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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA – UNEC 
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE CARATINGA – FUNEC 
 
 
 
 
PROFª. GABRIELLA COELHO MOTTA PIZZANI 
gabriellacoelhomottapizzani@gmail.com 
(33) 9806-1949 
 
 
 
 
 
 
 
TEXTO BASE: 
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CARATINGA/MG 
2018 
2 
 
 
 SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO---------------------------------------------------------------------------------------------------------3 
 
UNIDADE 1 - A ORGANIZAÇÃO E O FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE 
SINAIS – LIBRAS-----------------------------------------------------------------------------------------------------4 
1.1- Línguas de sinais X línguas orais---------------------------------------------------------------------4 
1.2- Introdução aos aspectos linguísticos da LIBRAS-----------------------------------------------5 
 
UNIDADE 2 – INCLUSÃO E LEGISLAÇÃO APLICADA ÀS PESSOAS SURDAS-----------------9 
2.1- Conquistas legais da comunidade surda-----------------------------------------------------------9 
2.2- Como agir diante de um surdo-----------------------------------------------------------------------16 
2.3- O papel do Intérprete de LIBRAS na inclusão social das pessoas surdas------------18 
 
UNIDADE 3 – INDICAÇÃO DE PROCESSOS INTERATIVOS SEGUNDO OS DIFERENTES 
CONCEITOS E CLASSIFICAÇÕES ACERCA DA SURDEZ--------------------------------------------20 
3.1- Atraso de aquisição de linguagem e sua relação com o desenvolvimento cognitivo 
da criança surda----------------------------------------------------------------------------------------------------20 
3.2- Visão clinica terapêutica X visão sócio antropológica acerca da surdez-----------------23 
 
CONCLUSÃO--------------------------------------------------------------------------------------------------------27 
 
REFERÊNCIAS------------------------------------------------------------------------------------------------------28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
DISCIPLINA LIBRAS - TEXTO BASE – PROFª. GABRIELLA C. M. PIZZANI 
 
INTRODUÇÃO 
Nossa sociedade é composta por diversos tipos de pessoas com as mais diferentes 
manifestações da diversidade cultural. Apesar dessa diversidade, há uma tendência do ser 
humano em estabelecer um padrão ideal diante das características que são comuns entre os 
indivíduos. A partir desse padrão, muitas das vezes, por falta de informação, subjugamos, ou 
seja, desconsideramos as pessoas que se diferenciam em seus hábitos, comportamentos, 
características físicas e linguagem, daquele padrão estabelecido pela sociedade em que 
estamos inseridos. 
 
“A voz dos surdos são as mãos e os corpos que pensam, sonham e expressam. As 
línguas de sinais envolvem movimentos que podem parecer sem sentido para muitos, 
mas que significam a possibilidade de organizar as idéias, estruturar o pensamento e 
manifestar o significado da vida para os surdos. Pensar sobre a surdez requer penetrar 
no “mundo dos surdos” e “ouvir” as mãos que, com alguns movimentos nos dizem o que 
fazer para tornar possível o contato entre os mundos envolvidos, requer conhecer a 
“língua de sinais”. Permita-se “ouvir” essas mãos, pois somente assim será possível 
mostrar aos surdos como eles podem “ouvir” o silêncio da palavra escrita.” 
 Ronice Müller de Quadros 
 
A história dos surdos é marcada por preconceitos e julgamentos errôneos. Por exemplo, 
os surdos são erroneamente chamados de "mudos" ou "surdos-mudos", já que, em geral, eles 
não são vocalmente deficientes. Simplesmente não ouvem. 
Não é uma história difícil de ser analisada e compreendida, evolui apesar de vários 
impactos marcantes, no entanto, vivemos momentos históricos caracterizados por mudanças, 
turbulências e crises, mas também de surgimento de oportunidades. 
Este texto tem por objetivo dar início a uma base de conhecimentos referentes à Língua 
Brasileira de Sinais - LIBRAS, para os futuros profissionais que, eventualmente, prestarão 
serviços a comunidade surda. Buscando orientar e preparar os mesmos para atender aos 
princípios da inclusão social e às determinações da lei de proteção e amparo a comunidade 
surda visando o respeito e reconhecimento de sua especificidade linguística e cultural. 
4 
 
UNIDADE 1 - A ORGANIZAÇÃO E O FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE 
SINAIS - LIBRAS 
 
1.1- Línguas de sinais X línguas orais 
 
Embora com as diferenças peculiares a cada língua, todas as línguas possuem algumas 
semelhanças que a identificam como língua e não linguagem como, por exemplo, a linguagem 
das abelhas, dos golfinhos, dos macacos, enfim, a comunicação dos animais. 
Uma semelhança entre as línguas é que todas são estruturadas a partir de unidades 
mínimas que formam unidades mais complexas, ou seja, todas possuem os seguintes níveis 
linguísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático, o semântico e o pragmático. 
Outra semelhança entre as línguas é que os usuários de qualquer língua podem 
expressar seus pensamentos diferentemente por isso uma pessoa que fala uma determinada 
língua a utiliza de acordo com o contexto: o modo de se falar com um amigo não é igual ao de 
se falar com uma pessoa estranha. Isso é o que se chama de registro. Quando se aprende 
uma língua está aprendendo também a utilizá-la a partir do contexto. 
Outra semelhança também é que todas as línguas possuem diferenças quanto ao seu 
uso em relação à região, ao grupo social, à faixa etária e ao sexo. O ensino oficial de uma 
língua sempre trabalha com a norma culta, a norma padrão, que é utilizada na forma escrita e 
falada e sempre toma alguma região e um grupo social como padrão. 
Ao se atribuir às línguas de sinais o status de língua é porque elas, embora sendo de 
modalidade diferente, possuem também estas características em relação às diferenças 
regionais, socioculturais, entre outras, e em relação às suas estruturas que também são 
compostas pelos níveis descritos acima. 
Pesquisas sobre as línguas de sinais vêm mostrando que estas línguas são 
comparáveis em complexidade e expressividade a quaisquer línguas orais. Estas línguas 
expressam ideias sutis, complexas e abstratas. Os seus usuários podem discutir filosofia, 
literatura ou política, além de esportes, trabalho, moda e utilizá-la com função estética para 
fazer poesias, estórias, teatro e humor. Assim, ficam descartados os termos “linguagem de 
5 
 
sinais” e “Linguagem Brasileira de Sinais”, sendo que a LIBRAS possui status de língua e não 
de linguagem. 
Como toda língua, as línguas de sinais aumentam seus vocabulários com novos sinais 
introduzidos pelas comunidades surdas em resposta às mudanças culturais e tecnológicas. 
As línguas de sinais não são universais, cada língua de sinais tem sua própria estrutura 
gramatical. Assim, como as pessoas ouvintes em países diferentes falam diferentes línguas, 
também as pessoas surdas por toda parte do mundo, que estão inseridos em “Culturas 
Surdas”1, possuem suas próprias línguas, existindo, portanto, muitas línguas de sinais 
diferentes, como: Língua de Sinais Francesa, Chilena, Portuguesa, Americana, Argentina, 
Venezuelana, Peruana, Portuguesa, Inglesa, Italiana, Japonesa, Chinesa, Uruguaia, Russa, 
Urubus-Kaapor, citando apenas algumas. Estas línguas são diferentes uma das outras e 
independem das línguas orais-auditivas utilizadas nesses e em outros países, por exemplo: o 
Brasil e Portugal possuem a mesma língua oficial, o Português, mas as línguas de sinais 
destes países são diferentes, o mesmoacontece com os Estados Unidos e a Inglaterra, entre 
outros. Também pode acontecer que uma mesma língua de sinais seja utilizada por dois 
países, como é o caso da língua de sinais americana – ASL, que é usada pelos surdos dos 
Estados Unidos e do Canadá. 
Como qualquer outra língua, ela também possui expressões que diferem de região para 
região (os regionalismos), o que a legitima ainda mais como língua. 
Os surdos de países com línguas de sinais diferentes comunicam-se mais rapidamente 
uns com os outros, fato que não ocorre entre falantes de línguas orais, que necessitam de um 
tempo bem maior para um entendimento. Isso se deve à capacidade que as pessoas surdas 
têm em desenvolver e aproveitar gestos e pantomimas para a comunicação e estarem atentos 
às expressões faciais e corporais das pessoas. 
 
1.2- Introdução aos aspectos linguísticos da LIBRAS 
 
 
1 Cultura surda é o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim de se torná-lo acessível e 
habitável ajustando-os com as suas percepções visuais, que contribuem para a definição das identidades surdas e 
das “almas” das comunidades surdas. Isto significa que abrange a língua, as ideias, as crenças, os costumes e os 
hábitos de povo surdo. 
6 
 
LIBRAS é a sigla da Língua Brasileira de Sinais, língua essa usada pelas comunidades 
surdas do Brasil. A LIBRAS é a língua natural utilizada pelos surdos que vivem em cidades do 
Brasil onde existem comunidades surdas. 
A LIBRAS, como toda língua de sinais, é uma língua de modalidade gestual-visual 
porque utiliza, como canal ou meio de comunicação, movimentos gestuais e expressões faciais 
que são percebidos pela visão; portanto, diferencia da Língua Portuguesa, que é uma língua de 
modalidade oral-auditiva por utilizar, como canal ou meio de comunicação, sons articulados 
que são percebidos pelos ouvidos. Mas as diferenças não estão somente na utilização de 
canais diferentes, estão também nas estruturas gramaticais de cada língua. 
 
