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ADENOMAS HIPOFISÁRIOS: O QUE VOCE PRECISA SABER DE HISTOLOGIA Histologicamente, os adenomas hipofisários são constituídos por células uniformes, arredondadas, ovaladas ou poligonais, com citoplasma acidófilo, basófilo ou cromófobo e núcleos arredondados, sem atipias, contendo cromatina finamente granular e pequenos nucléolos. As células arranjam-se geralmente em torno de capilares, formando bainhas separadas por septos fibrovasculares delicados ou por vezes lembrando formações papilíferas. Pleomorfismo e hipercromasia nucleares e figuras de mitose podem ser encontrados, mas nem sempre indicam comportamento biológico agressivo. A coloração para fibras reticulares mostra perda do padrão alveolar normal da adeno-hipófise, por fragmentação e rarefação das mesmas (Figura 29.18). Figura 29.16 Adenoma hipofisário. Células de padrão uniforme, citoplasma acidófilo e núcleos arredondados, sem atipias. A Organização Mundial da Saúde classifica os adenomas da hipófise em: Adenomas típicos que correspondem à maioria dos tumores e apresentam histologia uniforme, raras figuras de mitose e índice de proliferação celular avaliado pelo MIB-1/Ki-67 menor ou igual a 3%; adenomas atípicos que correspondem de 2,7 a 15% dos adenomas e apresentam aspectos indicativos de possível comportamento mais agressivo: crescimento invasivo, figuras de mitose, índice proliferativo maior do que 3% avaliado pelo MIB-1/Ki-67 e expressão nuclear aumentada de p53. Figura 29.17 Adenoma hipofisário. Células em arranjo perivascular, lembrando formações papilíferas. O Ki-67 (ou MIB-1) é um marcador utilizado na avaliação imunoistoquímica do câncer de mama. Trata-se de uma substância liberada durante a divisão celular. Portanto, os tumores que se dividem mais tem Ki-67 mais elevados. O Ki-67 é considerado elevado quando está acima de 30% (tumores agressivos) e baixo quando é menor que 10% (tumores pouco agressivos). Figura 29.18 A. Hipófise normal. B. Adenoma hipofisário. Coloração para fibras reticulares. Adenomas São numerosos os tipos de adenoma hipofisário, os quais estão descritos a seguir. Adenoma secretor de prolactina (adenoma de células lactotróficas, prolactinoma) Prolactinoma, mais comum em mulheres (2 a 4:1). É o adenoma hipofisário mais frequente (20 a 27%). Embora se manifeste geralmente na quinta e sexta décadas, pode aparecer em mulheres na terceira década de vida, em geral sob a forma de microadenoma. Os prolactinomas podem ser densamente (dg) ou esparsamente granulados (eg). Os prolactinomas dg são raros e suas células apresentam estrutura semelhante à das células normais produtoras de PRL, as quais são alongadas ou ovaladas e apresentam numerosos grânulos eosinofílicos no citoplasma. A imuno-histoquímica demonstra grânulos positivos para PRL distribuídos difusamente no citoplasma das células neoplásicas (Figura 29.19). Os prolactinomas eg os mais frequentes, são constituídos por células cromófobas, com estroma fibrovascular distribuído irregularmente. São comuns focos de hemorragia, microcalcificações (15 a 20% dos casos) e deposição de amiloide (6%). Os grânulos de PRL aparecem ao redor do núcleo. À microscopia eletrônica, as células apresentam retículo endoplasmático rugoso abundante, complexo de Golgi bem desenvolvido e grânulos de secreção esféricos (Figura 29.20). Adenoma secretor de prolactina densamente granulado. Imuno-histoquímica Microscopia eletrônica de adenoma secretor de prolactina mostrando grânulos de secreção. Retículo endoplasmático rugoso e Golgi bem desenvolvidos. Os prolactinomas são uma das causas principais de hiperprolactinemia, que resulta na síndrome de amenorreiagalactorreia (síndrome de Forbes-Albright) ou em infertilidade em mulheres na idade reprodutiva. Tais manifestações são causadas por aumento da PRL sérica, que inibe a produção hipotalâmica do hormônio liberador de gonadotrofinas; com isso, diminui a síntese, pela adeno-hipófise, dos hormônios gonadotróficos (FSH e LH), resultando em ciclos anovulatórios, oligo ou amenorreia e infertilidade. Em homens, redução de FSH e LH causa diminuição da testosterona, com oligo ou azospermia. Essas mesmas manifestações ocorrem por macroadenoma que, destruindo as células produtoras de FSH e LH, resulta em secreção insuficiente desses hormônios e infertilidade. Ocorre ainda perda da libido e impotência, que na maioria dos casos não são valorizadas, passando o tumor despercebido até que cause compressão ou invasão de estruturas vizinhas. Hiperprolactinemia pode ser provocada por secreção aumentada de PRL pelas células tumorais ou por perda da inibição hipotalâmica por causa da desconexão hipotalâmico-hipofisária. Assim, a neoplasia pode aumentar a PRL sérica mesmo nos casos em que o tumor não seja secretor de PRL. Parece que, nesses casos, os níveis séricos de PRL não são superiores a 100 ng/mL (normal = 4 a 20 ng/mL), enquanto o encontro de níveis acima de 150 a 200 ng/mL é altamente sugestivo de prolactinoma.