” apresenta vários sentidos análogos, semelhantes, mas não idênticos. Em um sentido utilitário, bem é aquilo que representa a satisfação de uma necessidade imediata. Em um sentido ético, bem é aquilo que se mostra conforme a norma social, ao ideal de moralidade do grupo social e que, por isso, deve ser buscado em si mesmo. Na verdade, bem é toda coisa dotada de valor, ou seja, é a importância que se atribui a uma coisa. Assim, bens são coisas materiais ou imateriais que têm valor econômico e que podem servir de objeto a uma relação jurídica. Os bens são espécies de coisas. As coisas abrangem tudo o que há na natureza, exceto a pessoa, mas como “bens” só se consideram as coisas existentes que proporcionam utilidade ao homem, sendo suscetíveis de apropriação, constituindo seu patrimônio, que podem ser os bens corpóreos e os bens incorpóreos. Assim, o patrimônio é o complexo de relações jurídicas de uma pessoa apreciável economicamente. Segundo o Código Civil, em seu artigo 99, são bens públicos, I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. (CC, art. 99). Documento não controlado - AN03FREV001 41 Bens Públicos são aqueles que pertencem às pessoas jurídicas de direito público interno, à administração direta ou indireta. Enfim, são os que pertencem a uma entidade de direito público, como bens pertencentes à União, ao Estado, aos Municípios. 2.2.2 Classificação Os bens públicos se classificam quanto à titularidade, quanto à destinação e quanto à disponibilidade. Quanto à titularidade, os bens podem ser federais, estaduais, distritais e municipais. Federais são aqueles pertencentes à União, enumerados no art. 20 e incisos da CF, pois levam em conta a segurança nacional, a proteção à economia do País, o interesse público nacional e a extensão do bem. Os bens classificados como federais, em razão da segurança nacional, são as terras devolutas necessárias à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, os lagos e rios, as ilhas oceânicas, fluviais, o mar territorial e os terrenos de marinha. Os bens classificados como federais em razão da proteção à economia do País são os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva, os recursos potenciais de energia hidráulica e os recursos minerais. Os bens classificados como federais em razão do interesse público nacional são as vias federais de comunicação, a preservação do meio ambiente, as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré- históricos, além das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. Os bens classificados como federais em razão de sua extensão, os lagos e rios que banham mais de um Estado. Estaduais e Distritais são os bens pertencentes, respectivamente, aos Estados membros e ao Distrito Federal, enumerados no art. 26 da CF Documento não controlado - AN03FREV001 42 (as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes ou em depósito, às áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, às ilhas fluviais e lacustres, bem como às terras devolutas não pertencentes à União.) Municipais são os bens que pertencem aos municípios, porém não estabelecidos na CF, como as ruas, praças, os jardins públicos e os edifícios públicos. Quanto à destinação, classificam em bens de uso comum ao povo, bens de uso especial e bens dominicais. Previstos no artigo 99, incisos I, II, III do C.C. Bens de uso do povo são aqueles que se destinam à utilização geral pelos membros da coletividade, ou seja, podem ser empregados sem restrição, de modo gratuito ou onerosamente, por todos, sem necessidade de qualquer permissão especial, como ruas, praças, jardins, praias, estradas, etc. Bens de uso especial são aqueles que visam à execução dos serviços administrativos e ao público em geral e que constituem o aparelhamento material da administração, ou seja, são os utilizados pelo poder público, constituindo imóveis aplicados ao serviço ou estabelecimento público destinados às instalações da Administração e serviços públicos, como escolas públicas, hospitais, os quartéis e os veículos oficiais. Os bens públicos dominicais são aqueles que não são de uso comum do povo nem de uso especial, constituindo o patrimônio das pessoas de direito público como objetos de direito pessoal ou real, como os bens móveis inservíveis e a dívida ativa. Assim, bens dominicais são os que compõem o patrimônio público, abrangem os bens móveis ou imóveis, como títulos da dívida pública, estradas de