Mundialmente, as comunidades surdas criaram a sua própria Língua de Sinais, ou 
incorporaram aspectos de outras Línguas de Sinais. Parte do vocabulário da LIBRAS atual 
derivou-se da Língua de Sinais Francesa – LSF. Este se combinou com a forma nativa que já 
era usada no Brasil e tornou-se a atual LIBRAS. As línguas de sinais desenvolvem-se ao longo 
de muitos anos e sofrem refinamentos em todas as sucessivas gerações. 
Os sinais da LIBRAS são formados a partir da combinação da forma, do movimento das 
mãos e do ponto no corpo ou no espaço onde esses sinais são feitos. Nas línguas de sinais 
podem ser encontrados os seguintes parâmetros que formarão os sinais: 
Configuração das mãos: São formas das mãos no momento da produção de um sinal. 
Os sinais DESCULPAR, EVITAR e IDADE, por exemplo, possuem a mesma configuração de 
mão (com a letra y). A diferença é que cada uma é produzida em um ponto diferente no corpo. 
 
7 
 
Ponto de articulação: é o lugar onde incide a mão predominante configurada, ou seja, local 
onde é feito o sinal, podendo tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro. 
Movimento: Os sinais podem ter um movimento ou não. Por exemplo, os sinais PENSAR e 
EM-PÉ não tem movimento; já os sinais EVITAR e TRABALHAR possuem movimento. 
Expressão facial e/ou corporal: As expressões faciais e corporais são de fundamental 
importância para o entendimento real do sinal, sendo que a entonação em Língua de Sinais é 
feita pela expressão facial. 
Orientação/Direção: Os sinais têm uma direção com relação aos parâmetros acima. Assim, os 
verbos IR e VIR se opõem em relação à direcionalidade. 
Na combinação destes quatro parâmetros tem-se o sinal. Falar com as mãos é, portanto, 
combinar estes elementos que formam as palavras e estas formam as frases em um contexto. 
Para conversar, em qualquer língua, não basta conhecer as palavras, é preciso aprender 
as regras de combinação destas palavras em frases. 
Para as pessoas começarem a aprender a língua de sinais, a primeira coisa que 
ensinamos é o Alfabeto Manual ou Datilologia em LIBRAS. Ele é um recurso das línguas de 
sinais, produzido por diferentes formatos das mãos que representam as letras do alfabeto 
escrito e é utilizado para “escrever” no ar, ou melhor, soletrar no espaço neutro, o nome de 
pessoas, lugares e outras palavras que ainda não possuem sinal. 
 
. 
8 
 
Portanto, para nos comunicarmos em LIBRAS não basta saber somente o alfabeto, 
afinal, este é somente um dos recursos utilizados pelos usuários de língua de sinais. 
A LIBRAS utiliza-se das expressões faciais e corporais para estabelecer tipos de frases, 
como as entonações na Língua Portuguesa, por isso para perceber se uma frase em LIBRAS 
está na forma afirmativa, exclamativa, interrogativa, negativa ou imperativa, precisa-se estar 
atento às expressões facial e corporal que são feitas simultaneamente com certos sinais ou 
com toda a frase, exemplos: 
 FORMA AFIRMATIVA: a expressão facial é neutra. 
 FORMA INTERROGATIVA: sobrancelhas franzidas e um ligeiro movimento da cabeça 
inclinando-se para cima. 
 FORMA EXCLAMATIVA: sobrancelhas levantadas e um ligeiro movimento da cabeça 
inclinando-se para cima e para baixo. Pode ainda vir também com um intensificador 
representado pela boca fechada com um movimento para baixo. 
 FORMA NEGATIVA: a negação pode ser feita através de três processos: 
 a) com o acréscimo do sinal NÃO à frase afirmativa; 
 b) com a incorporação de um movimento contrário ao do sinal negado; 
 c)com um aceno de cabeça negativo que pode ser feito simultaneamente com a ação que 
está sendo negada ou juntamente com os processos acima. 
 Compreender a gramática de uma língua é apreender as regras de formação e de 
combinação dos elementos desta língua. Os estudos, já em andamento, aprofundando nos 
pontos aqui apresentados e em outros não mencionados, poderão mostrar a gramática desta 
língua. 
 
UNIDADE 2 – INCLUSÃO E LEGISLAÇÃO APLICADA ÀS PESSOAS SURDAS 
 
2.4- Conquistas legais da comunidade surda brasileira 
 
A LIBRAS foi reconhecida por lei (Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002) como meio de 
comunicação e expressão de comunidades de surdos do Brasil. Merece ser ressaltado o fato 
de que a lei coloca LIBRAS no grupo das línguas do Brasil. 
Classificá-la como língua é possível porque ela preenche os requisitos científicos para 
tanto: tem um funcionamento gramatical e enunciativo próprio. Por outro lado ela funciona no 
9 
 
território nacional, tem a uma história particular e está associada a uma produção discursiva 
específica. E a caracterização de LIBRAS como brasileira está de acordo com o fato de que ela 
é diferente de outras línguas de sinais praticadas em outros territórios, como a American Sign 
Language, por exemplo, nos Estados Unidos. 
Essa Lei diz o seguinte: 
LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002. 
Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras 
providências. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso 
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira 
de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados. 
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de 
comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com 
estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias 
e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. 
Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas 
concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadasde apoiar o uso e 
difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de 
utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. 
Art. 3o As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de 
assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores 
de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor. 
Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais 
e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação 
Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino 
da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros 
Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente. 
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a 
modalidade escrita da língua portuguesa. 
Art. 5o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Brasília, 24 de abril de 2002; 181o da Independência e 114o da República. 
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO 
Paulo Renato Souza 
 
O reconhecimento de LIBRAS como sendo a língua da comunidade de pessoas surdas 
do Brasil, trouxe consigo regulamentações que procuram garantir a sua circulação no território 
nacional. Dessa maneira, em 2005, foi publicado o Decreto 5.626/2005 que também passa a 
incidir sobre o funcionamento de instituições, de forma a garantir que o poder público em geral 
e empresas concessionárias de serviços públicos desenvolvam formas de apoiar o seu uso e 
sua difusão. 
Também neste Decreto fica regulamentada a obrigatoriedade de as instituições públicas 
e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde garantirem 
atendimento e tratamento adequado aos surdos, de acordo com as normas legais em vigor. 
A área da Educação foi contemplada também no que trata da inclusão de LIBRAS como 
disciplina obrigatória em todas as Licenciaturas, cursos de Pedagogia e de Fonoaudiologia do 
país, e ainda como optativa nos demais cursos a nível superior, entre outros. 
O Decreto nº. 5.626 ( 23 de dezembro de 2005) diz o seguinte: 
 
10 
 
DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005. 
Regulamenta a Lei n
o
 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a 
Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei n
o
 10.098, de 19 de 
dezembro de 2000. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o 
art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei n
o
 10.436, 
de 24 de abril de 2002, e no art. 18 da Lei n
o
 10.098, de 19 de dezembro de 
2000, DECRETA: 
CAPÍTULO I 
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 
 Art. 1
o
 Este Decreto regulamenta a Lei n
o
 10.436, de 24 de abril de 2002, e o art. 
18 da Lei n
o
 10.098, de 19 de dezembro de 2000. 
 Art. 2
o
 Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela que, por ter 
perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, 
manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras. 
 Parágrafo único: Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, 
de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 
500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. 
CAPÍTULO II 
DA INCLUSÃO DA LIBRAS COMO DISCIPLINA CURRICULAR 
 Art. 3
o
 A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos 
de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e 
nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema 
federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios. 
 § 1
o
 Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o 
curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e o curso 
de Educação Especial são considerados cursos de formação de professores e 
profissionais da educação para o exercício do magistério. 
 § 2
o
 A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais cursos de 
educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação deste 
Decreto. 
CAPÍTULO III 
DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LIBRAS E DO INSTRUTOR DE LIBRAS 
 Art. 4
o
 A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do ensino 
fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser realizada em nível 
superior, em curso de graduação de licenciatura plena em Letras: Libras ou em Letras: 
Libras/Língua Portuguesa como segunda língua. 
 Parágrafo único. As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação 
previstos no caput. 
 Art. 5
o
 A formação de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos 
anos iniciais do ensino fundamental deve ser realizada em curso de Pedagogia ou curso 
normal superior, em que Libras e Língua Portuguesa escrita tenham constituído línguas 
de instrução, viabilizando a formação bilíngue. 
 § 1
o
 Admite-se como formação mínima de docentes para o ensino de Libras na 
educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, a formação ofertada em 
nível médio na modalidade normal, que viabilizar a formação bilíngue, referida no caput. 
 § 2
o
 As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no 
caput. 
 Art. 6
o
 A formação de instrutor de Libras, em nível médio, deve ser realizada por 
meio de: 
 I - cursos de educação profissional; 
 II - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior; e 
 III - cursos de formação continuada promovidos por instituições credenciadas por 
secretarias de educação. 
 § 1
o
 A formação do instrutor de Libras pode ser realizada também por organizações 
da sociedade civil representativa da comunidade surda, desde que o certificado seja 
convalidado por pelo menos uma das instituições referidas nos incisos II e III. 
 § 2
o
 As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no 
caput. 
 Art. 7
o
 Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, caso não haja 
docente com título de pós-graduação ou de graduação em Libras para o ensino dessa 
disciplina em cursos de educação superior, ela poderá ser ministrada por profissionais 
que apresentem pelo menos um dos seguintes perfis: 
11 
 
