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Botânica Organografia Organizadores Maria Rita Cabral Sales de Melo Rafaela Alves Pereira-Silva Autores Maria Rita Cabral Sales de Melo Rafaela Alves Pereira-Silva Tianisa Prates Boeira Diagramação e capa Melquíades Henrique Barbosa da Silva Ilustração Edilton Vital de Oliveira Neto Prefácio Ednaldo José da Silva Reitor: Prof. Marcelo Brito Carneiro Leão Vice-Reitor: Prof. Gabriel Rivas de Melo Conselho Editorial Bruno de Souza Leão : Maria Wellita Santos Editora Universitária da UFRPE – Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Sistema Integrado de Bibliotecas da UFRPE Biblioteca Central, Recife-PE, Brasil M528b Melo, Maria Rita Cabral Sales de Botânica: organografia / Maria Rita Cabral Sales de Melo, Rafaela Alves Pereira da Silva. – 1. ed. - Recife: EDUFRPE, 2021. 108 p. : il. Ebook:PDF ISBN: 978-65-86547-35-1 1. Botânica - Morfologia 2. Raízes (Botânica) 3. Folhas 4. Flores 5. Fruto 6. Sementes 7. Caule I. Silva, Rafaela Alves Pereira da II. Título CDD 581 Sobre as autoras Maria Rita Cabral Sales de Melo Bacharel e Licenciada em Ciências Biológicas, especialista em Docência do Ensino Superior, Mestre e Doutora em Botânica, professora de Anatomia, Morfologia e Sistemática de Fanerógamas, na Universidade Federal Rural de Pernambuco, curadora do Herbário PEUFR-UFRPE. Responsável pela idealização deste livro, escrita e revisão. Rafaela Alves Pereira-Silva Pós-doutora em Botânica pelo Programa de Pós-Graduação em Botânica da UFRPE. Tem experiência com a linha de Pesquisa de Taxonomia de fanerógamos. Responsável pela escrita, formatação e revisão. Tianisa Prates Boeira Mestre em Sistemática e Evolução, atualmente é técnica em laboratório no Herbário Professor Vasconcelos Sobrinho (PEUFR), no Departamento de Biologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Responsável pela escrita do capítulo de Semente deste livro. Prefácio Conhecemos as plantas e sua importância através do senso comum, de nossas experiências pessoais com elas e a partir de suas utilidades enquanto supridoras das necessidades humanas seja por serem utilizadas na construção de casas, móveis ou na indústria de papel; ou como fontes de nutrientes e usadas na alimentação humana e animal; ou por seus usos como chás e banhos em rituais religiosos; ou por seus efeitos alucinógenos ou curativos os quais estima-se terem sido utilizados desde pelos Neanderthais há aproximadamente 60.000 anos até os dias atuais. Em “A Mandrágora” de Nicolau Maquivel, Calímaco trama seu plano para deitar-se com a linda Lucrécia, esposa de Messer Nicia, utilizando os poderes promotores da fertilidade (afrodisíacos) da Mandrágora, uma planta típica da Eurásia pertencente à família Solanaceae. A mesma Mandrágora foi emprestada a lendas e a outras obras como em Harry Potter e a Câmara Secreta onde a planta, além de possuir efeitos curativos, apresentam feições humanas e o grito de suas raízes seriam insuportáveis ao ser humano quando expostas. Ainda, plantas insetívoras são representadas em filmes “hollywoodianos” como sendo monstros cheios de dentes dispostos a devorador a mais inocente das crianças. Ainda que as plantas possam ser personificadas e a elas sejam atribuídas características motoras e sensoriais tipicamente humanas na literatura e cinema, ao depararmos com as plantas desde as algas aos Jatobás, vemos seres que sabemos serem vivos, mas que diferentemente dos animais que se movem, elas assemelham-se muito mais à matéria bruta inerte que algo com vida. Assumimos que o pressuposto da vida está atrelado ao movimento e à capacidade de comunicar algo através de uma linguagem a que estamos acostumados. Logo, se compreender as plantas como seres vivos já é difícil de aceitar através do senso comum, imagine associá-las a comportamentos e mecanismos de comunicação fora do sobrenatural “hollywoodiano”! Retirando os excessos que o glamour literário e cinematográfico dá às plantas, assim como os animais, elas apresentam uma fisiologia e estruturas morfoanatômicas que possibilitam comportamentos e mecanismos de comunicação diferentes aos que estamos acostumados a identificar em animais, mas que as permitem interagir com todos os componentes bióticos e abióticos das comunidades onde então inseridas com sucesso. Quem nunca viu um coqueiro com seu caule retorcido e não se perguntou o porquê desse comportamento; ou o porquê de as folhas de Mimosa fecharem ao serem tocadas, ou as raízes de Avicennia que emergem do mangue em direção às nuvens; ou ainda, o estranho caso das espécies de plantas “carnívoras” como a Drosera que, longe de serem devoradoras de crianças indefesas, realmente capturam pequenos insetos. Embora a compreensão das plantas parta do senso comum através de mitos e conhecimentos tradicionais de suas utilidades para o ser humano, a compreensão dos vegetais deve envolver um olhar direcionado à planta e sua sobrevivência no meio ambiente para além do senso comum e de sua utilidade para o homem. Ainda que possamos listar muitas das diferentes formas inusitadas de comportamentos apresentados pelas plantas, aqui serão abordadas as características morfológicas e adaptações para viverem nos mais variados ambientes. Ednaldo José da Silva Sumário Apresentação 1 CAPÍTULO 1 Raiz 3 Partes constituintes de uma raiz 6 Classificação das raízes 7 1 - Quanto a sua origem 7 2 - Quanto ao meio em que se encontram 8 3- Principais adaptações 13 4 - Modificações radiculares 14 CAPÍTULO 2 Caules 16 Classificação dos caules 14 1 - Quanto à ramificação 17 2 - Quanto à consistência 18 3 - Quanto à localização no meio ambiente 19 4 - Modificações caulinares 26 CAPÍTULO 3 Folha 30 Adaptações foliares 30 As folhas apresentam diversas classificações 34 1- Quanto às suas partes: 34 2 - Quanto à subdivisão do limbo 35 3 - Quanto à sua inervação 37 4 – Quanto à consistência 38 5 - Quanto à coloração 38 6 - Quanto à filotaxia (distribuição das folhas no caule) 39 CAPÍTULO 4 Flor 44 Partes constituintes 44 As flores apresentam diversas classificações 45 1- Quanto ao pedúnculo 45 2 - Quanto ao número de peças florais 46 3 - Quanto à homogeneidade das peças florais 46 Classificação do cálice 47 1 - Quando a soldadura de suas sépalas 47 2- Quanto ao número de sépalas 48 3 - Quanto à duração das sépalas 49 Classificação da corola 51 1 - Quanto à soldadura de suas pétalas 51 2 - Quanto ao número de pétalas 51 3 - Quanto à duração das pétalas 52 4 - Quanto à simetria 53 5 – Quanto ao formato das pétalas 54 Classificação das flores em relação ao sexo 55 Androceu 56 Classificação do androceu 56 1 – Quanto ao tamanho dos estames 56 2 – Quanto à soldadura 57 3 – Quanto ao tipo de abertura da antera (deiscência), para saída do pólen 58 4 – Quanto à inserção do filete na antera 59 5 – Quanto à sua posição na flor 60 6 - Quanto ao número de estames em relação ao de pétalas 61 Gineceu 60 Classificação do gineceu 62 1 – Quanto à posição do ovário no receptáculo 62 2 - Quanto ao número de carpelos 63 Inflorescência 65 Tipos de Brácteas 65 Classificação das inflorescências de acordo com o crescimento do eixo central 66 Inflorescências Definidas ou Cimeiras ou Inflorescências Simpódicas 66 Inflorescências Indefinidas ou racimosas 69 CAPÍTULO 5 Fruto 74 Função 75 Classificação dos frutos 76 1 – A consistência do mesocarpo 76 2– A sua deiscência 76 3 – O tipo de abertura 77 4 - A ontogenia, origem 78 5 - A consistência do mesocarpo e suadeiscência 80 CAPÍTULO 6 Semente 84 Constituição da semente 84 1-Envoltórios 84 2-Quanto ao número de tegumentos 85 3-Tegumento suplementar 86 4-Reservas 86 5-Embrião 88 6-Germinação 91 7- Tipos de Germinação 92 8- Dispersão de sementes e frutos (diásporos) 92 9- Síndrome de dispersão 93 Leituras adicionais recomendadas 94 1 Apresentação A colaboração entre Maria Rita, Rafaela e Tianisa, duas Biólogas e uma Gestora Ambiental, com formações amplas, aprofundadas e complementares nos premiou com uma obra de suma importância para iniciantes na Botânica, seja para estudantes de Agronomia, Biologia, Veterinária, Zootecnia, Ciências ambientais, ou, para estudantes de Pós-graduações das diferentes áreas das Ciências biológicas, Biodiversidade e Ciências Agronômicas como para profissionais de diversas áreas das Ciências Naturais. O Resultado desta colaboração foi um livro completo que traz a estrutura do corpo vegetal desde a germinação da semente nas plantas fanerogâmicas, quando a semente germina e a radícula se distende por divisões e ocorre o alongamento celular originando a raiz primária, e o caulículo se desenvolve formando o caule até chegar aos tipos de germinação de sementes passando pelas diferentes partes da planta. Capítulo a Capítulo observamos o cuidado das autoras com o texto, com as ilustrações, com as belíssimas fotografias e, com a apresentação de um glossário tão útil e importante ao entendimento desta ciência maravilhosa. O capítulo inicial apresenta conceitos importantes de tipos de crescimento em função de estímulos externos, passa para as funções e suas partes e, entra nas classificações das raízes em função de vários aspectos, adaptações e modificações das raízes, as funções, formas, classificações, localizações do caule em diferentes ambientes e as nos encontramos com as curiosidades dos caules. No capítulo seguinte somos apresentados ao mundo das folhas, suas partes constituintes, tipos de folhas, na filotaxia e nas suas adaptações e classificações, seguimos então para a organografia das flores, o capítulo mais colorido, o “mundo” belíssimo e fascinante das flores. Neste capítulo encontramos a importância deste órgão e aprendemos sobre as partes que as compõem uma flor completa, pedúnculo, receptáculo, cálice, corola e as classificações das flores em função 2 da presença, forma, número, soldadura e simetrias das peças florai e classificação quanto ao sexo, aprendemos sobre gineceu e androceu e finalizamos o capítulo com o conhecimento das inflorescências. O “saboroso” capítulo de frutos vem para nos “enlaçar” na organografia. É um capítulo de “dar água na boca”! Sim! Somos apresentadas as características do fruto, as origens dos frutos, partes de frutos, classificações dos frutos e finalizamos nosso produtivo e necessário conhecimento sobre a organografia de plantas com o detalhado e, maravilhoso estudo das sementes. Logo no início do capítulo, as autoras nos informam que esta estrutura está “envolvida na disseminação, proteção e reprodução de vegetais terrestres pertencentes ao grupo das Espermatófitas (plantas com sementes): as Gimnospermas e Angiospermas”, seguimos aprendendo sobre as partes constituintes, classificações e entramos nos tipos de disseminação das sementes. Uma viagem linda, uma obra maravilhosa para todos que amam a ciência Botânica. Este livro vai fazer a diferença para quem gosta ou precisa estudar a organografia de plantas. Ariadne do Nascimento Moura 3 Raiz Raiz (do latim “radix”) é a estrutura do corpo vegetal especializada na fixação da planta a um substrato, absorção e condução de água e sais minerais do ambiente para as demais partes da planta. As raízes são geralmente estruturas aclorofiladas, não segmentadas, desprovidas de folhas e gemas (exceto as raízes gemíferas). Nas sementes das fanerógamas em germinação, encontra-se o embrião, que apresenta uma raiz embrionária (radícula), um eixo caulinar embrionário (hipocótilo-epicótilo) e uma ou duas folhas embrionárias, os cotilédones (Figura 1). Quando a semente germina, a radícula se distende por divisões e alongamento celular originando a raiz primária, e o caulículo se desenvolve formando o caule. Dessa forma, é possível observar que a raiz é a primeira estrutura a emergir da semente na geminação, auxiliando a plântula na fixação ao solo, na absorção da água e posteriormente na condução de sais minerais para o topo da planta, permitindo colonizar o ambiente (Figura 1). Algumas raízes são órgãos de reserva e são utilizadas pelo homem para alimentação, tais como a cenoura, batata-doce, macaxeira e beterraba. Se a planta apresentar raízes terrestres, estas terão geotropismo positivo, crescem em direção ao solo e o caule geotropismo negativo, crescem em direção contrária ao solo. Funções da raiz: Fixação, absorção, condução e armazenamento. 