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DIREITO DAS SUCESSÕES
FUNDAMENTO DO DIREITO DAS SUCESSÕES
1. Conceito
A palavra “sucessão”, em sentido amplo, significa o ato pelo qual uma pessoa assume o lugar da outra, substituindo-a na titularidade de determinados bens.
Sucessão inter vivos: direito das obrigações, direito das coisas, direito de família.
Sucessão causa mortis – o direito das sucessões disciplina a transmissão do patrimônio, ou seja, do ativo e do passivo do de cujos[footnoteRef:1] ou autor da herança e seus sucessores. [1: Aquele de cuja sucessão (ou herança) se trata.]
Obs: Refere-se exclusivamente à destinação do patrimônio de pessoas naturais após a morte, logo, não sendo extensivo às pessoas jurídicas.
CARLOS MAXILIANO – transmissão do ATIVO e PASSIVO (bens e obrigações)
1. Contexto histórico
Remonta à antiguidade, ligado à ideia de continuidade da religião e da família.
· Roma, Grécia e Índia – religião/ cabe ao herdeiro o sacerdócio do culto/ sucessão linha masculina/primogênito varão. FILHA – ao casar passa a integrar a família do marido.
· DIREITO ROMANO – Lei das XII Tábuas – concedia liberdade absoluta ao pater famílias de dispor dos seus bens para depois da morte. Mas se falecesse sem testamento, a sucessão se devolvia, seguidamente, a três classes de herdeiros: sui[footnoteRef:2], agnati[footnoteRef:3] e gentiles[footnoteRef:4]. [2: Eram os filhos sob o poder do pater e que se tornavam sui iuris com sua morte: os filhos, os netos, incluindo-se também.] [3: Parentes próximos do falecido (colateral de origem exclusivamente paterna – irmão, tio [filho do avô paterno]) {os mais próximos afastando os mais distantes}] [4: Grupo familiar em sentido lato.]
· CÓDIGO JUSTINIANO – sucessão legítima pauta-se estritamente no parentesco natural. Ordem de vocação: a)descendente; b) ascendente, em concurso com os irmãos e irmãs bilaterais; c) irmãos ou irmãs, consanguíneos ou uterinos e d) demais parentes colaterais.
OBS: ab intestato (sem testamento)
· DIREITO GERMÂNICO – herdeiros apenas vínculo de sangue. (sem testamento)
· FRANÇA – desde o século XIII – DROIT DE SAISINE – (instituição de origem germânica) a propriedade e a posse da herança passam aos herdeiros, com a morte do hereditando.[footnoteRef:5] [5: Código Napoleão art 724 de 1804 – os herdeiros legítimos, os herdeiros naturais e o cônjuge sobrevivente recebem de pleno direito os bens, direitos e ações do defunto, com a obrigação de cumprir todos os encargos da sucessão.]
· CÓDIGO ALEMÃO – o patrimônio passa por efeito de lei ao herdeiro.
· CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO 2002 – sucessão legítima e sucessão testamentária.
- Herdeiros necessários (parte legítima – não é possível dispor de mais de 50% do patrimônio) art. 1845 CC/2002.
- Herdeiros testamentários (parte disponível)
· PRINCÍPIO DA SAISINE – a transmissão do domínio e posse da herança para os herdeiros, quer instituídos, quer legítimos, dá-se no momento da morte do autor da herança.
· DIREITO BRASILEIRO PRÉ CODIFICADO – linha de vocação hereditária formada pelos descendentes, ascendentes, colaterais até o 10º grau, e só posteriormente o cônjuge supérstite e, por fim, o fisco.
· Lei n 1839 de 1907 – inverteu a posição do cônjuge sobrevivente com os colaterais, limitando o direito destes ao 6º grau, limite mantido no CC/1916
· Decreto-lei n 9461 de 15 de julho de 1946 – reduziu-se para o 4º, limite mantido pelo CC/2002.
· Constituição Federal de 1988 – art 5º XXX, direito de herança; art 227, §6º - paridade de direitos entre todos os filhos.
· Lei 8971/1994 e 9278/1996 – regularam a sucessão do companheiro
· Lei 10050/2000 – acrescentou o §3º ao art 1611 CC/1916 – direito real de habitação ao filho deficiente incapacitado para o trabalho igual direito concedido ao cônjuge casado no regime de comunhão universal de bens, direito real de habitação. (LEMBRE QUE ESTAMOS TRATANDO DO CONTEXTO HISTÓRICO)
· CÓDIGO CIVIL 2002 – cônjuge como herdeiro necessário e concorrente com descendentes e ascendentes.
1. Fundamento do direito das sucessões
Os fundamentos se baseiam, em grande parte, à corrente teórica da qual cada autor se filia, logo, pode-se apontar como fundamentos do direito das sucessões:
2. FUNDAMENTO DE ORDEM RELIGIOSA –
2. NECESSIDADE DE CONSERVAR O PATRIMÔNIO DENTRO DO MESMO GRUPO
2. CONTINUIDADE DA VIDA HUMANA, ATRAVÉS DAS VÁRIAS GERAÇÕES.
2. ENCONTRA SUA JUSTIFICAÇÃO NOS MESMOS PRINCÍPIOS QUE EXPLICAM E JUSTIFICAM O DIREITO DE PROPRIEDADE INDIVIDUAL, DO QUAL É EXPRESSÃO MAIS ENÉRGICA E A EXTREMA, DIRETA E LÓGICA CONSEQUÊNCIA.
2. DIREITO DE PROPRIEDADE
2. SOCIALISTAS – SUCESSÃO CONTRARIA PRINCÍPIOS DE JUSTIÇA E INTERESSE SOCIAL (BENS PERTENCEM AO ESTADO?)
2. OPOSIÇÃO AOS SOCIALISTAS – RIQUEZA INDIVIDUAL (ESTÍMULO AO TRABALHO E À ECONOMIA)[footnoteRef:6] [6: Theodor Kipp entende tão necessária a sucessão causa mortis à integração do conceito de propriedade que, a seu ver, esta se desfiguraria, convertendo-se em mero usufruto vitalício, se viesse a ser abolida. (Enneccerus, Kipp e Wolff, Tratado de derecho civil: derecho de sucesiones, v1 §1º. [apud Carlos Roberto Gonçalves, V 7, 2013, p. 27)
]
1. CONTEÚDO DO DIREITO DAS SUCESSÕES
3. Sucessão em geral
3. Sucessão Legítima
3. Sucessão Testamentária
3. Inventário e Partilha
AULA 2 – 12/03
DA SUCESSÃO EM GERAL
1. ABERTURA DA SUCESSÃO
Art. 1784 CC/2002 “Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.”
· A existência da pessoa natural termina com a morte real (art. 6 CC). Não há que se falar em herança de pessoa viva, embora possa ocorrer a abertura da sucessão do ausente, presumindo-se sua morte.
· Princípio da saisine (morte – abertura da sucessão – transmissão da herança) ocorre simultaneamente. No entanto, é possível que a transmissão da herança ocorra em momento distinto.
Ex.: testamento – deixo metade da disponível para Eva, desde que ela passe na OAB. Mas Eva ainda está no 5º período do curso de Direito, nessa hipótese, ocorreu a morte, ocorreu a abertura da sucessão, mas o testamento foi a termo/condição, enquanto o termo /condição não for atendido, não há o que se falar em transmissão.