 I - professor de Libras, usuário dessa língua com curso de pós-graduação ou com 
formação superior e certificado de proficiência em Libras, obtido por meio de exame 
promovido pelo Ministério da Educação; 
 II - instrutor de Libras, usuário dessa língua com formação de nível médio e com 
certificado obtido por meio de exame de proficiência em Libras, promovido pelo 
Ministério da Educação; 
 III - professor ouvinte bilíngue: Libras - Língua Portuguesa, com pós-graduação ou 
formação superior e com certificado obtido por meio de exame de proficiência em Libras, 
promovido pelo Ministério da Educação. 
 § 1
o
 Nos casos previstos nos incisos I e II, as pessoas surdas terão prioridade para 
ministrar a disciplina de Libras. 
 § 2
o
 A partir de um ano da publicação deste Decreto, os sistemas e as instituições 
de ensino da educação básica e as de educação superior devem incluir o professor de 
Libras em seu quadro do magistério. 
 Art. 8
o
 O exame de proficiência em Libras, referido no art. 7
o
, deve avaliar a 
fluência no uso, o conhecimento e a competência para o ensino dessa língua. 
 § 1
o
 O exame de proficiência em Libras deve ser promovido, anualmente, pelo 
Ministério da Educação e instituições de educação superiorpor ele credenciadas para 
essa finalidade. 
 § 2
o
 A certificação de proficiência em Libras habilitará o instrutor ou o professor 
para a função docente. 
 § 3
o
 O exame de proficiência em Libras deve ser realizado por banca examinadora 
de amplo conhecimento em Libras, constituída por docentes surdos e linguistas de 
instituições de educação superior. 
 Art. 9
o
 A partir da publicação deste Decreto, as instituições de ensino médio que 
oferecem cursos de formação para o magistério na modalidade normal e as instituições 
de educação superior que oferecem cursos de Fonoaudiologia ou de formação de 
professores devem incluir Libras como disciplina curricular, nos seguintes prazos e 
percentuais mínimos: 
 I - até três anos, em vinte por cento dos cursos da instituição; 
 II - até cinco anos, em sessenta por cento dos cursos da instituição; 
 III - até sete anos, em oitenta por cento dos cursos da instituição; e 
 IV - dez anos, em cem por cento dos cursos da instituição. 
 Parágrafo único. O processo de inclusão da Libras como disciplina curricular deve 
iniciar-se nos cursos de Educação Especial, Fonoaudiologia, Pedagogia e Letras, 
ampliando-se progressivamente para as demais licenciaturas. 
 Art. 10. As instituições de educação superior devem incluir a Libras como objeto de 
ensino, pesquisa e extensão nos cursos de formação de professores para a educação 
básica, nos cursos de Fonoaudiologia e nos cursos de Tradução e Interpretação de 
Libras - Língua Portuguesa. 
 Art. 11. O Ministério da Educação promoverá, a partir da publicação deste Decreto, 
programas específicos para a criação de cursos de graduação: 
 I - para formação de professores surdos e ouvintes, para a educação infantil e anos 
iniciais do ensino fundamental, que viabilize a educação bilíngue: Libras - Língua 
Portuguesa como segunda língua; 
 II - de licenciatura em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa, como 
segunda língua para surdos; 
 III - de formação em Tradução e Interpretação de Libras - Língua Portuguesa. 
 Art. 12. As instituições de educação superior, principalmente as que ofertam cursos 
de Educação Especial, Pedagogia e Letras, devem viabilizar cursos de pós-graduação 
para a formação de professores para o ensino de Libras e sua interpretação, a partir de 
um ano da publicação deste Decreto. 
 Art. 13. O ensino da modalidade escrita da Língua Portuguesa, como segunda 
língua para pessoas surdas, deve ser incluído como disciplina curricular nos cursos de 
formação de professores para a educação infantil e para os anos iniciais do ensino 
fundamental, de nível médio e superior, bem como nos cursos de licenciatura em Letras 
com habilitação em Língua Portuguesa. 
 Parágrafo único. O tema sobre a modalidade escrita da língua portuguesa para 
surdos deve ser incluído como conteúdo nos cursos de Fonoaudiologia. 
CAPÍTULO IV 
DO USO E DA DIFUSÃO DA LIBRAS E DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA O 
ACESSO DAS PESSOAS SURDAS À EDUCAÇÃO 
 Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às 
pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos 
12 
 
seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, 
etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior. 
 § 1
o
 Para garantir o atendimento educacional especializado e o acesso previsto no 
caput, as instituições federais de ensino devem: 
 I - promover cursos de formação de professores para: 
 a) o ensino e uso da Libras; 
 b) a tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa; e 
 c) o ensino da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas surdas; 
 II - ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o ensino da Libras e 
também da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos; 
 III - prover as escolas com: 
 a) professor de Libras ou instrutor de Libras; 
 b) tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa; 
 c) professor para o ensino de Língua Portuguesa como segunda língua para 
pessoas surdas; e 
 d) professor regente de classe com conhecimento acerca da singularidade 
linguística manifestada pelos alunos surdos; 
 IV - garantir o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos 
surdos, desde a educação infantil, nas salas de aula e, também, em salas de recursos, 
em turno contrário ao da escolarização; 
 V - apoiar, na comunidade escolar, o uso e a difusão de Libras entre professores, 
alunos, funcionários, direção da escola e familiares, inclusive por meio da oferta de 
cursos; 
 VI - adotar mecanismos de avaliação coerentes com aprendizado de segunda 
língua, na correção das provas escritas, valorizando o aspecto semântico e 
reconhecendo a singularidade linguística manifestada no aspecto formal da Língua 
Portuguesa; 
 VII - desenvolver e adotar mecanismos alternativos para a avaliação de 
conhecimentos expressos em Libras, desde que devidamente registrados em vídeo ou 
em outros meios eletrônicos e tecnológicos; 
 VIII - disponibilizar equipamentos, acesso às novas tecnologias de informação e 
comunicação, bem como recursos didáticos para apoiar a educação de alunos surdos ou 
com deficiência auditiva. 
 § 2
o
 O professor da educação básica, bilíngue, aprovado em exame de proficiência 
em tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa, pode exercer a função de 
tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, cuja função é distinta da função de 
professor docente. 
 § 3
o
 As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, 
estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas referidas 
neste artigo como meio de assegurar atendimento educacional especializado aos alunos 
surdos ou com deficiência auditiva. 
 Art. 15. Para complementar o currículo da base nacional comum, o ensino de 
Libras e o ensino da modalidade escrita da Língua Portuguesa, como segunda língua 
para alunos surdos, devem ser ministrados em uma perspectiva dialógica, funcional e 
instrumental, como: 
 I - atividades ou complementação curricular específica na educação infantil e anos 
iniciais do ensino fundamental; e 
 II - áreas de conhecimento, como disciplinas curriculares, nos anos finais do ensino 
fundamental, no ensino médio e na educação superior. 
 Art. 16. A modalidade oral da Língua Portuguesa, na educação básica, deve ser 
ofertada aos alunos surdos ou com deficiência auditiva, preferencialmente em turno 
distinto ao da escolarização, por meio de ações integradas entre as áreas da saúde e da 
educação, resguardado o direito de opção da família ou do próprio aluno por essa 
modalidade. 
 Parágrafo único. A definição de espaço para o desenvolvimento da modalidade oral 
da Língua Portuguesa e a definição dos profissionais de Fonoaudiologia para atuação 
com alunos da educação básica são de competência dos órgãos que possuam estas 
atribuições nas unidades federadas. 
CAPÍTULO V 
DA FORMAÇÃO DO TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LIBRAS - LÍNGUA 
PORTUGUESA 
 Art. 17. A formação do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa deve 
efetivar-se por meio de curso superior de Tradução e Interpretação, com habilitação em 
Libras - Língua Portuguesa. 
13 
 