ferro, rios navegáveis, sítios arqueológicos, terrenos de marinha e acrescidos, terras devolutas, ilhas formadas em mares territoriais, etc. Assim, a Constituição Federal enumerou os bens públicos que pertencem à União, como os bens públicos de uso comum, pois de livre acesso e utilização de todos; os bens públicos de uso especial, uma vez que sua destinação direciona-se à administração federal e funcionamento do governo e, por fim, os bens públicos dominicais ou dominiais, possíveis de alienação, pois Documento não controlado - AN03FREV001 43 se trata de bens públicos cuja natureza jurídica assemelha-se aos bens privados. Quanto à disponibilidade, são os bens indisponíveis, bens patrimoniais indisponíveis e bens patrimoniais disponíveis. Os bens indisponíveis são os que não têm caráter tipicamente patrimonial e que não podem ser alienados, onerados ou desviados das finalidades a que se destinam, como os bens de uso comum ao povo. Bens patrimoniais indisponíveis são os que possuem caráter patrimonial, ou seja, podem ser avaliados pecuniariamente, mas são indisponíveis, pois constituem o aparelhamento do Estado, como os bens de uso especial. Bens patrimoniais disponíveis são os que possuem caráter patrimonial e podem ser alienados, desde que sejam obedecidas as condições legais, como os bens dominicais em geral. Podemos concluir que todos os bens públicos podem ser utilizados pela pessoa jurídica de direito público aque pertencem e alguns podem ser utilizados por particulares, livremente ou com observância de certos preceitos. O uso comum dos bens públicos é a utilização do bem pela sociedade sem distinção entre os usuários, sem onerosidade e nem anuência estatal específica para esse fim, por exemplo, qualquer indivíduo pode andar pelas calçadas e praças públicas. Já o uso especial dos bens públicos é a utilização do bem pelo usuário que se submete a regras específicas e à anuência estatal (uso privativo), ou que se sujeita à onerosidade, como por exemplo, uso da calçada pública para colocação de mesas de bar e pagamento de pedágio nas estradas. 2.3 ÓRGÃO PÚBLICO De acordo com o art. 37 da CF: Documento não controlado - AN03FREV001 44 “Órgão público é o centro de competências, unidade de ação, instituído para o desempenho das funções estatais, por meio de seus agentes que ocupam cargos públicos, cuja conduta é imputada à pessoa jurídica de direito público interno a que pertencem”. (CF, art. 37). Assim, órgão público é uma unidade de atuação, integrada por agentes públicos, que compõe a estrutura da administração para tornar efetiva a vontade do Estado, como exemplo, temos o Ministério Público, Secretaria de Educação, Tribunal de Justiça, Presidência da República, Ministério da Fazenda. São, pois, unidades de ação com atribuições específicas na organização estatal e que, como centro de competência governamental ou administrativa, possuem funções, cargos e agentes. 2.4 CLASSIFICAÇÃO DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS Os órgãos integram a estrutura do Estado e das demais pessoas jurídicas que fazem parte da administração estatal. Dada a sua complexidade, os órgãos são classificados em diferentes escalas estatais, quer em função de sua estrutura quer em relação às suas funções especializadas. Os órgãos públicos podem ser classificados quanto à posição estatal, quanto à sua estrutura e quanto à atuação funcional. Sendo assim, os órgãos públicos quanto à posição estatal podem ser: independentes, autônomos, superiores, subalternos. Os órgãos independentes têm origem na Constituição Federal e representam um dos três poderes do Estado, sem qualquer subordinação hierárquica ou funcional, sujeitos tão somente aos controles constitucionais de um sobre o outro. Além disso, fruem de autonomia financeira, administrativa e política. Segundo Hely Lopes Meirelles, Documento não controlado - AN03FREV001 45 “Quanto à posição estatal - órgãos independentes: são constitucionais, representativos dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, sem qualquer subordinação hierárquica ou funcional, só sujeitos aos controles constitucionais de um Poder pelo outro; exercem precipuamente as funções outorgadas diretamente pela Constituição, desempenhadas por agentes políticos, segundo normas especiais e regimentais”. (MEIRELLES, 2005 página 63). Como exemplo, temos a chefia do Poder Executivo, Congresso Nacional, Tribunais de Justiça. Os órgãos autônomos