Obs.: termo – evento futuro e certo.
Condição – evento futuro e incerto.
Quando a clausula testamentaria for nula (quando o testamento for anulado, quando a condição não for satisfeita, quando o herdeiro legatário ou testamentário renunciarem a herança) em todas as hipóteses em que o testamento não for eficaz por alguma razão, tudo que foi deixado no testamento e não foi contemplado, volta para a
· No momento exato da morte, há a abertura da sucessão, que implica dizer que alguém está sucedendo o falecido. Em nenhum momento entre a morte a abertura da sucessão, o patrimônio fica vago, no momento em que o falecido faz a passagem da vida para a morte, ele transmite os bens para os herdeiros (tanto legítimos [previstos na lei] quanto os herdeiros testamentários [previstos no testamento])
Obs.: herança jacente: quando não há herdeiros certos ou legítimos (não há testamento, nem herdeiros legais) – não existem ou não são conhecidos os herdeiros no momento da abertura da sucessão, que coincide com o evento morte.
Desse modo, qualquer interessado, inclusive o MP, o próprio Estado, um advogado, funcionário da casa, pode provocar o judiciário pleiteando a herança jacente (o momento em que o Estado toma para si a obrigação de guardar o patrimônio, sendo fiscalizado pelo judiciário, para que possíveis herdeiros venham a se habilitar na herança.
Obs.: a morte coincide com a abertura da sucessão. Após aberta a sucessão tem-se o prazo de até 60 dias para iniciar-se o inventário.
A existência da pessoa natural termina com a morte real (art. 6º, CC). Não há que se falar em herança de pessoa viva, embora possa ocorrer a abertura da sucessão ausente, presumindo-se sua morte.
Obs.: só existe condição ou termo na sucessão testamentária. Na sucessão legitima não é possível ser posto condição ou termo.
Morte real: A existência da pessoa natural termina com a morte real (art. 6, CC). NÃO há que se falar em herançade pessoa viva, embora poderá ocorrer a abertura da sucessão do ausente, presumindo-se a sua morte.
Art. 7º: é declarado ausente, depois abre-se a sucessão provisória.
No 1º ano – que é quando a pessoa é declarada ausente, há a preocupação em resguardar os direitos do ausente.
Após 1 ano de declaração de ausência, poderá abrir-se a sucessão provisória, esta que já se preocupa com os possíveis herdeiros que o ausente tenha deixado.
É aberta a sucessão provisória, pois o ausente voltando, toma o direito que lhe cabe.
Após 10 anos de aberta a provisória, é que se abre a definitiva, gerando a presunção da morte. (a herança definitiva só é dada com a sucessão definitiva, antes disso, é somente “uma posse indireta, com direitos resolúveis, restritos”.
1.1 Pressupostos da sucessão:
1. Que o de cujus tenha falecido
1. Que lhe sobreviva herdeiro
Com a morte, transmite-se a herança aos herdeiros, de acordo com a ordem de vocação hereditária estabelecida no art. 1829.
Obs.: antecipação de legítima: é a possibilidade que os pais têm de anteciparem a legítima dos filhos, por meio da doação.
A doação que o avô faz ao neto é antecipação de legítima? DEPENDE. Se no momento em que o avô fez a doação ao neto, ele era passível de ser herdeiro, considera-se antecipação de legítima. Mas se no momento em que o avô fez a doação ao neto, este não era passível de ser herdeiro, parte-se do pressuposto que a doação saiu da disponível.
Ex.: Eva tem um patrimônio de 1M. disposto em 5 casas de igual valor (5 de 200k cada). Em 2015, Eva doou uma casa para Ava, até esse tempo, Uva e Ava eram passiveis de serem herdeiras.
Em 2019, Eva morre, deixando 04 casas restantes, totalizando 800k.
Uva e Ava são herdeiras de primeira classe e primeiro grau (filhas), em tese, até a partilha, tudo é das duas, e cada uma teria 400k. mas essa resolução está errada, pois em 2015, Ava recebeu uma doação no valor de 200k, pressupõem-se que essa doação foi uma doação de legitima, sendo assim, quando Eva morre, Ava precisará COLACIONAR, apresentar o bem doado no inventario, para que Ava e Uva tenham exatamente o valor da legitima.
Ava não irá perder a casa, só ficará estabelecido que ela já tem uma parte, nesse caso, só faltará 300k.
Ex.: doação que sai da disponível (não há necessidade de colacionar).
Sai da parte que pode dispor (onde há permissão legal). Se há filhos, cônjuge ou companheiro, só se pode dispor 50%.
No entanto, se não houver descendentes, cônjuge ou companheiro, é possível dispor de 100% (a titulo de testamento, pois na doação é preciso deixar um mínimo para sua existência)
Nesse caso, Eva, em vida, pode doar até 50%. Eva em 2015 doa uma casa para Ava, doação que saiu da parte disponível (não configura antecipação de legitima)
Em 2019, eva morre, deixou 800k, esse valor será dividido igualmente. 400k para cada. Pois a casa doada para ava saiu da parte que poderia ser disposta.
Obs.: os descendentes herdam igualmente se estiverem no mesmo grau.
Ex.: a mãe casada em regime de comunhão universal de bens morre de parto. O seu herdeiro legitimo é o filho, poucas horas depois o filho também morre.
O cônjuge sobrevivente não é herdeiro, é apenas meeiro.
Quando o bebê morre, temos outra sucessão. Sendo o pai o herdeiro. Sendo assim, 100% do patrimônio do bebê, será herdado pelo pai. Obs.: o esposo não herdou nada da esposa, somente do filho.
Enunciado 644
Os arts. 2.003 e 2.004 do Código Civil e o art. 639 do CPC devem ser interpretados de modo a garantir a igualdade das legítimas e a coerência do ordenamento. O bem doado, em adiantamento de legítima, será colacionado de acordo com seu valor atual na data da abertura da sucessão, se ainda integrar o patrimônio do donatário. Se o donatário já não possuir o bem doado, este será colacionado pelo valor do tempo de sua alienação, atualizado monetariamente.
Ex.: xuxu recebeu uma casa em 2010, à época da doação, essa casa foi avaliada em 100k. 2 anos dps, xuxu vende a casa por 200k. se a casa ainda tivesse em seu poder do evento morte, ela estaria avaliada em 500k.
Vai colacionar o que? O valor da doação, alienação ou abertura da sucessão?
Com o NCPC, trabalhamos com o valor da alienação ou abertura da sucessão.
Bem doado – MORTE – AINDA TEM O BEM: o valor que o bem possuir à época da abertura da sucessão.
Bem doado – morte – não tiver mais o bem: valor da época da alienação com a devida correção monetária
Só configura antecipação de legítima a doação de ascendente a descendente, que à época da doação era passível de ser herdeiro.
Ex.: eva doa uma casa para ivo, seu neto. Saiu da disponível, as filhas estão vivas, ok.
Por outro lado, se à época da doação, as filhas forem pré-mortas, as coisas mudam.
Premoriência: a pessoa que deveria ser herdeira morre antes do autor da herança.
Se as filhas de eva morrem antes dela, os herdeiros de eva serão ivo e ovo (netos), que são herdeiros de primeira classe e segundo grau. Herdam por direito próprio ou cabeça (diretamente de Eva)
Obs.: todo o patrimônio é de 1M, e é feita uma doação de 600k, nesse caso, há uma invasão de legítima (100k de invasão de legítima), essa invasão precisa ser reduzida, pois a legítima precisa ser respeitada.