 Art. 18. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, a formação 
de tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, em nível médio, deve ser 
realizada por meio de: 
 I - cursos de educação profissional; 
 II - cursos de extensão universitária; e 
 III - cursos de formação continuada promovidos porinstituições de ensino superior e 
instituições credenciadas por secretarias de educação. 
 Parágrafo único. A formação de tradutor e intérprete de Libras pode ser realizada 
por organizações da sociedade civil representativas da comunidade surda, desde que o 
certificado seja convalidado por uma das instituições referidas no inciso III. 
 Art. 19. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, caso não 
haja pessoas com a titulação exigida para o exercício da tradução e interpretação de 
Libras - Língua Portuguesa, as instituições federais de ensino devem incluir, em seus 
quadros, profissionais com o seguinte perfil: 
 I - profissional ouvinte, de nível superior, com competência e fluência em Libras 
para realizar a interpretação das duas línguas, de maneira simultânea e consecutiva, e 
com aprovação em exame de proficiência, promovido pelo Ministério da Educação, para 
atuação em instituições de ensino médio e de educação superior; 
 II - profissional ouvinte, de nível médio, com competência e fluência em Libras para 
realizar a interpretação das duas línguas, de maneira simultânea e consecutiva, e com 
aprovação em exame de proficiência, promovido pelo Ministério da Educação, para 
atuação no ensino fundamental; 
 III - profissional surdo, com competência para realizar a interpretação de línguas de 
sinais de outros países para a Libras, para atuação em cursos e eventos. 
 Parágrafo único. As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino 
federal, estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas 
referidas neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficiência 
auditiva o acesso à comunicação, à informação e à educação. 
 Art. 20. Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, o Ministério 
da Educação ou instituições de ensino superior por ele credenciadas para essa 
finalidade promoverão, anualmente, exame nacional de proficiência em tradução e 
interpretação de Libras - Língua Portuguesa. 
 Parágrafo único. O exame de proficiência em tradução e interpretação de Libras -
 Língua Portuguesa deve ser realizado por banca examinadora de amplo conhecimento 
dessa função, constituída por docentes surdos, linguistas e tradutores e intérpretes de 
Libras de instituições de educação superior. 
 Art. 21. A partir de um ano da publicação deste Decreto, as instituições federais de 
ensino da educação básica e da educação superior devem incluir, em seus quadros, em 
todos os níveis, etapas e modalidades, o tradutor e intérprete de Libras - Língua 
Portuguesa, para viabilizar o acesso à comunicação, à informação e à educação de 
alunos surdos. 
 § 1
o
 O profissional a que se refere o caput atuará: 
 I - nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino; 
 II - nas salas de aula para viabilizar o acesso dos alunos aos conhecimentos e 
conteúdos curriculares, em todas as atividades didático-pedagógicas; e 
 III - no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades-fim da instituição de 
ensino. 
 § 2
o
 As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, 
estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas referidas 
neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficiência auditiva o 
acesso à comunicação, à informação e à educação. 
CAPÍTULO VI 
DA GARANTIA DO DIREITO À EDUCAÇÃO DAS PESSOAS SURDAS OU 
COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA 
 Art. 22. As instituições federais de ensino responsáveis pela educação básica 
devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva, por meio da 
organização de: 
 I - escolas e classes de educação bilíngue, abertas a alunos surdos e ouvintes, com 
professores bilíngues, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental; 
 II - escolas bilíngues ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a 
alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino médio ou 
educação profissional, com docentes das diferentes áreas do conhecimento, cientes da 
singularidade linguística dos alunos surdos, bem como com a presença de tradutores e 
intérpretes de Libras - Língua Portuguesa. 
14 
 
 § 1
o
 São denominadas escolas ou classes de educação bilíngue aquelas em que a 
Libras e a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução 
utilizadas no desenvolvimento de todo o processo educativo. 
 § 2
o
 Os alunos têm o direito à escolarização em um turno diferenciado ao do 
atendimento educacional especializado para o desenvolvimento de complementação 
curricular, com utilização de equipamentos e tecnologias de informação. 
 § 3
o
 As mudanças decorrentes da implementação dos incisos I e II implicam a 
formalização, pelos pais e pelos próprios alunos, de sua opção ou preferência pela 
educação sem o uso de Libras. 
 § 4
o
 O disposto no § 2
o
 deste artigo deve ser garantido também para os alunos não 
usuários da Libras. 
 Art. 23. As instituições federais de ensino, de educação básica e superior, devem 
proporcionar aos alunos surdos os serviços de tradutor e intérprete de Libras - Língua 
Portuguesa em sala de aula e em outros espaços educacionais, bem como 
equipamentos e tecnologias que viabilizem o acesso à comunicação, à informação e à 
educação. 
 § 1
o
 Deve ser proporcionado aos professores acesso à literatura e informações 
sobre a especificidade linguística do aluno surdo. 
 § 2
o
 As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, 
estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas referidas 
neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficiência auditiva o 
acesso à comunicação, à informação e à educação. 
 Art. 24. A programação visual dos cursos de nível médio e superior, 
preferencialmente os de formação de professores, na modalidade de educação a 
distância, deve dispor de sistemas de acesso à informação como janela com tradutor e 
intérprete de Libras - Língua Portuguesa e subtitulação por meio do sistema de legenda 
oculta, de modo a reproduzir as mensagens veiculadas às pessoas surdas, conforme 
prevê o Decreto n
o
 5.296, de 2 de dezembro de 2004. 
CAPÍTULO VII 
DA GARANTIA DO DIREITO À SAÚDE DAS PESSOAS SURDAS OU COM 
DEFICIÊNCIA AUDITIVA 
 Art. 25. A partir de um ano da publicação deste Decreto, o Sistema Único de 
Saúde - SUS e as empresas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos 
de assistência à saúde, na perspectiva da inclusão plena das pessoas surdas ou com 
deficiência auditiva em todas as esferas da vida social, devem garantir, prioritariamente 
aos alunos matriculados nas redes de ensino da educação básica, a atenção integral à 
sua saúde, nos diversos níveis de complexidade e especialidades médicas, efetivando: 
 I - ações de prevenção e desenvolvimento de programas de saúde auditiva; 
 II - tratamento clínico e atendimento especializado, respeitando as especificidades 
de cada caso; 
 III - realização de diagnóstico, atendimento precoce e do encaminhamento para a 
área de educação; 
 IV - seleção, adaptação e fornecimento de prótese auditiva ou aparelho de 
amplificação sonora, quando indicado; 
 V - acompanhamento médico e fonoaudiológico e terapia fonoaudiológica; 
 VI - atendimento em reabilitação por equipe multiprofissional; 
 VII - atendimento fonoaudiológico às crianças, adolescentes e jovens matriculados 
na educação básica, por meio de ações integradas com a área da educação, de acordo 
com as necessidades terapêuticas do aluno; 
 VIII - orientações à família sobre as implicações da surdez e sobre a importância 
para a criança comperda auditiva ter, desde seu nascimento, acesso à Libras e à Língua 
Portuguesa; 
 IX - atendimento às pessoas surdas ou com deficiência auditiva na rede de serviços 
do SUS e das empresas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos de 
assistência à saúde, por profissionais capacitados para o uso de Libras ou para sua 
tradução e interpretação; e 
 X - apoio à capacitação e formação de profissionais da rede de serviços do SUS 
para o uso de Libras e sua tradução e interpretação. 
 § 1
o
 O disposto neste artigo deve ser garantido também para os alunos surdos ou 
com deficiência auditiva não usuários da Libras. 
 § 2
o
 O Poder Público, os órgãos da administração pública estadual, municipal, do 
Distrito Federal e as empresas privadas que detêm autorização, concessão ou 
permissão de serviços públicos de assistência à saúde buscarão implementar as 
medidas referidas no art. 3
o
 da Lei n
o
 10.436, de 2002, como meio de assegurar, 
prioritariamente, aos alunos surdos ou com deficiência auditiva matriculados nas redes 
15 
 
de ensino da educação básica, a atenção integral à sua saúde, nos diversos níveis de 
complexidade e especialidades médicas. 
CAPÍTULO VIII 
DO PAPEL DO PODER PÚBLICO E DAS EMPRESAS QUE DETÊM CONCESSÃO OU 
PERMISSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS, NO APOIO AO USO E DIFUSÃO DA 
LIBRAS 
 Art. 26. A partir de um ano da publicação deste Decreto, o Poder Público, as 
empresas concessionárias de serviços públicos e os órgãos da administração pública 
federal, direta e indireta devem garantir às pessoas surdas o tratamento diferenciado, 
por meio do uso e difusão de Libras e da tradução e interpretação de Libras - Língua 
Portuguesa, realizados por servidores e empregados capacitados para essa função, bem 
como o acesso às tecnologias de informação, conforme prevê o Decreto n
o
 5.296, de 
2004. 
 § 1
o
 As instituições de que trata o caput devem dispor de, pelo menos, cinco por 
cento de servidores, funcionários e empregados capacitados para o uso e interpretação 
da Libras. 
 § 2
o
 O Poder Público, os órgãos da administração pública estadual, municipal e do 
Distrito Federal, e as empresas privadas que detêm concessão ou permissão de serviços 
públicos buscarão implementar as medidas referidas neste artigo como meio de 
assegurar às pessoas surdas ou com deficiência auditiva o tratamento diferenciado, 
previsto no caput. 
 Art. 27. No âmbito da administração pública federal, direta e indireta, bem como 
das empresas que detêm concessão e permissão de serviços públicos federais, os 
serviços prestados por servidores e empregados capacitados para utilizar a Libras e 
realizar a tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa estão sujeitos a 
padrões de controle de atendimento e a avaliação da satisfação do usuário dos serviços 
públicos, sob a coordenação da Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, 
Orçamento e Gestão, em conformidade com o Decreto n
o
 3.507, de 13 de junho de 2000. 
 Parágrafo único. Caberá à administração pública no âmbito estadual, municipal e 
do Distrito Federal disciplinar, em regulamento próprio, os padrões de controle do 
atendimento e avaliação da satisfação do usuário dos serviços públicos, referido no 
caput. 
CAPÍTULO IX 
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS 
 Art. 28. Os órgãos da administração pública federal, direta e indireta, devem incluir 
em seus orçamentos anuais e plurianuais dotações destinadas a viabilizar ações 
previstas neste Decreto, prioritariamente as relativas à formação, capacitação e 
qualificação de professores, servidores e empregados para o uso e difusão da Libras e à 
realização da tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa, a partir de um ano 
da publicação deste Decreto. 
 Art. 29. O Distrito Federal, os Estados e os Municípios, no âmbito de suas 
competências, definirão os instrumentos para a efetiva implantação e o controle do uso e 
difusão de Libras e de sua tradução e interpretação, referidos nos dispositivos deste 
Decreto. 
 Art. 30. Os órgãos da administração pública estadual, municipal e do Distrito 
Federal, direta e indireta, viabilizarão as ações previstas neste Decreto com dotações 
específicas em seus orçamentos anuais e plurianuais, prioritariamente as relativas à 
formação, capacitação e qualificação de professores, servidores e empregados para o 
uso e difusão da Libras e à realização da tradução e interpretação de Libras - Língua 
Portuguesa, a partir de um ano da publicação deste Decreto. 
 Art. 31. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. 
 Brasília, 22 de dezembro de 2005; 184
o
 da Independência e 117
o
 da República. 
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA 
Fernando Haddad 
 