são os que se localizam na cúpula da Administração, ou seja, localizados no alto da estrutura organizacional da administração pública, abaixo dos órgãos independentes e a eles subordinados. Têm ampla autonomia, administrativa, financeira e técnica, com função de planejamento, supervisão, coordenação e controle de atividades, por exemplo, Ministérios, Secretarias estaduais e municipais. Os órgãos superiores são os que detêm poder de direção, controle e decisão sobre assuntos de sua competência, atuando sob subordinação hierárquica, não fluindo de autonomia financeira. Como exemplo, temos chefias de gabinetes e inspetorias gerais. Órgãos superiores são os que detêm poderes de direção, controle, decisão e comando de assuntos de uma competência específica. Os órgãos subalternos são todos os demais que se acham sob o comando dos órgãos superiores ou mais elevados. Ou seja, sujeitos hierárquica e funcionalmente aos órgãos superiores, têm como atribuição precípua a execução, não têm autonomia técnica, nem financeira, não têm nenhum poder de decisão, apenas cumprindo ordens, como exemplo, temos o almoxarifado da Secretaria do Ministério da Fazenda, portarias dos prédios públicos, repartições que atendem a coletividade. Quanto à sua estrutura, podem ser classificados em simples ou compostos. Simples são aqueles constituídos por um centro de competência, como a chefia de gabinete de ministério. Compostos são aqueles integrados por outros órgãos públicos menores, com a mesma função principal, como as secretarias de saúde, formadas, entre outros, por hospitais e postos de saúde. Quanto à atuação funcional, podem ser singulares ou colegiados. Órgão público singular é o que atua e decide pela manifestação de um só agente, que é seu titular, como a Presidência da República. Órgão público colegiado é o Documento não controlado - AN03FREV001 46 que decide e age pela manifestação de vontade da maioria de seus membros, como o Conselho de Defesa Nacional. 2.5 AGENTE PÚBLICO 2.5.1 Conceito São todas as pessoas físicas incumbidas do exercício da função estatal definitiva ou transitória, desempenhada nos órgãos. São pessoas físicas distribuídas entre cargos de que são titulares. Ou ainda, entende-se que todos aqueles que desempenham uma atividade estatal, seja em caráter temporário ou definitivo, são agentes públicos. Assim, é o conjunto de pessoas que, dentro da Administração Pública, a qualquer título, de forma definitiva ou transitória, política ou jurídica, remunerada ou gratuita, exerce uma função pública. É qualquer indivíduo que presta serviço público. Portanto, agentes públicos são todos os agentes que, exercendo com caráter permanente uma função pública em decorrência de relação de trabalho, integram o quadro funcional das pessoas federativas, das autarquias e das fundações públicas de natureza autárquica. A atividade dos agentes públicos envolve dois conceitos importantes: cargo público e função pública. Existem três categorias agentes públicos: Agentes Políticos, Servidores Públicos (agentes administrativos) e Particulares em colaboração com o Poder público. Os agentes políticos integram o centro de poder político do Estado. Ou seja, são os que compõem os primeiros escalões do governo, investidos em cargos, funções, mandatos ou comissões, por meio de nomeação, eleição, designação e delegação para o exercício das atribuições constitucionais. São eles: o Presidente da República, Governadores, Prefeitos, seus auxiliares, os Senadores, Deputados Federais, estaduais, Distritais e vereadores. Tais agentes têm plena liberdade funcional. Não são funcionários Documento não controlado - AN03FREV001 47 públicos em sentido estrito, pois tem normas específicas para sua escolha e investidura. Assim, os agentes políticos: Ocupam o ápice da estrutura administrativa, exercendo cargo representativo de poder do Estado, sem sujeição hierárquica e funcional a quem quer que seja, Possuem atribuições previstas na Constituição Federal (CF, art. 84) Possuem regime jurídico próprio. Os agentes administrativos são todos aqueles que se vinculam ao Estado ou às suas Entidades autárquicas por relações profissionais, sujeitos à hierarquia funcional e ao regime estatutário da pessoa jurídica de direito público a que servem. São investidos a título de emprego, com remuneração estipulada em carreira e com cargos e funções especificadas, tanto na administração direta ou indireta do