Ao se falar de morte, tem-se que pensar em herdeiros legítimos. Com a morte, transmite-se a herança aos herdeiros, de acordo com a ordem vocacional hereditária estabelecida no art. 1829.
Art. 1829
1ª classe: descendentes, c/c cônjuge ou companheiro. (herdeiros)
1º filhos
2º netos
3º bisnetos.
(...)
Obs.: existindo alguém na primeira classe, prefere todas as demais. Ex. fulano morreu deixando vivo 3 filhos e os pais, quem herda? Os filhos.
Fulano morreu deixando vivos 2 bisnetos e os pais. Quem prefere? Os bisnetos.
Os filhos vivos, afastam os netos. E assim, sucessivamente.
2ª classe: ascendentes, c/c cônjuge ou companheiro. (legítimos)
1º pais
2º avós
(...)
3ª classe: cônjuge ou companheiro. (necessários)
Necessariamente, deve-se resguardar pelo menos 50% do patrimônio a eles.
4ª classe: parentes em linha colateral até o 4º grau. (os graus mais próximos preferem os mais distantes)
Irmãos (colaterais de 2º grau) preferem os sobrinhos (colaterais de 3º grau)
Os sobrinhos e tios (colaterais de 3º grau), mas os sobrinhos preferem os tios.
Primo, tio avô e sobrinho neto (4º grau colateral)
Trata-se de herdeiros legítimos facultativos, logo, o autor da herança pode dispor de 100% da herança caso existam apenas herdeiros legítimos facultativos.
--- direito de representação (só cabe a linha descendentes) – poderão herdar por meio da representação (o descendente estar representando o herdeiro pré morto na sucessão de alguém)
Ex.: eva morreu (morte, abertura da sucessão, transmissão da herança) – se existem herdeiros? Sim. Ava é viva, uva morreu e tem como filhos ivo e ovo (estão herdando por estirpe ou direito de representação, e não por direito próprio)
Era pra herdar uva e ava. Como uva morreu antes de eva, os 50% dela serão representados por seus filhos (cada um ficará com 25%)
1. MOMENTO DA TRANSMISSÃO DA HERANÇA
Zeno Veloso alude que “a morte, a abertura da sucessão e a transmissão da herança aos herdeiros ocorrem num só momento (...) o legislador concilia a transmissão automática e por força da lei da herança, no próprio momento da morte do de cujus, com a necessidade de os herdeiros aceitarem a herança e com a possibilidade de eles preferirem repudiá-la.”
1ª herança é transmitida aos herdeiros
2º aceitar ou renunciar
Quase todos os autores concordam que além da transmissão da herança, também há que se falar na aceitação ou renúncia.
Maria Berenice Dias não concorda e diz que a herança já faz parte do patrimônio, portanto, só teria que se falar na renúncia.
- a aceitação pode ser:
Expressa
Presumida (herdeiro que não se manifesta – acaba gerando um problema para os demais. Provocam o judiciário, o judiciário dá um prazo, se ele não se manifestar, “quem cala, consente” – neste caso, especificamente) pois a renúncia só pode se dar de formaexpressa, por meio de escritura pública ou termo judicial.
Tácita (passa a agir como se herdeiro fosse)
Renúncia – retroage a data de abertura da sucessão, como se aquela pessoa nunca tivesse sido herdeiro e a parte dela passa a ser acrescida aos outros.
Flavio Tartuce e Fernando Simão, dizem que essa aceitação presumida nada mais é do que a aceitação tácita. (não manifestar-se é também direito do herdeiro, é agir como se herdeiro fosse).
2.1 Aberta a sucessão (delação ou devolução sucessória) devolve-se a herança aos herdeiros necessários e defere-se aos testamentários.
OBS: abertura x delação – com a abertura, pela morte do autor da herança, nasce o direito de herdar, não importa para que herdeiro. A delação ou deferimento da herança, porém, pode não coincidir com a abertura da sucessão, como nos casos, por exemplo, em que a instituição de herdeiro depende de condição ou de termo, ou quando a delação se faz muito tempo depois da morte do autor da herança (testamento anulado e conseqüente vocação ab intestato)
2.2 Legatários – adquirem a propriedade de bens infungíveis desde a abertura da sucessão, a dos fungíveis[footnoteRef:7], porém, só pela partilha. A posse, em ambos os casos, deve ser requerida aos herdeiros, que só estão obrigados a entregá-la por ocasião da partilha e depois de comprovada a solvência do espólio. [7: Os bens infungíveis são aqueles que não podem ser substituídos por outros da mesma espécie, quantidade e qualidade. Os bens fungíveis, de acordo com o artigo 85 do Código Civil, são os bens que podem ser substituídos por outro da mesma espécie, qualidade e quantidade.]
Diferença entre herança e legado: na herança, até que haja a partilha, tudo é de todos, é herdado uma universalidade de bens
No legado, é uma forma de suceder de modo singuralizado. Desde logo, já se sabe o que é o legado, está contido na herança. Ex.: deixo uma casa de praia para fulano, um carro antigo para ciclano.
O legatário não vai precisar esperar a partilha. Mas se o legado está contido na herança, o responsável pelo pagamento do legado, são os herdeiros. E estes só são obrigados a entregar o legado, após a partilha, depois de terem ciência de que todas as dívidas foram sanadas.
2.3. Comoriência – morte simultânea art 8º CC “Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.”
OBS: PRINCIPAL EFEITO DA PRESUNÇAO DA MORTE SIMULTÂNEA – não tendo havido tempo ou oportunidade para a transferência de bens entre os comorientes, um não herda do outro.
OBS2: CASAIS, sem descendentes – ascendentes herdam meio a meio.
aula 3 – 19/03
Da Herança e sua Administração
1. Herança como um todo unitário – art. 1.791
Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros.
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio.
- a herança é um todo único e indivisível até a partilha – no momento exato do evento morte, ocorre a abertura da sucessão, ou seja, fulano morreu e no momento exato dessa morte, para que seu patrimônio não fique vago, não fique “de ninguém” é aberto a sucessão, sendo assim, outrem irá assumir aquele conjunto de responsabilidades e direitos atinentes ao falecido.
Ex.: no condomínio com 300 aps, tem a 10 cadeiras para pegar sol, todos os aps são co-proprietarios das 10 cadeiras, no entanto, ninguém poderá pegar uma cadeira e levar para si, pois todos os condôminos são coproprietarios da áreas comuns e bens comuns (universalidade de direitos – tudo pertence a todos, nenhum condômino tem posse/propriedade exclusiva)
Como tudo é de todos, num processo de abertura de sucessão, p.ex. se há uma fazenda podendo ser objeto de usucapião, qualquer dos herdeiros/ou todos eles, poderão propor ação possessória.
Na partilha é que os bens serão divididos, a herança deixará de ser uma universalidade e passará a ser dividida. (passando inclusive, para o nome do herdeiro)
a) Devolução unitária da herança aos herdeiros
Obs.: devolução é transmissão quando se trata de herdeiros necessários e deferimento quando se trata de herdeiros testamentários.