4 Se a planta for uma Monocotiledoneae, as células do ápice radicular se degeneram e surgem várias raízes da base do caule, colo ou coleto, não havendo uma raiz principal. Nas Dicotiledoneae a radícula irá produzir a raiz axial ou pivotante, em geral, esse tipo de raiz atinge maiores profundidades no solo do que a raiz fasciculada, entretanto esta última é bastante utilizada na prevenção de erosão devido à facilidade de se fixarem ao solo. As raízes podem se apresentar de diversas formas, subterrâneas, aéreas, aquáticas, coletoras e pnematóforos, cada qual com suas adaptações que permitem as plantas sobreviverem aos diferentes ambientes e suportarem bem as vulnerabilidades de seus habitats. Tropismo é o crescimento da planta em resposta a um estímulo externo. Geotropismo é uma das formas de tropismo. Sementes Arilo Hipocótilo Cotilédones Eófilo Radícula Raízes 5 Figura 1 – A e B. Fases de germinação de uma semente de angiosperma. 6 Partes constituintes de uma raiz Em sua extremidade (região terminal) encontramos uma estrutura resistente em forma de cone (coifa ou caliptra) que protege a região do meristema primário (tecido de crescimento), seguida por uma zona de alongamento (zona lisa), responsável pelo crescimento, em comprimento, das células radiculares. Acima da zona lisa, observamos a presença de pêlos absorventes (zona pilífera), região que proporcionalmente aumenta a área de absorção de nutrientes. A zona de ramificação é a zona mais velha da raiz e promove a formação das raízes laterais (Figura 2). Colo ou Coleto: região de transição entre caule e raiz. Diferencia-se pelo tipo de tecido que passa a ter o floema e xilema, originalmente alternados na raiz em feixes (Figura 2). Figura 2 – Esquema de uma raiz com destaque para seus elementos constituintes. Colo Raizes laterais Raiz axial Pelos radiculares Coifa 7 Classificação das raízes 1 - Quanto a sua origem: A - Pivotante ou Axial: Característico das dicotiledôneas; se origina do ápice da radícula (Figura 3A). Ex.: Goiabeira, mangueira, etc. B - Fasciculada ou Cabeleira: Característico das monocotiledôneas, não apresenta um eixo principal (Figura 3B). Origina-se do colo ou coleto do embrião, a região apical da radícula se degenera e surgem varias raízes da base do caule; apresenta a forma de cabeleira. Ex.: Capins, cana-de-açúcar, etc. Tanto as raízes axiais como as fasciculadas podem acumular substâncias de reserva. Passam, então, a ser chamadas de tuberosas. Ex.: Cenoura, beterraba, aipim, nabo, rabanete. Figura 3 – Tipos de raiz quanto a sua origem. A – Raiz pivotante de alface (Lactuta sativa – Asteraceae). B – Raiz fasciculada de clorofito (Chlorophytum comosum – Asparagaceae). Raiz principal Raizes laterais Raiz fasciculada A B Raiz principalRaízes laterais Raiz fasciculada A B 8 2 - Quanto ao meio em que se encontram: A - Terrestres: São raízes subterrâneas, a maioria dos vegetais apresenta este tipo de raiz. Como um tipo especial de raiz terrestre tem-se: A.1 - Raiz contrátil: São raízes ocorrentes em algumas plantas do cerrado, é um subterfúgio da planta, já que permite o aprofundamento de cormos, bulbos e rizomas mantendo suas gemas protegidas de possíveis adversidades, como o fogo que ocorra na superfície. Geralmente as raízes contráteis são as primárias, permitindo o aprofundamento de sementes que caem de suas plantas mãe (Figura 4). Figura 4 – Raiz contrátil de dente-de-leão (Taraxacum officinale – Asteraceae). B - Aéreas: São raízes que se encontram expostas ao ar, tem-se: 9 B.1 - Raiz Adventícia: São todas aquelas que, secundariamente, independentes da raiz primária do embrião, nascem nos caules ou nas folhas de qualquer vegetal, geralmente, muito frágeis para dar sustentação. B.1.1 - Raiz Escora: Servem para auxiliar a sustentação, como as do milho e coco (Figura 5A). B.1.2 - Raiz Estranguladora: Raiz que se enrola nas árvores que lhe serve de suporte provocando posteriormente o estrangulamento delas (Figura 5B). Ex.: Cipós-mata-pau. B.1.3 - Raiz Tabular ou Sapopema: Tem o aspecto de tábuas ou pranchas verticais dispostas radialmente em torno da base do caule (Figura 5C). Ex.: Árvores de grande porte. B.1.4 - Raiz Grampiforme: Apresentam grampos, que fixam o vegetal em muros e outras superfícies. Ocorre em várias trepadeiras. Ex.: Hera. Ocorre também em algumas epífitas (Figura 5D). B.1.5 - Raiz Sugadora ou Haustório: São encontrados em plantas parasitas retirando seiva do vegetal hospedeiro. Os haustórios penetram no eixo do hospedeiro para dali retirar sua nutrição. Ex.1: Cipó-chumbo (Cuscuta), planta holoparasita, quase completamente aclorofilada, heterótrofa, caule volúvel com apressórios que se adere ao hospedeiro indo até seu floema retirar a seiva elaborada (Figura 6A). Ex.2: Erva de passarinho (Psitacanthus), planta hemiparasita, clorofilada, autótrofa, seus apressórios vão até o xilema, retirando assim a seiva bruta, já que ela faz fotossíntese (Figura 6B). 10 Figura 5 – Tipos de raízes adventícias. A – Raiz escora de coqueiro (Cocos nucifera – Arecaceae). B – Raiz estranguladora de gameleira (Ficus lyrata – Moraceae). C – Raiz tabular de faveira-benguê (Parkia multijuga – Fabaceae). D – Raiz grampiforme de singônio (Syngonium angustatum – Araceae). 11 Figura 6 – Tipos de raízes sugadoras. A – Raiz sugadora holoparasita de cipó- chumbo (Cuscuta racemosa – Convolvulaceae). B – Raiz sugadora hemiparasita de erva-de-passarinho (Psittacanthus calyculatus – Loranthaceae). C - Aquáticas: Nadante em macrófitas flutuantes e lodosa em macrófitas fixas em fundo lodoso. Em todas há uma estrutura protetora para o meristema apical que impede o ataque de herbívoros a estes tecidos jovens (Figura 7A). As raízes aquáticas apresentam sua coifa com duas camadas de células, pois necessitam de uma proteção extra, já que existem muitos animais herbívoros no meio aquático. D - Coletoras: Emaranhadas em volta do caule do forófito retêm matéria orgânica. Comuns em plantas epífitas (Figura 7B). E - Pneumatóforos ou Respiratórias: Ocorrem em plantas que tem suas raízes submersas em água, emitindo então raízes para a superfície, que através de seus orifícios há a penetração de ar e consequente aeração do sistema radicular. Apresenta A B 12 geotropismo negativo, isto é, crescem para cima. Ex.: Plantas de mangue (Avicenia) (Figura 7B). Figura 7 – A - Raiz aquática de aguapé (Eichhornia crassipes – Pontederiaceae). B – Raiz coletora de bromélia-amarela (Guzmania scherzeriana – A B Pneumatódio (poro) Pneumatóforo Raiz subterrânea C 13 Bromeliaceae). C – Raiz respiratória de mangue-branco (Avicennia germinans – Acanthaceae). 3- Principais adaptações: A – Velame: Tecido especializado em reter água e fotossintetizante (também chamadas de assimiladoras). Ex.: Raízes das orquídeas (Figura 8A). B - Nódulos Radiculares: Surgem nas raízes, principalmente das plantas de Leguminosae, originados a partir das infestações de bactérias fixadoras de N2 (forma utilizada, do nitrogênio, pela planta), beneficia a planta já que permite retirar com mais eficiência o nitrogênio do solo (simbiose) (Figura 8B). Figura 8 – Tipos de adaptações radiculares. A – Velame de chuva-de-ouro (Cattleya trianaei – Orchidaceae). B – Nódulos radiculares de soja (Glycine max – Fabaceae). A B 14 C - Raízes Tuberosas: São raízes especializadas como órgão de reserva, podendo ser pivotante (nabo, cenoura) ou lateral (macaxeira, batata doce). Figura 9 – Tipos de raízes tuberosas. A – Raiz tuberosa pivotante de cenoura (Daucus carota – Apiaceae). B – Raiz tuberosa lateral de batata-doce (Ipomoea batatas – Convolvulaceae). 4 - Modificações radiculares: A – Gavinhas: Se enrolam a um suporte, seguindo o estímulo de contato. Ex.: Vanilla (Baunilha) (Figura 10A). B – Espinhos: As raízes se transformam em espinhos. Ex.: Buritirana (Palmeira) (Figura 10B). A B Raiz principal (tuberosa) Raízes laterais Raízes laterais (tuberosas) Raiz lateral 15 Figura 10 – Tipos de modificações radiculares. A – Gavinhas de baunilha (Vanilla planifolia – Orchidaceae). B – Espinhos de buritirana (Mauritiella aculeata – Arecaceae). Você sabia? Sabia que as plantas se interconectam através das raízes da mesma forma que nós estamos interconetados através do Wolrd Wide Web (WWW)? As raízes subterrâneas desenvolvem uma espécie de redes de comunicação de uma planta com as outras em uma comunidade vegetal, elas mantêm uma relação harmoniosa com fungos do solo, essa associação simbiótica é chamada de micorrizas. A presença do fungo na raiz aumenta a área de absorção de água e nutrientes enquanto os fungos recebem da planta compostos orgânicos utilizados para o crescimento das hifas e suas estruturas de reprodução Folha Gavinhas A B 16 Caule O sistema caulinar se origina durante o desenvolvimento do embrião e é composto pelo caule e suas folhas. O ápice do sistema caulinar é responsável pelo crescimento da planta, tanto através da produção de folhas quanto das gemas axilares os quais formam os ramos. O caule apresenta duas funções muito importantes para a planta: a função mecânica que dispõe folhas e flores em posição favorável à iluminação e à agentes polinizadores e dispersores; e a função fisiológica que é a da condução de água e sais minerais das raízes para as folhas e a distribuição dos açucares, hormônios para todas as partes da planta. Assim como ocorre com algumas raízes, certos caules acumulam reservas nutritivas (como o inhame, bata inglesa e cará), ou água (plantas de ambientes áridos, como as cactáceas e barriguda) e podem realizar fotossíntese (Cactáceas), além de apresentarem estruturas de propagação vegetativa como a bananeira. Os caules possuem formas variadas, podendo ser aéreos, aquáticos ou subterrâneos. Estes últimos são comumente confundidos com as raízes. Entretanto, podem ser reconhecidos por apresentarem-se como um eixo com nós e entrenós e apresentarem gemas e as folhas em sua porção terminal, diferindo da organização das raízes que não as apresentam. Dessa forma, ao contrário das raízes, os caules possuem ramificações exógenas, que são promovidas pelas gemas axilares ou laterais, permitindo o crescimento contínuoao longo de toda a vida da planta, formando gemas que darão origens às folhas, ramos e estruturas reprodutivas. Caule é órgão da planta que fornece suporte mecânico e fisiológico para a planta. 