 
 
 
 
 
16 
 
2.2- Como agir diante de um surdo 
 
Muitas pessoas não deficientes ficam confusas quando encontram uma pessoa com 
deficiência. Isso é natural. Todos podem se sentir desconfortável diante do “diferente”, mas 
esse desconforto diminui e pode até mesmo desaparecer quando existem muitas 
oportunidades de convivência entre pessoas deficientes e não deficientes. 
Ao tratar uma pessoa deficiente como se ela não tivesse uma deficiência, estaríamos 
ignorando uma característica muito importante dela. Dessa forma, não estaríamos nos 
relacionando com ela, mas com outra pessoa, que não é real. 
A deficiência existe e é preciso levá-la na sua devida consideração. Neste sentido torna-
se de grande importância não subestimar as possibilidades, nem as dificuldades e vice-versa. 
 As pessoas com deficiência têm o direito, podem e querem tomar suas próprias 
decisões e assumir a responsabilidade por suas escolhas. 
Ter uma deficiência não faz com que uma pessoa seja melhor ou pior do que uma 
pessoa não deficiente, ou que esta não possa ser eficiente. Provavelmente, por causa da 
deficiência, essa pessoa pode ter dificuldade para realizar algumas atividades, mas por outro 
lado, poderá ter extrema habilidade para fazer outras coisas. Exatamente como todos. 
A maioria das pessoas com deficiência não se importa de responder perguntas a 
respeito da sua deficiência ou sobre como ela realiza algumas tarefas. Quando alguém deseja 
alguma informação de uma pessoa deficiente, o correto seria dirigir-se diretamente a ela, e não 
a seus acompanhantes ou intérpretes. Segundo professores, intérpretes e os próprios surdos, 
ao se tomar alguns cuidados na comunicação com o surdo, confere-lhe o respeito ao qual ele 
tem direito. Algumas dicas importantes: 
 
 Não é correto dizer que alguém é surdo-mudo. Muitas pessoas surdas não falam porque 
não aprenderam a falar. Muitas fazem a leitura labial, e podem fazer muitos sons com a 
garganta, ao rir, e mesmo ao gestualizar. Além disso, sua comunicação envolve todo o 
seu espaço, através da expressão facial-corporal, ou seja o uso da face, mãos, e 
17 
 
braços, visto que, a forma de expressão visual-espacial é sobretudo importante em sua 
língua natural, a LIBRAS. 
 Acerca da leitura labial, técnica esta que muitos pensam ser eficiente na comunicação 
com surdos, é preciso ressaltar que em média, apenas 25% do que se diz pode ser 
identificado pelos melhores leitores labiais do mundo, segundo Fine (1977). Também 
outras fontes indicam as poucas possibilidades oferecidas pela leitura labial, 
considerada "a menos consistente das possibilidades de comunicação para pessoas 
surdas. Somente 30% dos sons da língua inglesa são visíveis nos lábios e 50% dos 
sons são homófonos". (Gallaudet College, 1984). A fixação do olhar pelo surdo costuma 
acarretar muito desconforto para o ouvinte (Higgins, 1980, p. 159). Muitos sujeitos 
surdos descrevem cansaço e limitações em fazer leitura labial,como Rita, sujeito da 
pesquisa de Botelho (1998): "A professora fala, fala, fala, fala... escreve pouco, você fica 
cansada... não dá pra entender". A leitura labial é um procedimento útil em alguma 
medida, na interação verbal entre surdos e ouvintes, mas não é definidora da 
compreensão, especialmente porque é muito dependente de compreensão do contexto, 
da integração do conjunto de elementos verbais e não verbais, de uma atitude ativa do 
sujeito surdo na interação e de eliminação da simulação de compreensão de ambas as 
partes, atitudes que não são frequentes. 
 Mas, caso você não domine a LIBRAS, ao deparar-se com uma pessoa surda é preciso 
estabelecer algumas estratégias a fim de tentar estabelecer a comunicação, como: Falar 
de maneira clara, pronunciando bem as palavras, sem exageros, usando a velocidade 
normal, a não ser que ela peça para falar mais devagar. Usar um tom normal de voz, a 
não ser que peçam para falar mais alto. Gritar nunca adianta. Falar diretamente com a 
pessoa, não de lado ou atrás dela. Fazer com que a boca esteja bem visível. Gesticular 
ou segurar algo em frente à boca torna impossível a leitura labial. Usar bigode também 
atrapalha. Quando falar com uma pessoa surda, tentar ficar num lugar iluminado. Evitar 
ficar contra a luz (de uma janela, por exemplo), pois isso dificulta a visão do rosto. 
 Caso você souber alguma língua de sinais, tentar usá-la. Se a pessoa surda tiver 
dificuldade em entender, avisará. De modo geral, as tentativas são apreciadas e 
estimuladas. 
 Ser expressivo ao falar. Como as pessoas surdas não podem ouvir mudanças sutis de 
tom de voz, que indicam sentimentos de alegria, tristeza, sarcasmo ou seriedade, as 
expressões faciais, os gestos ou sinais e o movimento do corpo são excelentes 
indicações do que se quer dizer. 
 A conversar, manter sempre contato visual, se desviar o olhar, a pessoa surda pode 
achar que a conversa terminou. 
18 
 
 Nem sempre a pessoa surda tem uma boa dicção. Se houver dificuldade em 
compreender o que ela diz, pedir para que repita. Geralmente, os surdos não se 
incomodam de repetir quantas vezes for preciso para que sejam entendidas. 
 Se for necessário, comunicar-se através de bilhetes. O importante é se comunicar. O 
método não é tão importante. 
 Quando o surdo estiver acompanhado de um intérprete, dirigir-se a ele, não ao 
intérprete. 
 Alguns preferem a comunicação escrita, alguns usam linguagem em código e outros 
preferem códigos próprios. Estes métodos podem ser lentos, requerem paciência e 
concentração. 
 
Enfim, os surdos são pessoas que têm os mesmos direitos, os mesmos sentimentos, os 
mesmos receios, os mesmos sonhos, assim como todos. Se ocorrer alguma situação 
embaraçosa, uma boa dose de delicadeza, sinceridade e bom humor nunca falham. 
 
2.3- O papel do Intérprete de LIBRAS na inclusão social das pessoas surdas 
 
O intérprete da Língua Brasileira de Sinais, bem como qualquer outro intérprete, precisa 
ter o domínio dos sinais e principalmente da língua falada do seu país, no nosso caso, o 
Português. 
A nossa sociedade é feita de ouvintes e para ouvintes, na qual os surdos são minoria, 
por isso, o intérprete é uma peça fundamental para união dos dois mundos envolvidos: surdo e 
ouvinte. Temos visto que na maioria das vezes a comunidade surda não tem o direito de 
exercer a sua cidadania, sem participar das atividades sociais, educacionais, culturais e 
políticas do país devido à ausência do intérprete. 
O intérprete atua nas diversas situações em que a interação entre surdos e ouvintes, 
que não sinalizam, seja exigida, sendo mediador entre as comunidades surdas e ouvinte. As 
áreas de atuação do intérprete de LIBRAS são, em sua maior parte, em eventos (palestras em 
congressos, seminários, fóruns, encontros), instituições de ensino, área médica e judiciária. 
19 
 
Tem-se falado bastante nos tempos atuais sobre a inclusão, mas o que vemos, na 
realidade, é uma grande exclusão, pois muitas das instituições ainda negam o acesso do 
cidadão surdo ao conhecimento, negando a contratação do intérprete, apesar das políticas 
atuais que respaldam o direito dos surdos brasileiros de terem acesso as informações por meio 
de sua primeira língua, a LIBRAS. Escolas, faculdades, empresas, serviços públicos 
necessitam urgente se adaptar garantindo acessibilidade às pessoas surdas, por meio da 
contratação de profissionais devidamente capacitados através de formação específica na área 
de tradução e interpretação, ou mesmo capacitando seus funcionários, conforme determina a 
legislação (Decreto 5.626/2005, art. 26, § 1º), para o atendimento especializado através da 
Língua Brasileira de Sinais. Ressaltando que alguns itens são muito importantes para a 
atuação de um intérprete, como por exemplo, ter uma formação específica, ética profissional, 
fidelidade à interpretação, imparcialidade e discrição em todos os sentidos. 
A ação desse profissional é uma ferramenta riquíssima na integração e valorização 
dessas pessoas surdas, por isso, a formação em tradução e interpretação não vem apenas de 
um curso de LIBRAS, mas principalmente, de cursos específicos de formação de 
tradutores/intérpretes de LIBRAS e do contato diário com a comunidade surda, conhecendo 
toda uma cultura que envolve o ser surdo. 
 