Ainda que a herança seja constituída exclusivamente por bens moveis, é devolvida aos herdeiros como sendo uma única coisa.
b) A noção de indivisibilidade do monte hereditário, no momento da abertura da sucessão, até a partilha. (eu sei o percentual que cabe a mim, mas não sei o que está contido nesse percentual.
Obs.: A herança tanto quanto o patrimônio é BEM, classificada entre as universalidades do direito.
Herança – bem imóvel (ainda que seja bem móvel, por ser indivisível, é tratada como bem imóvel, até a partilha)
Herança independentemente de quanto venha valer, para renunciar ou ceder, por se tratar de bem imóvel, precisará de escritura pública (para qualquer transação)
Por ser considerada um bem imóvel, dependendo do regime de bens, precisará também da outorga marital ou outorga uxória. (revisar regime de bens)
Não precisa da outorga quando:
- regime de separação absoluta de bens.
Dividido em regime de separação convencional (acordado e convencionado entre as partes certeza absoluta que não precisa de outorga); e o regime de separação obrigatória de bens (art. 1641, ????, há dúvida – súmula 377, STF)
- no regime de participação final dos aquestos – poderá ser dispensada a necessidade de outorga para transações que envolvam imóveis, quando houver previsão no pacto antenupcial.
Regimes que precisam da outorga do cônjuge:
No regime de comunhão parcial de bens – todas as questões que envolvam imóveis precisam da outorga de bens;
Regime de comunhão universal de bens;
Depende rs :/
Participação final nos aquestos (depende do que foi previsto no pacto antenupcial)
2. ACERVO HEREDITÁRIO X HERANÇA
OBS.: Não se confunde a herança com o acervo hereditário constituído pela massa dos bens, pois, a herança pode compor-se apenas de dividas, tornando-se passiva.
A herança é constituída tanto pelo conjunto de direitos, como pelos conjuntos de obrigações
Já o acervo hereditário é o que sobra após serem computadas obrigações e direitos (massa dos bens)
Ex.: quando o ativo for maior que o passivo – tem-se o acervo hereditário.
Ex.2: quando o passivo for superior ao ativo – não existem bens a serem partilhados. P.ex. herança = a 500k de crédito e 600k de débitos, ainda há saldo negativo de 100k.
Quem arca com o excesso? Ninguém. O herdeiro não se responsabiliza pelo pagamento do excesso. O herdeiro aceita a herança em favor do inventario, caberá ao inventariante pagar as dívidas e o que sobrar ser partilhado entre os herdeiros.
Se porventura o inventariante verifica que há mais dívidas do que créditos, ele declarará a insolvência da herança e abrirá concorrência entre credores (uns terão preferência sobre outros), quem ficar no final da fila, ficará no prejuízo, considerando que a herança é insolvente.
Quando o ativo e passivo são exatamente iguais:
Ex.: dívida de 100k e deixou 100k, logo ativo e passivo são iguais, não deixa dívida, mas também não deixa acervo hereditário.
3. A indivisibilidade do direito dos coerdeiros
Antes da partilha o herdeiro pode alienar ou ceder a sua “quota ideal”, ou seja, o direito à sucessão aberta, que o CC considera bem imóvel, exigindo a escritura pública e outorga uxória não sendo possível transferir parte certa e determinada do acervo.
Cessão de direito – ceder.
Obs.: como a herança para todos os efeitos e fins legais é um imóvel, é permitido transacionar acerca do direito atinente aquela herança antes mesmo da partilha dos bens. Portanto, é possível ceder o quinhão/quota ideal.
Quota ideal: ex. IVO morreu deixando 4 filhos, cada filho tem uma quota ideal (25%)
Obs.: pode ceder a quota ideal, mas jamais pode ceder um bem especifico que o herdeiro ache que é seu (pois ainda não houve partilha)
A cessão pode ser gratuita ou onerosa(toda ou em parte)
- gratuita: se assemelha a uma doação; não precisa obedecer a ordem de preferência
- onerosa: se assemelha a uma compra e venda; obedece a preferência
Se Ivo morre e vermelho cede onerosamente a sua quota ideal, primeiro ele precisa obedecer a preferência entre os demais coerdeiros (primeiro oferece pros coerdeiros, depois destes recusarem, aí sim poderá oferecer para terceiros) – pode oferecer só para um herdeiro ou para todos.
Obs.: na cessão de direitos hereditários é cedido uma quota ideal da herança, pode ser que se compre a quota ideal, mas no momento da partilha, a pessoa fique sem nada (p.ex. quando o passivo é maior que o ativo) ou que não receba o que pretendia)
Se a pessoa cede um bem especifico, os outros coerdeiros podem aceitar, MAS não são obrigados.
Quando o herdeiro cede, ele continua sendo herdeiro (cede o direito hereditário); quando renuncia deixa de ser herdeiro, a renúncia retroage a data da abertura da sucessão, como se nunca tivesse sido herdeiro (está abrindo mão dos direitos patrimoniais e pessoais)
Ivo morreu, deixando 3 filhos, a quota ideal que cabe a cada um seria 1/3 para cada.
Eva cede onerosamente a sua quota ideal (direito a sucessão aberta) – Ava paga 100k a eva pelo direito a sucessão aberta)
Sendo assim, 1/3 que era de eva, será somado aos 1/3 de ava.
Uva renúncia a herança (1/3 de uva será acrescido aos demais coerdeiros)
Eva continua sendo coerdeira, pois ela cedeu um direito patrimonial e não pessoal.
1/3 dividido por 2 (faz-se uma regra de 3) – metade de 1/3 é igual a 1/6.
Direito de acréscimo para eva – 1/6
Ava ficará com 1/3 por direito próprio. 1/3 da cessão onerosa. 1/6 por direito de acréscimo.
Art. 1809.Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma condição suspensiva, ainda não verificada.
Parágrafo único. Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da aceitação, desde que concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar a primeira.
Ivo morre, deixa 3 filhos e 2 netos (filho de verde)
Os filhos de verde não tem direito a herdar do avô (pois ivo tem o primeiro grau vivo)
Ivo morreu em 17h, 13.01.2019
Verde morreu às 20h de 13.01.2019
Ocorrendo o evento morte, desde logo ocorre a abertura da sucessão, como verde morreu após a morte do pai, deu tempo de a herança ser a ele transmitida, mas não deu tempo dele aceitar ou renunciar a herança)
Os herdeiros de verde são roxo e pink. Quando verde morre, a sucessão dele é aberta e é transmitida aos seus herdeiros. Portanto, roxo e pink têm direito a 50% cada da herança de verde.
A herança de verde é constituída do que ele já tinha + o que ele herdou de ivo, então, para aceitar ou renunciar a herança de ivo, primeiro tem que aceitar ou renunciar a herança de verde.
Aula 4 – 09/04
Preferência: o coerdeiro pode alienar obedecendo à preferência estabelecida no art. 504, CC.
Primeiro oferece a herança a quem concorre junto com quem vai alienar.
Na cessão gratuita não se exige o direito de preferência.
Ação de preempção – ação de preferência
Ação de preempção – ajuizando-a no prazo de 180 dias a partir da data que teve ciência da alienação e na qual efetuara o depósito do preço pago, havendo para si a parte vendida ao terceiro - ou seja, o herdeiro que deseja o quinhão hereditário para sim, deverá fazer um depósito do preço pago, pois o terceiro que adquiriu onerosamente o quinhão hereditário não poderá ser prejudicado. Então, o depósito vislumbra devolver ao terceiro o valor que este gastou.