17 Você sabia? Sabia que alguns caules são coloridos? Eucalyptus deglupta (Blume) uma espécie da família Myrtaceae, conhecido como arco-íris eucalipto, é cultivado em todo o mundo como árvore ornamental e se destaca pela beleza do seu caule multi- colorido, durante o descascamento natural do caule, vai sendo revelada as cores amarelo, vermelho, azul, laranja, verde, roxo, marrom e cinza. A coloração do caule, por sua vez, pode estar associada a uma estratégia adaptativa, como é o caso de algumas plantas da Caatinga que apresentam caules acinzentados. Essa coloração do caule nessas plantas se dá devido às camadas de cera ou tricomas que ajudam no isolamento dos raios solares Classificação dos caules 1 - Quanto à ramificação: A - Simples ou não ramificado: São caules que não possuem gemas laterais ou elas não se desenvolvem em ramos laterais, podendo, em alguns casos, originar inflorescências (Figura 11A). Ex.: Palmeiras, mamoeiros. B - Ramificação Monopodial: São plantas que o seu eixo principal é facilmente reconhecido por apresentar crescimento vertical, os demais apresentam crescimento obliquo e mais vagaroso, essas plantas apresentam sua copa em forma de cone (Figura 11B). C - Ramificação Simpodial: São plantas que apresentam várias gemas participando ao mesmo tempo na formação de vários eixos, não existe um eixo principal, pois ele perdeu sua preponderância sobre os demais ou cessou sua atividade, 18 deixando assim que vários se desenvolvam, essas plantas apresentam sua copa arredondada (Figura 11C). Figura 11 – Tipos de caule quanto à ramificação. A – Caule simples de mamoeiro (Carica papaya – Caricaceae). B – Caule monopodial de araucária (Araucaria excelsa – Araucariaceae). C – Caule simpodial de jaqueira (Artocarpus heterophyllus – Moraceae). 2 - Quanto à consistência: A - Herbáceo: São caules flexíveis, tenros, suculentos o tecido de sustentação predominante é o colênquima (Figura 12A). B - Sublenhoso: Caules lignificados apenas na região basal, mais velha, junto às raízes e tenros no ápice. Ocorrem em muitos subarbustos. Ex.: Coroa-de-cristo (Euphorbia milii – Euphorbiaceae); arroz (Oryza sativa – Poaceae) (Figura 12B). C - Lenhoso: São caules rígidos ou flexíveis, porém consistentes, o tecido de sustentação predominante é o esclerênquima, com células ricas em lignina (Figura 12C). A B C 19 Figura 12 – Tipos de caule quanto à consistência. A – Caule herbáceo de manjericão (Ocimum basilicum – Lamiaceae). B – Caule sublenhoso de arroz (Oryza sativa – Poaceae). C – Caule lenhoso de cajueiro (Anacardium occidentale – Anacardiaceae). 3 - Quanto à localização no meio ambiente: A – Aéreos: A.1 - Aéreos erguidos A B C 20 A.2 - Aéreos rasteiros A.3 - Aéreos trepadores B - Subterrâneos C - Aquáticos A.1 - Aéreos erguidos: Haste: São caules tenros, não lenhosos, geralmente verdes, característico de plantas herbáceas (ervas) (Figura 13A). Tronco: Ocorre na maioria das árvores, robusto, lenhoso, ramificado (Figura 13B); algumas espécies como a barriguda e o baobá que apresentam um intumescimento devido ao acúmulo de água. Estipe: Ocorre nas palmeiras, geralmente cilíndricos e sem ramificações, apresenta entrenós curtos e folhas apenas no ápice (Figura 13C). Colmo: São caules cilíndricos, com nós e entrenós evidentes, ramificação monopodial ou sem ramificações, podem apresentar o entrenó cheio (cana de açúcar) sendo denominado de colmo cheio ou cálamo, quando oco (bambu), denominado de colmo oco ou fistuloso (Figura 13D). 21 Figura 13 – Tipos de caules aéreos erguidos. A – Haste (Oxalis barrelieri – Oxalidaceae). B – Tronco de jambeiro (Syzygium jambos – Myrtaceae). C – Estipe de palmeira-imperial (Roystonea oleracea – Arecaceae). D – Colmo de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum – Poaceae). A B C D 22 A.2 - Aéreos rasteiros: Estolho, radicante: Cresce paralelo ao solo, apresenta entrenó alongado, dos nós surgem raízes e ramos. Ex.: Morangueiro (Figura 14A). Prostrado, rastejante: Cresce paralelo ao solo, porém não emitem raízes adventícias, fixo ao solo apenas num ponto. Ex.: Melancia, jerimum (Figura 14B e C, respectivamente). Figura 14 – Tipos de caules aéreos rasteiros. A – Caule estolonífero de morangueiro (Fragaria vesca – Rosaceae). B – Caule prostrado de melanceira Gavinha caule A B C 23 (Citrullus lanatus – Cucurbitaceae). C – Caule prostrado de Jerimum. A.3 - Aéreos trepadores: Sarmento: Cresce paralelo ao solo, porém ao encontrar um suporte sobem, emitem gavinhas para fixação. Ex.: Chuchu (Figura 15 A), maracujá, uva. Volúvel, liana ou cipó: Cresce se enrolado a um suporte, não apresenta órgão de fixação, quando se enrolam da direita para a esquerda são ditos sinistrogiros, e da esquerda para a direita, denominados de dextrogiros. Ex.: Trepadeiras e cipós de um modo geral (Figura 15B). Figura 15 – Tipos de caules aéreos trepadores. A – Sarmento de chuchuzeiro (Sechium edule – Cucurbitaceae). B – Liana de feijoeiro (Phaseolus vulgaris – Fabaceae). B – Subterrâneos: De um modo geral os caules subterrâneos acumulam água e nutrientes e apresentam potencial de propagação vegetativa. Gavinha caule A B 24 B.1 - Tubérculo: Caule hipertrofiado por acúmulo de substâncias nutritivas. Apresentam suas gemas protegidas por catafilos. Ex.: Batata-inglesa (Figura 16A). B.2 - Rizoma: Cresce paralelo à superfície do solo, emite raízes adventícias, em sua maioria apresentam ramificação simpodial. Ex.: Bananeira (Figura 16B). B.3 - Bulbo: Caule reduzido a um disco com vários catafilos; os bulbos podem ser tunicados quando os catafilos mais externos recobrem os mais externos (cebola), ou escamosos quando os catafilos mais externos não recobrem totalmente os mais internos (lírio) (Figura 16C). B.4 - Xilopódio: Caule encontrado nas plantas de cerrado, que após as queimadas eles rebrotam novamente; sua estrutura pode ser formada por caule e raiz (Figura 16D). B.5 - Cormo: Caule também envolvido por catafilos, porem difere do bulbo por se apresentar mais desenvolvido e com menos catafilos e difere do tubérculo por apresentar sua base enlanguescida. Ex.: Gladíolo (Figura 16E). 25 Figura 16 – Tipos de caules subterrâneos. A - Tubérculo de batata-inglesa (Solanum tuberosum – Solanaceae). B – Rizoma de bananeira (Musa acuminata – Musaceae). C – Bulbo de cebola (Allium cepa – Alliaceae). D – Xilopódio de imbuzeiro (Spondias tuberosa – Anacardiaceae). E – Cormo de palma-de-Santa- Rita (Gladiolus grandiflorus – Iridaceae). Raízes Tubérculos Parte aérea Rizoma Parte aérea (pseudocaule) Planta jovem Raízes adventícias Parte aérea Botão vegetativo Catáfilos Prato Raízes A B C D E 26 C - Aquáticos: Geralmente são caules herbáceos e ficam submerso nas águas de açudes e lagos. Figura 17 – Caule aquático de elódea (Elodea canadensis – Hydrocharitaceae, Figura 17). 4 - Modificações caulinares: Você sabia? Sabia que caule também é casa de formiga?! E estas protegem o caule contra ataques de inimigos naturais. Modificações estruturais no caule que permitam abrigar animaissão chamadas de Domácias. A B 27 Figura 18. Modificação estrutural no caule da embaúba (Cecropia sp) denominada Domácia. A – Formigas saindo do interior do caule da embaúba. B – Hábito da embaúba. A – Suculento: Caule muito consistente e com o interior úmido, capazes de armazenar grandes quantidades de água. São encontrados em plantas como as cactáceas (Figura 19A). B - Cladódio e Filocládio: Ambos são caules aéreos e achatados, muito semelhantes à folhas. A diferença entre eles é que o cladódio o seu crescimento é indeterminado, (palma forrageira Figura 19B). Já o filocládio, possui ramos axilares e delgados com o crescimento determinado. É comum em aspargo (Figura 19C). C - Gavinha: Estruturas com função de fixar a planta a um substrato; se enrolam graças a estímulos de contato. Ex.: Maracujazeiro (Figura 19D). As gavinhas podem também se originar a partir dos tecidos foliares. D - Espinho: Estruturas desenvolvidas com a finalidade de proteger a planta contra possíveis predadores. Ex.: Espinho das laranjeiras (Figura 19E). E - Domácia: Estruturas desenvolvidas para abrigar animais. Ex.: Embaúba, que aloja formigas no interior dos caules (Figura 18 e 19F). F – Pseudobulbo: É um tipo de bulbo aéreo encontrado em orquídeas (Figura 19 G). G – Alado: É uma haste com expansão lateral do caule, tem o formato de lâmina e não possui a função de reserva. Podemos encontrar em carqueja (Figura 19H). 28 A B C D E F 29 Figura 19 – Tipos de modificações caulinares. A – Caule suculento de cacto-bola (Echinocactus grusonii – Cactaceae). B – Cladódio de palma-brava (Opuntia microdasys – Cactaceae). C – Filocládio de aspargo (Asparagus officinalis – Asparagaceae). D – Gavinha de maracujazeiro (Passiflora edulis – Passifloraceae). E – Espinho de laranjeira (Citrus x sinensis – Rutaceae). F – Domácia de embaúba (Cecropia peltata – Urticaceae). G – Pseudobulbo de coélia (Coelia bella – Orchidaceae). H – Caule alado de carqueja (Baccharis trimera – Asteraceae). Quem nunca usou casca de árvore para tratar alguma doença? Diversos caules de plantas possuem propriedades medicinais e são bastante utilizados na medicina popular, dentre tantos, podemos falar do Barbatimão, Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville, planta da família Fabaceae, cujas cascas do caule são utilizadas para tratar feridas. G Botão Folha Raízes adventícias Rizoma Pseudobulbo H 30 Folha As folhas têm sua formação no meristema apical, originadas das camadas superficiais, então podemos dizer que são apêndices caulinares, diferindo da raiz que são apêndices radiculares (as raízes laterais). As folhas têm origem exógena e as raízes origem endógenas. De acordo com a teoria da enação, a formação das folhas se deu após diversos passos evolutivos. De forma simplista, essas folhas denominadas microfilas seriam resultado de brotos provenientes dos caules que apresentavam um único feixe vascular; enquanto a teoria telômica defende que os telomas terminais de um sistema caulinar ramificado sofreriam um achatamento e posterior união desses eixos, resultando em uma estrutura foliar com sistema vascular ramificado, as megafilas, que apresentam nervuras paralelas. As folhas desempenham duas funções principais no vegetal, são elas: fotossíntese e respiração; apresentam formas bastante variadas, geralmente apresentam bainha, pecíolo e limbo ou lâmina foliar, dita completa, quando falta pecíolo ou bainha é denominada incompleta, podendo ainda apresentar estípulas, que estão situadas na base do pecíolo, em par e em posição lateral, comum nas Leguminosae, sua função é proteger o primórdio foliar, podendo cair logo após o desenvolvimento da folha (caduca), maioria, ou persistir e se desenvolver juntamente com a folha, são as ditas persistentes (ex.: ervilha). Além disso, os vegetais apresentam tipos especiais ou adaptações foliares com funções diversas (figura 20), que geralmente não são exercidas pelas folhas, são elas: Folha é um apêndice caulinar e desempenha importantes funções como: respiração, transpiração, reserva de nutrientes, atração e proteção, reprodução assexuada, armadilha e defesa. 31 A – Cotilédones: São as primeiras folhas formadas no embrião, apresentam a função de reserva nutricional para o embrião (Figura 20A). B - Hipsofilos ou Brácteas: São folhas modificadas com a função de atrair agentes polinizadores e dispersores ou proteger as flores (Figura 20B). C – Catafilos: São folhas sésseis que não possuem pecíolo e bainha, onde o limbo insere-se diretamente no caule, apresenta função de reserva e de proteção, a cebola é um exemplo (Figura 20C) D – Espinhos: Comum nas Cactaceae; ocorre redução foliar com intuito de diminuir a perda de água, neste caso a fotossíntese passa a ser realizada pelo caule. (Figura 20D) E – Folhas Insetívoras: Tem a função de capturar insetos (Figura 20 E). Estas, devido à pobreza mineral do solo em que ocorrem, desenvolveram ao longo de sua evolução folhas modificadas em armadilhas capazes de capturar principalmente insetos, digeri-los para absorver sais minerais, isso ocorre através da ação de enzimas. Ex.: Drosera, Nepenthes. F – Folhas Coletoras: Ocorre em plantas epífitas principalmente as bromélias onde suas folhas são arranjadas de uma maneira que armazene água em sua base, lá existem escamas peltadas que absorvem a água com seus nutrientes, geralmente as raízes destas plantas só funcionam para fixação da planta ao substrato, a absorção da água é feita quase na sua totalidade por estas folhas. Ex.: Bromélias epífitas (Figura 20F). G – Folhas Suculentas: Folhas com parênquima aquífero bem evoluído (Figura 20G). Ex.: Babosa e Bola-de-neve-mexicana. 