órgão. Denominam-se servidores públicos. Os servidores públicos em sentido estrito são os que mantêm com o Poder Público um vínculo de caráter profissional, apresentando subordinação hierárquica. E a última das categorias, vale dizer, particulares em colaboração com o Poder público, engloba todos os demais que desempenhamuma função pública, sob qualquer pretexto. Podem ser particulares em colaboração: Por requisição do Poder público, caso dos jurados, os membros da mesa apuradora em períodos de eleição; Gestores voluntários, aqueles que assumem por sua conta a Administração Pública, em momentos de calamidade pública ou de emergência; Por delegação do poder público, aqueles que desempenham, com a anuência do Estado, um serviço público, como os concessionários e permissionários, os que exercem serviços notariais e de registro. Assim, particulares em colaboração são os que exercem transitoriamente o serviço público por meio de delegação, ou seja, por contrato administrativo, como leiloeiros, comissário de menores voluntários, conciliador, etc. São escolhidos em razão de sua condição cívica, de sua honorabilidade ou Documento não controlado - AN03FREV001 48 de sua notória capacidade profissional, não são remunerados, não têm estabilidade, não têm habitualidade na sua atuação, não ocupam cargo público. Agentes honoríficos constituem-se naqueles cidadãos convocados, designados ou mesmo nomeados, para exercerem, transitoriamente, determinados serviços do Estado. 2.5.2 Cargo, Emprego e Função Cargo significa a denominação dada a mais simples unidade de poderes e deveres estatais a serem expressos por um agente. Cargo público consiste em um lugar específico, que possui denominação própria, instituído na organização do serviço público com um conjunto de deveres e atribuições individuais, a ser provido e exercido por um titular. Ou seja, é o lugar dentro da organização funcional da administração direta e de suas autarquias e fundações públicas que, ocupado por servidor público, tem funções específicas. Assim, cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades de um agente público. Somente podem ser criados por lei e com denominação própria. Para Celso Antônio Bandeira de Mello, cargo “é o lugar instituído na organização do serviço público, com denominação própria, atribuições e responsabilidades específicas e estipêndio correspondente, para ser promovido e exercido por um titular, na forma estabelecida em lei”. (BANDEIRA DE MELLO, 2007, página 810). Cada órgão administrativo conta com um número determinado de cargos, criados por lei, com denominação própria, atribuições e padrão de vencimentos específico. A palavra “emprego” público passou a ser utilizada para denominar um vínculo de ligação com o Estado diverso daquele existente no cargo público, embora se refira, igualmente, a uma unidade de atribuições. Documento não controlado - AN03FREV001 49 Quem ocupa emprego público tem um vínculo contratual regido pela CLT. O exercício da função pública se tem quando: Tratar-se de servidor contratado temporariamente com base no art. 37, IX; Tratar-se de função correspondente às chefias, direção ou mesmo assessoramento. É por isso que o artigo 37, II, não exige concurso público prévio para essa modalidade. A função pública não titulariza cargo público. Função são atribuições ou encargos destinados à realização de uma determinada finalidade estatal. É importante saber que pode existir função pública não vinculada a cargo público, mas nunca um cargo sem função pública. Como exemplo, havendo uma função ligada a um agente temporário, como mesário de eleições, haverá uma função, mas não um cargo público definitivo. Esse é o chamado cargo honorífico, já que não há vinculação do agente. Compete ao Congresso Nacional a aprovação de leis que criem, transformem ou extingam cargos, empregos ou funções públicas, é o que prevê o artigo 48, X da CF. Mas para isso é preciso obedecer algumas regras, por exemplo, para cargos, empregos e funções do poder Executivo a iniciativa tem que ser do chefe do Executivo. O regime remuneratório dos agentes políticos e dos servidores públicos atende algumas regras específicas da Constituição, de acordo com art. 39, § 4° da CF. Sendo assim, somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices. Assim, remuneração do servidor público representa a soma dos vencimentos com as vantagens a que ele tem direito. Certos cargos possuem um