 
 
UNIDADE 3 – INDICAÇÃO DE PROCESSOS INTERATIVOS SEGUNDO OS DIFERENTES 
CONCEITOS E CLASSIFICAÇÕES ACERCA DA SURDEZ 
 
3.1- Atraso de aquisição de linguagem e sua relação com o desenvolvimento cognitivo 
da criança surda 
Segundo Vygotsky (apud GOLDFELD, 2002, p. 34), “o processo pelo qual a criança 
adquire a linguagem segue o sentido do exterior para o interior, do meio social para o indivíduo. 
A linguagem possui além da função comunicativa, a função de construir o pensamento.” Dessa 
maneira podemos inferir que a linguagem e a cognição estão intimamente ligadas, sendo que o 
desenvolvimento cognitivo estaria diretamente associado ao desenvolvimento linguístico. 
20 
 
A partir da analise acima acerca do posicionamento de Vygotsky, podemos perceber que 
as relações sociais e linguísticas são essenciais na constituição do indivíduo, visto que são o 
foco de análise nos casos de atraso de linguagem em crianças, sendo de fundamental 
relevância para o estudo do desenvolvimento da criança surda. 
Sendo que a maioria dos surdos são filhos de pais ouvintes que na maioria das vezes 
aceitam ou diagnosticam a surdez tardiamente, e ainda, não dominam a língua de sinais e 
acabaram por não inserir seu filho na comunidade surda o mais cedo possível, podemos 
concluir que a criança surda não possui, neste caso, o meio social adequado para aquisição 
natural de uma língua, haja vista que o input linguístico, ou seja, o estímulo que lhe é oferecido, 
uma língua oral, é ineficaz, se levarmos em consideração sua peculiaridade, a surdez. 
Diante dessa realidade é comum que a criança surda sofra problemas decorrentes do 
atraso de aquisição de linguagem. Por isso, muitas vezes os surdos são considerados, 
erroneamente, como incapazes e a surdez é associada à deficiência mental, haja vista que o 
atraso na aquisição da linguagem pelas crianças surdas acarreta problemas irreversíveis na 
sua aprendizagem e desenvolvimento, pois o pensamento dos surdos fica baseado em 
experiências concretas, havendo dificuldades de abstração. 
Esses problemas decorrentes do atraso na aquisição de linguagem podem ser evitados 
a partir do momento em que tornamos acessível à criança surda o contato com a língua de 
sinais o mais cedo possível. Afinal, os surdos possuem as mesmas potencialidades de 
desenvolvimento que as pessoas ouvintes, especialmente se tiveremacesso a um ambiente 
linguístico apropriado. 
Enfatizo a importância da família também aprender essa língua garantindo uma forma de 
comunicação em casa, possibilitando a transmissão de conhecimentos e valores que são 
essencialmente construídos no seio familiar, evitando futuros desentendimentos e separações. 
Afinal, muitas crianças surdas que se tornam adultos surdos dizem que o que mais desejavam 
era poder se comunicar com os pais. 
Quando a sua idosa mãe estava à beira da morte. Jack, um surdo, lutou para dizer-lhe 
algo, mas não conseguia escrever o que queria e ela não conhecia a Língua de Sinais. Daí, ela 
entrou em coma e veio a falecer. Jack sentia-se atormentado pelas recordações desses 
frustrantes momentos finais. Essa experiência induziu-o aconselhar os pais de crianças 
Surdas: "Se desejam uma comunicação fluente e uma significativa troca de ideias, emoções, 
pensamentos e amor com a criança surda, usem a Língua de Sinais. Para mim é tarde demais. 
É tarde demais para vocês?”. 
Estudos americanos a respeito do desenvolvimento de crianças surdas filhas de pais 
surdos mostraram diferenças importantes, e para melhor, no que se referia ao desenvolvimento 
de linguagem, capacidade de aprender, de conviver com outras crianças e com adultos, de 
21 
 
poderem lidar melhor com as dificuldades, e igual capacidade no que se referia à fala. Os 
estudiosos chegaram à conclusão de que o uso da Língua de Sinais pelos pais surdos, desde o 
nascimento do bebê, dava as condições para que a aquisição de linguagem ocorresse no 
mesmo momento em que ocorre nas crianças ouvintes. Ou seja, crianças surdas, filhas de pais 
surdos, fluentes em LIBRAS, geralmente não possuem problemas relacionados ao atraso de 
linguagem, pois, assim como as crianças ouvintes, aprendem uma língua natural no período 
adequado, através do contato com seus pares adultos surdos fluentes em LIBRAS. Após 
conhecermos melhor acerca do atraso de aquisição de linguagem e suas respectivas 
consequências para o indivíduo surdo, vamos analisar acerca do desenvolvimento do 
pensamento e linguagem da criança surda a partir do seguinte questionamento: 
 
COMO FOI QUE VOCÊ APRENDEU A SUA LÍNGUA NATIVA? 
 
Provavelmente ouvindo seus familiares e amigos falando-a quando você era criança. 
Para a maioria das pessoas, o idioma se aprende ouvindo e é expresso pela fala. Ao formular 
conceito e ideias, pessoas de capacidade auditiva normal automaticamente repassam na 
mente as palavras e as frases antes de proferi-Ias. 
 
MAS, E SE A CRIANÇA NASCE SURDA? 
 
 
 
Pode a mente formular pensamento de outra maneira? Existe um idioma que pode 
transferir ideias, abstratas e concretas, de uma mente para outra sem jamais emitir um som? 
Uma das maravilhas da mente humana é a sua capacidade de linguagem e a habilidade 
de adaptá-la. Contudo, sem audição, aprender um idioma usualmente passa a ser uma função 
dos olhos, não dos ouvidos. Felizmente, o desejo de se comunicar arde forte na alma humana, 
capacitando-nos a vencer qualquer aparente obstáculo. Essa necessidade tem levado os 
surdos a desenvolver muitas Línguas de Sinais em todo mundo. A medida que têm entrado em 
contato uns com os outros, tendo nascido em famílias surdas ou sido agrupados em escolas 
especializadas ou na comunidade, o resultado tem sido o desenvolvimento de um sofisticado 
idioma feito sob medida para os olhos, uma Língua de Sinais. 
22 
 
Para Carl, dos Estados Unidos, essa língua foi dádiva de seus pais surdos. Embora 
nascesse surdo, desde criancinha já sabia classificar itens, encadear sinais e expressar 
pensamentos abstratos na Língua Americana de Sinais (ASL). 
A maioria dos bebês surdos que usam a Língua de Sinais começa a produzir seus 
primeiros sinais por volta dos 10 a 12 meses de idade. O livro A Journey Into lhe Dea! World 
(Jornada no Mundo Surdo) explica que "os linguistas reconhecem agora que a capacidade 
natural de aprender um idioma e de passá-lo aos filhos está profundamente enraizada no 
cérebro. Emergir essa capacidade numa Língua de Sinais ou numa linguagem falada é uma 
questão irrelevante". “Assim como os bebês de pais ouvintes começam a balbuciar com cerca 
de sete meses, os bebês de pais surdos começam a ‘balbuciar’ com as mãos imitando a língua 
de sinais dos pais”, mesmo sendo ouvintes.- Jornal londrino The Times. 
A professora Laura Petitto, da Universidade McGill, em Montreal, Canadá, é da opinião 
de que os bebês nascem com sensibilidade a ritmos e padrões característicos a todos os 
idiomas, incluindo a língua de sinais. Ela disse que os bebês ouvintes que têm “pais surdos que 
sabem sinalizar, gesticulam de maneira diferente, seguindo um padrão rítmico específico, 
distinto de outros movimentos com as mãos. . . . É um balbucio, mas com as mãos”. Os bebês 
expostos à língua de sinais produziram dois tipos de movimento com as mãos, ao passo que 
os que conviviam com pais ouvintes produziram apenas um tipo. Os pesquisadores usaram um 
sistema de rastreamento de posição para registrar os movimentos das mãos dos bebês na 
idade de 6, 10 e 12 meses. 
Steva nasceu na Rússia, numa família surda de terceira geração. Junto com seu irmão 
surdo, ela aprendeu a Língua Russa de Sinais. Quando foi matriculada numa pré-escola para 
crianças surdas, aos três anos de idade, seu domínio natural da Língua de Sinais já estava 
bem desenvolvido. Steva diz: outras crianças surdas não conhecem a Língua de Sinais, de 
modo que aprendiam de mim". Muitas crianças surdas tinham pais ouvintes que não usavam a 
Língua de Sinais. Em muitos casos, as crianças Surdas mais velhas na escola ensinavam a 
Língua de Sinais para as mais novas, ajudando-as a comunicar-se com facilidade. 
Bom seria se todos os pais ouvintes aprendessem a se comunicar com os filhos por 
meio de sinais. Assim, esses jovens surdos poderiam comunicar-se eficazmente antes de 
entrar na escola. No Canadá, isso aconteceu com Andrew, cujos pais ouvem. Estes 
aprenderam a Língua de Sinais e usaram-na com ele desde a tenra idade, provendo-lhe uma 
base linguística sobre a qual ele podia edificar nos anos à frente. Agora, a família inteira se 
comunica sobre qualquer assunto na Língua de Sinais. 
Ao ler, os ouvintes em geral recorrem à memória auditiva, ao passo que vão se 
lembrando dos sons das palavras. Portanto, muito do que leem é entendido porque já o 
ouviram antes. Na maioria das línguas, as palavras escritas não retratam, ou não se 
23 
 