32 H - Reprodução Vegetativa: As folhas de algumas plantas podem ter a função de reprodução como é o caso das begônias e flor-da-fortuna (Figura 20H). Antófilos são elementos florais que representam folhas que se transformam adaptavelmente para a sua reprodução; e gavinhas podem ser formadas por modificações de todo o limbo ou por apenas o prolongamento do pecíolo, geralmente encontrado em plantas sarmentosas. Ex.: Chuchu. Eófilos Cotilédones Inflorescência Bráctea Folha A B C D 33 Figura 20 – Tipos de adaptações foliares. A – Cotilédone de lentilha (Lens culinaris – Fabaceae). B – Bráctea de mussaenda (Mussaenda alicia – Rubiaceae). C – Catafilo de alho (Allium sativum – Liliaceae). D – Caule suculento de coroa-de-frade (Melocactus zehntneri – Cactaceae). E – Folha insetívora de planta-jarro (Nepenthes rafflesiana – Nepenthaceae). F – Folha coletora de gravatá (Vriesea incurvata – Bromeliaceae). G – Folha suculenta de bola-de- neve-mexicana (Echeveria glauca – Crassulaceae). H – Folha reprodutora de flor-da-fortuna (Kalanchoe blossfeldiana – Crassulaceae). E F G Tampa Ascídio (vaso) Pelos Filamento H 34 Você sabia? A Vitória-régia possui uma boa adaptação ao ambiente aquático, suas folhas têm margens voltadas para cima, nervuras espessas e compartimentos de ar, o que permite sua flutuação sem que haja inundação de sua superfície o que dificultaria as trocas gasosas. As folhas apresentam diversas classificações 1- Quanto às suas partes: A – Completa: Uma folha é considerada completa quando apresenta três partes (limbo, pecíolo e bainha) (Figura 21A). B – Incompleta: Quando falta uma ou mais de suas partes. B.1 – Séssil: Quando não apresenta pecíolo (Figura 21C). B.2 – Peciolada: Quando apresenta pecíolo e lâmina, sem a bainha(maioria das folhas) (Figura 21B). Figura 21 – Tipos de folhas quanto às suas partes. A – Folha completa. B – Folha incompleta peciolada. C – Folha incompleta séssil. Limbo Pecíolo Bainha Pecíolo Bainha A B C 35 2 - Quanto à subdivisão do limbo: A - Folha Simples: Quando o limbo não é subdividido em folíolos. A lâmina foliar pode ser: A.1 – Inteira: Sem recortes (Figura 22A). A.2 – Lobada: Com recortes superficiais (não atinge a metade da borda para a nervura central) (Figura 22B). A.3 - Fendida ou Partida: Recortes profundos, porém sem chegar à nervura central. Ex.: Mamoeiro; carrapateira (Figura 22C). A.4 – Secta: Recortes mais profundos, chegando à nervura central (Figura 22D). Ex.: Algumas palmeiras, rúcula. B - Folha Composta: Quando o limbo foliar apresenta-se dividido em folíolos. A folha pode ser denominada: B.1 – Bifoliada: A lâmina foliar é dividida em dois folíolos (Figura 22E). Ex.: Jatobá. B.2 – Trifoliada: A lâmina foliar é dividida em três folíolos. Ex.: Sombreiro (Figura 22F); feijão. B.3 - Digitada ou Palmada: O limbo é dividido em subunidades em número geralmente igual a cinco ou sete, distribuídos de forma semelhante aos dedos de uma mão. Ex.: Cheflera (Figura 22G). B.4 - Pinada: Folha que seus folíolos são distribuídos ao longo de um eixo (raque) formado pela nervura principal da folha de maneira alterna ou oposta. Ex.: Cássia (Figura 22H). 36 B.5 - Bicomposta ou Bipinada ou Recomposta: Quando a limbo foliar apresenta-se duplamente recortado, isto é, os folíolos apresentam-se subdividido em foliólulos. Podemos ter: Pau- brasil (Figura 22I). Figura 22 – Tipos de folha quanto à subdivisão do limbo. A – Folha inteira de pimenta-malagueta (Capsicum frutescens – Solanaceae). B – Folha lobada de algodoeiro (Gossypium hirsutum – Malvaceae). C – Folha fendida de carrapateira (Ricinus communis – Euphorbiaceae). D – Folha secta de bolsa-de-pastor (Capsella bursa-pastoris – Brassicaceae). E – Folha bifoliada de óleo-comumbá (Macrolobium latifolium – Fabaceae). F – Folha trifoliada de sombreiro (Clitoria fairchildiana – Fabaceae). G – Folha digitada de cheflera (Schefflera arboricola – Araliaceae). H – Folha pinada de Canafístula (Cassia fistula – Fabaceae). I – Folha bicomposta de catanduva (Piptadenia moniliformis – Fabaceae). A B C D E F G H I 37 3 - Quanto à sua inervação: A - Anérvia ou Enervada: Quando o limbo foliar é espesso, não apresentando nervuras aparentes, comum nas plantas de folhas carnosas ou grassas. Ex.: Babosa (Figura 23A). B - Uninérvia: Folha que apresenta apenas a nervura principal aparente (Figura 23B). C - Reticulada: Nervura principal de onde saem nervuras secundárias (Figura 23C). D - Curvinérvia: Quando as nervuras se apresentam em curvas, acompanhando a margem e a nervura principal, geralmente saindo do pecíolo (Figura 23D). Figura 23 – Tipos de folha quanto á sua inervação. A – Folha anérvia de babosa (Aloe vera – Asphodelaceae). B – Folha uninérvia de suriana (Suriana maritima – Surianaceae). C – Folha reticulada de cacauzeiro (Theobroma cacao – Malvaceae). D – Folha curvinérvia de quaresmeira (Tibouchina granulosa – Melastomataceae). A B C D 38 4 - Quanto à consistência: A - Membranácea: As folhas se apresentam tenras, delgadas e maleáveis, geralmente não se quebram quando amassadas (Figura 24ª). Ex.: Maioria das folhas. B - Coriácea: Folhas rígidas, consistentes e quebradiças quando amassadas com nossas mãos (Figura 24B). Ex.: Folha do cajueiro. 5 - Quanto à coloração: A - Maculada: As folhas possuem manchas, geralmente brancas. Ex.: Comigo-ninguém-pode (Figura 25A). B - Bicolor: As faces do limbo apresentam colorações distintas (Figura 25B). C - Listrada: O limbo apresenta riscas de cores ou tonalidades diferentes (Figura 25C). Figura 24 – Tipos de folha quanto à consistência. A – Folha membranácea de mangarito (Xanthosoma violaceum – Araceae). B – Folha coriácea de marolinho (Annona coriacea – Annonaceae). A B 39 Figura 25 – Tipos de folha quanto à coloração. A – Folha maculada de comigo- ninguém-pode (Dieffenbachia seguine – Araceae). B – Folha bicolor de trapoeraba-peluda (Siderasis fuscata – Commelinaceae). C – Folha listrada de cróton (Codiaeum variegatum – Euphorbiaceae). 6 - Quanto à filotaxia (distribuição das folhas no caule): A - Alterna: A.1 – Dística (Figura 26A) A.2 – Espiralada (Figura 26B) B - Oposta: B.1 – Dística (Figura 26C) B.2 – Cruzada (Figura 26D) C – Verticilada (Figura 26E) A B C 40 D - Fasciculada: Quando três ou mais folhas saem do em um mesmo ponto do nó, formando um feixe ou fascículo de folhas (Figura 26F). Ex.: Pinus sp. E - Rosulada ou em Roseta: Ocorre em plantas que possuem caule curtíssimo, com entrenós reduzidos, nós muito próximos uns dos outros, assim as folhas aparentam estar inseridas em um mesmo nível do caule. Ex.: Repolho, abacaxi, alface. Figura 26 – Tipos de folha quanto à filotaxia. A – Alterna dística. B – Alterna espiralada. C – Oposta dística. D – Oposta cruzada. E – Verticilada. F – Fasciculada. A B C D E F 41 Figura 27 – Tipos de folha quanto ao formato. A – Orbicular. B – Oval. C – Oblonga. D – Elíptica. E – Rômbica. F – Deltiforme. G – Cordiforme. H – Espatulada. I – Lanceolada. J – Linear. K – Reniforme. L – Acicular. M – Sagitiforme. N – Falciforme. O – Assimétrica. A B C D E F G H I J K L M N O 42 Figura 28 – Tipos de folha quanto ao ápice/base. A – Ápice agudo. B – Ápice obtuso. C – Ápice acuminado. D – Ápice eciso. E – Ápice truncado. F – Ápice mucronado. G – Base aguda. H – Base obtusa. I – Base cordiforme. J – Base sagitada. K – Base reniforme. L – Base atenuada. A B C D E F G H I J K L 43 Figura 29 – Tipos de folha quanto à margem. A – Denteada. B – Serreada. C – Ondulada. D – Crenada. A B C D 44 Flor Órgão que é responsável pela reprodução sexual nas Angiospermae, podendo estar organizado de diversas maneiras, inclusive, formando um conjunto denominado inflorescência. A flor é constituída por caule curto com nós e entrenós, receptáculo e peças florais que são folhas modificadas, especializadas. Quando especializada em proteção, as peças florais são denominadas de verticilos protetores (clames): cálice e corola. Quando responsáveis pela reprodução, são denominadas de verticilos reprodutores ou folhas férteis: androceu (♂) (constituído pelos estames) e gineceu (♀) (constituído das folhas carpelares). Existem muitas variações em uma estrutura floral, seja por apresentarem diferentes cores, formatos e tamanhos variados, exalarem aromas ou mesmo por refletirem ou não radiação ultravioleta como em Caltha palustris, mas todas estas características surgiram, modificaram-se ou mantiveram-se nas plantas ao longo de sua história evolutiva por torná-las mais bem sucedidas na conquista dos ambientes onde colonizam. A presença de determinado carácter na flor está diretamente associado ao processo de reprodução e ou dispersão das sementes. Muitas têm sua morfologia adaptada para atrair e usar os animais para polinizar outras flores e ou levar seus frutos para longe da planta mãe, o que tem permitido maior sucesso reprodutivo e a abundância das angiospermas. Partes constituintes: 1 – Pedúnculo: Eixo de sustentação da flor (Figura 30). 452 – Receptáculo: Extremidade do pedúnculo (porção dilatada do caule) onde se inserem as peças florais (Figura 30). 3 – Cálice: Constituído pelas sépalas (Figura 30). 4 – Corola: Constituída pelas pétalas (Figura 30). Figura 30 – Esquema de uma flor completa com destaque para seus elementos constituintes. As flores apresentam diversas classificações 1 – Quanto ao pedúnculo: A – Pedunculada ou Pedicelada: Quando apresenta pedúnculo ou pedicelo (Figura 31A). B – Séssil: Sem pedúnculo ou pedicelo. Ex.: Flores de jabuticaba (Figura 31B). . Estame Corola Pistilo Receptáculo Cálice Pedúnculo 46 Figura 31 – Tipos de flores quanto ao pedúnculo. A – Flor pedunculada de Cássia-de-sião (Senna siamea – Fabaceae). B – Flor séssil de jabuticabeira (Plinia cauliflora – Myrtaceae). 2 - Quanto ao número de peças florais: A - Aclamídea ou Nua: Quando a flor não apresenta verticilos protetores, nem cálice nem corola. B – Monoclamídea: Ausência de um dos verticilos protetores - seja o cálice ou então a corola. C – Diclamídea: Presença de cálice e corola. Ex.: A maioria das plantas. 3 - Quanto à homogeneidade das peças florais: A – Homoclamídea: Apresenta o cálice e a corola semelhantes em número, formato e cor (Tépalas) (Figura 32A). A B 47 B – Heteroclamídea: Quando o cálice apresenta-se diferente da corola (Figura 32B). Figura 32 – Tipos de flores quanto à homogeneidade das peças florais. A – Flor homoclamídea de lírio (Lilium hybrid – Liliaceae). B – Flor heteroclamídea de flox-de-verão (Phlox paniculata – Polemoniaceae). Cálice: Apresenta geralmente a coloração verde, porém quando colorido é denominado de cálice petaloide. Classificação do cálice 1 - Quando a soldadura de suas sépalas: A – Dialissépalo: Quando as sépalas estão livres entre si (Figura 33A). B – Gamossépalo: Quando as sépalas estão soldadas entre si, total ou parcialmente (Figura 33B). A B 48 Figura 33 – Tipos de flor quanto á soldadura do cálice. A – Flor com cálice dialissépalo de jatobá (Hymenaea courbaril – Fabaceae). B – Flor com cálice gamossépalo de dedal-de-dama (Allamanda cathartica – Apocynaceae). 2 - Quanto ao número de sépalas: A – Trímero: Quando apresenta 3 sépalas ou múltiplo de 3 (Figura 34A). B – Tetrâmero: Quando apresenta 4 sépalas ou múltiplo de 4 (Figura 35B). C – Pentâmero: Quando apresenta 5 sépalas ou múltiplo de 5 (Figura 35C). A B 49 Figura 34 – Tipos de flor quanto ao número de sépalas. A – Flor com cálice trímero de coração-roxo (Tradescantia pallida purpurea – Commelinaceae). B – Flor com cálice tetrâmero de brinco-de-princesa (Fuchsia hybrida – Onagraceae). C – Flor com cálice pentâmero de chanana (Turnera guianensis – Turneraceae). 