regime especial de pagamento, chamado subsídio, como, por exemplo, os magistrados, os membros do Ministério Público, os defensores públicos, policiais, cargos eletivos, ministros de Estado, etc. A diferença entre a remuneração e o subsídio é que este é pago necessariamente em parcela única, vedando-se qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio ou verba de Documento não controlado - AN03FREV001 50 representação. O valor das remunerações e dos subsídios deve ser publicado anualmente seguindo o princípio da publicidade. É vedada a acumulação de cargos, empregos e funções públicas, seja na Administração direta ou indireta, bem como nas fundações mantidas pelo Poder Público. As exceções são apenas três: Dois cargos de professor Um cargo de professor com outro de natureza técnica ou científica Dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, desde que com profissões regulamentadas, conforme a EC n° 34/2001. Dois cargos privativos de médicos. Em qualquer hipótese, exige-se que haja compatibilidade de horários entre as duas atividades. Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros bem como aos estrangeiros, desde que preenchidos os requisitos estabelecidos em lei. Desde a promulgação da EC n° 19/98, aos estrangeiros, é vedado qualquer possibilidade de discriminação abusiva, que desrespeite o princípio da igualdade, por flagrante inconstitucionalidade. Estabilidade é a garantia constitucional de permanência no serviço público outorgada ao servidor que, nomeado por concurso público em caráter efetivo, tenha cumprido o estágio probatório. Significa que não pode ser demitido senão em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou após processo administrativo no qual haja sido assegurada ampla defesa, ou mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho. Ou melhor, a estabilidade consiste na integração do servidor ao serviço público, depois de preenchidas as condições fixadas em lei, e adquirida pelo decurso de tempo. A nomeação em caráter efetivo constitui-se em condição primordial para a aquisição da estabilidade. É o que prevê o art. 41 da CF cuja modalidade é a efetividade. Pode também ser exonerado em consequência de excesso de despesa com pessoal, de acordo com os critérios a serem fixados em lei complementar. A demissão tem caráter de penalidade. A exoneração, ao contrário, é uma dispensa sem nenhuma conotação de penalidade. Documento não controlado - AN03FREV001 51 Entre as penalidades estão: a advertência, a suspensão por até 90 dias, a demissão (nos casos graves) e a cassação de aposentadoria (por falta cometida quando ainda na ativa). Com relação à aposentadoria, com a unificação do regime previdenciário, por meio da EC n° 41/04, o servidor público segue o mesmo regime de contribuição do setor privado. Salvo aqueles inseridos na regra de transição, artigos 2° e 6° da mesma emenda. Quanto à perda de cargo público, ocorre nas seguintes formas: Disponibilidade: é o desligamento do serviço ativo por ter sido extinto o cargo que o funcionário ocupava; Vacância: ocorre quando o funcionário é destituído do cargo, desinvestidura. Pode ser por: a) exoneração (que é o desligamento sem caráter punitivo), a pedido do interessado, desde que não esteja sofrendo processo; de ofício, livremente, nos cargos em comissão; motivada por insuficiência de desempenho ou para observar o limite máximo de despesa com pessoal. b) demissão (que é o desligamento punitivo) dá-se por ausênciaao serviço sem justa causa por mais de 30 dias consecutivos, ou por 60 dias, intercalados, no âmbito federal ou, ainda, ausência de 45 dias, intercaladamente, no âmbito estadual. 3) dispensa (que é o caso de desligamento daquele admitido sob o regime da CLT), quando não há justa causa nesta. 2.6 SERVIÇOS PÚBLICOS 2.6.1 Conceito Em sentido amplíssimo, o serviço será considerado público desde que prestado pelo Estado. Trata-se de noção mais próxima do significado comum que o termo assume. Em sentido mais restrito, o serviço público engloba Documento não controlado - AN03FREV001 52 apenas a atividade da Administração Pública, e não de todo Estado, excluem- se as atividades judiciais e legislativas. Mas mesmo dentre as atividades desenvolvidas pela Administração excluem-se àquelas de caráter tributário e as exercidas com base no poder de polícia. Devem ser excluídas todas as atividades-meio da Administração, como a limpeza e a vigilância de repartições