assemelham, às ideias que representam. Muitos ouvintes aprendem esse arbitrário sistema ou 
código escrito associando-o com os sons da língua falada, de modo a entender o que leem. 
Tente imaginar, porém, jamais ter ouvido, em toda a sua vida, um som, uma palavra ou uma 
língua falada! Pode ser difícil e frustrante aprender um arbitrário código escrito para uma língua 
que não se pode ouvir. Não é de admirar que ler tal língua seja um grande desafio para os 
surdos, especialmente para aqueles que não têm nenhuma audição residual ou que jamais 
ouviram. 
Por anos, muitos têm avaliado mal o conhecimento pessoal dos surdos. Alguns acham 
que surdos não sabem praticamente nada, porque não ouvem nada. Há pais que 
superprotegem seus filhos surdos ou temem integrá-los no mundo dos ouvintes. Outros 
encaram a Língua de Sinais como primitivas, ou inferiores à língua falada. Não é de admirar 
que, com tal ignorância, alguns surdos se sintam oprimidos e incompreendidos. 
Todos nós sentimos a necessidade de ser entendidos. Infelizmente, há pessoas que, ao 
verem um surdo, só veem um "incapacitado". Em contraste, muitos surdos consideram-se 
"capacitados", pois se comunicam fluentemente com usuários de línguas de sinais, 
desenvolvem autoestimae têm bom desempenho acadêmico, social e espiritual. 
Tendo em vista a dificuldade do surdo para adquirir a língua falada torna-se fundamental 
que ele tenha acesso a língua de sinais, para que tenha condições de interação, isto é, de 
expansão das relações interpessoais e, consequentemente, de favorecimento para a 
construção da subjetividade. 
 
3.2- Visão clinica terapêutica X visão sócio antropológica acerca da surdez 
 
 
Segundo ROCHA (1984) etnocentrismo é “uma visão do mundo onde o nosso próprio 
grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados (...) através dos nossos 
valores...”. Partindo deste conceito podemos dizer que as diferentes visões acerca da surdez 
se dão porque nossa sociedade é etnocêntrica, ou seja, não aceitam, em sua maioria, os 
sujeitos surdos como diferença cultural e desejam que os mesmos se moldem conforme o 
modelo ouvinte, isto é, devem “imitar” o comportamento dos ouvintes, inclusive, ouvir e falar. 
24 
 
A sociedade, geralmente, possui uma visão clínica terapêutica sobre a surdez, ou seja, 
contemplam a surdez como uma deficiência ou doença a ser tratada, e o surdo como um 
deficiente ou doente em relação à comunidade ouvinte, colocando os sujeitos surdos em 
desvantagem, se comparados à maioria da população. Decorre daí os esforços no sentido de 
normalização, ou seja, no caso do surdo, torná-lo um ouvinte, curá-lo ou compensar seu déficit 
por meio de um treino sistemático da audição, da fala, da leitura labial, do uso de próteses, de 
implantes cocleares, de cirurgias, de audiometrias, de exercícios respiratórios, etc. 
Já os integrantes da comunidade surda, ou seja, sujeitos surdos e também sujeitos 
ouvintes (membros de família de surdos, intérpretes, professores, amigos e outros) que 
participam e compartilham os mesmos interesses em comum de uma determinada localização, 
veem a surdez sob uma visão sócio antropológica, ou seja, como uma diferença cultural e não 
como uma patologia médica. Estes conceituam a surdez considerando sua identidade cultural e 
linguística. Considerando que uma pessoa surda é alguém que vivencia um déficit de audição 
que a impede de adquirir, naturalmente, a língua oral-auditiva usada pela comunidade 
majoritária, construindo sua identidade assentada principalmente nesta diferença, utilizando-se 
de estratégias cognitivas e de manifestações comportamentais, culturais e linguísticas visuais 
diferentes das pessoas que ouvem. 
 
Os Surdos, que frequentam os espaços surdos, convivem com duas comunidades e 
cultura: a dos Surdos e a dos ouvintes, e precisam utilizar duas línguas: a LIBRAS e a 
Língua Portuguesa. Portanto, numa perspectiva sócio-linguistica e antropológica, uma 
comunidade surda não é um ‘lugar’ onde pessoas deficientes, que tem problemas de 
comunicação se encontram, mas, um ponto de articulação política e social porque, cada 
vez mais, os Surdos se organizam nesses espaços enquanto minoria linguísticas que 
lutam por seus direitos linguísticos e de cidadania, impondo-se não pela deficiência, mas 
pela diferença (FELIPE, 2007, p.82). 
 
Um exemplo interessante que marca os diferentes tipos de visão acerca da surdez é os dois 
textos apresentados abaixo envolvendo os impasses éticos entre as comunidades médica e 
surda, quanto ao implante coclear, uma cirurgia moderna que “promete a cura da surdez”. 
Para contextualizar é preciso ressaltar que o Texto 1 relata a conversa de um grupo de 
otorrinolaringologistas, grandes responsáveis pelos trabalhos acerca do IC aqui em nosso país, 
com dois diretores de Marketing Social da Rede Globo de Televisão (Luiz Erlanger e Albert 
Alcouloumbre) para conversarem sobre surdez, tema levado na novela das 18 horas da 
emissora, "Cama de Gato", com o personagem Tarcísio. A conversa foi postada na página da 
Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico‐Facial (ABORL‐CCF), e pode 
ser encontrada no seguinte endereço: 
http://www.aborlccf.org.br/conteudo/secao.asp?s=51&id=2092. 
O segundo texto é uma manifestação do GT de Língua de Sinais, da Associação Nacional 
de Pesquisa e Pós‐Graduação em Linguística (ANPOL), e demais especialistas da língua de 
25 
 
sinais, dentre eles surdos e ouvintes, à publicação postada na página da Associação Brasileira 
de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico‐Facial (ABORL‐CCF). 
TEXTO 1 
ORL em prol da informação na TV Globo 
 
"Entregamos uma carta ao Erlanger, assinada por dez professores doutores de várias universidades federais e 
estaduais - Prof. Dr. Rubens Vuonno de Brito Neto, Prof. Dr. Luiz Lavinsky, Prof. Dr. Shiro Tomita, Prof. Dr. Paulo 
Porto, Prof. Dr. Silvio da Silva Caldas Neto, Prof. Dr. André Luis Sampaio, Prof. Dr. Robinson Koji Tsuji, Prof. Dr. 
Rogério Hamerschimidt, além de mim -, pedindo que se preste atenção no implante coclear como tendência 
mundial em tratamento de surdez severa e profunda e que consideramos um retrocesso o uso de Libras na 
novela", diz Prof. Dr. Ricardo Ferreira Bento, o organizador da comitiva. 
 
Em uma reunião breve, porém, produtiva, foram apresentados os resultados dessa cirurgia no mundo todo, o 
avanço que representa essa técnica cirúrgica no País e até o número da portaria aprovada pelo SUS - MS 1287 
de 1999 - como tratamento gratuito para modificar a situação do surdo severo e profundo brasileiro. 
 
"Há mais de 300 mil implantados no mundo, com aproximadamente 3 mil no Brasil. No dia 9 de novembro, o 
HCFMUSP comemorará a cirurgia número 500, em coquetel no Memorial da América Latina, e não poderíamos 
deixar de expressar a nossa opinião. A cirurgia de implante coclear possibilita excelente qualidade de vida a 
quem nasceu surdo, ou perdeu a audição com o passar do tempo por várias causas e permitindo uma vida 
normal junto a outros ouvintes, além da inserção num mercado de trabalho competitivo da mesma forma que 
qualquer outra pessoa", esclarece Prof. Dr. Ricardo. 
 
Na reunião, houve um pedido dos quatro médicos presentes para os diretores encaminharem às autoras da 
novela "Cama de Gato", Duca Rachid e Thelma Guedes, o cuidado que devem ter em relação à linguagem de 
sinais. "Os telespectadores da novela que vivenciam o problema poderão prejudicar a decisão de famílias que 
virão a tratarem seus filhos surdos. Temos que respeitar a vontade daqueles adultos que não tiveram a 
oportunidade de serem implantados e hoje desejam continuar surdos. Mas não se pode negar às crianças 
pequenas, que ainda não podem decidir por si próprias, o direito de serem ouvintes", diz. 
 
Essa reunião, que transcorreu em um almoço dentro do prédio da Rede Globo de Televisão, na Rua Lopes 
Quintas, no Jardim Botânico, esclareceu mais um ponto sobre o implante coclear - quanto mais cedo for feito o 
tratamento, melhor o resultado. "Acreditamos que a Rede Globo tem todas as condições de informar 
corretamente as pessoas de todo o Brasil e, o melhor, ajudará a tirar o estigma da surdez da população brasileira, 
pessoas que vivem, definitivamente, caladas, por desinformação", continua o Prof. Ricardo. 
 
No final da reunião, os Professores Doutores Ricardo Ferreira Bento, de São Paulo, Shiro Tomita, do Rio de 
Janeiro, Silvio Caldas Neto, de Recife e Rogério Hamerschimidt, de Curitiba, conheceram parte da Rede Globo 
de Televisão. "Agora, aguardamos o resultado da carta enviada e que, sabemos, será entregue, em mãos das 
autoras", finaliza o professor. 
 