Obs.: preferência só pode ser exercida nas cessões onerosas.
O imposto sobre a transmissão causa mortis e doação (ITCMD) é um imposto brasileiro de competência dos estados e do DF, que incide quando da transmissão não onerosa de bens ou direitos, tal como ocorre na herança (causa mortis) ou na doação (intervivos).
Ex. de renúncia: ivo morreu. Deixou 3 filhas, cada uma ficará com 1/3. Uva renunciou o seu direito à sucessão. O 1/3 de uva, será dividido entre as 2 irmãs. (regra de 3 simples)
1/3 dividido por 2
1 2
3 1
1 x 1 = 1
3 x 2 = 6
6 x 1 = 6
Então, ficará 1/6 para cada.
1. Responsabilidade dos herdeiros:
Art. 1792 – O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demonstrando o valor dos bens herdados.
● em nosso direito a aceitação da herança é sempre a benefício de inventário e sem necessidade de ressalva expressa.
● se o passivo for superior ao ativo, forma-se concurso de credores, regendo-se as preferências e privilégios.
● o concurso de credores instaura-se em procedimento de insolvência e cabe ao inventariante requerê-la.
● os herdeiros aceitam a herança em favor do inventário (se houver mais débitos do que créditos, os herdeiros não serão prejudicados com isso)
4. CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS
4.1 Conceito:
A relação obrigacional é passível de alteração na composição de seu elemento pessoal, sem que esse fato atinja sua individualidade, de tal sorte que o vínculo subsistirá na sua identidade, apesar das modificações operadas pela sucessão singular ativa ou passiva.
O direito à sucessão aberta – como qualquer direito patrimonial de conteúdos econômicos, pode ser transferido mediante cessão. A cessão de direitos hereditários é negócio jurídico translativo inter vivos, pois só pode ser celebrado depois da abertura da sucessão. – ocorre no momento da transmissão da herança até a aceitação. Após a aceitação tem-se o quinhão hereditário.
Obs.: herança é um imóvel, portanto exige a escritura pública.
Obs.2: se a pessoa for casada, exige a outorga do outro cônjuge.
4.1.1 Cessão de direitos hereditários é lícita ainda que o inventário não tenha sido aberto. Se não foi imposta nenhuma cláusula de inalienabilidade. (a cessão trata da tradição de bens incorpóreos)
Não se sabe o vai compor o quinhão hereditário, portando quando se cede a herança, se cede bens incorpóreos (só saberemos o que está contido nesse montante no momento da partilha)
Sucessão testamentária – pode ser colocada no testamento sem necessitar de justificativa – a clausula de inalienabilidade poderá estar contida em clausulas testamentarias.
Sucessão legítima – necessária – precisa de justificativa para adicionar clausula de inalienabilidade, pois se trata de direito fundamental dos herdeiros.
A cessão de direitos hereditários, gratuita ou onerosa “consiste na transferência que o herdeiro, legítimo ou testamentário, faz a outrem de todo quinhão ou de parte dele, que lhe compete após a abertura da sucessão”
a) Sendo gratuita, a aludida cessão equipara-se à doação;
b) Sendo onerosa, se equipara à compra e venda.
Art. 1793 a 1795 – Direito à sucessão aberta é diferente de quinhão de que disponha o coerdeiro.
Direito à sucessão aberta (quando a herança é transmitida antes de aceitar a sucessão) e quinhão hereditário (passa a existir a partir do momento em que já se aceitou a herança)
Forma e objeto – o direito abstrato à sucessão aberta é considerado BEM IMOVEL – logo exige escritura pública e outorga uxória ou marital como condição de validade de negócio jurídico.
da aceitação e da renúncia à herança
1. Da aceitação:
Determina a lei que, aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão (art. 1804). Em complemento, a transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança (art. 1804, parágrafo único). Tais previsões também se aplicam aos legados. Art. 1808, CC.
1.1 das regras de aceitação ou adição da herança:
A aceitação é o ato pelo qual o herdeiro confirma o seu desejo de receber a herança.
Obs.: não se pode aceitar em partes ou renunciar em partes.
Trata-se de um ato jurídico unilateral que produz efeitos independentemente da concordância de terceiros, tendo, portanto, natureza não receptícia, pois não precisa de comunicação para produzir efeitos.
Independentemente de outrosherdeiros consentirem ou não!
Obs.: mesmo com a transmissão da herança ao herdeiro é preciso aceita-la? Flavio Tartuce: SIM, pois antes da aceitação existe uma situação provisória que findará com este ato do herdeiro: a aceitação é ato de mera confirmação. Maria Berenice: NÃO.
Majoritariamente, a doutrina brasileira segue o CC, que diz que o Brasil trabalha com o duplo grau de transmissão da herança – primeiro é transmitida, depois a pessoa aceita ou não.
Obs.2: proíbe a lei a aceitação parcial, sob termo ou condição.
Obs.3: os efeitos da aceitação da herança são retroativos à data da abertura da sucessão, tendo conteúdo apenas declaratório e não constitutivo.
Obs.4: o legislador brasileiro adotou um sistema híbrido ou eclético de aquisição sucessória. A aquisição se dá pela aceitação, é o que prevê o art. 1804, e de forma automática. – a aceitação confirma a aquisição que já existe desde o momento em que ocorreu o falecimento e a abertura da sucessão.
1.2 espécies de aceitação – art. 1805
a) expressa: se faz por declaração escrita (particular ou pública) diferente da renúncia que, necessariamente, deverá ser feita por escritura pública.
b) tácita: o herdeiro ou legatário pratica atos que indicam a aceitação e que, portanto, são incompatíveis com a ideia de repudio aos bens herdados (ex.: herdeiro que paga os tributos do imóvel, que contrata funcionários para sua conservação, que CEDE direitos sucessórios)
obs.5: NÃO EXPRIMEM aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral e guarda provisória (art. 1805)
obs.6: Zeno Veloso – no rigor dos princípios, se há cessão de direitos, temos que houve aceitação e posterior transmissão da herança para os cessionários.
Ou seja, havendo cessão, independentemente de qual seja, pressupõe-se a aceitação. No entanto, o §2º do 1805 diz:
Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro.
§ 1 o Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória.
§ 2 o Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais co-herdeiros.
Desse modo, se porventura, um cede a herança gratuitamente aos demais coerdeiros, que, caso você viesse renunciar, seria quem iria ser beneficiado com essa herança, não se configura aceitação.
Ex.: cessão gratuita – ivo morre. Eva cede gratuitamente o seu quinhão aos demais coerdeiros. Portanto, ava fica com 1/3 adquirido por direito próprio, e 1/6 por direito de acréscimo. Uva também. Para o art. 1805, §2º, nesse exemplo não houve aceitação da herança, apesar da cessão.
Nesse caso, para Zeno, se há cessão de direitos implicaria uma aceitação.
c) Aceitação presumida: pois o CC não estabelece prazos para a aceitação
Nesses termos, o interessado na declaração de aceitação do herdeiro poderá, vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz, prazo razoável, não maior de 30 dias, para nele se pronunciar o herdeiro (art. 1807)
Passado o prazo razoável e a pessoa não se manifesta, presume-se que a pessoa aceitou a herança.