públicas. Segundo a CF, em seu art. 175, “Serviço público é todo aquele prestado pela Administração Pública ou por seus delegados, sejam concessionárias ou permissionárias do serviço público, sob normas e controles estatais, ou seja, regime jurídico público, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade ou simples conveniências do Estado”. (CF, art. 175). Assim, Serviço Público Administrativo é toda atividade que o Estado exerce para cumprir seus fins, ou seja, é todo aquele prestado pela Administração Pública ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer as necessidades, essenciais ou secundárias, da coletividade ou simples conveniências do Estado. É importante saber que o Estado tem como função precípua a prestação de serviços públicos, autorizando-lhe a Constituição Federal que possa cumprir seu mister diretamente ou sob regime de concessão ou permissão. A permissão consiste em um ato administrativo unilateral e precário, pelo qual o Poder Público faculta ao particular a execução de serviço público ou a utilização privativa de determinado bem público. A concessão é contrato administrativo pelo qual o Poder Público concede ao particular a execução de serviço público ou de obra pública, ou lhe concede o uso de bem público, cuja característica é a precariedade. Documento não controlado - AN03FREV001 53 2.6.2 Gratuidade e Serviço Essencial Tradicionalmente, considerava-se como característico do serviço público ser prestado pelo Estado (elemento subjetivo), visando à satisfação de necessidades coletivas (elemento material), exercido sob um regime de Direito Público (elemento formal). O Estado passou a delegar o exercício da função das entidades privadas, alterando o elemento subjetivo que, anteriormente, era o próprio Estado. Atualmente, apenas permanece dessa característica a necessidade de que a Administração se faça presente em todo serviço público como fiscalizadora de sua boa prestação. E não se trata apenas de exercício do poder de polícia. Como a prestação é pública por definição, à administração cumpre participar da organização do serviço. Foi alterado também, o elemento formal, já que nem todo serviço passa a ser prestado sob regime jurídico público exclusivo. Quanto à gratuidade, a Constituição prevê em seu art. 208, I § 1° e art. 230, § 2° da CF: “Gratuidade ao ensino fundamental (educação) e ao transporte coletivo para os maiores de 65 anos. Sabemos que a saúde e a educação são serviços essenciais à coletividade, por isso é gratuito, mas existem outros serviços prestados como a energia elétrica, de água e esgoto, que não inserem no rol de serviços a serem prestados gratuitamente pelo Estado, seja direta ou indiretamente, pois, ainda que caracterizado essencial, não admite sua prestação gratuita”. (CF, art. 208, I § 1° e art. 230, § 2°). A gratuidade obriga o poder Público a arcar com todos os custos e encargos financeiros da prestação desse serviço. A gratuidade, que está presente em certos serviços públicos, não é a regra geral, não podendo ser considerada um princípio. Com relação aos serviços públicos em espécie, é o Estado, por meio de suas normas, que define os serviços que se consideram públicos. Certo é que alguns serviços são pacificamente admitidos como tendo natureza pública, como o saneamento, abastecimento de água, energia elétrica, iluminação e limpeza das vias públicas, coleta de lixo. Documento não controlado - AN03FREV001 54 O art. 22 do Código de Defesa do Consumidor dispõe que, “... os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos”. (CDC, art. 22). Os Tribunais entendem que se o serviço é essencial, a prestação deve ser contínua, prevalecendo, então, o disposto no art. 22 do CDC. O serviço deve ser também prestado diuturnamente sem interrupções; deve ser regular, contínuo, eficaz, seguro, módico, atual e cortês. A prestação apenas poderá ser interrompida em duas hipóteses: Em situação de emergência, com aviso prévio, por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações. Em caso de inadimplemento do usuário. A prestação dos serviços públicos deve estar ao alcance de todos, não podendo haver discriminação quanto aos usuários, devendo sempre ser direcionado no sentido de introduzir melhorias e técnicas novas, em proveito do usuário. As cobranças pelo serviço devem ser caras, devem ser razoáveis aos usuários. O tratamento dado ao público deve ser cortês, deve haver urbanidade, ter transparência e, por fim, a Administração Pública pode alterar, até de forma unilateral, o modo de execução dos serviços, para buscar mais eficiência e atualidade e que o serviço deve ser prestado pelo Estado, de modo direto, ou sob concessão ou permissão. 