3 - Quanto à duração das sépalas: A – Caduco: Ocorre a queda das sépalas antes da flor ser fecundada. Ex.: Papoula (Figura 35A). B – Decíduo: Ocorre a queda das sépalas quando as pétalas caírem. Ex.: Mostarda (Figura 35B). C – Persistente: As sépalas persistem no fruto ainda com sua coloração. Ex.: Laranja, limão (Figura 35C). D – Marcescente: Apesar de persistir no fruto as sépalas encontram-se murchas. Ex.: Goiaba (Figura 35D). A B C 50 Figura 35 – Tipos de flor quanto à duração das sépalas. A – Flor com cálice caduco de papoila-dormideira (Papaver somniferum – Papaveraceae). B – Flor com cálice decíduo de mostarda-branca (Sinapis alba – Brassicaceae). C – Flor com cálice persistente de limoeiro (Citrus limonum – Rutaceae). D – Flor com cálice marcescente de goiabeira (Psidium guajava – Myrtaceae). Corola: Apresenta-se geralmente colorida ou branca, existe uma intimidade entre a coloração das pétalas e o agente polinizador da flor. Quando verde é dita sepalóide. A B C D 51 Classificação da corola 1 - Quanto à soldadura de suas pétalas: A – Dialipétala: Quando as pétalas estão livres entre si (Figura 36A). B - Gamopétala: Quando as pétalas estão soldadas entre si, total ou parcialmente (Figura 36B). Figura 36 – Tipos de flor quanto à soldadura das pétalas. A – Flor com corola dialipétala de flor-leopardo (Belamcanda chinensis - Iridaceae). B – Flor com corola gamopétala de amarelinha (Thunbergia alata – Acanthaceae). 2 - Quanto ao número de pétalas: A – Trímera: Quando apresenta 3 pétalas ou múltiplo de 3 (Figura 37A). B – Tetrâmera: Quando apresenta 4 pétalas ou múltiplo de 4 (Figura 37B). A B 52 C – Pentâmera: Quando apresenta 5 pétalas ou múltiplo de 5 (Figura 37C). ]]]] Figura 37 – Tipos de flor quanto ao número de pétalas. A – Flor com corola trímera de íris-amarela (Iris pseudacorus – Iridaceae). B – Flor com corola tetrâmera de rabanete (Raphanus sativus – Brassicaceae). C – Flor com corola pentâmera de bela-emília (Plumbago auriculata – Plumbaginaceae). 3 - Quanto à duração das pétalas: A – Caduca: Ocorre a queda das pétalas antes da flor ser fecundada (Figura 38A). B – Marcescente: Apesar de persistir no fruto as pétalas encontram-se murchas (Figura 38B). A B C A B 53 Figura 38 – Tipos de flor quanto à duração das pétalas. A – Flor com corola caduca de coca (Erythroxylum coca – Erythroxylaceae). B – Flor com corola marcescente de algodão-do-cerrado (Cochlospermum regium – Cochlospermaceae). 4 - Quanto à simetria: A - Simétrica: A.1 – Actinomorfa: Apresenta mais de um plano de simetria (Figura 39A). A.2 – Zigomorfa: Apresenta apenas um plano de simetria (Figura 39B). B - Assimétrica: Quando não apresenta nenhum plano de simetria (Figura 39C). Figura 39 – Tipos de flor quanto à simetria das pétalas. A – Flor com corola simétrica zigomorfa de ervilha (Pisum sativum – Fabaceae). B – Flor com corola simétrica actinomorfa de vitória-régia (Victoria amazonica – Nymphaeaceae). C – Flor com corola assimétrica de cana-da-índia (Canna brasiliensis – Cannaceae). A B C 54 5 – Quanto ao formato das pétalas: Figura 40 – Tipos de flor quanto ao formato de suas pétalas. A – Corola crucífera de rúcula (Eruca sativa – Brassicaceae). B – Corola rosácea de pessegueiro (Prunus persica – Rosaceae). C – Corola cariofilácea de craveiro A B C D E F G H I J K L M N O 55 (Dianthus caryophyllus – Caryophyllaceae). D – Corola orquidácea de olho-de- boneca (Dendrobium nobile – Orchidaceae). E – Corola carenal de acácia-rubra (Delonix regia – Fabaceae). F – Corola vexilar de amendoim (Arachis hypogaea – Fabaceae). G – Corola tubulosa de girassol (Helianthus annuus – Asteraceae). H – Corola rotácea de manacá-de-jardim (Brunfelsia uniflora – Solanaceae). I – Corola infundibuliforme de corda-de-viola (Ipomoea indica). J – Corola campanulada de campânula (Campanula rapunculus – Campanulaceae). K – Corola urceolada de queiró (Erica cinerea – Ericaceae). L – Corola hipocrateriforme de jasmim-dos-poetas (Jasminum polyanthum – Oleaceae). M – Corola labiada de alegria-de-jardim (Salvia splendens – Lamiaceae). N – Corola personada de boca-de-leão (Antirrhinum majus – Plantaginaceae). O – Corola ligulada de margarida (Leucanthemum vulgare - Asteraceae). Classificação das flores em relação ao sexo 1 - Andrógina: Apresenta os dois verticilos sexuais, androceu e gineceu (Figura 41A). 2- Unissexual Masculina ou Feminina: Apresenta apenas um verticilo sexual ou androceu ou gineceu (Figura 41B e C).Figura 41 – Tipos de flor quanto ao sexo. A – Flor andrógina de crino-cor-de- rosa (Crinum erubescens – Amaryllidaceae). B – Flor unissexual feminina e C – masculina de pepineiro (Cucumis sativus - Cucurbitaceae). A B C 56 Androceu: Órgão masculino da flor, formado pelo conjunto de estames. Os estames correspondem aos microsporófilos. Cada estame é normalmente constituído por um filete e uma antera (Figura 42). A antera contém tecas que em seu interior encontramos os sacos polínicos onde se formam os grãos de pólen. Figura 42 – Esquema de um estame com destaque para seus elementos constituintes. Classificação do androceu 1 – Quanto ao tamanho dos estames: A – Homodínamo: Quando os estames são todos do mesmo tamanho (Figura 43A). B – Didínamo: Quando a flor apresenta 4 estames, 2 maiores e 2 menores. (Figuras 43B). C – Tetradínamo: Quando a flor apresenta 6 estames, 4 maiores e 2 menores (Figura 43C). D – Heterodínamo: Quando os estames são todos de tamanho diferente (Figura 43D. Antera Conectivo Filete 57 Figura 43 – Tipos de androceu quanto ao tamanho dos estames. A – Androceu homodínamo de gloriosa (Gloriosa rothschildiana – Colchicaceae). B – Androceu didínamo de ipê-roxo (Handroanthus impetiginosus – Bignoniaceae). C – Androceu tetradínamo de couve (Brassica oleracea – Brassicaceae). D – Androceu heterodínamo de azulzinha (Evolvulus glomeratus – Convolvulaceae). 2 – Quanto à soldadura: A – Dialistemone: Os estames são todos livres entre si (Figura 44A). B – Gamostemone: Os estames estão com seus filetes soldados entre si formando 1 ou mais feixes. B.1 – Monadelfo: Estames unidos em um só feixe (Figura 44B). B.2 – Diadelfo: Estames unidos em dois feixes (Figura 44C). C – Anteras conatas: Quando as anteras se apresentam unidas (Figura 44D). A B C D 58 D – Anteras coniventes: Anteras juntas, porém não soldadas (Figura 44E). Figura 44 – Tipos de androceu quanto à soldadura dos estames. A – Androceu dialistemone de meninas-pra-escola (Amaryllis belladonna – Amaryllidaceae). B – Androceu gamostemone monadelfo de mimo-de-vênus (Hibisco rosa-sinensis – Malvaceae). C – Androceu gamostemone diadelfo de tremoceiro (Lupinus albus – Fabaceae). D – Androceu com anteras conatas de gérbera (Gerbera jamesonii – Asteraceae). E – Androceu com anteras coniventes de jiló (Solanum gilo – Solanaceae). 3 – Quanto ao tipo de abertura da antera (deiscência), para saída do pólen: A - Longitudinal ou Rimosa: Por meio de uma fenda longitudinal, em cada teca (Figura 45A). B – Poricida: Por meio de poros apicais (Figura 45B). C – Valvar: Por meio de pequenas válvulas (Figura 45C). A B C D E 59 Figura 45 – Tipos de androceu quanto à deiscência dos estames. A – Androceu com deiscência longitudinal de sete-copas (Terminalia catappa – Combretaceae). B – Androceu com deiscência poricida de berinjela (Solanum melongena – Solanaceae). C – Androceu com deiscência valvar de canela (Cinnamomum verum). 4 – Quanto à inserção do filete na antera: A – Basifixa (Figura 46A) B – Dorsifixa (Figura 46B) C – Apicefixa (Figura 46C) Abertura Abertura Abertura A B C 60 Figura 46 – Tipos de androceu quanto à inserção do filete na antera. A – Androceu basifixo de ruélia-azul (Ruellia coerulea – Acanthaceae). B – Androceu dorsifixo de açucena-vinho (Hippeastrum reginae – Amaryllidaceae). C – Androceu apicefixo de ipê-de-jardim (Tecoma stans – Bignoniaceae). 5 – Quanto à sua posição na flor: A - Estames alternipétalos: Quando eles estão inseridos alternadamente, entre as pétalas (Figura 47A). B - Estames epipétalos: Quando eles estão inseridos sobre as pétalas (Figura 47B). Figura 47 – Tipos de androceu quanto à posição dos estames na flor. A – Androceu alternipétalo de poaia-branca (Richardia grandiflora – Rubiaceae). Androceu epipétalo de chapéu-de-napoleão (Thevetia peruviana – Apocynaceae). A B C A B 61 6 - Quanto ao número de estames em relação ao de pétalas: A – Oligostêmones: O número de estames é menor que o número de pétalas (Figura 48A). B – Isostêmones: O número de estames igual ao número de pétalas (Figura 48B). C – Diplostêmones: O número de estames é o dobro do número de pétalas (Figura 48C). D – Polistêmones: O número de estames é maior que o número de pétalas (Figura 48D). Figura 48 – Tipos de androceu quanto ao número de estames em relação ao de pétalas, ilustrado em plantas da família Fabaceae. A – Androceu oligostêmone A B C D 62 de tamarindo (Tamarindus indica – Subfamília Caesalpinioideae). B – Androceu isostêmone de pata-de-vaca (Bauhinia variegata – Subfamília Cercideae). C – Androceu diplostêmone de alfafa (Medicago sativa – Subfamília Faboideae). D – Androceu polistêmone de dormideira (Mimosa pudica – Subfamília Mimosoideae). Gineceu: Os carpelos correspondem aos macrosporófilos. Cada carpelo é normalmente constituído pelo ovário, estilete e estigma. O estigma é a região do carpelo receptiva ao pólen. Por vezes o estilete pode faltar, ficando o estigma diretamente sobre o ovário. Dentro do ovário encontram-se um ou mais óvulos. O termo pistilo é utilizado como unidade estrutural do gineceu (Figura 49). Figura 49 – Esquema de um pistilo com destaque para seus elementos constituintes. Classificação do gineceu 1 – Quanto à posição do ovário no receptáculo: A - Ovário súpero: Quando o ovário estiver acima do cálice e da corola (Figura 50A). Estigma Estilete Ovário Óvulo Lóculo 63 B - Ovário ínfero: Quando o ovário estiver inserido no receptáculo, isto é abaixo do ponto de inserção do cálice e da corola (Figura 50B). 