A diferença da presumida para a tácita, é que na presumida há uma provocação judicial e na tácita não.
Obs.6: para Flavio Tartuce e Fernando Simão o silêncio do herdeiro significa a aceitação tácita.
Obs.7: art. 1809 – o direito de aceitar a herança não é personalíssimo e se transfere aos filhos do herdeiro caso este faleça antes de ter aceitado a herança expressa ou tacitamente.
A aceitação não é personalíssima, então se o herdeiro morre antes de aceitar, os herdeiros do herdeiro pode aceitar ou renunciar, mas primeiro tem que aceitar a “sua” herança.
Obs.8: a deixa testamentária como condição suspensiva, caso ocorra a morte do herdeiro antes de cumprida a suspensão. Os herdeiros não terão direito.
para renunciar, quando for casado, precisa da outorga marital ou uxória.
A renúncia à herança não pode ocorrer antes da abertura da sucessão, ou seja, antes da morte de seu autor, sob pena de nulidade absoluta por se tratar de pacto sucessório (art. 426)
Obs.9: os efeitos da renúncia são retroativos à data da abertura da sucessão, ou seja, são ex nunc.
Obs.10: em razão da retroatividade, os filhos do renunciante não herdam por representação, porque o renunciante figura como se nunca tivesse sido herdeiro (art. 1811, CC)
Por direito próprio – herda diretamente do falecido
Por representação – herda representando um herdeiro pre-morto (morreu antes do falecido) – ex.: ivo morreu em 2018, eva, filha dele, morreu em 2017 e deixou 2 filhos. Então os filhos de eva irão representa-la na sucessão.
Obs.: só cabe direito de representação na linha reta descendente e na linha colateral de 3º descendentes (sobrinhos)
Filhos do herdeiro renunciante não terão direito de representação.
Obs.11: na prática, alguns noivos, em pacto antenupcial, preveem uma eventual renúncia à herança, caso algum deles venha morrer na constância do casamento. Pela lei, não pode, pois configuraria pacto sucessório. Pela prática, vendo o casamento como contratual e não institucional, vem se analisando essa situação.
2.1 renuncia abdicativa: quando o declarante simplesmente diz que não aceita a herança ou legado que será devolvido ao monte hereditário visando a partilha entre os herdeiros legítimos (não há incidência de imposto inter vivos) (é unilateral) – “eu renuncio, eu não quero mais”
O próximo herdeiro ou coerdeiro terá direito de acréscimo.
Retroage a data de abertura da sucessão, é como se eva nunca tivesse sido herdeira.
Após a morte de ivo, eva renunciou, uva ficou com 100% da herança.
Desse modo, somente se paga o ITCMD, imposto causa mortis. Pois é como se uva fosse a única herdeira, somente o imposto da transmissão do patrimônio de ivo para uva.
2.2 renúncia translativa: aquela em que o herdeiro recebe a herança e a transfere a certa pessoa (entendo se tratar de cessão de direitos gratuita)
Ex.: IVO morre, e sua filha eva faz uma renúncia translativa em favor de seus dois filhos.
Obs.11: a renúncia deve ser por instrumento público ou termo judicial, sendo nula a renúncia por instrumento particular (art. 1806). Não é possível renúncia tácita, apenas expressa.
Obs.13: a venha conjugal é necessária na renúncia?
Maria Helena Diniz e José Luiz Gavião – não
Flavio tartuce, sebastiao amorim, Euclides oliveira, zeno veloso – sim, pois a sucessão aberta é considerada bem imóvel. (art. 1642 e 1647)
Art. 1810 – a parte renunciada será dividida entre os demais herdeiros (É O DIREITO DE ACRÉSCIMO)
1. CREDORES DO HERDEIRO – ART. 1813
- no momento em que o herdeiro prejudicar seus credores, renunciando a herança, poderão eles com autorização do juiz, aceita-la em nome do renunciante. Pagas as dividas aos credores, permanece a renúncia.
Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante.
§ 1 o A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhecimento do fato.
§ 2 o Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros.
O renunciante não terá mais direito ao residual.
1. REGRAS COMUNS DA ACEITAÇÃO E DA RENÚNCIA:
ART. 1812 – ambas são irrevogáveis
Art. 1808 – não pode aceitar ou renunciar sob condição ou termo
Nem aceita nem renuncia em partes.
4.1 exceções:
a) herdeiro a que se testaram legados – pode aceita-los e renunciar a herança ou aceitando a herança repudia-los.
b) herdeiro chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos. Art. 1808, §2º - pode deliberar quanto aos quinhoes que aceita e renuncia (testamento e legítima)
ex.: quando o herdeiro legítimo simultaneamente também foi beneficiado em testamento. (recebeu herança da mesma pessoa por títulos sucessórios distintos [uma parte por sucessão legítima e outra por testamento])
o herdeiro pode aceitara legítima e renunciar a testamentária
aceitar ambas, renunciar ambas, aceitar uma ou outra.
Não pode é aceitar ou renunciar em partes.
Ex.: testamento de IVO – toda parte disponível é de EVA. (50% da herança)
uva
eva
eva
no CC16 – renunciar e 1 ano para anular a renuncia, então, para quem morreu até 10 de janeiro de 2003, a sucessão é vigida pelo CC16. Então caberia o prazo de 1 ano para anular a renuncia, a contar da renuncia.
No CC2002 – a renúncia e a aceitação são irrevogáveis.
Obs.: defeitos do negocio jurídico podem gerar nulidade do negocio jurídico.
● regime de comunhão universal de bens (não concorre a herança)
Ex.: ivo morre, ovo fica vivo. Ivo e ovo tem 3 filhos e são casados em regime de comunhão universal de bens, os filhos renunciam a herança, para beneficiar ovo, para quando ovo morrer, aí sim acontecer a sucessão.
100% da herança iria para ovo.
Após a renuncia, aparece junior, que propõe uma ação de investigação de paternidade cumulada com petição de herança. É deferida, jr filho de ivo.
A petição de herança é uma ação para reivindicar direito de herança de quem devidamente o detenha.
Quem ta com 100% da herança? OVO.
Quando a ação de herança for deferida, OVO ficará somente com a meação do patrimônio comum do casal, pois na comunhão universal de bens, metade do patrimônio comum é de um e metade de outro.
E o cônjuge sobrevivente ao concorrer com os descendentes, não tem direito a herança na comunhão universal de bens – OU SEJA, ovo terá direito a sua meação, no entando 100% da herança, IRÁ PARA JR.
Os irmãos pleitearam o pedido de anulação – não foi deferido, pois não configura nenhum tipo de defeito do negocio jurídico.
VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
1. Legitimação para suceder
Obs.: a legitimidade passiva é a regra e a ilegitimidade, a exceção.
Art. 1789, CC – legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão. (tal dispositivo refere-se tanto à sucessão legítima quanto à testamentária)
Obs.: reprodução assistida pós morte – autorização dos doadores do material genético, no caso, em regra, do esposo daquela mulher, conforme previsão do 1597.
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:
I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal;
II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento;
III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;
IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga;
V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido.
Art. 1597 (presunções de paternidade)
Os embriões excedentários nascidos a qualquer tempo, presumem-se filhos do marido daquela mulher, portanto, gera direito de família.
Embriões excedentários
Póstuma – concepção?