 
TEXTO 2 
Ao Setor de Marketing Social da Rede Globo de Televisão 
Diretores Luiz Erlanger e Albert Alcouloumbre 
 
Os surdos brasileiros estão espalhados nos estados do país e formam a Comunidade Surda Brasileira. Esses 
surdos usam a Língua Brasileira de Sinais, reconhecida oficialmente por meio da Lei de Libras 10.436, de 2002. 
É uma língua que apresenta todas as propriedades linguísticasde quaisquer outras línguas humanas, ou seja, 
por meio dela é possível falar sobre quaisquer assuntos (desde o mais trivial até o mais acadêmico, técnico e 
científico). 
 
Enquanto doutores especialistas da língua de sinais, precisamos informar às instituições públicas e privadas 
brasileiras que qualquer comunidade linguística tem o direito de usar sua língua nativa, conforme previsto na 
Declaração Universal dos Direitos Linguísticos ‐ UNESCO (disponível em: http://www.linguistic‐
declaration.org/index.htm). 
 
Conforme a Federação Mundial de Surdos, o Brasil é um dos países que está mais avançado quanto às políticas 
linguísticas de reconhecimento da língua de sinais pelo país. Portanto, estamos à frente de muitos outros países, 
por termos uma Lei que reconhece a Libras como língua nacional e um decreto que a regulamenta ações 
26 
 
concretas que a legitima (Decreto 5.626/2005). 
 
Portanto, a manifestação dos otorrinolaringologistas à REDE GLOBO, dizendo que a utilização da Libras na 
novela “Cama de Gato” é considerada um “retrocesso” é improcedente! Pelo contrário, a REDE GLOBO, como já 
fez em outros momentos, está incluindo uma das línguas nacionais do país em suas novelas. Fazendo isso, a 
REDE GLOBO, além de incluir os surdos brasileiros, usuários da Libras, na sociedade, está reconhecendo o 
estatuto linguístico social de grupo social minoritário que faz parte do país. Essa atitude é louvável e representa, 
sim, uma postura atual e atenta à realidade brasileira. 
Gostaríamos, ainda, de manifestar que, do ponto de vista linguístico, ser bilíngue, apresenta uma série de 
vantagens. Os surdos brasileiros com implante ou sem implante coclear, na sua grande maioria, são bilíngues, 
tendo, portanto, a Libras e a Língua Portuguesa, enquanto línguas. Alguns deles são multilíngues, fluentes em 
Inglês e Língua de Sinais Americana. 
 
Retrocesso é fadar surdos com implante coclear a serem monolíngues, pois, considerando o estado atual de 
globalização em que se encontra o mundo todo, as pessoas monolíngues encontram‐se em posições muito 
menos privilegiadas socialmente. Portanto, reforçamos que o comentário dessa equipe médica específica é 
inaceitável, e contraria as recomendações de outras equipes médicas, como a de Isabelle Rapin, Medicine 
Doctor, do Albert Einstein College of Medicine, Bronx, N.Y., que recomenda explicitamente que a língua de sinais 
seja usada como parte do programa de reabilitação auditiva de crianças implantadas. Há muitos otologistas no 
exterior que fazem uso da língua de sinais em apoio a programas de reabilitação auditiva. Isso é recomendado 
explicitamente na Enciclopédia Médica de Swaiman, K. F. (1994). Pediatric Neurology: Principles and practices 
(2nd ed.), St. Louis: Mosby. capítulo de Isabelle Rapin: Children with hearing impairment. 
 
Dr. Tarcísio Arantes Leite – Universidade Federal de Santa Catarina – Coordenador do Curso de Letras Libras 
Presencial 
Dra. Ana Claudia Baliero Lodi – Universidade Metodista de Piracicaba 
Dra. Regina Maria de Souza – Universidade de Campinas 
Dr. Leland MacCleary – Universidade de São Paulo 
Dra. Wilma Favorito ‐ Curso Bilíngue de Pedagogia – Instituto Nacional de Educação de Surdos ‐ INES 
Dra. Rossana Finau – Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná 
Dra. Marianne Stumpf – Universidade Federal de Santa Catarina – Coordenadora do Curso de Letras Libras 
EAD e Representante da Federação Mundial de Surdos 
Ms. Myrna Salerno Monteiro – Universidade Federal do Rio de Janeiro 
Dra. Maria Cristina Pereira – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo ‐ DERDIC 
Dra. Ana Regina e Souza Campello – Universidade Federal de Santa Catarina – Professora e Pesquisadora de 
Libras 
Dr. Fernando Capovilla – Universidade de São Paulo ‐ PhD em Psicologia e livre‐docente em Neuropsicologia 
Clínica 
Dra. Maria Cecília de Moura ‐ Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 
Dra. Sandra Patrícia do Nascimento – Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF), Colaboradora na 
FENEIS‐DF 
Dra. Clélia Regina Ramos ‐ Membro do Comitê Brasileiro de Tecnologia Assistiva da CORDE e Pesquisadora 
Associada do PACC (Programa Avançado de Cultura Contemporânea) da Universidade Federal do Rio de 
Janeiro 
Dra. Ronice Müller de Quadros – Universidade Federal de Santa Catarina. 
 
A questão mais importante se refere ao uso dos sinais, considerados por alguns como 
prejudiciais ao desenvolvimento da fala. Hoje se considera que a Língua de Sinais é um fator 
decisivo para o desenvolvimento da identidade de crianças e adolescentes surdos, é 
fundamental para a pessoa surda conhecer o mundo, e não prejudica a capacidade de 
desenvolver a fala, dentro das possibilidades de cada um. 
 
 
 
 
. 
27 
 
 
 
CONCLUSÃO 
Podemos concluir por meio do que estudamos ao longo dessa disciplina que cabe aos 
futuros profissionais compreender acerca das peculiaridades inerentes aos indivíduos surdos, 
principalmente no que diz respeito aos aspectos linguísticos e culturais, afim de que os 
mesmos possam garantir atendimento especializado de forma adequada, promovendo um 
atendimento eficaz à comunidade surda a partir do conhecimento geral acerca das 
necessidades específicas de adaptação do sistema comunicacional em consonância com as 
especificidades linguísticas impostas pelos mesmos. 
 
 
"Somos notavelmente ignorantes a respeito da surdez, muito mais ignorantes do que um 
homem instruído teria sido em 1886 ou 1786. Ignorantes e indiferentes (...). Eu nada 
sabia a respeito da situação dos surdos, nem imaginava que ela pudesse lançar luz 
sobre tantos domínios, sobretudo o domínio da língua. Fiquei pasmo com o que aprendi 
sobre a história das pessoas surdas e os extraordinários desafios (linguísticos) que elas 
enfrentam, e pasmo também ao tomar conhecimento de uma língua completamente 
visual, a língua de sinais, diferente em modo de minha própria língua, a falada. (...)" 
Oliver Sacks 
 
 
 
Para aumentar seu conhecimento sobre o mundo dos surdos, sugiro que assista aos seguintes filmes: 
 
O Milagre de Anne Sullivan (The Miracle Worker - 
EUA/1962, história da Helen Keller.) 
 
Filhos do Silêncio (Children of a Lesser God - EUA/1986, 
professor de lingua de sinais se apaixona por surda) 
 
Adorável Professor (Mr. Holland - EUA/1995, 
professor de música tem um filho surdo.) 
 
 
Seu Nome é Jonas (And Your Name Is Jonah (TV 
Film) – USA/1979, é ensinado a língua de sinais 
para criança surda sair do isolamento.) 
28 
 
REFERÊNCIAS 
PIZZANI, G. C. M.. Processos Interativos com a Pessoa Surda. Revista Eficaz, v. 1, p. 
setembro/10, 2010. 
 
PERLIN Gladis e STROBEL Karin. Fundamentos da educação de surdos. Florianópolis: 
2008. 
 
QUADROS, Ronice Muller de e KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de sinais brasileira: 
estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004. 
 
QUADROS, Ronice Muller (organizadora). Estudos Surdos II. Petrópolis, RJ: Arara Azul, 
2007. 
 
QUADROS, Ronice Muller (organizadora). Estudos Surdos III. Petrópolis, RJ: Arara Azul, 
2008. 
 
QUADROS, Ronice Muller e FINGER, Ingrid. Teorias de aquisição da linguagem. 
Florianópolis: Editora da UFSC, 2008. 
 
QUADROS, Ronice Müller de. O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e língua 
portuguesa. Brasília: MEC, Secretaria de Educação Especial, 2004. 
 
STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Ed. da UFSC, 
2008. 
 
FELIPE, Tânya A. Libras em Contexto: Curso Básico. 8ª Ed. Rio de Janeiro: WalPrint, 2007. 
 
CAPOVILLA, Fernando César e RAPHAEL, Walkiria Duarte. Dicionário Enciclopédico 
Ilustrado Trilingue da Língua Brasileira de Sinais. 3 ed. São Paulo: Editora da Universidade 
de São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2001. 
 
SKLIAR, Carlos. A surdez: um olharsobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação. 1998. 
 
SITES: www.feneis.com.br, www.ines.gov.br, www.acessobrasil.org.br/libras, 
http://librasesaude.blogspot.com