2 - Quanto ao número de carpelos: A – Unicarpelar (Figura 51A) B – Bicarpelar (Figura 51B) C – Tricarpelar (Figura 51C) D – Pluricarpelar (Figura 51D) Figura 50 – Tipos de gineceu quanto à posição do ovário no receptáculo. A – Gineceu com ovário súpero de pau-jangada (Apeiba tibourbou – Tilicaceae). B – Gineceu com ovário ínfero de abobrinha (Cucurbita pepo – Cucurbitaceae). A B 64 Figura 51 – Tipos de gineceu quanto ao número de carpelos, com corte transversal do ovário. A – Gineceu unicarpelar de algarobeira (Prosopis juliflora – Fabaceae). B – Gineceu bicarpelar de urucu (Bixa orellana – Bixaceae). C – Gineceu tricarpelar de mandioca (Manihot esculenta – Euphorbiaceae). D – Gineceu pluricarpelar de gota-de-sol (Oenothera biennis – Onagraceae). Você sabia? Sabia que as primeiras angiospermas a surgirem geralmente apresentavam grande número de peças florais, as quais eram soltas e com o passar do tempo esse número foi reduzindo em flores mais derivadas, bem como o surgimento da corola tubular que é característica de muitas famílias? A maior parte das famílias botânicas passaram a ter padrões florais mais fixos, isto é, sem muitas variações morfológicas; o eixo floral foi encurtado, o ovário passou a ser ínfero no lugar do súpero e isso conferiu uma grande vantagem reprodutiva, pois representou uma maneira a mais para impedir que os óvulos fossem consumidos por herbívoros; o cálice e a corola passaram a ser distintos, tendo o cálice assumido o papel de proteção e as pétalas de atração de polinizadores, e a simetria actinomorfa foi substituída pela zigomorfa. Portanto, a evolução da flor foi um dos principais fatores que determinou o sucesso e grande diversidade das Angiospermas. A B C D 65 Inflorescência Definida comoum conjunto de flores ao redor de um eixo, as inflorescências podem ser simples, solitárias ou compostas, agrupadas, geralmente as inflorescências apresentam brácteas, que são folhas de proteção, elas apresentam aspecto bastante diversificado. Tipos de Brácteas: A – Espata: Bráctea, de rígida a razoavelmente rígida, que envolve totalmente a inflorescência, ocorre geralmente nas inflorescências das Arecaceae (palmeiras) e na inflorescência feminina do milho (Figura 52A). B – Glumas: Bráctea que envolve as inflorescências das Poaceae (Gramineae) e das Cyperaceae. São razoavelmente rígidas (Figura 52B). A.1 A A.2 Gineceu Antécio (flor) Primórdio Antécio joven Pálea Arista Lema Ráquila Gluma superior Ráquis Gluma inferior Androceu B 66 Figura 52 – Tipos de brácteas em inflorescências. A – Bráctea do tipo espata envolvendo uma inflorescência de açaí (Euterpe oleracea – Arecaceae). A.1 – Flor masculina. A.2 – Flor feminina. B – Brácteas do tipo glumas envolvendo uma inflorescência de sorgo (Sorghum bicolor – Poaceae). Classificação das inflorescências de acordo com o crescimento do eixo central: A - Inflorescências Definidas ou Cimeiras ou Inflorescências Simpódicas: O eixo principal termina em uma flor. A.1 - Monocásio: Possui um eixo primário que termina em uma flor e, logo abaixo, surge um eixo secundário lateral que também é formado por uma flor, e assim sucessivamente. Podem ser do tipo escorpióide, helicóide e cíncino. A.1.1 - Escorpióide: quando os eixos secundários surgem do mesmo lado (Figura 53A). A.1.2 - Helicóide: quando os eixos secundários emergem alternadamente, de um lado e do outro (Figura 53B). A.1.3 - Cíncino: quando os eixos laterais não estão todas no mesmo plano (Figura 53C, 54A). A.2 - Dicásio: é a cimeira que apresenta abaixo da flor terminal do eixo primário, dois eixos laterais opostos que também terminam em flor. Há casos em que o eixo primário carece de flor terminal (Figura 53D). A.3 - Pleiocásio: também chamada de cimeira multípara, pois do eixo primário com flor, surgem vários eixos secundários terminados por flor (Figura 53E, 54 C). A.4 - Glomérulo: flores sésseis ou subsésseis, aglomeradas, possui um aspecto semelhante a um globo (Figura 53F, 54D). 67 A.5 Ciátio: formada por uma flor feminina central, nua, pedicelada, cercada por várias flores masculinas, esse conjunto de flores é envolto por brácteas (Figura 53G, 54E). A.6 Sincônio: flores unissexuais inseridas em um receptáculo escavado, carnoso, que se fecha sobre elas (Figura 53H, 54F). Figura 53 – Tipos de inflorescências definidas. A – Monocásio do tipo drepânio (ou escorpioide). B – Monocásio do tipo bóstrix (ou helicoide). C – Monocásio do tipo cíncino. D – Dicásio. E – Pleiocásio. F – Glomérulo. G – Ciátio. H – Sicônio. A B C D E F G H 68 Figura 54 – Exemplos de inflorescências definidas. A – Cíncino de pássaro-de- fogo (Heliconia bihai – Heliconiaceae). B – Dicásio de jurubeba (Solanum paniculatum – Solanaceae). C – Pleiocásio de cupá (Cissus campestris – A B C D E F 69 Vitaceae). D – Glomérulo de vassourinha-de-botão (Borreria verticillata – Rubiaceae). E – Ciátio de Coroa-de-cristo (Euphorbia milii – Euphorbiaceae). F – Sincônio de árvore-da-borracha (Ficus elastica – Moraceae). B - Inflorescências Indefinidas ou racimosas: O eixo principal tem meristema apical ativo, sempre surgindo novas flores. B.1 - Cacho ou Racemo: As flores são pediceladas e estão inseridas num eixo ou ráquis não ramificado (Figuras 55A, 56A). B.2 - Panícula: Tipo de cacho em que o eixo da inflorescência é ramificado (cacho composto), apresentando uma forma cónica ou piramidal (Figuras 55B, 56B). B.3 - Tirso: Cacho composto com forma fusiforme e zona de maior largura a cerca de 1/3 da base (Figuras 55C, 56C). B.4 - Corimbo: Tipo de cacho em que as flores, apresentando pedicelos de comprimento desigual, se situam ao mesmo nível; pode ser simples ou composto (Figuras 55D, 56D). B.5 - Espiga: Inflorescência de flores sésseis dispostas sobre um eixo ou ráquis (Figuras 55E, 56E). B.6 - Espádice: O eixo da espiga é carnudo, frequentemente com flores unissexuais masculinas (geralmente na zona superior) e femininas (na zona inferior) (Figura 56F). B.7 - Amentilho: Inflorescência com flores unissexuadas. Frequentemente se desarticula após a liberação do pólen (♂) ou após a maturação (♀) (Figura 55G). B.8 - Espigueta: Pequena espiga, cujo eixo se designa ráquila. Nas gramíneas cada espigueta possui geralmente duas brácteas (glumas) na base e cada flor da espigueta é protegida por duas bractéolas (glumelas) (Figuras 55G,56G). http://docentes.esa.ipcb.pt/lab.biologia/disciplinas/botanica/Imagens/digitalis.jpg http://docentes.esa.ipcb.pt/lab.biologia/disciplinas/botanica/Imagens/panicula.jpg http://docentes.esa.ipcb.pt/lab.biologia/disciplinas/botanica/Imagens/phalaris.jpg http://docentes.esa.ipcb.pt/lab.biologia/disciplinas/botanica/Imagens/corimbo.jpg http://docentes.esa.ipcb.pt/lab.biologia/disciplinas/botanica/Imagens/hordeum.jpg http://docentes.esa.ipcb.pt/lab.biologia/disciplinas/botanica/Imagens/espadice.jpg http://docentes.esa.ipcb.pt/lab.biologia/disciplinas/botanica/Imagens/castanheiro-amentos.jpg http://docentes.esa.ipcb.pt/lab.biologia/disciplinas/botanica/espigueta.html 70 B.9 - Umbela Simples: Inflorescência em que os pedicelos longos e com aproximadamente o mesmo tamanho, estão inseridos num mesmo ponto do pedúnculo (Figuras 55H, 56H). B.10 - Umbela Composta: Inflorescência ramificada de umbelulas (Figuras 55I). B.11 - Capítulo: Inflorescência de flores, geralmente sésseis, reunidas num receptáculo comum discóide e rodeada por um invólucro de brácteas (Figura 55J, 56I). Você sabia? Sabia que as flores mais especializadas em termos de evolução dentre as eudicotiledôneas estão as da família Asteraceae? As flores dessa família funcionam como uma única flor para seu polinizador, mas na realidade elas estão reunidas em uma inflorescência chamada capítulo, cada flor possui características próprias como ovário ínfero, estames em número reduzido (cinco) e fundidos entre si e a corola que também possui pétalas unidas (gamopétalas), sendo algumas com simetria bilateral. As flores estão organizadas de duas formas: as flores do disco (parte central) e as flores do raio (parte periférica), essas últimas são geralmente flores pistiladas estéreis. Nas Asteraceae, o capítulo amadurece em uma sequência espiralada, primeiro as flores da periferia em seguida as do centro, dessa forma, aumentam as possibilidades de polinização por diferentes doadores. http://docentes.esa.ipcb.pt/lab.biologia/disciplinas/botanica/Imagens/umbela-simples.jpg http://docentes.esa.ipcb.pt/lab.biologia/disciplinas/botanica/Imagens/umbela-composta.jpg http://docentes.esa.ipcb.pt/lab.biologia/disciplinas/botanica/Imagens/girassol-capitulo.jpg http://docentes.esa.ipcb.pt/lab.biologia/disciplinas/botanica/Imagens/bracteas.jpg 71 Figura 55 – Tipos de inflorescências indefinidas. A – Cacho. B – Panícula. C – Tirso. D – Corimbo. E – Espiga. F – Amentilho. G – Espigueta. H – Umbela Simples. I – Umbela composta. J – Capítulo. A B C D E F G H I J K 72 A B C D E F 73 Figura 56 – Exemplos de inflorescências indefinidas. A – Cacho de barba-de- barata (Caesalpinia pulcherrima – Fabaceae). B – Panícula de sete-marias (Tarenayahassleriana – Cleomaceae). C – Tirso de árvore-de-júpiter (Lagerstroemia indica – Lythraceae). D – Corimbo de leia-alaranjada (Leea guineensis – Vitaceae). E – Espiga de pingo-de-ouro (Duranta erecta – Verbenaceae). F – Espádice de Anthurium sp (Araceae) G – Espigueta de pé-de- galinha (Chloris gayana – Poaceae). H – Umbela de ixora-coral (Ixora coccinea – Rubiaceae). I – Capítulo de mal-me-quer (Sphagneticola trilobata – Asteraceae). A B C 74 Fruto O fruto é resultado do ovário desenvolvido, formado a partir do óvulo fecundado; representa a continuação de uma estrutura da flor, o ovário, que persistiu após a antese (abertura da flor), polinização e fecundação, sofreu uma série de modificações para compor a estrutura auxiliar de proteção e dispersão da semente. Após a fecundação da flor, paralelamente há o desenvolvimento da semente e do ovário, a parede do ovário, o carpelo, transforma-se em pericarpo (parede do fruto) na qual geralmente distinguem-se em três camadas: 1 - Exocarpo/ Epicarpo: corresponde a epiderme superior da folha; 2 – Mesocarpo: corresponde ao mesofilo da folha, parênquima paliçádico e parênquima lacunoso; 3 – Endocarpo: corresponde à epiderme inferior da folha (Figura 57). Com o surgimento do fruto, as sementes nuas passaram a ser protegidas pelas folhas carpelares, a enorme variedade delas permitiu a diversidade dos frutos, esse avanço evolutivo contribuiu significativamente para a colonização dos ambientes pelas plantas. Podemos dizer que as flores evoluíram para seus polinizadores e os frutos para seus dispersores. Dessa forma, várias são as formas de dispersão dos frutos e consequentemente de suas sementes como pelo vento, pela água ou através de animais. Para um fruto ser disperso pelo vento ele precisa ser leve, possuir alas (comum em frutos esquizocárpicos) ou pappus (fruto de dente-de-leão, Asteraceae). Para aqueles frutos que crescem próximos a ambientes aquáticos ou próximos dele, estes devem ser adaptados para a flutuação, como possuir estruturas aeríferas para reter o ar e flutuarem. Agora, para que um fruto seja disperso por um animal, ele deve ser atrativo, seja pela coloração, textura (frutos carnosos) ou apresentar sabor adocicado. Além dos frutos que possuem comumente as sementes, existem aqueles sem sementes, formados a partir de um ovário 75 sem que haja fecundação, são os parternocárpicos, estes podem ser formados de forma natural (como a banana, limão taiti e laranja baiana) ou artificial (melancia, mamão e tomate), É importante ressaltar que o fruto partenocárpico é diferente do pseudofruto, este também é conhecido como falso fruto ou fruto acessório é desenvolvido no eixo de sustentação da flor, o qual também segura o fruto, o pedúnculo ou receptáculo e não em um ovário como nos demais frutos. Figura 57 – Esquema de um fruto com destaque para seus elementos constituintes. Sua função: 1 - Proteger a semente. 2 - Armazenar reservas nutritivas. 3 - Facilitar sua disseminação. Pedúnculo Epicarpo Semente Mesocarpo Endocarpo 76 Classificação dos frutos 1 - A consistência do mesocarpo: A - Carnoso: Apresenta acúmulo de substâncias de reserva no seu mesocarpo (Figura 58A). B - Seco: Não apresenta acúmulo de substâncias de reserva (Figura 58B). 