- Silmara Chinellato – o que é concepção? Ela entende que ocorre a concepção a partir do momento em que o espermatozoide fecunda o óvulo. Como o embrião excedentário, o óvulo já foi fecundado, compreende-se que na reprodução assistida pos mortem, já houve a concepção, dependendo apenas que o embrião já concebido vá para a barriga da mãe. Com base nessa interpretação, cabe direito sucessório.
Maria Berenice Dias entende que – filho é tudo igual, então esses também possuem direito sucessório.
Art. 1824 – o herdeiro pode, em petição de herança, demandar o reconhecimento de seu direito sucessório, para obter a restituição da herança ou de parte dela, contra quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título, a possua.
Súmula 149, STF – “É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a da petição de herança”
● prescritível em 10 anos coincide com a abertura da sucessão (da morte). STJ
1.1 cláusula testamentária que beneficia pessoa já falecida – caduca, ineficaz.
Ex.: deixo minha coleção de carros para o Ayrton Senna (morreu em 1994)
1.2 nascituro
podem ser, assim, chamados a suceder tanto na sucessão legítima, como na testamentária, ficando a eficácia da vocação dependente do seu nascimento. Nascendo com vida, a existência do nascituro, no tocante aos seus interesses, retroage ao momento de sua concepção.
Curador ventris: curador ao ventre (resguarda os interesses do nascituro, em regra, é a própria mãe ou o outro genitor, apenas na ausência ou impossibilidade destes, o juiz nomeia uma terceira pessoa)
Obs.2: se o feto for natimorto não haverá aquisição de direitos, como se nunca tivesse existido.
2. Legitimação para suceder por testamento
Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder:
I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão; (prole eventual)
II - as pessoas jurídicas;
III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação. (criação de fundação)
Inciso I - Prole eventual – pessoas que não foram sequer concebidos – filhos não concebidos de alguém.
O concepturo deve ser filho e não qualquer outro descendente.
Prazo: deve ser concebido em até 2 anos da abertura da sucessão (morte)
Ex.: deixo minha disponível ao primeiro filho da minha sobrinha mais velha (art. 1799, I) – UM ÚNICO HERDEIRO.
OBS.: não confundir a prole eventual com a substituição fideicomissária (dois herdeiros em momentos distintos)
Ex.: deixo minha disponível para minha sobrinha mais velha, que quando se formar deverá entregar a seu primeiro filho. ISSO NÃO PODE.
Curador nomeado pelo juiz – em regra é genitor. No ex. a sobrinha mais velha. Aberta a sucessão, os bens da herança serão confiados, após a partilha (vide art. 1775 c/c art. 1797) curador deverá ser o genitor do filho nomeado a herdar.
Nomeação de administração pelo testador, art. 1800, 4º - decorridos 2 anos após a abertura da sucessão, não for concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos herdeiros legítimos (tal como se o herdeiro esperado nascer morto)
Obs.: só há de se falar em deixa em favor de prole eventual na sucessão testamentária.
Obs.3: adoção -
Inciso II – pessoas jurídicas – a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro (art. 45, cc) antes disso são meras sociedades de fato ou sociedades não personificadas (qualquer pessoa jurídica pode ser contemplada menos no que se refere a pessoas jurídicas de direito público externo, que pesam restrições legais sobre aquisição de bens imóveis ou suscetíveis de desapropriação no brasil. Art. 11, §2, LICC.
OBS.: afastada estaria, perante o novo Código, a possibilidade do testador beneficiar mera associação ou sociedade de fato, ou seja, aquelas que atuam no mundo dos negócios, mas não tem ainda exigência legal por falta de registro de seus atos constitutivos.
Obs.: a tendência, todavia, é a de manter a testamenti factio passiva das aludidas pessoas jurídicas, por ser evidente o paralelismo com o nascituro (Carlos Roberto Gonçalves)
Ex.: josedla deixou toda a disponível para o escritório de advocacia (pessoa jurídica). Descobre-se que não são registrados, são so uma sociedade de fato.
O escritório perdeu o direito? Segundo C. R. G. NÃO, basta adquirirem o direito bastaria que regularizarem a pessoa jurídica.
Inciso III – criar uma fundação (por meio de pessoa jurídica) para fins religiosos, morais, culturais, assistenciais.
3. Os que não podem ser nomeados herdeiros testamentários nem legatários
Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários:
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos;
II - as testemunhas do testamento;
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cincoanos;
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento.
Os incisos I, II e IV estão intimamente ligados à quem participou, de alguma forma, da elaboração do testamento.
Inciso III – se há separação de fato, não seria mais concubino, configuraria união estável. E na uniao estável pode haver sucessão testamentária
Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa.
Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os descendentes, os irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder.
Assim como a interposta pessoa – “testa de ferro/laranja”
Art. 1.803. É lícita a deixa ao filho do concubino, quando também o for do testador.
Filho com a amante, não entra na figura da interposta pessoa (pois está deixando algo para um filho seu)
aula 16/04
sucessão legítima art. 1829
É a sucessão prevista em lei. É direito fundamental e não pode ser cerceado pelo autor da herança (falecido)
É dividida em: sucessão legitima necessária e sucessão legitima facultativa.
a. Sucessão legítima necessária: refere-se aos herdeiros que, existindo, necessariamente, deve-se resguardar 50% do patrimônio a eles. Esse direito não pode ser negligenciado.
Ex.: tem 1 filho. Não pode se deixar 100% da herança pro melhor amigo, pelo menos 50% tem que ser do filho. Esses 50% chama-se de parte legítima.
1º descendentes em concorrência com cônjuge ou companheiro
2º ascendentes em concorrência com cônjuge ou companheiro
3º cônjuge ou companheiro
Obs.: ordem de vocação hereditária – com a morte e abertura da sucessão, primeiro deve-se buscar se o falecido deixou herdeiros. Quais herdeiros? Primeiro as classes mais próximas (as classes mais próximas afastam as mais distantes)
Primeiro tem que ver se existe alguém na 1ª, não existindo, na 2ª e assim sucessivamente.
Obs.: disposição testamentária, caso exista, será de no máximo 50%.
Obs.: não é obrigatório elaborar testamento, no entanto, se faço uso do testamento, que diz respeito a minha parte disponível, existindo herdeiros legítimos necessários, o máximo que posso dispor é de 50%.
b. Sucessão legítima facultativa: é facultado deixar algo para eles ou não, deixa se quiser.
São os parentes em linha colateral em até 4º grau (não existindo 1, 2 e 3 classe, quem herda são eles, obedecendo uma ordem [os graus mais próximos afasta os mais longe)
Obs.: disposição testamentária pode ser de até 100%, pois é facultativo deixar algo para eles ou não.
1. Da ordem da vocação hereditária
Art. 1829 – a sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
Obs.: vide RE n. 646.721 e RE n. 878.694 – que consideraram o art. 1790, cc inconstitucional.
Art. 1790, CC – a sucessão do companheiro passa a ser tratada por analogia à do cônjuge.
Dava um tratamento distinto a cônjuges e companheiros. Verificando essa distinção, o STF considerou inconstitucional esse art.
Passamos então, a aplicar as mesmas regras que são aplicadas aos cônjuges, no que couber, aplicamos ao companheiro.
1.1 1ª classe – descendentes c/c cônjunge ou companheiro
1.1.1. Descendentes:
Art. 1833 – Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais remotos, salvo o direito de representação.