2.6.3 Serviço Público em Espécie Dos serviços públicos em espécie, verifica-se que alguns serviços públicos resultam em prestação individualizada, como a iluminação pública. Os Documento não controlado - AN03FREV001 55 primeiros são denominados serviços “uti singuli” ou individuais, e os segundos serviços “uti universi” ou gerais. Como veremos a classificação a seguir: Em relação à adequação, os serviços próprios do Estado são os que se relacionam com a atividade do Poder Público, usando a Administração de sua supremacia sobre os administrados, assim, limitando interesses particulares em proveito do bem comum e por isso só podem ser prestados por este, de forma direta. Como por exemplo, higiene e saúde pública, segurança, justiça, polícia, etc. E os serviços impróprios do Estado são os que satisfazem interesses comuns dos membros da comunidade, não dizendo respeito à sobrevivência deles, podendo ser delegados que são remunerados e prestados por entidades descentralizadas, como autarquias, sociedades de economia mista, empresas públicas e fundações do governo ou prestados por meio de permissão, concessão ou autorização. Em relação à essência, os serviços públicos propriamente ditos são os que a Administração Pública presta diretamente à comunidade, por reconhecer sua essencialidade e necessidade para sobrevivência do grupo social e do próprio Estado. São privativos do Poder Público, não devem ser delegados a terceiros. Como exemplo, temos a defesa nacional, serviços de polícia e os de preservação da saúde pública. Assim, o serviço visa satisfazer as necessidades gerais e essenciais da sociedade, para que ela possa subsistir e desenvolver-se como tal. E serviços de utilidade pública são os que a Administração Pública, reconhecendo a sua conveniência, presta-os diretamente ou permite que sejam prestados porterceiros, sob suas condições e controle, mas por conta e risco dos prestadores, mediante remuneração dos usuários. Como por exemplo, o telefone, gás, transporte coletivo, energia elétrica, etc. O serviço visa facilitar a vida da coletividade, dispondo sobre utilidades que proporcionarão mais conforto e bem-estar. Documento não controlado - AN03FREV001 56 Em relação aos destinatários, os serviços gerais são prestados pela Administração Pública sem ter usuários determinados como, por exemplo, serviços administrativos internos, polícia, iluminação pública, etc. São mantidos por imposto por serem indivisíveis e imensuráveis quanto à sua utilização. E os serviços individuais são os que possuem usuários determinados e utilização particular e mensurável para cada um como, por exemplo, água, telefone, luz, etc. Estes serviços, desde que implementados, geram direito subjetivo à sua prestação por todos os administrados, desde que arquem com as taxas ou tarifas pertinentes. Em relação à finalidade, os serviços administrativos são executados para atender as necessidades internas da Administração Pública ou preparar outros serviços que serão prestados ao público. Como por exemplo, os de imprensa oficial, serviços de estações experimentais, dentre outros. E os serviços Industriais e Comerciais são os que produzem renda pela produção de bens ou serviços, remunerados mediante tarifas ou preços públicos. Como por exemplo, o artigo 173 da CF, que são serviços impropriamente prestados pelo Estado por se constituírem em atividades típicas da iniciativa privada e só exploradas pelo Poder Público quando necessárias aos imperativos da segurança nacional ou relevante interesse coletivo. Em relação à razão da obrigatoriedade da utilização, os compulsórios são os impingidos aos administrados, nas condições estabelecidas em lei. Como exemplo, temos a coleta de lixo, de esgoto, de vacinação obrigatória, etc. Quando remunerados são pagos por intermédio de taxa e não podem ser interrompidos, mesmo que não ocorra o oportuno pagamento. E os facultativos são colocados à disposição dos usuários sem lhes impor a utilização e, se cobrados, o usuário paga tarifa ou preço. Este serviço pode sofrer interrupção. É importante lembrar que, de acordo com o STF, Súmula 545: Documento não controlado - AN03FREV001 57 “Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu”. (SÚMULA 545 do STF). Taxa é o tributo cobrado em razão do exercício regular do poder de polícia ou pela utilização efetiva ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição. O não pagamento da taxa não poderá gerar a interrupção do fornecimento do serviço e o Imposto é o tributo pago sem contraprestação específica, não vinculada à prestação do serviço e, ainda, Tarifa é preço público, não é tributo; deriva da exploração econômica do patrimônio do Estado, agindo como se particular fosse, obtida mediante acordo de vontades. Sendo assim, no Brasil, a Constituição indica os serviços que se consideram públicos, conforme os artigos 21, XI, XII e XXIII, e 25, § 2°. O serviço público não pode ser confundido com a figura do monopólio, pois a criação de monopólio diz respeito a atividades econômicas que só podem ser titularizadas e exploradas pelo Poder Público, ao contrário dos serviços públicos. A Administração pode prestar diretamente o serviço, por seus órgãos e agentes, como a educação, ou por meio de particulares. Caso comum é o serviço de coleta de lixo, que é oferecido mediante contrato de prestação de serviço, já que é remunerado pelo próprio poder público, ao contrário dos contratos de concessão. Os serviços públicos podem ser agrupados conforme o responsável por sua prestação. Daí falar em serviço público federal, estadual e municipal. Nesse contexto, alguns serviços são comuns, como os metropolitanos e outros de competência concorrente. Assim, incube: À União Federal prestar, em caráter público, os serviços postais, do correio aéreo nacional, de telecomunicação, de radiodifusão, de difusão de sons e imagens, de energia elétrica, de navegação aérea, aeroespacial, transporte ferroviário, aquaviário nos casos específicos, de Documento não controlado - AN03FREV001 58 estatística, geografia, geologia e cartografia nacional, de exploração nuclear e outros. Aos Estados, de acordo com artigo 25, § 2° da CF, cabe a exploração dos serviços de gás canalizados locais. Aos Municípios, de acordo com o art. 30 da CF, compete organizar e prestar o serviço de transporte coletivo, manter os programas de educação pré-escolar e de ensino fundamental, prestar os serviços de atendimento à saúde da população. É bom lembrar que o Estado tem ainda o dever de prestar o serviço público de saúde, previsto no artigo 196, previdência social, previsto em seu artigo 201 e assistência social, previsto no artigo 203. Esse tricotômico compõe, consoante a Constituição Federal, a seguridade social, conforme o art. 194. Finalmente, o Estado tem a obrigação de prestar e garantir o ensino fundamental gratuito, com a progressiva universalização do ensino médio também gratuito, atendimento educacional especializado para os portadores de deficiência e outros, conforme o artigo 208 da CF. Assim, a própria Constituição estabelece que incumbe ao Poder Público, diretamente ou por delegação, a prestação de serviços públicos. 2.6.4 A Importância do Concurso Público Para alcançar qualquer cargo público efetivo e transformar-se em servidor público, deverá submeter-se previamente a um concurso público, conforme o artigo 37, II da CF. Assim, a Constituição Federal é intransigente em relação à imposição à efetividade do princípio constitucional do concurso público, como regra a todas as admissões da administração pública, vedando expressamente tanto a ausência deste postulado, quanto seu afastamento fraudulento, por meio de transferência de servidores públicos para outros cargos diversos daquele para o qual foi originariamente admitido. Documento não controlado - AN03FREV001 59 A exigência do concurso público é de observância obrigatória em toda a Administração. O concurso público terá validade de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado pelo mesmo período. A norma constitucional considera absolutamente essencial o respeito à ordem classificatória para nomeação decorrente do concurso público, cujo desrespeito acarretará a nulidade do ato. Assim, a regra do concurso público consiste em pressuposto de validez da admissão de pessoal não apenas pela administração direta como pelos entes públicos da administração indireta. Com relação aos direitos, o servidor público têm assegurados os mesmos direitos sociais indicados no art. 7°, consoante estipula o § 3° do art. 39 da CF. --------------------------FIM DO MÓDULO II---------------------------