2 - A sua deiscência (os frutos carnosos e secos podem apresentar deiscência), denomina-se deiscência a abertura natural de qualquer órgão vegetal: A - Indeiscentes: Não se abrem para liberar sementes (Figura 59A). B - Deiscentes: Abrem para liberar as sementes (Figura 59B). Figura 58 – Tipos de fruto quanto à consistência/deiscência. A – Fruto carnoso indeiscente de pitangueira (Eugenia uniflora – Myrtaceae). B – Fruto seco deiscente de chichá-fedorento (Sterculia foetida – Malvaceae). A B 77 3 – O tipo de abertura: A - Longitudinal: Quando a abertura se dá ao longo do maior eixo (Figura 59A). B - Transversal ou Pixidiária: Abertura circular ao longo do eixo transversal (Figura 59B). C - Poricida: Abrem-se poros nas paredes do pericarpo (Figura 59C). Figura 59 – Tipos de fruto quanto à abertura. A – Fruto com abertura longitudinal de baunilha (Vanilla planifolia – Orchidaceae). B – Fruto com abertura transversal de sapucaia (Lecythis pisonis – Lecythidaceae). C – Fruto com abertura poricida de papoula-do-campo (Papaver rhoeas – Papaveraceae). Abertura Abertura Ânfora Opérculo Abertura A B C 78 4 - A ontogenia, origem: A - Fruto Simples: Proveniente de uma única flor e de um único ovário. Pode ser súpero ou ínfero, seco ou carnoso, uni ou pluricarpelar, sincárpico, deiscente ou indeiscente quando maduros (Figura 60A). B - Fruto Agregado: Proveniente de vários ovários de uma única flor; o gineceu é apocárpico multicarpelar. Ex.1: Morango que é um pseudofruto, pois se origina de um receptáculo que nele estão agregados os diversos ovários, a parte comestível é a do pseudofruto. Ex.2: Pinha, a parte comestível é a dos frutos (Figura 60B). Ex.3: Jaca, parte comestível é o fruto. C - Fruto Múltiplo ou Infrutescência: Proveniente de uma inflorescência onde suas flores, em razão da proximidade concrescem numa só estrutura. Ex. Amora, abacaxi (Figura 60C). D - Pseudofruto: Proveniente de outra parte floral, não do ovário. Podendo ser do pedúnculo ou do receptáculo floral D.1 - Simples: Originado a partir de uma única flor. Ex.: Parte comestível da maçã. No cajueiro suas flores apresentam ovário súpero, então o fruto (castanha) encontra-se sobre o receptáculo (caju). Na maçã o ovário é ínfero, então o fruto encontra-se inserido no receptáculo (Figura 60D,E). D.2 - Composto: Originado de um receptáculo desenvolvido, onde são inseridas várias flores. Ex1.1: Morango, o receptáculo dilatado é o pseudofruto e os “pontinhos” ao redor são os frutos verdadeiros que são denominados aquênios (Figura 60F). Ex2: Figo, o receptáculo dilatado é o pseudofruto, que é a parte comestível, porém os frutos estão inseridos neste receptáculo, então os frutos estão dentro do pseudofruto. 79 Figura 60 – Tipos de fruto quanto à ontogenia. A – Fruto simples de meloeiro (Cucumis melo – Cucurbitaceae). B – Fruto agregado de graviola (Annona muricata – Annonaceae). C – Fruto múltiplo de abacaxizeiro (Ananas comosus – Bromeliaceae). D – Pseudofruto simples inteiro e E – cortado longitudinalmente de macieira (Malus sylvestris – Rosaceae), com destaque para o par de aquênios escuros internos. E – Pseudofruto composto de morangueiro (Fragaria x ananassa – Rosaceae). 80 5 - A consistência do mesocarpo e sua deiscência: A – Carnosos: A.1 – Indeiscentes: Baga: Pericarpo carnoso apresenta várias sementes no interior (Figura 60A). Ex.: Tomate, uva, mamão, maracujá. Drupa: Fruto de mesocarpo carnoso e uma única semente, proveniente de um ovário súpero (Figura 60B). Ex.: Manga, abacate Hesperídio: Tem o epicarpo delgado, com numerosas câmaras secretórias, o mesocarpo é brando, subcoriáceo, e o endocarpo é membranáceo, sendo internamente cada porção do endocarpo, resultante de cada um dos carpelos, é revestido de pêlos intumescidos e sucosos que é a única parte comestível do fruto (Figura 60C). Ex.: Limão, laranja, tangerina. A.2 – Deiscente: Cápsula Carnosa: Fruto carnoso deiscente com várias sementes. Ex.: pepino-selvagem, melão-de-são-caetano (Figura 60D). B – Secos: B.1 – Indeiscentes: Aquênio: Fruto proveniente de um ovário unicarpelar, com uma única semente presa ao pericarpo apenas pelo funículo (Figura 60E). Sâmara: Geralmente com uma só semente e pericarpo com expansões aliformes (Figura 60F). 81 Cariopse: É um tipo de aquênioligado ao pericarpo em toda a extensão (Figura 60G). Ex.: Gramíneas. Noz: Fruto com pericarpo muito duro e uma única semente, é proveniente de um ovário composto (Figura 60H). Ex.: Avelã, noz. B.2 – Deiscentes: Balaústra: É um tipo de cápsula com deiscência septícida (Figura 60I). Ex.: Romã. Cápsula: Apresenta abertura por fendas longitudinais ou poros (Figura 60J). Ex.: Bixa, açafrão, beijinho, amor-perfeito. Pixídio: Fruto capsular de deiscência transversal (Figura 60K). Ex.: Eucalipto. Folículo: É unicarpelar com várias sementes, apresenta abertura nas bordas do carpelo (Figura 60L). Ex.: Peroba. Legume ou Vagem: Unicarpelar com várias sementes; abre-se pela sutura e pela nervura principal (Figura 60M). Ex.: Feijão, amendoim. Síliqua: Apresenta dois carpelos e abertura em quatro lugares (Figura 60N). Ex.: Couve. 82 Figura 60 – Tipos de fruto quanto à consistência do mesocarpo e sua deiscência. A – Baga de videira (Vitis vinífera – Vitaceae). B – Drupa de abacateiro (Persea americana – Lauraceae). C – Hesperídio de toranjeira (Citrus x paradisi – Rutaceae). D – Cápsula carnosa de melão-de-são-caetano (Momordica charantia – Cucurbitaceae). E – Aquênio de serralha (Sochus oleraceus – Asteraceae). F – Sâmara de pau d’alho (Gallesia integrifolia – Phytolaccaceae). G – Cariopse de aveia (Avena sativa – Poaceae). H – Noz de nogueira (Juglans regia – Juglandaceae). I – Balaústra de papo-de-peru (Aristolochia gigantea – Aristolochiaceae). J – Cápsula de paineira (Ceiba speciosa – Malvaceae). K – Pixídio de jequitibá-branco (Cariniana estrellensis – Lecythidaceae). L – Folículo de peroba (Aspidosperma polyneuron – Apocynaceae). M – Legume de leucena (Leucaena leucocephala – Fabaceae). N – Síliqua de agrião (Nasturtium officinale – Brassicaceae). A B C D E F G H I J K L M N 83 Você sabia? Sabia que amendoins são frutos e não raízes? Figura 61- A- Hábito e B- Fruto de Arachis hypogaea L. (Amendoim). 84 Semente Tianisa Prates Boeira A semente é o óvulo desenvolvido após a fecundação, e sua estrutura básica é constituída pelo embrião, reserva nutritiva (às vezes ausente), e envoltório (tegumento ou casca). As sementes são unidades estruturais envolvidas na disseminação, proteção e reprodução de vegetais terrestres pertencentes ao grupo das Espermatófitas (plantas com sementes): as Gimnospermas e Angiospermas. Muitas vezes, o termo semente é aplicado impropriamente para designar alguns tipos de frutos secos monospérmicos, tais como cariopses, aquênios ou, ainda, propágulos vegetativos como esporos de samambaias e de cogumelos. Quanto aos grupos de Espermatófitas, as Gimnospermas apresentam múltiplos cotilédones, enquanto dentro das Angiospermas, as monocotiledôenas apresentam um único cotilédone e endosperma abundante, e as eudicotiledôneas apresentam dois cotilédones e o endosperma pode estar ausente em alguns casos. Sementes de eudicotiledôneas geralmente apresentam dois tegumentos (testa e tégmen) Constituição da semente 1- Envoltórios Os envoltórios da semente desenvolvem-se a partir dos integumentos do óvulo. Geralmente o óvulo apresenta dois integumentos e, desse modo, as sementes também podem apresentar dois tegumentos: testa (tegumento externo, originado da primina) e tégmen (tegumento interno, originado da 85 secundina). No entanto, é possível que a semente apresente apenas um tegumento, a testa. variações dos envoltórios da semente dependem de características específicas do óvulo, principalmente no que diz respeito ao número e espessura dos integumentos e das modificações sofridas por ele(s) durante o desenvolvimento e maturação da semente. Quando o óvulo apresenta apenas um integumento, a semente também poderá apresentar um único envoltório. O grau com que os integumentos do óvulo contribuem para a formação da testa madura é extremamente variado e só pode ser determinado através de estudos ontogenéticos. Em muitos casos, os integumentos do óvulo se simplificam durante o desenvolvimento da semente, podendo reduzir-se a uma epiderme delgada, ou desaparecer totalmente, como, por exemplo, no milho (Zea mays - Poaceae), onde a semente aparece firmemente aderida ao pericarpo delgado do fruto. Freqüentemente, esses envoltórios tornam-se secos e duros, protegendo o embrião das radiações solares que podem causar danos ao material genético, das oscilações térmicas e da ação de organismos decompositores. 2- Quanto ao número de tegumentos As sementes podem ser classificadas em: Bitegumentadas: constituídas pelos dois tegumentos (testa e tégmen). As Angiospermas, em geral, apresentam sementes bitegumentadas. Unitegumentadas: constituídas por apenas um tegumento. Comum entre as Gimnospermas. Ategumentadas: ausência de tegumentos. A semente é protegida diretamente pelo pericarpo do fruto. Comum em espécies das famílias Poaceae (gramíneas) e Loranthaceae. 86 3- Tegumento suplementar Algumas estruturas especiais que podem aparecer na superfície de certas sementes. A – Arilo: excrescência carnosa que circunda a semente parcial ou completamente, como um terceiro tegumento. Um exemplo é a substância mucilaginosa que envolve a semente de maracujá (Passiflora sp. - Passifloraceae) e da pitomba (Talisia esculenta). B– Carúncula: excrescência carnosa originada do tegumento externo, presente na extremidade da micrópila em muitas sementes de Euphorbiaceae. Além de atuar na dispersão, a carúncula tem papel na germinação por absorver água do solo para o embrião. C – Sarcotesta: quando a testa da semente (ou parte dela) se torna polposa e comestível. Exemplo: mamão (Carica papaya - Caricaceae). D – Estrofíolos: quando os tecidos carnosos estão restritos a cristas ao longo da rafe. 4- Reservas O endosperma é o tecido nutritivo da semente, resultante da fecundação dos núcleos polares (do saco embrionário) por um dos gametas masculinos, o que leva à formação de uma estrutura triplóide (3n). Dois tipos básicos de desenvolvimento do endosperma são reconhecidos: endosperma nuclear e endosperma celular. No caso do endorperma nuclear, os núcleos se dividem várias vezes, sem que ocorram divisões do citoplasma. Após as divisões, todas as paredes celulares se formam simultaneamente. Este é o tipo mais comum. Exemplo: 87 coco (Cocos nucifera - Arecaceae). No endosperma celular, cada divisão nuclear é seguida de divisão do citoplasma, com a formação da parede celular. Apesar do desenvolvimento do endosperma ocorrer de diferentes maneiras, a função do tecido resultante é a mesma: prover nutrição para o embrião em desenvolvimento e, em muitos casos, também para a plântula. Em algumas Angiospermas, especialmente as eudicotiledôneas, o embrião em desenvolvimento digere todo o endosperma. O embrião dessas sementes normalmente forma cotilédones carnosos que armazenam substâncias nutritivas e ocupam o maior volume da semente. Nas eudicotiledôneas com grandes quantidades de endosperma, os cotilédones apresentam-se delgados e membranosos e servem para absorver as substâncias de reserva do endosperma. Em outros grupos, particularmente nas monocotiledôneas, o endosperma existe em quantidades variáveis na semente e é utilizado pelo embrião quando este retoma seu crescimento, durante a germinação. Nesses casos, o único cotilédone geralmente desempenha mais uma função de absorção do que de armazenamento de substâncias. Mergulhado no endosperma, o cotilédone absorve os nutrientes armazenados por meio de atividade enzimática. Os nutrientes são então transportados, por meio do cotilédone, até as regiões de crescimento do embrião. As sementes que não apresentam endosperma (no caso de as reservas serem completamente absorvidas pelo embrião durantesua formação), são denominadas exalbuminosas ou exospermadas (Fabaceae, Orchidaceae e Asteraceae), enquanto aquelas que apresentam endosperma são chamadas albuminosas ou endospermadas (mamona, Ricinus communis - Euphorbiaceae). As substâncias de reserva acumuladas tanto no endosperma quanto nos cotilédones variam muito: podem ser encontradas na forma de amido (feijão, cereais), óleos (amendoim, girassol) ou proteínas (soja). O endosperma é bem desenvolvido nas sementes das gramíneas, algumas das quais são fontes essenciais da alimentação humana, como arroz (Oryza 88 sativa), milho (Zea mays), trigo (Triticum vulgare) e centeio (Secale cereale). O endosperma é geralmente triplóide e tem papel nutritivo para o embrião. 5- Embrião O embrião se desenvolve no interior do óvulo, geralmente a partir da oosfera fertilizada ou zigoto. O embrião maduro das Angiospermas consiste de um eixo semelhante a um caule, com um ou dois cotilédones, que são as primeiras estruturas foliares da planta. Nos primeiros estágios de desenvolvimento, os embriões das eudicotiledôneas e monocotiledôneas passam por uma seqüência de divisões celulares semelhantes e se transformam em corpos aproximadamente esféricos. Posteriormente, começam a se diferenciar: enquanto o embrião das eudicotiledôneas desenvolve dois cotilédones em posição lateral (em formato cordiforme), o embrião das monocotiledôneas permanece cilíndrico, formando um cotilédone apenas. Desse modo, o meristema apical caulinar nas eudicotiledôneas se encontra entre os dois cotilédones, enquanto que nas monocotiledôneas ocupa uma posição apical. A poliembrionia (mais de um embrião numa semente) ocorre em algumas espécies, como Poa alpina - Poaceae, Opuntia spp. - Cactaceae, sendo comum em frutas cítricas (Citrus spp. - Rutaceae) e em manga (Mangifera indica - Anacardiaceae). O crescimento da futura planta, a partir do embrião, só é possível pela presença dos meristemas apicais. Estes meristemas aparecem nos dois pólos do eixo embrionário: pólo proximal (gema da raiz) e pólo distal (ou gema apical) do caule. O meristema apical do caule nas eudicotiledôneas pode ser visto como um resíduo de tecido embrionário, entre os dois cotilédones. Algumas vezes, uma gema apical pequena com um eixo de entrenós bem curtos, com um ou mais primórdios foliares, desenvolve-se a partir deste meristema, conjunto este que é chamado de plúmula. A porção desta gema é denominada 89 epicótilo. A porção do eixo do embrião entre o ápice da raiz e os cotilédones, recebe a denominação de hipocótilo. Em algumas plantas, a extremidade inferior do eixo do embrião já apresenta características nítidas de raiz, sendo denominada radícula. Quando não é possível distinguir nenhuma radícula no embrião, o eixo abaixo dos cotilédones é denominado eixo hipocótiloradicular. Mesmo que o meristema apical da raiz embrionária ainda não tenha assumido a mesma organização celular da raiz em crescimento, a coifa já está presente. Em algumas espécies podem ser vistos primórdios de raízes adventícias no hipocótilo do embrião. Na semente de mamona (Ricinus communis - Euphorbiaceae), existe uma região saliente na base, a carúncula, que corresponde a uma excrescência do tegumento externo; o hilo e a micrópila abaixo da carúncula e a rafe que se estende ao longo da semente. A reserva é representada pelo endosperma no qual o embrião fica mergulhado. O primórdio do sistema caulinar com nervuras conspícuas, um epicótilo bem reduzido, apresentando apenas o meristema apical, e um eixo hipocótilo- radicular muito curto, com uma radícula reduzida. Figura 62 -A- Morfologia externa da semente da mamona (Ricinus communis - Euphorbiaceae ) e B e C do feijão (Phaseolus vulgaris – Fabaceae). Hilo Micrópila Rafe Carúncula Rafe Folhas da gêmula Caulículo Radícula Cotilédones Tegumento A B C 90 Dentre os embriões das monocotiledôneas, o das gramíneas é o mais altamente diferenciado. Um embrião de gramínea, quando totalmente formado, possui um cotilédone maciço, o escutelo, estreitamente aderente ao endosperma. O escutelo encontra-se preso a um lado do eixo do embrião que possui uma radícula em sua extremidade inferior e uma plúmula em sua extremidade superior. Tanto a radícula quanto a plúmula são envolvidas por estruturas protetoras, semelhantes à bainhas, denominadas coleorriza e coleóptilo, respectivamente. A semente do milho (Zea mays - Poaceae) (Figura 63), e das demais gramíneas em geral, está sempre associada à parede do fruto. O endosperma constitui a maior parte do conteúdo do grão. Este endosperma é formado de uma região mais externa à camada de aleurona e uma camada amilácea. As células da camada de aleurona contêm proteínas e gorduras, mas pouco ou nenhum amido. As células contêm, além do amido, grânulos de proteína e de carboidratos. As células externas do escutelo (cotilédone maciço) produzem enzimas que digerem os alimentos armazenados no endosperma. O coleóptilo pode permanecer durante os primeiros dias da germinação da semente, sendo rompida posteriormente, para dar passagem às folhas novas. Figura 63. Partes constituintes da semente do milho (Zea mays – Poaceae). No embrião do feijão (Phaseolus vulgaris - Fabaceae) pode-se distinguir um primórdio do sistema caulinar, formado por: dois cotilédones com material de reserva, um eixo curto (o hipocótilo) abaixo dos cotilédones, um eixo curto (o epicótilo) Albume Embrião 91 com alguns primórdios de folhas acima dos cotilédones e o ponto vegetativo que constituem a plúmula. Também pode ser distinguida uma radícula, mas como em geral é difícil determinar os limites entre hipocótilo e radícula, denomina-se eixo hipocótilo-radicular. 6- Germinação Após a dispersão, caso estejam em meio favorável e úmido, as sementes passam a absorver água e germinam. A primeira fase do processo de germinação é caracterizada por um grande aumento do volume da semente, decorrente da embebição (processo físico de entrada de água na semente). Com o aumento de volume, o tegumento da semente rompe-se e então o embrião pode crescer (Figura 64B). Geralmente a primeira parte a sair é a raiz primária (formada a partir da radícula), que penetra no solo por geotropismo positivo (crescimento em direção ao solo, a favor da gravidade), e ramifica-se para formar o sistema radicular da nova planta. No extremo oposto à raiz, outro eixo se desenvolve, geralmente com geotropismo negativo (crescimento em direção oposta ao solo, contra a gravidade), originando o caule e as folhas (Figura 64B). Figura 64- A- Semente do feijão aumentada de volume decorrente da embebição. B- Plântula do feijão. A B 92 7- Tipos de germinação A germinação das sementes pode ser de dois tipos: A – Epígea: os cotilédones são elevados a certa distância do solo, graças a uma distensão do hipocótilo. Exemplos: feijão (Phaseolus vulgaris - Fabaceae) e mamona (Ricinus communis - Euphorbiaceae). B – Hipógea: os cotilédones permanecem no interior do solo. Exemplo: milho (Zea mays - Poaceae). 8- Dispersão de sementes e frutos (diásporos) Processo pelo qual sementes e frutos são dispersados, isto é, transportados ou lançados a uma certa distância da planta que os originou. Os diásporos são as unidades orgânicas (sementes, frutos ou propágulos) destinadas à propagação das plantas. 9- Síndromes de dispersão As sementes e frutos podem ser dispersos de diversas maneiras, associadas à própria planta, a outros organismos vivos ou fatores abióticos do meio. A–Antropocoria: feita pelo homem, acidental ou espontaneamente. B–Zoocoria: feita por meio de animais; geralmente são frutos e sementes com tricomas e espinhos que aderem ao corpo ou pêlo dos animais (ex.: carrapicho). Pode haver, ainda, ingestão por avese mamíferos, disseminando as sementes juntamente com as fezes (ex.: erva-de-passarinho). 93 C–Anemocoria: feita por meio do vento; geralmente são sementes e frutos leves ou muito pequenos (ex.: sementes de orquídeas), ou que apresentem expansões/pêlos (ex.: dente-de- leão, paineira). D–Hidrocoria: feita por meio da água; são sementes e frutos que apresentam cutícula impermeável (ex.: coco). É comum apresentarem flutuadores, como tecido esponjoso ou sacos aeríferos. E–Autocoria: feita pela própria planta, por meio de frutos com deiscência (abertura) explosiva, lançando as sementes (ex.: algumas leguminosas e orquídeas). F–Barocoria: feita pela ação da gravidade em sementes ou frutos pesados (ex.: abacate). G–Geocarpia: os frutos são enterrados no solo, onde amadurecem (ex.: amendoim, Fig. 61B). 94 Leituras adicionais recomendadas Araguaia, M. Vitória Régia. Disponível em: <https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/vitoriaregia.htm> Acesso em: abril de 2021. Chien-Chang, S.; Ragasa, C. Y.; Ebajo Jr., V. D.; De Los Reyes, M. M. A flavone from Eucalyptus deglupta. A Journal of Pharmaceutical, Biological and Chemical Sciences, v. 6, n. 2, p. 1149-1153, 2015. Gonçalves, E. G. Lorenzi, H. Organografia e Dicionário Ilustrado de Morfologia das Plantas Vasculares, 2° ed. São Paulo: Instituto Plantarum, 2011. Marshall, C. WWW, a intricada rede de raízes, fungos e bactérias que interliga as plantas nas florestas, 2019. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional- 48310974>Acesso em abril de 2021. Matos, C. H. C.; Pallini, A.; Freitas, R. C. Domácias e seu papel na defesa das plantas, Ciência Rural, v.36, n.3, 1021-1026, 2006. Raven, P.H.; Eichhorn, S.E.; evert, R.F. Biologia Vegetal. 8ª Edição. Guanabara Koogan, 867p, 2014. Rodrigues, D. F.; Mendes, F. F.; Feitosa, A. D.; Filho, N.; J. A.; Silva, L. A. F. Silva. O extrato da casca de barbatimão, Stryphnodendron adstringens (Martius) Coville, na cicatrização de feridas em animais. Enciclopédia Biosfera, v. 9, n. 16, p. 1583-1601, 2013. Vidal, W.N.; Vidal, M.R.R. Botânica – Organografia: Quadros Sinóticos Ilustrados de Fanerógamos. 4.ed. Viçosa: UFV, 2000. 95 ROTEIRO PARA DESCRIÇÃO DE AMOSTRAS VEGETAIS 1. Quanto ao porte da planta Erva, arbusto, árvore. 2. Quanto ao tipo de raiz 3. Quanto ao tipo de caule Aéreo, subterrâneo, aquático. 4.Órgãos de defesa Apresenta: espinho, acúleo ou outro? Qual? 5. Folha 5.1 Filotaxia (disposição das folhas no caule) alterna, oposta dística ou cruzada, verticilada, geminada, fasciculada etc. 5.2 Quanto as suas partes: a) Completa; b) Incompleta: peciolada, séssil ou invaginante 5.3 Tipo de folha: a).Simples. b).Composta: geminada, trifoliolada, paripenada, imparipenada, digitada ou outra, qual?. 5.4 Quanto à bainha: aberta ou fechada? 5.5Quanto ao tamanho do pecíolo: longo-peciolado: médio- peciolado; curto-peciolado. 5.6 Quanto ao limbo, verificar o tipo de ápice: agudo, acuminado, truncado, mucronado, obtuso, outro, qual? Tipo de base: aguda, arredondada, atenuada, reniforme, assimétrico. 96 Tipo de margem: lisa, crenada. Denteada, partida aculeada, lobada, ripada, fendida ou outra qual? Forma: acicular, cordiforme, deltóide, lanceolada... outra qual? Nervura: uninervia, paralelinervia, curvinervia.... outra qual? Cor; consistência; superfície. 5.7. Quanto à ausência ou presença de estípulas. 6. Flores 6.1 quanto à simetria podem ser: Simétrica: quando apresenta plano de simetria. Podendo ser: a) actinomorfa quando apresenta mais de um plano b) Zigomorfa, quando apresenta apenas um plano. Assimétrica: quando não apresenta nenhum plano de simetria. 6.2 Flores em inflorescência? Que tipo? racemosa ou cimosa? 6.3 Quanto aos verticilos protetores: Aclamídea, monoclamídea, diclamídea. 6.4 Quanto ao cálice: N° de sépalas: 1,2,3.......... Concrescência: a) unidas (sinsépalas) b) livres (dialisépalas) 6.5 Quanto à corola: N° de pétalas: 1,2,3.......... ou trímera, tetrâmera pentâmera..... Concrescência: a) unidas (simpétalas) b) livres (dialipétalas) 6.6 Quanto aos verticilos reprodutores: Unissexuada (um sexo) ou andrógina (2 sexos) 97 6.7 Quanto aos estames: verticilos masculinos a) Livres b) concrescidos b1. em um só feixe = monoadelfos b2. em dois feixes = diadelfos b3. em três feixes = triadelfos 6.8 quanto à antera: N° de tecas: 1, 2, 3....... Deiscência: rimosa ou longitudinal; poricida; valvar 6.9 Quanto ao gineceu (verticilo feminino) Posição do ovário: supero ínfero ou semi-infero. 6.10 Quanto ao número de carpelos do ovário: monocarpelar, bicarpelar, tricarpelar ...etc 6.11 Quanto ao nº de lóculos do ovário: monolocular, bilocular etc 6.12 Quanto ao nº de óvulos do ovário: 1,2,3.... 6.13 Quanto ao nº de estigma do ovário; unífido, bífido trífido... 6.14 Qual o tipo de fruto: baga legume, drupa outro? Qual? Botanica-Organografia-ebook 1 Botanica-Organografia-ebook 3 LIVRO FINAL_19_08_Atualizado.pdf Botanica-Organografia-ebook 108