→ os graus mais próximos afastam os mais distantes (salvo direito de representação)
Obs.: o parentesco em linha reta é infinito e o em linha colateral só vai até o 4º grau.
Na sucessão, além de levar em consideração as classes, também devemos levar em consideração os graus.
Art. 1834 – os descendentes da mesma classe têm os mesmos direitos à sucessão de seus ascendentes
Art. 1835 – na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau.
Obs.: herdar por cabeça quer dizer que está herdando diretamente (herdando diretamente da pessoa que faleceu)
Há a possibilidade dos netos herdarem diretamente do falecido (quando o falecido morrer sem deixar ninguém no primeiro grau (nesse ex. são da primeira classe e segundo grau)
Obs.: se ao invés de premoriencia, tivéssemos uma renuncia de todos os filhos (herdeiros de primeira classe e primeiro grau), iria para os próximos herdeiros (os netos). Não seria representação pois TODOS os herdeiros renunciaram, então ovo e iva (netos) estariam herdando por direito próprio.
Estirpe é quem descende de mim – ex. filhos, netos, bisnetos e etc. (direito de representação)
Ex.: netos herdam por representação.
1.1.2 descendentes em concorrência com cônjuge ou companheiro
→ importância do regime de bens para a concorrência de descendente com cônjuge ou companheiros.
I – aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente (ou companheiro), salvo se casado este com o falecido no regime de comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens [art. 1641, o correto seria 1640] (art. 1640, parágrafo único); ou se, no regime de comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares.
→ não concorre: * não concorre a herança o cônjuge/companheiro.
Traduzindo o inciso I – o cônjuge ou companheiro sobrevivente não concorrerão com os descendentes nas hipóteses de comunhão universal, separação obrigatória e nos demais regimes caso não existam bens particulares.
NÃO CONCORRE A HERANÇA:
Comunhão universal de bens e separação obrigatória de bens.
O Cônjuge ou companheiro sobrevivente casado em regime de comunhão universal de bens (pactuado por meio de pacto antenupcial – em que em tese, existiria um único montante patrimonial, ou seja, patrimônio comum)
A título sucessório, o cônjuge sobrevivente não herda quando é casado no regime de comunhão universal de bens.
Obs.: não confundir herança com meação (meação é direito de família)
O patrimônio comum do casal que configura todo o patrimônio adquirido antes do casamento e na constância dele – quando ivo morre, a primeira coisa que se deve fazer é a meação.
Metade do patrimônio comum, por direito de família é de EVA, e a outra metade é de IVO. O que corresponde a herança de IVO? É sua meação (metade do patrimônio comum que ficou para ivo, é a totalidade de sua herança, que será dividida entre seus herdeiros, nesse caso, os seus 4 filhos)
Obs.: em razão da meação, que é direito de família, eva ficou com metade do patrimônio comum. A outra metade (meação) que corresponde a totalidade da herança de ivo, será dividida entre seus herdeiros (resposta da prova)
Separação obrigatória de bens (art. 1641)
→ maiores de 70 anos
→ causas suspensivas do art. 1523
→ suprimento judicial de autorização
A ideia central desse regime é a existência de 2 montantes patrimoniais (cada um com seu próprio patrimônio particular)
no entanto, temos a súm. 377, STF – que diz que no regime de separação obrigatória de bens, os bens adquiridos onerosamente por esforço comum do casal serão divididos.
Desse modo, ao invés de termos 2 montantes (um de cada cônjuge), acaba tendo 3 (+ o montante comum)
Ex.: ivo casado com eva no regime de separação obrigatória de bens), ivo morre.
Ivo deixou herdeiros de primeira classe (filhos e cônjuge)
A herança de ivo é composta pela totalidade do patrimônio particular + a metade do patrimônio comum. Quem tem direito a herança é somente os filhos (nesse ex.)
Eva terá direito a meação.
● demais regimes de bens, caso não haja bens particulares:
→ cônjuge sobrevivente também não concorrerá a herança caso não tenha bens particulares.
● CONCORRE -- regime de bens que o cônjuge ou companheiro concorrem com os descendentes: o cônjuge ou companheiro sobrevivente concorrem a herança caso existam bens particulares do falecido nos demais regimes.
Demais regimes: comunhão parcial de bens (desde que tenham bens particulares;
Participação final nos aquestos (desde que tenham bens particulares)
Separação convencional de bens (desde que tenham bens particulares)
Obs.: eles concorrerão a herançaem relação ao patrimônio particular do falecido.
Ex.: o falecido morreu deixando tanto bens particulares, como bens comuns com o cônjuge. O cônjuge só concorre em relação ao patrimônio particular do falecido.
Eva não concorre a herança do patrimônio comum (a parte de IVO do patrimônio comum, será dividido entre os seus filhos) e a outra meação do comum é de EVA, por direito de família.
Eva só concorre com os descendentes ao patrimônio particular.
Herança de ivo = particular + meação
Portanto, EVA é meeira do patrimônio comum e Herdeira do particular.
Regime de participação final nos aquestos: pacto antenupcial
Na constância do casamento so se tem os bens particulares (cada um administra o que é seu) e com a dissolução do casamento passa a existir o patrimônio comum (corresponde exatamente aos bens adquiridos onerosamente na constância do casamento)
Regime de separação convencional de bens: foi acordado entre o casal – pacto antenupcial.
“o que é meu é meu, o que é teu é teu”
Em regra, apresenta apenas 2 montantes, somente os montantes particulares, não há a figura do montante comum do casal.
Ivo morre, deixa os filhos e o cônjuge. Eva não tem direito a meação, pois não existe patrimônio comum. Mas eva tem direito a herança, em concorrência com os filhos.
● RESERVA DA QUARTA PARTE:
Art. 1832. Em concorrência com os descendentes (1829, I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer.
O cônjuge ou companheiro ao concorrer com filhos comuns do falecido terá direito a pelo menos ¼ do patrimônio a que concorre.
O cônjuge ou companheiro ao concorrer com os filhos comuns do falecido terá direito a pelo menos ¼ do patrimônio a que concorre
Obs.: só vale quando tiver tratando de filhos comuns (falecido e sobrevivente)
Ex.: ivo e eva casados em regime de comunhão parcial de bens... ivo morre e deixa 2 filhos.
Eva é meeira do patrimônio comum e concorre a herança do patrimônio particular.
A meação de ivo será dividida entre os dois filhos
E o patrimônio particular de ivo será dividido entre os dois filhos e o cônjuge sobrevivente.
1/3 é maior que ¼ - portanto, já foi assegurado a Eva mais do que a reserva. Eva terá direito a meação + 1/3 de herança.
Quando tem 3 filhos – eva terá direito a meação e ¼ do patrimônio particular – ¼ = ¼ obedeceu-se a regra da reserva
Quando se tem 4 filhos – eva terá direito a meação, ¼ do patrimônio particular. ¾ será dividido entre os filhos.
Obs.: se o cônjuge ou companheiro estiver concorrendo com filhos exclusivos (filhos somente do falecido) – não se aplica a reserva de ¼.
Se estiver concorrendo com filhos na forma híbrida (comuns e exclusivos) – não cabe reserva, concorre igualmente.
Ou seja, a reserva de ¼ SÓ se aplica na hipótese de filhos comuns do casal.
Art. 1836 – na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente.